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Língua Portuguesa para Docentes

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LÍNGUA PORTUGUESA PARA DOCENTES
Monique Bisconsim Ganasin
Valéria Adriana Maceis
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CONHECENDO A DISCIPLINA
Estimado acadêmico, primeiramente gostaríamos de expressar nossa satisfação
em preparar este material para você. Saiba que procuramos fazê-lo com muito
carinho e dedicação, a �m de que você adquira, amplie e/ou enriqueça seus
conhecimentos a respeito de todos os conteúdos a serem vistos aqui.
No decorrer de todo o livro, preocupamo-nos em escrever com clareza e
diversidade de conteúdo, fazendo uso de exemplos sempre que possível, pois, a
nosso ver, eles auxiliam muito na �xação do que se está estudando. Pedimos que
você procure realizar as suas leituras com atenção e empenho. Interaja com o
texto, faça anotações, responda às atividades propostas, anote suas dúvidas,
consulte as sugestões de leitura e de re�exão que percorrem todo o texto e,
especialmente, realize novas pesquisas sobre os assuntos trabalhados, já que este
material traz fundamentações teóricas básicas, o que signi�ca que não deve ser
encarado como o único e absoluto meio de se estudar e de se re�etir sobre os
aspectos de nossa língua. Temos certeza de que você vai aprender muita coisa
interessante e bastante signi�cativa para o seu futuro pro�ssional.
Conhecer bem a nossa língua materna; saber como se dá seu uso e
funcionamento; interpretar e compreender bem uma porção textual – seja ela
verbal, não verbal ou multimodal; conseguir se expressar com clareza,
construindo textos organizados e coerentes são apenas algumas das inúmeras
razões para se estudar a Língua Portuguesa. E a importância de tal ação
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intensi�ca-se se o estudioso em questão objetiva atuar na formação humana,
pessoal e pro�ssional de um cidadão, isto é, se deseja atuar na área docente – o
que, certamente, implica contato direto com a busca por estratégias que auxiliem
crianças, adolescentes e demais educandos a atingirem êxito na vivência da
leitura e da escrita.
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Com relação à organização deste material, ele é formado por quatro unidades. Na
primeira e na segunda, norteadas pelas competências e habilidades descritas na
BNCC (Base Nacional Comum Curricular), falaremos sobre Análise Linguística e
Semiótica de aspectos de nossa língua. Você sabe quais conteúdos esse estudo
aborda? Detalharemos a você! Acreditamos que, ao longo de sua vida escolar,
você já tenha estudado – considerável ou super�cialmente – regras ortográ�cas –
de gra�a e de acentuação –, além das variedades de que dispõe a linguagem que
usamos em nossa comunicação formal e informal; estruturas e expressões
dotadas de sentidos distintos e classi�cações morfológicas e sintáticas, certo? Pois
bem! Em síntese, tais noções e conceitos e seus respectivos desdobramentos
compreendem o conteúdo programático do que se denomina Análise Linguística
e Semiótica I (primeira unidade) e Análise Linguística e Semiótica II (segunda
unidade), partes constituintes deste material.
Com isso, você terá a oportunidade de rever, primeiramente, os seguintes
assuntos: o emprego de por que, por quê, porque e porquê; uso e distinção de
palavras parônimas e homônimas; principais regras de acentuação: oxítonas,
paroxítonas, proparoxítonas; noções sobre a utilização do hífen; fatores
responsáveis pelas variações; níveis de variação no português falado; tipos de
variação linguística: histórica, regional, social e estilística; norma-padrão,
variedades de prestígio e preconceito linguístico; conceitos básicos relacionados
à semântica: polissemia/ambiguidade; sinonímia/antonímia;
conotação/denotação; signi�cados contextuais e efeitos de sentido; o uso de
pre�xos e su�xos na produção de sentidos; principais �guras de linguagem na
construção do texto.
Na segunda unidade, passaremos ao estudo das relações morfossintáticas no
Português: categorias gramaticais e suas funções sintáticas – o estudo da oração e
dos períodos. Dessa forma, serão estudados: o substantivo e sua função nuclear
nas orações; o adjetivo e seu uso como adjunto adnominal e predicativo; verbos:
parte essencial da oração; artigos, numerais e pronomes: determinantes e
constituintes referenciais; o emprego das orações coordenadas, subordinadas
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substantivas, subordinadas adjetivas e subordinadas adverbiais. Ademais, ainda
nesta unidade, também serão vistos outros aspectos sintáticos relevantes na
construção do texto: sinais de pontuação: funções e efeitos de sentido; elementos-
base de concordância nominal e de concordância verbal; regência verbal e
regência nominal: casos principais; conceituação e emprego do acento indicativo
de crase. Você se recorda desses conteúdos? Se não se lembra, não se preocupe;
vamos ajudá-lo a relembrar e a compreender tais itens gramaticais.
A terceira unidade se voltará, mais especi�camente, à Leitura e Interpretação em
Língua Portuguesa. Assim, disponibilizará a você, futuro professor, o contato com
processos e estratégias de leitura, com análise de contexto e relações de sentidos
e com leitura e interpretação de textos: multimodalidade e linguagem. Tais
aspectos de aprendizagem compreendem os seguintes conteúdos: processo de
leitura: extração e atribuição de sentidos; estratégias de leitura; ativação de
conhecimento prévio; o papel do conhecimento linguístico na leitura; o papel das
condições de produção e do contexto na construção do texto; reconhecimento de
informações contextuais; relações intertextuais; reconhecimento de informações
implícitas: pressupostos e subentendidos; leitura: conceitos e práticas;
reconhecimento de marcas de coesão e coerência; a con�guração dos textos:
organização e produção de sentidos; leitura de imagens e objetos multimodais.
Por �m, na quarta unidade trataremos da Produção escrita em Língua
Portuguesa – unidade que se dedica ao estudo dos gêneros discursivos – a prática
social de linguagem, além de tratar da construção do texto: coesão, coerência e
organização textual e ainda dos processos de escrita: aspectos ortográ�cos e
contextuais. Tais itens de estudos, por sua vez, dividem-se entre os seguintes
conteúdos: conceito de gêneros discursivos; a relação entre prática social e
gêneros discursivos; marcas linguístico-enunciativas: as particularidades da
linguagem; gêneros discursivos orais e escritos; a construção do texto: elementos
de coesão; a inserção do sentido: coerência textual; elementos básicos de escrita:
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paragrafação e pontuação; o continuum da escrita: uma unidade textual;
processo de escrita; aspectos ortográ�cos da língua; relações entre escrita e
contexto; noções de argumentatividade.
Para concluir, acreditamos sinceramente que este livro possa contribuir, de
maneira signi�cativa, para o alcance do sucesso em sua prática docente.
Portanto, estude, dedique-se e queira sempre ser o melhor que puder ser.
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NÃO PODE FALTAR
ELEMENTOS NOTACIONAIS DA ESCRITA: ORTOGRAFIA E
ACENTUAÇÃO
Monique Bisconsim Ganasin
Valéria Adriana Maceis
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CONVITE AO ESTUDO
aro estudante, nesta unidade sobre Análise Linguística e Semiótica em
Língua Portuguesa você terá a oportunidade de aprimorar seus
conhecimentos sobre aspectos ortográ�cos, semânticos e os voltados à
PALAVRAS
"As palavras formam os �os com os quais tecemos nossas experiências." (Aldous Huxley)
Fonte: Shutterstock.
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diversidade de nossa língua materna – conteúdo relevante para sua vivência
pro�ssional como educador.
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Em algum momento de sua vida escolar e/ou cotidiana, você já deve ter tido
dúvidas do tipo: “Esse porquê é com acento ou sem acento? Junto ou separado?”;
“Será que essa palavra é grafada com ‘c’ cedilha ou com ‘ss’?”; “Tem hífen ou não
tem mais?”. Pois bem: nosso estudo volta-se, primeiramente,a elementos
relevantes da escrita, a �m de auxiliar você – tanto em sua rotina acadêmica
quanto em sua prática docente futura – a ter domínio de elementos que atuam na
construção de textos sem deslizes gramaticais, organizados, claros e que
estabeleçam relações de sentido coerentes.
No mundo contemporâneo, apesar de tantos avanços e evoluções, não raramente
nos deparamos com inúmeras situações de intolerância e discriminações dos
mais variados tipos. Em termos de linguagem não é diferente: também
precisamos lidar com o chamado preconceito linguístico. Sendo assim nossa
intenção é ampliar seus conhecimentos a respeito dessas variedades
estigmatizadas e acerca de outras variações que permeiam nossa língua, com
intuito de se compreender o fenômeno da pluralidade linguística, o qual faz
parte de nossa prática educativa, já que envolve a nossa comunicação em todas
as suas manifestações sociais, formais ou informais.
Por �m, com o objetivo de ampliar habilidades de leitura e interpretação de
textos verbais e multimodais para uma atuação docente de qualidade,
estudaremos também algumas noções basilares acerca da Semântica. Essa área
de estudo linguístico é familiar a você? Vale a pena esclarecer: a Semântica
compreende o estudo dos signi�cados, do(s) sentido(s) de um termo, uma
expressão, uma frase; ela atua na relação entre o signi�cante, isto é, a palavra, o
código, o símbolo – os quais usamos para nos expressar – e o que eles
representam, sua literalidade, sua signi�cação.
Boa leitura!
PRATICAR PARA APRENDER
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Nesta seção, você terá a oportunidade de resgatar e/ou aprimorar seus
conhecimentos-base voltados à escrita. Por que tais conhecimentos são
importantes? Por quê? Sim. É possível que você queira saber o porquê disso…
Simples: porque eles são fundamentais para um trabalho e�caz e satisfatório nos
bancos escolares. Pegou a referência aos porquês? Não foi mera coincidência!
Intuímos, nesta seção, tirar quaisquer dúvidas que, porventura, você ainda possa
ter com relação ao uso desse conectivo.
Falando em seção, você já teve dúvida se deveria grafar “seção” – com cê-cedilha –
ou “sessão”, com “ss”? Ou, então, em algum momento não sabia se o correto era
escrever “emigrar” ou “imigrar”, por exemplo? Tais dúvidas são recorrentes entre os
usuários do português brasileiro. Vamos tratar desses e de outros casos
semelhantes também nesta seção.
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E quanto à acentuação? Você se recorda das oxítonas, paroxítonas e
proparoxítonas? Lembra-se da relação delas com as sílabas tônicas e, por
consequência, do uso de acentos agudo e circun�exo? Resgatar e ampliar sua
aprendizagem sobre regras de acentuação em uso hoje também faz parte do
conteúdo programático desta seção.
Mini-saia ou minissaia? Microondas ou micro-ondas? Se você pensou em
“minissaia” e em “micro-ondas”, você acertou! Também revisaremos, nesta
seção, o emprego do hífen, elemento notacional da escrita que ainda gera muitas
dúvidas quanto ao uso nos falantes em geral. Esses questionamentos e re�exões
servem apenas para apresentar a você um “aperitivo” do que será estudado nesta
primeira seção.
É válido ressaltar que o domínio da norma-padrão de nossa língua materna é
importante tanto para o sucesso pessoal quanto para o pro�ssional em qualquer
área do mercado de trabalho e do convívio em sociedade. E, se este pro�ssional é
um professor e/ou atuante na área da educação, a cobrança por tal competência
linguística intensi�ca-se, uma vez que atuamos de forma direta na formação
técnica e humana dos educandos – o que nos deve ser motivo de muita satisfação
e orgulho, apesar de todos os desa�os.
O trabalho de auxiliar seus alunos a construir textos organizados e que
estabeleçam relações de sentido será uma constante em sua vivência docente.
Independentemente da área do conhecimento na qual atue, são muitos os
desa�os que nós, professores, enfrentamos todos os dias. Procurar estratégias
e�cazes para auxiliar os alunos a vencer de�ciências na escrita, sem dúvida, é
um deles. Dessa forma, vê-se a importância de, desde já, você ter contato com
alguns exemplos de situações da prática pro�ssional.
Portanto, primeiramente, imagine que você leciona para uma turma de 5º ano do
ensino fundamental I, que tem apresentado muitos deslizes ortográ�cos em suas
produções. Alunos que, entre outras coisas, não acentuam devidamente oxítonas,
paroxítonas e proparoxítonas ou então acentuam termos que não têm acento
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grá�co. Você já os orientou, apontou os problemas detectados, já demonstrou
possíveis caminhos para solucionar tais problemas e, ainda assim, eles
permanecem recorrentes nos textos dos alunos. Como fazer para instigar nos
alunos o desejo de ser pro�ciente em sua língua materna, tendo domínio das
regras de acentuação, para um bom uso em situações comunicativas diversas?
Não é fácil, mas é possível! Pense em uma estratégia que os envolva e os
entusiasme no contato com as palavras e demais expressões linguísticas.
Estude, persista e siga em frente!
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CONCEITO-CHAVE
O EMPREGO DE POR QUE, POR QUÊ, PORQUE E PORQUÊ
Está clara para você a diferença de uso entre “porquê” (com acento) e “porque”
(sem acento)? Vale a pena esclarecer tal distinção aqui, uma vez que ela gera
dúvida a muitos falantes na hora de escrever. Para iniciar nosso estudo, analise
os exemplos a seguir:
I. “E em tudo que eu faço
Existe um porquê
Eu sei que eu nasci
Eu sei que eu nasci pra saber.” (AGORA, 1975)
II. “Amai, porque nada melhor para a saúde que um amor correspondido”
(MORAES, [s.d.]).
Começaremos nossa explicação pelo “porquê” – junto e com acento –, pois
faremos uso dele em todo texto referente a esse assunto nesta seção, mesmo
quando estivermos explicando os outros usos: “porque”, “por que” e “por quê”. E
qual é a razão disso? É que o uso do “porquê” – junto e com acento – faz
referência ao nome do conectivo em si, isto é, ele é usado toda vez que evocamos
seu emprego como substantivo.
Para �car mais claro, o “porquê”, como se observa no Exemplo I, vem sempre
acompanhado de um artigo “Existe um porquê […]”, justamente pelo fato de os
artigos acompanharem substantivos. Perceba que, no Exemplo I, equivale a
“Existe um motivo”.
ASSIMILE
De agora em diante, ao nos referirmos ao “porquê” como nome do
conectivo em si, isto é, com função de substantivo, acompanhado de
artigo, sempre usaremos o “porquê” junto e com acento, mesmo quando
se tratar das explicações de outros usos do “porquê”.
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Em síntese:
Porquê
Usaremos o “porquê” quando ele estiver com função de substantivo,
equivalendo a “motivo”, “razão”, e sempre acompanhado de um
determinante como “um”, “o”, “este” etc.
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Agora releia o segundo Exemplo II, cuja autoria é de um poeta que muito amou
na vida: Vinícius de Moraes. Note que, nesse caso, “porque” – junto e sem acento
– introduz uma justi�cativa para a oração anterior “Amai”, ou seja, o trecho
“porque nada melhor para a saúde que um amor correspondido” funciona como
a explicação, a justi�cativa para o que consta na oração anterior. Por que amar?
Porque, segundo o autor, nada é melhor nesta vida do que um amor
correspondido. Em outras palavras,
Antes de seguirmos para a explicação do uso dos porquês “separados”, observe os
exemplos:
III. “Por que fake news viralizam mais do que notícias reais?” (POR QUE […],
2018, [s.p.]).
IV. “Gostaria de saber por que as pessoas acreditam mais em fake news do que
em notícias reais.”
V. “Fake news viralizam mais do que notícias reais. Por quê?”
Você notou que as três frases apresentadas são interrogativas? Portanto, já �ca
enfatizada a relação próxima entre o uso de tal conectivo – grafado
separadamente – e as perguntas, isto é, frases interrogativas diretas ou indiretas.
O que nos indicará se devemos usar ou não o acento é, sobretudo, a posição de tal
uso dentro da frase.Veja que, no Exemplo III, temos uma pergunta direta. A gra�a “por que” –
separada e sem acento – é empregada no início de frases interrogativas diretas,
com ponto de interrogação, como no Exemplo III, ou em perguntas indiretas, no
Porque
Usaremos “porque” em respostas a perguntas, em justi�cativas, sempre com
ideia de causa, explicação. Esse é o uso mais recorrente do termo.
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meio da sentença e com ponto �nal (e não ponto de interrogação), como no
Exemplo IV. Já no Exemplo V, a gra�a “por quê” – separada e com acento –
também está empregada em uma pergunta direta, porém no �m da sentença ou
isoladamente e sempre apresenta ponto de interrogação. 0
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Entendido o emprego de “por que” e “por quê” em perguntas, vejamos também
um caso em que a gra�a “por que” – separada e sem acento – é utilizada também
em frases a�rmativas, e não só em interrogativas, como se viu até então. Observe
o exemplo que segue:
VI. “Este é o caminho por que passei.”
Note que nesse exemplo tal conectivo é usado em uma frase a�rmativa, como
pronome relativo , isto é, ele funciona como um elemento de retomada do termo
anterior “caminho”: “Este é o caminho. Eu passei por esse caminho.”. Em
inúmeras situações fazemos uso de pronome relativo para fazer referência a um
termo e relacioná-lo com o restante da informação. Veja que, nessas ocorrências,
ele pode ser substituído por “pelo qual”: “Este é o caminho pelo qual passei.”.
Dessa forma, para não ter dúvida, faça o teste de tentar trocar “por que” por
“pelo qual” ou “pela qual” (em caso de o substantivo a ser retomado ser do
gênero feminino: “Essa é a avenida por que/pela qual passei.”).
Por que / Por quê
Uma observação interessante do uso de “por que/por quê” (separado – com
ou sem acento) é que ele sempre tem ideia de “por que motivo?”, “por que
razão?”. Note como é possível comprovar isso nos exemplos apresentados:
III. “Por que (motivo) fake news viralizam mais do que notícias reais?”
IV. “Gostaria de saber por que (razão) as pessoas acreditam mais em fake
news do que em notícias reais.”
V. “Fake news viralizam mais do que notícias reais. Por quê (motivo)?”
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Quadro 1.1 | Uso dos “porquês”
Porquê Sempre acompanhado de um determinante; função de
substantivo e equivalente a “motivo”, “razão”.
Porque Empregado em respostas, justi�cativas, explicações.
Por que    
                
Usado em frases interrogativas diretas (início de frase, com
ponto de interrogação) e em interrogativas indiretas (meio
de frase, raramente no �m, sem ponto de interrogação).
Também é usado em sentenças a�rmativas, podendo ser
substituído por “pelo(a) qual”.
Por quê Usado em frases interrogativas diretas, porém no �m de
frases, com ponto de interrogação, ou então isoladamente.
Fonte: elaborado pelas autoras.
USO E DISTINÇÃO DE PALAVRAS PARÔNIMAS E DE HOMÔNIMAS
Você sabe o que são palavras parônimas? E homônimas? Comecemos pela
explicação das parônimas. Para tanto, analise o exemplo que segue:
VII. “Caminhoneiros descriminados em utilização de banheiros por contaminação
querem parar” (CAMINHONEIROS […], 2020, [s.p.]).
Você notou algum deslize ortográ�co nessa sentença? Analise novamente, com
atenção ao uso do termo “descriminado”, tendo em vista que, nesse contexto, o
sentido a ser compreendido é de que os caminhoneiros foram impedidos de usar
banheiros em algum estabelecimento. O correto nesse caso é “descriminado” ou
“discriminado”? “Discriminado”, com “i”, é a resposta, uma vez que
“descriminado”, com “e”, não tem sentido de algo ou alguém que foi alvo de
discriminação, mas sim de alguém que foi absolvido, inocentado de seus crimes.
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Esse par de termos que apresentam gra�a semelhante, mas pronúncia e sentido
diferentes, faz parte do grupo de palavras parônimas de que fazemos uso em Língua
Portuguesa.
É provável que alguma vez você já tenha tido dúvidas ao escrever alguma
palavra assim, não é mesmo? Pois seus futuros educandos provavelmente
também as terão. Dessa forma, é válido seu estudo, revisão e �xação do uso
desses termos, visto que, em seu futuro pro�ssional, além de, hora ou outra, você
ter de lançar mão deles em alguma situação comunicativa, será também você
quem auxiliará seus alunos a escrevê-los corretamente.
Vejamos, no quadro a seguir, mais alguns casos de palavras parônimas de que
fazemos uso em nossa comunicação.
Quadro 1.2 | Palavras parônimas
absolver: perdoar, inocentar.
absorver: aspirar, sorver.
eminente: elevado, alto.
iminente: que está prestes a
acontecer.
coalisão: aliança, acordo político.
colisão: choque, luta.
�agrante: evidente.
fragrante: perfumado.
comprimento: extensão.
cumprimento: saudação.
�uir: correr (líquido), passar
(tempo), escoar (tráfego).
fruir: desfrutar, gozar.
descriminar: tirar a culpa.
discriminar: diferenciar.
in�igir: aplicar pena, multa. 
infringir: transgredir,
desrespeitar.
descrição: ato de descrever.
discrição: qualidade de quem é discreto.
mandado: ordem judicial.
mandato: procuração, delegação.
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despensa: compartimento da casa no qual
se guardam mantimentos.
dispensa: isenção, licença.
prescreveu: determinar, �xar,
receitar.
proscreveu: desterrar, expulsar.
destorcer: endireitar, desfazer a torção.
distorcer: desvirtuar, mudar o sentido ou a
intenção.
reti�car: corrigir.
rati�car: con�rmar.
docente: relativo a professores.
discente: relativo a alunos.
soar: produzir som.
suar: transpirar.
emigrar: deixar um país.
imigrar: entrar em um país.
tráfego: trânsito.
trá�co: negócio ilegal, escuso.
Fonte: adaptado de Cereja e Magalhães (2016).
E palavras homônimas, do que se trata? Você deve ter observado que o termo
“homônimas” apresenta o elemento de composição homo, que tem sentido de
semelhante, igual, mesmo, bem como outros termos em nossa língua: homogênea
(algo de natureza semelhante), homossexual (atraído pelo mesmo sexo), entre
outras.
As palavras homônimas são aquelas que apresentam a mesma pronúncia; às vezes, a
mesma gra�a, porém com signi�cados diferentes.
Talvez você já deva estar imaginando alguns exemplos de palavras assim.
Observe as imagens-exemplo (A) e (B)  a seguir:
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(A)
Fonte: Shutterstock.
(B)
Fonte: Freepik.
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Elas fazem referência a uma palavra que tem a mesma pronúncia, a mesma
gra�a, todavia sentidos distintos – um para cada uma dessas imagens. Você já
sabe que palavra é essa, certo? O vocábulo “banco” – termo que, dependendo do
contexto, corresponde à empresa onde se efetuam operações �nanceiras ou se
refere a um assento de pedra, madeira, ferro ou outro material, com ou sem
encosto. Termos como esse são classi�cados por alguns autores como homônimos
perfeitos.
Além do exemplo de banco, há vários outros:
Quadro 1.3 | Homônimos
Homônimos perfeitos
canto: esquina, extremidade.
canto: música vocal.
grama: unidade de medida.
grama: planta rasteira.
cedo: antecipadamente. 
cedo: 1ª pessoa do verbo ceder.
são: verbo.
são: santo.
coroa: ornamento circular para a cabeça
ou cargo soberano de que faz uso desse
ornamento.
coroa: pessoa de meia-idade.
vela: peça de cera para iluminar.
vela: tecido usado em uma
embarcação.
vela: peça de um carro. 
vela: estar na companhia de um
casal.
Fonte: elaborado pelas autoras.
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Tais homônimos considerados “perfeitos”, apesar de não estarem isentos de gerar
ambiguidade em alguma situação comunicativa, dispõem do contexto para propiciar o
entendimento do que se quer comunicar.
Mas, de qualquer modo, é válido dar atenção especial aos chamados homógrafos
(mesma gra�a, porém pronúncia e sentidos diferentes) e, sobretudo, os
homófonos (mesma pronúncia, porém gra�a e sentidos diferentes), por gerarem
mais dúvida ao falante no momento da escrita. Veja alguns exemplos de cada
caso.
Quadro 1.4 | Homógrafos
Homógrafosacordo: Fizemos um acordo.
(substantivo)
acordo: Acordo às 6 horas. (verbo)
gosto: Eu gosto de você. (verbo)
gosto: O gosto é peculiar. (substantivo)
almoço: Eu almoço sempre às 13h.
(verbo)
almoço: O almoço estava uma
delícia. (substantivo)
governo: Eu governo meu destino.
(verbo)
governo: O governo lançou uma
campanha contra a violência.
(substantivo)
apoio: Seu apoio é importante para
mim. (substantivo)
apoio: Eu apoio seu posicionamento
nesse assunto. (verbo)
jogo: O jogo começa às 21 horas.
(substantivo)
jogo: Eu jogo no time titular. (verbo)
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Homógrafos
choro: Eu choro com facilidade.
(verbo)
choro: Foi um choro demorado.
(substantivo)
molho: Gosto de molho à bolonhesa.
(substantivo)
molho: Eu me molho lavando meu
cachorro. (verbo)
começo: O começo do jogo foi tenso.
(substantivo)
começo: Hoje eu começo em meu
novo emprego. (verbo)
seca: Minha roupa já está seca.
(adjetivo)
seca: Minha máquina seca as roupas.
(verbo)
coro: Fizemos um coro para
responder ao professor. (substantivo)
coro: Eu coro quando estou com
vergonha. (verbo)
sobre: Deixei o livro sobre a mesa.
(preposição)
sobre: Coma tudo para que não sobre
nada. (verbo)
Fonte: adaptado de Cereja e Magalhães (2016).
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Agora preste atenção aos homófonos, termos que geram muitas dúvidas quanto à
gra�a.
Quadro 1.5 | Homófonos
Homófonos
acender: pôr fogo.
ascender: subir.
empoçar: formar poça.
empossar: dar posse a.
acento: sinal grá�co.
assento: local onde se senta.
espectador: aquele que assiste a algo.
expectador: aquele que espera alguma coisa.
caçar: perseguir animais.
cassar: tornar sem efeito.
espiar: observar.
expiar: pagar pena.
cela: pequeno quarto.
sela: arreio.
sela: verbo selar.
incipiente: principiante.
insipiente: ignorante.
cerrar: fechar.
serrar: cortar.
paço: palácio.
passo: movimento dos pés para caminhar.
passo: verbo passar.
coser: costurar
cozer: cozinhar
sessão: reunião, assembleia.
seção: corte, divisão.
cessão: ato de ceder, doação.
Fonte: adaptado de Cereja e Magalhães (2016).
Para �car ainda mais clara para você a diferença entre parônimos, homônimos
perfeitos, homógrafos e homófonos, observe o Quadro 1.6:
EXEMPLIFICANDO
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Quadro 1.6 | Parônimos, homônimos perfeitos, homógrafos e homófonos
Parônimos: semelhantes,
mas com gra�a,
pronúncia e sentidos
diferentes.
“Como os submarinos imergem
(mergulham) 
e depois emergem (voltam à superfície)?”
(adaptado de COMO […], [s.d.], [s.p.]). 
Homônimos perfeitos:
mesma gra�a, mesma
pronúncia e sentidos
diferentes.
“Segundo os nutricionistas, o ideal é comer
somente 30 gramas de queijos amarelos por
semana.” (CONSUMO […], 2012, [s.p.]).
“Veja neste vídeo dicas de como cortar a
grama.” (adaptado de CONSUMO […], 2012,
[s.p.]).
Homógrafos: mesma
gra�a, mas com
pronúncia e sentidos
diferentes.
“Desde 27 de março, a Torre Ei�el presta
homenagem todas as noites às pessoas
mobilizadas diante do coronavírus […]” (RFI,
2020, [s.p.]).
“Torre seu próprio café e harmonize com
seu per�l.” (CAFÉ DO SEU JEITO, [s.d.], [s.p.]).
Homófonos: mesma
pronúncia, mas com
gra�a e sentido
diferentes.
“[…] O IBGE decidiu adiar a realização do
Censo Demográ�co para 2021.” (BRASIL,
2020, [s.p.]).
“O humorismo alivia-nos das vicissitudes da
vida, ativando o nosso senso de proporção e
revelando-nos que a seriedade exagerada
tende ao absurdo.” (PENSADOR, 2020, [s.p.]).
Fonte: elaborado pelas autoras.
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PRINCIPAIS REGRAS DE ACENTUAÇÃO: OXÍTONAS, PAROXÍTONAS,
PROPAROXÍTONAS
Infelizmente, no cotidiano escolar encontramos muitos estudantes com
di�culdades para acentuar as palavras. A falta de acento é um dos problemas
ortográ�cos mais constantes nas correções de redações e a�ns. Dessa forma,
constata-se a importância de se resgatar, rever e compreender bem o uso e
funcionamento desses conceitos da escrita para que, em seu futuro pro�ssional,
você possa compartilhar com êxito esse conhecimento com seus futuros alunos.
Portanto, sigamos ao estudo e análise das principais regras de acentuação.
Para relembrar e �xar tal conteúdo, inicialmente é muito importante recordar a
classi�cação das palavras quanto à sílaba tônica. Sílaba tônica? Sim! Aquela
pronunciada com mais intensidade em uma palavra e que pode ou não
apresentar acento grá�co. Nosso objetivo aqui é justamente veri�car em que tipo
de palavra as sílabas tônicas recebem essa marca grá�ca na escrita e em quais
não recebem. Por exemplo, no termo “escola”, qual é a silaba tônica? Aquela que
se prolonga, a qual tem mais força. Veja: “escoooola”. É a sílaba “co”, certo?
Visto isso, retomemos agora o conceito da divisão das palavras mediante a
posição da sílaba tônica. Analise essa imagem-exemplo:
Fonte: Freepik.
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O que você vê nessa imagem? Vamos analisar alguns dos termos que dela
podemos extrair: café, fumaça, xícara. Observe a classi�cação dessas palavras
com base na sílaba tônica :
Em café, a sílaba tônica é a última, portanto temos uma palavra oxítona, bem
como colher, papel, armazém. Já em fumaça, a sílaba tônica é a penúltima, com
isso temos uma palavra paroxítona, assim como amarelo, saboroso, incrível. E
em xícara, a sílaba tônica é a antepenúltima, o que a torna uma palavra
proparoxítona, bem como os termos retângulo, fotógrafo, sílaba, proparoxítona.
ACENTUAÇÃO DAS PROPAROXÍTONAS
Você deve ter observado que todas as proparoxítonas listadas são acentuadas,
não é mesmo?
Algumas oxítonas e paroxítonas são acentuadas e outras não. Como saber
quando devemos usar o acento ou não nesses termos que apresentam ou a
última (oxítona) ou a penúltima (paroxítona) sílaba mais forte quanto à
pronúncia? É isso que vamos ver a seguir. Para tanto, será fundamental conferir
a terminação das palavras.
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Proparoxítona
Essa é a regra mais fácil de memorizar! Devemos acentuar todas as palavras
que têm a sílaba tônica na antepenúltima posição.
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ACENTUAÇÃO DAS OXÍTONAS
Serão acentuadas as oxítonas terminadas em -a, -e, -o, -éi, -éu, -ói (ditongos abertos) –
todos esses seguidos ou não de -s – e as terminadas em -em, -ens.
Exemplos : sofá, café, pavê, bisavós, �éis, troféu, herói, armazém, parabéns.
Com isso, em se tratando de palavras que têm a última sílaba como tônica, se só
são acentuadas exclusivamente aquelas com essas terminações, o que �ca
subentendido? Que todas as outras oxítonas, ou seja, as não terminadas em -a, -e,
-o, -éi, -éu, -ói, -em, -ens não serão acentuadas, bem como colher, papel, arroz,
pírex, abacaxi, bambu, alecrim, algum, marrom e outras.
ATENÇÃO!
Só serão acentuadas as oxítonas terminadas em -u e -i se essas vogais
vierem precedidas de outra vogal, como em baú, Itajaí.
Cereja e Magalhães (2016) lembram que os verbos conter, deter,
manter e reter apresentam formas oxítonas e são acentuadas nas 3as
pessoas do presente do indicativo. No singular, é usado o acento agudo
e, no plural, acento circun�exo: ele contém / eles contêm; ela detém /
elas detêm.
MONOSSÍLABOS TÔNICOS
Lembra-se dos monossílabos, ou seja, termos que apresentam apenas uma sílaba?
Tendo entendido bem a regra de acentuação das oxítonas, �ca fácil gravar à dos
monossílabos também, uma vez que o conceito é bem semelhante.
Serão acentuados os monossílabos tônicos terminados em -a, -e, -o, -éi, -éu, -ói
(ditongos abertos) – todos esses seguidos ou não de -s (só não entram os
terminados em -em e -ens, como ocorre nas oxítonas).
São exemplos de monossílabos acentuados: já, fé, avós, réis, céu, dói.
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Con�ra alguns exemplos de monossílabos não acentuados: �or, giz, bom, lei, mau,
bem.
O conceito de acentuação das oxítonas e dos monossílabos tônicos contém equivalências.
Em síntese, todas as oxítonas e todos os monossílabos tônicos terminados em -a, -e, -o, -éi,
-éu, -ói (seguidos ou não de -s) serão acentuados.ATENÇÃO!
Atente para o fato de que, no caso dos monossílabos, não há acento nos
terminados em -em e -ens – regra válida apenas para as oxítonas (além do
que consta no quadro Atenção já apresentado).
Talvez você esteja se perguntando: por que os vocábulos têm e vêm são
monossílabos tônicos terminados em -em e podem receber acento? Nesse
caso dos verbos ter e vir, acentua-se a forma da 3ª pessoa do plural apenas
para diferenciá-la da forma singular: ela tem / elas têm; ele vem / eles
vêm.
Os monossílabos tônicos podem ou não ser acentuados. Eles têm força,
tonicidade na pronúncia e signi�cado próprio: �or, fé.
Os monossílabos átonos, por sua vez, nunca são acentuados. São fracos
quanto à tonicidade e acabam sendo pronunciados como se �zessem parte da
palavra anterior ou posterior, e não têm signi�cado próprio – apenas ligam
elementos de uma frase: de, enviou-te.
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ACENTUAÇÃO DAS PAROXÍTONAS
Vamos agora ao entendimento da acentuação das paroxítonas. Se você
compreendeu bem o funcionamento da acentuação das oxítonas (e dos
monossílabos tônicos), então você compreenderá facilmente as regras de
acentuação das palavras cuja tonicidade recai sobre a penúltima sílaba, isto é, as
paroxítonas. Isto porque, com algumas ressalvas, o conceito de acentuação das
paroxítonas é exatamente o oposto das oxítonas. Veja: se, no caso das oxítonas,
acentuamos as terminadas em -a, -e, -o, -éi, -éu, -ói – seguidos ou não de -s; e
também em -em e -ens, como já ressaltado aqui, não serão acentuadas
exatamente as paroxítonas que possuem essas terminações. Portanto:
paroxítonas terminadas em -a, -e, -o, -éi, -éu, -ói (seguidos ou não de -s) -em e -ens
não serão acentuadas – ao contrário do que ocorre com as oxítonas. Não são
comuns no português paroxítonas com essas terminações. Isso signi�ca que as
paroxítonas com qualquer outra terminação: -l, -r, -n, -x, -ps, -u(s), -i(s), -um, -ã,
-ão(s) etc. receberão acento. Assim �ca mais fácil memorizar essas regras, certo?
São exemplos de paroxítonas acentuadas: incrível, caráter, hífen, tórax, bíceps,
álbum, vírus, júri.
Repare nas terminações das palavras. Em nossa língua, as paroxítonas são as
mais numerosas, sobretudo as não acentuadas. Con�ra exemplos de paroxítonas
não acentuadas: fumaça, escola, livro, amarelo, saboroso, analise (verbo),
metade, atenciosamente, homem, nuvens.
Pensar dessa forma, opondo as regras de acentuação das oxítonas em relação às regras
das paroxítonas, costuma ser útil para �xar o conhecimento acerca desses conceitos de
acentuação em Língua Portuguesa.
DITONGOS
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Porém, é preciso também deixar claro que, apesar de termos visto que
paroxítonas terminadas em -a, -e, -o não são acentuadas, existem termos como
estratégia, cárie, órgão, relógio que, mesmo terminados em -a, -e, -o, são
paroxítonas acentuadas. Por quê? Nesses casos, tais termos são �nalizados por
ditongos, e paroxítonas terminadas em ditongo também recebem acento.
Portanto, anote aí: são acentuadas as paroxítonas não terminadas em -a, -e, -o (seguidos
ou não de -s), -em e -ens, e as paroxítonas terminadas em ditongo, por exemplo:
estratégia, cárie, órgão, relógio.
FOCO NA BNCC 
É relevante saber que o estudo das oxítonas, paroxítonas e
proparoxítonas, assim como os demais conteúdos estudados nesta seção,
vai ao encontro de habilidades e competências prescritas na BNCC (Base
Nacional Comum Curricular). Veja, por exemplo, três das habilidades
pertinentes ao ensino fundamental I (3º, 4º e 5º ano):
O estudo das regras de acentuação de nossa Língua Portuguesa não se resume
apenas ao caso das oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas. Aqui, conforme
enuncia o nome do conteúdo, procuramos abordar apenas os casos considerados
principais. No entanto, há ainda mais a se estudar quando o assunto é
acentuação. Con�ra nossas dicas de leitura!
DICA
(EF03LP04) Usar acento grá�co (agudo ou circun�exo) em monossílabos tônicos terminados
em a, e, o e em palavras oxítonas terminadas em a, e, o, seguidas ou não de s.
(EF03LP06) Identi�car a sílaba tônica em palavras, classi�cando-as em oxítonas,
paroxítonas e proparoxítonas.
(EF04LP04) Usar acento grá�co (agudo ou circun�exo) em paroxítonas terminadas em -i(s), -
l, -r, -ão(s).
(EF05LP03) Acentuar corretamente palavras oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas.
(BRASIL, 2017) 
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Existem mudanças relevantes que ocorreram na acentuação após a
Reforma Ortográ�ca de 2009 e também o caso dos hiatos e dos acentos
diferenciais. Dessa forma, indicamos algumas referências para a leitura a
respeito de tais assuntos. Aproveite!
DIRETORIA GERAL DE RECURSOS HUMANOS UNICAMP – DGRH.
Acordo Ortográ�co. Reforma Ortográ�ca 2009, [s.d.].
NEVES, F. Palavras com hiato. Norma Culta, [s.d.].
NOVA ESCOLA. Novo acordo ortográ�co: acento diferencial. Nova
Escola, 5 jan. 2008.
NOÇÕES SOBRE A UTILIZAÇÃO DO HÍFEN
MICROONDAS OU MICRO-ONDAS?
Segundo Nicola (2014), como regra geral e guiando-se pelo Vocabulário
Ortográ�co, somente se ligam por hífen os elementos dos vocábulos compostos
em que a noção de composição seja mantida. Em outras palavras, isso se aplica
aos substantivos compostos formados por elementos que apresentam
independência fonética e de unidade de sentido. Exemplos: couve-�or, amor-
perfeito, água-de-colônia. Palavras como “girassol” e “pontapé”, por exemplo,
perderam a noção de composição, por isso não recebem hífen. Ademais, há hífen
no uso de enclíticos (buscá-lo) e mesoclíticos (amar-te-ei). Em menor frequência,
também usamos hífen no emprego de su�xos de origem tupi-guarani: açu, guaçu
e mirim. Exemplo: capim-açu.
Mas aqui vamos dedicar maior atenção ao emprego ou não de hífen naqueles
termos que, a nosso ver, causam mais dúvida aos usuários da língua em geral no
que tange à escrita, isto é, os termos em que o hífen é empregado com pre�xos,
como o caso de “micro-ondas”, em que há o pre�xo “micro” + o substantivo
“ondas”. Tudo isso levando em conta, é claro, as mudanças sofridas quanto ao
uso do hífen após o Acordo Ortográ�co de 2009.
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A �m de procurar facilitar o seu entendimento sobre o assunto, criamos um
quadro com as principais regras acerca do emprego do hífen. Foque sua atenção,
sobretudo, na terminação do primeiro elemento e na letra que introduz o
segundo elemento de cada termo composto.
Quadro 1.7 | Uso do hífen
Composição Conceito e exemplos
Vogal + vogal Usa-se hífen entre elementos ligados por vogais
iguais: micro-ondas, contra-ataque, semi-integral.
Exceção: nos pre�xos “co” e “re” não se usa hífen.
Exemplo: cooperação, reescrita.
Não se usa hífen se essas vogais forem diferentes:
autoescola, infraestrutura, semiaberto.
Vogal + consoante Não se usa hífen quando o pre�xo termina em vogal e
o segundo elemento começa por consoante:
antipedagógico, seminovo. 
No caso de as consoantes serem “r” ou “s”, estas serão
duplicadas: semirreta, minissaia.
Após a Reforma Ortográ�ca de 2009, o termo micro-ondas, por ter o primeiro
elemento terminado em vogal – no caso “o” – e ter o segundo elemento
iniciado pela mesma vogal, passou a ser grafado separadamente e com o uso
de hífen.
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Composição Conceito e exemplos
Consoante +
consoante
Usa-se hífen se o pre�xo termina por consoante igual
à que introduz o segundo elemento: inter-regional,
sub-bibliotecário.
Com o pre�xo “sub”, usa-se o hífen diante de palavra
iniciada por “r”: sub-região, sub-raça. 
Com os pre�xos “circum”, “mal” e “pan”, usa-se o
hífen diante de palavra iniciada por “h”, “m”, “n” e
“vogal”: circum-hospitalar, circum-navegação, pan-
americano, mal-assombrado.
Consoante + vogal Não se usa hífen quando o pre�xo termina por
consoante e o segundo elemento começa por vogal:
hiperativo, superinteressante.
Segundo elemento
iniciado por h
Usa-se sempre hífen com pre�xos diante de palavra
iniciada por h. Veja: anti-higiênico, mini-hotel, super-
homem.Com os pre�xos ex,
sem, além, aquém,
recém, vice, pós, pré,
pró (tônicos)
Usa-se sempre hífen (independentemente de que letra
inicie o segundo elemento): ex-namorado, sem-terra,
além-mar, aquém-fronteiras, recém-chegado, vice-
presidente, pós-operatório, pré-escola, pró-africano.
As formas átonas aglutinam-se aos elementos
seguintes: pospor, preexistência.
A palavra não Desde 2009, não se usa mais hífen nas palavras
formadas com “não” como pre�xo: não linear, não
verbal.
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Composição Conceito e exemplos
O pre�xo bem Usa-se hífen nos compostos em que o advérbio bem
forma uma unidade de sentido com o segundo
elemento: bem-estar, bem-humorado.
Exceções: bendizer, benfazejo, benfeitor.
Fonte: elaborado pelas autoras.
REFLITA
A principal justi�cativa para a implantação da Reforma Ortográ�ca
ocorrida em 2009 foi “A uni�cação ortográ�ca dos países que têm o
português como língua o�cial”. No entanto, na época, tal Acordo
Ortográ�co gerou polêmica e debate quanto à sua relevância e aplicação.
Dessa forma, deparamo-nos com posicionamentos a favor e contra tal
Acordo, conforme se observa a seguir:
E você? Qual é a sua opinião sobre o assunto? Re�ita sobre tais posições
divergentes.
Esperamos que tenham �cado claras para você tanto as orientações quanto ao
uso do hífen quanto todas as outras explicações e conteúdos apresentados nesta
seção. Desejamos que todo esse conhecimento possa ser útil em sua vida pessoal,
acadêmica e em sua prática educativa. Siga �rme em seus estudos!
REFERÊNCIAS
Com o acordo, os países de língua portuguesa terão uma identidade mais forte e a língua
portuguesa sai fortalecida. Haverá maior circulação de livros entre os países lusófonos. Com
uma tiragem maior, a expectativa é que o livro saia mais barato, o que vai contribuir para a
diminuição do analfabetismo […]. 
“Os custos para trocas de livros nas editoras podem ser contabilizados. Mas os custos sociais,
não. Qual será o preço da adaptação de toda a sociedade brasileira?”, desa�a. “Nós vivemos
em um país com quase 200 milhões de pessoas e todo mundo terá que se adaptar”.
— (LEONI, 2008, [s.p.])
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AGORA só falta você. Intérprete: Rita Lee. Compositores: Rita Lee, Luis Sérgio
Carlini. In: FRUTO Proibido. Intérprete: Rita Lee & Tutti Frutti. São Paulo: Som
Livre, 1975.
ASSIS, M. Dom Casmurro. São Paulo: Editorial Sol90, 2004.
BATE-PAPO virtual (Hangout) com Maria José Nóbrega. YouTube, [s.d.]. (1 hora, 1
min e 35 seg). Publicado pelo canal Plataforma do Letramento. Disponível em:
https://bit.ly/3hraGDW. Acesso em: 3 jun. 2020.
BRASIL. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2020
adiado para 2021. IBGE, 17 mar. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3jA7Iz1. Acesso
em: 8 maio 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília:
Ministério da Educação, 2017.
CAFÉ DO SEU JEITO. Sobre a loja. Varginha, [s.d.]. Disponível
em: https://bit.ly/2D4JsnB. Acesso em: 8 maio 2020.
CAMINHONEIROS descriminados em utilização de banheiros por contaminação
querem parar. Brasil do Trecho, 23 mar. 2020. Disponível em:
https://bit.ly/3eVt7Pk. Acesso em: 7 maio 2020.
CAPRISTANO, C. C.; NOTARI, V. F. O registro do hífen na aquisição da escrita.
Calidoscópio, v. 15, n. 1, jan./abr. 2017. Disponível em: https://bit.ly/39lzLxj. Acesso
em: 10 maio 2020.
CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Gramática: texto, re�exão e uso. 5. ed. São
Paulo: Atual, 2016.
COMO os submarinos submergem e emergem? YouTube, [s.d.]. (4 min 32 seg).
Publicado pelo canal Integrando Conhecimento. Disponível em:
https://bit.ly/2BmIeng. Acesso em: 10 maio 2020.
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https://bit.ly/3hraGDW
https://bit.ly/3jA7Iz1
https://bit.ly/2D4JsnB
https://bit.ly/3eVt7Pk
https://bit.ly/39lzLxj
https://bit.ly/2BmIeng
CONSUMO diário de pequena porção de queijo traz benefício para a saúde. G1,
Jornal Hoje, 9 jan. 2012. Disponível em: https://glo.bo/2CzjBoe. Acesso em: 7 maio
2020.
DIRETORIA GERAL DE RECURSOS HUMANOS UNICAMP – DGRH. Acordo
Ortográ�co. Reforma Ortográ�ca 2009, [s.d.]. Disponível
em: https://bit.ly/30DtOI9. Acesso em: 4 jun. 2020.
DIRETORIA GERAL DE RECURSOS HUMANOS UNICAMP – DGRH. Hífen. Reforma
Ortográ�ca 2009, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/2WQHG0x. Acesso em: 10
maio 2020.
LEONI, F. Acordo ortográ�co: os prós e os contras de uma uni�cação. Opinião &
Notícia, 21 nov. 2008. Disponível em: https://bit.ly/3jwymso. Acesso em: 3 jun.
2020.
MORAES, V. Amigos meus. [S.l, s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/2BniPd9. Acesso
em: 17 jun. 2020.
NEVES, F. Palavras com hiato. Norma Culta, [s.d.]. Disponível em:
https://bit.ly/39kI3pj. Acesso em: 4 jun. 2020.
NICOLA, J. N. Gramática: palavra, frase, texto. São Paulo: Scipione, 2004.
NOBRE, J. D. A gramática no cordel. Patos: Ed. do Autor, [s.d.].
NOVA ESCOLA. Novo acordo ortográ�co: acento diferencial. Nova Escola, 5 jan.
2008. Disponível em: https://bit.ly/3eT9IP6. Acesso em: 4 jun. 2020.
PENSADOR. Charles Chaplin. Pensador, [s.d.]. Disponível em:
https://bit.ly/2CxXvm5. Acesso em: 3 jun. 2020.
PENSADOR. Vinícius de Moraes. Pensador, [s.d.]. Disponível
em: https://bit.ly/2CFGE0x. Acesso em: 4 jun. 2020.
POR QUE fake news viralizam mais do que notícias reais? Portal Multiplix, 16 out.
2018. Disponível em: https://bit.ly/3eUivQP. Acesso em: 12 abr. 2020.
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https://glo.bo/2CzjBoe
https://bit.ly/30DtOI9
https://bit.ly/2WQHG0x
https://bit.ly/3jwymso
https://bit.ly/2BniPd9
https://bit.ly/39kI3pj
https://bit.ly/3eT9IP6
https://bit.ly/2CxXvm5
https://bit.ly/2CFGE0x
https://bit.ly/3eUivQP
RFI. Paris agradece pro�ssionais e voluntários projetando retratos na Torre
Ei�el. G1, Mundo, 8 maio 2020. Disponível em: https://glo.bo/32Or65q. Acesso em:
8 maio 2020.
RUIZ, Eliana Maria Severino Danai. Como se corrige redação na escola.
Campinas, SP: Mercado de Letras, 2001.
SILVA, A.; MORAIS, A. G.; MELO, K. L. R. (Orgs.). Ortogra�a na sala de aula. 1. ed.
Belo Horizonte: Autêntica, 2007. Disponível em: https://bit.ly/3fP1wAN.
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https://glo.bo/32Or65q
https://bit.ly/3fP1wAN
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
ELEMENTOS NOTACIONAIS DA ESCRITA: ORTOGRAFIA E
ACENTUAÇÃO
Monique Bisconsim Ganasin
Valéria Adriana Maceis
SEM MEDO DE ERRAR
ACENTO GRÁFICO
Conheça algumas possibilidades de trabalhar acento grá�co de maneira lúdica. 
Fonte: Lorem ipsum
Deseja ouvir este material?
Áudio disponível no material digital.
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Nesta seção, nosso desa�o é encontrar uma solução para o seguinte desa�o:
Como fazer para instigar nos alunos o desejo de ser pro�ciente em sua língua
materna, tendo domínio das regras de acentuação, para um bom uso em
situações comunicativas diversas?
Para a resolução da situação-problema, você, como educador dessa turma, pode
propor a realização de jogos – atividades lúdicas que motivem os alunos a
participar e que, se possível, propiciem que o aprendizado ocorra de modo
natural e divertido. Com planejamento, organização e objetivos bem delineados,
essas atividades podem ser realizadas com determinada frequência, a �m de que,
a médio ou a longo prazo, já rendam resultados positivos no que tange à
superação de de�ciências na escrita.
Sugestão: primeiramente, faça um levantamento das palavras que mais
comumente têm sido grafadas sem acento (você pode aproveitar essa atividade
para trabalhar outras questões ortográ�cas também). Identi�cadas tais palavras,
você pode escrevê-las da forma correta e da forma incorreta em papéis que, a
seguir, podem ser distribuídos pela sala e por toda a escola, para a realização de
uma espécie de “caça ao tesouro”. Os alunos terão um tempo determinado para
essa busca e, ao �m desse tempo, concluída a busca, todos voltam à sala e podem
entregar a você, um de cada vez, os “tesouros” encontrados, isto é, as palavras
corretas.
Nesse momento, você pode propor a leitura em voz alta de cada termo, com a
participação da salatoda. Com isso, motiva-se a identi�cação da sílaba tônica.
Logo após, tais termos podem ser inseridos por você no quadro e copiados por
eles no caderno. É válido ressaltar que o estudo da acentuação em Língua
Portuguesa corresponde ao campo das regularidades, ou seja, há uma regra que
precisa ser compreendida pelo aluno (no caso das irregularidades não há uma
regra e, portanto, exige memorização).
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Dessa forma, no caso do uso dos acentos, procure ajudá-los a identi�car a sílaba
tônica “chamando” a palavra, por exemplo, “professoooora”. Quando chamamos,
a sílaba tônica se prolonga, o que facilita sua identi�cação. Ademais, procure
destacar as terminações de cada termo, já que os sinais grá�cos são inseridos,
como se viu, a depender da posição da sílaba tônica e da terminação de cada
vocábulo. Em oportunidade de uso, �que à vontade para adaptá-la a seu modo e
tenha muito sucesso em sua prática educativa!
AVANÇANDO NA PRÁTICA
VENCENDO DEFICIÊNCIAS NA ESCRITA
Vamos a mais uma possível situação-problema, a �m de contextualizar sua
aprendizagem. Sendo assim, desta vez imagine que você leciona para uma turma
de adolescentes do 8º ano do ensino fundamental II. Você está preocupado com a
quantidade de problemas ortográ�cos de toda ordem que eles têm apresentado
em atividades e produções. Alunos que, por exemplo, iniciam respostas de
questões com “porquê”; que não acentuam palavras; que trocam comprimento
por cumprimento; acento por assento; absolver por absorver; e ainda não sabem,
com clareza, quando devem ou não empregar o hífen.
Você já fez reuniões com pais, alunos e coordenação; já descontou nota em prova
devido a esses deslizes gramaticais; já solicitou monitorias para quem apresenta
casos mais críticos; já fez correções resolutivas, indicativas e classi�catórias. Mesmo
assim os problemas persistem. Você não se sente confortável em deixar seus
alunos seguirem para o 9º ano apresentando essas di�culdades de escrita. Que
ações precisam ser tomadas para auxiliar esses alunos a vencer tais de�ciências
na escrita? Com base em tudo que já leu até aqui, re�ita sobre esta questão.
RESOLUÇÃO
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Primeiramente, é importante ter consciência de que todo conhecimento
ortográ�co tem como base uma convenção social, isto é, algo que a criança e
o adolescente não aprendem sozinhos – a internalização de tais regras
ortográ�cas se dá em processo conjunto, que é longo e progressivo. Dessa
forma, é importante que, apesar de todas as outras atribuições que o
professor já tem em seu dia a dia, o trabalho com a ortogra�a não seja
esquecido; ele deve fazer parte de um projeto gradual e contínuo. Em todo
caso, seguem duas sugestões para auxiliá-lo nesse desa�o.
Uma primeira iniciativa que tende a gerar resultados positivos seria a
abordagem de uma correção textual-interativa (e não apenas resolutiva,
indicativa ou classi�catória). Neste tipo de correção o professor tece
comentários, deixa recados ou, nas palavras Ruiz (2001), deixa “bilhetes”
para seu aluno em uma linguagem não codi�cada. Desta maneira, os dois
sujeitos envolvidos na correção de atividades, avaliações e a�ns conseguem,
juntos, discutir os possíveis acertos e problemas do texto (do texto como um
todo, mas, é claro, focando na questão da escrita nesse caso). Com isso, juntos
podem encontrar soluções ou sugestões para que se realize uma reescrita de
qualidade.
Além disso, outra estratégia seria a organização de um concurso. Sim! Um
concurso ortográ�co! Acreditamos que os alunos demonstrariam interesse
em participar. Esse concurso pode ser organizado em três etapas.
Primeiramente, é relevante se fazer uma avaliação diagnóstica – por meio
perguntas ou produções textuais – com os alunos, para observar quais são as
questões mais críticas e que merecem mais atenção dentro do sistema
ortográ�co. Logo após, considerando os resultados percebidos na avaliação
inicial, pode-se realizar atividades que ajudem os alunos a terem mais
domínio das normas gramaticais. Por exemplo: realização de quiz, jogos,
exercícios de repetição e memorização. Essas duas etapas seriam uma
espécie de preparação para a prova �nal do concurso. Caso perceba avanços
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por parte deles, motive-os a valorizar isso! Por �m, a etapa de realização do
concurso em si. Aqui, pode-se fazer uma retomada das etapas anteriores, a
�m de que os discentes re�itam sobre o percurso desse projeto e sobre a
importância de se conhecer bem as regras ortográ�cas de sua língua
materna. Depois, você pode propor a atividade decisiva: a produção de um
texto, cujo gênero já seja de conhecimento deles: uma crônica, um artigo de
opinião, um texto narrativo. Ganhará o concurso aquele que tiver o texto
mais bem escrito, isto é, o texto de quem se mostrar mais pro�ciente quanto
à norma ortográ�ca em uso. Nesse projeto, o aluno terá a oportunidade de se
desa�ar, de ampliar seus conhecimentos linguísticos e de re�etir sobre sua
própria escrita.
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NÃO PODE FALTAR
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E A HETEROGENEIDADE DA LÍNGUA
Monique Bisconsim Ganasin
Valéria Adriana Maceis
PRATICAR PARA APRENDER
Vivemos em uma sociedade plural, rica em diversidade. Em nossas atividades
cotidianas, indivíduos de distintos gêneros, orientações, crenças, raças e
posicionamentos buscam o pleno convívio social. Com a linguagem – nosso meio
HETEROGENEIDADE DA LÍNGUA
"A heterogeneidade da língua é espelho da heterogeneidade da sociedade.” (Carlos Alberto
Faraco)
Fonte: Freepik.
Deseja ouvir este material?
Áudio disponível no material digital.
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de comunicação – não poderia ser diferente, uma vez que não é possível separar
língua e sociedade; nosso idioma não é homogêneo, pois varia a depender de
regiões, fatores socioeconômicos, faixa etária, gênero, estilos etc., sobretudo em
se tratando de um país tão grande e multiétnico como o nosso. É preciso,
portanto, compreensão e, acima de tudo, respeito a essas variedades linguísticas.
Sabemos que o conhecimento consistente das variedades ainda é pouco
difundido entre os professores em geral, inclusive entre professores de Língua
Portuguesa e entre os estudantes de Letras. Portanto, nesta seção, estimado aluno
e futuro professor, convidamos você a conhecer um pouco mais a respeito dessas
variedades que permeiam nossa linguagem.
Você já deve ter parado para re�etir acerca de nosso léxico, tão vasto e diverso.
Por exemplo, se você mora em São Paulo, talvez tenha estranhado ouvir algum
conhecido seu da região Sul lhe oferecer uma bergamota, em vez de uma
mexerica; ou então, se você mora em determinada região do Nordeste, talvez não
tenha entendido quando um colega do Paraná pediu pão francês, em vez de
carioquinha na padaria. Essas e muitas outras diferenças de vocabulário são
bastante frequentes no Português Brasileiro.
A passagem do tempo, a qual permite tantas mudanças e transformações em
nossa forma de viver, pensar e se relacionar, também se faz sentir na linguagem.
Por exemplo, você conhece o termo “Vossa merecendência”? Sabe o que ele
signi�ca? Você o usa muito na comunicação, mas com uma escrita diferente. Ao
longo do tempo, “Vossa merecendência” modi�cou-se, ganhou outras gra�as e
hoje corresponde ao pronome “você”, o qual, na língua falada comumente tem
sido pronunciado como “cê”.
Sendo assim, trataremos aqui não só sobre essas e outras variações, mas também
sobre níveis de manifestação e sobre aspectos que as ocasionam. Ademais,
propomos ainda re�exões acerca de como podemos acolher e entender – sem
discriminação – todas as variedades constitutivas de uma língua.
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Infelizmente, com considerável frequência, o professor em sala de aula precisa
lidar com situações de intolerância, bullying, preconceito, discriminações. E,
entre esses tipos de exclusões, pode se deparar com casos de preconceito
linguístico. Por essa razão, apresentamos umasituação-problema a seguir para
que você possa re�etir e, desde já, pensar em estratégias e�cientes para lidar
com esse tipo de situação na prática pro�ssional.
Imagine que você é professor do 7º ano do ensino fundamental em uma rede
particular de ensino. Em sua turma só há alunos de mesmo nível
socioeconômico, residentes na região em que a escola está localizada (nascidos
ali). Então, no meio do semestre, chega à sua turma um aluno bolsista,
pertencente a uma classe social de menor prestígio. Você percebe que esse aluno
não foi bem acolhido pela turma, a qual o vê como diferente, talvez “inferior”, e o
exclui, fazendo deboche sobre seu jeito de falar. O que fazer? Como agir para
ajudar os alunos a desenvolver empatia e respeito pelo outro e, nesse caso, ajudá-
los a entender que cada variedade linguística é um patrimônio da sociedade e da
cultura e deve ser respeitada? Vamos pensar juntos!
O trabalho com as variações linguísticas, sem dúvida, é desa�ador. Portanto, vá
“em frente e enfrente” as adversidades que possam surgir pelo caminho! Re�ita,
estude, pesquise, desa�e-se e não desista jamais!
CONCEITO-CHAVE
FATORES RESPONSÁVEIS PELAS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
Para começar nosso estudo, é importante destacar: a língua não é algo pronto,
homogêneo, acabado, e seus usuários não a utilizam de modo igual – eis aí a
exuberância da diversidade linguística: as variações – intrínsecas a qualquer
idioma. E é justamente essa a concepção a ser estabelecida acerca das variedades
existentes em nossa língua, isto é, a concepção de que essa pluralidade e riqueza
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de formas, dialetos, estilos, sotaques é sinônimo de riqueza e beleza de uma
língua; não pode, pois, ser vista como um problema, como uma deturpação do
idioma, conforme muitos miticamente a enxergam.
FATORES EXTRALINGUÍSTICOS (SOCIAIS)
Nosso país não é monolíngue – em diferentes cidades, em diferentes regiões, as
pessoas falam de modo diferente. No quadro, a seguir, vamos compreender
melhor esse fator geográ�co e descobrir outros importantes fatores
extralinguísticos que motivam as variações linguísticas.
Quadro 1.8 | Fatores extralinguísticos (sociais) que explicam a variação da língua
Regionalismo Facilmente identi�camos a fala de um morador da região
Nordeste ou do Sul, por exemplo. Isso ocorre porque cada
dimensão geográ�ca apresenta suas próprias
especi�cidades – seja na pronúncia, seja no vocabulário
(ou em ambas) – em função de fatos e elementos
históricos, culturais, sociais particulares de cada região.
Mercado de
trabalho
O lugar onde trabalhamos e a nossa posição hierárquica
também podem in�uenciar nosso modo de falar. Algumas
pro�ssões, inclusive, como a de advogado, fazem uso de
um vocabulário bem especí�co.
Nível de renda Os indicadores econômicos relativos a cada falante – no
que concerne a rendas e remunerações – conferem
pertencimento a esta ou aquela camada social, de maior
ou menor prestígio; e cada camada social, por sua vez,
tem formas variadas de usar a língua.
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Grau de
escolaridade
Indivíduos que frequentam ou frequentaram a escola por
muito tempo tendem a internalizar mais a variedade
privilegiada pelo ensino escolar, ou seja, a linguagem de
maior prestígio social, presente em textos literários
clássicos, didáticos etc.
Idade Crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos
manifestam também diferenças no modo de falar, seja
nas escolhas vocabulares, seja na pronúncia, na forma de
organizar as frases etc.
Gênero A forma como homens e mulheres se comunicam
também pode ser diferente. Como existe na sociedade
tradicional certa concepção de comportamentos,
estereótipos desse ou daquele gênero, isso também se
re�ete no uso da língua.
Contexto social e
papéis sociais
Situações comunicativas distintas demandam diferentes
formas de expressão, podendo ser ora mais, ora menos
formais. Isso signi�ca que os falantes adéquam sua
linguagem aos ambientes que exigem maior ou menor
grau de formalidade. Dessa forma, por exemplo, um
médico, no exercício de sua pro�ssão, monitora sua
linguagem; faz uso de estruturas mais formais,
especializadas; já em casa, entre falantes com quem tem
maior intimidade, pode fazer uso de uma linguagem
mais informal.
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Modalidades:
escrita e falada
Quando escreve, a pessoa tem mais tempo para planejar,
elaborar, monitorar e revisar a linguagem empregada no
texto; ao falar, o usuário da língua atua com improvisos e
maior espontaneidade, logo, com menor atenção quanto
às regras da norma-padrão.
Redes sociais (não
necessariamente
as digitais)
Nesse caso, leia-se a rede de relacionamentos: amigos,
família, colegas de trabalho e demais pessoas com quem
o indivíduo se relaciona. Tudo isso também in�uencia o
modo de falar.
Fonte: elaborado pelas autoras.
Como se pode observar, alguns fatores, como mercado de trabalho, nível de
renda, grau de escolaridade, muitas vezes se correlacionam, pois se voltam, não
raramente, à condição socioeconômica do falante. E, conforme será abordado
mais adiante nesta seção, a linguagem empregada por indivíduos destituídos de
prestígio social com frequência costuma ser motivo de preconceito linguístico,
posto que, muitas vezes, diferencia-se em maior ou menor escala daquela
empregada por falantes mais privilegiados econômica e intelectualmente.
INTERESSANTE SABER!
Você imagina qual(is) seja(m) o(s) fator(es), entre os listados, mais
determinante(s) para haver diversidade linguística em nosso país?
Segundo inúmeras pesquisas realizadas, são dois: o nível de renda aliado
ao de escolarização formal (grau de escolaridade) – esses são os que mais
in�uenciam, de acordo com pesquisadores, para haver maneiras
diferentes de se usar uma língua.
FATORES LINGUÍSTICOS
Além dos fatores extralinguísticos concernentes à variação, existem ainda os
fatores linguísticos, ou seja, aqueles mais voltados a estruturas da língua em si.
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Imagine como se pronunciam essas duas expressões: “as duas alunas” e “as três
alunas”. Você notou que o som de “as”, em uma e em outra, é distinto? Em “as
duas”, pronunciamos com som de /z/ e, em “as três”, o som é de /s/. Isso ocorre
porque, no primeiro caso, o “s” foi empregado antes de “d”, uma consoante
considerada sonora (som pronunciado com as cordas vocais) e toda letra
pronunciada antes desse tipo de consoante se sonoriza. Já no segundo caso, há o
encontro de dois sons considerados surdos “s” e “t”. Com isso, não há
sonorização. Esse, por exemplo, é um fator considerado puramente linguístico de
variação.
DICA!
Para entender melhor os fatores linguísticos de variação, é importante
conhecer um pouco mais dos aspectos fonéticos e fonológicos que fazem
parte do inventário do Português Brasileiro. Para tanto, acesse os itens
disponíveis nas indicações que seguem. Boa leitura!
Para uma noção introdutória, sugerimos:
INTRODUÇÃO à Fonologia | Aula 1. YouTube, 16 out. 2015. (23 min 42
seg). Publicado pelo canal Português com Charme [Prof. Thiago
Charme].
CONSOANTES | Aula 4. YouTube, 22 dez. 2015. (14 min 35 seg).
Publicado pelo canal Português com Charme [Prof. Thiago Charme].
E o texto, que trata da linguagem de sinais, mas também dá claras
explicações acerca de variação, fonética e fonologia:
KARNOPP, L. Fonética e Fonologia. Apostila do Curso de Libras,
Bacharelado e Licenciatura da Universidade Federal de Santa
Catarina. Educação a Distância. [S.l., s.d.].
Para aqueles que se interessam pelo tema em alfabetização, este breve
texto também pode ser enriquecedor.
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•  BISOL, L. Fonética e fonologia na alfabetização. Letras de Hoje, v. 9,
n. 2, p. 32-39, 1974.
Além de fatores, a diversidade da língua enuncia-se também em diferentes
níveis.
NÍVEIS DE VARIAÇÃO NO PORTUGUÊS FALADO
Fonte: Freepik.
Tendo já compreendido o caráter instável, mutante e heterogêneo das línguas e
conhecido os fatores responsáveispelas variações, é mais fácil entender os níveis
em que tal diversidade manifesta-se. Além disso, de posse desse saber, no futuro
você poderá usufruir, com êxito, de tal conhecimento em sua atuação
pro�ssional, ajudando a consolidar um modelo de educação linguística mais
democrático, contemporâneo e que se oriente pelas transformações da sociedade.
REFLITA
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Leia com atenção uma declaração do professor Carlos Alberto Faraco, ao
encerrar uma videoconferência, tratando de variação linguística:
O que você acha? É um sonho para o educador conseguir, em sala de aula,
fazer seus alunos conhecerem, entenderem e respeitarem a diversidade
linguística de nosso país? Pense sobre isso!
A seguir, vamos resumir e exempli�car os níveis de variação: léxico, fonológico,
morfológico, sintático e discursivo.
A tradição normativa e escolar opera com rigidez e se sustenta numa cultura do erro. O
horizonte que estamos a desbravar é o da �exibilidade e da cultura da adequação. É uma
utopia. É um sonho. Talvez uma quimera… Não sei. O importante é continuarmos sonhando
e trabalhando para desatar esses nós. (CARLOS, [s.d.])
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Quadro 1.9 | Níveis de variação
Nível léxico Em geral, as variantes lexicais estão diretamente relacionadas
ao fator regionalismo, ou seja, a região geográ�ca em que o
falante vive exerce forte in�uência sob seu modo de se
expressar. Por exemplo, o termo “mandioca” em algumas
regiões é conhecido por “aipim” ou “macaxeira”. Isso também
ocorre com “apressado/avexado”; “menino/piá/guri” etc. Essa
variação também pode ocorrer entre falantes de uma mesma
região. Por exemplo, em um mesmo território geográ�co, alguns
falantes podem usar o termo “patente” e outros “privada” para o
nome “vaso sanitário”.
Nível
fonológico
A fonologia estuda os sons da linguagem humana, logo as
variações de nível fonológico são aquelas que se expressam nos
sons da fala, por exemplo: a troca de “lh” por “i”, como em
(telha); transformação de proparoxítonas em paroxítonas: como
em “arve” (árvore); redução do ditongo, como em “baxo”
(baixo); troca de “o” por “u” e “e” por “i”: “brutu” (bruto);
“denti” (dente); acréscimo de vogal, como em “peneu” (pneu);
troca da consoante “l” por “r”: “prantar” (plantar).
Nível
morfológico
Este nível, referente à morfologia, ou seja, ao estudo da
estrutura interna das palavras, suas formações e classes, diz
respeito a mudanças nas formas dos termos. Exemplos: redução
de “ndo” para “no”: “mandano” (mandando), “dançano”
(dançando); perdas de desinências verbais: “comê” (comer).
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Nível
sintático
Tal nível relaciona-se à sintaxe, isto é, à parte da gramática que
estuda a função dos termos da oração, como concordam, como
são regidos etc. Sendo assim, alterações nesse nível
correspondem a mudanças na organização dos termos na
sentença. Por exemplo, o não uso de preposições “As
informações que preciso” (As informações de que preciso);
ausência de concordância, como na gíria: “As mina” (As minas).
Nível
discursivo
O discurso aqui deve ser entendido como um contexto de
comunicação – oral ou escrita – entre dois interlocutores.
Variações que se dão no nível discursivo referem-se ao uso de
conectivos, termos que conectam porções textuais, tais como:
“daí”, “aí”, “então” e expressões como “ô meu”, “bah!”, “né”, “pô”
etc.
Fonte: elaborado pelas autoras.
Vamos agora conhecer os tipos de variação, os quais apresentam características
especí�cas de alguns desses níveis listados.
TIPOS DE VARIAÇÃO LINGUÍSTICA 
Para abrir nosso estudo sobre esse assunto, leia um trecho da crônica
“Antigamente”, de Carlos Drummond de Andrade:
Você utiliza expressões como “janotas” (alguém elegante)? Ou fazer “pé-de-
alferes” (ato de namorar, cortejar)? Nesse texto, o autor propositalmente
empregou termos e expressões que sofreram mudanças e/ou caíram em desuso
ANTIGAMENTE, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos:
completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a
asa, mas �cavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em
outra freguesia. As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca e não caíam de cavalo magro.
Algumas jogavam verde para colher maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse
entrementes, esse ou aquele embarcasse em canoa furada. […] MAS TUDO ISSO era antigamente, isto é, outrora.
(DRUMMOND, [s.d.])
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com o passar dos tempos. As variantes da língua que passaram por esse processo
enquadram-se no tipo de variação denominado variação histórica.
VARIAÇÃO HISTÓRICA OU VARIAÇÃO DIACRÔNICA
Passam por esse tipo de variação termos que caíram em desuso, como os
extraídos do texto de Drummond e aqueles que sofreram mudança em sua gra�a
ou em seu conteúdo. Vejamos uma pequena amostra dessas ocorrências:
Quadro 1.10 | Exemplos de variação histórica
Embora Hoje já não tem o sentido de "em boa hora", mas foi dessa
expressão que tal termo surgiu, mediante o processo de
aglutinação; corresponde, atualmente, a um advérbio com
sentido de ir-se a algum lugar. Também funciona hoje como
conjunção concessiva, equivalente a “apesar de”.
Farmácia Anteriormente, tal substantivo tinha a seguinte gra�a:
“pharmacia”. Com o Acordo Ortográ�co de 1911, ela passou pela
troca do “ph” por “f” e ganhou o acento.
Por O verbo “por”, antigamente, era escrito como “poer” (poner <
ponere) – fato que justi�ca seu pertencimento à segunda
conjugação “er”. Alguns estudiosos, como Roberto G. Camacho,
denominam essas formas antigas como “arcaísmos”.
Crônica Acredita-se que o termo “crônica” se origina de “khrónos”, que,
em grego, signi�ca tempo. Seu sentido também mudou:
antigamente, tal vocábulo era usado para se referir a registros de
acontecimentos históricos, verídicos, em uma sequência
cronológica; hoje corresponde, em geral, a um texto que trata de
temas cotidianos e pode conter humor, re�exão, argumentação
etc.
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Sabor A palavra “sabor”, hoje com ideia de “paladar”, “gosto”, também
já signi�cou “prazer”, como nessa passagem do português
medieval: “Tan gran sabor houv’eu de lhe dizer […]” (CAMACHO,
1988).
Formidável Este adjetivo também sofreu variação em seu sentido com o
tempo. Hoje, diz respeito àquilo que suscita admiração, belo,
bom; anteriormente, signi�cava praticamente o oposto:
“terrível”, algo que inspirava medo.
Fonte: elaborado pelas autoras.
Camacho (1988, p. 30) a�rma que tal variação histórica também pode ser
chamada de variação diacrônica e destaca:
Portanto, vê-se que leva um tempo e há todo um processo para que uma
mudança se �rme em nosso idioma. Mas, ainda assim, como a língua é dinâmica
e mutável, são muitos os exemplos desse tipo de variação.
Vamos agora tratar um pouco mais das variações regionais ou geográ�cas.
VARIAÇÃO REGIONAL OU GEOGRÁFICA
Conforme já explicitado anteriormente, ao se tratar do fator regionalismo e do
nível lexical em uma localidade como o Brasil, por exemplo – uma nação de
grande extensão –, é natural haver, mesmo em falantes de uma mesma língua,
variações de pronúncia, sons, construções e uso do vocabulário. Dessa forma,
podemos citar alguns termos e usos que comprovam essa diversidade linguística
por região espacial. Por exemplo: a pronúncia com abertura sistemática da
vogal pretônica – toda a região nordestina apresenta tal pronúncia, em geral mais
É preciso lembrar que o processo de mudança linguística não é tão simples como pode parecer. Em sua origem, uma variante
em processo de adoção pela norma da comunidade é apenas uma das inumeráveis variantes con�nadas ao uso de um grupo
restrito de falantes. Ao se propagar, é adotada por um grupo socioeconomicamente expressivo, que reconhece nela um fator
de prestígioem contraste com a forma em desuso. Finalmente, elege-se como variante normal na fala da comunidade, com a
eliminação completa da forma em substituição, que acaba por �xar-se em virtude da modalidade escrita. 
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fechada em outras regiões, como em “mEnino”; “fOgão”. Há também o caso da
realização de “e” e “o” átonos �nais – em determinadas áreas da região Sul do
país – pronunciados com grau médio de abertura. Por exemplo: “leitE”. Já em
outras regiões, tal abertura ocorre em forma reduzida, como em São Paulo
(“leiti”). Há também os casos da não palatalização das sílabas “ti” e “di”, comuns no
interior de São Paulo, ou ainda o chamado “r” retro�exo (ou o “r – caipira”), que
também é frequentemente ouvido no interior de São Paulo ou interior do Paraná,
por exemplo.
Além desses casos de pronúncias distintas, há também, como já exposto, as
diferenças de vocabulário, isto é, um mesmo elemento recebe denominações
diferentes a depender da região. Como mais dois exemplos desses casos de
variante lexical, observe as imagens a seguir:
(A)
Fonte: Shutterstock.
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Como você se refere a esse instrumento regulador do trânsito? “Semáforo”,
“farol”, “sinaleira”, “sinal”? Em todo o Brasil, em regiões diversas, há essas
formas distintas para referenciar tal instrumento. E que nome você usa para se
referir ao objeto (B)? Dependendo da região em que mora, pode ser “pipa”,
“papagaio”, “pandorga”, entre outros. E viva a riqueza e diversidade de nossa
língua!
DICA!
Há muitos outros termos que variam de nome, dependendo da região do
Brasil. Há também muitas outras curiosidades e saberes relevantes para
se estudar sobre o assunto. Sendo assim, seguem mais algumas sugestões
de leitura.
PARÁBOLA EDITORIAL. Variação Linguística – o que é, exemplos, dicas
de leitura. Blog da Parábola Editorial, 1 jan. 2019.
PIRES DE OLIVEIRA, A. M. P. Brasileirismos e regionalismos. Alfa
Revista de Linguística, v. 42, 1988.
(B)
Fonte: Shutterstock.
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SOUSA, J. L.; LIMA, L. N. M. Regionalismo e variação linguística: uma
re�exão sobre a linguagem caipira nos causos de Geraldinho. Revista
do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, n. 72, jan./abr. 2019.
Conforme já a�rmado aqui, diferentes faixas etárias, os gêneros, as variadas
regiões geográ�cas, as hierarquias socioeconômicas e seus efeitos sobre o acesso
à educação e aos bens culturais, além das atividades em que o falante está
envolvido a cada momento, condicionam as variações em nossa língua.
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VARIAÇÃO SOCIAL
Em se tratando de variação social, retomaremos vários fatores extralinguísticos
já apresentados e vamos enfatizar que é preciso �xar esta proposição: a língua
varia conforme as características sociais de uma comunidade de fala.
Em outras palavras, a sociedade é formada por grupos sociais distintos: jovens,
idosos, mulheres, homens, comunidade LGBTQIA+, etnias, classes sociais etc.
Todos esses fatores condicionam o que se denomina variação social.
Segundo Camacho (1988), a variação social é o resultado da tendência para maior
semelhança entre atos verbais dos membros de um mesmo setor sociocultural da
comunidade. Por exemplo, os jovens – que, como é próprio da idade, buscam
formas de se diferenciar dos mais velhos, “os ultrapassados” – comumente usam
gírias e determinados termos que falantes de mais idade não usam ou mesmo
desconhecem. Assim, construções como “Que massa, mano!”; “Se pá, topa um
rolê hoje, gata?”, “As mina” etc. estão presentes no repertório de usos de falantes,
em geral, mais jovens.
EXEMPLIFICANDO
Como educadores, é importante conhecer o contexto social de nossos
alunos, para que, sempre que possível, consigamos trazer para a sala de
aula a realidade deles. Dessa forma, todo o conteúdo desenvolvido torna-
se mais signi�cativo aos educandos. Pensando nisso, no que tange ao
trabalho com jovens, é valido conhecer as gírias e demais expressões
próprias de sua linguagem. Quem sabe até alguma atividade relacionada a
isso possa ser desenvolvida no âmbito pedagógico. E, no que diz respeito a
esse tema, é interessante observar como as gírias se atrelam também às
variações históricas, além das sociais, uma vez que há aquelas expressões
populares que “estão na moda”, isto é, são muito usadas por um tempo,
mas que no entanto podem cair em desuso depois de determinado
período. Atualmente, por exemplo, vê-se muito, sobretudo em mídias
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sociais, construções como “Nossa! Hoje tô um nojo de linda!” (uma versão
mais moderna para: “Olha como estou maravilhosa hoje!); “Você é meu
crush” (“crush” substituiu o antigo “paquera” – alguém por quem se está
atraído); “Vamos shippar esses dois!” (Vamos torná-los um casal), entre
outras. Qual será o “prazo de validade” de uso dessas e outras expressões
atuais? Só o tempo poderá responder a essa pergunta. Mas o que é certo é
que a língua está sempre em movimento, sempre em transformação, e
nós, falantes, estamos sempre contribuindo com a condução/reconstrução
da língua.
Em se tratando de gênero, é veri�cável que o emprego de formas afetivas como
“gracinha”, por exemplo, é mais comum em falantes do sexo feminino. Além
disso, há também questões de entonação. Por exemplo, mais mulheres do que
homens têm a tendência de prolongar a duração das sílabas tônicas em adjetivos
como “maravilhoso”, cuja pronúncia �caria: “maravilhooooso”. A comunidade
LGBTQIA+ faz uso de termos como: “bofe” (homem bonito), “mona” (mulher ou
homossexual masculino afeminado), entre outros bem mais especí�cos do meio.
Algumas mudanças em nível fonológico podem ser observadas em todas as
classes sociais – mais ou menos privilegiadas. Todavia, Camacho (1988) destaca
que algumas delas são mais perceptíveis em indivíduos pertencentes a baixos
extratos socioeconômicos. O autor se refere a mudanças do tipo:
Redução de ditongo em palavras como “homem” – em vez de se pronunciar
“em”, pronuncia-se: “ein”;
Ausência da marca de plural em verbos como “vamos”, em que se pronuncia
“vamo”, ou em substantivos como “os meninos”, em que se pronuncia “os
mininu” (nesse caso, além de ausência de “s”, há a troca comum de “e” por “i”
e de “o” por “u”).
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Algo que precisa �car claro é que fatores extralinguísticos – já apresentados
anteriormente e que atuam na formação dos grupos sociais, isto é, formam essa variação
social – muitas vezes não se constituem como os únicos itens determinantes para a
formação de setores distintos de atividade verbal. Não raramente, tais fatores atuam
conjugados entre si. Por exemplo, o nível socioeconômico de um indivíduo aliado a seu
grau de instrução, ao acesso à cultura e à sua regionalidade pode caracterizar seu modo
de falar.
VARIAÇÃO ESTILÍSTICA
Por �m, trataremos da variação estilística. Sabe a que ela se refere? Para
entendê-la, retomaremos ao demonstrado sobre o fator “contexto social/papéis
sociais”.
A adequação da linguagem ao contexto de fala ou de escrita é indispensável – é a
isso, em suma, que se refere a variação estilística. Para nos comunicarmos,
dispomos do estilo informal (mais imediato, cotidiano) e do formal (mais
elaborado, com maior prestígio). Portanto, assim como para ir, por exemplo, a um
casamento, usamos um traje de festa – e não um pijama; e, para ir à praia,
usamos roupas de banho – e não terno e gravata, também adequamos nossa fala
e escrita para cada contexto comunicativo.
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Dessa maneira, usamos formas mais monitoradas ou menos monitoradas a
depender da situação. É aí que entram os papéis sociais. Por exemplo, um
diplomata, em seu trabalho, participando de uma conferência ou reunião,
provavelmente tentará usar uma modalidade mais monitorada e formal de
linguagem, sem o uso de gírias ou reduções do tipo “tô”, “cê”, “nóis vamo” e
outras. Quando está em casa, com sua família, afrouxa o monitoramento e
emprega uma variante

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