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PARASITOLOGIA Aula 02 Parasitologia Teórica PARASITOLOGIA Parasitologia humana É a parte da Biologia que estuda os fenômenos de dependência entre os seres vivos. É um ciência que se baseia no estudo dos parasitas e suas relações com o hospedeiro. É dividida nos seguintes filos: Protozoa - Ex.: Entamoeba coli. Helmintos – Ex.: Nematoda (vermes cilíndricos – Ascaris lumbricoides) e Platyhelminthes (vermes achatados – Taenia saginata); Arthropoda (artrópodes): seres pluricelulares e eucariontes. Ex.: Insetos e ácaros. PROTOZOOLOGIA Quanto a sua morfologia, os protozoários variam entre 30 e 300 µm e apresentam grandes variações, conforme sue fase evolutiva e meio a que estejam adaptados. Podem ser esféricos, ovais ou mesmo alongados. Alguns são revestidos de cílios, outros possuem flagelos, e existem ainda os que não possuem nenhuma organela locomotora especializada. Unicelulares, alguns coloniais, alguns com etapas de vida multicelulares. Eucariontes. Heterótrofos, digestão intracelular. Vida livre ou parasitas. Tem características semelhantes a animais, como locomoção, ingestão de alimentos e ausência de parede celular rígida. PROTOZOOLOGIA Os principais protozoários são divididos de acordo com as diferentes formas de locomoção: Mastigophora → Este subfilo engloba os protozoários com um ou mais flagelos (Exemplo: Trypanosoma, Leishmania, Giardia, Trichonomas). Rhizopoda ou Sarcodinea → Possuem pseudópodos para a locomoção, que auxiliam também na captura de alimentos por fagocitose. Os pseudópodos efetuam movimentos por simples expansão e contrações do protoplasma (Exemplo: Entamoeba hystolitica). Sporozoa ou Apicomplexa → Não possuem organelas de locomoção e são parasitas intracelulares obrigatórios (Exemplo: Toxoplasma gondii). Ciliophora→ Se locomove à partir de cílios (Exemplo: B.coli). Filos Subfilos Ordens Famílias Gêneros Espécies Sarcomastigophora (presença de flagelos ou pseudópodes) Mastigophora (com flagelos) Kinetoplastida Trypanosomatidae Trypanosoma T.cruzi Leishmania L.braziliensis L.chagasi Diplomonadida Hexamitidae Giardia G.lamblia Trichomonadida Trichomonadidae Trichomonas T.vaginalis Sarcodina (com pseudópodos) Amoebida Entamoebidae Entamoeba E.histolytica E.coli Acanthamoebidae Acanthamoeba A.culbertsoni Hartmanellidae Hartmanella Schizopyrenida Schizopyrenidae Naegleria N.fowleri Apicomplexa (presença de “complexo apical” - todas as espécies são parasitos) Piroplasmida Babesiidae Babesia B.microti Eucoccidiida Eimeriidae Cyclospora C.cayetanensis Isospora I.belli Sarcocystidae Sarcocystis S.hominis Toxoplasma T.gondii Plasmodiidae Plasmodium P.vivax P.falciparum Cryptosporidiidae Cryptosporidium C.parvum Cilliophora (presença de cílios) Kinetofragminophorea Trichostomatida Balantidiidae Balantidium B.coli Microspora Chytridiopsida Enterocytozoonidae Enterocytizoon E.bieunesi PROTOZOOLOGIA Dependendo da sua atividade fisiológica, algumas espécies possuem fases bem definidas. Assim, temos: TROFOZOÍTO - É a forma ativa do protozoário, na qual ele se alimenta e se reproduz, por diferentes processos. CISTO - É a forma de resistência ou inativa. O protozoário secreta uma parede resistente (parede cística) que o protegerá quando estiver em meio impróprio ou em fase de latência (os cistos podem ser encontrados em tecidos ou fezes dos hospedeiros). Frequentemente há divisão nuclear interna durante a formação do cisto. GAMETA - É a forma sexuada, que aparece em espécies do filo Apicomplexa. O gameta masculino é o microgameta e o feminino é o macrogameta. HELMINTOLOGIA HELMINTOS Vem do grego: Helmins = vermes Animais metazoários (formados por várias células) Parasitos de plantas e animais, incluindo o homem Os Helmintos que parasitam o homem são divididos em 2 filos: 1. PLATYHELMINTHES (PLATELMINTOS) : vermes com o corpo achatado dorsoventralmente – “vermes achatados”. Dividem-se: 1.1. Trematódeos (Trematos – nome vem da palavra grega significa dotado de buracos). Tem o corpo não-segmentado. Alguns monoicos e a maioria hermafrodita (dioicos). Ex.: S. mansoni 1.2. Cestódeos (Cestodes - nome vem da palavra grega, que significa fita ). Tem o corpo em anéis, são hermafroditas (dioicos). Ex.: Taenia solium, Taenia saginata, Hymenolepis nana. 2. NEMATHELMINTHES OU NEMATELMINTOS ( Nematoda - nome vem da palavra grega nema, que significa fio. É constituído por vermes que apresentam o corpo cilíndrico ou redondos – “vermes "cilíndricos". Dimorfismo sexual. Ex.: Ascaris lumbricoides (lombrigas) , Trichuris trichiura. FILO CLASSE FAMÍLIA GENERO ESPÉCIE DOENÇA Platyelminthes Trematoda Shistosomadiae Schistosoma S. mansoni S.japonicum S.haematobium Esquistossomose Fasciolidae Fascíola F. hepática Fasciolose Cestoda Taeniidae Taenia T. solium T. saginata Teniose ou Cisticercose Echinococcus E. granulosus Hidatidose cística Equinococose Hyminolepididae Hymenolepis H. nana H. diminuta Himenolepíase Nemathelminthes Nematoda Ascarididae Ascaris A. lumbricoides Ascaridíase Toxocara T. Canis Toxocaríase Oxyuridae Enterobius E. vermicularis Oxiurose Strongyloididae Strongyloides S. stercoralis Estrongiloidíase Ancylostomidae Ancylostoma A. duodenale Ancilostomose Necator N. americanus Trichuridae Trichuris T. trichiura Tricuríase Onchocercidae Wuchereria W. bancrofti Filariose ou Elefantíase Onchocerca O. volvulus Oncocercose HELMINTOLOGIA Helmintos São parasitas grandes, pluricelulares e alguns helmintos podem chegar a metros de comprimentos. Temos, então, os sanguíneos: o os extra intestinais; e o os intestinais. Podemos encontra-los em duas morfologias: o Ovos: essa é a morfologia de resistência dos helmintos, assim como os cistos, não se multiplicam e apresentam uma membrana, o que os diferenciam é que são maiores e mais resistentes. o Larvas: Morfologia de multiplicação, podemos encontra-las no habitat e no hospedeiro definitivo. HELMINTOLOGIA 1. Hábitat: é o ecossistema local ou órgão onde determinada espécie ou população vive. Ex.: o hábitat do Necator americanus é o duodeno humano. 2. Hospedeiro: é o organismo que alberga o parasito. o Hospedeiro definitivo: é o que apresenta o parasito em sua fase de maturidade ou em fase de reprodução sexuada. Ex.: o hospedeiro definitivo do Plasmodium é o Anopheles; os hospedeiros definitivos do S. mansoni são os humanos. o Hospedeiro intermediário: é aquele que apresenta o parasito em sua fase larvária ou assexuada. Ex.: o caramujo é o hospedeiro intermediário do S. mansoni. o Hospedeiro paratênico ou de transporte: é o hospedeiro intermediário no qual o parasito não sofre desenvolvimento ou reprodução, mas permanece viável até atingir novo hospedeiro definitivo. Ex.: peixes maiores, que ingerem peixes menores contendo larvas plerocercóides de Diphyllobotrium, que simplesmente transportam essas larvas até que os humanos as ingiram (os humanos preferem comer crus os peixes maiores...). HELMINTOLOGIA Quanto ao ciclo evolutivo: o Monóxeno: parasitos que completam seu ciclo biológico em um hospedeiro. o Heteróxeno: parasitos que necessitam de 2 ou mais hospedeiros para completar o ciclo biológico HELMINTOLOGIA CICLO BIOLÓGICO Parasito Heteroxênico - É o que possui hospedeiro definitivo e intermediário. Exemplos: Trypanosoma cruzi, S. mansoni. Parasito Monoxênico - É o que possui apenas o hospedeiro definitivo. Exemplos: Enterobius vermicularis, A. lumbricoides. Parasito Heterogenético - É o que apresenta altemância de gerações. Exemplo: Plasmodium, com ciclo assexuado no mamífero e sexuado no mosquito. Parasito Monogenético - É o que não apresenta alternância de gerações (isto é, possui um só tipo de reprodução sexuada ou assexuada). Exemplos: Ascaris lumbricoides, Ancylostomatidae, Entamoeba histolytica. Parasito Obrigatório - É aquele incapaz de viver fora do hospedeiro. Exemplo: Toxoplasma gondii, Plasmodium, S. mansoni etc. CONCEITOSBÁSICOS DE PARASITOLOGIA Agente etiológico = é o agente causador ou o responsável pela origem da doença. Pode ser um vírus, bactéria, fungo, protozoário ou um helminto. Agente Infeccioso. Parasito, sobretudo, microparasitos (bactérias, fungos, protozoários, vírus etc.), inclusive helmintos, capazes de produzir infecção ou doença infecciosa (OMS, 1973) Endemia - quando o número esperado de casos de uma doença é o efetivamente observado em uma população em um determinado espaço de tempo. Doença endêmica - aquela cuja incidência permanece constante por vários anos, dando uma idéia de equilíbrio entre a população e a doença. Epidemia - é a ocorrência, numa região, de casos que ultrapassam a incidência normalmente esperada de uma doença. Profilaxia - é o conjunto de medidas que visam a prevenção, erradicação ou controle das doenças ou de fatos prejudiciais aos seres vivos. CONCEITOS BÁSICOS Infecção - é a invasão do organismo por agentes patogênicos microscópicos. Infestação - é a invasão do organismo por agentes patogênicos macroscópicos. Vetor - organismo capaz de transmitir agentes infecciosos. 0 parasita pode ou não desenvolver-se enquanto encontra-se no vetor. Hospedeiro - organismo que serve de habitat para outro que nele se instala encontrando as condições de sobrevivência. o hospedeiro pode ou não servir como fonte de alimento para a parasita. Hospedeiro natural: parasitismo obrigatório. Hospedeiro acidental ou ocasional: parasitismo não obrigatório Hospedeiro definitivo - é o que apresenta o parasito em fase de maturidade ou em fase de atividade sexual. Hospedeiro intermediário - é o que apresenta o parasito em fase larvária ou em fase assexuada. Hospedeiro de transporte ou paratênico: não ocorre evolução parasitária no hospedeiro, mas o hospedeiro pode transmitir o parasita em caso de predação por espécie hospedeira natural. Não é um caso verdadeiro. PRINCIPAIS TIPOS DE PARASITISMO 1- Acidental - Quando o parasita é encontrado em hospedeiro anormal ao esperado. Exemplo: Adulto de Dipylidium caninum parasitando humanos. 2- Errático - Se o parasita se encontra fora de seu habitat normal. Exemplo: Adulto de Enterobius vermicularis em cavidade vaginal. 3- Obrigatório - É o tipo básico de parasitismo, onde o parasita é incapaz de sobreviver sem seu hospedeiro. Exemplo: A quase totalidade dos parasitas. 4- Proteliano - Expressa uma forma de parasitismo exclusiva de estágios larvares, sendo o estágio adulto de vida livre. Exemplo: Larvas de moscas produtoras de miíases. 5- Facultativo - É o caso de algumas espécies que podem ter um ciclo em sua integra de vida livre e opcionalmente podem ser encontrados em estado parasitário. Exemplo: Algumas espécies de moscas que normalmente se desenvolvem em materiais orgânicos em decomposição no solo (cadáveres ou esterco), podem sob determinadas condições, parasitar tecidos em necrose, determinando o estado de miíases necrobiontófagas. É a sequência das fases que possibilitam o desenvolvimento e transmissão de determinado parasita. Quanto ao número de hospedeiros necessários para que o mesmo ocorra, podemos ter dois tipos básicos de ciclos: 1- Homoxeno (monoxeno): onde é encontrado somente um hospedeiro para que o ciclo se complete. Exemplos: Ascaris lumbricoides e Trichomonas vaginalis. 2- Heteroxeno: Onde são necessários mais de um hospedeiro para que o ciclo se complete, existindo pelo menos uma forma do parasita exclusivo de um tipo de hospedeiro. Quando existem dois hospedeiros, é denominado ciclo dixeno Exemplos: Taenia sp. e Trypanosoma cruzi); entretanto, quando são necessários mais de dois hospedeiros. Exemplo: Diphyllobothrium sp. CICLO VITAL (ONTOGÊNICO, BIOLÓGICO OU DE VIDA) DOS PARASITAS 3. Reservatório: É representado pelo (s) hospedeiro (s) vertebrado (s) natural (is) na região em questão. Obs.: O termo vetor é utilizado como sinônimo de transmissor, representado principalmente por um artrópode ou molusco ou mesmo determinado veículo de transmissão, como água ou alimentos, que possibilite a transmissão parasitária. Alguns autores utilizam o termo vetor biológico quando ocorre no interior deste animal a multiplicação e/ou o desenvolvimento de formas do parasita (se constituindo em hospedeiro) e vetor mecânico nas situações onde não existem tais condições, transmitindo assim o parasita com a mesma forma de desenvolvimento de ciclo que chegou ao mesmo, não sendo portanto um hospedeiro. TIPOS DE HOSPEDEIRO HETEROXENOMONOXENO MECANISMOS DE INFECÇÃO (MECANISMOS DE TRANSMISSÃO) Para que seja definido tal mecanismo, deve ocorrer análise quanto à porta entrada no organismo do hospedeiro (via de infecção) e neste momento se ocorreu ou não gasto de energia pelo parasita (forma de infecção). 1- Forma de Infecção (Forma de transmissão) • Passiva - Quando não existe gasto de energia para a invasão. • Ativa - Caso ocorra dispêndio energético para tal fim. MECANISMOS DE INFECÇÃO (MECANISMOS DE TRANSMISSÃO) 2- Via de Infecção (Via de transmissão ou porta de entrada) • Oral • Cutânea • Mucosa • Genital 3- Principais mecanismos de infecção • Passivo oral. Exemplo: Ascaris lumbricoides. • Passivo cutâneo Exemplo: Gên. Plasmodium • Ativo cutâneo Exemplo: Trypanosoma cruzi • Ativo mucoso Exemplo: T. cruzi • Passivo genital Exemplo: Trichomonas vaginalis