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Carla Bertelli – 5° Período Consciência É empregado no sentido de um estado vígil, que iguala a consciência ao grau de clareza do sensório. É o estado de estar desperto, lúcido, trata-se do nível de consciência. Ela é classificada em nível (quantitativo) e conteúdo (qualitativo) e eles são responsáveis pela nossa consciência. O principal controlador é o Sistema Reticular Anterior Ascendente que se projeta do tronco encefálico até todo córtex cerebral, principalmente envolvido com estruturas do tálamo e mesencéfalo. As áreas pré-frontais são fundamentais na organização da atividade mental consciente. Por fim, reconhece-se a importância das interações talamocorticais na ativação e na integração da atividade neuronal cortical relacionada à consciência. O tálamo é uma estrutura posicionada no centro do cérebro para filtrar, integrar e regular as informações que chegam ao córtex cerebral, dados que partem da periferia do organismo e meio externo e se dirigem ao córtex cerebral. O tálamo é extensiva e reciprocamente interligado a todas as áreas do córtex cerebral, de forma que uma pequena lesão talâmica pode produzir graves alterações do nível de consciência Alterações Fisiológicas Normais da Consciência – Envolve principalmente o Sono. É caracterizado por ser um estado reversível, tipicamente expresso pela postura de repouso, comportamento quieto e redução da responsividade com uma arquitetura neurofisiológica complexa com estados cíclicos de sono não REM (Sono sincronizado, sem movimentos oculares rápidos) e sono REM (Sono dessincronizado, com movimentos oculares rápidos). Durante o sono não REM ocorre 4 estágios, sendo o 4° o estágio mais profundo. A duração do sono REM perfaz de 20 a 25% do tempo total do sono, não é um sono leve e nem profundo. O sono se inicia com o tipo não REM, havendo a sucessão dos Estágios de 1 a 4 e ao longo da noite os períodos REM vão se tornando mais frequentes, até o despertar. (pessoas sonham mais no estágio REM) Alterações Quantitativas da Consciência - Obnubilação – Turvação da consciência ou sonolência patológica leve. Rebaixamento leve a moderado. Paciente pode estar acordado, porém há sempre diminuição do grau de clareza do sensório, com lentidão da compreensão e dificuldade de concentração. Tem dificuldade para integrar as informações do ambiente. No geral, o indivíduo diminui a atenção para as solicitações externas, dirigindo- se para a sonolência Torpor – Grau + acentuado do rebaixamento da consciência. Paciente evidentemente sonolento, responde ao ser chamado apenas de forma enérgica e depois volta ao estado de sonolência. A resposta aos estímulos externos, quando solicitado energicamente, é mais curta do que nos estados de obnubilação, mas menos frustra que no estado de sopor Sopor – Estado de marcante e profunda turvação da consciência, de sonolência intensa, da qual o indivíduo pode ser despertado apenas por um tempo muito curto, por estímulos muito enérgicos, do nível de uma dor intensa. Nesse momento, o paciente pode revelar fácies de dor e ter alguma gesticulação de defesa. Retorna, então, muito rapidamente, em segundos, à quase ausência de atividade consciente. Coma – É a perda completa da consciência, o grau mais profundo de rebaixamento de seu nível. No estado de coma, não é possível qualquer atividade voluntária consciente. Os seguintes sinais neurológicos podem ser verificados: movimentos oculares errantes com desvios lentos e aleatórios, nistagmo, transtornos do olhar conjugado, anormalidades dos reflexos oculocefálicos (cabeça de boneca) e oculovestibular (calórico) e ausência do reflexo de acomodação. Perdas Abruptas da Consciência podem estar associadas a fatores e condições médias e/ou psicopatológicas. Tal perda pode ser causada por fatores emocionais, neurofuncionais ou orgânicos de diversas naturezas. As perdas abruptas e transitórias (duram geralmente segundos a minutos) da consciência recebem várias denominações médicas e populares: lipotimia, síncope, desmaios e perdas da consciência de outra natureza Delirium – O delirium é uma das síndromes mais frequentes na prática clínica diária, principalmente em pacientes com doenças somáticas (emergências e enfermarias médicas e geriátricas) e idade avançada. O delirium diz respeito, portanto, aos vários quadros com rebaixamento leve a moderado do nível de consciência, acompanhados de desorientação temporoespacial, dificuldade de concentração, perplexidade, ansiedade em graus variáveis, agitação ou lentificação psicomotora, discurso ilógico e confuso e ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais. Trata-se de um quadro que oscila muito ao longo do dia. Geralmente, o paciente está com o sensório claro pela manhã, e, no início da tarde, o nível de consciência “afunda”, piorando no fim da tarde e à noite Alterações Qualitativas - Estado Crepuscular – Estado patológico transitório no qual uma obnubilação leve da consciência, acompanhada de relativa conservação da atividade motora coordenada. os estados crepusculares, há, portanto, estreitamento transitório do campo da consciência e afunilamento da consciência com a conservação de uma atividade psicomotora. O estado “crepuscular” caracteriza-se por surgir e desaparecer de forma abrupta e ter duração variável, de poucos minutos ou horas a algumas semanas. Durante esse estado, ocorrem, com certa frequência, atos explosivos violentos e episódios de descontrole emocional Estado Segundo – Transitório semelhante ao estado crepuscular, caracterizado por uma atividade psicomotora coordenada, a qual, entretanto, permanece estranha à personalidade do sujeito acometido e não se integra a ela. Dissociação da Consciência – Fragmentação ou a divisão do campo da consciência, ocorrendo perda da unidade psíquica comum do ser humano. A dissociação da consciência ocorre com mais frequência nos quadros anteriormente chamados histéricos (crises histéricas de tipo dissociativo). Transe – Estado de alteração qualitativa da consciência que se assemelha a sonhar acordado, diferindo disso, porém, pela presença em geral de atividade motora automática e estereotipada acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários.. Ocorre sobretudo em contextos religiosos e culturais Estado Hipnótico – É um estado de consciência reduzida e estreitada e de atenção concentrada, que pode ser induzido por outra pessoa (hipnotizador). Nesse estado, podem ser lembradas cenas e fatos esquecidos e podem ser induzidos fenômenos como anestesia, paralisias, rigidez muscular, alterações vasomotoras É uma técnica de concentração da atenção e de alteração induzida por um estado de consciência. Carla Bertelli – 5° Período Memória Capacidade de codificar, armazenar e evocar experiências, impressões e fatos que ocorrem em nossas vidas. Ocorre por diferentes vias, é complexo e depende da integração de redes múltiplas de informações. A capacidade de memorizar depende de vários fatores, como nível de consciência e atenção, estado emocional, interesse motivacional, contexto, lugar, momento. A memória é armazenada por todo córtex cerebral, em vias conhecidas como traços da memória. O hipocampo é considerado uma importante estrutura de aprendizado e memória. Quando um estímulo chega ao SNC, primeiro vai para a memória de curta duração, uma área de armazenamento limitado, e elas desaparecem caso não seja feito um esforço. Os elementos básicos da memória constituem: Codificação, Armazenamento e Recuperação ou Evocação. As estruturas límbicas temporomediais, principalmente relacionadas ao hipocampo, à amígdala e ao córtex entorrinal, são fundamentais. Elas atuam, em especial, na consolidação dos registros e na transferência das unidades de memória de curto e médio prazos, para a de longo prazo. O substrato neuralda memória de longo prazo (registros bem consolidados) repousa basicamente no córtex cerebral, ou seja, nas áreas de associação neocorticais, principalmente frontais e temporoparietoccipitais. Em memórias recentes há mudanças e consolidações de sinapses neuronais relacionadas a complexas cascatas de eventos moleculares e celulares necessárias para a primeira estabilização de informações recentemente adquiridas, nas redes neuronais coordenadas pelo hipocampo. Em contraste, as memórias lentas e de longo prazo, a consolidação das memórias se baseia em processos de nível sistêmico (redes neuronais), lentos, tempo-dependentes, que convertem os traços lábeis de memória recente em formas mais permanentes, estáveis e ampliadas, baseadas na reorganização de redes neurais de suporte à memória, também coordenadas pelos hipocampos A codificação é o processo inicial da memorização. A evocação é a capacidade de acessos os dados fixados. Lembrança é a capacidade de acessar elementos no banco da memória de longo prazo. Reconhecimento é a capacidade de identificar uma informação apresentada ao sujeito com informações já disponíveis na memória de longo prazo. Esquecimento, por sua vez, é a denominação que se dá à impossibilidade de evocar e recordar. As memórias podem ser divididas em 4 momentos temporais (segundo o tempo de aquisição, armazenamento e evocação), e constitui: memória sensorial ou depósito sensorial, memória imediata ou de curtíssimo prazo, memória recente ou de curto prazo e memoria de longo prazo ou remota. As informações a serem guardadas na memória de longo prazo são armazenadas de modo organizado, em sistemas que proporcionam uma estrutura organizacional. Assim, as informações são arquivadas e conservadas de acordo com seu significado, em redes semânticas nas quais conceitos semelhantes ou semanticamente relacionados são armazenados de maneira vinculada, próximos uns dos outros. Tipos de memória Dependente do Caráter Consciência ou não Consciente do processo mnêmico: Memória Explícita (declarativa) relacionada ao conhecimento consciente, obtido com algum esforço. Memória Implícita (sem consciência ou não declarativa) adquirimos e utilizados sem perceber, sem esforço, como algumas habilidades motoras e conhecimentos gerais como saber que o céu é azul. Está envolvida com sensações de familiaridade. Além disso há os tipos de memórias classificadas segundo a estrutura cerebral envolvida. Memória de Trabalho (explícita, consciência, que exige esforço, é ativa, permite manter e manipular informações novas. Córtex Pré-Frontal). Memória Episódica (Explícita, de longo prazo, experiências, Face medial dos lobos temporais). Memória Semântica (Explícita, aprendizado, conservação e utilização dos conhecimentos gerais que temos, lobos temporais) Memória de Procedimentos (automática, implícita, consiste em habilidades motores e perceptuais mais ou menos complexas, como andar de bicicleta) Alterações Patológicas da Memória se dividem em Quantitativas (Hipermnésia ou Hipo/Amnésica) e Qualitativas (Ilusões mnêmicas, alucinações, confabulações, criptomnésia, ecmnésia e lembrança obsessiva). Hipermnésia – Pode acontecer em pacientes com mania ou hipomania, representações afluem rapidamente, uma tempestade de informações ou imagens, em grande número, porém com pouca clareza e precisão, aceleração geral do ritmo psíquico. Existe a hipermnésia para memória autobiográfica. Amnésia – Perda da memória, seja a capacidade de fixar, manter, e evocar conteúdos mnêmicos antigos. A perda da memória segue uma regra, primeiro perde as lembranças no sentido inverso que as adquiriu, perde primeiro conhecimentos recentemente adquiridos e depois os mais antigos, perde os mais complexos e depois os mais simples. Pode ser Dissociativas/Psicogênicas (perda de elementos mnêmicos seletivos), ou Orgânico (perda menos seletiva) Anterógrada (não consegue mais fixar elementos mnêmicos a partir do evento que lhe causou o dano cerebral) e Retrógrada (perde a memória para fatos ocorridos antes do início do transtorno (ou trauma). Ilusões Mnêmicas – Acréscimo de elementos falsos a elementos da memória de fatos que realmente aconteceram, a lembrança adquire caráter fictício. Alucinações Mnêmicas – Criações imaginativas, dotadas de sensorialidade, tem aparência de lembranças que não correspondem a qualquer elemento mnêmico ou qualquer lembrança verdadeira. Confabulações – Produção de relatos, narrativas e ações que são involuntariamente congruentes com a história passada do indivíduo, com uma situação presente e futura. São memórias ou recordações falsas, a pessoa que confabula não sabe da falsidade das suas recordações, são recordações plausíveis, ou seja, se parecem com o que poderia ter acontecido mas não aconteceu. Criptomnésia – Falseamento da memória, lembranças aparecem como fatos novos ao paciente, que não as reconhece e as interpreta como novidade. Ecmnésia – Recapitulação e revivência intensa, abreviada e panorâmica da existência, uma recordação condensada de muitos eventos passados, que ocorre em breve período. Lembrança Obsessiva – Ideia fixa ou representação prevalente. Surgimento espontâneo de memórias ou conteúdos ideativos do passado, que uma vez instalados na consciência não podem ser repelidos voluntariamente pelo indivíduo. Carla Bertelli – 5° Período Sensopercepção A sensação é um fenômeno passivo, físico, periférico e objetivo que resulta das alterações produzidas por estímulos externos sobre os órgãos sensoriais. Podemos distinguir qualidades mais elementares dos objetos, como cor, forma, peso, temperatura, consistência. Já a Percepção é um fenômeno ativo, psíquico, central e subjetivo. É um fenômeno consciente que resulta da integração das impressões sensoriais parciais e da associação destas às representações. Relacionada a identificação, reconhecimento e discriminação dos objetos. As vias sensoriais são constituídas pelo Neurônio de Primeira, Segunda (decussa) e Terceira Ordem. Temos vários tipos de receptores no nosso corpo, e cada estímulo pode chegar ao córtex e se tornar consciente ou chegar apenas ao tronco e o cerebelo (propriocepção) Via do Funículo Posterior Lemnisco Medial (tato fino, vibração, propriocepção), composto pelos fascículos grácil (inferior do corpo) e cuneiforme (superior). Via Anterolateral ou Espinotalâmica (tato protopático, dor, temperatura e prurido), trato espinotalâmico lateral (dor e temperatura) e anterior (tato e pressão). O elemento básico do processo de sensopercepção é a Imagem Representativa Real que é caracterizada por nitidez, corporeidade, estabilidade, extrojeção, ininfluenciabilidade voluntária, completude. Já a Representação pode ser revivência de uma imagem sem que esteja presente o objeto que a produziu, tem pouca nitidez, pouca corporeidade, instabilidade, introjeção, incompletude. Existem alguns tipos de imagem representativa: Imagem Eidética (Eidetismo) – Evocação de uma imagem guardada na memória, representação precisa com características semelhantes à percepção, é voluntária. Pareidolias – Misto de percepção e representação. Imagens visualizadas voluntariamente a partir de estímulos imprecisos do ambiente, como olhar para uma nuvem e perceber uma imagem. Imaginação – Atividade psíquica, geralmente voluntária, evocação de imagens percebidas no passado (imagem mnêmica) ou criação de novas. Ocorre na ausência de estímulos sensoriais. Fantasias – Forma de imaginação, uma produção imaginativa. Alterações Quantitativas – Intensidade anormal das imagens perceptivas, para mais ou para menos. Agnosia – Distúrbio do reconhecimento de estímulos visuais, auditivos ou táteis na ausência de déficits sensoriais. As sensações ocorrem normalmente, porém não são associadas as representações. Relacionada a distúrbiosem áreas associativas corticais. Hiperestesia – Aumento da intensidade perceptiva. As imagens sensoriais se tornam mais intensas, vívidas ou nítidas. Presente na intoxicação por algumas drogas, crises epilépticas, quadros dissociativos, etc. Hipoestesia – Diminuição global da intensidade perceptiva. O mundo parece mais escuro e sem brilho, a comida é insossa, os sons são abafados etc. Observa-se principalmente em quadros estuporosos Anestesia – Abolição da sensibilidade. Encontrada nas mesmas situações de hipoestesia e ainda quadros conversivos e coma Macropsia – Objetos parecem aumentados de tamanho Micropsia – Objetos parecem menores do que realmente são Dismegalopsia – Objetos parecem deformados, algumas partes aumentadas e outras diminuídas Alterações Qualitativas Ilusão – Percepção falseada, deformada de um objeto real e presente. No lugar deste, um outro objeto é percebido. A deturpação da imagem perceptiva se dá em função da mescla desta com uma imagem representativa Não é necessariamente patológica. São classificadas em ilusão por Desatenção, Ilusão Catatímica e Ilusão Oniroide. Alucinações – Percepção sem objeto ou como uma percepção na ausência de estímulos externos correspondentes. As alucinações não se originam de transformações de percepções reais, o que as distinguem das ilusões. Alucinações Verdadeiras – Apresentam todas as características de uma imagem perceptiva real. Pseudoalucinações – Diferenciam-se das alucinações verdadeiras pela ausência de corporeidade e localização no espaço subjetivo interno. Os pacientes percebem com os “olhos (ou ouvidos) internos” com o termo interno referindo-se a dentro da mente (e não dentro do corpo ou da cabeça). Podem ser frequente na esquizofrenia Alucinoses – O objeto percebido é localizado no espaço objetivo externo. Elas diferenciam-se das alucinações verdadeiras por serem adequada e imediatamente criticadas pelo indivíduo, que reconhece o fenômeno como algo patológico Sinestesia – Estímulo sensorial em uma modalidade é percebido como uma sensação em outra modalidade, como ver sons e ouvir cores. Sensopercepção em transtornos mentais: Esquizofrenia – Riqueza alucinatória, especialmente de forma paranoide. Alucinações cenestésicas e auditivas. Sonorização do pensamento. Transtorno de Humor – Hiperestesia ou Hipoestesia e ilusões catatímicas. Delirium – Ilusões e alucinações visuais, podem ser auditivas ou táteis. Pode haver hipoestesia, micropsia, macropsia e dismegalopsia. No delirium tremens, são comuns as zoopsias (visões de pequenos animais) e as alucinações liliputianas, além de alucinações táteis. Epilepsia – Alucinoses Demência – Agnosia Carla Bertelli – 5° Período Pensamento, Juízo e Alterações O pensar está relacionado à antecipação de acontecimentos, a construção de modelos da realidade e simulação do seu funcionamento. Os atributos intelectivos fundamentais que sustentam o pensamento são: Compreensão Intelectual (apercepção), ideação, imaginação e a associação de representações e ideias. A ideia se difere da imagem representativa (ou mnêmica) por ser imaterial, abstrata e em geral não redutível ao sensorial. Associação é o processo psíquico através do qual se estabelecem relações significativas entre as imagens perceptivas, representativas e imaginarias e as ideias. Atividades fundamentais do pensamento incluem a: elaboração de conceitos, formação de juízos e o raciocínio. A Elaboração de Conceitos identifica os atributos ou qualidades mais gerais e essências de um objeto ou fenômeno, expresso por uma palavra. Juízo estabelece uma relação entre 2 ou mais conceitos, consiste no ato da consciência de afirmar algum atributo ou qualidade a um objeto ou fenômeno. O Raciocínio representa uma operação mental que relaciona juízos, levando a formação de novos juízos ou conclusões. O raciocínio pode ser Indutivo (do particular para o geral), dedutivo (do geral para o particular) ou analógico (do particular para o particular). Modalidades do pensamento incluem os princípios do pensamento lógico-formal ou aristotélico, composto por: Princípio da Identidade, Princípio da Causalidade e Princípio da Relação da Parte com o Todo. Aspectos do Pensamento são o Curso, Forma e Conteúdo. Curso refere-se a velocidade e ritmo do pensamento, quantidade de ideias ao longo do tempo. Forma está relacionada a estrutura do pensamento, a relação entre as ideias. Conteúdo fala sobre a temática do pensamento, as qualidades ou características das ideias. Alterações do pensamento são divididas em Quantitativas, relacionada ao Curso (aceleração, alentecimento, interrupção) e Qualitativas, relacionadas a Forma (fuga de ideias, desagregação, prolixidade, minuciosidade, perseveração) e Conteúdo (concretismo, ideias delirantes, deliroides e sobrevaloradas. Aceleração do Curso ou Taqui-psiquismo – Fala rápida, maior produtividade ideativa e maior velocidade no processo associativo. Ocorre na mania, intoxicação por cocaína ou anfetamina, ansiedade e agitação psicomotora. Alentecimento do Curso ou bradipsiquismo – Fala lenta, redução no número de ideias e representações, inibição do processo associativo. Comum na depressão, demência, estopor. Interrupção do Curso – Bloqueio do pensamento, alteração quase exclusiva da esquizofrenia. Abruptamente e sem qualquer motivo aparente o paciente interrompe a sua fala deixando de completar a ideia. É um ‘’branco’’ Fuga de Ideias – Variação rápida e incessante de tema, com preservação da coerência do relato e da lógica de associações de ideias. A tendência dominante do pensamento está enfraquecida, causando um afastamento da ideia-alvo. Pode-se considerar que várias ideias alvos se sucedem em um pequeno espaço de tempo. O pensamento é facilmente desviado por estímulos externos e as associações muitas vezes se dão por assonância (rimas) ou aliteração (repetição de consoantes) das palavras. Desagregação do Pensamento – Perda no sentido lógico na associação das ideias. Há a formação de associações novas que são incompreensíveis, irracionais e extravagantes. Altera-se a sintaxe do discurso, que se torna incoerente, fragmentado. Ocorre na esquizofrenia, delírio. Prolixidade – Discurso repleto de detalhes irrelevantes, que torna tedioso, a ideia-alvo nunca é alcançada, ou só tardiamente. Decorre da incapacidade de síntese de distinguir o essencial do acessório. Encontrada no retardo mental e na demência. Pode ser dividido em Circunstancialidade, no qual a ideia-alvo ainda é atingida, ou tangencialidade, quando não se atinge. Sente dificuldade em responder de forma direta e objetiva uma pergunta. Minuciosidade – Discurso com número excessivo de detalhes relevantes. São introduzidos para enriquecer a comunicação e ansiosamente, para evitar quaisquer possíveis omissões. Encontrada no transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de personalidade obsessiva. Relatório pormenorizado. Perseveração – Recorrência excessiva e inadequada no discurso do mesmo tema, ou uma dificuldade em abandonar determinado tema. Consiste numa perda de flexibilidade do pensamento, fixação persistente de uma única ideia alvo e empobrecimento dos processos associativos. Ocorre na demência, retardo mental, delírium. Ideias obsessivas (obsessões) podem ser consideradas uma forma especial de perseveração. Concretismo – Pensamento empobrecido, discurso pobre em conceitos abstratos, em metáforas e analogias. Ideias delirantes ou Delírios – São consideradas como alterações do conteúdo do pensamento. Juízos patologicamente falsos, que possuem características externas: acompanham-se de uma convicção extraordinária, não são susceptíveis à influência e possuem um conteúdo impossível. Alteração relacionada a formação de juízos, através do juízo diferimos a verdade do erro. Através do juízodiscernimos o que é real do que é fruto da imaginação. Nem todos os juízos falsos são patológicos, O erro também consistiu um juízo falso, porém se origina da ignorância, julgamento apressado ou premissas falsas, e é passível de correção pelos dados da realidade. Há juízos que são considerados delirantes mesmo não sendo falsos, um juízo que coincide com a realidade é delirante quando há uma incoerência entre a crença e as evidencias apresentadas. Delírio Primário é a ideia delirante autentica que não deriva de nenhuma outra manifestação psíquica patológica, relacionada a profunda transformação da personalidade. O delírio secundário também chamado de ideia deliroide, podem ser relacionados a ideia de culpa na depressão, ideias de grandeza na mania. Classificado em Delírios Sistematizados e Delírios não Sistematizados . Além disso são classificados como Delírio intuitivo, imaginativo, catatímico, interpretativo, sensorial, onírico e mnêmico.