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As psicoterapias breves como abordagem psicoterápica

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As psicoterapias breves como abordagem psicoterápica
Prof. Pedro Vítor Souza Rodrigues
Descrição
A compreensão dos precursores, funcionamento e ética de processos
psicoterapêuticos breves e suas aplicações a contextos específicos,
como na clínica com crianças, adolescentes, casais, família, hospitais e
mediação de conflitos.
Propósito
Os conhecimentos sobre a psicoterapia breve e seus recursos são
fundamentais para capacitar profissionais no sentido de lidar com
questões agudas ou específicas, ligadas a fases da vida ou a quadros
psicopatológicos e emergenciais, projetando avaliações dinâmicas,
planejamentos focais e intervenções efetivas.
Objetivos
Módulo 1
Origens da psicoterapia breve
Reconhecer as origens, precursores e conceitos básicos em
psicoterapia breve.
Módulo 2
Modelos atuais e aplicações de psicoterapia
breve
Identificar o desenvolvimento atual da psicoterapia breve e campos
de aplicação.
Módulo 3
Orientações práticas de psicoterapia breve
Analisar as indicações ou não de psicoterapia breve, suas diretrizes e
fases básicas, os procedimentos de avaliação e intervenção,
preservando a postura ética.
Introdução
Muitos sofrimentos requerem atuações objetivas de tratamento.
Costumamos dizer que “o sofrimento não pode esperar”. Os
pacientes podem ficar apreensivos para resolverem seus
conflitos e questões, mas temerosos com psicoterapias de
término imprevisível.
Nesse sentido, os psicoterapeutas podem trabalhar com
processos focais, recortando partes do discurso do paciente para
formular objetivos claros e alcançáveis. Assim, novas
implementações de curto prazo podem animar aquele que busca
por ajuda psicológica.

Por meio da psicoterapia breve, crianças e adolescentes podem
ganhar com o suporte psicológico para suas fases de
desenvolvimento. Casais e famílias podem resolver seus diversos
conflitos interpessoais. O tempo curto e pressão contextual de
unidades hospitalares e processos jurídicos também podem ser
manejados com intervenções breves.
Por isso, vamos estudar as principais bases conceituais de
psicoterapia breve, as indicações e as contraindicações, o que se
deve observar e investigar na fase de avaliação, como planejar
objetivos alinhados ao foco terapêutico, a integração de técnicas
para transformações mais efetivas, tudo dentro de um processo
com alta provavelmente em prazos curtos.
1 - Origens da psicoterapia breve
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as origens, precursores e conceitos
básicos em psicoterapia breve.
Histórico da psicoterapia breve e
seus precursores
Podemos dividir a história da saúde mental em quatro revoluções da
psiquiatria:
 Primeira revolução psiquiátrica
Foi um movimento em que até o século XVIII, as
doenças mentais eram identificadas a partir de
critérios socioculturais muito imprecisos. Com a
escola francesa de Phillipe Pinel, foram elaboradas
regras de funcionamento hospitalar, enfatizando o
cuidado dos doentes mentais.
 Segunda revolução psiquiátrica
Ocorreu a partir da psiquiatria alemã, por meio do
trabalho de Emil Kraepelin (1856-1926), entre os
séculos XIX e XX, desenvolvendo a psiquiatria
moderna. Foram levantadas hipóteses etiológicas
biológicas e um novo sistema diagnóstico, que
consistiu em identificar os principais aspectos dos
transtornos mentais e descrever o curso natural da
doença, utilizando o método estatístico. Kraepelin
formulou e divulgou importantes contribuições
sobre psicose maníaco-depressiva (atual transtorno
afetivo bipolar) e demência precoce (atual
esquizofrenia).
Na segunda metade do século XX, a relação íntima entre a psicanálise
clássica e a psiquiatria clássica foi questionada com a crítica da
revolução científica ao modelo tradicional psicanalítico com seus
tratamentos longos. Assim, surgiram diversas abordagens
psicoterapêuticas com o objetivo de potencializar a ação da
psicoterapia.
Nesse âmbito, percebemos um direcionamento a modelos de
psicoterapias breves em oposição às tradicionais de longo prazo, como
mostrou o advento das psicoterapias cognitivas e comportamentais.
As psicoterapias breves foram impulsionadas por diferentes fatores,
como:
 Terceira revolução psiquiátrica
Inaugurou com a instituição do movimento
psicanalítico, liderada pelo psiquiatra Sigmund
Freud, no final do século XIX, introduzindo os
conceitos de inconsciente e sexualidade, que
revolucionaram a compreensão da mente humana.
Ao longo do século XX, surgiu o movimento de
antipsiquiatria, questionando as doenças mentais
como domínio da medicina, criticando a validade do
sistema diagnóstico psiquiátrico que parecia mais
rotular e estigmatizar os indivíduos. Impulsionando,
portanto, a necessidade de maior cientificidade no
estudo das realidades de adoecimento mental.
 Quarta revolução psiquiátrica
Iniciou na década de 1970, levando à publicação do
DSM-3, em 1980. Impulsionando uma psiquiatria
focada na descrição objetiva das classificações das
doenças mentais e generalizando esses critérios
para que os diferentes profissionais pudessem
diagnosticar ao mesmo tempo que mantivessem
suas abordagens particulares.
O fato de pesquisas científicas estabelecerem tempos limitados
para desenvolverem estudos, em função da dificuldade de sustentar
longos períodos de pesquisa.
A resistência de pacientes com o longo tempo de tratamentos que
requerem mais recursos, disponibilidade, dinheiro e envolvimento
com um processo sem previsão de término.
As exigências de planos de saúde para métodos mais rápidos.
O impacto da Segunda Guerra Mundial e seus efeitos devastadores
que ampliaram exponencialmente as demandas de cuidado. Cabe
ressaltar que, após esse período, houve um importante aumento
pela necessidade de cuidados psicológicos.
No entanto, a primeira geração de psicoterapia breve pode ser
encontrada no pioneirismo de Freud e seus seguidores, que realizavam
tratamentos curtos nos primeiros anos da psicanálise.
Um marco na literatura de psicoterapia breve é o livro
dos psicanalistas F. Alexander e T. French, publicado
em 1946, apresentando o conceito de experiência
emocional corretiva, que visa à correção de relações
infantis, frustrando uma possível dependência do
paciente em relação ao terapeuta. Levando a pessoa a
abandonar posições infantis em direção a uma
adaptação adulta.
Por isso, consideramos F. Alexander como fundador da psicoterapia
breve. Já S. Ferenczi, discípulo de Freud, é considerado como o pai da
psicoterapia breve, porque propôs técnicas ativas para abreviar a
psicanálise clínica, focalizando mais a atualidade do paciente do que
suas experiências do passado, adaptando o tratamento ao paciente. E o
conceito de foco terapêutico, de D. Malan, central nas abordagens
breves, caracteriza a segunda geração, juntamente com os autores P.
Sifneos e H. Davanloo.
Posteriormente, inaugurando a terceira geração de psicoterapia breve,
apareceram os primeiros manuais de tratamento, que especificaram as
etapas do processo terapêutico breve, tendo como referência os
trabalhos de Luborsky, com sua técnica expressiva, e a psicoterapia
dinâmica de Strupp e Binder.
Esses autores se preocupam mais com a importância da experiência, do
aqui-e-agora, priorizando a relação terapêutica e os padrões de
relacionamento que o indivíduo estabelece. Evitando uma abordagem
muito confrontativa e colocando o profissional como observador
participante.
As origens da psicoterapia breve
Neste vídeo, você aprenderá sobre as quatro revoluções da saúde
mental e o surgimento da psicoterapia breve com o objetivo de
potencializar a ação da psicoterapia após a Segunda Guerra Mundial e
suas implicações.

Caracterização geral das
psicoterapias breves
O que faz esse modelo de psicoterapia ser breve é a sua abordagem
focal. Ou seja, ela permanece focada na queixa ou conflito trazido pelo
cliente, tendo como meta ajudá-lo a buscar soluções em um tempo mais
breve possível. Portanto, o que define a brevidade é o foco.Cada autor pode sugerir uma nomenclatura específica para a sua
modalidade de psicoterapia breve, como também ela pode ser nomeada
de: psicoterapia de tempo limitado, psicoterapia de objetivos limitados,
psicoterapia focal ou psicoterapia limitada. Ela foi criada em um
contexto psicanalítico, porém não é um método exclusivo de
psicanalistas.
A psicoterapia tradicional é caracterizada por um processo de avaliação
e tratamento psíquico que pode durar meses ou anos, dependendo das
questões do paciente. Já a psicoterapia breve reestrutura a questão da
temporalidade dos processos terapêuticos.
A psicoterapia breve tem um enfoque muito mais específico, ou seja,
não tem o objetivo de avançar em processos muito profundos, como
questões da infância, e não pretende fazer uma investigação detalhada
da vida do paciente como um todo.
Comentário
A ideia de que um processo mais rápido é mais eficiente não é
sustentável, pois algumas questões são realmente complexas e essas
podem requerer uma psicoterapia contínua ou mais longa.
As modalidades breves podem receber demandas mais pontuais. Nesse
caso, o terapeuta não vai considerar questões paralelas que não tenham
a ver com a demanda específica. Vejamos algumas situações:
Outro traço importante é que a psicoterapia breve tem quantidade de
sessões limitada, contando com um processo de início, meio e fim
previsto. Talvez dez, quinze ou trinta sessões, e, em média, até 6 meses
ou 1 ano de tratamento.
 Preparar-se para uma apresentação no
colégio ou na faculdade
 Ansiedade para uma entrevista de emprego
ou para realizar uma prova de concurso
 Fatores especí�cos de estresse
 Con�ito de relacionamento
A ideia de uma psicoterapia breve não significa que é uma psicoterapia
curtinha, pois isso depende da abordagem teórica do profissional e do
nível de complexidade da problemática do paciente. O conceito de
“breve” significa que há um prazo ou tempo limitado de sessões.
De forma colaborativa, o psicoterapeuta e o paciente definem o contrato
terapêutico. Isto é, quais são os objetivos daquele tratamento? Ou o que
se espera alcançar com a psicoterapia?
Resumindo
A psicoterapia breve pode ser aplicada no contexto individual, infanto-
juvenil, conjugal, grupal, familiar, com idosos, em consultórios, hospitais
e instituições diversas. Por vezes, a situação-queixa impõe prazo e
recomenda-se imediatamente psicoterapia breve, como em casos de
uma decisão inadiável, viagem, cirurgia, mudança de cidade, iminência
de morte, ou doença grave.
Características das psicoterapias
breves
Neste vídeo, você verá um contraste entre as características gerais da
psicoterapia breve e a abordagem tradicional, destacando a relação da
breve com a situação-queixa apresentada.

Conceitos fundamentais e gerais de
psicoterapia breve
Quando o processo terapêutico combina o ego maduro racional e
observador do paciente com as capacidades do terapeuta de cuidar,
acolher e respeitar, uma aliança terapêutica é formada. Dentro dela, o
paciente pode expressar seus pensamentos e sentimentos mais
íntimos, seguro de que seus sistemas de valores serão respeitados, já
que pode ser constrangedor inicialmente o paciente chegar com
questões íntimas e se deparar com um profissional estranho
afetivamente. Por isso, é preciso construir um vínculo de confiança para
permitir que o trabalho seja realizado.
Esse vínculo estimula também o paciente a uma participação ativa no
seu processo, a fim de conseguir mudanças mais eficazmente. O
paciente se apresenta com motivação e expectativa nesse trabalho
colaborativo que pretende ser de duração mais curta, posição frente a
frente e de constantes retroalimentações (feedback), que favorecem
insights e intensas experiências.
Ainda, para orientar um trabalho clínico breve, um arranjo de conceitos é
importante para dar um contorno às sessões, como veremos a seguir.
Começando pelo conceito de “situação-problema”, que reúne os fatos
manifestos e os sintomas que levaram a pessoa à consulta. Ou seja, o
que a pessoa levou ao atendimento. E, a partir do relato dela, podemos
encontrar também “pontos de urgência”, ou seja, sintomas que ela
expressa e têm chamado a atenção, como falta de sono, medo,
angústia. Após, esta primeira fase, temos uma outra importante:
A “avaliação psicodinâmica”, que é o processo de
análise das situações internas e estrutura de
personalidade do paciente, pois as pessoas podem
levar demandas amplas, complexas, de processos
crônicos de vida que não se acomodam ao trabalho de
psicoterapia breve. Além disso, verifica se o indivíduo
tem um ou mais focos, se há alguma contraindicação
para aderir ao tratamento nessa modalidade ou se será
necessário realizar encaminhamento multidisciplinar
ou para terapias mais longas.
Em toda essa fase de avaliação, é essencial o conceito de foco, que se
refere ao conteúdo delimitado que será trabalhado no processo
constituído a partir do exame inicial e planejamento terapêutico. Além
de ser o ponto de convergência das atenções do terapeuta, é também o
tema central da questão do paciente que pode favorecer o reequilíbrio
psíquico.
Foco é um “recorte” no conteúdo trazido pelo paciente. O foco
estabelece uma postura de buscar seletivamente todas as possíveis
relações existentes na questão do paciente. Por outro lado, evitar
qualquer outro conteúdo que possa desviar o processo dessa meta, por
mais interessante que sejam outras questões.
O foco pode ser, por exemplo:
Os sintomas;
As defesas;
A crise;
A relação objetal;
Um traço de caráter (como a mentira);
Um conflito familiar ou no trabalho;
A questão edípica (por exemplo, um homem que acredita que
precisa encontrar uma esposa como a mãe).
Abordando ainda as queixas iniciais, podemos acessar:
O con�ito focal
Refere-se às
experiências atuais de
sofrimento.
O con�ito nuclear
Corresponde às
experiências mais
profundas e históricas.
O trabalho clínico breve se concentra na resolução do conflito focal –
critério de alta terapêutica. Evidentemente, resultados melhores podem
ser alcançados quando acessamos elementos do conflito nuclear ou
primário.
Entretanto, é claro que a psicoterapia breve não pretende ser superficial
ou se limitar à cura sintomática, pois espera que mudanças no conflito
focal levem indireta ou indiretamente a mudanças em outras áreas da
personalidade do paciente. É como em um jogo de sinuca, em que, com
uma única tacada em uma bola, esse movimento acabe impulsionando
outras bolas.
Sobre avaliação e planejamento, é central que o exame psicodinâmico
seja apoiado em uma teoria bem fundamentada, capaz de explicar a
personalidade humana, fomentar a elaboração de hipóteses e favorecer
a delimitação do foco do processo terapêutico.
A avaliação acontece por meio de entrevistas e da
utilização de testes psicológicos, e a expectativa é de que
essa hipótese inicial seja mudada com a evolução da
psicoterapia.

Claro que outras necessidades podem surgir ao longo da psicoterapia e
o planejamento precisa ser flexível. Ainda que os objetivos
fundamentais permaneçam essencialmente inalterados, as estratégias e
táticas que serão empregadas nas sessões podem ser modificadas.
Pensando nisso, o conceito de “enquadramento” é que conclui o
trabalho que precisa ser oferecido a partir da avaliação, veja com mais
detalhes a seguir:
“Psicoterapia breve de
apoio”
O enquadramento, neste
caso, ocorre quando a
pessoa tem um foco
apenas.
“Psicoterapia breve de
processo”
O enquadramento, aqui,
ocorre quando a pessoa
tem mais de um foco.
Feita a avaliação e delimitação do foco terapêutico, o trabalho pode ser
conduzido para gerar “experiências emocionais corretivas” (conceito de
Alexander e French), que são processos que integram o indivíduo como
um todo em seus fatores cognitivos, emocionais, volitivos e motores.
Comentário
A ideia é que o paciente revivencie suas dificuldades emocionais do
passado dentro da relação terapêutica e em circunstâncias favoráveis,experimentando uma forma mais ajustada, mais funcional e menos
intensa do que na experiência traumática original.
Naturalmente, uma relação terapêutica de segurança, acolhimento e
confiança tem o poder de ofertar inúmeras experiências emocionais
corretivas. Mas os psicoterapeutas breves consideram que essas
experiências também ocorrem frequentemente no cotidiano, acelerando
a promoção da saúde mental.
Conhecendo a psicoterapia breve
Neste vídeo, você verá como se caracteriza a psicoterapia breve,
apresentando a importância do foco, destacando a centralidade do
vínculo de confiança, situação problema, pontos de urgência, a


expectativa de mudanças no conflito focal, avaliação, enquadramento e
planejamento.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Diversos autores e contribuições estão registrados na história das
psicoterapias breves. Nesse âmbito, cada proposta recebeu
conceitos, diretrizes e nomenclaturas diferentes. Contudo,
considera-se que dois autores foram o fundador e o pai da
psicoterapia breve. Quem são eles, respectivamente?
Parabéns! A alternativa E está correta.
Consideramos F. Alexander como fundador da psicoterapia breve e
S. Ferenczi como o pai da psicoterapia breve. Klein e Winnicott
A Klein e Winnicott.
B Pavlov e Skinner.
C Seligman e Hayes.
D Piaget e Wallon.
E Alexander e Ferenczi.
participaram das gerações de psicoterapeutas breves, enfatizando
o trabalho com crianças. Pavlov e Skinner foram autores ligados à
teoria comportamentalista. Seligman e Hayes são autores de
fundamentação cognitivo-comportamental. Piaget e Wallon foram
autores de psicologia do desenvolvimento.
Questão 2
Psicoterapia breve não significa um processo acelerado, superficial,
ineficaz ou incompleto. Essa modalidade terapêutica pretende
oferecer uma estrutura eficaz e adaptável ao paciente. Um conceito-
chave que fundamenta a ideia de “brevidade” é
Parabéns! A alternativa B está correta.
O que justifica a brevidade dos processos clínicos dessa
modalidade é a sua abordagem focal na queixa ou trazida pelo
cliente, evitando desvios e com o objetivo de buscar soluções em
um tempo mais curto. Condicionamento e treinamento
comportamental são conceitos da terapia comportamental.
Inteligência é apenas uma faculdade cognitiva ou função do ego. A
ludicidade é uma abordagem para intervenções, especialmente com
crianças.
A o condicionamento.
B o foco.
C o treinamento comportamental.
D a inteligência.
E a abordagem lúdica.
2 - Modelos atuais e aplicações de psicoterapia breve
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car o desenvolvimento atual da psicoterapia
breve e campos de aplicação.
Os modelos atuais em psicoterapia
breve
As psicoterapias psicodinâmicas breves modernas podem ser divididas
em três modelos: o estrutural, o relacional e o integrativo. A seguir,
apresentaremos os dois primeiros modelos:
1. Modelo estrutural
No modelo estrutural, temos 3 autores principais:
Sua perspectiva foi estabelecer uma hipótese psicodinâmica
inicial a partir de entrevistas e testes, ou seja, identificar o
conflito primário que pode ser ressignificado na experiência atual
do paciente. Sua psicoterapia focal acentua a necessidade da
interpretação – o terapeuta desvenda os significados das
palavras e ações do paciente. Rebatendo a ideia de que a
interpretação poderia fomentar dependência. Pelo contrário,
entende que a interpretação deve ser feita desde o início e com
frequência. Como também deve conduzir a separação entre
terapeuta e paciente em função do término do processo.
Malan 
Também há a expectativa de que os resultados terapêuticos
sejam realmente significativos e não apenas resumidos à
remissão de sintomas ou solução de situações de crise. Acredita
que transformações duradouras podem acontecer até em
quadros graves de personalidade.
Por fim, entende que é na interpretação que se funda a
psicoterapia e chega até a desencorajar a associação livre
psicanalítica. Para conservar o parâmetro focal, sugere mais a
atenção seletiva do que a atenção flutuante proposta por Freud,
preferindo se concentrar nos conteúdos mais diretamente
ligados ao objetivo daquele trabalho. Isso pode elevar a
compreensão do paciente sobre si mesmo, compreendendo
como vários fatores vivenciados ao longo da vida e no aqui-
agora estão relacionados a um único conflito central. Portanto,
um bom prognóstico depende da possibilidade de focalização,
da motivação do paciente e da qualidade das interpretações. É
estipulado um prazo máximo de quarenta sessões.
Sua perspectiva foi desenvolver uma abordagem paralelamente
para reparar problemáticas de origem edipiana. Nessa visão, o
terapeuta adota uma postura ativa para o paciente se defrontar
com seus conflitos, deixando a neutralidade. Fundamenta-se na
teoria psicanalítica, mas propõe que o terapeuta seja pedagógico
com o paciente. Também não sugere associação livre. Indica que
o processo terapêutico deve durar entre 12 e 18 sessões e que o
bom prognóstico depende da motivação do paciente e de um
problema focal centrado edipicamente, evitando que a neurose
de transferência ocorra.
Sifneos 
Sua perspectiva foi propor também uma técnica ativa e
confrontativa, que mantém o foco e depende de uma firme
relação terapêutica, pois pode gerar hostilidade no paciente.
Nomeou sua abordagem de Psicoterapia Dinâmica Breve
Intensiva.
A crítica que esses autores receberam é de que, muitas vezes, o
terapeuta pode cair em uma atitude autoritária, elevando as resistências
do paciente. Como se o terapeuta conseguisse supostamente enxergar
o mundo ou interpretar a realidade sem distorções e que na
transferência o paciente tem a oportunidade de alcançar também essa
capacidade.
2. Modelo relacional
No modelo relacional, os principais autores são M. Klein, Fairbairn e
Winnicott, os quais produziram mudanças filosóficas que impactaram a
psicanálise, reformulando a teoria da personalidade, psicopatologia e
técnica psicoterápica, como veremos a seguir.
Essas propostas não se concentram em um construto único para
direcionar o trabalho de forma focada. Elas aplicam o conceito de foco à
experiência, ao aqui-agora, permitindo múltiplos focos clínicos dentro de
um mesmo processo. Priorizam a relação terapêutica e o terapeuta
como observador participante. Agora, vamos conhecer com mais
detalhes as teorias desses autores:
Davanloo 
Criou uma técnica de psicanálise aplicada ao público infantil e
adicionou concepções à psicanálise, como a importância do
mundo interno – criado a partir das percepções do mundo
externo passando pelas ansiedades internas; a teoria das
posições – ou modos de funcionamento das relações com os
objetos e seus mecanismos de defesa; e o desenvolvimento
precoce do aparelho psíquico e os sentimentos primários de
amor e ódio do bebê.
Constituiu uma nova compreensão teórica da formação subjetiva
da personalidade, a partir da psicanálise, e como conflitos nesse
desenvolvimento concluem psicopatologias. Focalizando mais a
autoconservação e a busca pela relação com o outro, definindo a
relação objetal e o objeto libidinal, mudando a busca do prazer
para a busca do objeto pelo sujeito, como Freud teorizou.
Teorizou que o analista e o paciente são duas pessoas reais
dentro da sessão terapêutica, portanto, cada encontro
terapêutico é singular – um espaço único. Eles formam um par
analítico, como na relação entre uma mãe real que forma seu
bebê, considerando que o fator limite de tempo pode interferir
nessa relação inevitável.
Klein 
Fairbairn 
Postulou também que o bebê se funde à mãe e que tende a uma
progressiva separação. Além de rejeitar o conceito freudiano de
pulsão de morte, explicando a agressividade como resultante da
frustração ou privação.
O terapeuta utiliza a escuta psicanalítica para interpretar o material
inconsciente do paciente dentro de um processo de associação livre,
fundamentando-se consistentementenessa teoria. Porém, os modelos
relacionais sofreram a crítica por não se preocuparem tanto com a
técnica e pela dificuldade inicial em se enquadrarem em métodos de
pesquisa.
Os modelos estrutural e relacional em
psicoterapia breve
Neste vídeo, você aprenderá sobre os modelos estrutural e relacional da
psicoterapia breve, explicando quem são os representantes e quais as
particularidades de cada um.
Winnicott 

As tendências em psicoterapia breve
Avançando agora para a linha integrativa, é notável a tendência dos
últimos anos em integrar diferentes técnicas e conceitos de diferentes
escolas terapêuticas. Os profissionais têm considerado que a
psicoterapia deve ser adaptada ao paciente, não o contrário. E que não
existe uma única abordagem capaz de tratar todos os casos.
Existem modelos de psicoterapia breve sendo propostos a partir da
integração de fatores comuns às diferentes tradições psicoterápicas,
que podem explicar o sucesso terapêutico de diferentes trabalhos
clínicos. Também por meio de pesquisas apontando características do
vínculo terapêutico ou da situação terapêutica que favorecem a alta do
paciente.
Falar de integração não é uma defesa de um mero ecletismo técnico,
que mistura intervenções de forma indiscriminada. O ponto é evoluir
para uma flexibilidade interventiva em adaptação às necessidades do
indivíduo, estabelecendo uma orientação mais pragmática, voltada aos
resultados.
Dentro do modelo integrativo, temos a proposta de Mann: uma
psicoterapia com um limite de 12 horas, sendo que essa carga horária
pode ser flexivelmente ajustada em termos de frequência e duração de
seções. O terapeuta constrói uma relação empática não confrontativa,
interpretativa e que analisa resistências. Cuida também do momento de
alta, podendo refletir nos conflitos de dependência, passividade, perda
da autoestima e luto não resolvido. Porém, se o manejo dessa fase for
adequado, o paciente poderá internalizar o terapeuta, conquistando
mais um amadurecimento.
Teoricamente, Mann enfatizou a neurose do adulto em
desejar se unir a um objeto, mas, por outro lado, deseja
também se tornar uma pessoa independente. Esse
conflito é embasado na ligação emaranhada entre a
mãe e o bebê historicamente. Entretanto, sua proposta
foi criticada porque a sua visão teórica pareceu não
dar conta de todo tipo de conflito neurótico.
Também podemos citar Prochaska que, na década de 1990, denominou
sua proposta de psicoterapia transteórica, ou seja, uma terapêutica que
seja mais do que a soma de partes, analisando comparativamente os
maiores sistemas de psicoterapia.
A proposta integrativa também é alvo de críticas, alegando que o
profissional precisaria dominar conhecimentos amplos e complexos e
poderia ser complicado retirar conceitos de um contexto epistemológico
original – o perigo de ser muito eclético e pouco especializado.
Por outro lado, a integração nos livra de dogmatismos teóricos,
preocupando-nos mais com a necessidade de cada paciente do que
com uma vaidade intelectual de busca da verdade.
Podemos considerar também uma proposta de quarta geração de
psicoterapia breve que integra psicoterapia e farmacologia,
potenciando a brevidade e eficácia dos tratamentos clínicos.
Atenção!
Os psicofármacos podem beneficiar o paciente com o alívio
sintomático, melhor estado fisiológico para engajamento na
psicoterapia, facilitação da comunicação e de insights, regulação do
sono, apetite, libido, melhora do humor. Mas, se mal administrado e
compreendido, o medicamento pode ser equivocadamente idealizado
pelo paciente como um “salvador”, inibir a performance comportamental
ou disfarçar conflitos. Lembrando que nessa proposta o trabalho é
desenvolvido com a ajuda de um psiquiatra.
O modelo integrativo em psicoterapia
breve
Neste vídeo, você refletirá sobre o modelo integrativo e suas
particularidades na psicoterapia breve.
Psicoterapia breve com crianças e
adolescentes
O público infantil é caracterizado por uma maior dependência e,
portanto, maior necessidade da participação dos cuidadores ou
responsáveis no processo clínico. Knobel enfatiza que mudanças
cognitivas que levem à “informação verdadeira” pode aliviar a criança,
permitindo que ela altere as relações que estabelece com o mundo.
Em casos de crianças institucionalizadas, também pode focalizar o
objetivo de superar relações patológicas familiares, percebendo-se mais
como um indivíduo e transcendendo suas limitações adaptativas ao
contexto.

No contexto de psicoterapia breve, é esperado que a criança tenha
facilidade em estabelecer uma confiança básica; defesas egoicas
adequadas, isto é, que estejam flexíveis seus mecanismos de
autoproteção diante de perigos, ameaças ou exigências da realidade,
para ela não chegar hiper-resistente ao trabalho clínico; capacidade de
estabelecer vínculos rapidamente; e suficiente nível de motivação.
A psicoterapia breve infantil pode acontecer em cima da “área de
conflito mútuo”, que revela uma indiferenciação entre os pais e a
criança, e que se a estrutura a partir de projeções e identificações.
Examinando esses conflitos, podemos determinar o grau de
independência que a criança vai ter para ocorrerem mudanças.
Quanto mais a criança for dependente afetivo-emocionalmente, menos
indicada é a psicoterapia breve, pois os pais podem manter relações
saudáveis com o filho, amando-o incondicionalmente e permitindo a sua
individuação. Ou podem estabelecer historicamente relações
patológicas: de projetar no filho a criança que queriam ter sido; ou a
imagem da criança difícil que sentiram ser no passado e que não
queriam ter sido; ou a criança detestada que sentem ter sido e que foi
odiada pelos seus pais, encaminhando sentimento de rejeição ao filho,
culpa e agressividade.
Quanto mais projeções parentais intensas, menor a
individualidade da criança, menos indicada é a
psicoterapia breve.
Também é importante observar se o sintoma da criança exerce alguma
função na dinâmica familiar.
Nesse sentido, o efeito terapêutico pode ser encarado como negativo
aos olhos dos familiares, pois se os pais não tolerarem as implicações
derivadas das mudanças, isso pode mobilizar fortes conflitos
relacionais que precisarão de um tempo maior de elaboração. O sintoma
da criança também pode ser interpretado como um pedido de ajuda da
família.
Os cuidadores precisam ser acolhidos e não julgados, para não gerar
resistências ou ciúme da relação da criança com o terapeuta, que, por
sua vez, os auxiliará nos seguintes quadros infantis:
Dificuldade de aprendizagem;
Comportamentos birrentos ou agressivos;
Situações de ansiedade;
Depressão;
Tiques;
Dificuldades de sono ou alimentares;
Dificuldades de socialização ou de tolerância à frustração;
Hiperatividade;
Queixas psicossomáticas, como asma, doenças respiratórias,
dermatites e problemas gastrointestinais.
No caso de adolescentes, o terapeuta leva em consideração a extensão
de seu sofrimento e o nível de motivação para fazer algo a respeito de
sua vida atual. É uma fase de transição com múltiplas demandas –
construção de uma identidade, luto do corpo, do papel infantil e dos pais
da infância. A psicoterapia breve pode auxiliar o adolescente a lidar com
as dificuldades psicossociais dessa fase, tendo suas capacidades
reforçadas.
Os pais podem ser envolvidos para obter informações e gerar mudanças
em um tempo mais curto, aproveitando para regular as expectativas
com que eles levam o adolescente à psicoterapia. Inclusive para auxiliá-
los a assumirem essa nova fase como “pais de adolescente”.
Por exemplo, os pais podem relatar que o filho vem se comportamento
de forma rebelde e desejam que a psicoterapia o deixe mais
obediente/submisso. Entretanto, o trabalho clínico poderia ser
compreender as raízes dessa “rebeldia”, revisando também o sistema
familiar global e implementado mudanças em todos os membros, se
necessário.
Recomendação
A psicoterapia breve é indicada para prevenção de problemasprevisíveis
do desenvolvimento adolescente, para resolução de crises agudas e
para transtornos do ajustamento e alguns problemas neuróticos leves. É
uma abordagem atraente aos adolescentes porque percebem o
potencial de implementação de mudanças com relativa velocidade,
oferecendo novas e variadas relações com o mundo. No entanto, é
contraindicada em casos de psicoses, deficiência mental significativa,
necessidades de institucionalização e ausência de motivação.
Indicações e contraindicações da
psicoterapia breve com crianças e
adolescentes
Neste vídeo, você aprenderá sobre as indicações e contraindicações da
psicoterapia breve com crianças e adolescentes e seus processos mais
frequentes.

Psicoterapia breve com casais e
famílias
Os casais podem ser auxiliados na retomada do diálogo e a
desvendarem os motivos, necessidades emocionais ou sentimentos que
estão por trás dos seus conflitos, desencontros e divergências. Podem
também perceber rapidamente como as reclamações são a própria
projeção de si no outro.
A possibilidade de ter os cônjuges em psicoterapia pode favorecer o
tempo de trabalho clínico. A depender do caso, um pode se tornar
“coterapeuta” dos processos do outro no intervalo entre as sessões.
Aquele que já estiver pronto para mudanças, inicia o processo enquanto
o outro se prepara para acompanhar. Neste processo, a coleta de
informações é imediatamente favorecida também pela presença de
ambos.
Nesse contexto, a psicoterapia breve é indicada para casos de ciúmes,
infidelidade, comunicação rompida, relacionamentos abusivos,
desentendimentos em relação à criação dos filhos, dificuldades sexuais.
Então, um casal pode se encaminhar para um processo de restauração
da relação ou de dissolução/separação, buscando um processo menos
doloroso possível.
A família também atravessa etapas. Podemos visualizar, de modo geral,
um casal que se forma, depois possivelmente o nascimento do primeiro
filho, passando pela infância, adolescência, até o “ninho vazio” ou saída
dos filhos de casa, envelhecimento e morte dos pais. Ou seja, em cada
fase, há crises e desafios naturais de transformação. Quando essas
crises não são bem elaboradas, seus membros podem sintomatizar,
instalando um desajuste naquela organização grupal.
No âmbito familiar, todo o grupo é o paciente; e o
sintoma de um dos membros, considerado o “doente”,
revela um conflito comum. O terapeuta avalia o nível de
adaptação familiar do grupo e os mecanismos de
defesa presentes nessas relações. Os membros
precisam se sentir corresponsáveis pela queixa
coletiva, considerando também que a família é um
microssistema inserido em um contexto comunitário
mais amplo.
E a psicoterapia pode ser facilitada em termos de tempo em contextos
coletivos, pois há ganhos com a transferência grupal – em que a fala de
um afeta os outros. Assim, as demandas vão sendo transferidas entre
os membros.
O profissional acompanha a “dialética” constante, que precisa fluir entre
os membros para harmonizarem a convivência. Esse processo é
observado quando diante de conflitos os membros tendem a divergir –
cada um com suas opiniões, necessidades e vontades. Mas, precisam
em algum momento passar a convergir, por meio de concordâncias,
respeito à opinião alheia, ou renúncias. Todavia, podem ficar pendências
nessa negociação, voltando à divergência. Após se expressarem mais
profundamente, considerando também detalhes de suas posições, são
reconduzidos a uma convergência mais elaborada e realista.
Aplicações da psicoterapia breve com
casais e famílias
Neste vídeo, você conhecerá as indicações e contraindicações da
psicoterapia breve com casais e famílias.

Psicoterapia breve em instituições de
saúde e jurídicas
Uma vez que foco é um conceito central da psicoterapia breve, nos
hospitais, a focalização do trabalho está voltada ao processo de
internação e de adoecimento do paciente; e às repercussões da doença
e da hospitalização, minimizando o sofrimento do indivíduo e da família.
Nesse contexto, a psicoterapia breve focaliza a necessidade urgente de
reequilíbrio psicológico para pessoas que se veem limitadas fisicamente
ou tensas diante de cenários de morte.
Instituições de saúde
A variabilidade no tempo de permanência no hospital (alta hospitalar),
que é cada vez menor, não permite amplitude terapêutica, delimitando
um foco de trabalho voltado aos processos de adoecimento. Um
trabalho focado também tem a chance de se adequar mais à realidade
tumultuada de um hospital, em que a todo o tempo outros profissionais
e pessoas adentram aos espaços.
De modo geral, no ambiente hospitalar, o foco terapêutico é viabilizado
pela técnica ativa do terapeuta em intervir e prover feedback, não-
regressiva ao não realizar investigações profundas e históricas, com
ênfase na elaboração cognitiva e revivencial dos conflitos vigentes.
Agora, vamos conhecer diferentes contextos que os pacientes podem
estar inseridos, exigindo uma conduta específica do terapeuta:
O médico pode encaminhar demandas emocionais do paciente,
que pode apresentar preocupações pessoais, familiares ou
profissionais, dificuldade de aceitação do diagnóstico com
reações de inconformismo, negação, regressão, racionalização
ou raiva. O terapeuta auxilia o paciente a conviver com a doença
sem sofrimentos adicionais, em vez de lutar contra ela.
Os pacientes podem sofrer com a possibilidade de morte,
incapacidade de cuidar de si mesmos ou medo de invalidez.
Mesmo que não se estabeleça uma psicoterapia, essas
intervenções de emergência podem possibilitar que o paciente
externalize suas fantasias ou preocupações distorcidas,
recebendo um encaminhamento prontamente adequado.
Os pacientes podem se sentir agredidos pela rotina hospitalar,
além da perda do autocontrole e autocuidado, horários rígidos,
separação de familiares e amigos.
Ambulatório 
Emergência 
Enfermaria 
Instituições jurídicas
Outro contexto institucional é o espaço jurídico. A mediação de conflitos
foi criada nos tribunais de justiça para diminuir o número de processos
que chegam ao juiz.
Então, o profissional – que também conclui uma formação específica
para essa atuação – realiza a mediação chamando as duas partes que
estão em litígio, com a intenção de conduzir o diálogo e negociação das
partes para chegar a um acordo que tem valor judicial.
Vamos agora conhecer algumas técnicas que podem auxiliar nesse
processo:
É uma técnica que o trabalho da psicoterapia breve pode ser
aplicado nesse contexto, pois pretende ser focal na resolução de
problemas. Dessa forma, uma técnica útil é a escuta ativa –
estar extremamente atento e focado ao que a pessoa está
contando, o que inclui o conteúdo da fala, as emoções,
mecanismos de defesa, angústias.
Em uma situação de conflito, pode ser desafiador implementar
esse direcionamento porque as pessoas estão muito envolvidas,
com emoções relacionadas ao processo jurídico, com a tensão
de perder ou expectativa de ganhar. Em mediação de conflitos,
de maneira geral, as partes são entrevistadas separadamente em
um primeiro momento e depois são unidas.
Escuta ativa 
É uma técnica importante, pois a pessoa pode falar
euforicamente, misturando tópicos, carregada de emoções de
raiva, culpa, tristeza. O profissional precisa compreender o
discurso, organizar, “limpar” o excesso de emoções e devolver
para ela de forma organizada o que ela realmente pretende
comunicar.
Quando o profissional devolve o conteúdo agora organizado, há
um certo alívio de ser compreendido. Assim, as partes entendem
melhor o que estavam tentando dizer. Por exemplo, pais podem
estar brigando pela guarda do filho, mas pode ser derivado de
um problema não resolvido do casamento. Então, as duas partes,
ou uma, ficam esticando para outros pontos da separação que
ficaram pendentes.
É uma intervenção que consiste em fazer perguntas pertinentes
para entender melhor o conflito e buscar melhores soluções.
Examinado o que e quanto a pessoapode ceder para chegar a
um “meio do caminho”. Interrogar não é apenas fazer perguntas.
É investigar segundo objetivos.
É outra técnica, usada ao final da entrevista, quando o
profissional repassa o que foi dito, os tópicos esclarecidos e
analisados, e as soluções propostas. É uma técnica de reunião e
sistematização do encontro. Assim, as partes poderão ter uma
visão mais abrangente do conflito no espaço seguro e imparcial
da mediação.
Clarificação 
Interrogação 
Recapitulação 

Aplicações e intervenções da
psicoterapia breve no contexto
hospitalar e jurídico
Neste vídeo, você refletirá sobre as aplicações e intervenções da
psicoterapia breve no contexto hospitalar e jurídico.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A psicoterapia breve possibilita múltiplas aplicações, como no caso
de crianças. Esse público pode ser beneficiado em quadros de
dificuldade de aprendizagem, comportamentos agressivos,
depressão, ansiedade, tolerância à frustração, por exemplo. Para
viabilizar essa estrutura de atendimento, é esperado que a criança
A apresente defesas egoicas adequadas e flexíveis.
B chegue com o processo diagnóstico realizado.
C tenha pelo menos sete anos.
D aceite atendimento três vezes por semana.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Espera-se que a criança tenha defesas flexíveis, gerando menos
resistência para estabelecer vínculos rapidamente. Não precisa
chegar com diagnóstico, porque a psicoterapia breve também
realiza avaliações. Não existe faixa etária mínima ou quantidade
predefinida de sessões por semana, bem como a criança não
precisa ter sido atendida antes.
Questão 2
O contexto de mediação de conflitos também pode receber
intervenções de psicoterapia breve, uma vez que demanda
processos objetivos, rápidos e resolutivos. Entre as técnicas que
podem ser aplicadas nesse espaço, podemos citar
Parabéns! A alternativa B está correta.
A escuta ativa permite atenção plena ao conteúdo relatado,
independentemente das tensões contextuais do processo jurídico
ou do problema em questão. Já a clarificação permite organizar os
elementos do discurso das partes a fim de facilitar a compreensão
mútua. A reestruturação cognitiva e exposição com prevenção de
resposta são intervenções clássicas da terapia cognitivo-
E
tenha passado por algum atendimento
psicoterápico.
A reestruturação cognitiva.
B escuta ativa e clarificação.
C transferência e associação livre.
D recalque e pulsão.
E exposição com prevenção de resposta.
comportamental. Transferência, associação livre, recalque e pulsão
são conceitos psicodinâmicos da psicanálise freudiana.
3 - Orientações práticas de psicoterapia breve
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar as indicações ou não de psicoterapia breve,
suas diretrizes e fases básicas, os procedimentos de avaliação e intervenção, preservando a
postura ética.
Indicações e contraindicações de
psicoterapia breve
Podemos elencar algumas contraindicações para o uso da psicoterapia
breve. Por exemplo, no caso de pacientes com histórico grave de
tentativas de suicídio, dependência de drogas, alcoolismo crônico,
obsessividade crônica severa, fobia crônica severa, mecanismos
agressivos ou autodestrutivos, sérios quadros sociopáticos e psicoses.
A psicoterapia breve também pode ser dificultada na prática se houver
resistência em estabelecer um bom relacionamento terapêutico, se o
paciente tiver baixa motivação ao processo, na presença de questões
complexas ou arraigadas e no caso de episódios depressivos ou
psicóticos severos.
Por outro lado, a psicoterapia breve é fortemente indicada para
situações terapêuticas em que a queixa principal é bem circunscrita,
quando há motivação evidente para a mudança, capacidade de
expressar sentimentos, interação flexível com o terapeuta, capacidade
intelectual bem desenvolvida, honestidade ao relatar os dados da
própria vida, evidências de ter vivenciado interação afetiva no passado e
flexibilidade nas defesas do ego.
Também é indicada para quadros agudos, situações de emergência,
crises de ansiedade ou fóbicas, perturbações psicossomáticas de início
recente.
Re�exão
Para a população economicamente desfavorecida, muitas vezes, é a
única alternativa. Por exemplo, a psicoterapia breve pode ser
implementada em programas sociais, pacientes hospitalizados,
populações em situação de vulnerabilidade social ou de emergências e
desastres.
Diretrizes básicas e fases da
psicoterapia breve
Agora, vamos conhecer com mais detalhes as diretrizes da psicoterapia
breve:
A primeira diretriz objetiva é a de conexão e compreensão. O
terapeuta, inicialmente, não deve ficar preocupado sobre qual
ferramenta utilizar ou chegar a um quadro diagnóstico. É preciso
focalizar a relação terapêutica. Essa conexão é fundamental para
o paciente ampliar o seu nível de abertura e compartilhamento e
diminuir resistências. Isso traz uma sensação de bem-estar e
confiança entre o profissional e a pessoa que está sendo
atendida.
A aliança terapêutica é estabelecida por meio de uma escuta
atenta que propicie a pessoa a falar livremente sobre as suas
questões, sentindo-se ouvida, acolhida e validada diante de suas
emoções. É uma armadilha o profissional querer acelerar o
processo porque está propondo uma psicoterapia breve e ficar
tão fixado em encontrar um foco a ponto de negligenciar a
pessoa e as angústias que ficam nas entrelinhas do seu
discurso.
O profissional se coloca verdadeiramente ali, no momento, não
se preocupado como será o trabalho, mas em quem adentrou ao
seu consultório. Ele se aproxima do paciente com um olhar
contemplativo para aprender o que a pessoa está falando e, sem
julgamento, compreender o que ela está vivendo. Validar a
experiência dela não é externar se concorda ou não, mas
reconhecer sua vivência como legítima, genuína.
É primordial compreender a experiência subjetiva do paciente,
porque não vemos a realidade tal como ela é. Vemos a realidade
tal como somos, sob nossa perspectiva e experiência. Então,
entender quem é esse indivíduo e quais são suas características
particulares auxilia na compreensão de como ele processa suas
vivências e, portanto, que linha de intervenção pode ajudá-lo de
forma real.
Conexão e compreensão 
A segunda diretriz é examinar a hierarquia de valores do
paciente, porque ele pode, inicialmente, expor um problema que
se tornou uma dificuldade em função de uma evitação ou
pseudojustificativa que esconde outros valores até mais
importantes.
Por exemplo, a pessoa pode relatar ter dificuldade para falar em
público. A questão não é que ela não tenha a capacidade para
esse desempenho público ou que não saiba o que falar, mas ela
tem aversão a falhar em público. Naquele momento, ela está
priorizando a sua segurança emocional, para não ser
constrangida, humilhada ou criticada por uma audiência.
Ao examinar sua hierarquia de valores ou importâncias, ela pode
reconsiderar e passar a entender que a mensagem a ser
transmitida é muito mais importante do que um desconforto
emocional temporário e individual de estar nesse tipo de
situação.
A terceira diretriz é definir o problema de forma solucionável, de
modo que o problema é levado à dimensão dos fatores
controláveis. Caso o paciente, por exemplo, se queixe do seu
trabalho e do comportamento do seu gerente ou dos seus
colegas, ele pode ficar desamparado, pois conclui que não pode
decidir ou controlar as ações de terceiros.
A questão é sobre quais mudanças ele pode implementar ou
provocar no seu trabalho e que, sendo percebido pelos demais
colegas, podem influenciar a quem sabe mudar de
comportamento também.
Hierarquia de valores do paciente 
Definição do problema 
Muitas vezes, não podemos resolver o problema como um todo,
mas podemos mudar a relação que estabelecemos com ele,
facilitando a recuperação do vigor, da energia e da motivação
para enfrentar esses desafios. Preparamos o paciente paramudança, identificando ações capazes de mudar o cenário das
experiências vividas, e ensaiando esses novos processos para
que ele possa transferi-los para seus ambientes do cotidiano.
Esses novos padrões comportamentais também devem ser testados à
luz da sua identidade e de outros contextos que frequenta e participa,
como família, trabalho e amizades.
Fases da psicoterapia breve
A psicoterapia breve trabalha uma problemática específica em cada
processo e pode ser dividida da seguinte forma:
Na primeira fase, o psicoterapeuta escuta o problema do seu
paciente, busca compreender o que está acontecendo com ele e
traça uma estratégia de atendimento e intervenção junto ao
paciente.
O profissional fica atento ao que pode funcionar para o paciente,
e cria uma situação dentro da psicoterapia capaz de levá-lo a
observar muito mais a solução em detrimento à situação de
incômodo.
Durante a fase de avaliação, o psicoterapeuta breve pode ser
ativo em aplicar intervenções para examinar melhor o conteúdo
relatado pelo paciente.
O profissional examina a psicodinâmica do paciente, ou seja,
como ele funciona psicologicamente e seus mecanismos de
Fase inicial 
defesa, por exemplo. Além disso, observa se há algum transtorno
psiquiátrico ou mental, e qual é o conflito nuclear associado ao
relato e que pode estar submerso ao discurso da pessoa,
definindo então o foco sobre o que está acontecendo e a
estratégia terapêutica para o que vai ser trabalhado.
Esse é o passo do planejamento terapêutico. Então é realizada
uma entrevista devolutiva para esclarecer o paciente sobre a
avaliação, a condução do tratamento e a participação dele ao
longo do processo. Chegando a estabelecer um contrato
terapêutico sobre como vai funcionar estruturalmente o
tratamento e a agenda – dia e horário que se encontrarão.
Na segunda fase, o psicoterapeuta utiliza técnicas de acordo
com a sua abordagem teórica para trabalhar aquilo que foi
combinado com o paciente. Durante todo o processo, o
profissional não abre espaço para outros objetivos.
Na última fase, o profissional encerra o trabalho, ou seja, o ciclo
combinado, fazendo uma recapitulação do que foi feito e
alcançado durante o tratamento. Esse processo se dá
consultando o paciente quanto à sua satisfação em relação ao
processo e se seus objetivos foram realmente alcançados. Se
alguma questão for identificada como algo mais profundo, o
profissional pode fazer um encaminhamento para uma
psicoterapia de longo prazo.
Indicações, diretrizes e fases da
psicoterapia breve
Neste vídeo, você conhecerá as indicações, diretrizes e fases da
psicoterapia breve.
Fase medial 
Fase terminal 

Intervenções e manejos em
psicoterapia breve
Existem múltiplas intervenções verbais para o processo ser objetivo.
Vamos discuti-las a seguir.
 Ouvir atentamente
É a primeira intervenção, ou seja, é a ação por meio
da qual o profissional observa e traduz o discurso
do paciente, detectando distorções, incongruências,
conflitos, paradoxos. Isso ajuda a entender o
conteúdo dentro da totalidade de quem é aquela
pessoa e do contexto em que ela está inserida.
 Interrogar
É outra intervenção, cujo propósito é solicitar mais
esclarecimentos sobre dados necessários ao foco
do trabalho.
 Promover livre expressão verbal
É o momento em que se permite que o paciente
descarregue emoções reprimidas e reviva os
conflitos ou situações traumáticas.
 Dar feedback
Corresponde à intervenção que também revela a
postura ativa do terapeuta em compartilhar sua
observação ou reação diante dos comportamentos
do paciente. Isso favorece experiências emocionais
corretivas, insights e novas percepções.
 Propiciar informações e compartilhar
explicações
Está relacionada à intervenção da psicoeducação
sobre algum assunto de interesse do paciente.
 Con�rmar ou reti�car
É o processo pelo qual o terapeuta clarifica alguns
pontos cegos do discurso e revela o papel das
defesas nesse estreitamento, pois quem está em
sofrimento tende a distorcer situações.
 Re�etir sobre os sentimentos
É uma intervenção que auxilia o cliente a comunicar
o que está sentindo ou experimentando. O
profissional espelha os sentimentos do cliente
expressados diretamente ou não, dizendo, por
exemplo, “parece que você está angustiado com a
sua viagem”.
 Clari�car
É tit d t ê ti d d b l t
É a atitude terapêutica de desembaraçar o relato
emaranhado do paciente, recordando elementos
significativos. Por exemplo, dizendo “você havia
dito que é importante o reconhecimento da esposa
quando você obtém conquistas profissionais”.
 Sugerir
É a prescrição de possibilidades sutilmente ou em
aberto, aconselhando atitudes. Por exemplo,
dizendo que talvez fosse necessário que ele se
organizasse melhor antes de começar a semana.
 Indicar
É uma intervenção mais direta e fechada,
prescrevendo diretamente uma atitude.
 Validar emoções
Ocorre quando o terapeuta reconhece como
genuínas e legítimas as expressões do paciente,
oferecendo uma atitude de conforto e ressegurando
que ele permanecerá ali ouvindo sempre que
necessário.
 Encorajar
É a atitude de dar apoio a comportamentos
positivos e objetivando também aumentar a
autoestima do paciente.
 Confrontar ou desa�ar
É o procedimento no qual o profissional revela
incoerências. Por exemplo, entre o que a pessoa
fala e como ela gesticula.
 Dramatizar
É o procedimento de ensaiar ou treinar um
comportamento que o paciente pode depois aplicar
em algum contexto natural, encenando uma
situação com a qual ele tenha dificuldade de lidar.
 Recapitular
É fazer um resumo da sessão, elencando os pontos
essenciais que apareceram ao longo do
atendimento, ressaltando pontos importantes e
mostrando conquistas.
 Encerrar
É o modo como o terapeuta finaliza a sessão ou a
psicoterapia, ajudando o paciente a ampliar o
aprendizado que obteve no processo e preparando-
o para aplicar esses ganhos nas situações do seu
cotidiano.

Algumas intervenções na
psicoterapia breve
Com este vídeo, você refletirá sobre as possibilidades de intervenção e
manejo na psicoterapia breve, apresentando algumas ilustrações.
Avaliação e questões éticas em
psicoterapia breve
A avaliação prévia do paciente precisa ser a mais profunda possível, no
caso de processos de psicoterapia breve, utilizando dados das
entrevistas, testes e exames de outros profissionais (gerais,
neurológicos etc.). Deve-se atentar para que a entrevista não se torne
um interrogatório.
É relevante trabalhar com o diagnóstico nosográfico que aponta a
enfermidade atual do paciente, como também os impactos no ambiente
dele. Além de avaliar as capacidades egoicas – seus aspectos adultos e
saudáveis – que podem estar faltando ou que podem favorecer o
trabalho clínico. Isso inclui as funções básicas, como memória,
inteligência, atenção, raciocínio, percepção, que são pré-requisitos para
a psicoterapia.
nosográ�co
descrição e explicação das patologias.
Examinar o histórico de relacionamentos, fantasias, introjeções,
contratransferências, permite prever a qualidade da relação
transferencial e o nível de dificuldade para a separação no momento de
alta. O grau de tolerância à ansiedade e à frustração também pode
determinar a receptividade e engajamento do paciente, uma vez que os
conteúdos terapêuticos tendem a mobilizá-lo efetivamente.
Também é preciso avaliar o grau de motivação para psicoterapia, a
capacidade de insight, os mecanismos de defesa e autoestima; esta
última provavelmente precisará ser elevada pelo terapeuta no início do
trabalho.
Relembrando
Todos os pontos avaliativos convergem para a determinação do foco
(alvo do tratamento), que engloba pontos de urgência (conflitos vigentes
ativados por fatores atuais e reveladores de conflitos históricos); que,
por sua vez, estão contextualizados na hipótese psicodinâmica inicial,
consistindo na descrição da história dinâmica do paciente, a fim de
gerar uma compreensão ampla de sua psicopatologia.Assim, após o processo de avaliação, sempre cabe uma sessão de
devolutiva. Nela, o profissional compartilha suas conclusões e
impressões gerais sobre o quadro do paciente, presta esclarecimentos
“panorâmicos” sobre a problemática, utilizando linguagem clara e
acessível. Aproveita para mostrar interesse e atenção às dificuldades do
paciente, reforçando o vínculo e a motivação para resolver suas
questões por meio da psicoterapia e levando à elaboração de metas
terapêuticas.
Impasses e questões éticas em
psicoterapia breve
A psicoterapia breve leva em consideração a ética de ofertar um serviço
psicológico que realmente atenda às reais necessidades das pessoas
sem despender de muitos recursos e tempo, mantendo o compromisso
de que diminuir o tempo de psicoterapia não é diminuir a qualidade
desse trabalho. A objetividade é do método, a subjetividade é da pessoa.
Em outras palavras, ainda que o método tenha maior objetividade, as
singularidades do indivíduo devem ser essencialmente respeitadas.
Na avaliação inicial, também deve ser examinado se o paciente suporta
esse tipo de tratamento, ficando atento se há a necessidade de um
encaminhamento para uma psicoterapia de longa duração. No caso de
menores, os responsáveis devem ser esclarecidos sobre o estado de
saúde e prognóstico dos filhos, para evitar preocupações e conflitos
distorcidos sobre a real natureza do adoecimento.
Se não houver uma concordância no contrato terapêutico sobre os
objetivos do processo, as opções são:

Aceitar a escolha do paciente e o terapeuta renuncia seus propósitos ou
adia para uma segunda fase.

Buscar mais esclarecimentos e diálogo para convergir em metas
convenientes ao processo.

Não realizar o tratamento, se as divergências forem significativas.
Estabelecer prazos pode motivar, implicar e agilizar o engajamento e
esforço para o trabalho. Por mais que os pacientes pressionem por uma
data, pois alguns ficam preocupados de cair em uma armadilha de um
tratamento interminável, existe a possibilidade de agendar flexivelmente
um término como um recurso estratégico para facilitar a aceitação ao
processo clínico. Mas, no final das contas, não há garantias absolutas
de que as metas serão alcançadas dentro do prazo de trabalho
combinado.
Atenção!
É fundamental mencionar a responsabilidade do profissional quanto a
possíveis efeitos prejudiciais no exercício clínico da psicoterapia breve
devido a diagnósticos precipitados, rigidez no contrato e execução do
planejamento instituído, como também postura autoritativa, invalidante
e confrontativa para tentar acelerar mudanças, bombardeando o
paciente de interpretações prematuras, porque o prazo combinado está
próximo; assunção de conteúdos regressivos ou complexos,
negligenciado a necessidade de realizar encaminhamentos necessários.
Avaliação e ética na psicoterapia
breve
Neste vídeo, você refletirá sobre as possibilidades de avaliação, e os
impasses e questões éticas na psicoterapia breve.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

Durante o processo de avaliação em psicoterapia breve, o
profissional precisa constatar também se aquele caso é indicado e
viável para ser atendido nessa proposta. A psicoterapia breve é
diretamente indicada, por exemplo, para quadros agudos e
perturbações psicossomáticas de início recente. Por outro lado,
essa modalidade é contraindicada em situações de
Parabéns! A alternativa D está correta.
A psicoterapia breve pode auxiliar a comunicação de casais,
dificuldades de aprendizagem, como no caso de crianças,
emergências e crises. Quadros psicóticos dificultam o tratamento
breve, porque o paciente pode demonstrar dificuldade em formar
um vínculo terapêutico colaborativo, manter insights realistas e
permanecer na abordagem focal.
Questão 2
De modo geral, a psicoterapia breve pode ser compreendida em três
fases: inicial, medial e final. Primeiramente, o trabalho começa
pautado pela avaliação e planejamento, depois migra para uma
postura interventiva até chegar à fase final, que engloba
recapitulação e possível encaminhamento. Nesse sentido, assinale
a alternativa correta sobre essas fases.
A emergência.
B crises de ansiedade.
C dificuldades de aprendizagem.
D psicoses.
E ruptura da comunicação conjugal.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A partir da avaliação, é realizada uma entrevista devolutiva para
esclarecer ao paciente sobre a análise dos dados coletados, a
condução do tratamento e a participação dele. O objetivo do
profissional após o planejamento é não desviar do foco definido e
contratado. Exames diagnósticos precisam ser obtidos na
avaliação inicial. Obviamente, é na fase final que há uma análise da
satisfação do trabalho feito. A psicoterapia breve não pretende
realizar transformações nucleares, com perspectiva regressiva-
histórica.
Considerações �nais
Os fundamentos e orientações da psicoterapia breve podem direcionar e
sustentar processos focais centrados na demanda do paciente,
A
Na fase medial, o psicoterapeuta consulta o
paciente quanto à satisfação dos resultados.
B
Na fase final, o profissional pode ter
aprofundamento para realizar intervenções mais
regressivas.
C
Na fase medial, o terapeuta abre espaço para novos
focos terapêuticos.
D
Na fase inicial, é realizada uma entrevista
devolutiva.
E
Na fase medial, o profissional examinar possíveis
transtornos psiquiátricos.
buscando soluções no menor tempo possível, sem prejudicar a
qualidade dos ganhos terapêuticos. A psicoterapia breve é aplicável em
diversos públicos, da infância à vida adulta, e instituições, como em
hospitais e no contexto jurídico.
Nenhum modelo de psicoterapia consegue tratar todas as demandas.
Por isso, há movimentos integrativos que capacitam os profissionais a
trabalharem com experiências emocionais corretivas, posturas ativas e
pedagógicas, intervenções verbais – como clarificação, feedback,
indicação, validação e dramatização, manejo individual e grupal, reforço
de funções egoicas, interpretação, dentre outras possibilidades.
Com essa capacitação, psicoterapeutas e demais profissionais de
saúde podem ter uma atuação pragmática sob o prisma de ajustar o
trabalho clínico ao paciente, não o contrário, preservando a ética de
ofertar um processo objetivo, mas não “acelerado”. Animador para a
pessoa que percebe mudanças sendo implementadas em curto prazo,
pois suas capacidades foram reforçadas e contextos de vida se
tornaram mais favoráveis.
Podcast
Neste podcast, você aprenderá mais sobre os conceitos básicos em
psicoterapia breve, suas indicações e contraindicações, procedimentos
de avaliação e intervenção, e a importância da preservação de uma
postura ética.
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Veja como Maria Alice de Azevedo discute a aplicação da psicoterapia
breve de orientação psicanalítica em clínicas de assistência mental à
comunidade, viabilizando-a a um grande número de pessoas
necessitadas de ajuda psicológica. O artigo Psicoterapia breve:
considerações sobre suas características e potencialidades de
aplicação na psicologia clínica comunitária brasileira está disponível no
portal da Biblioteca Digital da FGV.
O artigo Possibilidades de utilização da psicoterapia breve em hospital
geral, de Raquel Ayres de Almeida, publicado pela Revista SBPH, traz
uma análise das possibilidades de atuação da técnica de psicoterapia
breve em instituições hospitalares, facilitando a rotatividade das filas de
espera. Os resultados enfatizam a aplicação dessa intervenção
diferencialmente na unidade ambulatorial.  
Sugerimos a leitura do artigo Psicoterapia breve psicodinâmica
preventiva: pesquisa exploratória de resultados e acompanhamento, de
Tales Vilela Santeiro, que discute a avaliação dos graus de depressão,
ansiedade e neuroticismo em estudantes do curso de psicologia, bem
como a realização de dez sessões semanais de psicoterapia breve
psicodinâmica. Você pode encontrá-lo no portal da SciELO!
ReferênciasBRAIER, E. A. Psicoterapia breve de orientação psicanalítica. São Paulo:
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breves: propostas atuais. Campinas: Alínea, 2004.
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