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JOGOS BRINCADEIRAS CULTURA E ARTE

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E-book 1
JOGOS, 
BRINCADEIRAS, 
CULTURA E ARTE
Agda Malheiro Ferraz De Carvalho
Neste E-book:
INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3
HISTÓRIAS DA INFÂNCIA E DO 
BRINCAR �������������������������������������������������������4
CULTURA E PRODUÇÃO ARTÍSTICA ���� 6
TEMPOS DE INFÂNCIAS ���������������������������11
CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������27
SÍNTESE �������������������������������������������������������28
Histórias Da Infância 
E Do Brincar
2
E-book 
1
INTRODUÇÃO
Para iniciar esta disciplina, é importante que você 
defina com clareza dois conceitos: o de infância e 
o de brincar. Cada um de nós dará um sentido para 
esses conceitos, baseando-se nas nossas próprias 
vivências, nos eventos de nossas vidas que nos mar-
caram e em lembranças, sejam elas boas ou não. No 
entanto, para além das suas opiniões, é preciso que 
você, estudante de Pedagogia, tenha também uma 
compreensão que se apoie em conceitos científicos, 
em teorias da nossa área de atuação: a Educação. 
Em breve, trataremos desses conceitos científicos. 
Por enquanto, ouça o áudio a seguir.
Podcast 1 
3
https://famonline.instructure.com/files/47652/download?download_frd=1
HISTÓRIAS DA INFÂNCIA 
E DO BRINCAR
O lazer e a recreação são exemplos de ações prazero-
sas que permeiam a condição humana, sendo assim, 
jogos e brincadeiras podem e devem ser utilizados 
no âmbito escolar. 
Essa ideia de trazer o lúdico para dentro da escola é 
relativamente nova e acompanha os fatores históri-
cos do conceito de infância. E essa ideia de brincar 
na escola está atrelada à visão de criança como pro-
tagonista do processo de ensino-aprendizagem. Estar 
e ser criança, atuando como estudante, durante a 
maior parte da história da humanidade, foi entendido 
como sinônimo de ser apenas ouvinte, apenas um 
ser pacífico, sem poder ser atuante. Quando o aluno 
é entendido e enxergado como protagonista – e as-
sim sujeito de sua aprendizagem –, entende-se que 
estudar não é para ser um fardo e penoso.
De acordo com documentos oficiais, como as 
Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil 
(DCNEI, Resolução CNE/CEB nº 5/2009), criança é:
[...] sujeito histórico e de direitos, que, nas in-
terações, relações e práticas cotidianas que 
vivencia, constrói sua identidade pessoal e 
coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, 
aprende, observa, experimenta, narra, ques-
tiona e constrói sentidos sobre a natureza e 
a sociedade, produzindo cultura.
4
O mesmo documento registra que há dois eixos es-
truturantes na Educação Infantil: a interação e a brin-
cadeira. Com isso, temos a certeza de dois pontos. 
O primeiro é que a aprendizagem não ocorre sem a 
relação de um ser humano com outras pessoas e 
com o meio do qual faz parte, por isso que a “inte-
ração” é identificada nesse documento.
O outro ponto indica que por meio do “brincar” a 
criança aprende. Isso não ocorre apenas com crian-
ças que frequentam a Educação Infantil, haja vista 
que, mesmo antes de entrar na escola, as crianças 
brincam sozinhas, com adultos, com outras crianças, 
com animais de estimação e, ao passar para a próxi-
ma etapa da escolarização – o Ensino Fundamental 
–, permanecem brincando. Então é preciso que se 
compreenda que abordaremos o brincar em duas eta-
pas da escolarização, a Educação Infantil e o Ensino 
Fundamental, e que brincar ultrapassa os muros da 
escola, sendo uma condição humana que permite e 
possibilita aprendizagem e desenvolvimento.
Figura 1: Interação professora-alunos. Fonte: Pressfoto / Freepik.
5
https://br.freepik.com/fotos-gratis/professor-feliz-de-ouvir-seus-alunos_863620.htm
CULTURA E PRODUÇÃO 
ARTÍSTICA
Figura 2: Jogos infantis, Pieter Bruegel, 1560. Fonte: Wikimedia.
A pintura “Jogos Infantis”, datada de 1560, do pintor 
Pieter Bruegel, retrata cerca de 200 pessoas utilizan-
do mais de 80 jogos, alguns dos quais conseguimos 
identificar nas nossas lembranças, como cabo de 
guerra, esconde-esconde, bonecas, aros semelhantes 
aos bambolês, pião e bolhas de sabão. As brincadei-
ras e os jogos são passados por comunicação oral, 
de geração para geração, mantendo-se, ou passando 
por algumas alterações através do tempo.
Os brinquedos e os jogos reproduzem o que se está 
vivendo em uma época, por meio de brincadeiras 
simbólicas. Isso ocorre porque, principalmente as 
6
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/Pieter_Bruegel_d._Ä._041.jpg
crianças, reproduzem, imitando, o que ocorre no 
mundo adulto, no mundo ao seu redor. Ao imitar e 
reproduzir, a criança aprende.
Fique Atento
O termo brincadeiras simbólicas (ou jogos sim-
bólicos) diz respeito à representação física, uti-
lizando o corpo, com base no pensamento e na 
imaginação. É a forma como a criança cria um 
universo imaginário e pode representar seus sen-
timentos, desejos e intenções. A capacidade de 
planejar e executar também está incluída na brin-
cadeira simbólica. Há uma ordenação de ideias. 
São exemplos de brincadeiras simbólicas: brin-
car de Casinha (imitando papéis de mãe ou pai), 
brincar de Escola (imitando papéis de professor 
e aluno), brincar de Bombeiro, imitando essa ou 
muitas outras profissões. A criança, na brincadei-
ra simbólica, cria a partir do que ela já presenciou, 
ouviu e tem guardado em sua memória, podendo 
transcender nas atitudes e papéis.
No caso da brincadeira simbólica, o objeto per-
de seu valor em si e passa a estar em função 
daquilo que a criança representa no momento. 
Por exemplo, pedrinhas podem representar 
coisas para comer. Os símbolos usados são 
individuais e específicos de cada criança e de 
cada situação (CÓRIA-SABINI, 2015).
7
Vamos nos apoiar na teoria vygotskiana para com-
preender melhor como sujeito (no caso, a criança) 
e cultura se constituem mutuamente. 
A arte é a atividade humana conectada às manifes-
tações de ordem comunicativa e estética. Assim 
como a brincadeira é um dos fatores que nos carac-
teriza humanos, pois nelas (arte e brincadeira) estão 
presentes e se constituem as funções psicológicas 
superiores, que são funções aprendidas, em que o 
indivíduo ao se relacionar com a cultura se apropria a 
seu modo – isto é, a partir de como significa – daqui-
lo que fora produzido pela humanidade (REGO, 1995). 
Antes de desenvolver as funções psicológicas supe-
riores (linguagem, criatividade, memória, controle de 
conduta, imaginação – entre outras), os sujeitos já 
possuem as funções psicológicas elementares, que 
são, basicamente, reflexos, não são intencionais, 
como sugar, fechar os olhos diante de luz intensa e 
assustar com um barulho. Diferentemente das fun-
ções psicológicas superiores, as funções psicológi-
cas elementares não precisam de um processo de 
aprendizagem para existirem.
Vygotsky, em sua teoria, parte do princípio que há 
duas vias para a constituição do desenvolvimento 
humano; uma delas é a biológica e a outra é a cul-
tural. Para esse teórico, as funções psicológicas 
superiores têm origem cultural. São elas a base do 
desenvolvimento.
8
Lev S. 
Vygotsky
Figura 3: Lev S. Vygotsky Fonte: Elaboração própria.
Dentre as funções psicológicas superiores citadas 
acima, a linguagem é a que tem um papel primordial e 
que propulsiona aprendizagem e desenvolvimento e é 
a partir do momento que a criança adquire linguagem 
verbal que seu pensamento fica mais elaborado, com 
outras propriedades. Ao observarmos um bebê que 
ainda não fala, verificamos que sua forma de brincar 
é apoiada na manipulação de objetos, muitas vezes. 
A partir do momento que a criança fala, a brinca-
deira ganha novos elementos, um novo tempo de 
permanência e novas possibilidades de criação. A 
linguagem, então, é mediadora da capacidade de 
abstração.
Para Vygotsky, definir o brincar exclusivamen-
te como atividade que dá prazer é incorreto 
por duas razões: em primeiro lugar há muitas 
atividades que dão prazer mais intenso, para 
9
a criança, do que o brincar: em segundo lugar, 
há jogos cuja própria natureza não é sempre 
agradável,como, por exemplo, os jogos des-
portivos, em que há desprazer quando o re-
sultado final é desfavorável. (CÓRIA-SABINI, 
2015).
Com isso, pode-se também interpretar que não é 
adequado identificar a infância como uma época em 
que as crianças não têm problemas ou sentimentos 
que as frustram. É necessário entender que as crian-
ças produzem sentimentos que vão ao encontro da 
experiência e vivência de seus cotidianos.
Saiba Mais
Para refletir sobre a história da infância brasileira 
e saber mais sobre como a cultura imprime uma 
forma de desenvolvimento na infância, compon-
do formas de ser, estar e agir no mundo, assis-
ta ao vídeo disponível em https://www.youtube.
com/watch?v=FtMBx5P7FGI, que traz o relato de 
Roni Wasiry Guará, contando o que é ser criança 
no Povo Maraguá, no Estado de Amazonas.
10
TEMPOS DE 
INFÂNCIAS
Entende-se, então, que a criança, representando em 
suas brincadeiras sua realidade, está produzindo 
cultura, está demonstrando, ali na brincadeira, o co-
nhecimento humano acumulado que se forma no 
tempo e no espaço.
Saiba Mais
Museus são instituições que servem à humani-
dade por armazenar um número de materiais que 
trazem consigo a História. Vale a pena conhecer 
dois museus que têm em seus acervos brinque-
dos dos mais variados. Acesse os sites de dois 
museus de brinquedos:
Museu do Brinquedo de Belo Horizonte http://
www.museudosbrinquedos.org.br.
Museu da Educação e do Brinquedo http://www.
meb.fe.usp.br.
11
http://www.museudosbrinquedos.org.br
http://www.museudosbrinquedos.org.br
http://www.meb.fe.usp.br.
http://www.meb.fe.usp.br.
Vamos observar e comparar as imagens abaixo:
Figura 4: Boneca 1. Fonte: Wikimedia.
Figura 5: Boneca 2. Fonte: Unsplash.
12
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Museu_do_Brinquedo_Português-Boneca.JPG
https://unsplash.com/photos/CKnTmPiTDMs
Facilmente é possível perceber qual boneca é mais 
antiga e qual boneca é mais recente. Com isso, te-
mos um exemplo de como os brinquedos mudam e 
refletem um determinado tempo histórico.
Na história da humanidade, é sabido que o brinque-
do já teve uma relação com objetos religiosos. Uma 
curiosidade é que os chocalhos eram dados aos 
bebês porque acreditava-se que quando a criança o 
agitava e o som era emitido, espantava-se os maus 
espíritos.
Os historiadores dos brinquedos e os cole-
cionadores de bonecas e de brinquedos em 
miniatura sempre tiveram muita dificuldade 
em distinguir a boneca, brinquedo de criança, 
de todas as outras imagens e estatuetas que 
as escavações nos restituem em quantidades 
semi-industriais e que sempre tinham uma sig-
nificação religiosa: objetos de culto doméstico 
ou funerário, ex-votos dos devotos de uma 
peregrinação etc. Quantas vezes nos apre-
sentavam como brinquedos as reduções de 
objetos familiares depositados nos túmulos? 
Não pretendo concluir que as crianças peque-
nas de outrora não brincavam com bonecas 
ou com réplicas dos objetos dos adultos, mas 
elas não eram as únicas a se servir dessas 
réplicas. Aquilo que na Idade Moderna se tor-
naria seu monopólio, ainda era partilhado na 
Antiguidade, pelo menos pelos mortos. Essa 
ambiguidade da boneca e da réplica persistiu 
13
durante a Idade Média, por mais tempo ainda 
no campo: a boneca era também o perigoso 
instrumento do feiticeiro e do bruxo. (ARIÈS, 
1981, p. 90)
Com a Revolução Industrial, os brinquedos passaram 
a ser produzidos em larga escala. Não eram mais 
feitos um a um: eram réplicas. E com a criação de 
mais brinquedos, cria-se a necessidade de consumo, 
o que torna as crianças consumidores em potencial. 
No Brasil, atualmente, podemos verificar, inclusive, o 
abismo e a desigualdade social, observando quais 
são os brinquedos das crianças, nas diferentes clas-
ses sociais e, ainda, se as crianças brincam e com 
quais brinquedos – quando os têm.
Saiba Mais
Há um excelente documentário sobre consumo 
praticado por crianças e suas famílias. O nome 
dele é Criança, a alma do negócio. A diretora, Es-
tela Renner, apresenta como a mídia e uma socie-
dade pautada no consumo impacta nos hábitos e 
desejos de crianças e adolescentes.Acesse-o em: 
https://www.youtube.com/watch?v=ur9lIf4RaZ4 
Ao jogar e brincar, a criança estabelece vínculos so-
ciais. Umas das diferenças entre jogo e brincadeira: 
o jogo tem regras pré-estabelecidas, e na brincadeira 
é a criança quem desenvolve e estabelece as regras, 
durante o tempo que está nela. Outro fator impor-
14
https://www.youtube.com/watch?v=ur9lIf4RaZ4
tante é desmitificar que, enquanto brinca e joga, a 
criança está “em um mundo só seu, em um mundo 
particular”. Isso não é verdade, pois, ao brincar e 
jogar, a criança está resgatando, produzindo e repro-
duzindo a história da humanidade.
Reflita
A Professora Fabiana trabalha em uma escola da 
rede particular de ensino, em uma capital brasilei-
ra, e, neste ano, leciona para crianças do 1º ano 
do Ensino Fundamental, ou seja, seus alunos e 
alunas têm, em média, seis anos de idade. Tra-
dicionalmente, nesta escola, as sextas-feiras são 
o “Dia do Brinquedo”, em que cada criança pode 
trazer de casa um brinquedo, da sua escolha e 
com permissão dos pais, para brincar na escola.
Observando as crianças ao longo dos meses, a 
Professora Fabiana nota que elas trazem brin-
quedos muito parecidos: as meninas trazem bo-
necas industrializadas, que “falam” e possuem 
muitos acessórios e os meninos trazem bonecos 
de super-heróis, comumente retratados no cine-
ma. As brincadeiras das crianças são feitas em 
pequenos grupos e eles “dão vida” para esses bo-
necos e bonecas, com diálogos e enredos.
A educadora pensou e planejou uma ativida-
de diferente, orientando as crianças a não tra-
zerem brinquedos na sexta-feira que se apro-
ximava; as crianças se queixaram, mas ela 
disse que iriam fazer um dia do brinquedo 
15
fora do comum, pois iriam construir seus pró-
prios brinquedos. Qual foi a proposta de Fa-
biana? Confeccionar uma boneca Abayomi! 
Essas bonecas são feitas de tecido, sem nenhu-
ma costura, apenas com laços e nós, moldando o 
corpo. A professora contou a história desta bone-
ca: quando mulheres de certa etnia africana eram 
trazidas para o continente americano para serem 
escravizadas, elas vinham, muitas vezes, com 
seus filhos e filhas no navio e as crianças cho-
ravam e se entristeciam naquele ambiente vul-
nerável. Para tranquilizar os pequenos, as mães 
rasgavam pedaços de suas próprias roupas e 
confeccionavam as bonecas Abayomis.
A turma de crianças do 1º ano ficou feliz e sa-
tisfeita com o brinquedo construído, participando 
com interesse e o mais importante: aprenderam 
sobre história e cultura.
Figura 6: Boneca Abayomi. Fonte: Wikimedia.
16
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/13/Abayomi.jpg
Brincar e jogar são verbos, indicativos de uma ação e, 
em cada cultura, ou ainda em cada língua, encontra-
remos diferentes definições para esses dois termos, 
por isso, aqui no texto, não se pretende “fechar” uma 
definição, mas sim, possibilitar que você, estudante 
de Pedagogia, conheça um bom número de conceitos 
dessas ações lúdicas, o que ajudará você na com-
posição de um bom planejamento e que a educação 
cumpra um de seus papéis, que é fazer os estudan-
tes, que serão seus alunos, aprenderem.
A brincadeira proporciona condições de desenvol-
vimento biopsicossocial e brincar, na maioria das 
vezes, pode ser aprendido, sendo que a frequência 
ou a repetição de uma brincadeira deve permitir a 
fixação do conhecimento que está sendo lançado.
Quando está brincando e assume outro papel, a 
criança está realizando um deslocamento para re-
presentar outro papel e pode realizar um “ensaio” da 
função da pessoa que está representando. No início 
da brincadeira, não se planeja como ela vai terminar, 
ela tem um fim em si mesma e diversos enredos 
podem surgir, dependendo de quantas crianças es-
tão envolvidas ou como está o desenvolvimento e o 
conhecimento de mundo. 
Algumas brincadeiras precisam de instrumentos 
(objetos) para serem realizadas.Esses são os brin-
quedos! É o material que dá suporte à brincadeira 
e pode ter um valor e uma função em cada cultura 
e em cada tempo determinado. Antigamente, era 
muito comum crianças brincarem com espigas de 
17
milho, como se fossem bonecas, animais ou carri-
nhos. Atualmente, é difícil encontrarmos uma criança 
utilizando esse material nas grandes cidades, pois 
há novos materiais que realizam essa função, como 
miniaturas, por exemplo. Mais uma vez, a questão da 
cultura é influenciadora da forma como as crianças 
criam suas representações.
Figura 7: Crianças brincando no balanço, aparelho recreativo presente 
em diversas culturas. Fonte: Unsplash.
Tendo uma função simbólica, pois as crianças os 
transformam a cada brincar, os brinquedos assumem 
diferentes papéis mediante a ação da criança. Uma 
panela pode ser realmente uma panela e a criança 
imitar que está cozinhando, ou pode ser um cha-
péu (lembra do personagem Menino Maluquinho, 
do Ziraldo?).
18
https://unsplash.com/photos/CKnTmPiTDMs
Figura 8: Fotografia de atores do filme O Menino Maluquinho. Fonte: 
Wikimedia.
O jogo, assim como a brincadeira, coloca a criança 
em uma suposição, em uma situação hipotética, ele 
tem regras claras e bem definidas, além de que essas 
regras não são definidas ao longo da ação lúdica; 
já se sabe quando vai terminar o prazo do jogo. Ao 
dominar e compreender uma regra, está regulando 
o próprio comportamento. Os brinquedos também 
podem ser utilizados nos jogos, não apenas nas brin-
cadeiras, pois representam o simbólico.
Pensemos no caso do jogo. Trata-se de uma 
experiência que só ocorre em um contexto de 
trocas – do sujeito com os objetos, as regras 
e as outras pessoas que fazem parte deste 
sistema lúdico. Objetivos, regras, objetos es-
truturam física ou simbolicamente o sistema 
jogo. Mas, sua ‘vida’ como objeto sociocultu-
19
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?search=menino+maluquinho&title=Special%3ASearch&go=Ir&uselang=pt-br#/media/File:Maluquinhos_e_Eduardo_Galv%C3%A3o.jpg
ral só acontece se as pessoas o jogarem, ou 
seja, assimilarem ou acomodarem suas ações 
(ou melhor, seus esquemas de ações), nos 
limites de suas estruturas cognitivas e inte-
resses afetivos. Sem a noção de um jogador 
é impossível ou sem sentido a do outro. Ou 
seja, só temos jogo se peças são movimenta-
das, mudam de posições, se uma partida se 
desenvolve, concluindo com um ganho e uma 
perda (MACEDO, 2009).
Figura 9: Jogos com regras exigem a elaboração de estratégias. 
Fonte: Unsplash.
Veja uma pequena lista para exemplificação de brin-
quedos, jogos e brincadeiras (nos próximos tópicos 
serão abordadas variações desta tabela):
20
https://unsplash.com/photos/CKnTmPiTDMs
BRINQUEDOS JOGOS BRINCADEIRAS
Bola Dominó Casinha*
Corda Dama Escola
Bicicleta Ludo Heróis e heroínas
Chocalho Xadrez Polícia e ladrão
Fantasias Queimada Escritório 
Bonecos Barra-manteiga Motorista 
Tabela 1: Tabela com exemplificações de brinquedos, jogos e brin-
cadeiras.
*a palavra (brincadeira) está no diminutivo por ser 
culturalmente conhecida por esse nome. Porém não 
é adequado impor palavras no diminutivo no diálogo 
adulto/criança.
Sendo assim, há diferenças nítidas entre o brinquedo, 
a brincadeira e o jogo, mas eles, como atividades 
lúdicas, não fazem parte exclusivamente do universo 
infantil. As atividades lúdicas acompanham o ser 
humano ao longo da vida. No adulto, elas podem 
significar um momento de escape da realidade, o 
que não é ruim.
Podcast 2 
Pode-se afirmar que a maneira como o ser huma-
no brinca e joga está relacionada à forma como a 
sociedade se apresenta para ele e como ele a inter-
preta. Os professores devem atuar, no período de 
21
https://famonline.instructure.com/files/47653/download?download_frd=1
escolarização, em duas frentes: observando esses 
momentos e interagindo com quem brinca e joga. O 
brincar livre é pouco valorizado na sociedade atual, 
principalmente quando é proposto no cotidiano das 
escolas, pois, no senso comum, é algo que não pro-
porciona aprendizado e traz uma ideia de ócio. No 
conceito científico da Pedagogia e de outras ciências, 
sabe-se da importância do brincar, como parte do 
cuidar e do educar.
A ludicidade está relacionada à arte, à música, à dan-
ça... E vai para além da infância.
É uma atividade própria do ser humano, em qualquer 
idade, e dá acesso ao conhecimento e à criatividade. 
O adulto de hoje contém a criança de ontem, ou seja, 
carrega as memórias, o conhecimento, a cultura e o 
modo de compreender a vida que, quando criança, 
lhe fazia sentido. Esse saber se transforma, mas não 
deixa de existir quando uma criança se torna adulto.
Leia e pense um pouco sobre a letra da música Saiba, 
de autoria de Arnaldo Antunes:
Saiba: todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão também
Hitler, Bush e Sadam Hussein
Quem tem grana e quem não tem
Saiba: todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileu
22
E também você e eu
Saiba: todo mundo teve medo
Mesmo que seja segredo
Nietzsche e Simone de Beauvoir
Fernandinho Beira-Mar
Saiba: todo mundo vai morrer
Presidente, general ou rei
Anglo-saxão ou muçulmano
Todo e qualquer ser humano
Saiba: todo mundo teve pai
Quem já foi e quem ainda vai
Lao Tsé Moisés Ramsés Pelé
Ghandi, Mike Tyson, Salomé
Saiba: todo mundo teve mãe
Índios, africanos e alemães
Nero, Che Guevara, Pinochet
E também eu e você
23
Figura 10: Arnaldo Antunes, cantor e compositor. Fonte: Wikimedia.
Os personagens da música fazem parte da história 
da humanidade e deixaram marcas em seu tempo; 
os conhecemos pela mídia, pelos livros de História, 
pelas narrações das pessoas com quem convivemos. 
Você pode imaginar essas pessoas enquanto crian-
ças? Como foi a infância delas, do que brincaram, 
quem foram seus pares nas brincadeiras? Atente-se: 
as crianças não nascem sabendo, e constroem sua 
maneira de agir e de se posicionar mediados pela 
cultura e pelos modelos que vivenciaram. As expe-
riências pessoais são a base do que nos tornamos 
enquanto adultos.
Analise agora mais uma letra de música que colabora 
para realizar a articulação entre teoria (conceitos do 
24
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?search=File%3AArnaldo+Antunes.jpg&title=Special%3ASearch&profile=advanced&fulltext=1&advancedSearch-current=%7B%22namespaces%22%3A%5B6%2C12%2C14%2C100%2C106%2C0%5D%7D&ns6=1&ns12=1&ns14=1&ns100=1&ns106=1&ns0=1&uselang=pt-br#/media/File:Arnaldo_Antunes.jpg
brincar e jogar) e a prática (como atua nas formas 
de constituição do sujeito):
Bola de meia, bola de gude
(Fernando Brant e Milton Nascimento)
Há um menino, há um moleque
Orando sempre no meu coraçãoToda vez que o 
adulto balança
Ele vem pra me dar a mão
Há um passado no meu presente
O sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão
Ele fala de coisas bonitas que
Eu acredito que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade, alegria e amor
Pois não posso, não devo
Não quero viver como toda essa gente insiste em 
viver
Não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal
25
Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me
Alcança o menino me dá a mão
Em uma perspectiva histórica e cultural, a atividade 
lúdica possui formas de manifestação ao longo do 
tempo de vida. Promover uma infância rica em me-
mórias afetivas, cognitivas, motoras e sociais cola-
bora e proporciona uma vida adulta em que esses 
conhecimentos podem ser aplicados.
Figura 11: Crianças e jovens desenvolvem atividades lúdicas. Adultos 
também! Fonte: Unsplash.
26
https://unsplash.com/photos/CKnTmPiTDMs
CONSIDERAÇÕES 
FINAIS
Neste tópico, você aprendeu mais sobre como as 
crianças se formam na e pela cultura, também como 
a arte é constituinte do humano, independentemente 
do gênero, da religião ou do território que ocupa. E 
que há uma diferença entre jogo e brincadeira, que 
basicamente é caracterizada pela presençade re-
gras pré-definidas (jogo) ou ausência de regras pré-
-definidas (brincadeira). O brincar faz parte da nossa 
história como civilização: desde sempre o humano 
brinca e cria objetos para oferecer uma base para o 
brincar.
Não podemos esquecer que o lúdico está presente 
nas nossas vidas, sejamos crianças, jovens ou adul-
tos. A ação da docência deve estar permeada pelo 
brincar e jogar: isso é educação em movimento!
A partir do que foi visto neste tópico, a produção de 
conhecimento acerca da infância e de suas manifes-
tações abarca o lugar social que a criança, o jovem e 
o adulto “brincante” ocupam em relação aos outros. 
No caso da Pedagogia, esse “outro” são muitos: o 
professor e os demais profissionais de Educação 
que trabalham em escolas, que modelam formas 
de interação em que o lúdico precisa ir ao encontro 
dos objetivos e metas estabelecidos para o desen-
volvimento dos sujeitos.
27
SÍNTESE
• O termo “brincante” relaciona-se aquele que 
brinca e todos podem brincar.
• Diversos autores explicam a diferença entre 
brinquedos, brincadeiras e jogos e é necessário 
que o pedagogo saiba essas diferenças para 
obter uma prática pedagógica que conduza à 
aprendizagem;
• A indústria produz brinquedos em série e, at-
ravés da mídia e de marketing, condicionam as 
crianças a querer tê-los, sendo assim, há uma 
indústria voltada para a infância e seu
consumo;
• Segundo Vygotsky, o meio social impulsiona o 
desenvolvimento dos sujeitos e a escola tem 
lugar e função fundamental nisso, sendo que o 
jogo e a brincadeira são formas de a escola
possibilitar aquisição de conhecimento e
competências;
• No senso comum, diz-se que “a criança vive 
no mundo da fantasia” e a teoria nos mostra 
que isso pode ser compreendido como jogo
simbólico;
• Os brinquedos reproduzem o que se está vi-
vendo em uma época e é diferente, dependendo 
do acesso que a criança e sua família têm de 
aquisição dos bens materiais;
• No âmbito escolar, nem sempre as brincadei-
ras e os jogos tiveram vez no Brasil, mas, de 
décadas para cá, o Ministério da Educação tem 
indicado e garantido sua importância;
E-book 1
• A forma como o lúdico, incluindo o prazer em 
brincar, é constituinte das expressões humanas 
através dos tempos históricos e em todas as 
culturas, tendo manifestações diversas a de-
pender do território, da época, da língua e da 
forma de viver das pessoas;
HISTÓRIAS DA INFÂNCIA E DO BRINCAR
Referências 
Bibliográficas 
& Consultadas
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