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ART LEI PENHA EDITANDO 001

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Bruna Cardoso de Carvalho 
Bruna Rodrigues Avila Silva 
Isabelle Silva Coelho 
Isadora Camillo Vieira 
LEI MARIA DA PENHA E A INEFICÁCIA DAS MEDIDAS PROTETIVAS CORRELACIONADA AO FEMINICÍDIO 
Projeto de pesquisa apresentado à Disciplina Orientação Metodológica para Trabalho de Conclusão de Curso, visando à elaboração de artigo científico, requisito imprescindível à obtenção do grau de Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Universo Goiânia. 
Orientadora: Professora Ma. Margareth Estrela Umbelino
Goiânia 2023
LEI MARIA DA PENHA E A INEFICÁCIA DAS MEDIDAS PROTETIVAS CORRELACIONADA AO FEMINICÍDIO
 Bruna Cardoso de Carvalho¹
Bruna Rodrigues Avila Silva²
Isabelle Silva Coelho³
Isadora Camillo Vieira 
Orientadora: Professora Mª. Margareth Estrela Umbelino
RESUMO
É repassar, através de pesquisas e recolhimento de informações a ineficácia da Lei Maria da Penha, para se discutir sobre o assunto, trazendo forte comoção, a fim de trazer uma consideração sobre o assunto e solucionar a problemática discorrida neste artigo. Demostrando a falha na atuação do Estado, ressaltando a carência de ser tratado tal assunto na sociedade e constatar que mesmo com a aplicabilidade dessa Lei, a falta de sua fiscalização e a pouca atuação do Estado lesa diretamente os direitos e a dignidade das mulheres. 
Constata que se faz necessário, de acordo com os dados por este projeto a serem apresentados, o aumento de pena da Lei Maria da Penha. Como também tornar, a mesma, crime inafiançável.
Além disso, reforçar a fiscalização das medidas protetivas e aplicar punições de cunho mais severo mediante a quebra eventual e imediata prisão preventiva em reincidência.
Os pontos relevantes serão apresentados conjuntamente com os avanços trazidos pela Lei 11.340, de 07 de agosto de 2006, popularmente conhecida como Lei Maria da Penha, a qual tem por objetivo penalizar com mais rigor a violência doméstica praticada contra a mulher.
O que se pretende com o presente trabalho, em sentido amplo, é demonstrar que a violência doméstica contra a mulher ocorre diariamente e que é um problema social que precisa ser sanado, pois causa danos irreparáveis em muitas mulheres pelo mundo todo, gerando problemas de saúde para o resto da vida.
 
Palavras – chave: Violência Doméstica. Lei Maria da Penha. Violência contra a Mulher. Medidas Protetivas. Feminicídio.
 
INTRODUÇÃO
A violência contra a mulher é qualquer ato ou conduta baseada no gênero que cause morte, dano, sofrimento físico, sexual, psicológico, material ou moral à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada. Essa violência que acontece todos os dias e que tem resultados traumáticos também para os filhos, não escolhe idade ou condição social.
O problema da violência doméstica é universal e além dos aspectos políticos, culturais e jurídicos, um problema de saúde pública, haja vista a crescente constatação de que a violência doméstica está associada a traumas físicos e mentais, o que leva muitas mulheres a procurar constantemente serviços de saúde.
O tema proposto tem grande relevância no âmbito jurídico quanto nas relações psicossociais. Ressalta-se duas, em especial, para justificar a presente pesquisa: sendo uma de cunho pessoal e outra de cunho teórico. Observando - se que o maior índice de descumprimento da medida protetiva, encontrasse entre o gênero feminino, resultando em uma maior taxa de feminicídio. Em uma visão de natureza teórica, a temática abordada tem fundamentação prevista em lei, como também forte presença nos círculos midiáticos. Constata - se durante toda a pesquisa, que o gênero culturalmente tem bastante relevância na sociedade, quanto ao tocante na agressão, independente da Lei vigente punir tais ações.
É sabido que tal fenômeno se fez presente em todos os momentos da nossa história e que somente após o advento da Lei 11.340/06, mais conhecida como Lei Maria da Penha, o Estado brasileiro veio criar mecanismos para coibir este tipo de violência, tornando mais rigorosas as punições para os agressores.
 
COMO FOI CRIADA A LEI MARIA DA PENHA
A violência contra a mulher é qualquer ato ou conduta baseada no gênero que cause morte, dano, sofrimento físico, sexual, psicológico, material ou moral à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada. Essa violência que acontece todos os dias e que tem resultados traumáticos também para os filhos, não escolhe idade ou condição social.
O problema da violência doméstica é universal e além dos aspectos políticos, culturais e jurídicos, um problema de saúde pública, haja vista a crescente constatação de que a violência doméstica está associada a traumas físicos e mentais, o que leva muitas mulheres a procurar constantemente serviços de saúde.
O tema proposto tem grande relevância no âmbito jurídico quanto nas relações psicossociais. Ressalta-se duas, em especial, para justificar a presente pesquisa: sendo uma de cunho pessoal e outra de cunho teórico. Observando - se que o maior índice de descumprimento da medida protetiva, encontrasse entre o gênero feminino, resultando em uma maior taxa de feminicídio. Em uma visão de natureza teórica, a temática abordada tem fundamentação prevista em lei, como também forte presença nos círculos midiáticos. Constata - se durante toda a pesquisa, que o gênero culturalmente tem bastante relevância na sociedade, quanto ao tocante na agressão, independente da Lei vigente punir tais ações.
É sabido que tal fenômeno se fez presente em todos os momentos da nossa história e que somente após o advento da Lei 11.340/06, mais conhecida como Lei Maria da Penha, o Estado brasileiro veio criar mecanismos para coibir este tipo de violência, tornando mais rigorosas as punições para os agressores.
TIPOS DE VIOLÊNCIA
A violência doméstica é um problema sério e generalizado que ocorre em todo o mundo, afetando pessoas de todas as idades, gêneros, classes sociais e origens culturais. Refere-se a qualquer forma de abuso físico, sexual, emocional ou econômico que ocorre entre membros de uma família ou parceiros íntimos. A violência doméstica pode ocorrer em diferentes contextos, como casamentos, relacionamentos de namoro, uniões consensuais, entre outros. O agressor geralmente busca exercer controle e poder sobre a vítima, causando-lhe danos físicos, psicológicos e sociais significativos. As vítimas de violência doméstica muitas vezes enfrentam dificuldades em buscar ajuda e sair dessa situação devido a vários fatores, como medo, vergonha, dependência financeira, isolamento social e manipulação 3 psicológica por parte do agressor. Além disso, há uma tendência de minimizar ou negar a gravidade do problema, o que torna ainda mais difícil romper o ciclo de violência. Existem várias formas de violência doméstica: 
· Violência física: envolve agressões físicas, como espancamentos, socos, empurrões, queimaduras e qualquer forma de lesão física deliberada.
· Violência sexual: inclui estupro, coerção sexual, assédio sexual e qualquer outra forma de exploração sexual forçada.
· Violência emocional ou psicológica: refere-se a comportamentos destinados a minar a autoestima, controle coercitivo, manipulação emocional, ameaças, intimidação, humilhação constante e isolamento social
· Violência econômica: envolve o controle ou a restrição do acesso da vítima aos recursos financeiros, como dinheiro, emprego e bens materiais, a fim de mantê-la dependente e sob controle do agressor.
· Violência verbal: abrange insultos, xingamentos, humilhações, ameaças verbais e qualquer forma de comunicação verbal que cause sofrimento emocional.
A violência doméstica tem sérias consequências para as vítimas, afetando sua saúde física e mental, relacionamentos, capacidade de trabalho e qualidade de vida. Pode levar a depressão, transtorno de estresse pós-traumático e até mesmo ao suicídio.
É importante combater a violência doméstica por meio de várias abordagens, incluindo a conscientização pública, a educação sobre relacionamentos saudáveis, a implementação de leis e políticas de proteção às vítimas, o fornecimentode abrigos e serviços de apoio, e o encorajamento para que as vítimas denunciem e busquem ajuda.
ALGUNS DADOS DE PESQUISA SOBRE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Uma pesquisa feita recentemente pela Defensoria apontada que 61% das mulheres são vítimas de violência doméstica. 
((O Estado do Ceará acumula dados sangrentos. O 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra que o estado tem a segunda maior taxa de homicídios de meninas e mulheres do país. Conforme levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), houve 7 mortes para cada 100 mil mulheres no estado do Ceará em 2020. Foram 329 vítimas naquele ano. No Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (Nudem) de Fortaleza, 8.296 procedimentos foram registrados somente em 2022. 71,04% das mulheres têm filhos com o agressor e 61% delas revelaram que os filhos presenciaram as cenas violentas.
A violência pode vitimar mulheres em qualquer fase da vida. De acordo com o levantamento da Defensoria Pública, 31,08% das vítimas da pesquisa tinham entre 26 e 35 anos; 25,29% pertenciam à faixa etária entre 36 e 45 anos; 20,27% estavam entre 18 e 25 anos; 18,34% entre 46 e 59 anos; e 4,05% acima de 60 anos.
De quatro em quatro horas uma mulher é vítima de violência no nosso país. (Dados apontado segundo uma pesquisa da Rede de Observatórios da Segurança divulgada na segunda-feira (6 de março de 2023) por meio do boletim.) O levantamento mostrou que foram 2.423 casos de violência no ano de 2022, sendo que 510 foram crimes de feminicídio. 
Os dados foram compilados em sete Estados brasileiros: Bahia, Ceará, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão e Piauí. As estatísticas mostraram que São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia foram os Estados com mais casos no ano passado. São Paulo teve 898 registros de violência contra a mulher, o Rio de Janeiro, 545 e a Bahia 316.
Uma outra pesquisa apontada pelo G1 aponta que em 2022, ao menos 1.410 mulheres foram assassinadas em razão de seu gênero. Este número representa um aumento de 5,5% em relação a 2021, quando foram registrados 1.337 casos. Cresceu também o número de mulheres vítimas de homicídio, que passou de 3.831 em 2021 para 3.930 em 2022 – uma variação de 2,6%. ))
FEMINICÍDIO
O termo feminicídio foi criado para destacar que o assassinato de mulheres muitas vezes ocorre como resultado de uma sociedade que tolera e perpetua a desigualdade de gênero. Ele engloba casos em que a vítima é morta por seu parceiro ou ex-parceiro íntimo, bem como casos de assassinato motivados por ódio ou misoginia.
A luta contra o feminicídio envolve a implementação de leis mais rigorosas, a criação de políticas públicas de prevenção e proteção, a promoção da conscientização e educação sobre igualdade de gênero, além da mudança de atitudes e comportamentos sociais que perpetuam a violência contra as mulheres.
É fundamental combater o feminicídio em todas as suas formas, garantindo a proteção das mulheres, promovendo a igualdade de gênero e construindo uma sociedade mais justa e segura para todos.
A Lei n.º 13.104/2015 torna o feminicídio um homicídio qualificado e o coloca na lista de crimes hediondos, com penas mais altas, de 12 a 30 anos. É considerado feminicídio quando o assassinato envolve violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima.
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
§ 2º -A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - Violência doméstica e familiar;
II - Menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
I - Durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - Contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.” (NR)
Art. 2º O art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990 , passa a vigorar com a seguinte alteração:
PERFIL DOS AGRESSORES
Os agressores de violência doméstica podem ter perfis variados e não se limitam a um único tipo de pessoa. No entanto, existem certos padrões e características comuns observados em muitos agressores. Aqui estão alguns perfis frequentemente identificados: 
· Controlador e dominador: Esses agressores têm uma necessidade extrema de controle sobre suas vítimas. Eles usam diversos métodos para exercer controle sobre suas vidas, incluindo manipulação emocional, restrição financeira, isolamento social e vigilância constante. 
· Agressores com problemas de raiva: Alguns agressores têm dificuldade em controlar sua raiva e expressam essa raiva através de comportamento violento. Eles podem ter explosões de raiva desproporcionais e reações violentas a situações cotidianas. 
· Personalidade narcisista: Os agressores narcisistas têm um senso inflado de importância própria e acreditam que têm o direito de controlar e abusar de seus parceiros ou familiares. Eles se sentem justificados em seu comportamento abusivo e não têm empatia pelas vítimas.
· Histórico de violência familiar: Aqueles que cresceram em um ambiente familiar violento têm maior probabilidade de se tornarem agressores. Eles podem ter sido expostos à violência doméstica durante a infância e aprenderam padrões abusivos de comportamento.
As formas típicas de violência doméstica contra a mulher trazidas no art. 7º da Lei 11.340/06 são as seguintes: 
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: 
I – A violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; 
II – a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause danos emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e a autodeterminação; 
III – a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que o force ao matrimônio, a gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; IV – a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; Violência Moral - a violência moral, entendida como qualquer conduta configure calunia, difamação e injúria.
AS FALHAS NA APLICAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA
Embora a Lei Maria da Penha represente um avanço na proteção das mulheres contra a violência doméstica, ainda existem desafios e falhas na sua aplicação. Alguns dos principais problemas enfrentados incluem:
· Baixa efetividade na proteção das vítimas: Embora a lei tenha sido criada com o objetivo de proteger as mulheres vítimas de violência doméstica, muitas vezes não é suficientemente aplicada ou implementada de forma eficaz. Isso pode ocorrer devido à falta de recursos adequados, capacitação insuficiente dos profissionais envolvidos, burocracia ou falta de sensibilidade em relação às vítimas.
· Impunidade: Apesar dos avanços trazidos pela lei, ainda há casos de impunidade, em que agressores não são devidamente responsabilizados pelos seus atos. Isso pode ocorrer devido à falta de investigação adequada, provas insuficientes ou falhas no sistema judicial.
· Subnotificação: muitos casosde violência doméstica ainda não são denunciados, seja por medo, dependência emocional, falta de informação ou outros fatores. Isso resulta em uma subnotificação significativa dos casos, o que dificulta a efetividade da lei.
· Lentidão e morosidade processual: O sistema judicial enfrenta dificuldades em lidar com a grande demanda de casos de violência doméstica. Os processos podem ser demorados e burocráticos, o que pode desencorajar as vítimas a continuarem buscando justiça.
· Falta de estrutura e recursos adequados: Muitas vezes, faltam recursos suficientes para garantir uma implementação efetiva da Lei Maria da Penha. Isso inclui a falta de delegacias especializadas, juizados e equipes multidisciplinares de apoio às vítimas.
· Falta de capacitação e sensibilização dos profissionais: É essencial que os profissionais que atuam na área de segurança e justiça estejam capacitados e sensibilizados para lidar com os casos de violência doméstica de forma adequada. Isso inclui policiais, promotores, juízes e defensores públicos.
· Descumprimento das medidas protetivas: Infelizmente, em alguns casos, as medidas protetivas determinadas pelo judiciário são descumpridas pelos agressores. A falta de fiscalização e acompanhamento efetivos contribui para a impunidade e a sensação de insegurança das vítimas.
Para enfrentar essas falhas, é necessário um esforço conjunto de autoridades governamentais, sociedade civil e instituições para promover a conscientização, garantir a capacitação adequada dos profissionais envolvidos, melhorar a estrutura e os recursos disponíveis e fortalecer a implementação efetiva da Lei Maria da Penha. O combate à violência doméstica requer uma abordagem abrangente e contínua para garantir a proteção das mulheres em situação de vulnerabilidade.
 A IMPORTANCIA DO CRIME SER INAFIANSAVÉL 
Ao tornar a Lei Maria da Penha em um crime inafiançável, busca-se garantir maior proteção às vítimas de violência doméstica. Isso significa que os agressores não poderão ser liberados mediante pagamento de fiança, o que reduz as chances de a vítima sofrer represálias e aumenta sua segurança. Tornando mais difícil para os agressores escaparem da responsabilização pelos seus atos. Isso contribui para combater a impunidade e envia uma mensagem clara de que a violência doméstica não será tolerada, fortalecendo a confiança das vítimas no sistema de justiça.
A inafiançabilidade do crime de violência doméstica pode atuar como uma medida dissuasória para os agressores, desencorajando-os de cometer novos atos de violência. A falta de liberdade provisória por meio do pagamento de fiança pode ajudar a interromper o ciclo de violência e oferecer um tempo de reflexão para o agressor.
É importante ressaltar que a inafiançabilidade do crime de violência doméstica deve ser acompanhada por outras medidas, como o fortalecimento dos serviços de apoio às vítimas, a capacitação dos profissionais da justiça e a conscientização da sociedade como um todo. Somente assim será possível enfrentar efetivamente a violência doméstica e garantir a segurança e o bem-estar das vítimas.
O PORQUÊ É IMPORTANTE FALAR SOBRE LEI NA SOCIEDADE 
Tratar o assunto da Lei Maria da Penha na sociedade é de extrema importância por diversos motivos:
1. Conscientização: Discutir e disseminar informações sobre a Lei Maria da Penha contribui para conscientizar a sociedade sobre a gravidade da violência contra as mulheres. Isso ajuda a quebrar o silêncio e o estigma associados às vítimas, encorajando-as a buscar ajuda e denunciar casos de violência.
2. Empoderamento das mulheres: Abordar a Lei Maria da Penha promove o empoderamento feminino, ajudando as mulheres a conhecerem seus direitos, entenderem que não estão sozinhas e que a violência não é tolerável. Isso encoraja as mulheres a se posicionarem contra a violência e a buscarem medidas de proteção.
3. Prevenção e combate à violência: Ao trazer à tona a Lei Maria da Penha, busca-se prevenir e combater a violência contra as mulheres, sensibilizando a sociedade como um todo. O conhecimento sobre a lei e suas medidas de proteção pode ajudar a prevenir agressões e a proporcionar uma resposta adequada quando elas ocorrem.
4. Responsabilização dos agressores: A Lei Maria da Penha estabelece medidas para responsabilizar os agressores e puni-los de acordo com a gravidade dos crimes cometidos. Ao tratar do assunto, busca-se enfatizar a importância de responsabilizar os agressores, visando a justiça e a redução da impunidade.
5. Mudança cultural: Discutir a Lei Maria da Penha contribui para promover uma mudança cultural, combatendo estereótipos de gênero e desigualdades. Ao questionar e desafiar comportamentos e atitudes machistas, é possível avançar em direção a uma sociedade mais igualitária e respeitosa.
Em suma, tratar o assunto da Lei Maria da Penha na sociedade é fundamental para criar uma consciência coletiva sobre a violência contra as mulheres, emponderá-las, prevenir agressões, responsabilizar agressores e promover uma transformação cultural em direção a uma sociedade mais justa e igualitária.
Políticas públicas especializadas
Em 2003 foi criada a Secretaria Especial de Políticas para Mulheres (SPM), que possui status de Ministério e está vinculada à Presidência da República. Com a criação desta Secretaria, a política de enfrentamento à violência contra a mulher foi ampliada, assim como foram ampliados os investimentos e a criação de novos serviços como os Centros de Referência e as Defensorias da Mulher e a criação de Redes de Atendimento. Em 2004, foi elaborado o Plano Nacional de Políticas para Mulheres, para consolidação do Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, no período de 2004 à 2007, incluindo diferentes setores do Estado na promoção de garantias de direitos das mulheres. Os eixos estruturantes da Política Nacional de Enfrentamento à Violência são: a) Prevenção - ações educativas e culturais que interfiram nos padrões sexistas; b) Combate - ações punitivas e cumprimento da Lei Maria da Penha; c) Assistência - Rede de Atendimento e capacitação de agentes públicos; d) Garantia de Direitos -Cumprimento da legislação nacional/internacional e iniciativas para o empoderamento das mulheres; e) Monitoramento destas ações.
Entre as políticas públicas alusiva ao tema, constam o investimento de R$ 80 milhões na construção de 23 novas unidades da Casa da Mulher Brasileira (CMB) e os projetos Maria da Penha vai à Escola e Maria da Penha vai à Roça, sob a coordenação do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).
SERVIÇOS ESPECIALIZADOS DE ATENDIMENTO À MULHER
A Lei Maria da Penha estabeleceu a disponibilidade de atendimento especializado para mulheres como uma das medidas integradas de prevenção. Portanto, existem instituições & grupos dedicados exclusivamente às mulheres e especializados em violência doméstica e familial. No estado de Goiás há as Delegacias Especializadas no Atendimento À Mulher (DEAMS). A Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária da Polícia Civil instituiu a Portaria nº 476/2017 que define as atribuições da DEAM. Além disso, dispõe ainda que nas cidades em que não houver Delegacias Especializadas, a atribuição para apuração dos crimes que envolvam violência doméstica e familiar contra mulher será das Delegacias Municipais e Distritais, as quais deverão dar especial atenção e celeridade às medidas determinadas pela lei Maria da Penha, visando dar maior aplicabilidade, promovendo o atendimento qualificado às mulheres vítimas de violência, criou no dia 05 de janeiro de 2016 através do Decreto nº 8.524 a Patrulha Maria da Penha – PMP.
O DESCUMPRIMENTO DAS MEDIDAS PROTETIVAS
Se uma pessoa descumprir uma medida protetiva, que é uma determinação judicial para garantir a segurança da vítima de violência doméstica, podem ocorrer várias consequências legais. É importante ressaltar que as penalidades podem variar de acordo com a legislação específica de cada país ou região. No contexto brasileiro, algumas das possíveis consequências são:
· Prisãopreventiva: O descumprimento da medida protetiva pode resultar na decretação da prisão preventiva do agressor. Isso significa que ele poderá ser preso enquanto aguarda o julgamento.
· Agravamento da pena: Se o agressor já estiver sendo processado criminalmente por violência doméstica e descumprir a medida protetiva, isso pode agravar a pena que ele poderá receber ao final do processo.
· Multas e outras sanções: Além da prisão, o descumprimento da medida protetiva também pode levar à aplicação de multas e outras sanções pecuniárias.
· Revisão da medida protetiva: Caso o agressor descumpra repetidamente a medida protetiva, o juiz responsável pelo caso poderá revisar a decisão e determinar medidas ainda mais restritivas para garantir a segurança da vítima.
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
§ 1o A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas.
§ 2o Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança.
§ 3o O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis.”
É fundamental que a vítima de violência doméstica e qualquer pessoa que saiba do descumprimento da medida protetiva denuncie imediatamente às autoridades competentes. A polícia e o sistema judiciário são responsáveis por tomar as medidas legais adequadas para lidar com o agressor e garantir a proteção da vítima.
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
Além de criar mecanismos para prevenir, coibir a violência doméstica a Lei n° 11.340/06, pode dispor sobre a criação dos juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher, idealiza medidas protetivas de urgência destinadas à proteção das vítimas em situação de violência doméstica e familiar (SOUZA, 2009) e outras que são destinadas à obrigação do agressor. A determinação de medidas protetivas fica subordinada aos requisitos constantes da lei nº 11.340/06, bem como aos requisitos das medidas cautelares em geral e a um determinado prazo de duração, mas podendo sofrer dilação, no caso de ser verificada a necessidade de sua prorrogação (PACHECO, 2015). Nesse sentido, a lei dispõe duas formas distintas de medidas protetivas de urgência, a primeira, prevista na seção II, determina medidas que obrigam o agressor a proibição de determinadas ações em relação à vítima. A segunda forma de prevenção de urgência é aquela direcionada à vítima e, caso tiver, aos seus dependentes, com o desígnio de protegê-los e ampará-los.
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA QUE OBRIGAM OAGRESSOR
Esta, previsto no artigo 22 da Lei Maria da Penha onde estabelece medidas destinadas para quem pratica a violência doméstica e familiar contra a mulher, de modo que quando constatado a prática do crime, o Estado deve buscar prevenir qualquer nova ação violenta ou intimidadora pelo agressor, razão pela qual a lei Maria da Penha prevê a determinação das medidas protetivas que obrigam o agressor a se manter afastado da ofendida, podendo ser determinado pela autoridade a proibição de contato até mesmo de seus filhos e testemunhas, sendo que atualmente, tal restrição deve ser mantida, inclusive, pelas redes sociais. Importante ressaltar que uma das medidas protetivas de suma importância para a adequada proteção da mulher e de seus filhos é a previsão de cumprimento de obrigação alimentar pelo agressor, haja vista que em uma grande parcela das relações domésticas e familiares, a mulher é economicamente dependente de seu agressor. Como resultado, pode-se concluir que as regras da Lei Maria da Penha exigem que o agressor tenha como objetivo destruir a integridade física e psicológica da mulher e de seus familiares, especialmente os filhos. Isso permite que a instrução criminal seja preservada e que o agressor não possa usar meios econômicos ou ameaças para voltar agredir a mulher e seus filhos para constrangê-la ou qualquer testemunha. 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: 
I - Suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei 10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
II - Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; 
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida; IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público. 
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso. 
§ 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial. 
§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput e nos 
§ 5o e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA À OFENDIDA
As medidas protetivas de urgência concedidas à ofendida estão elencadas nos artigos 23 e 24 da lei, os quais preveem que poderá o juiz determinar a recondução da ofendida ao lar após o afastamento do agressor; o encaminhamento da ofendida e seus filhos para abrigos seguros; a determinação imediata da separação de corpos; a restituição de bens indevidamente subtraídos da vítima pelo agressor; a proibição temporária de que sejam vendidos, comprados ou alugados bens comuns do casal e suspensão de Mandatos conferidos pela vítima ao agressor. O direcionamento da vítima e de seus dependentes a programas oficiais ou comunitários de proteção ou atendimento, como já foi apresentado, criando medidas de natureza cível que poderão ser requeridas pela vítima no ato do registro de ocorrência junto a autoridade policial, bem como definido pelo magistrado, de ofício ou a pedido da Defensoria Pública e Ministério Público. Conforme se extrai da lição de Marcelo de Lessa Bastos: 
“Embora a ofendida seja a legitimada em casos de cautelares penais vinculadas ao crime de ação penal de iniciativa privada ou cautelares extrapenais, não possui a capacidade postulatória de pedir diretamente ao juiz. Assim, o artigo 19 da Lei busca esclarecer que, as medidas protetivas de urgência, quando advindas de cautelares de natureza penal por infração penal de iniciativa pública serão concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público e, por outo lado, quando advindas de ação penal de iniciativa privada ou cautelar extrapenal ou mesmo administrativa, poderão ser concedidas pelo requerimento da ofendida, desde que assistida de advogado ou defensor”.
Nessa circunstância, em alegação da necessidade de representação judicial, cabe a Defensoria Pública dar orientação e prestar assistência jurídica a mulher, do começo até o fim do processo judicial. No entanto, um dos maiores desafios existentesno meio jurídico no que tange à violência doméstica e família é, com certeza, a sensibilização das autoridades judiciais e policiais para o tema, primordialmente a formação e o aprimoramento especializado daqueles que acolherão as vítimas dessa violência complexa, silenciosa, que transcende seus efeitos por um período indeterminado, para além da pessoa da vítima, que em sua grande maioria atingi crianças e adolescentes que se tornam alvos dessa mesma violência no futuro, tornando assim, um ciclo repetitivo.
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
Sobre o pedido da Assistência Judiciária, a Constituição Federal dispõe em seu artigo 5º, inciso LXXIV, que caberá ao Estado, prestar assistência judiaria de forma integral e gratuita a todos que comprovarem ser hipossuficientes, ou seja, que não possuem condições nem recursos”. As mulheres vítimas de violência doméstica possuem, além da assistência judiciária prevista no artigo 5º, inciso LXXIV, da CF-88, um amparo legal na Lei 11.340/06, em seus artigos27 e 28, que assim dispõe:
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei. 
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado.
Por estar em uma situação de fragilidade e vulnerável, sem condições na maioria das vezes de arcar com as custas de um processo judicial, as mulheres têm total garantia da assistência judiciária em sua proteção. Diferente não é o entendimento do STJ sobre o tema (BRASIL, 2018, p. 13), “Ao inserir tais dispositivos na citada lei, o legislador objetivou tornar a mulher, vítima de violência, mais consciente sobre seus direitos, bem como das consequências de suas decisões, evitando que ceda à pressão do seu agressor”. Para garantir uma efetivação maior Lei 11.340, é preciso facilitar o acesso à justiça da mulher vítima de violência doméstica, e nada mais justo do que garantindo a elas uma assistência judiciária. Destaca-se que, no estado de hipossuficiência, não tendo condições e recursos para arcar com as custas e despesas processuais bem como, os honorários advocatícios, esta será isenta, conforme disposto no (Art. 98, CPC/15), conforme dispõe na doutrina. Deste modo, a Lei n. 11.340/2006 tem como objetivo garantir à mulher vítima de violência um amparo judicial de que ela necessita, garantindo a não violação de seus direitos e socialmente protegida.
OS ORGÃOS FISCALIZADORES:
ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
A autoridade policial frente a um delito de natureza doméstica necessita adotar três procedimentos básicos:
 a) lavrar o boletim de ocorrência; 
b) tomar a termo a representação da vítima (peça inicial do inquérito); 
c) tomar a termo o pedido de medidas protetivas formulado pela vítima. 
Realizadas as diligências deverá a autoridade policial remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente ao Juiz com o pedido de medidas protetivas requeridas pela ofendida, a fim de que as medidas emergenciais sejam efetivadas pelo Juiz competente, entretanto, esta medida não obsta a instauração do competente inquérito policial, que deverá seguir seu rito normal, ou seja, o delegado terá o prazo conclusivo de 30 dias se o indiciado estiver solto e 10 dias nos casos de indiciado preso. A autoridade policial ao elaborar o pedido de medidas protetivas de urgência da ofendida deverá mencionar pelo menos os seguintes requisitos: 
a) nome completo e qualificação da requerente e do agressor; 
b) nome e idade dos dependentes (se houver); 
c) descrição sumária dos fatos, especialmente para fins de tipificação penal e enquadramento da hipótese fática concreta nas modalidades de violência relacionadas nos artigos 5º e 7º da Lei 11.340/06; 
d) relação das medidas pretendidas pela vítima dentre as previstas nos artigos 22 a 24 da Lei.
Com a vigência da Lei 11.340/06, todo o procedimento policial em relação à violência doméstica foi alterado. Hoje, a vítima comparecendo à delegacia para pedir socorro deverá receber proteção policial; quando necessário, ser encaminhada para receber atendimento médico, será acompanhada para recolher seus pertences e ainda deverá receber transporte para abrigo seguro, quando houver risco de morte. São essas as providências a serem tomadas de imediato, conforme reza o artigo 11:
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências: I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário; II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal; III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis.
DO PROCEDIMENTO JUDICIAL
De acordo com o Art. 19 da lei, as medidas protetivas de urgência poderão ser requeridas pela ofendida ou pelo Ministério Público, podendo o Juiz, atendendo a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas ou rever as já deferidas:
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida.
 § 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado. 
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados. 
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.
Encerrada a fase do procedimento policial, cabe a autoridade policial encaminhar as peças necessárias ao Juizado de Violência Doméstica, onde já houver sido instalado, ou ao fórum para a distribuição a uma das Varas Criminais, no prazo de 48 horas, mesmo que a maior parte das providências a serem tomadas versem sobre o direito de família, como: ação de alimentos, separação de corpos, direito de visitas, etc. Recebidos os expedientes da delegacia, serão autuados com a designação: “medida protetiva de urgência”, ou outra nomenclatura que permita ao juiz identificá-lo mais facilmente como um procedimento que envolva violência doméstica e familiar, pois essa designação servirá tanto para quantificar sua incidência, saber a dimensão da violência doméstica ocorrida no Estado, bem como ainda para chamar a atenção e lembrar que se trata de procedimento com direito de preferência, conforme previsto no parágrafo único do art. 33 da Lei.
DA ASSISTENCIA JURIDICA 
Os artigos 27 e 28 da Lei 11.340/06 determinam que em todas as fases do procedimento será a ofendida acompanhada de advogado, caso não o tenha, deverá o juiz nomear defensor público oficiante na Vara Criminal competente ou no Juizado para acompanhá-la:
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei. 
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado.
DACOMPETENCIA DAS VARAS CRIMINAIS
O artigo 33, da Lei 11.340/06 é o mais atacado, quando o assunto constitucionalidade é posto em questão. Alega-se que uma lei federal não poderia invadir a esfera de competência dos tribunais de Justiça estaduais, atribuindo competência cíveis e criminais a uma vara criminal, enquanto não fossem instituídos os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. O legislador infraconstitucional, de fato, abordou matéria de organização Judiciária, cuja competência é exclusiva dos tribunais de justiça.
De acordo com o artigo 96 da Constituição Federal de 1988:
Art. 96. Compete privativamente: 
I – Aos Tribunais: 
a) eleger seus órgãos diretivos com a observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;
O artigo 33 da Lei 11.340/06, ao determinar que as varas criminais acumularão, até que sejam criados os Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, competências cíveis e criminais, apreciou matéria de competência exclusiva dos Tribunais, rompendo com as regras que garantem independência dos poderes, razão pela qual se supõe que o artigo 33 da Lei Maria da Penha contenha vícios de inconstitucionalidade.
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente. Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas no caput.
MEDIDAS QUE FAVORECEM A OFENDIDA (Arts. 23 e 24):
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: 
I - Encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento; 
II - Determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor; 
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; 
IV - Determinar a separação de corpos. 
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:
I - Restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; 
II - Proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial; 
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
IV - Prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida. Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
O tema proposto tem grande relevância no âmbito jurídico quanto nas relações psicossociais. Ressalta-se duas, em especial, para justificar a presente pesquisa: sendo uma de cunho pessoal e outra de cunho teórico. Observando - se que o maior índice de descumprimento da medida protetiva, encontrasse entre o gênero feminino, resultando em uma maior taxa de feminicídio. Em uma visão de natureza teórica, a temática abordada tem fundamentação prevista em lei, como também forte presença nos círculos midiáticos. Constata - se durante toda a pesquisa, que o gênero culturalmente tem bastante relevância na sociedade, quanto ao tocante na agressão, independente da Lei vigente punir tais ações.
As mulheres fazem muito para lutar por seus direitos, não sendo banida da sociedade apenas por ser mulher. Uma das principais conquistas foi a promulgação da lei 11.340/2006, por meio da luta de Maria da Penha Maia Fernandes, Mulher abusada por seu marido ao longo dos anos, fisicamente Perda irreparável e duas tentativas de homicídio. Poder ter vencido o poder do feminismo nos anos 70, lutando por eles porque em meados do século 21, a descriminalização passou de Sociedade patriarcal. 
Lutar pelos seus direitos e ter certeza de que ninguém os violará. A revisão, pesquisa e revisão desta lei aumentará a posição das mulheres e fará com que lutem por seus direitos. Além disso, o objetivo desta lei é fornecer proteção às mulheres quando seus direitos são violados. É verdade que as mulheres nunca serão silenciadas pela violência; esta lei e outras leis os protegerão e servirão como sua voz, garantindo seus direitos e proteção jurisdicional.
Ainda que a lei precisa ser alterada, devemos concordar que muitas medidas foram adicionadas ou alteradas, trazendo mais segurança e confiança para as mulheres, qualificando o feminicídio e criando redes de atendimento e locais para amparar as vítimas. Vale ressaltar que esses locais são essenciais para as ofendidas, pois elas geralmente vivem na mesma casa do agressor.
A constituição Federal de 1988 trouxe avanços significativos na seara dos direitos humanos, buscando de forma enfática igualar homens e mulheres em direitos e obrigações. No entanto, ainda persistem as desigualdades, principalmente de ordem sociocultural, que reduzem a mulher a condição de submissão e discriminação perante os homens.
Importante mencionar ainda que a mesma Carta Magna traz em seu art. 1º, Inciso III, como um de seus fundamentos a dignidade da pessoa humana. Foi com esse intuito que entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006 a Lei 11.340/06, mais conhecida como Lei Maria da Penha, que veio para garantir as mulheres a dignidade de pessoa humana e ainda para preencher as lacunas deixadas pelos diplomas legais anteriores, incapazes de solucionar, com efetividade, a questão da violência doméstica e familiar praticada contra as mulheres.
Foi um passo significativo o advento desta lei, pois veio para assegurar à mulher o direito à sua integridade física, psíquica, sexual e moral. Percebemos que ela veio para ficar, como bem disse a Desembargadora Maria Berenice Dias. Podemos dizer que seus efeitos são positivos, principalmente porque está sendo colocada em prática, já que as mulheres estão se assegurando dos seus direitos e buscando a proteção da Lei, uma legislação moderna, edificada sobre uma leitura do social e que trouxe garantias reais de proteção para a mulher.	
Precisamos de mais tempo para que o Brasil esteja apto a desenvolver um trabalho com todas as exigências da Lei e também conscientizar a população de todas as ferramentas trazidas pela lei, beneficiando as mulheres agredidas e punindo com mais rigor os agressores.
Conclui-se, de acordo com tudo que foi exposto neste trabalho, que a Lei Maria da Penha, com todas as suas inovações trazidas ao ordenamento jurídico brasileiro, uma vez aplicada corretamente, pode ser capaz de promover a adequação entre as sanções estatais e a gravidade dos crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher, mudando radicalmente o modo de encarar a questão da violência de gênero e promovendo a diminuição do número alarmante de casos desse tipo de violência.
REFERENCIAS
Pesquisa da Defensoria revela: 61% das mulheres vítimas de violência admitem que filhos presenciaram cenas agressivas – Defensoria Pública do Estado do Ceará 
A cada quatro horas uma mulher é vítima de violência doméstica no Brasil | O TEMPO
Números de uma tragédia anunciada: 10 mulheres assassinadas todos os dias no Brasil | Monitor da Violência | G1 (globo.com)
Lei Maria da Penha: saiba mais sobre os avanços das políticas públicas — Casa Civil (www.gov.br)
Artigo Quinto (politize.com.br)
Do atendimento pela autoridade policial — Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (tjdft.jus.br)
Das medidas protetivas de urgência — Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (tjdft.jus.br)ATLAS	DA	VIOLÊNCIA	-	FÓRUM	BRASILEIRO	DE	SEGURANÇA PÚBLICA -
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