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Influência da energia de mistura e do pré-cisalhamento na caracterização reológica de pastas de cimento

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Autor Responsável: Renan Serralvo Campos Data de envio 17/08/2021 Data de aceite 23/05/2022
DOI: https://doi.org/10.1590/1517-7076-RMAT-2022-4580
Influência da energia de mistura e do pré-cisalhamento na 
 caracterização reológica de pastas de cimento
Influence of mixing energy and pre-shear on the rheological 
characterization of cement pastes
Renan Serralvo Campos1 , Helmer Murra Caetano1 , Geraldo de Freitas Maciel1
1Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira. Avenida Brasil, 
56, Centro, Ilha Solteira, SP, Brasil.
e-mail: renan.serralvo@unesp.br, helmer.murra@unesp.br, geraldo.f.maciel@unesp.br 
RESUMO
A análise do comportamento reológico pode englobar diferentes materiais, entre eles os cimentícios, como 
­pastas,­argamassas­e­concretos­que,­no­estado­fresco,­se­comportam­como­fluidos.­Em­geral,­o­controle­de­quali­
dade­destes­materiais­no­estado­fresco­é­efetuado­por­meio­de­ensaios­empíricos­que­visam­qualificar­proprie-
dades­como­consistência,­fluidez,­entre­outras.­Entretanto,­os­testes­empíricos­não­são­capazes­de­caracterizar­
completamente o comportamento reológico dos materiais cimentícios, sendo necessário para isto recorrer aos 
ensaios­reométricos,­nos­quais­é­possível­obter­os­parâmetros­reológicos­fundamentais­–­viscosidade­e­tensão­
limite­de­escoamento­–­desses­compósitos.­A­caracterização­reológica­dos­materiais­cimentícios­envolve­a­deter-
minação­de­parâmetros­reológicos­de­suspensões­complexas,­compostas­por­diversos­materiais­constituintes­que­
interagem entre si, sob o ponto de vista químico e físico. Outros fatores, tais como geometria do equipamento, 
temperatura,­energia­de­mistura,­protocolo­de­ensaio,­também­podem­influenciar­na­determinação­das­proprie-
dades­reológicas­desses­compósitos.­Nesse­sentido,­o­presente­estudo­procurou­avaliar­a­influência­da­energia­
de mistura e do pré-cisalhamento nas propriedades reológicas de pastas de cimento. Para tanto, foram estuda-
das­amostras­com­relações­água/cimento­iguais­a­0,40,­0,45,­0,50,­0,55,­0,60­e­0,65,­em­massa.­Dois­níveis­de­
energia­de­mistura­foram­empregados:­mistura­de­baixa­intensidade­(rotação­máxima­igual­a,­aproximadamente,­
270­rpm),­com­argamassadeira­planetária;­e­mistura­de­alta­intensidade­(rotação­máxima­igual­a,­aproximada-
mente,­12.000­rpm),­com­misturador­de­alto­cisalhamento.­Foram­instituídos­dois­protocolos­de­ensaio,­sendo­
um­com­pré­cisalhamento­nulo­(repouso­por­90­s­da­amostra­no­reômetro)­e­outro­com­aplicação­de­taxa­de­
deformação­constante­igual­a­100­s–1,­durante­60­s,­seguido­de­repouso­do­material­por­30­s.­Os­resultados­obti-
dos­indicaram­que­a­energia­de­mistura­e­o­pré­cisalhamento­influenciam­significativamente­o­comportamento­
reológico­das­pastas­de­cimento­com­maior­volume­de­sólidos­(relação­a/c­≤­0,45).
Palavras-chave:­Reologia;­Reometria;­Pasta­de­Cimento;­Energia­de­Mistura;­Pré­cisalhamento.­
ABSTRACT
The­analysis­of­rheological­behavior­can­encompass­different­materials,­including­cementitious­materials,­such­
as­pastes,­mortars­and­concretes,­which,­in­fresh­state,­behave­like­fluids.­In­general,­the­quality­control­of­these­
materials in fresh state is carried out through empirical tests that aim to qualify properties such as consistency, 
fluidity,­among­others.­However,­empirical­tests­are­not­able­to­completely­characterize­the­rheological­behav-
ior of cementitious materials, being necessary for this to carry out rheometric tests, in which it is possible to 
obtain the fundamental rheological parameters – viscosity and yield stress – of these composites. Rheological 
characterization­of­cementitious­materials­involves­the­determination­of­rheological­parameters­of­complex­sus-
pensions,­composed­of­different­constituent­materials­that­interact­with­each­other,­from­a­chemical­and­physical­
point­of­view.­Other­factors,­such­as­equipment­geometry,­temperature,­mixing­energy,­test­protocol,­can­also­
influence­the­determination­of­the­rheological­properties­of­these­composites.­In­this­sense,­the­aim­of­this­study­
is­to­evaluate­the­influence­of­mixing­energy­and­pre­shear­on­the­rheological­properties­of­cement­pastes.­For­
this­purpose,­samples­with­water/cement­ratios­equal­to­0.40,­0.45,­0.50,­0.55,­0.60­and­0.65­by­weight­were­
https://orcid.org/0000-0002-1319-3177
https://orcid.org/0000-0001-5374-2081
https://orcid.org/0000-0003-1272-9045
mailto:renan.serralvo@unesp.br
mailto:helmer.murra@unesp.br
mailto:geraldo.f.maciel@unesp.br
CAMPOS, R.S.; CAETANO, H.M.; MACIEL, G.F., revista Matéria, v.27, n.2, 2022
studied.­Two­levels­of­mixing­energy­were­used:­low­intensity­mixing­(maximum­rotation­equal­to,­approxi-
mately,­270­rpm),­with­a­planetary­mixer;­and­high­intensity­mixing­(maximum­rotation­equal­to,­approximately,­
12,000­rpm)­with­a­high­shear­mixer.­Two­test­protocols­were­established,­one­with­zero­pre­shear­(resting­for­
90­s­of­the­sample­in­the­rheometer)­and­the­other­with­application­of­a­constant­shear­rate­equal­to­100­s–1, 
for­60­s,­followed­by­rest­of­the­material­for­30­s.­The­results­indicated­that­the­mixing­energy­and­pre­shear­
significantly­influence­the­rheological­behavior­of­cement­pastes­with­higher­solids­volume­(w/c­ratio­≤­0.45).
Keywords:­Rheology;­Rheometry;­Cement­Paste;­Mixing­Energy;­Pre­Shear.
1. INTRODUÇÃO
Concretos­e­argamassas­podem­ser­definidos­como­materiais­de­natureza­multifásica,­compostos­por­uma­suspensão­
coloidal­ (pasta­ de­ cimento),­ pela­ fração­ granular­ (agregados)­ e­ pelo­ ar­ aprisionado.­Adições­minerais,­ aditivos­
químicos­e­fibras­podem­ser­empregados­a­fim­de­ressaltar­ou­inibir­determinadas­propriedades­destes­compósitos.
Para que os materiais cimentícios atendam aos requisitos de consistência, resistência e durabilidade que 
lhes­são­esperados,­em­função­de­sua­aplicação,­é­necessário­o­correto­proporcionamento­dos­materiais­cons­
tituintes, assim como o controle efetivo de suas propriedades nos estados fresco e endurecido. No entanto, o 
controle­de­qualidade­dos­compósitos­cimentícios­se­dá,­em­geral,­exclusivamente­no­estado­endurecido­por­
meio­de­ensaios­de­resistência­à­compressão­[1–3].
Tendo­em­vista­que­a­resistência­e­a­durabilidade­dos­materiais­cimentícios­são­seriamente­influenciadas­
pelo­grau­de­compactação,­é­de­extrema­importância­garantir­que­as­pastas,­argamassas­e­concretos­apresentem­
propriedades­adequadas­no­estado­fresco,­de­modo­a­serem­transportados,­lançados,­adensados­e­acabados­cor-
retamente,­sem­segregação­e/ou­exsudação­[4,­5].­
A­ caracterização­ dos­materiais­ à­ base­ de­ cimento­ no­ estado­ fresco­ é­ executada­ por­meio­ de­ ensaios­
empíricos­(abatimento­de­tronco­de­cone,­funil­V,­cone­de­Marsh,­caixa­L,­etc.),­que­têm­por­finalidade­qualificar­
propriedades como consistência, capacidade de escoamento, bombeabilidade, habilidade passante, entre outras, 
e­até­mesmo­inferir­algum­parâmetro­reológico­fundamental­–­viscosidade­e/ou­tensão­limite­de­escoamento­[6].­
Contudo,­os­testes­empíricos­não­são­capazes­de­caracterizar­completamente­o­comportamento­reológico­dos­
materiais cimentícios. Para tanto, é necessário recorrer aos ensaios reométricos, nos quais é possível obter os 
parâmetros­reológicos­fundamentais­destes­compósitos­[7].­
A­reologia­é­a­ciência­do­escoamento­e­da­deformação­da­matéria,­a­qual­concerne­o­estudo­das­interações­
entre­tensão­de­cisalhamento,­taxa­de­deformação­e­tempo­[8].­O­estudo­reológico­dos­materiais­cimentícios­
envolve­a­caracterização­de­uma­suspensão­complexa,­que­apresenta­partículas­de­grande­gama­de­tamanho­–­
desde­nanômetros­até­dezenas­de­milímetros­[9].­Além­disso,­a­reatividade­do­cimento­e­de­algumas­adições­
minerais­e­o­efeito­dos­aditivos­químicos,­tornam­a­determinação­das­propriedades­reológicas­desses­materiais­
ainda­mais­desafiadora.
O­entendimento­das­propriedades­reológicas­da­pasta­de­cimento­pode­prover­informações­importantes­
sobre­ sua­microestrutura­e­ interação­entre­ seus­componentes,­ sendo­essencial­para­a­completa­compreensão­do­comportamento­do­concreto­no­estado­fresco­[10,­11].­Nesse­sentido,­diversos­autores­[12–15]­consideram­
vantajoso conhecer as características reológicas das pastas de cimento antes de se discutir as propriedades 
reológicas do concreto. 
Os­parâmetros­reológicos­das­pastas­de­cimento,­em­regime­permanente,­são­obtidos­por­meio­de­cur-
vas­de­fluxo,­que­correlacionam­diversas­taxas­de­deformação­com­as­respectivas­tensões­de­cisalhamento,­ou­
vice­versa.­A­determinação­de­tais­curvas­é­efetuada,­em­geral,­por­meio­de­protocolos­de­ensaio­constituídos­de­
etapas­ascendente­e­descendente,­isto­é,­com­incremento­e­decréscimo­progressivo,­respectivamente,­da­taxa­de­
deformação­ou­da­tensão­de­cisalhamento­imposta,­em­um­determinado­intervalo­de­tempo.­As­variações­na­taxa­
de­deformação­ou­na­tensão­de­cisalhamento­podem­ser­efetuadas­de­modo­linear­ou­em­patamares,­nos­quais­
o­parâmetro­imposto­é­mantido­constante­durante­um­dado­tempo­[7].­Para­garantir­que­o­material­ensaiado­
apresente o mesmo histórico de cisalhamento e uniformidade, é usual empregar uma etapa precedente à curva 
ascendente,­conhecida­como­pré­cisalhamento,­que­consiste,­em­geral,­na­aplicação­de­uma­taxa­de­deformação­
(ou­tensão­de­cisalhamento)­constante­por­um­determinado­tempo,­seguida­por­um­curto­período­de­repouso­
do­material­[13,­16].­Os­ensaios­reológicos­costumam­ser­executados­em­condições­de­temperatura­e­umidade­
controladas,­exceto­quando­estes­fatores­são­as­variáveis­em­estudo­[7].­Usualmente,­o­tempo­decorrido­entre­o­
contato­da­água­com­o­aglomerante­e­os­ensaios­reométricos­é­fixado,­visando­a­análise­dos­compósitos­em­um­
mesmo­grau­de­hidratação.­
É­possível­encontrar­na­literatura­especializada­estudos­sobre­a­influência­de­diversos­fatores­no­com-
portamento­ reológico­ de­ suspensões­ cimentícias,­ tais­ como:­ ação­ dos­ aditivos­ químicos­ e­ adições­minerais­
CAMPOS, R.S.; CAETANO, H.M.; MACIEL, G.F., revista Matéria, v.27, n.2, 2022
[12–23];­temperatura­[21,­24,­25];­procedimento­e­energia­de­mistura­[26–31];­protocolo­e­instrumentação­de­
ensaio­­[31–33];­morfologia­dos­agregados­[34,­35],­entre­outros.­Entretanto,­tais­estudos,­em­sua­maioria,­se­
restringem­à­avaliação­de­uma­única­fase­dos­compósitos­cimentícios­(pasta,­argamassa­ou­concreto),­utilizam­
equipamentos­e­protocolos­de­ensaios­diversos­e,­dada­a­expressiva­variedade­de­materiais­constituintes,­com­
diferentes­composições­químicas­e­características­morfológicas,­as­comparações­entre­os­resultados­apresenta-
dos na literatura tornam-se quase impossíveis, sendo meramente especulativas
1.1. Referencial teórico
Muitos­fatores­podem­afetar­o­comportamento­reológico­dos­materiais­à­base­de­cimento,­no­entanto,­a­influên-
cia­da­energia­de­mistura­e­da­etapa­de­pré­cisalhamento­na­caracterização­ reológica­destes­materiais­ainda­
não­são­completamente­entendidas.­YANG­e­JENNINGS­[26]­estudaram­pastas­de­cimento­com­relação­água/
cimento­ (a/c)­ igual­ 0,37,­misturadas­manualmente­ durante­ 5­minutos,­ usando­ argamassadeira­ convencional­
(300­ rpm),­ por­ 5­minutos,­misturador­ de­ alta­ intensidade­ (3.000­ rpm)­por­ 1­minuto­ e­ uma­pasta­misturada­
manualmente­por­5­minutos,­produzida­com­cimento­peneirado­(peneira­150­µm).­Foi­observado­que­a­pasta­
misturada­manualmente­exibiu­os­maiores­picos­de­tensão­e­aquelas­misturadas­no­misturador­de­alta­inten-
sidade e manualmente com cimento peneirado, demonstraram comportamento similar, com os menores picos de 
tensão.­A­pasta­de­cimento­misturada­em­argamassadeira­exibiu­comportamento­intermediário­de­pico­de­tensão.­
Este­fato­pode­indicar­que,­peneirar­o­cimento­causa­a­separação­e­quebra­dos­aglomerados­formados­antes­do­
contato­do­cimento­com­a­água,­e­que­tais­aglomerados­contribuem­significativamente­para­o­comportamento­
reológico das pastas de cimento. Os autores observaram ainda que as pastas de cimento com maiores picos de 
tensão­exibiram­partículas­não­hidratadas­de­cimento­(visualização­por­meio­de­microscopia­eletrônica­de­varre-
dura),­demonstrando­que­não­houve­a­ruptura­das­partículas­de­cimento­aglomeradas­e­que­estas­permaneceram­
não­hidratadas,­sendo­potenciais­fontes­de­defeitos­microestruturais.
WILLIAMS,­SAAK­e­JENNINGS­[27]­avaliaram­a­influência­da­energia­de­mistura­em­pastas­de­cimento­
com­relação­a/c­igual­a­0,40,­na­qual­foram­empregados­diversos­métodos­de­mistura­–­manual,­argamassadeira­
planetária­(140­a­285­rpm)­e­alta­intensidade­(500,­1.500­e­2.500­rpm).­Os­autores­também­estudaram­uma­pasta­
de­cimento­extraída­de­um­concreto­sem­finos,­misturado­em­betoneira­(20­rpm).­Os­resultados­obtidos­demons­
traram que as áreas de histerese foram menores para as pastas de cimento misturadas com maior intensidade 
(1.500­e­2.500­rpm),­indicando­maior­grau­de­desestruturação­das­misturas.­As­pastas­de­cimento­misturadas­
manualmente­e­com­misturador­a­500­rpm­apresentaram­comportamento­similar,­exibindo­as­maiores­áreas­de­
histerese, enquanto aquelas misturadas em argamassadeira apresentaram comportamento intermediário entre as 
de­alta­intensidade­(1.500­e­2.500­rpm)­e­as­misturadas­a­mão­e­no­misturador­com­velocidade­de­500­rpm.­A­
pasta­de­cimento­extraída­do­concreto­sem­finos­apresentou­área­de­histerese­entre­as­das­pastas­misturadas­em­
alta­intensidade­(1.500­e­2.500­rpm),­o­que­sugere­ser­necessário­maior­nível­de­energia­de­mistura­do­que­o­
obtido por meio de uma argamassadeira convencional para simular o efeito do cisalhamento ao qual a pasta de 
cimento­será­submetida­quando­no­processo­de­produção­do­concreto.
Ao­estudar­pastas­de­cimento­com­relação­a/c­variando­de­0,32­a­0,39,­em­massa,­com­e­sem­superplasti-
ficante­e­com­emprego­dos­procedimentos­de­mistura­especificados­nas­normas­ASTM­C305­[36]­e­C1738­[37]­
e­com­a­extensão­destes­procedimentos­por­dois­minutos­adicionais­de­mistura,­em­velocidade­máxima,­HAN­e­
FERRON­[28]­verificaram­que­as­propriedades­reológicas­–­tensão­limite­de­escoamento­e­viscosidade­plástica,­
aumentaram com o incremento da energia e do tempo de mistura, sugerindo que as pastas sujeitas à maior cisa-
lhamento­apresentam­um­estado­microestrutural­de­maior­aglomeração.­Os­resultados­obtidos­contrastam­com­
o­verificado­por­outros­autores­[26,­27,­30].­HAN­e­FERRON­[28]­observaram­que­os­incrementos­nas­proprie-
dades­reológicas­foram­mais­pronunciados­nas­pastas­contendo­superplastificante,­o­que­pode­indicar­que­a­alta­
intensidade­de­mistura­afeta­a­adsorção­dos­polímeros­junto­à­superfície­das­partículas­de­cimento.­Por­meio­
dos ensaios de calorimetria observaram que as pastas preparadas conforme o procedimento de alta intensidade 
apresentaram­aceleração­na­cinética­de­hidratação,­em­comparação­com­aquelas­produzidas­segundo­o­procedi­
mento­de­norma­ASTM­C305­ [36].­Foi­verificado­que­as­pastas­preparadas­conforme­norma­ASTM­C1738­
[37]­apresentaram­condições­de­floculação,­enquanto­aquelas­preparadas­seguindo­a­norma­ASTM­C305­[36]­
aparentavam­equilíbrio­entre­os­estados­de­agregação/desagregação.
JIAO,­SHI­e­YUAN­[30]­investigaram­a­influência­da­cinza­volante­(em­substituição­a­25­e­50%­do­cimento)­
e­do­cisalhamento­contínuo­(1,­15­e­30­s–1)­nas­propriedades­reológicas­–­tixotropia,­viscosidade­­aparente­e­índice­
de­escoamento,­de­pastas­de­cimento­com­relação­água/aglomerante­igual­a­0,30­e­dosagem­de­superplastificante­
igual­a­0,20%.­O­processo­de­mistura­empregado­foi­de­baixa­intensidade,­similar­ao­prescrito­pela­norma­ASTM­
C305­[36],­e­o­procedimento­de­ensaio­reométrico­foi­constituído­por­uma­etapa­ascendente,­0­a­100­s–1,­por­90­s,­
uma­etapa­descendente,­100­a­0­s–1,­por­90­s,­seguido­por­cisalhamento­contínuo­(1,­15­e­30­s–1)­por­50­minutos,­
repouso­por­15­s,­e­repetição­das­etapas­ascendente­e­descendente­anteriormente­­descritas.­Os­resultados­obtidos­
CAMPOS, R.S.; CAETANO, H.M.; MACIEL, G.F., revista Matéria, v.27, n.2, 2022
indicaram­que­a­área­de­histerese­aumenta­conforme­o­tempo­de­hidratação­e­diminui­conforme­o­aumento­da­
intensidade do cisalhamento contínuo,ou seja, as pastas submetidas ao cisalhamento de 1 s–1 apresentaram áreas 
de­histerese­muito­superiores­àquelas­submetidas­ao­cisalhamento­de­15­ou­30­s–1. As pastas de cimento elaboradas 
com­cinzas­volantes­também­apresentaram­redução­na­área­de­histerese­em­comparação­com­a­pasta­de­referência.­
Os­autores­concluíram­que­as­maiores­taxas­de­cisalhamento­resultam­em­maior­grau­de­destruição­da­estrutura­
floculada­das­pastas­de­cimento­e­com­isso,­retardaram­a­evolução­da­tixotropia,­de­modo­que­aplicar­uma­taxa­
apropriada­de­cisalhamento­contínuo­e­adicionar­cinzas­volante­pode­ser­um­modo­efetivo­de­inibir­a­evolução­da­
estrutura­floculada­das­pastas­de­cimento,­e­assim,­manter­a­trabalhabilidade­do­concreto­fresco.
Ao­investigar­a­influência­do­método­de­mistura,­em­termos­de­tempo­de­mistura­–­60,­90,­180,­210­e­300­
s,­de­velocidade­de­rotação­–­320,­1.400,­2.000,­2.200­e­2.550­rpm­e­do­tempo­de­ensaio­–­imediatamente­após­o­
preparo­ou­após­340­s,­em­pastas­de­cimento­com­relação­a/c­igual­a­0,45,­por­meio­de­ensaios­de­mini­­abatimento­
de­Kantro­e­reometria,­RAUCCI­et al.­[38],­verificaram­que­quanto­maior­a­velocidade­de­rotação,­maior­foi­o­
espalhamento­das­misturas­e­menor­foi­o­coeficiente­de­variação.­Com­relação­ao­tempo­de­mistura,­os­autores­
verificaram­que­a­mistura­por­90­s­conduziu­a­maiores­diâmetros­de­espalhamento,­em­pastas­ensaiadas­imediata-
mente­após­a­produção,­para­as­velocidades­de­rotação­avaliadas­–­320,­1.400­e­2.550­rpm.­Nas­pastas­ensaiadas­
após­340­s,­foi­possível­observar­que­os­maiores­tempos­de­mistura­–­210­e­300­s,­levaram­a­maiores­diâmetros­
de­espalhamento,­para­as­velocidades­de­rotação­avaliadas­–­320,­1.400­e­2.550­rpm.­Verificaram­também­que,­as­
pastas­misturadas­em­maior­rotação­liberaram­e­acumularam­maior­calor­de­hidratação­do­que­aquelas­produzidas­
com­menor­rotação.­Os­autores­concluíram­que­velocidades­de­rotação­mais­elevadas­propiciaram­maior­ener-
gia­cinética­nas­partículas­de­cimento­e­aumentaram­a­probabilidade­de­colisões­que­destroem­os­aglomerados,­
levando à menor variabilidade nos resultados obtidos.
1.2. Objetivo
Tendo­em­vista­o­exposto,­torna­se­necessária­a­investigação­quantitativa­de­como­diversos­fatores­(composição,­
temperatura,­energia­de­mistura,­protocolo­e­instrumentação­de­ensaio,­entre­outros)­influenciam­na­caracteri-
zação­reológica­dos­materiais­cimentícios,­quais­deles­são­mais­influentes,­quais­são­mais­facilmente­controlados,­
de modo a conceber pastas, argamassas e concretos com as propriedades reológicas requeridas para sua adequada 
aplicação­e­acabamento,­sem­negligenciar­os­aspectos­de­resistência­e­durabilidade.­Nesse­sentido,­o­objetivo­
deste­estudo­foi­avaliar­a­influência­da­energia­de­mistura­e­do­pré­cisalhamento­na­determinação­dos­parâmetros­
reológicos­de­pastas­de­cimento,­sendo­estabelecidos­dois­métodos­de­mistura­baseados­nas­normas­ASTM­C305­
[36]­e­C1738­[37]­e­dois­protocolos­de­ensaio­reométrico,­com­pré­cisalhamento­nulo­e­igual­a­100­s–1. 
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1. Produção das pastas de cimento
As­pastas­de­cimento­estudadas­foram­produzidas­com­cimento­composto­CP­II­E­32,­que­apresentou­massa­especí-
fica­igual­a­2,982­g/cm³,­determinada­conforme­o­procedimento­da­NBR­16605­[39],­e­água­potável.­Neste­trabalho­
foram­estudadas­pastas­com­relação­água/cimento­(a/c)­iguais­a­0,40,­0,45,­0,50,­0,55,­0,60­e­0,65,­em­massa.­
O­procedimento­de­mistura­de­baixa­intensidade­foi­baseado­na­norma­ASTM­C305­[36]­e­executado­
com­argamassadeira­planetária­(vide­Figura­1­(a)),­sendo­sintetizado­a­seguir:­
• adicionar­toda­a­água­e­o­cimento­e­deixar­em­repouso­por­30s;
• misturar­por­30s­em­velocidade­baixa­–­182,1±17,4­rpm­(61,3±0,3­rpm,­em­movimento­planetário);
• efetuar­a­limpeza­da­cuba­e­da­pá­e­deixar­a­mistura­em­repouso­por­150­s;
• misturar­por­60s­em­velocidade­alta­–­268,5±15,0­rpm­(121,9±0,5­rpm,­em­movimento­planetário).­
O­procedimento­de­mistura­de­alta­intensidade­fez­uso­de­um­misturador­de­alto­cisalhamento­(Figura­1(b)),­
e­foi­concebido­com­base­na­norma­ASTM­C1738­[37],­sendo­a­seguir­detalhado:
• adicionar­o­cimento­e­a­água­e­homogeneizar­manualmente­durante­90­s;
• misturar­durante­30s,­partindo­se­do­repouso­até­a­velocidade­máxima­–­12.189,7±­36,7­rpm;­
• misturar­em­velocidade­máxima­por­mais­30­s;
• efetuar­a­limpeza­do­misturador­e­deixar­a­mistura­em­repouso­por­90­s;
• misturar­por­30s­em­velocidade­máxima­–­12.189,7±­36,7­rpm.­
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As­velocidades­de­rotação­foram­auferidas­com­um­tacômetro­digital­DT­2234C+­(limites­de­medição­–­2,5­
a­99.999­rpm,­acurácia­±0,05%),­e­os­valores­apresentados­correspondem­à­média­de­cinco­determinações.­É­
importante­destacar­que­o­procedimento­original­da­norma­ASTM­C305­[36]­foi­adaptado,­no­que­diz­respeito­
ao­tempo­de­repouso­da­mistura­(originalmente­este­tempo­é­15­s),­de­modo­que­os­dois­métodos­de­mistura­
possuíssem­o­mesmo­tempo­de­duração.
2.2. Ensaios reométricos e complementares
Para­a­realização­dos­ensaios­reométricos­foi­utilizado­um­reômetro­R/S Rheometer, da fabricante Brookfield 
Engineering Laboratories, Inc.,­com­controle­da­taxa­de­deformação­(Figura­2­(a)).­A­geometria­adotada­foi­
cilindros­coaxiais,­sendo­empregado­o­spindle­CC45,­com­as­seguintes­características:­raio­interno­igual­a­22,5­
mm;­raio­externo­(copo)­igual­a­24,4­mm;­volume­de­amostra­de­100­ml.­Os­limites­nominais­de­medição­da­
geometria­escolhida­são:­taxa­de­deformação,­de­0­a­1291­s–1;­tensão­de­cisalhamento,­de­0­a­195,8­Pa;­viscosi­
dade,­de­0,02­a­15­Pa.s.
A­fim­de­avaliar­a­influência­do­pré­cisalhamento­na­determinação­das­propriedades­reológicas­das­pastas­
de­cimento,­foram­instituídos­dois­protocolos­de­ensaio,­sendo­um­com­pré­cisalhamento­nulo­(repouso­por­90­s­
da­amostra­no­reômetro)­e­outro­com­aplicação­de­taxa­de­deformação­constante­de­100­s–1,­durante­60­s,­seguido­
de­repouso­do­material­por­30­s.­A­determinação­das­curvas­de­fluxo­se­deu­por­meio­de­uma­curva­ascendente­de­
0­a­100­s–1,­em­cinco­etapas,­com­duração­de­32­s­cada­etapa,­seguido­pela­curva­descendente­de­100­a­0­s–1, em 
cinco­etapas,­com­duração­de­32­s­cada­etapa.­A­aplicação­do­cisalhamento­em­patamares­se­justifica­por­propi-
ciar­que­a­amostra­ensaiada­tenha­mais­tempo­para­alcançar­o­estado­de­equilíbrio,­produzindo­resultados­mais­
reprodutíveis­[33].­As­representações­gráficas­dos­protocolos­de­ensaio­adotados­constam­na­Figura­2­(b)­e­(c).
Para­fins­de­controle­qualitativo,­simultaneamente­aos­ensaios­reométricos,­foram­avaliados­o­abatimento­
e­espalhamento,­por­meio­de­mini­tronco­de­cone,­com­dimensões­iguais­a­100x70x60­mm­(diâmetro­inferior­
x­diâmetro­superior­x­altura),­conforme­proposto­por­OKAMURA­e­OUCHI­[40],­a­massa­específica­e­o­pH­
(pHmetro­de­bancada­Hanna­pH21,­ limites­de­medição­–­0,00­a­14,00­pH,­acurácia­±0,02­pH)­das­pastas­de­
cimento­produzidas.­Todos­os­ensaios­foram­realizados­em­quadruplicata,­em­ambiente­controlado,­com­tempera-
tura­de­26,1±1,7­ºC­e­umidade­relativa­de­44,6±5,4%,­e­após­dez­minutos­do­contato­da­água­com­o­cimento.­As­
amostras­são­identificadas­por­meio­da­relação­a/c­(0,40,­0,45,­0,50,­0,55,­0,60­ou­0,65),­da­energia­de­mistura­e­
do­pré­cisalhamento­empregados­sendo­adotados­os­seguintes­códigos:­ARG000,­ARG100,­MIS000­e­MIS100,­
em­que­ARG­representa­as­amostras­misturadas­em­argamassadeira,­MIS­àquelas­produzidas­no­misturador­de­
alto­cisalhamento­e­000­e­100­representam­o­pré­cisalhamento­aplicado,­nulo­ou­100­s–1, respectivamente. 
2.3. Processamento dos dados e análise
Os­resultados­obtidos­foram­analisados­por­meio­de­estatística­descritiva­e­por­análise­de­variância­(ANOVA),­
com­aplicação­do­teste­de­Tukey­com­nível­de­significância­de­95%.­As­análises­estatísticas­foram­executadas­
com­auxílio­do­software Minitab 17.
Figura 1:­Misturadores­utilizados:­(a)­argamassadeira­convencional,­(b)­misturador­de­alto­cisalhamento­e­(c)­detalhes­da­
pá­da­argamassadeira­(superior)­e­da­hélice­do­misturador­(inferior).CAMPOS, R.S.; CAETANO, H.M.; MACIEL, G.F., revista Matéria, v.27, n.2, 2022
3. RESULTADOS 
3.1. Ensaios de controle da qualidade
A­fim­de­avaliar­o­controle­de­qualidade­na­produção­das­pastas­de­cimento,­foram­executados­ensaios­comple-
mentares­que­mediram­a­massa­específica­(Figura­3­(a)),­o­pH­(Figura­3­(b)),­o­abatimento­(Figura­4­(a))­e­o­
espalhamento­(Figura­4(b)).­
Ao­analisar­a­massa­específica,­nota­se­que­houve­decréscimo­conforme­o­incremento­da­relação­a/c,­em­
virtude­da­redução­do­volume­de­sólidos­da­mistura.­De­modo­geral,­as­pastas­confeccionadas­no­misturador­de­
alto­cisalhamento­apresentaram­massa­específica­ligeiramente­inferior­àquela­verificada­para­as­pastas­mistura-
das­em­argamassadeira.­No­entanto,­para­uma­mesma­relação­a/c,­não­foi­possível­distinguir­estatisticamente­
as­pastas­de­cimento­misturadas­com­baixa­energia­de­mistura­com­aquelas­submetidas­à­alta­intensidade­de­
mistura.­Os­coeficientes­de­variação­obtidos­para­as­amostras­produzidas­na­argamassadeira­variaram­entre­0,30­
e­0,64%,­ao­passo­que­para­as­pastas­confeccionadas­no­misturador­de­alto­cisalhamento­foram­de­0,20­a­0,82%.­
As­pastas­de­cimento­estudadas­apresentaram­pH­condizente­com­o­esperado,­entre­12,5­e­13,5­[4,­5].­
Nota­se­que­as­amostras­misturadas­em­argamassadeira­exibiram,­em­média,­pH­ligeiramente­inferior­àquelas­
produzidas­com­misturador­de­alto­cisalhamento,­no­entanto,­as­diferenças­observadas­não­foram­estatisticamente­
 
Figura 2:­(a)­Reômetro­R/S­Rheometer,­(b)­e­(c)­protocolos­de­ensaio­reométrico­adotados,­com­pré­cisalhamento­igual­a­
100­s-1 e nulo, respectivamente.
Figura 3:­Propriedades­físico­químicas:­(a)­massa­específica­e­(b)­pH.
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significativas,­considerando­misturas­com­a­mesma­relação­a/c.­O­teor­de­água­nas­misturas­também­não­influ-
enciou­significativamente­o­pH­das­amostras.­Os­coeficientes­de­variação­das­pastas­de­cimento­produzidas­com­
menor­energia­de­mistura­estiveram­entre­0,47­e­1,32%,­e­para­aquelas­misturadas­com­alta­intensidade­foram­de­
2,08­a­2,47%.­­
No­que­tange­ao­abatimento­e­ao­espalhamento,­verifica­se­que­as­pastas­produzidas­no­misturador­de­alto­
cisalhamento­apresentaram­valores­maiores­para­estes­parâmetros,­em­especial­para­as­relações­a/c­menores,­em­
comparação­com­as­pastas­produzidas­em­argamassadeira.­Com­relação­ao­abatimento,­observa­se­evolução­não­
linear­desta­propriedade­conforme­o­incremento­do­teor­de­água­nas­misturas,­sendo­que­para­relações­a/c­≥­0,50,­
há­tendência­de­manutenção­do­abatimento,­o­que­pode­sugerir­um­valor­limite­para­esta­propriedade,­bem­como,­
constituir­um­limitante­para­a­aplicabilidade­deste­ensaio,­o­que­corrobora­com­a­tese­de­que,­para­a­avaliação­de­
misturas­mais­fluidas,­o­emprego­de­ensaios­que­medem­o­espalhamento­é­mais­adequado.­As­pastas­de­cimento­
produzidas­com­maior­energia­de­mistura­tenderam­a­apresentar­maior­variação­nos­resultados­de­abatimento,­
com­coeficientes­de­variação­entre­2,10­e­7,34%,­enquanto­aquelas­misturadas­em­argamassadeira­apresentaram­
coeficientes­de­variação­de­0,61­a­2,31%.­
No­ que­ diz­ respeito­ ao­ espalhamento,­ nota­se­ o­ crescimento­ linear­ desta­ propriedade­ consoante­ o­
acréscimo­do­teor­de­água­nas­misturas.­Novamente,­as­pastas­de­cimento­produzidas­no­misturador­de­alto­cisa­
lhamento­apresentaram­maior­variabilidade,­sendo­os­coeficientes­de­variação­observados­entre­2,07­e­10,78%,­
contra­0,51­a­2,22%­referentes­às­pastas­confeccionadas­em­argamassadeira.­Tendo­em­vista­os­coeficientes­
de­variação­observados,­entende­se­que­os­experimentos­foram­executados­de­modo­controlado.­Por­meio­de­
análise de variância foi possível determinar que há amostras que apresentaram abatimento ou espalhamento 
estatisticamente­igual,­conforme­sumarizado­na­Tabela­1.
É­possível­notar­que­a­energia­de­mistura­possui­influência­significativa­na­determinação­do­abatimento­
das­misturas­com­menor­relação­a/c­–­0,40­e­0,45,­sendo­indiferente­para­as­pastas­de­cimento­confeccionadas­
com­maior­teor­de­água.­Este­fato­reforça­a­ideia­de­que­o­ensaio­de­abatimento­possui­limitações,­em­especial­
diante­de­misturas­mais­fluidas.­No­que­diz­respeito­ao­espalhamento,­a­energia­de­mistura­não­foi­significativa­
somente­para­as­pastas­de­cimento­com­relação­a/c­igual­a­0,65.­
Figura 4:­Ensaio­de­mini­abatimento­de­tronco­de­cone:­(a)­abatimento­e­(b)­espalhamento.
Tabela 1:­Agrupamento­dos­resultados­do­teste­de­Tukey,­para­os­ensaios­de­abatimento­e­espalhamento,­com­relação­a­
energia de mistura empregada.
RELAÇÃO 
ÁGUA/CIMENTO
ABATIMENTO ESPALHAMENTO
ARGAMASSADEIRA MISTURADOR ARGAMASSADEIRA MISTURADOR
0,40 A B A B
0,45 C D C D
0,50 E E | F E F
0,55 E | F F | G G H
0,60 F | G G I J
0,65 G G K K
Para­cada­ensaio,­as­amostras­que­não­compartilham­a­mesma­letra­são­significativamente­diferentes.
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3.2. Curvas de fluxo e modelo reológico
As­curvas­de­fluxo­para­as­pastas­de­cimento­com­relação­a/c­igual­a­0,40­são­representadas­na­Figura­5.­Por­lim-
itação­de­espaço,­as­demais­curvas­de­fluxo­não­são­apresentadas,­no­entanto,­salienta­se­que­o­comportamento­
reológico­exibido­por­elas­é­similar­ao­exibido­pelas­curvas­de­fluxo­da­Figura­5,­guardadas­as­devidas­proporções­
no­que­diz­respeito­aos­níveis­de­tensão­de­cisalhamento­medidos.­Para­a­máxima­taxa­de­deformação­empregada­
(100­s–1),­a­tensão­de­cisalhamento­média­para­as­amostras­produzidas­em­argamassadeira­e­com­pré­cisalhamento­
nulo­foi­de­48,24,­25,40,­13,89,­9,10­e­5,65­Pa,­para­as­relações­a/c­iguais­a­0,45,­0,50,­0,55,­0,60­e­0,65,­respecti-
vamente.­No­caso­de­pré­cisalhamento­igual­a­100­s–1,­este­parâmetro­variou­entre­43,45­e­5,12­Pa,­para­amostras­
com­relação­a/c­iguais­a­0,45­e­0,65,­nesta­ordem.­Com­emprego­de­misturador­de­alta­intensidade­de­mistura­e­para­
pré­cisalhamento­nulo,­os­valores­médios­de­tensão­de­cisalhamento­observados­foram­33,62,­18,03,­10,93,­7,77­
e­5,00­Pa,­para­relações­a/c­iguais­a­0,45,­0,50,­0,55,­0,60­e­0,65,­respectivamente.­Para­o­mesmo­nível­de­energia­
de­mistura,­quando­empregado­protocolo­de­ensaio­com­pré­cisalhamento­igual­a­100­s–1,­a­tensão­de­cisalhamento­
média­variou­entre­30,94­e­5,20­Pa,­para­pastas­de­cimento­com­relação­a/c­igual­a­0,45­e­0,65,­nesta­ordem.­­­
Ao­analisar­os­dados­da­Figura­5,­verifica­se­que­as­pastas­de­cimento­produzidas­exibiram­comportamento­
pseudoplástico­com­tensão­limite­de­escoamento.­Desta­maneira,­optou­se­por­utilizar­os­modelos­reológicos­de­
Herschel­Bulkley­(Equação­1)­e­de­Bingham­modificado­(Equação­2)­para­a­obtenção­dos­parâmetros­reológicos.­
 t = t0­+­kng
.n­ (1)
 t = t0­+­mPg
. + cg.2­ (2)
Em que: t­é­a­tensão­de­cisalhamento­(Pa);­t0­é­a­tensão­limite­de­escoamento­(Pa);­kn é o índice de con-
sistência­(Pa.sn);­g.­é­a­taxa­de­deformação­(s–1);­n­é­o­índice­de­escoamento­(adimensional);­mP é a viscosidade 
plástica­(Pa.s)­e­c­é­uma­constante­de­ajuste,­sem­significado­físico.­No­modelo­de­Herschel­Bulkley­(Equação­1),­
Figura 5:­Curvas­de­fluxo­para­as­pastas­de­cimento­com­relação­a/c­igual­a­0,40:­(a)­ARG000,­(b)­ARG100,­(c)­MIS000­e­
(d)­MIS100.
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os­índices­de­consistência­e­de­escoamento­estão­intimamente­relacionados,­sendo­o­primeiro­associado­à­viscosi­
dade, e o segundo indicativo de comportamento pseudoplástico quando n < 1, ou dilatante, para n < 1.
Ao­efetuar­o­ajuste­dos­dados­aos­modelos,­verificou­se­que­modelo­de­Bingham­modificado­não­apre-
sentou­boa­aderência­aos­dados­experimentais­observados­(R²­entre­0,9981­e­0,8424),­sendo­os­coeficientes­de­
correlação­mais­baixos­consoante­o­ incremento­na­relação­a/c.­Deste­modo,­os­parâmetros­reológicos­foram­
obtidos­por­meio­do­modelo­de­Herschel­Bulkley­(R²­entre­0,9999­e­0,9924).
3.3. Parâmetros reológicos
Na­literatura,­os­modelos­reológicos­são­ajustados,­em­geral,­somente­com­dados­da­curva­descendente,­pois,­conforme­verificado­por­[33,­41],­os­resultados­nessa­etapa­são­mais­consistentes­e­reprodutíveis.­Tendo­em­vista­
este­fato,­os­dados­apresentados­a­seguir­(Figuras­6–9)­são­referentes­às­curvas­descendentes.
Com­relação­à­influência­do­pré­cisalhamento­na­determinação­da­tensão­limite­de­escoamento­(Figura­6),­
é­possível­notar­que,­independente­da­energia­de­mistura,­as­pastas­de­cimento­com­menor­relação­a/c­(0,40)­­
apresentaram­as­maiores­discrepâncias­em­comparação­com­as­demais,­sendo­a­tensão­limite­de­escoamento­
daquelas­ ensaiadas­ com­protocolo­ de­ pré­cisalhamento­ nulo­ 1,50­ e­ 2,57­ vezes­ superiores­ àquelas­ com­pré­­
cisalhamento­a­100­s–1,­para­as­energias­de­mistura­baixa­(argamassadeira)­e­alta­(misturador­de­alto­cisalha-
mento),­respectivamente.­No­que­tange­à­variação­da­energia­de­mistura,­ao­comparar­misturas­ensaiadas­com­o­
mesmo­protocolo­de­ensaio,­foi­possível­verificar­que­aquelas­produzidas­com­o­misturador­de­alto­cisalhamento­
apresentaram­menor­tensão­limite­de­escoamento­do­que­as­produzidas­com­argamassadeira,­para­as­relações­
a/c­≤­0,45.­Nos­demais­casos,­a­energia­de­mistura­pareceu­não­influenciar­a­tensão­limite­de­escoamento­das­
pastas­de­cimento­ensaiadas.­Os­coeficientes­de­variação­obtidos­para­as­amostras­produzidas­foram­entre­1,88­e­
7,81%,­para­ARG000,­7,49­e­15,09%,­para­ARG100,­0,72­a­16,27%,­para­MIS000,­1,84­e­25,32%,­para­MIS100.­
Registra-se que não­foi­possível­estabelecer­uma­relação­clara­de­variação­da­tensão­limite­de­escoamento­com­
o teor de água das misturas, no entanto, foi­possível­verificar­que­este­parâmetro­tende­a­diminuir­conforme­o­
aumento­da­relação­a/c.­­
Figura 6:­Tensão­limite­de­escoamento:­(a)­pastas­produzidas­na­argamassadeira­e­(b)­pastas­produzidas­no­misturador­de­
alta intensidade de cisalhamento.
Figura 7:­ Índice­de­consistência:­(a)­pastas­produzidas­na­argamassadeira­e­(b)­pastas­produzidas­no­misturador­de­alta­
intensidade de cisalhamento.
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No­que­concerne­ao­índice­de­consistência­(Figura­7),­que­é­um­parâmetro­reológico­associado­à vis-
cosidade­das­misturas,­pode­se­verificar­que,­para­relações­a/c­≥­0,45,­o­pré­cisalhamento­pareceu­não­exercer­
influência­significativa.­Diferente­do­constatado­para­a­tensão­limite­de­escoamento,­para­pastas­com­relação­a/c­
igual­a­0,40,­o­índice­de­consistência­das­misturas­ensaiadas­com­o­protocolo­de­ensaio­com­pré­cisalhamento­
igual­a­100­s–1­foi­superior­ao­obtido­para­aquelas­com­pré­cisalhamento­nulo.­No­que­diz­respeito­à energia de 
mistura,­esta­pareceu­ser­influente­para­as­relações­a/c­≤­0,45,­sendo­que­as­pastas­produzidas­no­misturador­de­
alto cisalhamento apresentaram índices de consistência maiores. Em geral, nota-se que o índice de consistência 
tende a decrescer conforme o incremento no teor de água das misturas, independente da energia de mistura 
empregada,­ no­ entanto,­ esta­ tendência­ não­ pode­ ser­ observada­ nas­misturas­ com­menor­ relação­ a/c­ (0,40),­
ensaiadas­ com­protocolo­de­ ensaio­ com­pré­cisalhamento­nulo.­Os­ coeficientes­de­variação­obtidos­para­ as­
amostras­produzidas­foram­entre­4,85­e­10,84%,­para­ARG000,­1,64­e­10,92%,­para­ARG100,­5,34­e­28,22%,­
para­MIS000­e­4,76­e­17,25%,­para­MIS100.­
No­que­tange­ao­índice­de­escoamento­(Figura­8),­pode­se­notar­que­o­comportamento­foi­bastante­simi­
lar­para­as­amostras­ensaiadas­com­pré­cisalhamento­nulo­e­a­100­s–1,­exceto­para­as­pastas­de­cimento­com­
relação­a/c­igual­a­0,40,­em­que­o­protocolo­com­pré­cisalhamento­nulo­levou­a­maiores­índices­de­escoamento,­
independente­da­energia­de­mistura­empregada.­No­que­concerne­à­influência­da­energia­de­mistura,­nota­se­que­
os­maiores­índices­de­escoamento­foram­obtidos­para­as­pastas­produzidas­em­argamassadeira,­independente­da­
relação­a/c­e­do­pré­cisalhamento­empregado.­Em­todos­os­casos,­o­índice­de­escoamento­decresceu­consoante­o­
aumento­da­relação­a/c.­Os­coeficientes­de­variação­para­este­parâmetro­foram­entre­1,30­e­4,11%­para­ARG000,­
0,34­e­6,11%,­para­ARG100,­0,96­e­11,52%­para­MIS000­e­2,75­e­7,50%­para­MIS100.
A­fim­de­verificar­se­as­diferenças­constatadas­para­os­parâmetros­reológicos­das­diferentes­amostras­
avaliadas­ foram­ estatisticamente­ relevantes,­ foi­ executada­ análise­ de­ variância,­ sendo­ os­ resultados­ obtidos­
sumarizados­na­Tabela­2.
Por­meio­da­análise­estatística,­foi­possível­verificar­que,­para­a­tensão­limite­de­escoamento­e­para­o­
índice­de­consistência,­as­amostras­com­relação­a/c­iguais­a­0,40­e­0,45,­em­geral,­são­estatisticamente­­diferentes,­
Figura 8:­ Índice­de­escoamento:­ (a)­pastas­produzidas­na­argamassadeira­e­ (b)­pastas­produzidas­no­misturador­de­alta­
intensidade de cisalhamento.
Figura 9:­Viscosidade­aparente­para­g
.
­igual­a­10­s-1:­(a)­pastas­produzidas­na­argamassadeira­e­(b)­pastas­produzidas­no­
misturador de alta intensidade de cisalhamento.
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consoante­a­energia­de­mistura­e/ou­o­pré­cisalhamento­empregados,­ao­passo­que­as­demais­pastas­de­cimento­
estudadas­são­estatisticamente­iguais.­No­caso­do­índice­de­escoamento,­a­energia­de­mistura­e/ou­o­pré­cisa­
lhamento­exerceram­influência­significativa­para­todas­as­relações­a/c­estudadas.­Tais­resultados­sugerem­que­
a­menor­variabilidade­constatada­para­o­índice­de­escoamento­fez­com­que­houvesse­diferenciação­estatística­
mais­clara­do­que­para­os­parâmetros­reológicos­com­maior­variabilidade­–­tensão­limite­de­escoamento­e­índice­
de consistência. 
Em­função­do­comportamento­reológico­exibido­pelas­pastas­de­cimento­(pseudoplástico­com­tensão­
limite­de­escoamento)­e­do­ajuste­das­curvas­de­fluxo­promovido­por­meio­do­modelo­de­Herschel­Bulkley,­
não­é­possível­obter­um­valor­único­(ou­absoluto)­de­viscosidade­para­as­amostras­ensaiadas,­uma­vez­que­essa­
propriedade­varia­conforme­a­taxa­de­deformação.­Deste­modo,­a­avaliação­possível­é­por­meio­da­viscosidade­
aparente­exibida­pelas­amostras­para­uma­dada­taxa­de­deformação.­Nesse­sentido,­FERRARA­et al.­[42]­apon-
tam­que,­durante­o­lançamento­do­concreto,­a­taxa­de­deformação­varia­entre­1­e­10­s–1. Segundo FERRARIS & 
GAIDIS­[43]­as­pastas­de­cimento­experimentam­taxas­de­deformação­entre­10­e­20­s–1­quando­do­lançamento­
do­concreto.­Sendo­assim,­parece­ser­razoável­considerar­a­taxa­de­deformação­igual­a­10­s–1­para­a­avaliação­da­
viscosidade­aparente­das­pastas­de­cimento­produzidas­(Figura­9).
Ao­analisar­os­dados­constantes­na­Figura­9,­verifica­se­que­a­viscosidade­aparente­das­misturas­decres-
ceu consoante o aumento do teor de água das misturas, fato este já esperado. Importante salientar que a energia 
de­mistura­e­o­pré­cisalhamento­empregados­pareceram­não­influenciar­significativamente­a­viscosidade­apa­
rente das misturas.
Além dos parâmetros reológicos, outra maneira de avaliar o comportamento dos materiais à base de 
cimento­é­por­meio­da­área­de­histerese,­que­é­um­indicativo­do­comportamento­tixotrópico­destes­materiais.­
Durante­o­processo­de­mistura­e­de­ensaio­reométrico,­os­fenômenos­de­agregação­e­desagregação­coexistem­
simultaneamente nos materiais cimentícios e, por conta disso, devido ao fato de que o cisalhamento aplicado 
durante­os­ensaios­reológicos­não­é­capaz­de­quebrar­totalmente­a­estrutura­aglomerada,­as­curvas­ascendente­
e­descendente­não­se­superpõem,­e­uma­área­entre­elas­pode­ser­observada­(área­de­histerese).­Esta­área­é­um­
indicativo­do­comportamento­ tixotrópico­das­pastas­de­cimento­ [27,­30].­Deste­modo,­ as­ áreas­de­histerese­
médias­são­apresentadas­na­Figura­10.
Independente da energia de mistura, as pastas ensaiadas por meio do protocolo com pré-cisalhamento 
nulo­apresentaram,­em­média,­as­maiores­áreas­de­histerese,­em­comparação­com­aquelas­ensaiadas­com­pré­­
cisalhamento­ igual­a­100­s–1. A área de histerese pareceu decrescer conforme o aumento do teor de água da 
mistura,­ no­ entanto,­ para­ relações­ a/c­≥­0,50­ é­possível­notar­ a­ existência­de­um­patamar,­ com­as­áreas de 
histerese­tendendo­a­zero,­sendo­importante­salientar­que em algumas amostras foi possível observar comporta-
mento­ligeiramente­reopético.­O­comportamento­reopético­ou­anti­tixotrópico­é­indicado­pela­área­de­­histerese­
Tabela 2: Agrupamento dos resultados do teste de Tukey para os parâmetros reológicos, considerando a energia de mistura 
e o pré-cisalhamento.
PARÂMETRO 
REOLÓGICO
ENERGIA DE
MISTURA
PRÉ- 
CISALHAMENTO
RELAÇÃO ÁGUA/CIMENTO
0,40 0,45 0,50 0,55 0,60 0,65
Tensão­limite­de­
escoamento
Argamassadeira 0 A A A A A | B A
100 B A A | B A B A
Misturador 0 B B B A A A
100 C B A | B A B A
Índice de
consistência
Argamassadeira 0 A A A A | B A A
100 A A A B A A
Misturador 0 A B A A | B A A
100 B B A A A A
Índice de
escoamento
Argamassadeira 0 A A A A A A
100 A B A A B A
Misturador 0 A C B B C A | B
100 B C B B C B
Para­cada­parâmetro­reológico­e­relação­a/c,­as­amostras­que­não­compartilham­a­mesma­letra­são­significativamente­
diferentes.
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­negativa­e­corresponde­a­inversão­entre­as­curvas­de­fluxo­descendente­e­ascendente,­ou­seja,­os­níveis­de­tensão­
de­cisalhamento­verificados­para­uma­mesma­taxa­de­deformação­são­superiores­para­a­curva­ascendente­em­
relação­ a­ contraparte­ descendente­ (comportamento­ inverso­ ao­ ilustrado­ na­Figura­ 5).­ Somente­ as­ pastas­ de­
cimento­ ensaiadas­ com­protocolo­ de­ ensaio­ com­pré­cisalhamento­ igual­ a­ 100­ s–1­ exibiram­comportamento­
fracamente reopético, independente da energia de mistura empregada. Para as pastas misturadas em argamassa-
deira,­este­comportamento­foi­verificado­a­partir­da­relação­a/c­≥­0,50,­e­para­as­aquelas­produzidas­em­mistura-
dor­de­alto­cisalhamento,­a­partir­da­relação­a/c­≥­0,45.­
Por­meio­da­análise­de­variância­foi­verificado­que­as­amostras­são­estatisticamente­diferentes,­conforme­
sintetizado­na­Tabela­3.
As­análises­estatísticas­demonstraram,­em­geral,­que­a­área­de­histerese­variou­de­maneira­significativa­
para­pastas­de­cimento­com­relações­a/c­≤­0,45,­independente­da­energia­de­mistura­ou­do­protocolo­de­ensaio­
empregado.­Esta­observação­reforça­o­verificado­para­os­demais­parâmetros­reológicos,­ou­seja,­que­somente­
para­as­pastas­de­cimento­com­maior­teor­de­sólidos­há­influência­significativa­da­energia­de­mistura­e/ou­do­
pré-cisalhamento.
4. DISCUSSÃO
A­ligeira­redução­de­massa­específica­exibida­pelas­pastas­produzidas­no­misturador­de­alta­intensidade­pode­
sugerir­maior­incorporação­de­ar­provocada­pelo­procedimento­de­mistura.­No­entanto,­o­teor­de­ar­incorporado­
não­foi­medido­e­as­variações­verificadas­não­foram­estatisticamente­significativas.­
Para­além­de­propiciar­o­controle­da­qualidade­das­pastas­de­cimento­produzidas,­foi­possível­detectar­a­
influência­da­energia­de­mistura­no­comportamento­reológico­das­pastas­de­cimento,­em­especial­naquelas­com­
menor­relação­a/c,­por­meio­dos­ensaios­de­abatimento­e­espalhamento.­No­entanto,­verificou­se­que­o­ensaio­de­
abatimento­apresentou­limitações­na­caracterização­de­misturas­mais­fluidas­(relação­a/c­≥­0,50),­uma­vez­que­
foi­possível­notar­a­existência­de­um­patamar­que­não­permitiu­a­diferenciação­das­pastas­de­cimento­em­relação­
ao teor de água das misturas. Por outro lado, por meio do espalhamento, foi possível diferenciar as amostras em 
termos­de­energia­de­mistura­e­teor­de­água.­Para­a­mesma­relação­a/c,­a­maior­intensidade­de­mistura­provo-
cou­maiores­espalhamento­e­abatimento,­ou­seja,­a­fluidificação­das­misturas,­fato­semelhante­foi­relatado­por­
RAUCCI et al.­[38].­
Figura 10:­Área­de­histerese:­(a)­pastas­produzidas­na­argamassadeira­e­(b)­pastas­produzidas­no­misturador­de­alta­inten-
sidade de cisalhamento.
Tabela 3:­Agrupamento­do­ teste­de­Tukey­para­ área­de­histerese­ levando­em­consideração­a­variação­da­ relação­água/
cimento.
ENERGIA DE 
MISTURA
PRÉ- 
CISALHAMENTO
RELAÇÃO ÁGUA/CIMENTO
0,40 0,45 0,50 0,55 0,60 0,65
Argamassadeira
0 A B C C C C
100 A B C C C C
Misturador
0 A B B | C C B | C B | C
100 A B | C C C B | C B
Para­cada­energia­de­mistura­e­pré­cisalhamento,­as­amostras­que­não­compartilham­a­mesma­letra­são­significativamente­
diferentes.
CAMPOS, R.S.; CAETANO, H.M.; MACIEL, G.F., revista Matéria, v.27, n.2, 2022
No­que­diz­ respeito­ao­comportamento­ reológico­das­misturas,­avaliado­em­termos­de­ tensão­ limite­
de escoamento, índices de consistência e de escoamento e área de histerese, foi possível notar que, em geral, 
a­energia­de­mistura­possui­influência­significativa­para­as­pastas­de­cimento­com­maiores­teores­de­sólidos­
(relação­a/c­≤­0,45),­sendo­indiferente­nos­demais­casos.­Este­fato­pode­ser­consequência­do­comportamento­
das­partículas­de­cimento,­que­possuem­tendência­de­se­atrair,­formando­flocos,­que­aprisionam­grandes­quan-
tidades­da­água­de­amassamento­[4,­5,­26].­Maiores­níveis­de­energia­de­mistura­devem­causar­a­ruptura­de­
mais­flocos,­em­comparação­com­menores­níveis,­liberando­água­para­a­mistura,­causando­a­fluidificação­[26,­
27,­38].­Por­outro­lado,­a­melhor­dispersão­das­partículas­de­cimento­pode­causar­incremento­da­viscosidade­
das­misturas,­uma­vez­que­aumenta­a­área­superficial­total­das­partículas­sólidas,­o­que­resulta­na­necessidade­
de maior quantidade de água de amassamento para “molhar” a superfície das partículas de cimento, além 
de­promover­ a­ redução­do­afastamento­ relativo­entre­ elas.­Tais­mecanismos­ justificam­os­menores­valores­
observados­para­a­tensão­limite­de­escoamento,­o­índice­de­escoamento­e­a­área­de­histerese,­e­o­incremento­
do­índice­de­consistência,­para­as­pastas­produzidas­no­misturador­de­alto­cisalhamento,­em­comparação­com­
aquelas misturadas em argamassadeira. 
Com­ relação­ ao­ pré­cisalhamento,­ registra­se­ que­ este­ influenciou­ significativamente­ a­ caracterização­
reológica­das­amostras­com­relação­a/c­≤­0,45.­Em­geral,­ as­pastas­de­cimento­ensaiadas­com­protocolo­com­
pré­cisalhamento­igual­a­100­s–1­apresentaram­menores­níveis­de­tensão­limite­de­escoamento,­índice­de­escoa-
mento­e­área­de­histerese,­em­comparação­com­as­contrapartes­ensaiadas­com­protocolo­com­pré­cisalhamento­
nulo.­Comportamento­inverso­foi­observado­no­que­diz­respeito­ao­índice­de­consistência.­A­aplicação­da­taxa­de­
deformação­anteriormente­a­obtenção­das­curvas­de­fluxo­provoca­a­ruptura­da­microestrutura­floculada­das­pastas­
de­cimento,­o­que­causara­liberação­de­água­aprisionada­para­a­mistura,­conforme­já­explanado.­Salienta­se­que,­
os­resultados­obtidos­estão­em­concordância­com­o­verificado­por­[27],­que­observou­que­quanto­maior­o­pré­cisa­
lhamento­aplicado­(variando­de­0­a­300­s–1),­menores­são­as­áreas­de­histerese­em­pastas­de­cimento­com­relação­
a/c­igual­a­0,40.­
5. CONCLUSÕES
Em­geral,­os­estudos­anteriores­sobre­a­influência­da­energia­de­mistura­e/ou­do­pré­cisalhamento­nas­proprie-
dades­reológicas­de­pastas­de­cimento­avaliaram­amostras­com­relações­a/c­variando­entre­0,32­e­0,45­[26–28,­
30,­38].­No­presente­estudo,­buscou­se­abranger­maiores­faixas­de­relação­a/c,­entre­0,40­e­0,65,­em­massa,­
procurando­compreender­não­só­a­influência­da­energia­de­mistura,­como­também­do­pré­cisalhamento­–­nulo­e­
a­100­s–1­(e,­por­extensão,­do­protocolo­de­ensaio)­na­caracterização­reológica­de­pastas­de­cimento.­Tendo­em­
vista­o­exposto,­é­possível­concluir­que:­
• os­ensaios­empíricos­de­abatimento­e­de­espalhamento­foram­capazes­de­detectar­a­influência­da­energia­
de mistura, sendo constatado que o abatimento tende a um valor limite para as pastas de cimento com 
relação­a/c­≥­0,50,­indicando,­portanto,­a­necessidade­de­avaliar­o­espalhamento­em­misturas­com­maior­
fluidez;
• a­energia­de­mistura­exerce­influência­significativa­no­comportamento­reológico­das­pastas­de­cimento­com­
relação­a/c­≤­0,45,­sendo­que­as­pastas­misturadas­com­o­misturador­de­alto­cisalhamento­exibiram­menor­
tensão­limite­de­escoamento,­ índice­de­escoamento­e­área­de­histerese­e­maior­ índice­de­consistência­em­comparação­com­as­amostras­misturadas­em­argamassadeira;
• o­ pré­cisalhamento­ influencia­ significativamente­ o­ comportamento­ reológico­ das­ pastas­ de­ cimento­ com­
relação­a/c­≤­0,45,­sendo­verificado­que­as­amostras­submetidas­ao­pré­cisalhamento­apresentaram­menor­
tensão­limite­de­escoamento,­índice­de­escoamento­e­área­de­histerese­e­maior­índice­de­consistência,­em­
comparação­com­aquelas­não­submetidas­ao­pré­cisalhamento;
• de­modo­geral,­não­foi­possível­verificar­influência­estatisticamente­significativa­da­energia­de­mistura­e/ou­
do­pré­cisalhamento­em­misturas­com­relação­a/c­≥­0,50.­
Por­fim,­ ressalta­se­que­os­ resultados­obtidos­ reforçam­a­necessidade­de­estabelecimento­de­procedi-
mento­normatizado­para­a­caracterização­reológica­de­materiais­de­base­cimentícia,­pois,­conforme­demons­
trado,­a­energia­de­mistura­e­o­pré­cisalhamento­influenciam­significativamente­o­comportamento­reológico­das­
pastas de cimento com maior teor de sólidos. 
6. AGRADECIMENTOS
Os­autores­agradecem­ao­Conselho­Nacional­de­Pesquisa­–­CNPq­pela­concessão­de­bolsa­de­Iniciação­­Científica­
para o segundo autor.
CAMPOS, R.S.; CAETANO, H.M.; MACIEL, G.F., revista Matéria, v.27, n.2, 2022
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