Prévia do material em texto
Língua Portuguesa Língua Portuguesa Telma Ardoim 2ª e di çã o Língua Portuguesa DIREÇÃO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira Reitora Marlene Salgado de Oliveira Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva FICHA TÉCNICA Texto: Telma Ardoim Revisão Ortográfica: Tatiane Rodrigues de Souza Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Distância Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói A6771m Ardoim, Telma. Língua Portuguesa / Telma Ardoim. 2.ed – Niterói, RJ: Universo. 2010. 167 p. 1. Língua Portuguesa – Estudo ensino. 2. Linguística. 3. Linguagem e línguas. Comunicação não-verbal. 5. Semântica. I. – Título. CDD 469 Bibliotecária: Ana Marta Toledo Piza Viana CRB 7/2224 © Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). Língua Portuguesa Palavra da Reitora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora Língua Portuguesa Língua Portuguesa Sumário 1. Apresentação da disciplina ....................................................................................... 07 2. Plano da disciplina ..................................................................................................... 09 3. Unidade 1 – A Linguagem Verbal e a Linguagem não-verbal ............................ 13 4. Unidade 2 – Os Signos Linguísticos ........................................................................ 25 5. Unidade 3 – Os Elementos da Comunicação Humana ......................................... 35 6. Unidade 4 – As Funções da Linguagem ................................................................. 49 7. Unidade 5 – As Diversidades do uso da Língua: Os Níveis da Linguagem ......... 65 8 Unidade 6 – Os Mecanismos de Combinação e Seleção: A Coerência - A Articulação de Sentidos .................................................................................... 87 9. Unidade 7 – A coesão textual – Os “nós” linguísticos do texto .......................... 105 10 Unidade 8 - A Semântica: o sentido das palavras: conotação e denotação .... 119 11 Unidade 9 - A construção do texto: os gêneros textuais .................................... 135 12. Considerações finais .................................................................................................. 155 13. Conhecendo a autora ............................................................................................... 157 14. Referências .................................................................................................................. 159 15. Anexos ......................................................................................................................... 161 Língua Portuguesa 6 Língua Portuguesa 7 Apresentação da Disciplina Encontramos em Bechara (1991:15-6)1, a seguinte explicação: “Cada falante é um poliglota na sua própria língua, à medida que dispõe da sua modalidade linguística e está à altura de decodificar algumas outras modalidades linguísticas com as quais entra em contato (....)”. Em termos estruturais, uma língua pode ser concebida como um sistema que, associando os dois planos – falado e escrito – transforma o seu usuário em um falante / ouvinte e/ou um leitor / escritor, capaz de integrar-se no meio em que vive, como um cidadão que, além de ter o domínio de seu idioma, consegue interagir com a língua, cujo código linguístico se insere em algo muito maior – A LINGUAGEM – sistema de signos que permite a comunicação. Para melhor entendermos essa noção, citamos o linguista dinamarquês Louis Hjelmslev2 ( In. Terra, 2002:12 ) que reitera; A linguagem é inseparável do homem, segue-o em todos os seus atos. A linguagem é o instrumento graças ao qual o homem modela seu pensamento, seus sentimentos, suas emoções, seus esforços, sua vontade, seus atos, o instrumento graças ao qual ele influencia e é influenciado, a base mais profunda da sociedade humana. Em função daquilo que foi dito acima, o nosso objetivo é levá-lo a compreender os mecanismos linguísticos que garantem a coesão e a coerência do texto oral e escrito, não nos desviando nunca de que o contato com a língua é um processo natural, isto é, deriva do que chamamos de processo internalizado, próprio da natureza humana. 1 Gramática Escolar da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001. 2 Linguagem, língua e fala. São Paulo: Scipione, 1997. Língua Portuguesa 8 Ao optar por fazer a disciplina Língua Portuguesa no método de Ensino a Distância, você terá uma grande flexibilidade em efetuar o seu trabalho. O tempo, por exemplo, será definido por você.Prevemos um prazo para que você termine as atividades propostas, portanto, não deixe para o último momento a realização delas. Siga sempre as instruções de como proceder. No mais... Bom trabalho. Esperamos que você tenha um ótimo desempenho e um excelente aproveitamento. Língua Portuguesa 9 Plano da Disciplina Dividimos a disciplina em nove unidades, sendo que algumas se subdividem, por sua vez, em alguns tópicos para melhor compreensão. Todas as unidades têm como base objetivos claros, baseados nas competências e habilidades necessárias para o seu enriquecimento enquanto usuário da língua materna. São eles: — Aplicar correta e fluentemente a língua, tanto escrita como falada, produzindo textos claros e coerentes; — Construir meios de expressão oral e escrita através das várias modalidades do uso da língua materna atendendo, sempre que necessário, à norma culta da língua; — Inferir as diversas representações das palavras e das imagens no discurso do cotidiano; — Aplicar a língua em sua relação com o contexto real da fala, propiciando a inter-relação idiomática da sociedade; — Consolidar uma reflexão analítica e crítica sobre a linguagem como fenômeno psicológico, social, educacional, histórico, cultural, político e ideológico. Faremos, então, um pequeno resumo acerca de cada unidade para que você possa ter uma visão global daquilo que irá estudar. UNIDADE 1 – A LINGUAGEM VERBAL E A LINGUAGEM NÃO-VERBAL Sendo a linguagem um sistema de signos utilizados para a sua produção, podemos fazer uso da palavra (escrita ou falada) ou de outras formas de comunicação (sons, gestos, desenhos, cores, etc.). Quando utilizamos a palavra, estamos diante da LINGUAGEM VERBAL. No outro caso, temos a LINGUAGEM NÃO- VERBAL. Língua Portuguesa 10 UNIDADE 2 – OS SIGNOS LINGUÍSTICOS A Linguística – ciência que estuda as mútuas relações e princípios da língua – nos apresenta o signo linguístico como o código verbal necessário para a comunicação. É a língua a mais concreta manifestação de identidade de um povo. UNIDADE 3 – OS ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA Para que, realmente, a comunicação aconteça se fazem necessários alguns elementos que estabeleçam vínculos fundamentais, visando o envio e a recepção da mensagem. UNIDADE 4 – AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM Sempre que nos comunicamos, temos uma razão para fazê-lo. Assim, para cada tipo de mensagem que enviamos (ou recebemos) há uma função específica que está intrinsecamente ligada aos elementos da comunicação (conteúdo da Unidade III). UNIDADE 5 - AS DIVERSIDADES DO USO DA LÍNGUA – OS NÍVEIS DA LINGUAGEM Do mesmo modo que temos funções diferentes para cada de tipo de comunicação, também temos o uso diversificado da língua em diferentes situações, ambientes, faixas etárias, culturas, etc. É sob esses aspectos que podemos caracterizar o dinamismo da língua. UNIDADE 6 - OS MECANISMOS DE COMBINAÇÃO E SELEÇÂO: A COERÊNCIA – A ARTICULAÇÂO DE SENTIDOS A Coerência – a articulação de sentido. Todo texto – independente do seu tamanho – necessita de uma estruturação lógica que faz com que palavras e frases componham um todo significativo para seus interlocutores. Não só o texto em si deve ser coerente, mas também as ideias terão que estar articuladas entre si. Língua Portuguesa 11 UNIDADE 7 – ELEMENTOS COESIVOS – O CONTROLE DO ‘NÓS’ LINGUÍSTICOS ATRAVÉS DOS MECANISMOS COESIVOS Se em um texto deve haver coerência de ideias; há de haver também uma conexão gramatical capaz de fazer as articulações entre as palavras, orações, períodos e parágrafos. UNIDADE 8 – A SEMÂNTICA: O SENTIDO DAS PALAVRAS Parte da gramática que se dedica ao estudo dos aspectos relacionados aos sentidos de palavras e enunciados. A Semântica se detém ao contexto em que essas palavras estão empregadas. UNIDADE 9 – A CONSTRUÇÃO DO TEXTO – OS GÊNEROS TEXTUAIS – RECONHECIMENTO Ao construirmos um texto, teremos que atentar para o tipo de texto que queremos redigir. Sendo assim, reconhecer os gêneros textuais e suas características específicas é fundamental para a sua elaboração. Língua Portuguesa 12 Língua Portuguesa 13 A Linguagem Verbal e a Linguagem não-verbal Linguagem e Sociedade. A Linguagem e o processo de comunicação. Conceitos de Linguagem, Língua, Fala e Discurso. 1 Língua Portuguesa 14 Caro aluno é importante que você atente para o fato de que, como ser social que é, “usa e abusa” da linguagem para se comunicar. Imagine-se num mundo sem as diversas formas de comunicação encontradas. Seria possível algo assim? Já dizia o comunicador Chacrinha: ‘quem não se comunica, se trumbica’. Portanto, vamos começar a nossa primeira comunicação, digo, a nossa primeira unidade. Objetivo(s) da Unidade: Fazer com que o aluno reconheça o caráter social da língua e o seu papel no processo comunicativo, permitindo a construção de enunciados portadores de sentido, quer utilizando a linguagem verbal, quer a não-verbal. Plano da Unidade: Linguagem e Sociedade. A Linguagem e o processo de comunicação. Conceitos de Linguagem, Língua, Fala e Discurso. Bem-vindo à primeira Unidade de Estudo. Sucesso! Língua Portuguesa 15 A Linguagem Verbal e a Linguagem Não-Verbal. TEXTO 1: LÍNGUA E SOCIEDADE O caráter social de uma língua já parece ter sido fartamente demonstrado. Entendida como um sistema de signos convencionais que faculta aos membros de uma comunidade a possibilidade de comunicação acredita-se, hoje, que seu papel seja cada vez mais importante nas relações humanas, razão pela qual seu estudo já envolve modernos processos científicos de pesquisa, interligados às mais novas ciências e técnicas, como, por exemplo, a própria Cibernética. Entre sociedade e língua, de fato, não há uma relação de mera casualidade. Desde que nascemos, um mundo de signos linguísticos nos cerca e suas inúmeras possibilidades comunicativas começam a tornar-se reais a partir do momento em que, pela imitação e associação , começamos a formular nossas mensagens . E toda a nossa vida em sociedade supõe um problema de intercâmbio e comunicação que se realiza fundamentalmente pela língua, o meio mais comum de que dispomos para tal. Sons, gestos, imagens, diversos e imprevistos, cercam a vida do homem moderno, compondo mensagens de toda ordem (Henri Lefèbre diria poeticamente que “ niágaras de mensagens caem sobre pessoas mais ou menos interessadas e contagiadas ”), transmitidas pelos mais diferentes canais , como a televisão, o cinema, a imprensa, o rádio, o telefone, o telégrafo, os cartazes de propaganda, os desenhos, a música e tantos outros. Em todos, a língua desempenha um papel preponderante, seja em sua forma oral, seja através de seu código substitutivo escrito. E, através dela, o contato com um mundo que nos cerca é permanentemente atualizado. Nas grandes civilizações, a língua é o suporte de uma dinâmica social, que compromete não só as relações diárias entre os membros da comunidade, como também uma atividade intelectual, que vai desde o fluxo informativo dos meios de comunicação de massa até a vida cultural, científica ou literária. PRETI, Dino. Sociolinguística: os níveis da fala. São Paulo, Editora Nacional, 1974. P. 7 Língua Portuguesa 16 A Linguagem e o Processo de Comunicação Muitas vezes não damos a devida atenção ao que é tão normal para nós: a nossa volta, a linguagem está presente em todas as suas manifestações o tempo todo, fazendo partedo nosso cotidiano. Para isso, faz-se necessário conceituarmos o que é LINGUAGEM, LÍNGUA, FALA e DISCURSO – vocábulos que iremos usar com bastante constância em nosso conteúdo: LINGUAGEM: É a representação do pensamento humano através de sinais que garantem a comunicação e a interação entre as pessoas. LÍNGUA: É um código formado por palavras e combinações de leis por meio do qual as pessoas se comunicam entre si. FALA: É a ação ou a faculdade de utilização da língua. A oposição língua X fala separa o social do individual. DISCURSO: É a utilização individual da língua. Assim sendo, como a cada um é dado um modo próprio de se expressar, essa marca própria, recebe o nome de estilo. Inúmeras linguagens aparecem nos atos de comunicação. Entre elas fazemos uso da linguagem verbal (que utiliza a língua oral ou escrita) e a linguagem não- verbal (faz uso de qualquer código que não seja a palavra – sinais, símbolos, cores, gestos, expressões fisionômicas, sons, etc.). Podemos citar como exemplo do uso da linguagem verbal uma carta, um out- door anunciando grandes promoções de uma loja, um pedido de socorro, um grupo de alunos cantando o Hino Nacional. Língua Portuguesa 17 Já o semáforo, o apito de um guarda, o som da sirena de uma ambulância pedindo passagem e um cartaz com a foto de uma mulher vestida de enfermeira pedindo silêncio apenas com gesto, ao colocar o dedo indicador sobre a boca, são exemplos da linguagem não-verbal. Comece a perceber o ambiente que o cerca e a “ouvir” os múltiplos sons que existem a sua volta e você terá numerosos exemplos dessa fantástica “máquina” de sinais convencionais que se chama LINGUAGEM. Tentamos mostrar-lhe o quanto a comunicação em sociedade é necessária e como acontece esse mecanismo. Continuaremos falando nisso nas próximas unidades. Leitura Complementar Aprofunde seus conhecimentos lendo: TERRA, Ernani. Linguagem, Língua e Fala. São Paulo: Scipione, 1997. FERRARA, Lucrécia D’Aléssio. Leitura sem palavras. 4 ed. São Paulo: Ática, 2000 É HORA DE SE AVALIAR Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Língua Portuguesa 18 Exercício da Unidade 1 1 – Considerando uma partida de futebol, podemos dizer que só não é linguagem não-verbal: a) os cartões amarelos e vermelhos do juiz. b) as listras pretas das camisas dos bandeirinhas. c) as cores quadriculadas das bandeiras dos times. d) o som do apito do juiz. e) os gritos de gol da torcida. 2 – Assinale a opção que melhor corresponde à frase atribuída a Aristóteles: Somente o homem é um animal político, isto é, social e cívico, porque somente ele é dotado de linguagem. a) O homem tem consciência da importância da política. b) A linguagem torna o homem um ser social e, portanto, político. c) Somente o homem é capaz de fazer política. d) É impossível viver em uma sociedade sem fazer política. e) A política é o único objetivo da linguagem. 3 – São exemplos de linguagem não-verbal: a) sinais de trânsito e uma conversa informal entre alunos e professores. b) cores das bandeiras e dos semáforos. c) cantigas infantis. d) discursos políticos. e) apitos e discursos políticos. Língua Portuguesa 19 4 – Observe as indicações abaixo e assinale a alternativa correta: 1 – números estampados nas camisas dos jogadores de futebol. 2 – gesto de “Pare” da mão estendida do Guarda de Trânsito. 3 – conversa animada numa roda de amigos. a) Linguagem Não-verbal – Linguagem Não-verbal – Linguagem Verbal. b) Linguagem Não-Verbal – Linguagem Verbal – Linguagem Verbal. c) Linguagem Verbal – Linguagem Não-Verbal – Linguagem Verbal. d) Linguagem Não-Verbal – Linguagem Não-verbal – Linguagem Não-verbal. e) Linguagem Verbal – Linguagem Verbal – Linguagem Não-verbal. 5 – Aponte a alternativa que completa corretamente a lacuna da frase seguinte: Todo sistema de sinais convencionais que nos permite realizar atos de comunicação denomina-se ___________. a) Língua. b) Linguagem. c) Fala. d) Linguagem Verbal. e) Discurso. Língua Portuguesa 20 6 – Leia o texto para responder à questão seguinte: Língua e fala Na linguagem, pois, distinguem-se dois fatores – a língua e a fala. Foi Saussure o primeiro a separar e conceituar estes dois aspectos. Compara ele a língua a um dicionário cujos exemplares idênticos são distribuídos entre os indivíduos. Cada falante escolhe na língua os meios de expressão de que necessita para comunicar- se, confere-lhe natureza material, produzindo-se assim a fala. A fala, de aplicação momentânea, é fruto da necessidade psicológica de comunicação e expressão. Porque é a realização individual da língua, torna-se flutuante e varia, pois muda de indivíduo para indivíduo, de situação para situação. Altera-se facilmente pela influência de fatores diversos – estados psíquicos, ascensão social, migração, mudança de atividade etc. Não é, porém, um fator de criação e sim de modificação. O indivíduo, pelo ato da fala, não cria a língua, pois recebe e usa aquilo que a sociedade lhe ministrou e, de certa forma, lhe impôs. A língua tem sempre a possibilidade de fixação e sistematização em dicionários e gramáticas. É um patrimônio extenso e ninguém a possui na sua totalidade. Cada falante retém uma parte (embora grande) do sistema, que não existe perfeito em nenhum indivíduo. (Francisco da Silva Borba. Introdução aos estudos linguísticos) Indique as afirmações corretas, tendo por base o texto apresentado. 1. Língua e fala são fenômenos exatamente idênticos. 2. A língua é comparada a um dicionário, pois é impessoal, porém comum a todos os integrantes de uma comunidade. 3. A fala é pessoal, cada falante a produz conforme a sua vontade. 4. A fala é invariável, mantendo-se independente da situação. 5. Uma mudança de atividade implica uma alteração da fala. 6. A gramática sistematiza a língua; o dicionário a fixa. 7. Há indivíduos que conhecem e usam uma língua em sua totalidade. Língua Portuguesa 21 a) 2 – 3 – 5 – 6 b) 1 – 2 – 3 – 4 c) 3 – 4 – 5 – 6 d) 2 – 3 – 4 – 5 e) 4 – 5 – 6 – 7 7 – Baseado na leitura do trecho, assinale a alternativa correta quanto à sua principal temática: Na era da informação tudo é texto. Um slogan político ou publicitário, um anúncio visual sem nenhuma palavra, uma canção, um filme, um gráfico, um discurso oral que nunca foi escrito, enfim, os mais variados arranjos organizados para informar, comunicar, veicular sentidos são texto. O texto não é, pois, exclusividade da palavra. Para a consagrada bailarina e coreógrafa Martha Graham, a dança é uma forma de comunicação, logo, é texto – ainda que o código do emissor e do receptor-expectador não sejam os mesmos. (MACHADO, Irene A. Texto & Gêneros: fronteiras, publicado em Espaços da Linguagem na Educação). a) Variações Linguísticas. b) Coesão e Coerência. c) Linguagem Verbal e Linguagem Não-Verbal. d) Acentuação. e) Pontuação. 8 – Das opções abaixo, marque aquela que representa exemplos de linguagem não-verbal: a) cornetas e uma conversa informal entre amigos. b) céu estrelado e danças folclóricas. c) canções folclóricas do boi-da-cara-preta. d) pregações religiosas. e) semáforos e discursos políticos. Língua Portuguesa 22 Leia os textos para responder às questões 9 e 10: Texto 1: O caráter público da línguaDizemos que são considerados bens públicos aqueles de uso comum do povo. Nesse sentido, não há como deixar de considerar a língua como um bem público, já que ela é de uso comum dos que dela se utilizam para atos de comunicação. A língua é exterior aos indivíduos e, por isso, estes não podem criá-la ou modificá-la individualmente. Ela só existe em decorrência de uma espécie de contrato coletivo que se estabeleceu entre as pessoas e ao qual todos aderiram. A língua portuguesa, por exemplo, pertence a todos aqueles que dela se utilizam. No caso de línguas como o português, o inglês e o espanhol, só para citar alguns exemplos, esse bem público é veículo de comunicação de pessoas de vários países; são, portanto, línguas multinacionais. A língua portuguesa é utilizada não somente por brasileiros. ( ... ) O português hoje é falado por cerca de 200 milhões de pessoas, ocupando o quinto lugar entre as línguas mais faladas do mundo. (TERRA, Ernani. Linguagem, Língua e Fala. São Paulo: Editiora Scipione, 1997) Texto 2: O caráter privado da fala A língua, como vimos, é um bem público, ou seja, pertence a toda a comunidade de falantes, que podem utilizá-la como meio de comunicação. A utilização que cada indivíduo faz da língua, a fala, por outro lado, possui um caráter privado, ou seja, pertence exclusivamente a cada indivíduo que a utiliza. É o aspecto individual da linguagem humana. Língua Portuguesa 23 Cada um dos quase duzentos milhões de falantes da língua portuguesa apropria-se da língua que fala com animus domini, isto é, com o ânimo de quem se sente dono dela, utilizando-a com todas as prerrogativas que lhe confere o domínio sobre esse bem, dentro de alguns princípios preestabelecidos pela comunidade de falantes. A dicotomia entre língua e fala permite verificar que a linguagem humana, ao contrário dos demais bens (que são públicos ou privados), possui, ao mesmo tempo, as características de bem público e privado, de individual e coletivo. A língua é o lado público e coletivo da linguagem humana, ao passo que a fala é o seu lado privado e individual. Encarada como um bem público, a língua é uma instituição social de caráter abstrato. É instituição porque é uma estrutura decorrente da necessidade de comunicação, com um conjunto de convenções necessárias para permitir o exercício da faculdade da linguagem aos indivíduos. É social porque, sendo exterior aos falantes, pertence à comunidade linguística como um todo. É abstrata porque só se realiza através da fala. (TERRA, Ernani. Linguagem, Língua e Fala. São Paulo: Editora Scipione, 1997) 9 – Disserte sobre o caráter social e abstrato da língua. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Língua Portuguesa 24 10 – Trace um paralelo, de acordo com o conteúdo da Unidade, utilizando-se de três diferenças entre língua e fala. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Língua Portuguesa 25 2 Os Signos Linguísticos Conceito de signo. O significante e o significado - conceituação. A relação significante x significado. Língua Portuguesa 26 Como vimos na unidade anterior, a comunicação se dá pela linguagem verbal e pela linguagem não-verbal. Agora, vamos tratar da linguagem verbal e de todos os mecanismos que a envolvem. Você terá contato com o signo linguístico, isto é, com todo o processo que envolve a língua. Vamos lá, então? Objetivo(s) da Unidade: Reconhecer, dentro da linguagem verbal, a estrutura do signo linguístico, bem como os procedimentos básicos a que essa estrutura está relacionada: o papel do significante e do significado. Plano da Unidade: Conceito de signo. O significante e o significado - conceituação. A relação significante x significado. Bons estudos! Sucesso! Língua Portuguesa 27 Os Signos Linguísticos Ao introduzirmos essa unidade com a definição de signo, queremos ressaltar que signo é, antes de mais nada, sinal, símbolo e, portanto, refere-se a alguma coisa. Sempre que tentamos representar a realidade por meio da palavra, estamos falando de signo linguístico. Veja o verbete tirado do dicionário eletrônico Michaelis – UOL, 2002 sig.no s. m. 1. Astr. Cada uma das doze partes em que se divide o zodíaco e cada uma das constelações respectivas. 2. Linguíst. Tudo aquilo que, sob certos aspectos e em alguma medida, substitui alguma coisa, representando-a para alguém. — S. linguístico: o que designa a combinação de conceito com a imagem acústica, ou seja, a combinação de um significado com um significante. Em bola, por exemplo, a sequência de sons b-o-l-a é o significante, e a ideia do objeto é o significado. S.-de-salomão: emblema místico, símbolo da união do corpo e da alma, que consiste em dois triângulos entrelaçados formando uma estrela de seis pontas; signo salomão. Era usado, outrora, como amuleto contra a febre e outras doenças. S.-salomão: signo-de- salomão. Conceituamos signo linguístico como a menor unidade dotada de sentido. Compõe-se de um elemento material, de caráter linear, denominado significante e de conceito, de uma ideia, da imagem psíquica que temos, que é o significado. A relação significante X significado é convencional, ou seja, há um acordo implícito e explícito entre os usuários da língua. Língua Portuguesa 28 Convencionou-se chamar de gato o animal mamífero, doméstico, da classe dos felídeos, por exemplo.. essa relação presente no signo linguístico é também arbitrária, visto que não há qualquer propósito entre a representação gráfica “ g – a – t – o ” e a ideia que temos representada em nossas mentes desse animal. Também temos o significante “g – a – t – o” com outros significados, como: Ladrão, gatuno, larápio ou em expressões do tipo gato-pingado: cada um dos poucos assistentes de uma reunião ou espetáculo, ou de algum agrupamento e ainda gato e sapato: coisa desprezível.Sendo assim, signo é a associação de um significante (sons da fala, imagens gráficas, desenhos, etc.) e um significado (conceito, ideia ou imagem mental). O signo LIVRO se compõe, portanto de: Devemos ressaltar, ainda, que quando falamos em signo linguístico, referimo- nos a uma representação da realidade através da palavra. Acentuamos que palavra é criação humana, usada para representar algo que temos em mente. A palavra maçã não é a maçã (você não come a palavra maçã); mas ao dizermos ou lermos essa palavra, é claro que nos vem à mente a ideia da maçã (fruto da macieira). Mesmo que o objeto mencionado não esteja na nossa frente, ao evocá-lo, usamos a palavra que o nomeia, a sua imagem surge em nossa mente de maneira instantânea. Língua Portuguesa 29 LEITURA COMPLEMENTAR: Aprofunde seus conhecimentos lendo: TERRA, Ernani. Linguagem, língua e fala. São Paulo: Scipione, 1997. ______, Ernani. Cavallete, Floriana Toscano & NICOLA, José. Português para o Ensino Médio: Língua, Literatura e Produção de Textos. volume único. São Paulo, Scipione, 2002. É HORA DE SE AVALIAR Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Língua Portuguesa 30 Exercício da unidade 2 1 – Com relação ao conceito de signo linguístico, NÃO é correto afirmar que: a) É um conceito binário já que se compõe de dois elementos: o significante e o significado. b) A imagem acústica é o significado da palavra. c) A imagem psíquica corresponde ao significado da palavra. d) /m/e/z/a/ corresponde ao significante fônico da palavra mesa. e) A palavra “mesa” corresponde ao significado da palavra. 2 – Com relação ao conceito de signo linguístico, é correto afirmar que: a) A imagem acústica corresponde ao significado da palavra. b) A forma gráfica corresponde ao significado da palavra. c) O conceito de signo se constitui de uma relação arbitrária ou convencionalizada entre significante e significado. d) A imagem psíquica corresponde ao significante da palavra. e) O elemento material corresponde ao significado da palavra. 3 – Escreva V (Verdadeiro) ou F (Falso) para as afirmativas abaixo. Depois, marque a alternativa correta: I – ( ) O significado é o conceito, a ideia, a imagem psíquica que temos dos elementos verbalizados. II – ( ) O signo linguístico é a fusão do elemento material e da imagem psíquica. III – ( ) O signo linguístico tem duas faces: o significante e o significado. Língua Portuguesa 31 a) F – V – F b) V – V – F c) F – F – V d) V – F – F e) V – V – V 4 – O elemento composto pelos sons da fala e pelas representações gráficas desses sons é: a) o signo linguístico. b) o significado. c) a fala. d) o significante. e) a arbitrariedade. 5 – Com relação ao conceito de signo linguístico, identifique a sequência correta: I – O signo linguístico corresponde a uma relação simbólica e arbitrária entre dois elementos: o significante e o significado. II – O significante corresponde à representação material da palavra, seja por recursos gráficos ou sonoros. III – O significante corresponde à representação conceitual da palavra. IV – O signo linguístico se constitui em uma relação binária entre elementos de natureza concreta e abstrata, respectivamente. a) V – V – F – F b) F – V – F – V c) V – F – V – F d) F – F – V – V e) V – V – F – V Língua Portuguesa 32 6 – Complete os espaços abaixo. Um _____________ compõe-se de um elemento material de caráter linear, denominado __________ e do conceito, da ideia, a imagem psíquica que temos, ou seja: ___________. A alternativa que preenche adequadamente o enunciado é: a) signo – significante – significado. b) signo – significado – significante. c) signo – significante – signo. d) significante – signo – significado. e) significado – significante – signo. 7 – Um signo linguístico é a combinação de um elemento concreto com um elemento inteligível. Qual a denominação dada, respectivamente, a cada um desses elementos? a) Língua e Linguagem. b) Linguagem e Língua. c) Significante e Significado. d) Fala e Discurso. e) Língua e Fala. 8 – Signo = representação material (Significante) + conceito mental (Significado). É claro que um mesmo significante pode nos remeter a vários significados. Esse fato linguístico chama-se: a) sinônimo. b) antônimo. c) semântica. d) denotação. e) polissemia. Língua Portuguesa 33 TEXTO PARA A QUESTÃO 9: Marina, linda e loira, tinha quatro aninhos, as melenas já estavam nos ombros, quando a mãe resolveu dar um trato na cabeça da criança. Pegou uma tesoura grande e disse: – Mamãe só vai cortar dois dedinhos. Marina aos prantos, mostrando a mão para a mãezinha, pergunta: – Qual deles, mamãe? (ILARI, Rodolfo. Introdução à Semântica – brincando com a gramática) O humor desta piada surge da confusão entre os signos e significados de algumas palavras. Qual a palavra que gera confusão no texto lido? Quais os significados que esta palavra pode ter? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 10 – Observe o anúncio publicitário e explique as relações de significado exploradas pelo contexto no que diz respeito às palavras destacadas: SE SEU AMIGO USA DROGAS E VOCÊ NÃO FALA NADA, QUE DROGA DE AMIGO É VOCÊ? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Língua Portuguesa 34 Língua Portuguesa 35 3 Os Elementos da Comunicação Humana Esquematizando o processo comunicativo Conceituando emissor, receptor, mensagem, canal, código e referente. O referente situacional e o referente textual. A comunicação unilateral e a comunicação bilateral. O ruído A intencionalidade discursiva Língua Portuguesa 36 Agora, ainda falaremos dos processos da comunicação humana, mas desta vez vamos tratar dos componentes que formam todo esse processo. São o que chamamos de ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO. Falaremos, também, da intencionalidade discursiva, ou seja, dos mecanismos utilizados por quem fala / escreve. Mãos à obra! Objetivo(S) da Unidade: Compreender as relações estabelecidas entre os componentes que formam o processo de comunicação humana, bem como os mecanismos de quem fala/escreve, isto é, a intencionalidade do discurso. Plano da Unidade: Esquematizando o processo comunicativo Conceituando emissor, receptor, mensagem, canal, código e referente. O referente situacional e o referente textual. A comunicação unilateral e a comunicação bilateral. O ruído A intencionalidade discursiva Bons estudos! Língua Portuguesa 37 Os elementos da comunicação humana Para Francis Vanoye¹ “toda comunicação tem por objetivo a transmissão de uma mensagem”. Assim, para que a comunicação aconteça, temos de ter alguém construindo um texto (verbal ou não-verbal) e enviando-o a alguém. Esse material enviado se utilizará de um sistema de sinais e de um meio ou contato para fazer chegar àquilo que se pretenda comunicar.O ato comunicativo, portanto, sendo um ato social, concretiza várias manifestações, tanto do ponto de vista cultural como no nosso cotidiano. Vale dizer: sempre estamos nos comunicando com alguém através de uma mensagem. Assim, podemos esquematizar esse processo comunicativo do seguinte modo: 1VANOYE , Francis. Usos da Linguagem – problemas e técnicas na produção oral e escrita. 11 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. Língua Portuguesa 38 1) O emissor – ou destinador ou ainda remetente – é o que emite (envia) a mensagem. Essa mensagem pode ser transmitida de forma individual ou em grupo. 2) O receptor ou destinatário é o que recebe a mensagem. 3) A mensagem é o que se denomina, ainda segundo Vanoye, “objeto da comunicação”. Constitui-se no conteúdo daquilo que é transmitido. 4) O canal comunicativo é definido como os meios utilizados pelo emissor a fim de enviar a mensagem ao receptor. Uma mensagem, por exemplo, que é transmitida por um órgão de controle de tráfego – uma placa do tipo “PERMITIDO ESTACIONAR” – se dá através dos meios visuais de que o receptor é portador. O som do apito de um guarda, sinalizando algo, acontece através do meio sonoro (ondas sonoras, ouvido...). É através do canal de comunicação que utilizamos que podemos empreender a classificação das mensagens. Assim, teremos: a) As mensagens visuais: as imagens (desenhos, fotos) e os símbolos (a escrita ortográfica). b) As mensagens tácteis: um aperto de mão, uma carícia... c) As mensagens sonoras: os diversos sons significativos, as palavras faladas, as músicas etc. d) As mensagens gustativas: uma comida, por exemplo, apimentada ou salgada demais... e) As mensagens olfativas: um perfume, um escapamento de gás de cozinha etc. Língua Portuguesa 39 5) O código é um conjunto de signos combinados entre si, do qual o emissor se utiliza para elaborar a mensagem. Ao montá- la, o remetente estará operando a codificação; ao recebê-la, o destinatário – identificando o código utilizado – estará procedendo à decodificação. Os processos de codificação / decodificação se realizam de algumas maneiras, tais como: a) O emissor envia uma mensagem. O destinatário a recebe, mas não a compreende, porque não possuem signos em comum. Como exemplo, poderíamos apontar uma tentativa de diálogo entre uma pessoa que só sabe falar português e uma que só sabe falar inglês. b) O emissor “tenta” manter um diálogo com um receptor que domina pouco o código utilizado. Neste caso, a comunicação é restrita, pois são poucos os signos em comum. Um americano, recém-chegado ao Brasil, tentando se comunicar com um estudante que estuda inglês há apenas um ano. Língua Portuguesa 40 c) A comunicação é mais abrangente; embora ainda não total – quando, por exemplo, um professor explica um determinado conteúdo, mas alguns alunos não dominaram ainda o anterior, que, por sua vez, seria pré-requisito do atual. d) Finalmente, temos a comunicação total. Todos os signos emitidos pelo emissor são do conhecimento do receptor e a figura assim representará esse caso: Língua Portuguesa 41 6) O referente é constituído pelo conteúdo ao qual a mensagem nos remete. Temos o referente situacional e o referente textual. O 1º diz respeito aos elementos da situação e das circunstâncias da transmissão da mensagem. Assim, quando uma professora pede aos alunos que abram o livro na página 80, supõe-se que ela esteja dentro de uma sala de aula e os alunos, além de possuírem o referido livro, saibam sobre o que ela está falando. Já, o referente textual é constituído pelos elementos do contexto linguístico. Num conto ou em um romance, por exemplo, todos os referentes são textuais, ou seja, têm como base o texto. Temos, ainda, dois tipos de comunicação: a comunicação unilateral e a comunicação bilateral. Quando se estabelece de um emissor para o receptor, sem qualquer reciprocidade, chama-se comunicação unilateral. Uma palestra, um anúncio em outdoor ou uma placa de sinalização de trânsito transmitem mensagens sem precisar receber resposta, são bons exemplos. Já em uma conversa, em um debate em sala de aula, temos a comunicação bilateral, pois o emissor e o receptor “trocam” de papéis. Muitas vezes, a transmissão da mensagem é prejudicada por algo que denominamos ruído. Não podemos entendê-lo apenas como um problema de ordem sonora. Na verdade, para o processo de comunicação, ruído é tudo aquilo que pode atrapalhar o receptor em receber a mensagem enviada pelo emissor. Podemos estabelecer, por exemplo, que ruído pode ser, entre outros: uma voz Língua Portuguesa 42 muito baixa; o barulho de uma britadeira funcionando perto de um “orelhão”; um defeito no sistema eletrônico de uma televisão; uma linha cruzada durante uma ligação telefônica; uma notícia cujo jornal apresenta uma das pontas rasgadas, não permitindo a leitura em seu todo; uma mancha borrada no papel de uma carta etc. Como vimos, a comunicação humana está muito além de um simples ato mecânico de estímulo e resposta. Não haverá comunicação de fato se não houver interação entre emissor e receptor; isto é, sempre estamos nos relacionando com o outro ou outros, através da linguagem (verbal ou não-verbal), num processo contínuo. A intencionalidade discursiva A piadinha que se segue constitui uma situação comunicativa entre duas pessoas: Um amigo encontra o outro na rua: - Onde você está morando, rapaz? - Em Copacabana. - Em que altura? - No 7º andar. Nesse caso, a comunicação entre o emissor e o receptor não tem muito sucesso e é aí que o humor se faz presente; exatamente pelo fato de que os interlocutores não atendem a um princípio básico da comunicação: a intencionalidade discursiva – intenções (explícitas ou implícitas) existentes na linguagem dos membros que participam de uma determinada situação comunicativa. Ao interagir com outra pessoa através da linguagem, temos a “intenção” de modificar o pensamento ou o comportamento de nosso(s) interlocutor(es). O sucesso da comunicação está, portanto, em saber lidar com a intencionalidade. É Língua Portuguesa 43 através dela que o emissor impressiona, persuade, informa, pede, solicita etc. (a)o receptor. Como vimos nessa unidade, sem comunicação e sem os seus elementos constitutivos, não há como uma pessoa se comunicar com outra. Na unidade IV, veremos como as mensagens funcionam, tendo como foco cada um desses elementos. Leitura complementar Aprofunde seus conhecimentos lendo: - TERRA, Ernani. Linguagem Língua e Fala. São Paulo: Scipione, 1997. - VANOYE, Francis. Usos da Linguagem - problemas e técnicas na produção oral e escrita. 11 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. É HORA DE SE AVALIAR Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Língua Portuguesa 44 Exercício da unidade 3 1 – O texto publicitário está centrado no (a): a) emissor. b) receptor. c) canal. d) código. e) mensagem. 2 – Escreva V (Verdadeiro) ou F (Falso) para as afirmativas abaixo. Depois, marque a alternativa correta: I – ( ) A Mensagem é o meio físico que interliga Emissor e Receptor. II – ( ) O Código representa o assunto de uma interlocução. III – ( ) Para se obter uma comunicação efetiva nenhum dos seis elementos pode falhar.a) V – V – F b) F – V – F c) V – V – V d) V – F – V e) F – F – V Língua Portuguesa 45 3 – A opção que melhor define a ideia de MENSAGEM é: a) O ato daquele que envia a mensagem. b) O conjunto de signos e de regras de combinação desses signos utilizados para elaborar a mensagem. c) O conteúdo das informações transmitidas. d) O meio pelo qual a mensagem é transmitida. e) O ato daquele que recebe a mensagem. 4 – Dentre as alternativas abaixo, marque aquela que está de acordo com o conceito de Comunicação. a) Processo de troca de significados entre indivíduos por meio de códigos diversos. b) Processo que envolve parcialmente a troca de significados entre indivíduos por meio de um código comum. c) Processo de troca de significados entre indivíduos por meio de um código comum. d) Processo em que não há necessidade de troca de significados entre indivíduos. e) Processo que envolve signos, sinais, símbolos, linguagem falada ou escrita e onde não há necessidade de troca de significados entre indivíduos. 5 – Português é fácil de aprender porque é uma língua que se escreve exatamente como se fala. Pois é. U purtuguêis é muito fáciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi ixatamenti cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas palavras. Im purtuguêis não. É só prestátenção. U alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi muito diferenti. Qui bom qui a minha língua é u purtuguêis. Quem soube falá sabi iscrevê. (Jô Soares) Língua Portuguesa 46 No texto acima, podemos observar que o humorista tentou uma aproximação entre: a) os elementos da comunicação e a variação linguística. b) a língua falada e a escrita. c) os níveis da fala. d) os elementos da comunicação e a ortografia. e) os elementos da comunicação e as funções da linguagem. 6 – Se o receptor não conseguir entender a mensagem do emissor, podemos afirmar que: a) o emissor não tinha interesse em ser compreendido pelo receptor. b) o receptor mostrou-se desinteressado do assunto em questão. c) o emissor subvalorizou a capacidade do receptor. d) o receptor decodificou a fala do emissor. e) o emissor usou um código diferente do código do receptor. 7 – Os seis fatores que integram o ato de comunicação verbal são: a) Linguagem verbal – Linguagem não-verbal – Contexto – Canal – Código – Signo. b) Signo – Contexto – Canal – Significante – Significado – Código. c) Contexto – Canal – Emissor – Mensagem – Linguagem verbal – Signo d) Emissor – Receptor – Mensagem – Canal – Signo – Código. e) Contexto – Canal de comunicação – Emissor – Mensagem – Receptor – Código. Língua Portuguesa 47 8 – Leia atentamente a mensagem e indique que elemento da comunicação humana prevalece no texto abaixo. Eu nunca sonhei com você Nunca fui ao cinema Não gosto de samba Não vou a Ipanema Não gosto de chuva Nem gosto de sol. (Tom Jobim) a) Mensagem. b) Emissor. c) Código. d) Contexto. e) Canal. 9 – Quando emitimos a frase “– Está quente aqui!” podemos pensar em três situações diferentes. Comente de que maneira cada uma dessas situações pode ser entendida. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Língua Portuguesa 48 10 – Leia a piada extraída do livro “Introdução à Semântica – brincando com a gramática“ de Rodolfo Ilari, p. 81 – e explique de onde se extrai o humor na situação comunicativa (emissor → receptor). Certa mulher aguardava com seu marido o diagnóstico da doença deste. O médico se aproxima dos dois com expressão austera e diz: – Não estou gostando nada da cara dele. – Eu também não, mas ele é muito bom para as crianças. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Língua Portuguesa 49 4As Funções da Linguagem A função referencial. A função expressiva ou emotiva. A função conativa ou apelativa: a intenção do emissor e a organização da mensagem. A função poética. A função fática. A função metalinguística. Língua Portuguesa 50 Vamos falar agora sobre a finalidade predominante que toda mensagem tem: quer seja transmitir uma informação, uma emoção, quer seja um pedido. Você perceberá, no decorrer da leitura, que nenhuma mensagem existe sem que haja uma intenção do emissor. A nossa, nesse momento, é lhe ensinar mais um conteúdo necessário para a sua formação acadêmica. Bom estudo! Objetivo(s) da Unidade: Compreender os princípios que regem as relações estabelecidas entre os elementos da comunicação e a finalidade ou função que predomina em cada mensagem intencionalmente criada. Plano da Unidade: A função referencial. A função expressiva ou emotiva. A função conativa ou apelativa: a intenção do emissor e a organização da mensagem. A função poética. A função fática. A função metalinguística. Bons estudos! Língua Portuguesa 51 Quando realizamos um ato de comunicação verbal, devemos selecionar as palavras e depois de organizá-las e combiná-las entre si, temos que adequá-las de acordo com a intenção, com o sentido que queremos dar à mensagem que enviaremos ao receptor. Por ser o ato de falar algo bastante automático, raramente percebemos que essa organização e adequação das palavras usadas estão ligadas a uma ou mais funções. Sendo assim, ao darmos ênfase a um dos elementos de comunicação, já estudados anteriormente, estaremos priorizando uma das seis funções que a linguagem possui.. Foi o linguista russo Roman Jakobson quem elaborou, em 1969, estudos acerca das funções da linguagem. Para cada um dos elementos da comunicação humana, existe uma função estritamente ligada a cada elemento, como veremos a seguir: Língua Portuguesa 52 Função Referencial Também chamada de função informativa é centrada no referente, isto é, naquilo que se fala. Cabe ao emissor a intenção de transmitir ao seu interlocutor, de modo direto e objetivo, dados estruturados, geralmente, na ordem direta. Essa função está presente em grande parte dos textos dissertativos, técnicos, jornalísticos, em receitas médicas, bulas de remédio, manuais de instrução, avisos institucionais, mapas, gráficos etc. A função referencial é tratada por alguns autores como função denotativa, visto que no texto não há ambiguidades ou duplo sentido. Alimentação balanceada é aquela que contém nutrientes em quantidade e qualidade adequadas às necessidades de cada um. Estas demandas variam, não apenas de acordo com a idade,mas também em relação ao estilo de vida. Assim como as exigências nutricionais dos filhos pequenos são distintas daquelas de seus pais e avós, uma boa dieta para quem tem hábito de caminhar um pouco, todos os dias, está longe de ser adequada para um jogador de futebol ou um corredor de maratona. Ainda assim, existe um princípio válido para todos: quando se trata de fazer uma refeição balanceada é indispensável a ingestão de quantidade suficiente de alimentos construtores, energéticos e reguladores. Suplemento “Nestlé faz bem” - parte integrante da revista Galileu nº 156/julho-04 Função expressiva ou emotiva Centrada no emissor da mensagem, exprime a sua atitude em relação ao conteúdo da mensagem e da situação. Nesse caso, o emissor expressa seus sentimentos e emoções, resultando num texto subjetivo (diferente da objetividade da função referencial). A mensagem é estruturada com algumas marcas gramaticais que merecem registro: verbos e pronomes em 1ª pessoa, interjeições, adjetivos de valores, sinais de pontuação como as reticências, ponto de exclamação. Língua Portuguesa 53 O exemplo que daremos é o famoso “Soneto da Fidelidade”, escrito por Vinícius de Moraes. Repare como o uso da 1ª pessoa é uma marca significativa para acentuar a subjetividade do eu-poético. SONETO DA FIDELIDADE De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de que vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor ( que tive ): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. MORAES, Vinicius de. Obra Completa e prosa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1998. Língua Portuguesa 54 Função Conativa ou Apelativa O destaque está no receptor que, por sua vez, é estimulado pela mensagem. Os textos em que essa função predomina são marcados por verbos no imperativo, por vocativos, por pronomes de tratamento. Outro recurso utilizado pela imprensa para prender o receptor e que caracteriza muito bem a função CONATIVA é a argumentação, em que o emissor procura a adesão do receptor ao seu ponto de vista. Podemos traçar um paralelo entre a intenção do emissor da mensagem e a organização da mesma na função conativa. Perceba: INTENÇÃO DO EMISSOR → influenciar, envolver, persuadir. ORGANIZAÇÃO DA MENSAGEM→ apelo, súplica, ordem, chamamento, argumento. Numa mensagem publicitária, por exemplo, de um produto para limpeza, o texto parece falar com a mulher – dona-de-casa – a quem interessa vender o produto. Já, quando o objetivo é influenciar um jovem a comprar uma mochila, por exemplo, a intenção discursiva é outra e, consequentemente, o texto vai privilegiar palavras do universo dos adolescentes, usando gírias do momento, termos centrados em seu linguajar. Língua Portuguesa 55 Assim, a função conativa ou apelativa da linguagem é predominantemente encontrada nos anúncios publicitários, nos discursos políticos, nos horóscopos, nos livros de autoajuda, nas preces religiosas etc. Função Poética Acontece quando a comunicação dá ênfase à própria mensagem. Uma das características dessa função é o uso de recursos literários na construção da linguagem. Ao selecionar as palavras para compor um texto, o poeta escolhe as que realçam o sentido que ele quer dar ao seu texto e também a sua sonoridade e o ritmo; privilegiar as figuras de linguagem, os recursos fonológicos, a falta ou o excesso de sinais de pontuação. Nos textos em que predomina a função poética da linguagem, podemos encontrar, com muita frequência, o sentido conotativo das palavras. Tem tudo a ver A poesia tem tudo a ver com o sorriso da criança, o diálogo dos namorados, as lágrimas diante da morte, os olhos pedindo pão. A poesia – é só abrir os olhos e ver – tem tudo a ver com tudo. Elias José. Segredinhos de amor. São Paulo, Moderna, 1991. Língua Portuguesa 56 Função Fática Esta função se manifesta quando se percebe a preocupação do emissor em manter contato com o receptor, sem deixar com que a comunicação se perca. Centrada no canal, ou contato, como alguns autores preferem, a função fática acontece tanto na comunicação oral, através de sons do tipo “Hum... Hum...”, “Hein?”, “Tá... Tá...”, “Sim... Sei...”; de frases como “Está me ouvindo?”, “Estão me entendendo?” e de marcas sonoras como o famoso “Plim! Plim!” da Rede Globo que chama o telespectador “distraído” para a retomada de comunicação. Como na comunicação escrita, encontramos a função fática da linguagem ao empregarmos marcadores linguísticos que se repetem. Função Metalinguística Acontece quando a ênfase está no código, isto é, quando o código é o tema da mensagem ou é usado para explicar o próprio código. Sabemos que, na linguagem verbal, o código é a língua; portanto, quando utilizamos a língua para explicar a própria língua, temos a metalinguagem ou seja, a função metalinguística. Um exemplo bem claro são os dicionários e as gramáticas, pois utilizam palavras para explicar as próprias palavras. fren.te s. f. 1. Parte superior do rosto, desde os cabelos até as sobrancelhas. 2. Parte anterior de qualquer coisa. 3. Fachada de edifício. 4. Mil. Vanguarda. 5. Meteor. Superfície que marca o contato de duas massas de ar convergentes e de temperaturas diferentes. Língua Portuguesa 57 Como vimos, para cada um dos elementos do processo de comunicação humana temos uma função da linguagem predominante. Podemos ter essas funções em qualquer tipo de manifestação comunicativa. Por exemplo, em uma obra de arte, em um filme...Mais tarde voltaremos a falar sobre elas.. Na próxima unidade discutiremos sobre as diversidades do uso da língua. Vamos lá? Leitura complementar: Aprofunde seus conhecimentos lendo: CHALHUB, Samira. Funções da Linguagem. Coleção Princípios. São Paulo: Ática, 2000. VALENTE, André Crim. A linguagem nossa de cada dia. Petrópolis: Vozes, 1997. É HORA DE SE AVALIAR Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Língua Portuguesa 58 Exercício da unidade 4 1 – Identifique no texto a seguir qual é a função da linguagem predominante. Olá, como vai? Eu vou indo e você, tudo bem? Tudo bem, eu vou indo, correndo Pegar meu lugar no futuro, e você? (Sinal Fechado – Paulinho da Viola) a) Função Metalinguística. b) Função Emotiva ou Expressiva. c) Função Conativa ou Apelativa. d) Função Fática. e) Função Referencial ou Informativa. 2 – Assinale a alternativa em que a correspondência entre as funções da linguagem e os elementos da comunicação está errada: a) a função metalinguística está centrada no canal. b) a função emotiva está centrada no emissor. c) a função conativa está centrada no receptor. d) a função poética está centrada na mensagem. e) a função referencial está centrada no referente. Língua Portuguesa 59 Leia o poema para as questões 3 e 4 Você Precisa saber da piscina, Da margarina, Da Carolina, Da gasolina, Você precisa saber de mimBaby, Baby Eu sei que é assim... Você precisa tomar um sorvete Na lanchonete Andar com a gente Me ver de perto Ouvir aquela canção do Roberto Baby, Baby Ah, quanto tempo... Você precisa aprender inglês Precisa aprender o que eu sei E o que eu não sei mais E o que eu não sei mais Eu sei, comigo vai tudo azul Contigo vai tudo em paz Vivemos na melhor cidade Da América do Sul Da América do Sul Você precisa... Não sei... Leia na minha camisa: BABY, I LOVE YOU... (Caetano Velloso) Língua Portuguesa 60 3 – Após a leitura do poema, considerando o que aprendeu sobre Funções da Linguagem, marque a única alternativa incorreta: a) Num mesmo texto é possível encontrar mais de uma função da linguagem. b) Nos versos “Você precisa aprender inglês / Precisa aprender o que eu sei” temos o predomínio da função conativa. c) Podemos dizer que a repetição de palavras e expressões é um recurso da função poética. d) Nos versos “Da margarina, / Da Carolina, / Da gasolina,” observamos que a função predominante é a poética. e) Podemos dizer que o texto é predominantemente fático. 4 – Retirado do poema anterior, o verso “Leia na minha camisa:” tem como função da linguagem predominante a: a) emotiva. b) fática. c) conativa. d) metalinguística. e) poética. Leia os textos das questões 5 e 6 e diga que função da linguagem cada um deles apresenta. 5 – “Comunicação – Uma das principais funções da linguagem humana pela qual os homens entram em contato entre si para mútua compreensão. Há vários códigos de comunicação, pois tudo a que se pode atribuir significações (cores, desenhos, gestos, etc.) pode ser usado para comunicação. A linguagem é apenas um desses códigos.” (Francisco da Silva Borba) Língua Portuguesa 61 a) função emotiva. b) função conativa. c) função metalinguística. d) função fática. e) função poética. 6 – “Algumas pesquisas de sociólogos americanos, realizadas desde a década de 50 do século XX, confirmam que, mesmo nos Estados Unidos, o filho do operário estuda para ser o operário que acaba sendo, e o filho do médico para ser médico ou engenheiro.” (Revista Veja, 2004) a) função metalinguística. b) função fática. c) função apelativa. d) função poética. e) função referencial. 7 – Leia o texto: POÉTICA (Cassiano Ricardo) 1 Que é a poesia? Uma ilha Cercada De palavras Por todos Os lados Língua Portuguesa 62 2 Que é o poeta? Um homem Que trabalha o poema Com o suor do seu Rosto. Que tem fome Como qualquer outro Homem. A alternativa que indica as duas funções da linguagem predominantes no texto é: a) fática e metalinguística. b) metalinguística e poética. c) referencial e informativa. d) poética e referencial. e) conativa e apelativa. 8 – Preencha os parênteses com a letra conveniente, conforme abaixo, e assinale a alternativa correta: A – Função Emotiva B – Função Conativa C – Função Referencial D – Função Fática E – Função Metalinguística F – Função Poética Língua Portuguesa 63 ( ) – Olá, como vai? – Bem, obrigado, e você? ( ) As funções da linguagem são objeto de estudo da unidade quatro. ( ) Acabe de ler as últimas unidades de estudo de LP I. a) A – C – F b) D – C – E c) B – A – D d) C – F – B e) D – C – B TEXTO PARA AS QUESTÕES 9 e 10: LIGANDO E DESLIGANDO O TELEFONE LIGANDO – pressione a tecla power até acender a luz verde. Se o telefone estiver desligado, pressione a tecla power durante, aproximadamente 3 segundos. Se o telefone estiver ligado, pressione a tecla power durante 1 segundo. Espere cerca de 3 segundos até que a luz verde comece a piscar. DESLIGANDO – pressione a tecla power durante cerca de 3 segundos, até que a luz verde comece a piscar. Solte a tecla. Espere cerca de 3 segundos até que o telefone desligue. (adaptado de um Guia do usuário de telefone celular) Língua Portuguesa 64 9 – Veja o texto que instrui o uso de um celular. A linguagem se organiza em torno de uma informação. Sendo assim, qual a função da linguagem predominante? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 10 – Sabendo, ainda, que o texto fala de um objeto a um destinatário, como comprovam os verbos no imperativo – “pressione, espere, solte etc.” – podemos dizer que há uma outra função da linguagem presente. Que função é essa? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Língua Portuguesa 65 5 As Diversidades do uso da Língua: Os Níveis da Linguagem A modalidade escrita e falada As variantes socioculturais - a norma culta e a norma coloquial; a gíria; a linguagem da Internet As variantes regionais As variantes de época As variantes de estilo Língua Portuguesa 66 Nesta unidade, trataremos dos níveis da linguagem, ou seja, da diversidade linguística, fato que ocorre, muitas vezes com bastante evidência; em outras, de forma pouco perceptível. Mas, de qualquer maneira, o estudo dessas variedades de uma língua implica em fatores de vital importância para o bom uso dela. Bom estudo! Objetivo(s) da unidade: Compreender a diversidade linguística e os níveis da linguagem, diferenciando-os e reconhecendo as características da modalidade culta da língua, assim como a condição de apropriar-se dessas normas para a construção de textos. Plano da Unidade: A modalidade escrita e falada As variantes socioculturais - a norma culta e a norma coloquial; a gíria; a linguagem da Internet As variantes regionais As variantes de época As variantes de estilo Bons estudos! Língua Portuguesa 67 As Diversidades do uso da Língua - Os Níveis da Linguagem TEXTO 1: “Uma das características mais evidentes das línguas é sua variedade. Entende-se por isso, fundamentalmente, que as línguas apresentam formas variáveis em determinada época, o que significa que não são faladas uniformemente por todos os falantes de uma sociedade. (....) Esta característica não é exclusiva das língua modernas. O latim e o grego antigo também tinham formas variáveis. O português, por exemplo, descende do chamado latim vulgar (popular), diferente em vários aspectos do latim dos escritores que chegou até nós. (...). Uma outra característica das línguas é que as diferenças que apresentam decorrem do fato de que os falantes de uma comunidade linguística não são considerados iguais pela própria sociedade. As diferenças de linguagem são uma espécie de distintivo ou emblema dos grupos, e, nesse sentido, colaboram para construir sua identidade. (...) As variedades (ou os dialetos) correspondem em grande parte a grupos sociais relativamente definidos: os que residem numa região ou em outra; os que pertencem a uma classe social ou a outra; os que são mais jovens ou mais velhos; os que são homens ou são mulheres; os que têm uma profissão ou outra etc.“ ABAURRE, M. B. M. e POSSENTI,S. Vestibular Unicamp: Língua Portuguesa. Apenas prestando atenção, percebemos intuitivamente que uma língua não é falada do mesmo modo por todos os seus falantes. Em particular, veremos o caso da língua portuguesa, falada em Portugal, no Brasil, em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe; em regiões asiáticas como Macau, Goa, Damão e Dio e em Timor Leste, na Oceania. Além do fator geográfico, temos também a variação de ordem social do falante, a situação em que ele deve falar ou escrever, etc. Língua Portuguesa 68 Sendo assim, podemos dizer que uma língua sofre variações de acordo com cinco eixos, criados pelo linguista romeno Eugenio Coseriu, que são: 1º EIXO: a modalidade escrita e falada 2º EIXO: as variantes socioculturais – a norma culta e a norma coloquial 3º EIXO: as variantes regionais. 4º EIXO: as variantes de época. 5º EIXO: as variantes de estilo. Não podemos esquecer de que, enquanto a linguagem em si mesma é um fenômeno universalmente igual para todos, a língua se manifesta de maneira diferente entre os falantes de uma mesma comunidade linguística, quer por fatores de ordem interna como externa. As línguas, portanto, manifestam a mesma capacidade humana de expressão, mas há, por exemplo, maneiras típicas de falar relacionadas às regiões de um país – principalmente o nosso, com essa dimensão continental –, às faixas etárias, aos grupos e classes sociais, às situações em que nos encontramos, ao estilo individual e até mesmo ao sexo, visto que, em algumas situações, há palavras que contemplam mais o sexo masculino que o feminino. Para tanto, existem as normas linguísticas. Algumas são mais livres e espontâneas; outras mais rígidas, com “sanções” formais àqueles que infringem a norma culta ou formal. O gramático Adriano da Gama Kury (In: Novas lições de análise sintática. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1985.) tem uma frase que sintetiza todas essas variações de uma língua dinâmica e potencialmente rica: “O bom falante é um poliglota em sua própria língua”. Língua Portuguesa 69 Vamos, então, analisar um a um os cinco eixos dessas variantes linguísticas: 1º Eixo: a modalidade escrita e falada As diferenças entre o código escrito e o falado não podem ser ignoradas, visto que, ao contrário da modalidade escrita, a falada tem uma característica marcante que se fundamenta na profunda vinculação às situações em que é usada. Normalmente, o contato entre os interlocutores é direto e, ao conversarem sobre um determinado assunto, esses interlocutores elaboram mensagens marcadas por fatos da língua falada. O vocabulário utilizado é fortemente alusivo, pois usamos pronomes como eu, você, isso e advérbios como aqui, agora, cá, lá etc. O código oral também conta com elementos expressivos que o código escrito não contempla. Nesse caso, aparece a entonação, capaz de modificar totalmente o significado de certas frases. Sabemos que nem todas as sociedades do mundo têm domínio sobre a modalidade escrita, mas todas as sociedades humanas fazem uso da modalidade oral. A essas sociedades – como muitas das comunidades indígenas do Brasil – damos o nome de sociedades ágrafas. Já nas sociedades ditas letradas, podemos classificar a linguagem em três categorias, que veremos mais adiante: temos a linguagem coloquial, a norma culta ou padrão e a linguagem literária. Mas, antes da classificação citada, vamos analisar, no quadro que se segue – tirado de MESQUITA, Melo Roberto. Gramática da língua portuguesa. 8ª ed. rev. atual. São Paulo: Saraiva, 1999 – as diferenças entre a língua falada e a língua escrita: Língua Portuguesa 70 1 BORBA, Francisco da Silva. Introdução aos Estudos Linguísticos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1975.p.262. 2º Eixo: as variantes socioculturais – a norma culta e a norma coloquial Quanto à variação da linguagem (quer falada, quer escrita), deparamo-nos com alguns registros que merecem a nossa atenção: 1-LINGUAGEM COLOQUIAL OU NORMA POPULAR: É a linguagem que empregamos em nosso cotidiano, em determinadas situações que não exigem formalidade, com interlocutores que consideramos “iguais” a nós no que diz respeito ao domínio da língua. Nesse tipo de linguagem, não temos preocupação em falar “certo” ou “errado”, já que não somos obrigados a Língua Portuguesa 71 usar regras e o nosso objetivo é a transmissão da informação, dando prioridade à expressividade. 2. NORMA CULTA OU NORMA PADRÃO: Leia o que nos fala Magda Soares, em Linguagem e escola: uma perspectiva social. 3ª ed. São Paulo: Ática, 1986. “Dialeto padrão: também chamado norma padrão culta, ou simplesmente norma culta, é o dialeto a que se atribui, em determinado contexto social, maior prestígio; é considerado o modelo – daí a designação de padrão, de norma – segundo o qual se avaliam os demais dialetos. É o dialeto falado pelas classes sociais privilegiadas, particularmente em situações de maior formalidade, usado nos meios de comunicação de massa (jornais, revistas, noticiários de televisão etc.), ensinado na escola, e codificado nas gramáticas escolares (por isso, é corrente a falsa ideia de que só o dialeto padrão pode ter uma gramática, quando qualquer variedade linguística pode ter a sua). É ainda, fundamentalmente, o dialeto usado quando se escreve (há, naturalmente, diferenças formais que decorrem das condições específicas de produção da língua escrita, por exemplo, de sua descontextualização). Efetuadas diferenças de pronúncia e pequenas diferenças de vocabulário, o dialeto padrão sobrepõe-se aos dialetos regionais, e é o mesmo, em toda a extensão do país”. Língua Portuguesa 72 3- A GÍRIA: Segundo William Cereja (In: Gramática reflexiva: texto, semântica e interação. São Paulo: Atual, 1999. p. 11), “a gíria é um dos dialetos de uma língua. Quase sempre criada por um grupo social, como o dos fãs de ‘rap’, de ‘heavy metal’, o dos que praticam certas lutas, como capoeira, jiu-jitsu etc. Quando ligada a profissões, a gíria é chamada de jargão. É o caso do jargão dos jornalistas, dos médicos, dos dentistas e de outras profissões”. Temos a gíria como uma contribuição da definição da identidade de um grupo que a utiliza, às vezes, com caráter contestador, como a dos jovens de uma determinada geração funcionando como uma espécie de meio de exclusão dos indivíduos externos ao grupo. Algumas funcionam como transgressoras dos padrões sociais vigentes e, por consequência da própria língua. Para ilustrar, leia o texto que se segue: TRUS MOSTRAM VITALIDADE DA GÍRIA EM SP Termo derivado de truta (amigo, companheiro), é usual nas rodinhas de estudantes. Ficar na porta de uma escola paulistana na hora da saída de aula pode ser uma experiência única. Para quem não faz parte da turma, compreender o que se diz é tarefa pra lá de difícil. Meninos e meninas, com idade entre 13 e 17 anos, não economizam em gírias das mais variadas e engraçadas, num código indecifrável: E aí, tru?! Belê? Sussu -Vô na minha goma. Ta na fita? - Se pá eu vou lá - Cola lá. Falou? Língua Portuguesa 73 Trata-se do diálogo entre amigos. Um convida o outro para ir à sua casa. O que foi convidado diz que talvez vá, mas não tem certeza. O outro reafirma o convite e despede-se. As gírias paulistanas, que nem sempre pegam ou viram mania nacional como as do Rio, onde recentemente nasceram sangue bom, sarado e o ah! Eu tô maluco! , originam-se, segundo os jovens da capital, nos bailes funk e escolas e entre praticantes