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LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA AMBIENTAL COLETA, PREPARO E ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DO SOLO ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br COLETA, PREPARO E ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DO SOLO A microbiologia do solo é o ramo da ciência que trata do estudo dos microrganismos que vivem nesse ambiente, suas atividades e como eles afetam as propriedades do solo, em ambientes naturais ou agrícolas. Os principais micro- organismos do solo são representados pelas bactérias, fungos, arqueias, algas, protozoários e microfauna. Compõem esse sistema, também, os vírus, parasitas intracelulares obrigatórios, que desempenham funções importantes no controle das populações no solo. O termo microbioma foi usado pela primeira vez por Joshua Lederberg, que o definiu como "a comunidade ecológica de microrganismos comensalistas, simbiontes ou patogênicos, que literalmente ocupam o espaço de nosso corpo", referindo-se, na ocasião, ao microbioma humano (LEDERBERG; MCCRAY, 2001). Já em 2002, esta definição foi simplificada para "microrganismos associados aos humanos" (THE HUMANMICROBIOME PROJECT CONSORTIUM, 2012). Atualmente, esse termo é usado para descrever o conjunto de microrganismos que ocupam conjuntamente um ambiente. Os solos apresentam uma estruturação das comunidades microbianas, composto principalmente pelos filos acidobacteria, actinobacteria, proteobacteria, verrucomicrobia, bacteroidetes, firmicutes e planctomycetes. Parte essencial do sistema solo, os organismos que o habitam têm funções de grande importância, sendo consideradas atualmente como mais importantes do que previamente imaginado (Figura 1). mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA AMBIENTAL COLETA, PREPARO E ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DO SOLO ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br Entre as mais diferentes funções atribuídas a esses organismos estão algumas amplamente conhecidas, como a degradação de compostos orgânicos e conseguinte ciclagem de nutrientes, e outras mais específicas, como a fixação biológica de nitrogênio ou o auxílio às plantas na absorção de nutrientes. Figura 1 – Esquema da estrutura, composição e organização de um agregado de solo. Fonte: adaptado de Cardoso e Andreote (2016). Numa visão global desse conceito, a diversidade microbiana dos solos é responsável pelos chamados serviços ecossistêmicos, caracterizados pelo conjunto de funções do ecossistema e dos recursos biotecnológicos supridos de forma determinante pela microbiota. Entre esses, enumeram-se características essenciais ao solo, como a pedogênese, ciclagem do nitrogênio, transformação da matéria orgânica, processos biotecnológicos, como a utilização da microbiota como alimento, promotora da biorremediação e do biocontrole, e como promotora de processos de polinização (Figura 2). Esse é um tema ainda pouco explorado com os recursos mais modernos de acesso à microbiota do solo, e, portanto, bastante promissor na elevação da importância desse componente para o funcionamento de todo o sistema. O solo é um ambiente dinâmico e complexo, entender e aprofundar os conhecimentos na microbiologia presente no sistema resulta em maior produtividade de forma sustentável, conservando o seu solo. mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA AMBIENTAL COLETA, PREPARO E ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DO SOLO ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br Figura 2 – Variação dos serviços ecossistêmicos dos solos. Fonte: adaptado de Pimentel et al. (1997). MATÉRIA ORGÂNICA A matéria orgânica do solo (MOS) é resultado da mistura de componentes de origem biológica (restos de decomposição em diferentes estágios evolutivos), microrganismos e materiais vegetais não decompostos, além de compostos produzidos pelo homem, conhecidos como xenobióticos. A distribuição da MOS não é uniforme e varia de acordo com a origem e as propriedades físicas, químicas e mineralógicas dos solos. A maior atividade biológica do solo situa-se, de modo geral, na camada de 0 a 20cm de profundidade, pois aí ocorre maior acumulação da matéria orgânica pela deposição de material vegetal da parte aérea, além do efeito das raízes. A matéria orgânica influencia as propriedades do solo, a disponibilidade de nutrientes para a multiplicação de células microbianas e das plantas, e regula a ciclagem do carbono e sua estabilização. Mudanças no status nutricional do solo, como a redução do conteúdo de matéria orgânica, afeta sua diversidade microbiana. mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA AMBIENTAL COLETA, PREPARO E ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DO SOLO ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br A CICLAGEM DOS NUTRIENTES NO SOLO Na natureza, a matéria orgânica circula de forma cíclica. O trajeto das substâncias do ambiente abiótico para o mundo dos seres vivos e o seu retorno ao mundo abiótico completam o chamado ciclo biogeoquímico. O termo é derivado do fato de que há um movimento cíclico de elementos que formam os organismos vivos (bio) e o ambiente geológico (geo), no qual intervêm mudanças químicas. Em qualquer ecossistema existem tais ciclos. Os ciclos biogeoquímicos ou ciclos da matéria constituem o processo que garante a reposição de elementos químicos contidos sob quaisquer formatos (livre na natureza, fixos no solo ou nas rochas, congelados ou incorporados a algum ser vivo) que, em um ecossistema, garantem a manutenção da vida ao longo de todos os tempos. A heterogeneidade do solo também se dá em relação à disponibilidade de nutrientes. De maneira geral, o solo é um ambiente caracterizado pela oligotrofia (baixa disponibilidade de nutrientes), mas apresenta a ocorrência de hot spots, que são zonas que têm uma elevada atividade biológica devido à presença de fontes nutricionais biodisponíveis. Alguns exemplos de hot spot do solo são as zonas de acúmulo de matéria orgânica e as frações do solo mais próximas à raiz das plantas, conhecidas como rizosfera (região do solo influenciada pelas raízes, com máxima atividade microbiana). É nesses hot spots que a maior parte da vida se desenvolve no solo. Há presença de formas de vida em toda extensão do solo, porém, é nessas áreas que os seres vivos se tornam mais abundantes e ativos. CICLO DO CARBONO Na biosfera, os grandes reservatórios de carbono (C) estão sob a forma de combustíveis fósseis ou na forma de carbonatos dissolvidos nas águas oceânicas. No entanto, a fração do carbono do solo suscetível a ser utilizada no processo nutricional mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA AMBIENTAL COLETA, PREPARO E ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DO SOLO ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br dos organismos que ocupam esse nicho ocorre principalmente sob a forma de carbono orgânico. Os teores de carbono em formas orgânicas (C orgânico) no solo estão diretamente relacionados à biosfera, sendo originados primariamente por meio do processo da fotossíntese, assimilados e posteriormente incorporados à matéria orgânica do solo (MOS). O ciclo do carbono (Figura 3) é uma trajetória realizada no meio ambiente por um elemento químico essencial para a manutenção da vida. No caso do ciclo do carbono, esse elemento sai do meio ambiente para os seres vivos e volta logo em seguida para o meio. O carbono faz parte de todas as moléculas orgânicas, fundamentais para os seres vivos. Além disso, o elemento está presente em boa parte dos materiais do planeta, como oceanos, rochas e atmosfera. Nesta última, o carbono está presente na forma de dióxido de carbono (CO₂). Figura 3 – Ciclo do carbono. Fonte: Shutterstock.Para entender melhor como funciona todo o ciclo do carbono, suas formas, a assimilação do elemento pelos seres vivos e sua devolução ao meio, é preciso compreender que: mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA AMBIENTAL COLETA, PREPARO E ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DO SOLO ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br o ciclo do carbono está relacionado ao fluxo de energia; as ações humanas influenciam o ciclo. A fotossíntese consiste na retirada de carbono do CO2 do ambiente para formatação de matéria orgânica. Essa matéria, por sua vez, é oxidada pelo processo de respiração celular, que libera CO2 para o ambiente. CICLO DO NITROGÊNIO O nitrogênio (N) é um dos elementos essenciais na composição dos sistemas vivos. Contudo, a significativa maioria dos organismos é incapaz de utilizar esse elemento, já que ele está disponível na forma gasosa (N2). Portanto, os consumidores obtêm nitrogênio direta ou indiretamente por meio dos produtores. Utilizam, assim, nitrogênio na cadeia alimentar pelo aproveitamento de formas inorgânicas do meio, principalmente nitratos (NO2) e amônia (NH3 +). É possível separar o ciclo do nitrogênio nas seguintes fases: Fixação: o nitrogênio gasoso se transforma em substâncias úteis para os seres vivos (amônia e nitrato). A entrada do nitrogênio no solo é dada principalmente pelo processo conhecido como fixação de nitrogênio. Apenas alguns procariotos são capazes de fixar nitrogênio atmosférico, sendo os principais as cianobactérias, que habitam os solos e as águas (salgadas e doces). A fixação biológica de nitrogênio (FBN) envolve a redução do nitrogênio atmosférico N2 a amônia, sendo essa capacidade ligada à presença e atividade do complexo enzimático altamente conservado entre os fixadores de N conhecido como nitrogenase. A FBN é importante para a produção de nitrogênio fixado em muitos hábitats terrestres e aquáticos. Amonização: também chamada amonificação, ou mineralização do N orgânico, é o processo pelo qual formas de N orgânicas são transformadas mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA AMBIENTAL COLETA, PREPARO E ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DO SOLO ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br para formas minerais, sendo o amônio o primeiro composto gerado nesse processo. A amonificação é realizada por fungos e bactérias, caracterizada como um processo de alta redundância funcional, porém presente em todos os ambientes em que há a vida. A amonificação ocorre tanto em condições aeróbias quanto nas anaeróbias. Contudo, esse processo é geralmente favorecido em ambientes aeróbios, com boa disponibilidade de material orgânico biodegradável. O amônio gerado a partir do processo de amonificação segue dois caminhos no solo: ou é submetido a transformações inorgânicas posteriores, ou é absorvido como nutriente pelas plantas e microrganismos, no processo chamado de imobilização. Portanto, a imobilização é o processo inverso da amonificação, sendo o amônio convertido a N orgânico, compondo a biomassa microbiana do solo. Nitrificação: é o processo pelo qual passa o amônio não assimilado como nutriente no solo. Nesse processo, o amônio é submetido a uma oxidação que tem como produto final o nitrato (NO3 -). O processo da nitrificação consiste em duas etapas: (i) a oxidação de amônia para nitrito (NO2-), realizada pelos microrganismos oxidantes de amônia (bactérias e arqueias); (ii) oxidação do nitrito para nitrato, realizada pelas bactérias oxidantes de nitrito (BON). A nitrificação demanda oxigênio, de modo que ela só pode acontecer em ambientes ricos em oxigênio, tais como as camadas mais superficiais dos solos e predominantemente em solos menos argilosos. Por ser um processo realizado por uma pequena diversidade de organismos, ele é ainda severamente restritivo em relação às demais condições para sua ocorrência. O processo de nitrificação tem consequências importantes. Desnitrificação: as bactérias desnitrificantes (como a pseudomonas desnitrificans e bacillus) transformam os nitratos em nitrogênio molecular que retorna à atmosfera, encerrando o ciclo. A desnitrificação é a redução de nitrato a nitrogênio atmosférico, responsável pelo retorno do nitrogênio à atmosfera, em que o gás N2 pode agora ser novamente convertido a formas assimiláveis de nitrogênio por meio da ação de organismos fixadores de nitrogênio e nitrificantes. mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA AMBIENTAL COLETA, PREPARO E ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DO SOLO ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br CICLO DO FÓSFORO O ciclo do fósforo (P) é caracteristicamente sedimentar, ou seja, esse elemento não apresenta componentes gasosos na sua ciclagem. Os principais reservatórios do íon fosfato (PO4 -3) são as rochas, nas quais o P permanece ligado por um longo tempo, caracterizando, portanto, uma forma de P não disponível. A fonte primária de Pi (fósforo inorgânico) são as rochas contendo formas de apatita (Figura 4). Com o passar dos anos, por processos geoquímicos, essas rochas sofrem degradação e são transformadas em solo por meio de um conjunto de fenômenos físicos e químicos (intemperismo), com possível liberação de PO4 -3. Na solução do solo, o íon fosfato pode ser absorvido pelos vegetais e microrganismos, que o utilizam para formar compostos orgânicos —conversão de pinorgânico (Pi) para porgânico (Po). Essas formas orgânicas são posteriormente decompostas pela microbiota do solo, com consequente retorno para a forma inorgânica. O Pi pode novamente ser absorvido pela microbiota (biomassa microbiana), assimilado por plantas e/ou fixado no solo. Por ser solúvel, o PO4 -3 pode ser facilmente carregado pelas chuvas até as águas dos mares e dos rios e pode causar eutrofização desses ambientes. Figura 4 — Esquema geral da ciclagem de P no solo. Fonte: adaptado de Cardoso e Andreote (2016). mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA AMBIENTAL COLETA, PREPARO E ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DO SOLO ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARDOSO, E. J. B. N., ANDREOTE, F. D. Microbiologia do solo. 2 ed. Piracicaba: ESALQ, 2016. LEDERBERG, J. Isolation and characterisation of biochemical mutants of bacteria. In: COMROE JR., J. H. Methods in medical research. v. 3. Chicago: Yearbook Publishers, 1950. p. 5-22 LEDERBERG, J.; MCCRAY, A. T. 'Ome Sweet 'omics: a genealogical treasury of words. Scientist, Philadelphia, v. 15, n. 7, p. 8, 2001. PELCZAR JR., M. J., CHAN, E. C. S., KRIEG, N. R.Microbiologia: conceitos e aplicações. v. 2. São Paulo: Pearson Universidades, 1996. PIMENTEL, D. et al. Economic and environmental benefits of biodiversity. BioScience, Washington, v. 47, n. 11, p. 747-757, 1997. 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