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Direito Cibernetico 1

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CONVITE AO ESTUDO 
Caro estudante, seja bem-vindo ao nosso ciclo de estudos! 
 
Os desafios da humanidade são vários. A vida intersubjetiva, social, 
está repleta de situações que são tuteladas pelo Direito e, assim, pelo 
Estado. 
Desde o princípio da internet até os dias atuais, convivemos com 
novos problemas e questões que merecem dedicada atenção. 
 
Não apenas o profissional da área jurídica tem interesse nesse 
campo, como praticamente todos aqueles que produzem bens e 
serviços e atuam no mercado global, na economia. 
Dessa maneira, é urgente que conheçamos os principais elementos 
que tangenciam e justificam historicamente o nascimento de uma área 
do saber direcionada ao estudo sistemático das relações humanas em 
ambientes virtuais: o Direito Cibernético. 
 
Pensando nisso, o presente estudo está estruturado de forma a 
mobilizar em você os conhecimentos principais nos assuntos mais 
destacados dentro do campo juscibernético. 
Inicialmente, trataremos das questões afetas à segurança digital, à 
sua fiscalização e à legislação aplicável a esta seara, de modo que 
você se sinta ambientado nos conceitos primordiais que permitirão um 
trânsito consciente e crítico para os fins dos assuntos propostos. 
Neste percurso, ainda discutiremos o tema de concorrência desleal e 
o direito ao esquecimento. 
Em seguida, considerando o novo mercado de criptomoedas, 
dissertaremos a respeito de blockchain, Big Data e uma especial 
reflexão acerca da bitcoin, visando ao entendimento de como funciona 
esse novo cenário econômico, altamente dinâmico e volátil, que tem 
ocupado grande parte dos noticiários financeiros recentes. Também 
faremos um cotejo da legislação aplicável a este cenário. 
Por fim, à medida que a internet dominou praticamente todos os 
setores da vida prática, do ambiente doméstico ao trabalho, 
abordaremos a Internet das Coisas, em um contexto de profunda 
interconexão tecnológica, que tem permitido sucessivas inovações no 
modo pelo qual interagimos enquanto seres humanos sociáveis e com 
os objetos materiais, com as utilidades e praticidades do dia a dia. O 
intuito será, por outro lado, desvelar os benefícios econômicos deste 
segmento, tanto do ponto de vista estatal quanto empresarial. 
PRATICAR PARA APRENDER 
Olá! 
 
A partir de agora iniciamos efetivamente nossos estudos no campo do 
novo Direito Cibernético. 
Como se trata de uma área relativamente nova da ciência jurídica, 
enquanto estrutura sistematizada, mas que guarda profunda conexão 
com os temas da tecnologia e da inovação, é fundamental que 
conheçamos alguns destes conceitos preliminares, de modo a 
preparar o estudo, que será articulado ao longo de toda a abordagem. 
Neste quadro, iniciamos pela introdução acerca da tecnologia, da 
inovação e da correlata legislação aplicável. Afinal, o que se pode 
entender destes termos, para efeito de se buscar a adequada tutela 
jurídico-estatal? Quais as normas jurídicas atuais que lidam com tais 
fenômenos? Indagaremos a respeito do tratamento jurídico aplicável, 
além do modo de funcionamento destes contextos digitais e seus 
variados impactos. 
 
Percorrendo esse ensejo, debateremos as implicações no que se 
refere à concorrência desleal nos meios digitais, com ênfase no 
entendimento da necessidade de fiscalização, segurança e 
implantação de boas práticas pelos variados agentes que atuam 
nesse contexto. 
Por fim, abordaremos o tema do direito ao esquecimento, de modo a 
entender seu conceito e sua aplicabilidade, em termos de 
configuração jurídica, além da sua relação com a dinâmica de 
proteção de dados e de direitos fundamentais, algo que, junto com os 
demais tópicos, tem levado a humanidade rumo a novos patamares de 
atenção, dada a sociabilidade digital crescente. 
A fim de colocarmos em prática os conhecimentos a serem 
aprendidos, vamos analisar a seguinte situação-problema: um 
empresário, dono de uma franquia internacional de alimentos muito 
famosa e conhecida, busca você, profissional estudioso do Direito 
Cibernético, para solucionar um problema que vem enfrentando com 
um possível concorrente. O empresário descreve a situação a seguir. 
Uma empresa de alimentos recentemente aberta em uma pequena 
cidade interiorana e que utiliza o nome de Mash Donald’s publicou, em 
uma rede social, uma imagem que dizia respeito à inauguração de um 
novo produto, um lanche cujo nome é “Big Mash”, que continha dois 
hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola picles em um 
pão slim. Na mesma publicação, ficava notável a predominância de 
tons em vermelho em contraste com um grande logotipo amarelo, 
formado pela letra “M”. 
Ao navegar por diversas páginas de redes sociais diferentes, nas 
legendas é possível identificar, reiterada vezes, não só informações, 
como local, valor e data de inauguração, bem como a seguinte frase: 
“amo demais tudo isso”. 
Após o relato do cliente, você procura saber mais da empresa de seu 
cliente. Após algumas buscas e perguntas durante a conversa, você 
descobre algumas informações: o nome fantasia da empresa 
(McDonald’s); seu produto mais vendido (Big Mac); seus ingredientes; 
(dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola picles em 
um pão com gergelim); seu logotipo (a letra “M”); as cores temas 
(vermelho e amarelo). 
A partir de agora, você deverá elaborar um breve parecer técnico, 
analisando a situação à luz da disciplina estudada quanto à 
concorrência desleal. Afinal, trata-se de um caso deste tipo? Em tese, 
é possível afirmar que houve, no plano das divulgações em meios 
digitais, frustração da livre concorrência? 
Respondendo a essas questões e, eventualmente, analisando outras, 
como você poderia estruturar o parecer técnico? 
Com base no estudo dos temas apresentados, teremos condições de 
trilhar um caminho de bastante consistência no terreno do Direito 
Cibernético. A apreensão desses conceitos iniciais é de suma 
importância para o aprendizado que se inicia, com especial relevância 
para a sua prática profissional, independentemente da área de 
formação. 
Vamos em frente e com atenção, mantendo-nos “conectados” e em 
ritmo acelerado de descobrimento dos fenômenos que permeiam o 
mundo digital. 
Bons estudos! 
CONCEITO-CHAVE 
Quando pensamos na sociedade dos dias atuais, é automático 
perceber o quanto estamos vivendo uma vida inteiramente conectada. 
O século XXI, especialmente, tornou-se um período da história 
humana que ainda está em processo de construção – aliás, que está 
levando às últimas consequências o desenvolvimento da técnica, a 
partir de longos anos de pesquisas nos campos da matemática, da 
física e da teoria computacional. Cada vez mais os avanços da assim 
chamada sociedade digital permitem novos e sucessivos 
desenvolvimentos, descobertas e alternativas que vão surgindo com o 
objetivo de facilitar a vida, os negócios, as relações interpessoais, as 
interações culturais e a economia. 
É natural que, junto com as melhorias da era digital, advenham 
também desafios. Estes são os que, sobretudo, dizem respeito à 
proteção dos direitos e garantias fundamentais individuais e coletivos, 
como os que estão previstos na Constituição Federal brasileira de 
1988 (BRASIL, 1988). Direitos como dignidade da pessoa humana, 
liberdade de expressão, liberdade de crença, credo e de pensamento, 
e até mesmo a proteção específica dedicada às relações de natureza 
econômica no campo da livre iniciativa, da livre concorrência e das 
relações de consumo, devem ser necessariamente observados na 
vida – digamos – real, e na vida virtualizada (que não deixa de ser, por 
conseguinte, uma extensão do nosso viver cotidiano). 
É da própria natureza humana a busca por novos caminhos do saber 
e, com base nisso, a busca por novos horizontes de emprego do saber 
adquirido – essa dimensão prática é o que assegura o progresso da 
humanidade. Não há dúvida, por exemplo, de que a internet consiste 
em uma ferramenta de grande importância para as relações sociais 
contemporâneas. Mas esse exemplonão deixa de ser mais uma das 
inúmeras inovações proporcionadas pela transformação do mundo 
social. Note como as indústrias mudaram desde as Revoluções 
Industriais do século XIX, como os serviços foram transformados ao 
longo do tempo até os nossos dias. Veja como até mesmo a educação 
mudou, passando de um sistema passivo para uma sistemática 
proativa, muito mais convidativa, dinâmica e participativa, por meio de 
ferramentais variados, como este material que você está lendo neste 
exato momento. Perceba como os tratamentos médicos avançaram; 
como a economia, em sua dimensão financeira mais avançada, 
interconectou o mundo. Esse longo itinerário de novidades – que não 
é possível de ser esgotado, em virtude dos incontáveis exemplos – 
traz-nos necessidades também diferentes para refletir. Afinal de 
contas, o Direito, o Estado e a sociedade, enquanto tal, precisam 
aprender a lidar como esse novo mundo de oportunidades, de modo a 
garantir que os benefícios da tecnologia não signifiquem uma terra 
árida, na qual não há direitos e garantias, em que não há bom senso e 
o mínimo de regulação, todavia um campo no qual podemos verificar 
sim a existência de segurança, de respeito àqueles direitos 
fundamentais mencionados, assim como à privacidade, à vida, à 
integridade moral etc. 
Mas estamos discutindo, de modo preliminar, a tecnologia, e ainda 
não nos dedicamos ao seu conceito. É muito importante conhecê-lo. 
A palavra tecnologia origina-se de duas palavras gregas: tekinicos, que 
significa arte, habilidade, prática, e logus, indicando conhecimento ou 
tratamento sistemático de. Assim, a tecnologia pode ser explicada como 
conhecimento do hábil e prático para converter algo disponível em algo mais 
útil. 
(AKABANE, 2019, p. 16) 
A tecnologia, como técnica empregada para uma utilidade, consiste 
nesta habilidade de a humanidade explorar conscientemente as 
potencialidades da ciência em prol do progresso e do bem comum. 
Somente faz sentido a tecnologia, assim compreendida, nesta chave 
de leitura que procura atribuir certo sentido ético aos seus propósitos. 
Essa ética, que está envolvida no campo da transformação do mundo 
material em benefício da criação de utilidades, de práticas, de 
metodologias e de sistemas, diz respeito ao favorecimento de todos os 
seres humanos, concertados com o respeito ao meio ambiente 
equilibrado e à proteção da dignidade. Tecnologia é considerada como 
gênero, como algo que compreende as 
[…] ferramentas, máquinas, utensílios, armas, instrumentos, habitação, roupas, 
dispositivos de comunicação e transporte disponíveis, além das habilidades 
técnicas necessárias para usar um produto, desenvolver uma técnica de 
produção ou prestar serviços. 
(AKABANE, 2019, p. 16) 
Por outro lado, também é possível considerar a tecnologia no sentido 
de um processo, que serve à conversão de conhecimento científico 
em objetos que se tornam úteis para fins de apoio às diversas 
atividades humanas (AKABANE, 2019). Neste sentido, “Tecnologia 
não se reduz a instrumentos [...] é também um conjunto de produtos, 
serviços e processos” (BATISTA; FREIRE, 2014, p. 34). É inegável, 
neste contexto, que a tecnologia, como ferramenta e técnica, ou como 
processo de conversão útil dos saberes científicos, melhora – e muito 
– a produtividade, favorece a criatividade, reduz o tempo das tarefas 
ordinárias e permite o desenvolvimento da espécie humana (REIS, 
2008). 
REFLITA 
Você já pensou que dentro do conceito de tecnologia não estão 
incluídos apenas os objetos mais avançados que temos à mão, como 
um computador portátil, a internet, um smartphone ou um processo 
produtivo na indústria? Ora, até mesmo no mundo primitivo, quando o 
homem criou as primeiras ferramentas, como martelo, machado, faca, 
arco e flecha, também aí se pode falar de tecnologia. Sempre que o 
ser humano transforma o mundo material, a partir de alguma espécie 
de conhecimento adquirido ou descoberto, criando certa utilidade 
produtiva, estamos diante de uma tecnologia. 
A análise da tecnologia leva em conta, ainda, a ideia se há ou não 
limites para a técnica. Tais limites dizem respeito à inserção da vida 
humana no império da técnica, pois “a tecnologia cumpre importante 
papel na reprodução da vida humana e na resolução dos problemas 
que afetam a existência natural e social.” (BATISTA; FREIRE, 2014, p. 
39). Ao definir tecnologia e refletir a seu respeito, portanto, é 
fundamental pensar acerca da sua inserção na sociedade e na vida 
pessoal. Os aparatos criados pela tecnologia, seus produtos diretos, 
praticamente correspondem a uma espécie de prolongamento dos 
corpos e das mentes; a tecnologia passa a integrar nosso campo de 
emoções, dos nossos desejos (BATISTA; FREIRE, 2014). 
É por esse motivo, isto é, porque desejamos os produtos tecnológicos, 
depositando neles até mesmo nossas esperanças e anseios, que o 
mundo do consumo está intrinsecamente conectado ao mundo da 
técnica empregado em utilidades e benesses, com o mundo da 
tecnologia. Os produtos da técnica nem sempre podem ser 
considerados como indispensáveis; passam a sê-lo, no entanto, 
devido a um movimento de geração de fantasia e fetiche – 
acreditamos que precisamos deste ou daquele objeto para 
alcançarmos a felicidade. Esta, contudo, dura apenas enquanto ainda 
não surgiu outra inovação. Logo queremos outra. Logo mudamos. 
Tudo se troca e se torna descartável. É possível dizer que um dos 
impactos da tecnologia, aliada aos desenfreados anseios de lucro, 
típicos da sociedade do capitalismo avançado, é a inundação 
ininterrupta de mercadorias cuja utilidade real é questionável. 
Ainda que se possa considerar tais aspectos como dimensão negativa 
da tecnologia do nosso tempo, a questão surge apenas como uma 
necessidade de manter um pensamento crítico. Por outro lado, jamais 
podemos nos esquecer dos benefícios e das facilidades; dos saltos de 
desenvolvimento humano, de civilidade; dos ganhos reais, em termos 
de participação democrática, que a tecnologia permite. Logo, "não se 
pode ignorar a contribuição dos novos aparatos tecnológicos 
audiovisuais para a democratização da produção e fruição de 
imagens, sendo eles parte de um processo mais amplo de revolução 
social, tecnológica e cultural” (BATISTA; FREIRE, 2014, p. 47). 
 
Como verdadeira transformação, a tecnologia transforma, no mesmo 
movimento, a maneira pela qual o Direito absorve (ou deve absorver), 
pelas normas jurídicas, a tutela (proteção) estatal das pessoas (tanto 
as pessoas físicas, como as organizações empresariais). 
ASSIMILE 
O Direito da Internet não é um nome de todo adequado, pois, aqui, 
tratamos do mundo digital de maneira ampla. Logo, como esse ramo 
estuda as relações provenientes da ideia de sociedade virtual, surge o 
Direito Cibernético como ramo especializado da ciência jurídica, 
dedicado à compreensão, estrutura de fiscalização, regulação e 
indicação de boas práticas, com finalidade de prevenção de riscos e 
respeito absoluto aos direitos e garantias fundamentais, individuais e 
coletivos, no âmbito das relações sociais virtuais, típicas das 
sociedades contemporâneas. 
Desde os primórdios das civilizações humanas, as práticas sociais, 
devido à sua repetição e aceitabilidade, ou mesmo pela imposição, 
foram incorporadas revestiram-se de formato jurídico. Isso significa 
que aquilo que era usualmente aceito no meio social, as condutas 
sociais, foram sendo contempladas no ordenamento jurídico, dotando-
as de obrigatoriedade, imperatividade e, via de regra, com previsões 
de penas em caso de descumprimento. O Direito caminha lado a lado 
com a sociedade, dela buscando os fatos que dão ensejo à criação de 
normas, então, jurídicas. 
Quando a normatização se dá, tem-se que a “meta do ordenamento 
jurídico é ser uma organização centralizada do poder, que teria 
vantagens e adaptabilidade diante das mudanças, o que garantiria seu 
grau de certeza e eficácia na sociedade” (PECK, 2016, p. 55). Há, 
assim, uma participação ativada sociedade no que se refere à 
conformação da ordem jurídica, o que não deixa de transparecer na 
própria juridicidade os valores que permeiam o convívio intersubjetivo 
médio. Ao longo da história humana, diversas organizações sociais, 
de diferentes e variados tipos, deram origem a sistemas jurídicos 
igualmente diferenciados (REIS, 2008). 
A capacidade de adaptação do Direito determina a própria segurança do 
ordenamento, no sentido de estabilidade do sistema jurídico por meio da 
atuação legítima do poder capaz de produzir normas válidas e eficazes. A 
segurança das expectativas é vital para a sociedade, sendo hoje um dos 
maiores fatores impulsionadores para a elaboração de novas leis que 
normatizem as questões virtuais, principalmente a Internet. 
 (PECK, 2016, p. 56) 
Pode-se dizer que o terço final do século XX e, agora, as décadas 
iniciais do XXI, passou (e passa) por verdadeira revolução: de 
natureza digital. As relações sociais expandiram-se para o terreno 
difuso da internet; a sociedade passou a ser altamente informatizada, 
bem como os negócios e a economia como um todo. A rapidez das 
mudanças demandou uma resposta igualmente célere por parte do 
Estado, para uma nova e necessária adaptação do Direito vigente, 
com a finalidade de tutelar os direitos individuais e coletivos nesse 
novo espaço, o ciberespaço. Estamos na aurora do Direito Digital. 
Note, por exemplo, que 
[…] há pouco mais de quarenta anos, a Internet não passava de um projeto, o 
termo 'globalização' não havia sido cunhado e a transmissão de dados por fibra 
óptica não existia. Informação era um item caro, pouco acessível e 
centralizado. 
 (PECK, 2016, p. 47) 
Por tais razões, o profissional de qualquer área "tem a obrigação de 
estar em sintonia com as transformações que ocorrem na sociedade” 
(PECK, 2016, p. 47). 
Neste sentido, perceba como a informática nasce da vontade de 
beneficiar e auxiliar a humanidade no âmbito das suas atividades 
cotidianas, facilitando seu trabalho, sua vida, seus estudos, seu 
conhecimento do mundo. Diz-se que “a informática é a ciência que 
estuda o tratamento automático e racional da informação” (KANAAN, 
1998, p. 22-31). 
Assim: 
[...] entre as funções da informática há o desenvolvimento de novas máquinas, 
a criação de novos métodos de trabalho, a construção de aplicações 
automáticas e a melhoria dos métodos e aplicações existentes. O elemento 
físico que permite o tratamento de dados e o alcance de informação é o 
computador. 
 (KANAAN, 1998, p. 22-31). 
A internet, por exemplo, surge nos anos 1960 no auge da guerra fria, 
nos Estados Unidos – é sabido que tinha fins militares, inicialmente. 
Depois, passou a ser utilizada para fins civis (PECK, 2016). O 
microprocessador viria nos anos 1970 do século passado, operando, 
ainda, grande revolução computacional. Com isso, nos anos 1990 
houve enorme expansão da internet, desde o e-mail até o acesso a 
banco de dados e informações disponíveis na World Wide 
Web (WWW), que é o seu espaço multimídia (PECK, 2016). 
Como as transformações resultam em mudanças comportamentais, a 
necessidade de fiscalização e regulação passa a ser sentida no plano 
das preocupações jurídicas. 
Este sentimento de que se fazendo leis a sociedade se sente mais segura 
termina por provocar verdadeiras distorções jurídicas, [...]. O Direito é 
responsável pelo equilíbrio da relação comportamento-poder, que só pode ser 
feita com a adequada interpretação da realidade social, criando normas que 
garantam a segurança das expectativas mediante sua eficácia e aceitabilidade, 
que compreendam e incorporem a mudança por meio de uma estrutura flexível 
que possa sustentá-la no tempo. Esta transformação nos leva ao Direito 
Digital. 
(PECK, 2016, p. 57) 
O Direito Cibernético (ou digital) incorpora características de vários 
ramos do Direito, como do direito civil, autoral, empresarial, contratual, 
econômico, consumerista, tributário, penal etc. Neste momento, no 
entanto, apresentamos algumas particularidades desse novo ramo: o 
tempo e o espaço. A questão do tempo diz respeito à necessidade de 
constante atualização das normas jurídicas, como forma de dar vazão 
às rápidas transformações digitais e da tecnologia. O espaço (ou 
territorialidade) no campo do direito digital merece a ponderação de se 
saber que a internet, por exemplo, está em todo lugar, de modo que é 
preciso a determinação do local da prática de eventual ato, dano ou 
daquele local onde as consequências serão suportadas. É tema 
tratado no art. 11 da Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet), que 
ainda será objeto de análise posterior, mais detalhada. 
Assim, em qualquer operação de coleta, armazenamento, guarda e 
tratamento de registros de dados pessoais ou de comunicações por 
provedores de conexão e de aplicações de internet em que pelo 
menos um desses atos ocorra em território nacional, deverão ser 
obrigatoriamente respeitados a legislação brasileira e os direitos à 
privacidade, à proteção dos dados pessoais e ao sigilo das 
comunicações privadas e dos registros. Quanto ao direito à 
informação e à liberdade de pensamento, vale a pena dizer que no 
Brasil não é autorizado o discurso de ódio (hate speech); igualmente, 
a proteção da informação também é elemento indispensável, 
especialmente na dimensão da privacidade e intimidade. 
 
Com efeito, a sociedade digital é comunitária; está em todo lugar e, 
potencialmente, ao acesso de todos. Trata-se de um processo da 
própria globalização. Logo, o Direito Digital é um direito comunitário 
por natureza. “É uma aldeia global conectada” (PECK, 2016, p. 113). 
No Brasil, no entanto, deve-se aplicar a legislação brasileira, 
notadamente os direitos e garantias fundamentais previstos na 
Constituição Federal. Aliás, vale destacar a Lei Geral de Proteção de 
Dados (LGDP), nº 13.709/2018, que dispõe sobre o tratamento de 
dados pessoais, inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou 
por pessoa jurídica de direito público ou privado, com o objetivo de 
proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o 
livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural. 
Vale ressaltar que: 
As leis do Direito Digital são as mesmas já existentes, totalmente válidas e 
aplicáveis: a Constituição Federal de 1988, o Código Civil, o Código de Defesa 
do Consumidor, o Código Penal etc. Há uma série de novas leis e projetos de 
lei que visam a atender a questões novas específicas do uso da tecnologia, 
referentes a pirataria de software, comércio eletrônico, direitos autorais, crimes 
eletrônicos, além de Regulamentações e Tratados Internacionais. Tudo isso 
compõe o quadro normativo do Direito Digital atual. 
(PECK, 2016, p. 613) 
A sociedade digital, ademais, trouxe um impacto significativo ao plano 
econômico. O maior fluxo no que se refere ao oferecimento de bens e 
serviços nos meios virtuais acelera o dinamismo dos negócios, 
carregando consigo desafios inerentes, relacionados à proteção da 
concorrência, à segurança das operações, à fiscalização por parte das 
instituições, empresas e Poder Público, acarretando a necessidade de 
se adotarem boas práticas nesse espaço mercantil digitalizado. 
 
No Brasil, por exemplo, seguindo a tendência mundial, há um sistema 
de proteção da livre concorrência e para a defesa da chamada 
Propriedade Industrial. Em verdade, o asseguramento de uma 
concorrência livre e fundamentada em atos de boa-fé é tema de suma 
importância, que não pode ser desprezado (e não é) pelo direito digital 
contemporâneo, "pois, como sabemos, quanto mais forte o 
competidor, mais posição dominante terá ele em relação aos demais e 
ao próprio mercado.” (SILVA, 2013, p. 32). Com efeito, “a concorrência 
desleal é hoje, sem sombra de dúvida, uma das mais importantes 
áreas de estudo no campo da Propriedade Industrial.” (SILVA, 2013, 
p. 19). 
Assim, a livre concorrência está em sintonia com outros relevantescontextos de proteção jurídica-estatal, como a liberdade de ofício 
(liberdade de trabalho) e a própria livre iniciativa. Todos esses temas 
estão previstos no texto da Constituição Federal brasileira (BRASIL, 
1988) e, na era digital, conformam-se às carências aparecidas, 
tutelando as práticas surgidas nos até então inéditos mecanismos de 
interação econômica (HOFFMANN-RIEM, 2020). 
Logo, a “concorrência desleal é todo e qualquer ato praticado por um 
industrial, comerciante ou prestador de serviço contra um concorrente 
direto ou indireto, ou mesmo um não concorrente, independentemente 
de dolo ou culpa” (SILVA, 2013, p. 60-61). E quais seriam os 
pressupostos para sua identificação? 
1) desnecessidade de dolo [intenção deliberada] ou fraude, bastando a culpa 
[negligência, imprudência ou imperícia] do agente; 2) desnecessidade de 
verificação de dano em concreto [o dano potencial é também considerado]; 3) 
necessidade de existência de colisão de interesses, consubstanciada na 
identidade de negócio e no posicionamento em um mesmo âmbito territorial; 4) 
necessidade de existência de clientela, mesmo em potencial, que se quer, 
indevidamente, captar; e, 5) ato ou procedimento suscetível de repreensão. 
(SILVA, 2013, p. 54) 
Desse modo, os atos de concorrência desleal consubstanciam-se, 
basicamente, em: 
 Emprego de meios com o intuito de gerar confusão nos 
consumidores entre estabelecimentos empresariais, bem como 
entre produtos e serviços. 
 Emprego de meios com a finalidade de prejudicar a reputação 
ou negócios. 
 Aliciamento de trabalhadores e, até mesmo, o uso do suborno 
(corrupção). 
 Publicização de segredos industriais ou negociais, com o intuito 
de prejudicar o direito industrial dos agentes econômicos. 
 Sistemática violação de acordos contratuais (SILVA, 2013). 
Perceba como o problema da concorrência desleal pode ser 
aumentado no mundo digital. Em um tempo em que os negócios e as 
informações se encontravam armazenadas em meios físicos, como o 
papel, pode-se dizer que os problemas de segurança eram 
relativamente simples. (TERADA, 2019). Com a tecnologia da 
informação, com a sociedade em rede, a estrutura de segurança 
mudou. 
Agora, há algoritmos criptografados que servem para esconder 
informações consideradas sigilosas ou confidenciais. A segurança se 
tornou muito mais sofisticada, é verdade, mas não podemos 
considerar que está completamente imune a ataques cibernéticos, a 
vazamentos, seja para fins econômicos, como no exemplo da 
concorrência desleal, seja para o cometimento de outras infrações. 
Assim, é possível visualizar a segurança cibernética "como um campo 
tão amplo quanto a própria segurança, o que diminui as fronteiras 
entre as iniciativas estatais e privadas e aumenta as necessidades de 
parcerias entre esses dois setores” (PECK, 2020, p. 44). 
Nesse contexto, em termos de legislação específica, além das normas 
jurídicas relacionadas à Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/1996), 
Propriedade Intelectual de Programa de Computador (Lei nº 
9.609/1998), Direitos Autorais (Lei nº 9.610/1998), há as disposições 
do Código Civil (Lei nº 10.406/2002), do Código de Defesa do 
Consumidor (Lei nº 8.078/1990), do Sistema Brasileiro de Defesa da 
Concorrência (Lei nº 12.529/2011). Há, também, o Marco Civil da 
Internet (Lei nº 12.965/2014) e a Lei Geral de Proteção de Dados 
Pessoais (Lei nº 13.709/2018). 
Aliás, no atinente à segurança, o art. 46 da LGPD indica que os 
agentes de tratamento de dados devem adotar medidas de segurança 
de natureza técnica e administrativa adequadas para a proteção de 
dados pessoais quanto a acessos não autorizados e para situações 
em que ocorram acidentes ou atos ilícitos, que importem na 
destruição, perda, alteração ou qualquer outra forma de tratamento 
prejudicial de dados (TEIXEIRA, 2020). 
O intuito da legislação é, com base no estabelecimento de direitos 
específicos, ligados àqueles direitos fundamentais de origem 
constitucional (como a dignidade, a liberdade, a privacidade etc.), 
firmar parâmetros objetivos que condicionem a boas práticas, no 
sentido de se buscarem as melhores técnicas disponíveis (PECK, 
2021). 
Como exemplo de boas práticas, os agentes poderão adotar política de 
privacidade interna, instituir canais de denúncia para a proteção de dados, 
promover ações educativas e treinamentos, criar manuais e planos para o caso 
de vazamento de dados, de forma a engajar todas as pessoas e setores de 
uma empresa para a política de proteção aos dados pessoais. 
(TEIXEIRA, 2020, p. 64) 
De tudo isso, você já pôde perceber que a proteção da informação é 
uma das preocupações centrais do direito digital e do assim chamado 
direito cibernético. Dados pessoais são informações de caráter 
importante para a pessoa, ou mesmo para a empresa. No plano 
virtual, passam a ser considerados como dados de alta 
vulnerabilidade, dada a rápida capacidade de disseminação e alcance 
em caso de vazamento ou invasão (PECK, 2020; BENTIVEGNA, 
2019). Dessa forma, “para que uma organização tenha uma boa 
postura em segurança da informação, é necessário implementar um 
Sistema de Gestão de Segurança da informação (SGSI).” (PECK, 
2020, p. 33). Esse sistema de gestão é altamente necessário para que 
ocorra o funcionamento adequado de uma empresa que lide com 
tratamento de dados pessoais – é até difícil de se imaginar uma 
empresa, atualmente, que não lide com esse tipo de informação. 
Salvo pequenos negócios, toda empresa que presta serviços, fornece 
bens ou utilidades, terá algum tipo de dado pessoal à sua disposição 
para tratamento, desde fornecedores e empregados, até clientes, 
consumidores, parceiros etc. 
A informação, por sua vez, é um conjunto de dados que, processados, ganham 
um significado; é também um ativo empresarial essencial para que o negócio 
se desenvolva, independentemente do ramo de atuação ou do tipo de objeto 
que a empresa negocia. Por conta disso, deve ser protegida de forma 
adequada e segura. Isso porque garantir a segurança das informações 
empresariais assegura a manutenção da competitividade e da lucratividade e a 
firmeza nas tomadas de decisões dentro da empresa, podendo ainda 
maximizar os retornos sobre os investimentos e as oportunidades relativas ao 
negócio. 
(PECK, 2020, p. 43) 
O sistema de proteção é também visto de um ponto de vista mais 
geral, enquanto acesso democrático e respeito ao direito fundamental 
da liberdade de expressão. No Brasil, existem limites à liberdade de 
expressão, à medida que, por exemplo, proíbe-se o chamado hate 
speech, isto é, os discursos de ódio, eivados de preconceito de todo 
gênero. A liberdade de expressão deve servir como um 
prolongamento da personalidade da pessoa, com respeito às diversas 
manifestações, às singularidades, como medida, aliás, de garantia de 
que o mundo virtual é acessível a todos, sendo algo verdadeiramente 
democrático, inclusivo, que favoreça as apetitividades individuais e 
coletivas, sempre à luz da boa-fé e da dignidade humana. 
A internet, o mundo virtual, cria seus próprios mecanismos de 
memória, fazendo esta se incorporar à vida coletiva enquanto tal. Na 
internet, as notícias (verdadeiras e falsas – fake news) são dissipadas 
em segundos. Vidas podem ser destruídas ou situações inexistentes 
podem ser estrategicamente criadas para favorecer ganhos pessoais 
e vantagens empresariais, ou seja, para favorecer o lucro de uns e de 
outros. De qualquer modo, é fato: a internet não nos deixa esquecer. 
Seja em relação ao vazamento de dados pessoais, empresariais, 
notícias falsas, até mesmo quanto aos boatos de todo tipo, o mundo 
virtual tem uma memória poderosa. O passado não fica para trás. 
“Esta memória social gerada pela internet garante que toda e qualquer 
informação compartilhada na rede esteja constantemente disponível” 
(FRAJHOF, 2019, p. 19). Neste sentido: 
É como se a primeira página do jornal de ontem, com a manchete 
perturbadora, a imagem constrangedora, com as chamadas para asprincipais 
notícias do dia [...] continuassem a ser a primeira página do jornal de todos os 
dias, acessível a qualquer momento e a qualquer tempo. Basta um clique, e 
menos de dez segundos, que qualquer conteúdo se torna acessível em uma 
pesquisa na internet. 
(FRAJHOF, 2019, p. 19) 
Em várias ocasiões é muito interessante permanecer em sintonia com 
o passado, como forma de se privilegiar o conhecimento público de 
informações relevantes. Pense na vida pregressa de um candidato a 
um cargo público, como um presidente ou um senador – certamente 
você perceberá a importância de informações, desde que relevantes. 
Por outro lado, há diversos casos em que a memória virtual perpetua 
violações a direitos, provocando danos de ordem moral e material de 
maneira ininterrupta. Em todos esses casos, ganha destaque o 
chamado Direito ao Esquecimento (Right to be Forgotten). 
EXEMPLIFICANDO 
Pense, por exemplo, quando há a notícia de que uma pessoa 
supostamente cometeu um crime. Imediatamente os meios de 
comunicação em massa entram em contato com a notícia, muitas 
vezes criando um cenário de culpa já formada. Ocorre que, no Brasil, 
ninguém pode ser considerado culpado até que o devido processo 
penal alcance o seu fim, o qual se dá apenas quando já se esgotaram 
todos os recursos possíveis aos Tribunais. Ordinariamente, até 
podemos questionar o sistema judicial que existe, porém não 
podemos alterar as coisas simplesmente porque isso nos parece o 
correto. Um relógio quebrado também acerta as horas duas vezes por 
dia. Neste sentido, se hoje o sistema pode gerar alguma impunidade 
(como poderíamos pensar) com relação a este ou aquele caso, que 
julgamos implacavelmente, amanhã esse mesmo sistema poderá ter 
como réu nós mesmos. E então, será que não iríamos querer uma real 
chance de defesa antes de sermos execrados publicamente? É 
preciso tomar cuidado com os discursos muito aguerridos. O sistema 
judicial nos protege de nós mesmos e, como foi construído ao longo 
de uma dura história de opressões e arbítrios, sem dúvida, o que há 
hoje é muito melhor do que havia há duzentos anos. 
Tudo o que é feito na internet é registrado e armazenado. A 
publicação de fotos, vídeos, por exemplo, torna público o que muitas 
vezes deveria ser apenas pessoal ou sigiloso. Todos têm, no entanto, 
direito de usar a internet e as redes sociais, como forma de se 
expressar e comunicar. Nesse quadro, o direito ao esquecimento se 
apresenta como um direito de governar o próprio patrimônio de 
memórias, permitindo que cada pessoa possa, até mesmo, se 
reinventar, mudar, transformar-se (FRAJHOF, 2019). 
A importância do direito ao esquecimento se verifica porque essa seria 
a maneira própria 
[…] que teria aquele que já foi legitimamente alvo de notícia a ser esquecido e 
“deixado em paz” pela perda de atualidade daquele fato que, embora já tenha 
sido do interesse público, hoje não tenha mais tal característica. 
(BENTIVEGNA, 2019, p. 263) 
No plano jurídico interno é preciso considerar a posição do Supremo 
Tribunal Federal (STF) acerca do direito ao esquecimento. Trata-se de 
um tribunal brasileiro de cúpula, que está no topo da hierarquia judicial 
do nosso país. Possui a competência constitucional de dar a última 
palavra em matéria jurídica, nos casos que tenham efetiva ou 
potencial influência nos temas tratados na Constituição Federal 
(BRASIL, 1988). Como o direito ao esquecimento diz respeito aos 
direitos fundamentais, sobretudo o da privacidade e da intimidade, o 
tribunal foi instado a se pronunciar sobre a matéria. 
Para o STF, o direito ao esquecimento é incompatível com a 
Constituição Federal (PECK, 2021), entendido este como direito de 
obstar (impedir), em virtude do transcurso do tempo, a divulgação de 
fatos ou dados, desde que verídicos e obtidos mediante o emprego de 
meios lícitos, quando publicados em meios de comunicação social. Os 
abusos e os eventuais excessos, sem dúvida, deverão ser analisados 
em cada caso, separadamente, sobretudo quando relativos à proteção 
da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade da pessoa, 
bem como nos casos específicos previstos na legislação penal e 
cível. 
Chegamos ao fim do nosso primeiro bloco de estudos, e ainda há 
muito o que se aprender e refletir. Vamos em frente! 
FAÇA VALER A PENA 
Questão 1 
A segurança da informação está intimamente ligada à proteção de 
dados pessoais, na medida em que (garantir que os dados pessoais 
do usuário não sejam destruídos, alterados, divulgados ou 
indevidamente acessados, em um mundo aberto como a internet) 
demanda razoável organização e medidas técnicas suficientes para o 
atendimento dessa finalidade. 
(Teixeira, 2020, p. 63) 
A proteção de dados está ligada aos avanços da tecnologia enquanto 
conjunto de situações que melhoram a utilidade prática da vida, a qual 
considera, em seu conceito, uma ideia de: 
a. Técnica, puramente. 
b. Técnica aplicada enquanto processo. 
c. Processo simples de mudança da vida. 
d. Técnica industrial complexa. 
e. Mudança natural da sociedade. 
Questão 2 
A concorrência desleal é um problema, uma verdadeira patologia no 
mundo da sociedade virtual. Isso ocorre porque, infelizmente, ficou 
muito fácil para empreendedores com objetivos escusos se utilizarem 
de práticas abusivas e que mascaram a realidade, com o objetivo de 
obtenção de lucros. É para isso que existe, no Brasil, um sistema 
jurídico e institucional de proteção da livre concorrência. 
 
A respeito da configuração de um ato de concorrência desleal, 
assinale a alternativa correta. 
a. Com a culpa, apenas, é possível caracterizar a concorrência 
desleal. 
b. Apenas a imprudência configura concorrência desleal. 
c. A concorrência desleal independe de dolo ou culpa. 
d. Apenas a negligência configura concorrência desleal. 
e. O dolo é necessário para a caracterização da concorrência desleal. 
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Questão 3 
O Supremo Tribunal Federal (STF) se debruçou sobre o tema do 
direito ao esquecimento, matéria de grande relevância para o campo 
do Direito Cibernético, porque gera impactos substanciais no modo de 
tratamento das informações veiculadas nos ambientes virtuais. Em 
que pesem críticas, compete ao STF proferir a última palavra em 
matéria constitucional. Afinal, isso foi feito. É preciso, agora, respeitar 
e aplicar sua decisão. 
 
Neste contexto, analise as afirmativas a seguir: 
I. O direito ao esquecimento é, de regra, incompatível com a 
Constituição, quanto à divulgação de fatos ou dados, desde que 
verídicos e obtidos por vias lícitas. 
II. O direito ao esquecimentoé, de regra, compatível com a 
Constituição, pois nenhuma memória é eterna e não devem sê-la, 
também, situações pelas quais as pessoas tenham se arrependido 
de passar. 
III. Embora incompatível com a Constituição, o direito ao 
esquecimento deve ser aplicado em casos específicos, isto é, 
quando houver abuso ou excesso quanto à divulgação de dados 
ou fatos, bem como em situações que envolverem graves 
violações a direitos fundamentais. 
Está correto o que se afirma em: 
a. I, apenas. 
b. II, apenas. 
c. III, apenas. 
d. I e II apenas. 
e. I e III apenas. 
REFERÊNCIAS 
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consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. 
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	CONVITE AO ESTUDO
	PRATICAR PARA APRENDER
	CONCEITO-CHAVE
	REFLITA
	ASSIMILE
	EXEMPLIFICANDO
	FAÇA VALER A PENA
	Questão 1
	a. Técnica, puramente.
	b. Técnica aplicada enquanto processo.
	c. Processo simples de mudança da vida.
	d. Técnica industrial complexa.
	e. Mudança natural da sociedade.
	Questão 2
	a. Com a culpa, apenas, é possível caracterizar a concorrência desleal.
	b. Apenas a imprudência configura concorrência desleal.
	c. A concorrência desleal independe de dolo ou culpa.
	d. Apenas a negligência configura concorrência desleal.
	e. O dolo é necessário para a caracterização da concorrênciadesleal.
	Questão 3
	a. I, apenas.
	b. II, apenas.
	c. III, apenas.
	d. I e II apenas.
	e. I e III apenas.
	REFERÊNCIAS

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