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REDE DE DISCIPULADO 1 ARIVAL DIAS CASIMIRO PAULO LALLI REDE DE DISCIPULADO 1 autores Arival Dias Casimiro Paulo Lalli editor responsável Alberto José Bellan revisão Rachel Negrão Fernandes Rocha capa, produção e diagramação Z3 IDEIAS LTDA imagem da capa Shutterstock Images Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Casimiro, Arival Dias Rede de Discipulado / Arival Dias Casimiro – Santa Bárbara d’Oeste, SP : Z3 Editora, 2012. 1. Discipulado (Cristianismo) 2. Fé 3. Formação Espiritual - Estudo e ensino 4. Vida Cristã I. Lalli,Paulo II. Título. 12-13458 CDD-248.4 Índices para catálogo sistemático: 1. Discipulado : Formação Espiritual : Prática Religiosa : Cristianismo 248.4 4ª Edição Fevereiro de 2019 copyright © 2012 por Z3 Editora Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos fotográficos, gravação ou quaisquer outros. Todos os direitos reservados, na língua portuguesa, por Z3 Editora Ltda. Rua Floriano Peixoto, 103 Centro - CEP 13450-022 Santa Bárbara d’Oeste - SP - Brasil Tel: 19 - 3455.1594 vendas@z3ideias.com.br www.z3ideias.com.br https://www.z3ideias.com.br SUMÁRIO Apresentação Introdução Estudos Eleito para ser um discípulo Chamado para ser um discípulo Decisão de ser um discípulo A liberdade do discípulo Os privilégios do discípulo A vida devocional do discípulo A santificação do discípulo A segurança da salvação Vencendo as tentações Compreendendo a vontade de Deus Compromisso com a Igreja Todo discípulo é um mordomo Uma vida cheia do Espírito Santo O fruto do Espírito Santo Os dons espirituais Testemunhando fora da igreja Landmarks Cover APRESENTAÇÃO Uma igreja sem discipulado é uma utopia. Esforçar-se por desenvolver uma igreja sem a preocupação de formar discípulos é um trabalho extenuante que só produz adeptos para a religião cristã. Nossas igrejas estão repletas de frequentadores que nunca foram ensinados, ou se foram, não obedecem aos princípios elementares do discipulado. Isto porque o custo é grande e exige da pessoa uma devoção que coloca Deus, Sua justiça e Seu Reino acima de todas as coisas. Discipulado exige negação de si mesmo, tomar a cruz de Cristo e segui-lo a qualquer custo. O Rev. Arival descreve com extrema clareza os princípios ensinados por Jesus e seus discípulos de como podemos vivenciar a vida abundante prometida por Jesus. Quando resolvemos nos posicionar ao lado de Jesus, atendendo o seu convite, o critério é: “... quem comigo não ajunta, espalha; quem não é por mim é contra mim. Ninguém pode servir a dois senhores”. Nesse sentido, temos que nos lembrar que estas decisões em nossa caminhada de conversão não há neutralidade, tem que ser decisões coerentes. Elas devem influenciar a vida de modo efetivo e concreto. Pensamentos, palavras, atitudes e comportamento terão que ser afetados. Para que o discipulado seja efetivo não basta apenas se conscientizar que isto é uma coisa boa. Não basta ler ou estudar as aulas aqui preparadas. É preciso agir concretamente, permitindo que nossas decisões se reflitam nas múltiplas facetas do nosso dia a dia, nos mais insignificantes e pequenos gestos. De fato, é impossível acreditar, de verdade, naquilo que não se vivencia, cada dia. Ninguém poderá experimentar a “vida abundante” oferecida por Cristo se não estiver disposto a viver de maneira coerente os seus ideais e convicções espirituais. Por esta razão, cada discípulo de Jesus Cristo deveria desenvolver a sua capacidade de permitir que sua vida passe por processos contínuos de desestruturação e estruturação. Seria ingenuidade de nossa parte acreditar que estas fases só acontecem apenas em alguns momentos particulares e mais ou menos espetaculares e sensacionais de nossa vida, como em Retiros espirituais, congressos, seminários e “acampamentos”. Precisamos estar dispostos a cada dia renunciar a alguma coisa e aceitar os desertos e silêncios de Deus. É preciso entender que hoje, agora, eu estou necessitando de conversão. Creio que por esta razão, o Rev. Arival fez este esforço no sentido de nos ajudar através de seus estudos a entender as implicações do discipulado desejado por Cristo. Me surpreendeu a maneira didática e simples com que organizou seus estudos. Espero que mais esta ferramenta seja uma bênção para muitos daqueles que ainda vivem escravizados pela religiosidade. Espero também que seja uma bênção para a Igreja Brasileira. Pr. Paulo Solonca INTRODUÇÃO O discípulo é a pessoa que segue a Jesus, arrependida dos seus pecados, renunciando a sua vontade e pagando o preço do seu compromisso espiritual. Ele é alguém que assume publicamente a sua relação com Jesus. Ele é um aprendiz espiritual, que está se tornando semelhante a Jesus. Ele é um escolhido de Deus para frutificar, reproduzir e multiplicar espiritualmente. A missão que Jesus dá a sua igreja é a de fazer novos discípulos: Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século (Mateus 28.18-20). A missão contém quatro elementos universais, cada um deles marcado pela palavra “todo”: toda autoridade, todas as nações, todas as coisas que vos tenho ordenado e todos os dias. O cerne da missão é o discipulado. O imperativo é: fazei discípulos. O processo do discipulado envolve pessoas influenciando outras espiritualmente. Discipular não é apenas transmitir informações bíblicas, mas promover formação espiritual. Na linguagem de Paulo, é uma rede de pessoas ensinando outras, o conteúdo da Palavra de Deus: E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros (2 Timóteo 2.2). A instrução envolve o ensino teórico acompanhado do exemplo de vida. A nossa proposta neste primeiro volume do curso REDE DE DISCIPULADO tem dois objetivos: oferecer alguns estudos para formar novos discípulos e outros estudos para ajudar o novo discípulo a se firmar na fé. Arival Dias Casimiro Estudo 01 Textos Básicos: João 15.16; 6.66-71 ELEITO PARA SER UM DISCÍPULO Introdução Iniciamos hoje, o curso de discipulado. E, inicialmente, duas perguntas precisam ser respondidas: O que é um discípulo de Jesus? Discípulo é a pessoa que crer em Jesus Cristo como Filho de Deus, com a firme disposição de aprender e obedecer aos Seus ensinamentos. A palavra “discípulo” (grego – mathetes) significa, de modo geral, “aluno”, “aprendiz” ou “seguidor de um professor” (Mt 10.24). Novo Testamento, o termo foi aplicado para os seguidores de João Batista (Mt 9.14), aos alunos dos fariseus (Mt 22.16), especificamente, aos doze apóstolos (Lc 9.1), e enfaticamente, aos verdadeiros discípulos (Jo 13.35). Após a ascensão de Jesus, a palavra discípulo foi usada amplamente para identificar todo seguidor de Cristo, isto é, todo cristão (At 6.7; 11.26). Quem quiser ser cristão, crente ou evangélico hoje, precisa se tornar um discípulo de Jesus. Por que devemos fazer discípulos para Jesus? Devemos fazer discípulos porque fomos ordenados por Deus. Ser discípulo e fazer discípulos não são opções, mas ordens claras de Deus, registradas na Bíblia (Dt 1.12,13; 6.6-9; Mt 28.18-20). Jesus ordenou e praticou o método de fazer discípulos. Ele investiu os três últimos anos da sua vida e do seu ministério, preparando os seus discípulos (Mc 3.13-15). O nosso primeiro estudo é sobre a origem do discípulo. Como nasce ou surge um discípulo de Jesus? 1. ESCOLHIDO PARA SER DISCÍPULO Um discípulo nasce por iniciativa divina. Jesus é quem escolhe as pessoas paraserem seus discípulos. Ele disse aos seus primeiros discípulos: Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda (Jo 15.16). Três lições claras: Primeira lição, Jesus escolheu os seus discípulos e não o contrário. Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros. Jesus foi quem elegeu os seus discípulos bem como cada membro da sua igreja (Jo 6.70; Ef 1.4; 2Ts 2.13,14). Ele escolheu a quem quis, de forma soberana (Mc 3.13). Ele escolheu de maneira incondicional, pois não há nenhum motivo no escolhido que justificasse a sua escolha (Dt 7.7,8). Ser escolhido para ser um discípulo é um privilégio da Graça (Mt 20.16). Segunda lição, ele escolheu e enviou os seus discípulos para uma missão. E vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça. A palavra “designar” significa “determinar” e se refere ao ato de separar alguém para um trabalho específico. O discípulo de Jesus é alguém que foi escolhido e separado por Ele, para a missão de evangelizar e dar frutos. Aqui os frutos são as almas salvas para a eternidade (Jo 4.36; 12.24). Ele nos fez seus discípulos para que possamos fazer outros discípulos. O único fruto que permanece para a eternidade são as pessoas que são salvas por meio do nosso trabalho (1Co 15.58; 1Ts 2.19,20). Os sinais que identificam os verdadeiros discípulos são os frutos (Mt 7.20). Terceira lição, o propósito final da escolha do discípulo é a intimidade. A fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda. O objetivo final da obediência é o privilégio de orar, em nome de Jesus, e ser respondido pelo Pai. Fomos escolhidos para orar sempre e nunca esmorecer (Lc 18.1,7). O maior privilégio dos escolhidos pelo Rei é poder falar com Ele, a qualquer hora. A intimidade do Senhor é para os seus escolhidos (Sl 25.14). 2. ESCOLHIDO PARA NUNCA DESISTIR Nos Evangelhos, todos que seguiam e buscavam a Jesus foram chamados de “discípulos”. Mas nem todos eram discípulos verdadeiros, pois seguiam a Jesus com motivações equivocadas. Em João 6.1-71, encontramos o registro de pessoas que seguiam a Jesus com motivações das mais diversas. Vejamos algumas: (1) Os curiosos (Jo 6.2). Muitos seguiam a Jesus para assistir as suas curas e milagres. Há pessoas que são expectadores de Jesus. Gostam de ver prodígios e milagres, mas tudo sem compromisso. (2) Os interesseiros (Jo 6.14). Muitos viam a Jesus como um profeta ou um político que resolveria o problema da fome. Há muitos que buscam em Jesus, somente a solução para os seus problemas materiais. (3) Os incrédulos (Jo 6.36). Muitos viam os sinais e ouviam as mensagens, mas não criam. Eram céticos. Mente e coração fechados para as realidades espirituais. (4) Os murmuradores (Jo 6.41). Muitos reclamaram da mensagem de Jesus e passaram a desprezar a sua pessoa. (5) Os desistentes (Jo 6.66). Muitos desistiram de seguir a Jesus porque a sua mensagem era muito difícil de ser vivida. (6) Os fiéis (Jo 6.67-69). São aqueles que não desistem de Jesus e perseveram até o fim. Vejamos o que Jesus falou para os seus discípulos verdadeiros: Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos? Respondeu- lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus (Jo 6.67-69). O verdadeiro discípulo jamais desiste de seguir a Jesus. Três razões para justificar esta não desistência: Ele não desiste porque foi escolhido por Deus. Cada discípulo de Jesus foi escolhido por Deus e é conduzido por Ele a Jesus. Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora (Jo 6.37). Lançar fora significa que o verdadeiro discípulo foi escolhido para ficar para sempre com Jesus. Ele jamais desistirá. Esta verdade é repetida por Jesus, várias vezes no capítulo seis (vv. 39,40, 44, 64, 65, 70). O eleito jamais terá a sua escolha revogada, pois os dons e a vocação divina são irrevogáveis (Rm 11.29). O escolhido por Deus para a salvação jamais perecerá. Ele não desiste porque Jesus é a única opção que satisfaz. Pedro pergunta: Senhor, para quem iremos? Qual seria a outra opção além de Jesus? Alguém poderia ocupar o lugar de Jesus em minha vida? Não, definitivamente. Somente Jesus é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14.6). Não há outra opção! Somente por intermédio de Jesus poderemos ser salvos (At 4.12). Observe que Pedro não fala “para onde”, mas “para quem”. Fala-se hoje no grupo dos “sem igrejas”. Alguns desistiram de ir à igreja, porque foram enganados e explorados por falsos líderes espirituais. Outros desistiram porque eram consumidores de produtos religiosos. Todos foram buscar salvação em lugares religiosos ao invés de irem a Jesus. Ele não desiste por causa da sua fé. Pedro continua dizendo para Jesus: Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus. Através da fé e do conhecimento espiritual, o discípulo sabe quem é Jesus. Ele sabe e já desfruta da vida eterna que somente Jesus pode dar (v.47). Quem tem Jesus, jamais desiste ou o abandona. Quem tem a fé salvadora não retrocede para a perdição (Hb 10.39). Conclusão O verdadeiro discípulo de Jesus é alguém que foi escolhido por Deus, para ser dele. O discípulo é alguém que foi enviado com a missão de frutificar e com o privilégio de ter as suas orações respondidas. O discípulo nunca desiste do seu chamado e jamais abrirá mão do seu relacionamento pessoal com Jesus. Discipulado significa deixar tudo para seguir a Jesus. Estudo 02 Texto Básico: Marcos 2.13-17 CHAMADO PARA SER UM DISCÍPULO INTRODUÇÃO O voluntariado é uma das práticas mais altruístas que temos na sociedade atual. Voluntário é a pessoa que, por interesse pessoal ou motivado por um ideal, trabalha sem remuneração, em benefício da comunidade. Calcula-se que mais de 80 milhões de brasileiros estejam engajados em alguma causa social hoje. Ser discípulo de Jesus não é um ato de voluntariado. Ser cristão não é ser um voluntário, mas alguém que foi escolhido e chamado. Jesus nunca espera por seguidores voluntários, mas chama pessoas com autoridade divina (Mt 8.22). O ponto de partida é a ordem de Jesus: “Segue-me” (Mt 9.9; Jo 21.19) ou “Vinde” (Mc 1.17). Ninguém se faz discípulo, mas é escolhido e chamado por Jesus para ser seu discípulo. Vejamos mais detalhes. 1. O CONCEITO DE CHAMADO Aprendemos o conceito bíblico de chamado, estudando três palavras do Novo Testamento: chamar, seguir e ir atrás. Chamar. A primeira é o verbo “chamar” (proskaleomai) que significa “chamar para si mesmo”, “convocar” e “mandar vir” (Mt 10.1; Mc 7.14). O discipulo é alguém chamado ou ordenado a vir a Jesus. Também aplica ao chamado para uma função ou dever, numa espécie de “nomeação” ou “escolha” para uma missão (At 13.2; 16.10). Num sentido figurado, é usada como um convite para alguém aceitar a Cristo como seu Salvador pessoal (At 2.39). A igreja, portanto, é a reunião daqueles que foram chamados por Deus, para serem discípulos (Rm 1.6,7; 1Co 1.2, 24). Seguir. A segunda é o verbo “seguir” (akoloutheo) que, num sentido geral, significa “acompanhar e seguir com alguém numa mesma estrada” (Mt 8.1; Mc 5.24). Especificamente, seguir um mestre ou tornar-se um discípulo de alguém, no que diz respeito a crer e obedecer aos seus mandamentos (Jo 8.12; 12.26). Ser discipulo é caminhar com Jesus na estrada da vida. Foi o que aconteceu com o cego Bartimeu: Então, Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente tornou a ver e seguia a Jesus estrada fora (Mc 10.52). Ir atrás. A terceira palavra é “ir atrás” (opisõ) que significa “seguir atrás de alguém”. Refere-se principalmente a pessoa que segue atrás de Jesus (Mt 10.38). Disse- lhes Jesus: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles deixaramimediatamente as redes e o seguiram (Mc 1.17,18). Quatro lições principais: (1) A origem do chamado: Jesus. O convite partiu de Jesus. Foi ele quem tomou a iniciativa de chamar. (2) A natureza do chamado: Vinde após mim. O significado do discipulado é que Jesus vai à frente e estabelece o caminho. Tal como aquele que põe a mão no arado, o discípulo não olha para trás, mas para o alvo que está a sua frente (Lc 9.62; Fp 3.13). (3) O propósito do chamado: o serviço. Os discípulos são tranformados em “pescadores de homens”. (4) A resposta ao chamado: obediência. Eles obedeceram imediatamente ao chamado de Jesus. 2. UM EXEMPLO DE CHAMADO Por intermédio do evangelho, Jesus chama as pessoas para salvação e para o discipulado. Ele já havia chamado Simão, André, Tiago e João (Mc 1.16-20). Agora, chama Levi: De novo, saiu Jesus para junto do mar, e toda a multidão vinha ao seu encontro, e ele os ensinava. Quando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu. (Mc 2.13,14). Utilizaremos o exemplo de Levi, para apresentar seis características deste chamado: Jesus é quem escolhe aquele que será chamado. Foi Jesus quem escolheu e chamou Levi. Jesus viu Levi e se dirigiu a ele. A quem Deus escolhe, ele chama (Rm 8.30). O apóstolo Paulo declara que ele foi eleito e separado por Deus, antes do seu nascimento: Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue (Gl 1.15,16). Deus escolhe e chama a quem ele quiser. Jesus chama de forma pessoal ou individual. Ele se dirige a pessoa de Levi, que também se chamava Mateus (presente de Deus), o qual era filho de Alfeu. Todas as vezes que Jesus chamou uma pessoa, chamou-a pelo seu nome, mesmo não tendo contato pessoal anterior com ela. Exemplos bíblicos: Abrão (Gn 12.1), Moisés (Êx 3.4), Samuel (1Sm 3.4), Zaqueu (Lc 19.5) e Saulo (At 9.4). A salvação é pessoal e o discípulo é chamado individualmente. Jesus chama para segui-lo. Segue-me é uma convocação para o discipulado, para uma nova vida com Jesus. Levi não seria mais um coletor de impostos, mas um discípulo de Jesus, um “pescador de homens”. A sua vida e a sua profissão foram mudadas. O chamado ao discipulado exige arrependimento da pessoa chamada. E arrependimento significa mudança de mente, de sentimento e de vontade. Trata- se de uma mudança total de vida. Jesus pregou e devemos pregar o arrependimento como um pré-requisito para aqueles que desejam tornar-se um seguidor de Jesus (Mc 1.15; At 2.38). Jesus chama trabalhadores para um novo trabalho. Levi estava na coletoria trabalhando. Ele não era uma pessoa desocupada que não tinha outra opção de vida. Jesus sempre chama os ocupados e atarefados, pois a Sua obra é também extenuante. Deus está sempre trabalhando (Jo 5.17), chamando e enviando trabalhadores para a Sua seara (Mt 9.35-38). O discipulado é um chamado para o serviço. Paulo encoraja-nos a trabalhar: Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão (1Co 15.58). Deus nos chama para trabalhar (Hb 6.10). Jesus chama de maneira irresistível. Observe a reação de Levi: Ele se levantou e o seguiu. Não deu pra questionar. Não deu pra resistir (Jo 6.37). A graça de Deus é irresistível. O Seu amor nos constrange e nos vence. Quem recebe o Seu chamado O obedece de imediato (Lc 19.5,6). Jesus chama a suas ovelhas e elas o seguem: As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem (Jo 10.27). A ovelha atende a voz inconfundível e irresistível do Seu Pastor. Jesus chama pecadores. Após a sua decisão de seguir a Jesus, Levi oferece um jantar em sua casa e convida todos os seus amigos pecadores: Os escribas dos fariseus, vendo-o comer em companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos discípulos dele: Por que come ele com os publicanos e pecadores? Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores (Mc 2.16,17). Fica claro, que a salvação ou a nova vida oferecida por Jesus não é para “os justos”, ou seja, para aqueles pecadores que se acham bons e merecedores da salvação de Deus. Pelo contrário, a salvação é para os “doentes” ou pecadores indignos que se reconhecem necessitados da cura divina (Is 1.18; Lc 14.21-23; Jo 7.37,38). CONCLUSÃO A igreja não é uma ONG que reúne voluntários para uma causa social. A igreja não é uma empresa que contrata funcionários para uma atividade produtiva. A igreja é a comunidade dos discípulos de Jesus, que foram eleitos e chamados por Deus, de forma irresistível, para uma missão eterna. Ser discípulo é ser um aluno da escola de Jesus Cristo. Estudo 03 Texto Básico: Marcos 8.27-38 DECISÃO DE SER UM DISCÍPULO INTRODUÇÃO Dietrich Bonhoefer disse que o maior inimigo do cristianismo na sua época era “a graça barata”. Ele disse: “A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo, vivo e encarnado”. Dallas Willard afirma que “o maior desafio que a igreja enfrenta hoje é a formação de discípulos autênticos de Jesus”. Hoje, as pessoas são chamadas a aceitar a Cristo como seu Salvador pessoal, mas dispensadas de uma vida de compromisso, aprendizagem e obediência a Jesus. A salvação segundo a Bíblia é exclusivamente pela Graça, mas só pode ser recebida e desfrutada mediante o arrependimento de pecados, a fé em Jesus e uma consequente vida de obediência e submissão (Mt 7.21). A conversão verdadeira vem acompanhada do discipulado. Nos estudos anteriores falamos sobre a eleição e o chamado para o discipulado. Hoje estudaremos a decisão de ser um discípulo de Jesus. 1. O NASCIMENTO DO DISCÍPULO O discipulado começa quando decidimos conhecer quem é Jesus (Mc 8.27-29). Perguntou Jesus aos seus discípulos: Quem dizem os homens que sou eu? Os discípulos responderam que muitos reconheciam Jesus como um profeta de Deus, tal como João Batista ou Elias. Mas, Jesus queria a opinião deles: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Pedro respondeu em nome dos discípulos: Tu és o Cristo. A resposta de Pedro foi clara e inequívoca que eles criam que Jesus era o Messias, o Cristo Salvador (Is 61.1-3). Mateus registra que Jesus declara a Pedro: Então, Jesus lhe afirmou: Bem- aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus (Mt 16.17). Este conhecimento é fruto de uma revelação espiritual que ele recebeu de Deus, necessária à salvação de uma pessoa (Mt 11.27; Jo 6.67-69; 17.3). Só podemos conhecer espiritualmente quem é Jesus, por meio da iluminação do Espírito Santo (1Co 2.11,12). É um esclarecimento sobrenatural que Deus produz na mente e no coração daquele que ouve a Palavra, tal como uma luz que é acesa na escuridão: Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo (2Co 4.6). O conhecimento de quem é Jesus é descrito como um “nascer de novo” (Jo 3.3) ou como uma “conversão” de vida (1Ts 1.9). 2. DECIDINDO SER UM DISCÍPULO Jesus se volta à multidão e faz um convite pessoal: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me (v.34). Quatro aspectos envolvem esta decisão: Decisão pessoal e calculada: Se alguém quer vir após mim. A decisão de seguir a Jesus é pessoal e intransferível. “O chamado de Jesus ao discipulado faz do discípulo um ser solitário. Quer queira quer não, tem que se decidir, tem que tomar sua decisão sozinha” (Dietrich Bonhoefer). Lucas afirma que o discipulado é um empreendimento que também precisa ser calculado. Ele usa o exemplo de uma construção (Lc 14.28-30). Certifique-se do custo da obra e tenha certeza de que você tem dinheiro suficiente antesde construir. Outro exemplo é o da guerra (Lc 14.31-33). Antes de partir para guerra verifique se o seu exército é forte o suficiente para vencer o inimigo. Quando as pessoas iniciam um discipulado sem avaliar os custos, muitas se desviam e perecem pelo caminho. Decisão de renunciar a si mesmo: a si mesmo se negue. Negar-se a si mesmo significa renunciar o “eu”, numa atitude de autonegação. É abrir mão da sua vontade pessoal e sujeitar-se totalmente à vontade de Deus (Fp 3.8,9; Mt 26.39). É renunciar a sua justiça pessoal, as suas opiniões contrárias à Bíblia e a sua amizade com o mundo (Ef 2.8,9; 1Jo 2.15-17). Negar a si mesmo é abrir mão dos seus planos para viver a boa, perfeita e agradável vontade de Deus (Rm 12.1,2). Ninguém pode ser um discípulo de Jesus se não renunciar a tudo que toma o lugar de Deus em sua vida. Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo (Lc 14.33). Decisão de tomar a sua cruz: tome a sua cruz. Tomar a sua cruz diariamente é o sofrimento que resulta da sua união com Cristo. É a morte do “eu”. Hernandes Dias Lopes diz: “Essa cruz não é uma doença, um inimigo, uma fraqueza, uma dor, um filho rebelde, um casamento infeliz. Essa cruz fala da nossa disposição de morrer para nós mesmos, para os prazeres e deleites. É considerar-se morto para o pecado e andar com um atestado de óbito no bolso”. Tomar a cruz é uma exigência universal para qualquer discípulo de Jesus. Tomar a cruz é algo permanente para o resto da vida, o que requer perseverança. Tomar a cruz é algo diário, penoso e mortal. Trata-se de uma opção intencional de preferir e fazer a vontade de Deus diariamente. Decisão de seguir a Jesus: siga-me. Após renunciar a sua vontade e tomar a sua cruz, o discípulo olha para Jesus e o segue. Trata-se de um desafio diário de viver como Cristo viveu. Ser discipulo é seguir pessoalmente a Jesus, caminhando nas suas pegadas (1Pe 2.21) e obedecendo as suas ordens (Jo 15.14). “Seguir a Cristo é imitá-lo. É fazer o que ele faria em nosso lugar. É amar o que ele ama e aborrecer o que ele aborrece. É viver a vida na sua perspectiva” (Hernandes Dias Lopes). 3. AS VANTAGENS DE SER UM DISCÍPULO Jesus aponta três vantagens para alguém que decide ser seu discípulo. Essas vantagens são estabelecidas pelo contraste entre os valores deste mundo e os valores de Deus: Vida eterna. Para a sociedade sem Deus, renunciar ao pecado e seguir a Cristo é perder a vida. Mas, segundo a Bíblia, quem abre mão da sua vida e dos seus projetos pessoais por causa do seu amor por Jesus e pelo evangelho, faz o maior de todos os investimentos e é recompensado com a vida eterna (Mc 8.35,36). Quem vive para si, perde-se; mas quem vive para Jesus e para o evangelho, é salvo. A vida de uma pessoa não consiste na quantidade de bens que ela possui (Lc 12.15). Riqueza eterna. O dinheiro é o deus deste mundo. E o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males nesta vida (1Tm 6.9,10). O discipulo é alguém que ama a Jesus e é recompensado com os tesouros celestiais. A salvação eterna da alma vale mais que ajuntar tesouros e riquezas nesta vida (Mc 8.36), pois nenhuma fortuna poderá adquirir a salvação de uma alma (Mc 8.37). A perdição de uma alma é irreparável. Rico não é a pessoa que tem dinheiro, mas aquele que é salvo. Reconhecimento eterno. O verdadeiro discípulo é aquele que não se envergonha de Jesus e nem das suas palavras. A promessa é que aquele que não se envergonhar de Cristo nesta vida, será reconhecido, valorizado e recompensado por Jesus, em sua segunda vinda (v.38). É melhor assumir um compromisso com Cristo agora e ser desprezado pelo mundo, do que ser amado pelo mundo agora e ser desonrado por Cristo diante de Deus, no juízo final. Quem honra a Cristo agora, será honrando e reconhecido por Cristo por toda a eternidade (Mt 7.23; Lc 13.27). CONCLUSÃO Concluo dizendo que você tem tudo a ganhar sendo um discípulo de Jesus. Avery T. Willis Jr diz: “Discipulado cristão é o desenvolvimento de um relacionamento pessoal, duradouro e submisso com Jesus Cristo, em que ele transforma o caráter do discípulo à semelhança dele, transforma os seus valores em valores do reino e o envolve em sua missão no lar, na igreja e no mundo”. Estudo 04 Texto Básico: João 8.31-36 A LIBERDADE DO DISCÍPULO INTRODUÇÃO Liberdade é algo que desejamos, mas que não sabemos o que ela é. Queremos a liberdade, mas não sabemos onde encontrá-la. Cecília Meireles disse com propriedade: “Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”. Desejamos estudar aqui sobre a liberdade espiritual. Para entendermos o conceito bíblico de liberdade espiritual, precisamos compreender duas verdades básicas: Todo homem é escravo do pecado. A Bíblia ensina que todo homem é pecador (Rm 3.23; 1Jo 1.8-10). Somos pecadores por natureza. E nessa condição estamos despojados de qualquer liberdade espiritual. Jesus disse que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado (Jo 8.34). Não se trata de uma escravidão política, econômica e social, mas espiritual. Todo ser humano vive sob a opressão do pecado (Rm 6.18-22), de Satanás (Mt 12.22), da Lei de Deus (Rm 7.3-6) e da morte (Rm 6.20-23). Ninguém pode, por si mesmo, ser livre. Ninguém pode, por si mesmo, produzir a sua libertação espiritual. Somos escravos do pecado e não podemos produzir a nossa liberdade. E é na impossibilidade do homem, que Jesus aparece como o verdadeiro libertador. Ele é o Ungido de Deus que veio para proclamar a libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados (Is 61.1). E Goethe dizia: “Ninguém é mais escravo do que aquele que pensa ser livre, sem que, de fato, o seja”. O estudo de hoje apresenta Jesus como a verdade que liberta. 1. O VERDADEIRO DISCÍPULO O ensino principal deste trecho é acerca do verdadeiro discípulo e da verdadeira liberdade (vv.31-36). Podemos afirmar que somente o verdadeiro discípulo pode desfrutar da verdadeira liberdade. Muitos judeus se diziam crentes em Jesus, mas Ele sabia que a fé deles não tinha consistência (Jo 2.23-25; Lc 8.13). Logo adiante Jesus diria: Mas, porque eu digo a verdade, não me credes (v.45). Jesus, entretanto, nos oferece quatro ensinos preciosos acerca do discipulado autêntico: O verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que crê nele. O discípulo verdadeiro nasce quando passa a crer na pessoa e no ensino de Jesus. João registra: Ditas estas coisas, muitos creram nele (v.30). Tudo na vida cristã começa com a fé. Sem fé é impossível agradar a Deus e receber dEle alguma benção. A Bíblia ensina que a fé é promovida por Deus, soberanamente, no coração dos eleitos. Trata-se de uma “fé salvadora” que o homem não tem naturalmente, mas a recebe como um presente de Deus (Ef 2.8). A fé salvadora é dos eleitos. E ela é produzida na mente e no coração daquele que ouve a pregação da Palavra (Rm 10.17). Por isso, Paulo afirma: a fé não é de todos (2Ts 3.2). O verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que permanece na Sua Palavra. Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos (v.31). O verbo traduzido por “permanecer” (meno) significa “basear”, “guardar” e “obedecer”. É a perseverança em crer e obedecer a Jesus (Jo 15.6,7; Hb 3.14). Não basta crer, mas é preciso permanecer. O verdadeiro discípulo é aquele que tem um compromisso com a Palavra de Deus. A Palavra de Deus deve ocupar sua mente, o seu coração e a sua afeição (Sl 119.11; Cl 3.16). Ele deve honrar, confiar e amar a Palavra do Senhor (Jó 23.12). Jesus disse aos judeus incrédulos e desobedientes: A minha palavra não está em vós (Jo 8.37). Não havia lugar para a Palavra de Cristo do coração daqueles homens. O verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que recebe a revelação da verdade. E conhecereis a verdade (v.32). Graças a Deus a verdade existe e pode ser conhecida. Deus existe e com ele toda a verdade. Mas, ninguém pode conhecer a verdade se nãofor pela revelação sobrenatural. O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada (Jo 3.27). Deus ilumina o nosso entendimento para compreendermos quem é Jesus (2Co 4.6). Jesus afirmou de maneira indubitável que ninguém jamais conhece a Deus se o Filho não o revelar (Mt 11.27). É pela vontade de Deus, por intermédio de Jesus que temos acesso à verdade. Jesus é a verdade que nos foi revelada para sermos conduzidos ao Deus verdadeiro (Jo 14.6). O verdadeiro discípulo de Jesus experimenta a verdadeira liberdade. E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (v.32). A liberdade aqui significa “a libertação do pecado”. W. Hendriksen comenta: “A pessoa é livre quando o pecado não tem domínio sobre ela, e quando a palavra de Cristo domina seu coração e sua vida” (vv. 34,35,37). A pessoa é livre quando recebe a liberdade espiritual, que o capacita a escolher não pecar (Rm 6.17-19). Todo ser humano que ainda não recebeu a salvação de Deus é escravo do pecado (v. 34; 2Pe 2.19). Jesus é o autor da libertação: Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres (v.36). A condicional “se” deixa a responsabilidade para o homem decidir, mas a ação de libertação ou “serem livres” é de Jesus. “Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência” (L. Tolstoi). 2. A VERDADEIRA LIBERDADE A verdadeira liberdade espiritual é conferida por Deus aos seus discípulos (Cl 1.13). Ela vem por meio de Jesus (Gl 5.1) e pela presença do Espírito Santo que habita no nosso coração (2Co 3.17). Qual é a dimensão dessa liberdade que o Filho de Deus nos proporcionou: Libertação do pecado. O discípulo recebe a libertação da escravidão do pecado. De uma vez por todas, Jesus Cristo nos libertou do pecado e nos transformou em servos de Deus (Rm 6.18,22). Jesus pagou a dívida do nosso pecado e nos libertou (1Pe 1.18,19). Verdadeiramente somos livres! Continuamos pecadores, mas livres da escravidão do pecado (1Jo 1.8-2.2). Quando pecamos podemos obter o perdão. “Libertação! Assinada em lágrimas, selada com sangue, escrita em pergaminho celestial, registrada nos arquivos eternos. A tinta escura da acusação foi totalmente coberta pela tinta vermelha da cruz: ‘O sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado.’” (T. De Witt Talmage). Libertação da lei. O discípulo recebe a libertação da escravidão da lei. Ela exigia a nossa obediência, mas era impotente para nos ajudar. Jesus Cristo nos libertou da maldição da lei, morrendo em nosso lugar (Gl 3.13). Tal como uma viúva está livre para se casar novamente, estamos livres para servir a Cristo (Rm 7.1-6). Estamos livres de toda e qualquer condenação legal (Rm 8.1). Libertação da morte. O discípulo recebe a libertação da escravidão da morte. Jesus morreu e ressuscitou para garantir a nossa vitória (1Co 15.55-57). Ele destruiu o poder da morte e nos libertou do poder da morte e do medo de morrer que nos escravizavam (Hb 2.15). Ele ressuscitou e garantiu a nossa ressurreição (1Ts 4.13,14). Jesus nos deu vida espiritual (Ef 2.1) e vida eterna (1Jo 5.11,12). Libertação do Diabo. O discípulo de Jesus recebe a libertação da escravidão do Diabo. Jesus se manifestou para desfazer as obras do Diabo (1Jo 3.8). Ele nos liberta do poder, da opressão e da escravidão do Diabo (Ef 2.1-3). CONCLUSÃO Concluindo, a verdadeira liberdade só pode ser experimentada por meio de Jesus. E para conhecer a Jesus e desfrutar a sua liberdade precisamos nos tornar seus discípulos. O verdadeiro discípulo de Jesus encontra a verdadeira liberdade. Dietrich Bonhoeffer explica: “Quando as Escrituras Sagradas falam do discipulado de Jesus, proclamam a libertação do homem de todos os preceitos, de tudo quanto oprime, sobrecarrega, provoca preocupações e tormentos à consciência. No discipulado, o ser humano sai de sob o jugo de suas próprias leis e submete- se ao jugo suave de Jesus Cristo”. O discípulo é um homem livre. Estudo 05 Texto Básico: Gálatas 4.19 OS PRIVILÉGIOS DO DISCÍPULO INTRODUÇÃO Após tomar a decisão de seguir a Jesus, tornando-se um discípulo dele, você quer saber: como vai ser a minha vida a partir de agora? Duas respostas bíblicas: Deus tem um projeto espiritual para a sua vida. Todo discípulo de Jesus foi chamado para um projeto de aperfeiçoamento espiritual. O projeto de Deus é nos conformar a imagem de Jesus (Rm 8.29). Trata-se de um processo de santificação do nosso caráter. Deus deseja substituir os defeitos do nosso caráter pelas virtudes de Jesus. Por exemplo, Deus quer substituir a minha soberba pela humildade de Cristo. O alvo final de Deus é que cada discípulo seja perfeito, igual a Jesus (Fp 3.12-14). A formação espiritual é o alvo da salvação: até ser Cristo formado em vós (Gl 4.19). Você é responsável pelo seu crescimento espiritual. Deus é quem produz a santificação e o crescimento espiritual. Mas, é necessário que você se disponha a buscar a santificação (Rm 6.19; 2Co 7.1). Esta busca pessoal requer o uso dos recursos espirituais que Deus lhe disponibiliza: a Palavra de Deus, a oração, o poder do Espírito Santo, os sacramentos, os dons espirituais. Você é responsável por sua santificação e pelo seu crescimento espiritual (Fp 2.12; Gl 6.7-9). Você deve se esforçar para manter e alimentar a sua vida espiritual. 1. VERDADES QUE VOCÊ PRECISA SABER Você obedeceu ao chamado de Jesus e passou a ser seu discípulo. Você passou por profundas e sobrenaturais mudanças espirituais. Você, a partir desta decisão, é uma nova pessoa chamada para viver um novo projeto de vida. Vejamos algumas: Você é uma nova criatura. E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas (2Co 5.17). Você que está em Cristo é uma “nova criatura”, isto é, alguém que passou por um novo nascimento ou por uma regeneração espiritual (Jo 3.3; Tt 3.4-7). Você morreu espiritualmente para o tipo de vida errada que levava. Agora, você viverá para agradar a Deus (Cl 1.10; 3.1-11). Você está justificado. Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 5.1). Justificar é considerar e declarar uma pessoa justa ou inocente. Por causa do sacrifício de Jesus em seu lugar, e mediante a sua fé, Deus declara que você está absolvido e inocentado de toda e qualquer condenação espiritual (At 13.39; Gl 2.16). Em Cristo, você está livre de qualquer acusação. Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1). Você é habitado pelo Espírito Santo. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele (Rm 8.9). No dia que você tornou-se um discípulo de Jesus, o Espírito Santo passou a morar dentro de você. Você foi selado e penhorado como uma propriedade de Deus (2Co 1.22; Ef 1.13,14). O seu corpo passou a ser santuário do Espírito Santo (1Co 6.19). A presença do Espírito habitando no seu coração revela a sua união com Jesus (1Jo 4.13). Você é filho de Deus. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo 1.12,13). Você recebeu a Jesus crendo que Ele é o filho de Deus. E todo aquele que recebe a Jesus nasce de novo e obtém o direito de se tornar filho de Deus (Gl 3.26; 1Jo 3.1). Você passou a fazer parte da família de Deus (Ef 2.19). Você se tornou um herdeiro de Deus, com todos os deveres e privilégios (Rm 8.15-17). Você ganhou a salvação eterna e segura. As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar (Jo 10.27-29). Se você foi salvo por Deus, por intermédio de Jesus Cristo, você jamais perderá a sua salvação. Estasegurança não reside na sua capacidade de perseverar, mas na imutabilidade de Deus (Rm 11.29; Fp 1.6). Você pode se desviar na fé e ter dúvidas acerca da sua salvação, mas nada disso arrancará você da mão do Pai. Somente ele é poderoso para guardar o nosso tesouro e nos levar salvos para a eternidade (2Tm 1.12; 4.18). 2. VOCÊ TERÁ NOVOS DESEJOS O novo nascimento implanta princípios da nova vida espiritual no coração do discípulo. A regeneração mexerá com a sua mente, suas emoções ou sentimentos e com a sua vontade. Vejamos algumas mudanças: Fome da Palavra de Deus. Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação (1Pe 2.2). Você é um cristão recém-nascido. E todo discípulo novo é um bebê espiritual. Ele deseja ardentemente o genuíno leite espiritual que é a Palavra de Deus. Ele sente a necessidade de ler, estudar e praticar a Palavra. O seu prazer está na meditação da Lei do Senhor (Sl 1.2). Você sentirá fome da Palavra de Deus. Necessidade de orar. Então, o Senhor lhe ordenou: Dispõe-te, e vai à rua que se chama Direita, e, na casa de Judas, procura por Saulo, apelidado de Tarso; pois ele está orando (At 9.11). Junto com a fome da Palavra, você sentirá a necessidade de orar. Você é obrigado a orar, pois a oração é o oxigênio para a sua vida espiritual. Você tem que orar incessantemente (1Ts 5.17), com perseverança, vigilância e gratidão (Cl 4.2). Você deve orar sempre, sem esmorecer (Lc 18.1). Tristeza e vergonha com o pecado. Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte (Rm 6.21). Antes da sua conversão, você se orgulhava dos pecados que praticava. Agora, após o seu novo nascimento, você se envergonha do que praticava. O pecado lhe entristece e lhe envergonha. O pecado prejudica a sua saúde espiritual, pois agora você é “luz no Senhor” (Ef 5.8; 1Jo 1.5-7). Desejo de agradar ao Senhor. Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei (Sl 40.8). Você sentirá um desejo forte de agradar a Deus, guardando os seus mandamentos (1Jo 2.3). O prazer do filho é fazer a vontade do Pai (Jo 4.34). Sentirá um grande amor pelos seus irmãos. Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte (1Jo 3.14). S e você nasceu de novo, você será tomado pelo amor de Deus. Você amará os seus irmãos. Aquele que não ama não conhece a Deus (1Jo 4.8). Desejo forte de evangelizar outros. Pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos (At 4.20). Você desejará compartilhar com outros, quem é Deus e o que Ele fez na sua vida. Você sentirá uma necessidade de compartilhar o Evangelho com os perdidos. Todo discípulo é uma testemunha de Jesus (At 1.8). Vontade grande de servir. Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva (Mc 10.43). Você sentirá necessidade de servir. O discípulo encara o serviço como um privilégio e uma oportunidade para fazer o bem aos outros. Servir aos outros é uma evidência do amor de Cristo no coração (Hb 6.10). O amor que se expressa pelo serviço revela a sua identidade como discípulo de Jesus (Jo 13.35). CONCLUSÃO O discípulo é uma pessoa privilegiada espiritualmente. Ser um discípulo de Jesus é o projeto mais fascinante de vida. Deus quer moldar em você o caráter de Jesus. Cada discípulo deve ser um exemplar de Cristo. “A vida do cristão deve ser simplesmente uma representação visível de Cristo” (Thomas Brooks). Estudo 06 Texto Básico: Marcos 1.35 A VIDA DEVOCIONAL DO DISCÍPULO INTRODUÇÃO Vida devocional significa um tempo diário que todo crente deve ter sozinho com Deus. Noal Webster define “devoção” como “uma atenção solene ao Ser Supremo na adoração; uma rendição do coração e das afeições a Deus, com reverência, fé e piedade, nos deveres religiosos, particularmente na oração e na meditação”. É essencial que você, novo discípulo de Jesus, separe um tempo diário, para cultivar a sua comunhão com Deus, através da leitura e meditação bíblica, oração e adoração a Deus. A Bíblia sugere em várias passagens a necessidade de termos um tempo diário, a sós com Deus (Sl 5.3; 55.17; 88.13; 119.147,148; Dn 6.10). Jesus praticou e ensinou a vida devocional (Mc 1.35; Mt 6.6; 26.41; Lc 6.12). E.M. Bounds disse que devemos iniciar o nosso dia orando a sós com Deus: “Aquele que mais tem feito para Deus neste mundo tem estado de manhã cedo de joelhos. Aquele que desperdiça as primeiras horas do dia, sua oportunidade e frescor em outros assuntos que não seja buscar a Deus, poucos avanços fará em buscá-lo no restante do dia”. 1. OS ELEMENTOS DA VIDA DEVOCIONAL Ter um tempo diário com Deus requer disciplina e perseverança. Seremos constantemente tentados a desistir. Os dois principais elementos da prática devocional são a oração e a leitura bíblica. Oração: você conversa com Deus. Orar é falar com Deus. É expor para Ele o que você sente e aquilo que você precisa. Orar também é uma forma de expressar a sua admiração pela pessoa de Deus e agradecê-lo por aquilo que Ele tem feito por você. A oração é um meio de adoração e gratidão. Três lições bíblicas sobre oração: Primeiro, por que devemos orar? (1) Orar é um privilégio espiritual (Mt 6.6; 11.25-27). Orar é um privilégio para aqueles que conhecem a Deus, por intermédio de Jesus. Somente os filhos ou aqueles que receberam o Espírito de adoção é que podem orar ao Pai (Rm 8.15,16; Gl 4.1-7). (2) Orar é uma ordem divina (Mt 7.7-12; 1Ts 5.17). Orar não é uma opção, mas um ato de obediência. Quem não ora comete o pecado da omissão (1Sm 12.23; Tg 4.17). (3) Orar é uma necessidade espiritual (Lc 11.5-8; 18.1-8). A oração é o oxigênio que mantém a vida espiritual. É ela que mantém viva a nossa comunhão pessoal com Deus. Precisamos orar para não cairmos em tentação (Mt 26.41) e vencermos aos ataques espirituais do mal (2Ts 3.1-3). Oramos para combatermos a ansiedade (Fp 4.6,7) e falarmos a Deus de nossas necessidades e interesses (Hb 4.16; 1Jo 5.14). Segundo, como devemos orar? Em João 14.13,14, aprendemos resumidamente: (1) Orar é pedir ao Pai. Isso implica em ser humilde e submisso à Sua vontade (Mt 6.9,10; 1Jo 5.14). O Pai é glorificado quando responde as orações dos seus filhos. (2) Orar é pedir em nome de Jesus. Somente por meio de Jesus temos acesso a Deus. Ele é o nosso único e exclusivo mediador (1Tm 2.5). Somente por intermédio dele somos abençoados com toda sorte de bênçãos espirituais e materiais (Ef 1.3). (3) Orar é pedir com a assistência do Espírito. Não sabemos orar convenientemente, por isso é que o Espírito nos ajuda (Rm 8.26; Ef 6.18). Ele nos ajuda a não pedir por motivos errados (Tg 4.3). (4) Orar é pedir com fé, na certeza que será respondido. A fé é o pré-requisito que garante a resposta da oração (Mt 21.22). Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6). A incredulidade é um empecilho a oração (Tg 1.5-8). (5) Orar é pedir segundo a vontade de Deus. Orar é submeter-se a vontade de Deus. É pedir segundo a vontade dEle (1Jo 5.14,15). Orar não é determinar, mas submeter-se. Terceiro, quando e como orar? (1) Devemos orar sempre, em todas as horas e circunstâncias. A ordem bíblica é: orai sem cessar (1Ts 5.17). (2) Devemos clamar ao Senhor dia e noite (Sl 55.17). Fomos eleitos para orar sempre e nunca esmorecer (Lc 18.1,7). (3) Orar até obtermos uma resposta de Deus. Ele jamais rejeita a nossa oração (Sl 66.20). Leitura bíblica: Deus fala com você. A Bíblia é a revelação escrita de Deus. Ela é o Livro do Senhor, a Palavra de Cristo e a Espada do Espírito. O seu texto foi inspirado por Deus, por meio da ação do Espírito Santo (2Tm 3.16; 2Pe 1.21). O seu conteúdo é puro, verdadeiro, perfeito, precioso, vivo e poderoso (Sl 19.1- 7; Hb 4.12). Ela foi designada por Deus para regenerar, reavivar, iluminar, converter, santificar, ensinar, consolar corrigir e julgar os homens.Ela deve ser lida, recebida, crida, conhecida, estudada, obedecida e ensinada. Paulo declara: Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (2Tm 3.16,17). Três lições importantes: (1) O que é a Escritura? Ela é inspirada por Deus, isto é, a sua origem é divina, o seu conteúdo é inerrante e a sua autoridade é suprema. (2) Qual a sua utilidade? Ela é útil ou proveitosa para ensinar, repreender, corrigir e educar aqueles que a estudam. (3) Qual a sua finalidade? Aperfeiçoar o caráter do seu leitor capacitando-o para toda boa obra (2Tm 2.15). O crente precisa ler, estudar e meditar na Palavra de Deus, dia e noite (Js 1.8; Sl 1.2). A expressão indica que a meditação bíblica deve ser incessante e ininterrupta tal como a presença e a direção de Deus, na vida do seu povo (Êx 13.21,22). Pedro compara a Bíblia com o alimento do leite: desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação (1Pe 2.2). Ele compara o novo discípulo como um bebê recém-nascido que necessita de leite. A Palavra de Deus é “o genuíno leite espiritual” que alimenta e produz o crescimento desse novo crente. 2. A PRÁTICA DEVOCIONAL A prática devocional consiste em você orar e meditar na Bíblia, todos os dias, de forma intencional e objetiva. A oração e o estudo da Bíblia jamais devem ser separados. Algumas sugestões práticas: Planeje a sua vida devocional. Escolha um local e um tempo diário. Siga um plano de leitura da Bíblia ou separe um livro especifico da Bíblia para estudar de forma sistemática. Não substitua a leitura bíblica por livros devocionais. Leia a Bíblia de forma devocional, grifando e anotando expressões que lhe chamam a atenção. Faça perguntas ao texto: Qual o ensino deste texto? Como isso se aplica a minha vida? Estude um tema específico pesquisando na Bíblia. Use uma chave ou uma concordância bíblica como ferramenta. Ore contemplando quem Deus é. Faça uma relação bíblica dos nomes, dos atributos e dos grandes feitos de Deus. Adore a Deus conforme a revelação bíblica. Ore pensando no que Deus faz. Faça uma lista para oração, com pedidos e agradecimentos. Lembre-se dos pedidos que foram feitos e atendidos. Ore pelos outros. Interceda pelo país, família e igreja. Reforce a sua vida espiritual. Leia, num outro horário, um bom livro evangélico, por semana. CONCLUSÃO Concluo chamando a sua atenção para o fato de que, na vida cristã, nada substitui a vida devocional. Ela é indispensável ao seu progresso espiritual. Não desista diante dos primeiros fracassos. Billy Graham afirmou com muita propriedade “a salvação é de graça, mas o discipulado custa tudo o que temos”. Estudo 07 Texto Básico: 1 Tessalonicenses 5.23,24 A SANTIFICAÇÃO DO DISCÍPULO INTRODUÇÃO Você agora é uma nova criatura. A sua vida mudou e você viverá de uma maneira nova, em novidade de vida. E a diferença fundamental é que antes da sua conversão você vivia para agradar a si mesmo, mas agora para agradar a Deus e fazer a vontade dEle: E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou (2Co 5.15). Você viverá um processo de santificação, isto é, uma mudança de pensamento, sentimento e hábitos. Charles Spurgeon diz: “Santidade é o hábito de estarmos de comum acordo com Deus”. A ideia bíblica de santificação é a de separação. O povo de Deus é um povo separado do mundo, para viver no mundo, agradando e servindo a Deus. A doutrina da santificação tem dois aspectos: (1) A santificação posicional, isto é, aquilo que somos diante de Deus porque estamos em Cristo Jesus (1Co 6.11; Rm 5.1). Em Cristo, todo cristão é um santo. (2) A santificação experimental, isto é, o processo de santificação quando vamos deixando as práticas pecaminosas e nos consagrando a Deus (Rm 6.14-16; Rm 12.1,2). Em Cristo, todo cristão está crescendo em santificação. O estudo de hoje é sobre o processo de santificação. 1. OS PRINCÍPIOS BÍBLICOS DA SANTIFICAÇÃO O processo de santificação do discípulo começa na conversão e só terminará com a sua glorificação, na segunda vinda de Jesus Cristo: Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é (1Jo 3.2). Isso significa que nenhum discípulo poderá obter perfeição espiritual nesta vida (Fp 3.12-14; 1Jo 1.8). O processo de santificação é realizado da seguinte maneira: Deus é o autor da santificação. Deus é quem, soberanamente, santifica o seu povo (Ez 37.28). Ele nos escolheu e nos salvou para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele (Ef 1.4). Ele nos santifica completamente, o espírito, alma e corpo (1Ts 5.23,24). Somente o próprio Deus pode nos separar do pecado para a santidade (Hb 13.20,21). O Espírito Santo é o executivo da santificação. O Espírito Santo é quem executa no discípulo a santificação divina (1Co 6.11; 2Ts 2.13; 1Pe 1.2). L. Berkhof define a santificação como “a graciosa e contínua operação do Espírito Santo pela qual Ele liberta o pecador justificando da corrupção do pecado, renova toda a sua natureza à imagem de Deus, e o capacita a praticar boas obras”. A santificação é uma obra divina e sobrenatural. A força humana não pode produzir a santidade. A obra de Cristo é a base da santificação. A santificação executada pelo Espírito Santo baseia-se na expiação feita por Jesus Cristo (1Co 1.2,30; Hb 10.10; 13.12). Jesus morreu em nosso lugar para nos salvar e nos santificar. É por causa do seu precioso sangue que somos perdoados e santificados. É o sangue de Jesus que nos purifica de todo pecado (1Jo 1.7). A Palavra de Deus é o instrumento da santificação. A santificação é realizada pelo Espírito Santo por meio da Palavra de Deus. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade (Jo 17.17). A Bíblia é a verdade revelada e escrita de Deus. É pela instrumentalidade da Palavra que o discípulo é santificado (Sl 119.9-11; Ef 5.26,27; 1Pe 1.22,23). A Palavra de Deus é viva e eficaz no processo de santificação. A fé é o meio para se obter a santificação. Recebemos de Deus a fé salvadora no ato da nossa conversão e depois passamos a viver por meio dela. O justo viverá pela sua fé. Assim como o crente é justificado pela fé (Rm 1.17; Gl 3.11), ele também é santificado pela fé (At 26.18; Hb 10.38). 2. A PRÁTICA DA SANTIFICAÇÃO A santificação não é uma opção, mas um mandamento de Deus para os seus discípulos (1Pe 1.14-16). Deus quer que persigamos a santificação (Hb 12.14), sem a qual não veremos ao Senhor (Mt 5.8). Quem rejeita a santificação despreza ao próprio Deus (1Ts 5.7,8). Cada discípulo é responsável pela sua santificação: Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda a impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus (2Co 7.1). O verbo “aperfeiçoar” significa “completar” ou “concluir” algo que foi iniciado (2Co 8.6). Devemos, portanto, buscar a santificação, nos separando de toda impureza, olhando sempre para Jesus como nosso referencial (Mt 5.48; Rm 8.29; Fp 3.12-14). Paulo recomenda a Timóteo: Conserva-te a ti mesmo puro (1Tm 5.22). Fuja das paixões carnais e busque a pureza. A santificação é imprescindível ao serviço a Deus. Tal como um vaso, o cristão precisa estar limpo para ser usado por Deus. Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra (2Tm 2.21). Quem quiser ser útil a Deus, precisa investir na santificação pessoal. Deus jamais usará um vaso sujo para realizar a sua obra. Como você pode cooperar com a sua santificação? Quatro atitudes básicas: Busque o poder do Espírito Santo. Para vencer a guerra que existeno seu coração (fazer a sua vontade e a vontade de Deus), a guerra contra o mundo e o Diabo, você precisa do poder do Espírito Santo (Gl 5.16,17). Você não vencerá as tentações pela força humana. Precisamos ser fortalecidos no Senhor e na força do seu poder para a guerra espiritual (Ef 6.10-12). Cuidado com a soberba, pois ela precede a ruína. Quem pensa que está em pé veja que não caia (1Co 10.12). A ordem divina é: enchei-vos do Espírito (Ef 5.18). Você já tem o Espírito, mas necessita do poder do Espírito. Você precisa andar e ser guiado pelo Espírito. Pratique a vida devocional. Leia a Bíblia e ore sem cessar. O cristão coopera com a sua santificação quando se utiliza dos meios de graça que Deus lhe oferece: a oração, a Palavra de Deus e os sacramentos (batismo e Santa Ceia). Você precisa alimentar a sua comunhão diária com Deus (Sl 1.1,2; Lc 18.7). Você precisa vigiar e orar para não cair em tentação. Precisamos andar na luz da comunhão para que o sangue de Jesus nos purifique de todo pecado (1Jo 1.6,7). Cuide do seu mundo interior. Jesus diagnosticou que o que contamina o homem não é aquilo que entra pela sua boca, mas aquilo que procede do seu coração (Mc 7.20-23). Por isso, devemos combater o pecado internamente, na sua origem. Precisamos purificar a nossa mente e o nosso coração (Sl 51.10; Fp 4.8). Não permita que a sua mente seja moldada pelos valores da sociedade sem Deus (Rm 12.2). Transforme e renove a sua mente com a Palavra de Deus. Tornamo- nos hipócritas como os fariseus quando tratamos do pecado apenas externamente (Mt 23.23-27). Substitua os seus hábitos. A Bíblia ensina que a santificação consiste de duas partes: a mortificação do velho homem e a vivificação do novo homem (Rm 6.4, 11; Gl 5.24; Cl 3.1-11). Paulo fala da santificação como uma mudança de hábitos e de comportamento, tal como tirar uma roupa velha e vestir uma roupa nova. Precisamos nos despojar do velho homem e nos revestir do novo homem (Ef 4.22-24). Santificação é andar de acordo com a nossa nova natureza. É abandonar o estilo de vida que tínhamos antes da nossa conversão e andar em novidade de vida (Rm 6.4). CONCLUSÃO Um adesivo de carro estampava a seguinte mensagem: “Não sou mais um pecador lutando para ser santo. Sou um santo lutando contra o pecado!” O discípulo é um santo que luta contra o pecado. Um discípulo que não busca a santificação é uma contradição. A busca pela santificação é o lado visível da conversão. Estudo 08 Texto Básico: João 10.26-30 A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO INTRODUÇÃO Um dos assuntos que mais angustia o coração de um novo discípulo é o da segurança da sua salvação. Será que depois de salvo, você poderá perder a sua salvação? Duas explicações básicas: Se você creu em Jesus como seu Senhor e Salvador você está salvo e tem a vida eterna (At 16.31; 1Jo 5.13). Não se trata de uma possibilidade de salvação, mas de uma posse: você tem a vida eterna (Jo 3.36; 5.24). Não se trata de um sentimento, mas uma certeza fundamentada e garantida por Deus e pela sua Palavra. Se você tem a salvação ou a vida eterna, você jamais a perderá. Você pode cair em tentação e, temporariamente, viver no pecado (2Sm 12.9,13; Ap 2.4,5). Tal fato entristecerá o Espírito Santo (Ef 4.30) e produzirá em você muitas incertezas. Deus o disciplinará e o trará de volta à comunhão, pois você é um filho amado (Hb 12.4-13). Lembre-se que o crente verdadeiro não permanece na prática do pecado (Mt 26.69-75; 1Jo 3.9). A sua salvação é garantida por Deus (Rm 8.33,34). Vejamos o ensino bíblico sobre este importante assunto. 1. A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO Jesus retoma o tema do bom pastor com suas ovelhas para revelar o segredo da incredulidade dos fariseus. Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas (Jo 10.26). Claramente Jesus ensina a doutrina da eleição: “não credes porque não sois”. A fé pertence aos eleitos e ela não é de todos (Tt 1.1; 2Ts 3.2). Somente os que foram eleitos serão salvos (At 13.48; 2Ts 2.13,14). Jesus declara: As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. Eu e o Pai somos um (Jo 10.27-30). Jesus traça um perfil ou apresenta as características das suas ovelhas: Elas ouvem a voz de Jesus As minhas ovelhas ouvem a minha voz. E as suas ovelhas jamais seguirão a voz do estranho. Elas ouvem somente a voz de Jesus (Jo 6.68,69). A voz de Jesus é inconfundível para a sua ovelha. Elas são conhecidas por Jesus Eu as conheço. A palavra “conhecer” indica um conhecimento íntimo e profundo, culminando com o amor (Jo 13.1). Jesus conhece cada ovelha pelo seu nome. Ele conhece a natureza e as necessidades de cada uma delas (Sl 23). Elas creem e obedecem a Jesus E elas me seguem. As ovelhas confiam em Jesus, o que implica em obediência. Quem crê, obedece (Hb 11.8). A verdadeira fé consiste em acreditar na pessoa e na obra de Jesus, conforme o ensino bíblico. Elas ganham de Jesus o presente da vida eterna Eu lhes dou a vida eterna. A salvação pertence ao Senhor. Ele a dá graciosa e imerecidamente às suas ovelhas escolhidas (Ef 2.8,9). A salvação é uma dádiva recebida e não um alvo a ser alcançado. Elas nunca perecerão ou serão condenadas Jamais perecerão. Uma vez justificada por meio da fé em Jesus Cristo, uma ovelha jamais poderá ser condenada (Rm 8.1,33,34). Elas estão salvas para sempre. Elas estão seguras na mão de Jesus e do Pai Ninguém as arrebatará da minha mão e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. Nem Satanás, nem o falso profeta, nem o Anticristo, nem ninguém mais poderoso, em tempo algum, poderá arrancar qualquer ovelha das mãos de Jesus e de Deus. A garantia da salvação não está na capacidade da ovelha, mas do poder de Deus. O Filho e o Pai estão unidos protegendo e dando segurança às suas ovelhas. Jesus disse: Eu e o Pai somos um. Ninguém está mais seguro do que aquele que está nas mãos de Deus. Elas foram dadas pelo Pai ao Filho Aquilo que meu Pai me deu. As ovelhas são propriedades de Jesus, porque o Pai as deu (Jo 17.6,9). É Deus quem conduz cada ovelha a Jesus (Jo 6.37). Elas são preciosas É maior do que tudo. As ovelhas de Cristo são os bens mais preciosos deste mundo. Elas foram compradas pelo precioso sangue de Cristo (At 20.28; 1Pe 1.18,19). 2. A GARANTIA DA SEGURANÇA Além dos argumentos de Jesus, encontramos em vários textos da Bíblia a garantia da segurança da salvação, ligada a outras doutrinas: A eleição divina. A doutrina da eleição garante a nossa salvação (Rm 8.29,30; 2Ts 2.13,14). Não existe a possibilidade de Deus revogar o decreto da eleição, porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis (Rm 11.29). A eleição dos salvos é imutável. Não existe a possibilidade de se apagar o nome que está escrito no Livro da Vida (Fp 4.3; Ap 3.5; 21.27). A eleição é a garantia da salvação. A conclusão da obra divina. É Deus quem opera a salvação no homem. E tudo que Deus começa, ele conclui. Deus concluirá a obra da salvação que ele iniciou na vida de cada crente: Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus (Fp 1.6). Apesar das provações, o crente obterá a sua completa salvação (1Pe 1.5-9). Deus nos conheceu, nos predestinou, nos chamou, nos justificou e nos glorificou (Rm 8.29,30). A obra já está concluída na eternidade. A intercessão de Jesus. O que também garante a segurança da nossa salvação é a intercessão de Jesus. Se Ele não intercedesse por nós, a nossa fé desfaleceria (Lc 22.32). O apóstolo Pedro é um grande exemplo do poder da intercessão de Jesus. A Bíblia é clara que Jesus intercede exclusivamente pelas suas ovelhas junto a Deus (Is 53.12; Jo 17.11). Paulo canta de forma vitoriosa: Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós (Rm 8.34). Jesus é o advogado das suas ovelhas.O testemunho e o penhor do Espírito Santo. Quando o discípulo é convertido por Deus, ele é selado e penhorado com Espírito Santo. O qual é o penhor da nossa herança, ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória (Ef 1.14). A palavra penhor (grego arabon) significa a primeira parcela ou o penhor e a garantia do pagamento na compra de um bem. A presença do Espírito no crente é a garantia da redenção completa que Deus concretizará em nós (2Co 1.21,22; 5.5). Além disso, a presença do Espírito habitando o coração da ovelha produz aquilo que é chamado de “testemunho interno do Espírito”: Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm 8.15,16). Trata-se de uma convicção interna inequívoca ou de uma certeza inabalável no coração de que somos filhos de Deus. CONCLUSÃO Uma das verdades mais consoladoras da Bíblia é a doutrina da segurança da salvação. Ainda que o cristão passe por crises e incertezas na sua fé, Deus não muda. O salmista declara: O SENHOR firma os passos do homem bom e no seu caminho se compraz; se cair, não ficará prostrado, porque o SENHOR o segura pela mão (Sl 37.23,24). Caso o justo caia, ele continua seguro pela mão do Pai. A segurança da nossa salvação não está na nossa capacidade de perseverar, mas na fidelidade de Deus que jamais nos abandonará. Estudo 09 Texto Básico: Mateus 6.13 VENCENDO AS TENTAÇÕES INTRODUÇÃO Bem-vindo à experiência da tentação. Ela faz parte da vida normal de um verdadeiro discípulo de Jesus. A tentação é uma prova de nossa filiação divina e da nossa íntima relação com Deus. O próprio Jesus foi tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas ele não pecou (Hb 4.15; Mt 4.1-11). Todo crente verdadeiro é tentado no sentido de desobedecer a Deus. É por isso que Jesus incluiu na oração do Pai Nosso, a seguinte petição: E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal (Mt 6.13). Precisamos aprender as estratégias bíblicas para vencermos as tentações: 1. O QUE É UMA TENTAÇÃO? Tentação é uma sugestão interna ou externa que vem sobre o crente, com o objetivo de prejudicar o seu relacionamento espiritual com Deus. Trata-se de uma proposta para a satisfação dos seus desejos de maneira que ofenda a Deus. A tentação é uma oportunidade de realizar algo bom de maneira errada, fora da vontade de Deus. Por exemplo, o sexo é algo que Deus criou para o nosso prazer, mas somos tentados a praticá-lo em desacordo com a orientação de Deus. A diferença fundamental entre a provação e a tentação está na sua origem e objetivo. A provação procede de Deus e visa o amadurecimento do crente (Tg 1.2-4). A tentação brota da nossa natureza pecaminosa, de Satanás e do mundo, e o seu objetivo é prejudicar o nosso relacionamento com Deus. Tiago orienta: Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta (Tg 1.14,15). Deus não é fonte de tentação e Ele não é atraído pelo mal. A sua natureza é santíssima. A Bíblia ensina que Satanás é o tentador (Mt 4.3; 1Ts 3.5) e que o crente deve orar a Deus pedindo não nos deixes cair em tentação. A tentação brota principalmente da nossa natureza pecaminosa: Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte (Tg 1.14-15). Três lições aqui: (1) A tentação é individual e universal. Ela atinge a cada um e vem sobre todos os filhos de Deus. Todos os crentes são tentados e cada um é tentado individualmente no seu ponto mais fraco. (2) A tentação brota do coração corrompido do homem (Jr 17.9; Mt 15.19). Cada um é atraído e seduzido, por seu próprio desejo perverso, tal como um peixe ao ser pescado. Somos atraídos por aquilo que Deus proíbe. (3) A tentação é semelhante a uma gestação. Ela é um processo tal como a concepção de um ser vivo: cobiça + atração e sedução = dá a luz ao pecado = que resulta em morte (Rm 6.23). A tentação em si não é pecado, mas uma proposta para o pecado. Jesus foi tentado em todas as coisas, mas não pecou, e está pronto a socorrer os que a sofrem (Hb 2.18; 4.15). Pelo fato de estarmos em comunhão com Deus, somos tentados a pecar. Mas, com a ajuda de Deus, podemos vencer a tentação (1Co 10.13). Jesus intercede por nós quando estamos sob tentação (Lc 22.31,32; Jo 17.15). 2. AS FONTES DA TENTAÇÃO A Bíblia nos ensina que as tentações nos vêm de três fontes principais: Nossa natureza pecadora (carne). A palavra “carne” é usada no Novo Testamento para descrever a nossa fragilidade física e moral (Mt 26.41; Rm 6.19), indicando a nossa natureza carnal e a nossa propensão para o pecado (Rm 7.5,18,25; Gl 5.13). Ela é responsável pelas nossas paixões e desejos carnais (Ef 2.3). E após a nossa conversão, há uma luta interna, entre a nossa carne (desejos pecaminosos) e o Espírito Santo que habita em nós: Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer (Gl 5.17). Somos tentados continuamente a satisfazer a nossa carne. Ela é o nosso ponto fraco. Sociedade sem Deus (mundo). O mundo é a sociedade que se opõe a Deus através dos seus valores morais e a sua maneira de viver. Convivemos nesta sociedade. Somos tentados a pensar e agir não de acordo com a Palavra de Deus, mas conforme os valores dessa sociedade mundana. Mas, a Bíblia é clara: Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo; se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele (1Jo 2.15). O mundo quer fazer a nossa cabeça (Rm 12.2), mas devemos resistir a essa tentação (Tg 4.4; 1Tm 6.10). Satanás ou o Diabo (espiritual). O Diabo é uma fonte espiritual de tentações. Ele é o Tentador dos crentes (1Ts 3.5). Ele arma ciladas com o intuito de prejudicar o crente (Ef 6.10-12). Ele é o autor da queda original e o responsável pela queda de muitos servos de Deus (1Cr 21.1). Ele é astuto, presunçoso, orgulhoso, perverso, maligno, sutil, enganador, furioso e covarde. Devemos ficar espertos contra ele (2Co 2.11) e sempre resisti-lo (Tg 4.7; 1Pe 5.9). Resumindo este ponto: “O Diabo pode nos tentar, a carne pode nos tentar, o mundo pode nos tentar, mas somos nós mesmos que pecamos, e o pior de tudo, somos nós mesmos que sofremos as consequências do nosso pecado”. 3. AS ESTRATÉGIAS PARA VENCER A TENTAÇÃO A tentação é permitida por Deus ao crente com o objetivo de testá-lo e aprová-lo. Ela pode ser vencida com os recursos que Deus nos fornece. Podemos obter vitória sobre as tentações com as seguintes estratégias: Vigilância e oração. Jesus ordena-nos: Vigiai e orai, para que não entreis em tentação (Mt 26.41). A vigilância permanente e a oração incessante são armas indispensáveis para se vencer as tentações. Ore para não cair em tentação (Mt 6.13). Vigie para não tentar aos outros (Rm 14.13). Enfrente a tentação com a Palavra de Deus. A Bíblia é a espada do Espírito Santo. Ela é arma de ataque e de defesa. Jesus utilizou a Palavra para resistir ao Diabo (Mt 4.1-11). O salmista nos ensina o segredo: Guardo no coração as tuas palavras para não pecar contra ti (Sl 119.11). A Palavra de Deus é viva e eficaz na luta contra as tentações (Hb 4.12,13). Fuja da tentação pelo escape que Deus lhe dá. Deus promete um escape para cada tentação: Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar (1Co 10.13). Ele sempre nos dará uma saída. Ele é fiel. Evite os caminhos da tentação. Precisamos aprender a fugir da tentação: Foge, outrossim, das paixões da mocidade (2Tm 2.22). ão devemos nos expor ao pecado como se fôssemos fortes e pudéssemos vencê-lo a qualquer momento.Não se exponha ao pecado (Rm 13.14). Evite os caminhos da tentação (Pv 4.14,15). Busque a plenitude do Espírito. Somente pelo poder do Espírito podemos resistir e vencer as tentações. A ordem divina é: Enchei-vos do Espírito (Ef 5.18). Vista a armadura de Deus e lute no poder do Espírito Santo (Ef 6.10-20). CONCLUSÃO Ser tentado não é uma opção do crente, mas uma realidade que precisa ser enfrentada na vida espiritual. Para vencermos as tentações precisamos utilizar os recursos espirituais que Deus nos disponibiliza. Não confie em si mesmo. Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia (1Co 10.12). Estudo 10 Texto Básico: Efésios 5.17 COMPREENDENDO A VONTADE DE DEUS INTRODUÇÃO Você é um novo discípulo de Jesus. E agora você não viverá mais de forma independente, mas para fazer a vontade de Deus. A Bíblia ensina que Deus age de acordo com os seus planos. Ele ordenou tudo o que acontece, soberanamente, conforme a sua vontade (Is 45.6,7; Sl 115.3; Rm 11.33-36). Há três dimensões dessa vontade divina: (1) Vontade universal – os planos de Deus para a História. (2) Vontade coletiva – os planos de Deus para o seu povo ou para a sua igreja. (3) Vontade de Deus individual – os planos de Deus para uma pessoa específica. Uma parte da vontade de Deus está revelada nas Escrituras, de forma clara e inequívoca (Sl 19.7-14; 2Tm 3.14-17). Ela está revelada para ser obedecida e não questionada: As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei (Dt 29.29). As coisas encobertas, porém, pertencem a Deus. O nosso desafio é conhecer e compreender a vontade de Deus, por meio da sua Palavra, principalmente, a Sua vontade específica. Por exemplo: Com quem vou me casar? Eu sei que Deus já pensou no assunto e Ele deseja o melhor para mim (Is 26.8). Mas, como saber a vontade de Deus? O nosso texto básico diz: Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor (Ef 5.17). 1. MITOS E VERDADES SOBRE A VONTADE DE DEUS Já sabemos que a vontade de Deus pode ser geral e particular. Geral quando a Sua vontade é para todos os seus filhos (1Ts 4.3) e particular quando a Sua vontade é específica para um filho (At 9.15,16). Quatro mitos sobre a vontade de Deus: Deus quer que você conheça o futuro. O maior equívoco que um cristão pode cometer é achar que Deus lhe revelará o futuro. Deus quer nos ensinar a Sua vontade, passo a passo. Abraão, quando foi chamado por Deus, obedeceu e foi para uma terra que receberia por herança, mas, pela fé, ele partiu sem saber para onde ia (Hb 11.8). Ele conheceu a vontade de Deus, dia a dia, andando com o Senhor. Não se iluda. Deus pede para você decolar, mas não lhe entrega o plano de voo. Deus quer que você tenha cem por cento de certeza antes de tomar a decisão. Muitos cristãos acham que precisam ter 100% de certeza para tomar uma decisão. Sofrem de uma espécie de “síndrome de Gideão” (Jz 6.36-40). Sabemos que a vontade de Deus se cumpre em meio às lutas, provações e incertezas. Paulo, após várias tentativas, impedido pelo Espírito Santo, recebeu a visão de um homem: Passa à Macedônia e ajuda-nos (At 16.9). Então, ele junta os fracassos anteriores com a visão e conclui: Assim que teve a visão, imediatamente, procuramos partir para aquele destino, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciar o evangelho (At 16.10). Há decisões que você precisará tomar que nunca terá certeza total. Nesses momentos precisará decidir e descansar nas promessas do Senhor (Pv 3.5,6). Deus dificulta o conhecimento da sua vontade. Outro mito é que a vontade de Deus é difícil de ser descoberta. Se ela existe, é muito difícil de conhecê-la. Mas, observamos na Bíblia, que Deus está mais empenhado em mostrar-lhe a Sua vontade do que você em conhecê-la. Instruir- te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas te darei conselho (Sl 32.8). Deus revela a Sua vontade a qualquer pessoa que esteja disposto a realizá-la. Ele está pronto, pessoalmente, a lhe ensinar o caminho que você deve seguir. Não é o caminho que você quer, mas o que você deve seguir. Lembre-se de três verdades: Ele permite você decidir (Sl 81.10-16); Ele lhe dá sabedoria e discernimento para decidir (Tg 1.5); e Ele lhe dará desejo e força para fazer a vontade dEle (Fp 2.13). Deus tem uma vontade complicada. A maioria dos cristãos é desconfiada com Deus. Acham que a vontade de Deus vai trazer sofrimento e frustrar os seus planos pessoais. É por isso que muitos não querem conhecer a vontade de Deus. A Bíblia ensina o contrário. A vontade de Deus é boa, perfeita e agradável (Rm 12.2). Deus tem o melhor para você. Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais (Jr 29.11). Observe que Deus pensa em você e tem planos para sua vida. Deus pensa o melhor para você com o objetivo de agradá-lo. É como diz o salmista: Agrada-te do Senhor, e ele satisfará os desejos do teu coração (Sl 37.4). 2. COMO COMPREENDER A VONTADE DE DEUS Depois que ficamos sabendo que Deus tem um plano para cada pessoa e que este plano é bom, perfeito e agradável, precisamos conhecer esse plano. Como compreender a vontade de Deus para a minha vida pessoal? Há três requisitos básicos para compreendermos a vontade de Deus: Estudar a Bíblia. Se você quer conhecer a vontade de Deus para a sua vida comece estudando a Palavra de Deus. A Bíblia é a vontade revelada e escrita de Deus para os homens. Ela é útil para o nosso ensino, repreensão, correção e educação divina. Ela funciona como uma espécie de manual da vontade de Deus. Ela traz princípios de orientação para cada área da nossa vida (relacionamentos, comportamentos e empreendimentos). Precisamos é ter coragem para obedecer à orientação revelada (Js 1.7; 1Jo 3.22). Ela também funciona como lâmpada e luz: Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos (Sl 119.105). Ela ilumina a nossa mente e abre os nossos olhos dando-nos sabedoria e discernimento, para decidirmos assuntos difíceis. Orar especificamente pelo assunto. Pelo estudo da Palavra, Deus fala conosco. Pela oração, falamos com Deus. E para conhecer a vontade de Deus precisamos orar pedindo que Ele nos revele a Sua vontade: Então, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração (Jr 29.12,13). A oração baseada no estudo da Palavra é o meio estabelecido por Deus para conhecermos a Sua vontade. O profeta Isaías diz que o desejo da nossa alma está na memória de Deus (Is 26.8). Jesus nos incita: Pedi, e dar-se- vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á (Mt 7.7,8). “A oração é um instrumento poderoso não para fazer com que a vontade do homem seja feita no céu, mas para fazer com que a vontade de Deus seja feita na terra” (Robert Law). Aconselhar-se com pessoas maduras. Decisões erradas são tomadas porque foram baseadas em informações erradas ou por ausência de bons conselhos. Salomão nos adverte: Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança (Pv 11.14). Decisão com segurança é resultado de conselhos sábios. Deus usa pessoas para aconselhar outras a tomar decisões sábias (Êx 18.17-27; Tt 2.3-5). Seja humilde e ouça a opinião de pessoas experientes e sensatas. Muito sofrimento pode ser evitado quando ouvimos conselhos de pessoas que nos amam. CONCLUSÃO O projeto principal de Deus para os seus filhos é torná-los à semelhança de Jesus (Rm 8.29). Ser feliz é viver no centro da vontade de Deus. Sucesso é viver cada dia o projeto que Deus tem para você (Sl 139.16). Estudo 11 Texto Básico: Hebreus 10.25 COMPROMISSO COM A IGREJA INTRODUÇÃO É possível ter uma vida espiritual produtiva sem integrar-se a uma igreja? É possível estar em