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Constitucional - Ponto 5 (10-05-2023)

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Questões resolvidas

Conforme o art. 5°, LXX, da Constituição Federal o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a. partido político com representação no Congresso Nacional; b. organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. Ao contrário do que se dá com o mandado de segurança individual, em que a regra é a legitimação ordinária, ou seja, a substituição processual só se dá por exceção, no mandado de segurança coletivo a legitimação será sempre extraordinária, atuando os legitimados em nome próprio, mas em defesa de direitos coletivos de terceiros.

Quanto à disponibilidade jurídica, deve-se verificar quais os órgãos competentes para formular e efetivar as políticas públicas. É neste tópico que surge uma importante discussão, qual seja, a possibilidade do controle judicial das políticas públicas enquanto modo de efetivação dos direitos sociais naquelas hipóteses em que os órgãos políticos (Legislativo e Executivo) mantêm-se inertes e não cumprem seus deveres constitucionais. O que se debate, em síntese, é a viabilidade da intervenção do Poder Judiciário para efetivar diretamente o acesso aos bens que o Estado, injusta e infundadamente, recusa.

1. É correto afirmar a respeito do habeas corpus que:
a) é incabível para discutir o mérito de decisão administrativa que imponha sanções disciplinares a integrante de corporação.
b) pode ser impetrado durante o inquérito policial baseado na dúvida sobre os indícios de autoria e de materialidade do crime.
c) não é admissível a sua impetração em face de ato de particular.
d) é admissível como recurso cabível para desafiar decisão do Tribunal do Júri que seja contrária às provas dos autos.
e) não pode ser concedido de ofício pelos juízes ou tribunais no curso do processo.

2. Assinale a alternativa correta a respeito do mandado de injunção.
a) Não será cabível o mandado de injunção quando houver regulamentação da matéria por normas editadas pelo órgão legislador competente, ainda que insuficientes.
b) Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora no prazo de trinta dias.
c) Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a pedido do interessado, se sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de fato ou de direito.
d) A decisão proferida no mandado de injunção terá eficácia subjetiva limitada às partes, mas ganhará eficácia ultra partes ou erga omnes se não cumprida no prazo estabelecido.

Considerando a sistemática afeta ao mandado de injunção, é correto afirmar que a Lei nº XX:
a) não será aplicada à situação de Joana, considerando o princípio da perpetuatio jurisdictionis, o que impede que a competência do STF seja afetada por lei ordinária;
b) será aplicada, em qualquer caso, à situação de Joana, considerando a preeminência da norma geral sobre a sentença que resolveu a situação individual;
c) somente será aplicada à situação de Joana caso ainda não tenha sido proferida sentença, restando prejudicada a impetração;
d) produzirá efeitos ex nunc em relação a Joana, salvo se lhe for mais favorável que a sentença judicial transitada em julgado;
e) somente será aplicada à situação de Joana caso ainda não tenha ocorrido o trânsito em julgado da respectiva sentença.

À luz da sistemática constitucional, Antônio e Péricles, respectivamente marido e filho de Bruna, governadora do Estado Alfa, pretendiam iniciar as suas carreiras públicas nas eleições municipais a serem realizadas no ano seguinte. Qual a situação de elegibilidade de Antônio e Péricles?
a) Antônio e Péricles estão elegíveis, apesar do cargo ocupado por Bruna;
b) Antônio e Péricles estão inelegíveis, mas a inelegibilidade de ambos será afastada caso ocorra a morte de Bruna até seis meses antes do pleito;
c) Péricles está inelegível, mas a sua inelegibilidade será afastada com a morte ou a renúncia de Bruna nos seis meses anteriores ao pleito;
d) Antônio e Péricles estão inelegíveis, e a inelegibilidade de ambos não será afastada, ainda que ocorra a morte ou a renúncia de Bruna até seis meses antes do pleito;
e) Antônio está inelegível, mas a sua inelegibilidade será afastada com a dissolução do vínculo conjugal, qualquer que seja a causa, ou com a renúncia de Bruna até o dia da eleição.

RESPOSTA: A

(A) CORRETA. Súmula 376, STJ - Compete a turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial.
(B) INCORRETA. Súmula 630, STF: A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.
(C) INCORRETA. Súmula 430, STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o mandado de segurança.
(D) INCORRETA. Súmula 624, STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais.

Pede a assertiva incorreta.

(A) CORRETO
Súmula Vinculante 12 - A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal.
(B) INCORRETO
A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança por universidades públicas de mensalidade em cursos de especialização. STF. Plenário. RE 597854/GO, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 26/4/2017 (repercussão geral) (Info 862).
(C) CORRETO
É constitucional a norma geral federal que fixou o piso salarial dos professores do ensino médio com base no vencimento, e não na remuneração global. Competência da União para dispor sobre normas gerais relativas ao piso de vencimento dos professores da educação básica, de modo a utilizá-lo como mecanismo de fomento ao sistema educacional e de valorização profissional, e não apenas como instrumento de proteção mínima ao trabalhador.
(D) CORRETO
A Constituição Federal não veda de forma absoluta o ensino domiciliar, mas proíbe qualquer de suas espécies que não respeite o dever de solidariedade entre a família e o Estado como núcleo principal à formação educacional das crianças, jovens e adolescentes.
(E) CORRETO
Art. 207, CF/88. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Qual é a natureza do habeas corpus e qual é a sua função?

a) É um instrumento de natureza penal popular com status constitucional e tem a função de fazer cessar a ameaça ou coação à liberdade de ir, vir e permanecer do indivíduo.
b) É um instrumento de natureza civil com status constitucional e tem a função de garantir a liberdade física e a locomoção do paciente.
c) É um instrumento de natureza cível com status legal e tem a função de proteger os direitos sociais e a nacionalidade.

Se a Constituição fixar prazo para que a regulamentação de um de seus dispositivos seja efetivada e este não for observado, já estará configurada a omissão inconstitucional que autoriza o manejo do remédio em questão. Por outro lado, não havendo previsão de prazo constitucional exigindo o período máximo em que a regulamentação deva ser feita, deve-se aguardar o transcurso de um prazo razoável, pois só após este é que se pode falar em mora dos Poderes Públicos em regulamentar o texto constitucional. O STF já decidiu que a não regulamentação não se descaracteriza com a simples apresentação do projeto de lei ao Poder Legislativo. Nesse sentido, a inércia que autoriza a propositura do MI se mantém mesmo quando o projeto já está tramitando, mas não foi objeto da deliberação e conversão em lei. Assim, a inércia na deliberação (mora deliberandi) também autoriza a propositura de MI (já cobrado em provas). Qual é a condição necessária para configurar a omissão inconstitucional que autoriza o manejo do mandado de injunção?

a) A ausência de apresentação de projeto de lei ao Poder Legislativo.
b) A não observância de prazo constitucional para regulamentação.
c) A falta de tramitação do projeto de lei no Congresso Nacional.
d) A ausência de previsão de prazo constitucional para regulamentação.

No ordenamento jurídico brasileiro, a proibição do retrocesso decorre implicitamente do:

a) Princípio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III);
b) Princípio da máxima efetividade (CF, art. 5º, § 1º);
c) Princípio do Estado democrático e social de direito (CF, art. 1º).

ATENÇÃO! PODER PÚBLICO PODE DETERMINAR VACINAÇÃO COMPULSÓRIA, observados os seguintes requisitos fixados pelo STF:

A) A vacinação compulsória não significa vacinação forçada, por exigir sempre o consentimento do usuário, podendo, contudo, ser implementada por meio de medidas indiretas, as quais compreendem, dentre outras, a restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de determinados lugares, desde que previstas em lei, ou dela decorrentes, e: i) tenham como base evidências científicas e análises estratégicas pertinentes; ii) venham acompanhadas de ampla informação sobre a eficácia, segurança e contraindicações dos imunizantes; iii) respeitem a dignidade humana e os direitos fundamentais das pessoas; iv) atendam aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade, e v) sejam as vacinas distribuídas universal e gratuitamente; e
B) tais medidas, com as limitações acima expostas, podem ser implementadas tanto pela União como pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as respectivas esferas de competência.

Quem são beneficiários da assistência social prevista no art. 203, V, da Constituição Federal?

a) Apenas os brasileiros natos.
b) Apenas os estrangeiros residentes no Brasil.
c) Os estrangeiros residentes no País, uma vez atendidos os requisitos constitucionais e legais.

1. É correto afirmar a respeito do habeas corpus que:
a) é incabível para discutir o mérito de decisão administrativa que imponha sanções disciplinares a integrante de corporação.

b) pode ser impetrado durante o inquérito policial baseado na dúvida sobre os indícios de autoria e de materialidade do crime.

c) não é admissível a sua impetração em face de ato de particular.

d) é admissível como recurso cabível para desafiar decisão do Tribunal do Júri que seja contrária às provas dos autos.

e) não pode ser concedido de ofício pelos juízes ou tribunais no curso do processo.

a) é incabível para discutir o mérito de decisão administrativa que imponha sanções disciplinares a integrante de corporação.
b) pode ser impetrado durante o inquérito policial baseado na dúvida sobre os indícios de autoria e de materialidade do crime.
c) não é admissível a sua impetração em face de ato de particular.
d) é admissível como recurso cabível para desafiar decisão do Tribunal do Júri que seja contrária às provas dos autos.
e) não pode ser concedido de ofício pelos juízes ou tribunais no curso do processo.

A questão aborda ato de Governador que aumenta alíquota de determinado imposto estadual. Tal ato é passível de questionamento por meio de Mandado de Segurança Coletivo, na medida em que é ato por parte de autoridade em que pode ter havido ilegalidade ou com abuso de poder.

A. INCORRETA. Súmula 623 do STF: Não gera por si só a competência originária do Supremo Tribunal Federal para conhecer do mandado de segurança com base no art. 102, I, 'n', da Constituição, dirigir-se o pedido contra deliberação administrativa do tribunal de origem, da qual haja participado a maioria ou a totalidade de seus membros.
B. INCORRETA. A previsão de prazo decadencial para impetração de Mandado de Segurança, prevista no art. 23 da Lei 12.076/2009, é considerada válida, conforme súmula 632 do STF.
C. INCORRETA. Não cabem honorários advocatícios em MS-art. 25 da Lei 12.076/2009.
D. INCORRETA. Súmula 624 do STF. Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais.
E. CORRETA, teor da súmula 625 do STF.

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Questões resolvidas

Conforme o art. 5°, LXX, da Constituição Federal o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a. partido político com representação no Congresso Nacional; b. organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. Ao contrário do que se dá com o mandado de segurança individual, em que a regra é a legitimação ordinária, ou seja, a substituição processual só se dá por exceção, no mandado de segurança coletivo a legitimação será sempre extraordinária, atuando os legitimados em nome próprio, mas em defesa de direitos coletivos de terceiros.

Quanto à disponibilidade jurídica, deve-se verificar quais os órgãos competentes para formular e efetivar as políticas públicas. É neste tópico que surge uma importante discussão, qual seja, a possibilidade do controle judicial das políticas públicas enquanto modo de efetivação dos direitos sociais naquelas hipóteses em que os órgãos políticos (Legislativo e Executivo) mantêm-se inertes e não cumprem seus deveres constitucionais. O que se debate, em síntese, é a viabilidade da intervenção do Poder Judiciário para efetivar diretamente o acesso aos bens que o Estado, injusta e infundadamente, recusa.

1. É correto afirmar a respeito do habeas corpus que:
a) é incabível para discutir o mérito de decisão administrativa que imponha sanções disciplinares a integrante de corporação.
b) pode ser impetrado durante o inquérito policial baseado na dúvida sobre os indícios de autoria e de materialidade do crime.
c) não é admissível a sua impetração em face de ato de particular.
d) é admissível como recurso cabível para desafiar decisão do Tribunal do Júri que seja contrária às provas dos autos.
e) não pode ser concedido de ofício pelos juízes ou tribunais no curso do processo.

2. Assinale a alternativa correta a respeito do mandado de injunção.
a) Não será cabível o mandado de injunção quando houver regulamentação da matéria por normas editadas pelo órgão legislador competente, ainda que insuficientes.
b) Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora no prazo de trinta dias.
c) Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a pedido do interessado, se sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de fato ou de direito.
d) A decisão proferida no mandado de injunção terá eficácia subjetiva limitada às partes, mas ganhará eficácia ultra partes ou erga omnes se não cumprida no prazo estabelecido.

Considerando a sistemática afeta ao mandado de injunção, é correto afirmar que a Lei nº XX:
a) não será aplicada à situação de Joana, considerando o princípio da perpetuatio jurisdictionis, o que impede que a competência do STF seja afetada por lei ordinária;
b) será aplicada, em qualquer caso, à situação de Joana, considerando a preeminência da norma geral sobre a sentença que resolveu a situação individual;
c) somente será aplicada à situação de Joana caso ainda não tenha sido proferida sentença, restando prejudicada a impetração;
d) produzirá efeitos ex nunc em relação a Joana, salvo se lhe for mais favorável que a sentença judicial transitada em julgado;
e) somente será aplicada à situação de Joana caso ainda não tenha ocorrido o trânsito em julgado da respectiva sentença.

À luz da sistemática constitucional, Antônio e Péricles, respectivamente marido e filho de Bruna, governadora do Estado Alfa, pretendiam iniciar as suas carreiras públicas nas eleições municipais a serem realizadas no ano seguinte. Qual a situação de elegibilidade de Antônio e Péricles?
a) Antônio e Péricles estão elegíveis, apesar do cargo ocupado por Bruna;
b) Antônio e Péricles estão inelegíveis, mas a inelegibilidade de ambos será afastada caso ocorra a morte de Bruna até seis meses antes do pleito;
c) Péricles está inelegível, mas a sua inelegibilidade será afastada com a morte ou a renúncia de Bruna nos seis meses anteriores ao pleito;
d) Antônio e Péricles estão inelegíveis, e a inelegibilidade de ambos não será afastada, ainda que ocorra a morte ou a renúncia de Bruna até seis meses antes do pleito;
e) Antônio está inelegível, mas a sua inelegibilidade será afastada com a dissolução do vínculo conjugal, qualquer que seja a causa, ou com a renúncia de Bruna até o dia da eleição.

RESPOSTA: A

(A) CORRETA. Súmula 376, STJ - Compete a turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial.
(B) INCORRETA. Súmula 630, STF: A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.
(C) INCORRETA. Súmula 430, STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o mandado de segurança.
(D) INCORRETA. Súmula 624, STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais.

Pede a assertiva incorreta.

(A) CORRETO
Súmula Vinculante 12 - A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal.
(B) INCORRETO
A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança por universidades públicas de mensalidade em cursos de especialização. STF. Plenário. RE 597854/GO, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 26/4/2017 (repercussão geral) (Info 862).
(C) CORRETO
É constitucional a norma geral federal que fixou o piso salarial dos professores do ensino médio com base no vencimento, e não na remuneração global. Competência da União para dispor sobre normas gerais relativas ao piso de vencimento dos professores da educação básica, de modo a utilizá-lo como mecanismo de fomento ao sistema educacional e de valorização profissional, e não apenas como instrumento de proteção mínima ao trabalhador.
(D) CORRETO
A Constituição Federal não veda de forma absoluta o ensino domiciliar, mas proíbe qualquer de suas espécies que não respeite o dever de solidariedade entre a família e o Estado como núcleo principal à formação educacional das crianças, jovens e adolescentes.
(E) CORRETO
Art. 207, CF/88. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Qual é a natureza do habeas corpus e qual é a sua função?

a) É um instrumento de natureza penal popular com status constitucional e tem a função de fazer cessar a ameaça ou coação à liberdade de ir, vir e permanecer do indivíduo.
b) É um instrumento de natureza civil com status constitucional e tem a função de garantir a liberdade física e a locomoção do paciente.
c) É um instrumento de natureza cível com status legal e tem a função de proteger os direitos sociais e a nacionalidade.

Se a Constituição fixar prazo para que a regulamentação de um de seus dispositivos seja efetivada e este não for observado, já estará configurada a omissão inconstitucional que autoriza o manejo do remédio em questão. Por outro lado, não havendo previsão de prazo constitucional exigindo o período máximo em que a regulamentação deva ser feita, deve-se aguardar o transcurso de um prazo razoável, pois só após este é que se pode falar em mora dos Poderes Públicos em regulamentar o texto constitucional. O STF já decidiu que a não regulamentação não se descaracteriza com a simples apresentação do projeto de lei ao Poder Legislativo. Nesse sentido, a inércia que autoriza a propositura do MI se mantém mesmo quando o projeto já está tramitando, mas não foi objeto da deliberação e conversão em lei. Assim, a inércia na deliberação (mora deliberandi) também autoriza a propositura de MI (já cobrado em provas). Qual é a condição necessária para configurar a omissão inconstitucional que autoriza o manejo do mandado de injunção?

a) A ausência de apresentação de projeto de lei ao Poder Legislativo.
b) A não observância de prazo constitucional para regulamentação.
c) A falta de tramitação do projeto de lei no Congresso Nacional.
d) A ausência de previsão de prazo constitucional para regulamentação.

No ordenamento jurídico brasileiro, a proibição do retrocesso decorre implicitamente do:

a) Princípio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III);
b) Princípio da máxima efetividade (CF, art. 5º, § 1º);
c) Princípio do Estado democrático e social de direito (CF, art. 1º).

ATENÇÃO! PODER PÚBLICO PODE DETERMINAR VACINAÇÃO COMPULSÓRIA, observados os seguintes requisitos fixados pelo STF:

A) A vacinação compulsória não significa vacinação forçada, por exigir sempre o consentimento do usuário, podendo, contudo, ser implementada por meio de medidas indiretas, as quais compreendem, dentre outras, a restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de determinados lugares, desde que previstas em lei, ou dela decorrentes, e: i) tenham como base evidências científicas e análises estratégicas pertinentes; ii) venham acompanhadas de ampla informação sobre a eficácia, segurança e contraindicações dos imunizantes; iii) respeitem a dignidade humana e os direitos fundamentais das pessoas; iv) atendam aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade, e v) sejam as vacinas distribuídas universal e gratuitamente; e
B) tais medidas, com as limitações acima expostas, podem ser implementadas tanto pela União como pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as respectivas esferas de competência.

Quem são beneficiários da assistência social prevista no art. 203, V, da Constituição Federal?

a) Apenas os brasileiros natos.
b) Apenas os estrangeiros residentes no Brasil.
c) Os estrangeiros residentes no País, uma vez atendidos os requisitos constitucionais e legais.

1. É correto afirmar a respeito do habeas corpus que:
a) é incabível para discutir o mérito de decisão administrativa que imponha sanções disciplinares a integrante de corporação.

b) pode ser impetrado durante o inquérito policial baseado na dúvida sobre os indícios de autoria e de materialidade do crime.

c) não é admissível a sua impetração em face de ato de particular.

d) é admissível como recurso cabível para desafiar decisão do Tribunal do Júri que seja contrária às provas dos autos.

e) não pode ser concedido de ofício pelos juízes ou tribunais no curso do processo.

a) é incabível para discutir o mérito de decisão administrativa que imponha sanções disciplinares a integrante de corporação.
b) pode ser impetrado durante o inquérito policial baseado na dúvida sobre os indícios de autoria e de materialidade do crime.
c) não é admissível a sua impetração em face de ato de particular.
d) é admissível como recurso cabível para desafiar decisão do Tribunal do Júri que seja contrária às provas dos autos.
e) não pode ser concedido de ofício pelos juízes ou tribunais no curso do processo.

A questão aborda ato de Governador que aumenta alíquota de determinado imposto estadual. Tal ato é passível de questionamento por meio de Mandado de Segurança Coletivo, na medida em que é ato por parte de autoridade em que pode ter havido ilegalidade ou com abuso de poder.

A. INCORRETA. Súmula 623 do STF: Não gera por si só a competência originária do Supremo Tribunal Federal para conhecer do mandado de segurança com base no art. 102, I, 'n', da Constituição, dirigir-se o pedido contra deliberação administrativa do tribunal de origem, da qual haja participado a maioria ou a totalidade de seus membros.
B. INCORRETA. A previsão de prazo decadencial para impetração de Mandado de Segurança, prevista no art. 23 da Lei 12.076/2009, é considerada válida, conforme súmula 632 do STF.
C. INCORRETA. Não cabem honorários advocatícios em MS-art. 25 da Lei 12.076/2009.
D. INCORRETA. Súmula 624 do STF. Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais.
E. CORRETA, teor da súmula 625 do STF.

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CPF: 860.542.154-18
PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
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Constitucional 
(Ponto 5) 
Remédios Constitucionais 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
2 
SUMÁRIO 
 
1. DOUTRINA (RESUMO) ................................................................................................... 3 
1.1. AÇÕES OU REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS: HABEAS CORPUS, MANDADO DE 
SEGURANÇA, MANDADO DE INJUNÇÃO E HABEAS DATA. ............................................... 3 
1.2. DIREITOS SOCIAIS .................................................................................................... 32 
1.3. NACIONALIDADE ...................................................................................................... 53 
2. JURISPRUDÊNCIA ........................................................................................................ 60 
3. QUESTÕES ................................................................................................................... 68 
4. GABARITO COMENTADO ............................................................................................ 74 
 
 
 
CPF: 860.542.154-18
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3 
1. DOUTRINA (RESUMO) 
1.1. AÇÕES OU REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS: HABEAS CORPUS, 
MANDADO DE SEGURANÇA, MANDADO DE INJUNÇÃO E HABEAS DATA. 
 
A noção de Estado Constitucional Democrático está indissociavelmente ligada 
à realização efetiva dos direitos fundamentais. A Constituição Federal de 1988, seguindo 
a tendência mundial no pós-guerra, foi generosa, não apenas no reconhecimento formal 
dos direitos fundamentais, mas também na consagração de instrumentos para sua 
efetiva proteção. A jurisdição constitucional das liberdades, por meio de ações 
constitucionais, que servem para a defesa de direitos fundamentais, será analisada a 
seguir. 
 
1.1.1. HABEAS CORPUS (ART. 5°, LXVIII E LXXVII, CF/88) 
 
O habeas corpus é um instrumento que surgiu como fruto das conquistas 
liberais do passado. Tem natureza de remédio constitucional e possui a função de fazer 
cessar a ameaça ou coação à liberdade de ir, vir e permanecer do indivíduo. 
Historicamente, o habeas corpus foi a primeira garantia de direitos 
fundamentais, concedida por "João Sem Terra", monarca inglês, na Magna Carta, em 
1215, e formalizada, posteriormente, pelo Habeas Corpus Act, em 1679. No Brasil, o 
habeas corpus foi inicialmente utilizado como remédio para garantir não só a liberdade 
física, como também os demais direitos que tinham por pressuposto básico a locomoção 
(liberdade ambulatorial). Tratava-se da chamada "teoria brasileira do habeas corpus''. 
Em que pese o Código de Processo Penal incluir o habeas corpus no título dos 
recursos, é induvidosa a sua natureza jurídica de ação penal popular com status 
constitucional. 
 
ATENÇÃO! O HABEAS CORPUS E O HABEAS DATA SÃO AÇÕES CONSTITUCIONAIS 
GRATUITAS (ART. 5º, LXXVII, da CF/88). 
 
A. Legitimidade 
 
A legitimidade ativa no habeas corpus é universal, sendo que qualquer pessoa, 
nacional ou estrangeira, independentemente de capacidade civil, política ou 
profissional, de idade, de sexo, profissão, estado mental, tem legitimidade para 
ingressar com habeas corpus, em benefício próprio ou alheio. 
Não há, sequer, a necessidade de advogado para a impetração do remédio 
(independe de capacidade postulatória). As pessoas jurídicas poderão impetrar o HC, 
desde que em benefício de terceiro. O Ministério Público também será legitimado e até 
mesmo o juiz poderá concedê-lo de ofício. 
CPF: 860.542.154-18
PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
4 
Por outro lado, será sujeito passivo do habeas corpus aquele que pratica a 
coação ou ilegalidade ao direito de locomoção do paciente. Normalmente, será uma 
autoridade, como magistrados, delegados, membros de Tribunal ou até mesmo 
integrantes do Ministério Público. Entretanto, em alguns raros casos, o habeas corpus 
poderá ser impetrado também contra atos de particulares, em face de patente 
ilegalidade. Já o paciente é a pessoa física beneficiada pela ordem. Por 
incompatibilidade com a liberdade ambulatorial, não caberá HC em FAVOR da pessoa 
jurídica, cujos interesses poderão ser tutelados por meio do mandado de segurança. 
 
PESSOA JURÍDICA 
PODE SER AUTORA DE HABEAS CORPUS 
(IMPETRAR HABEAS CORPUS EM 
BENEFÍCIO DE TERCEIRO). 
NÃO PODE SER PACIENTE DE HABEAS 
CORPUS. 
 
B. Espécies 
 
Tradicionalmente, a doutrina destaca que o habeas corpus poderá ser de dois 
tipos: repressivo, também conhecido como liberatório, pois a liberdade de locomoção 
já está limitada, ou preventivo, quando o risco à liberdade é iminente, objetivando-se a 
obtenção do salvo conduto. Parte da doutrina entende cabível, como um subtipo do HC 
preventivo, o HC profilático, utilizado quando o risco à liberdade ambulatorial é apenas 
remoto ou acidental. 
JÁ CAIU EM PROVA: 
 
Se o habeas corpus é concedido em momento anterior à violação 
de liberdade, ele é denominado repressivo. (TJ-MT 2014). 
Alternativa INCORRETA. 
 
ATENÇÃO! O STF admitiu a possibilidade de habeas corpus coletivo. Apesar de não haver 
uma previsão expressa no ordenamento, o STF fundamentou o cabimento no art. 654, 
§2º do CPP (que prevê a possibilidade de expedição de ordem de HC de ofício por juízes 
e tribunais) e no art. 580 do CPP, que permite que a ordem seja estendida para todos 
que estejam na mesma situação. Os legitimados ativos do HC coletivo são: 
i) o Ministério Público; 
ii) partido político com representação no Congresso Nacional; 
iii) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em 
funcionamento há pelo menos um ano (aplicação analógica do art. 12 da Lei 
13.300/2016) - Info 891 do STF. 
No âmbito do HC 165.704/DF, julgado em 2020, o STF aplicou a orientação firmada no 
precedente acima (HC 143641/SP) e concedeu habeas corpus coletivo a pais e 
responsáveis por crianças e pessoas com deficiência. 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
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Mais recentemente, também em meio à crise de saúde em virtude da pandemia do 
coronavírus (Covid-19), a Sexta Turma do STJ, em prestígio ao reconhecimento desta 
Corte como Tribunal da Cidadania, admitiu o uso do habeas corpus coletivo. 
Confira-se: 
[...] 1. No que diz respeito ao cabimento do habeas corpus coletivo, diante dos novos 
conflitos interpessoais resultantes da sociedade contemporânea - "sociedade de massa" 
-, imprescindível um novo arcabouço jurídico processual que abarque a tutela de direitos 
coletivos, também no âmbito penal. 2. A reunião, em um único processo, de questões 
que poderiam estar diluídas em centenas de habeas corpus importa em economia de 
tempo, de esforço e de recursos, atendendo, assim, ao crescente desafio de tornar a 
prestação jurisdicional desta Corte Superior mais célere e mais eficiente. (HC n. 
575.495/MG, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, 6ª T., julgado em 2/6/2020, DJe 
8/6/2020) 
E, ainda, convém destacar outro precedente sobre a questão. Em importante julgado, o 
STJ concedeu habeascorpus a mais de mil presos de SP que cumprem pena 
indevidamente em regime fechado (HC 596.603 – SP, julgado em 2020). 
Por fim, a Terceira Seção do STJ, no HC 568693, julgado em 2020, autorizou a soltura de 
todos os presos do país que tiveram liberdade provisória condicionada ao pagamento 
de fiança durante a pandemia do COVID-19. 
 
ATENÇÃO! Nos termos do art. 142, § 2º da Constituição Federal, não caberá habeas 
corpus em relação a punições disciplinares. O objetivo é resguardar a hierarquia e a 
disciplina, próprias das corporações militares. A jurisprudência e a doutrina entendem, 
contudo, que a vedação constitucional se limita à apreciação do mérito da punição, 
cabendo apreciação da legalidade. Fique atento, portanto, à forma de questionamento 
em concurso: se cobrou a literalidade da Constituição ou o entendimento 
doutrinário/jurisprudencial. Veja exemplos de como a questão já foi cobrada em provas 
de magistratura: 
É cabível a ordem, sempre que houver limitação da liberdade de locomoção, inclusive 
nos casos de punições disciplinares militares. (TJ-MT 2014). Item INCORRETO. 
O Habeas Corpus não é cabível nas hipóteses de punição disciplinar aplicada a militar, 
de acordo com os tribunais superiores (TJ-CE 2018)- Considerada INCORRETA pela banca 
CEBRASPE. 
 
C. Pressuposto lógico e especificidades 
 
A admissibilidade do habeas corpus pressupõe, mesmo que de forma acidental, 
que exista risco à liberdade de locomoção. Inexistindo tal risco, o direito em questão 
deve ser tutelado pelo mandado de segurança ou outra ferramenta compatível. 
Ademais, a ilegalidade da decisão que direta ou indiretamente afete a liberdade 
ambulatorial deve ser provada de plano, independentemente de dilação probatória. 
Com efeito, reiteradas decisões dos tribunais pátrios não admitem HC como 
“substitutivo do recurso próprio”, pois o HC é uma via célere e estreita para afastar a 
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coação à liberdade de locomoção, sem adentrar efetivamente no mérito de eventual 
condenação. 
 
ATENÇÃO! Visto que o HC não é substitutivo de recurso próprio, pode ser interpretado 
de forma concomitante com o recurso cabível? Ex: impetrar HC e interpor apelação 
criminal contra o mesmo ato? 
Em regra: Não. É admissível, excepcionalmente, quando: 
a) for destinado à tutela direta da liberdade de locomoção; ou 
b) se traduzir pedido diverso do objeto do recurso próprio e que reflita mediatamente 
na liberdade do paciente (STJ. 3ª Seção. HC 482549-SP). 
 
ATENÇÃO! Admissibilidade de um novo habeas corpus contra acórdão de Tribunal que 
denegou a ordem: a praxe forense recomendava o escalonamento de novo habeas 
corpus, no Tribunal imediatamente superior. Assim, se o mérito do habeas corpus fosse 
apreciado pelo STJ, uma vez denegada a ordem, caberia outro HC, impetrado perante o 
STF. Entretanto, atualmente, o STF entende que a defesa deve utilizar o recurso 
ordinário constitucional (art. 102, II e art. 105, II, "a", CF), ao invés de novamente 
manejar o HC, salvo decisão flagrantemente ilegal, abusiva ou manifestamente 
contrária à jurisprudência do STF. 
 
SITUAÇÕES EM QUE A JURISPRUDÊNCIA ADMITIU O CABIMENTO DE HC: 
 
- HC contra decisão sobre licitude de determinada prova em 
processo criminal; 
- HC quando a liberdade de alguém estiver direta ou 
indiretamente ameaçada, ainda que para solucionar questões de 
natureza processual; 
- HC para questionar a legalidade de medidas cautelares 
criminais diversas da prisão; 
- HC para questionar a legalidade de medida protetiva da Lei 
Maria da Penha (pois o descumprimento pode gerar prisão); 
- HC para discutir decisão de magistrado que indefere pedido da 
defesa para apresentação de alegações finais pelo réu delatado 
por último, após as alegações dos réus colaboradores; 
- HC para questionar decisão que retém o passaporte do réu (a 
retenção do passaporte interfere diretamente na liberdade 
ambulatorial). 
 
SITUAÇÕES EM QUE A JURISPRUDÊNCIA NÃO ADMITIU O CABIMENTO DE HC: 
 
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- Discussão sobre fixação de competência e conexão entre 
delitos; 
- Decisão que determina afastamento ou perda da função 
pública; 
-Decisão que impõe pena de exclusão de militar ou de perda de 
patente; 
- Tutela de direito de visita em presídio; 
- HC para o STF contra decisão monocrática que não conhece ou 
denega HC no STJ- súmula 691 do STF (salvo flagrante abuso de 
poder ou ilegalidade); 
- Discussão sobre impeachment; 
- HC para examinar pressupostos de admissibilidade de recursos; 
- Decisão que impõe pena de suspensão do direito de dirigir 
(entende-se que por si só não acarreta impedimento ao direito 
de locomoção); 
- Questões de natureza processual, quando a liberdade de 
alguém estiver direta ou indiretamente ameaçada; 
-HC contra decisão monocrática de Ministro do STF- Não cabe 
pedido de habeas corpus originário para o Tribunal Pleno 
contra ato de Ministro ou outro órgão fracionário da Corte. 
Defesa deve interpor o agravo regimental, no prazo de 5 dias, 
nos termos do art. 39 da Lei nº 8.038/90 e art. 317 do Regimento 
Interno do STF. STF. Plenário. HC 170263/DF, Rel. Min. Edson 
Fachin, julgado em 22/06/2020. 
 
ATENÇÃO! Súmula 606 do STF: “não cabe Habeas Corpus originário para o Tribunal 
Pleno de decisão de turma, ou do plenário, proferida em Habeas Corpus ou no 
respectivo recurso”. No mesmo sentido, como visto, não cabe HC contra decisão 
monocrática de Ministro do STF (recurso cabível é o agravo regimental) -STF. Plenário 
HC 170263/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 22/06/2020. 
Súmula 695-STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de 
liberdade. 
Súmula 395-STF: Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver 
sobre o ônus das custas, por não estar mais em causa a liberdade de locomoção. 
MUITO COBRADA EM PROVAS: Súmula 693-STF: Não cabe habeas corpus contra 
decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração 
penal a que a pena pecuniária seja a única cominada. 
Súmula 691-STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus 
impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a Tribunal 
Superior, indefere a liminar. 
Ex: HC contra indeferimento de medida liminar em HC requerido ao STJ. 
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OBS: a súmula 691 vem sendo afastada pelo STF quando houver teratologia, flagrante 
ilegalidade ou abuso de poder que possam ser constatados “ictu oculi”. 
 
Cabe HC para “trancar” Ação Penal? 
Segundo o STF, o trancamento da ação penal pela via de habeas corpus é 
medida de exceção, só sendo cabível quando demonstrado de forma inequívoca: 
 
i) ausência de justa causa, seja em razão da atipicidade da 
conduta supostamente praticada pelo acusado, seja da ausência 
de indícios de autoria e materialidade delitiva ou incidência de 
causa de extinção da punibilidade (RHC 85.172/SP, Rel. Ministro 
NEFI Cordeiro, SEXTA TURMA, julgado em 11/09/2018, DJe 
24/09/2018). 
 
Ainda, admite-se HC para trancar investigação criminal no caso de ausência de 
manifestação prévia da vítima requerendo a instauração do Inquérito Policial nos crimes 
de ação penal privada ou de ação penal pública condicionada. 
 
ATENÇÃO! NOVIDADE: Súmula 648-STJ: A superveniência da sentença condenatória 
prejudica o pedido de trancamento da ação penalpor falta de justa causa feito em 
habeas corpus. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 14/04/2021, DJe 19/04/2021. 
 
ATENÇÃO! Quando a liberdade de alguém estiver direta ou indiretamente ameaçada, 
cabe habeas corpus ainda que para solucionar questões de natureza processual. STF. 
2ª Turma. HC 163943 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo 
Lewandowski, julgado em 4/8/2020 (Info 985). 
 
D. Competência 
 
A competência para processar e julgar o habeas corpus irá variar conforme a 
qualidade da pessoa que sofrer o ato coator ou a qualidade da pessoa responsável pelo 
ato. Vejamos a previsão constitucional: 
 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, 
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente: 
(…) 
CPF: 860.542.154-18
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b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o 
Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus 
próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; 
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de 
responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da 
Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no 
art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal 
de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter 
permanente; 
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas 
referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o 
habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas 
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de 
Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio 
Supremo Tribunal Federal; 
(…) 
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou 
quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário 
cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo 
Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição 
em uma única instância; 
(…) 
II - julgar, em recurso ordinário: 
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o 
mandado de injunção decididos em única instância pelos 
Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; 
 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
I - processar e julgar, originariamente: 
a)nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito 
Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os 
desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do 
Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos 
Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais 
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os 
membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios 
e os do Ministério Público da União que oficiem perante 
tribunais; 
(...) 
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer 
das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for 
tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou 
CPF: 860.542.154-18
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Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, 
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; 
(...) 
II - julgar, em recurso ordinário: 
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos 
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do 
Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória; 
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: 
(...) 
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes 
federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência 
federal da área de sua jurisdição. 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
(...) 
VII – os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência 
ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos 
não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; 
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: 
(...) 
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, 
quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua 
jurisdição. 
 
ESQUEMATIZANDO as competências do STF e do STJ para julgamento de HC: 
O STF julga o HC quando: 
 
ORIGINARIAMENTE, quando for paciente: 
I) o Presidente da República, 
II) o Vice-Presidente, 
III) os membros do Congresso Nacional, 
IV) seus próprios Ministros, 
V) o Procurador-Geral da República, 
VI) os Ministros de Estado, 
VII) os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, 
VIII) os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os 
chefes de missão diplomática de caráter permanente. 
ORIGINARIAMENTE, quando o coator for Tribunal Superior. 
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ORIGINARIAMENTE, quando o paciente ou coator for autoridade ou funcionário cujos 
atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se 
trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância. 
Em RECURSO ORDINÁRIO (chamado ROC, recurso ordinário constitucional) os habeas 
corpus decididos em única instância pelos Tribunais Superiores quando a decisão for 
denegatória (art. 102, II, alínea ‘a’, CF). 
 
O STJ julga HC quando: 
 
ORIGINARIAMENTE, quando for paciente ou coator: 
I) os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, 
II) os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, 
III) os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos 
Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os 
membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério 
Público da União que oficiem perante tribunais. 
ORIGINARIAMENTE, quando for coator: tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de 
Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a 
competência da Justiça Eleitoral. 
EM RECURSO ORDINÁRIO os habeas corpus decididos em única ou última instância 
pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal 
e Territórios, quando a decisão for denegatória. 
 
PEGADINHA: Ministro de Estado e comandantes das Forças Armadas. 
Quando for paciente do HC, a competência é do STF. 
Quando for a autoridade coatora, a competência é do STJ. 
 
ATENÇÃO! Se a autoridade coatora for o delegado de polícia, a autoridade competente 
para julgar o HC é o juiz de 1ª instância (federal ou estadual, a depender da hipótese). 
 
1.1.2. MANDADO DE SEGURANÇA (ART. 5°, LXIX e LXX, CF/88 E LEI N° 12.016/2009) 
1.1.2.1. Mandado de segurança individual (art. 5°, LXIX, CF/88) 
 
Trata-se de ação constitucional de viés civil, independentemente da natureza 
do ato impugnado, seja ele administrativo, jurisdicional, criminal, eleitoral ou 
trabalhista. Está previsto no inciso LXIX do art. 5° da Constituição Federal, 
regulamentado pela Lei nº 12.016/09. 
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Possui como objetivo a proteção de direitos líquidos e certos contra ato de 
autoridade ou de quem exerça funções públicas, isto é, não se admite a ação em face 
de particular em atividade própria. 
O mandado de segurança é, pois, um remédio constitucional de caráter 
residual, uma vez que somente poderá ser impetrado para amparar direito líquido e 
certo que nãodisser respeito ao direito de locomoção (habeas corpus) e ao direito ao 
acesso e/ou retificação de informações pessoais (habeas data). 
A redação constitucional pertinente ao mandado de segurança faz menção aos 
termos "ilegalidade" e "abuso de poder". A Constituição refere-se à ilegalidade em 
sentido amplo, que abrange a ilegalidade propriamente dita, bem como os atos 
praticados com excesso de poder e os praticados com desvio de finalidade. 
Para a utilização do instrumento há, também, a exigência de que o direito seja 
"líquido e certo". Tal expressão possui natureza processual e significa que a parte tem 
ônus de demonstrar a existência do direito em que se funda sua pretensão já com os 
documentos que acompanham a petição inicial do mandado de segurança, não podendo 
valer-se de posterior dilação probatória. 
Em outras palavras, o MS demanda prova pré-constituída (documental) do 
direito alegado. 
 
ATENÇÃO! SÚMULA 625 DO STF: CONTROVÉRSIA SOBRE MATÉRIA DE DIREITO NÃO 
IMPEDE A CONCESSÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA. 
 
Por fim, vale frisar que devemos entender como "autoridade pública" todas as 
pessoas físicas que exerçam alguma atividade estatal, investidas de poder decisório, 
necessário para poder rever o ato tido por ilegal ou abusivo. Incluem-se nessa definição, 
por exemplo, os agentes políticos e os servidores públicos em sentido amplo. 
Equiparam-se às autoridades públicas, para fins de mandado de segurança, os 
representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades 
autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou pessoas naturais no 
exercício de atribuições do poder público (somente no que disser respeito a essas 
atribuições). 
OBS: A doutrina e a jurisprudência consideram legítima a utilização do 
mandado de segurança contra ato praticado por particular no exercício de atividade 
delegada. 
 
ATENÇÃO! O direito de requerer mandado de segurança extingue-se em 120 dias, 
contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. Trata-se de prazo 
decadencial previsto na Lei 12.016/2009. Esse prazo é considerado constitucional. 
Súmula 632-STF: É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração 
de mandado de segurança. 
 
ATENÇÃO! No mandado de segurança não há condenação ao pagamento de honorários 
CPF: 860.542.154-18
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advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé - art. 
25 da Lei 12.016/2009. 
 
ATENÇÃO! É obrigatória a intimação do Ministério Público para opinar em processos de 
mandado de segurança. Não haverá nulidade, contudo, por ausência de intimação do 
Ministério Público, quando o tribunal já tenha jurisprudência firmada sobre o tema - Info 
912 do STF. 
 
A. Hipóteses de restrição, quanto ao cabimento, ao mandado de segurança individual 
 
No que tange às hipóteses de cabimento do Mandado de Segurança, é 
importantíssima a leitura da Lei 12.016/2009 em cotejo com a jurisprudência dos 
tribunais superiores. 
Podemos afirmar que não será cabível o MS, quando se tratar: 
 
1. de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito 
suspensivo, independentemente de caução (art. 5°, I, Lei nº 
12.016/2009). Nesse caso, dispõe o interessado de meio próprio 
e efetivo de impugnação do ato. Nada impede, contudo, que a 
parte deixe esgotar o prazo recursal, para então impetrar o 
mandado de segurança. Da mesma forma, poderia impetrá-lo 
caso o recurso administrativo fosse recebido apenas em seu 
efeito devolutivo. Ressalta-se que, mesmo existindo o recurso 
administrativo com efeito suspensivo, se houver omissão ilegal 
ou abusiva da administração, caberá mandado de segurança, 
nos moldes da súmula nº 429 do STF. Vejamos o teor da lei e da 
súmula, para diferenciar em uma questão objetiva: 
 
ATENÇÃO! Não se concederá mandado de segurança quando se tratar de ato do qual 
caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução 
(art. 5º, I, Lei 12.106/2009). 
Súmula 429-STF: A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não 
impede o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade. 
 
Ademais, o mero pedido de reconsideração na via administrativa não 
interrompe o prazo para o mandado de segurança conforme a súmula nº 430 do STF: 
 
ATENÇÃO! Súmula 430-STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não 
interrompe o prazo para o mandado de segurança. 
 
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2. de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito 
suspensivo (art. 5°, II, Lei nº 12.016/2009). Conforme redação 
da Lei nº 12.016/2009, entende-se que há impedimento para 
utilização do mandamus contra decisão judicial da qual caiba 
recurso com efeito suspensivo. 
 
ATENÇÃO! Súmula 267 do STF: não cabe mandado de segurança contra ato judicial 
passível de recurso ou correição. 
A súmula deve ser interpretada no sentido de que o MS não é sucedâneo recursal, 
devendo, em regra, a parte utilizar-se dos meios impugnativos próprios contra as 
decisões judiciais, salvo ilegalidade, teratologia ou abuso de poder. 
 
3. de decisão judicial transitada em julgado (art. 5°, III, Lei n° 
12.016/2009). O impedimento leva à conclusão de que o 
instrumento do mandado de segurança não é hábil para 
substituir recurso ou ação rescisória. 
 
ATENÇÃO! Há, todavia, exceção: caso a decisão seja teratológica, dotada de 
ilegalidade ou nulidade manifesta, mesmo não cabível o recurso, caberá, 
excepcionalmente, mandado de segurança. 
OBS: se a impetração do mandado de segurança for anterior ao trânsito em julgado 
da decisão questionada, e o trânsito venha a acontecer antes do julgamento do MS, 
este não perderá o objeto e deverá ser julgado - Info 650 do STJ. 
 
4. de lei em tese. O mandado de segurança não é o meio idôneo 
para impugnar lei abstrata e genérica, mas apenas os atos da 
administração pública que causem lesão ou ameaça de lesão a 
direito de um ou mais administrados em particular. 
A jurisprudência tem permitido o cabimento de mandado de 
segurança para combater leis de efeitos concretos, ou seja, leis 
em sentido formal, pois são editadas pelo Poder Legislativo, mas 
constituem verdadeiros atos administrativos em sentido 
material (no que diz respeito ao conteúdo), sem o caráter de 
abstração e generalidade, uma vez que se destinam a reger 
relações de pessoas determinadas. Por exemplo: leis de isenção 
fiscal; decretos de desapropriação etc. 
5. de ato interna corporis. Para o STF, não cabe mandado de 
segurança contra matéria privada, interna, de cunho particular 
das Casas Legislativas, sob pena de ferir o princípio da separação 
de poderes. 
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15 
6. de substituição por ação popular ou ação de cobrança. 
Conforme a súmula nº 101 do STF, o mandado de segurança não 
substitui a ação popular e, conforme a súmula nº 269 do STF, 
também não substitui ação de cobrança. Assim, no caso de 
mandado de segurança contra supressão de verbas de servidor, 
por exemplo, as parcelas devidas entre a data da concessão e da 
implementação da segurança devem ser pagas por precatório, 
não por folha suplementar. (Info 576 do STJ). Com efeito, o 
mandado de segurança não possui efeitos patrimoniais 
pretéritos, que devem ser requeridos administrativamente ou 
na via judicial própria (súmula 271 do STF). 
 
Súmula 101-STF: O mandado de segurança não substitui a açãopopular. 
Súmula 269-STF: O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança. 
Súmula 271-STF: Concessão de mandado de segurança não produz efeitos 
patrimoniais, em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados 
administrativamente ou pela via judicial própria. 
 
7. atos de gestão comercial praticados pelos administradores de 
empresas públicas, de sociedade de economia mista e de 
concessionárias de serviço público. 
OBS: cabe MS contra atos administrativos das estatais, mas não 
contra atos de gestão. 
Ex: Súmula 333-STJ: Cabe mandado de segurança contra ato 
praticado em licitação promovida por sociedade de economia 
mista ou empresa pública. 
 
ATENÇÃO! NOVIDADE JURISPRUDENCIAL: 
Dispõe o art. 7º, §2º, da Lei 12.016/2009: “Não será concedida medida liminar em 
mandado de segurança que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a 
entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou 
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou extensão de 
vantagens ou pagamento de qualquer natureza”. Esse dispositivo foi declarado 
INCONSTITUCIONAL pelo STF. ADI-4296. 
Dispõe o art. 22, §2º, da Lei 12.016/2009 que “No mandado de segurança coletivo, a 
liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa 
jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) 
horas”. Tal dispositivo também foi declarado inconstitucional pelo STF. -ADI 4296 
Em ambos os casos, entendeu-se que houve indevida limitação do alcance do mandado 
de segurança, violação da liberdade de atividade econômica e do amplo acesso ao Poder 
Judiciário, dentre outros argumentos. 
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16 
Os demais dispositivos da Lei 12.016/2009 questionados foram declarados 
constitucionais. 
 
ATENÇÃO! Cabe mandado de segurança para pleitear que seja obedecida a ordem 
cronológica para pagamentos em relação a crédito já reconhecido e atestado pela 
Administração de acordo com o art. 5º, caput, da Lei n. 8.666/1993- CJF/STJ. 
 
B. Competência 
 
A competência para o julgamento do mandado de segurança é fixada em 
conformidade com a autoridade impetrada. 
A natureza da autoridade que pratica a conduta comissiva ou omissiva da qual 
resulte lesão ou ameaça de lesão a direito tutelado pelo writ é que definirá a 
competência. 
A competência funcional para o processamento e julgamento do mandado de 
segurança será fixada no momento da propositura da ação, sendo que a posterior 
modificação da natureza do status funcional da autoridade coatora será irrelevante, pois 
o foro competente não se modifica. 
Existem duas regras para a fixação de competência em sede de mandado de 
segurança: 
 
i. Competência funcional (por prerrogativa de função), prevista 
constitucionalmente. É delimitada pelos artigos: 102, I, "d" (STF); 
102, I, "r" (STF); 105, I, "b" (STJ); 108, I, "c" (TRF); 109, VIII (Justiça 
Federal); 114, IV (Justiça do Trabalho), todos da Constituição 
Federal; 
ii. Competência infraconstitucional, na qual o juízo competente 
para a impetração do writ será o da sede da autoridade coatora. 
 
Ainda no que diz respeito à competência em sede de mandado de segurança 
individual, alguns apontamentos finais são pertinentes: 
 
a. os Tribunais são competentes para processar e julgar os 
mandados de segurança impetrados contra seus próprios atos e 
omissões; 
b. havendo foro por prerrogativa de função e o mandado de 
segurança tiver que ser impetrado contra diferentes autoridades 
coatoras, a autoridade de maior hierarquia determinará a 
competência para o julgamento do feito; 
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17 
c. nos órgãos colegiados, o mandado de segurança será 
impetrado contra o presidente do órgão colegiado, por ser ele 
o representante máximo do órgão que subscreve o ato e 
responde por sua execução. Ex: MS contra resolução de Tribunal 
de Justiça, a autoridade coatora será o Desembargador-
Presidente; 
d. se o ato comissivo ou omissivo for de autoria de Comissão 
Parlamentar de Inquérito-CPI, a competência para 
processamento e julgamento será do STF; 
e. é de competência da Justiça Federal processar e julgar 
mandado de segurança contra ato de dirigente de entidade 
particular de ensino superior no exercício de função delegada 
federal; 
f. o mandado de segurança contra nomeação de magistrado pelo 
Presidente da República deverá ser impetrado no STF. Ainda que 
o vício que fundamenta a impetração ocorra em fase anterior do 
procedimento, a autoridade coatora será o Presidente da 
República; 
g. contra decisões proferidas pelas turmas do Supremo Tribunal 
Federal, não cabe mandado de segurança; 
h. os Mandados de Segurança contra atos dos juízes dos Juizados 
Especiais Cíveis, bem como contra atos das Turmas Recursais 
Cíveis, devem ser impetrados nas próprias Turmas Recursais, 
tanto da Justiça Federal quanto da Justiça Estadual. 
 
ATENÇÃO! O STJ, na súmula 628, acolheu a teoria da encampação em mandado de 
segurança. Em outras palavras, ainda que o autor aponte a autoridade coatora errada 
no mandado de segurança, a ação não será extinta se presentes, cumulativamente, os 
seguintes requisitos: 
i) existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou as informações no 
mandado de segurança, apontada como coatora, e a que ordenou a prática do ato 
impugnado; 
ii) manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; 
iii) ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição Federal. 
 
ATENÇÃO! Enunciado doutrinário 511-FPPC: A técnica processual prevista nos arts. 338 
e 339 do CPC (possibilidade de emenda à inicial para correção da ilegitimidade passiva) 
pode ser usada, no que couber, para possibilitar a correção da autoridade coatora, bem 
como da pessoa jurídica, no processo de mandado de segurança. 
 
ATENÇÃO! 
Súmula 624 do STF. Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer 
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18 
originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais. 
Súmula 623 do STF: Não gera por si só a competência originária do Supremo Tribunal 
Federal para conhecer do mandado de segurança com base no art. 102, I, "n", da 
Constituição, dirigir-se o pedido contra deliberação administrativa do tribunal de 
origem, da qual haja participado a maioria ou a totalidade de seus membros. 
 
ATENÇÃO! Os vetos presidenciais a Projetos de Lei aprovados pelo Congresso não 
podem ser questionados por meio de Mandados de Segurança, por se tratarem de 
atos políticos sujeitos ao exame de deputados e senadores. (STF -MS 33694/2015) 
 
ATENÇÃO! NÃO CABE INTERVENÇÃO DE TERCEIROS NO MANDADO DE SEGURANÇA. 
O rito procedimental do mandado de segurança é incompatível com a intervenção de 
terceiros, conforme se extrai do art. 24 da Lei nº 12.016/09, ainda que na modalidade 
de assistência litisconsorcial. STJ. 1ª Seção. AgInt na PET no MS 23.310/DF. STF. 2ª 
Turma. RExt-AgR-ED 1.046.278/DF 
 
ATENÇÃO! O mandado de segurança não é o instrumento processual adequado para 
o controle abstrato de constitucionalidade de leis e atos normativos. STF. 2ª Turma. 
RMS 32.482/DF, rel. orig. Min. Teori Zavaski. 
 
C. Legitimidade ativa e passiva 
 
O legitimado ativo para a impetração do mandado de segurança individual será 
o detentor do direito líquido e certo, não amparado porhabeas corpus ou por habeas 
data, podendo ser qualquer pessoa física, brasileiros ou estrangeiros, residentes ou não 
no país, ou pessoa jurídica, nacional ou estrangeira, privada ou pública, bem como 
alguns órgãos públicos com capacidade processual (caso das Mesas das Casas 
Legislativas, Chefia dos Executivos, Chefia do Tribunal de Contas, Ministério Público), 
agentes políticos, além de outros entes despersonalizados com capacidade processual 
(e exemplo do espólio e da massa falida). 
O legitimado passivo será a autoridade coatora. A autoridade coatora é aquela 
que pratica ou ordena a execução ou a inexecução do ato a ser impugnado via mandado 
de segurança. 
Os "meros executores" do ato, que cumprem ordens advindas da autoridade 
coatora, não são considerados legitimados passivos na ação de mandado de segurança. 
Em regra, o writ não deve ser impetrado contra a pessoa jurídica de direito 
público (ou de direito privado que exerça atribuições do Poder Público), todavia, a 
doutrina e jurisprudência têm entendido que a pessoa jurídica em nome da qual o ato 
(comissivo ou omissivo) foi praticado também se enquadra como legitimada passiva, 
uma vez que: 
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19 
 
i. é ela que suporta o ônus da decisão (por exemplo, os efeitos 
pecuniários decorrentes da concessão da segurança); 
ii. ela é quem recorre da decisão prolatada no mandado de 
segurança; 
iii. a redação da Lei nº 12.016/2009, deixa assente a 
possibilidade de participação da pessoa jurídica a qual está 
vinculada a autoridade coatora na relação processual. Está 
positivado no art. 7°, II, que, no despacho da inicial, o juiz 
ordenará "que se dê ciência do feito ao órgão de representação 
judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da 
inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito". 
 
D. Suspensão da segurança 
 
Trata-se de instituto previsto no art. 15 da Lei 12.016/09 e também encontrado 
em outros diplomas normativos, razão pela qual é atualmente chamado de “suspensão 
de liminar”. 
A suspensão da segurança é um incidente processual por meio do qual pessoas 
jurídicas de direito público ou Ministério Público podem requerer ao Presidente do 
Tribunal competente para julgar o recurso que suspenda a execução de uma decisão 
(liminar, sentença, acórdão) para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à 
economia públicas. 
O pedido de suspensão não se confunde com o recurso, e nem se condiciona 
ou é prejudicado por ele. Ex: contra decisão concessiva de liminar em mandado de 
segurança desfavorável ao Poder Público, pode ser interposto pedido de suspensão da 
segurança (dirigido ao Presidente do Tribunal competente para julgar o recurso) e 
agravo de instrumento. 
Veja a previsão normativa na lei do Mandado de Segurança: 
 
Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito 
público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave 
lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o 
presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do 
respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a 
execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, 
sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será 
levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição. 
§ 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que 
se refere o caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão 
ao presidente do tribunal competente para conhecer de 
eventual recurso especial ou extraordinário. 
§ 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o 
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20 
§ 1o deste artigo, quando negado provimento a agravo de 
instrumento interposto contra a liminar a que se refere este 
artigo. 
§ 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar 
concedida nas ações movidas contra o poder público e seus 
agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido 
de suspensão a que se refere este artigo. 
§ 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito 
suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade 
do direito invocado e a urgência na concessão da medida. 
§ 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas 
em uma única decisão, podendo o presidente do tribunal 
estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, 
mediante simples aditamento do pedido original. 
 
Sobre o tema, algumas decisões importantes: 
 
SUSPENSÃO DE SEGURANÇA NÃO SE PRESTA PARA ANÁLISE DO 
MÉRITO DO RECURSO. 
1. O deferimento do pedido de suspensão está condicionado à 
cabal demonstração de que a manutenção da decisão 
impugnada causa grave lesão a um dos bens tutelados pela 
legislação de regência. 
2. Não foi demonstrado de que forma a manutenção da decisão 
impugnada afeta a continuidade do serviço público postal 
prestado pela ECT e das atividades exercidas pelo Postalis. 
3. O incidente da suspensão de liminar e de sentença, por não 
ser sucedâneo recursal, é inadequado para a apreciação do 
mérito da controvérsia. 
Precedentes. 
4. O provimento de agravo interno requer a demonstração de 
motivos que afastem os fundamentos da decisão agravada. 
Agravo interno improvido. (AgInt na SLS 2.564/SP, Rel. Ministro 
HUMBERTO MARTINS, CORTE ESPECIAL, julgado em 
27/10/2020, DJe 16/11/2020) 
 
1.1.2.2. Mandado de segurança coletivo (art. 5° LXX, CF/88) 
 
À luz da Constituição Federal, é possível afirmar que o mandado de segurança 
é um gênero que se fraciona em duas espécies: o mandado de segurança individual e o 
coletivo. A conceituação do mandado de segurança coletivo, a rigor, é a mesma do 
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21 
mandado de segurança individual. Também se apresenta como uma ação constitucional 
de natureza civil e de procedimento especial, que visa tutelar direito líquido e certo. 
No mandado de segurança coletivo, o foco será a coletividade e a proteção de 
seus direitos (coletivos e individuais homogêneos), não o sujeito considerado em sua 
individualidade. 
A grande diferença entre o mandado de segurança na modalidade individual e 
na modalidade coletiva reside, pois, em seu objeto e na legitimação ativa. 
A limitação determinada pela lei não abarca os direitos difusos. O 
entendimento posto na lei é tradução do que já vinha sendo defendido nos Tribunais 
Superiores, que descartam o uso do mandado de segurança coletivo como substituto da 
ação popular. Nesse sentido é a súmula 101 do STF: "O mandado de segurança não 
substitui a ação popular". O assunto, entretanto, ainda é controvertido na doutrina, 
havendo vozes em todos os sentidos. 
 
A. Legitimidade ativa e passiva do mandado de segurança coletivo 
 
Conforme o art. 5°, LXX, da Constituição Federal o mandado de segurança 
coletivo pode ser impetrado por: 
 
a. partido político com representação no Congresso Nacional; 
b. organização sindical, entidade de classe ou associação 
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um 
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. 
 
Ao contrário do que se dá com o mandado de segurança individual, em que a 
regra é a legitimação ordinária, ou seja, a substituição processual só se dá por exceção, 
no mandado de segurança coletivo a legitimação será sempre extraordinária, atuando 
os legitimados em nome próprio, mas em defesa de direitos coletivos de terceiros.No que diz respeito aos partidos políticos, o requisito da representação no 
Congresso Nacional, conforme fixado na Constituição Federal, já estará plenamente 
atendido caso o partido impetrante tenha um único parlamentar, seja na Câmara dos 
Deputados, seja no Senado Federal. 
Não poderá impetrar mandado de segurança coletivo o partido político que não 
tiver representantes no Congresso Nacional (em qualquer de suas Casas), e que os tenha 
apenas em Assembleia Legislativa de Estado, Câmara Legislativa do Distrito Federal ou 
Câmara Municipal. Os partidos políticos podem utilizar o mandado de segurança 
coletivo para proteção de quaisquer direitos coletivos da sociedade. O remédio nessa 
categoria não se restringe para atuar na defesa exclusiva de seus membros ou 
associados. 
Seguindo a jurisprudência do STF, não é necessária a autorização expressa dos 
membros da entidade para a impetração do mandado de segurança coletivo. O 
mandamento constitucional contido no inciso XXI, do art. 5°, CF/88, que assim 
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22 
estabelece: "as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm 
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente", não se 
aplica ao mandado de segurança coletivo. 
Temos, ainda, enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal que trata do 
tema, senão vejamos: 
 
Súmula 629, STF: “A impetração de mandado de segurança 
coletivo por entidade de classe em favor dos associados 
independe da autorização destes”. 
 
No que diz respeito às organizações sindicais, entidades de classe e associações, 
estas necessitam demonstrar a existência de interesse de agir, consolidado na 
pertinência temática entre os direitos coletivos que pretendem defender em juízo e os 
seus objetivos sociais, fixados em seus atos constitutivos. 
Quanto à necessidade de constituição legal e funcionamento há pelo menos 
um ano, esta exigência refere-se tão-somente às associações, não se estendendo aos 
demais legitimados do mandado de segurança coletivo, ou seja, aos partidos políticos, 
sindicatos e entidades de classe (RE 198.919-DF). 
A legitimidade passiva do mandado de segurança coletivo é a mesma do 
mandado de segurança individual. 
 
ATENÇÃO! Súmula 629-STF: A impetração de mandado de segurança coletivo por 
entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes. 
Igualmente, conforme atual entendimento jurisprudencial, a decisão de MS coletivo 
impetrada por associação beneficia todos os associados, sendo irrelevante a filiação 
ter ocorrido após a impetração do writ (STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1841604-RJ). 
NÃO CONFUNDA COM A SEGUINTE DISTINÇÃO QUE SE APLICA PARA AS ENTIDADES 
ASSOCIATIVAS QUANTO À AÇÃO COLETIVA DE RITO ORDINÁRIO: 
Sobre o tema da legitimidade das associações para a demanda coletiva, importante 
distinguir a espécie de demanda a ser intentada, a demandar necessidade de 
autorização ou não dos associados. A esse respeito, tem-se atualmente o seguinte 
cenário: 
1. Para a ação coletiva de rito ordinário, na defesa dos interesses de seus associados, 
a autorização é imprescindível. Essa autorização deve ser, inclusive, expressa e 
específica, sendo insuficiente a autorização genérica prevista em seus estatutos. 
Conforme entende o STF: “o disposto no artigo 5º, inciso XXI, da Carta da República 
encerra representação específica, não alcançando previsão genérica do estatuto da 
associação a revelar a defesa dos interesses dos associados. As balizas subjetivas do 
título judicial, formalizado em ação proposta por associação, é definida pela 
representação no processo de conhecimento, presente a autorização expressa dos 
associados e a lista destes juntada à inicial.” (STF. Plenário. RE 573232/SC, rel. orig. 
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23 
Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 
14/5/2014). 
Na mesma linha, tem-se a seguinte tese, fixada pelo STF em sede de repercussão 
geral: “A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação coletiva de rito 
ordinário, ajuizada por associação civil na defesa de interesses dos associados, 
somente alcança os filiados, residentes no âmbito da jurisdição do órgão julgador, que 
o fossem em momento anterior ou até a data da propositura da demanda, constantes 
da relação jurídica juntada à inicial do processo de conhecimento”. 
2. Para a ação coletiva proposta na defesa de direitos difusos, coletivos ou individuais 
homogêneos, a autorização não é necessária, conforme o STJ: “as associações 
possuem legitimidade para defesa dos direitos e dos interesses coletivos ou 
individuais homogêneos, independentemente de autorização expressa dos 
associados.” (STJ. 2ª Turma. REsp 1796185/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado 
em 28/03/2019). 
OBSERVAÇÃO: Por que essa diferença de tratamento? 
Conforme entendimento doutrinário e jurisprudencial, no mandado de segurança 
coletivo há hipótese de substituição processual, ou seja, a associação atua em nome 
próprio defendendo direito alheio (legitimação extraordinária). Nas demais hipóteses 
(ações coletivas ordinárias que versem sobre direitos meramente individuais, SEM 
índole coletiva), a associação atua como representante processual, ou seja, atua em 
nome dos filiados, defendendo direitos a partir de autorização específica. 
 
OBSERVAÇÃO: ao final do material, colaciono outras súmulas sobre mandado de 
segurança que devem ser lidas com atenção. 
 
1.1.3. MANDADO DE INJUNÇÃO (ART. 5°, LXXI, CF/88 E LEI Nº 13.300/16) 
 
O mandado de injunção (MI) é uma ação constitucional, de natureza civil e de 
procedimento especial, que pretende viabilizar o exercício de direitos, liberdades 
constitucionais ou prerrogativas inerentes à nossa nacionalidade, soberania ou 
cidadania, inviabilizados pela falta de norma regulamentadora. Possui o intuito de 
combater a chamada “síndrome de inefetividade das normas constitucionais”, 
protegendo os direitos subjetivos que não se concretizam e não estão sendo exercidos 
em razão da falta de norma regulamentadora. 
A regulamentação do instituto veio por meio da recente Lei nº 13.300/16. 
Contudo, cabe salientar que, mesmo antes da edição da referida lei, o Supremo Tribunal 
Federal afirmava ser a norma constitucional em questão autoaplicável, admitindo, 
assim, a impetração do MI. Antes da edição da Lei nº 13.300/16, aplicava-se, por 
analogia, as regras procedimentais do mandado de segurança. 
Duas finalidades do MI podem ser identificadas: 
 
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24 
a. viabilizar (concretizar) o exercício de direitos previstos na 
Constituição; 
b. combater a inércia dos Poderes Públicos. 
 
A. Espécies de mandado de injunção 
 
a. INDIVIDUAL: proposto por qualquer pessoa física ou jurídica, em nome 
próprio e defendendo interesse próprio (art. 3º, da LMI). 
b. COLETIVO: proposto por legitimados restritos previstos na Lei, em nome 
próprio, mas na defesa de interesses alheios. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas 
protegidos por mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a 
uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou 
categoria (art. 12, parágrafo único, da LMI). 
 
B. Requisitos para o cabimento 
 
De acordo com o art. 5°, inciso LXXI, CF/88, o mandado de injunção será cabível 
sempre que a ausência de norma regulamentadoratornar inviável o exercício de direitos 
e liberdades constitucionais, bem como das prerrogativas inerentes à nacionalidade, 
soberania e cidadania. 
São três requisitos para que referido remédio seja validamente acionado: 
i. norma constitucional desprovida de regulamentação capaz de lhe conferir 
aplicabilidade imediata, que consagre direitos, liberdades e prerrogativas inerentes à 
nacionalidade, à soberania e à cidadania. 
Não se está perante uma norma constitucional desprovida de regulamentação 
quando há legislação infraconstitucional anterior que regulamentava direito de mesmo 
tipo consagrado na Constituição pretérita, pois é possível recepcionar a legislação 
anterior, caso esta seja materialmente compatível com a nova Constituição. 
Assim, o parâmetro cabível para a propositura do mandado de injunção são as 
normas constitucionais de eficácia limitada. 
Isso quer dizer que normas constitucionais de aplicabilidade imediata e direta 
(como as de eficácia plena e as de eficácia contida) não são parâmetro válido, já que o 
direito, liberdade ou prerrogativa por elas assegurado é efetivo independentemente de 
qualquer regulamentação infraconstitucional. 
Do mesmo modo, se estivermos frente a uma norma constitucional de eficácia 
limitada facultativa (e não uma obrigação) para o legislador produzir a regulamentação, 
também não poderá ser manejado o mandado de injunção. Segundo o STF: 
 
“Tratando-se de mera faculdade conferida ao legislador, que 
ainda não a exercitou, não há Direito Constitucional já criado, e 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
25 
cujo exercício esteja dependendo de norma regulamentadora.” 
(MI 444-QO, Rei. Min. Sydney Sanches, STF); 
 
A jurisprudência também afirma não ser cabível mandado de injunção para 
alcançar uma melhor interpretação da norma regulamentadora que já tenha 
complementado a norma constitucional. 
ii. existência de um dever para os Poderes Públicos em editar as normas 
infraconstitucionais capazes de regulamentar a norma constitucional e, com isso, 
efetivar os direitos, liberdades e prerrogativas que nela estejam contidos; 
iii. efetiva omissão do Poder Público em editar as normas infraconstitucionais 
regulamentadoras. 
Se a Constituição fixar prazo para que a regulamentação de um de seus 
dispositivos seja efetivada e este não for observado, já estará configurada a omissão 
inconstitucional que autoriza o manejo do remédio em questão. Por outro lado, não 
havendo previsão de prazo constitucional exigindo o período máximo em que a 
regulamentação deva ser feita, deve-se aguardar o transcurso de um prazo razoável, 
pois só após este é que se pode falar em mora dos Poderes Públicos em regulamentar o 
texto constitucional. 
O STF já decidiu que a não regulamentação não se descaracteriza com a simples 
apresentação do projeto de lei ao Poder Legislativo. Nesse sentido, a inércia que 
autoriza a propositura do MI se mantém mesmo quando o projeto já está tramitando, 
mas não foi objeto da deliberação e conversão em lei. Assim, a inércia na deliberação 
(mora deliberandi) também autoriza a propositura de MI (já cobrado em provas). 
 
ATENÇÃO! O MI não é cabível para exigir-se do Congresso Nacional que regulamente as 
relações jurídicas decorrentes de medida provisória não convertida em lei, em virtude 
de sua omissão ou recusa, de acordo com o STF. 
 
A Lei. 13.300/2016, que disciplina o processo e o julgamento dos mandados de 
injunção individual e coletivo, em seu art. 2º, prevê que a “falta TOTAL ou PARCIAL de 
norma regulamentadora” enseja a impetração do mandado de injunção. 
Assim, o Mandado de Injunção também pode ser utilizado quando, apesar da 
existência de regulamentação, esta for insuficiente, nos termos do art. 2º, caput e 
parágrafo único. 
 
ATENÇÃO! A possibilidade de MI em caso de omissão parcial foi uma importante 
questão trazida pelo art. 2º da Lei nº 13.300/2016, já que tal previsão não se encontra 
expressa no texto constitucional. 
 
C. Legitimidade ativa e passiva 
 
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26 
Qualquer pessoa, física ou jurídica, que esteja impedida de exercer os direitos 
e as liberdades constitucionais, assim como de suas prerrogativas inerentes à 
nacionalidade, soberania e cidadania, em razão de omissão do Poder Público em editar 
normas regulamentadoras que confiram efetividade às normas constitucionais, poderá 
figurar no polo ativo do mandado de injunção individual. 
Não basta a ausência de norma regulamentadora, é preciso que o legitimado 
ativo comprove que o não exercício do direito/liberdade/prerrogativa é consequência 
direta da inexistência da regulamentação (nexo causal). 
Os legitimados ativos para a propositura do mandado de injunção coletivo 
estão previstos no art. 12, da LMI. Vejamos: 
 
Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido: 
I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for 
especialmente relevante para a defesa da ordem jurídica, do 
regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais 
indisponíveis; 
II - por partido político com representação no Congresso 
Nacional, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e 
prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a 
finalidade partidária; 
III - por organização sindical, entidade de classe ou associação 
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 
(um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e 
prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus 
membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que 
pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, 
autorização especial; 
IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for 
especialmente relevante para a promoção dos direitos humanos 
e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, 
na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal. 
Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas 
protegidos por mandado de injunção coletivo são os 
pertencentes, indistintamente, a uma coletividade 
indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou 
categoria. 
 
ATENÇÃO! O art. 12, III, da Lei nº 13.300/2016 afirma expressamente que o mandado 
de injunção coletivo pode ser promovido por associação legalmente constituída e em 
funcionamento há pelo menos 1 ano. Assim, entende-se que está dispensada a 
autorização especial dos associados, assim como no mandado de segurança coletivo. 
 
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27 
A legitimidade passiva, em contrapartida, será sempre do órgão, autoridade ou 
entidade pública (pessoa estatal) responsável por viabilizar os direitos previstos na 
Constituição Federal, tendo em vista que o mandado de injunção tem por objetivo suprir 
omissão do Poder Público em relação às normas constitucionais. 
Ainda que beneficiados pela falta de regulamentação, eventuais particulares 
não poderão figurar no polo passivo do mandado de injunção, visto que não possuem o 
dever de editar quaisquer normas. 
O STF já decidiu que a legitimidade passiva do mandado de injunção é do 
responsável pelo encaminhamento do projeto de lei, ou seja, daquele que detém o 
poder de iniciativa, pelo menos até que seja apresentada a proposta normativa ao órgão 
legislativo adequado. 
 
ATENÇÃO! O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos 
individuais, mas os efeitos da coisajulgada não beneficiarão o impetrante que não 
requerer a desistência da demanda individual no prazo de 30 (trinta) dias a contar da 
ciência comprovada da impetração coletiva. (art. 13, da LMI) 
 
D. Competência 
 
A competência para julgamento do mandado de injunção está delimitada na 
Constituição, vejamos: 
 
a. caso a edição da norma regulamentadora seja de atribuição 
do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara 
dos Deputados, do Senado Federal, de quaisquer das Mesas 
dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, dos 
Tribunais Superiores ou do Supremo Tribunal Federal, a 
competência originária será do Supremo Tribunal Federal, 
conforme previsão do art. 102, I, "q", CF/88; 
b. igualmente, a competência é do Supremo Tribunal Federal 
para julgar, em grau de recurso ordinário, o mandado de 
injunção decidido em ÚNICA instância pelos Tribunais 
Superiores, quando denegatória a decisão (art. 102, II, "a", 
CF/88); 
c. segundo a doutrina, é implícita a competência tanto do STF 
quanto do STJ para julgarem, respectivamente, recursos 
extraordinários e especiais contra decisões proferidas em 
mandado de injunção (art. 102, III, "a" e art. 105, III, "a" e "c", 
ambos da CF/88); 
d. quando a norma regulamentadora for atribuição de órgão, 
entidade ou autoridade federal da administração direta ou 
indireta, excetuados os casos de competência do Supremo 
Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça 
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28 
Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal, a 
competência originária será do Superior Tribunal de Justiça, 
segundo o art. 105, I, " h", CF/88; 
e. competência da Justiça Militar, Eleitoral ou do Trabalho, nos 
casos de a impetração discutir matérias sujeitas à jurisdição 
desses ramos específicos; o fundamento constitucional é o art. 
105, I, "h", CF/88, a contrario sensu; 
f. o art. 121, § 4°, V, CF/88, por sua vez, estabelece 
expressamente competência de caráter recursal do TSE para 
julgar as decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais que 
denegarem mandados de injunção; 
g. cumpre, finalmente, destacar a possibilidade da existência de 
mandado de injunção estadual, desde que haja previsão na 
respectiva Constituição Estadual, devendo a competência para 
processamento e julgamento ser definida pela própria 
Constituição do Estado (art. 125, CF/88). É adequado esse 
entendimento doutrinário, pois não há outra competência para 
julgamento se a omissão for imputada a órgãos ou autoridades 
municipais e estaduais, como o Governador de Estado, a 
Assembleia Legislativa, o Prefeito Municipal, a Câmara 
Municipal, por exemplo. 
 
E. Efeitos da decisão concessiva de injunção 
 
Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para: 
 
I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a 
edição da norma regulamentadora (observe que a lei não fixa um 
prazo exato – já cobrado em provas); 
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos 
direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se 
for o caso, as condições em que poderá o interessado promover 
ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora 
legislativa no prazo determinado. 
 
De suma importância é a discussão doutrinária e jurisprudencial concernente 
aos efeitos da decisão concessiva do mandado de injunção: 
Em síntese, havia a existência de duas correntes básicas, denominadas (A) 
"concretista" e (B) "não concretista". A corrente concretista se subdivide em "geral" e 
“individual", sendo que esta última, por sua vez, também se subdivide em "direta" e 
"intermediária". 
(B) A teoria "não concretista", que inicialmente foi adotada pela maioria dos 
Ministros do STF (que tomavam por parâmetro o mandado de injunção nº 107/DF), 
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29 
preceitua ser a decisão concessiva da injunção possuidora de natureza exclusivamente 
declaratória, tendo por objeto apenas o reconhecimento, por meio de sentença, da 
omissão na edição da norma regulamentadora. Dessa forma, e em homenagem ao 
princípio da separação de Poderes, a sentença judicial só declara a mora, mas não 
implementa o exercício do direito para o autor da ação, apenas recomendando ao 
legislador (ou a outro órgão do Poder Público) que o faça. 
(A) Em contrapartida, a teoria "concretista" preceitua que a sentença que 
concede a injunção não possui apenas natureza declaratória da omissão legislativa ou 
administrativa, mas também constitutiva, ou seja, a sentença deve viabilizar o exercício 
do direito pendente de regulamentação infraconstitucional. 
A corrente concretista pode ser subdividida em duas subespécies: 
(A.1) "concretista geral", para a qual a sentença judicial produz efeitos erga 
omnes, permitindo a viabilização do exercício do direito para todos, até que sobrevenha 
a norma pendente, pelo órgão ou autoridade competente. Assim, a decisão da Corte 
implicaria concretização da norma genérica e abstratamente para todas as pessoas que 
se incluem na situação. 
(A.2) "concretista individual", segundo esta, a decisão concessiva da injunção 
deve viabilizar o direito previsto constitucionalmente, mas com eficácia inter partes. 
Nesse sentido, essa corrente não acata a eficácia erga omnes da decisão, restringindo a 
decisão às partes do caso concreto. A corrente concretista individual é corroborada pela 
maioria da doutrina. Pode ser fracionada em: 
(A.2.1) concretista individual "direta": para a qual o Poder Judiciário deve 
implementar o direito de forma imediata, sendo desnecessário aguardar que o órgão ou 
a autoridade competente se disponha a fazê-lo; 
(A.2.2) concretista individual “intermediária” que entende que o Poder 
Judiciário não deve viabilizar o direito de forma imediata, mas sim reconhecer a mora e 
dar ciência ao órgão ou à autoridade impetrada (competente para regulamentar), a fim 
de que a solução seja apresentada em prazo determinado. Caso o prazo transcorra sem 
que a omissão seja suprida, aí sim o órgão julgador da injunção deve tomar as 
providências pertinentes para a concretização do direito. 
A Lei 13.300/16 adotou, COMO REGRA, a corrente concretista individual 
intermediária: 
 
- No mandado de injunção individual, em regra, a decisão terá 
eficácia subjetiva limitada às partes (art. 9º). 
- No mandado de injunção coletivo, em regra, a sentença fará 
coisa julgada limitadamente às pessoas integrantes da 
coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos 
pelo impetrante (art. 13). 
- Excepcionalmente, será possível conferir eficácia ultra partes 
ou erga omnes à decisão quando isso for inerente ou 
indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da 
prerrogativa objeto da impetração (art. 9º, § 1º). Tal 
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30 
possibilidade se aplica tanto para o mandado de injunção 
individual quanto para o coletivo (art. 13 da LMI). 
 
Também, em regra, a Lei 13.300/16 adota a vertente intermediária, uma vez 
que prevê que, reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para 
determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma 
regulamentadora. 
Excepcionalmente, a Lei nº 13.300/16 adota a corrente concretista direta, 
quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção 
anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.ATENÇÃO! Possibilidade de revisão da decisão. Art. 10 da lei 13.300/2016: 
Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a pedido de 
qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias 
de fato ou de direito. 
 
ATENÇÃO! O art. 8º da Lei 13.300/2016 dispõe que, reconhecido o estado de mora 
legislativa, será primeiro concedido prazo razoável para edição da norma 
regulamentadora (a lei não fixa um prazo determinado). Se não atendido o prazo, serão 
estabelecidas as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou 
das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o 
interessado promover ação própria visando a exercê-los. 
 
1.1.4. HABEAS DATA (ART. 5°, LXXII, CF/88 C/C LEI N° 9.507/1997) 
 
O remédio foi instituído no Brasil pela Constituição de 1988, que dispõe que 
haverá a concessão de habeas data para assegurar o conhecimento de informações 
relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de 
entidades governamentais ou de caráter público; e para a retificação de dados, quando 
não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. 
A doutrina de história constitucional aduz que o remédio foi uma reação ao 
regime autoritário vigente anteriormente à Constituição de 1988, sendo pensado para 
possibilitar o acesso às informações privadas armazenadas nos arquivos governamentais 
(especialmente no denominado “Sistema Nacional de Informação”) e que, ao longo das 
décadas anteriores, foram utilizadas para fins escusos, a exemplo de perseguição 
política. 
Sobre o tema, dispõe o professor Luís Roberto Barroso: 
 
“Inicialmente, tais dados [informações sobre a vida privada dos 
cidadãos], muitas vezes obtidos de forma ilegal, forneciam a 
matéria-prima que alimentava a perseguição política, mesmo 
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31 
quando não havia qualquer imputação formal de violação da 
ordem jurídica. Mais à frente, na crescente patologia das 
ditaduras desgastadas, o uso indevido de informações comprava 
o silêncio e a adesão dos dissidentes do próprio regime, sob a 
ameaça de escândalos familiares e de publicidade de fatos da 
vida privada. Logo cedo, a ideia de um ‘serviço de inteligência’ 
voltado, elevadamente, para a segurança do Estado esvaiu-se 
em tropicalismos diversos. Envolvendo-se na política ordinária, 
os órgãos de segurança mergulharam em terreno pantanoso, 
operando frequentemente nas fronteiras da marginalidade. A 
chamada ‘comunidade de informações’ passou a constituir um 
poder paralelo e agressivo, que, por vezes, sobrepunha-se ao 
poder político institucional, valendo-se de meios ilícitos para fins 
condenáveis.[4] (BARROSO, Luís Roberto. O direito constitucional 
e a efetividade de suas normas, 6. ed. atualizada. Rio de Janeiro: 
Renovar, 2002) 
 
A. Cabimento 
 
a. Obter o acesso às informações referentes à pessoa do impetrante; 
b. Promover a retificação de informações referentes à pessoa do impetrante; 
c. Proceder à anotação de informações relativas à pessoa do impetrante. 
 
B. Legitimidade ativa e passiva 
 
O habeas data poderá ser impetrado por qualquer pessoa, tanto natural 
quanto jurídica, seja nacional ou estrangeira, para ter acesso às informações a seu 
respeito. 
Vale reafirmar o caráter personalíssimo da ação. O habeas data sempre será 
impetrado para o acesso, retificação ou anotação de informações relativas à pessoa do 
próprio impetrante, e não de terceiros. 
Quanto à legitimidade passiva, tendo em vista que referido remédio tem por 
finalidade dar conhecimento e/ou retificar informações constantes de registro ou de 
banco de dados, tanto de entidades governamentais, como de particulares que tenham 
caráter público, são justamente tais entidades que podem ser sujeitos passivos do 
habeas data, desde que possuam informações relativas ao impetrante. 
 
C. Competência 
 
A competência para o julgamento do habeas data é definida com base na 
hierarquia funcional do agente público, isto é, tendo por parâmetro a autoridade ou 
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32 
entidade impetradas. A competência para julgamento é explicitada tanto pela 
Constituição Federal quanto pelo art. 20 da Lei n 9.507/1997. 
 
D. Procedimento 
 
O procedimento é delimitado pela Lei n 9.507/1997, que prevê uma fase 
administrativa prévia à propositura da ação judicial. Essa fase prévia à judicial visa 
demonstrar a existência do "interesse de agir", requisito exigido pela jurisprudência 
(súmula 02, STJ) e pela legislação (art. 8º, parágrafo único, da Lei n 9.507/1997). Em 
outras palavras, a admissibilidade do HD está condicionada à demonstração de prévio 
requerimento administrativo (muito cobrado em provas). 
Fase judicial: A fase judicial inicia-se com o legitimado ativo impetrando o 
habeas data, acionando o órgão judiciário competente conforme normativa 
constitucional e também à luz do art. 20, Lei nº 9.507/1997. 
 
E. Decisão 
 
A execução da sentença concessiva do habeas data será imediata e o recurso 
cabível - apelação - terá somente efeito devolutivo. Não há reexame necessário em 
habeas data. 
Decisões importantes sobre o tema: 
 
“O habeas data é a garantia constitucional adequada para a 
obtenção, pelo próprio contribuinte, dos dados concernentes ao 
pagamento de tributos constantes de sistemas informatizados 
de apoio à arrecadação dos órgãos administração fazendária dos 
entes estatais”. (RE 673707) 
“Não cabe habeas data se não houve recusa de informações por 
parte da autoridade administrativa”. (súmula 2 do STJ) 
 
1.2. DIREITOS SOCIAIS 
 
A Constituição Federal de 1988, comprometida com a tentativa de garantia de 
direitos mínimos à coletividade e de assegurar melhoria das condições de existência 
para os indivíduos, enumera, de maneira não exaustiva, em seu art. 6º, os direitos sociais 
básicos, quais sejam: o direito à educação, à saúde, à alimentação, ao trabalho, à 
moradia, ao transporte (incluído pela EC nº 90/2015), ao lazer, à segurança, à 
previdência social, à proteção à maternidade e à infância, e, por fim, à assistência aos 
desamparados. 
Os direitos sociais, direitos fundamentais de segunda dimensão, exigem 
prestações positivas do Estado. Os direitos sociais têm por conteúdo "um fazer". São, 
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33 
portanto, direitos dependentes de intervenção estatal, que somente se realizam pela 
execução de políticas públicas, destinadas a garantir amparo e proteção social aos mais 
necessitados. 
Observa-se, portanto, contraste com os direitos individuais, que exigem 
preponderantemente um "não fazer", um "não agir", um "não atuar" por parte dos 
Poderes Públicos, criando esferas individuais de não ingerência estatal. 
Há, portanto, uma proibição de intervenção indevida na autonomia privada, 
que convive com a proibição de uma proteção insuficiente dos direitos fundamentais, 
exigindo notadamente no que toca aos direitos sociais uma postura ativa do poder 
público em favor do particular, no intuito de concretizar esses direitos. 
Na condição de Direito Fundamental, os direitos sociais também apresentam 
feição objetiva, com eficácia irradiante em todo o ordenamento e conduzindo a atuação 
do poder público, bem como a construção de políticas públicas. 
Neste contexto, anota Gilmar Mendes a perspectiva dos direitos à organizaçãoe ao procedimento, pois a concretização de direitos individuais e também sociais exige, 
muitas vezes, um fazer do poder público, consistente na criação e estruturação de 
órgãos e procedimentos essenciais para a concretização e garantia destes direitos. 
Em que pese parte da doutrina refutar a fundamentalidade dos direitos sociais, 
prevalece que são direitos fundamentais, não só em virtude de sua expressa 
consagração entre aqueles considerados fundamentais, mas principalmente por sua 
imprescindibilidade à proteção e promoção da dignidade da pessoa humana, ainda que 
com intensidades diversas. O próprio tratamento dado pela Constituição Federal 
reafirma essa visão. 
No Brasil, a primeira Constituição que disciplinou os direitos sociais foi a 
CF/1934. Por sua vez, a Constituição da República de 1988 enunciou um extenso rol de 
direitos fundamentais relacionados à segunda dimensão (direitos sociais), bem como 
trouxe um grande avanço inserindo-os no título “dos direitos e garantias fundamentais”. 
A finalidade dos direitos sociais é a de proteger os setores sociais 
estruturalmente vulneráveis, de modo a construir uma sociedade mais justa e 
homogênea. 
O reconhecimento da igualdade formal, propiciada pela construção dos direitos 
fundamentais de primeira dimensão, mostrou-se insuficiente para garantir verdadeira 
equivalência de condições. Nesta perspectiva foram sendo arquitetados os direitos 
sociais, com o objetivo de incrementar a igualdade material. 
Vale ressaltar que a Constituição da República de 1988 enuncia como objetivo 
fundamental da República Federativa do Brasil erradicar a pobreza e a marginalização, 
além de reduzir as desigualdades sociais e regionais (art. 3°, III, CF/88), objetivos que 
somente serão concretizados com a efetivação dos direitos sociais. 
 
1.2.1. SUJEITO PASSIVO DOS DIREITOS SOCIAIS 
 
A definição do sujeito passivo dos direitos sociais relaciona-se com quem 
incube a tarefa de assegurá-los. A resposta é a de que a atribuição é do Estado, em que 
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34 
pese a responsabilidade pela concretização destes direitos possa ser eventualmente 
partilhada, por exemplo, com a família, no caso do direito à educação, ou ainda sejam 
efetivamente exigíveis em face de particulares, como os direitos sociais relacionados ao 
trabalho. 
 
1.2.2. EFETIVIDADE DOS DIREITOS SOCIAIS 
 
A análise da eficácia e efetividade das normas que consagram os direitos sociais 
é uma das preocupações mais frequentes nos debates constitucionais. A concretização 
de tais direitos envolve a existência e alocação de recursos, essencialmente limitados. 
Neste aspecto, o “custo” dos direitos sociais aliado à escassez de recursos 
orçamentários dificultam sua realização em grau máximo ou, às vezes, até em um grau 
satisfatório. 
Tal característica impõe a necessidade de que os poderes públicos legitimados 
pelo batismo popular – Executivo e Legislativo – elejam as prioridades a serem atendidas 
entre demandas igualmente legítimas contempladas no texto constitucional. Em um 
quadro de escassez, pondera Daniel SARMENTO, “cada decisão explicitamente alocativa 
de recursos envolve também, necessariamente, uma dimensão implicitamente 
desalocativa”. 
O custo de implementação e as limitações orçamentárias do Estado fazem com 
que os direitos prestacionais (status positivo) tenham uma efetividade menor que os 
direitos de defesa (status negativo), pois, ainda que presente em todas as espécies de 
direitos fundamentais, o “fator custo” nunca se constituiu em um elemento impeditivo 
da efetivação, pela via jurisdicional, desta última espécie de direitos (direitos de defesa). 
É justamente neste sentido que deve ser considerada a “neutralidade” econômico-
financeira dos direitos de defesa. 
 
1.2.3. RESERVA DO POSSÍVEL 
 
Os recursos são finitos e as necessidades sociais são infinitas. A proteção e a 
efetivação de todos os direitos positivados na Constituição acarretam custos 
econômicos. Assim, surge a “cláusula da reserva do possível" como uma limitação 
jurídico-fática que pode ser apresentada pelos poderes públicos tanto em razão das 
restrições orçamentárias que impeçam a implementação dos direitos, quanto em 
virtude da desarrazoada prestação exigida pelo indivíduo. 
Conforme leitura que a doutrina faz da teoria da reserva do possível, 
estabeleceu-se que ela apresenta uma tríplice dimensão, alcançando: 
 
(i) a efetiva disponibilidade fática dos recursos para a efetivação 
dos direitos fundamentais sociais; 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
35 
(ii) a disponibilidade jurídica dos recursos materiais e humanos, 
que guarda íntima conexão com a determinação das prioridades 
na alocação das receitas; 
(iii) a proporcionalidade da prestação, em especial no tocante à 
sua exigibilidade e, dessa forma, também da sua razoabilidade. 
 
Disponibilidade fática de recursos deve ser analisada não em face da demanda 
individual apresentada ao Estado, mas sim frente a todas as demais demandas 
semelhantes. Esse cuidado é importante, sobretudo, quando se observa que o Poder 
Judiciário tem atuação com foco especial na microjustiça, por não mensurar a 
macrojustiça, típica das instâncias democráticas (Legislativo e Executivo). Ao 
desconsiderar essas consequências decorrentes das decisões proferidas em processos 
individuais, acaba por comprometer a igualdade (uma demanda seria atendida, outras 
demandas, apesar de idênticas, não) ou, até mesmo, a estabilidade orçamentária. 
Quanto à disponibilidade jurídica, deve-se verificar quais os órgãos 
competentes para formular e efetivar as políticas públicas. É neste tópico que surge uma 
importante discussão, qual seja, a possibilidade do controle judicial das políticas 
públicas enquanto modo de efetivação dos direitos sociais naquelas hipóteses em que 
os órgãos políticos (Legislativo e Executivo) mantêm-se inertes e não cumprem seus 
deveres constitucionais. O que se debate, em síntese, é a viabilidade da intervenção do 
Poder Judiciário para efetivar diretamente o acesso aos bens que o Estado, injusta e 
infundadamente, recusa. 
A intervenção jurisdicional, desde que justificada pela ocorrência de arbitrária 
e inadequada recusa governamental em conferir significação real a algum direito social, 
tornar-se-á plenamente legítima (sem qualquer ofensa, portanto, ao princípio da 
separação de poderes) sempre que se impuser a necessidade de fazer prevalecer aos 
direitos sociais uma proteção mínima, conforme constitucionalmente assegurada. 
Como exemplo de atuação legítima do Poder Judiciário no tema políticas 
públicas, vale mencionar o entendimento firmado pelo STF no RE 429.90327. Nesse 
recurso, a Corte firmou a possibilidade de a Administração Pública ser obrigada, por 
decisão do Poder Judiciário, a manter um estoque de medicamento específico para 
uma doença grave, a fim de impedir as inaceitáveis interrupções no tratamento. 
Outro exemplo digno de nota é a decisão proferida pelo plenário do STF no 
julgamento do RE 952.581, no sentido de que o princípio da reserva do possível não 
pode ser invocado pelo Executivo para deixar de cumprir decisão que o obriga a fazer 
obras de reforma em presídios. 
Por fim, no tocante à proporcionalidade da prestação invocada e a 
razoabilidade de ela ser pleiteada ao Estado, tem-se como necessário adequar a 
pretensão individual às reservas orçamentárias. Assim, a realização dos direitos sociais 
dependeria da existência simultânea de dois requisitos: a razoabilidade da pretensão 
deduzida em face do Poder Público e a existência de disponibilidade financeirapara 
tornar efetivas as prestações positivas reclamadas do Estado. 
Ainda sobre a proporcionalidade e razoabilidade, ressalvada a ocorrência de 
motivo justo e objetivamente verificável, a reserva do possível não pode ser alegada 
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pelo Estado no intuito de exonerar-se do cumprimento das obrigações firmadas no texto 
constitucional, sobretudo quando a omissão estatal puder resultar na aniquilação de 
direitos constitucionais impregnados de um sentido de essencial fundamentalidade. 
Conforme assentado em diversos julgados, a reserva do possível não pode servir para 
fazer “tábula rasa” dos direitos constitucionais. 
Portanto, a cláusula da reserva do possível é um ônus que recai sob o Poder 
Público quando este a alegar como defesa frente ao não atendimento das prestações, 
não sendo suficiente a alegação genérica de que não há possibilidade orçamentário-
financeira de se cumprir o direito, sendo preciso demonstrá-la cabalmente. 
Julgados importantes sobre o tema: 
 
A CF/88 e a Convenção Internacional sobre Direitos das Pessoas 
com Deficiência asseguram o direito dos portadores de 
necessidades especiais ao acesso a prédios públicos, devendo 
a Administração adotar providências que o viabilizem. O Poder 
Judiciário, em situações excepcionais, pode determinar que a 
Administração Pública adote medidas assecuratórias de 
direitos constitucionalmente reconhecidos como essenciais, 
sem que isso configure violação do princípio da separação de 
poderes. STF. 1ª Turma. RE 440028/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 
julgado em 29/10/2013 (Info 726). 
É lícito ao Poder Judiciário impor à Administração Pública 
obrigação de fazer, consistente na promoção de medidas ou na 
execução de obras emergenciais em estabelecimentos 
prisionais para dar efetividade ao postulado da dignidade da 
pessoa humana e assegurar aos detentos o respeito à sua 
integridade física e moral, nos termos do que preceitua o art. 
5º, XLIX, da CF, não sendo oponível à decisão o argumento da 
reserva do possível nem o princípio da separação dos poderes. 
STF. Plenário. RE 592581/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
julgado em 13/8/2015 (Info 794). 
O Estado de Coisas Inconstitucional ocorre quando se verifica a 
existência de um quadro de violação generalizada e sistêmica 
de direitos fundamentais, causado pela inércia ou incapacidade 
reiterada e persistente das autoridades públicas em modificar 
a conjuntura, de modo que apenas transformações estruturais 
da atuação do Poder Público e a atuação de uma pluralidade de 
autoridades podem modificar a situação inconstitucional. STF. 
Plenário. ADPF 347 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 
9/9/2015 (Info 798). 
 
1.2.4. MÍNIMO EXISTENCIAL 
 
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37 
A expressão pretende delimitar um agrupamento reduzido de direitos 
fundamentais formados pelos bens mais básicos e essenciais a uma vida digna. O 
mínimo existencial consiste em um grupo menor e mais preciso de direitos sociais 
formado pelos bens e utilidades básicas imprescindíveis a uma vida humana digna. 
Na concepção de Ana Paula de BARCELLOS, engloba os direitos à SAÚDE, 
EDUCAÇÃO, ASSISTÊNCIA AOS DESAMPARADOS (alimentação, vestuário e abrigo) e o 
ACESSO À JUSTIÇA. Para a autora, na formulação e execução das políticas públicas, o 
mínimo existencial deve nortear o estabelecimento das metas prioritárias do 
orçamento. Somente após serem disponibilizados os recursos necessários à sua 
promoção, deve-se discutir, em relação ao remanescente, quais serão as demandas a 
merecer atendimento. 
Quanto à possibilidade de os Poderes Públicos alegarem a cláusula da reserva 
do possível diante dos direitos mais básicos à subsistência do cidadão, que compõem o 
mínimo existencial, há divergência na doutrina: 
 
i. Para alguns, os direitos que integram esse mínimo, exatamente 
por serem imprescindíveis a uma existência digna, não se 
sujeitam à cláusula. 
ii. Em contrapartida, há autores que defendem não existir um 
direito definitivo ao mínimo existencial, mas sim a necessidade 
de um ônus argumentativo pelo Estado tanto maior quanto mais 
indispensável for o direito postulado. 
 
No julgamento do RE 482.611-SC, o ministro Celso de Mello adotou a primeira 
corrente quando afirmou a "impossibilidade de invocação, pelo poder público, da 
cláusula da reserva do possível sempre que puder resultar, de sua aplicação, 
comprometimento do núcleo básico que qualifica o mínimo existencial". 
Contudo, não se trata de uma questão definitivamente fechada nas Cortes de 
sobreposição, sobretudo em razão de que, em mais de uma oportunidade, os julgados 
deixaram consignado que a reserva do possível não deveria ser simplesmente alegada, 
mas demonstrada de maneira efetiva no caso concreto, dando margem à possibilidade 
de oposição em situações excepcionais. 
 
1.2.4.1. Metodologia fuzzy e camaleões normativos (CANOTILHO) 
 
Conforme destacado, uma das questões que se levanta em relação à 
concretização dos direitos fundamentais é a problemática relacionada aos recursos. É 
neste contexto que se desenvolve o dilema entre a efetivação de determinados direitos 
sociais e a alocação dos recursos financeiros que são finitos, ou seja, demandam 
escolhas a serem implementadas por meio das políticas públicas. 
Conforme anotou o Min. Celso de Mello: 
 
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38 
“essa relação dilemática (...) conduz os Juízes deste Supremo 
Tribunal a proferir decisão que se projeta no contexto das 
denominadas ‘escolhas trágicas’ (GUIDO CALABRESI e PHILIP 
BOBBITT, ‘Tragic Choices’, 1978, W. W. Norton & Company), que 
nada mais exprimem senão o estado de tensão dialética entre a 
necessidade estatal de tornar concretas e reais as ações e 
prestações de saúde em favor das pessoas, de um lado, e as 
dificuldades governamentais de viabilizar a alocação de recursos 
financeiros, sempre tão dramaticamente escassos, de outro” 
(voto — SL 47-AgR/PE, j. 17.03.2010). 
 
A dificuldade intensifica-se quando se resolve enfrentar a problemática dos 
direitos sociais que exigem, como visto, a prestação estatal, pois, como diz Canotilho, os 
juristas não têm a sua exata dimensão, desprezando a necessidade de análise 
econômica do direito. 
Em suas palavras: 
 
“Como todos sabem, fuzzy significa em inglês ‘coisas vagas’, 
‘indistintas’, indeterminadas. Por vezes, o estilo ‘fuzzysta’ 
aponta para o estilo do indivíduo ligeiramente embriagado. Ao 
nosso ver, paira sobre a dogmática e sobre a teoria jurídica dos 
direitos econômicos, sociais e culturais a carga metodológica da 
‘vagueza’, ‘indeterminação’ e ‘impressionismo’ que a teoria da 
ciência vem apelidando, em termos caricaturais, sob a 
designação de ‘fuzzysmo’ ou ‘metodologia fuzzy’. 
Em toda a sua radicalidade, a censura do ‘fuzzysmo’, lançada aos 
juristas, significa basicamente que eles não sabem o que estão a 
falar, quando abordam os complexos problemas dos direitos 
econômicos, sociais e culturais”. 
 
Ainda, em aprofundada crítica, Canotilho denuncia a indeterminação 
normativa dos direitos sociais que vai repercutir na instável definição das políticas 
públicas. E explica: 
 
“mesmo nos estritos parâmetros jurídico dogmáticos, os direitos 
sociais aparecem envoltos em quadros pictóricos onde o recorte 
jurídico cede o lugar a nebulosas normativas”. 
 
Esta indeterminação normativa explicaria, emgrande medida, a confusão entre 
conteúdo de um direito, juridicamente definido e determinado, e a sugestão de 
conteúdo, sujeita a modelações político-jurídicas cambiantes, apresentando-se como 
um camaleão normativo. 
 
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1.2.5. A “VEDAÇÃO DE RETROCESSO SOCIAL” (“EFEITO CLIQUET”, “PROIBIÇÃO DE 
CONTRARREVOLUÇÃO SOCIAL” OU “PROIBIÇÃO DE EVOLUÇÃO REACIONÁRIA”) 
 
A vedação de retrocesso está diretamente relacionada ao princípio da 
segurança jurídica, tendo em vista que os direitos sociais, econômicos e culturais devem 
“implicar uma certa garantia de estabilidade das situações ou posições jurídicas criadas 
pelo legislador ao concretizar as normas respectivas”. 
Apesar de também ser utilizado em um sentido mais amplo, referindo-se a todo 
o rol de direitos fundamentais, a análise, neste ponto, limitar-se-á à seara dos direitos 
sociais (acepção estrita). Esta limitação é dirigida aos poderes encarregados da 
concretização desses direitos, atuando no sentido de impedir o legislador e o 
administrador de extinguir ou reduzir uma determinada política pública efetivadora 
dos direitos fundamentais sociais. 
Decorre da proibição do retrocesso social o direito à manutenção do “nível de 
realização” legislativa do direito fundamental na esfera jurídica dos particulares, 
implicando a elevação, ao nível constitucional, das medidas legais concretizadoras dos 
direitos sociais. 
A “constitucionalização” não é um efeito automático, sendo necessário haver, 
para sua ocorrência, um “consenso básico” e uma “radicação na consciência jurídica 
geral” de que “o grau de realização legislativa obtido corresponde a uma 
complementação ou desenvolvimento do direito constitucional, dispondo, como ele, da 
força ou dignidade normativa das normas constitucionais”. 
A questão central de toda esta problemática reside em saber até que ponto os 
órgãos encarregados da concretização da Constituição podem retroceder no tocante à 
implementação dos direitos sociais, ainda que não o façam com efeitos retroativos e 
que não esteja em jogo uma alteração do texto constitucional, haja vista que, em um 
sistema político pluralista, algumas das normas que consubstanciam direitos sociais 
possuem um caráter aberto a fim de possibilitar que seja priorizada determinada 
concretização conforme a vontade da maioria. 
Zagrebelsky sustenta que a proibição de retrocesso consiste em um 
impedimento imposto ao legislador, decorrente das normas constitucionais 
programáticas, de reduzir o grau de concretização atingido por uma norma definidora 
de um direito social. 
Ocorre que a liberdade de conformação legislativa seria praticamente 
eliminada se o legislador “fosse obrigado a manter integralmente o nível de realização 
e a respeitar os direitos por ele criados”, razão pela qual se deve admitir a “proibição de 
revogação” apenas na medida em que impeça o arbítrio ou a irrazoabilidade manifesta 
do “retrocesso”, isto é, somente no caso de não ocorrer a “substituição das normas 
conformadoras dos direitos sociais”, que é uma “garantia do conteúdo mínimo 
imperativo do preceito constitucional”, bem como do “limite da proteção da 
confiança”. 
Nesse sentido, o entendimento manifestado pelo Ministro Celso de Mello em 
uma das passagens de seu voto em decisão envolvendo o direito à saúde: “na realidade, 
a cláusula que proíbe o retrocesso em matéria social traduz, no processo de sua 
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40 
concretização, verdadeira dimensão negativa pertinente aos direitos sociais de 
natureza prestacional (como o direito à saúde), impedindo, em consequência, que os 
níveis de concretização dessas prerrogativas, uma vez atingidos, venham a ser 
reduzidos ou suprimidos, exceto nas hipóteses em que políticas compensatórias 
venham a ser implementadas pelas instâncias governamentais”. 
Por fim, cumpre observar que a vedação de retrocesso não pode ser entendida 
como uma regra absoluta em matéria de direitos fundamentais, sob pena de aniquilar a 
autonomia da função legislativa, degradando-a a mera função de execução das normas 
constitucionais. 
A abrangência deste princípio deve ficar restrita àqueles direitos sobre os quais 
haja um consenso profundo, formado ao longo do tempo, não se estendendo aos 
pormenores de regulamentação. 
No ordenamento jurídico brasileiro, a proibição do retrocesso decorre 
implicitamente do: 
 
a) Princípio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III); 
b) Princípio da máxima efetividade (CF, art. 5º, § 1º); 
c) Princípio do Estado democrático e social de direito (CF, art. 
1º). 
 
1.2.6. DIREITOS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE 
A. DIREITO À SAÚDE 
 
O direito à saúde, na forma exposta na Constituição, segundo doutrinadores de 
renome, a exemplo de Canotilho, é uma norma de eficácia contida, restringível ou 
definidora de direitos sociais, uma vez que, claramente, prevê-se a criação de uma 
estrutura infraconstitucional para aprofundar os paradigmas constitucionais (não é 
unânime). Ao mesmo tempo, tem uma dimensão de norma-tarefa, no sentido de 
conduzir as atividades de governo, aspecto da Constituição dirigente. 
Não se trata, pois, de mera norma para o futuro, e sim de um verdadeiro dever, 
o qual será concretizado de acordo com as políticas públicas formuladas seguindo as 
diretrizes da constituição. É interessante destacar que a própria estruturação do direito 
à saúde aponta para uma primazia da adoção de soluções coletivas, a partir de políticas 
públicas formuladas nas instâncias políticas. 
Por ser indissociável do direito à vida e da dignidade da pessoa humana, o 
direito à saúde possui um caráter de fundamentalidade que o inclui, não apenas 
dentre os direitos fundamentais sociais (CF, art. 6º), mas também no grupo de direitos 
que compõem o mínimo existencial. 
Constituição Federal: 
 
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41 
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do 
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e 
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e 
recuperação. 
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, 
cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da Lei, sobre sua 
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução 
ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por 
pessoa física ou jurídica de direito privado. 
 
Da estrutura constitucional do Direito à Saúde, podemos extrair os seguintes 
elementos fundamentais: 
 
1. Direito de Todos Acesso Universal Igualitário 
2. Dever do Estado Ações descentralizadas Atendimento Integral 
3. Políticas Públicas Redução do risco de doença Ênfase na prevenção 
4. Escolhas pressupõem a 
participação da 
comunidade 
 
 
1. Direito de Todos 
É possível identificar na redação do artigo constitucional tanto um direito 
individual quanto um direito coletivo de proteção à saúde. Dizer que a norma do art. 
196, por tratar de um direito social, consubstancia-se tão-somente em norma 
programática, incapaz de produzir efeitos, apenas indicando diretrizes a serem 
observadas pelo poder público, significaria negar a força normativa da Constituição. 
Não obstante, esse direito subjetivo público é assegurado mediante políticas 
sociais e econômicas. Ou seja, não há um direito absoluto a todo e qualquer 
procedimentonecessário para a proteção, promoção e recuperação da saúde, 
independentemente da existência de uma política pública que o concretize. Há um 
direito público subjetivo a políticas públicas que promovam, protejam e recuperem a 
saúde. 
Sem embargo do exposto, o direito à saúde compreende também uma 
dimensão individual e subjetiva, conforme assevera o Ministro Celso de Mello, do 
Supremo Tribunal Federal, relator do AgR-RE 271.286-8/RS, ao reconhecer o direito à 
saúde como um direito público subjetivo assegurado à generalidade das pessoas, que 
conduz o indivíduo e o Estado a uma relação jurídica obrigacional. 
Ressaltou o Ministro que “a interpretação da norma programática não pode 
transformá-la em promessa constitucional inconsequente”, impondo aos entes 
federados um dever de prestação positiva. Concluiu que “a essencialidade do direito à 
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42 
saúde fez com que o legislador constituinte qualificasse como prestações de relevância 
pública as ações e serviços de saúde (art. 197)”, legitimando a atuação do Poder 
Judiciário nas hipóteses em que a Administração Pública descumpra o mandamento 
constitucional em apreço, sendo possível a adjudicação de prestações individuais em 
determinadas circunstâncias, como o fornecimento de medicamentos, dentre outras 
situações. 
2. Dever do Estado 
O dispositivo constitucional deixa claro que, para além do direito fundamental 
à saúde, há o dever fundamental de prestação de saúde por parte do Estado (União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios). Essa obrigação, segundo o STF, é SOLIDÁRIA 
entre os entes públicos. 
O dever de desenvolver políticas públicas que visem à redução de doenças, à 
promoção, à proteção e à recuperação da saúde está expresso no art. 196. Essa é uma 
atribuição comum dos entes da federação, consoante art. 23, II, da Constituição. 
3. Garantido mediante políticas sociais e econômicas 
A garantia mediante políticas sociais e econômicas ressalva, justamente, a 
necessidade de formulação de políticas públicas que concretizem o direito à saúde por 
meio de escolhas alocativas. É incontestável que, além da necessidade de se 
distribuírem recursos naturalmente escassos por meio de critérios distributivos, a 
própria evolução da medicina impõe um viés programático ao direito à saúde, pois 
sempre haverá uma nova descoberta, um novo exame, um novo prognóstico ou 
procedimento cirúrgico, uma nova doença ou a volta de uma doença supostamente 
erradicada. 
4. Políticas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos 
Tais políticas visam à redução do risco de doença e outros agravos, de forma a 
evidenciar sua dimensão preventiva. As ações preventivas na área da saúde foram, 
inclusive, indicadas como prioritárias pelo art. 198, II, da Constituição. 
O âmbito de abrangência dessas políticas públicas é bastante amplo. Pesquisas 
da Organização Mundial da Saúde indicam, por exemplo, uma direta relação entre 
saneamento básico e acesso à água potável e saúde pública. 
5. Políticas que visem ao acesso universal e igualitário 
O constituinte estabeleceu um sistema universal de acesso aos serviços 
públicos de saúde, o que reforça a responsabilidade solidária dos entes da Federação, 
garantindo, inclusive, a “igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou 
privilégios de qualquer espécie” (art. 7º, IV, da Lei n. 8.080/90). 
Questão que pode ser incluída no rol das políticas para um acesso universal ao 
sistema de saúde é a quebra de patente de medicamentos. No Brasil, esta foi utilizada 
como forma de concretização de política pública, dando-se maior efetividade ao direito 
à saúde. 
6. Ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde 
O estudo do direito à saúde no Brasil leva a concluir que os problemas de 
eficácia social desse direito fundamental devem-se muito mais a questões ligadas à 
implementação e manutenção das políticas públicas de saúde já existentes – o que 
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43 
implica também a composição dos orçamentos dos entes da Federação – do que à falta 
de legislação específica. 
 
A.1. Adjudicação do direito à saúde 
 
Malgrado as objeções já apontadas, é certo que constatando-se a omissão 
deliberada do poder público em fornecer adequadamente os serviços de saúde, o 
judiciário será acionado com escopo de que seja determinado o oferecimento da 
prestação. 
Múltiplas situações fáticas e jurídicas podem se apresentar neste sentido, como 
a falta de um medicamento em estoque até o pedido de um tratamento clínico ainda 
não incorporado ao SUS, porém, para fins de provas, deve-se atentar aos critérios 
estabelecidos pelo STF e pelo STJ, atentando-se ao fato que a matéria encontra-se em 
vias de construção e diálogo entre as teses firmadas nas Cortes de sobreposição, 
notadamente entre os precedentes da STA nº 175- STF e REsp 1657156-RJ (repetitivo) – 
STJ. 
Na análise da Suspensão de Tutela Antecipada nº 175 decidida pelo Supremo 
Tribunal Federal, o doutrinador Marcelo Novelino sintetizou alguns parâmetros 
fundamentais, vejamos: 
Inicialmente, deve ser considerada a existência, ou não, de política estatal que 
abranja a prestação de saúde pleiteada pela parte. Caso esta prestação esteja incluída 
entre as políticas sociais e econômicas formuladas pelo SUS, há direito subjetivo público 
àquela política de saúde. Nesse caso, o Poder Judiciário não está criando política pública, 
mas apenas determinando o seu cumprimento. Hipótese diversa ocorrerá quando for 
pleiteada uma prestação de saúde não incluída entre as políticas sociais e econômicas 
formuladas pelo Sistema Único de Saúde, sendo necessário fazer uma distinção entre 
três hipóteses: 
a) omissão legislativa ou administrativa; 
Diante do não fornecimento injustificado de uma prestação de saúde, o seu 
cumprimento poderia ser determinado pelo Judiciário, sendo que: 
 
"o alto custo do medicamento não é, por si só, motivo para o seu 
não fornecimento, visto que a Política de Dispensação de 
Medicamentos excepcionais visa a contemplar justamente o 
acesso da população acometida por enfermidades raras aos 
tratamentos disponíveis" (STA nº 175). 
 
b) decisão administrativa de não fornecê-la; 
Neste caso, há uma motivação para o não fornecimento de determinada ação 
de saúde pelo SUS, que decide não custeá-la por entender que inexistem evidências 
científicas suficientes para autorizar sua inclusão. Aqui podem ocorrer duas situações 
distintas: 
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(b.1) fornece um tratamento alternativo ao pretendido pelo autor. Em regra, 
deve ser privilegiado o tratamento oferecido em detrimento de opção diversa 
escolhida pelo paciente, sempre que não for comprovada a ineficácia daquele. Obrigar 
a rede pública a financiar toda e qualquer ação e prestação de saúde geraria grave lesão 
à ordem administrativa e levaria ao comprometimento do SUS, "de modo a prejudicar 
ainda mais o atendimento médico da parcela da população mais necessitada". 
Todavia, os Protocolos Clínicos e as Diretrizes Terapêuticas adotados pelo SUS 
não são inquestionáveis, subsistindo a possibilidade de o Poder Judiciário, ou a própria 
Administração, impor o fornecimento de medida diferente da custeada pelo SUS a 
determinada pessoa que, por razões específicas do seu organismo, comprove a 
ineficácia do tratamento fornecido ou a impropriedade da política desaúde existente 
para o seu caso. Nesta hipótese, o ônus da prova caberá ao autor. 
(b.2) não tem nenhum tratamento específico para determinada patologia. 
Neste caso, é necessário verificar se o tratamento é puramente experimental ou se 
apenas não foi testado pelo SUS. 
(b.2.1) tratamento puramente experimental, sem comprovação científica de 
sua eficácia, o Estado não poderá ser condenado a fornecê-lo. 
(b.2.2) novo tratamento ainda não testado pelo SUS: Nesse caso, a omissão 
administrativa no tratamento de determinada patologia poderá ser objeto de 
impugnação judicial, tanto por ações individuais como coletivas, sendo imprescindível 
uma instrução processual com ampla produção de provas, sob pena de se configurar um 
obstáculo à concessão de medida cautelar, pois a inexistência de Protocolo Clínico não 
pode significar violação ao princípio da integralidade do sistema nem justificar a 
diferença entre as opções acessíveis aos usuários da rede pública e as disponíveis aos 
usuários da rede privada. 
No caso de MEDICAMENTO ainda não incorporado ao SUS, o STJ fixou tese em 
recurso repetitivo exigindo a presença cumulativa dos seguintes requisitos: 
 
STJ. 1ª Seção. REsp 1657156-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 
julgado em 25/04/2018 (recurso repetitivo). 
1) Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e 
circunstanciado expedido por médico que assiste o paciente, 
da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim 
como da ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos 
fármacos fornecidos pelo SUS; 
Esse laudo não necessita ser fornecido por médico do SUS: 
(...) Ressalte-se, ainda, que não há, no ordenamento jurídico 
brasileiro, qualquer exigência que condicione o fornecimento de 
medicamento à prescrição exclusivamente por médico da rede 
pública. (...)” (STJ. AgInt no REsp 1.309.793/RJ, Rel. Min. 
Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 07/04/2017). 
2) Incapacidade financeira do paciente de arcar com o custo do 
medicamento prescrito; e 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
45 
Não se exige que o beneficiário seja miserável em sentido 
absoluto, mas tão somente que não tenha possibilidade, diante 
das circunstâncias fáticas, de arcar com o custo dos 
medicamentos. 
3) Existência de registro do medicamento na Agência Nacional 
de Vigilância Sanitária (Anvisa), observados os usos 
autorizados pela agência. 
Esta diretriz está em conformidade com o entendimento do 
Ministro Marco Aurélio, que em seu voto no julgamento do RE 
657.718/MG, que trata precisamente da questão do 
fornecimento de medicamentos não aprovados pela ANVISA, 
consigna a seguinte tese: “o registro do medicamento na 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa é condição 
inafastável, visando concluir pela obrigação do Estado ao 
fornecimento”. 
Também não é permitido, neste contexto, o fornecimento de 
medicamento para uso off-label. (fora das recomendações do 
fabricante), salvo se o uso off-label for autorizado pela Anvisa. 
 
c) vedação legal à sua dispensação. O registro mostra-se como condição 
necessária para atestar a segurança e o benefício do produto, sendo a primeira condição 
para que o SUS possa considerar sua incorporação. No caso de medicamento não 
registrado na ANVISA, ficou decidido em recurso repetitivo (STJ) que o Estado não pode 
ser obrigado a fornecê-lo. 
 
ATENÇÃO! É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem 
registro sanitário, em caso de mora irrazoável da Anvisa em apreciar o pedido (prazo 
superior ao previsto na Lei 13.411/2016), quando preenchidos três requisitos: 
a) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso de 
medicamentos órfãos para doenças raras e ultrarraras); 
b) a existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação no 
exterior; e 
c) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil. 
As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa 
deverão necessariamente ser propostas em face da União. STF. Plenário. RE 
657718/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado 
em 22/5/2019 (repercussão geral) 
 
A.1. Direito à saúde e pandemia da COVID-19 
 
OBSERVAÇÃO: CORONAVÍRUS. A Lei 13.979/2020 autoriza excepcional e 
temporariamente a importação e distribuição de quaisquer materiais, medicamentos, 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
46 
equipamentos e insumos da área de saúde sujeitos à vigilância sanitária sem registro na 
Anvisa considerados essenciais para auxiliar no combate à pandemia do coronavírus, 
desde que registrados por, pelo menos, 1 (uma) das seguintes autoridades sanitárias 
estrangeiras e autorizados à distribuição comercial em seus respectivos países: 
1. Food and Drug Administration (FDA)-EUA; 
2. European Medicines Agency (EMA)-União Européia; 
3. Pharmaceuticals and Medical Devices Agency (PMDA)-Japão; 
4. National Medical Products Administration (NMPA)-China; 
 
ATENÇÃO! COMPETÊNCIAS RELACIONADAS À PANDEMIA DO COVID-19 
- COMPETÊNCIA DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS PARA ADOÇÃO DE MEDIDAS DE 
COMBATE À PANDEMIA 
1. Em momentos de acentuada crise, o fortalecimento da união e a ampliação de 
cooperação entre os três poderes, no âmbito de todos os entes federativos, são 
instrumentos essenciais e imprescindíveis a serem utilizados pelas diversas lideranças 
em defesa do interesse público, sempre com o absoluto respeito aos mecanismos 
constitucionais de equilíbrio institucional e manutenção da harmonia e 
independência entre os poderes, que devem ser cada vez mais valorizados, evitando-
se o exacerbamento de quaisquer personalismos prejudiciais à condução das políticas 
públicas essenciais ao combate da pandemia de COVID-19. 
2. A gravidade da emergência causada pela pandemia do coronavírus (COVID-19) 
exige das autoridades brasileiras, em todos os níveis de governo, a efetivação 
concreta da proteção à saúde pública, com a adoção de todas as medidas possíveis e 
tecnicamente sustentáveis para o apoio e manutenção das atividades do Sistema 
Único de Saúde. 
3. A União tem papel central, primordial e imprescindível de coordenação em uma 
pandemia internacional nos moldes que a própria Constituição estabeleceu no SUS. 
4. Em relação à saúde e assistência pública, a Constituição Federal consagra a 
existência de competência administrativa comum entre União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios (art. 23, II e IX, da CF), bem como prevê competência 
concorrente entre União e Estados/Distrito Federal para legislar sobre proteção e 
defesa da saúde (art. 24, XII, da CF); permitindo aos Municípios suplementar a 
legislação federal e a estadual no que couber, desde que haja interesse local (art. 30, 
II, da CF); e prescrevendo ainda a descentralização político-administrativa do Sistema 
de Saúde (art. 198, CF, e art. 7º da Lei 8.080/1990), com a consequente 
descentralização da execução de serviços, inclusive no que diz respeito às atividades 
de vigilância sanitária e epidemiológica (art. 6º, I, da Lei 8.080/1990). 
5. Não compete, portanto, ao Poder Executivo federal afastar, unilateralmente, as 
decisões dos governos estaduais, distrital e municipais que, no exercício de suas 
competências constitucionais, adotaram ou venham a adotar, no âmbito de seus 
respectivos territórios, importantes medidas restritivas como a imposição de 
distanciamento ou isolamento social, quarentena, suspensão de atividades de 
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47 
ensino, restrições de comércio, atividades culturais e à circulação de pessoas, entre 
outros mecanismos reconhecidamente eficazes para a redução do número de 
infectados e de óbitos, como demonstram a recomendação da OMS (Organização 
Mundial de Saúde) e vários estudos técnicos científicos, como por exemplo, os 
estudos realizados pelo Imperial College of London, a partir de modelos 
matemáticos (The Global Impact of COVID-19 and Strategies for Mitigation and 
Suppression, vários autores; Impact of non-pharmaceutical interventions (NPIs) to 
reduce COVID-19 mortality and healthcare demand, vários autores). 
6. Os condicionamentos imposto pelo art. 3º, VI, “b”, §§ 6º, 6º-A e 7º, II, da Lei 
13.979/2020, aos Estados e Municípios para a adoção de determinadas medidas 
sanitárias de enfrentamento à pandemia do COVID-19, restringem indevidamente o 
exercício das competências constitucionais desses entes, em detrimento do pacto 
federativo. 
7. Medida Cautelar parcialmente concedida para: (a) suspender, sem redução de 
texto, o art. 3º, VI, “b”, e §§ 6º, 6º-A e 7º, II, excluídos Estados e Municípios da 
exigência de autorização da União, ou obediência a determinações de órgãos federais, 
para adoção de medidas de restrição à circulação de pessoas; e (b) conferir 
interpretação conforme aos referidos dispositivos para estabelecer que as medidas 
neles previstas devem ser fundamentadas em orientações de seus órgãos técnicos 
correspondentes, resguardada a locomoção de produtos e serviços essenciais 
definidos por ato do Poder Público federal, sempre respeitadas as definições no 
âmbito da competência constitucional de cada ente federativo. 
(ADI 6343 MC-Ref, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: ALEXANDRE 
DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 06/05/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
273 DIVULG 16-11-2020 PUBLIC 17-11-2020) 
 
ATENÇÃO! ESTADOS E MUNICÍPIOS PODEM REQUISITAR ADMINISTRATIVAMENTE 
BENS E SERVIÇOS PARA ENFRENTAR A PANDEMIA SEM AUTORIZAÇÃO DO 
MINISTÉRIO DA SAÚDE 
I - A Constituição Federal prevê, ao lado do direito subjetivo público à saúde, a 
obrigação de o Estado dar-lhe efetiva concreção, por meio de “políticas sociais e 
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso 
universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e 
recuperação” (art. 196). II – Esse dever abrange todos os entes federados, inclusive as 
comunas, os quais, na seara da saúde, exercem uma competência administrativa 
comum, nos termos do art. 23, II, do Texto Constitucional. III - O federalismo 
cooperativo, adotado entre nós, exige que a União e as unidades federadas se apoiem 
mutuamente no enfrentamento da grave crise sanitária e econômica decorrente da 
pandemia desencadeada pelo novo coronavírus. IV- O Plenário do STF já assentou que 
a competência específica da União para legislar sobre vigilância epidemiológica, da 
qual resultou a Lei 13.979/2020, não inibe a competência dos demais entes da 
federação no tocante à prestação de serviços da saúde (ADI 6.341-MC-Ref/DF, redator 
para o acórdão Ministro Edson Fachin). V – Dentre as medidas de combate à 
pandemia, a Lei 13.979/2020 estabelece que qualquer ente federado poderá lançar 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
48 
mão da “requisição de bens e serviços de pessoas naturais e jurídicas, hipótese em 
que será garantido o pagamento posterior de indenização justa” (art. 3°, VII). VI – Tais 
requisições independem do prévio consentimento do Ministério da Saúde, sob pena 
de invasão, pela União, das competências comuns atribuídas aos Estados, Distrito 
Federal e Municípios, os quais, todavia, precisam levar em consideração evidências 
científicas e análises sobre as informações estratégicas antes de efetivá-las (art. 3°, § 
1°). VII – Como todas as ações estatais, as requisições administrativas precisam 
balizar-se pelos critérios da razoabilidade e da proporcionalidade, só podendo ser 
levadas a cabo após a constatação de que inexistem outras alternativas menos 
gravosas. VIII- Essa fundamentação haverá de estar devidamente explicitada na 
exposição de motivos dos atos que venham a impor as requisições, de maneira a 
permitir o crivo judicial. IX – Ao Judiciário, contudo, é vedado substituir-se ao 
Executivo ou ao Legislativo na definição de políticas públicas, especialmente aquelas 
que encontrem previsão em lei, considerado o princípio da separação dos poderes. X 
- A requisição administrativa configura ato discricionário, que não sofre qualquer 
condicionamento, tendo em conta o seu caráter unilateral e autoexecutório, 
bastando que fique configurada a necessidade inadiável da utilização de um bem ou 
serviço pertencente a particular numa situação de perigo público iminente, sendo por 
isso inexigível a aquiescência da pessoa natural ou jurídica atingida ou a prévia 
intervenção do Judiciário. XI - A criação de novos requisitos para as requisições 
administrativas por meio da técnica de interpretação conforme à Constituição (art. 
3°, caput, VII, da CF e § 7°, III, da Lei 13.979/2020), não se aplica à espécie, dada a 
clareza e univocidade da disposição legal impugnada. XII - Ação direta de 
inconstitucionalidade julgada improcedente. 
(ADI 6362, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 
02/09/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-288 DIVULG 07-12-2020 PUBLIC 09-12-
2020) 
 
ATENÇÃO! PODER PÚBLICO PODE DETERMINAR VACINAÇÃO COMPULSÓRIA, 
observados os seguintes requisitos fixados pelo STF: 
A) A vacinação compulsória não significa vacinação forçada, por exigir sempre o 
consentimento do usuário, podendo, contudo, ser implementada por meio de 
medidas indiretas, as quais compreendem, dentre outras, a restrição ao exercício de 
certas atividades ou à frequência de determinados lugares, desde que previstas em 
lei, ou dela decorrentes, e: 
i) tenham como base evidências científicas e análises estratégicas pertinentes; 
ii) venham acompanhadas de ampla informação sobre a eficácia, segurança e 
contraindicações dos imunizantes; 
iii) respeitem a dignidade humana e os direitos fundamentais das pessoas; 
iv) atendam aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade, e 
v) sejam as vacinas distribuídas universal e gratuitamente; e 
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49 
B) tais medidas, com as limitações acima expostas, podem ser implementadas tanto 
pela União como pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as 
respectivas esferas de competência. 
STF. Plenário. ADI 6586, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 17/12/2020. 
 
B. Direito à educação 
 
Além da previsão geral do art. 6º e do art. 205 da Constituição, que consagra o 
direito à educação como direito de todos e dever do Estado, o texto constitucional 
detalhou seu âmbito de proteção, nos arts. 205 a 214. 
Nesse sentido, estabeleceu uma série de princípios norteadores da atividade 
do Estado com vistas a efetivar esse direito, tais como a igualdade de condições para o 
acesso e permanência na escola, o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e 
a autonomia universitária, gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais, 
gestão democrática do ensino público, garantia de padrão de qualidade de piso salarial 
profissional nacional para os professores da educação pública, nos termos da lei federal 
(CF, art. 206). 
Em relação à gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais, 
prevista no art. 206, IV, da Constituição Federal, deve-se destacar importante orientação 
do STF sobre a matéria:A garantia constitucional da gratuidade de ensino NÃO OBSTA a cobrança por 
universidades públicas de mensalidade em cursos de especialização. STF. Plenário. RE 
597854/GO, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 26/4/2017 (repercussão geral) (Info 
862). 
Segundo a Suprema Corte, a gratuidade de ensino tem aplicação restrita às 
hipóteses de cursos de ensino oferecidos pela universidade, não proibindo que haja 
cobrança de taxa de matrícula em casos de pós-graduação (pesquisa e extensão). 
Não se esqueçam do teor da Súmula Vinculante 12: 
 
SV 12: A cobrança de taxa de matrícula nas universidades 
públicas viola o disposto no art. 206, inciso IV, da Constituição 
Federal. 
 
Novidade legislativa: A EC 108/2020 acrescentou o seguinte princípio ao 
ensino: garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida. 
A Constituição dispõe, ainda, que União, Estados, Distrito Federal e Municípios 
deverão organizar seus sistemas de ensino em regime de colaboração. Na organização 
de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
definirão formas de colaboração, de forma a assegurar a universalização, a qualidade e 
a equidade do ensino obrigatório. 
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50 
A Constituição também estabelece como os entes federados 
preferencialmente atuarão na área de educação. Aos Municípios cabe atuar 
prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil (art. 211, § 2º), 
enquanto aos Estados e ao Distrito Federal, nos ensinos fundamental e médio (art. 211, 
§ 3º). Compete à União organizar o sistema federal de ensino e o dos Territórios, 
financiar as instituições de ensino públicas federais e exercer, em matéria educacional, 
função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades 
educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e 
financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (art. 211, § 1º). 
Nos termos da Constituição, assegura-se a garantia de educação básica 
obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, com oferta gratuita aos que não 
tiveram acesso na idade própria (art. 208, I), a progressiva universalização do ensino 
médio gratuito (art. 208, II), o atendimento educacional especializado aos portadores 
de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208, III), e a educação 
infantil, em creche e pré-escola, às crianças de até 5 anos de idade (art. 208, IV). 
A despeito da formulação que demanda constante institucionalização, afigura-
se inequívoco também o caráter de direito subjetivo conferido pelo constituinte a essas 
situações jurídicas, não havendo dúvida quanto à possibilidade de judicialização em caso 
de prestação de serviço deficiente ou incompleto. 
Consagra-se que o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público 
subjetivo, e, nesse sentido, o STF decidiu pela possibilidade de imposição ao poder 
público que forneça vagas em creches para crianças de até 05 (cinco) anos (a matrícula 
nesta hipótese tem natureza de direito público subjetivo). 
O STF também analisou a validade do piso nacional de professores de educação 
básica da rede pública de ensino, matéria que teve sua constitucionalidade impugnada 
por alguns Estados em sede de controle abstrato. 
A denominada Lei do Piso Nacional – Lei n. 11.738/2008 – planificou a carga 
horária da jornada de trabalho dos professores da rede pública de ensino médio, nos 
termos do art. 206, VIII, da Constituição e do art. 60, III, c, do ADCT. 
No julgamento, foi afastado o argumento de que a União, ao estabelecer tal 
piso, teria ofendido o pacto federativo. 
NOVIDADE LEGISLATIVA. A EC 108/2020 procedeu alterações no sistema de 
ensino, resumidas abaixo: 
 
- Incluiu novo princípio aplicável ao ensino (garantia do direito à 
educação e à aprendizagem ao longo da vida); 
- Acrescentou as características de qualidade e equidade no 
fornecimento do ensino obrigatório; 
- Estabeleceu que o padrão mínimo de qualidade do ensino terá 
como referência o Custo Aluno Qualidade (CAQ) e que será 
pactuado em regime de colaboração na forma disposta em lei 
complementar, conforme o parágrafo único do art. 23 da 
Constituição; 
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51 
- Disciplinou que é VEDADO o uso da contribuição social salário-
educação (fonte adicional de financiamento do ensino) para 
pagamentos de aposentadorias e pensões; 
- Tornou permanente o Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos 
Profissionais da Educação – FUNDEB (o FUNDEB entrou em vigor 
em janeiro de 2007 e terminaria em 2020). 
 
PARA RELEMBRAR: FUNDEB é um fundo especial, de natureza contábil, sendo 
um por Estado e Distrito Federal (27 fundos ao todo). O FUNDEB é formado 
principalmente por recursos provenientes dos impostos e transferências dos estados, 
Distrito Federal e municípios, vinculados à educação por força do disposto no art. 212 
da Constituição Federal (esse artigo disciplina um percentual mínimo dos impostos que 
deverão ser aplicados na manutenção e desenvolvimento do ensino). Todo recurso 
gerado é para aplicação exclusiva na educação básica. 
Em suma, são destinatários dos recursos do Fundeb os estados, o Distrito 
Federal e os municípios que oferecem atendimento na educação básica. A EC 108/2020 
estabeleceu diversos critérios para distribuição dos recursos. 
Conforme norma do ADCT, os critérios de distribuição da complementação da 
União e dos fundos a que se refere o inciso I do caput do art. 212-A da Constituição 
Federal (FUDEBN) serão revistos em seu SEXTO ano de vigência e, a partir dessa primeira 
revisão, periodicamente, a cada 10 (dez) anos. 
 
ATENÇÃO! NOVIDADE JURISPRUDENCIAL: 
É INCONSTITUCIONAL LEI ESTADUAL QUE REDUZ O VALOR DAS MENSALIDADES 
ESCOLARES DURANTE A PANDEMIA DE COVID 19. 
1. As regras de distribuição de competências legislativas são alicerces do federalismo 
e consagram a fórmula de divisão de centros de poder em um Estado de Direito. 
Princípio da predominância do interesse. 
2. A Constituição Federal de 1988, presumindo de forma absoluta para algumas 
matérias a presença do princípio da predominância do interesse, estabeleceu, a priori, 
diversas competências para cada um dos entes federativos União, Estados-Membros, 
Distrito Federal e Municípios e, a partir dessas opções, pode ora acentuar maior 
centralização de poder, principalmente na própria União (CF, art. 22), ora permitir 
uma maior descentralização nos Estados-Membros e nos Municípios (CF, arts. 24 e 
30, inciso I). 
3. A Lei 14.279/2020 do Estado da Bahia, ao determinar a redução obrigatória e 
proporcional das mensalidades na rede particular de ensino, em decorrência das 
medidas restritivas de caráter temporário para enfrentamento da emergência de 
saúde pública decorrente do coronavírus, viola a competência da União para legislar 
sobre Direito Civil (art. 22, I, CF), por se tratar de norma abstrata sobre direito civil, 
afastando-se da competência concorrente dos estados para editar normas sobre 
responsabilidade por danos aos consumidores (art. 24, V, CF). 
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52 
4. Efeitos jurídicos da Pandemia COVID-19 sobre os negócios jurídicos privados, 
inclusive decorrentes de relações de consumo, foram tratados pela Lei 14.010/2020, 
que estabeleceu o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relaçõesjurídicas de 
Direito Privado (RJET) no período da pandemia do Coronavírus (Covid-19), reduzindo 
o espaço de competência complementar dos Estados, ausente previsão geral de 
modificação dos contratos de prestação de serviços educacionais. 4. Ação direta 
julgada procedente. (ADI 6575, Relator(a): EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: 
ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 21/12/2020, PROCESSO 
ELETRÔNICO DJe-027 DIVULG 11-02-2021 PUBLIC 12-02-2021). 
 
C. Direito à moradia 
 
O direito à moradia foi previsto de modo expresso como direito social pela EC 
n. 26/2000 (já cobrado em provas). Apesar dessa incorporação tardia ao texto, desde a 
promulgação da Constituição o direito de moradia já estava amparado, pois, na dicção 
do art. 23, IX, todos os entes federativos têm competência administrativa para promover 
programas de construção de moradias e melhoria das condições habitacionais e de 
saneamento básico. 
Também, partindo da ideia de dignidade da pessoa humana (art. 1.º, III), direito 
à intimidade e à privacidade (art. 5.º, X) e de ser a casa asilo inviolável (art. 5.º, XI), não 
há dúvida de que o direito à moradia busca consagrar o direito à habitação digna e 
adequada, tanto é assim que o art. 23, X, estabelece ser atribuição de todos os entes 
federativos combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo 
a integração social dos setores desfavorecidos. 
Utilizando a expressão em seu sentido mais amplo possível, Ingo SARLET adota 
o entendimento de que o direito à moradia abrange todo o conjunto de posições 
jurídicas vinculadas à garantia de uma moradia digna para a pessoa humana, dentre os 
quais se incluem os direitos de moradia (tutela e promoção da moradia), o direito à 
habitação, os deveres fundamentais conexos e autônomos em matéria de moradia e os 
deveres de proteção. A plena garantia deste direito pressupõe uma moradia adequada 
em suas dimensões, condições de higiene, conforto e capaz de preservar a intimidade e 
privacidade das pessoas. 
Ocorre que prevalece que, em sua dimensão positiva, a moradia não se traduz, 
necessariamente, no direito à propriedade imobiliária ou no direito de ser proprietário 
de um imóvel. A limitação e escassez de recursos (reserva do possível), infelizmente, 
impede que esse direito seja implementado no grau máximo desejável. Seu núcleo 
essencial inviolável, no entanto, confere aos desamparados um direito subjetivo, 
exigível do Estado, a ter pelo menos um abrigo no qual possam se recolher durante a 
noite e fazer sua higiene diária (mínimo existencial). 
Em sua dimensão negativa, este direito protege a moradia contra ingerências 
indevidas do Estado e de outros particulares. De acordo com o entendimento adotado 
pelo STF, a penhorabilidade do bem de família do fiador do contrato de locação não 
ofende o art. 6° da Constituição, mas com ele se coaduna por viabilizar o direito à 
moradia, facilitando e estimulando o acesso à habitação arrendada, constituindo 
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53 
reforço das garantias contratuais dos locadores, e afastando, por conseguinte, a 
necessidade de garantias mais onerosas, tais como a fiança bancária. 
Ainda, a ressalva constante do art. 3.º, IV, da Lei n. 8.009/90 (não aplicação da 
regra da impenhorabilidade para a cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e 
contribuições devidas em função do imóvel familiar) também é constitucional, segundo 
a interpretação do STF, não violando o direito à moradia, nem mesmo o direito de 
propriedade. 
 
1.3. NACIONALIDADE 
 
Pode-se conceituar nacionalidade como o vínculo jurídico-político que liga o 
indivíduo a um determinado Estado. O indivíduo, quando adquire nacionalidade, torna-
se componente do povo, que é o elemento humano do Estado. A nacionalidade é 
considerada um direito fundamental protegido internacionalmente. A situação de 
apátrida (indivíduo que não possui nenhuma nacionalidade) é condenada pela 
Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
 
ATENÇÃO! Não se confunde o conceito de nacional (o que tem nacionalidade) com 
cidadão (indivíduo que possui direitos políticos). 
 
1.3.1. ESPÉCIES DE NACIONALIDADE 
 
Doutrinariamente duas espécies de nacionalidade são identificadas: a primária 
(também denominada originária) e a secundária (ou adquirida). 
A primária (originária) é aquela resultante do nascimento, podendo ser 
estabelecida por meio de critérios sanguíneos (nacionalidade dos pais), territoriais (local 
do nascimento) ou mistos (conjugação dos dois anteriores). Por decorrer do nascimento, 
diz-se que é um meio involuntário de aquisição de nacionalidade. Reconhece-se que 
cada país é livre para definir quais serão os critérios adotados para atribuição da 
nacionalidade primária. 
Por fim, a nacionalidade secundária (também intitulada adquirida) é aquela 
normalmente resultante de um ato voluntário, manifestado após o nascimento. É o 
caso, por ex., da naturalização. 
 
1.3.2. NACIONALIDADE PRIMÁRIA. HIPÓTESES DE AQUISIÇÃO 
 
A constituição federal prevê no art. 12, I, CF/88, exaustiva e taxativamente, as 
hipóteses de aquisição da nacionalidade originária. 
A primeira, constante do art. 12, I, "a", é decorrente da aplicação do jus soli, ou 
seja, do critério territorial. Assim, será considerado brasileiro nato o indivíduo nascido 
em território nacional, independentemente da nacionalidade de seus ascendentes. Há 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
54 
no texto constitucional, porém, uma ressalva: não será contemplado com a 
nacionalidade originária aquele que, muito embora tenha nascido em nosso território, 
é filho de (ambos) pais estrangeiros e qualquer deles (ou, evidentemente, ambos) 
estava a serviço do país de origem. 
Nas hipóteses subsequentes (alíneas "b" e "c", do art. 12, I), adota-se o critério 
sanguíneo. Nota-se, todavia, que, ao contrário do critério territorial, o critério 
sanguíneo nunca será, sozinho, suficiente para determinar a aquisição da nacionalidade; 
deve, ao contrário, ser sempre conjugado com algum outro. 
Há três possibilidades de aquisição da nacionalidade primária pela associação 
do critério sanguíneo e algum outro requisito. Vejamos: 
O primeiro caso, previsto no art. 12, I, "b", CF/88, é o da criança nascida no 
estrangeiro, filha de pai e/ou mãe brasileiros, sendo que qualquer deles (ou ambos) está 
no exterior a serviço da República Federativa do Brasil. Estar a serviço do país significa 
desempenhar uma função ou prestar um serviço público de natureza diplomática, 
administrativa ou consular, a quaisquer dos órgãos da administração direta ou indireta 
da União, dos Estados-membros, dos Municípios ou do Distrito Federal. 
O segundo caso encontra-se na 1ª parte do art. 12, l, "c", CF/88. Nesta situação, 
apesar de nascer no estrangeiro, a criança é filha de pai ou mãe (ou ambos) brasileiros, 
e é registrada em repartição brasileira competente. 
A terceira, e última, possibilidade de aquisição de nacionalidade primária 
encontra-se na 2ª parte do art. 12, 1, "c", CF/88. Nesta situação, a criança - que é filha 
de pai ou mãe (ou ambos brasileiros) - nasce no estrangeiro, mas depois vem a residir 
na República Federativa do Brasil e opta, após atingir a maioridade, pela nacionalidade 
brasileira. 
 
1.3.3. NATURALIZAÇÃO (OU NACIONALIDADE ADQUIRIDA OU NACIONALIDADE 
SECUNDÁRIA) 
 
A nacionalidade secundária é aquela adquirida pela ocorrência de um ato 
voluntário (naturalização). A naturalização, enquanto único meio derivado de aquisição 
da nacionalidade, divide-se em duas espécies: (1) a naturalização tácita e (2) a expressa.Naturalização tácita: ocorre quando a constituição de determinado país 
determina que os estrangeiros residentes adquirirão automaticamente a nacionalidade 
do Estado em cujo território se encontram, caso não declarem, dentro de determinado 
período, o ânimo de permanecerem estrangeiros. Não é admitida pela CF/88. 
Naturalização expressa: essa modalidade de naturalização - única admitida 
pela CF/88 - coloca a aquisição da nacionalidade secundária na dependência de 
declaração de vontade do interessado. Pode se efetivar por duas vias, a naturalização 
ordinária e a naturalização extraordinária. 
(A) Naturalização ordinária 
A obtenção da nacionalidade secundária brasileira pela via ordinária se efetiva 
nas seguintes hipóteses: 
 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
55 
1ª) Art. 12, II, "a", 1a parte, CF/88: “poderão se naturalizar 
brasileiros os estrangeiros que cumprirem os requisitos 
previstos em lei”. Atualmente, trata-se da Lei de Migração (Lei 
13.445/2017). 
2ª) Art. 12, II, "a", 2ª parte, CF/88: poderão se naturalizar 
brasileiros os indivíduos originários de países de língua 
portuguesa - não somente os portugueses, mas qualquer pessoa 
advinda de país que fale a língua portuguesa, como, por 
exemplo, Moçambique - desde que, possuidor de capacidade 
civil, preencha as exigências dispostas no texto constitucional, a 
saber, residência ininterrupta por um ano e idoneidade moral. 
 
OBSERVAÇÃO: Mesmo que satisfeitos todos os requisitos listados na Constituição e na 
lei, não se pode falar em direito público subjetivo à obtenção da naturalização ordinária. 
A concessão de nacionalidade é ato de soberania estatal do Presidente da República, 
que pode, discricionariamente, negar-se a concedê-la. 
 
(B) Naturalização extraordinária 
Prevista no art. 12, II, "b", CF/88, a naturalização extraordinária só será obtida 
pelo indivíduo que, capacitado civilmente, observar as seguintes condições: 
 
i. residência ininterrupta no território nacional por mais de 
quinze anos; 
ii. ausência de condenação penal; e 
iii. apresentação de requerimento de naturalização. 
 
O preenchimento de todos os requisitos constitucionais é suficiente à aquisição 
da nacionalidade (existe direito público subjetivo à naturalização extraordinária). Assim, 
se o indivíduo reside no país ininterruptamente por mais de quinze anos, não possui 
nenhuma condenação penal e requer a naturalização, esta lhe será concedida - não há 
discricionariedade para o Presidente da República, que não poderá recusar o pleito. 
 
1.3.4. QUASE NACIONAIS (OU BRASILEIROS POR EQUIPARAÇÃO) 
 
A Constituição Federal prevê a figura do português equiparado, conforme art. 
12, § 1°, CF/88, determinando que "aos portugueses com residência permanente no 
País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos 
inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição". 
Isso significa que os portugueses permanecerão estrangeiros, porque não 
naturalizados, muito embora possuidores de direitos equivalentes aos ostentados pelos 
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56 
brasileiros naturalizados, em razão da reciprocidade. Ficarão, pois, na condição de quase 
nacionais. 
É necessário salientar que o português beneficiário do Estatuto da Igualdade 
plena não detém todos os direitos próprios do naturalizado, haja vista a manutenção do 
seu status de estrangeiro. 
A Constituição veda a extradição do brasileiro nato. A Constituição permitiu a 
extradição do brasileiro naturalizado em duas situações: 
 
i. prática de um crime comum antes da naturalização. Ressalte-
se que se o crime não for comum, mas sim político ou de opinião, 
não poderá haver a extradição do brasileiro naturalizado; ou 
ii. na hipótese de envolvimento comprovado com o tráfico ilícito 
de entorpecentes ou drogas afins. Neste caso, a Constituição 
permite a extradição independentemente de o crime ter sido 
praticado antes ou depois da naturalização, já que este é um 
crime que a República Federativa do Brasil se comprometeu, na 
ordem interna e internacional, a combater o tráfico ilícito de 
entorpecentes. 
 
Ainda sobre a extradição, alguns pontos devem ser observados: 
Em conformidade com a súmula 421 do STF, a circunstância de o extraditando 
possuir filhos brasileiros ou ter contraído matrimônio com uma nacional não possui 
relevância para o processo de extradição. 
Existem duas espécies de extradição, a passiva e a ativa. A primeira é aquela 
na qual um Estado estrangeiro requer a extradição ao Brasil, enquanto a segunda é 
aquela na qual o Brasil requisita, a outro Estado, a extradição. Vale salientar que, 
embora o artigo 5°, LI, CF/88, não tenha feito qualquer distinção, o que se veda ao 
brasileiro nato é a extradição passiva. 
A extradição é ato distinto da denominada "entrega", constante do Estatuto de 
Roma, que instituiu o Tribunal Penal Internacional, e foi incorporado formalmente ao 
ordenamento pátrio com a sua promulgação pelo Decreto nº 4.388/2002. A “entrega” 
consiste na entrega de uma pessoa por um Estado ao Tribunal Penal Internacional, 
enquanto a extradição consiste na entrega de uma pessoa por um Estado a outro Estado. 
Apesar de não existir precedente judicial sobre o tema, a doutrina pátria diverge quanto 
à possibilidade de “entrega” de brasileiro nato, porém, não é possível a extradição de 
brasileiro nato (art. 5º, LI, CF). 
 
ATENÇÃO! Não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de 
opinião. 
 
1.3.5. PERDA DO DIREITO DE NACIONALIDADE 
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57 
 
A perda da nacionalidade brasileira só poderá ocorrer nas hipóteses 
exaustivamente previstas na Constituição da República, no art. 12, § 4°: 
 
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: 
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em 
virtude de atividade nociva ao interesse nacional;. 
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: 
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei 
estrangeira; 
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao 
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para 
permanência em seu território ou para o exercício de direitos 
civis. 
 
São duas as hipóteses de perda da nacionalidade. Aquela presente no art. 12, § 
4°, inciso I, CF/88, apenas tem por destinatários os brasileiros naturalizados, não 
alcançando os natos. Observe também que, neste inciso, exige-se sentença judicial (as 
bancas comumente tentam confundir os candidatos nesse sentido, falando, por 
exemplo, em ato do Ministro da Justiça). Por sua vez, a hipótese constante do inciso II 
(do mesmo artigo) se aplica tanto aos brasileiros naturalizados quanto aos natos. 
Por fim, de acordo com o art. 12, § 4°, II, "a'', CF/88, um brasileiro pode adquirir 
outra nacionalidade sem perder a brasileira. 
 
ATENÇÃO! O STF já entendeu que brasileiro, titular de green-card, que adquire 
nacionalidade norte-americana perde a nacionalidade brasileira e pode ser 
extraditado. Na visão do STF, o green-card já possibilita a permanência no país e o 
exercício dos direitos civis, incidindo, portanto, na hipótese constitucional de perda da 
nacionalidade brasileira. Confira a ementa do julgado: 
CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. BRASILEIRA NATURALIZADA 
AMERICANA. ACUSAÇÃO DE HOMICÍDIO NO EXTERIOR. FUGA PARA O BRASIL.PERDA DE 
NACIONALIDADE ORIGINÁRIA EM PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO REGULAR. 
HIPÓTESE CONSTITUCIONALMENTE PREVISTA. NÃO OCORRÊNCIA DE ILEGALIDADE OU 
ABUSO DE PODER. DENEGAÇÃO DA ORDEM. 1. O Supremo Tribunal Federal é 
competente para o julgamento de mandado de segurança impetrado contra ato do 
Ministro da Justiça em matéria extradicional. (HC 83.113/DF, Rel. Min. Celso de Mello). 
2. A Constituição Federal, ao cuidar da perda da nacionalidade brasileira, estabelece 
duas hipóteses: (i) o cancelamento judicial da naturalização (art. 12, § 4º, I); e (ii) a 
aquisição de outra nacionalidade. Nesta última hipótese, a nacionalidade brasileira só 
não será perdida em duas situações que constituem exceção à regra: (i) reconhecimento 
de outra nacionalidade originária (art. 12, § 4º, II, a); e (ii) ter sido a outra nacionalidade 
imposta pelo Estado estrangeiro como condição de permanência em seu território ou 
para o exercício de direitos civis (art. 12, § 4º, II, b). 3. No caso sob exame, a situação da 
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58 
impetrante não se subsume a qualquer das exceções constitucionalmente previstas para 
a aquisição de outra nacionalidade, sem perda da nacionalidade brasileira. 4. Denegação 
da ordem com a revogação da liminar concedida. (MS 33864, Relator(a): Min. ROBERTO 
BARROSO, Primeira Turma, julgado em 19/04/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-200 
DIVULG 19-09-2016 PUBLIC 20-09-2016) 
 
ATENÇÃO! Não confunda a vedação da extradição do brasileiro nato com o instituto 
da transferência da execução da pena. 
O brasileiro nato condenado de forma definitiva no exterior, após a homologação da 
sentença estrangeira pelo STJ (que não pode reanalisar o mérito, apenas aspectos 
formais), pode cumprir pena no Brasil, nos termos de tratados internacionais 
existentes entre os países e do art. 100 da Lei de Migração. 
 
1.3.6. DIFERENÇAS ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS 
 
O texto constitucional determinou que a lei não pode estabelecer 
discriminação entre brasileiros natos e naturalizados, salvo as distinções, excepcionais 
e taxativas, já previstas na Constituição Federal. 
Portanto, os brasileiros natos e os naturalizados são iguais perante a lei, salvo 
nas seguintes hipóteses: 
 
a) Extradição 
Como visto, somente o naturalizado pode ser extraditado, por 
crime cometido antes da naturalização por tráfico ilícito de 
entorpecentes, na forma da lei (mesmo após a naturalização). 
b) Cargos 
privativos 
I – Presidente e Vice-Presidente da República; 
II – Presidente da Câmara dos Deputados; 
III – Presidente do Senado Federal; 
IV – Ministro do Supremo Tribunal Federal; 
V – de carreira diplomática; 
VI – de oficial das Forças Armadas; 
VII – de Ministro de Estado da Defesa. 
c) Perda da 
nacionalidade por 
prática de 
atividade nociva 
ao interesse 
nacional 
Somente o brasileiro naturalizado poderá perder a nacionalidade 
em virtude da prática de atividade nociva ao interesse nacional 
(art. 12, § 4º, I, da CF/88). Quanto ao brasileiro nato, só perderá 
a nacionalidade brasileira se voluntariamente adquirir outra 
nacionalidade, observadas as exceções estudadas 
(reconhecimento da nacionalidade originária pela lei estrangeira 
ou imposição de naturalização para permanência ou exercício de 
direitos civis no território estrangeiro). 
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59 
d) Conselho da 
República 
Seis brasileiros natos integram o Conselho da República. 
e) Empresa 
jornalística e de 
radiodifusão 
Para que o brasileiro naturalizado seja proprietário de empresa 
jornalística e de radiodifusão no Brasil, é necessário que tenha se 
naturalizado há mais de 10 anos. 
 
1.3.7. CONCEITOS CORRELATOS 
A. Deportação 
 
Deportação é o processo de devolução compulsória, ao Estado de 
nacionalidade ou procedência, de estrangeiro que entrou no país de forma irregular. Ex: 
passaporte vencido. O deportado pode reingressar ao país quando regularizar a 
documentação e pagar as despesas pertinentes. 
 
B. Expulsão 
 
Trata-se de medida administrativa de retirada compulsória de estrangeiro do 
país, conjugada com impedimento de reingresso por prazo determinado. Configura ato 
de ofício do Brasil, previsto no art. 54 da Lei de Migração. 
 
C. Extradição 
 
Trata-se de entrega do indivíduo, pelo Estado, para fins de responder a 
processo ou investigação criminal. 
 
D. Entrega 
 
Trata-se da entrega de estrangeiro ou brasileiro para julgamento pelo Tribunal 
Penal Internacional, previsto no Estatuto de Roma. A doutrina diverge quanto à 
possibilidade de entrega de brasileiro nato para ser julgado pelo TPI. 
 
ATENÇÃO! Compete privativamente à União legislar sobre emigração e imigração, 
entrada, extradição e expulsão de estrangeiros. 
 
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60 
2. JURISPRUDÊNCIA 
 
SÚMULAS 
 
Súmula nº 691 do STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas 
corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a Tribunal 
Superior, indefere a liminar. 
Súmula nº 694 do STF: Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão 
de militar ou de perda de patente ou de função pública. 
Súmula nº 693 do STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de 
multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja 
a única cominada. 
Súmula nº 395 do STF: Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja 
resolver sobre o ônus das custas, por não estar mais em causa a liberdade de locomoção. 
Súmula 695 do STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de 
liberdade. 
Súmula nº 692 do STF: Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de 
extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos 
autos, nem foi ele provocado a respeito. 
Súmula nº 344 do STF: Sentença de primeira instância concessiva de habeas corpus, em 
caso de crime praticado em detrimento de bens, serviços ou interesses da união, está 
sujeita a recurso ex officio. 
Súmula Vinculante nº 03, STF: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União 
asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar 
anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a 
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e 
pensão. 
Súmula Vinculante nº 04, do STF: Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário 
mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor 
público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial. 
Súmula Vinculante nº 21, STF: É inconstitucional a exigência de depósito ou 
arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso 
administrativo. 
Súmula vinculante nº 25, STF: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que 
seja a modalidade do depósito. 
Súmula vinculante nº 40, do STF: A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, 
da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. 
Súmula nº 101, STF: O mandado de segurança não substitui a ação popular. 
Súmula nº 266, STF: Não cabe mandado de segurança contra lei em tese. 
Súmula nº 268, STF: Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com 
trânsito em julgado. 
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61 
Súmula nº 304, STF: Decisão denegatória de mandado de segurança, não fazendo coisa 
julgada contra o impetrante, não impede o uso da ação própria. 
Súmula nº 421, do STF: Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditando 
casado com brasileira ou ter filho brasileiro. 
Súmula nº 429, STF: A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não 
impede o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade. 
Súmula nº 430, STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o 
prazo para o mandado de segurança. 
Súmula nº 474 do STF: Não há direito líquido e certo, amparado pelo mandado de 
segurança, quando se escuda em lei cujos efeitos foram anulados por outra, declarada 
constitucional pelo Supremo Tribunal Federal. 
Súmula nº 510, STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência 
delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial. 
Súmula nº 625, STF: Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de 
mandado de segurança. 
Súmula nº 626, STF: A suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo 
determinação em contrário da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado 
da decisão definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso, até a sua 
manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar deferida 
coincida, total ou parcialmente, com o da impetração. 
Súmula nº 629, STF: A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de 
classe em favor dos associados independe da autorização destes. 
Súmula nº 631, STF: Extingue-se o processo de mandado de segurança se o impetrante 
não promove, no prazo assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário. 
Súmula nº 654, STF: A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da 
Constituição da República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado. 
Súmula nº 649, STF: É inconstitucional a criação, por Constituição Estadual, de órgão de 
controle administrativo do Poder Judiciário do qual participem representantes de outros 
poderes ou entidades. 
Súmula nº 105, STJ: Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em 
honorários advocatícios. 
Súmula nº 333, STJ: Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação 
promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública. 
Súmula nº 628 do STJ: A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança 
quando presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) existência de vínculo 
hierárquico entre a autoridade que prestou informações e a que ordenou a prática do 
ato impugnado; b) manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e c) 
ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição Federal. 
Súmula nº 604 do STJ: O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito 
suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público. 
Súmula nº 570 do STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento de demanda 
em que se discute a ausência de ou o obstáculo ao credenciamento de instituição 
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62 
particular de ensino superior no Ministério da Educação como condição de expedição 
de diploma de ensino a distância aos estudantes. 
Súmula nº 460 do STJ: É incabível o mandado de segurança para convalidar a 
compensação tributária realizada pelo contribuinte. 
Súmula nº 333 do STJ: Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação 
promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública. 
Súmula nº 213 do STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada para a 
declaração do direito à compensação tributária. 
 
JULGADOS 
 
STJ – OBRAS DE ACESSIBILIDADE AOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS. 
ALEGAÇÃO DA TEORIA DA RESERVA DO POSSÍVEL. 
(REsp 1.607.472-PE, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade, julgado em 
15/9/2016) 
DECISUM (Decisão): É essencial, incluso no conceito de mínimo existencial, o direito de 
pessoas com necessidades especiais poderem frequentar universidade pública, razão 
pela qual não pode a instituição alegar a incidência da cláusula da reserva do possível 
como justificativa para sua omissão em providenciar a conclusão de obras de adaptação 
em suas edificações e instalações. 
RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): Se um direito é qualificado pelo legislador 
como de absoluta prioridade, deixa de integrar o universo de incidência da reserva do 
possível, já que a sua possibilidade é, preambular e obrigatoriamente, fixada pela 
Constituição ou pela lei. Ademais, tratando-se de direito essencial, incluso no conceito 
de mínimo existencial, inexistirá empecilho jurídico para que o Judiciário estabeleça a 
inclusão de determinada política pública nos planos orçamentários do ente político, 
principalmente quando não houver comprovação objetiva da incapacidade econômico-
financeira da pessoa estatal. 
 
STF – LICENÇA PARA SERVIDORA QUE ADOTAR CRIANÇA. 
Plenário. RE 778889/PE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/03/2016 
(repercussão geral). 
DECISUM (Decisão): Os prazos da licença-adotante não podem ser inferiores ao prazo 
da licença-gestante, o mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à 
licença-adotante, não é possível fixar prazos diversos em função da idade da criança 
adotada. 
RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): O art. 210 da Lei nº 8.112/90, assim como 
outras leis estaduais e municipais, prevê que o prazo para a servidora que adotar uma 
criança é inferior à licença que ela teria caso tivesse tido um filho biológico. De igual 
forma, este dispositivo estabelece que, se a criança adotada for maior que 1 ano de 
idade, o prazo será menor do que seria se ela tivesse até 1 ano. Segundo o STF, tal 
previsão é inconstitucional. 
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63 
 
STF – FOSTOETANOLAMINA E REGISTRO SANITÁRIO. 
STF. Plenário. ADI 5501 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 19/5/2016 (Info 
826). 
DECISUM (Decisão): É inconstitucional a Lei nº 13.269/2016, que autorizou o uso da 
fosfoetanolamina sintética (“pílula do câncer”) por pacientes diagnosticados com 
neoplasia maligna mesmo sem que existam estudos conclusivos sobre os efeitos 
colaterais em seres humanos e mesmo sem que haja registro sanitário da substância 
perante a ANVISA. 
RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): A Lei nº 13.269/2016, ao permitir o uso 
da fosfoetanolamina suspendendo a exigência do registro sanitário, violou o direito à 
saúde previsto no art. 196 da CF/88, considerando que é dever do Estado reduzir o risco 
de doença e outros agravos à saúde dos cidadãos. A aprovação do produto no órgão do 
Ministério da Saúde é condição indispensável para a sua industrialização, 
comercialização e importação com fins comerciais, conforme exige o art. 12 da Lei nº 
6.360/76. O STF entendeu, ainda, que a Lei nº 13.269/2016 ofendeu o princípio da 
separação de Poderes. Isso porque incumbe ao Estado o dever de zelar pela saúde da 
população. Para isso, foi criada a Anvisa, uma autarquia técnica vinculada ao Ministério 
da Saúde, que tem o dever de autorizar e controlar a distribuição de substâncias 
químicas segundo protocolos cientificamente validados. 
 
STJ – FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS E CHAMAMENTO AO PROCESSO. 
(REsp 1203244/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 
09/04/2014, DJe 17/06/2014) 
DECISUM (Decisão): O chamamento ao processo da União com base no art.77, III, do 
CPC, nas demandas propostas contra os demais entes federativos responsáveis para o 
fornecimento de medicamentos ou prestação de serviços de saúde, não é impositivo, 
mostrando-se inadequado opor obstáculo inútil à garantia fundamental do cidadão à 
saúde. 
RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): A Primeira Turma do Supremo Tribunal 
Federal entende que "o recebimento de medicamentos pelo Estado é direito 
fundamental, podendo o requerente pleiteá-los de qualquer um dos entes federativos, 
desde que demonstrada sua necessidade e a impossibilidade de custeá-los com recursos 
próprios", e "o ente federativo deve se pautar no espírito de solidariedade para conferir 
efetividade ao direito garantido pela Constituição, e não criar entraves jurídicos para 
postergar a devida prestação jurisdicional", razão por que "o chamamento ao processo 
da União pelo Estado de Santa Catarina revela-se medida meramente protelatória que 
não traz nenhuma utilidade ao processo, além de atrasar a resolução do feito, 
revelando-se meio inconstitucional para evitar o acesso aos remédios necessários para 
o restabelecimento da saúde da recorrida". 
 
STF - ACESSO DE PACIENTE À INTERNAÇÃO PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) 
COM A POSSIBILIDADE DE MELHORIA DO TIPO DE ACOMODAÇÃO RECEBIDA E DE 
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64 
ATENDIMENTO POR MÉDICO DE SUA CONFIANÇA MEDIANTE O PAGAMENTO DA 
DIFERENÇA ENTRE OS VALORES CORRESPONDENTES. 
(RE 581488, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 03/12/2015, 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-065 DIVULG 07-04-2016 
PUBLIC 08-04-2016) 
DECISUM (Decisão): É constitucional a regra que veda, no âmbito do Sistema Único de 
Saúde, a internação em acomodações superiores, bem como o atendimento 
diferenciado por médico do próprio Sistema Único de Saúde (SUS) ou por conveniado, 
mediante o pagamento da diferença dos valores correspondentes. Não fere o direito à 
saúde, tampouco a autonomia profissional do médico, o normativo que veda, no âmbito 
do SUS, a assistência diferenciada mediante pagamento ou que impõe a necessidade de 
triagem dos pacientes em postos de saúde previamente à internação. 
RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): O procedimento da “diferença de 
classes”, tal qual o atendimento médico diferenciado, quando praticados no âmbito da 
rede pública, não apenas subverte a lógica que rege o sistema de seguridade social 
brasileiro, como também afronta o acesso equânime e universal às ações e serviços para 
promoção, proteção e recuperação da saúde, violando, ainda, os princípios da igualdade 
e da dignidade da pessoa humana. Inteligência dos arts. 1º, inciso III; 5º, inciso I; e 196 
da Constituição Federal. 
 
ENSINO RELIGIOSO CONFESSIONAL NAS ESCOLAS. 
STF. Plenário. ADI 4439/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. 
Alexandre de Moraes, julgado em 27/9/2017 (Info 879) 
DECISUM (decisão): É permitido aos alunos que voluntariamente se matricularem o 
pleno exercício de seu direito subjetivo ao ensino religioso confessional (vinculado a 
uma religião específica) como disciplina dos horários normais das escolas públicas de 
ensino fundamental, ministrada de acordo com os princípios de sua confissão religiosa, 
por integrantes da mesma, devidamente credenciados e, preferencialmente, sem 
qualquer ônus para o Poder Público. 
RATIO DECIDENDI (fundamentação jurídica): “Ponderou que a liberdade religiosa 
possui expressa proteção constitucional (CF, art. 5º, VI e VIII) e abrange o livre 
exercício de consciência, crença e culto. Além disso, alcança a escolha de convicções, 
de optar por determinada religião ou por nenhuma delas, de empreender proselitismo 
e de explicitar atos próprios de religiosidade. Assim, a liberdade de expressão funciona 
como condição de tutela efetiva da liberdade religiosa, assegurando-se a explicitação de 
compreensões religiosas do indivíduo e atuações conforme a crença. Caso contrário, em 
vez de liberdade, haveria mera indiferença religiosa. Por outro lado, a liberdade 
religiosa não ostenta caráter absoluto e deve ser exercitada de acordo com a 
delimitação constitucional, segundo o princípio da convivência das liberdades 
públicas. Nessa perspectiva, o repúdio ao racismo figura como um dos princípios que 
regem o País em suas relações internacionais (CF, art. 4º, VIII). Ademais, o tipo penal em 
debate decorre de mandamento de criminalização expresso no art. 5º, XLII, da CF. No 
caso, cumpre perquirir se as opiniões explicitadas pelo recorrente estão em 
conformidade com a Constituição ou se desbordam dos limites do exercício das 
liberdades constitucionalmente asseguradas. Assim, eventual animosidade decorrente 
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de observações desigualadoras não configura, necessariamente, preconceito ou 
discriminação. A desigualação desemboca em discriminação na hipótese em que 
ultrapassa, de forma cumulativa, três etapas. A primeira delas relaciona-se a um juízo 
cognitivo em que se reconhecem as diferenças entre os indivíduos. Na segunda, 
implementa-se um juízo valorativo direcionado à hierarquização. Na hipótese de 
discursos religiosos, a comparação entre crenças e a ocorrência de explicitações 
quanto a mais adequada entre elas é da essencialidade da liberdade de expressão 
religiosa. Por fim, a terceira fase consiste em um juízo em que se exterioriza a 
necessidade ou legitimidade de exploração, escravização ou eliminação do indivíduo 
ou grupo considerado inferior. Desse modo, não apenas a finalidade de eliminação, mas 
também o intuito de supressão ou redução de direitos fundamentais sob razões 
religiosas já configura, em si, conduta discriminatória e, nessa medida, não albergada 
pela Constituição e sujeita, em tese, à censura penal. Necessário, portanto, precisar o 
sentido de exploração e eliminação, que se relaciona à avaliação de que o suposto 
superior tem o dever e, ao mesmo tempo, a prerrogativa de subjugar o indivíduo 
considerado inferior. Assim, a explicitação de aspectos de desigualação, bem como da 
suposta inferioridade decorrente de aspectos religiosos não perfaz, por si, o elemento 
típico. É indispensável que se verifique o especial fim de supressão ou redução da 
dignidade do diferente. Sendo assim, a afirmação de superioridade direcionada à 
realização de um suposto resgate ou salvação, apesar de indiscutivelmente 
preconceituosa, intolerante, pedante e prepotente, encontra guarida na liberdade de 
expressão religiosa, e não preenche o âmbito proibitivo da norma. Dessa maneira, será 
permitido aos alunos que voluntariamente se matricularem o pleno exercício de seu 
direito subjetivo ao ensino religioso como disciplina dos horários normais das escolas 
públicas de ensino fundamental, ministrada de acordo com os princípios de sua 
confissão religiosa, por integrantes da mesma, devidamente credenciados e, 
preferencialmente, sem qualquer ônus para o Poder Público.” 
 
ISONOMIA ENTRE BRASILEIROS E ESTRANGEIROS RESIDENTES NO PAÍS. 
RE-587970/Inf. 861 
DECISUM (Decisão): Os estrangeiros residentes no País são beneficiários da assistência 
social prevista no art. 203, V, da Constituição Federal (CF), uma vez atendidos os 
requisitos constitucionais e legais. 
RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): “Com base nessa orientação, o Plenário 
negou provimento a recurso extraordinário em que discutida a concessão de benefício 
assistencial a estrangeiros residentes no Brasil. Inicialmente, o Plenário registrou que o 
caso envolve os preceitos relativos à dignidade humana, à solidariedade social, à 
erradicação da pobrezae à assistência aos desamparados, os quais fornecem base para 
interpretação adequada do benefício assistencial estampado na Constituição Federal 
(CF). Asseverou que a óptica veiculada na regra infralegal (Lei 8.742/1993), ao silenciar 
quanto aos estrangeiros residentes no País, não se sobrepõe à revelada na CF, que 
estabeleceu, sem restringir os beneficiários somente aos brasileiros natos ou 
naturalizados, que “a assistência social será prestada a quem dela necessitar”. Por fim, 
concluiu ser descabido o argumento de pertinência do princípio da reciprocidade, ou 
seja, arguir que o benefício somente poderia ser concedido a estrangeiro originário de 
país com o qual o Brasil tenha firmado acordo internacional e que preveja a cobertura 
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da assistência social a brasileiro que esteja em seu território. Apesar de a 
reciprocidade permear a CF, não é regra absoluta quanto ao tratamento dos não 
nacionais. O Sistema Único de Saúde (SUS) é regido pelo princípio da universalidade a 
tutelar a saúde, direito fundamental do ser humano. Assim, ao ingressar no território 
brasileiro, o estrangeiro tem direito a atendimento médico pelo SUS, caso precise de 
assistência de urgência, sem necessidade de reciprocidade para garantir tal suporte. Em 
suma, somente o estrangeiro com residência fixa no País pode ser auxiliado com o 
benefício assistencial, pois, inserido na sociedade, contribui para a construção de 
melhor situação social e econômica da coletividade. Somente o estrangeiro em 
situação regular no País, residente, idoso ou portador de necessidades especiais, 
hipossuficiente em si mesmo e presente a família pode se dizer beneficiário da 
assistência em exame. Nessa linha de ideias, os estrangeiros em situação diversa não 
alcançam a assistência, haja vista o não atendimento às leis brasileiras, fato que, por 
si só, demonstra a ausência de noção de coletividade e de solidariedade a justificar a 
tutela do Estado.” (RE-587970/Inf. 861). 
 
VEDAÇÃO AO TRABALHO INFANTIL 
DECISÃO: É vedado “qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição 
de aprendiz, a partir de quatorze anos”. A EC 20/1998, que alterou a redação do art. 7º, 
XXXIII, é constitucional. 
– ARTIGO 7º, INCISO XXXIII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, NA REDAÇÃO DADA PELA EC 
Nº 20/98 – PROIBIÇÃO DE QUALQUER TRABALHO A MENORES DE 16 (DEZESSEIS) ANOS, 
SALVO NA CONDIÇÃO DE APRENDIZ, A PARTIR DOS 14 (QUATORZE) ANOS – ALEGADA 
TRANSGRESSÃO AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS ADOLESCENTES SUPOSTAMENTE 
MOTIVADA PELA ELEVAÇÃO DO LIMITE ETÁRIO MÍNIMO (DE 14 PARA 16 ANOS) DE 
OBSERVÂNCIA NECESSÁRIA PARA EFEITO DE AQUISIÇÃO DA PLENA CAPACIDADE 
JURÍDICO-LABORAL – INOCORRÊNCIA DO ALEGADO VÍCIO DE INCONSTITUCIONALIDADE 
– A EVOLUÇÃO JURÍDICA DAS FORMAS DE TRATAMENTO LEGISLATIVO DISPENSADO À 
CRIANÇA E AO ADOLESCENTE: DA FASE DA ABSOLUTA INDIFERENÇA À DOUTRINA DA 
PROTEÇÃO INTEGRAL – ABOLIÇÃO DA EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL DE 
CARÁTER ESTRITAMENTE ECONÔMICO E ELEVAÇÃO PROGRESSIVA DA IDADE MÍNIMA 
DE ADMISSÃO PARA O TRABALHO E O EMPREGO – OBSERVÂNCIA DOS COMPROMISSOS 
FIRMADOS PELO BRASIL NO PLANO INTERNACIONAL (CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS 
DA CRIANÇA, CONVENÇÃO OIT Nº 138, CONVENÇÃO OIT Nº 182 E META 8.7 DA AGENDA 
2030 PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL) E NECESSIDADE DE RESPEITO AOS 
POSTULADOS QUE INFORMAM A DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL (CF, ART. 227) – 
PROFISSIONALIZAÇÃO E PROTEÇÃO NO TRABALHO – DIREITOS CONSTITUCIONAIS, DE 
ÍNDOLE SOCIAL, TITULARIZADOS PELA CRIANÇA E PELO ADOLESCENTE (CF, ART. 227, 
“CAPUT”) – POSSIBILIDADE DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADES PROFISSIONAIS 
INFANTOJUVENIS DE CARÁTER PREDOMINANTEMENTE SÓCIOEDUCATIVO, DESDE QUE 
OBSERVADO, SEMPRE, O RESPEITO À CONDIÇÃO PECULIAR DE PESSOA EM 
DESENVOLVIMENTO (CF, ART. 227, §3º, V) – VOCAÇÃO PROTETIVA DO POSTULADO 
CONSTITUCIONAL QUE VEDA O RETROCESSO SOCIAL – MAGISTÉRIO DA DOUTRINA – 
AÇÃO DIRETA JULGADA IMPROCEDENTE, COM O CONSEQUENTE RECONHECIMENTO DA 
PLENA VALIDADE CONSTITUCIONAL DO ART. 7º, INCISO XXXIII, DA CONSTITUIÇÃO DA 
REPÚBLICA, NA REDAÇÃO DADA PELA EC Nº 20/98. 
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(ADI 2096, Relator(a): CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 13/10/2020, 
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-258 DIVULG 26-10-2020 PUBLIC 27-10-2020) 
 
LAICIDADE ESTATAL E OBRIGATORIEDADE DE MANUTENÇÃO DE BÍBLIAS EM ESCOLAS 
E BIBLIOTECAS PÚBLICAS - ADI 5258/AM. 
A imposição legal de manutenção de exemplares de Bíblias em escolas e bibliotecas 
públicas estaduais configura contrariedade à laicidade estatal e à liberdade religiosa 
consagradas pela Constituição da República de 1988. Isso porque, ao determinar que 
escolas e bibliotecas públicas mantenham exemplares da Bíblia em seus acervos, a 
norma estadual impugnada estimula e promove certos tipos de crenças e dogmas 
religiosos em detrimento de outros. Dessa forma, ofende os princípios da laicidade 
estatal, da liberdade religiosa e da isonomia entre os cidadãos. Em matéria confessional, 
portanto, compete ao Estado manter-se neutro, para preservar, em favor dos cidadãos, 
a integridade do direito fundamental à liberdade religiosa. 
 
A fixação do piso salarial em múltiplos do salário mínimo mostra-se compatível com o 
texto constitucional, desde que não ocorra vinculação a reajustes futuros. STF. Plenário. 
ADPF 53 Ref-MC/PI, ADPF 149 Ref-MC/DF e ADPF 171 Ref-MC/MA, Rel. Min. Rosa 
Weber, julgados em 18/2/2022 (Info 1044). 
 
É inviável a subsunção de dirigentes, unidades ou órgãos de entidades de administração 
do desporto ao conceito de autoridade pública ou exercício de função pública, 
sobressaindo o caráter privado dessas atividades, declarando-se a ilegitimidade passiva 
a obstar o exame de mérito do mandado de segurança. STJ. 4ª Turma. REsp 1348503-
SE, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 22/02/2022 (Info 726). 
 
Não cabe mandado de segurança contra atos de gestão comercial praticados por 
administradores de empresas públicas, sociedades de economia mista e concessionárias 
de serviço público. É constitucional o art. 1º, § 2º da Lei nº 12.016/2009. O juiz tem a 
faculdade de exigir caução, fiança ou depósito para o deferimento de medida liminar 
em mandado de segurança, quando verificada a real necessidade da garantia em juízo, 
de acordo com as circunstâncias do caso concreto. É constitucional o art. 7º, III, da Lei 
nº 12.016/2009. É inconstitucional ato normativo que vede ou condicione a concessão 
de medida liminar na via mandamental. É inconstitucional o art. 7º, § 2º da Lei nº 
12.016/2009. É inconstitucional o § 2º do art. 22, que exigia a oitiva prévia do 
representante da pessoa jurídica de direito público como condição para a concessão de 
liminar em mandado de segurança coletivo. Essa previsão restringia o poder geral de 
cautela do magistrado. É constitucional o art. 23 da Lei nº 12.016/2009, que fixa o prazo 
decadencial de 120 dias para a impetração de mandado de segurança. É constitucional 
o art. 25 da Lei nº 12.016/2009, que prevê que não cabe, no processo de mandado de 
segurança, a condenação em honorários advocatícios. STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. 
Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes julgado em 9/6/2021 
(Info 1021). 
 
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68 
3. QUESTÕES 
 
1. É correto afirmar a respeito do habeas corpus que: 
a) é incabível para discutir o mérito de decisão administrativa que imponha sançõesdisciplinares a integrante de corporação. 
b) pode ser impetrado durante o inquérito policial baseado na dúvida sobre os indícios 
de autoria e de materialidade do crime. 
c) não é admissível a sua impetração em face de ato de particular. 
d) é admissível como recurso cabível para desafiar decisão do Tribunal do Júri que seja 
contrária às provas dos autos. 
e) não pode ser concedido de ofício pelos juízes ou tribunais no curso do processo. 
 
2. Assinale a alternativa correta a respeito do mandado de injunção. 
a) Não será cabível o mandado de injunção quando houver regulamentação da matéria 
por normas editadas pelo órgão legislador competente, ainda que insuficientes. 
b) Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para que o 
impetrado promova a edição da norma regulamentadora no prazo de trinta dias. 
c) Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a pedido do 
interessado, se sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de fato ou de 
direito. 
d) A decisão proferida no mandado de injunção terá eficácia subjetiva limitada às partes, 
mas ganhará eficácia ultra partes ou erga omnes se não cumprida no prazo estabelecido. 
 
3. Considere que Joseph, estrangeiro residente no Brasil há 4 anos, tenha solicitado 
formalmente perante a Prefeitura de Rondônia que lhe fosse permitido alterar seus 
dados pessoais registrados no referido órgão, pois um de seus sobrenomes estaria 
incorreto. A Prefeitura de Rondônia, no entanto, indeferiu o pedido de Joseph, sob o 
fundamento de que, por não se tratar de brasileiro, não havia a necessidade de que 
os seus dados pessoais estivessem integralmente corretos. Nessa hipótese, caso não 
concorde com a situação mencionada, e a partir da disciplina constitucional sobre os 
remédios constitucionais, Joseph: 
a) poderá impetrar habeas data, remédio constitucional destinado a qualquer pessoa 
– física ou jurídica – nacional ou estrangeira, para assegurar a retificação de seus dados 
pessoais, vez que se encontram em banco de dados públicos. 
b) não poderá se valer de nenhum dos remédios constitucionais previstos pela 
Constituição, pois esses são reservados apenas aos brasileiros, natos ou naturalizados. 
c) poderá impetrar mandado de injunção, mas apenas poderá fazê-lo após interpor 
recurso administrativo em face da decisão que indeferiu o seu pedido de retificação de 
dados. 
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d) poderá ajuizar ação popular, mecanismo constitucional assegurado a qualquer pessoa 
quando constatado abuso do poder do Estado. 
e) poderá impetrar mandado de segurança, uma vez que teve violado direito líquido e 
certo amparado pela Constituição brasileira, ainda que na condição de estrangeiro. 
 
4. Considerando a jurisprudência majoritária do STF e o enunciado de suas súmulas, 
assinale a opção correta em relação ao mandado de segurança. 
a) Compete ao STF conhecer originariamente do mandado interposto contra 
deliberação administrativa de tribunal do qual tenha participado a maioria ou totalidade 
de seus membros. 
b) É inconstitucional a previsão, por norma infraconstitucional, de prazo decadencial 
para a impetração de mandado de segurança. 
c) É, em regra, cabível a condenação em honorários advocatícios nesse tipo de ação. 
d) Compete ao STF conhecer originariamente de mandado de segurança interposto 
contra atos de outros tribunais. 
e) Eventual controvérsia sobre matéria de direito não impede a concessão de mandado 
de segurança. 
 
5. Sobre direitos e garantias fundamentais de natureza processual, a Constituição 
Federal de 1988 prevê que: 
a) o mandado de injunção objetiva tornar viável o exercício de direitos inerentes à 
nacionalidade, à soberania e à cidadania, não sendo cabível quando a obrigação de 
prestar o direito deva ser cumprida por particulares. 
b) qualquer pessoa é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo 
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade 
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, 
salvo comprovada má-fé, isento de custas processuais e do ônus da sucumbência. 
c) a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua 
tramitação não alcançam o âmbito administrativo. 
d) o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político sem 
representação no Congresso Nacional. 
e) cabe mandado de segurança individual para proteger direito líquido e certo não 
amparado por habeas corpus quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder 
for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder 
Público. 
 
6. À luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em matéria de direitos e 
garantias fundamentais e aspectos correlatos: 
a) o uso de células-tronco embrionárias, ainda que em pesquisas científicas para fins 
terapêuticos, autorizadas em lei federal, viola o direito à vida, pela potencialidade de 
formação de pessoa humana, cuja dignidade recebe proteção máxima constitucional. 
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b) é compatível com a Constituição Federal a interpretação segundo a qual a interrupção 
da gravidez de feto anencéfalo viola o direito à vida, recaindo na esfera de proteção que 
a legislação penal outorga a esse bem jurídico, vedando sua prática. 
c) a obrigatoriedade de aceitação de transferência de alunos entre universidades, ainda 
que instituída por lei e observada a identidade de natureza jurídica das instituições de 
ensino superior envolvidas, é incompatível com a Constituição, segundo a qual o acesso 
aos níveis mais elevados do ensino é assegurado segundo a capacidade de cada um. 
d) admitem-se limitações ao livre exercício de atividade econômica, ainda que sob a 
forma de cobrança indireta de tributos, desde que estabelecidas por lei e com vistas à 
tutela de outros princípios constitucionais da ordem econômica, como a livre 
concorrência e a redução das desigualdades regionais e sociais. 
e) admitem-se limitações por lei ao livre exercício das profissões, sendo consideradas 
legítimas quando o inadequado exercício de determinada atividade possa vir a causar 
danos a terceiros e desde que obedeçam a critérios de adequação e razoabilidade. 
 
7. De acordo com as normas aplicáveis à matéria e a jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal, mandado de segurança coletivo visando a questionar a aplicação de 
decreto do Governador que, com base em autorização prevista em lei ordinária, tenha 
aumentado alíquota de determinado imposto estadual, pode ser impetrado por: 
a) entidade de classe, em defesa do direito líquido e certo de seus associados de não 
serem compelidos ao pagamento da alíquota majorada, ainda que a pretensão veiculada 
interesse apenas a uma parte da respectiva categoria, 
b) associação legalmente constituída, desde que em funcionamento há pelo menos um 
ano, para assegurar direito líquido e certo de seus associados de não serem compelidos 
ao pagamento da alíquota majorada, sendo exigida para a propositura da demanda 
autorização expressa de seus membros. 
c) partido político, ainda que sem representação no Poder Legislativo e mesmo que não 
esteja constituído há pelo menos um ano, para defesa de direito líquido e certo dos 
contribuintes do imposto de não serem compelidos ao pagamento da alíquota 
majorada, desde que a propositura da ação esteja relacionada às suas finalidades 
institucionais. 
d) sindicato de categoria profissional ou econômica, desde que constituído e em 
funcionamentohá pelo menos um ano, em defesa do direito líquido e certo de seus 
membros de não serem compelidos ao pagamento da alíquota majorada, 
independentemente de autorização expressa de seus integrantes. 
e) parlamentar, com a finalidade de impedir a aplicação da lei que autorizou a edição do 
decreto, para a defesa de seu direito líquido e certo à regularidade do processo 
legislativo em face da ordem constitucional. 
 
8. João, filho de Maria, professora, nasceu prematuro e precisou ficar internado na UTI 
Neonatal por trinta dias. Como a licença maternidade de Maria era de cento e vinte 
dias, ela precisaria retornar ao trabalho noventa dias após a alta hospitalar de seu 
bebê. Maria conversou com seu advogado para saber se teria direito a passar mais 
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71 
tempo com seu filho, fora do hospital, antes de retornar ao ofício. Considerando a 
situação de Maria e os direitos sociais previstos na Constituição da República de 1988, 
é correto afirmar que: 
a) em atenção ao princípio da vedação do retrocesso, aplicável aos direitos sociais, pela 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, Maria pode pleitear que o início do prazo 
da licença maternidade ocorra na data da alta de João; 
b) em atenção ao princípio da proibição de proteção deficiente, aplicável aos direitos 
sociais, pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, Maria pode pleitear que o 
início do prazo da licença-maternidade ocorra na data da alta de João; 
c) em atenção ao princípio da razoabilidade, pela jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal, Maria deve retornar ao trabalho cento e vinte dias após o nascimento do filho 
João, pois o interesse coletivo prevalece em relação ao direito social, e a reserva do 
possível não seria aplicável ao caso; 
d) em razão da ausência de regra que garanta a Maria o benefício desejado, ela deve 
retornar à função cento e vinte dias após o nascimento de João, já que o mínimo 
existencial, quando violado, não garante a proteção do direito prestacional face à 
omissão estatal; 
e) as garantias constitucionais em voga são normas programáticas, desprovidas de 
densidade normativa e insindicáveis e, por essa razão, Maria não tem direito a estender 
a licença-maternidade pelo período em que João ficou internado na UTI. 
 
9. A respeito do Mandado de Segurança, ação constitucional assegurada contra ato 
ilegal ou abusivo praticado por autoridade, restou sumulado: 
a) compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de 
juizado especial. 
b) a entidade de classe tem legitimidade para o manda- do de segurança apenas quando 
a pretensão veiculada interesse a toda a respectiva categoria. 
c) pedido de reconsideração na esfera administrativa interrompe o prazo para o 
mandado de segurança. 
d) compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originalmente de mandados de 
segurança contra atos de outros Tribunais. 
 
10. Maria, servidora ocupante de cargo em comissão no Município Delta, adotou João 
Pedro, de 11 anos de idade. Ato contínuo, consultou o regime jurídico único dos 
servidores públicos municipais e constatou que a licença parental básica, reconhecida 
aos servidores adotantes, era de noventa dias, período reduzido para trinta dias 
quando o adotado tivesse mais de 10 anos de idade, isso sem qualquer consideração 
em relação a possíveis períodos de prorrogação. No entanto, somente faziam jus a 
essa licença os servidores ocupantes de cargos de provimento efetivo, não aqueles 
livremente demissíveis pela autoridade competente. À luz da sistemática 
constitucional, o regime jurídico único dos servidores públicos do Município Delta: 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
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a) É inconstitucional na parte que restringe a fruição da licença aos ocupantes de cargos 
de provimento efetivo e estabelece períodos de fruição inferiores ao da licença 
gestante; 
b) É inconstitucional apenas na parte em que estabelece o período de fruição de trinta 
dias quando o adotado tiver mais de 10 anos de idade; 
c) Não apresenta qualquer vício de inconstitucionalidade em relação aos servidores que 
podem fruir a licença e aos respectivos períodos de fruição; 
d) É inconstitucional apenas na parte que restringe a fruição da licença aos servidores 
ocupantes de cargos de provimento efetivo; 
e) É inconstitucional apenas na parte em que estabelece períodos de fruição inferiores 
ao da licença gestante. 
 
11. Os direitos sociais abrangem os benefícios previdenciários que se baseiam, entre 
outros, nos princípios da solidariedade, universalidade do atendimento, integralidade 
e fonte de custeio. 
Na Constituição Federal de 1988, é cabível afirmar que: 
a) o princípio da solidariedade tem como base a proteção da sociedade, através de um 
sistema solidário, em consonância com a dignidade humana, eixo axiológico da 
Constituição Federal de 1988. 
b) a universalidade do atendimento diz respeito ao alcance do benefício por todos que 
estejam inscritos no regime previdenciário, sem obstar o atendimento em razão de 
distinção. 
c) através do princípio da integralidade da cobertura, o fornecimento de medicamentos 
e insumos pode ser concedido até o esgotamento dos valores nominais da cobertura. 
d) a fonte de custeio diz respeito à concessão dos benefícios previdenciários, de maneira 
que na seguridade social os novos benefícios não devem ter fonte de custeio 
preexistente. 
 
12. Sobre o direito constitucional à educação e seus desdobramentos na Constituição 
da República e na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, assinale a afirmativa 
INCORRETA. 
a) É inconstitucional a cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas. 
b) A garantia constitucional da gratuidade de ensino impede a cobrança, por 
universidades públicas, de mensalidade em curso de especialização. 
c) É constitucional o dispositivo legal que fixou o piso salarial dos professores do ensino 
médio com base no vencimento e não na remuneração global. 
d) A Constituição veda qualquer espécie de ensino domiciliar que não respeite o dever 
de solidariedade entre a família e o Estado como núcleo principal à formação 
educacional das crianças, jovens e adolescentes. 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
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e) As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão 
financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, 
pesquisa e extensão. 
 
13. Joana impetrou mandado de injunção, perante o Supremo Tribunal Federal (STF), 
em razão da falta de norma regulamentadora de determinado direito social previsto 
na Constituição da República de 1988, o que impedia a sua fruição. Após a impetração, 
sobreveio a Lei nº XX, regulamentando a norma constitucional que dispunha sobre o 
referido direito social. Considerando a sistemática afeta ao mandado de injunção, é 
correto afirmar que a Lei nº XX: 
a) não será aplicada à situação de Joana, considerando o princípio da perpetuatio 
jurisdictionis, o que impede que a competência do STF seja afetada por lei ordinária; 
b) será aplicada, em qualquer caso, à situação de Joana, considerando a preeminência 
da norma geral sobre a sentença que resolveu a situação individual; 
c) somente será aplicada à situação de Joana caso ainda não tenha sido proferida 
sentença, restando prejudicada a impetração; 
d) produzirá efeitos ex nunc em relação a Joana,salvo se lhe for mais favorável que a 
sentença judicial transitada em julgado; 
e) somente será aplicada à situação de Joana caso ainda não tenha ocorrido o trânsito 
em julgado da respectiva sentença. 
 
14. Antônio e Péricles, respectivamente marido e filho de Bruna, governadora do 
Estado Alfa, pretendiam iniciar as suas carreiras públicas nas eleições municipais a 
serem realizadas no ano seguinte. Enquanto Antônio pretendia concorrer ao cargo de 
prefeito do Município Beta, que figurava como Capital do Estado Alfa, Péricles 
pretendia concorrer ao cargo eletivo de vereador, também do Município Beta. À luz 
da sistemática constitucional: 
a) Antônio e Péricles estão elegíveis, apesar do cargo ocupado por Bruna; 
b) Antônio e Péricles estão inelegíveis, mas a inelegibilidade de ambos será afastada 
caso ocorra a morte de Bruna até seis meses antes do pleito; 
c) Péricles está inelegível, mas a sua inelegibilidade será afastada com a morte ou a 
renúncia de Bruna nos seis meses anteriores ao pleito; 
d) Antônio e Péricles estão inelegíveis, e a inelegibilidade de ambos não será afastada, 
ainda que ocorra a morte ou a renúncia de Bruna até seis meses antes do pleito; 
e) Antônio está inelegível, mas a sua inelegibilidade será afastada com a dissolução do 
vínculo conjugal, qualquer que seja a causa, ou com a renúncia de Bruna até o dia da 
eleição. 
 
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4. GABARITO COMENTADO 
 
1. RESPOSTA: A 
(A) CORRETA. O não cabimento do habeas corpus (CF, art. 142, § 2º) limita-se às 
hipóteses em que se pretenda discutir o mérito da medida. Assim, no caso de a punição 
haver sido aplicada por autoridade incompetente (questão de legalidade), por exemplo, 
nada impede o uso do remédio constitucional (STF, RE 338.840/RS). 
(B) INCORRETA. O trancamento é medida excepcional utilizável exclusivamente nas 
hipóteses de (1) manifesta atipicidade (formal ou material); (2) causa extintiva de 
punibilidade; e (3) ausência de manifestação prévia da vítima requerendo a instauração 
do Inquérito Policial nos crimes de ação penal privada ou ação penal pública 
condicionada. 
(C) INCORRETA. Só o MS tem restrição, o HC pode ser interposto contra qualquer pessoa. 
(D) INCORRETA. Cabe apelação (CPP, art. 593, III, d), e, como visto, HC não é substitutivo, 
nem recurso próprio. 
(E) INCORRETA. Pode! É muito comum a concessão de ordem de ofício (art. 654, §2º, do 
CPP). 
 
2. RESPOSTA: C 
(A) INCORRETA. Art. 2º, caput e parágrafo único da Lei n° 13.300/2016. Conceder-se-á 
mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora 
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas 
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. 
(B) INCORRETA. Art. 8º, inciso I da Lei n° 13.300/2016. Art. 8º Reconhecido o estado de 
mora legislativa, será deferida a injunção para: I - determinar prazo razoável para que o 
impetrado promova a edição da norma regulamentadora; 
(C) CORRETA. Art. 10 da Lei n° 13.300/2016. Art. 10. Sem prejuízo dos efeitos já 
produzidos, a decisão poderá ser revista, a pedido de qualquer interessado, quando 
sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de fato ou de direito. 
(D) INCORRETA. Art. 9º, caput e § 1º da Lei n° 13.300/2016. Art. 9º A decisão terá eficácia 
subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da norma 
regulamentadora. 
§ 1º Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for 
inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto 
da impetração. 
 
3. RESPOSTA: A 
(A) CORRETA. Segundo a jurisprudência do STF, é ampla a legitimidade para propor 
habeas data, sendo este remédio constitucional acessível aos brasileiros e estrangeiros: 
Os legitimados ativos para a propositura da ação seriam pessoas físicas e jurídicas, 
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75 
nacionais e estrangeiras. Em relação aos contribuintes, seria assegurado o direito de 
conhecer as informações que lhes dissessem respeito em bancos de dados públicos ou 
de caráter público, em razão da necessidade de preservar seu nome, planejamento 
empresarial, estratégia de investimento e, em especial, a recuperação de tributos pagos 
indevidamente, entre outras.(…) Nesse sentido, dever-se-ia entender como possível a 
impetração do “habeas data” de forma a esclarecer à pessoa física ou jurídica os valores 
por ela pagos a título de tributos ou qualquer outro tipo de pagamento constante dos 
registros da Receita Federal ou qualquer outro órgão fazendário das entidades estatais. 
RE 673707/MG, rel. Min. Luiz Fux, 17.6.2015. (RE- 673707) 
(B) INCORRETA. Conforme destacado, os estrangeiros podem se valer do habeas data. 
Ademais, diante da característica da universalidade dos direitos fundamentais, é certo 
que a grande maioria destes pode ser exercidas por brasileiros e estrangeiros, inclusive 
não-residentes. 
(C) INCORRETA. O mandado de injunção, previsto no artigo 5º, inciso LXXI da 
Constituição do Brasil de 1988, é um dos remédios-garantias constitucionais, usado em 
um caso concreto, individualmente ou coletivamente, com a finalidade de viabilizar o 
exercício dos direitos e garantias constitucionais e das prerrogativas inerentes à 
nacionalidade, soberania e cidadania, cujo exercício esteja inviabilizado em razão da 
ausência de uma norma regulamentadora. Não se aplica na espécie. 
(D) INCORRETA. Não é o caso de ação popular, pois esta é reservada para os casos em 
que há lesão ao patrimônio público. 
(E) INCORRETA. O mandado de segurança é residual e somente pode ser impetrado 
quando o direito não for amparado por habeas corpus e habeas data. 
 
4. RESPOSTA: E 
A. INCORRETA. Súmula 623 do STF: Não gera por si só a competência originária do 
Supremo Tribunal Federal para conhecer do mandado de segurança com base no art. 
102, I, "n", da Constituição, dirigir-se o pedido contra deliberação administrativa do 
tribunal de origem, da qual haja participado a maioria ou a totalidade de seus membros. 
B. INCORRETA. A previsão de prazo decadencial para impetração de Mandado de 
Segurança, prevista no art. 23 da Lei 12.076/2009, é considerada válida, conforme 
súmula 632 do STF. 
C. INCORRETA. Não cabem honorários advocatícios em MS-art. 25 da Lei 12.076/2009. 
D. INCORRETA. Súmula 624 do STF. Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer 
originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais. 
E. CORRETA, teor da súmula 625 do STF. 
 
5. RESPOSTA: E 
ALTERNATIVA A - INCORRETA. Não devem ser confundidas duas situações distintas: (a) 
a (im)possibilidade de um particular integrar o polo passivo de MI e (b) as hipóteses em 
que a decisão do MI criará obrigações a particulares. O STF posiciona-se pela 
impossibilidade de um particular integrar o polo passivo de MI. 
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ALTERNATIVA B – INCORRETA. Art. 5º, LXXIII, da CF/88. 
ALTERNATIVA C – INCORRETA. Art. 5º, LXXVIII, da CF/88. 
ALTERNATIVA D – INCORRETA. Art. 5º, LXX, da CF/88. 
ALTERNATIVA E – CORRETA. Art. 5º, LXIX, da CF/88. 
 
6. RESPOSTA: E 
ALTERNATIVA A - INCORRETA. “Constitucional. Ação direta de inconstitucionalidade. Lei 
de biossegurança. Impugnação em bloco do art. 5º da Lei n. 11.105, de 24 de março de 
2005 (Lei de biossegurança). Pesquisas com células-tronco embrionárias.Inexistência 
de violação do direito à vida. Constitucionalidade do uso de células-tronco embrionárias 
em pesquisas científicas para fins terapêuticos. Descaracterização do aborto. Normas 
constitucionais conformadoras do direito fundamental a uma vida digna, que passa pelo 
direito à saúde e ao planejamento familiar. Descabimento de utilização da técnica de 
interpretação conforme para aditar à lei de biossegurança controles desnecessários que 
implicam restrições às pesquisas e terapias por ela visadas. Improcedência total da 
ação” (ADI 3510/DF). 
ALTERNATIVA B - INCORRETA. “FETO ANENCÉFALO. INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ. 
MULHER. LIBERDADE SEXUAL E REPRODUTIVA. SAÚDE. DIGNIDADE. 
AUTODETERMINAÇÃO. DIREITOS FUNDAMENTAIS. CRIME. INEXISTÊNCIA. Mostra-se 
inconstitucional interpretação de a interrupção da gravidez de feto anencéfalo ser 
conduta tipificada nos artigos 124, 126 e 128, incisos I e II, do Código Penal”. 
ALTERNATIVA C - INCORRETA. “É constitucional a previsão legal que assegure, na 
hipótese de transferência ex officio de servidor, a matrícula em instituição pública, se 
inexistir instituição congênere à de origem” (Tema 57 da Repercussão Geral). 
ALTERNATIVA D - INCORRETA. O STF tem reiteradamente entendido que é 
inconstitucional a restrição imposta pelo Estado ao livre exercício de atividade 
econômica ou profissional, quanto aquelas forem utilizadas como meio de cobrança 
indireta de tributos. (ARE 914.045 RG, rel. min. Edson Fachin, j. 15-10-2015). 
ALTERNATIVA E – CORRETA. DIREITO CONSTITUCIONAL. EXERCÍCIO PROFISSIONAL E 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO. EXIGÊNCIA DE INSCRIÇÃO EM CONSELHO PROFISSIONAL. 
EXCEPCIONALIDADE. ARTS 5ª, IX E XIII, DA CONSTITUIÇÃO. [...] A regra é a liberdade. 
Apenas quando houver potencial lesivo na atividade é que pode ser exigida inscrição 
em conselho de fiscalização profissional [...] (RE 414.426/SC). 
 
7. RESPOSTA: A 
A questão aborda ato de Governador que aumenta alíquota de determinado imposto 
estadual. Tal ato é passível de questionamento por meio de Mandado de Segurança 
Coletivo, na medida em que é ato por parte de autoridade em que pode ter havido 
ilegalidade ou com abuso de poder. 
O cerne da questão gravitava em torno do conhecimento acerca dos legitimados para 
propositura do Mandado de Segurança Coletivo, nos termos do art. 21 da Lei 12.016/09: 
CPF: 860.542.154-18
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Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com 
representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos 
a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de 
classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 
(um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus 
membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas 
finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. 
 
8. RESPOSTA: B 
“A fim de conferir interpretação conforme à Constituição ao artigo 392, § 1º, da CLT, 
assim como ao artigo 71 da Lei nº 8.213/91 e, por arrastamento, ao artigo 93 do seu 
Regulamento (Decreto nº 3.048/99), e assim assentar (com fundamento no bloco 
constitucional e convencional de normas protetivas constante das razões sistemáticas 
antes explicitadas) a necessidade de prorrogar o benefício, bem como considerar como 
termo inicial da licença-maternidade e do respectivo salário-maternidade a alta 
hospitalar do recém-nascido e/ou de sua mãe, o que ocorrer por último, quando o 
período de internação exceder as duas semanas previstas no art. 392, § 2º, da CLT, e no 
art. 93, § 3º, do Decreto nº 3.048/99” (ADI 6327-MC-Ref, Rel. Min. Edson Fachin). O 
ministro Edson Fachin fundamenta seu voto na existência de uma “proteção deficiente 
das crianças prematuras (e de suas mães), que, embora demandem mais atenção 
mesmo ao terem alta, tem esse período encurtado, uma vez que o período em que 
permanecem no hospital é descontado do período da licença” Por tais razões, a 
alternativa correta é a letra B. 
 
9. RESPOSTA: A 
(A) CORRETA. Súmula 376, STJ - Compete a turma recursal processar e julgar o mandado 
de segurança contra ato de juizado especial. 
(B) INCORRETA. Súmula 630, STF: A entidade de classe tem legitimação para o mandado 
de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da 
respectiva categoria. 
(C) INCORRETA. Súmula 430, STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não 
interrompe o prazo para o mandado de segurança. 
(D) INCORRETA. Súmula 624, STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer 
originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais. 
 
10. RESPOSTA: A 
No caso em tela, a servidora ocupante de cargo em comissão, não pode ter seu direito 
à licença maternidade restringindo em virtude de seu vínculo com a administração 
pública não ser efetivo, dada a ausência de disposição nesse sentido, além dessa 
distinção se mostrar desproporcional. 
O tempo de fruição da licença também não pode ser restringido em razão da idade do 
adotado, sendo esse inclusive o entendimento esposado pelo STF em sede de 
Repercussão Geral, tese fixada: 
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“Os prazos da licença-adotante não podem ser inferiores ao prazo da licença-gestante, 
o mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença-adotante, 
não é possível fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada”. 
STF. Plenário. RE 778889/PE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/3/2016 
(repercussão geral) (Info 817). 
Pelo exposto, o item a ser marcado é o que diz: é inconstitucional na parte que restringe 
a fruição da licença aos ocupantes de cargos de provimento efetivo e estabelece 
períodos de fruição inferiores ao da licença gestante”. 
 
11. RESPOSTA: A 
O princípio constitucional da solidariedade, em termos de Direito Previdenciário, serve 
como meio de realização da dignidade da pessoa humana, de modo a atender aos fins 
da justiça social. No que tange ao conteúdo normativo do princípio da solidariedade, há 
variação quanto aos seus limites e às suas possibilidades. Ocorre que a proteção social 
deverá ser ministrada até que debele a necessidade resultante de uma contingência 
social, sendo que o dever do estado e o direito do indivíduo não abrangem todas as 
carências nem sua completa extensão. 
PINHO, Leda de Oliveira. O conteúdo normativo do princípio da solidariedade no sistema 
da seguridade social. In: LUGON, Luiz Carlos de Castro; LAZZARI, João Batista 
(Coord.). Curso modular de Direito Previdenciário. Florianópolis: Conceito, 2007. p. 66. 
 
12. RESPOSTA: B 
A questão pede a assertiva incorreta. 
(A)CORRETO 
Súmula Vinculante 12 - 
A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, 
IV, da Constituição Federal. 
(B) INCORRETO 
A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança por 
universidades públicas de mensalidade em cursos de especialização. 
STF. Plenário. RE 597854/GO, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 26/4/2017 
(repercussão geral) (Info 862). 
(C) CORRETO 
2. É constitucional a norma geral federal que fixou o piso salarial dos professores do 
ensino médio com base no vencimento, e não na remuneração global. Competência da 
União para dispor sobre normas gerais relativas ao piso de vencimento dos professores 
da educação básica, de modo a utilizá-lo como mecanismo de fomento ao sistema 
educacional e de valorização profissional, e não apenas como instrumento de proteçãomínima ao trabalhador. 
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3. É constitucional a norma geral federal que reserva o percentual mínimo de 1/3 da 
carga horária dos docentes da educação básica para dedicação às atividades extraclasse. 
Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. (...) 
STF. Plenário. ADI 4167, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 27/04/2011. 
(D) CORRETO 
A Constituição Federal não veda de forma absoluta o ensino domiciliar, mas proíbe 
qualquer de suas espécies que não respeite o dever de solidariedade entre a família e 
o Estado como núcleo principal à formação educacional das crianças, jovens e 
adolescentes. 
(E) CORRETO 
Art. 207, CF/88. As universidades gozam de autonomia didático-científica, 
administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de 
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. 
 
13. RESPOSTA: D 
A questão apresentada trata do mandado de injunção, regulamentado pela Lei 
13.300/2016. Diante da superveniência de norma regulamentadora após a impetração 
do mandado de injunção, é correto dizer que, nos termos do art. 11 da legislação de 
regência da matéria, a norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex 
nunc em relação aos beneficiados por decisão transitada em julgado, salvo se a 
aplicação da norma editada lhes for mais favorável. 
Assim, a norma regulamentadora produzirá efeitos ex nunc, salvo se for mais favorável 
à Joana que a sentença transitada em julgado. 
 
14. RESPOSTA: B 
Consoante previsão contida no art. 14, §7º, da CF/88, são inelegíveis, no território de 
jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau 
ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do 
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses 
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. 
Devemos atentar, ainda, que a orientação firmada na Súmula Vinculante 18 do STF ("A 
dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a 
inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal") não se aplica aos 
casos de extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos cônjuges. 
Confira-se o entendimento do STF: 
CONSTITUCIONAL E ELEITORAL. MORTE DE PREFEITO NO CURSO DO MANDATO, MAIS 
DE UM ANO ANTES DO TÉRMINO. INELEGIBILIDADE DO CÔNJUGE SUPÉRSTITE. CF, ART. 
14, § 7º. INOCORRÊNCIA. 1. O que orientou a edição da Súmula Vinculante 18 e os 
recentes precedentes do STF foi a preocupação de inibir que a dissolução fraudulenta 
ou simulada de sociedade conjugal seja utilizada como mecanismo de burla à norma 
da inelegibilidade reflexa prevista no § 7º do art. 14 da Constituição. Portanto, não 
atrai a aplicação do entendimento constante da referida súmula a extinção do vínculo 
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conjugal pela morte de um dos cônjuges. 2. Recurso extraordinário a que se dá 
provimento. (RE 758461, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 
22/05/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-213 DIVULG 
29-10-2014 PUBLIC 30-10-2014) 
Assim, Antônio e Péricles são inelegíveis no caso apresentado, mas é certo que a 
inelegibilidade será afastada em caso de morte de Bruna nos seis meses anteriores ao 
pleito, à luz da orientação jurisprudencial do STF.

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