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Síndrome de Tourette: Diagnóstico e Tratamento

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CASOS CLÍNICOS EM NEUROLOGIA 407
Tourette, são diagnosticados clinicamente, sem a necessidade de testes ou exames de 
imagem. TDAH e TOC frequentemente interferem no aprendizado e nas atividades 
sociais, mais do que os tiques. É essencial reconhecer e tratar esses sintomas para 
ajudar a criança afetada.
É importante elucidar a história familiar de TDAH e TOC, que agora são bem 
aceitos como parte do espectro de sintomas neurocomportamentais da síndrome de 
Tourette. No caso, a história familiar de TDA no irmão mais velho e de TOC no pai 
fornecem a certeza diagnóstica de síndrome de Tourette nesse paciente. Obsessões são 
pensamentos intensivos e intrusivos, que obrigam os pacientes a realizar rituais sem 
sentido ou constrangedores, que consomem tempo, ou compulsões. Ao contrário da 
TOC primária, na síndrome de Tourette os sintomas raramente estão relacionados 
com higiene e limpeza compulsiva; os comportamentos envolvem mais novos arran-
jos, toques forçados, medo de prejudicar a família ou a si mesmo e desejos obsessi-
vos de fazer tudo “direito” (de uma forma rigorosamente predeterminada). Um dos 
sintomas mais aflitivos da síndrome de Tourette é o comportamento autoprejudicial, 
que varia de pequenas lesões de pele, mordidas ou arranhões, a lesões com risco para 
vida. Essas urgências irresistíveis não são tiques, e sim obsessões seguidas por um 
comportamento prejudicial compulsivo.
Tratamento
O primeiro e mais importante componente no manejo da síndrome de Tourette é a 
educação dos pacientes e de seus cuidadores, que devem educar professores, treina-
dores e encarregados. A maioria dos pacientes com síndrome de Tourette não neces-
sita de medicamentos. É necessário ajudá-los a ganhar confiança e a organizar um 
ambiente mais produtivo para a criança na escola e em casa.
No entanto, se a educação e a modificação comportamental não forem sufi-
cientes, os medicamentos podem ser considerados para melhorar o desempenho da 
criança e facilitar as interações sociais. A maioria dos pacientes tenta tratar os tiques. 
No entanto, a prioridade não deve ser dada aos sintomas mais visíveis, e sim aos mais 
preocupantes, que muitas vezes estão relacionados ao TDAH da criança ou TOC. 
Os tiques devem ser tratados quando interferem na escola ou no trabalho, quando 
causam embaraço, perturbam tanto terceiros que os pacientes passam a evitar inte-
rações sociais, ou quando causam dor ao paciente. Tiques que possam causar lesão 
imediata ou potencial ao paciente devem ser tratados agressivamente. Os agentes 
farmacológicos mais eficazes para a supressão dos tiques são os agentes bloqueadores 
dos receptores da dopamina. O haloperidol e a pimozida são os únicos neurolépticos 
aprovados pela Food and Drug Administration (FDA) para o tratamento da síndro-
me de Tourette. Neurolépticos típicos, como o haloperidol e a flufenazina, apesar de 
serem eficientes, são pouco usados como tratamento de primeira linha em decor-
rência de seus efeitos colaterais. Os efeitos colaterais mais temidos do tratamento 
em longo prazo com neurolépticos são a discinesia tardia e a hepatotoxicidade. Por 
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