Buscar

ECONOMIA_INTERNACIONAL_ECONOMIA_INTERNAC_240330_110452 (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Tí
tu
lo
 d
a 
pa
rt
e 
 | 
 P
AR
TE
 1
CAPÍTULO
8
empresas na economia global: 
decisões de exportação, terceirização 
e as empresas multinacionais
Neste capítulo, continuaremos a explorar como as economias de escala geram incentivos para 
a especialização internacional e o comércio. Agora focaremos nas economias de escala que são 
internas à empresa. Como mencionado no capítulo anterior, essa forma de aumento nos retornos 
pode levar a uma estrutura de mercado que apresenta concorrência imperfeita. As economias 
internas de escala implicam que o custo médio de produção de uma empresa diminui quanto 
mais ela produz. A concorrência perfeita que baixa o preço de uma mercadoria para o custo mar‑
ginal deveria implicar perdas para essas empresas, porque elas não seriam capazes de recupe‑
rar os altos custos incorridos da produção das unidades iniciais.1 Como resultado, a concorrência 
perfeita forçaria essas empresas para fora do mercado e esse processo continuaria até que um 
equilíbrio com a concorrência imperfeita fosse atingido.
Modelar a concorrência imperfeita significa que consideraremos explicitamente o comporta‑
mento de empresas individuais. Isso nos permite introduzir duas características adicionais das 
empresas que são predominantes no mundo real: (1) Na maioria dos setores, as empresas produ‑
zem mercadorias que são diferenciadas umas das outras. No caso de certas mercadorias (como 
água engarrafada, grampos etc.) as diferenças entre os produtos podem ser pequenas, enquanto 
em outras (como carros, celulares etc.) as diferenças são muito mais significativas. (2) Medidas de 
desempenho (como tamanho e lucros) variam amplamente entre as empresas. Vamos incorporar 
essa primeira característica (diferenciação de produto) em nossa análise ao longo deste capítulo. 
Para facilitar a exposição e estimular a intuição, vamos, inicialmente, considerar o caso no qual 
não existem diferenças de desempenho entre as empresas. Veremos, portanto, como as econo‑
mias internas de escala e a diferenciação do produto combinam ‑se para gerar novas fontes de 
ganhos de comércio por meio de integração econômica.
Introduziremos diferenças entre as empresas para que possamos analisar como elas respondem 
diferentemente às forças internacionais. Veremos como a integração econômica gera tanto vence‑
dores como perdedores entre diferentes tipos de empresas. As organizações de melhor desempe‑
nho prosperam e expandem, enquanto as de pior desempenho encolhem ‑se. Isso gera uma fonte 
adicional de ganho com o comércio: como a produção é concentrada em direção às empresas de 
melhor desempenho, a eficiência global da indústria melhora. Por último, estudaremos o motivo 
pelo qual essas empresas de melhor desempenho têm um maior incentivo para envolverem ‑se na 
economia global, seja por meio da exportação, da terceirização de alguns dos processos de produ‑
ção imediatos para fora ou ao tornarem ‑se multinacionais e operarem em vários países.
1 Sempre que o custo médio estiver diminuindo, o custo de produzir uma unidade extra (custo marginal) é menor do que 
o custo médio de produção (já que aquela média inclui o custo dessas unidades iniciais que foram produzidas a custos 
unitários maiores).
obJetivos de aPrendiZagem 
Após a leitura deste capítulo, você será capaz de:
 ■ Entender como as economias internas de escala e a diferenciação de produto levam ao comércio 
internacional e ao comércio intraindústria.
 ■ Reconhecer novos tipos de ganhos de bem ‑estar do comércio de intraindústria.
 ■ Descrever como a integração econômica pode levar tanto a vencedores como perdedores entre 
empresas do mesmo setor.
M08_KRUGXXXX_C08.indd 128 1/29/15 6:12 PM
129Capítulo 8 Empresas na economia global: decisões de exportação, terceirização e as empresas multinacionais 
A teoria da concorrência 
imperfeita
Em um mercado perfeitamente competitivo — no 
qual existem muitos compradores e vendedores, nenhum 
dos quais representa uma grande parte do mercado — as 
empresas são tomadoras de preços. Isto é, são vendedo‑
ras de produtos que acreditam que podem vender tanto 
quanto gostariam no preço atual, mas não podem influen‑
ciar o preço que recebem pelo produto. Por exemplo, um 
produtor de trigo pode vender tanto trigo quanto ele qui‑
ser sem preocupar ‑se que, ao tentar vender mais, vai dimi‑
nuir o preço de mercado. A razão pela qual ele não precisa 
preocupar ‑se com o efeito de suas vendas nos preços é que 
qualquer produtor individual de trigo representa somente 
uma minúscula fração do mercado mundial.
Entretanto, quando somente algumas empresas produ‑
zem uma mercadoria, a situação é diferente. Para utilizar 
talvez o exemplo mais dramático, a gigante produtora de 
aeronaves, Boeing, divide o mercado de aeronaves grandes 
com somente um grande rival, a empresa europeia Airbus. 
Como resultado, a Boeing sabe que se produzir mais aero‑
naves, vai ter um efeito significativo no fornecimento total 
de aviões no mundo e, portanto, diminuirá significativa‑
mente o preço dos aviões. Ou, colocando de outra forma, 
a Boeing sabe que se quer vender mais aviões só vai conse‑
guir isso ao reduzir seu preço significativamente. Então, na 
concorrência imperfeita, as empresas têm consciência de 
que podem influenciar os preços de seus produtos e que só 
podem vender mais ao reduzirem seu preço. Essa situação 
ocorre de uma das duas formas: quando existem somente 
alguns grandes produtores de uma mercadoria em espe‑
cial, ou quando cada empresa produz uma mercadoria 
que é diferenciada (aos olhos do consumidor) daquela 
que a empresa rival produz. Como mencionamos na intro‑
dução, esse tipo de competição é um resultado inevitável 
quando existem economias de escala no nível da empresa: 
o número de empresas sobreviventes é forçado a dimi‑
nuir para um número pequeno e/ou as empresas devem 
desenvolver produtos que são claramente diferenciados 
daqueles produzidos pelos seus rivais. Nessas condições, 
cada empresa vê a si mesma como uma ditadora de preço, 
ao escolher o preço de seus produtos, em vez de ser uma 
tomadora de preço.
Quando as empresas não são tomadoras de preço, é 
necessário desenvolver ferramentas adicionais para des‑
crever como os preços e a produção são determinados. 
A estrutura de mercado imperfeitamente competitivo 
mais simples para examinarmos é a do monopólio puro, 
um mercado no qual a empresa não enfrenta nenhuma 
competição. As ferramentas que desenvolvemos para essa 
estrutura podem então se utilizadas para examinar estru‑
turas de mercado mais complexas.
Monopólio: uma breve revisão
A Figura 8.1 mostra a posição de uma única empresa 
monopolista. A empresa enfrenta uma curva de demanda 
com inclinação decrescente, representada na figura como 
D. Essa inclinação decrescente de D indica que a empresa 
pode vender mais unidades de produção somente se o 
preço da produção cair. Como você deve se lembrar do 
básico da microeconomia, a curva de receita marginal 
corresponde à curva de demanda. A receita marginal é a 
receita extra ou adicional que a empresa ganha por ven‑
der uma unidade adicional. A receita marginal para uma 
empresa monopolista é sempre menor do que o preço, 
porque para vender uma unidade adicional, ela deve bai‑
xar o preço de todas as unidades (e não só da unidade 
marginal). Portanto, para uma empresa monopolista, a 
curva de receita marginal, MR, sempre vai estar abaixo 
da curva de demanda.
Receita marginal e preço Para nossa análise do modelo 
da concorrência monopolística, que vem adiante nesta 
seção, é importante determinar a relação entre o preço 
que a empresa monopolista recebe por unidade e a receita 
marginal. A receita marginal é sempre menor do que o 
preço, mas quanto menor? A relação entre a receita 
marginal e o preço depende de duas coisas. Primeiro, de 
quanta produção a empresa já está vendendo: uma firma 
que não está vendendo muitas unidades não perderá 
muito ao diminuir o preço que recebe por essas unida‑
des. Segundo, a diferença entre preçoe receita marginal 
depende da inclinação da curva de demanda, o que nos 
diz o quanto a empresa monopolista tem de cortar seu 
 ■ Explicar como os economistas acreditam que o “dumping” não deve ser destacado como uma prática de comércio 
injusta e por que a aplicação de leis antidumping leva ao protecionismo.
 ■ Explicar por que as empresas que se envolvem na economia global (exportadores, terceirizados, multinacionais) 
são substancialmente maiores e têm melhor desempenho do que empresas que não interagem com os mercados 
estrangeiros.
 ■ Entender as teorias que explicam a existência de multinacionais e a motivação para investimento estrangeiro direto 
entre economias.
M08_KRUGXXXX_C08.indd 129 1/29/15 6:12 PM
130 Economia internacional
preço para vender mais uma unidade de produção. Se a 
curva for mais achatada, então a empresa monopolista 
pode vender uma unidade adicional com um pequeno 
corte no preço. Como resultado, ela não terá de baixar 
muito o preço nas unidades que venderia de qualquer 
forma, então a receita marginal será próxima ao preço 
por unidade. Por outro lado, se a curva de demanda for 
muito inclinada, vender uma unidade adicional vai reque‑
rer um grande corte no preço, o que implica que a receita 
marginal será bem menor do que o preço.
Podemos ser mais específicos sobre a relação entre 
preço e receita marginal se supusermos que a curva 
de demanda que a empresa enfrenta é uma linha reta. 
Quando esse é o caso, a dependência do total de vendas 
da empresa monopolista sob o preço que ela cobra pode 
ser representada por uma equação da seguinte forma:
= − ×Q A B P, (8.1)
onde Q é o número de unidades que a empresa vende, P é 
o preço que ela cobra por unidade e A e B são constantes. 
Mostraremos no apêndice deste capítulo que nesse caso a 
receita marginal é:
= = −MR P Q / B,Marginal revenue (8.2)
o que implica:
− = .P MR Q / B
A Equação (8.2) revela que a diferença entre preço 
e receita marginal depende das vendas iniciais, Q, da 
empresa e o parâmetro de inclinação, B, depende da curva 
de demanda. Se a quantidade de vendas, Q, é maior, a 
receita marginal é menor, porque a diminuição necessária 
no preço para vender uma maior quantidade custa mais 
para a empresa. Em outras palavras, quanto maior for B, 
mais as vendas caem para qualquer aumento no preço e 
a receita marginal fica mais próxima do preço da merca‑
doria. A Equação (8.2) é crucial para a nossa análise do 
modelo de comércio da concorrência monopolística na 
seção a seguir.
Custos médios e marginais Voltando à Figura 8.1, AC 
representa o custo médio de produção da empresa, isto é, o 
custo total dividido por sua produção. A inclinação para 
baixo reflete nossa suposição de que existem economias 
de escala, então quanto maior a produção da empresa, 
menor seu custo por unidade. MC representa o custo 
marginal da empresa (o quanto custa para a empresa pro‑
duzir uma unidade extra). Na figura, supusemos que o 
custo marginal da empresa é constante (a curva de custo 
marginal é achatada). Então, as economias de escala 
devem vir de um custo fixo (sem relação com a escala de 
produção). O custo fixo impulsiona o custo médio acima 
do custo marginal constante de produção, embora a dife‑
rença ente os dois torne ‑se cada vez menor à medida que 
o custo fixo é espalhado sobre um número crescente de 
unidades de produção.
Se considerarmos c como o custo marginal da empresa 
e F como o custo fixo, então podemos escrever o custo 
total da empresa (C) como:
= + ×C F c Q, (8.3)
onde Q é novamente a produção da empresa. Dada essa 
função linear de custo, o custo médio da empresa é:
( )= = + .AC C / Q F / Q c (8.4)
Como discutimos, esse custo médio é sempre maior 
que o custo marginal c, e diminui com o produto produ‑
zido Q.
Se, por exemplo, F = 5 e c = 1, o custo médio para pro‑
duzir 10 unidades é (5/10) + 1 = 1,5, e o custo médio para 
Custo, C e
Preço, P
P M
AC
Q M Quantidade, Q
D
MC
MR
AC
Lucros de monopólio
Uma empresa monopolista escolhe uma produção na qual 
a receita marginal (o aumento na receita por vender uma 
unidade adicional) se iguala ao custo marginal (o custo 
de produzir uma unidade adicional). Essa produção que 
maximiza o lucro é mostrada como Q
M. O preço no qual essa 
produção é demandada é PM. A curva de receita marginal 
MR situa ‑se abaixo da curva de demanda D, porque, para 
um monopólio, a receita marginal é sempre menor do que 
o preço. Os lucros do monopólio são iguais aos da área 
do retângulo sombreado, a diferença entre preço e custo 
médio vezes a quantidade de produção vendida.
FIGURA 8.1
Preços monopolísticos e 
decisões de produção
M08_KRUGXXXX_C08.indd 130 1/29/15 6:12 PM
131Capítulo 8 Empresas na economia global: decisões de exportação, terceirização e as empresas multinacionais 
produzir 25 unidades é (5/25) + 1 = 1,2. Esses números 
podem parecer familiares, porque foram utilizados para 
construir a Tabela 7.1 no capítulo anterior. (Entretanto, 
neste caso, supomos uma unidade de custo de salário para 
a entrada de mão de obra e que a tecnologia agora é apli‑
cada a uma empresa em vez de uma indústria.) As curvas 
de custo médio e marginal para esse exemplo numérico 
específico estão traçados na Figura 8.2. O custo médio 
aproxima ‑se do infinito na produção zero e aproxima ‑se 
do custo marginal em grande produção.
A maximização do lucro de produção de uma empresa 
monopolista é aquela na qual a receita marginal (a receita 
obtida por vender uma unidade extra) se iguala ao custo 
marginal (o custo de produzir uma unidade extra), isto é, 
na interseção das curvas MC e MR. Na Figura 8.1, pode‑
mos ver que o preço no qual a maximização do lucro de 
produção, QM, demandada é PM, que é maior do que o 
custo médio. Quando P > AC, a empresa monopolista 
está ganhando alguns lucros de monopólio, como indicado 
pela caixa sombreada.2
Concorrência monopolística
Os lucros de monopólio raramente são incontestados. 
A empresa que tem lucros altos normalmente atrai con‑
corrência. Portanto, as situações de monopólio puro são 
raras na prática. Na maioria dos casos, a concorrência 
não vende os mesmo produtos — seja porque não pode 
(por razões legais ou tecnológicas) ou porque prefere 
abrir seu próprio nicho de produto. Isso leva a um mer‑
cado no qual os concorrentes vendem produtos diferencia-
dos. Portanto, mesmo quando existem muitos concorren‑
tes, a diferenciação do produto permite que as empresas 
continuem a ditar o preço para sua própria “variedade” 
de produto individual ou marca. Entretanto, mais con‑
corrência implica menos vendas para qualquer empresa 
em qualquer preço escolhido: a curva de demanda de 
cada empresa muda quando existem mais concorrentes 
(modelaremos isso de forma mais explícita nas seções 
seguintes). Baixa demanda, por sua vez, é traduzida em 
lucros reduzidos.
O incentivo para novos concorrentes adicionais per‑
siste há tanto tempo que tal entrada é lucrativa. Uma vez 
que a competição alcança certo nível, entradas adicionais 
não seriam mais lucrativas e um equilíbrio de longo prazo 
é atingido. Em alguns casos, isso ocorre quando só existe 
um pequeno número de empresas que concorrem no mer‑
cado (tal como no mercado de grandes jatos). Isso leva a 
uma estrutura de mercado chamada de oligopólio. Nessa 
situação, uma única empresa tem uma parte suficiente do 
mercado para influenciar agregados de mercado, como o 
total da produção da indústria e seu preço médio.3 Isso, 
por sua vez, afeta as condições da demanda para outras 
empresas. Elas terão, portanto, um incentivo para ajustar 
seus preços em resposta à decisão de preço da empresa 
maior, e vice ‑versa, quando as outras empresas também 
são grandes. Portanto, as decisões de preço das compa‑
nhias são interdependentes em uma estrutura de mercado 
oligopólico: cada empresa em um oligopólio vai conside‑
rar as respostas esperadas dos concorrentes na hora de 
estabelecer o preço. Essas repostas, entretanto, depen‑
dem, por sua vez, das expectativasdos concorrentes sobre 
o comportamento da empresa — e, portanto, estamos 
em um jogo complexo no qual as empresas tentam adivi‑
nhar as estratégias umas das outras. Discutiremos breve‑
mente um exemplo de um modelo de oligopólio com duas 
empresas no Capítulo 12.
Por enqunto, vamos focar em um caso muito mais 
simples de concorrência imperfeita, conhecido como con-
corrência monopolística. Essa estrutura de mercado surge 
quando o número de equilíbrio de empresas concorrentes 
Custo por unidade
Custo marginal 
Custo médio
6
5
4
3
2
1
0
642
Produção
8 10 12 14 16 18 20 22 24
Esta figura ilustra a média e os custos marginais 
correspondentes à função de custo total C = 5 + x.
O custo marginal é sempre 1, o custo médio diminui 
conforme a produção aumenta.
FIGURA 8.2 Média versus custo marginal
2 A defi nição econômica de lucros não é mesma que a utilizada em 
contabilidade convencional, em que qualquer receita acima e abai‑
xo da mão de obra e custos de material é chamada de lucro. Uma 
empresa que ganha uma taxa de retorno em seu próprio capital 
menor do que esse capital poderia ter ganhado em outras indústrias 
não está tendo lucros. De um ponto de vista econômico, a taxa de 
retorno normal de capital representa parte dos custos da empresa e 
somente retornos melhores do que aquela taxa de retorno normal 
representam lucros.
3 Isso ocorre tipicamente quando o custo fi xo F é alto em relação às 
condições de demanda: cada empresa deve operar em grande escala 
a fi m de diminuir o custo médio e ser lucrativa e o mercado não é 
grande o sufi ciente para suportar tantas empresas grandes.
M08_KRUGXXXX_C08.indd 131 1/29/15 6:12 PM
132 Economia internacional
é grande e nenhuma atinge uma parcela substancial de 
mercado. Então, a decisão de preço de qualquer uma 
das empresas não vai afetar os agregados de mercado e 
as condições de demanda para as outras, assim as deci‑
sões de preço não são mais inter ‑relacionadas. Cada 
empresa define seu preço de acordo com aqueles agre‑
gados de mercado, sabendo que a resposta de qualquer 
outra empresa individual seria sem importância. A seguir 
desenvolvemos tal modelo de concorrência monopolís‑
tica e, na seção seguinte, introduzimos o comércio sob 
essa estrutura de mercado.
Suposições do modelo Começamos descrevendo a 
demanda voltada para uma empresa de concorrên‑
cia monopolística típica. Em geral, esperaríamos que a 
empresa vendesse mais quanto maior fosse a demanda 
total para o produto de sua indústria, e maiores fossem 
os preços cobrados por seus rivais. Por outro lado, espe‑
raríamos que a empresa vendesse menos quanto maior o 
número de empresas na indústria e maior o seu próprio 
preço. Uma equação especial para a demanda voltada a 
uma empresa que tem essas propriedades é:4
( )= × − × −


Q S / n b P P ,1 (8.5)
onde Q é a quantidade de produção demandada; S é o 
total de produção da indústria; n é o número de empresas 
na indústria; b é o termo constante positivo que representa 
a capacidade de reposta das vendas de uma empresa para 
o seu preço; P é o preço cobrado pela própria empresa; e 
P é o preço médio cobrado por seus concorrentes. À Equa‑
ção (8.5) pode ser dada a seguinte justificativa intuitiva: se 
todas as empresas cobram o mesmo preço, cada uma terá 
uma parcela de mercado 1/n. Uma empresa que cobra mais 
do que a média das outras empresas vai ter uma parcela 
de mercado similar, considerando que a empresa que cobra 
menos terá uma parcela maior.5
É de grande ajuda supor que a produção total da 
indústria S não é afetada pelo preço médio P cobrado pela 
empresas da indústria. Isto é, supomos que as empresas 
podem ganhar clientes somente à custa umas das outras. 
Essa é uma suposição não realista, mas simplifica a análise 
e ajuda ‑nos a focar na concorrência entre as empresas. Em 
especial, isso significa que S é a medida do tamanho do 
mercado e que se todas as empresas cobrarem o mesmo 
preço, cada uma vende S/n unidades.6
A seguir, voltamos aos custos de uma empresa típica. 
Aqui, simplesmente assumimos que o custo total e 
médio de uma empresa típica são descritos pelas equa‑
ções (8.3) e (8.4). Note que nesse modelo inicial supomos 
que todas as empresas são simétricas, mesmo que elas 
produzam produtos diferenciados: todas elas enfren‑
tam a mesma curva de demanda, Equação (8.5), e têm a 
mesma função de custo, Equação (8.3). Abrandaremos 
essa suposição na próxima seção.
Equilíbrio de mercado Quando empresas individuais são 
simétricas, o estado da indústria pode ser descrito sem 
descrever nenhuma das características das empresas indi‑
viduais: tudo o que realmente precisamos saber para des‑
crever a indústria é quantas empresas existem e que preço 
a empresa típica cobra. Para analisar a indústria — por 
exemplo, para avaliar os efeitos do comércio internacio‑
nal — precisamos determinar o número de empresas n e 
o preço médio que elas cobram P. Uma vez que temos o 
método para determinar n e P, podemos perguntar como 
elas são afetadas pelo comércio internacional.
Nosso método para determinar n e P envolve três pas‑
sos. (1) Primeiro, obtemos uma relação entre o número de 
empresas e o custo médio de uma empresa típica. Mos‑
tramos que essa relação tem uma inclinação ascendente, 
isto é, quanto mais empresas existem, menor é a produção 
de cada uma. E, portanto, maior é o custo por unidade de 
produção de cada empresa. (2) A seguir mostramos a rela‑
ção entre o número de empresas e o preço que cada uma 
cobra, que deve se igualar a P em equilíbrio. Mostramos 
que essa relação tem uma inclinação descendente: quanto 
mais empresas existem, mais intensa é a concorrência 
entre elas e, como resultado, menores são os preços que 
elas cobram. (3) Por fim, introduzimos decisões de entrada 
e saída das empresas com base nos lucros que cada uma 
aufere. Quando o preço excede o custo médio, as empre‑
sas obtêm lucro positivo e empresas adicionais entrarão 
na indústria. De forma contrária, quando o preço é menor 
que o custo médio, os lucros são negativos e essas perdas 
induzem à saída de algumas empresas. Em longo prazo, 
esse processo de entrada e saída leva os lucros a zero. 
Então o preço P que cada empresa estabelece deve se igua‑
lar ao custo médio do passo (1).
1. O número de empresas e custo médio. Como primeiro 
passo para determinar n e P, perguntamos como 
o custo médio de uma empresa típica depende do 
4 A Equação (8.5) pode ser derivada de um modelo no qual os con‑
sumidores têm diferentes preferências e as empresas produzem va‑
riedades adaptadas para segmentos particulares do mercado. Veja: 
Stephen Salop, “Monopolistic Competition with Outside Goods,” 
Bell Journal of Economics, v. 10, p.141‑156, 1979, para um desen‑
volvimento dessa abordagem.
5 A Equação (8.5) pode ser reescrita como Q = (S/n) − S × b × (P − P). 
Se P = P, essa equação é reduzida para Q = S/n. Se P > P, Q < S/n, 
enquanto se P < P, Q > S/n.
6 Mesmo que as empresas definam preços diferentes, a equação de 
demanda (8.5) garante que a soma de Q sobre as empresas seja 
sempre igual à produção total S (porque o resultado de P − P sobre 
as empresas deve ser zero).
M08_KRUGXXXX_C08.indd 132 1/29/15 6:12 PM
133Capítulo 8 Empresas na economia global: decisões de exportação, terceirização e as empresas multinacionais 
número de empresas na indústria. Já que todas as 
empresas são simétricas nesse modelo, no equilíbrio 
todas cobrarão o mesmo preço. Mas quando todas 
as empresas cobram o mesmo preço, de forma que 
P = P, a Equação (8.5) mostra ‑nos que Q = S/n; isto 
é, a produção Q de cada empresa é uma parcela 1/n 
do total de vendas S da indústria. Mas nós vimos na 
Equação (8.4) que o custo médio depende inversa‑
mente da produção de uma empresa. Portanto, con‑
cluímos que o custo médio depende do tamanho do 
mercado e do número de empresas na indústria:
( )= + = × + .AC F / Q c n F / S c (8.6)
 A Equação (8.6) nos mostra que, com todo o resto 
igual, quanto mais empresas existirem em uma indús‑tria, mais alto é o custo médio. A razão para isso é 
que quanto mais empresas existem, menos cada uma 
produz. Por exemplo, imagine uma indústria com um 
total de vendas de 1 milhão de widgets por ano. Se 
existem cinco empresas na indústria, cada uma ven‑
derá 200 mil anualmente. Se existem dez empresas, 
cada uma irá vender somente 100 mil e, portanto, 
cada empresa terá um custo médio maior. A relação 
de inclinação ascendente entre n e o custo médio é 
mostrada como CC na Figura 8.3.
2. O número de empresas e o custo médio. Entretanto, o 
preço que a empresa típica cobra também depende do 
número de empresas na indústria. Em geral, seria de 
se esperar que quanto mais empresas existam, mais 
intensa seja a concorrência entre elas e, consequen‑
temente, menor o preço. Isso acaba por ser verdade 
nesse modelo, mas para provar que é preciso um 
momento. O truque básico é mostrar que cada em‑
presa enfrenta uma curva de demanda de linha reta, 
como mostramos na Equação (8.1), e então utilizar a 
Equação (8.2) para determinar os preços.
 Primeiro, lembre ‑se que no modelo de concorrência 
monopolística supõe ‑se que as empresas aceitam os 
preços das outras como eles são dados, isto é, cada 
empresa ignora a possibilidade de que, caso mudem 
seu preço, outras empresas também mudarão o delas. 
Se cada empresa trata P como dado, podemos reescre‑
ver a curva de demanda da Equação (8.5) na forma:
( )= + × ×


 − × ×Q S / n S b P S b P, (8.7)
 onde b é o parâmetro na Equação (8.5) que mediu a 
sensibilidade de cada parcela de mercado das empre‑
sas para o preço que ela cobra. Agora, esta equação 
está na mesma forma da Equação (8.1), com (S/n) + 
S × b × P no lugar do termo constante A e S × b no 
lugar do coeficiente de inclinação B. Se colocarmos 
esses valores de volta na fórmula para a receita mar‑
ginal, Equação (8.2), temos a receita marginal para 
uma empresa típica de:
( )= − × .MR P Q / S b (8.8)
FIGURA 8.3 Equilíbrio em um mercado monopolístico competitivo
Custo C, e
Preço, P
P3
AC3
Quantidade de 
empresas, n
n3n2n1
PP
CC
E
AC1
P1
P2, AC2
A quantidade de empresas em um mercado 
monopolisticamente competitivo e os 
preços que elas cobram são determinados 
por duas relações. De um lado, quanto mais 
empresas existem, mais intensamente elas 
competem, e, por consequência, menor 
é o preço da indústria. Essa relação é 
representada por PP. Do outro lado, quanto 
mais empresas existem, menos cada uma 
vende e, portanto, maior é o custo médio da 
indústria. Essa relação é representada por 
CC. Se o preço ultrapassa o custo médio (isto 
é, se a curva PP está acima da curva CC), a 
indústria terá lucros e empresas adicionais 
entrarão nela. Se o preço for menor do que 
o custo médio, a indústria sofrerá perdas e 
empresas a deixarão. O preço de equilíbrio e 
a quantidade de empresas ocorrem quando 
o preço iguala o custo médio, na interseção 
entre PP e CC.
M08_KRUGXXXX_C08.indd 133 1/29/15 6:12 PM
134 Economia internacional
 Empresas que maximizam os lucros vão definir a receita 
marginal igual ao custo marginal, c, de modo que:
( )= − × =MR P Q / S b c,
 o que pode ser rearrumado para dar a seguinte equa‑
ção para o preço cobrada por uma empresa típica:
( )= + × .P c Q / S b (8.9)
 Já percebemos, entretanto, que se todas as empresas 
cobram o mesmo preço, cada uma venderá uma quan‑
tidade Q = S/n. Colocar isso de volta na Equação (8.9) 
nos dá a relação entre o número de empresas e o preço 
que cada uma cobra:
( )= + × .P c / b n1 (8.10)
 A Equação (8.10) nos mostra algebricamente que 
quanto mais empresas existirem em uma indústria, menor 
é o preço que cada empresa vai cobrar. Isso acontece 
porque cada marcação sobre o custo marginal, P − c = 
1/(b × n), diminui com o número de empresas concorren‑
tes. A Equação (8.10) é representada na Figura 8.3 como 
a curva de inclinação descendente PP.
3. O número de equilíbrio de empresas. Perguntemo ‑nos o 
que a Figura 8.3 significa. Nós resumimos uma indús‑
tria em duas curvas. A curva com inclinação descen‑
dente PP mostra que quanto mais empresas existirem 
em uma indústria, menor é o preço que cada empresa 
vai cobrar: quanto mais empresas existem, mais com‑
petição cada empresa enfrenta. A curva com inclina‑
ção ascendente nos mostra que quanto mais empresas 
existirem na indústria, mais alto é o custo médio de 
cada uma: se o número de empresas aumenta, cada 
uma vai vender menos, então as empresas não serão 
capazes de mover ‑se para baixo de sua curva de custo 
médio.
Os dois esquemas fazem interseção no ponto E, que cor‑
responde ao número de empresas n2. O significado de n2 é que 
ele é o número lucro ‑zero de empresas na indústria. Quando 
existem n2 empresas na indústria, seu preço de maximização 
de lucro é P2, o que é exatamente igual ao seu custo médio 
AC2. Isso é o equilíbrio de concorrência monopolística de 
longo prazo que descrevemos anteriormente.
Para entender o porquê, suponha que n era menos do 
que n2, digamos n1. Então o preço cobrado pelas empre‑
sas seria P1, enquanto seu custo médio seria somente AC1. 
Deste modo, as empresas ganhariam lucros positivos.7 
Contrariamente, suponha que n fosse maior do que n2, 
digamos n3. Então as empresas cobrariam somente o preço 
P3, enquanto seu custo médio seria AC3. As empresas 
sofreriam perdas (lucros no negativo). Ao longo do tempo, 
empresas entrarão em uma indústria que é lucrativa e sai‑
rão da indústria na qual perdem dinheiro. O número de 
empresas aumentará com o tempo se for menor do que n2, 
se for maior, o número diminui, levando ao preço de equilí‑
brio P2 com n2 empresas.8
Acabamos de desenvolver um modelo de uma indústria 
monopolisticamente competitiva, na qual podemos deter‑
minar o número de equilíbrio de empresas e o preço médio 
que cada empresa cobra. Agora utilizaremos esse modelo 
para obter algumas conclusões importantes sobre o papel 
das economias de escala no comércio internacional.
Concorrência monopolística e 
comércio
Fundamentando a aplicação do modelo de concor‑
rência monopolística para o comércio, existe a ideia de 
que o comércio aumenta o tamanho do mercado. Em 
indústrias nas quais existem economias de escala, tanto 
a variedade de mercadorias que um país pode produzir 
quanto a escala de sua produção são limitadas pelo tama‑
nho do mercado. Ao negociarem entre si e, portanto, for‑
mar um mercado mundial integrado que é maior do que 
qualquer mercado nacional individual, as nações tornam‑
‑se capazes de afrouxar essas limitações. Cada país pode, 
portanto, especializar ‑se em produzir uma variedade de 
produtos mais restrita do que produziria na ausência 
de comércio. Ainda, ao comprar de outros países as mer‑
cadorias que não produz, cada nação pode simultanea‑
mente aumentar a variedade de mercadorias disponíveis 
para seus consumidores. Como resultado, o comércio ofe‑
rece uma oportunidade de ganho mútuo mesmo quando 
os países não diferem em recursos ou tecnologias.
Suponha, por exemplo, que existam dois países, cada 
um com um mercado anual para um milhão de automó‑
veis. Ao negociarem entre si, eles podem criar um mer‑
cado combinado de dois milhões de automóveis. Nesse 
mercado combinado, pode ser produzida uma variedade 
maior de automóveis, com custos médios menores do que 
em cada mercado sozinho.
8 Essa análise passa por um pequeno problema: a quantidade de em‑
presas em uma indústria deve ser, naturalmente, um número inteiro 
como 5 ou 8. E se n2 acaba por ser igual a 6,37? A resposta é que 
existirão seis empresas na indústria, todas ganhando um pequeno 
lucro positivo. O lucro não é contestado por novas empresas, por‑
que todo mundo sabe que uma indústria de sete empresas perderia 
dinheiro. Na maioria dos exemplos de concorrência monopolística, 
esse problema de número inteiro ou “restrição de inteiro” acaba 
não sendo muito importante, por isso, iremos ignorá ‑lo aqui.
7 Lembre ‑se que isso representa lucro econômico, o que deixa de fora 
todos os custos fixos e capitais — em oposiçãoao lucro contábil 
(que não exclui nada).
M08_KRUGXXXX_C08.indd 134 1/29/15 6:12 PM
135Capítulo 8 Empresas na economia global: decisões de exportação, terceirização e as empresas multinacionais 
FIGURA 8.4 Os efeitos de um mercado maior
Custo, C e
Preço, P
P2
Quantidade de 
empresas, n
n2n1
PP
P1
1
2
CC1
CC2
Um aumento no tamanho do mercado 
permite que cada empresa, com tudo 
estando igual, produza mais e, portanto, 
tenha um custo médio menor. Isso 
é representado por uma mudança 
descendente de CC
1 para CC2. O resultado é 
um aumento simultâneo na quantidade de 
empresas (e, por consequência, na variedade 
de mercadorias disponíveis) e uma queda no 
preço de cada uma.
O modelo de concorrência monopolística pode ser 
usado para mostrar como o comércio melhora o trade‑
‑off entre escala e variedade que as nações individuais 
enfrentam. Começaremos mostrando como um mercado 
maior resulta tanto em um preço médio menor, quanto 
na disponibilidade de uma variedade maior de mercado‑
rias no modelo de concorrência monopolística. Ao apli‑
car esse resultado no comércio internacional, observamos 
que o comércio cria um mercado mundial maior do que 
qualquer um dos mercados nacionais que o compõem. 
Integrar mercados por meio do comércio internacional, 
portanto, tem os mesmos efeitos do crescimento de um 
mercado dentro de um único país.
Os efeitos do aumento 
de tamanho do mercado
O número de empresas em uma indústria monopo‑
listicamente competitiva e os preços que ela cobra são 
afetados pelo tamanho do mercado. Nos mercados maio‑
res, haverá geralmente mais empresas e mais vendas por 
empresa. Os consumidores de um mercado maior terão 
preços menores e uma variedade maior de produtos do 
que os de mercados menores.
Para enxergar isso no contexto do nosso modelo, olhe 
novamente para a curva CC na Figura 8.3, que mostrou 
que os custos médios por empresa são maiores quanto 
mais empresas existem na indústria. A definição da curva 
CC é dada pela Equação (8.6):
= + = × + .AC F / Q c n F / S c
Ao examinar essa equação, vemos que um aumento 
na produção total da indústria S reduzirá os custos 
médios para qualquer número dado de empresas n. A 
razão é que se o mercado cresce enquanto o número de 
empresas mantém ‑se constante, a produção por empresa 
vai aumentar e o custo médio de cada empresa vai, por‑
tanto, diminuir. Desse modo, se compararmos dois mer‑
cados, um com S maior do que o outro, a curva CC do 
mercado maior estará abaixo da do mercado menor.
Ao mesmo tempo, a curva PP na Figura 8.3, que 
relaciona o preço cobrado pelas empresas ao número 
de empresas, não é alterada. A definição dessa curva foi 
dada pela Equação (8.10):
( )= + × .P c / b n1
O tamanho do mercado não entra nessa equação, 
então um aumento de S não altera a curva PP.
A Figura 8.4 utiliza essa informação para mostrar o 
efeito de um aumento no tamanho do mercado em equi‑
líbrio de longo prazo. Inicialmente, o equilíbrio está no 
ponto 1, com um preço P1 e um número de empresas n1. 
Um aumento no tamanho do mercado, medido pelas 
vendas S da indústria, move a curva CC para baixo, de 
CC1 para CC2, ao passo que não tem efeito nenhum na 
curva PP. O novo equilíbrio está no ponto 2: o número de 
M08_KRUGXXXX_C08.indd 135 1/29/15 6:12 PM
136 Economia internacional
empresas aumenta de n1 para n2, enquanto o preço cai de 
P1 para P2.
Claramente, os consumidores preferem fazer parte de 
um mercado maior em vez de um mercado menor. No 
ponto 2, uma maior variedade de produtos está disponí‑
vel por um preço menor do que no ponto 1.
Ganhos de mercado integrado: 
um exemplo numérico
O comércio internacional é capaz de criar um mer‑
cado maior. Podemos ilustrar os efeitos do comércio nos 
preços, na escala e na variedade de mercadorias disponí‑
veis com um exemplo numérico específico.
Suponha que automóveis sejam produzidos por uma 
indústria monopolisticamente competitiva. A curva de 
demanda voltada para qualquer produtor de automóveis 
é descrita pela Equação (8.5), com b = 1/30.000 (esse valor 
não tem significado especial, foi escolhido para fazer o 
exemplo sair limpo). Portanto, a demanda voltada para 
qualquer produtor é:
( )( ) ( )= × − × −


Q S / n / P P ,1 1 30.000
onde Q é o número de automóveis vendidos por empresa; 
S é o número total de vendas para a indústria; n é o número 
de empresas; P é o preço que uma empresa cobra; e P é 
o preço médio de outras empresas. Também supomos que 
a função custo para produzir automóveis é descrita pela 
Equação (8.3), com um custo fixo F = US$ 750.000.000 
e um custo marginal c = US$ 5.000 por automóvel (nova‑
mente, esses valores foram escolhido para termos bons 
resultados). O custo total é:
( )= + × .C Q750.000.000 5.000
Portanto, a curva de custo médio é:
( )= + .AC / Q750.000.000 5.000
Agora, suponha que existam dois países, Domés‑
tica e Estrangeira. Doméstica tem vendas anuais de 900 
mil automóveis e Estrangeira tem vendas anuais de 1,6 
milhão. Supomos que os dois países, para este momento, 
tenham os mesmos custos de produção.
A Figura 8.5a mostra as curvas PP e CC para a 
indústria automotiva de Doméstica. Observamos que na 
ausência de comércio, Doméstica teria seis empresas de 
automóveis, vendendo ‑os a US$ 10.000 cada. (Também é 
possível resolver n e P algebricamente, como é mostrado 
no pós ‑escrito matemático deste capítulo.) Para confir‑
mar que esse é o equilíbrio de longo prazo, precisamos 
mostrar que a Equação (8.10) de preços é satisfatória e 
que o preço se iguala ao custo médio.
Ao substituir os valores reais do custo marginal c, do 
parâmetro de demanda b e do número de empresas n em 
Doméstica na Equação (8.10), chegamos a:
P = US$ 10.000 = c + 1/(b × n) = US$ 5.000 + 
1/[(1/30.000) × 6 = US$ 5.000 + US$ 5.000,
então a condição para maximização de lucro — receita 
marginal igual a custo marginal — é satisfeita. Cada 
empresa vende 900.000 unidades/6 empresas = 150.000 
unidades/empresa. Seu custo médio é, portanto:
AC = (US$ 750.000.000/150.000) + US$ 5.000 
 = US$ 10.000.
Já que o custo médio de US$ 10.000 por unidade é o 
mesmo que o preço, todos os lucros de monopólio foram 
perdidos por meio da concorrência. Desse modo, seis 
empresas vendendo cada unidade ao preço de US$ 10.000, 
com cada empresa produzindo 150 mil carros, é o equilí‑
brio de longo prazo no mercado de Doméstica.
E o que acontece em Estrangeira? Ao desenhar as cur‑
vas PP e CC (painel (b) da Figura 8.5), observamos que 
quando o mercado está em 1,6 milhão de automóveis, as 
curvas fazem interseção em n = 8, P = 8.750. Isto é, na 
ausência de comércio, o mercado de Estrangeira supor‑
taria oito empresas, cada uma produzindo 200 mil auto‑
móveis e vendendo ‑os pelo preço de US$ 8.750. Podemos 
novamente confirmar que essa solução satisfaz as condi‑
ções de equilíbrio:
P = US$ 8.750 = c + 1/(1b × n) = US$ 5.000 + 
1/[(1/30.000) × 8] = US$ 5.000 + US$ 3.750
e
AC = (750.000.000/200.000) + 5.000 = 8.750.
Agora suponha que seja possível para Doméstica e 
Estrangeira negociarem automóveis entre si sem custo. 
Isso cria um novo mercado integrado (painel (c) na 
Figura 8.5) com um total de 2,5 milhões em vendas. Ao 
desenhar as curvas PP e CC mais uma vez, observamos 
que esse mercado integrado suportará dez empresas, 
cada uma produzindo 250 mil carros e vendendo ‑os ao 
preço de US$ 8.000. As condições para maximização do 
lucro e lucro zero são, mais uma vez, satisfeitas:
P = 8.000 = c + 1/(b × n) = 5.000 + 1/[(1/30.000) × 10]
 = US$ 5.000 + US$ 3.000,
e
AC = (US$ 750.000.000/250.000) + US$ 5.000 = US$ 8.000.
M08_KRUGXXXX_C08.indd 136 1/29/15 6:12 PM
137Capítulo 8 Empresas na economia global: decisões de exportação, terceirização e as empresas multinacionais 
FIGURA 8.5 Equilíbrio no mercado de automóveis
(a) O mercado de Doméstica: com um tamanho de mercado de 900 mil automóveis, seu equilíbrio, determinado pela interseção 
das curvas PP e CC, ocorre com seis empresas e um preço de indústria de US$ 10.000por automóvel. (b) O mercado de 
Estrangeira: com um tamanho de mercado de 1,6 milhão de automóveis, seu equilíbrio ocorre com oito empresas e um preço 
de indústria de US$ 8.750 por automóvel. (c) O mercado combinado: a integração dos dois mercados cria um mercado de 2,5 
milhões de automóveis. Esse mercado suporta dez empresas e o preço do automóvel é US$ 8.000.
642 8 10 12
Preço por automóvel, 
em milhares de dólares
6
4
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
753 9 111
PP
CC
(c) Integrado
642 8 10 12
Preço por automóvel, 
em milhares de dólares
Quantidade de 
empresas, n
Quantidade de 
empresas, n
Quantidade de 
empresas, n
6
4
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
753 9 111
PP
CC
(a) Doméstica
642 8 10 12
Preço por automóvel, 
em milhares de dólares
6
4
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
753 9 111
PP
CC
(b) Estrangeira
Na Tabela 8.1 resumimos os resultados da criação 
de um mercado integrado. A tabela compara cada mer‑
cado individual com o mercado integrado. O mercado 
integrado suporta mais empresas, cada uma produzindo 
em maior escala e vendendo a um preço menor do que os 
mercados nacionais vendem por si próprios.
Claro, todos estão em melhor situação como resul‑
tado da integração. No mercado maior, os consumido‑
res têm uma variedade maior de escolhas, já que cada 
empresa produz mais e é, portanto, capaz de oferecer 
seu produto a um preço menor. Para concretizar esses 
ganhos da integração, os países devem se envolver no 
M08_KRUGXXXX_C08.indd 137 1/29/15 6:12 PM
138 Economia internacional
comércio internacional. Para chegar nas economias 
de escala, cada empresa deve concentrar sua produção 
em um país — Doméstica ou Estrangeira. Contudo, a 
empresa deve vender sua produção para consumidores 
dos dois mercados. Então cada produto será produzido 
em um só país e exportado para o outro.
Esse exemplo numérico destaca duas novas caracte‑
rísticas importantes sobre o comércio com concorrên‑
cia monopolística em relação aos modelos de comércio 
baseados na vantagem comparativa, que vimos entre 
os capítulos 3 e 6: (1) Primeiro, o exemplo mostra como 
diferenciação de produto e economias internas de 
escala levam a um comércio entre países similares sem 
diferenças de vantagem comparativa entre eles. Esse 
é um tipo muito diferente de comércio do que aquele 
baseado na vantagem comparativa, em que cada país 
exporta sua mercadoria de vantagem comparativa. 
Neste exemplo, tanto Doméstica quanto Estrangeira 
exportam automóveis entre si. Doméstica paga pela 
importação de alguns modelos de automóveis (aqueles 
produzidos pelas empresas em Estrangeira) com expor‑
tação de diferentes tipos de modelos (aqueles produ‑
zidos pelas empresas em Doméstica) e vice ‑versa. Isso 
leva ao chamado comércio intraindústria: troca mútua 
de mercadorias similares. (2) Segundo, o exemplo des‑
taca dois novos canais para benefícios de bem ‑estar 
com o comércio. No mercado integrado, após o comér‑
cio, tanto os consumidores de Doméstica quanto os 
de Estrangeira beneficiam ‑se de uma variedade maior 
de modelos de automóveis (dez versus seis ou oito), a 
um preço menor (US$ 8.000 versus US$ 8.750 ou US$ 
10.000), enquanto as empresas são capazes de conso‑
lidar sua produção destinada aos dois lugares e levar 
vantagem das economias de escala.9
Empiricamente, o comércio intraindústria é relevante 
e percebemos ganhos de comércio na forma de variedade 
maior de produtos e produção consolidada em menor 
custo médio? A resposta é sim.
A importância do comércio intraindústria
A proporção do comércio intraindústria no comércio 
mundial cresceu de forma constante ao logo da última 
metade de século. A medida do comércio intraindús‑
tria depende de um sistema de classificação industrial 
que categoriza as mercadorias em diferentes indústrias. 
Dependendo da aspereza da classificação industrial uti‑
lizada (centenas de classificações industriais diferentes 
versus milhares), o comércio intraindústria é respon‑
sável por um quarto de aproximadamente metade de 
todo o fluxo do comércio mundial. O comércio intrain‑
dústria desempenha um papel ainda mais proeminente 
no comércio de mercadorias fabricadas entre as nações 
desenvolvidas industrialmente, o que responde pela 
maioria do comércio mundial.
A Tabela 8.2 mostra medidas da importância do 
comércio intraindústria para uma quantidade de indús‑
trias manufatureiras norte ‑americanas em 2009. A me dida 
mostrada é comércio intraindústria como uma proporção 
do comércio global.10 A medida varia desde 0,97 para 
equipamentos metalúrgicos e produtos químicos inorgâ‑
nicos (indústrias nas quais os Estados Unidos exportam e 
importam quase igualmente) até 0,10 para calçados, uma 
indústria na qual os Estados Unidos têm grandes impor‑
tações mas praticamente nenhuma exportação. A medida 
tAbelA 8.1 Fator conteúdo das exportações e importações dos EUA para 1962
Mercado de Doméstica 
antes do comércio
Mercado de Estrangeira, 
antes do comércio
Mercado integrado, 
depois do comércio
Produção da indústria (número de automóveis) 900.000 1.600.000 2.500.000
Quantidade de empresas 6 8 10
Produção por empresa (número de automóveis) 150.000 200.000 250.000
Custo médio US$ 10.000 US$ 8.750 US$ 8.000
Preço US$ 10.000 US$ 8.750 US$ 8.000
9 Também notamos que os consumidores de Doméstica ganham 
mais do que os consumidores de Estrangeira com o comércio de 
integração. Isso é uma característica padrão dos modelos de comér‑
cio com aumento nos retornos e diferenciação de produto: um país 
menor tem mais a ganhar da integração do que um país maior. Isso 
acontece porque os ganhos da integração são guiados pelo aumen‑
to associado ao tamanho do mercado. O país que é inicialmente 
menor beneficia ‑se de um maior aumento no tamanho do mercado 
sobre a integração.
10 Para ser mais preciso, a fórmula padrão para calcular a importância 
do comércio intraindústria dentro de uma determinada indústria é:
{ }
( )=
+
I
min ,
/
,
exportações importações
exportações importações 2
 onde min. {exportações, importações} refere ‑se ao menor valor entre 
as exportações e as importações. Essa é a quantidade de troca mútua 
de mercadorias refletida tanto nas exportações quanto nas importa‑
ções. Esse número é medido como uma proporção do fluxo médio de 
comércio (média de exportações e importações). Se o comércio em 
uma indústria flui em uma só direção, então I = 0, já que o menor 
fluxo de comércio é zero: não existe comércio intraindústria. Por ou‑
tro lado, se as exportações e importações de um país dentro de uma 
indústria são iguais, temos o oposto extremo de I = 1.
M08_KRUGXXXX_C08.indd 138 1/29/15 6:12 PM
139Capítulo 8 Empresas na economia global: decisões de exportação, terceirização e as empresas multinacionais 
seria 0 para uma indústria na qual os Estados Unidos 
são somente exportadores ou somente importadores, 
mas não ambos. A medida seria 1 para uma indústria na 
qual os Estados Unidos exportam exatamente o mesmo 
que importam.
A Tabela 8.2 mostra que o comércio intraindústria é 
um importante componente do comércio para os Esta‑
dos Unidos em várias indústrias diferentes. Tais indús‑
trias tendem a ser aquelas que produzem mercadorias 
sofisticadas, como produtos químicos, farmacêuticos e 
maquinário especializado. Essas mercadorias são expor‑
tadas principalmente por nações desenvolvidas e estão, 
provavelmente, sujeitas a importantes economias de 
escala na produção. Na outra ponta da escala estão as 
indústrias com pouco comércio intraindústria, que pro‑
duzem em geral produtos trabalho ‑intensivos, como cal‑
çados e vestuário. Essas são mercadorias que os Estados 
Unidos importam principalmente de países menos desen‑
volvidos, e a vantagem comparativa é o principal deter‑
minante do comércio norte ‑americano com esses países.
E o que acontece com os novos tipos de ganhos de 
bem ‑estar por meio do aumento na variedade de produ‑
tos e das economias de escala? Um trabalho recente de 
Christian Brodana Duquesne Capital Management e de 
David Weinstein na Universidade de Columbia, estima 
que o número de produtos disponíveis nas importações 
americanas triplicou no último período de trinta anos, de 
1972 a 2001. Em seguida, eles estimam que o aumento 
da variedade de produtos para os consumidores norte‑
‑americanos representa um ganho de bem ‑estar igual a 
2,6% do PIB dos Estados Unidos!11
A Tabela 8.1 do nosso exemplo numérico mostrou 
que os ganhos de integração gerados pelas economias 
de escala foram bastante acentuados para a menor eco‑
nomia: antes da integração, a produção era particular‑
mente ineficiente, já que a economia não podia tirar van‑
tagem das economias de escala na produção por causa 
do tamanho pequeno do país. Isso foi exatamente o que 
aconteceu quando os Estados Unidos e o Canadá segui‑
ram um caminho de aumento da integração econômica, 
que iniciou ‑se com o Auto Pact norte ‑americano em 
1964 (que não incluiu o México) e culminou no Acordo 
de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA, que 
também não inclui o México). O estudo de caso a seguir 
descreve como essa integração levou à consolidação e 
ganhos de eficiência no setor de automóveis, especial‑
mente do lado canadense (cuja economia tem um décimo 
do tamanho da economia dos Estados Unidos).
Ganhos similares com o comércio também foram 
medidos para outros exemplos do mundo real de maior 
integração econômica. Um dos exemplos mais proemi‑
nentes aconteceu na Europa, ao longo da última metade 
do século XX. Em 1957, a maioria dos países do Leste 
Europeu estabeleceu uma área de livre comércio de mer‑
cadorias manufaturadas chamada de Mercado Comum 
ou Comunidade Econômica Europeia (EEC). (O Reino 
Unido entrou para a EEC mais tarde, em 1973.) O 
resultado foi um rápido crescimento do comércio que 
foi dominado pelo comércio intraindústria. O comércio 
dentro da EEC cresceu duas vezes mais rápido do que o 
mundial durante os anos de 1960. Essa integração expan‑
diu lentamente para o que se tornou a União Europeia. 
Quando um subconjunto desses países (em sua maior 
parte aqueles que tinham formado a EEC) adotou a 
moeda comum, o euro, em 1999, o comércio intraindús‑
tria entre eles aumentou ainda mais (mesmo em relação 
ao comércio de outros países da União Europeia). Estu‑
dos recentes também descobriram que a adoção do euro 
levou a um aumento substancial no número de produtos 
diferentes que são negociados dentro da zona do euro.
Respostas concretas para 
o comércio: vencedores, 
perdedores e desempenho 
da indústria
Em nosso exemplo numérico da indústria de auto‑
móveis com dois países, vimos como a integração econô‑
mica leva a um aumento na competição entre as empre‑
sas. Das 14 empresas que produziam automóveis antes 
do comércio (seis em Doméstica e oito em Estrangeira), 
tAbelA 8.2
Índices do comércio intraindústria 
para as indústrias norte ‑americanas, 2009
Equipamentos metalúrgicos 0,97
Produtos químicos inorgânicos 0,97
Máquinas de geração de energia 0,86
Produtos médicos e farmacêuticos 0,85
Equipamento científico 0,84
Produtos químicos orgânicos 0,79
Ferro e aço 0,76
Veículos de estrada 0,70
Máquinas de escritório 0,58
Equipamentos de telecomunicações 0,46
Mobiliários 0,30
Vestuário e tecidos 0,11
Calçados 0,10
11 Veja: Christian Broda e David E. Weinstein, “Globalization and 
the Gains from Variety”, Quarterly Journal of Economics, v. 121, p. 
541–585, abr. 2006.
M08_KRUGXXXX_C08.indd 139 1/29/15 6:12 PM
140 Economia internacional
ComérCio intraindústria em ação: o auto PaCt norte ‑ameriCano de 1964 e o aCordo de 
Livre ComérCio da amériCa do norte (naFta)
Um exemplo clarís‑
simo e incomum do papel 
das economias de escala 
em gerar comércio inter‑
nacional benéfico é for‑
necido pelo crescimento 
no comércio automotivo 
entre os Estados Unidos 
e o Canadá durante a 
segunda metade dos anos 
de 1960. Enquanto o caso 
não se encaixa no nosso 
modelo exatamente por 
envolver empresas multi‑
nacionais, ele mostra que 
os conceitos básicos que 
desenvolvemos são úteis 
no mundo real.
Antes de 1965, a proteção de tarifas aduaneiras 
pelo Canadá e pelos Estados Unidos produziu uma 
indústria canadense de automóveis que era alta‑
mente autossuficiente, não importava nem exportava 
muito. A indústria canadense era controlada pelas 
mesmas empresas que a indústria estadunidense — 
uma característica da qual falaremos mais tarde neste 
capítulo — mas essas empresas acharam mais barato 
ter dois grandes sistemas de produção separados do 
que pagar as tarifas aduaneiras. Desse modo, a indús‑
tria canadense era, de fato, uma versão miniatura da 
indústria estadunidense, em cerca de 1/10 da escala.
As subsidiárias canadenses das empresas dos 
Estados Unidos descobriram que essa pequena escala 
era uma desvantagem substancial. Isso foi em parte 
porque as fábricas canadenses tinham de ser meno‑
res do que as empresas estadunidense. Talvez o mais 
importante, as fábricas dos Estados Unidos podiam 
frequentemente “dedicar ‑se” — à produção de um 
único modelo ou componente — enquanto as fábricas 
canadenses tinham de produzir várias coisas diferen‑
tes, o que fazia que fosse necessário parar de funcio‑
nar periodicamente para mudar de da produção de 
um item para a de outro, para fazer enormes inven‑
tários, para utilizar maquinário especializado e assim 
por diante. A indústria canadense de automóveis, por‑
tanto, tinha uma produtividade de trabalho por volta 
de 30% menor que a indústria estadunidense.
A ponte Ambassador liga Detroit, nos Estados Uni‑
dos, a Windsor, no Canadá. Em um dia normal, 250 
milhões de dólares em carros e partes de carros cru‑
zam essa ponte.
Em um esforço para afastar esses problemas, os 
Estados Unidos e o Canadá entraram em acordo em 
1964 para estabelecer uma área de livre comércio de 
automóveis (sujeita a certas restrições). Isso permi‑
tiu que as companhias de automóveis reorganizas‑
sem sua produção. As subsidiárias canadenses das 
empresas de automóveis cortaram drasticamente o 
número de produtos feitos no Canadá. Por exemplo, 
a General Motors cortou pela metade o número de 
modelos montados no Canadá, entretanto, o nível 
global de produção e de empregos canadenses foi 
mantido. Os níveis de produção para os modelos pro‑
duzidos no Canadá aumentaram consideravelmente, 
conforme aquelas fábricas tornaram ‑se uma das 
principais (e muitas vezes as únicas) fornecedoras 
daquele modelo para todo o mercado da América do 
Norte. Contrariamente, o Canadá então importou dos 
Estados Unidos os modelos que não produzia mais. 
Em 1962, o Canadá exportou 16 milhões de dólares 
em produtos automotivos para os Estados Unidos, 
enquanto importou 519 milhões de dólares. Em 1968, 
os números eram 2,4 e 2,9 milhões, respectivamente. 
Em outras palavras, tanto as exportações quanto as 
importações aumentaram significativamente: comér‑
cio intraindústria em ação.
Os ganhos parecem ter sido substanciais. No 
começo dos anos 1970, a indústria canadense era 
comparável à estadunidense em produtividade. Mais 
tarde, essa transformação da indústria automotiva foi 
estendida para incluir o México. Em 1989, a Volkswa‑
gen consolidou sua operação norte ‑americana no 
México, fechando a fábrica da Pensilvânia. Esse pro‑
cesso continuou com a implementação do NAFTA (o 
Acordo de Livre Comércio da América do Norte entre 
Estados Unidos, Canadá e México). Em 1994, a Volkswa‑
gen começou a produzir o novo Beetle em Puebla, 
no México. Essa fábrica produz agora todas as novas 
versões dos modelos Golf, Jetta e Beetle para todo o 
mercado da América do Norte. Em 2011, a Volkswa‑
gen entrou novamente no mercado estadunidense 
com uma fábrica de montagem em Chattanooga, no 
Tennessee, onde todos os modelos do Passat para o 
mercado da América do Norte são produzidos (antes 
eles eram importados da Europa). Discutiremos os 
efeitos do NAFTA com mais detalhes posteriormente 
neste capítulo.
A ponte Ambassador liga 
Detroit, nos Estados Unidos, 
à Windsor, no Canadá. Emum 
dia normal, 250 milhões de 
dólares em carros e partes 
de carros cruzam essa ponte.
M08_KRUGXXXX_C08.indd 140 1/29/15 6:12 PM
141Capítulo 8 Empresas na economia global: decisões de exportação, terceirização e as empresas multinacionais 
somente dez empresas “sobreviveram” após a integração 
econômica. Entretanto, cada uma dessas empresas agora 
produz em escala maior (250 mil automóveis produzidos 
por empresa versus 150 mil para as empresas de Domés‑
tica e 200 mil para as empresas de Estrangeira antes do 
comércio). Nesse exemplo, as empresas foram conside‑
radas simétricas, então exatamente quais saíram e quais 
sobreviveram e expandiram era sem importância. Entre‑
tanto, no mundo real, o desempenho varia amplamente 
entre as empresas, então os efeitos de aumento de concor‑
rência pelo comércio estão longe de ser sem importância. 
Como é de se esperar, o aumento da concorrência tende 
a prejudicar mais as empresas com pior desempenho, 
porque são aquelas forçadas a retirarem ‑se do mercado. 
Se o aumento da concorrência vem do comércio (ou da 
integração econômica), então também está associado 
às oportunidades de venda em novos mercados para as 
empresas sobreviventes. De novo, como é de se esperar, 
são as empresas de melhor desempenho que tiram grande 
vantagem dessas novas oportunidades de vendas e se 
expandem mais.
Essas mudanças de composição têm uma consequên‑
cia crucial no nível da indústria: quando as empresas de 
melhor desempenho expandem e as de pior desempenho 
diminuem ou se retiram do mercado, então o desempenho 
global da indústria melhora. Isso significa que o comér‑
cio e a integração econômica podem ter impacto direto no 
desempenho da indústria: é como se houvesse um cresci‑
mento tecnológico no nível da indústria. Empiricamente, 
essas mudanças de composição geram melhoras substan‑
ciais na produtividade da indústria.
Pegue o exemplo da integração econômica do Canadá 
mais próximo aos Estados Unidos (veja o estudo de caso 
anterior e as discussões no Capítulo 2). Discutimos como 
essa integração levou os produtores de automóveis a con‑
solidar a produção em um número menor de fábricas 
canadenses, cujos níveis de produção aumentaram consi‑
deravelmente. O Acordo de Livre Comércio entre Canadá 
e Estados Unidos, que passou a vigorar em 1989, estendeu 
o Auto Pact para a maioria dos setores de produção. Um 
processo similar de consolidação ocorreu por todos os seto‑
res de produção canadenses. Entretanto, isso também foi 
associado a um processo de seleção: os produtores de pior 
desempenho fecharam as portas, enquanto os de melhor 
performance expandiram por meio de grandes aumentos 
nas exportações para o mercado estadunidense. Daniel 
Trefler, na Universidade de Toronto, estudou os efeitos 
desse acordo de comércio em detalhe, examinando as res‑
postas variadas das empresas canadenses.12 Ele descobriu 
que a produtividade nas indústrias canadenses mais afeta‑
das teve um aumento dramático de 14% a 15% (replicado 
por toda a economia, um aumento de 1% na produtividade 
é traduzido em um aumento de 1% no PIB, mantendo os 
empregos constantes). Por si sós, a diminuição e a saída das 
empresas de pior desempenho em resposta ao aumento de 
concorrência das empresas estadunidense foram responsá‑
veis por metade dos 15% de aumento nesses setores.
Diferenças de desempenho entre produtores
Agora nós afrouxaremos a suposição de simetria, 
que impusemos em nosso desenvolvimento anterior do 
modelo da concorrência monopolística, para podermos 
examinar como a concorrência do aumento do tamanho 
de mercado afeta as empresas de forma diferente.13 A 
suposição da simetria significava que todas as empresas 
tinham a mesma curva de custo, Equação (8.3), e a mesma 
curva de demanda, Equação (8.5). Suponha agora que as 
empresas tenham curvas de custo diferentes, porque elas 
produzem com níveis de custos marginais, ci, diferentes. 
Presumamos que todas as empresas ainda enfrentem a 
mesma curva de demanda. As diferenças de qualidade 
de produto entre as empresas levarão a previsões muito 
similares para o desempenho da empresa, já que as que 
conhecemos derivam de diferenças de custo.
A Figura 8.6 ilustra as diferenças de desempenho entre 
as empresa 1 e 2 quando c1/c2. No painel (a), desenhamos 
a curva comum de demanda, Equação (8.5), bem como 
sua curva de receita marginal, Equação (8.8). Perceba que 
as duas curvas têm a mesma interseção no eixo vertical 
(coloque Q = 0 dentro da Equação (8.8) para obter MR = 
P). Essa interseção é dada pelo preço P da Equação (8.5), 
quando Q = 0, cuja inclinação da curva de demanda é 1/
(S × b). Como já discutimos, a curva da receita marginal é 
mais inclinada do que a curva de demanda. As empresas 
1 e 2 escolheram níveis de produção Q1 e Q2, respectiva‑
mente, para maximizar seus lucros. Isso ocorre onde suas 
respectivas curvas de custo marginal fazem interseção 
com a curva comum de receita marginal. Elas definiram 
preços P1 e P2, que correspondem aos níveis de produ‑
ção na curva comum de demanda. Vemos imediatamente 
que a empresa 1 definirá um preço menor e produzirá um 
nível de produção maior do que a empresa 2. Já que a 
curva de receita marginal é mais inclinada do que a curva 
de demanda, também vemos que a empresa 1 definirá 
12 Veja: Daniel Trefler, “The Long and Short of the Canada ‑U.S. Free Trade Agreement”, American Economic Review, v. 94, p. 870 ‑895, set. 2004, 
e o resumo desse trabalho em Virginia Postel, New York Times: “What Happened When Two Countries Liberalized Trade? Pain, Then Gain”, 27 
jan. 2005; e Marc J. Melitz e Daniel Trefler, “Gains from Trade When Firms Matter”, Journal of Economic Perspectives, v. 26, p. 91–118, 2012.
13 Uma exposição mais detalhada desse modelo é apresentada em Marc J. Melitz e Daniel Trefler, “Gains from Trade When Firms Matter,” 
Journal of Economic Perspectives, v. 26, p. 91–118, 2012.
M08_KRUGXXXX_C08.indd 141 1/29/15 6:12 PM
142 Economia internacional
uma margem de lucro maior sobre o custo marginal do 
que a empresa 2: P1 − c1 > P2 −c2.
As áreas sombreadas representam lucros operacionais 
para as duas empresas, iguais à receita Pi × Qi menos os 
custos operacionais ci × Qi (para as duas empresas, i = 1 
e i = 2). Aqui, supomos que o custo fixo F (suposto como 
sendo o mesmo para todas as empresas) não pode ser recu‑
perado e não entra nos lucros operacionais (isto é, é um 
custo irrecuperável). Já que os lucros operacionais podem 
ser reescritos como o produto da margem de lucro vezes 
o número de unidades de produção vendidas, (Pi − ci) × 
Qi, podemos determinar que a empresa 1 lucrará mais do 
que a empresa 2 (lembre ‑se que a empresa 1 definiu uma 
margem de lucro maior e produz mais do que a empresa 
2). Podemos, portanto, resumir todas as diferenças de 
desempenho relevantes com base nas diferenças de custo 
marginal entre as empresas. Em comparação com uma 
empresa com um custo marginal maior, a empresa com o 
custo marginal menor vai (1) definir um preço menor, mas 
uma margem de lucro maior sobre o custo marginal; (2) 
produzir mais; e (3) lucrar mais.14
O painel (b) na Figura 8.6 mostra como os lucros ope‑
racionais da empresa variam com o custo marginal, ci. 
Como acabamos de dizer, isso será uma função decrescente 
do custo marginal. Voltando ao painel (a), vemos que a 
empresa pode ter um lucro operacional positivo, contanto 
que seu custo marginal esteja abaixo da interseção da curva 
de demanda no eixo vertical em P + [1/(b × n)]. Considere 
que c* denota o corte de custo. Uma empresa com um 
custo marginal, ci, acima desse corte está efetivamente “ali‑
jada” do mercado, e teria lucros operacionais negativos se 
produzisse qualquer coisa. Tal empresa escolheria fechar 
as portas e não produzir (expondo ‑se a uma perda global 
de lucro igual ao custo fixo F ). Para começar, por que tal 
empresa entraria no mercado? É claro que ela não entraria 
se soubesse sobre seu custo alto ci antes de entrar e pagar 
o custo fixo F.
Supomos que essesestreantes enfrentam algumas 
alea toriedades sobre seu custo de produção futura ci. 
Essa aleatoriedade desaparece somente após F estar pago 
e perdido. Portanto, algumas empresas arrependem ‑se 
de sua decisão de entrada se o lucro global (lucros ope‑
racionais menos o custo fixo F) é negativo. Por outro 
lado, algumas empresas vão descobrir que seu custo 
de produção ci é muito baixo e que eles conseguem ter 
nível de lucro positivo global alto. A entrada é condu‑
14 Lembre ‑se que supusemos que todas as empresas enfrentam o 
mesmo custo fi xo F não recuperável. Se uma empresa ganha lucros 
operacionais altos, então também ganha lucros globais altos (isso 
deduzido o custo fi xo F ).
FIGURA 8.6 Diferenças de desempenho entre as empresas
(a) As curvas de demanda e custo para as empresas 1 e 2. A empresa 1 tem um custo marginal menor do que a empresa 2: c1 < c2. 
Ambas enfrentam a mesma curva de demanda e de receita marginal. Em relação à empresa 2, a empresa 1 define um preço menor 
e produz mais. As áreas sombreadas representam os lucros operacionais para as duas empresas (antes de o custo fixo ser deduzido). 
A empresa 1 obtém lucros operacionais mais altos do que a empresa 2. (b) Lucros operacionais como uma função do custo marginal 
c
i da empresa. Os lucros operacionais diminuem ao passo que o custo marginal aumenta. Qualquer empresa com custo marginal 
acima de c* não pode operar lucrativamente e retira ‑se do mercado.
Custo, C e
Preço, P
P 2
c
c*
2
c 1
P 1
Q
D
1 Quantidade
MC2
MC1
MR
Interseção = P + [1/(b × n)]
Inclinação = 1/(S × b)
(P2 – c 2) × Q2
(P1 – c 1) × Q1
Q 2
(a)
Lucro
operacional
c 2 Custo
marginal, ci
c*c 1
(b)
M08_KRUGXXXX_C08.indd 142 1/29/15 6:12 PM
143Capítulo 8 Empresas na economia global: decisões de exportação, terceirização e as empresas multinacionais 
zida por um processo similar ao que descrevemos para 
o caso de empresas simétricas. Naquele caso anterior, as 
empresas entraram até que os lucros para todas fossem 
levados a zero. Aqui existem diferenças de lucro entre as 
empresas, e a entrada ocorre até que os lucros esperados 
através de todos os níveis de custo potenciais ci sejam 
levados a zero.
Os efeitos do aumento 
de tamanho de mercado
O painel (b) da Figura 8.6 resume o equilíbrio da 
indústria dado um tamanho de mercado S. Ela nos mos‑
tra qual variedade de empresas sobreviveu e produziu 
(com o custo ci abaixo do c*) e como seus lucros irão 
variar com os níveis de custo ci. O que acontece quando 
as economias integram ‑se em um mercado único maior? 
Como foi o caso com as empresas simétricas, um mer‑
cado maior pode suportar um número maior de empresas 
do que um mercado menor. Isso leva a mais concorrência 
em adição ao efeito direto do aumento do tamanho de 
mercado S. Como veremos, essas mudanças terão dife‑
rentes repercussões nas empresas com diferentes custos 
de produção.
A Figura 8.7 resume essas repercussões induzidas pela 
integração de mercado. No painel (a), começamos com a 
curva de demanda D enfrentada por cada empresa. Com 
todo o resto igual, esperamos aumento de concorrência 
para mover a demanda para dentro em cada empresa. 
Por outro lado, também esperamos um maior tamanho 
de mercado S, por si só, para mover a demanda para 
fora. Essa intuição está correta e leva a uma mudança 
global na demanda de D para D’, mostrada no painel 
(a). Note como a curva de demanda gira, induzindo uma 
mudança interior para as empresas menores (com menor 
quantidade de produção), bem como uma mudança 
para o exterior para as empresas maiores. Por essência, 
os efeitos do aumento da concorrência dominam essas 
empresas menores, ao passo que os efeitos do aumento 
de tamanho de mercado são dominantes para as empre‑
sas maiores.
Analiticamente, também podemos caracterizar os 
efeitos do aumento da concorrência e do tamanho do 
mercado na curva de demanda D. Lembre ‑se que a inter‑
seção vertical dessa curva de demanda é P + [1/(b × n)], 
enquanto sua inclinação é 1/(S × b). O aumento da con‑
corrência (um maior número de empresas n) segurando 
o tamanho do mercado em S, diminui a interseção verti‑
cal para a demanda, deixando sua inclinação inalterada: 
essa é a mudança interior induzida por mais concorrên‑
cia.15 O efeito direto do aumento do tamanho do mer‑
cado S achata a curva de demanda (menor inclinação), 
deixando a interseção inalterada: isso gera uma rotação 
para o exterior da demanda. Ao combinar esses dois efei‑
tos, obtemos a nova curva de demanda D’, que tem uma 
interseção vertical menor e mais achatada do que a curva 
de demanda original D.
FIGURA 8.7 Vencedores e perdedores da integração econômica
Custo, C e
Preço, P
D
D ′
Quantidade
Interseção = P + [1/(b × n)]
Inclinação= 1/(S × b)
(a)
Lucro 
operacional
Vencedores
Custo
marginal, ci
c *
(b)
c *′
Saída
Perdedores
(a) A curva de demanda 
para todas as empresas 
muda de D para D’. 
Ela é mais achatada e 
tem maior interseção 
vertical. (b) Os efeitos da 
mudança na demanda 
nos lucros operacionais 
das empresas com custo 
marginal c
i diferente. 
As empresas com custo 
marginal entre o antigo 
corte, c*, e o novo corte, 
c*’, são forçadas a sair 
do mercado. Algumas 
empresas com os 
menores níveis de custo 
marginal ganham com a 
integração e seus lucros 
aumentam.
15 No equilíbrio, o aumento de concorrência também leva a um preço médio menor P, o que mais para frente diminuirá a linha de interseção.
M08_KRUGXXXX_C08.indd 143 1/29/15 6:12 PM
144 Economia internacional
O painel (b) da Figura 8.7 mostra as consequências 
dessa mudança de demanda para os lucros operacionais 
de empresas com diferentes níveis de custo ci. A diminui‑
ção na demanda para as empresas pequenas é traduzida 
em um novo corte de baixo custo, c*’: algumas empresas 
com níveis de custo maiores acima de c*’ não conseguem 
sobreviver a essa diminuição da demanda e são forçadas 
a retirarem ‑se do mercado. Por outro lado, a curva de 
demanda mais achatada é vantajosa para algumas empre‑
sas com níveis de custo baixos: elas podem adaptar ‑se ao 
aumento da concorrência baixando sua margem de lucro 
(e, consequentemente, seu preço) e ganhar alguma parcela 
adicional de mercado.16 Isso é traduzido em aumento dos 
lucros para algumas das empresas de melhor desempenho 
com os menores níveis de custo ci.
17
A Figura 8.7 ilustra como o aumento do tamanho 
de mercado gera tanto ganhadores quanto perdedores 
entre empresas de uma indústria. As empresas de custo 
baixo prosperam e aumentam seus lucros e parcelas de 
mercado, enquanto as empresas de custo alto contraem‑
‑se e as empresas com o maior custo de todos retiram ‑se 
do mercado. Essas mudanças de composição implicam 
que a produtividade global na indústria está crescendo 
quando a produção é concentrada entre as empresas 
mais produtivas (custo baixo). Isso repete os resultados 
dos produtores canadenses na sequência da integração 
íntima com os produtores estadunidenses, como des‑
crevemos anteriormente. Os efeitos tendem a ser mais 
acentuados para países menores que se integram a paí‑
ses maiores, mas isso não está limitado a esses países 
pequenos. Mesmo para uma grande economia como a 
dos Estados Unidos, o aumento de integração por meio 
de custos de comércio mais baixos resulta em importan‑
tes efeitos de composição e ganhos de produtividade.18
Os custos do comércio e 
decisões de exportação
Até agora, nós modelamos a integração econô‑
mica como um aumento no tamanho de mercado. 
Isso pressupõe, implicitamente, que a integração 
ocorre a tal extensão que um único mercado com‑
binado é formado. Na realidade, a integração rara‑
mente vai tão longe: os custos do comércio entre 
países são reduzidos, mas eles não desaparecem. No 
Capítulo 2, discutimos como esses custos de comér‑
cio são manifestados mesmo para o caso das duas 
economias intimamente integradas dos Estados Uni‑
dos e do Canadá. Vimos como a fronteira Estados 
Unidos–Canadá diminuiu substancialmente os volu‑
mes de comércioentre as províncias canadenses e 
os estados estadunidenses.
Os custos de comércio associados com essa passagem 
de fronteira também são uma característica notável dos 
padrões de comércio no nível de empresa: pouquíssimas 
empresas nos Estados Unidos alcançam os consumido‑
res canadenses. Na verdade, a maioria das empresas esta‑
dunidenses não relata nenhuma atividade de exportação 
(porque elas vendem somente para consumidores dos 
Estados Unidos). Em 2002, somente 18% das empre‑
sas manufatureiras estadunidenses relataram realizarem 
algumas vendas de exportação. A Tabela 8.3 mostra a 
proporção de empresas que relatam algumas vendas de 
exportação em vários setores manufatureiros diferentes 
nos Estados Unidos. Mesmo em indústrias nas quais as 
exportações representam uma proporção substancial da 
produção total, como produtos químicos, maquinário, 
eletrônicos e transportes, menos de 40% das empresas 
exportam. Na verdade, uma das principais razões dos 
custos de comércio associados com as fronteiras nacio‑
nais reduzirem tanto o comércio é que eles cortam drasti‑
camente a quantidade de empresas dispostas ou capazes 
de alcançar consumidores através da fronteira. (A outra 
razão é que os custos do comércio também reduzem as 
vendas de exportação das empresas que alcançam os con‑
sumidores através da fronteira.)
16 Lembre ‑se que quanto menor o custo marginal ci da empresa, maior 
sua margem de lucro sobre o custo marginal Pi − ci. Empresas de 
custo alto já estão definindo margens de lucro baixas e não podem 
diminuir seus preços para induzir demanda positiva, já que isso sig‑
nificaria colocar o preço abaixo de seu custo marginal de produção.
17 Outra forma de concluir que o lucro aumenta para algumas empre‑
sas é utilizar a condição de entrada que leva a média dos lucros para 
zero: se o lucro diminui para algumas das empresas de custo alto, 
então deve aumentar para algumas das empresas de custo baixo, já 
que a média através das empresas deve permanecer igual a zero.
18 Veja: A. B. Bernard; J. B. Jensen; P. K. Schott, “Trade Costs, Firms 
and Productivity”, Journal of Monetary Economics, v. 53, p. 917–937, 
jul. 2006.
tAbelA 8.3
Proporção de empresas que relatam 
vendas por exportação por indústria, 2002
Impressão 5%
Mobiliários 7%
Vestuário 8%
Produtos de madeira 8%
Metais fabricados 14%
Petróleo e carvão 18%
Equipamento de transporte 28%
Maquinário 33%
Produtos químicos 36%
Computador e eletrônicos 38%
Equipamentos e aparelhos elétricos 38%
Fonte: A. B. Bernard et. al. “Firms in International Trade”. Journal of 
Economic Perspectives, v. 21, p. 105–130, verão 2007.
M08_KRUGXXXX_C08.indd 144 1/29/15 6:12 PM
145Capítulo 8 Empresas na economia global: decisões de exportação, terceirização e as empresas multinacionais 
Em nossa economia integrada sem custos de comér‑
cio, as empresas estavam indiferentes em relação à loca‑
lização de seus consumidores. Agora introduzimos os 
custos de comércio para explicar por que elas realmente 
ligam para a localização de seus consumidores e por que 
muitas delas escolhem não chegar a consumidores em 
outro país. Como veremos brevemente, isso também nos 
permitirá explicar importantes diferenças entre as empre‑
sas que escolhem sujeitar ‑se aos custos do comércio e 
exportar e aquelas que não se sujeitam. Por que algumas 
empresas escolhem não exportar? Colocando de forma 
simples, os custos do comércio reduzem a rentabilidade 
das exportações para todas as empresas. Para algumas, 
essa redução em rentabilidade faz com que a exportação 
não seja rentável. Agora formalizemos esse argumento.
Para manter as coisas simples, consideraremos a res‑
posta de empresas em um mundo com dois países idênticos 
(Doméstica e Estrangeira). Agora deixemos o parâmetro 
de tamanho de mercado S refletir o tamanho de cada mer‑
cado, de forma que 2 × S reflete o tamanho do mercado 
mundial. Não podemos analisá ‑lo como um único mer‑
cado de tamanho 2 × S porque esse mercado não é mais 
perfeitamente integrado por causa dos custos de comércio.
Especificamente, supomos que a empresa deve sujei‑
tar ‑se a um custo adicional t para cada unidade de pro‑
dução que vender para os consumidores através da fron‑
teira. Agora temos de acompanhar o comportamento das 
empresas em cada mercado. Por causa do custo de comér‑
cio t, as firmas definirão preços diferentes em seu mercado 
de exportação em relação ao seu mercado nacional. Isso 
levará a diferentes quantidades vendidas em cada mer‑
cado e, por fim, a diferentes níveis de lucro ganhados em 
cada mercado. Como o custo marginal de cada empresa 
é constante (não varia com os níveis de produção), essas 
decisões em relação ao preço e à quantidade vendida em 
cada mercado podem ser separadas: uma decisão em rela‑
ção ao mercado nacional não terá impacto na lucrativi‑
dade de diferentes decisões para o mercado exportador.
Considere o caso das empresas localizadas em Domés‑
tica. A situação delas em relação ao mercado nacional 
(Doméstica) é exatamente como foi ilustrado na Figura 
8.6, exceto que todos os resultados, como preço, produção e 
lucro, são relacionados ao mercado nacional.19 Agora con‑
sidere as decisões das empresas 1 e 2 (com custos marginais 
c1 e c2) em relação ao mercado exportador (Estrangeira). 
Eles enfrentam a mesma curva de demanda em Estrangeira 
e em Doméstica (lembre ‑se que supusemos que os dois paí‑
ses são idênticos). A única diferença é que o custo marginal 
das empresas no mercado exportador é movido pelo custo 
de comércio t. A Figura 8.8 mostra a situação para duas 
empresas nos dois mercados.
Quais são os efeitos do custo de comércio nas deci‑
sões das empresas em relação ao mercado exportador? 
Sabemos da nossa análise anterior que um custo marginal 
maior induz a empresa a aumentar seu preço, o que leva 
a uma quantidade menor de produção vendida e lucros 
menores. Também sabemos que se o custo marginal é 
aumentado acima do nível limiar c*, então a empresa não 
pode operar lucrativamente naquele mercado. Isso é o 
que acontece com a empresa 2 na Figura 8.8. A empresa 
2 pode operar lucrativamente no seu mercado nacional 
porque seu custo ali está abaixo do limiar: c2 ≤ c*. Entre‑
tanto, ela não pode operar com lucro no mercado expor‑
tador porque seu custo ali está acima do limiar: c2 + t > 
c*. A empresa 1, por outro lado, tem um custo baixo o 
bastante que permite operar lucrativamente tanto no 
mercado nacional quanto nos mercados de exportação: 
c1 + t ≤ c*. Podemos estender essa previsão para todas as 
empresas com base em seu custo marginal ci. As empre‑
sas de custo baixo com ci ≤ c* − t exportam; as de custo 
alto com c* − t < ci ≤ c* ainda produzem para seu mer‑
cado nacional, mas não exportam; e as empresas de custo 
altíssimo com ci > c* não podem operar com lucro em 
nenhum mercado e, portanto, retiram ‑se deles.
Acabamos de ver como a modelagem dos custos de 
comércio adiciona duas previsões importantes para o 
nosso modelo de concorrência e comércio monopolís‑
ticos: esses custos explicam por que um subconjunto de 
empresas exporta e também por que esse subconjunto 
consistirá de empresas relativamente maiores e mais pro‑
dutivas (aquelas com menor custo marginal ci). Análises 
empíricas das decisões de exportação das empresas de 
inúmeros países forneceram apoio esmagador para essa 
previsão de que as companhias exportadoras são maio‑
res e mais produtivas do que as de uma mesma indústria 
que não exportam. Nos Estados Unidos, em uma típica 
indústria manufatureira, uma empresa exportadora é, na 
média, mais do que duas vezes maior do que a que não 
exporta. A empresa exportadora média também produz 
11% a mais de valor adicionado (produção menos entra‑
das intermediárias) por trabalhador do que a empresa 
não exportadora média. Essas diferenças entre exporta‑
dores e não exportadores são ainda maiores em muitos 
países europeus.20
20 Veja: A. B. Bernard et. al. “Firms in International Trade”. Journal 
of Economic Perspectives, v. 21, p.105–130, verão 2007;

Mais conteúdos dessa disciplina