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Invalidade dos Atos Administrativos

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INVALIDADE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS: NULIDADE E 
ANULABILIDADE 
 
No âmbito do direito privado, a NULIDADE pode ser alegada por interessado, 
pelo MP ou próprio juiz que não pode supri-la (art. 168 CC) por dizer respeito a 
interesse público superior, podendo reconhecer a qualquer tempo. 
 
A ANULABILIDADE (nulidade relativa) somente podem alegar os interessados 
(art. 177 CC) pois diz respeito apenas aos interesses particulares 
 
Estas considerações podem ser utilizadas no âmbito do direito público? 
São 4 os entendimentos da doutrina: 
- Hely Lopes Meirelles: existe somente ato nulo, pois é resultado de vício. Não 
existe anulabilidade 
- Oswaldo Aranha B. de Mello: defende a distinção entre nulos e anuláveis 
- Seabra Fagundes: propõe 3 tipos: nulos, anuláveis e irregulares, inclusive 
formula distinção diferente para os nulos e anuláveis 
- Celso Antonio: admite os nulos e os anuláveis e propõe também os atos 
inexistentes (caso de atos praticados por usurpador de função) 
- Diógenes Gasparini: teoria de Hely 
 
Para Hely e Diógenes os atos administrativos são sempre legais ou ilegais, 
válidos ou inválidos, não podem ser meio-legais ou meio-válidos 
 
Essa teoria é pura lógica, pois se algo é legal ou ilegal, uma terceira categoria 
deve ser excluída. 
 
No entanto, no Direito moderno há a revalorização da argumentação e da 
ponderação dos efeitos das decisões, pois o Direito deve servir para produzir efeitos na 
sociedade, não servindo apenas para reproduzir a realidade existente. 
 
Por isso, certas doutrinas defendem a possibilidade de haver ponderação. O 
intérprete deve ponderar qual a melhor solução e não utilizar apenas critérios duais, 
tipo: certo ou errado, verdadeiro ou falso. 
Dever verificar o preferível: valores e soluções 
 
Ex. ato praticado com desvio de finalidade (motivo alegado verificou-se falso). 
Servidor prejudica pessoa (seu desafeto), sem qualquer benefício para a coletividade. 
NULO 
 
Ex. ato que apresenta motivo adequado à finalidade pública, mas tem vício de 
forma. Seus efeitos apresentam benefícios à coletividade, portanto pode ser aproveitado. 
Caso de anulabilidade. 
 
Então os vícios dos atos, dependendo do grau de problemática, podem ser 
saneados. 
No caso de ausência de motivo do ato, é possível, dependendo da situação, 
permitir motivação ulterior para saneamento do ato. 
 
A distinção entre os atos nulos e anuláveis é a possibilidade de convalidação 
(saneamento) 
 
Convalidação 
Técnica utilizada pela Administração Pública para suprir vício que macula o ato 
administrativo, com efeitos retroativos à data em que foi praticado 
 
Recai sobre ilegalidades, mas nem todo ato ilegal pode ser convalidado 
 
Então, quais os limites? 
Prevalecia na Administração Pública a máxima de: anular seus próprios atos 
quando eivados de vício de legalidade. 
Tratava-se de um DEVER da Administração 
 
Todavia, o avanço da doutrina mostra que também há DEVER da Administração 
de convalidar o que é possível 
 
Na própria lei há previsão da convalidação (Lei 9.784/99 – Processo 
Administrativo Federal) como facultativa/discricionária: “em decisão na qual se 
evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos 
que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria 
administração” 
 
Assim, são requisitos para convalidação 
- ausência de prejuízo ao interesse público 
- ausência de prejuízo a terceiros 
- presença de defeitos sanáveis 
 
Dos 5 elementos do ato administrativo (sujeito, objeto, forma, motivo e 
finalidade) admite-se, regra geral, a convalidação quando o vício alcançar o sujeito e a 
forma.

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