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Arquitetura Hostil em Cidades

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3.1. O CONCEITO DE CIDADE HOSTIL 
No Brasil, o termo "Arquitetura Hostil" ganhou notoriedade em 2021, após um ato de protesto liderado pelo Padre Júlio Lancelotti ter ampla cobertura na mídia nacional. Nesse evento, o religioso utilizou uma marreta para remover pedras que haviam sido deliberadamente instaladas no espaço sob o viaduto Dom Luciano Mendes de Almeida, na cidade de São Paulo (Figura XX). A justificativa para a colocação dessas pedras era a de desencorajar a presença de pessoas em situação de rua naquela área. Esse episódio ilustra de forma evidente um exemplo de Arquitetura Hostil, que, no entanto, é apenas um aspecto de um fenômeno mais amplo e complexo. A Arquitetura Hostil abrange todo design urbano que é concebido com a intenção de desencorajar ou impedir a presença ou permanência de indivíduos em um determinado local.
Figura 12 – Padre Júlio Lancelotti entre as pedras do viaduto Dom Luciano Mendes de Almeida | 2021. 
Fonte: Conexão Planeta (2021). Disponível em:
< conexaoplaneta.com.br/blog/no-lugar-de-pedras-flores-padre-julio-lancellotti-faz-protesto-pelos-moradores-de-rua-e-contra-acao-hostil-da-prefeitura-e-comove-o-brasil/ >. Acesso em: 05 set. 2023.
Selena Savic e Gordon Savicic, autores do influente livro "Unpleasant Design" (2016), cunharam o termo "design desagradável" para descrever esse tipo de abordagem arquitetônica. Eles fornecem diversos exemplos que, muitas vezes, passam despercebidos ou são aceitos pela sociedade, tais como:
· Iluminação desfavorável que destaca as imperfeições da pele;
Figura 13 – Luzes Rosa que Destacam Imperfeições da Pele | 2006. 
Fonte: BBC News (2006). Disponível em:
< http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/england/lancashire/6197652.stm>. Acesso em: 05 out. 2023.
· Zumbido de alta frequência em locais públicos para dissuadir a aglomeração;
Figura 14 – Dispositivo que emite zumbido em alta frequência em Chicago 
Fonte: Unpleasant Design. Disponível em:
< https://unpleasant.pravi.me/mosquito/>. Acesso em: 05 out. 2023.
· Instalação de obstáculos ou barras de ferro em bancos para desencorajar o uso de skate;
Figura 15 – Dispositivo Anti-Skate | 2013. 
Fonte: Ethnography Matters (2013). Disponível em:
< https://ethnographymatters.net/blog/2013/10/24/an-interview-about-unpleasant-design/ >. Acesso em: 05 out. 2023.
· Adição de divisórias nos bancos para evitar que as pessoas deitem.
Figura 16 – Bancos com Divisórias nas Estações de Rotterdam | 2012. 
Fonte: Ethnography Matters (2013). Disponível em:
< https://ethnographymatters.net/blog/2013/10/24/an-interview-about-unpleasant-design/ >. Acesso em: 05 out. 2023.
É evidente, portanto, que a Arquitetura Hostil e o design desagradável constituem um tema complexo que abrange diversas áreas de estudo. No entanto, essa questão é particularmente relevante para os campos da arquitetura e do urbanismo. É imperativo que haja uma compreensão abrangente desse assunto, a fim de evitar a perpetuação desse tipo de arquitetura nas cidades e nos espaços públicos destinados ao uso e benefício dos cidadãos. A reflexão crítica sobre essas práticas arquitetônicas desempenha um papel crucial na busca por ambientes urbanos mais inclusivos, acolhedores e justos.
3.2. A HOSTILIDADE PRESENTE NO CENTRO HISTÓRICO DE JUNDIAÍ | SP
O centro histórico da cidade de Jundiaí desempenha um papel de grande relevância para a cidade, dado seu status como a área mais antiga e uma das principais zonas comerciais do município. Além disso, esta região abriga uma série de valiosos patrimônios históricos, bem como equipamentos públicos e espaços de uso coletivo, incluindo praças e largos, muitos dos quais remontam ao período de fundação da cidade.
Em decorrência da expansão urbana de Jundiaí ao longo do tempo, o centro histórico passou por uma série de processos de revitalização, com o objetivo de modernizar a área. Contudo, algumas dessas transformações provocaram desafios específicos para essa região, como documentado em uma matéria recente publicada pelo jornal Jundiaí Agora. Essa reportagem destaca a crescente preocupação dos comerciantes locais em relação ao aumento significativo do número de pessoas em situação de rua na área central (Figura XX).
 
Figura 17 – Moradores em Situação de Rua se abrigando nos bancos do Centro de Jundiaí. 
Fonte: Jundiaí Agora (2022). Disponível em:
< https://jundiagora.com.br/moradores-de-rua-2/>. Acesso em: 05 set. 2023.
Para além das questões sociais abordadas, ao examinarmos o núcleo central da cidade, torna-se evidente a presença de diversas problemáticas que afetam uma variedade de áreas. Essas preocupações englobam desde desafios relacionados à acessibilidade até a presença de mobiliário urbano com divisórias, contribuindo para a criação de um ambiente percebido como hostil pela população. Em muitos casos, esse ambiente desencoraja o uso e a permanência das pessoas, levando-as a evitar a utilização desses espaços devido à sensação de não serem acolhidas.
Essa problemática torna-se evidente ao analisarmos a pesquisa realizada pela Prefeitura de Jundiaí, intitulada "Ativa", que revela que muitos dos usuários e frequentadores da região apontam a melhoria da segurança pessoal e viária como a principal solução para os problemas no centro (Figura XX).
Figura 18 – Resultados Preliminares da Pesquisa Ativa Centro em Jundiaí. 
Fonte: Prefeitura de Jundiaí (2023). Disponível em:
< https://jundiai.sp.gov.br/wp-content/uploads/2023/09/resultados-preliminares-da-pesquisa.pdf >. Acesso em: 06 out. 2023.
3.3. PRINCIPAIS PROBLEMÁRICAS 
Com o propósito de realizar uma análise mais ampla das diversas expressões de hostilidade presentes na região central da cidade, foi elaborada uma lista de preocupações que contribuem para a configuração desse ambiente hostil. A seguir, são apresentadas as questões identificadas:
· Calçadas Estreitas:
 
Ao restringir a amplitude do espaço pedestre, tais calçadas comprometem a fluidez e a experiência urbana, gerando conflitos e desconforto entre os transeuntes. Essa limitação impacta negativamente na acessibilidade, segurança e qualidade do ambiente, criando uma atmosfera pouco convidativa. Em áreas urbanas, onde a interação social é crucial, calçadas estreitas não apenas representam um obstáculo físico, mas também um desafio para a construção de um ambiente acolhedor e inclusivo. 
Figura 19 – Calçadas Estreitas na Rua Engenheiro Monlevade. 
Fonte: Google Street View (2023). Disponível em:
< https://www.google.com.br/maps/preview>. Acesso em: 06 out. 2023.
· Acessibilidade Limitada:
Questões relacionadas à acessibilidade podem englobar a carência de rampas adequadas, calçadas irregulares ou obstáculos que dificultam a mobilidade de indivíduos com deficiência, idosos e outras populações vulneráveis. Essa situação não apenas prejudica a acessibilidade, mas também representa um risco à segurança dos transeuntes.
Figura 20 – Obstáculos nas Calçadas da Rua da Padroeira . 
Fonte: Google Street View (2023). Disponível em:
< https://www.google.com.br/maps/preview>. Acesso em: 06 out. 2023.
· Mobiliários Hostis ou Ausência de Mobiliários:
A presença de mobiliários hostis ou a falta de mobiliários em locais específicos suscitam preocupações significativas no contexto urbano. A ausência de assentos ou áreas de repouso em espaços públicos pode resultar em desconforto para pedestres, limitando sua capacidade de descansar e interagir socialmente. Por outro lado, a instalação de mobiliários hostis, como bancos com divisórias ou superfícies desconfortáveis, não apenas desestimula a permanência, mas também contribui para uma atmosfera de exclusão e inospitalidade.
Figura 21 – Bancos com Divisórias na Praça da Matriz. 
Fonte: Google Street View (2023). Disponível em:
< https://www.google.com.br/maps/preview>. Acesso em: 06 out. 2023.
· Gradis entre Calçadas e Edifícios:
Embora a instalação de gradis ou cercas entre as calçadas e os edifícios seja frequentemente motivada pela necessidade de garantir a segurança ou a privacidade dos edifícios, essa prática também podegerar uma sensação de isolamento e fragmentação no espaço público. Além disso, gradis excessivamente intrusivos podem dificultar o acesso de pedestres e restringir a vitalidade do ambiente urbano, prejudicando a sensação de comunidade e a fluidez do espaço público.
Figura 22 – Gradis na Praça da Matriz. 
Fonte: Google Street View (2023). Disponível em:
< https://www.google.com.br/maps/preview>. Acesso em: 06 out. 2023.
· Ausência de Arborização:
A falta de árvores e vegetação reduz a qualidade do ar, contribui para o aumento das temperaturas urbanas, prejudica a saúde pública e compromete a estética do ambiente urbano. Além disso, a ausência de áreas verdes diminui a sensação de bem-estar dos moradores e visitantes, afetando a qualidade de vida nas cidades.
Figura 23 – Ausência de Arborização na Rua do Rosário. 
Fonte: Google Street View (2023). Disponível em:
< https://www.google.com.br/maps/preview>. Acesso em: 06 out. 2023.
· Espetos em Fachadas:
A instalação de espetos ou dispositivos semelhantes em fachadas de edifícios, que impossibilitam que os pedestres se sentem ou descansem em determinados locais, levanta preocupações significativas relacionadas à acessibilidade, inclusão e conforto urbano. Essas barreiras físicas podem criar um ambiente hostil e desagradável nas áreas urbanas, afetando negativamente a experiência das pessoas que transitam pela região. Além disso, essa prática frequentemente é vista como uma forma de desencorajar a presença de grupos vulneráveis, como pessoas em situação de rua, suscitando questionamentos de natureza ética e social.
Figura 24 – Espetos na Fachada de Comércio na Rua do Rosário. 
Fonte: Google Street View (2023). Disponível em:
< https://www.google.com.br/maps/preview>. Acesso em: 06 out. 2023.
3.4. IMPACTO SOBRE O LOCAL 
Ao examinarmos as áreas onde esse modelo arquitetônico específico é amplamente utilizado, constatamos que sua presença induz um impacto desfavorável sobre o ambiente circundante. Isso se traduz em uma sensação de insegurança entre os pedestres e deturpa a experiência dos visitantes e dos usuários desses espaços urbanos. Nesse contexto, é relevante destacar as observações do cientista social Souza Filho, conforme discutido em sua análise crítica sobre a obra intitulada "Unpleasant Design". O autor salienta que o design desempenha um papel essencial na configuração das vivências e interações das pessoas com o ambiente urbano, como está descrito neste trecho: 
Quando desagradável, o design opera como um agente silencioso que reforça a segregação, assegurando que desigualdades históricas e estruturais possam se reproduzir no presente, no cotidiano e no microcosmos de uma rua, de um shopping ou de uma praça. Por meio dessas estruturas é possível sinalizar sobre quem são as pessoas e quais são as atitudes e comportamentos esperados e admitidos em cada contexto.(Filho, 2022, p. 64).
Assim, pode-se inferir que esse paradigma arquitetônico não apenas influencia a experiência do pedestre, mas também afeta as interações sociais que os espaços públicos podem propiciar, restringindo a diversidade e interação. Isso resulta em impactos negativos na experiência urbana, transformando-a em uma atividade monótona, solitária, hostil e insegura.
3.5. A HOSPITALIDADE COMO SOLUÇÃO 
Neste contexto, a introdução de princípios de hospitalidade urbana surge como uma possível solução para atenuar os efeitos adversos da arquitetura hostil. A hospitalidade urbana não apenas prioriza a estética e funcionalidade dos espaços urbanos, mas também busca fomentar interações sociais e uma sensação de pertencimento.
Diversos estudos abordam a temática da hospitalidade urbana, e entre eles, destacam-se os ensaios de Jane Jacobs e Jan Gehl sobre o desenho urbano. Esses autores proporcionam fundamentos teóricos valiosos para arquitetos e urbanistas que buscam criar ambientes urbanos mais acolhedores e confortáveis para os cidadãos. As contribuições de Jane Jacobs, com sua ênfase na vitalidade das comunidades locais e na importância do design inclusivo, e de Jan Gehl, ao promover estratégias que favorecem o engajamento humano e a qualidade de vida nas áreas urbanas, oferecem um referencial teórico robusto para profissionais que aspiram aprimorar o tecido urbano de acordo com os princípios da hospitalidade. Esses estudiosos, por meio de suas análises e propostas, fornecem subsídios relevantes para a concepção de ambientes urbanos que estimulem a interação social, promovam a segurança e contribuam para o bem-estar dos habitantes.
Desta maneira, no capítulo 4, apresento uma compilação de estudos de caso, exemplificando projetos que incorporam os princípios da hospitalidade urbana.
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