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MANUAL DO PROFESSOR Edwaldo Bianchini 8ºano MATEMÁTICA BIANCHINI Componente curricular: MATEMÁTICA Componente curricular: MATEMÁTICA 0022 P24 01 0 0 020 020 MATE RIA L D E D IV ULG AÇà O. V ER Sà O SU BM ET ID A À A VALIA Çà O. Có dig o d a c ol eç ão : PN LD 20 24 - O bje to 1 10a edição São Paulo, 2022 Componente curricular: MATEMÁTICA Edwaldo Bianchini Licenciado em Ciências pela Faculdade de Educação de Ribeirão Preto, da Associação de Ensino de Ribeirão Preto, com habilitação em Matemática pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Sagrado Coração de Jesus, Bauru (SP). Professor de Matemática da rede pública de ensino do estado de São Paulo, no Ensino Fundamental e Médio, por 25 anos. MANUAL DO PROFESSOR 6ºano MATEMÁTICA BIANCHINI 8ºano Coordenação geral: Maria do Carmo Fernandes Branco Edição executiva: Maria Cecília da Silva Veridiano Edição de texto: Dario Martins de Oliveira, Enrico Briese Casentini, João Alves de Souza Neto, Livia Santa Clara Assistência editorial: Roberta Stoppe Preparação de texto: Geuid Dib Jardim Gerência de design e produção grá�ca: Patricia Costa Coordenação de produção: Denis Torquato Gerência de planejamento editorial: Maria de Lourdes Rodrigues Coordenação de design e projetos visuais: Marta Cerqueira Leite Projeto grá�co: Tatiane Porusselli Capa: Douglas Rodrigues José, Tatiane Porusselli, Apis Design, Fábio Luna Imagem da capa: Detalhe de: Diébédo Francis Kéré – Kéré Architecture. Sarbalé Ke, “Casa da Celebração” em Festival de Música e Artes Coachella 2019, Califórnia, EUA. © Diébédo Francis Kéré – Kéré Architecture. Foto: Iwan Baan. Coordenação de arte: Aderson Oliveira Edição de arte: Marcel Hideki Yonamine Editoração eletrônica: Grapho Editoração, JSDesign Coordenação de revisão: Camila Christi Gazzani Revisão: Cesar G. Sacramento, Daniela Uemura, Lilian Xavier, Márcio Della Rosa, Maura Loria, Patricia Cordeiro, Roberta Otoni, Sirlene Prignolato Coordenação de pesquisa iconográ�ca: Sônia Oddi Pesquisa iconográ�ca: Vanessa Trindade Suporte administrativo editorial: Flávia Bosqueiro Coordenação de bureau: Rubens M. Rodrigues Tratamento de imagens: Ademir Francisco Baptista, Ana Isabela Pithan Maraschin, Denise Feitoza Maciel, Marina M. Buzzinaro, Vânia Maia Pré-impressão: Alexandre Petreca, Fabio Roldan, José Wagner Lima Braga, Marcio H. Kamoto, Selma Brisolla de Campos Coordenação de produção industrial: Wendell Monteiro Impressão e acabamento: 1 3 5 7 9 10 8 6 4 2 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados EDITORA MODERNA LTDA. Rua Padre Adelino, 758 - Belenzinho São Paulo - SP - Brasil - CEP 03303-904 Atendimento: Tel. (11) 3240-6966 www.moderna.com.br 2022 Impresso no Brasil Sarbalé Ke, a “Casa da Celebração” na língua Bissa de Burkina Fasso, é uma instalação criada para o Festival de Música e Artes Coachella 2019, pelo arquiteto Diébédo Francis Kéré. A instalação explora, com 12 torres, o mundo interior de um baobá. As três torres mais altas formam o centro da instalação e o maior espaço de encontro para os visitantes que podem aproveitar seus interiores cheios de luz, naturalmente ventilados e sombreados. ORIENTAÇÕES GERAIS ............................................................................................... V Apresentação ...........................................................................................................................V Visão geral da proposta da coleção .......................................................................................V Objetivos gerais da coleção .................................................................................................................................................VI Fundamentos teórico-metodológicos ..................................................................................VI A importância de aprender Matemática .....................................................................................................................VI A Matemática como componente curricular do Ensino Fundamental ............................................... VIII Competências socioemocionais ........................................................................................... IX Caracterização da adolescência .........................................................................................................................................X Diversidade e culturas juvenis ............................................................................................................................................X Bullying ...............................................................................................................................................................................................XI Saúde mental dos estudantes ............................................................................................................................................XI Cultura de paz ............................................................................................................................................................................. XII BNCC e currículos.................................................................................................................. XII Competências na BNCC ......................................................................................................................................................XIII Unidades Temáticas ...............................................................................................................................................................XIV Propostas didáticas.............................................................................................................. XV Conhecimentos prévios .......................................................................................................................................................XV Resolução de problemas e compreensão leitora ...............................................................................................XVI Uso de tecnologias .................................................................................................................................................................XVI Trabalho em grupo e o convívio social ................................................................................................................... XVII Avaliação ........................................................................................................................... XVIII A avaliação e as práticas avaliativas ......................................................................................................................... XVIII Autonomia do professor e a prática docente ........................................................................................................... XXIII Formação continuada e desenvolvimento profissional docente ......................................................... XXIII Referências bibliográficas ............................................................................................... XXIV Referências bibliográficas complementares ......................................................................................................XXVI Apresentação da coleção ................................................................................................ XXVII Estrutura da obra .................................................................................................................................................................XXVII Organização geral da obra .......................................................................................................................................... XXVIII ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS ................................................................................ XXIX Considerações iniciais ......................................................................................................XXXI Capítulo 1 – Potências e raízes ....................................................................................... XXXII Objetivos do capítulo e justificativas .....................................................................................................................XXXII Habilidades trabalhadas no capítulo ......................................................................................................................XXXII Comentários e resoluções ............................................................................................................................................ XXXIII Capítulo 2 – Construções geométricas e lugares geométricos ..................................... XLIII Objetivos do capítulo e justificativas ...................................................................................................................... XLIII Habilidades trabalhadas no capítulo ....................................................................................................................... XLIII Comentários e resoluções .............................................................................................................................................. XLIV Capítulo 3 – Estatística e probabilidade .......................................................................... XLIX Objetivos do capítulo e justificativas ..................................................................................................................... XLIX Habilidades trabalhadas no capítulo ...................................................................................................................... XLIX Comentários e resoluções ..................................................................................................................................................... L III SUMÁRIO Capítulo 4 – Cálculo algébrico ..............................................................................................LVI Objetivos do capítulo e justificativas ........................................................................................................................ LVI Habilidades trabalhadas no capítulo ........................................................................................................................ LVII Comentários e resoluções ................................................................................................................................................ LVII Capítulo 5 – Polinômios e frações algébricas ................................................................. LXIII Objetivos do capítulo e justificativas ..................................................................................................................... LXIII Habilidades trabalhadas no capítulo ..................................................................................................................... LXIII Comentários e resoluções ............................................................................................................................................... LXIII Capítulo 6 – Produtos notáveis e fatoração ................................................................. LXVIII Objetivos do capítulo e justificativas ................................................................................................................... LXVIII Habilidades trabalhadas no capítulo ...................................................................................................................... LXIX Comentários e resoluções .............................................................................................................................................. LXIX Capítulo 7 – Estudo dos triângulos .............................................................................. LXXVII Objetivos do capítulo e justificativas ................................................................................................................. LXXVII Habilidades trabalhadas no capítulo ................................................................................................................. LXXVIII Comentários e resoluções ......................................................................................................................................... LXXVIII Capítulo 8 – A Geometria demonstrativa ......................................................................LXXXI Objetivos do capítulo e justificativas .................................................................................................................. LXXXI Habilidades trabalhadas no capítulo .................................................................................................................. LXXXII Comentários e resoluções .......................................................................................................................................... LXXXII Capítulo 9 – Estudo dos quadriláteros ......................................................................... LXXXV Objetivos do capítulo e justificativas ................................................................................................................. LXXXV Habilidades trabalhadas no capítulo .................................................................................................................. LXXXV Comentários e resoluções .......................................................................................................................................... LXXXV Capítulo 10 – Sistemas de equações do 1o grau com duas incógnitas........................... XCI Objetivos do capítulo e justificativas ........................................................................................................................ XCI Habilidades trabalhadas no capítulo ......................................................................................................................... XCI Comentários e resoluções ............................................................................................................................................... XCII Capítulo 11 – Área de regiões poligonais........................................................................ XCVI Objetivos do capítulo e justificativas ..................................................................................................................... XCVI Habilidades trabalhadas no capítulo .................................................................................................................... XCVII Comentários e resoluções ............................................................................................................................................ XCVII Capítulo 12 – Geometria e grandezas ................................................................................... CI Objetivos do capítulo e justificativas .......................................................................................................................... CI Habilidades trabalhadas no capítulo ........................................................................................................................... CI Comentários e resoluções .................................................................................................................................................. CII Sugestão de avaliação diagnóstica ................................................................................... CVI ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS – REPRODUÇÃO DO LIVRO DO ESTUDANTE ...................1 CAPÍTULO 1 - Potências e raízes ..................................................................................................................... 9 CAPÍTULO 2 - Construções geométricas e lugares geométricos ..................................................... 38 CAPÍTULO 3 - Estatística e probabilidade ................................................................................................. 62 CAPÍTULO 4 - Cálculoalgébrico ................................................................................................................... 91 CAPÍTULO 5 - Polinômios e frações algébricas ..................................................................................... 108 CAPÍTULO 6 - Produtos notáveis e fatoração ........................................................................................ 126 CAPÍTULO 7 - Estudo dos triângulos ........................................................................................................ 160 CAPÍTULO 8 - A Geometria demonstrativa ............................................................................................ 176 CAPÍTULO 9 - Estudo dos quadriláteros .................................................................................................. 192 CAPÍTULO 10 - Sistemas de equações do 1o grau com duas incógnitas ..................................... 213 CAPÍTULO 11 - Área de regiões poligonais ............................................................................................ 232 CAPÍTULO 12 - Geometria e grandezas ................................................................................................... 251 IV Apresentação Professor(a), Como material de apoio à prática pedagógica, este Manual traz, de maneira concisa, orientações e sugestões para o uso do livro do estudante como texto de referência, com o objetivo de subsidiar seu trabalho em sala de aula. Esperamos que este material o(a) auxilie a melhor aproveitar e a compreender as diretrizes pedagógicas que nortearam a elaboração dos quatro livros desta coleção. Este Manual também discute a avaliação da aprendizagem sob a luz de pesquisas em Educação e Educação Matemática e em documentos oficiais. Além disso, oferece indicações de leituras complementares e sites de centros de formação continuada, na intenção de contribuir para a ampliação de seu conhecimento, sua experiência e atualização. As características da coleção, as opções de abordagem e os objetivos educacionais a alcançar são também expostos e discu- tidos aqui. Visão geral da proposta da coleção Esta coleção tem como principais objetivos servir de apoio ao pro- fessor no desenrolar de sua prática didático -pedagógica e oferecer ao estudante um texto de referência auxiliar e complementar aos estudos. Com base nos conteúdos indicados para a Matemática dos Anos Finais do Ensino Fundamental (6o ao 9o anos) e suas especificidades de ensino, a obra procura possibilitar ao estudante a elaboração do conhecimento matemático, visando contribuir para a formação de cidadãos que reflitam e atuem no mundo, e subsidiar o trabalho docente, compartilhando possibilidades de encaminhamento e sugestões de intervenção. Nesse sentido, atribui especial impor- tância ao desenvolvimento de conceitos de maneira precisa e por meio de linguagem clara e objetiva, com destaques pontuais para aqueles de maior importância. As ideias matemáticas são apresentadas e desenvolvidas pro- gressivamente, sem a preocupação de levar o estudante a assimilar a totalidade de cada conteúdo, isto é, sem a pretensão de esgotar o assunto na primeira apresentação. Ao longo da coleção, ofere- cemos constantes retomadas, não apenas visando à revisão, mas à complementação e ao aprofundamento de conteúdos. Acredita- mos que, por meio de diversos contatos com as ideias e os objetos matemáticos, o estudante conseguirá apreender seus significados. Em relação à abordagem, a apresentação de cada conteúdo se dá, principalmente, por meio de situações contextualizadas e pro- blematizadoras que possibilitem ao estudante uma aprendizagem significativa, assim como estabelecer relações da Matemática com outras áreas do saber, com o cotidiano, com sua realidade social e entre os diversos campos conceituais da própria Matemática. Essa contextualização abarcou situações comuns, viven- ciadas pelos jovens em seu cotidiano, e informações mais elaboradas, que costumam aparecer nos grandes veículos de comunicação. Assim, a obra tem por objetivo contribuir para a formação integral do estudante, de modo que, enquanto assi- mila e organiza os conteúdos próprios da Matemática, coloque em prática, sempre que possível, suas capacidades reflexiva e crítica, inter -relacionando tanto os tópicos matemáticos entre si quanto estes com os de diferentes áreas do saber. O intento é colaborar de maneira eficaz para a solidificação do conheci- mento matemático e com o preparo do exercício da cidadania e da participação positiva na sociedade. Na perspectiva mundial da permanente busca por melhor quali- dade de vida, a Matemática, sobretudo em seus aspectos essenciais, contribui de modo significativo para a formação do cidadão crítico e autoconfiante, com compreensão clara dos fenômenos sociais e de sua atuação na sociedade, com vistas a uma formação integral e inclusiva. Nesse sentido, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) afirma, de maneira explícita, seu compromisso com a educação integral e reconhece que: [...] a Educação Básica deve visar à formação e ao de- senvolvimento humano global, o que implica compreender a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rom- pendo com visões reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. Signi�ca, ainda, assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do ado- lescente, do jovem e do adulto – considerando -os como sujeitos de aprendizagem – e promover uma educação voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e diversidades (BRASIL, 2018, p. 14). A ideia de educação inclusiva sustenta -se em um movimento mundial de reconhecimento da diversidade humana e da necessi- dade contemporânea de se constituir uma escola para todos, sem barreiras, na qual a matrícula, a permanência, a aprendizagem e a garantia do processo de escolarização sejam, realmente e sem distinções, para todos (SÃO PAULO, 2019, p. 25). Na sequência, os conceitos teóricos são trabalhados entremea- dos por blocos de exercícios e, algumas vezes, por atividades de outra natureza em seções especiais. A distribuição das atividades em diferentes seções procura facilitar e flexibilizar o planejamento do trabalho docente, bem como possibilitar ao estudante desen- volver habilidades diversas. As atividades também foram pensadas de acordo com o mesmo viés da exposição teórica, intercalando -se aos exercícios convencionais, importantes para formalizar e sistematizar conhecimentos, aqueles que associam os contextos matemáticos aos de outras áreas do conheci- mento, que contemplam temas abrangendo informações de Biologia, Ecologia, Economia, História, Geografia, Política, Ciências e Tecnologia. A constante recorrência a imagens, gráficos e tabelas, muitos deles publicados em mídias atuais, tem por objetivo estimular os estudantes a estabelecerem conexões com o mundo em que vivem. A obra procura trazer atividades que possibilitam a sistematização dos procedimentos e a reflexão sobre os conceitos em construção. Elas procuram abordar diferentes aspectos do conceito em discussão por meio de variados formatos, apresentando, quando possível, questões abertas, que dão oportunidade a respostas pessoais, questões com V ORIENTAÇÕES GERAIS mais de uma solução ou cuja solução não existe. Da mesma maneira, há exercícios que estimulam a ação mental, promovendo o desenvol- vimento de argumentações, a abordagem de problemas de naturezas diversas e as discussões entre colegas e em grupos de trabalho. O professor tem, então, uma gama de questões a seu dispor para discutir e desenvolver os conceitos matemáticos em estudo. É importante reafirmar que, ao longo de toda a coleção, houve preocupação com a precisão e a concisão da linguagem. A aborda- gem dos conteúdos procurou ser clara, objetiva e simples, a fim de contribuir adequadamente para o desenvolvimento da Matemática escolar no nível do Ensino Fundamental.Além do correto uso da língua materna e da linguagem propriamente matemática, procu- ramos o auxílio da linguagem gráfica, com ilustrações, esquemas, diagramas e fluxogramas que auxiliam a aprendizagem pelas mudanças dos registros de representação. • Objetivos gerais da coleção • Apresentar a Matemática, em seus diversos usos, como uma das linguagens humanas, explorando suas estruturas e seus raciocínios. • Introduzir informações que auxiliem a apreensão de conteúdos matemáticos, com vistas à sua inserção em um corpo maior de conhecimentos e à sua aplicação em estudos posteriores. • Possibilitar ao estudante o domínio de conteúdos matemáticos que lhe deem condições de utilização dessa ciência no cotidia- no e na realidade social, oportunizando o desenvolvimento do letramento matemático1. • Propiciar, com o auxílio do conhecimento matemático, o desen- volvimento das múltiplas competências e habilidades cognitivas do estudante, preparando -o como pessoa capaz de exercer conscientemente a cidadania e de progredir profissionalmente, garantindo uma formação integral e inclusiva. • Desenvolver hábitos de leitura, de estudo e de organização. Esses objetivos se justificam à medida que compreendemos que a Matemática desempenha um importante papel no desen- volvimento dos estudantes, pois permite resolver problemas da vida cotidiana, com aplicações no mundo do trabalho, e funciona como instrumento essencial para a construção de conhecimentos em outras áreas curriculares. Possibilita, ainda, o trabalho e o relacio- namento com as diferentes linguagens, explorando suas estruturas e raciocínios, além de propiciar o desenvolvimento cognitivo dos estudantes e desenvolver hábitos relacionados ao cotidiano escolar. Fundamentos teórico -metodológicos Vamos apresentar alguns temas relativos ao ensino de Matemá- tica que norteiam as escolhas curriculares da coleção e se alinham às proposições da BNCC, documento que foi elaborado após ampla consulta a especialistas e à população e que é a referência para a construção dos currículos de toda a rede de ensino, municipal, es- tadual e federal, em todo o país. Ela traz o conteúdo mínimo a ser desenvolvido em cada etapa da Educação Básica e, para preservar a autonomia das escolas e dos professores, deve ser complementada com a inclusão das especificidades regionais e locais. A BNCC traz o conjunto das aprendizagens consideradas es- senciais que todo estudante deve desenvolver ao longo de sua trajetória escolar no ensino básico. Essas aprendizagens estão apresentadas em forma de competências gerais, competências específicas e habilidades segundo os componentes curriculares ou as áreas do conhecimento para cada etapa do ensino. • A importância de aprender Matemática Partimos da proposição de que uma característica da Matemática é ser uma linguagem capaz de decodificar, traduzir e expressar o pensa- mento humano, o que contribui para a formação integral do estudante. O conhecimento matemático é necessário para todos os estudantes da Educação Básica, seja por sua grande aplicação na sociedade contemporânea, seja pelas suas potencialidades na formação de cidadãos críticos, cientes de suas responsabi- lidades sociais (BRASIL, 2018, p. 265). Atualmente, é indiscutível a importância da Matemática na formação humana, especialmente por vivermos em uma socie- dade cada vez mais permeada pela ciência e pela tecnologia. Diversas pro�ssões [...] exigem conhecimentos matemáticos e competências básicas para lidar com as mesmas. Além disso, exige-se do cidadão do século XXI habilidades matemáticas es- senciais tais como compreensão de grá�cos, capacidade de fazer estimativas, de organização do pensamento, tomada consciente de decisões, entre outras, de modo que ele seja capaz de fazer uma leitura de mundo, de encarar desa�os e resolver proble- mas, levantando hipóteses e buscando soluções, além de emitir opinião sobre fatos e fenômenos que emergem da realidade na qual está inserido (PERNAMBUCO, 2019, p. 65). A palavra matemática vem do grego mathematike. Em sua ori- gem, estava ligada ao ato de aprender, pois significava “tudo o que se aprende”, enquanto matemático, do grego mathematikos, era a palavra usada para designar alguém “disposto a aprender”. O verbo aprender era originalmente, em grego, manthanein; mas hoje o radi- cal math, antes presente nas palavras ligadas à aprendizagem, parece ter perdido essa conotação e daí talvez resulte a ideia geral de que a Matemática é uma disciplina que lida apenas com números, gran- dezas e medidas e que se aprende na escola de forma compulsória. Na realidade, a Matemática fornece ao indivíduo, além de uma linguagem para expressar seu pensamento, ferramentas com as quais ele pode gerar novos pensamentos e desenvolver raciocínios, ou seja, […] a Matemática não é simplesmente uma disciplina, mas também uma forma de pensar. É por isso que a Matemática, assim como a alfabetização, é algo que deveria ser tornado dis- ponível para todos […] (NUNES; BRYANT; 1997, p. 105). A Matemática, portanto, é algo que deve estar disponível a todo ser humano, para que possa fazer uso dela como uma de suas ferramentas de sobrevivência e convívio social, promovendo uma formação inclusiva. 1 Segundo a Matriz de Avaliação de Matemática do Pisa 2012 (disponível em: https://download.inep.gov.br/acoes_internacionais/pisa/marcos_referenciais/2013/ matriz_avaliacao_matematica.pdf; acesso em: 2 maio 2022): Letramento matemático é a capacidade individual de formular, empregar e interpretar a matemática em uma variedade de contextos. Isso inclui raciocinar matematicamente e utilizar conceitos, procedimentos, fatos e ferramentas matemáticas para descrever, explicar e predizer fenômenos. Isso auxilia os indivíduos a reconhecer o papel que a matemática exerce no mundo e para que cidadãos construtivos, engajados e reflexivos possam fazer julgamentos bem fundamentados e tomar as decisões necessárias. VI Um ponto crucial a considerar é que as formas de pensar características da Matemática podem expandir -se para outros raciocínios, impulsionando a capacidade global de aprendizado. Ao lidar com a Matemática, fundamentamos o pensamento em um conjunto de axiomas, na geração e na validação de hipóteses, no desenvolvimento de algoritmos e procedimentos de resolução de problemas — ferramentas aplicáveis a um conjunto de situações similares —, estabelecendo conexões e fazendo estimativas. Ana- lisando situações particulares e inserindo -as na estrutura global, é possível construir estruturas de pensamento também úteis em situações não matemáticas da vida em sociedade. A Matemática não se restringe apenas à quantificação de fenômenos determinísticos – contagem, medição de objetos, grandezas – e das técnicas de cálculo com os números e com as grandezas, pois também estuda a incerteza proveniente de fenômenos de caráter aleatório. A Matemática cria sistemas abs- tratos, que organizam e inter -relacionam fenômenos do espaço, do movimento, das formas e dos números, associados ou não a fenômenos do mundo físico. Esses sistemas contêm ideias e ob- jetos que são fundamentais para a compreensão de fenômenos, a construção de representações signi�cativas e argumentações consistentes nos mais variados contextos (BRASIL, 2018, p. 265). Ao construir sua história, o ser humano tem modificado e am- pliado constantemente suas necessidades, individuais ou coletivas, de sobrevivência ou de cultura. O corpo de conhecimentos desen- volvido nesse longo trajeto ocupa lugar central no cenário humano. No que diz respeito aos conhecimentos matemáticos, muitos continuam atravessando os séculos, enquanto outros já caíram em desuso. Há, ainda, outros que estão sendo incorporados em razão das necessidades decorrentes das ações cotidianas, como é o caso da Educação Financeira. As novas práticas solicitam a ampliação e o aprofundamento desses conhecimentos. Até algumas décadas atrás, “saber” Matemática implicavabasi- camente dominar e aplicar as operações básicas: adição, subtração, multiplicação e divisão. Na atualidade, contudo, as pesquisas edu- cacionais, as diretrizes pedagógicas oficiais e, em especial, a BNCC apontam para a necessidade de que em todos os anos da Educação Básica a escola trabalhe conteúdos organizados nas cinco Unidades Temáticas: Números, Álgebra, Geometria, Grandezas e medidas e Probabilidade e estatística, tendo como referência o desenvolvi- mento das competências e habilidades descritas pela BNCC. Na BNCC, competência é de�nida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práti- cas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resol- ver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho (BRASIL, 2018, p. 8). Para entender a real importância da Matemática, basta pensar em nosso cotidiano. É fácil fazer uma longa lista de ações nas quais precisamos mobilizar os conhecimentos desse campo: calcular uma despesa para efetuar seu pagamento; examinar diferentes alternativas de crédito; estimar valores; calcular medidas e quantidades com algu- ma rapidez; compreender um anúncio ou uma notícia apresentados por meio de tabelas e gráficos; analisar criticamente a validade de um argumento lógico; avaliar a razoabilidade de um resultado numérico ou estatístico; decidir a sequência de passos necessários para resolver um problema; orientarmo -nos no espaço (para deslocamentos ou indicações de trajetórias), entre tantas outras situações. Hoje sabemos da importância de o indivíduo aprender continua- mente, durante toda a vida, para assimilar as incessantes inovações do mundo moderno e, desse modo, realimentar seu repertório cultural. Em um ambiente mundial cada vez mais competitivo e desenvolvido do ponto de vista tecnológico, é preciso tornar acessíveis a todas as pessoas as vantagens desses avanços. E é responsabilidade também da educação escolar levar o estudante a perceber criticamente a realidade, cuja interpretação depende da compreensão de sua estrutura lógica, do entendimento da simbologia adotada no contexto, da análise das informações veiculadas por dados numéricos, imagens, taxas, inde- xadores econômicos etc. Um indivíduo com poucos conhecimentos matemáticos pode estar privado de exercer seus direitos como cidadão, por não ter condições de opinar em situação de igualdade com os demais membros da sociedade, nem de definir seus atos políticos e sociais com base em uma avaliação acurada da situação. No ensino da Matemática, assumem grande importância aspectos como o estímulo a relacionar os conceitos matemáticos com suas representações (esquemas, diagramas, tabelas, figuras); a motivação para identificar no mundo real o uso de tais repre- sentações; o desafio à interpretação, por meio da Matemática, da diversidade das informações advindas desse mundo. Podemos afirmar que a maior parte das sociedades de hoje depende cada vez mais do conjunto de conhecimento produzido pela humanidade, incluindo de maneira notável as contribuições da ciência matemática. Ao mesmo tempo, esse arcabouço cultural revigora -se incessantemente, com grande diversidade e sofisti- cação. Os apelos de um mundo que se transforma em incrível velocidade, em uma crescente variedade de domínios, consti- tuem uma das razões mais significativas para o maior desafio dos educadores: preparar os jovens para uma atuação ética e responsável, balizada por uma formação múltipla e consistente. Matemática acadêmica × Matemática escolar No âmbito específico da Matemática, há muito mais conhe- cimento já estabelecido do que o que chega à sala de aula. A seleção desses conhecimentos -conteúdos e a maneira de apresentá -los aos estudantes exigem bom preparo didático e pedagógico e uma série de estudos e adaptações. Em sua formação inicial, na universidade, o futuro profes- sor de Matemática tem contato simultâneo com a Matemática acadêmica e a Matemática escolar. No entanto, em seu exercício profissional, o destaque será para a Matemática escolar; daí a rele- vância de procurarmos entender a distinção entre ambas. De acordo com Moreira e David (2003), a Matemática acadêmi- ca, ou científica, é o corpo de conhecimentos produzido por mate- máticos profissionais. Nesse caso, as demonstrações, definições e provas de um fato e o rigor na linguagem utilizada ocupam papel relevante, visto que é por meio deles que determinado conheci- mento é aceito como verdadeiro pela comunidade científica. No caso da Matemática escolar, há dois aspectos fundamentais que modificam significativamente o papel do rigor nas demons- trações. O primeiro refere -se ao fato de a “validade” dos resultados matemáticos, que serão apresentados aos estudantes no processo de ensino -aprendizagem, não ser colocada em dúvida; ao contrário, já está garantida pela própria Matemática acadêmica. O segundo aspecto diz respeito à aprendizagem; nesse caso, o mais importante VII é o desenvolvimento de uma prática pedagógica que assegure a compreensão dos conteúdos matemáticos essenciais, assim como a construção de justificativas que permitam ao jovem estudante utilizá- -los de maneira coerente e conveniente, tanto na vida escolar quanto na cotidiana, propiciando o desenvolvimento das competências e habilidades para ele exercer a cidadania plena e atuar no mundo. O pensador Henri Jules Poincaré também discute a diferença entre o rigor necessário e conveniente à Matemática científica e o rigor adequado a um processo educativo. Para ele, uma boa definição é aquela que pode ser entendida pelo estudante. Diante disso, a coleção procura harmonizar o uso da língua mater- na com a linguagem matemática, promovendo uma leitura acessível e adequada aos estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental. • A Matemática como componente curricular do Ensino Fundamental A importância de ensinar Matemática no Ensino Fundamental, conforme indica a BNCC, decorre também da contribuição que a área representa na formação do cidadão. O Ensino Fundamental deve ter compromisso com o de- senvolvimento do letramento matemático, de�nido como as competências e habilidades de raciocinar, representar, comu- nicar e argumentar matematicamente, de modo a favorecer o estabelecimento de conjecturas, a formulação e a resolução de problemas em uma variedade de contextos, utilizando conceitos, procedimentos, fatos e ferramentas matemáticas. É também o letramento matemático que assegura aos estu- dantes reconhecer que os conhecimentos matemáticos são fundamentais para a compreensão e a atuação no mundo e perceber o caráter de jogo intelectual da matemática, como aspecto que favorece o desenvolvimento do raciocínio lógico e crítico, estimula a investigação e pode ser prazeroso (fruição). O desenvolvimento dessas habilidades está intrinsecamen- te relacionado a algumas formas de organização da aprendi- zagem matemática, com base na análise de situações da vida cotidiana, de outras áreas do conhecimento e da própria Ma- temática (BRASIL, 2018, p. 266). Diversos pesquisadores e profissionais ligados à Educação Ma- temática têm procurado sintetizar o papel social do ensino dessa área do conhecimento. Na literatura, segundo Ponte (2002), cabem ao ensino da Matemática quatro diferentes papéis: • instrumento da cultura científica e tecnológica, fundamental para profissionais como cientistas, engenheiros e técnicos, que utilizam a Matemática em suas atividades; • filtro social para a continuação dos estudos e a seleção para as universidades; • instrumento político, como símbolo de desenvolvimento e arma de diversas forças sociais que utilizam as estatísticas do ensino da Matemática para seus propósitos; • promotora do desenvolvimento dos modos de pensar a serem aplicados na vida cotidiana e no exercício da cidadania. É evidente que cada um desses papéis serve a diferentes in- teresses e finalidades. Contudo, considerando os indivíduosseres sociais, é o último desses papéis o mais importante e o que mais nos interessa. Como explica Ponte: Incluem -se aqui os aspectos mais diretamente utilitários da Matemática (como ser capaz de fazer trocos e de calcular a área da sala), mas não são esses aspectos que justi�cam a importância do ensino da Matemática. São, isto sim, a capa- cidade de entender a linguagem matemática usada na vida social e a capacidade de usar um modo matemático de pensar em situações de interesse pessoal, recreativo, cultural, cívi- co e pro�ssional. Em teoria, todos reconhecem que esta é a função fundamental do ensino da Matemática. Na prática, infelizmente, é muitas vezes a função que parece ter menos importância (PONTE, 2002). O fato de a função de promover modos de pensar estar explici- tada no currículo e nos programas não é suficiente, contudo, para concretizar essa função. O sistema de avaliação, os manuais escolares e a cultura pro�ssional dos professores podem in�uenciar de tal modo as práticas de ensino que as �nalidades visadas pelo currícu- lo em ação, muitas vezes, pouco têm a ver com aquilo que é solenemente proclamado nos textos o�ciais. (PONTE, 2002). Ao discorrer sobre esses papéis, Ponte (2002) analisa em par- ticular a função de filtro social e afirma que “a verdade é que este papel de instrumento fundamental de seleção tem pervertido a relação dos jovens com a Matemática”. Isso se dá porque os estu- dantes passam a enxergá -la como obstáculo a ser transposto para a conquista de objetivos, em vez de entendê -la como aliada nesse processo. O pesquisador enfatiza a importância de identificar os fatores que originam o insucesso dos estudantes em Matemática. Para ele, tais fatores estão relacionados com: • a crise da escola como instituição, que se reflete na aprendizagem em geral e na Matemática em particular; • aspectos de natureza curricular — tradição pobre de desenvol- vimento curricular de Matemática; • insuficiente concretização prática e caráter difuso das finalidades do aprendizado; • o próprio fato de a Matemática constituir -se em instrumento de seleção, o que, de imediato, desencanta e amedronta o estudante; • questões ligadas à formação dos professores. Em contrapartida, de acordo com a BNCC, podemos destacar que: [...] Os processos matemáticos de resolução de proble- mas, de investigação, de desenvolvimento de projetos e da modelagem podem ser citados como formas privilegiadas da atividade matemática, motivo pelo qual são, ao mesmo tempo, objeto e estratégia para a aprendizagem ao longo de todo o Ensino Fundamental. Esses processos de aprendiza- gem são potencialmente ricos para o desenvolvimento de competências fundamentais para o letramento matemático (raciocínio, representação, comunicação e argumentação) e para o desenvolvimento do pensamento computacional (BRASIL, 2018, p. 266). As atuais e inúmeras discussões na área educacional têm nos alertado sobre mudanças na forma de conceber a Educação Básica no mundo. No que diz respeito à Educação Matemática, podemos dizer que ela tem atravessado um grato momento de revitalização: Novos métodos, propostas de novos conteúdos e uma am- pla discussão dos seus objetivos fazem da Educação Matemá- tica uma das áreas mais férteis nas re�exões sobre o futuro da sociedade (D'AMBROSIO, 2000). VIII A BNCC preconiza a inclusão e a discussão de temas contem- porâneos, como é o caso dos “direitos da criança e do adolescente” e “educação em direitos humanos”: Por �m, cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como às escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e compe- tência, incorporar aos currículos e às propostas pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que afetam a vida hu- mana em escala local, regional e global, preferencialmente de forma transversal e integradora (BRASIL, 2018, p. 19). A orientação de introduzir e interligar no âmbito escolar temas dessa natureza traz efetivas possibilidades de expansão dos currí- culos, para além dos conteúdos das disciplinas tradicionais. Esses temas também podem ser abordados de acordo com a necessidade dos estudantes e da comunidade em que estão inseridos. O importante é ter em vista que, por meio do trabalho com esses temas, é possível incluir as questões sociais nos currículos escolares. Dessa perspectiva, os conteúdos trabalhados ganham novo papel; o aprendizado da Matemática, entre outras aborda- gens, concorre para a formação da cidadania e, consequente- mente, para um entendimento mais amplo da realidade social. Por compreender a importância desse trabalho, esta coleção procura, na medida do possível, incorporar e discutir alguns con- teúdos matemáticos em contextos diversificados. Objetivos da formação básica para o Ensino Fundamental Segundo o Parecer 11/2010 do Conselho Nacional de Edu- cação/Câmara de Educação Básica2 sobre Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos, os obje- tivos para a formação básica relativos ao Ensino Infantil e Ensino Fundamental são: • o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; • a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, das artes, da tecnologia e dos valores em que se fundamenta a sociedade; • a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores como instrumentos para uma visão crítica do mundo; • o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. O papel do livro didático Entendemos que, em geral, os recursos presentes em salas de aula não são suficientes para fornecer todos os elementos necessários ao trabalho do professor e à aprendizagem do estudante. Nesse caso, o livro didático desempenha um papel importante, assessorando nesse processo, como organização e encaminhamento da teoria e propostas de atividades e exercícios. Assim, o livro didático contri- bui para o processo de ensino -aprendizagem e atua como mais um interlocutor na comunicação entre educador e educando. ² BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Brasília: Parecer CNE/CEB no11/2010. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb007_10.pdf. Acesso em: 27 maio 2022. Mas é preciso considerar que o livro didático, por mais completo que seja, deve ser utilizado intercalado com outros recursos que enriqueçam o trabalho do professor. Concordamos com Romanatto (2004) quando diz que, partindo do princípio de que o verdadeiro aprendizado apoia -se na com- preensão, e não na memória, e de que somente uma real interação com os estudantes pode estimular o raciocínio e o desenvolvimento de ideias próprias em busca de soluções, cabe ao professor aguçar seu espírito crítico perante o livro didático. Na organização desta coleção, os conceitos e as atividades foram concebidos e dispostos em uma sequência que garanta a abordagem dos conhecimentos matemáticos relativos aos Anos Finais do Ensino Fundamental, visando à ampliação dos conheci- mentos básicos tratados nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, apresentando -os em capítulos específicos e, depois, retomando- -os e ampliando -os em volumes posteriores. Assim, os estudantes podem resgatar os conhecimentos trabalhados anteriormente, ampliar os conceitos ao longo de seus estudos em Matemática do 6o ao 9o anos e preparar -se para a continuidade no Ensino Médio. As orientações deste Manual pretendem esclarecer inten- ções, objetivos e concepções das atividades que podem auxiliar o trabalho pedagógico do professor em seus encaminhamentos, intervenções e na ampliação e no enriquecimento de seus conhe- cimentos matemáticos. Competências socioemocionais Nas últimas décadas, a Educação passou a enfatizar abordagens que incluíam outras dimensões do desenvolvimento humano, como a afetiva, a social para além da tradicionalênfase no cognitivo e na aquisição de conhecimento. A educação socioemocional sempre esteve presente no ambiente escolar de diferentes formas, seja na própria cultura escolar ou como suporte para projetos de com- portamento positivo. A nova proposta é que essas competências sejam ensinadas propositadamente permitindo aos estudantes oportunidades para praticá-las. Solidariedade, amizade, responsabilidade, colaboração, empa- tia, organização, ética, cidadania e honestidade são valores (ou ca- racterísticas) que deverão ser ensinados, praticados ou estimulados nas escolas, segundo as diretrizes da BNCC. Esse documento valoriza os estudantes em sua singularidade e diversidade, afirmando que toda criança, jovem ou adolescente deve ter oportunidades para saber ser criativo, analítico-crítico, colaborativo, resiliente, aplicar conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para tomar decisões, entre outras características. Compreender o conceito de competências socioemocio- nais envolve o estudo das emoções. Ao longo da história, as emoções foram abordadas de diferentes perspectivas: da neu- ropsicologia, da biologia, dos padrões das espécies, da psi- copedagogia, da cultura etc. Dentre todas essas abordagens, aquelas voltadas para as competências socioemocionais no contexto escolar são as de interesse nesse texto por abordarem diretamente as novas diretrizes propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a proposta de Educação para o século 21 (proposta pela Unesco) e o ensino integral. IX Na BNCC, as competências socioemocionais estão presen- tes em todas as 10 competências gerais. Portanto, no Brasil, até 2020, todas as escolas deverão contemplar as competências socioemocionais em seus currículos (BASE, 2022). Nesta coleção, trabalhamos com essas competências em dife- rentes momentos, na forma de atividades ou de orientações para o desenvolvimento do trabalho. Ao longo deste Manual, você en- contrará diferentes orientações que colaboram para esse trabalho. Para ampliar o trabalho com as competências socioemocionais, temos como apropriado considerar os aspectos que caracterizam a adolescência, a diversidade e as culturas juvenis. Com base nesses aspectos, é importante compreender as situações que podem ser recorrentes na escola, como o bullying, e, assim, trabalhar temas e contextos que possibilitem promover a saúde mental dos estudan- tes e a cultura de paz. De maneira geral, discutiremos esses aspectos a seguir e, mais especificamente, retomaremos esses assuntos no decorrer do Manual de cada volume da coleção, quando o contexto apresentado for conveniente para se trabalharem esses temas. • Caracterização da adolescência Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei n o 8.069/1990: “Considera -se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.”. De acordo com a BNCC: Os estudantes dessa fase inserem -se em uma faixa etária que corresponde à transição entre infância e adolescência, marcada por intensas mudanças decorrentes de transformações biológi- cas, psicológicas, sociais e emocionais. [...] ampliam -se os vín- culos sociais e os laços afetivos, as possibilidades intelectuais e a capacidade de raciocínios mais abstratos. Os estudantes tornam -se mais capazes de ver e avaliar os fatos pelo ponto de vista do outro, exercendo a capacidade de descentração, “im- portante na construção da autonomia e na aquisição de valores morais e éticos” (BRASIL, 2010); (BRASIL, 2018, p. 60). Esta coleção procura uma aproximação com os estudantes dessa fase, seja na linguagem utilizada, seja na escolha de assuntos que possam despertar seu interesse. Um desses momentos pode ser observado nas aberturas dos capítulos, nas quais são apresentadas situações que buscam aguçar a curiosidade dos estudantes para o tema a ser tratado. Além disso, a coleção busca também facilitar a pas- sagem de um ano para outro no processo de ensino -aprendizagem em Matemática, retomando conceitos, revisitando conhecimentos – como as quatro operações fundamentais e o estudo das figuras geométricas –, ampliando e aprofundando conteúdos com novos aspectos, a fim de que os estudantes se apropriem dos conceitos com a compreensão dos processos neles envolvidos, caso da ampliação do campo numérico (dos números naturais aos números reais). • Diversidade e culturas juvenis No mundo contemporâneo, um dos principais desafios é apren- der a conviver em um ambiente de diversidade, já que muitas vezes as diferenças entre as pessoas não são vistas como algo positivo, dando lugar à discriminação, ao preconceito ou ao reforço de desigualdades. É importante considerar que os jovens são diferentes em mui- tos aspectos, como origem social, gênero, território, modos de ser, sentir, agir, entre tantos outros. Assim, a escola deve ser o espaço em que essas diversas culturas juvenis se manifestem, se relacionem e se organizem em busca de um objetivo comum. Segundo a BNCC, Considerar que há muitas juventudes implica organizar uma escola que acolha as diversidades, promovendo, de modo intencional e permanente, o respeito à pessoa humana e aos seus direitos. E mais, que garanta aos estudantes ser protago- nistas de seu próprio processo de escolarização, reconhecen- do-os como interlocutores legítimos sobre currículo, ensino e aprendizagem. Signi�ca, nesse sentido, assegurar-lhes uma for- mação que, em sintonia com seus percursos e histórias, permi- ta-lhes de�nir seu projeto de vida [...] (BRASIL, 2018, p. 463). A diversidade não pode ser considerada um obstáculo para a convivência, mas o contrário: deve ser tratada como uma oportu- nidade ao indivíduo de ganhar novas perspectivas, expandir seus horizontes e aprender com as diferenças, valorizando a multiplici- dade de culturas e grupos que formam a sociedade. Conforme a�rmado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 1o, “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. [...]” (ORGANIZA- ÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1948). A escola é um espaço formado por uma diversidade de pessoas e deve promover a reflexão sobre diferentes temáticas de modo a desconstruir preconceitos. Para trabalhar a diversidade, apresente ao estudante o trecho a seguir, da palestra O perigo de uma história única, do livro de mesmo nome, da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. A autora explica em detalhes os problemas causados quando contamos com apenas uma fonte de informações para conhecer a história e a identidade de um povo, enfatizando a necessidade de pesquisar diferentes fontes para compreender outras culturas. Anos depois, pensei nisso quando saí da Nigéria para fa- zer faculdade nos Estados Unidos. Eu tinha dezenove anos. Minha colega de quarto americana �cou chocada comigo. Ela perguntou onde eu tinha aprendido a falar inglês tão bem e �cou confusa quando respondi que a língua o�cial da Nigéria era o inglês. Também perguntou se podia ouvir o que chamou de minha “música tribal”, e �cou muito decepcionada quando mostrei minha �ta da Mariah Carey. Ela também presumiu que eu não sabia como usar um fogão. O que me impressionou foi: ela já sentia pena de mim an- tes de me conhecer. Sua postura preestabelecida em relação a mim, como africana, era uma espécie de pena condescendente e bem-intencionada. Minha colega de quarto tinha uma histó- ria única da África: uma história única de catástrofe. Naquela história única não havia possibilidade de africanos serem pa- recidos com ela de nenhuma maneira; não havia possibilidade de qualquer sentimento mais complexo que pena; não havia possibilidade de uma conexão entre dois seres humanos iguais. (ADICHIE, 2009) Após a apresentação, inicie uma conversa sobre a situação descrita e sobre os fatos serem analisados em uma perspectiva diversa, fun- damentada em diversas fontes. Converse sobre o fato de a colega ter uma versão estereotipada da autorae como muitas vezes um grupo de pessoas é julgado como se fosse composto por uma única identidade. Esse será um momento importante para conversarem sobre a diversidade do grupo e sobre a importância de se respeitarem sem julgamentos prévios. Se considerar adequado, apresente a palestra para os estudantes ou sugira a leitura do livro. X Nas interações com os colegas, os jovens compartilham ideias, experiências e saberes, expressam aspectos das culturas juvenis e possibilitam o convívio com o diferente. Observar os grupos com os quais eles se identificam, ou dos quais fazem parte, contribui para a compreensão de seus modos de agir e, ainda, de seu processo de formação. Enfim, para construir uma escola inclusiva, em que os estu- dantes se sintam acolhidos e protegidos, é necessário estabelecer redes de cooperação em que as interações sociais estejam baseadas no respeito mútuo, no companheirismo, na solidariedade e no compartilhamento de experiências e de saberes. O papel do pro- fessor na organização dessa rede é fundamental, como mediador desse processo de construção do conhecimento, da identidade, da autonomia e dos projetos de vida, e deve ser desempenhado nas diferentes atividades propostas para serem realizadas em grupos. Ao longo da coleção, os estudantes são instigados a realizar tarefas em grupo ou trocar saberes, momento que pode ser oportuno para trabalhar a diversidade juvenil e propor reflexões sobre cooperação e respeito, promovendo a desconstrução de preconceitos. • Bullying O termo bullying designa um tipo de violência física ou psico- lógica e tem sido amplamente utilizado em ambientes escolares, para se referir às atitudes hostis, agressivas e mesmo violentas que ocorrem persistentemente nas relações interpessoais de estudan- tes. A palavra bullying tem origem no inglês bully, que significa “valentão”, “brigão” ou “tirano”, e é usada para nomear ações de agressão, intimidação, maus-tratos e ataques ao outro, pautadas em uma relação desigual de poder, para que a vítima se sinta inferiorizada, além de ser muitas vezes excluída socialmente de ambientes aos quais pertence. Como forma de prevenção, em primeiro lugar os professores devem observar com atenção mudanças apresentadas pelos estu- dantes, como retraimento excessivo, falta de interesse nas tarefas escolares, ausência frequente às aulas, demonstração de tristeza ou ansiedade, isolamento do grupo, impaciência, baixa autoestima. É importante que professores, assim como toda a comunidade escolar, possibilitem um ambiente acolhedor e estreitem vínculos com os jovens, para que eles possam sentir segurança e recorram a esses adultos quando algo não estiver bem. Atividades propostas para serem realizadas em grupo podem ser um bom momento para desenvolver o conceito de empatia por meio da prática de uma escuta atenta e respeitosa, na qual os estudantes podem falar e ser escutados, e ideias são compar- tilhadas e podem ser validadas, possibilitando a eles considerar novas maneiras de atuação, fundamentadas na compreensão do ponto de vista do outro. Sugerimos a seguir uma atividade inicial para trabalhar com o conceito de empatia. Apresente aos estudantes a definição da palavra empatia, conforme consta em dois dicionários: Empatia 1. PSICOL Habilidade de imaginar-se no lugar de outra pessoa. 2. PSICOL Compreensão dos sentimentos, desejos, ideias e ações de outrem. 3. Qualquer ato de envolvimento emocional em relação a uma pessoa, a um grupo e a uma cultura. [...] Fonte: EMPATIA. In: MICHAELIS Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2015. Disponível em: https:// michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/ empatia/. Acesso em: 30 jun. 2022. Empatia 1. Psi. Experiência pela qual uma pessoa se identi�ca com outra, tendendo a compreender o que ela pensa e a sentir o que ela sente, ainda que nenhum dos dois o expressem de modo explícito ou objetivo. 2. Capacidade de compreensão emocional e estética de um objeto, ger. de arte (um quadro, livro, �lme, p. ex.). 3. Nas inter-relações pessoais e sociais, capacidade de al- guém de se ver como os outros o veem, de ver outrem como os outros o veem e também como ele mesmo se vê. Fonte: EMPATIA. In: AULETE Digital. Rio de Janeiro: Lexicon. Disponível em: https://www.aulete.com.br/empatia. Acesso em: 30 jun. 2022. Em seguida, solicite aos estudantes que expressem, verbal- mente ou por escrito, situações em que colocamos em prática a empatia. Se possível, peça que deem exemplos de situações em que alguém foi empático com eles ou em que eles aplicaram empatia. Dê oportunidades para que todos possam se manifestar e, do mesmo modo, respeite aqueles que não quiserem falar. Após a conversa, organize a sala em grupos e solicite que cada grupo escreva cinco atitudes que viabilizam a prática de empatia na escola. Depois, com a participação de todos, escolham dez atitudes que consideram mais importantes e confeccionem cartazes sobre o tema para serem anexados em alguns pontos da escola. • Saúde mental dos estudantes É importante que professores, assim como toda a comunidade escolar, observem os diferentes sinais que os jovens em sofrimento emocional costumam dar, como isolamento e distanciamento dos amigos e dos grupos sociais, brigas constantes e agressividade, publi- cações com conteúdo negativo nas redes sociais ou participação em grupos virtuais que incentivam automutilação ou suicídio, entre outros. Muitos desses sinais poderão se manifestar ao longo deste e dos próximos anos como decorrência do impacto da pandemia de Covid-19 na saúde emocional dos estudantes. Um estudo publicado em 1o de abril de 2022, realizado pela Se- cretaria da Educação do Estado de São Paulo e pelo Instituto Ayrton Senna3, revelou que dois de cada três estudantes do 5o e 9o ano do Ensino Fundamental e 3ª série do Ensino Médio da rede estadual rela- tam sintomas de depressão e ansiedade. De acordo com esse estudo: ³ INSTITUTO Ayrton Senna. Mapeamento aponta que 70% dos estudantes de SP relatam sintomas de depressão e ansiedade. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/conteudos/mapeamento-aponta-que-70-por-cento-dos-estudantes-de-SP-relatam-sintomas-de-depressao.html . Acesso em: 11 maio 2022. XI A avaliação mergulha nos danos severos à educação cau- sados pela pandemia e reforça o desenvolvimento socioemo- cional como mola propulsora para a aprendizagem e outras conquistas ao longo da vida. A análise dos dados ainda revela a importância direta das competências socioemocionais para o aprendizado e o seu impacto em outros aspectos que afetam a aprendizagem indiretamente, como saúde mental, violência e estratégias de aprendizagem [...]. Prejuízos no desenvolvimento dessas competências podem impactar diversos resultados ao longo da vida dos estudantes. O estudo revelou que características como autogestão, que inclui foco, determinação, organização, persistência e responsabilidade, e amabilidade, que reúne empatia, respeito e confiança, foram afetadas durante a pandemia. Desenvolver habilidades de autoconhecimento, como o re- conhecimento das próprias emoções, para administrar metas e objetivos de maneira mais eficiente, pode ser um recurso valioso nestas situações. O autoconhecimento faz parte das competências socioemocionais e, quando desenvolvido, possibilita ao jovem criar estratégias eficazes para o manejo das emoções nos diferentes contextos sociais dos quais participa. É possível trabalhar o autoconhecimento em diferentes situa- ções do cotidiano escolar, trabalhando com os estudantes o reco- nhecimento das próprias emoções, pensamentos, desejos, medos, frustrações, dificuldades e assim por diante. Uma atividade que pode ser praticada em alguns momentos é sugerir aos estudantes que se perguntem “o porquê”. • Por que estou brigando com esse colega? • Por que esta tarefa me incomoda? • Por que não gosto deste professor ou deste colega? •Por que tenho medo de responder oralmente a uma pergunta feita pelo professor? Ao identificarem as causas de determinados sentimentos ou ações, poderão refletir sobre suas atitudes e, assim, administrar situações futuras que possam prejudicá-los em momentos diversos, na escola ou no convívio social fora dela. Para ampliar o conhecimento sobre si mesmo, destacam-se as práticas meditativas, em especial o mindfulness, ou atenção plena. Trata-se de um exercício compreendido por Leahy como “estado mental particular e intencional que une atenção focada no presente, consciência aberta e memória de si mesmo”. Praticado constantemen- te, auxilia na redução do estresse e da ansiedade, possibilitando maior criatividade, aumento do autocontrole e da resistência emocional, além de maior satisfação ao realizar as atividades do cotidiano. • Cultura de paz A cultura de paz está relacionada à compreensão dos princí- pios de liberdade, justiça, democracia, igualdade e solidariedade, proposta em 1999 pela Organização das Nações Unidas (ONU). En- volve um modo de agir e de se posicionar, com base na prática da não violência, por meio da educação, do diálogo e da cooperação. Mais do que teoria e prática, a não violência deve ser uma atitude que permeia toda a prática de ensino, envolvendo to- dos os pro�ssionais de educação e os estudantes da escola, os pais e a comunidade, em um desa�o comum e compartilhado. Assim, a não violência integrada confere ao professor outra visão do seu trabalho pedagógico. A escola deve dar lugar ao diálogo e ao compartilhamento, tornando-se um centro para a vida cívica na comunidade. Para obter um impacto real, a educação sem violência deve ser um projeto de toda a escola, o qual deve ser planejado, integrado em todos os aspectos do currículo escolar, na pe- dagogia e nas atividades, envolvendo todos os professores e pro�ssionais da escola, assim como toda a estrutura organi- zacional da equipe de tomada das decisões educacionais. As práticas de não violência devem ser coerentes e devem estar re�etidas nas regras e na utilização das instalações da escola. Vista pelo ângulo da não violência, a educação ajuda a: • aprender sobre as nossas responsabilidades e obrigações, bem como os nossos direitos; • aprender a viver juntos, respeitando as nossas diferen- ças e similaridades; • desenvolver o aprendizado com base na cooperação, no diálogo e na compreensão intercultural; • ajudar as crianças a encontrar soluções não violentas para resolverem seus conflitos, experimentarem con- flitos utilizando maneiras construtivas de mediação e estratégias de resolução; • promover valores e atitudes de não violência – auto- nomia, responsabilidade, cooperação, criatividade e solidariedade; • capacitar estudantes a construírem juntos, com seus colegas, os seus próprios ideais de paz. (UNESCO, [entre 2017 e 2022]). Considerada um espaço privilegiado para a convivência com a diversidade e a promoção do diálogo, diante de tudo que foi apre- sentado, destacamos que a escola precisa oferecer um ambiente de confiança entre os estudantes, professores e gestores. Para tanto, é preciso formar crianças e jovens que atuem com base em princípios éticos e solidários, além de combater as violências que fazem parte de qualquer sociedade. Pautado em valores humanos, o trabalho com as competências socioemocionais precisa ser exercitado dia- riamente para que se transforme em uma ação concreta. Ao expe- rimentar uma troca possibilitada por meio do diálogo legítimo, em que o estudante pode ouvir os pares e ser escutado, intercambiando pontos de vista e construindo argumentos consistentes e bem fun- damentados, ele irá adquirir e vivenciar habilidades essenciais que farão a diferença em sua profissionalização e em sua vida futura. BNCC e currículos A BNCC e os currículos estão em concordância com os princípios e valores que norteiam a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN). Com base nesses documentos, relacionam-se algumas ações que visam adequar suas proposições à realidade dos sistemas ou redes de ensino e das instituições escolares, considerando o contexto e as características dos estudantes: • contextualizar os conteúdos dos componentes curri- culares, identificando estratégias para apresentá -los, representá -los, exemplificá -los, conectá -los e torná -los significativos, com base na realidade do lugar e do tem- po nos quais as aprendizagens estão situadas; • decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos componentes curriculares e fortalecer a competência XII COMPETÊNCIAS GERAIS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE MATEMÁTICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico -cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual -motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar -se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8. Conhecer -se, apreciar -se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo -se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo -se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. 1. Reconhecer que a Matemática é uma ciência humana, fruto das necessidades e preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos históricos, e é uma ciência viva, que contribui para solucionar problemas científicos e tecnológicos e para alicerçar descobertas e construções, inclusive com impactos no mundodo trabalho. 2. Desenvolver o raciocínio lógico, o espírito de investigação e a capacidade de produzir argumentos convincentes, recorrendo aos conhecimentos matemáticos para compreender e atuar no mundo. 3. Compreender as relações entre conceitos e procedimentos dos diferentes campos da Matemática (Aritmética, Álgebra, Geometria, Estatística e Probabilidade) e de outras áreas do conhecimento, sentindo segurança quanto à própria capacidade de construir e aplicar conhecimentos matemáticos, desenvolvendo a autoestima e a perseverança na busca de soluções. 4. Fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos presentes nas práticas sociais e culturais, de modo a investigar, organizar, representar e comunicar informações relevantes, para interpretá -las e avaliá -las crítica e eticamente, produzindo argumentos convincentes. 5. Utilizar processos e ferramentas matemáticas, inclusive tecnologias digitais disponíveis, para modelar e resolver problemas cotidianos, sociais e de outras áreas de conhecimento, validando estratégias e resultados. 6. Enfrentar situações -problema em múltiplos contextos, incluindo- -se situações imaginadas, não diretamente relacionadas com o aspecto prático -utilitário, expressar suas respostas e sintetizar conclusões, utilizando diferentes registros e linguagens (gráficos, tabelas, esquemas, além de texto escrito na língua materna e outras linguagens para descrever algoritmos, como fluxogramas, e dados). 7. Desenvolver e/ou discutir projetos que abordem, sobretudo, questões de urgência social, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários, valorizando a diversidade de opiniões de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza. 8. Interagir com seus pares de forma cooperativa, trabalhando coletivamente no planejamento e desenvolvimento de pesquisas para responder a questionamentos e na busca de soluções para problemas, de modo a identificar aspectos consensuais ou não na discussão de uma determinada questão, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles. pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem; • selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático- -pedagógicas diversificadas, recorrendo a ritmos dife- renciados e a conteúdos complementares, se necessário, para trabalhar com as necessidades de diferentes grupos de estudantes, suas famílias e cultura de origem, suas comunidades, seus grupos de socialização etc.; • conceber e pôr em prática situações e procedimentos para motivar e engajar os estudantes nas aprendizagens; • construir e aplicar procedimentos de avaliação forma- tiva de processo ou de resultado que levem em conta os contextos e as condições de aprendizagem, tomando tais registros como referência para melhorar o desempenho da escola, dos professores e dos estudantes; • selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos didáticos e tecnológicos para apoiar o processo de ensinar e aprender; • criar e disponibilizar materiais de orientação para os professores, bem como manter processos permanentes de formação docente que possibilitem contínuo aper- feiçoamento dos processos de ensino e aprendizagem; • manter processos contínuos de aprendizagem sobre ges- tão pedagógica e curricular para os demais educadores, no âmbito das escolas e sistemas de ensino. (BRASIL, 2018, p. 16-7). • Competências na BNCC Visando assegurar as aprendizagens essenciais a que todo estudante da Educação Básica tem direito, a BNCC propõe o de- senvolvimento de competências que vão além dos conteúdos cur- riculares a serem ensinados, pois, como expusemos anteriormente, é preciso assumir a necessidade de os estudantes se tornarem capazes de mobilizar conteúdos, habilidades, atitudes e valores. Nesse sentido, propõe 10 competências gerais para a Educação Básica e 8 competências específicas para a área de Matemática, as quais listamos a seguir. XIII Ao longo dos conteúdos, são oferecidas diferentes oportunida- des para o estudante interpretar, refletir, analisar, discutir, elaborar hipóteses, argumentar, concluir e expor resultados de diversas maneiras, contribuindo para o desenvolvimento das competências. Esse trabalho é realizado em vários momentos da coleção, como nas seções Diversificando e Trabalhando a informação. Para garantir o desenvolvimento das competências específicas, Unidades Temáticas organizam diferentes objetos de conhecimen- to que, por sua vez, propõem um conjunto de habilidades a serem trabalhadas com os estudantes. • Unidades Temáticas De acordo com a BNCC: Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Finais, os es- tudantes se deparam com desa�os de maior complexidade, sobretudo devido à necessidade de se apropriarem das diferen- tes lógicas de organização dos conhecimentos relacionados às áreas. Tendo em vista essa maior especialização, é importante, nos vários componentes curriculares, retomar e ressigni�car as aprendizagens do Ensino Fundamental – Anos Iniciais no contexto das diferentes áreas, visando ao aprofundamento e à ampliação de repertórios dos estudantes. Nesse sentido, tam- bém é importante fortalecer a autonomia desses adolescentes, oferecendo -lhes condições e ferramentas para acessar e inte- ragir criticamente com diferentes conhecimentos e fontes de informação (BRASIL, 2018, p. 60). A BNCC propõe cinco Unidades Temáticas: Números, Álgebra, Geometria, Grandezas e medidas e Probabilidade e estatística. Dessa forma, procura garantir o trabalho com a variedade de conhe- cimentos matemáticos ao longo do ano e orientar a formulação de habilidades a serem desenvolvidas durante o Ensino Fundamental. Com base nos recentes documentos curriculares brasileiros, a BNCC leva em conta que os diferentes campos que compõem a Matemática reúnem um conjunto de ideias fundamentais que produzem articulações entre eles: equivalência, ordem, pro- porcionalidade, interdependência, representação, variação e aproximação. Essas ideias fundamentais são importantes para o desenvolvimento do pensamento matemático dos estudantes e devem se converter, na escola, em objetos de conhecimento. A proporcionalidade, por exemplo, deve estar presente no estudo de: operações com os números naturais; representação fracio- nária dos números racionais; áreas; funções; probabilidade etc. Além disso, essa noção também se evidencia em muitas ações cotidianas e de outras áreas do conhecimento, como vendas e trocas mercantis, balanços químicos, representações grá�cas etc. (BRASIL, 2018, p. 268). A proposta presente nesta coleção, aliada ao trabalho do profes- sor em sala de aula, propicia a articulação das diferentes Unidades Temáticas, estabelecendo conexões entre elas e as outras áreas do conhecimento. Faremos a indicação dessas articulações ao longo deste Manual. Apresentamos, a seguir, as principais ideias relacionadas a cada Unidade Temática que nortearam a organização da coleção, desta- cando alguns pontos em que contribuímos para o desenvolvimento das competências específicas da Matemática. Ressaltamos que os pontos apresentados são exemplos de trabalho, mas, ao longo de toda a coleção, contemplamos as 8 competências específicas de modo a favorecer o desenvolvimento dos estudantes no estudo da Matemática. Números As noções matemáticas fundamentais vinculadas a essa Uni- dade Temática são as ideias de número, operações, aproximação, proporcionalidade, equivalência e ordem. Nos anos finais do Ensino Fundamental são trabalhados dife- rentes campos numéricos, de modo que os estudantes resolvam problemas com números naturais, números inteiros e números racionais, envolvendo as operações e fazendo uso de estratégias diversas, reconheçam a necessidade dos números irracionais e tomem contato com os números reais, comparando, ordenando e relacionando esses números com pontos na reta numérica, envol- vendo