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ÉTICA E PUBLICIDADE Código de ética na publicidade A ética sempre ocupou um espaço nebuloso na publicidade. Embora seja um termo frequentemente usado pelos profissionais da área, uma breve análise dos fatos mostra uma relação delicada entre aquilo que a publicidade prega e as suas ações. Código de ética na publicidade De fato, o estudo das relações entre ética e publicidade são recentes e escassos. Um estudo de 2010 intitulado “Ética na publicidade e propaganda: a visão do executivo de agências de comunicação do Rio Grande do Sul” demonstrou a existência de um vazio ético na prática publicitária, contradizendo o frequente discurso adotado por profissionais da área. Código de ética na publicidade Tal como verificamos na ética empresarial, a grande dificuldade em se estabelecer diretrizes éticas claras reside nas própria estrutura do mercado de consumo. Mas de igual modo a ética publicitária nasce de um esforço em orientar as práticas do meio em conformidade às demandas éticas da sociedade. Código de ética na publicidade No Brasil, o primeiro código desenvolvido para a atividade publicitária é o Código de Ética dos Profissionais da Propaganda, de outubro de 1957, instituído pelo I Congresso Brasileiro de Propaganda. A primeira revisão e atualização do código só aconteceu em 2014. Código de ética na publicidade O código não possui força legal, sendo um conjunto de orientações enfaticamente recomendadas aos profissionais da área, cabendo, quando for o caso, a denúncia de práticas contrárias ao código e a submissão às leis, quando aplicáveis. Código de ética na publicidade O código baseou a redação da Lei 4.680, de 1965, que dispõe sobre o exercício da profissão de Publicitário e de Agenciador de Propaganda. O artigo 17 determina que “a atividade publicitária nacional será regida pelos princípios e normas do Código de Ética dos Profissionais da Propaganda”. Código de ética na publicidade Diante da necessidade de sistematizar a ética na publicidade, o governo brasileiro iniciou um processo nesta direção, o que gerou rápida reação do mercado publicitário que, em acordo com o governo, criou o CONAR - Conselho Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, em 1979. Código de ética na publicidade Logo após a criação do CONAR, o órgão criou o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária que, tal como o Código de Ética dos Profissionais da Propaganda, não possui força normativa e legal. Entretanto, por ser fruto de consenso entre os profissionais da área, o código tem grande força e influência. Código de ética na publicidade Em monografia publicada pela Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, o bacharel em Direito Pedro Henrique Vianna Barbosa trata de analisar o modelo de autorregulamentação publicitária à luz do direito brasileiro. Código de ética na publicidade “A autorregulação praticada pelo CONAR se encaixa no conceito de autorregulação de base voluntária ou, simplesmente, de autorregulação privada, segundo a qual agentes privados voluntariamente se organizam em torno de uma entidade supervisora, que define as normas de conduta a serem seguidas e julga, reconhecidamente, as reclamações que lhe são apresentadas.” Código de ética na publicidade “As normas autorregulatórias também são destinadas ao uso das autoridades estatais como referência e fonte subsidiária para julgamentos e elaboração de leis, decretos, portarias, entre outros, revelando-se assim o seu o duplo objetivo: suplementar a regulação estatal no que ela for omissa e complementá-la no que for necessário.” Código de ética na publicidade “A Justiça brasileira parece prestigiar a atuação do CONAR. Os magistrados vem considerando, em seus julgamentos, as decisões do Conselho de Ética do CONAR, assim como suas recomendações e orientações. Eles se utilizam, também, das normas do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária para fundamentar suas sentenças, demonstrando um alto grau de respeito pela atividade autorregulatória. .” Código de ética na publicidade Em 2014 o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, órgão da Secretaria de Direitos Humanos, emitiu uma resolução que trata da abusividade do direcionamento de publicidade e de comunicação mercadológica à criança e ao adolescente. Código de ética na publicidade Tal resolução, justificada no combate ao consumismo infantil e na vulnerabilidade da criança prevista no ECA, limita a publicidade de produtos infantis, proibindo-a quando direcionada diretamente a este público. Código de ética na publicidade À época dos debates entidades como o CONAR, Abrinq e Associação Brasileira de Licenciamento se posicionaram contra a medida. Ainda de acordo com o CONAR “a mão pesada do Estado é uma afronta à liberdade de expressão e vilipendia o direito de cada família brasileira criar seus filhos da maneira que achar correta”. Código de ética na publicidade Leitura complementar: - Código de ética dos profissionais de propaganda - Código brasileiro de autorregulamentação publicitária.