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08 - Conceitos básicos e propriedades dos agregados

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MATERIAIS DE 
CONSTRUÇÃO I
Roberta Centofante 
Conceitos básicos 
e propriedades 
dos agregados
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Conceituar agregados.
 � Reconhecer os principais tipos de agregados.
 � Descrever as propriedades físicas dos agregados.
Introdução
Neste capítulo, você estudará os principais agregados utilizados em obras 
de construção civil. É importante saber que, para aplicar determinado 
material na engenharia ou na arquitetura, ele deve apresentar caracte-
rísticas adequadas conforme as situações, além de serem estabelecidas 
as relações existentes entre as suas propriedades físicas. Assim, o conhe-
cimento das características dos materiais torna-se fundamental, pois 
determinam o seu emprego em uma estrutura ou produto, devendo-se 
levar em consideração também o desempenho desse material ao longo 
da sua vida útil. Além disso, é importante saber reconhecer os tipos de 
agregados para conseguir empregar esses materiais mais adequadamente.
Conceito de agregados
De acordo com o Serviço Geológico Americano (UNITED STATES GEO-
LOGICAL SURVEY, 2008 apud ALMEIDA; LUZ, 2009), 75% do consumo 
de bens minerais refere-se a agregados para construção civil, ou seja, entre os 
insumos minerais mais consumidos no mundo, os agregados para a indústria 
da construção civil ocupam as primeiras posições.
Os agregados definem as diversas características em materiais de cons-
trução civil, como a retração e a resistência do concreto. No entanto, para 
isso, é preciso conhecer específica e tecnologicamente o conceito e os tipos 
de agregados para conseguir definir uma dosagem adequada desses materiais 
e o melhor tipo para cada uso. São várias as propriedades e características 
necessárias para analisar e verificar os tipos de agregado.
Segundo Petrucci (1978), agregado, um conceito muito antigo, define-se 
como um material granular, sem forma e volume definidos, geralmente inerte, 
de dimensões e propriedades adequadas para engenharia e arquitetura, que, 
em conjunto com os aglomerantes, especificamente o cimento, forma o prin-
cipal material de construção — o concreto. Além disso, esses materiais são 
granulosos, podendo ter origem natural ou artificial, divididos em partículas 
de formatos e tamanhos mais ou menos uniformes, cuja função é atuar como 
material inerte em argamassas e concretos, aumentando o volume da mistura, 
reduzindo seu custo e, principalmente, formando o esqueleto mineral dos 
produtos da construção civil, capaz de resistir aos esforços impostos a eles.
A Norma Brasileira (NBR) 7211 da Associação Brasileira de Normas 
Técnicas (ABNT) conceitua agregado como um material pétreo obtido por 
fragmentação artificial ou fragmentado naturalmente, com propriedades 
adequadas e dimensões nominais máximas inferiores a 75 mm e mínimas 
superiores ou iguais a 0,075 mm (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS 
TÉCNICAS, 2009). Popularmente, esses materiais são conhecidos como pedras 
e areias. Ainda, Bauer (2019) define agregado como um material particulado, 
não coesivo, de atividade química praticamente nula, constituído de misturas 
de partículas cobrindo uma extensa gama de tamanhos.
Apesar de os agregados serem, de maneira geral, materiais inertes, ou seja, 
não reagirem quimicamente com a água, desempenham um papel importante 
na determinação das propriedades dos materiais, como resistência à compres-
são, resistência à abrasão, módulo de elasticidade, porosidade, composição 
granulométrica, absorção de água, forma e textura superficial das partículas 
etc. Eles podem ter as mais diversas aplicações, por exemplo, bases de calça-
mentos, adições a solos que constituem pistas de rolamento, parte componente 
para material de revestimento, para concreto usinado, para concreto asfáltico 
ou in natura, lastros ferroviários, muros do tipo gabião, entre muitos outros.
É possível encontrar agregados naturais, empregados tal como obtidos 
na natureza (i.e., já são preparados para o uso, sem outro tipo de beneficia-
mento que não seja a lavagem), e artificiais, conceito relacionado ao processo 
de obtenção da forma e da dimensão do material, que se dá por processos 
industriais, como britagem e peneiramento (i.e., há mudanças em suas ca-
Conceitos básicos e propriedades dos agregados2
racterísticas visando ao seu melhor rendimento para o uso de interesse). 
Os agregados naturais (p. ex., areias, pedregulhos e seixos rolados) podem de-
rivar de depósitos residuais sobre a rocha-mãe, depósitos aluviais transportados 
pela água, depósitos eólicos transportados pelo vento e, ainda, depósitos glaciais 
transportados pelas geleiras. Já os agregados artificiais (p. ex., pó de pedra e 
pedra britada) perfazem a maioria daqueles empregados na construção civil. 
Geralmente, o concreto é produzido com agregados de dimensões máximas que variam 
entre 10 mm e 50 mm, sendo 20 mm um valor típico. A distribuição das dimensões 
denomina-se granulometria, realizada por meio de uma série de peneiras normati-
zadas, com diferentes espaçamentos de malha, empilhadas em ordem decrescente. 
Assim, cada peneira retém a fração de agregado com dimensões maiores do que o 
espaçamento de sua malha. Concretos com menor exigência de qualidade podem 
ser produzidos com agregados de jazidas que contêm uma variação de dimensões 
maior, denominados “bica corrida”.
A alternativa mais usual, comumente utilizada para a produção de concretos de 
boa qualidade, consiste na obtenção de agregados separados em duas partes — a 
separação principal é a dimensão de 5 mm de abertura de malha ou peneira de nº 
4 conforme a normativa norte-americana ASTM C136-06, estabelecendo, assim, a 
divisão entre agregados miúdos (areia) e graúdos (AMERICAN SOCIETY FOR TESTING 
AND MATERIALS, 2006).
Algumas vezes, utiliza-se o termo “agregado” para designar os agregados graúdos, de 
modo a distingui-los da areia, embora não se trate de denominação correta. Considera-
-se que a areia, em geral, tem como dimensão mínima o valor de 0,07 mm ou pouco 
menos. O material com dimensões entre 0,06 mm e 0,002 mm é classificado como 
silte; e as partículas menores, argila.
No livro Tecnologia do concreto, você pode conhecer mais sobre o assunto (NEVILLE; 
BROOKS, 2013).
Sabe-se que o agregado é formado por uma mistura de grãos de uma ampla 
gama de tamanhos, ou seja, se determinado agregado é retido em peneira de 
abertura de dimensão A e passa na peneira de abertura de dimensão B, este pode 
ser denominado agregado A/B. Essa relação denomina-se graduação do agre-
gado, e as dimensões A e B recebem o nome genérico de diâmetro (BAUER, 
2019). Assim, para caracterizar um agregado torna-se necessário conhecer 
quais são as parcelas constituídas de grãos de cada diâmetro, expressas em 
função da massa total do agregado. Com a distribuição granulométrica, pode-
3Conceitos básicos e propriedades dos agregados
-se criar a curva granulométrica, que apresenta as porcentagens de frações de 
material retido em cada peneira, importante para a classificação do agregado 
quanto ao seu tamanho, um dado muito importante para compreender e prever 
o comportamento das misturas realizadas com ele. Não obstante, a forma dos 
grãos do agregado influencia a qualidade do produto final (p. ex., concreto) 
ao alterar a sua trabalhabilidade (como no caso de um agregado de forma 
lamelar), afetando, por consequência, as condicionantes de bombeamento, 
lançamento e adensamento. Da mesma forma, a distribuição granulométrica 
influencia o concreto fresco, quando apresenta alta porcentagem de material 
fino, exigindo aumento de água de amassamento e, consequentemente, de 
cimento, o que torna o concreto mais caro.
Principais tipos de agregados
Na construção civil, o termo “agregado” é empregado para identificar um 
segmento do setor mineral que produz matéria-prima mineral bruta ou bene-
ficiada de emprego imediato na indústria, constituindo, basicamente, areia e 
pedra britada. Segundo Bauer (2019), emboraseja usado de modo generali-
zado na tecnologia do concreto, em outros ramos da construção, o agregado 
é conhecido, conforme cada caso, pelo nome específico, como fíler, pedra 
britada, bica-corrida, rachão, etc.
Entre as finalidades dos agregados, destacam-se o potencial de transmitir 
as tensões a ele aplicadas por meio dos grãos e uma possível redução do efeito 
das variações volumétricas ocasionadas pela retração. No caso dos concretos, 
quanto maior o teor de agregados com relação ao teor de cimento, menor será 
a retração. Além disso, os agregados devem ser escolhidos de acordo com as 
possíveis reações entre os componentes, capazes, por exemplo, de deteriorar 
estruturas.
A ABNT NBR 7211 fixa as características exigíveis na recepção e na pro-
dução de agregados, independentemente do fato de serem graúdos ou miúdos, 
de origem natural ou fragmentados pelo processo de britagem (ASSOCIAÇÃO 
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2009). Dessa forma, classificar 
a areia ou o agregado miúdo como areia de origem natural ou resultante do 
britamento de rochas estáveis, ou a mistura de ambas. 
Conceitos básicos e propriedades dos agregados4
A terminologia dos agregados é definida de acordo com a norma ABNT 
NBR 9935, que os classifica quanto à natureza (Quadro 1).
Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2011).
Agregado
Material granular, geralmente inerte com 
dimensões e propriedades adequadas para 
a preparação de argamassa e concreto.
Agregado 
natural
Material pétreo que pode ser utilizado tal como 
encontrado na natureza, podendo ser submetido 
à lavagem, classificação ou britagem.
Agregado 
artificial
Material resultante do processo industrial, para 
uso como agregado em concreto e argamassa.
Agregado 
reciclado
Material obtido de rejeitos, subprodutos da produção 
industrial, mineração, processo de construção e 
demolição da construção civil, incluindo agregados 
recuperados de concreto fresco por lavagem.
Agregado 
especial
Agregado cujas propriedades podem conferir ao 
concreto ou à argamassa um desempenho que 
permita ou auxilie no atendimento de solicitações 
específicas em estruturas não usuais.
Areia
Agregado miúdo originado por processos naturais ou 
artificiais de desintegração de rochas ou proveniente 
de outros processos industriais. É chamado de areia 
natural se resultante de ação de agentes da natureza, 
de areia artificial quando proveniente de processos 
industriais, de areia reciclada quando resultado de 
processos de reciclagem, e de areia de britagem 
quando proveniente do processo de fragmentação 
mecânica de rocha, conforme normas específicas.
Quadro 1. Agregados mais comumente empregados em concreto e argamassa de ci-
mento
Os agregados podem ser classificados com relação à sua natureza, ta-
manho e distribuição dos grãos. Quanto à distribuição, os grãos podem ser 
(BERNUCCI et al., 2006):
5Conceitos básicos e propriedades dos agregados
 � bem graduados: apresentam distribuição granulométrica contínua; 
 � de graduação aberta: têm distribuição granulométrica contínua, mas 
com insuficiência de material fino; 
 � de graduação uniforme: a maioria de suas partículas apresenta tamanhos 
em uma faixa bastante estreita.
Com relação ao tamanho, podem ser graúdos, miúdos ou de enchimento. 
E, quanto à origem, ou à natureza das partículas, são obtidos de forma natural, 
artificial ou por algum processo de reciclagem, como os de resíduos sólidos 
de obras da construção civil. 
Outra classificação que cabe ressaltar é a dada pela ABNT NBR NM 
248:2003, que apresenta terminologias relativas às dimensões dos agrega-
dos, como listado a seguir (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS 
TÉCNICAS, 2003):
 � Pedrisco: material resultante da britagem de rocha cujos grãos passam 
pela peneira com abertura de malha 12,5 mm e ficam retidos na peneira 
de malha 4,75 mm.
 � Pedrisco misto ou pedregulho misto: material resultante ou não da bri-
tagem de rocha, que passa pela peneira com abertura de malha 12,5 mm.
 � Agregado miúdo: agregado cujos grãos passam pela peneira com 
abertura de malha 4,75 mm e ficam retidos na peneira com abertura 
de malha 150 μm.
 � Pó de pedra: material resultante da britagem de rocha que passa na 
peneira de malha 6,3 mm.
 � Fíler: material granular que passa na peneira com abertura de malha 
150 μm.
 � Agregado misto: agregado natural ou resultante da britagem de rochas, 
cuja obtenção ou beneficiamento resulta em uma distribuição granulo-
métrica constituída por agregados graúdos e miúdos.
Conceitos básicos e propriedades dos agregados6
Para Bauer (2019), os agregados utilizados na construção civil são classi-
ficados a partir das seguintes definições.
 � Brita: agregado obtido a partir de rochas compactas que ocorrem 
em depósitos geológicos (jazidas), pelo processo de cominuição ou 
fragmentação controlada da rocha maciça, em que os produtos finais 
se enquadram em diversas categorias.
 � Pedra britada: brita produzida em cinco graduações, denominadas, 
em ordem crescente, de diâmetros médios — pedrisco, pedra 1, pedra 
2, pedra 3 e pedra 4.
 � Pó de pedra: material mais fino que o pedrisco com graduação genérica.
 � Areia de brita: agregado obtido dos finos resultantes da produção da 
brita, dos quais se retira a fração inferior a 0,15 mm.
 � Fíler: agregado com grãos da mesma ordem de grandeza dos grãos 
de cimento.
 � Bica-corrida: material britado no estado em que se encontra na saída 
do britador: primária quando deixa o britador primário, com graduação 
dependendo da regulagem e do tipo do britador, e secundária, quando 
deixa o britador secundário.
 � Rachão: agregado constituído do material que passa no britador pri-
mário retido na peneira de 76 mm. A ABNT NBR 9935 o define como 
pedra de mão (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNI-
CAS, 2011).
 � Restolho: material granular, de grãos em geral friáveis, podendo conter 
uma parcela de solo.
 � Blocos: fragmentos de rocha de dimensões acima do metro, resultan-
tes dos fogos de bancada, que, depois de devidamente reduzidos em 
tamanho, abastecerão o britador primário.
No caso dos agregados para concreto, de acordo com a ABNT NBR 7211, 
que padroniza a pedra britada nas dimensões hoje consagradas pelo uso 
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2009), embora 
as curvas granulométricas médias dos agregados comerciais não coincidam 
totalmente com as curvas médias das faixas da norma, emprega-se o agregado 
em muitas situações (Quadro 2).
7Conceitos básicos e propriedades dos agregados
Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2009).
Concreto de 
cimento
O preparo do concreto é o principal campo de 
consumo de pedra britada. São empregados, 
principalmente, pedrisco, pedra 1 e pedra 2. 
Também é usado o pó de pedra, apesar de ter 
distribuição granulométrica não coincidente com 
a do agregado graúdo padronizado para concreto 
(areia). A tecnologia do concreto evoluiu, de modo 
que o pó de pedra é usado em grande escala. 
Nos concretos de massa e ciclópico, usam-se 
como agregado graúdo a pedra 4 e o rachão.
Pavimentos 
rodoviários
Para esse emprego, a norma fixa três graduações 
para a formação do esqueleto e uma graduação para 
o material de enchimento das bases de macadame, 
graduações que se diferenciam das pedras britadas.
Concreto asfáltico
O agregado para concreto asfáltico é, 
necessariamente, pré-dosado, misturando-se 
diversos agregados comerciais. Isso se deve ao 
fato de este precisar satisfazer uma forma peculiar 
de distribuição granulométrica. São usados fíler, 
areias, pedra 1, pedra 2 e pedra 3. A Figura 1 
apresenta dois tipos de misturas asfálticas com 
as respectivas granulometrias utilizadas.
Argamassa
Em certas argamassas de enchimento, 
de traço apurado, podem ser usados 
a areia de brita e o pó de pedra.
Enrocamentos
Feitos, conforme sua natureza, com 
restolho ou bica corrida.
Aterros
Podem ser feitos com restolho, obtendo-se 
mais facilmente um alto índice de suporte 
do que quando do uso desolo argiloso
Correção de solos
Usa-se o pó de pedra para a correção 
de solos de alta plasticidade.
Quadro 2. Utilização de agregados
Conceitos básicos e propriedades dos agregados8
Figura 1. Composição granulométrica e peneiras de diferentes misturas asfálticas.
Fonte: Adaptada de Bernucci et al. (2006).
Tamanhos
de peneiras
+ 1/2
+ 3/8
+ Nº 4
+ Nº 8
+ Nº 16
+ Nº 30
+ Nº 50
+ Nº 100
+ Nº 200
– Nº 200
Agregados
graúdos
SMA CA
Agregados
graúdos
Pela natureza do próprio processo industrial, as pedreiras produzem sistematicamente, 
além de pedra britada, o pó de pedra. Porém, deve-se ter cuidado em relação a esse 
material, pois sua curva granulométrica pode se diferenciar bastante entre as pedreiras. 
Desse modo, a subdivisão da graduação em algumas classes auxilia na 
distinção dos agregados e nos diferentes usos em obras de construção e ar-
quitetura, minimizando os eventuais erros em obras quanto à sua aplicação.
9Conceitos básicos e propriedades dos agregados
Propriedades físicas dos agregados
As propriedades dos agregados são essenciais para a vida das obras e das 
estruturas que se utilizam deles, visto os inúmeros os exemplos de falência 
de estruturas em que se é possível chegar à conclusão de que as causas foram 
a seleção e o uso inadequado dos agregados. Assim, considerando, por exem-
plo, o concreto de cimento Portland como um produto básico da indústria da 
construção civil, na qual aproximadamente 75% do volume é ocupado pelos 
agregados (NEVILLE; BROOKS, 2013), pode-se perceber a real importância 
do uso desses materiais com especificações técnicas adequadas.
De acordo com Sbrighi Neto (2005), existe uma série de características 
importantes a estudar na qualificação de agregados quando se trata da produção 
de concretos, como granulometria, forma e textura superficial, resistência 
mecânica, absorção e umidade superficial e isenção de substâncias nocivas. 
Frazão (2002) considera que as propriedades dos agregados utilizados na 
construção civil podem ser classificadas em geológicas, físicas e mecânicas. 
As propriedades geológicas são as propriedades químicas, mineralógicas 
e petrográficas, relacionadas à natureza da rocha, refletidas na composição 
mineralógica, na resistência mecânica, na textura, na estrutura, no grau e no 
tipo de alteração mineralógica. Dessa condição, pode-se, ainda, definir outras 
propriedades, como solubilidade, cristalinidade, alterabilidade, reatividade e 
forma das partículas na fragmentação. As propriedades físicas e mecânicas 
são influenciadas pelas propriedades geológicas. De acordo com Bauer (2019), 
algum tempo atrás, a resistência à compressão era praticamente um dos únicos 
fatores de interesse de projetistas e tecnologistas de concreto, com relação 
às propriedades mecânicas. Contudo, com a introdução da verificação das 
estruturas para estados-limites de utilização, outros parâmetros passaram a 
necessitar de acompanhamento, como o módulo de elasticidade e a resistência 
à tração. Como propriedades físicas, pode-se citar, entre outras, massa espe-
cífica, porosidade, permeabilidade, capacidade de absorção d’água, dureza, 
calor específico, condutibilidade térmica, dilatação térmica, expansibilidade.
O Quadro 3 mostra um comparativo entre as propriedades geológicas, 
físicas e mecânicas, além de exemplos de cada uma delas. 
Conceitos básicos e propriedades dos agregados10
Fonte: Adaptado de Neville e Brooks (2013).
Propriedade Descrição Exemplos
Geológicas Relacionadas à rocha-
mãe, apresentam as 
características do 
tempo geológico
Química e petrográfica
Físicas Relacionadas às 
partículas individuais 
dos agregados
Massa específica 
e massa unitária, 
porosidade, absorção, 
índice de vazios, 
umidade e durabilidade
Mecânicas Relacionadas à 
capacidade de suporte 
dos agregados
Aderência, resistência, 
tenacidade e dureza
Quadro 3. Propriedades do agregados
Para Neville e Brooks (2013), como os agregados em geral contêm poros 
permeáveis e impermeáveis, é preciso definir com cuidado a massa específica 
e qual tipo está sendo referido: a massa específica absoluta refere-se ao vo-
lume de material sólido excluindo os poros, ou seja, trata-se da relação entre 
a massa de agregado seco e seu volume, com exceção dos capilares; a massa 
específica aparente define-se como a relação entre a massa do agregado seco e 
o seu volume, incluindo os poros permeáveis; já a massa específica unitária se 
refere somente ao volume de partículas individuais, as quais não é fisicamente 
possível compactar de maneira que não existam vazios entre elas. 
Sendo o agregado um material granular, o espaço que naturalmente fica 
entre os grãos denomina-se vazios — em um dado volume de agregado, os 
grãos ocupam certo volume e o espaço restante corresponde aos vazios. Desse 
modo, de acordo com Bauer (2019), chama-se porosidade a relação entre o 
volume de vazios existentes e o volume do agregado. Em um mesmo agregado, 
a porosidade e a compacidade não são constantes, variando conforme o grau 
de adensamento, no entanto as propriedades de compacidade, porosidade 
e índice de vazios estão interligadas, exprimindo relações entre volume do 
agregado, volume total dos grãos e volume de vazios; assim, a alteração de 
um altera os demais.
11Conceitos básicos e propriedades dos agregados
Quando todos os poros nos agregados estão cheios, diz-se que estão na 
condição saturada superfície seca, ou seja, o grão do agregado está seco por 
fora e saturado por dentro. Caso esse agregado seja exposto ao ar seco, uma 
parte da água evapora, quando se denomina seco ao ar. A secagem prolongada 
em estufa pode remover totalmente a umidade, estágio em que o agregado é 
definido como completamente seco ou seco em estufa. Esses diversos estágios, 
incluindo um estágio inicial úmido, estão esquematizados na Figura 2. Como 
a absorção representa a água contida no agregado na condição de saturado de 
superfície seca, o teor de umidade pode ser definido como a água excedente 
a essa condição. Portanto, o conteúdo total em um agregado úmido consiste 
na soma da absorção e do teor de umidade.
Figura 2. Representação esquemática da umidade no agregado.
Fonte: Adaptada de Neville e Brooks (2013).
Completamente
seco ou seco
em estufa
Seco ao ar
Saturado
superfície
seca
(SSS)
Úmido
Umidade livre
(teor de umidade)
Umidade absorvida
(absorção)
Teor total
de água
Conceitos básicos e propriedades dos agregados12
O teor de umidade de um agregado consiste na relação entre a massa de 
água absorvida pelo agregado, que preenche total ou parcialmente os vazios, 
e a massa desse mesmo agregado quando seco, em que a água absorvida 
pelos grãos dos agregados miúdos é chamada de umidade superficial. Desta 
forma, a absorção de água se deve aos poros existentes no material dos grãos. 
Segundo Neville e Brooks (2013), no caso da areia, outro efeito da presença de 
umidade é o inchamento, que consiste no aumento de volume de determinada 
massa de areia causado pelo afastamento das partículas em razão do filme 
de água em torno dos grãos. O inchamento resulta em uma menor massa de 
areia ocupando o volume fixo da caixa e da medida.
Além disso, as causas físicas de variações de volume grandes ou permanen-
tes em agregados podem se dar por ação de gelo e degelo, variações térmicas 
em temperaturas acima do congelamento e ciclos alternados de molhagem e 
secagem. Caso o agregado seja instável, essas alterações das condições físi-
cas deterioram o concreto na forma de escamações localizadas e até mesmo 
promovem fissuração superficial generalizada. Essa instabilidade é expressa 
pela redução da dimensão da partícula do agregado, medida por meio de um 
teste de sanidade ou durabilidade (NEVILLE; BROOKS, 2013).
Além dessas propriedades, pode-se citar a capacidade calorífica, que 
consiste na propensão que um material apresenta em absorver calor da sua 
vizinhança externa, representando a quantidade de energia necessária para 
produzir um aumento unitário da temperatura.Deve-se destacar, também, a 
expansão térmica, a propriedade relacionada à expansão e à contração sofrida 
pelos sólidos quando submetidos a um aquecimento e um resfriamento. Tal 
propriedade é dependente do seu coeficiente de dilatação térmica e da magni-
tude do aumento ou da diminuição da temperatura. A condutividade térmica 
de um concreto cresce com o aumento da densidade, também em função do 
agregado, dependendo de sua composição mineralógica e de sua granulometria.
 Mesmo quando todas as propriedades são conhecidas, é difícil definir um 
bom agregado para concreto ou qualquer outro elemento de construção civil, 
já que, enquanto agregados com todas as propriedades satisfatórias sempre 
resultarão em concretos de boa qualidade, aqueles de qualidade aparentemente 
inferior também poderão resultar em concretos de qualidade — esta é a razão 
pela qual se utilizam critérios de desempenho na seleção de agregados.
13Conceitos básicos e propriedades dos agregados
Ao escolher um material, o profissional deve levar em consideração as suas proprie-
dades específicas e seu comportamento durante o processamento e o uso, visto que 
propriedades como plasticidade e durabilidade, como no caso do concreto, são tão 
importantes quanto custo e disponibilidade. O concreto moldado in loco, por exemplo, 
não pode ser composto com agregado com alto teor de sílica, visto que esta reage 
com o cimento e interfere diretamente na resistência do concreto. Outro exemplo 
reside em sua porosidade, a qual influencia na absorção do concreto fresco e em sua 
permeabilidade quando endurecido. 
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Conceitos básicos e propriedades dos agregados14
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