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CONTABILIDADE 
BÁSICA
Fabiana Tramontin Bonho
Notas explicativas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Esclarecer o que são notas explicativas.
 Explicar como eram as notas antes das Normas Internacionais de 
Contabilidade.
 Estabelecer como são as notas explicativas conforme a NTG 1.000 
(R1) para pequenas e médias empresas.
Introdução
As demonstrações contábeis devem ser preparadas e apresentadas de 
acordo com normas de órgãos regulamentadores, a fim de servirem com 
qualidade a todos os usuários. Assim, buscando resolver o desafio entre 
qualidade e quantidade de informações, as notas explicativas surgiram 
como complemento necessário dessas demonstrações. 
Neste capítulo, você vai estudar o conceito de notas explicativas, vai 
verificar como eram antes das Normas Internacionais de Contabilidade e 
vai explicar seu uso na contabilidade das pequenas e médias 
empresas (PMEs), conforme a NTG 1.000 (R1). 
O que são notas explicativas
As notas explicativas oferecem informações complementares àquelas apresen-
tadas no balanço patrimonial e nas demonstrações de resultado, de resultado 
abrangente, de lucros ou prejuízos acumulados (se apresentada), de mutações 
do patrimônio líquido e de fl uxos de caixa.
Fornecem descrições narrativas e detalhes de itens apresentados nessas 
demonstrações, versando sobre situações não suficientemente evidenciadas 
ou esclarecidas. A função deste complemento é oferecer informações que 
esclareçam dúvidas quanto às operações que da empresa durante o ano. 
Marion (2006) diz que as notas explicativas são uma das formas de eviden-
ciação ou disclosure e trazem informações complementares com o objetivo 
de enriquecer os relatórios e evitar que eles se tornem enganosos. 
Almeida (2005), afirma que as notas explicativas constituem informações para 
que os leitores tenham perfeito entendimento sobre as demonstrações contábeis. 
Neves e Viceconti (2006, p. 384) reforçam esse caráter complementar e 
esclarecedor ao estabelecer que “[...] as notas explicativas (NE) complemen-
tam as demonstrações financeiras, esclarecendo os métodos e os critérios 
utilizados para avaliação do patrimônio e os elementos que contribuíram para 
a formação do resultado”.
Bruni e Famá (2006, p. 142) esclarecem: 
As notas explicativas correspondem a um complemento das demonstrações 
contábeis, que, geralmente, detalham as informações contidas nesses relatórios 
de forma a esclarecer a situação patrimonial e dos resultados do exercício. Podem 
ser expressas sob a forma descritiva ou sob a forma de quadros analíticos. Podem, 
também, englobar outras demonstrações contábeis, caso sejam necessárias para 
um melhor esclarecimento das demonstrações financeiras. As notas explicativas 
também podem ser empregadas para descrever práticas contábeis empregadas pela 
empresa, fornecer explicações adicionais sobre determinadas contas ou operações 
específicas e, também, destacar a composição e os detalhes de certas contas. 
Assim, o objetivo principal das notas explicativas é apresentar informa-
ções que, geralmente por conta de sua natureza não quantitativa, o corpo da 
demonstração não consegue expressar. Outro aspecto importante a ser consi-
derado na formação desse conceito é que elas servem também para expandir 
as informações sobre fatos ocorridos que, de alguma forma, impactaram ou 
podem impactar na avaliação da companhia (MACHADO; NUNES, 2006). 
A melhor elaboração das notas explicativas é aquela que atinge o objetivo 
das demonstrações, ou seja, que, ao acrescentar informações relevantes e 
imperceptíveis quando apenas os números são examinados, contribui para a 
análise e avaliação de quem está apreciando os relatórios.
A Resolução do CFC 1.185/09 — NBC TG 26 (R5), que trata da 
apresentação das demonstrações, faz menção à forma de estruturar as 
referidas notas explicativas e o que deve constar das mesmas.
Assim, as notas explicativas devem oferecer informações sobre as bases de 
elaboração das demonstrações contábeis e das práticas utilizadas; divulgando as 
informações exigidas que não tenham sido apresentadas em outras partes do 
documento, mas sejam relevantes para compreendê-lo.
Notas explicativas2
Apesar de não serem consideradas uma demonstração contábil, essas notas 
têm fundamental importância no conjunto da obra, pelo fato de trazerem à 
luz uma interpretação das informações contidas nas demonstrações. As notas 
explicativas devem ser apresentadas na seguinte ordem:
1. resumo das principais práticas contábeis utilizadas;
2. informações de auxílio aos itens apresentados nas demonstrações con-
tábeis, na ordem em que cada uma é apresentada e na ordem em que
cada conta aparece na demonstração;
3. quaisquer outras divulgações.
Além disso, as empresas devem divulgar, no resumo das principais polí-
ticas contábeis, a base de mensuração utilizada em sua elaboração e outras 
práticas que sejam relevantes para a compreensão do balanço. Também devem 
ser informados os critérios para julgamentos e estimativas empregados nas 
práticas da entidade e que tenham repercussão mais significativa sobre os 
valores reconhecidos nas demonstrações contábeis.
Ainda, as notas explicativas devem informar sobre os principais pressu-
postos frente ao futuro e a fontes importantes de incerteza das estimativas na 
data de divulgação, sempre que exista risco significativo de que provoquem 
modificação material nos valores contabilizados de ativos e passivos durante 
o próximo exercício financeiro.
Também são necessárias informações que permitam aos usuários das
demonstrações contábeis avaliarem seus objetivos, políticas e processos de 
gestão de capital. Assim, as entidades devem divulgar (na extensão em que 
isso não tiver sido feito em outro lugar no balanço): 
a) dados quantitativos resumidos sobre os valores classificados no
patrimônio líquido;
b) objetivos, políticas e processos de gerenciamento de sua obrigação de
recompra ou resgate dos instrumentos quando requeridas a fazê-lo
pelos detentores desses instrumentos, incluindo quaisquer alterações
em relação a período anterior;
c) fluxo de caixa de saída esperado na recompra ou no resgate dessa classe 
de instrumentos financeiros;
d) informação sobre como esse fluxo de caixa foi determinado.
3Notas explicativas
Com as notas explicativas, compõe-se o conjunto das demonstrações con-
tábeis, que devem ser elaboradas em comprimento às exigências das Normas 
Brasileiras de Contabilidade.
Outras divulgações em notas explicativas, conforme a resolução do CFC 1.185/09 — 
NBC TG 26 (R5) (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2017, documento on-
line):
137. A entidade deve divulgar nas notas explicativas:
(a) o montante de dividendos propostos ou declarados antes da data
em que as demonstrações contábeis foram autorizadas para serem
emitidas e não reconhecido como uma distribuição aos proprietários
durante o período abrangido pelas demonstrações contábeis, bem como 
o respectivo valor por ação ou equivalente;
(b) a quantia de qualquer dividendo preferencial cumulativo não re-
conhecido.
138. A entidade deve divulgar, caso não for divulgado em outro local
entre as informações publicadas com as demonstrações contábeis, as
seguintes informações: 
(a) o domicílio e a forma jurídica da entidade, o seu país de registro
e o endereço da sede registrada (ou o local principal dos negócios, se
diferente da sede registrada);
(b) a descrição da natureza das operações da entidade e das suas prin-
cipais atividades; 
(c) o nome da entidade controladora e a entidade controladora do grupo
em última instância;
(d) se uma entidade constituída por tempo determinado, informação
a respeito do tempo de duração.
Notas explicativas e normas internacionais 
de contabilidade
O setor público não possui obrigatoriedade na elaboração de notas 
explicativas.
 Em 2000, foi promulgada a Lei de Responsabilidade Fiscal – (LRF) (LC 
101) que reforçou a necessidade de reconhecimento da despesa porcompetência 
(art. 50, II). No tocante às notas explicativas, somente as previu para os balanços
Notas explicativas4
trimestrais do Banco Central do Brasil. A falta de exigência de notas explicativas 
nas principais leis que regem a contabilidade aplicada ao setor público desmotivou 
sua elaboração por parte dos contadores que atuavam nessa área. 
Em 2008, o Conselho Federal de Contabilidade - (CFC) emitiu as 
primeiras normas brasileiras de contabilidade aplicadas ao setor público, e, 
em 2016 as atualizou. Essas normas, que foram emitidas em contexto de 
alinhamento às IPSAS (normas internacionais de contabilidade aplicadas ao 
setor público), preencheram uma lacuna que existia na legislação do CFC e 
passaram a exigir a elaboração de notas explicativas nas demonstrações 
contábeis públicas.
Portanto, desde a vigência da NBC T 16.6 (R1), os profissionais da 
contabilidade do setor público devem apresentar as notas explicativas como 
parte integrante das demonstrações contábeis.
É mais antiga esta exigência para os profissionais que atuam no setor 
privado, pois a lei societária (Lei Federal nº. 6.404/76) prevê expressamente 
notas explicativas para essas demonstrações contábeis, em seu artigo 176.
Art. 176 da Lei Federal nº. 6.404/76 (BRASIL, 1976, documento on-line):
§ 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e 
outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessários para 
esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício. 
§ 5º As notas explicativas devem: (Redação dada pela Lei nº 11.941, 
de 2009)
I — apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações 
financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas 
para negócios e eventos significativos; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
II — divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adota-
das no Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma outra parte
das demonstrações financeiras; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) 
III — fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias
demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma apre-
sentação adequada; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
IV — indicar: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais,
especialmente estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e
exaustão, de constituição de provisões para encargos ou riscos, e dos
ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do 
ativo; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
5Notas explicativas
A CVM — Comissão de Valores Mobiliários, a fim de orientar as empre-
sas de capital aberto ou que possuem títulos negociados na bolsa de valores, 
também se manifestou sobre a importância das notas explicativas ao emitir o 
OFIC-CIRC 309/86, que reza o seguinte: 
Sendo a evidenciação (disclosure) um dos objetivos básicos da Contabi-
lidade, de modo a garantir aos usuários informações completas e confi-
áveis sobre a situação financeira e os resultados da companhia, as notas 
explicativas que integram as demonstrações financeiras devem apresentar 
informações quantitativas de maneira ordenada e clara. As notas explica-
tivas deverão discriminar, com clareza e objetividade, os esclarecimentos 
necessários ao correto entendimento do conteúdo das demonstrações fi-
nanceiras, a partir dos itens previstos no § 5º do art. 176 da Lei nº 6.404/76. 
Todas as responsabilidades não ref letidas nas demonstrações financeiras 
serão evidenciadas em notas ou em quadros demonstrativos. Os quadros 
demonstrativos deverão ser utilizados para discriminar investimentos rele-
vantes, arrendamento mercantil, garantias, empréstimos e financiamentos 
e outras informações em que haja predominância do aspecto quantitativo. 
(COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS, 1986, documento on-line).
Neves e Viceconti (2006, p. 609) elucidam o conteúdo mínimo das notas 
explicativas exigido pela CVM — Comissão de Valores Mobiliários, 
destacando, a identificação das subsidi-árias; informações sobre o patrimônio 
b) os investimentos em outras sociedades, quando relevantes (art. 247, 
parágrafo único); (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avalia-
ções (art. 182, § 3o ); (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias pres-
tadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes; 
(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) 
e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações 
a longo prazo; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
f) o número, espécies e classes das ações do capital social; (Incluído 
pela Lei nº 11.941, de 2009)
g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício;
(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, § 1º); e (Incluído pela Lei
nº 11.941, de 2009) 
i) os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que te-
nham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os
resultados futuros da companhia. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).
Notas explicativas6
líquido; lucro ou prejuízo líquido das empresas do grupo; créditos e 
obrigações envolvendo investidoras, coligadas e controladas; dentre outras 
informações relevantes para que o usuário da informação contábil tenha 
uma visão ampla dos negócios existentes entre empresas de um mesmo 
grupo econômico.
Com o advento das Leis nº. 11.638/07 e 11.941/09, as notas 
explicativas passaram a ter maior importância para o conjunto de 
demonstrações con-tábeis, devido à convergência das normas brasileiras 
de contabilidade com os padrões internacionais do IFRS, em que se 
contempla a contabilidade societária. São importantes principalmente para 
os usuários externos da con-tabilidade (bancos, acionistas, investidores, 
etc.) que não tem conhecimento das operações da empresa em dado 
período. Nessa época, o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) 
passou a emitir os seus pronunciamentos, também orientando as 
companhias a divulgar, em notas explicativas, as in-formações que 
completam as demonstrações contábeis, gerando informações adicionais de 
suma importância.
Assim, atualmente, as informações contábeis devem ser plenamente 
desenvolvidas conforme os padrões contábeis aceitos internacionalmente, 
os denominados IFRS (Internacional Financial Reporting Standards) no 
sentido de que se tenha o mínimo de divergências futuras, num processo que 
busca a conciliação dos sistemas contábeis dos diversos países (FRATTI; 
NAIDON, 2011). 
O processo de convergência das normas internacionais de contabilidade 
tem o envolvimento de diversos organismos em nível mundial, como o 
IASB (International Accounting Standards Board) órgão responsável pela 
intro-dução das IFRS, relatórios financeiros que objetivam a 
comparabilidade das informações contábeis produzidas pelas empresas 
situadas em países distintos, permitindo a compreensão e interpretação dos 
dados gerados por entidades de diferentes economias e tradições 
(NIYAMA, 2010).
Conforme Hungarato et al. (2004), com a internacionalização da 
contabili-dade, tendem a minimizar-se as diferenças entre as demonstrações 
contábeis pelas empresas em todos os países que adotaram essas normas, 
principalmente as companhias estrangeiras que investem no Brasil e agora 
podem adotar uma única visão da contabilidade, aplicada aqui e em seu país 
de origem.
7Notas explicativas
Notas explicativas para pequenas 
e médias empresas
As pequenas e médias empresas (PMEs) aderiram às IFRS após o CPC aprovar e 
o Conselho Federal de Contabilidade homologar a resolução nº. 1.255/09, aprovada
pela NBC TG 1000 (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2009).
Assim, o CPC emitiu a norma para PMEs em separado, para aplicação às 
demonstrações contábeis para fins gerais de empresas de pequeno e médio 
porte, conjunto composto por sociedades fechadase sociedades às quais não 
sejam requeridas prestações públicas de suas contas (COMITÊ DE PRO-
NUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009). 
Atualmente a contabilidade brasileira passa por um processo de 
convergência às normas internacionais de contabilidade. Nesse sentido, o 
CFC editou, entre outras tantas, a Resolução nº. 1.255/09, aprovando a NBC 
TG 1.000 (R1) - Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas. Em seu 
item 3.17, temos a identificação do conjunto completo das demonstrações 
contábeis que essas entidades devem elaborar, contemplando, na letra “f”, 
a inclusão das notas explicativas. Os itens 8.1 e seguintes dispõem sobre a sua 
estruturação:
O item 8.1, da NTG 1000 (R1), dispõe sobre os princípios subjacentes às 
informações nas notas explicativas e como apresentá-las. As notas devem conter 
informa-ções adicionais àquelas apresentadas no balanço patrimonial, na 
demonstração do resultado, na demonstração do resultado abrangente, na 
demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados (se apresentada), na 
demonstração das mutações do patrimônio líquido e na demonstração dos 
fluxos de caixa. 
Além disso, devem fornecer descrições narrativas e detalhes sobre itens 
que não se qualificam para reconhecimento nessas demonstrações. A norma 
refere, ainda, que, além das exigências desta seção, quase todas as outras seções 
exigem divulgações que são normalmente contempladas pelas notas 
explicativas.
Estrutura das notas explicativas 
Segundo o item 8.2, as notas explicativas devem: 
(a) apresentar informações acerca das bases de elaboração das demonstrações 
contábeis e das práticas contábeis específicas utilizadas, de acordo com
os itens 8.5 a 8.7; 
(b) divulgar as informações exigidas por esta norma que não tenham sido
apresentadas em outras partes das demonstrações contábeis; e
(c) prover informações que não tenham sido apresentadas em outras partes das
demonstrações contábeis, mas que sejam relevantes para sua compreensão. 
Notas explicativas8
Dispõe o item 8.3, que a entidade deve, tanto quanto seja praticável, apre-
sentar as notas explicativas de forma sistemática. Deve, ainda, indicar em cada 
item das demonstrações contábeis, a referência com a respectiva informação 
nas notas explicativas. 
No item 8.4, a norma faz referência à ordem que em que a entidade nor-
malmente deve apresentar as notas explicativas:
(a) declaração de que as demonstrações contábeis foram elaboradas em con-
formidade com esta norma (ver item 3.3); 
(b) resumo das principais práticas contábeis utilizadas (ver item 8.5); 
(c) informações de auxílio aos itens apresentados nas demonstrações contá-
beis, na ordem em que cada demonstração é apresentada e na ordem em 
que cada conta é apresentada na demonstração; 
(d) quaisquer outras divulgações. 
Divulgação das práticas contábeis 
O item 8.5 estipula que a entidade deve divulgar no resumo as principais 
práticas contábeis:
(a) a base de mensuração utilizada na elaboração das demonstrações contábeis; 
(b) as outras práticas contábeis utilizadas que sejam relevantes para a com-
preensão das demonstrações contábeis. 
Informação sobre julgamento 
Segundo o item 8.6, a entidade deve divulgar, no resumo das principais práticas 
contábeis ou em outras notas explicativas, os julgamentos, separadamente 
daqueles envolvendo estimativas (ver item 8.7), que a administração utilizou 
no processo de aplicação das práticas contábeis da entidade e que exerçam 
efeito mais signifi cativo nos valores reconhecidos nas demonstrações contábeis. 
Informação sobre principais fontes de incerteza 
das estimativas
A entidade deve divulgar, nas notas explicativas, conforme o item 8.7, infor-
mações sobre os principais pressupostos relativos ao futuro e outras fontes 
importantes de incerteza das estimativas na data de divulgação, que ofereçam 
9Notas explicativas
risco signifi cativo de provocar modifi cação material nos valores contabilizados 
de ativos e passivos durante o próximo exercício fi nanceiro. Com respeito a 
esses ativos e passivos, as notas explicativas devem incluir detalhes sobre:
 sua natureza;
 seus valores contabilizados ao final do período de divulgação.
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) colocou recentemente em 
Audiência Pública a ITG 1.000 que trata do Modelo Contábil Simplificado para 
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. A ITG 1.000 visa desobrigar 
esse grupo de empresas da adoção da NBC TG .1000 (R1) — Contabilidade 
para PME (equivalente ao IFRS para PME). No entanto, menciona como 
demonstrações contábeis obrigatórias, além do balanço patrimonial e da 
demonstração do resultado do exercício, também as notas explicativas.
Para as microempresas e empresas de pequeno porte, conforme a ITG 1.000, há 
algumas situações mínimas que precisam ser consideradas em notas explicativas, 
mas é recomendável que sejam atendidas outras situações relevantes para a correta 
interpretação da posição patrimonial da entidade. 
Assim, as notas explicativas devem incluir, no mínimo:
 declaração explícita e não reservada de conformidade com a ITG 1.000; 
 descrição resumida das operações da entidade e suas principais atividades; 
 referência às principais práticas contábeis adotadas na elaboração das demons-
trações contábeis; 
 descrição resumida das políticas contábeis significativas utilizadas pela entidade; 
 descrição resumida das contingências passivas, quando houver; 
 qualquer outra informação relevante para a adequada compreensão das demons-
trações contábeis.
Fonte: Zafra (2017); Conselho Federal de Contabilidade (2012, documento on-line).
Assim, com base nos textos legais mencionados e de acordo com os novos 
entendimentos do próprio CFC, podemos afirmar que, desde a implantação 
do IFRS no Brasil, não existem mais demonstrações contábeis que não devam 
ser complementadas por notas explicativas. Essas passam a ser de elaboração 
obrigatória para todas as entidades, independentemente de porte, atividade 
ou forma de tributação.
Notas explicativas10
O item 39 da ITG 1.000 estabelece a divulgação mínima de informações 
que a microempresa e a empresa de pequeno porte devem fazer por meio de 
notas explicativas, relacionando aquelas que, em geral, devem ser evidenciadas 
juntamente com as demonstrações contábeis anuais.
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São Paulo: Atlas, 2006.
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em: 18 set. de 2018.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC nº. 1.418/12 (ITG 1000). 
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Santa Maria, 2011. 
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2006.
11Notas explicativas
MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
NEVES, S.; VICECONTI, P. E. V. Contabilidade básica. 13. ed. São Paulo: Frase Editora, 2006.
NIYAMA, J. K. Contabilidade internacional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
ZAFRA, N. IFRS: contabilidade para microempresa, empresa de pequeno porte, pe-
quenas e medias empresas (NBC TG 1.000 — PME), (ITG 1.000 — ME, EPP). A.I.C., 
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CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TG 26 (R5) – Apresentação das 
demonstrações contábeis. Disponível em: < https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/
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Leituras recomendadas
BRASIL. Lei nº. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial [da] República 
Fede-rativa do Brasil, Brasília, DF, 28 dez. 2007. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm>. Acesso em: 
16 dez. 2018.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Norma Brasileira de Contabilidade Estrutura 
Conceitual. Brasília: CFC, 2016.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas Brasileiras de Contabilidade: 
Con-tabilidade Aplicada ao Setor Público: NBCs T 16.6 a 16.11. Brasília: CFC, 2012. 
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas Brasileiras de Contabilidade 
Técnicas do Setor Público: NBC TSP 01 a 05. Brasília: CFC, 2016.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas Internacionais de 
Contabilidade para o Setor Público. Brasília: CFC, 2010.
Notas explicativas12
Conteúdo:
ADMINISTRAÇÃO 
DO CAPITAL DE 
GIRO 
Leuter Duarte Cardoso Junior 
Gestão do capital de giro: 
modelo de Fleuriet 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Apresentar a origem do modelo de Fleuriet.
  Conceituar contas cíclicas e erráticas.
  Contextualizar a ocorrência de necessidade líquida de capital de giro.
Introdução
O capital de giro (CDG) é um dos elementos que influenciam as decisões 
estratégicas de uma organização e é alvo de muito estudos acadêmicos. 
O mundo está globalizado há décadas, e a competividade empresarial 
é o resultado desse fenômeno. Por essa razão, há uma preocupação 
por parte dos acadêmicos e gestores em aplicar análises e modelos 
sofisticados na área financeira.
Assim, neste capítulo, você vai estudar o modelo tradicional de 
análise financeira, muito comum na literatura. Na sequência, você vai 
compreender o modelo de Fleuriet, que tem uma perspectiva distinta 
da tradicional, propondo uma análise dinâmica, que considera os ciclos 
operacional e financeiro da empresa. Por fim, você vai aprender sobre os 
contextos em que ocorre a necessidade líquida de CDG.
1 Modelo tradicional versus modelo de Fleuriet
No modelo tradicional de análise econômico-fi nanceira, a análise está con-
centrada nos índices decorrentes das demonstrações fi nanceiras. Assim, haverá 
uma relação lógica entre as contas fi nanceiras e contábeis, com o propósito de 
apresentar a condição fi nanceira da organização. Para o modelo tradicional, é 
importante destacar o conceito de capital de giro líquido (CGL).
O CGL é resultado da diferença entre as contas patrimoniais de curto 
prazo. Assim, o resultado será a diferença entre as contas presentes no ativo 
circulante e as dívidas presentes no passivo circulante. Com esse conceito, é 
possível analisar a liquidez da empresa para o curto prazo. 
Nesse contexto, pode-se diferenciar o CDG e o CGL. O CDG corresponde 
aos recursos do ativo circulante, enquanto o CGL será a diferença entre o 
ativo circulante e o passivo circulante. Essa conceituação é fundamental para 
compreender as bases do modelo tradicional e depois distingui-lo do modelo 
de Fleuriet.
Com a noção clara do CDG, é possível avançar o estudo dos aspectos de 
liquidez da empresa. Ao considerar as contas circulantes do balanço patrimo-
nial, conseguimos medir a liquidez por meio dos seguintes índices: 
  Liquidez corrente = (Ativo circulante) / (Passivo circulante) 
  Liquidez seca = (Ativo circulante – Estoques) / (Passivo circulante)
  Liquidez imediata = (Disponível) / (Passivo circulante)
Esses índices demonstram a capacidade do ativo circulante para honrar 
com as dívidas do passivo circulante. Quanto maior for o índice, melhor 
será a situação de liquidez da empresa para honrar as obrigações do passivo 
circulante. Por essa razão, uma empresa solvente, normalmente, terá bons 
índices de liquidez. 
Embora o modelo tradicional seja utilizado em larga escala e por diversos 
estudiosos e profissionais da área financeira, ele sofre algumas críticas de 
ordem metodológica. Para Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003), as contas patrimo-
niais no modelo tradicional são classificadas de forma inadequada. O correto 
seria uma classificação considerando os ciclos que ocorrem nas operações 
da organização. Dessa forma, a análise financeira ocorreria por meio de um 
modelo dinâmico. 
É desse entendimento que partem os estudos de Michel Fleuriet, que resul-
taram no modelo de Fleuriet. Este tem como propósito realizar uma análise 
financeira não estática. No modelo de Fleuriet, as contas do balanço patrimonial 
são reclassificadas em função da análise, que é voltada aos ciclos decorrentes 
das operações que ocorrem dentro de uma organização. 
Conforme os estudos de Theiss Júnior e Wilhelm (2000), o modelo de 
Fleuriet fornece medidas mais apuradas para a sensibilidade da empresa sobre 
as variações financeiras. Dentro dessa perspectiva, é proposto no modelo 
analisar os ciclos da empresa, para obter uma visão mais exata do desempenho 
operacional, econômico e financeiro ao longo do tempo. 
Gestão do capital de giro: modelo de Fleuriet2
2 Contas patrimoniais no modelo dinâmico de 
Fleuriet
Nas análises fi nanceiras tradicionais, as contas são classifi cadas em circulantes 
e não circulantes. No modelo dinâmico, as contas passam a ganhar um novo 
caráter e, por isso, elas serão classifi cadas em operacionais (cíclicas), fi nanceiras 
(erráticas) e não circulantes (não cíclicas). No Quadro 1, observa-se a nova 
classifi cação das contas patrimoniais conforme a metodologia de Fleuriet. 
 Fonte: Adaptado de Rocha, Klann e Hein (2010). 
Ativo Passivo 
Ativo circulante Passivo circulante 
- Contas erráticas: - Contas erráticas:
Caixa Empréstimos e financiamentos 
Bancos Debêntures 
Aplicações financeiras Dividendos a pagar 
- Contas cíclicas: - Contas cíclicas: 
Clientes Fornecedores 
Estoques Obrigações tributárias 
Ativo não circulante Passivo não circulante 
- Contas não cíclicas - Contas não cíclicas
Realizável a longo prazo Exigível a longo prazo 
Investimentos 
Imobilizado Patrimônio líquido (não cíclico) 
 Quadro 1. Balanço patrimonial na perspectiva de Fleuriet 
As contas erráticas no ativo circulante são aquelas que envolvem o lado 
financeiro da empresa, como: caixa, bancos, aplicações financeiras, entre 
outras. Estas estarão vinculadas às atividades financeiras da organização no 
curto prazo. No ativo circulante, haverá também as contas cíclicas, ligadas 
às atividades operacionais, como as contas clientes, estoques, entre outras. 
Por fim, há o ativo não circulante, considerado como não cíclico. As contas 
3Gestão do capital de giro: modelo de Fleuriet
que normalmente o compõem são: realizável a longo prazo, investimentos, 
imobilizado e intangível. 
No lado do passivo, haverá as contas classificadas como erráticas, cíclicas e 
não cíclicas. As contas do passivo circulante ligadas a dívidas e compromissos 
com as instituições financeiras e outros credores financeiros no curto prazo 
serão classificadas como erráticas.Por exemplo, as contas empréstimos, finan-
ciamento, debêntures e dividendos a pagar serão consideradas como erráticas.
 As obrigações do passivo circulante decorrentes das atividades operacionais 
serão classificadas como cíclicas. Nesse sentido, as contas fornecedor e salários 
a pagar serão entendidas como cíclicas no passivo circulante. Estas existem 
em função das operações e atividades afins da organização. 
O passivo não circulante e o patrimônio líquido serão classificados como 
não cíclicos. Essas contas têm uma rotatividade baixa ou até mesmo são per-
manentes na empresa. Por esse motivo, serão consideradas como não cíclicas 
na análise financeira dinâmica do modelo.
No modelo tradicional, considera-se apenas as contas circulante e não circulante. Já 
no modelo dinâmico, as contas são desmembradas em operacional, financeira e não 
circulante. Trata-se de uma nova forma de interpretar a dinâmica do ciclo operacional 
das organizações. 
Segundo Vieira (2008), a nova classificação das contas patrimoniais con-
sidera os ciclos financeiro e econômico de uma organização. Esses ciclos são 
dinâmicos — por exemplo, uma mudança nas políticas de estocagem ou nas 
contas a pagar ou receber vai acarretar novos ciclos dentro da empresa. Na 
Figura 1, pode-se analisar os respectivos ciclos. 
Gestão do capital de giro: modelo de Fleuriet4
Figura 1. Ciclo financeiro e ciclo econômico.
Fonte: Vieira (2008, p. 75).
Conforme apresentado na Figura 1, o ciclo econômico corresponde ao 
período que a mercadoria permanece estocada até ser vendida. Já o ciclo 
financeiro será o intervalo de tempo entre o pagamento dos fornecedores e o 
recebimento das vendas. Esses ciclos representam as atividades operacionais 
(ciclo operacional) da empresa com seus stakeholders. 
Com o entendimento conceitual das contas patrimoniais e dos ciclos fi-
nanceiro e econômico no modelo de Fleuriet, pode-se avançar para a análise 
dos indicadores econômicos e financeiros do modelo de Fleuriet. Estes são 
um meio de evidenciar a situação financeira de uma organização.
Indicadores econômicos e financeiros do modelo de 
Fleuriet
Os principais indicadores econômicos e fi nanceiros do modelo de Fleuriet 
são: CDG, necessidade de capital de giro (NCG) e saldo da tesouraria (ST). 
Cada um desses indicadores vai revelar a situação de liquidez da empresa 
no curto e no longo prazo. Para uma compreensão clara desses indicadores, 
vamos analisá-los em princípio de forma isolada. 
A NCG será a diferença entre o ativo circulante cíclico (operacional) e o 
passivo circulante cíclico (operacional). Assim, a equação 1 representa a NCG: 
NCG = Ativo circulante operacional – Passivo circulante operacional (1)
O resultado será entendido da seguinte forma: 
a) um resultado positivo indica que as saídas de caixa ocorrem antes das 
entradas, e, por esse motivo, será necessário financiar o CDG por meio 
5Gestão do capital de giro: modelo de Fleuriet
da contratação de empréstimos ou financiamento (capital de terceiros) 
ou com recursos próprios da empresa;
b) se o resultado for negativo, significa que o fluxo de caixa operacional 
é positivo, ou seja, as entradas de caixa ocorrem antes das saídas. Esse 
é um cenário favorável, e não haverá necessidade para captação de 
empréstimos e financiamentos ou injeção de recursos por parte dos 
sócios ou acionistas. 
Para Assaf Neto (2014), o resultado desse indicador será a quantidade 
de recursos necessários para financiar o ciclo das principais operações em-
presariais, isto é, os ciclos de comercialização, compras e estocagem. Para 
Matarazzo (2003, p. 338), “[...] a necessidade de capital de giro é a chave para 
a administração financeira de uma empresa”.
O CDG é entendido como os recursos permanentes da organização neces-
sários para cobrir as NCGs. O CDG é obtido pela subtração das fontes de longo 
prazo (passivo não circulante e patrimônio líquido) pelas aplicações de longo 
prazo (ativo não circulante). A equação 2 é utilizada para o cálculo do CDG. 
CDG = (Passivo não cíclico + Patrimônio líquido) – (Ativo não cíclico) (2)
Os resultados serão interpretados da seguinte forma:
a) quando o resultado é positivo, entende-se que há fontes de longo prazo 
(passivo não circulante e patrimônio líquido) para cobrir as NCGs; 
b) quando o resultado é negativo, não há fontes de longo prazo suficientes 
para financiar as NCGs. Nessa condição, a empresa deverá buscar 
alternativas na sua estrutura financeira. 
O ST é a diferença entre o CDG e a NCG. Esse resultado será obtido pela 
subtração do ativo circulante errático pelo valor do passivo circulante errático. 
Esse saldo será calculado por meio da equação 3. 
ST = Ativo circulante financeiro – Passivo circulante financeiro (3)
A interpretação desse resultado é descrita a seguir. 
a) Quando o ST tem um resultado negativo, a empresa vai utilizar as 
fontes de curto prazo (empréstimos e financiamento) para cobrir a sua 
NCG; assim, haverá uma quantidade maior do capital de terceiros na 
Gestão do capital de giro: modelo de Fleuriet6
empresa. Uma consequência dessa situação é o aumento das despesas 
onerosas (financeiras).
b) Quanto maior o resultado, melhor será a situação da empresa, pois haverá 
uma menor dependência do capital de terceiros, e isso vai resultar em 
despesas onerosas menores e endividamento reduzido. Nessa situação, 
a empresa tem recursos de curto prazo suficientes para financiar as 
suas operações. 
Segundo Viera (2008, p. 86), “[…] quando os recursos de longo prazo originários do 
capital de giro não são suficientes para satisfazer à demanda operacional de recursos 
representada pela necessidade de capital de giro, a empresa precisa utilizar fonte de 
curto prazo, com o objetivo de complementar o financiamento das suas atividades”. 
O ST poderá ser utilizado como complemento. 
3 Administração financeira do capital de giro 
líquido
Com as análises e estudos verifi cados até este momento, pode-se perceber a 
importância da liquidez dentro das empresas. Sendo assim, uma análise mais 
crítica sobre o CDG é necessária, uma vez que ele está intimamente ligado ao 
grau de liquidez e solvência de uma organização. 
Para Vieira (2008), o CGL é uma medida da folga financeira da empresa 
para honrar as obrigações computadas no passivo circulante. Sob o aspecto 
da liquidez, entende-se que, quanto maior for o CGL, melhor será a situação 
financeira da empresa no curto prazo. 
O CGL será o resultado da diferença entre as contas do ativo circulante e 
do passivo circulante. A equação 4 representa o CGL.
 CGL = Ativo circulante – Passivo circulante (4)
O resultado dessa equação poderá ser positivo, negativo ou nulo. Cada 
resultado vai indicar a situação financeira da empresa. Nas Figuras 2, 3 e 4 
são apresentadas as três situações possíveis. Na situação apresentada na Figura 
7Gestão do capital de giro: modelo de Fleuriet
2, o CGL é nulo, assim, os bens e direitos do ativo circulante são iguais às 
obrigações do passivo circulante.
Figura 2. Capital de giro líquido nulo.
Fonte: Adaptada de Assaf Neto e Silva (2002).
Na Figura 3, pode-se observar uma situação financeira favorável, na qual 
o CGL é positivo.
Figura 3. Capital de giro líquido positivo.
Fonte: Adaptada de Assaf Neto e Silva (2002).
O resultado positivo indica que o CDG é próprio, e, por essa razão, o ativo 
circulante é superior às obrigações existentes no passivo circulante para o 
mesmo período. Essa é uma situação financeira favorável e representa uma 
boa capacidade para o financiamento das dívidas com capital próprio. 
Quando o resultado é negativo, conforme mostra a Figura 4, o CGL no curto 
prazo é financiado pelo capital de terceiros (empréstimos e financiamentos), 
e o ativo circulante é inferior às obrigações presentes no passivo circulante. 
Essa é uma situação de alerta: o endividamento cresceu e as despesas também, 
assim, a solvência poderá ficar comprometida no longo prazo. 
Gestão do capital de giro: modelo de Fleuriet8
Figura4. Capital de giro líquido negativo.
Fonte: Adaptada de Assaf Neto e Silva (2002).
O CDG na análise financeira poderá ser classificado como fixo ou variável. Segundo 
Assaf Neto e Silva (2002), o CDG fixo será a quantidade necessária para manter o ativo 
circulante e garantir as operações da organização. O CDG variável corresponde aos 
recursos extraordinários para atender às necessidades sazonais, como antecipação das 
compras de insumo, maiores volumes de vendas em alguns períodos ou contingências 
não previstas.
Conforme Matarazzo (2003, p. 337), a NCG “[...] é não só um conceito 
fundamental para a análise da empresa do ponto de vista financeiro, ou seja, 
análise de caixa, mas também de estratégias de financiamento, crescimento e 
lucratividade”. Sob esse contexto, entende-se que o CDG é um dos elementos 
que vão delinear o planejamento estratégico e operacional das organizações. 
Uma administração eficaz do CGL vai garantir uma solidez financeira, bem 
como resultados prósperos ao longo do tempo. Por conta disso, dimensionar 
e avaliar corretamente as fontes de financiamento será estratégico e vital. 
Para Matarazzo (2003), existem diferentes fontes de financiamento, como: 
  capital circulante próprio;
  empréstimos e financiamentos bancários de longo prazo; 
  empréstimos bancários de curto prazo; 
  duplicatas descontadas.
9Gestão do capital de giro: modelo de Fleuriet
Estas são as principais formas para financiar as NCGs, e cada uma delas 
tem suas peculiaridades para prazos, despesas e volumes. O uso dessas fontes 
deverá contribuir para ganhos positivos nos ciclos econômico e financeiro. 
Assim, a empresa terá condições suficientes para manter uma boa saúde 
financeira no curto e no longo prazo.
A gestão do CDG é uma tarefa estratégica e que merece uma atenção ímpar, 
para proporcionar resultados econômicos e financeiros positivos, bem como 
criar valor para os negócios da empresa no curto e no longo prazo. Logo, a 
compreensão do modelo dinâmico de Fleuriet e as ferramentas para análise 
das necessidades líquidas do CDG ganham maior relevância.
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
FLEURIET, M.; KEHDY, R.; BLANC, G. O modelo Fleuriet: a dinâmica financeira das empresas 
brasileiras. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. 
MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. 
São Paulo: Atlas, 2003.
ROCHA, I.; KLANN, R. C.; HEIN, N. Utilização do modelo Fleuriet na análise da gestão do 
capital de giro de empresas brasileiras do setor de siderurgia. In: CONGRESSO BRASI-
LEIRO DE CUSTOS, 17., 2010, Belo Horizonte. Anais eletrônicos [...]. Disponível em: https://
anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/download/835/835. Acesso em: 26 abr. 2020.
THEISS JÚNIOR, F.C.; WILHELM, P.P.H. Análise do capital de giro: modelo Fleuriet versus 
modelo tradicional. In: ENCONTRO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO 
EM ADMINISTRAÇÃO, 24., 2000, Florianópolis. Anais […]. Florianópolis: ENANPAD, 2000.
VIEIRA, M. V. Administração estratégica de capital de giro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
Leitura recomendada
MARQUES, J. A. V. C.; BRAGA, R. Análise dinâmica do capital de giro: o modelo Fleuriet. 
Revista de Administração de Empresas, v. 35, nº. 3, p. 49–63, mai./jun. 1995. Disponível em: 
http://www.scielo.br/pdf/rae/v35n3/a07v35n3.pdf. Acesso em: 26 abr. 2020.
Gestão do capital de giro: modelo de Fleuriet10
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11Gestão do capital de giro: modelo de Fleuriet
CONTABILIDADE 
INTERMEDIÁRIA II
Filipe Martins da Silva
Notas explicativas: 
conteúdo informativo 
e elaboração
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer o conceito e a estrutura das notas explicativas.
 � Descrever a evidenciação das contas patrimoniais e de resultado nas 
notas explicativas.
 � Explicar a obrigatoriedade das notas explicativas como parte inte-
grante das demonstrações contábeis.
Introdução
Neste capítulo, você vai conhecer as notas explicativas e qual seu objetivo, 
entender a importância das notas explicativas e como elas se interligam 
com as demonstrações contábeis, além de conhecer as informações 
obrigatórias que devem conter nelas.
É muito importante compreender a importância de sua divulgação, 
pois sua finalidade é tornar mais claras as informações divulgadas pelas 
companhias. Sendo assim, as empresas são obrigadas a divulgar tais notas 
explicativas, pois, utilizando unicamente as demonstrações contábeis, 
nem todas as informações podem ser claras.
Além disso, será apresentado um exemplo real de uma nota explicativa 
publicada, além de apresentar a legislação que a regulamenta e a torna 
obrigatória para as empresas.
Notas explicativas: conteúdo e conceito
O objetivo da contabilidade é fornecer informações úteis para que seus usuários 
possam tomar decisões, para isso são utilizadas as demonstrações contábeis. 
Ainda assim, os números por si só são insuficientes, para levar ao interessado 
das informações detalhes das operações ocorridas na empresa.
As demonstrações contábeis devem ser complementadas por notas explicativas, 
quadros analíticos ou outras demonstrações contábeis necessárias à plena avaliação 
da situação e da evolução patrimonial da empresa (GELBCKE et al., 2018).
Para complementar essas informações, a legislação prevê as notas explicativas. 
Elas se utilizam de textos, gráficos, quadros, entre outros recursos que são utiliza-
dos para compreender aspectos relativos a determinados conjuntos de contas das 
demonstrações contábeis, e devem ser exibidas após a apresentação das demons-
trações contábeis publicadas pela empresa, sendo parte integrante do conjunto 
completo das demonstrações contábeis (RIBEIRO, 2013). As notas explicativas 
são definidas nos parágrafos 4º e 5º do artigo 176 da Lei nº. 6.404/1976: “§ 4º As 
demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros 
analíticos ou demonstrações contábeis necessários para esclarecimento da situação 
patrimonial e dos resultados do exercício” (BRASIL, 1976, documento on-line).
Além do mencionado, as notas explicativas devem tratar também dos 
seguintes itens:
1. critérios de avaliação de estoques;
2. cálculos de depreciação;
3. critérios para constituição de perdas e provisões;
4. investimentos em outras sociedades;
5. obrigações de longo prazo, os credores, data de vencimento, juros;
6. número de ações que compões o capital social (GELBCKE et al., 2018).
O CPC 26 (R1) (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 
2011, documento on-line) também disciplina as informações que devem conter 
nas notas explicativas, em seus itens 77 a 80A, como demonstrado a seguir:
77. A entidade deve divulgar, seja no balanço patrimonial seja nas notas 
explicativas, rubricas adicionais às contas apresentadas (subclassificações), 
classificadas de forma adequada às operações da entidade.
78. O detalhamento proporcionado nas subclassificações depende dos re-
quisitos dos Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do 
CPC e da dimensão, natureza e função dos montantes envolvidos. Os fatores 
estabelecidos no item 58 também são usados para decidir as bases a se utilizar 
para tal subclassificação. As divulgações variam para cada item, por exemplo:
(a) os itens do ativo imobilizado são segregados em classes de acordo com o 
Pronunciamento Técnico CPC 27 — Ativo Imobilizado;
(b) as contas a receber são segregadas em montantes a receber de clientes 
comerciais, contasa receber de partes relacionadas, pagamentos antecipados 
e outros montantes;
Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração2
(c) os estoques são segregados, de acordo com o Pronunciamento Técnico 
CPC 16 — Estoques, em classificações tais como mercadorias para revenda, 
insumos, materiais, produtos em processo e produtos acabados;
(d) as provisões são segregadas em provisões para benefícios dos empregados 
e outros itens; e
(e) o capital e as reservas são segregados em várias classes, tais como capital 
subscrito e integralizado, prêmios na emissão de ações e reservas.
79. A entidade deve divulgar o seguinte seja no balanço patrimonial, seja na 
demonstração das mutações do patrimônio líquido ou nas notas explicativas:
(a) para cada classe de ações do capital:
(i) a quantidade de ações autorizadas;
(ii) a quantidade de ações subscritas e inteiramente integralizadas, e subscritas 
mas não integralizadas;
(iii) o valor nominal por ação, ou informar que as ações não têm valor nominal;
(iv) a conciliação entre as quantidades de ações em circulação no início e no 
fim do período;
(v) os direitos, preferências e restrições associados a essa classe de ações, 
incluindo restrições na distribuição de dividendos e no reembolso de capital;
(vi) ações ou quotas da entidade mantidas pela própria entidade (ações ou 
quotas em tesouraria) ou por controladas ou coligadas; e
(vii) ações reservadas para emissão em função de opções e contratos para a 
venda de ações, incluindo os prazos e respectivos montantes; e
(b) uma descrição da natureza e da finalidade de cada reserva dentro do 
patrimônio líquido.
80. A entidade sem capital representado por ações, tal como uma sociedade de 
responsabilidade limitada ou um truste, deve divulgar informação equivalente 
à exigida no item 79(a), mostrando as alterações durante o período em cada 
categoria de participação no patrimônio líquido e os direitos, preferências e 
restrições associados a cada categoria de instrumento patrimonial.
80A. Se a entidade tiver reclassificado
(a) um instrumento financeiro com opção de venda classificado como ins-
trumento patrimonial, ou
(b) um instrumento que impõe à entidade a obrigação de entregar à contraparte 
um valor pro rata dos seus ativos líquidos (patrimônio líquido) somente na 
liquidação da entidade e é classificado como instrumento patrimonial entre 
os passivos financeiros e o patrimônio líquido, ela deve divulgar o montante 
reclassificado para dentro e para fora de cada categoria (passivos financeiros 
ou patrimônio líquido), e o momento e o motivo dessa reclassificação.
A seguir, na Figura 1, é apresentado o exemplo de uma nota explicativa real 
publicada em um jornal de grande circulação. É importante destacar que as 
notas explicativas são publicadas juntamente com as demais demonstrações 
contábeis, como o balanço patrimonial, porém está sendo apresentado na 
Figura 1 apenas as notas explicativas publicadas.
3Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração
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9)
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Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração4
O CPC PME (R1, CPC, 2009, p. 34–35) também determina as notas ex-
plicativas, e em seus itens 8.2 a 8.7, da seção 8 tratam sobre o assunto, como 
se segue:
8.2 As notas explicativas devem:
(a) apresentar informações acerca das bases de elaboração das demonstrações 
contábeis e das práticas contábeis específicas utilizadas, de acordo com os 
itens 8.5 a 8.7;
(b) divulgar as informações exigidas por este Pronunciamento que não tenham 
sido apresentadas em outras partes das demonstrações contábeis; e
(c) prover informações que não tenham sido apresentadas em outras partes 
das demonstrações contábeis, mas que sejam relevantes para compreendê-las. 
8.3 A entidade deve, tanto quanto seja praticável, apresentar as notas ex-
plicativas de forma sistemática. A entidade deve indicar em cada item das 
demonstrações contábeis a referência com a respectiva informação nas notas 
explicativas.
8.4 A entidade normalmente apresenta as notas explicativas na seguinte ordem:
(a) declaração de que as demonstrações contábeis foram elaboradas em 
conformidade com este Pronunciamento;
(b) resumo das principais práticas contábeis utilizadas (ver item 8.5);
(c) informações de auxílio aos itens apresentados nas demonstrações con-
tábeis, na ordem em que cada demonstração é apresentada, e na ordem em 
que cada conta é apresentada na demonstração; e
(d) quaisquer outras divulgações.
Divulgação das práticas contábeis
8.5 A entidade deve divulgar no resumo das principais práticas contábeis:
(a) a base de mensuração utilizada na elaboração das demonstrações contá-
beis;
(b) as outras práticas contábeis utilizadas que sejam relevantes para a com-
preensão das demonstrações contábeis.
Informação sobre julgamento
8.6 A entidade deve divulgar, no resumo das principais práticas contábeis 
ou em outras notas explicativas, os julgamentos, separadamente daqueles 
envolvendo estimativas (ver item 8.7), que a administração utilizou no pro-
cesso de aplicação das práticas contábeis da entidade e que possuem efeito 
mais significativo nos valores reconhecidos nas demonstrações contábeis. 
Informação sobre as principais fontes de incerteza das estimativas
8.7 A entidade deve divulgar, nas notas explicativas, informações sobre os 
principais pressupostos relativos ao futuro, e outras fontes importantes de 
incerteza das estimativas na data de divulgação, que tenham risco significa-
tivo de provocar modificação material nos valores contabilizados de ativos e 
passivos durante o próximo exercício financeiro. Com respeito a esses ativos 
e passivos, as notas explicativas devem incluir detalhes sobre:
(a) sua natureza; e
(b) seus valores contabilizados ao final do período de divulgação.
5Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração
Pode-se observar que a finalidade das notas explicativas é proporcionar aos 
usuários um melhor entendimento das demonstrações contábeis apresentadas, 
tendo um caráter de apresentar informações descritivas, informando critérios 
de avaliação, mudanças de políticas e práticas contábeis, detalhamento de 
grupos do balanço, como imobilizado, que podem ser objetos de análises mais 
específicas (PADOVEZE, 2017).
Deve-se entender que as notas explicativas são complementares às demons-
trações contábeis, ajudando a compreensão mais detalhada das demonstrações 
contábeis e do funcionamento da empresa, porém são fundamentais para a 
análise das demonstrações financeiras pelos usuários externos, uma vez que 
explicitam as práticas contábeis e os critérios que foram utilizados, além de 
evidenciar informações de itens que não estão reconhecidos nas demonstrações 
contábeis, mas que poderão impactar na tomada de decisão, sendo assim, uma 
ferramenta de cunho estratégico.
Mesmo as notas explicativas exercendo papel complementar às demonstra-
ções contábeis é obrigatória divulgação, pois em um mercado cada vez mais 
globalizado e competitivo, as empresas precisam ter uma maior consciência 
além de cumprir o que está estabelecido nas legislação vigentes, e ao mesmo 
tempo estabelecer um diferencial e se comunicar diretamente com seus usuá-
rios externos, compreender suas necessidades e se elas estão sendo atendidas, 
assegurando que eles tenham acesso às informações que necessitam (SAIBA 
como as notas..., 2018).
Junto com as demonstrações contábeis, além das notas explicativas, também é pu-
blicado o relatório da administração, sendo este relatório um texto preparado pelos 
gestores da empresa para avaliar o desempenho da organização. Ele traz informações 
corporativas e setoriais relacionadas ao ramo de atividade, análise financeira e outras 
informações que a administração julga de interesse para os seus acionistas e público 
em geral. Também pode ser denominado relatório da diretoria. 
Fonte: Desenvolve SP (2019).
Notas explicativas:conteúdo informativo e elaboração6
Características das informações contábeis e 
estrutura das notas explicativas
Conforme as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) T. 1, que trata das 
características qualitativas das demonstrações contábeis, toda demonstração 
contábil deve ter atributos que tornem as demonstrações contábeis úteis para 
os usuários (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2008), como 
as listadas a seguir.
 � Compreensibilidade: todas as informações contábeis devem ser en-
tendidas por todos os usuários, e para esse fim é preciso que usuários 
tenham um conhecimento razoável dos negócios, atividades econômicas 
e contabilidade, e a disposição de estudar as informações com razoável 
conhecimento. Mas mesmo que uma informação seja de difícil com-
preensão, não deve ser excluída das informações contábeis.
 � Relevância: para serem úteis, as informações deve ser relevantes, ou 
seja, influenciar as decisões econômicas dos usuários, ajudando-os a 
avaliar o impacto de eventos passados, presentes ou futuros.
 � Materialidade: a relevância das informações é afetada pela sua natureza 
e materialidade. Ou seja, uma informação é material se a sua omissão 
ou distorção puder influenciar as decisões econômicas dos usuários, 
tomadas com base nas demonstrações contábeis.
 � Confiabilidade: para ser útil, a informação deve ser confiável, ou seja, 
deve estar livre de erros ou vieses relevantes e representar adequada-
mente aquilo que se propõe a representar (CFC, 2008).
Porém, para atender as quatro características mencionadas na NBC TG 
Estrutura Conceitual (CFC, 2008), a empresa também deve, segundo essa 
mesma norma, proceder com os seguintes critérios.
 � Representação adequada: para ser confiável, a informação deve re-
presentar adequadamente as transações e outros eventos que ela diz 
representar. Ou seja, o balanço patrimonial deve representar adequa-
damente a situação patrimonial da empresa na data da apresentação.
 � Primazia da essência sobre a forma: para que a informação represente 
corretamente é necessário que essas transações sejam contabilizadas de 
acordo com a sua essência e realidade econômica, e não meramente sua 
forma legal, ou seja, não basta seguir a lei, deve representar sua essência.
7Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração
 � Neutralidade: para ser confiável, a informação contida nas demons-
trações contábeis deve ser neutra, isto é, imparcial, não induzindo o 
usuário para uma tomada de decisão.
 � Prudência: os preparadores de demonstrações contábeis se deparam 
com incertezas que inevitavelmente envolvem certos eventos e circuns-
tâncias, tais como a possibilidade de recebimento de contas a receber 
de liquidação duvidosa, que devem ser apresentadas.
 � Integridade: para ser confiável, a informação constante das demons-
trações contábeis deve ser completa, pois uma omissão pode tornar 
uma informação falsa.
 � Comparabilidade: os usuários devem poder comparar as demonstrações 
contábeis de uma entidade ao longo do tempo, evitando alterações de 
critérios e avaliações que possam distorcer essa comparação.
Ou seja, as notas explicativas devem atender a esses quesitos. A CPC 26 
(R1) aprovada pela Deliberação CVM nº 676/2011 (2011, documento on-line), 
estabelece o que segue: 
112. As notas explicativas devem:
(a) apresentar informação acerca da base para a elaboração das demonstrações 
contábeis e das políticas contábeis específicas utilizadas, de acordo com os 
itens 117 a 124;
(b) divulgar a informação requerida pelos Pronunciamentos Técnicos, Orien-
tações e Interpretações do CPC que não tenha sido apresentada nas demons-
trações contábeis; e
(c) prover informação adicional que não tenha sido apresentada nas demons-
trações contábeis, mas que seja relevante para sua compreensão. 
113. As notas explicativas devem ser apresentadas, tanto quanto seja praticável, 
de forma sistemática. Cada item das demonstrações contábeis deve ter referên-
cia cruzada com a respectiva informação apresentada nas notas explicativas.
Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração8
Santos e Veiga (2014) complementam que a ordem de apresentação das 
notas explicativas deve ser:
1. contexto operacional;
2. declaração quanto à base de preparação das demonstrações contábeis;
3. bases de avaliação de ativos e passivos e práticas contábeis aplicadas;
4. informações adicionais para itens apresentados nas demonstrações 
contábeis;
5. contingências e outras divulgações de caráter financeiro;
6. divulgações não financeiras, tais como riscos financeiros da entidade.
Cabe ressaltar segundo Iudícibus e Marion (2009) que as notas explicativas 
podem ser complementadas por quadros analíticos suplementares, apresentados 
dentro das próprias notas. Tais quadros apresentam detalhamento de infor-
mações, como composição e tipos de ação do capital social, taxas de juros e 
prazos de vencimento de empréstimo, garantias de longo prazo, composição 
do estoque e imobilizado, entre outras. Para Iudícibus e Marion (2009), são 
exemplos de informações contidas nos quadros analíticos:
 � Composição dos estoques: será apresentado os valores de matéria-prima, 
produtos em andamento, produtos acabados, material de embalagem, 
peças de reposição, almoxarifado, entre outros que a empresa possa 
vir a possuir.
 � Composição do imobilizado: serão apresentados valores de terrenos, 
edifícios, máquinas, veículos, a depreciação acumulada individualizada 
por bem, construções em andamento, importação em andamento, entre 
outros.
 � Projetos em execução: descrição dos projetos que estão em andamento, 
informando prazo de entrega, capacidade de produção, comparação 
entre custos estimados e custos reais, financiamentos para executar o 
projeto, entre outros.
9Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração
O § 5º do art. 176 da Lei das Sociedades por Ações (BRASIL, 1976, docu-
mento on-line) regula as notas que devem ser incluídas, que são:
I — apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações 
financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para 
negócios e eventos significativos;
II — divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no 
Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demons-
trações financeiras;
III — fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demonstra-
ções financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada; e 
IV — indicar:
a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especial-
mente estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de 
constituição de provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender 
a perdas prováveis na realização dos elementos do ativo;
b) os investimentos em outras sociedades, quando relevantes (art. 247, pa-
rágrafo único);
c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações 
(art. 182, § 3º);
d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas 
a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes;
e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a 
longo prazo;
f) o número, espécies e classes das ações do capital social;
g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício;
h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, § 1º);
i) os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, 
ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados 
futuros da companhia.
O relatório da diretoria é aplicado em companhias de grande porte e de capital aberto. 
As demais companhias, conforme a legislação vigente, devem apresentar um relatório 
informando aos acionistas que, de acordo com a legislação e os estatutos sociais, estão 
sendo apresentadas as demonstrações contábeis.
Fonte: Santos e Veiga (2014).
Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração10
Informações constantes nas notas explicativas
As notas explicativasnão possuem grandes complexidades em sua elabora-
ção. A NBC TG 1000 (CFC, 2009) apresenta um passo a passo que deve ser 
considerado em sua elaboração. Ao elaborar o balanço patrimonial, a entidade 
deve apresentar as seguintes informações:
1. a classificação do ativo imobilizado da entidade;
2. demonstração dos valores do grupo contas a receber, destacando os 
valores relativos a partes relacionadas e recebíveis gerados por receitas 
não faturadas;
3. composição dos estoques da empresa, demonstrando separadamente 
seus valores relativos ao seu objetivo, isto é, mantidos para venda, 
produção ou bens de consumo;
4. os valores dos fornecedores e contas a pagar, demonstrando separa-
damente os valores a pagar para fornecedores, partes relacionadas e 
encargos incorridos;
5. provisões para benefícios a empregados e outras provisões, como 
trabalhistas;
6. a composição do patrimônio líquido, destacando os grupos que o com-
põe, como reserva de lucros.
Caso a entidade tenha seu capital social na forma de ações, ou seja, so-
ciedade anônima, a NBC TG (R1) 1000 (CFC, 2016) determina que entidade 
deve divulgar:
1. a quantidade de ações autorizadas;
2. a quantidade de ações subscritas, integralizadas e não integralizadas;
3. o valor nominal por ação;
4. ações que não tenham valor nominal;
5. descriminação da quantidade de ações em circulação no início e no 
fim do exercício;
11Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração
6. direitos, preferências e restrições associados a essas classes, incluindo 
restrições na distribuição de dividendos ou de lucros e no reembolso 
do capital;
7. ações da entidade em posse da própria entidade ou por controladas e 
coligadas;
8. ações reservadas para emissão em função de opções e contratos para 
a venda de ações, incluindo os termos e montantes;
9. descrição de cada reserva incluída no patrimônio líquido.
Porém, caso a entidade tenha seu capital representado em forma de quo-
tas, ou seja, sociedade limitada, deve divulgar informações equivalentes às 
exigidas pela Sociedade Anônima, isto é, descrever as alterações ocorridas 
no patrimônio líquido no exercício; descrição do ativo ou grupo de ativos e 
passivos; o valor contabilizado dos ativos ou o valor contabilizado desses 
ativos e passivos.
Exemplos de dados divulgados em notas explicativas
As notas explicativas são obrigatórias para todas as empresas de todos os 
portes, inclusive para pequenas e médias empresas, fazendo parte do conjunto 
completo do conjunto das demonstrações contábeis elaboradas (SANTOS; 
VEIGA, 2014). A seguir, no Quadro 1, são apresentados alguns exemplos 
de dados que obrigatoriamente devem contar nas notas explicativas, caso a 
entidade possua tais movimentações.
Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração12
Fonte: Adaptado de Santos et al. (2015).
Dados a serem 
divulgados
Exemplos
Políticas 
contábeis
Avaliações utilizadas no ativo e passivo, como 
custo histórico, custo corrigido, valor de 
realização, valor justo ou valor recuperável.
Fontes de 
incertezas das 
estimativas
Alguns ativos e passivos exigem uma estimativa de efeitos 
incertos no futuro, como ausência de preços de mercado, 
passando a ser necessário estimar o valor recuperável de 
um imobilizado; obsolescência tecnológica nos estoques; 
provisões sujeitas a resultado de litígio no futuro.
Capital
Descrição de elementos qualitativos sobre 
as políticas de gestão do capital; objetivos 
monetários da gestão do capital.
Outras 
divulgações
Montante de dividendos propostos, quantidade de 
dividendo preferencial, forma jurídica de entidade, 
endereço da sede, natureza das operações, se é entidade 
constituída com tempo determinado ou não.
Quadro 1. Exemplos de informações divulgadas em notas explicativas
Acesse o link para saber mais a respeito das notas explicativas.
https://qrgo.page.link/3EuH
13Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração
Nota 01 — Sumários das práticas contábeis
As principais práticas contábeis adotadas pela sociedade são:
a) Estoques — são avaliados ao custo médio de aquisição ou de produção, estando 
reduzidos, mediante a provisão evidenciada ao valor de mercado ou de realização, 
quando inferiores ao custo.
b) Ativo imobilizado — é registrado ao custo de aquisição ou construção, reduzido 
da depreciação acumulada. As depreciações são calculadas pelo método linear, 
com base em taxas que levam em consideração a vida útil econômica dos bens, 
segundo parâmetros estabelecidos pela legislação tributária ou com base em 
laudo técnico de peritos avaliadores. As taxas de depreciação são as seguintes:
 � edifícios: 4%; 
 � máquinas, equipamentos, instalações e móveis: 10%;
 � veículos e equipamentos de informática: 20%.
c) Investimento — as participações relevantes em coligadas e controladas são ava-
liadas pelo método de equivalência patrimonial. As demais participações em 
outras sociedades são registradas pelo custo de aquisição menos a provisão para 
perdas permanentes.
d) Empréstimo e financiamentos — são atualizados pelas variações monetárias in-
corridas até a data do balanço, e os respectivos juros transcorridos devem estar 
provisionadas. As variações monetárias e os juros são apropriados em despesas 
financeiras.
e) Impostos de rendas e contribuições sociais — são calculados e contabilizados 
com base nas alíquotas vigentes no exercício a que se referem as demonstrações 
contábeis.
Nota 02 — Responsabilidade e contingências
Devem ser relacionados e, se for o caso, comentados os processos, contingências 
fiscais e reclamações trabalhistas que envolvem responsabilidade contingente da 
empresa. Deve-se reservar uma provisão para riscos fiscais e outras contingências 
no valor correspondente à perda provável máxima no caso de resultado negativo 
nessa pendência.
Nota 03 — Empréstimos e financiamentos
Descrevem-se os empréstimos e financiamentos efetuados pela empresa para a 
execução de projetos e capital de giro, as entidades concessoras, a data de resgate, os 
juros praticados, as garantidas oferecidas e demais detalhes considerados relevantes. 
Nota 04 — Capital
Faz-se uma demonstração da composição do capital social (número de ações ordinárias 
e preferenciais para sociedades anônimas, ou quotas para sociedades limitadas), valor 
nominal e da distribuição dos dividendos.
Nota 05 — Ajuste de exercícios anteriores
Relacionam-se as ações referente ao ajuste de exercícios anteriores e seus efeitos sobre 
as demonstrações contábeis do exercício.
Fonte: Quintana (2009).
Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração14
Todas essas informações, em conjunto com as demonstrações contábeis, 
compreendem um resumo das políticas contábeis aplicadas pela empresa, 
bem como necessárias para a avaliação da situação patrimonial, financeira 
e econômica da entidade por parte dos gestores, investidores e acionistas 
(SANTOS, VEIGA; 2014).
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. 
Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Brasília, DF: 1976. Disponível em: http://www. 
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm. Acesso em: 17 abr. 2019.
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM). Deliberação CVM nº. 488, de 03 de outubro 
de 2005. Aprova o pronunciamento do IBRACON NPC n. 27 sobre Demonstrações 
Contábeis — apresentação e divulgações. Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: http://
www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/deliberacoes/anexos/0400/deli488.pdf. 
Acesso em: 26 mar. 2019.
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM). Deliberação CVM nº. 496, de 03 de janeiro 
de 2006. Prorroga a entrada em vigor da Deliberação CVM nº. 488, de 03 de outubro de 
2005, que aprovou o pronunciamento do IBRACON NPC nº. 27 sobre Demonstrações 
Contábeis — apresentação e divulgações. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: http://
www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/deliberacoes/anexos/0400/deli496.pdf. 
Acesso em: 26 mar. 2019.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento técnico CPC 26 (R1): 
apresentaçãodas demonstrações contábeis. 2011. Disponível em: http://static. cpc.
aatb.com.br/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2013.pdf. Acesso em: 17 abr. 2019. 
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento técnico PME: conta-
-bilidade para pequenas e médias empresas. 2009. Disponível em: http://static.cpc. 
aatb.com.br/Documentos/392_CPC_PMEeGlossario_R1_rev%2011_alt.pdf. Acesso 
em: 17 abr. 2019.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE — CFC. Normas Brasileiras de Contabilidade 
NBC T 1: estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das demonstrações 
contábeis. Brasília, DF, 2008a. Disponível em: http://www.portaldecontabilidade.com. 
br/nbc/t1.htm. Acesso em: 17 abr. 2019.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE — CFC. Normas Brasileiras de Contabilidade 
NBC TG 1000: contabilidade para pequenas e médias empresas. Brasília, DF, 2009. 
Disponível em: http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/NBC-TG-1000.htm. 
Acesso em: 17 abr. 2019.
15Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE — CFC. Normas Brasileiras de Contabilidade 
NBC TG 1000 (R1), de 21 de outubro de 2016. Altera a NBC TG 1000 que dispõe sobre a 
contabilidade para pequenas e médias empresas. Brasília, DF, 2016. Disponível em: 
http://www.contabilistassl.com.br/s-n/noticias-descricao.php?id_=OTQ2NzU0ODA-
-1NDI=&o=fc9dc22ccbf2965c1a1d85a3cbd28b7350bdb810c1e057a784da89fe6bfb 
769aa23f5bc5b4ddf58276c13c4cb08b499dc9277c4de4570429963e77e6e9ebfc84. 
Acesso em: 17 abr. 2019.
DESENVOLVE SP. Relatório da administração. Disponível em: https://www.desen-volvesp.
com.br/institucional/transparencia/prestacao-de-contas/relatorio-da--administracao/. 
Acesso em: 17 abr. 2019.
GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades. 
3. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
NOTAS explicativas. Jornal do Comércio, 29 mar./01 abr. 2018. 2. Caderno, p. 19.
PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e inter-
-mediária. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
QUINTANA, A. C. Fluxo de caixa: demonstrações contábeis — de acordo com a lei 
11.638/07. Curitiba: Juruá, 2009.
RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica fácil. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
SAIBA como as notas explicativas podem ser estratégicas na contabilidade da empresa. 
2018. Disponível em: https://www.classecontabil.com.br/saiba-como-as-notas-explica-
-tivas-podem-ser-estrategicas-na-contabilidade-da-empresa/. Acesso em: 17 abr. 2019.
SANTOS, F. A.; VEIGA, W. E. Contabilidade: com ênfase em micro, pequenas, e médias 
empresas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
SANTOS, J. L. et al. Manual de práticas contábeis: aspectos societários e tributários. 
3. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
Leituras recomendadas
BOHRER IBAÑEZ, M. (coord.). Contabilidade para pequenas e médias empresas. 2. ed. 
Porto Alegre: CRCRS, 2011. Disponível em: http://www.crcrs.org.br/arquivos/livros/
livro_contabilidadePME.pdf. Acesso em: 17 abr. 2019.
MONTOTO, E. Contabilidade geral e avançada esquematizado. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 
2018.
NOTAS explicativas às demonstrações financeiras. Disponível em: http://www.portal-
-decontabilidade.com.br/guia/notasexplicativas.htm. Acesso em: 17 abr. 2019.
Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração16
CONTABILIDADE 
INTERMEDIÁRIA II
Filipe Martins da Silva
Demonstração de lucros 
ou prejuízos acumulados: 
ajustes e constituição 
de reservas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Definir a demonstração de lucros ou prejuízos acumulados (DLPA).
 � Descrever os elementos que compõem a estrutura da demonstração 
de lucros ou prejuízos acumulados.
 � Explicar o impacto, no balanço patrimonial, da constituição e reversão 
de reservas, dos ajustes de exercícios anteriores e do reconhecimento 
da distribuição de lucros.
Introdução
Neste capítulo, você conhecerá a demonstração de lucros ou prejuízos 
acumulados (DLPA) e compreenderá como ocorre a sua movimentação, 
quais contas a compõem e a importância dos itens da sua compo-
sição — como, por exemplo, dividendos, que é a remuneração dos 
acionistas e sócios das empresas.
O lucro obtido pela empresa nem sempre é integralmente distri-
buído; muitas vezes, ele é reinvestido na própria empresa. Através da 
DLPA, será possível acompanhar a movimentação do lucro e distinguir 
a sua destinação. Além disso, você também conhecerá, com base na 
legislação vigente, quais são as reservas de lucro que uma entidade 
pode criar, os seus objetivos, e de que forma a empresa pode calcular 
seus dividendos.
O que é a demonstração de lucros ou prejuízos 
acumulados?
Para um acionista que deseja conhecer a situação da empresa em que está 
investindo, quanto maior o número de informações, melhores e mais exatas 
serão as suas interpretações, conclusões e, consequentemente, as suas tomadas 
de decisões. Para isso, além do balanço patrimonial e da demonstração do 
resultado do exercício, a empresa conta também com a DLPA, que contribui 
para a compreensão da situação econômica e financeira da empresa, além de 
explicitar a destinação dos lucros da companhia. 
A DLPA tem por finalidade apresentar as movimentações ocorridas na conta 
de lucros ou prejuízos acumulados, evidenciando as alterações ocorridas no 
saldo desta conta. Uma vez que inúmeras operações que se processam nesta 
conta fazem com que o lucro líquido do exercício, constante da demonstração 
do resultado do exercício, seja diferente do saldo final da conta de lucros ou 
prejuízos acumulados, a DLPA constitui-se, então, imperativa na apresentação 
de tais modificações (GELBCKE et al., 2018). 
A conta de lucros ou prejuízos acumulados, apresentada pela DLPA, pode 
ser obtida também pela demonstração das mutações do patrimônio líquido, 
a qual inclui uma coluna específica para evidenciar as movimentações que 
transitaram pela conta de lucros ou prejuízos acumulados. Segundo Padoveze 
(2017), a DLPA tem por objetivo apresentar as seguintes informações: 
 � os lucros ainda não distribuídos ou transferidos;
 � os lucros ou prejuízos ocorridos no exercício;
 � as transferências para reservas e lucros distribuídos;
 � a absorção dos prejuízos de exercícios anteriores por novos lucros;
 � os prejuízos acumulados de exercícios anteriores não absorvidos por 
lucros.
O art. 286 do Decreto nº. 9.580, de 22 de novembro de 2018, determina a 
obrigatoriedade da apuração da DLPA:
Ao fim de cada período de apuração, o contribuinte deverá apurar o lucro 
líquido por meio da elaboração, em observância às disposições da lei comer-
cial, do balanço patrimonial, da demonstração do resultado do período de 
apuração e da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados (BRASIL, 
2018, documento on-line).
Demonstração de lucros ou prejuízos acumulados: ajustes e constituição de reservas2
Em seu item 6.5, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) PME 
define que a DLPA deve conter:
(a) lucros ou prejuízos acumulados no início do período contábil.
(b) dividendos ou outras formas de lucro declarados e pagos ou a pagar du-
rante o período.
(c) ajustes nos lucros ou prejuízos acumulados em razão de correção de erros 
de períodos anteriores.
(d) ajustes nos lucros ou prejuízos acumulados em razão de mudanças de
práticas contábeis.
(e) lucros ou prejuízos acumulados no fim do período contábil (CPC, 2009,
p. 35).
O CPC-PME (R1) complementa, em seu item 3.18, que se as únicas 
alterações no patrimônio líquido durante os períodos para os quais as 
demonstrações contábeis são apresentadas derivarem do resultado, de 
distribuição de lucro, de correção de erros de períodos anteriores e de 
mudanças de políticas contábeis, a entidade pode apresentar a DLPA no 
lugar da demonstração do resultado abrangente (DRA) e da demonstração 
das mutações do patrimônio líquido (MONTOTO, 2018).
O § 2º do art. 186 da Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (BRASIL, 
1976),

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