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CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 1 Direito Administrativo Ponto 6 CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 2 CURSO MEGE Site para cadastro: https://loja.mege.com.br/ Celular / Whatsapp: (99) 98262-2200 Turma: Clube Delta Material: Ponto 6 (Direito Administrativo) MATERIAL DE APOIO (PONTO 6) CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 3 SUMÁRIO CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA RODADA ....................................................................... 4 DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................................................................ 5 1. DOUTRINA (RESUMO) .................................................................................................... 5 2. JURISPRUDÊNCIA .........................................................................................................78 3. QUESTÕES ....................................................................................................................97 4. GABARITO COMENTADO ...........................................................................................103 CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA RODADA (Conforme Edital Mege) DIREITO ADMINISTRATIVO Agentes públicos. (Ponto 6) CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 5 DIREITO ADMINISTRATIVO (conteúdo atualizado em 30-09-2022) 1. DOUTRINA (RESUMO) 1.1. AGENTES PÚBLICOS A noção de agente público é bastante AMPLA, abrangendo toda e qualquer pessoa que atue em nome do Estado, INDEPENDENTEMENTE de com ele estabelecer vínculo jurídico específico, mesmo que sem remuneração e de forma transitória. É essa a concepção firmada no § 6º do art. 37 da Constituição Federal, de acordo com o qual o Estado (lato sensu) responde pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. A Lei de Improbidade Administrativa (Lei Federal nº 8.429/92) também encampa esse conceito amplo de agente público, prescrevendo se tratar de “todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior” (art. 2º). Assim, também o Código Penal, cujo art. 327 estabelece que “considera-se funcionário público, para efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerça cargo, emprego ou função pública”. ATENÇÃO! A expressão “funcionários públicos” não possui ressonância na Constituição Federal de 1988, encontrando-se em desuso em razão de sua equivocidade, sem conteúdo definido. Nada obstante, consta ainda de alguns diplomas normativos, como o mencionado dispositivo do Código Penal, enquanto sinônima de “agentes públicos”. De acordo com a doutrina majoritária, essa concepção ampla de agente público abrange 03 (três) subgrupos/subclassificações: a) agentes políticos; b) agentes administrativos; e c) particulares em colaboração: a) AGENTES POLÍTICOS: responsáveis pela tomada de decisões políticas primordiais do Estado, ocupando cargos estruturais da vida política do país. Sua investidura se dá, em regra, por meio de eleição (alguns casos podem ser nomeados), extraindo suas atribuições diretamente da Constituição. Tradicionalmente, abrange tão somente os Chefes do Poder Executivo e seus auxiliares diretos, além dos membros do Poder Legislativo. Contudo, mais recentemente, já se firmando como posição majoritária na doutrina brasileira, incluem-se também os membros da Magistratura e do Ministério Público, por exercerem funções essenciais ao Estado e praticarem atos relacionados com a soberania estatal. Considera-se, ademais, que eles ocupam o topo dos Poderes Estatais [embora o MP não seja propriamente um “Poder”]. Há, ainda, quem inclua os membros das Cortes de Contas, sendo este, todavia, um entendimento minoritário. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 6 ATENÇÃO! A jurisprudência do STF já se pronunciou pela natureza política das funções exercidas pelos membros da Magistratura e do Ministério Público (RE nº 228.977/SP, j. em 05/03/2002). No entanto, o Supremo rejeita a inclusão dos membros dos Tribunais de Contas na categoria dos agentes políticos, considerando-os agentes administrativos. Neste último ponto, o Supremo analisou a designação de irmão de Governador de Estado para o cargo de Conselheiro de Contas, anulando a nomeação justamente por entender se tratar de função administrativa, abrangida, assim, pela Súmula Vinculante nº 13, que veda o nepotismo (Rcl nº 6.702 MC -AgR, j. em 04/03/2009). Ressalte-se que importantes vozes da doutrina não admitem a inclusão dos integrantes da Magistratura, do MP e dos Tribunais de Contas no grupo dos agentes políticos, a exemplo de Celso Antônio Bandeira de MELLO, de acordo com o qual o vínculo que eles mantêm com o Estado é de natureza profissional, e não política. b) AGENTES ADMINISTRATIVOS: exercem atividade profissional e remunerada no âmbito da Administração, ocupando cargo, emprego ou função pública. Essa subclassificação abrange os: - Servidores Públicos: possuem vínculo legal ou estatutário (todos os seus direitos e deveres decorrem de lei) com a Administração Pública e são providos mediante concurso público (efetivos) ou indicação para o desempenho de atribuições de chefia, direção e assessoramento (comissionado). Submetem-se a regime jurídico de Direito Público; - Empregados Públicos: possuem vínculo contratual (seus direitos e deveres decorrem dos termos do contrato firmado) com a Administração Pública regido pela CLT (celetistas). Ocupam emprego público e submetem-se ao regime jurídico de Direito Privado, embora sujeitos a algumas derrogações do regime publicista, como a exigência de concurso público, a proibição de acumulação, o teto remuneratório, a equiparação a funcionário público para fins penais e a submissão ao controle judicial pelos remédios constitucionais (MS, HD, ação popular, etc.); - Servidores Temporários: são contratados por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público (art. 37, IX, CF/88). Possuem com a Administração vínculo especial de cunho administrativo e desempenham função administrativa temporária. c) PARTICULARES EM COLABORAÇÃO: são aqueles que, sem perder a qualidade de particulares, atuam, em situações excepcionais, em nome do Estado, exercendo função pública: CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidascabíveis na esfera cível e penal. 7 - Agentes Honoríficos ou Designados: sem qualquer vínculo profissional com a Administração, são convocados para prestar serviço transitório e, comumente, sem remuneração. São escolhidos em razão de sua capacidade profissional ímpar, de sua condição cívica ou ainda de sua honorabilidade. Exercem múnus público, sendo obrigatória sua participação sob pena de sanção. É o caso dos mesários eleitorais e dos membros do júri; - Agentes Voluntários: atuam de forma voluntária em nome do Estado, em repartições, escolas, hospitais ou em situações emergenciais, desde que o Estado possua algum programa de voluntariado. Como exemplo, temos os “Amigos da Escola”; - Agentes Delegados: atuando em colaboração com o Estado, exercem atividade, obra ou serviço sob a constante fiscalização do Poder Público, em nome próprio e assumindo os riscos da incumbência. São, por exemplo, os notários e serventuários, os tradutores públicos e os agentes de concessionárias e permissionárias de serviços públicos; ATENÇÃO! Não é mansa a inclusão dos agentes delegados na categoria dos agentes públicos, porquanto, em princípio, de forma imediata, não atuam em nome do Estado, mas em nome próprio ou da pessoa jurídica a que se vinculam. Para a doutrina majoritária, entretanto, são espécie de agentes públicos. - Agentes Credenciados: mediante remuneração, representam a Administração Pública na prática de um ato ou em certa atividade específica. Cite-se, como exemplo, a representação do Estado em um evento de âmbito nacional por meio de um artista de renome. Diferentemente, Matheus CARVALHO considera agentes credenciados aqueles que atuam em nome do Estado em virtude de convênios celebrados com a Administração, como ocorre com os médicos e hospitais privados que participam do Sistema Único de Saúde. ATENÇÃO! AGENTE OU FUNCIONÁRIO DE FATO Trata-se dos particulares que desempenham função pública na intenção de satisfazer o interesse público, mas sem que possuam vínculo formal regular com o Poder Público (sem investidura prévia e válida). Parte da doutrina subdivide-os: - Agentes Putativos: possuem aparência de servidores públicos e atuam em situação de normalidade pública (ex.: servidor não regularmente investido que pratica atos administrativos). Segundo José dos Santos CARVALHO FILHO, agentes putativos “são os que desempenham uma atividade pública na presunção de que há legitimidade, embora não tenha havido investidura dentro do procedimento legalmente exigido”. É o caso daquele que foi nomeado, entrou em exercício e praticou diversos atos no exercício da função, mas que, posteriormente, acabou sendo exonerado em virtude da verificação CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 8 de vício em sua investidura (ex.: aprovado em concurso público convocado com preterição da ordem de classificação). Veja que há uma investidura no cargo, mas ela é viciada, inválida. Em aplicação da teoria da aparência, os atos praticados são considerados válidos e responsabilizam o Estado por eventuais danos causados. - Agentes Necessários: exercem a função administrativa em situações excepcionais, como as de calamidade e emergência (ex.: pessoas que atuam para auxiliar os outros em situações catastróficas). Serão reputados válidos os atos praticados quando beneficiarem terceiros, mas eventuais danos causados não serão de responsabilização do Poder Público. O agente ou funcionário de fato não se confunde com o “usurpador de função”, que é aquele que atua em nome do Estado sem qualquer forma de investidura prévia, agindo por iniciativa própria e no intuito de se beneficiar. A usurpação de função pública é crime tipificado no art. 328 do CP. 1.1.1. CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO Cargo público é o lugar, inserido na organização administrativa interna do ente público, caracterizando-se por determinado conjunto de atribuições e responsabilidades de natureza permanente, com denominação própria e pagamento pelo erário. Sua criação se dá por meio de lei, que disciplina os direitos e as obrigações do agente. Subdivide-se em: a) Cargo efetivo: decorre de prévia aprovação em concurso público; b) Cargo em comissão: de livre nomeação e exoneração para o desempenho de função de chefia, direção ou assessoramento. Emprego público, a seu turno, é o vínculo contratual (celetista) que liga o empregado público à Administração. O emprego público é obrigatório nas entidades de direito privado pertencentes à Administração Pública Indireta (empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado), as quais estão submetidas ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários, nos termos do art. 173, § 1º, II, da CF/88. No âmbito da Administração Direta, Autárquica e Fundacional (de direito público), desde o restabelecimento do regime jurídico único pelo STF em 2007 (ADI 2.135 MC/DF), o regime estatutário é preferencial, não se admitindo sua concorrência com o celetista. Voltaremos a tratar deste ponto na sequência. ATENÇÃO! AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE E AGENTES DE COMBATE ÀS ENDEMIAS O § 4º do art. 198 da CF/88 prescreve que “Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 9 meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação”. Por sua vez, a Lei Federal nº 11.350/06, disciplinando aquele dispositivo constitucional, estabeleceu que o vínculo desses agentes é regido pela CLT, de modo que se trata de exceção ao regime jurídico único. A função pública é o conjunto de atribuições conferidas por lei a determinado agente público. Podem ou não corresponder a um cargo ou emprego. É o caso do servidor temporário, que, apesar de não ocupar cargo ou emprego público, desempenha função pública. Assim, concluiu-se que todo cargo público implica o exercício de função pública, mas nem toda função corresponde a um cargo. Ademais, a expressão “emprego público” é utilizada para identificar a relação funcional trabalhista, de modo que o empregado público tem função pública, mas não ocupa cargo público. Destaque-se que, nos termos do art. 61, § 1º, II, “a” da CF/88, a criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas na Administração Direta e Autárquica (e Fundacional) dependem de LEI da iniciativa privativa do Presidente da República [aplicável às demais esferas federativas, por força do princípio da simetria]. ATENÇÃO! Embora existam vozes dissonantes na doutrina, deve-se atentar para a redação da Constituição no sentido de que a exigência de lei para a criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas NÃO SE APLICA às entidades da Administração Indireta com personalidade jurídica de direito privado (sociedade de economia mista, empresa pública e fundações públicas de direito privado). ATENÇÃO! Não se esqueça da possibilidade de EXTINÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS VAGOS por decreto do Presidente da República, o chamado “decreto autônomo”. Confiram-se as disposições legais sobre o tema: Constituição Federal Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre: X – criação,transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; Art. 61. [...] CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 10 § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: [...] II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VI – dispor, mediante decreto, sobre: b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. Lei Federal nº 8.112/90 Art. 2º Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público. Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor. Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão. ATENÇÃO! De acordo com o STJ, a Lei Federal nº 8.112/1990 NÃO se aplica por analogia aos servidores estaduais e municipais como regra, admitindo-se sua incidência apenas quando houver omissão na legislação estadual/municipal quanto à disciplina de direito constitucional autoaplicável e que não dê azo a aumento de gastos. Nessa ordem de ideias, o Supremo considerou inconstitucional a aplicação, por analogia, do instituto da recondução previsto no art. 29, I, da Lei Federal nº 8.112/1990 a servidor público estadual na hipótese de o ordenamento jurídico do Estado ser omisso acerca desse direito. (RMS 46.438-MG, j. em 16/12/2014). 1.1.2. ACESSIBILIDADE AOS CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES Sobre o tema a Constituição Federal, em seu art. 37 dispõe: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 11 I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; Verifica-se que os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis tanto aos brasileiros quanto aos estrangeiros: Brasileiros Estrangeiros Aos brasileiros natos ou naturalizados basta observarem os requisitos constitucionais e legais (idade, formação, etc.). Os naturalizados apenas não poderão desempenhar algumas funções, como é o caso das previstas no art. 12, §3º da CF/88: § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas; VII - de Ministro de Estado da Defesa. É necessária a prévia edição de lei delimitando as hipóteses específicas em que será autorizado o seu ingresso no serviço público. Nessa parte, o dispositivo constitucional é uma norma de eficácia limitada. Cada ente deve editar a sua própria norma prevendo as hipóteses autorizativas. Vale ressaltar que o art. 207, §1º, da CF/88, faculta às universidades admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei. Ao estabelecer os requisitos que devem ser cumpridos para o desempenho da função pública, é possível que a lei crie algumas LIMITAÇÕES (a exemplo da idade mínima). Essas limitações, contudo, devem passar pelo filtro da razoabilidade e proporcionalidade. Caso contrário, serão consideradas inconstitucionais. Vejamos alguns enunciados sumulares que tratam do tema: Súmula 683 do STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da CF/88, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 12 Súmula 266 do STJ: O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público. Súmula Vinculante 44: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. Nesse sentido, o STJ entende que a LIMITAÇÃO DE IDADE, SEXO E ALTURA para o ingresso na carreira militar é válida desde que haja previsão em lei específica e no edital do concurso público (RMS 044597/SC). Em suma, não basta a previsão em edital, exigindo-se lei para que se fixem limites de idade, sexo e altura para acesso a cargos, empregos e funções públicas, devendo ser observados, ainda, os postulados da razoabilidade e da proporcionalidade. Ademais, o limite de idade, quando regularmente fixado em lei e no edital de determinado concurso público, há de ser comprovado no momento da inscrição do certame (STF, ARE 840592 AgR – Info 791). Entretanto, à luz da razoabilidade, o STJ admite a posse de menor com 17 anos, desde que já emancipado voluntariamente e que faltem poucos meses (REsp nº 1.462.659/RS – Info 576) ou dias (RMS 36.422/MT – Info 524) para o atingimento da maioridade. A respeito do EXAME PSICOTÉCNICO, além da previsão na lei e no edital, deverá adotar critérios objetivos de avaliação e possibilitar ao candidato a interposição do recurso contra o resultado. Segundo o STJ, “a exigência de exame psicotécnico é legítima quando prevista em lei e no edital, a avaliação esteja pautada em critérios objetivos, o resultado seja público e passível de recurso” (AgRg no REsp 1.404.261/DF, j. em 11/02/2014). Constatada a ilegalidade do exame psicotécnico, o candidato deve ser submetido a nova avaliação, pautada por critérios objetivos e assegurada a ampla defesa. ATENÇÃO! No tocante ao requisito temporal de três anos de atividade jurídica para ingresso no Ministério Público e na Magistratura, o Supremo Tribunal Federal possui entendimento firme de que ele deve ser comprovado na inscrição definitiva do concurso (e não na posse). No RE 655.265/DF, o STF firmou a seguinte tese: “é constitucional a regra que exige a comprovação do triênio de atividade jurídica privativa de bacharel em Direito no momento da inscrição definitiva”. No mesmo sentido, o STJ também entende que nos concursos públicos para ingresso na Magistratura ou no Ministério Público a comprovação dos requisitos exigidos deve ser feita na inscrição definitiva e não na posse (RMS 031.168/PA). Ademais, o STJ já decidiu que a exigência de TESTE DE APTIDÃO FÍSICA é legítima quando prevista em lei, guarde relação de pertinência com as atividades a serem desenvolvidas, esteja pautada em critérios objetivos e seja passível de recurso (RMS 044.406/MA e informativo nº 502). Ainda sobre o teste de aptidão física em concurso público, a jurisprudência entende que é vedada a realização de novo teste no caso de incapacidade temporária, CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 13 SALVO PREVISÃO NO EDITAL, sob pena de violação aos princípios da impessoalidade e isonomia, queregem os concursos públicos. Nesse sentido, no RE 630.733/DF (j. em 15/05/2013 – TEMA 335), o STF fixou a seguinte tese de Repercussão Geral: “Inexiste direito dos candidatos em concurso público à prova de segunda chamada nos testes de aptidão física, salvo contrária disposição editalícia, em razão de circunstâncias pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de força maior, mantida a validade das provas de segunda chamada realizadas até 15/5/2013, em nome da segurança jurídica”. ATENÇÃO! CANDIDATA GESTANTE E SEGUNDA CHAMADA EM TESTES DE APTIDÃO FÍSICA – MUDANÇA DE JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO Sem embargo, em novembro de 2018, no julgamento do RE nº 1.058.333/PR, de relatoria do Ministro Luiz Fux, modificando posição anterior, o STF concluiu pelo direito de candidatas gestantes à remarcação de testes de aptidão física em concursos públicos, independentemente de haver previsão no edital. O STJ vem alinhando seu entendimento com o entendimento do STF, como podemos ver no seguinte julgado de 2019: ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. AGENTE PENITENCIÁRIO FEMININO. CURSO DE FORMAÇÃO. CANDIDATA LACTANTE. PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL. REMARCAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. O Supremo Tribunal Federal, sob a sistemática da repercussão geral (RE 630.733/DF), pacificou o entendimento de que não há direito à remarcação de provas de concurso público em razão de circunstâncias pessoais dos candidatos, exceto se previsto em edital, julgado este que tem sido acompanhado pelas duas Turmas de Direito Público desta Corte Superior. 2. Em julgamento mais hodierno, a Excelsa Corte, também sob a sistemática da repercussão geral, entendendo que o RE 630.733/DF não seria aplicável às candidatas gestantes, estabeleceu a seguinte tese: "É constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata que esteja grávida à época de sua realização, independentemente da previsão expressa em edital do concurso público". 3. Hipótese em que as premissas estabelecidas no novel julgado são plenamente aplicáveis à candidata que, ao ser convocada para o Curso de Formação para o cargo de Agente Penitenciário Feminino, encontrava-se em licença maternidade, com apenas um mês de nascimento da sua filha, período em que sabidamente todas as mulheres estão impossibilitadas de praticar atividades físicas, estando totalmente voltadas para amamentação e cuidados com o recém-nascido. 4. Direitos constitucionalmente previstos (saúde, maternidade, família e planejamento familiar) que devem ser protegidos, merecendo a candidata lactante o mesmo amparo estabelecido pelo STF para as gestantes. 5. Recurso provido. (RMS 52.622/MG, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 26/03/2019, DJe 29/03/2019)”. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 14 ATENÇÃO! ESCUSA DE CONSCIÊNCIA POR MOTIVO RELIGIOSO Segundo entendeu o STF, é possível a fixação de obrigações alternativas a candidatos em concursos públicos e a servidores em estágio probatório, que se escusem de cumprir as obrigações legais originalmente fixadas por motivos de crença religiosa. Dessa forma, com fundamento no art. 5º, VIII, da CF/88, é possível a realização de etapas de concurso público em datas e horários distintos dos previstos em edital, por candidato que invoca escusa de consciência por motivo de crença religiosa, desde que presentes a razoabilidade da alteração, a preservação da igualdade entre todos os candidatos e que não acarrete ônus desproporcional à Administração Pública, que deverá decidir de maneira fundamentada. Nesse mesmo trilhar, também nos termos do art. 5º, VIII, da CF/88, é possível à Administração Pública, inclusive durante o estágio probatório, estabelecer critérios alternativos para o regular exercício dos deveres funcionais inerentes aos cargos públicos, em face de servidores que invocam escusa de consciência, desde que presentes a razoabilidade da alteração, não se caracterize o desvirtuamento do exercício de suas funções e não acarrete ônus desproporcional à Administração Pública, que deverá decidir de maneira fundamentada. (STF. Plenário. RE 611874/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 19/11, 25/11 e 26/11/2020 – Repercussão Geral – Tema 386 – Info 1000). Sobre a IDONEIDADE MORAL, exigida pela Constituição para certos cargos públicos e pela maioria das leis que disciplinam os servidores públicos, o STF e o STJ entendiam, de forma peremptória, que a condenação criminal que pode afastá-la era apenas aquela com trânsito em julgado, não sendo suficiente inquéritos policiais ou processos judiciais em curso para se eliminar candidato na fase de investigação social (STF, AI nº 829.186/CE-AgR, Primeira Turma, Rel. Ministro Dias Toffoli, DJe de 27/6/13; STJ – AgRg no RMS: 39580 PE 2012/0244086-6, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, j. em 11/02/2014, T2 – SEGUNDA TURMA. ENTRETANTO, em 2020, em sede de repercussão geral (Tema 22 – Informativo STF nº 965), o STF temperou esse entendimento para estabelecer que: 1. Via de regra, apenas condenações criminais transitadas em julgado ou por órgão colegiado (com base na Lei da Ficha Limpa – LC nº 135/2010) justificam a eliminação de candidato na fase de investigação social do concurso público; 2. Ainda assim, a exclusão somente se justificará se houver pertinência/incompatibilidade entre a natureza do crime praticado e as atribuições do cargo, de modo que nem toda condenação importa, de forma direta e imediata, a inidoneidade moral para o exercício de posição pública; 3. Excepcionalmente, em razão da natureza de determinados cargos, como as carreiras de segurança, da magistratura e CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 15 essenciais à justiça (Ministério Público, Advocacia Pública e Defensoria Pública), é possível, desde que haja previsão legal e adequação constitucional em concreto, que a existência de inquéritos policiais ou ações penais em curso impliquem a inidoneidade moral do candidato e determinem sua exclusão do certame. Aqui, também deve haver relação de incompatibilidade entre o crime e as atribuições do cargo, não podendo a lei prever, genericamente, que quaisquer delitos em investigação ou processamento importam a eliminação do candidato. Confira-se a ementa: Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL. IDONEIDADE MORAL DE CANDIDATOS EM CONCURSOS PÚBLICOS. INQUÉRITOS POLICIAIS OU PROCESSOS PENAIS EM CURSO. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA. 1. Como regra geral, a simples existência de inquéritos ou processos penais em curso não autoriza a eliminação de candidatos em concursos públicos, o que pressupõe: (i) condenação por órgão colegiado ou definitiva; e (ii) relação de incompatibilidade entre a natureza do crime em questão e as atribuições do cargo concretamente pretendido, a ser demonstrada de forma motivada por decisão da autoridade competente. 2. A lei pode instituir requisitos mais rigorosos para determinados cargos, em razão da relevância das atribuições envolvidas, como é o caso, por exemplo, das carreiras da magistratura, das funções essenciais à justiça e da segurança pública (CRFB/1988, art. 144), sendo vedada, em qualquer caso, a valoração negativa de simples processo em andamento, salvo situações excepcionalíssimas e de indiscutível gravidade. 3. Por se tratar de mudança de jurisprudência, a orientação ora firmada não se aplica a certames já realizados e que não tenham sido objeto de impugnação até a data do presente julgamento. 4. Recurso extraordináriodesprovido, com a fixação da seguinte tese de julgamento: “Sem previsão constitucional adequada e instituída por lei, não é legítima a cláusula de edital de concurso público que restrinja a participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito ou ação penal”. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 16 [STF. Plenário. RE 560900/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 5 e 6/2/2020 (repercussão geral – Tema 22) (Info 965)]. O STJ já vinha assim entendendo, conforme consta da 9ª edição de sua Jurisprudência em Teses: “Tese 14: O entendimento de que o candidato não pode ser eliminado de concurso público, na fase de investigação social, em virtude da existência de termo circunstanciado, inquérito policial ou ação penal sem trânsito em julgado ou extinta pela prescrição da pretensão punitiva não se aplica aos cargos cujos ocupantes agem stricto sensu em nome do Estado, como o de delegado de polícia”. Vale registrar que o STJ entende que a investigação social não se resume ao exame da existência de antecedentes criminais, mas uma análise da sua conduta moral e social no decorrer da vida, para se aferir seu padrão de comportamento diante das normas exigidas para o acesso ao cargo, de retidão, lisura e probidade, ainda mais em posições públicas de segurança ou afetas ao Direito (RMS 24.287/RO, Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora Convocada do TJ/PE, j. em 04/12/2012). Ainda sobre idoneidade moral e investigação social, uma vez declarada a prescrição da pretensão punitiva do Estado, descabe evocar a participação do candidato em crime, para se dizer da ausência da capacitação moral exigida relativamente a concurso público. (RE nº 212.198/MS e RE 450.971/DF). Vale registrar, também, que o Supremo considera que a existência de transação penal, nas infrações de menor potencial ofensivo, não autoriza a reprovação de candidato na fase de investigação social (ARE nº 937.620/DF-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Teori Zavascki, DJe de 22/3/16). De mais a mais, o STJ entendeu que a negativa de nomeação em cargo estadual em virtude de demissão anterior no âmbito do Poder Público Federal configura abuso de poder se inexistente previsão em lei ou no edital do certame (RMS, 30.518/RR). Por outro lado, segundo o STF, não tem capacitação moral para o exercício da atividade policial o candidato que está subordinado ao cumprimento de exigências decorrentes da suspensão condicional da pena prevista no art. 89 da Lei nº 9.099/95. (RE 568.030/RN). De acordo com o STJ, a omissão do candidato em prestar informações, conforme determinado pelo edital, na fase de investigação social ou de sindicância da vida pregressa, enseja a sua eliminação do concurso público. (STJ. 2ª Turma. AgRg no RMS 39.108/PE, Rel. Min. Humberto Martins, j. em 23/04/2013; Jurisprudência em Teses, 9ª Edição, Tese 16: “O candidato pode ser eliminado de concurso público quando omitir informações relevantes na fase de investigação social”). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 17 Finalmente, para o STJ, carece de razoabilidade e proporcionalidade o ato que, na etapa de investigação social, exclui candidato de concurso público baseado no registro deste em cadastro de serviço de proteção ao crédito (STJ. 5ª Turma. RMS 30.734/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 20/09/2011; Jurisprudência em Teses, 9ª Edição, Tese 15: “O candidato não pode ser eliminado de concurso público, na fase de investigação social, em virtude da existência de registro em órgãos de proteção ao crédito”). 1.1.3. EXIGÊNCIA CONSTITUCIONAL DE CONCURSO PÚBLICO PARA INVESTIDURA EM CARGO OU EMPREGO PÚBLICO A acessibilidade aos cargos e empregos públicos da Administração Direta e Indireta, via de regra, se dá por meio de concurso público. Trata-se de exigência constitucional prevista no art. 37, II, in verbis: Art. 37, II, CF - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; ATENÇÃO! A regra constitucional do concurso público aplica-se tanto para a Administração Direta quanto para a Indireta, abrangendo, inclusive, as empresas estatais. A exigência é uma concretização dos princípios da isonomia, da moralidade e da eficiência administrativa. Essa regra, todavia, não é absoluta. Existem situações excepcionais que autorizam o desempenho de cargo ou função pública mesmo por aqueles que não foram previamente aprovados em um certame público. São EXCEÇÕES à regra constitucional do concurso público: a) Cargo em comissão (art. 37, II, da CF/88); ATENÇÃO! Nos termos do art. 37, V, da CF/88, as funções de confiança, embora também se destinem às funções de direção, chefia e assessoramento, serão exercidas exclusivamente por ocupantes de cargo público efetivo, de modo que não são exceção à regra constitucional do concurso público. b) Servidores temporários (art. 37, IX, da CF/88); c) Cargos eletivos; CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 18 d) Agente comunitário de saúde e agentes de combates às endemias (art. 198, §4º, da CF/88); ATENÇÃO! Os agentes comunitários de saúde e agentes de combates às endemias têm sua contratação submetida à realização de “processo seletivo público”, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação. A disciplina consta da Lei Federal nº 11.350/2006. e) Nomeação de determinados Desembargadores e Ministros de Tribunais (quinto constitucional); f) Ex-combatentes (art. 53, I, do ADCT). Nos termos da Constituição, o concurso público será de provas ou de provas e títulos. Ou seja, não será possível a realização de certame com base na análise exclusiva de títulos para provimento cargo efetivo ou empregos públicos. Ademais, segundo o STF, as PROVAS DE TÍTULOS são meramente classificatórias, NÃO podendo ter caráter eliminatório. Confira-se: “as provas de títulos em concursos públicos para provimento de cargos efetivos no seio da Administração Pública brasileira, qualquer que seja o Poder de que se trate ou o nível federativo de que se cuide, não podem ostentar natureza eliminatória, prestando-se apenas para classificar os candidatos, sem jamais justificar sua eliminação do certame, consoante se extrai, a contrario sensu, do art. 37, II, da Constituição da República” (MS 32.074, rel. min. Luiz Fux, j. 2-9-2014, 1ª Turma). Ademais, conforme disposições esparsas da CF/88, a prova de títulos é obrigatória para Magistratura, MP, Advocacia Pública, DP e profissionais de educação escolar das redes públicas. Finalmente, registre-se o entendimento do STF no sentido de que “viola o princípio constitucional da isonomia norma que estabelece como título o mero exercício de função pública” (ADI 3.433/MA). Por força do PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO, diz-se que “o edital é a lei do concurso público” e suas regras obrigam tanto a Administração Pública quanto os candidatos. Nessa ordem de ideias, de acordo com o STF, somente se admite a modificação das regras do concurso após a publicação de seu edital se houver alteração da legislação que disciplinaa carreira (MS 27.160/DF). O PRAZO DE VALIDADE DO CONCURSO é o período que a Administração Pública tem para nomear os aprovados no concurso público, sendo de ATÉ 02 (dois) anos, prorrogável, uma vez, por igual período. Dispõe o art. 37, III, da CF/88: CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 19 Art. 37. [....] III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período. [...] § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos da lei. Segundo o STJ, o termo inicial do prazo de vigência do concurso público é a publicação da homologação do resultado final do certame (RMS 33.719/SP). A prorrogação do prazo de validade é ato discricionário da Administração, mas, caso exercida, deverá ser por período idêntico àquele estabelecido no edital para a validade inicial. Dentro do prazo de validade do concurso, a Administração é obrigada a convocar os aprovados dentro do número de vagas previsto no edital, na ORDEM DE CLASSIFICAÇÃO FINAL: Art. 37 [...] IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira; Em regra, é possível a realização de novo concurso público ainda que exista concurso anterior em vigor. Contudo, os aprovados mais antigos terão prioridade sobre os mais novos. Diz-se “em regra” porque, no âmbito federal, existe vedação expressa à abertura de novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado (art. 12, §2º, da Lei Federal nº 8.112/1990). Para os demais entes federativos, aplica-se a lógica constitucional acima analisada, ressalvada previsão legal análoga à lei federal. O CANDIDATO APROVADO DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS previstas no edital possui direito subjetivo à nomeação. Todavia, o momento de nomeação será determinado discricionariamente pela Administração, desde que respeite o prazo de validade do certame. ATENÇÃO! Vale ressaltar que o STF destacou hipóteses excepcionais em que a Administração pode deixar de nomear candidato aprovado dentro do número de vagas, desde que a situação preencha os seguintes requisitos (RE 598.099/MS): CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 20 - Superveniência: os fatos excepcionais devem ser obrigatoriamente posteriores ao edital; - Imprevisibilidade: a situação não pode ter sido previsível à época da publicação do edital; - Gravidade: o abalo causado pela situação deve ser tal que impeça a nomeação dos candidatos (excessiva onerosidade); - Necessidade: prova de que não há outra medida menos onerosa que possa sanar a situação excepcional. O CANDIDATO APROVADO FORA DO NÚMERO DE VAGAS terá direito subjetivo à nomeação, se: - houver inobservância da ordem classificatória – preterição na nomeação (Enunciado nº 15 da Súmula do STF); - candidato anteriormente convocado desistir de assumir o cargo (STJ, AgRg no ROMS 48.266-TO - Informativo nº 567); ATENÇÃO! SURGIMENTO DE NOVAS VAGAS OU ABERTURA DE NOVO CONCURSO Segundo o STF (RE 837.311/PI, repercussão geral): “O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital. Ficam ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da Administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses: a) quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital; b) quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação; e c) quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da Administração nos termos acima.” Ademais, ainda que não haja preterição arbitrária ou imotivada do candidato aprovado fora do número de vagas, haverá direito à nomeação se houver: surgimento de novas + comprovação da necessidade do provimento + inexistência de restrição orçamentária (STJ, 1ª Seção, MS 22.813/DF, j. em 13/06/2018 – Info 630). Além disso, destaque-se que a NOMEAÇÃO TARDIA de candidato aprovado em concurso público dentro do número de vagas NÃO lhe confere direito a pagamento retroativo (RE 429.652; REsp 1.238.344) nem a promoção retroativa (RE 629.392). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 21 ATENÇÃO! Convocação do candidato: Convocação para determinada fase ou para nomeação de candidato aprovado apenas pelo diário oficial após passado muito tempo desde a divulgação da etapa anterior viola os princípios da razoabilidade e da publicidade, uma vez que não se pode exigir que o candidato acompanhe, diariamente, as publicações oficiais (STJ, RMS 37227/RS – Info 515). Ademais, a convocação de candidato para fase posterior do concurso não pode ser realizada apenas pelo diário oficial se todas as comunicações anteriores tenham ocorrido, conforme previsão editalícia de divulgação das fases do concurso, também pela internet (STJ, AgRg no RMS 33.696/RN – Info 522). Ademais, sobre a chamada “CLÁUSULA DE BARREIRA”, que ocorre quando o edital limita o número de candidatos que serão convocados para as próximas etapas do certame, registre que o STF a considera constitucional, desde que fundada em critérios objetivos relacionados ao desempenho meritório do candidato (RE 635.739/AL). ATENÇÃO! TEORIA DO FATO CONSUMADO E POSSE POR DECISÃO JUDICIAL PRECÁRIA: Consoante o STF, a teoria do fato consumado NÃO SE APLICA aos candidatos nomeados precariamente por força de decisão judicial (“sub judice”), caso essa decisão venha a ser posteriormente reformada (RE 608.482/RN). Para o Supremo, não se pode falar em segurança jurídica em sentido subjetivo (proteção da confiança) no caso, porquanto o candidato sabe de antemão que a decisão que lhe assegura a nomeação não é definitiva, inexistindo boa-fé. No mesmo sentido: “A “teoria do fato consumado" não pode ser aplicada para consolidar remoção de servidor público destinada a acompanhamento de cônjuge, em hipótese que não se adequa à legalidade estrita, ainda que tal situação haja perdurado por vários anos em virtude de decisão liminar não confirmada por ocasião do julgamento de mérito”. (STJ. Corte Especial. EREsp 1.157.628-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, j. em 7/12/2016 (Info 598). Pondere-se, contudo, que, em 2020, o STJ aplicou a teoria do fato consumado, que se justificaria em casos excepcionais de posse por decisão judicial precária quando houvesse solidificação de situações fáticas em razão do excessivo decurso de tempo entre a liminar concedida e os dias atuais, de maneira que a reversão do quadro implicaria danos desnecessários e irreparáveis ao servidor e à sociedade, impondo-se o distinguishing. No caso concreto, o STJ manteve policialrodoviário federal no cargo que, reprovado nos testes práticos, tomou posse por força de liminar em 1999, a qual foi confirmada pelo magistrado de primeiro grau, mas, em segundo, revogada, em razão do entendimento do TRF de que não houve vício no exame prático (STJ. 1ª Turma. AREsp 883.574-MS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. em 20/02/2020 – Info 666; STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1569719/SP, Rel. Min. Og Fernandes, j. em 08/10/2019). Como se observa, essa distinção feita pelo STJ contraria frontalmente o entendimento do STF, o qual nega a teoria do fato consumado mesmo após longo período de tempo. ENTRETANTO, não se pode cassar aposentadoria de servidor que ingressou por força de provimento judicial precário e se aposentou durante o processo, tendo em vista o CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 22 elevado grau de estabilidade da situação jurídica, em homenagem ao princípio da proteção da confiança legítima (STF, 1ª Turma, RE 740.029 AgR/DF, j. em 14/08/2018 – Info 911) Em relação ao CONTROLE JUDICIAL DE LEGALIDADE DO CONCURSO PÚBLICO, o STF entende que não compete ao Poder Judiciário substituir a banca examinadora para reexaminar o conteúdo das questões e dos critérios de correção utilizados, sob pena de violação ao princípio da separação dos poderes e da reserva de administração: “os critérios adotados por banca examinadora em um concurso público não podem ser revistos pelo Poder Judiciário”. Sem embargo, o Supremo admite que o Judiciário: i) analise a compatibilidade do conteúdo das questões do concurso com o previsto no edital do certame (STF, Plenário, RE nº 632.853, j. em 23/04/2015 – repercussão geral – Info 782); ii) decrete a nulidade de questão que contenha grave erro no enunciado, com troca de conceitos que conduzam o candidato a uma resposta errada (STJ, 2ª T, RMS 49.896/RS, j. em 20/04/2017 – Info 603); iii) exija a apresentação de espelho de prova, antes ou durante a divulgação do resultado (STJ, 2ª T, RMS 49.896/RS, j. em 20/04/2017), ou mesmo a posteriori (STJ, 1ª T, AgInt no RMS 51.969/MS, j. em 08/08/2017). Ademais, prazo decadencial de 120 (cento e vinte) dias para candidato impetrar mandado de segurança contra regra editalícia que tenha fundamentado sua eliminação do certame começa a correr da data em que toma ciência do ato administrativo que determina sua exclusão, e não da data de publicação do edital (STF, MS-AgR nº 29.874/DF). Por sua vez, se a ilegalidade for a omissão da Administração de nomear o candidato aprovado, o prazo começa do término do prazo de validade do concurso (STF, RMS nº 24.119/DF, dentre outros; STJ, RMS-AgR 21.165/MG). Ainda, no caso de candidato aprovado por força de questão anulada em ação judicial autônoma, o prazo para impetração do mandamus visando à sua nomeação é a data do trânsito em julgado daquela ação (STJ, 1ª T, AgRg no REsp 1.284.773/AM, j. em 23/04/2013 – Info 522). Sobre a RESERVA DE VAGAS PARA PORTADORES DE DEFICIÊNCIA, prescreve o art. 37, VIII, da CF/88: Art. 37. [...] CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 23 VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão; Bem, essa reserva de vagas depende da legislação infraconstitucional, que deve fixar percentuais máximos e mínimos. Cada ente federativo deve regulamentar o dispositivo. A Lei 8.112/90, em seu art. 5º, §2º, estabelece expressamente a reserva de 20% dos cargos para pessoas portadoras de deficiência. Segundo o STJ: Deverão ser reservadas, no mínimo, 5% das vagas ofertadas em concurso público às pessoas com deficiência e, caso a aplicação do referido percentual resulte em número fracionado, este deverá ser elevado até o primeiro número inteiro subsequente, desde que respeitado o limite máximo de 20% das vagas ofertadas, conforme art. 37, §§ 1º e 2º, do Decreto n. 3.298/99, e art. 5º, §2º, da Lei n. 8.112/90. (AgRg no REsp 1137619/RJ). Para que seja aplicado o benefício constitucional, é imprescindível que as atribuições do cargo sejam compatíveis com a deficiência do candidato. No entanto, essa análise não pode ser feita com base em raciocínio hipotético para deixar de reservar vagas aos deficientes. Segundo o STF, a presunção de que nenhuma das atribuições inerentes aos cargos pode ser desempenhada por pessoas portadoras de deficiência não é compatível com o ordenamento jurídico brasileiro (RE 676.335). Para o Supremo, é inconstitucional a prévia não reserva de vagas por incompatibilidade com a atividade: para a não reserva ocorrer, o candidato deve ser submetido a exame médico específico, nomeado para o cargo ou emprego público e entrar em exercício, de modo que, somente quando do estágio probatório, ser verificada a efetiva impossibilidade desempenho das atribuições. Sobre o tema, o Estatuto da Pessoa com Deficiência dispõe: Art. 34. A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. § 1º As pessoas jurídicas de direito público, privado ou de qualquer natureza são obrigadas a garantir ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos. § 2º A pessoa com deficiência tem direito, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, a condições justas e favoráveis de trabalho, incluindo igual remuneração por trabalho de igual valor. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 24 § 3º É vedada restrição ao trabalho da pessoa com deficiência e qualquer discriminação em razão de sua condição, inclusive nas etapas de recrutamento, seleção, contratação, admissão, exames admissional e periódico, permanência no emprego, ascensão profissional e reabilitação profissional, bem como exigência de aptidão plena. § 4º A pessoa com deficiência tem direito à participação e ao acesso a cursos, treinamentos, educação continuada, planos de carreira, promoções, bonificações e incentivos profissionais oferecidos pelo empregador, em igualdade de oportunidades com os demais empregados. § 5º É garantida aos trabalhadores com deficiência acessibilidade em cursos de formação e de capacitação. ATENÇÃO! Surdez unilateral: não caracteriza deficiência para fins de reserva de vagas em concurso público (Enunciado nº 552 da Súmula do STJ). Visão monocular: qualifica o portador para a reserva de vagas de deficientes (Enunciado nº 377 da Súmula do STJ). Nos termos do art. 37, § 2º, da CF/88, a CONTRATAÇÃO SEM CONCURSO importa: nulidade do ato (inaplicabilidade da teoria do fato consumado) + remuneração pelos dias trabalhados (vedação ao enriquecimento sem causa) + punição da autoridade responsável. Além da remuneração pelos dias trabalhados, o agente público faz jus aos depósitos do FGTS, conforme estabelece o art. 19-A da Lei Federal nº 8.036/1990. Assim também prescreve o Enunciado nº 363 da Súmula do TST e o STF (RE 596.478/RR). ATENÇÃO! O STF entendia que os depósitos de FGTS não eram direito do servidor contratado por prazo determinado. Entretanto, no RE nº 765.320, j. em 20/09/2016, o Supremo entendeu que, sim, os servidores temporários contratados sem concurso público também fazem jus aos depósitos de FGTS. 1.1.4. FUNÇÃO DE CONFIANÇA X CARGO EM COMISSÃO Art. 37, V, CF – as funções de confiança, exercidasexclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 25 Conforme previsto no dispositivo constitucional acima transcrito, tanto os cargos em comissão quanto as funções de confiança destinam-se exclusivamente ao desempenho das funções de direção, chefia e assessoramento e são de livre nomeação e exoneração pela autoridade competente. A diferença reside no fato de que as funções de confiança são exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, enquanto os cargos em comissão podem ser preenchidos por pessoas sem qualquer vínculo com a Administração, apenas se exigindo que a lei fixe um percentual mínimo que deve ser ocupado por ocupantes de cargos efetivos de carreira. O STF ao analisar o Tema 1010, afirmou que a criação de cargos em comissão é exceção à regra de ingresso no serviço público mediante concurso público de provas ou provas e títulos e somente se justifica quando presentes os pressupostos constitucionais para sua instituição. Na oportunidade, foram fixadas as seguintes teses: a) A criação de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de funções de direção, chefia e assessoramento, não se prestando ao desempenho de atividades burocráticas, técnicas ou operacionais; b) tal criação deve pressupor a necessária relação de confiança entre a autoridade nomeante e o servidor nomeado; c) o número de cargos comissionados criados deve guardar proporcionalidade com a necessidade que eles visam suprir e com o número de servidores ocupantes de cargos efetivos no ente federativo que os criar; e d) as atribuições dos cargos em comissão devem estar descritas, de forma clara e objetiva, na própria lei que os instituir. STF. Plenário. RE 1041210 RG, Rel. Dias Toffoli, julgado em 27/09/2018 (Repercussão Geral – Tema 1010). Função de Confiança Cargo em Comissão Apenas pode ser desempenhada por servidores ocupantes de cargo efetivo. Pode ser desempenhado por servidores ou não. A lei deverá determinar condições e percentuais mínimos dos cargos em comissão que deverão ser obrigatoriamente exercidos por servidores de carreira. ATENÇÃO! Conforme já pontuado, perceba-se que a função de confiança não é exceção à regra constitucional do concurso público, pois somente servidores de carreira podem ser designados para desempenhá-la. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 26 ATENÇÃO! Cuidado para não confundir a exigência de a função de confiança ser apenas conferida a quem ocupe cargo público efetivo com a comum referência a ela feita como “função sem cargo”. Esse qualificativo decorre do fato de a função de confiança não estar atribuída a cargo específico algum, mas aos servidores públicos em geral ocupantes de cargo efetivo. Diferentemente, o cargo em comissão é cargo, que a lei declarará de livre nomeação e exoneração, nos termos da parte final do inciso II do art. 37 da CF/88, embora possa ser ocupado por quem não possui qualquer vínculo prévio com a Administração. 1.1.5. ASSOCIAÇÃO SINDICAL Art. 37, VI, CF – é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical. Assim como aos trabalhadores em geral (art. 8º da CF/88), também é garantido aos servidores públicos a liberdade de associação sindical, vedada disposição normativa prevendo a filiação obrigatória. 1.1.6. DIREITO DE GREVE Art. 37, VII, CF - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica. Trata-se de norma de eficácia limitada e que depende da prévia regulamentação normativa para viabilizar o exercício do direito de greve pelos servidores estatutários. O STF já reconheceu a mora legislativa na regulamentação do dispositivo e tornou possível o exercício do direito de greve pelos servidores públicos nos termos do regramento aplicável aos empregados privados, a Lei Federal nº 7.701/88 (MI 670/ES). Registre-se que, aos Policiais Militares, Bombeiros Militares e Militares das Forças Armadas, é vedada a sindicalização e a greve, sem qualquer exceção (art. 142, 3º, IV c/c art. 42, § 1º, CF). ATENÇÃO! Segundo entendimento do STF, essa proibição de greve também abrange os policiais civis e todos os servidores públicos que atuem diretamente na área da segurança pública [deu-se interpretação finalística à vedação constitucional]: O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 27 É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses da categoria. (STF, ARE 654.432, rel. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, j. 5-4-2017, Plenário, Informativo nº 860) Acerca dos descontos dos dias de paralisação dos servidores públicos, recentemente o STF fixou a seguinte tese de repercussão geral: “A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público” (RE nº 693.456, j. em 27/10/2016). Assim, segundo o Supremo, a deflagração de greve por servidor público civil corresponde à suspensão do trabalho e, ainda que a greve não seja abusiva, a remuneração dos dias de paralisação não deve ser paga em regra. Somente haverá pagamento dos dias não trabalhados se for comprovada que a greve decorreu de conduta ilícita do Poder Público. ATENÇÃO! COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DE GREVE POR SERVIDOR PÚBLICO De acordo com o STF (RE 846854/SP, j. em 25/5/2017 – repercussão geral – Info 871), a competência para julgar greve de servidor público da Administração Direta, Autárquica e Fundacional é da Justiça Comum, e não da Justiça do Trabalho, pouco importando se o servidor é estatutário ou celetista. Confira-se: “A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações públicas. Compete à justiça comum (estadual ou federal) julgar causa relacionada ao direito de greve de servidor público, pouco importando se se trata de celetista ou estatutário”. Ainda, quanto ao exercício do direito de greve, o Decreto nº 4.264/95, do Estado da Bahia, que determina as providências a serem adotadas em caso de paralisação de servidores públicos a título de greve, foi declarado constitucional pelo STF em junho de 2018, uma vez que, conforme voto da Ministra Cármen Lúcia, relatora, o decreto não regulamenta o direito de greve, mas apenas dispõe de providências administrativas nos casos de paralisação dos servidores públicos estaduais (STF. Plenário. ADI 1306/BA, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 13/6/2017 (Info 906)). 1.1.7. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA Art.37, IX, CF – a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público; CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 28 Trata-se de norma de eficácia limitada que autoriza os entes federativos, tanto a Administração Direta quanto na Indireta, a contratação de servidores temporários nos casos de necessidade temporária de excepcional interesse público. Caberá a cada ente federativo a regulamentação do dispositivo trazendo as hipóteses autorizativas de contratação de servidores temporários, sendo que inexistindo lei específica, ou fora das hipóteses legais – caso exista a espécie normativa –, não será juridicamente possível a utilização da contratação temporária. Segundo o STF, “são inconstitucionais, por violarem o art. 37, IX, da CF, a autorização legislativa genérica para contratação temporária e a permissão de prorrogação indefinida do prazo de contratações temporárias” (ADI 3.662 – Informativo nº 858). Prevalece o entendimento de que podem ser contratados para o desempenho de atividades regulares e permanentes, e não apenas aquelas de caráter eventual, temporário ou excepcional. É que a temporariedade é da necessidade, e não das funções que serão desempenhadas (ADI 3247/MA). Nesse sentido, o STF já decidiu: O art. 37, IX, da Constituição do Brasil autoriza contratações, sem concurso público, desde que indispensáveis ao atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público, quer para o desempenho das atividades de caráter eventual, temporário ou excepcional, quer para o desempenho das atividades de caráter regular e permanente (ADI 3.068). Os servidores temporários exercem função administrativa temporária (não vinculada a cargo ou emprego), estabelecendo junto ao Poder Público um vínculo de cunho administrativo. Justamente em virtude da natureza administrativa do vínculo temporário, o STF entendeu que as demandas envolvendo os servidores temporários serão julgadas pela Justiça Comum, Federal ou Estadual, conforme o caso (Recl. 5.381-4/AM e AI 784188 AgR). De acordo com o STF, é vedado o estabelecimento do regime celetista por meio de lei municipal ou estadual aos servidores temporários. O STF decidiu que “é compatível com a CF a previsão legal que exija o transcurso de 24 meses, contados do término do contrato, antes de nova admissão de professor temporário anteriormente contratado” (RE nº 635.648, j. 14/06/2017 – Informativo nº 869 – repercussão geral – Tema 403). Conforme entendimento firmado pelo STF em sede de repercussão geral, os servidores temporários NÃO possuem direito a 13º salário e férias, SALVO se: (i) expressa previsão legal e/ou contratual em sentido contrário; ou (ii) comprovado desvirtuamento da contratação temporária pela Administração Pública, em razão de sucessivas e reiteradas renovações e/ou prorrogações (STF. Plenário. RE 1066677, Rel. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 22/05/2020 – Repercussão Geral – Tema 551 – Info 984). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 29 1.1.8. SISTEMA REMUNERATÓRIO O sistema remuneratório dos agentes públicos abrange os conceitos de vencimentos, salários e subsídio. a) Vencimentos: é o somatório do vencimento básico (parte fixa delimitada em lei) com as vantagens pecuniárias de caráter permanente previstas em lei (adicionais e gratificações). Aplica- se aos servidores estatutários em geral; b) Salário: contraprestação pecuniária pelos serviços prestados no âmbito da relação de emprego (celetista). Aplica-se aos empregados públicos; c) Subsídio: remuneração fixada em parcela única, vedado o acréscimo de outras vantagens pecuniárias (gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação, etc.). O regime é obrigatório para algumas carreiras delimitadas na Constituição e de adoção facultativa para os agentes organizados em carreira (escalonamento hierarquizado de cargos). Devem adotar obrigatoriamente o regime de subsídio: - Membro de Poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais (art. 39, §4º, da CF/88); - Membros dos Tribunais de Contas (art. 73, §3º, da CF/88); - Membros do Ministério Público (art. 128, §5º, da CF/88); - Membros da Advocacia Pública (art. 135 da CF/88); - Defensores Públicos (art. 135 da CF/88); - Carreiras Policiais (art. 144, §9º da CF/88). ATENÇÃO! É INCONSTITUCIONAL a instituição de subsídio vitalício para ex-Governador, por violação ao princípio da isonomia, não havendo fundamento razoável para a benesse (STF, Plenário, ADI 4.552 MC/DF, j. em 09/04/2015 – Info 780). Em complemento a esse entendimento, o STF declarou que, embora inconstitucional o pagamento de subsídio mensal e vitalício a ex-Governadores de Estado, assim, como o pagamento de pensão às viúvas dos ex-ocupantes deste cargo; as pessoas beneficiadas com o pagamento não terão que devolver as quantias recebidas (STF, ADI 4545/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 5/12/2019 – Info 962). Nos termos do art. 39, § 3º, da CF/88, e do Enunciado nº 16 da Súmula do STF, a remuneração dos agentes públicos não poderá ser inferior ao salário mínimo. CONTUDO, o que não pode ser inferior ao salário mínimo é o conjunto da remuneração, CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 30 e não propriamente o vencimento base. Nesse sentido, é possível que algum servidor público tenha “vencimento” abaixo do mínimo salarial, desde que a sua remuneração total supere o referido valor. Note que o pagamento em parcela única, não impede o recebimento pelo servidor de valores de natureza indenizatória, bem como de valores pagos como retribuição por eventual execução de encargos especiais não incluídos no plexo das atribuições normais e típicas do cargo considerado. ATENÇÃO! É constitucional lei estadual que preveja o pagamento de gratificação para servidores que já recebem pelo regime de subsídio quando eles realizarem atividades que extrapolam as funções próprias e normais do cargo. Essas atividades, a serem retribuídas por esta parcela própria, detêm conteúdo ocupacional estranho às atribuições ordinárias do cargo e, portanto, podem ser remuneradas por gratificação além da parcela única do subsídio, sem que isso afronte o art. 39, § 4º, da CF/88. Essa gratificação somente seria inconstitucional se ficasse demonstrado que estaria havendo um duplo pagamento pelo exercício das mesmas funções normais do cargo. STF. Plenário. (ADI 4941/AL, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado 14/8/2019 – Info 947). ATENÇÃO! De acordo com o Supremo, a Constituição NÃO assegura o salário mínimo aos militares, sendo essa a razão da Súmula Vinculante nº 6: “Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial”. De acordo com RE nº 570.177 (TEMA 15), representativo desse precedente vinculante: I — A CF/1988 não estendeu aos militares a garantia de remuneração não inferior ao salário mínimo, como o fez para outras categorias de trabalhadores. II — O regime a que se submetem os militares não se confunde com aquele aplicável aos servidores civis, visto que têm direitos, garantias, prerrogativas e impedimentos próprios. III — Oscidadãos que prestam serviço militar obrigatório exercem um múnus público relacionado com a defesa da soberania da pátria. IV — A obrigação do Estado quanto aos conscritos limita-se a fornecer-lhes as condições materiais para a adequada prestação do serviço militar obrigatório nas Forças Armadas. Ademais, os vencimentos e subsídios devem ser FIXADOS ou ALTERADOS por meio de LEI ESPECÍFICA, com iniciativa reservada conforme a carreira em discussão. No caso dos servidores do Poder Executivo, por exemplo, a iniciativa é exclusiva do chefe do Executivo, nos termos do art. 61, §1º, da CF/88. Art. 37. [...] X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 31 assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices; ATENÇÃO! Súmula Vinculante nº 37: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia. ATENÇÃO! De acordo com o Supremo, é constitucional lei estadual que passa a exigir nível superior para determinado cargo público (antes de ensino médio) e prevê o aumento da remuneração para seus ocupantes, que irão receber agora como servidores de nível superior (STF, Plenário, ADI 4.303/RN, j. em 05/02/2014 – Info 734). Por sua vez, sobre a chamada “REVISÃO GERAL”, cuida-se de lei da iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo, de caráter geral (aplicável aos servidores de todos os Poderes da unidade federativa) e que se destina a evitar o efeito corrosivo da inflação sobre o poder de compra dos servidores públicos. ATENÇÃO! Na ADI nº 3.599/DF, o STF esclareceu que a iniciativa reservada prevista no inciso X do art. 37 da CF/88 (a cada caso) não se aplica à revisão geral, que sempre será da iniciativa do Chefe do Poder Executivo. Três são os requisitos da revisão geral: i) Lei estabelecendo os critérios de revisão; ii) Periodicidade anual; iii) Índice fixado deve ser igualmente aplicado a todas as carreiras (geral). ATENÇÃO! O não encaminhamento de projeto de lei de revisão anual dos vencimentos dos servidores públicos, previsto no inciso X do art. 37 da CF/88, não gera direito subjetivo a indenização. Deve o Poder Executivo, no entanto, se pronunciar, de forma fundamentada, acerca das razões pelas quais não propôs a revisão. STF. Plenário. RE 565089 /SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/9/2019 (repercussão geral – Tema 19) (Info 953). O Poder Judiciário não possui competência para determinar ao Poder Executivo a apresentação de projeto de lei que vise a promover a revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos, tampouco para fixar o respectivo índice de correção (repercussão geral – Tema 642) (Info 998). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 32 Importante registrar que a revisão geral não se aplica aos militares (EC 19/1998). ATENÇÃO! O não encaminhamento de projeto de lei de revisão anual dos vencimentos dos servidores públicos, previsto no inciso X do art. 37 da CF/88, não gera direito subjetivo a indenização. Deve o Poder Executivo, no entanto, se pronunciar, de forma fundamentada, acerca das razões pelas quais não propôs a revisão. STF. Plenário. RE 565089/SP, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/09/2019 (repercussão geral - Tema 19) (Info 953). Nos termos do inciso XIII do art. 37 da CF/88, “é vedada a VINCULAÇÃO OU EQUIPARAÇÃO DE QUAISQUER ESPÉCIES REMUNERATÓRIAS para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público”. Nesse sentido, a Súmula Vinculante nº 42 estabelece que “É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária”. Registre-se, ainda, que, nos termos do inciso XII do art. 37 da CF/88, “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo”. Importante abordar também a vedação constitucional ao chamado EFEITO CASCATA/EFEITO CLIQUET/REPIQUE, constado o inciso XIV do art. 37 da CF/88 que “os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores”. No ponto, registre-se que a redação desse dispositivo era diferente antes da EC 19/1998, vedando o repique apenas se os acréscimos tivessem fundamento igual. Por esse motivo, o STF vinha entendendo que, desde que possuíssem fundamentos diferentes, era possível a incidência cumulativa. De mais a mais, merece destaque a IRREDUTIBILIDADE DE REMUNERAÇÃO, prevista no inciso XV do art. 37 da CF/88, no sentido de que “o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I”. Conforme se observa, essa garantia constitucional de irredutibilidade não impede o corte remuneratório decorrente da aplicação do teto constitucional [a seguir examinado]. Ainda sobre remuneração, vale destacar que o desvio de função ocorrido após a CF/88 confere ao servidor o direito apenas às diferenças salariais do período em que exerceu, de fato, funções do cargo estranho (STF, RE 486.184 AgR/SP; Enunciado nº 378 da Súmula do STJ). A exigência de concurso público afasta a possibilidade de equiparação salarial “pro futuro”. Por fim, a EC 103/2019 inseriu o § 9º no art. 39 da CF/88 estabelecendo ser “vedada a incorporação de vantagens de caráter temporário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo”. De acordo com o art. 13 da EC 103/2019, a nova regra não se aplica a parcelas CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 33 remuneratórias decorrentes de incorporação de vantagens de caráter temporário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo em comissão efetivada até a data de entrada da emenda. 1.1.9. TETO REMUNERATÓRIO Art. 37, CF [...] XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos.Trata-se do chamado “teto remuneratório”, ou seja, o valor máximo que os agentes públicos podem receber no país. A finalidade do dispositivo é evitar que existam servidores recebendo remuneração incompatível com o serviço público (“super salários”). Conforme se extrai da norma, além do teto geral (nacional), que é o subsídio dos Ministros do STF, existem tetos específicos para cada ente federativo (subtetos estaduais e municipais). Teto Geral Ministro do STF. Subteto dos Estados e DF - Poder Executivo: Governador. - Poder Legislativo: Deputado estadual. - Poder Judiciário: Desembargador do Tribunal de Justiça. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 34 O limite do Poder Judiciário também se aplica aos membros do Ministério Público, aos Procuradores de Estado e aos Defensores Públicos. Obs.: É possível que se estabeleça o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça como subteto único para todos os Poderes, com exceção dos Deputados Estaduais/Distritais (sujeitos a regras próprias – art. 37, §12º, da CF/88). Subteto dos Municípios Prefeito. ATENÇÃO! SUBTETO ÚNICO NO ESTADO OU DISTRITO FEDERAL É possível a criação de um subteto único no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, equivalente ao subsídio mensal dos Desembargadores do TJ, limitado a 90,25% do subsídio dos Ministros do STF. A criação desse subteto único estadual/distrital depende de EMENDA à Constituição Estadual ou à Lei Orgânica Distrital. Entretanto, esse subteto único estadual/distrital não se aplica aos Deputados Estaduais e Distritais. Confira-se a redação do §12 do art. 37 da CF/88: Art. 37, § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. O teto remuneratório aplica-se a cargos públicos, empregos públicos e mandatos eletivos, de toda a Administração Direta e Autárquica ou Fundacional. ATENÇÃO! Conforme o § 9º do art. 37 da CF/88, o teto remuneratório somente se aplicará às empresas estatais (empresas públicas e sociedades de economia mista) se elas forem DEPENDENTES, recebendo recursos orçamentários para despesas com pessoal ou de custeio em geral1. 1 O conceito de empresa estatal dependente está previsto no art. 2º, III, da LC 101, nos seguintes termos: “empresa controlada que receba do ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária”. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 35 O teto, em regra, abarca a totalidade das espécies remuneratórias. Algumas parcelas, no entanto, são excluídas do limite máximo remuneratório: a) Parcelas de caráter indenizatório (§ 11 do art. 37); b) Quantias recebidas pelo servidor a título de abono de permanência em serviço (§ 19 do art. 40); c) Remuneração em caso de acumulação legítima de cargos públicos: De acordo com o atual entendimento do STJ (AgRg no RMS 45.937/DF) e do STF (RE 612.975/MT e RE 602.043/MT – TEMA 377), cada um dos cargos é considerado individualmente para fins de aplicação do teto. Ou seja, a soma da remuneração de ambos os cargos pode ultrapassar o limite máximo. Segundo o STF: “Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e funções, a incidência do art. 37, XI, da Constituição Federal pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público”. ATENÇÃO! PERCEPÇÃO SIMULTÂNEA DE PROVENTOS DE INATIVIDADE OU PENSÃO O STF já possuía entendimento no sentido de que se submete a único teto a percepção simultânea de proventos de inatividade, por força da literalidade do § 11 do art. 40 da CF/88, conforme estabelecido no MS 24.448-8. Agora em 2020, em sede de repercussão geral, esse posicionamento foi reiterado, ficando estabelecido que, se o servidor público recebe remuneração (ou aposentadoria) mais pensão, a soma dos dois valores não pode ultrapassar o teto. Segundo o Supremo, ocorrida a morte do instituidor da pensão em momento posterior ao da Emenda Constitucional 19/1998, o teto constitucional previsto no inciso XI do art. 37 da Constituição Federal incide sobre o somatório de remuneração ou provento e pensão percebida por servidor. Veja que, para o STF, se há proventos de inatividade ou pensão, Vale destacar que os cargos de direção (presidente e diretores) das empresas estatais não são considerados empregados públicos e, portanto, não se submetem à CLT. São regidos por um regime diferenciado, que não tem definição em lei própria. São disciplinados pela Lei das Sociedades Anônimas (Lei nº 6.404) e demais disposições de direito privado pertinentes. Os membros do Conselho Fiscal e Administrativo também estão sujeitos a este regime diferenciado. Neste ponto, destaca-se o fato de que as pessoas que exercem função nos conselhos das empresas estatais recebem retribuição pecuniária denominada 'jeton', que está fora do limite do teto constitucional remuneratório, por ser considerada verba de natureza indenizatória. Por isso, é comum a afirmativa de que dirigentes das estatais recebem acima do teto, pois eles recebem gratificações (ex. jeton), que não estão incluídas no limite para pagamento no serviço público. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 36 sua cumulação com outros proventos ou mesmo remuneração se submete a um único teto remuneratório (STF. Plenário. RE 602584/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 6/8/2020 – Repercussão Geral – Tema 359 – Info 985). d) Verbas sociais elencadas no art. 39, § 3º da CF/88 (13º salário, 1/3 constitucional de férias, horas extras, adicional noturno, etc.): não seria coerente, por exemplo, exigir que um servidor que recebe remuneração no limite máximo realizasse horas extras sem receber mais por isso. São as chamadas “verbas sociais constitucionais”. De acordo com o entendimento do STF, o teto remuneratório fixado pela EC nº 41/2003 possui aplicabilidade imediata, alcançando a totalidade das remunerações dos agentes públicos pertencentes a todas as esferas de governo. Aqueles que recebiam acima do teto constitucional com base em regramento normativo anterior à referida emenda constitucional tiveram que se adequar ao limite máximo remuneratório (RE nº 609.381/GO). Para o Supremo, não houve qualquer violação ao princípio da irredutibilidade ou à garantia do direito adquirido, uma vez que o próprio texto constitucional possibilita a redução de remuneração em razão do “abate teto” (art. 37, XV, da CF/88). O STF decidiu sobre a aplicação do teto constitucional nos casos de acumulação de cargos públicos, pondo fim a grande controvérsia doutrinária e jurisprudencial. Segundo o Supremo, nas situações jurídicas em que a Constituição autoriza a acumulação de cargos, o teto remuneratório é considerado em relação à remuneraçãode cada um deles, e não ao somatório do que recebido. Na ocasião foi fixada a seguinte tese de repercussão geral: Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e funções, a incidência do art. 37, inciso XI, da Constituição Federal pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público. (RE 612975/MT e RE 602043/MT, rel. ministro Marco Aurélio, julgamento em 27/4/2017) ATENÇÃO! RECEBIMENTO INDEVIDO DE VALORES POR SERVIDOR PÚBLICO E A EVENTUAL OBRIGAÇÃO DE DEVOLVÊ-LOS: - Decisão administrativa posteriormente revogada em razão de interpretação errônea da lei “ERRO DE DIREITO”: NÃO haverá obrigação de devolver os valores. Há presunção de que o servidor os recebeu de boa-fé (REsp 1.244.182/PB); Súmula 249 do TCU: É dispensada a reposição de importâncias indevidamente percebidas, de boa-fé, por servidores ativos e inativos, e pensionistas, em virtude de erro escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte de CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 37 autoridade legalmente investida em função de orientação e supervisão, à vista da presunção de legalidade do ato administrativo e do caráter alimentar das parcelas salariais. Súmula 34 da AGU: É incabível a restituição de valores de caráter alimentar percebidos de boa-fé, por servidor público, em virtude de interpretação errônea, má aplicação da lei ou erro da Administração. É incabível a restituição ao erário dos valores recebidos de boa-fé pelo servidor público em decorrência de errônea ou inadequada interpretação da lei por parte da Administração Pública. Quando a Administração Pública interpreta erroneamente uma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos são legais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto, ante a boa-fé do servidor público. Em virtude do princípio da legítima confiança, o servidor público, em regra, tem a justa expectativa de que são legais os valores pagos pela Administração Pública, porque jungida à legalidade estrita. Assim, diante da ausência da comprovação da má-fé no recebimento dos valores pagos indevidamente por erro de direito da Administração, não se pode efetuar qualquer desconto na remuneração do servidor público, a título de reposição ao erário. STJ. 1a Seção. REsp 1.244.182-PB, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/10/2012 (Recurso Repetitivo – Tema 531). - Decisão administrativa posteriormente revogada em razão de erro administrativo “ERRO DE FATO”: Em princípio, a devolução é devida. Mas, o servidor pode demonstrar, no caso concreto, que não tinha condições de perceber a ilicitude no recebimento dos valores. Os pagamentos indevidos aos servidores públicos decorrentes de erro administrativo (operacional ou de cálculo), não embasado em interpretação errônea ou equivocada da lei pela Administração, estão sujeitos à devolução, ressalvadas as hipóteses em que o servidor, diante do caso concreto, comprova sua boa-fé objetiva, sobretudo com demonstração de que não lhe era possível constatar o pagamento indevido. STJ. 1ª Seção. REsp 1.769.306/AL, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/03/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1009) (Info 688). A possibilidade de exigir do servidor a devolução das quantias pagas encontra-se prevista no art. 46, caput, da Lei nº 8.112/90. Impossibilitar a devolução dos valores recebidos indevidamente por erro perceptível da Administração Pública, sem a análise do caso concreto da boa-fé objetiva, permitiria o enriquecimento sem causa por parte do servidor, em flagrante violação do art. 884 do Código Civil. Os pagamentos indevidos aos segurados decorrentes de erro administrativo (material ou operacional) não embasado em interpretação errônea da lei pela Administração, são repetíveis, sendo legítimo o desconto no percentual de até 30% (trinta por cento) do valor do benefício pago ao segurado/beneficiário, ressalvada a hipótese em que o segurado, diante do caso concreto, comprova sua boa-fé objetiva, sobretudo com a demonstração de que não era possível constatar o pagamento indevido. STJ. 1ª Seção. REsp 1.381.734/RN, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/03/2021 (Recurso Repetitivo — Tema 979) (Info 688). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 38 - Decisão judicial posteriormente reformada: Haverá obrigação de devolver os valores, face a precariedade da decisão judicial. O servidor tinha conhecimento que a decisão poderia ser modificada em sede recursal (AREsp 58.820/AL); - Decisão transitada em julgada e posteriormente rescindida (ação rescisória): NÃO haverá obrigação de devolver os valores. O caráter definitivo da sentença originária denota a boa-fé do servidor no recebimento dos valores (AREsp 463.279/RJ). ATENÇÃO! O STJ diferenciou a situação do servidor que recebe quantias em razão de erro da Administração daquela do herdeiro que recebe valores da Administração por erro operacional: “Os herdeiros devem restituir proventos que, por erro operacional da Administração Pública, continuaram sendo depositados em conta de servidor público após o seu falecimento”. A ideia é que o herdeiro não tem relação jurídica com o Estado e que não há como se presumir boa-fé em tal situação, de modo que o contrário caracterizaria enriquecimento sem causa vedado no 884 do CC. 1.1.10. ACUMULAÇÃO DE CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES Art. 37, XVI, da CF - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor; b) de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público. ATENÇÃO! A proibição de cumulação abrange as entidades da Administração Indireta com personalidade jurídica de direito privado. Aqui, não importa se é dependente ou não. Veda-se, expressamente, a acumulação remunerada de cargos, empregos e funções públicas. Em uma interpretação literal do dispositivo constitucional, parte da doutrina entende ser possível a acumulação não remunerada de funções, situação em que apenas receberá a remuneração referente a uma delas. Em que pese a regra acima exposta, existem algumas situações excepcionais em que a própria Constituição permite a acumulação remunerada, desde que haja compatibilidade de horários. Vejamos cada uma delas: CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 39 a) Dois cargos de professor; b) Cargo de professor com outro técnico ou científico; ATENÇÃO! De acordo com o STJ, cargo técnico para fins de acumulação de cargos públicos não é aquele de nível médio com atribuições burocráticas e instrumentais, mas, sim, aquele que demanda a aplicação de conhecimento específico de grau superior (universitário) ou profissionalizante (REsp 1.569.574/RN; RMS 28.497/DF). c) Dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;d) Cargo de vereador (art. 38, III, da CF/88): havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo; e) Exercício do magistério por magistrados (art. 95, parágrafo único, I, da CF/88); f) Exercício do magistério por membros do Ministério Público (art. 128, §5º, da CF/88). ATENÇÃO! SEGUNDO O STJ, não é possível a acumulação de dois cargos públicos quando a soma da carga horária referente aos dois cargos ultrapassar o limite máximo de 60 horas semanais (REsp 1.565.429/SE, j. em 24/11/2015 (Info 576). Assim, mesmo que exista compatibilidade de horários, se a jornada semanal ficar acima de 60 horas, a acumulação não será permitida, considerando que o servidor estaria muito cansado e isso atrapalharia seu desempenho funcional, em prejuízo ao princípio constitucional da eficiência. ENTRETANTO, DE ACORDO COM O STF, tal limite de horas semanais extrapola a redação da CF/88, que condiciona a cumulação de cargos tão somente à compatibilidade de horários. Assim, para o Supremo, não existe, em tese, carga horária semanal máxima para a cumulação. Para o Supremo, basta que haja compatibilidade de horários. Confira- se a decisão de agosto de 2018: Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PARECER GQ 145/1998/AGU. LIMITE MÁXIMO DE 60 HORAS SEMANAIS EM CASOS DE ACUMULAÇÃO DE CARGOS OU EMPREGOS PÚBLICOS. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. COMPATIBILIDADE DAS JORNADAS DE TRABALHO DA IMPETRANTE. COMPROVAÇÃO. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO, COM APLICAÇÃO DE MULTA. I – A existência de norma infraconstitucional que estipula limitação de jornada semanal não constitui óbice ao reconhecimento do direito à acumulação prevista no art. 37, XVI, c, da Constituição, desde que haja compatibilidade de horários para o exercício dos cargos a serem acumulados. Precedentes. II - Agravo regimental a que se nega provimento, com aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4°, do CPC. (RMS, DJe 06/08/2018) Trata-se de jurisprudência firme no STF, consoante se depreende dos julgados abaixo: CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 40 “CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS. PROFISSIONAL DA SAÚDE. ART. 17 DO ADCT. 1. Desde 1º.11.1980, a recorrida ocupou, cumulativamente, os cargos de auxiliar de enfermagem no Instituto Nacional do Câncer e no Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro - IASERJ. A administração estadual exigiu que ela optasse por apenas um dos cargos. 2. A recorrida encontra-se amparada pela norma do art. 17, § 2º, do ADCT da CF/88. Na época da promulgação da Carta Magna, acumulava dois cargos de auxiliar de enfermagem. 3. O art. 17, § 2º, do ADCT deve ser interpretado em conjunto com o inciso XVI do art. 37 da Constituição Federal, estando a cumulação de cargos condicionada à compatibilidade de horários. Conforme assentado nas instâncias ordinárias, não havia choque de horário nos dois hospitais em que a recorrida trabalhava. 4. Recurso extraordinário conhecido e improvido.” [...] MINISTRA ELLEN GRACIE (Relatora): “Em 29 de dezembro de 2004, a administração estadual exigiu que a recorrida optasse por apenas um desses cargos, sob o fundamento de que a soma da carga horária semanal superava o limite de 65 horas estabelecido no Decreto estadual 13.042/89, que regulamentou a matéria no Estado do Rio de Janeiro. (...) Sob o ponto de vista das normas constitucionais, a recorrida preencheu todos os requisitos para a pretendida acumulação. É lícito ao Chefe do Executivo editar decretos para dar cumprimento à lei e à Constituição. Não pode, entretanto, sob o pretexto de regulamentar dispositivo constitucional, criar regra não prevista, como fez o Estado do Rio de Janeiro no presente caso, fixando verdadeira norma autônoma.” (RE 351.905/RJ, Rel. Min. Ellen Gracie, j. em 24/05/2005) ‘AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. SERVIDOR PÚBLICO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS. EXISTÊNCIA DE NORMA INFRACONSTITUCIONAL QUE LIMITA A JORNADA SEMANAL DOS CARGOS A SEREM ACUMULADOS. PREVISÃO QUE NÃO PODE SER OPOSTA COMO IMPEDITIVA AO RECONHECIMENTO DO DIREITO À ACUMULAÇÃO. COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS RECONHECIDA PELA CORTE DE ORIGEM. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO- PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I - A existência de norma infraconstitucional que estipula limitação de jornada semanal não constitui óbice ao reconhecimento do direito à acumulação prevista no art. 37, XVI, c, da Constituição, desde que haja compatibilidade de horários para o exercício dos cargos a serem acumulados. II - Para se chegar à conclusão contrária à adotada pelo acórdão recorrido quanto à compatibilidade de horários entre os cargos a serem acumulados, necessário seria o CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 41 reexame do conjunto fático-probatório constante dos autos, o que atrai a incidência da Súmula 279 do STF. III - Agravo regimental improvido.’ (Grifos meus)” (grifos no original). (RE 633.298-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe de 14/2/2012) Em regra, também é VEDADA a PERCEPÇÃO ACUMULADA de proventos de aposentadoria provenientes do Regime Próprio de Previdência Social com a remuneração de cargo, emprego ou função pública. Art. 37, § 10, CF – É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração. Art. 40, § 6º, CF - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência previsto neste artigo. Exceções: a) Acumulações de cargos permitidas pela Constituição (situações acima estudadas); b) Cargos eletivos; c) Cargos em comissão. ATENÇÃO! Perceba que não há qualquer vedação à cumulação de remuneração de cargo, emprego ou função pública com proventos decorrentes do Regime Geral de Previdência Social (art. 201 da CF/88). 1.1.11. SERVIDORES PÚBLICOS E O EXERCÍCIO DE MANDATO ELETIVO Art. 38 da CF – Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 42 II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior; IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo de origem. ATENÇÃO! Aregra do art. 38 da CF NÃO abrange as entidades da Administração Indireta com personalidade de direito privado. Ocorre, contudo, que outros dispositivos da Constituição Federal acabam por vedar tal acumulação: Deputados Federais e Senadores (art. 54, I, “a”), Deputados Estaduais (art. 27, § 1º), Vereadores (art. 29, IX), Presidente e Vice-Presidente da República, Governadores e Vice-Governadores (art. 28, § 1º), Prefeitos e Vice-Prefeitos (art. 29, XIV). Regra O servidor deverá ser afastado de seu cargo, emprego ou função. Mandato de Prefeito O servidor deverá ser afastado de seu cargo, emprego ou função, mas poderá optar entre a remuneração de prefeito ou a do cargo público a que pertencia. Mandato de Vereador a) Há compatibilidade de horários: continuará desempenhando o cargo, emprego ou função de origem e receberá de forma cumulativa a sua remuneração com a do mandato eletivo; b) Não há compatibilidade de horários: deverá ser afastado de seu cargo, emprego ou função, mas poderá optar entre a remuneração de vereador ou a do cargo público a que pertencia. 1.1.12. REGIME JURÍDICO ÚNICO Art. 39 da CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 43 administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. (redação original) Art. 39 da CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide ADIN nº 2.135-4) Em sua redação original, o art. 39 da CF/88 previa a exigência de instituição no âmbito da Administração Direta e na Autárquica e Fundacional (Administração de Direito Público) de um regime jurídico único para os servidores públicos. Note que a Constituição apenas “exigiu” a instituição do regime único, de modo que sua efetiva instituição dependia da edição de uma lei específica por cada ente federativo. Mas o que era esse regime jurídico único? Bem, era a impossibilidade de a Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional, em cada âmbito federativo, ter servidores públicos estatutários e celetistas ao mesmo tempo. Cada esfera da federação, portanto, devia optar entre um ou outro regime jurídico, fixando-o como o padrão para seus servidores. De acordo com Fernanda MARINELA, havia uma preferência pelo regime estatutário, cujos direitos, obrigações e garantias são mais compatíveis com o funcionamento da Administração Pública (de direito público) e com o exercício de funções típicas de Estado, justificando-se a opção pelo regime de emprego público (celetista) apenas para Municípios sem condições de arcar com os ônus inerentes ao regime de cargo público (estatutário). Há, entretanto, quem sustente haver ampla liberdade do legislador para escolher entre um e outro. De todo modo, essa “opção” devia ser feita por lei de cada ente federativo. ATENÇÃO! No âmbito federal, a Lei Federal nº 8.112/1990 instituiu o regime único estatutário. Isso se repete em todos os Estados da Federação. Ocorre, no entanto, que, com a promulgação da Emenda Constitucional nº 19/98 [que promoveu a chamada “Reforma Administrativa”], alterou-se a redação do art. 39, suprimindo-se a exigência constitucional desse regime jurídico único. Na prática, seria possível a criação de leis instituindo, paralelamente, o regime estatutário e o celetista. Foi o que ocorreu, no âmbito federal, com a entrada em vigor da Lei Federal nº 9.962/2000, que previu o chamado regime do emprego público (celetista) para a Administração Direta, Autárquica e Fundacional Federal [o mesmo ocorreu com a maior parte dos Estados brasileiros]. Nesse segundo momento, acaba a obrigatoriedade do regime jurídico único (EC 19/98), e, com a Lei Federal nº 9.962/2000, acaba efetivamente o regime jurídico único em âmbito federal. Dessa forma, seria possível vislumbrar, dentro de uma mesma pessoa pública, servidores submetidos a regime celetistas e outros a regime estatutário. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 44 E isso efetivamente ocorreu, havendo diversos empregados públicos no âmbito da Administração Direta, Autárquica e Fundacional Federal. TODAVIA, posteriormente, o STF deferiu medida cautelar em ADI reconhecendo a inconstitucionalidade formal da alteração do art. 39, caput, da CF/88, promovida pela EC 19/98, uma vez que não houve a apreciação de reforma textual por ambas as Casas Legislativas (art. 60, §2º, CF/88). A concessão da medida cautelar produziu o chamado efeito repristinatório (art. 11, § 2º, da Lei 9.868/99), tornando novamente aplicável a redação originária do art. 39, de modo que foi restabelecido o regime jurídico único. Ademais, como não houve manifestação do STF em sentido diverso, a decisão liminar produziu efeito ex nunc (não retroativo), de modo que aqueles empregados públicos já contratados até o deferimento da cautelar continuam a atuar no âmbito das unidades federativas, continuando a existir empregados públicos no âmbito das entidades federativas que já haviam optado pelo regime jurídico estatutário antes da EC 19/98. Em suma, a partir da decisão do STF, voltou a vigorar o regime jurídico único na Administração Pública com personalidade jurídica de direito público, contudo, em razão da ausência de efeitos retroativos da decisão, eventuais agentes públicos contratados nos termos do regime de emprego público (Lei Federal nº 9.962/2000) permanecerão regidos por esse vínculo. Sobre o regime de emprego público, podemos fazer o seguinte resumo: - Na Administração Direta, Autárquica e Fundacional, foi possível a contratação de celetista [ao lado dos estatutários] entre a EC 19/1998 e o deferimento de MC na ADI 2.135/DF, continuando aqueles que assim ingressaram na Administração regidos pela CLT até a atualidade [mas sem possibilidade de novas contratações]; - Na Administração Indireta de Direito Privado [empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado], é o regime adotado [não é possível regime estatutário] - Regime celetista para agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias (art. 198, § 4º, CF/88, c/c Lei Federal nº 11.350/2006); - Obrigatoriedade de concurso público (art. 37, II, CF/88), inclusive para as pessoas jurídicas de direito privado da Administração; - Proibição de acumulação (art. 37, XVII, CF/88), inclusive para as pessoas jurídicas de direito privado da Administração; - Respeito ao teto constitucional, aplicável às empresas públicas e sociedades de economia mista apenas se dependentes (art. 37, § 9º, CF/88); CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 45 - Ausência de estabilidade: S. 390, II, TST; - Dispensa necessariamente motivada (STF, RE 589.998/PI). ATENÇÃO! EMPREGO PÚBLICO EM COMISSÃO Embora não se exija lei para a criação de empregos públicos na Administração Indireta de Direito Privado, entende-se que, como a figura do emprego público em comissão não tem previsão constitucional, bem como por se tratar de exceção à regra constitucional do concurso público [lembre-se que o acesso a quaisquer cargos, empregos oufunções públicas na Administração Direta e Indireta depende, em regra, de concurso público], é indispensável que haja lei criando o emprego em comissão. Essa é a posição do TST e do TRF-8, in verbis: RECURSO DE REVISTA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. CONTRATAÇÃO DE PESSOAL. EMPREGO EM COMISSÃO. CRIAÇÃO AUTORIZADA POR LEI. NECESSIDADE. A empresa reclamada é uma sociedade de economia mista, cuja criação, ao teor do art. 37, XIX, da Constituição Federal, com a redação dada pela EC-19/1998, depende de autorização em lei específica. Por ser uma sociedade de economia mista, está sujeita ao regime jurídico próprio da iniciativa privada, inclusive quanto aos direitos e obrigações trabalhistas (art. 173, § 1º, II, da Constituição Federal), encontrando-se seus empregados sob o regime da CLT, que não prevê, de forma específica e clara, entre as modalidades do contrato (art. 443), o emprego em comissão-. A Constituição Federal, por sua vez, dispõe que a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração (art. 37, II, da CF). A Constituição da República faz expressa distinção entre cargo (regido pelo estatuto próprio de natureza administrativa) e emprego público (regido pelas regras gerais típicas da iniciativa privada – CLT), mas exige a prévia aprovação em concurso para investidura em ambos e, ao fazer a ressalva, não menciona emprego em comissão, cogitando apenas de cargo público. Nesse contexto, percebe-se que não há, no direito positivo, previsão de emprego público em comissão, donde se conclui que se trata de uma criação das empresas públicas e sociedades de economia mista, que o instituem em seus regulamentos, nos moldes dos cargos em comissão previstos na administração direta. A necessidade de haver espaço para que outras pessoas, além dos empregados públicos stricto sensu, isto é, aqueles ocupantes de empregos permanentes, exerçam funções de direção, chefia e assessoramento, uma vez que conclusão oposta imobilizaria as perspectivas gerenciais e a otimização das atividades próprias das sociedades de economia mista, é uma realidade. Não obstante, faz-se necessário a observância de determinados requisitos, estes extraídos da própria Carta Magna, entre os quais o de que os empregos em comissão sejam criados por lei. O quadro fático apresentado na decisão recorrida mostra que o emprego em comissão não foi criado por lei, o que demonstra a clara intenção de burlar a exigência de concurso público. Incidência da Súmula n.º 363 do TST. Recurso de revista a que se dá provimento. (RR – 95600- 42.2008.5.10.0009, julgado em 27/06/2012, Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 06/07/2012). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 46 “A reclamada não juntou aos autos a Lei nº 2.740, de 2 de março de 1956, que a criou. Consta, entretanto, às fls. 88 a 104, o seu estatuto social, estabelecendo o parágrafo único do artigo 1º que a reclamada se rege, no que couber, pela Lei das Sociedades por Ações, pelas disposições especiais das leis federais, pelo presente Estatuto e demais dispositivos legais aplicáveis. (sic, fl. 88). Há, ainda, nos autos as Portarias nºs 052/2003-PRE-CEA (fl. 14) e 015/2006-PRE-CEA (fl. 113), pelas quais o reclamante foi contratado e exonerado pela reclamada, respectivamente, do cargo em comissão de chefe de agência de Amapá-AGAM. Cabe, aqui, a indagação: seria possível a existência de empregos a serem providos em comissão em empresas públicas e sociedades de economia mista, sem necessidade, portanto, de prévia aprovação em concurso público? Destaco, desde logo, que a questão é polêmica, mas que, em um ponto, há acordo, qual seja, no caso de se pretender criar empregos gerenciais e de assessoramento de livre nomeação e exoneração, faz-se necessário que isto se dê por força da lei que estabelecer o estatuto jurídico da empresa pública ou da sociedade de economia mista, nos termos do disposto no artigo 173, § 1º, da CF/88. No caso dos autos, conforme antes referido, não há como se aferir a criação, ou não, de tais cargos de comissão, o do reclamante, inclusive, qual seja, o de gerente de agência de Amapá. Inexiste, portanto, prova de sua criação regular. Entendo, assim, que, como não houve criação por lei, não há falar em existência de empregos gerenciais e de assessoramento de livre nomeação e exoneração no âmbito da sociedade de economia mista reclamada. Desta forma, ao contrário do alegado pelo reclamante, não ficou configurado que, de fato, ocupasse cargo comissionado. Igualmente, não prospera a sua afirmação de que à reclamada não se aplicam as regras típicas do regime estatutário, mas sim do celetista, deixando-se claro que a ela se aplica o disposto no artigo 37, inciso II e § 2º, da CF/88, o qual, no caso concreto, foi descumprido. Por assim ser, não há como se reformar a sentença neste particular.” (RO – 0089000-96.2007.5.08.0202, julgado em 04/12/2007, Relatora Desembargadora do Trabalho SUZY ELIZABETH CAVALCANTE KOURY. 1º Turma, DJT 07/12/2007) ATENÇÃO! TEMA CONTROVERSO! SERVIDORES PÚBLICOS E COMPETÊNCIA DE JUSTIÇA! No julgamento da ADI 3395, o STF fixou a tese de que o disposto no art. 114, I, da CF (competência da Justiça do Trabalho para “as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”) não abrange as causas instauradas entre o Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação jurídico-estatutária (STF. Plenário. ADI 3395 MC, Rel. Cezar Peluso, j. em 05/04/2006). Em 2015, em sede de repercussão geral, o Supremo estabeleceu que “Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas propostas contra órgãos da Administração Pública, por servidores que ingressaram em seus quadros, sem concurso público, antes da CF/88, sob regime da CLT, com o objetivo de obter prestações de natureza CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 47 trabalhista”. (STF. Plenário. ARE 906491 RG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 01/10/2015 (repercussão geral). Nesse mesmo sentido, em 2016, examinando o Conflito de Competência nº 7.950/RN, o STF estabeleceu que “Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço público antes da Constituição de 1988 sem prestar concurso”. (STF. Plenário.CC 7950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/09/2016 – Info 839). Perceba-se que, até então, o critério que parecia estar vigendo na Corte Maior para a definição da competência era o da natureza da verba em discussão. Entretanto, em 2016 e 2017, o Plenário do STF afirmou que o critério para estabelecer a competência de justiça é o da natureza do vínculo existente com a Administração, firmando que: Não compete à Justiça do Trabalho julgar controvérsia referente aos reflexos de vantagem remuneratória, que teve origem em período celetista anterior ao advento do regime jurídico único. Reconhecido que o vínculo atual entre o servidor e a Administração Pública é estatutário, compete à Justiça comum processar e julgar a causa. É a natureza jurídica do vínculo existente entre o trabalhador e o Poder Público, vigente ao tempo da propositura da ação, que define a competênciajurisdicional para a solução da controvérsia, independentemente de o direito pleiteado ter se originado no período celetista.” (STF. Plenário. Rcl 8909 AgR/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, j. em 22/09/2016 – Info 840; STF. 2ª Turma. Rcl 26064 AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, j. em 21/11/2017 – Info 885). Essa tese foi confirmada em 2019, no sentido de que: Compete à Justiça comum processar e julgar causa de servidor público municipal admitido mediante aprovação em concurso público sob o regime da CLT e que, posteriormente, passou a ser regido pelo estatuto dos servidores públicos municipais (estatutário). Como o vínculo do servidor com a administração pública é atualmente estatutário, a competência para julgar a causa é da Justiça comum, ainda que as verbas requeridas sejam de natureza trabalhista e relativas ao período anterior à alteração do regime de trabalho. (STF. Plenário. CC 8018/PI, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/12/2019 – Info 964). Igualmente, agora em 2020, o Supremo firmou o entendimento de que: Compete à Justiça Comum julgar conflitos entre Município e servidor contratado depois da CF/88, ainda que sem concurso público, pois, uma vez vigente regime jurídico- administrativo, este disciplinará a absorção de pessoal pelo poder público. Logo, eventual nulidade do vínculo e as consequências daí oriundas devem ser apreciadas pela Justiça comum, e não pela Justiça do Trabalho. (STF. Plenário. ARE 1179455 AgR/PI, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 5/5/2020 – Info 976). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 48 Ao que parece, atualmente, o STF considera que o critério definidor da competência para o julgamento de demandas apresentadas por agentes da Administração Pública Direta, autárquica e fundacional é a natureza do vínculo funcional atual, não importando a da verba discutida. Essa é a posição GENÉRICA a ser adotada em concursos. Contudo, se houver a cobrança específica da Repercussão Geral ARE 906491 RG, deve ser observada sua literalidade, no sentido de que “Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas propostas contra órgãos da Administração Pública, por servidores que ingressaram em seus quadros, sem concurso público, antes da CF/88, sob regime da CLT, com o objetivo de obter prestações de natureza trabalhista”. Da mesma forma, também deve ser considerado correto o texto do Conflito de Competência nº 7.950/RN, qual seja “Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço público antes da Constituição de 1988 sem prestar concurso”. Embora não possamos dizer que essa é a distinção tomada pelo STF, fiquem atentos para o detalhe de que ambos se referem a servidores que ingressaram sem concurso antes da CF/88. 1.1.13. ESTÁGIO PROBATÓRIO E A GARANTIA DA ESTABILIDADE Art. 41 da CF. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. 1º O servidor público estável só perderá o cargo: I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço. § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo. § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 49 A ESTABILIDADE é o direito do servidor público ocupante de cargo público de provimento efetivo em virtude de concurso público de não ser dispensado do cargo que desempenha, ressalvadas as hipóteses constitucionais autorizativas. Os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo, após três anos de efetivo exercício e submissão a avaliação especial de desempenho, tornam-se estáveis. Verifica-se, assim, a impossibilidade de os empregados públicos tornarem-se estáveis, já que não ocupam cargo público efetivo. A garantia é restrita aos servidores estatutários. ATENÇÃO! Os empregados públicos, embora não possuam estabilidade, têm sua dispensa condicionada à motivação, em respeito aos princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade, a exemplo dos empregados públicos dos Correios, empresa pública (STF, Plenário, RE nº 589.998 ED/PI, j. em 10/10/2018 – repercussão geral – Info 919). Essa motivação, contudo, não se confunde com a justa causa da CLT, que exige o enquadramento em uma das hipóteses legais. Trata-se apenas da demonstração de que a dispensa do empregado público visou ao interesse público, e não por razões de perseguições ou outros interesses privados escusos. Por sua vez, ESTÁGIO PROBATÓRIO é o período inicial de três anos de efetivo em que o servidor é avaliado quanto à sua aptidão para o cargo assumido. É obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade, com aprovação, para a aquisição da estabilidade. Ou seja, não basta o mero decurso do tempo, sendo imprescindível efetiva avaliação do desempenho do servidor (neste sentido: Enunciado 37 da I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ). ATENÇÃO! Apesar de ainda não estável, o servidor em estágio probatório não poderá ser exonerado sem que lhe seja garantido, previamente, o contraditório e a ampla defesa. Assim, deve ser instaurado procedimento regular para apurar a capacidade do servidor. Nesse sentido, o Enunciado nº 21 da Súmula do STF dispõe: “Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade”. Adquirida a estabilidade pelo servidor público, somente poderá ser demitido ou exonerado nas seguintes hipóteses: a) Sentença judicial transitada em julgado; b) Processo administrativo disciplinar em que lhe sejam garantidos o contraditório e a ampla defesa; c) Procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa: a referida lei complementar ainda não foi editada, de forma que o dispositivo não possui ainda aplicabilidade (EC 19/98); CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 50 d) Adequação de gastos com despesa de pessoal (art. 169, §4º, da CF/88): nessa hipótese, a exoneração dos servidores estáveis apenas poderá ser implementada após a redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança e a exoneração dos servidores não estáveis [a exoneração de servidores estáveis é a terceira opção]. Nesse caso, servidorque perder o cargo fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço. Ademais, o cargo objeto da redução será considerado extinto, sendo vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições semelhantes pelo prazo de 04 (quatro) anos. Não confunda a estabilidade com a VITALICIEDADE, que é uma garantia de mais elevada de determinados cargos públicos. Os servidores vitalícios somente poderão ser demitidos por sentença judicial transitada em julgado. A CF/88 atribui essa garantia aos: - Magistrados (art. 95, I, da CF/88); - Membros do Ministério Público (art. 128, §5º, da CF/88); - Membros dos Tribunais de Contas (art. 73, §3º, da CF/88). 1.1.14. ESTABILIDADE EXTRAORDINÁRIA Art. 19 do ADCT: Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são considerados estáveis no serviço público. § 1º O tempo de serviço dos servidores referidos neste artigo será contado como título quando se submeterem a concurso para fins de efetivação, na forma da lei. § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes de cargos, funções e empregos de confiança ou em comissão, nem aos que a lei declare de livre exoneração, cujo tempo de serviço não será computado para os fins do "caput" deste artigo, exceto se se tratar de servidor. § 3º O disposto neste artigo não se aplica aos professores de nível superior, nos termos da lei. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 51 A Constituição garantiu estabilidade excepcional aos servidores que, embora não tenham sido admitidos por meio de concurso público, encontravam-se em exercício há pelo menos 05 anos quando da data da promulgação da CF/88. Note que o STF decidiu que a referência a “fundações públicas” no caput do art. 19 do ADCT limita-se às fundações públicas de direito público, não abrangendo as fundações públicas de direito privado (STF. RE 716378/SP, j. 07.08.2019 – Info 946). Essa estabilidade não abrange ocupantes de cargos, funções e empregos de confiança ou em comissão, em razão da precariedade inerente ao vínculo então estabelecido. ATENÇÃO! ESTABILIDADE x EFETIVIDADE Em julgado didático, o STF explicou a diferença entre estabilidade [é o direito de permanência no serviço público no cargo em que fora admitido, sendo impossível sua demissão fora das hipóteses constitucionais, existindo de forma excepcional para quem atender aos requisitos do art. 19 do ADCT] de efetividade [somente adquirida por concurso público, incorpora o servidor na carreira, com direito aos benefícios privativos de seus integrantes e à progressão funcional, inclusive com filiação ao RPPS]. Assim sendo, para o Supremo, aquele que goza da estabilidade excepcional do art. 19 do ADCT, como não foi aprovado em concurso público, não é servidor efetivo, de modo que não integra a carreira, não gozando dos benefícios que lhe são próprios, vinculando-se ao RGPS, e não ao RPPS (STF, ADI 114 e ARE 1.069.876 AgR). Por fim, ressalte-se que o STF entende que as Constituições Estaduais e Leis Orgânicas Municipais e Distrital NÃO podem ampliar a estabilidade extraordinária do art. 19 do ADCT (STF, ADI nº 1.241/RN). 1.1.15. FORMAS DE PROVIMENTO E VACÂNCIA DOS CARGOS PÚBLICOS Conforme visto acima: - Servidor público (em sentido estrito) é a pessoa legalmente investida em cargo público; - Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor; - O cargo público pode ser para provimento em caráter efetivo ou em comissão: cargo em caráter efetivo é aquele que deve ser preenchido mediante prévia aprovação em concurso público para ser ocupado em caráter permanente; cargo em comissão é aquele previsto em lei de livre nomeação e exoneração pela autoridade competente. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 52 O provimento é o ato administrativo por meio do qual é preenchido o cargo público, com a designação do seu titular (provimento = preenchimento). Existem duas formas de provimento de cargos públicos: a) Provimento originário (inicial): não decorre qualquer vínculo anterior com o Poder Público. A única forma de provimento originário é a nomeação; b) Provimento derivado: pressupõe um vínculo anterior entre o servidor e a Administração Pública. O provimento derivado é dividido em 03 subespécies: - Provimento derivado vertical: ocorre quando o servidor muda para um cargo melhor. Cite-se como exemplo a ascensão funcional (transposição/acesso) e a promoção. De acordo com o atual entendimento do STF, é inconstitucional o provimento de cargos por meio da ascensão funcional (progressão funcional do servidor para um cargo pertencente a carreira distinta). ATENÇÃO! Súmula vinculante nº 43: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido. Na esteira dessa SV nº 43, o STF entendeu que “A equiparação de carreira de nível médio a outra de nível superior constitui ascensão funcional, vedada pelo art. 37, II, da CF/88”. (STF. Plenário. ADI 3199, Rel. Roberto Barroso, j. em 20/04/2020 – Info 977). - Provimento derivado horizontal: servidor muda para um cargo com atribuições similares e com remuneração compatível ao cargo de origem. É admitida pelo ordenamento jurídico, como ocorre no caso da readaptação; - Provimento derivado por reingresso: após sair do serviço público, servidor retorna para o mesmo cargo que desempenhava anteriormente. Também é admitida pelo ordenamento jurídico, como ocorre no caso da recondução, reintegração, aproveitamento e da reversão. O art. 8º da Lei Federal nº 8.212/90 estabelece as ss. formas de provimento de cargo público: I - nomeação; II - promoção; CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 53 III - ascensão; (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) IV – transferência; (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) V - readaptação; VI - reversão; VII - aproveitamento; VIII - reintegração; IX - recondução. Para fins de prova, é importante saber diferenciar as diferentes formas de provimento. A NOMEAÇÃO pode ser para cargo em caráter efetivo ou em comissão. Nos termos do art. 10 da Lei nº 8.112/90, a nomeação para cargo de provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade. Por outro lado, a nomeação para os cargos em comissão é ato discricionário que sequer precisa de motivação, assim como a exoneração. Neste ponto, é importante ressaltar que a investidura no cargo público e a aquisição da qualidade de servidor público apenas ocorrem com a posse, a qual, de acordo com o art. 13 da Lei Federal nº 8.112/90, deve se dar no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias, contados da publicação do ato de provimento. É necessário conferir o prazo da legislação estadual, o qual pode diferir daquele federal, inclusive com a previsãoda possibilidade de prorrogação. Nomeado, caso não se tome posse, aquele ato de provimento será TORNADO SEM EFEITO. A seu turno, com a entrada em exercício, o servidor passa efetivamente a desempenhar as atribuições do cargo público ou função de confiança, com a contagem do tempo de serviço para todos os fins. Na Lei Federal, o servidor deve entrar em exercício em 15 (quinze) dias, contados da data da posse, sob pena de EXONERAÇÃO (art. 15). Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de inscrição a concurso público para provimento de cargo cujas atribuições estejam aptas a exercer, sendo-lhes reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas. A PROMOÇÃO é a elevação de um servidor de uma classe para outra dentro de uma mesma carreira. Pode acontecer por antiguidade ou merecimento. É a única hipótese de provimento derivado vertical compatível com a Constituição; eventuais outros casos previstos em lei local não são admitidos. A READAPTAÇÃO, por sua vez, é a investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com limitação à sua capacidade física ou mental posterior à nomeação (arts. 25-27 da Lei Federal nº 8.212/90). A readaptação deve ser efetivada em cargo de atribuições afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga. Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando será CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 54 aposentado por invalidez. A Readaptação foi incluída no artigo 37, § 13º, da CF por força da Emenda 103 de 2019: § 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser readaptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de origem. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) A REVERSÃO é o retorno do servidor aposentado ao serviço ativo seja a pedido do servidor ou ex oficio. Segundo disposto no art. 25 da Lei nº 8.112, a reversão é o retorno à atividade de servidor aposentado: I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou II - no interesse da administração, desde que: a) tenha solicitado a reversão; b) a aposentadoria tenha sido voluntária; c) estável quando na atividade; d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação; e) haja cargo vago. Assim, de acordo com a Lei Federal nº 8.112/90, são duas as formas de reversão: - De ofício: junta médica constata que deixaram de existir os motivos que levaram o servidor a aposentar-se por invalidez; - A pedido: servidor estável aposentado voluntariamente que atender aos requisitos da lei, e desde que haja interesse da Administração (discricionariedade). ATENÇÃO! Para fins de memorização, tente associar a reversão à ideia do Velho, que, aposentado, retorna ao serviço público. Essa associação “v-v” é apenas uma estratégia de memorização, pois, como visto, não se restringe ao retorno do aposentado por tempo de contribuição/idade. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 55 A REINTEGRAÇÃO é a reinvestidura do servidor estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial com ressarcimento de todas as vantagens. Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará em disponibilidade. Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização, ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade. ATENÇÃO! Disponibilidade é a situação funcional na qual o servidor passa à inatividade em virtude da extinção de seu cargo ou da declaração de sua desnecessidade. A RECONDUÇÃO, por outro lado, é o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado em razão de reintegração do anterior ocupante e de inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo. A reintegração está prevista expressamente no art. 41, §2º, da CF. Também tem assento constitucional, mas apenas na segunda hipótese (reintegração do anterior ocupante), a recondução [veja, portanto, que a recondução em caso de inabilitação em estágio probatório de outro cargo não é um direito constitucional do servidor]. Confira- se: Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço. Reitere-se o entendimento do STJ no sentido de que NÃO é possível aplicação do instituto da recondução [na hipótese de inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo] a servidor estadual, por analogia da Lei Federal nº 8.112/1990, na hipótese em que o ordenamento jurídico estadual/municipal/distrital não prevê esse direito (RMS 46.438-MG – Info 553). Por fim, o APROVEITAMENTO é o retorno à atividade do servidor que estava em disponibilidade, em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado. Destaque-se que a colocação em disponibilidade exige que o servidor público seja estável. RESUMO DE PROVIMENTOS DERIVADOS: Promoção Progressão dentro da mesma carreira. Readaptação Limitação física ou mental. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 56 Reversão Servidor aposentado (“Velho”). Reintegração Demissão ilegal. Recondução Inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo (Lei Federal nº 8.112/90); ou reintegração de servidor que ocupava o cargo. Aproveitamento Servidor estável posto em disponibilidade. ATENÇÃO! A figura do “excedente” somente existe na readaptação e na reversão de ofício; São modalidades de provimento derivado exclusivas de servidores estáveis a reintegração, a recondução e a reversão a pedido (no interesse da Administração) (Lei Federal nº 8.112/90); A colocação em disponibilidade pressupõe que o servidor seja estável. ATENÇÃO! Nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por decisão judicial, com eficácia retroativa: - Não gera direito às promoções ou progressões funcionais que alcançariam se a nomeação houvesse ocorrido a tempo e modo corretos. De acordo com o STF, a promoção ou progressão funcional [a depender do caráter da movimentação, se, respectivamente, vertical ou horizontal] não se resolve apenas mediante o cumprimento do requisito temporal, pressupondo aprovação em estágio probatório e a confirmação no cargo, bem como o preenchimento de outras condições indicadas na legislação própria (RE nº 629.392, repercussão geral, j. em 08/06/2017 – TEMA 454 – Informativo 868); - Não gera direito à indenização, salvo flagrante ilegalidade (RE 429.652; REsp 1.238.344). ATENÇÃO! O candidato sub judice, beneficiado por decisão judicial, não possui direito subjetivo à nomeação e à posse antes do trânsito em julgado, mas apenas à reservada vaga (STJ, AgRg no RMS nº 30.000/PA, j. em 25/09/2012). 1.1.16. FORMAS DE VACÂNCIA DOS CARGOS PÚBLICOS VACÂNCIA é a saída do servidor público de seu cargo, emprego ou função. É a desocupação do cargo, emprego ou função, tornando-o passível de ser ocupado por outrem. São hipóteses de vacância previstas no art. 33 da Lei Federal nº 8.112/1990: CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 57 a) EXONERAÇÃO: dispensa do servidor público sem caráter disciplinar, por pedido daquele ou pela Administração. Não tem natureza sancionatória. Se cargo efetivo, a exoneração de ofício ocorre nas hipóteses de não satisfeitas as condições do estágio probatório ou de, tomada posse, o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido. No caso de cargo em comissão, a exoneração a juízo da autoridade competente não precisa ser motivada, pois é ato discricionário. Contudo, se houver indicação dos motivos, a Administração ficará vinculada a esses motivos (Teoria dos Motivos Determinantes). Também poderá ocorrer exoneração de cargo efetivo quando for extinto cargo ocupado por servidor estável ou não estável (por excesso de despesa com pessoal - 169, § 4º, da CF/88) ou se o servidor não estável estiver ocupando cargo que deva ser provido mediante reintegração de outro servidor anteriormente demitido ilegalmente. b) DEMISSÃO: é imposta ao servidor pelo cometimento de falta disciplinar e tem a natureza sancionatória. Outras hipóteses de vacância: promoção; readaptação; aposentadoria; posse em outro cargo inacumulável; e falecimento. Vacância e provimento simultâneos: promoção, readaptação e posse em outro cargo inacumulável. 1.1.17. RESPONSABILIDADE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS Nos termos do art. 121 da Lei Federal nº 8.112/90, o servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de suas atribuições. A responsabilidade do servidor pode decorrer de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. Ademais, no âmbito das decisões/opiniões técnica, o art. 28 da LINDB (incluído pela Lei Federal nº 13.655/2018) fixa que o “O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro”. Importante destacar que as responsabilidades civil, penal e administrativa são RELATIVAMENTE INDEPENDENTES entre si e poderão ser cumuladas. Diz-se “relativamente independentes” porque, excepcionalmente, haverá interferência entre as diferentes esferas de responsabilidade no caso de absolvição criminal pela negativa do fato ou da autoria, devendo, então, ser afastada a responsabilidade nas esferas administrativa e civil (art. 126). A contrario sensu, a absolvição criminal por insuficiência de provas ou por qualquer outra razão não interfere nas demais esferas. Neste ponto, cabe destacar o entendimento do STJ, consagrado no Informativo 651, estabelecendo que se a infração disciplinar praticada for, em tese, também crime, CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 58 o prazo prescricional do processo administrativo será aquele que for previsto no art. 109 do CP, esteja ou não esse fato sendo apurado na esfera penal (STJ. MS 20857-DF, 22.05.2019). ATENÇÃO! As instâncias administrativas e penal são independentes entre si, salvo quando reconhecida a inexistência do fato ou a negativa de autoria na esfera criminal. No mesmo sentido, a autoridade administrativa pode aplicar a pena de demissão quando em processo administrativo disciplinar é apurada a prática de ato de improbidade por servidor público, tendo em vista a independência das instâncias civil, penal e administrativa. 1.1.18. APOSENTADORIA Os regimes de aposentadoria público e privado foram sensivelmente alterados com a promulgação da Emenda Constitucional nº 103, de 12 de novembro de 2019, a chamada Reforma da Previdência. Aqui, limitar-nos-emos a analisar a disciplina constitucional do regime próprio de previdência social. O ordenamento constitucional brasileiro prevê a existência de DOIS REGIMES PREVIDENCIÁRIOS: a) Regime geral de previdência social (RGPS - art. 201 da CF/88): cuida-se do regime da iniciativa privada, também aplicável, no âmbito da Administração Pública, aos empregados públicos, servidores que ocupam exclusivamente cargo em comissão e os servidores temporários. Nesse sentido, o art. 40, § 13, da CF dispõe: § 13 - Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) b) Regime próprio de previdência social (RPPS - art. 40 da CF/88): abrange os servidores ocupantes de cargos efetivos e aqueles ocupantes de cargos vitalícios. Dispõe o art. 40 da CF: Art. 40 da CF. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 59 ATENÇÃO! Os agentes em função de confiança e os ocupantes de cargo em comissão que possuam cargo efetivo estão vinculados ao RPPS. Destaque-se que as normas do RGPS se aplicam, no que couber, ao RPPS (art. 40, §12, da CF/88). Vale ressaltar, ainda, a existência de vedação constitucional à existência de mais de um regime próprio de previdência social para os servidores titulares de cargos efetivos (art. 40, §20, da CF/88). Isso não impede a existência de um regime de previdência especial para as Forças Armadas, o qual, inclusive, não foi afetado pela EC 103/2019, embora tenha sofrido alterações em razão da Lei Federal nº 13.954, de 16 de dezembro de 2019. ATENÇÃO! DETENTORES DE MANDATO ELETIVO No que diz respeito aos detentores de mandato eletivo, os Deputados e Senadores estavam submetidos ao regime especial de previdência social da Lei Federal nº 9.506/1997 [nos Estados, DF e Municípios, por meio de lei própria, também era possível a criação de regime especial para os respectivos detentores de mandato eletivo]. No entanto, a EC nº 109/2019 proibiu a instituição de novos regimes especiais dessa natureza e se estabeleceu a filiação obrigatória ao RGPS para os novos detentores de mandato eletivo. Os atuais mandatários eletivos continuam vinculados ao regime especial previsto pelo ente federativo [com o pagamento do pedágio de 30% para senadores e deputados federais], mas com a possibilidade de optarem, em até 180 dias, por migrarem para o RGPS, com a contagem recíproca do tempo e compensação financeira (art. 209, § 9º). Quanto àqueles que já foram detentores mas deixaram de ser mandatários eletivos, vedou-se seu retorno ao regime especial, apenas possibilitando que eles aproveitem as contribuições vertidas ao regime especial no RGPS [em outras palavras, mesmo que já tenham exercido mandado eletivo e vertido contribuição para o regime especial, se eles voltarem a titularizar mandato eletivo, não poderão retornar ao regime especial, estando, sim, vinculados ao RGPS, somente podendoaproveitar, neste, as contribuições vertidas àquele regime especial]. Enfim, novos detentores de mandato eletivo [tenham ou não já exercido mandato eletivo anteriormente] estarão submetidos ao RGPS. A locução “a qualquer tempo” do § 3º do art. 14 da EC 103/2019 diz respeito ao direito adquirido daqueles mandatários eletivos que já implementaram os requisitos para a concessão dos benefícios previdenciários do regime especial quando da promulgação da EC 103/2019, estabelecendo que eles não serão prejudicados pelas novas regras previdenciária estejam ou não aposentados. Conquanto os notários e os registradores exerçam atividade estatal por delegação do Poder Público, eles não são servidores públicos, não estando sujeitos ao RPPS nem às demais normas do art. 40, I, da CF/88, tal como a aposentadoria compulsória (STF, ADI nº 2.602). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 60 ATENÇÃO! Aplica-se o RGPS aos servidores públicos ocupantes de cargo efetivo dos Municípios que não possuírem lei própria disciplinando o RPPS. O RPPS tem caráter contributivo (apenas aqueles que contribuem para o sistema possuem direito aos benefícios), solidário (financia os atuais beneficiários, não se contribuindo para a sua própria conta, o que fundamenta, por exemplo, a contribuição do inativo) e compulsório (de filiação e contribuição obrigatórias). 04 são os contribuintes do RPPS: ente público; servidores ativos; servidores inativos; pensionistas. ATENÇÃO! CONTRIBUIÇÃO DOS INATIVOS E PENSIONISTAS NO RPPS Diferentemente do que ocorre no RGPS, é cabível, no RPPS, a incidência de contribuições previdenciárias sobre os proventos de aposentadoria. Nesse sentido o art. 40, §18, da CF/88 dispõe: Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. (Redação dada pela EC nº 41/03). Foi a EC nº 41/03 que instituiu a contribuição previdenciária para INATIVOS e PENSIONISTAS: estabeleceu expressamente que servidores inativos e pensionistas também devem contribuir para o custeio do regime previdenciário. A base de cálculo da contribuição dos inativos e pensionistas é a parcela dos proventos e pensões que supera o teto do RGPS e a alíquota aplicável é a mesma aplicável aos servidores ativos. A recente Reforma da Previdência revogou o §21 do art. 40 da Constituição Federal, que previa uma benesse para o portador de doença incapacitante: sua contribuição sobre os proventos de aposentadoria do RPPS somente poderia incidir sobre o montante que superar o dobro do teto do RGPS. A revogação do benefício passou a valer a partir da entrada em vigor da Reforma da Previdência no âmbito federal, enquanto que, nos âmbito estadual e municipal, a nova regra passará a valer na data de publicação de lei de iniciativa privativa do respectivo Poder Executivo que as referende integralmente, nos termos da regra de transição da Reforma de Previdência (art. 36, II, da EC nº 103/2019). Por fim, destaque-se que, embora tenha sido alterada a redação do § 2º do art. 40 da CF/88, a demonstrar que, agora, os servidores estão submetidos ao teto do RGPS, o dispositivo ressalva os §§ 14 a 16, de modo que, numa interpretação sistemática, somente haverá a imposição do teto se for criada a Previdência Complementar, o que depende de lei de iniciativa do Chefe do Executivo do respectivo ente: a União instituiu a Previdência Complementar através da Lei Federal nº 12.618/2012, já estando os servidores federais, pois, sujeitos ao teto do RGPS; quanto aos Estados e Municípios, é necessário verificar caso a caso. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 61 As normas da Constituição sobre aposentadoria dos servidores públicos efetivos são de observância obrigatória por todos os entes federados, não podendo nem mesmo a Constituição Estadual ou Lei Orgânica dispor sobre o tema em sentido contrário (STF, ADI nº 4.696). Além de respeitar as normas constitucionais, a autonomia dos entes políticos para disciplinar seu RPPS é também limitada pelas Leis Federais nº 9.717/98 e nº 10.887/04, por meio das quais a União editou normas gerais. Tais regras vinculam todos os entes da Federação e devem ser observadas quando da elaboração das normas específicas da própria União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Art. 40, § 1º, CF - § 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para verificação da continuidade das condições que ensejaram a concessão da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 88, de 2015) III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 2º - Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 3º - As regras para cálculo de proventos de aposentadoria serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 4º - É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios em regime próprio de previdência CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 62 social, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 4º-A - Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 4º-B - Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 4º-C - Poderãoser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 5º - Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei complementar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdência social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) ATENÇÃO! POSSIBILIDADE DE PROGRESSÃO DE ALÍQUOTAS NO RPPS! A Reforma da Previdência (EC nº 103/2019) incluiu os §§ 1º-A/B/C no art. 149 da CF/88 para permitir que as alíquotas das contribuições para o RPPS sejam PROGRESSIVAS. Vejamos: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 63 instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. § 1º-A. Quando houver deficit atuarial, a contribuição ordinária dos aposentados e pensionistas poderá incidir sobre o valor dos proventos de aposentadoria e de pensões que supere o salário-mínimo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência) § 1º-B. Demonstrada a insuficiência da medida prevista no § 1º-A para equacionar o deficit atuarial, é facultada a instituição de contribuição extraordinária, no âmbito da União, dos servidores públicos ativos, dos aposentados e dos pensionistas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência) § 1º-C. A contribuição extraordinária de que trata o § 1º-B deverá ser instituída simultaneamente com outras medidas para equacionamento do deficit e vigorará por período determinado, contado da data de sua instituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência) Existem três modalidades de aposentadoria constitucionalmente previstas para os servidores públicos: a) Aposentadoria por incapacidade permanente: trata-se de norma de eficácia limitada e que, portanto, depende de lei do respectivo ente federado para que produza efeitos. b) Aposentadoria compulsória: os servidores que completarem 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar, serão aposentados compulsoriamente e com proventos proporcionais. ATENÇÃO! A Lei Complementar Federal nº 152/2015 regulamentou a aposentadoria compulsória aos 75 anos, permitindo-a aos seguintes servidores: - Servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações; - Membros do Poder Judiciário; - Membros do Ministério Público; - Membros das Defensorias Públicas - Membros dos Tribunais e dos Conselhos de Contas. De acordo com o STF, a aposentadoria compulsória não alcança os servidores que ocupam exclusivamente cargo em comissão, que podem continuar em exercício após os 75 (setenta e cinco) anos de idade (RE 786.540/DF – repercussão geral – Info. nº 851). A regra é aplicada exclusivamente aos servidores públicos efetivos, já que apenas eles são submetidos ao RPPS. Não alcança, portanto, servidores vinculados ao RGPS. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 64 c) Aposentadoria voluntária: situação em que o servidor, mesmo tendo condições de continuar desempenhando o cargo, opta por se aposentar. A Reforma da Previdência prevê, nos § 4º-A a §4º-C, que lei complementar do respectivo ente federativo poderá estabelecer critérios e requisitos diferenciados para a aposentadoria dos servidores: i) Portadores de deficiência; ii) Ocupantes do cargo de agente penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial (polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia ferroviária federal; polícias civis; polícia da Câmara dos Deputados; e polícia do Senado Federal); iii) Agentes que trabalhem expostos a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde (vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação). Neste ponto, é importante destacar que, uma vez que a Reforma da Previdência atribuiu aos entes federados a competência para editar lei regulamentando a aposentadoria especial, o direito à conversão em tempo comum do trabalho prestado sob condições especiais também estará sujeito à legislação complementar dos entes federados, os quais, de acordo com o novo texto constitucional, poderão ou não estabelecer critérios e requisitos diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, não podendo mais se afirmar que os servidores têm direito à conversão com base na aplicação do regime geral, no caso de silêncio da legislação complementar (RE 1014286, j. 31.08.2020). O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade (art. 40, §9º, da CF/88). Ademais, NÃO é admitida qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictício para fins de recebimento de benefícios previdenciários (art. 40, §10, da CF/88). ATENÇÃO! DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO De início, não há se confundir os institutos: (i) na desaposentação, o segurado, mesmo depois de se aposentar, continua trabalhando e pagando contribuições previdenciárias, para que, depois de algum tempo, renuncia à aposentadoria que recebe, peça que os tempos que contribuiu antes e depois dessa inativação sejam somados, e pleiteie nova aposentadoria mais vantajosa, com maior tempo de contribuição; (ii) na reaposentação, o segurado também continua trabalhando após se aposentar e pagando contribuições previdenciárias referentes ao novo trabalho e renuncia à aposentadoria que já recebe CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 65 para pleitear outra, a qual, porém, utilizará apenas o tempo de contribuição posterior à primeira, sem qualquer soma. Em 2016, em repercussão geral, o STF concluiu que a desaposentação, embora não afronte a Constituição, não possui previsão legal, daí porque não pode ser admitida, sendo certo que somente lei pode criar benefícios e vantagens previdenciárias, sendo constitucional o art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 (STF. Plenário. RE 381367/RS, RE 661256/SC e RE 827833/SC, j. em 26 e 27/10/2016 – repercussão geral – Info 845). Agoraem 2020, apreciando embargos de declaração que pretendiam diferenciar o julgado pelo STF em 2016 dos casos de reaposentação, o STF esclareceu que a tese firmada anteriormente também se aplica à reaposentação, que também não possui previsão legal e se diferencia da desaposentação apenas porque o tempo anterior de contribuição não é aproveitado. Entretanto, o Supremo deu parcial provimento aos aclaratórios e modulou sua decisão para declarar irrepetíveis os valores alimentares recebidos de boa-fé por segurados beneficiados com desaposentação ou reaposentação, até a proclamação do resultado e garantir o direito daqueles que usufruem de “desaposentação” ou de “reaposentação” em decorrência de decisão transitada em julgado, até a proclamação do resultado do julgamento dos embargos de declaração, de 06/02/2020 (STF. Plenário. RE 381367 ED/RS e RE 827833 ED/SC, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, j. em 06/02/2020 – repercussão geral – Info 965). 1.1.18.1. Aposentadoria especial do professor No RPPS, vem tratada no § 5º do art. 40 da CF: § 5º - Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei complementar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Temos, assim, que os professores que comprovem tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio fazem jus a uma redução de 05 (cinco) anos na idade mínima para a aposentadoria voluntária. Destaca-se que o benefício em comento não se aplica aos professores universitários (ensino superior) nem aos de ensino profissionalizante, limitando-se ao ensino básico (educação infantil, ensino fundamental e médio). Inicialmente, o STF entendia que as funções de magistério referidas no texto constitucional se restringiam à atividade em sala de aula, excluindo quaisquer atividades administrativas, o que devia ser observado por todos os entes federados. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 66 Todavia, com a publicação da Lei Federal nº 11.301/2006 [que acrescentou §2º ao art. 67 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei Federal nº 9.394/96), previram- se como beneficiários do direito à aposentadoria especial do professor não só aqueles que atuam em sala de aula, mas também a atividade dos “especialistas em educação”, que exercem a direção de unidade escolar, coordenação e assessoramento pedagógico. Ocorre, contudo, que essa alteração foi questionada perante o STF, o qual, em 2008, conferiu ao art. 1º da Lei nº 11.301/06 interpretação conforme a Constituição, para abranger como beneficiários da aposentadoria especial dos professores os diretores, coordenadores e assessores pedagógicos desde que estes sejam professores de carreira e desempenhem a atividade em estabelecimento de ensino básico, excluídos os especialistas em educação (STF, ADI nº 3.772) Confira-se a ementa do precedente: EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE MANEJADA CONTRA O ART. 1º DA LEI FEDERAL 11.301/2006, QUE ACRESCENTOU O § 2º AO ART. 67 DA LEI 9.394/1996. CARREIRA DE MAGISTÉRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL PARA OS EXERCENTES DE FUNÇÕES DE DIREÇÃO, COORDENAÇÃO E ASSESSORAMENTO PEDAGÓGICO. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 40, §4º, E 201, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INOCORRÊNCIA. AÇÃO JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE, COM INTERPRETAÇÃO CONFORME. I - A função de magistério não se circunscreve apenas ao trabalho em sala de aula, abrangendo também a preparação de aulas, a correção de provas, o atendimento aos pais e alunos, a coordenação e o assessoramento pedagógico e, ainda, a direção de unidade escolar. II - As funções de direção, coordenação e assessoramento pedagógico integram a carreira do magistério, desde que exercidos, em estabelecimentos de ensino básico, por professores de carreira, excluídos os especialistas em educação, fazendo jus aqueles que as desempenham ao regime especial de aposentadoria estabelecido nos arts. 40, § 4º, e 201, § 1º, da Constituição Federal. III - Ação direta julgada parcialmente procedente, com interpretação conforme, nos termos supra. ATENÇÃO! Conforme o voto do Ministro Relator, entenda-se por “especialistas em educação” aqueles que, não sendo professores de carreira, desempenham as funções de direção, coordenação e assessoramento pedagógico. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 67 O STF reafirmou o entendimento da referida ADI, no julgamento do RE nº 1.039.644, com repercussão geral reconhecida. Segundo o STF, todas as demais atividades-fim nas unidades escolares, vinculadas ao atendimento pedagógico, estariam abrangidas como de magistério para fins de aposentadoria. Por outro lado, atividades meramente administrativas não podem ser consideradas como magistério, sob pena de ofensa à autoridade da decisão proferida na ADI 3772. 1.1.18.2. EC Nº 41/2003 e o fim da paridade e integralidade A PARIDADE era uma garantia estabelecida aos servidores aposentados de que os aumentos conferidos àqueles que estavam em atividade lhe seriam igualmente estendidos. Com exceção dos servidores que se enquadram na regra de transição prevista no art. 3º da EC 47/2005, não existe mais a garantia de paridade entre ativos e inativos. Atualmente, apenas é assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real (art. 40, §8º, da CF/88), observados os critérios definidos em lei. Art. 40, §8º, CF: É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. (Redação dada pela EC nº 41/03) A INTEGRALIDADE, a seu turno, era a garantia de que o servidor aposentado receberia o mesmo valor da última remuneração a título de proventos. Essa garantia, contudo, foi extinta, sendo que, AGORA, o valor dos proventos é calculado com base na média das remunerações utilizadas como base para as contribuições do servidor (art. 40, §§ 3º e 17, da CF/88). O cálculo da média é regulamentado pela Lei Federal nº 10.887/04, que estabelece regras gerais aplicáveis aos regimes próprios de todos os entes federados [média dos 80% maiores salários de contribuições desde julho de 1994 ou, se posterior o início, desde o começo da contribuição]. Art. 40 da CF: §3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunerações utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. (Redação dada pela EC nº 41/03) § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados, na forma da lei. (Redação dada pela EC nº 41/03) CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 68 ATENÇÃO! INTEGRALIDADE x PROVENTOS INTEGRAIS A integralidade significa que será tomada como base para os proventos de aposentadoria o valor da última remuneração do servidor público, e não a média dos 80% maiores salários de contribuição [...]. A seu turno, proventos integrais importamque os proventos de aposentadoria não sofrerão qualquer redução em virtude de o tempo de contribuição ser menor ao previsto legalmente. Em outras palavras, os proventos não serão proporcionais ao tempo (menor) de contribuição. Fazem jus aos proventos integrais aqueles que preencheram o tempo mínimo previsto em lei de contribuição para a aposentadoria voluntária ou, excepcionalmente, aquele que, mesmo não contando com o tempo mínimo de contribuição, aposentou-se por invalidez decorrente de acidente de trabalho, moléstia profissional ou doença grave, assim reconhecidas em lei. ATENÇÃO! Paridade e Integralidade: Direito adquirido A paridade e a integralidade continuam sendo aplicadas aos servidores que ingressaram no serviço público antes da EC 41/03, em razão do direito adquirido ou da aplicação das regras de transição introduzidas pela referida emenda e posteriores. 1.1.18.3. Pensão por morte Art. 40, § 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tratar da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o benefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) É o benefício previdenciário recebido pelos dependentes do servidor ativo ou inativo falecido. No que se refere ao valor do benefício, devem-se diferenciar duas situações: a) Servidor recebia remuneração ou provento igual ou inferior ao teto do RGPS: o benefício será igual à totalidade da remuneração/provento do servidor no cargo efetivo; b) Servidor recebia acima do teto do RGPS: o benefício será correspondente à soma do valor estabelecido como teto do RGPS mais 70% da parcela excedente a este limite. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 69 Foi também a EC nº 41/03 que estabeleceu o redutor para a pensão por morte. Antes da referida emenda, o benefício da pensão por morte era concedido em valor equivalente à totalidade dos proventos do servidor falecido. Após a EC nº 41/03, o benefício da pensão por morte passou a ser equivalente à totalidade dos proventos ou da remuneração do servidor até o limite máximo dos benefícios do RGPS, acrescido de 70% da parcela que supera esse limite. Ou seja, instituiu-se um redutor de 30% sobre o valor que supera o limite máximo do RGPS. 1.1.18.4. Previdência complementar Art. 40, § 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime de previdência complementar para servidores públicos ocupantes de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias e das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribuição definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do correspondente regime de previdência complementar. A Previdência Complementar dos servidores públicos poderá ser instituída por meio de lei de iniciativa do chefe do Poder Executivo de cada um dos entes federativos. Caso instituída, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo RPPS, o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS. A submissão ao Regime de Previdência Complementar é uma opção do servidor público, não havendo obrigação constitucional nesse sentido: - Servidor que ingressou no serviço público antes da instituição do Regime Complementar: se quiser, poderá aderir à sistemática da previdência complementar A Constituição exige prévia e expressa adesão; CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 70 - Servidor admitido posteriormente à instituição da Previdência Complementar: filiação ao RPPS continua sendo obrigatória e a aplicação do teto de benefícios do RGPS também será de observância compulsória, mas sua vinculação à previdência complementar, com contribuição específica para esse regime, será facultativa. Cuidado: a CF/88 não exige prévia e expressa adesão para que haja a filiação ao regime complementar, mas é sempre garantida a facultatividade da permanência, podendo o servidor manifestar interesse em se desfiliar. A filiação automática ou não depende do previsto na legislação local. Melhor explicando: a) Para quem ingressou no serviço público após a instituição da Previdência Complementar: - os benefícios do RPPS estão submetidos ao teto do RGPS; - não há exigência constitucional de prévia e expressa adesão ao regime complementar, podendo a filiação ser automática, conforme disponha a lei complementar local, mas sempre garantido ao servidor o direito de se desfiliar da previdência complementar (é sempre facultativa); b) Para quem ingressou no serviço público antes da instituição da Previdência Complementar: - a CF/88 garante que a adesão ao regime complementar dependerá de prévia e expressa manifestação do servidor, que é irrevogável e irretratável; - optando por se submeter à previdência complementar, seus proventos pelo RPPS estarão limitados ao teto do RGPS e o servidor deverá verter contribuições próprias à Previdência Complementar [a vantagem do servidor “antigo” aderir ao regime complementar é que, embora ele tenha seus proventos do RPPS limitados ao teto do RPGS, a contribuição ao RPPS incidente em sua remuneração se limitará também ao teto do RGPS, ficando livre da tributação boa parte de seus vencimentos, “sobrando-lhe” mais dinheiro, além de que ele se vinculará a regime teoricamente mais seguro, o complementar, que é de contribuição definida]. Os planos de previdência complementar devem ser organizados exclusivamente na modalidade de contribuição definida. Nesses planos, o valor do benefício a que o participante fará jus, no futuro, depende sempre do montante de recursos acumulados em sua conta e da opção que o participante fizer quanto ao tipo de renda que desejará (diferem dos planos de benefício definido, adotada pelo RGPS e CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 71 RPPS, em que o segurado pode prever o valor do benefício futuro em razão dos parâmetros estabelecidos na lei). Segundo o art. 202, §3º, da CF/88, “é vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do segurado”. Assim sendo, os entes políticos, as autarquias e fundações públicas de direito público somente poderão participar da Previdência Complementarenquanto patrocinadores, estando sua contribuição limitada àquela do segurado. 1.1.18.5. Abono permanência Art. 40, § 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo que tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e que opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abono de permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua contribuição previdenciária, até completar a idade para aposentadoria compulsória. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) O servidor que cumpra os requisitos da aposentadoria voluntária e decidir continuar trabalhando, fará jus ao chamado abono permanência. O valor do abono corresponde à contribuição previdenciária. Poderá receber tais valores até que alcance a idade suficiente para a aposentadoria compulsória. 1.1.19. LIMITES DE DESPESAS COM PESSOAL A Lei Complementar nº 101/2000, também chamada de Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), representa um marco nas contas públicas, uma vez que estabeleceu normas aplicáveis à administração financeira e orçamentária de todos os gestores de recursos públicos, em todas as esferas de governo, com o objetivo, entre outros, de promover e manter o equilíbrio entre a realização da receita e da despesa. Em relação à despesa de pessoal, a LRF deu ao tema especial atenção. A preocupação não é sem razão, pois a despesa com pessoal é um dos principais itens da despesa do setor público no Brasil e o seu descontrole pode ter consequências nefastas para os cofres públicos. A contratação de um novo servidor público gera gastos por período indeterminado, de forma que o aumento indiscriminado das despesas com pessoal certamente afeta a efetivação de políticas públicas, dada a insuficiência de recursos. O conceito legal de “despesa total com pessoal” consta do 18 da LRF: CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 72 Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência. § 1o Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referem à substituição de servidores e empregados públicos serão contabilizados como "Outras Despesas de Pessoal". § 2o A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês em referência com as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência. § 2º A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês em referência com as dos 11 (onze) imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência, independentemente de empenho. (Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021) § 3º Para a apuração da despesa total com pessoal, será observada a remuneração bruta do servidor, sem qualquer dedução ou retenção, ressalvada a redução para atendimento ao disposto no art. 37, inciso XI, da Constituição Federal. (Incluído pela Lei Complementar nº 178, de 2021) A própria Constituição Federal estabelece requisitos para o aumento de despesas com pessoal, nos seguintes termos: Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. § 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas: CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 73 I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista. Ao tratar do tema, o art. 21 da LRF estabelece que é nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda os seguintes requisitos: a) Requisitos previstos para a criação, expansão ou aperfeiçoamento e para as despesas obrigatórias de caráter continuado (art. 16 e 17 da LRF comentados acima); b) Vedação à vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias (art. 37, XIII da CF/88); c) Prévia dotação orçamentária suficiente às projeções de despesa e aos acréscimos dela decorrentes (art. 169, §1º, I da CF/88); d) Autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista (art. 169, §1º, II da CF/88); e) Respeito ao limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo; f) Vedação ao aumento de despesa com pessoal nos 180 dias anteriores ao final do mandato. 1.1.19.1. Limite de gastos com pessoal e consequências jurídicas Conforme exposto acima, a própria Constituição estabelece que a despesa com pessoal não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar (art. 169). Regulamentando este dispositivo constitucional, a LRF fixou os limites de gastos para despesas com pessoal por esfera federativa (federal, estadual e municipal) e por Poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário, MP), em percentual da receita corrente líquida2 (arts. 19 e 20). 2 O conceito de receita corrente líquida encontra-se no art. 2º, inc. IV, da LRF: somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes, com as deduções previstas nas alíneas "a", "b" e "c" do inciso IV (transferências constitucionais e legais entre os entes federados e certas contribuições sociais). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 74 Ocorre que, além de fixar o limite total de gastos com despesa de pessoal, a LRF instituiu também o limite alerta e o limite prudencial com o objetivo de advertir o gestor para a observância do limite legal antes de que este fosse ultrapassado. O limite alerta, fixado em 90% do limite total de gastos com pessoal (art. 59 da LRF), apenas implica na notificação pelos Tribunais de Contas de que o Poder excedeu a este percentual. Assim, não há qualquer sanção caso o ente ultrapasse esse limite. Por sua vez, o limite prudencial, de 95% do total de gastos com pessoal, indica que o ente público está próximo do limite máximo admitido para despesa com pessoal e possui função acautelatória, impondo vedações com o objetivo de evitar que se ultrapasse o referido limite. Segundo o disposto no art. 22 da LRF, se a despesa total com pessoal exceder a 95% do limite, são vedados ao Poder ou órgão que houver incorrido no excesso: I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneraçãoa qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição; II - criação de cargo, emprego ou função; III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança; V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6º do art. 57 da Constituição e as situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias. Ultrapassado o limite total de gastos com pessoal, a LRF estabelece um prazo para que o órgão ou poder providencie a volta das despesas ao limite. Segundo a lei, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro (art. 23)3. Nesse período, o órgão ou poder4 deverá tomar as medidas necessárias para voltar ao limite, sob pena de, além das vedações previstas no art. 22, retro colacionado, ficar impedido de: 3 A LRF prevê hipóteses de suspensão e de dilação do prazo determinado para a recondução ao limite de gastos de pessoal nos arts. 65 e 66. 4 Encampando o chamado “princípio da instranscendência subjetiva das sanções”, a LC nº 178/2021 alterou a redação da LRF para não mais se referir a ente, mas, sim, a órgão ou poder, deixando claro que a obrigação de retorno aos limites de despesa e as sanções aplicáveis em caso de não atendimento se restringem ao órgão ou poder envolvido, não alcançando todo o ente federativo. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 75 I - receber transferências voluntárias; II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao pagamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal. Assim, para evitar chegar a esse ponto, o ente possui o prazo de dois quadrimestres para reduzir os gastos com pessoal ao limite. Para tanto, ele poderá adotar, entre outras medidas, as providências previstas nos §§ 3º e 4º do art. 169 da Constituição, que dispõe: § 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências: I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança; II - exoneração dos servidores não estáveis. § 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. § 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço. § 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos. ATENÇÃO! Além das medidas previstas nas Constituição, o § 2º do art. 23 da LC 101 estabeleceu a possibilidade de redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária como medida de redução de despesas de pessoal para readequação ao limite. Contudo, ao analisar o referido dispositivo legal, no julgamento da medida cautelar da ADI 2238, o STF decidiu por suspender integralmente a eficácia do § 2º do artigo 23 da LRF, bem como a eficácia da expressão "quanto pela redução dos valores a eles atribuídos" do § 1º da mesma lei, por ofensa ao princípio da irredutibilidade de vencimentos (art. 37, XV, da CF). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 76 Assim, não é possível a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária como medida de redução de despesas de pessoal em razão da decisão do STF. Conforme consta do §§ 3º e 4º do art. 169 da CF/88, para o cumprimento do limite de gastos com pessoal previsto na Lei Complementar (LRF) é possível a exoneração de servidor estável, desde que demonstrada que apenas a redução de 20% dos cargos em comissão e a exoneração dos servidores não estáveis não é suficiente para a readequação ao limite. Nesse caso, o servidor público estável exonerado será indenizado em um mês de remuneração por ano de serviço. Por fim, destaque-se que, em qualquer caso de exoneração de servidor para recondução ao limite de despesas com pessoal, o cargo objeto da redução será considerado EXTINTO, vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de QUATRO ANOS. ATENÇÃO! Duplicação do prazo de recondução O prazo de recondução ao limite de despesas com pessoal será duplicado (04 quadrimestres) em caso de crescimento real baixo ou negativo do PIB por período igual ou superior a 03 trimestres, conforme dispõe o art. 66 da LRF: O prazo de recondução ao limite de despesas com pessoal será duplicado (04 quadrimestres) em caso de crescimento real baixo ou negativo do PIB por período igual ou superior a 04 trimestres, conforme dispõe o art. 66 da LRF: Art. 66. Os prazos estabelecidos nos arts. 23, 31 e 70 serão duplicados no caso de crescimento real baixo ou negativo do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, regional ou estadual por período igual ou superior a quatro trimestres. § 1o Entende-se por baixo crescimento a taxa de variação real acumulada do Produto Interno Bruto inferior a 1% (um por cento), no período correspondente aos quatro últimos trimestres. § 2o A taxa de variação será aquela apurada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ou outro órgão que vier a substituí-la, adotada a mesma metodologia para apuração dos PIB nacional, estadual e regional. § 3o Na hipótese do caput, continuarão a ser adotadas as medidas previstas no art. 22. § 4o Na hipótese de se verificarem mudanças drásticas na condução das políticas monetária e cambial, reconhecidas pelo Senado Federal, o prazo referido no caput do art. 31 poderá ser ampliado em até quatro quadrimestres. ATENÇÃO! Lei Complementar nº 164/2018: Flexibilização A Lei Complementar nº 164/2018, que acrescentou os §§ 5º e 6º ao art. 23 da LRF – LC nº 101/2000, flexibilizou o cumprimento dos limites de despesas com pessoal para os Municípios, suprimindo as vedações do § 3º daquele art. 23 em caso de superação do limite por queda na arrecadação superior a 10% à do mesmo quadrimestre do exercício anterior: CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 77 Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as providências previstas nos §§ 3º e 4o do art. 169 da Constituição. § 1o No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da Constituição, oobjetivo poderá ser alcançado tanto pela extinção de cargos e funções quanto pela redução dos valores a eles atribuídos. (Vide ADIN 2.238-5) § 2o É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária. (Vide ADIN 2.238-5) § 3o Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o excesso, o órgão ou poder não poderá: I - receber transferências voluntárias; II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao pagamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal. § 4o As restrições do § 3o aplicam-se imediatamente se a despesa total com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão referidos no art. 20. § 5º As restrições previstas no § 3º deste artigo não se aplicam ao Município em caso de queda de receita real superior a 10% (dez por cento), em comparação ao correspondente quadrimestre do exercício financeiro anterior, devido a: (Incluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018) I – diminuição das transferências recebidas do Fundo de Participação dos Municípios decorrente de concessão de isenções tributárias pela União; e (Incluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018) II – diminuição das receitas recebidas de royalties e participações especiais. (Incluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018) § 6º O disposto no § 5º deste artigo só se aplica caso a despesa total com pessoal do quadrimestre vigente não ultrapasse o limite percentual previsto no art. 19 desta Lei Complementar, considerada, para este cálculo, a receita corrente líquida do quadrimestre correspondente do ano anterior atualizada monetariamente. (Incluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018) CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 78 2. JURISPRUDÊNCIA SÚMULAS DO STF SÚMULA VINCULANTE Nº 3 Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. SÚMULA VINCULANTE Nº 15 O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário mínimo. SÚMULA VINCULANTE Nº 16 Os arts. 7º, IV, e 39, § 3º (redação da Emenda Const. 19/1998), da Constituição, referem- se ao total da remuneração percebida pelo servidor público. SÚMULA VINCULANTE Nº 33 Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, III da CF/88, até a edição de lei complementar específica. SÚMULA VINCULANTE Nº 37 Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia. SÚMULA VINCULANTE Nº 42 É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária. SÚMULA VINCULANTE Nº 43 É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido. SÚMULA VINCULANTE Nº 44 Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. SÚMULA VINCULANTE Nº 55 O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos. SÚMULA Nº 10 O tempo de serviço militar conta-se para efeito de disponibilidade e aposentadoria do servidor público estadual. SÚMULA Nº 11 CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 79 A vitaliciedade não impede a extinção do cargo, ficando o funcionário em disponibilidade, com todos os vencimentos. SÚMULA Nº 15 Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito à nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação. SÚMULA Nº 16 Funcionário nomeado por concurso tem direito à posse. SÚMULA Nº 17 A nomeação de funcionário sem concurso pode ser desfeita antes da posse. SÚMULA Nº 20 É necessário processo administrativo com ampla defesa, para demissão de funcionário admitido por concurso. SÚMULA Nº 21 Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade. SÚMULA Nº 22 O estágio probatório não protege o funcionário contra a extinção do cargo. SÚMULA Nº 25 A nomeação a termo não impede a livre demissão pelo presidente da república, de ocupante de cargo dirigente de autarquia. SÚMULA Nº 36 Servidor vitalício está sujeito à aposentadoria compulsória, em razão da idade. SÚMULA Nº 39 À falta de lei, funcionário em disponibilidade não pode exigir, judicialmente, o seu aproveitamento, que fica subordinado ao critério de conveniência da administração. SÚMULA Nº 47 Reitor de universidade não é livremente demissível pelo presidente da república durante o prazo de sua investidura. SÚMULA Nº 339 Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia. SÚMULA Nº 359 Ressalvada a revisão prevista em lei, os proventos da inatividade regulam-se pela lei vigente ao tempo em que o militar, ou o servidor civil, reuniu os requisitos necessários. SÚMULA Nº 567 A Constituição, ao assegurar, no § 3º do art. 102, a contagem integral do tempo de serviço público federal, estadual ou municipal para os efeitos de aposentadoria e disponibilidade não proíbe à união, aos estados e aos municípios mandarem contar, CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 80 mediante lei, para efeito diverso, tempo de serviço prestado a outra pessoa de direito público interno. SÚMULA Nº 679 A fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto de convenção coletiva. SÚMULA Nº 680 O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos. SÚMULA Nº 681 É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária. SÚMULA Nº 682 Não ofende a Constituição a correção monetária no pagamento com atraso dos vencimentos de servidores públicos. SÚMULA Nº 683 O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. SÚMULA Nº 684 É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso público. SÚMULA Nº 685 É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido. SÚMULA Nº 726 Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o tempo de serviço prestado fora da sala de aula. SÚMULAS DO STJ SÚMULA Nº 266: O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público. SÚMULA Nº377: O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às vagas reservadas aos deficientes. SÚMULA Nº 378: Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais decorrentes. SÚMULA Nº 552: CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 81 O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência para o fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos. SÚMULA Nº 591: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa. SÚMULA Nº 592: O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar só causa nulidade se houver demonstração de prejuízo à defesa. SÚMULA Nº 611: Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à Administração. SÚMULA Nº 634: Ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na Lei de Improbidade Administrativa para o agente público. JULGADOS DO STF TESES DE REPERCUSSÃO GERAL TEMA 384 E 377 Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e funções, a incidência do art. 37, inciso XI, da Constituição Federal pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público. (RE 612975/MT e RE 602043/MT, rel. ministro Marco Aurélio, julgamento em 27/4/2017) TEMA 386 Nos termos do art. 5º, VIII, da Constituição Federal é possível a realização de etapas de concurso público em datas e horários distintos dos previstos em edital, por candidato que invoca escusa de consciência por motivo de crença religiosa, desde que presentes a razoabilidade da alteração, a preservação da igualdade entre todos os candidatos e que não acarrete ônus desproporcional à Administração Pública, que deverá decidir de maneira fundamentada. (STF. Plenário. RE 611874/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 19/11, 25/11 e 26/11/2020 (Repercussão Geral – Tema 386) (Info 1021).) TEMA 571 Não se aplica a aposentadoria compulsória prevista no artigo 40, parágrafo 1º, inciso II, da Constituição Federal aos titulares de serventias judiciais não estatizadas, desde que CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 82 não sejam ocupantes de cargo público efetivo e não recebam remuneração proveniente dos cofres públicos. (RE 647827, rel. ministro Gilmar Mendes, julgamento em 15/02/2017) TEMA 541 1 - O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. 2 - É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses da categoria. (ARE 654432/GO, rel. ministro Ricardo Lewandowski, rel. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, julgamento em 05/04/2017) TEMA 454 A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de ato judicial, à qual atribuída eficácia retroativa, não gera direito às promoções ou progressões funcionais que alcançariam houvesse ocorrido, a tempo e modo, a nomeação. (RE 629.392, rel. ministro Marco Aurélio, julgamento em 08/06/2017) TEMA 965 Para a concessão da aposentadoria especial de que trata o art. 40, § 5º, da Constituição, conta-se o tempo de efetivo exercício, pelo professor, da docência e das atividades de direção de unidade escolar e de coordenação e assessoramento pedagógico, desde que em estabelecimentos de educação infantil ou de ensino fundamental e médio. (RE 1.039.644, rel. ministro Alexandre de Moraes, julgamento em 12/10/2017, DJE 13/11/2017) TEMA 403 É compatível com a Constituição Federal a previsão legal que exija o transcurso de 24 (vinte e quatro) meses, contados do término do contrato, antes de nova admissão de professor temporário anteriormente contratado. (RE 635.648, rel. ministro Edson Fachin, julgamento em 14/06/2017, DJE 12-09-2017) TEMA 763 1) Os servidores ocupantes de cargo exclusivamente em comissão não se submetem à regra da aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, inciso II, da Constituição Federal, a qual atinge apenas os ocupantes de cargo de provimento efetivo, inexistindo, também, qualquer idade limite para fins de nomeação a cargo em comissão; 2) Ressalvados os impedimentos de ordem infraconstitucional, não há óbice constitucional a que o servidor efetivo aposentado compulsoriamente permaneça no cargo comissionado que já desempenhava ou a que seja nomeado para cargo de livre nomeação e exoneração, uma vez que não se trata de continuidade ou criação de CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 83 vínculo efetivo com a Administração. (RE 786.540/DF, rel. ministro Dias Toffoli, julgamento em 15-12-2016) TEMA 838 Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais. (RE 898.450/SP1, rel. ministro Luiz Fux, julgamento em 17-8-2016, DJE de 23-8-2016) TEMA 531 A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público. (RE 693.456/RJ, rel. ministro Dias Toffoli, julgado 27- 10-2016, DJE de 8-11-2016) TEMA 784 O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital. Ficam ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da Administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses: a) quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital; b) quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação; e c) quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da Administração nos termos acima. (RE 837.311/PI, rel. ministro Luiz Fux, julgamento em 9-12-2015, acórdão publicado no DJE de 18-4-2016) TEMA 257 Computam-se, para efeito de observância do teto remuneratório do art. 37, XI, da CF, também os valores percebidos anteriormente à vigência da EC 41/2003 a título de vantagens pessoais pelo servidor público, dispensada a restituição de valores eventualmente recebidos em excesso e de boa-fé até 18/11/2015. (RE606.358/SP, rel. ministra Rosa Weber, julgamento em 18-11-2015, acórdão publicado no DJE de 7-4- 2016) TEMA 916 CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 84 A contratação por tempo determinado para atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público realizada em desconformidade com os preceitos do art. 37, IX, da Constituição Federal não gera quaisquer efeitos jurídicos válidos em relação aos servidores contratados, com exceção do direito à percepção dos salários referentes ao período trabalhado e, nos termos do art. 19-A da Lei 8.036/1990, ao levantamento dos depósitos efetuados no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). (RE 765.320/MG, rel. ministro Teori Zavascki, julgamento por meio eletrônico de 26-8 a 15- 9-2016, DJE de 23-9-2016) TEMA 921 O art. 11 da EC 20/98 possibilita a acumulação, apenas, de um provento de aposentadoria com a remuneração de um cargo na ativa, no qual se tenha ingressado por concurso público antes da edição da referida emenda, ainda que inacumuláveis os cargos. Em qualquer hipótese, é vedada a acumulação tríplice de remunerações: sejam proventos, sejam vencimentos. (ARE 848.993/MG, rel. ministro Gilmar Mendes, julgamento por meio eletrônico de 16-9 a 6-10-2016) TEMA 782 Os prazos da licença-adotante não podem ser inferiores aos prazos da licença-gestante, o mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença-adotante, não é possível fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada. (RE 778.889/PE, rel. ministro Roberto Barroso, julgado em 10-3-2016) TEMA 509 A comprovação do triênio de atividade jurídica exigida para o ingresso no cargo de juiz substituto, nos termos do art. 93, I, da CF, deve ocorrer no momento da inscrição definitiva no concurso público. (RE 655.265/DF, rel. orig. ministro Luiz Fux, red. p/ o acórdão ministro Edson Fachin, julgado em 13-4-2016) TEMA 888 É legítimo o pagamento do abono de permanência previsto no art. 40, § 19, da CF ao servidor público que opte por permanecer em atividade, embora tenha preenchido os requisitos para a concessão da aposentadoria voluntária especial (CF, art. 40, § 4º). (ARE 954.408 RG/RS, rel. ministro Teori Zavascki, julgado em 15-4-2016, DJE de 22-4-2016) TEMA 737 É inconstitucional norma que vincula pensões e proventos de aposentadoria de servidores públicos efetivos a subsídios de agentes políticos. (RE 759518, rel. ministro Gilmar Mendes, julgado em 02-12-2016, DJE 03-02-2017). TEMA 671 CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 85 Na hipótese de posse em cargo público determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus a indenização, sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante. (RE 724347, rel. ministro Marco Aurélio, red. p/ o acórdão ministro Roberto Barroso, julgado em 26-02-2015, DJE 13-05- 2015) TEMA 485 Não compete ao Poder Judiciário substituir a banca examinadora para reexaminar o conteúdo das questões e os critérios de correção utilizados, salvo ocorrência de ilegalidade ou de inconstitucionalidade. (RE 632853, rel. ministro Gilmar Mendes, julgado em 23/04/2015) TEMA 483 É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes dos seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. (ARE 652777, rel. ministro Teori Zavascki, julgado em 23/04/2015, DJE 01-07-2015) TEMA 476 Não é compatível com o regime constitucional de acesso aos cargos públicos a manutenção no cargo, sob fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado que nele tomou posse em decorrência de execução provisória de medida liminar ou outro provimento judicial de natureza precária, supervenientemente revogado ou modificado. (RE 608482, rel. ministro Teori Zavascki, julgado em 07-08-2014, DJE 30-10- 2014) Informativo posterior nº 808 O candidato que toma posse em concurso público por força de decisão judicial precária assume o risco de posterior reforma desse julgado que, em razão do efeito “ex tunc”, inviabiliza a aplicação da teoria do fato consumado em tais hipóteses. (RMS 31538/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 17.11.2015) TEMA 973 É constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata que esteja grávida à época de sua realização, independentemente da previsão expressa em edital do concurso público. (RE 1.058.333/PR, Rel. Min. Luiz Fux, Plenário, j. em 21.11.2018). Incide o teto remuneratório constitucional aos substitutos interinos de serventias extrajudiciais. STF. 2ª Turma. MS 29.039/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/11/2018 (Info 923) CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 86 É desnecessária a devolução dos valores recebidos por liminar revogada, em razão de mudança de jurisprudência. Também é descabida a restituição de valores recebidos indevidamente, circunstâncias em que o servidor público atuou de boa-fé. A orientação ampara-se na confiança legítima que tinham os beneficiários de a pretensão ser acolhida e no lapso temporal transcorrido entre o deferimento da liminar e sua revogação. Os princípios da boa-fé e da segurança jurídica afastam o dever de restituição de parcelas recebidas por ordem liminar revogada. MS 32.185/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 13.11.2018. (Info 923) TEMA 22 Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL. IDONEIDADE MORAL DE CANDIDATOS EM CONCURSOS PÚBLICOS. INQUÉRITOS POLICIAIS OU PROCESSOS PENAIS EM CURSO. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA. 1. Como regra geral, a simples existência de inquéritos ou processos penais em curso não autoriza a eliminação de candidatos em concursos públicos, o que pressupõe: (i) condenação por órgão colegiado ou definitiva; e (ii) relação de incompatibilidade entre a natureza do crime em questão e as atribuições do cargo concretamente pretendido, a ser demonstrada de forma motivada por decisão da autoridade competente. 2. A lei pode instituir requisitos mais rigorosos para determinados cargos, em razão da relevância das atribuições envolvidas, como é o caso, por exemplo, das carreiras da magistratura, das funções essenciais à justiça e da segurança pública (CRFB/1988, art. 144), sendo vedada, em qualquer caso, a valoração negativa de simples processo em andamento, salvo situações excepcionalíssimas e de indiscutível gravidade. 3. Por se tratar de mudança de jurisprudência, a orientação ora firmada não se aplica a certames já realizados e que não tenham sido objeto de impugnação até a data do presente julgamento. 4. Recurso extraordinário desprovido, com a fixação da seguinte tese de julgamento: “Sem previsão constitucional adequada e instituída por lei, não é legítima a cláusula de edital de concurso público que restrinja a participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito ou ação penal”. [STF. Plenário. RE 560900/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 5 e 6/2/2020 (repercussão geral – Tema 22) (Info 965)]. A regra que estabelece a necessidade de residência do servidor no município em que exerce suas funções é compatível com a Constituição de 1988, a qual já prevê obrigação semelhante para magistrados, nos termos do seu art. 93, VII. Por outro lado, viola a Constituiçãoa lei estadual que proíba a saída do servidor do Município sede da unidade em que atua sem autorização do superior hierárquico. Essa previsão configura grave violação da liberdade fundamental de locomoção (art. 5º, XV, da CF/88) e do devido processo legal (art. 5º, LIV). [STF. Plenário. ADPF 90, Rel. Luiz Fux, j. em 03/04/2020 (Info 977)]. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 87 JULGADOS DO STJ ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 2/STJ. CONCURSO PÚBLICO. CLASSIFICAÇÃO FORA DAS VAGAS OFERECIDAS. INAPTIDÃO DE CANDIDATOS MAIS BEM CLASSIFICADOS. MANIFESTAÇÃO DE DESISTÊNCIA. RECLASSIFICAÇÃO DO CANDIDATO APROVADO COMO EXCEDENTE. DIREITO À NOMEAÇÃO. PRECEDENTES. 1. Apenas o candidato aprovado dentro do número de vagas ofertadas no edital do certame tem, em regra, direito público subjetivo à nomeação, conforme decidido no RE 598.099/MS, relator o Em. Ministro Gilmar Mendes, em julgamento com repercussão geral. 2. No entanto, o candidato originalmente excedente que, em razão da inaptidão de outros concorrentes mais bem classificados, ou de eventuais desistências, reclassifica- se e passa a figura nesse rol de vagas ofertadas, ostenta igualmente o direito à nomeação. Precedentes. 3. Recurso ordinário em mandado de segurança provido. (RMS 52.251/PR, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 05/09/2017, DJe 07/12/2017) A desistência de candidatos melhor classificados em concurso público convola a mera expectativa em direito líquido e certo, garantindo a nomeação dos candidatos que passarem a constar dentro do número de vagas previstas no edital. Inicialmente, é importante destacar que o Supremo Tribunal Federal, em julgamento submetido ao rito da repercussão geral (RE n. 837.311/PI), fixou orientação no sentido de que o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizadas por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Por outro lado, em relação àqueles candidatos aprovados dentro do número de vagas, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE n. 598.099/MS, também submetido à sistemática da repercussão geral, fixou orientação no sentido haver direito à nomeação. Após o julgamento do referido recurso extraordinário, a Corte Suprema, ao aplicar a tese aos casos concretos, firmou o entendimento de que havendo desistência de candidatos melhor classificados, fazendo com que os seguintes passem a constar dentro do número de vagas, a expectativa de direito se convola em direito líquido e certo, garantindo, assim, o direito à vaga disputada. Conclui-se, dessa forma, o alinhamento desta Corte Superior às balizas definidas pelo STF no já mencionado RE n. 598.099/MS, em que "para justificar o excepcionalíssimo não cumprimento do dever de nomeação por parte da Administração Pública, é necessário que a situação justificadora seja dotada das seguintes características: a) Superveniência: os eventuais fatos ensejadores de uma situação excepcional devem ser necessariamente posteriores à publicação do edital do CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 88 certame público; b) Imprevisibilidade: a situação deve ser determinada por circunstâncias extraordinárias, imprevisíveis à época da publicação do edital; c) Gravidade: os acontecimentos extraordinários e imprevisíveis devem ser extremamente graves, implicando onerosidade excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade de cumprimento efetivo das regras do edital; d) Necessidade: a solução drástica e excepcional de não cumprimento do dever de nomeação deve ser extremamente necessária, de forma que a Administração somente pode adotar tal medida quando absolutamente não existirem outros meios menos gravosos para lidar com a situação excepcional e imprevisível". Na hipótese, vale destacar que o ente da federação não se desincumbiu de comprovar nenhum desses aspectos, razão pela qual a vedação prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal não deve ser aplicada ao caso em exame. (RMS 53.506-DF, Rel. Min. Regina Helena Costa, por unanimidade, julgado em 26/09/2017, DJe 29/09/2017 - Informativo nº 612) SERVIDOR PÚBLICO. REMOÇÃO. RESISTÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TEORIA DO FATO CONSUMADO. INAPLICABILIDADE. A “teoria do fato consumado" não pode ser aplicada para consolidar remoção de servidor público destinada a acompanhamento de cônjuge, em hipótese que não se adequa à legalidade estrita, ainda que tal situação haja perdurado por vários anos em virtude de decisão liminar não confirmada por ocasião do julgamento de mérito. Em uma primeira linha, a teoria do fato consumado tem sido aplicada, no âmbito judicial, para as hipóteses em que, pela própria lei da natureza, não haveria como desfazer os acontecimentos decorrentes do ato viciado. Também tem sido reconhecida a incidência da teoria do fato consumado nas hipóteses em que a Administração permite, por vários anos, a permanência de situação contrária à legalidade estrita, atribuindo ares de legalidade a determinada circunstância, e, assim, fazendo crer que as pessoas agem de boa-fé, conforme o direito. Nessa perspectiva, a teoria do fato consumado guarda íntima relação com a convalidação dos atos administrativos, atualmente regulada pelo artigo 54 da Lei n. 9.784/99. Quanto aos comportamentos das partes ao longo do tempo, faz-se necessário, para que se tenha por aplicável a teoria do fato consumado, distinguir duas situações que podem ocorrer quando se pratica um ato equivocado. A primeira situação corresponde à hipótese em que um ato contrário à lei é praticado sem dolo e sem contestação, tendo vigência por anos a fio, e assim atribuindo à situação fática ares de legalidade, atraindo para si o valor da segurança jurídica. Há, nesses casos, de ser preservada a estabilidade das relações geradas pelo ato inválido, cuja regularidade manteve-se inconteste por anos, fazendo convalescer o vício que originalmente inquinava sua validade. Protege-se, com isso, a boa-fé e o princípio da confiança legítima do administrado, a ela associado. Situação diversa é aquela em que determinado ato é praticado sob contestação das pessoas envolvidas, que o reputam irregular e manifestam a existência de tal irregularidade nas vias adequadas, mas que, por causa da demora no transcurso do procedimento destinado à apuração da legalidade do ato, termina por gerar efeitos no mundo concreto. Nessa última hipótese, verificada ou confirmada a ilegalidade, sendo ainda possível, o ato deve ser desfeito, preservando-se apenas aquilo que, pela consolidação fática irreversível, não puder ser restituído ao status quo ante. Mesmo nesses casos, se ficar configurado prejuízo decorrente do fato irreversível, deve ser ressalvada à parte prejudicada o CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 89 direito de exigir perdas e danos. E, embora se reconheça o relevante valor social da família, cuja proteção encontra-se determinadapela própria Constituição Federal, o STF já assentou que o artigo 226 da Lei Fundamental não é motivo suficiente, por si só, para garantir ao servidor o direito a lotação na cidade em que possui vínculos afetivos. Por outro lado, a remoção de servidor fora das hipóteses legais termina por desbalancear o quadro de lotação dos órgãos públicos, retirando da Administração a discricionariedade que a lei lhe outorgou na distribuição de sua força de trabalho, segundo as reais necessidades do serviço público. A teoria do fato consumado não se presta, assim, para mitigar a interpretação do art. 36, III, "a", da Lei n. 8.112/90, assegurando ao servidor lotação para acompanhamento de cônjuge fora da estrita moldura normativa. Não se deve perder de vista que a teoria do fato consumado é de aplicação excepcional e deve ser adotada com cuidado e moderação, para que não sirva de mecanismo para premiar quem não tem direito pelo só fato da demora no julgamento definitivo da causa em que fora deferida uma decisão liminar, cuja duração deve ser provisória por natureza. Com essas considerações, tem-se por inaplicável a teoria do fato consumado para consolidar remoção destinada a acompanhamento de cônjuge, em situação que não se adéqua à legalidade estrita, mitigando a interpretação do artigo 36, III, "a", da Lei n. 8.112/90, ainda que tal situação haja perdurado por vários anos em virtude de decisão liminar não confirmada quando do julgamento de mérito. (EREsp 1.157.628-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 7/12/2016 - Informativo nº 598) PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO N. 3/STJ. EX-MEMBRO DA MAGISTRATURA. REINGRESSO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURÍDICO. NECESSIDADE DE APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO EM OBSERVÂNCIA AO TEXTO CONSTITUCIONAL E À LEI ORGÂNICA DA MAGISTRATURA NACIONAL. ORIENTAÇÃO VINCULANTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA NÃO PROVIDO. 1. A controvérsia colocada em discussão no presente caso diz respeito à possibilidade de o Tribunal de Justiça a quo, no exercício da função administrativa, declarar a inconstitucionalidade de norma prevista no Código de Organização Judiciária do Tribunal de Justiça do Mato Grosso que prevê a possibilidade de readmissão aos quadros da Magistratura de magistrado exonerado. 2. A orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal é no sentido da inexistência de direito adquirido a regime jurídico. No que tange à controvérsia colocada em discussão no caso em concreto, a Corte Suprema tem entendido que, após a promulgação da Constituição Federal de 1988, não remanesce ao servidor exonerado o direito de reingresso no cargo, tendo em vista que o atual ordenamento constitucional impõe a prévia aprovação em concurso público como condição para o provimento em cargo efetivo da Administração Pública. 3. O Conselho Nacional de Justiça, nos autos da consulta n. 0004482-93.2015.2.00.0000, expediu orientação normativa vinculante assentando a impossibilidade de formas de provimentos dos cargos relacionados à carreira da Magistratura que não estejam explicitamente previstas na Constituição Federal de 1988, nem na LOMAN. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 90 4. No caso em concreto, não há falar na existência de direito líquido e certo da parte ora Recorrente de fazer valer-se de norma prevista em legislação local que esteja em afronta aos dispositivos da Constituição Federal e da Lei Orgânica da Magistratura. 5. Não há óbice para que o Tribunal a quo, ainda que no exercício da função administrativa, lance mão da orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal aplicável à espécie para fundamentar sua decisão de negar o pedido de readmissão da Recorrente. Assim o fazendo, a Administração deu cumprimento à Constituição Federal, à Lei Orgânica da Magistratura Nacional, bem como à orientação normativa expedida pelo Conselho Nacional de Justiça. 6. Recurso ordinário em mandado de segurança não provido. (STJ. 2ª Turma. RMS 61.880-MT, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 03/03/2020 – Info 666) A exclusão do candidato, que concorre à vaga reservada em concurso público, pelo critério da heteroidentificação, seja pela constatação de fraude, seja pela aferição do fenótipo ou por qualquer outro fundamento, exige o franqueamento do contraditório e da ampla defesa. (STJ. 2ª Turma. RMS 62.040-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 17/12/2019 – Info 666). A Edição nº 154 da Jurisprudência em Teses do STJ trouxe um compilado dos importantes entendimentos da Corte sobre o PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR: 1) O controle judicial no processo administrativo disciplinar - PAD restringe-se ao exame da regularidade do procedimento e da legalidade do ato, à luz dos princípios do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, não sendo possível nenhuma incursão no mérito administrativo. AgInt no RMS 58438/RS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/06/2020, DJe 26/06/2020 2) Na via do mandado de segurança, é possível valorar a congruência entre a conduta apurada e a capitulação da pena de demissão aplicada no processo administrativo disciplinar. MS 17151/DF, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/02/2019, DJe 11/03/2019 3) O mandado de segurança não é a via adequada para o exame da suficiência do conjunto fático-probatório constante do processo administrativo disciplinar - PAD. MS 17807/DF, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/12/2019, DJe 13/12/2019 4) A Lei n. 8.112/1990 pode ser aplicada de modo supletivo aos procedimentos administrativos disciplinares estaduais, nas hipóteses em que existam lacunas nas leis CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 91 locais que regem os servidores públicos. RMS 60493/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/09/2019, DJe 11/10/2019 5) Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à Administração. (Súmula n. 611/STJ) MS 21084/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/10/2016, DJe 01/12/2016 6) Instaurado o competente processo administrativo disciplinar, fica superado o exame de eventuais irregularidades ocorridas durante a sindicância. MS 20994/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/05/2016, DJe 06/06/2016 7) A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar prescinde da exposição detalhada dos fatos a serem apurados. (Súmula n. 641/STJ) AgInt no RMS 60208/MS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/02/2020, DJe 20/02/2020 8) No PAD, a alteração da capitulação legal imputada ao acusado não enseja nulidade, uma vez que o indiciado se defende dos fatos nele descritos e não dos enquadramentos legais. MS 21773/DF, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/2019, DJe 28/10/2019 9) Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei n. 8.112/1990 iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do fato, interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido, sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar, e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção.(Súmula n. 635/STJ) MS 24672/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/06/2020, DJe 05/08/2020 10) A ausência de termo de compromisso de membro de comissão processante não implica nulidade do PAD, uma vez que tal designação decorre de lei e recai, necessariamente, sobre servidor público, cujos atos funcionais gozam de presunção de legitimidade e de veracidade. MS 12803/DF, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 09/04/2014, DJe 15/04/2014 11) É possível a substituição de membros da comissão processante, desde que respeitados, quanto aos membros designados, os requisitos insculpidos no art. 149 da Lei n. 8.112/1990. MS 21898/DF, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/05/2018, DJe 01/06/2018 CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 92 12) As alegações de imparcialidade e de suspeição de membro da comissão processante devem estar fundadas em provas, não bastando meras conjecturas ou suposições desprovidas de qualquer comprovação. MS 16611/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/12/2019, DJe 05/02/2020 13) A imparcialidade de membro de comissão não fica prejudicada tão somente por este compor mais de uma comissão processante instituída para apuração de fatos distintos que envolvam o mesmo servidor. MS 21773/DF, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/2019, DJe 28/10/2019 14) Declarações prestadas à mídia por autoridade pública, acerca de irregularidades cometidas por servidores públicos a ela subordinados, não ensejam, por si só, a nulidade do PAD. MS 18370/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/02/2017, DJe 01/08/2017 15) A simples oitiva de membro da comissão processante, da autoridade julgadora ou da autoridade instauradora como testemunha ou informante no bojo de outro processo administrativo ou até mesmo penal que envolva o investigado não enseja, por si só, o reconhecimento da quebra da imparcialidade. MS 22928/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/06/2018, DJe 19/06/2018 16) Na composição de comissão de processo administrativo disciplinar, é possível a designação de servidores lotados em órgão diverso daquele em que atua o servidor investigado, não existindo óbice nas legislações que disciplinam a apuração das infrações funcionais. MS 17796/DF, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/09/2019, DJe 19/11/2019 17) Em regra, a instauração de processo administrativo disciplinar contra servidor efetivo cedido dar-se-á no órgão em que tenha sido praticada a suposta irregularidade (cessionário), devendo o julgamento e a eventual aplicação de sanção ocorrer no órgão ao qual o servidor efetivo estiver vinculado (cedente). MS 17590/DF, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/12/2019, DJe 13/12/2019 18) Compete ao Ministro de Estado da Educação a instauração de procedimento administrativo disciplinar e a aplicação de penalidades previstas na Lei n. 8. 112/1990 contra servidor integrante do quadro de pessoal de Universidade Pública Federal, por força do disposto nos Decretos n. 3.035/1999 e n. 3.669/2000. MS 21669/DF, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/08/2017, DJe 09/10/2017 CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 93 19) A participação de membro do Ministério Público em conselho da polícia civil torna nulo o procedimento administrativo disciplinar instaurado para processar e para julgar servidor público estadual, por prática de ato infracional. AgInt no RMS 59598/PR, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/03/2020, DJe 26/03/2020 20) A convalidação de atos, determinada pelo Supremo Tribunal Federal - STF na ADPF n. 388, não alcança aqueles produzidos no âmbito de processo administrativo disciplinar declarado nulo em razão da participação de membro do Ministério Público em conselho da polícia civil estadual. AgInt no RMS 49869/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/12/2019, DJe 19/12/2019 21) O superintendente regional de Polícia Federal é competente para designar os membros de comissão permanente de disciplina, bem como para determinar a abertura de procedimento administrativo disciplinar no âmbito da respectiva superintendência. MS 14787/DF, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/02/2016, DJe 02/03/2016 22) A designação de comissão temporária para promover processo administrativo disciplinar é legítima, nos termos da Lei n. 8.112/1990, já que a existência de comissão permanente para a apuração de faltas funcionais só é exigida para os casos determinados em lei. MS 16927/DF, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/05/2017, DJe 15/05/2017 23) Os policiais rodoviários federais se sujeitam às disposições da Lei n. 8. 112/1990, que nada dispõe sobre a necessidade de ser permanente a comissão que conduz o processo administrativo disciplinar instaurado para apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas atribuições. MS 21787/DF, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/09/2019, DJe 16/09/2019 24) A designação de comissão temporária para promover processo administrativo disciplinar contra servidor policial federal viola os princípios do juiz natural e da legalidade, a teor da Lei n. 4.878/1965, que exige a condução do procedimento por comissão permanente de disciplina. MS 14576/DF, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/11/2018, DJe 01/02/2019 25) A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição. (Súmula Vinculante n. 5/STF) RMS 50365/PE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/08/2019, DJe 02/09/2019 CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 94 26) É permitida a prova emprestada no processo administrativo disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa. (Súmula n. 591/STJ) MS 25131/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/11/2019, DJe 08/05/2020 27) A decretação de nulidade no processo administrativo depende da demonstração do efetivo prejuízo para as partes, à luz do princípio pas de nullité sans grief. MS 24672/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/06/2020, DJe 05/08/2020 28) O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar só causa nulidade se houver demonstração de prejuízo à defesa. (Súmula n. 592/STJ) MS 24672/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/06/2020, DJe 05/08/2020 29) As instâncias administrativa e penal são independentes entre si, salvo quando reconhecida a inexistência do fato ou a negativa de autoria na esfera criminal. AgInt no RMS 62007/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/04/2020, DJe 27/04/2020 30) É possível haver discrepância entre a penalidade sugerida pela comissão disciplinar e a aplicada pela autoridade julgadora desde que a conclusão lançada no relatório final não guarde sintonia com as provas dos autos ea sanção imposta esteja devidamente motivada. MS 21773/DF, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/2019, DJe 28/10/2019 31) A Administração Pública, quando se depara com situação em que a conduta do investigado se amolda às hipóteses de demissão ou de cassação de aposentadoria, não dispõe de discricionariedade para aplicar pena menos gravosa por se tratar de ato vinculado. MS 17054/DF, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/12/2019, DJe 13/12/2019 32) Não há falar em ofensa ao princípio da proporcionalidade e da razoabilidade quando a única reprimenda prevista para a infração disciplinar apurada é a pena de demissão. MS 21937/DF, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/08/2019, DJe 23/10/2019 33) A autoridade administrativa pode aplicar a pena de demissão quando, em processo administrativo disciplinar, é apurada a prática de ato de improbidade por servidor público, tendo em vista a independência das instâncias civil, penal e administrativa. RMS 47351/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/06/2020, DJe 26/06/2020 CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 95 34) A Lei de Improbidade Administrativa (Lei n. 8.429/1992) não revogou, de forma tácita ou expressa, os dispositivos da Lei n. 8.112/1990, em relação aos processos administrativos disciplinares. AgRg nos EDcl no REsp 1459867/MA, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/10/2015, DJe 13/11/2015 35) É possível utilizar a Lei de Improbidade Administrativa (Lei n. 8.492/1992), em interpretação sistemática, para definir o tipo previsto no art. 132, IV, da Lei n. 8.112/1990 e justificar a aplicação de pena de demissão a servidor. MS 21937/DF, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/08/2019, DJe 23/10/2019 36) Na esfera administrativa, o proveito econômico auferido pelo servidor é irrelevante para a aplicação da penalidade no processo disciplinar, pois o ato de demissão é vinculado (art. 117 c/c art. 132 da Lei n. 8.112/1990), razão pela qual é despiciendo falar em razoabilidade ou proporcionalidade da pena. MS 18090/DF, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 21/05/2013 37) A demonstração do ânimo específico de abandonar o cargo público que ocupa (animus abandonandi) é necessária para tipificar conduta de servidor como prática de infração administrativa de abandono de cargo. MS 22566/DF, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/11/2019, DJe 29/11/2019 38) A pena de cassação de aposentadoria prevista nos art. 127, IV, e art. 134 da Lei n. 8.112/1990 é constitucional e legal, inobstante o caráter contributivo do regime previdenciário. MS 20968/DF, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/06/2020, DJe 29/06/2020 39) O fato de o acusado estar em licença para tratamento de saúde não impede a instauração de processo administrativo disciplinar, nem mesmo a aplicação de pena de demissão. MS 19451/DF, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/12/2016, DJe 02/02/2017 40) Em caso de inobservância de prazo razoável para a conclusão de processo administrativo disciplinar, não há falar em ilegalidade na concessão de aposentadoria ao servidor investigado. AgInt no AREsp 1348488/RJ, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/02/2020, DJe 19/02/2020 41) Quando o fato objeto da ação punitiva da administração também constituir crime, o prazo prescricional no âmbito administrativo disciplinar será regido pela pena cominada em abstrato (art. 109 do Código Penal - CP), enquanto não houver sentença penal condenatória, e pela pena aplicada em concreto, após o trânsito em julgado ou o não provimento do recurso da acusação (art. 110, § 1º, c/c art. 109 do CP). AgInt no CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 96 RMS 52268/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/10/2019, DJe 23/10/2019 42) O deferimento de provimento judicial que determine à autoridade administrativa que se abstenha de concluir procedimento administrativo disciplinar suspende o curso do prazo prescricional da pretensão punitiva administrativa. AgRg no RMS 48667/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/02/2016, DJe 20/05/2016 43) É possível o imediato cumprimento da penalidade aplicada na conclusão de processo administrativo disciplinar, uma vez que os recursos administrativos e os pedidos de reconsideração, em regra, não possuem efeito suspensivo automático. MS 21120/DF, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/02/2018, DJe 01/03/2018 44) É inadmissível segunda punição de servidor público, baseada no mesmo processo em que se fundou a primeira. (Súmula n. 19/STF) MS 20978/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/10/2016, DJe 01/12/2016 45) Reconhecida a nulidade de PAD pela existência de vício insanável, antes do seu julgamento, não há que se falar em reformatio in pejus quando a segunda comissão processante opina por penalidade mais gravosa. MS 18370/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/02/2017, DJe 01/08/2017 46) Meras alegações de que existe fato novo não têm o condão de abrir a via da revisão do processo administrativo disciplinar, sendo indispensável a comprovação da existência de fatos novos, desconhecidos ao tempo do PAD. MS 21065/DF, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/10/2018, DJe 22/10/2018 47) Da revisão do PAD não poderá resultar agravamento da sanção aplicada, em virtude da proibição do bis in idem e da reformatio in pejus. RMS 61317/MG, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/02/2020, DJe 20/02/2020 48) É cabível recurso administrativo hierárquico em face de decisão prolatada em Processo Administrativo Disciplinar - PAD. MS 17449/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/08/2019, DJe 01/10/2019 CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 97 3. QUESTÕES 1. Se os servidores estatutários de uma autarquia ambiental deflagrem greve e pararem de trabalhar. a) a greve será, de pronto, ilegal, visto que ainda não foi editada lei que regulamente a greve no serviço público. b) a greve poderá ser considerada legal se o Estado der causa à deflagração, assim como ocorreria no caso de servidores policiais civis. c) a administração poderá agir discricionariamente para escolher se desconta a remuneração dos servidores os dias parados. d) a greve poderá ser declarada legal, porém a administração pública deverá, em regra, descontar a remuneração dos servidores os dias parados. e) a administração pública será obrigada, caso haja requerimento de sindicato ou associação, a promover uma compensação pelas horas não trabalhadas, evitando o desconto na remuneração dos servidores. 2. A respeito das formas de provimento de cargo público, é correto afirmar que: a) reintegração é o reingresso do funcionário exonerado ou demitido, determinado exclusivamente por decisão judicial transitada em julgado, com ressarcimento do vencimento e das vantagens inerentesao período em que o servidor esteve afastado do exercício de suas atribuições. b) a readaptação de servidor em estágio probatório dependerá de prévia inspeção realizada por junta médica do órgão oficial competente, podendo ser definitiva ou provisória, mediante decisão devidamente fundamentada do superior hierárquico. c) transferência é ato de provimento de servidor em outro cargo de denominação e atribuições diversas, com retribuição equivalente, determinada de ofício pela autoridade administrativa a quem originariamente subordinado o servidor, por razões de interesse público. d) a readaptação por provimento em outro cargo poderá acarretar elevação de vencimento, se ocorrida em unidade administrativa diferente, consideradas a hierarquia e as funções do cargo, preservados os demais direitos e vantagens pessoais do servidor. e) aproveitamento é o retorno ao serviço público estadual do servidor colocado em disponibilidade, em cargo de natureza e vencimento compatíveis com os daquele anteriormente ocupado, precedido de inspeção médica quanto à sanidade física e mental do servidor. 3. De acordo com a Constituição Federal, é correto afirmar que: a) é vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do regime próprio de previdência ou do regime de previdência militar com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma da CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 98 Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração. b) o servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário que tenha completado as exigências para aposentadoria voluntária e opte por permanecer em atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária até completar as exigências para aposentadoria compulsória. c) aplica-se o regime próprio de previdência social ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público. d) incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo regime próprio de previdência social que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral, aplicando-se as mesmas alíquotas em vigor para os servidores ocupantes de cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração. e) os tempos de contribuição federal, estadual ou municipal para o regime próprio de previdência serão contados para efeito de aposentadoria e de disponibilidade do servidor público. 4. Tendo como referência as disposições da Lei Estadual n.º 6.745/1985, do estado de Santa Catarina, assinale a opção correta. a) o regime de trabalho dos servidores públicos do estado de Santa Catarina será, em regra, de quarenta e quatro horas semanais, ressalvada previsão específica na legislação de regência de determinada carreira. b) a equivalência de vencimentos e a manutenção da essência das atribuições do cargo são requisitos que devem ser observados para fins de redistribuição. c) readaptação implica em mudança de cargo e não tem prazo certo de duração, devendo ser observados os demais requisitos legais. d) o tempo de serviço público prestado à União, a estado, a município ou ao Distrito Federal é computado integralmente para efeito de aposentadoria do servidor, mas não para pagamento de adicional por tempo de serviço. e) O vencimento consiste na retribuição mensal paga ao servidor pelo exercício do cargo e corresponde ao valor da remuneração somado às vantagens pecuniárias. 5. Juan Mesquita é brasileiro naturalizado, tem 55 anos de idade e acaba de se aposentar. Antes da aposentadoria, ocupava emprego público de fisioterapeuta em Hospital Municipal. Candidatou-se em concurso público para o cargo efetivo de fiscal de rendas do Estado e foi aprovado. Sabe-se que dispõe da escolaridade exigida para o cargo, goza de boa saúde física e mental, está em dia com suas obrigações militares e eleitorais e em pleno gozo de seus direitos políticos. Considerando a situação descrita, é correto concluir que Juan: CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 99 a) não poderá tomar posse no cargo público, pois ultrapassou a idade máxima exigida para vincular-se ao regime próprio de previdência dos servidores públicos. b) poderá tomar posse no cargo público, desde que requeira a desaposentação em relação ao vínculo anterior. c) não poderá tomar posse no cargo público, pois se trata de cargo privativo de brasileiro nato. d) não poderá tomar posse no cargo público, pois a percepção da aposentadoria com os vencimentos do cargo implica acúmulo vedado pela Constituição Federal. e) poderá tomar posse no cargo público, pois não há nenhum impedimento para tanto. 6. A Lei de Responsabilidade Fiscal − Lei Complementar no 101/2000 − impõe, em seu artigo 22, uma série de medidas restritivas para os Poderes e órgãos que ultrapassarem o chamado “limite prudencial”, correspondente a 95% dos limites máximos de despesas de pessoal, constantes dos artigos 19 e 20 do mesmo diploma, calculados em percentuais da receita corrente líquida dos respectivos entes políticos. Ainda que atingido o limite prudencial, será permitido promover: a) o provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal para reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores de quaisquer áreas da administração pública. b) a criação de cargo, emprego ou função pública nas áreas de saúde e educação. c) a alteração de estrutura de carreira, ainda que implique aumento de despesa. d) a revisão geral anual da remuneração e do subsídio dos agentes públicos. e) a contratação de hora extra, desde que devidamente justificada a necessidade pelo gestor público. 7. Lei Municipal prevê a concessão de auxílio-alimentação aos servidores mensalmente, em parcela destacada, sem incidência de contribuição previdenciária, incorporando-o definitivamente após 12 meses. Estabelece, ainda, que o valor pago a título de auxílio-alimentação integrará a base de cálculo para efeitos de pagamento de 13º salário e férias. Questionada a constitucionalidade e a extensão da norma, é correto afirmar que: a) o auxílio-alimentação ostenta caráter indenizatório e é devido apenas durante o exercício funcional, não pode ser estendido a inativos e pensionistas, nem ser incorporado, mas a incidência proporcional sobre 13º salário e férias, direito constitucionalmente assegurado, legitima-se, com base na expressa previsão orçamentária. b) o Município goza de total liberdade na organização do seu pessoal, impondo-se, sob pena de violação aos princípios federativos e da separação dos poderes, prestigiar a legislação editada sem vício de iniciativa e aprovada em regular processo legislativo. c) o auxílio alimentação, nos termos em que instituído, perdeu a natureza indenizatória e deve ser estendido a inativos e pensionistas. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 100 d) se trata de verba indenizatória, o que não permite sua incorporação à remuneração ou integração à base de cálculo para efeito de 13º salário e férias. 8. Diante de uma arguição de inconstitucionalidadede Lei Municipal que trata de contratação temporária de servi- dores, por burla ao princípio da obrigatoriedade do concurso público, é forçoso concluir que: a) não é possível admissão de servidores sem concurso público, na medida em que o artigo 37, inciso II, da Constituição Federal impõe essa forma de seleção para atendimento aos princípios da eficiência, da impessoalidade e da moralidade administrativa. b) as contratações temporárias, quando excepcionalmente admitidas, não podem ser prorrogadas. c) as regras que admitem a contratação sem concurso público devem ser interpretadas restritivamente, impondo previsão em lei, interesse público excepcional e necessidade indispensável. d) quando admitidos servidores em caráter temporário, fora das hipóteses estritas em que permitido pela Constituição, é cabível ação de improbidade, com determinação de devolução das quantias pagas, sem prejuízo das demais penalidades. 9. Lei Municipal concede direito a décimo terceiro salário e terço constitucional de férias a vereadores, sofrendo arguição incidental de inconstitucionalidade em ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público, diante da aprovação, por eles próprios, da concessão do direito. Diante desse impasse, é certo concluir: a) não há inconstitucionalidade porque as verbas em questão não integram os subsídios, tanto que a lei municipal estabeleceu em favor dos agentes públicos para evitar esvaziamento de garantias asseguradas constitucionalmente a todos os trabalhadores. b) a questão não poderia ter sido deduzida em ação de improbidade administrativa, mas apenas em sede de ação direta de inconstitucionalidade, considerando a presunção de legitimidade das normas editadas for- malmente pelo Poder Legislativo e a necessária vinculação dos atos administrativos a elas estatuídos. c) o regime de subsídio é incompatível com outras par- celas remuneratórias. d) a questão deve ser objeto de apreciação incidental da inconstitucionalidade por parte da Câmara para a qual foi distribuída a apelação, avaliando a imputada inconstitucionalidade porque parte dos fundamentos da ação de improbidade administrativa. 10. Maria foi aprovada em concurso público para o cargo efetivo de analista processual do Estado Delta e classificada em quinto lugar. O edital do concurso ofereceu apenas quatro vagas, não obstante houvesse dez cargos efetivos vagos. O resultado final do concurso foi regularmente homologado e, durante o seu prazo de validade, que não foi prorrogado e acaba na próxima semana, o Estado Delta convocou e nomeou os quatro primeiros classificados. Maria logrou obter CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 101 informações e documentos que comprovam, de forma cabal, que o Estado Delta recentemente nomeou, sem prévio concurso público, para cargo em comissão, três pessoas para exercerem exatamente as mesmas funções afetas ao cargo de analista processual, de necessidade permanente para o Estado, sendo que, para desempenho da mesma função, há ainda servidores temporários com prorrogações sucessivas de seus contratos de trabalho. Assim, Maria impetrou mandado de segurança, pleiteando sua convocação, nomeação e posse. Consoante a atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a ordem deve ser: a) denegada, pois apenas convertem a mera expectativa de direito em direito subjetivo à nomeação os candidatos aprovados dentro do número de vagas oferecidas no edital do concurso público; b) denegada, pois apenas possuem direito subjetivo à nomeação os candidatos aprovados dentro do número de vagas e os que forem preteridos pela administração pública por burla à ordem de classificação; c) denegada, pois apenas possuem direito subjetivo à nomeação os candidatos aprovados dentro do número de vagas e aqueles que forem preteridos na ordem de classificação, bem como se houver abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior; d) concedida, pois Maria passou a ter direito subjetivo à nomeação, na medida em que surgiram novas vagas durante o prazo de validade do certame, o que gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital do concurso anterior; e) concedida, pois Maria passou a ter direito subjetivo à nomeação, na medida em que foi preterida de forma arbitrária e imotivada por parte da administração pública, em comportamento expresso que revela a inequívoca necessidade de sua nomeação. 11. Acerca do provimento de cargo efetivo, assinale a afirmativa correta. a) A remoção de servidor público para cargo diverso, também efetivo, configura provimento do novo cargo. b) A reestruturação de cargos, com extinção do cargo ocupado, acarreta o provimento automático do novo cargo, ainda que com atribuições diversas. c) A permanência no cargo efetivo por nomeação pode acarretar a efetividade, por decurso do tempo. d) Se dá por concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecida a ordem de classificação do certame. 12. Sobre a remuneração do servidor público, analise as afirmativas a seguir. I. As gratificações recebidas pelo servidor público, ainda que a título transitório, se incorporam à remuneração e não podem ser suprimidas, pois fazem parte da remuneração. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 102 II. As modificações do regime jurídico alteram a remuneração do servidor público, mas o valor recebido deve ser mantido, em razão do princípio da irredutibilidade da remuneração. III. Os subsídios dos agentes políticos são pagos de uma só vez, não se admitindo o pagamento do 13º (décimo terceiro) salário. IV. Somente poderá ser fixada ou alterada por lei específica, observada a iniciativa privativa. Está correto o que se afirma em: a) I, II e III, somente. b) I e II, somente. c) I, II, III e IV. d) II e IV, somente. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 103 4. GABARITO COMENTADO 1. D O direito de greve dos servidores públicos está previsto no art. 37, VII, da Constituição Federal e, muito embora, ainda não se encontre devidamente regulamentado por lei específica, conforme comando constitucional (norma de eficácia limitada), seu exercício é legal, observado o regramento aplicável aos empregados privados (MI 670/ES). O entendimento acima, no entanto, não abrange os policiais civis e todos os servidores públicos que atuem diretamente na área da segurança pública, aos quais, de acordo com recente decisão do STF (Info 860), é vedado o exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade. Acerca dos descontos dos dias de paralisação dos servidores públicos, recentemente o STF fixou a seguinte tese de repercussão geral: “A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público” (RE nº 693.456, j. em 27/10/2016). 2. E Embora a questão cobre disposições do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro (Decreto-Lei nº 220/1975) e seu respectivo Regulamento (Decreto Estadual nº 2.479/1979 – Regulamento do Estatutodos Funcionários Públicos Civis do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro), a questão pode tranquilamente ser respondida com o conhecimento geral do regime jurídico dos servidores públicos. (A) INCORRETA. De acordo com o art. 5º do referido DL, “Invalidada a demissão do funcionário, será ele reintegrado e ressarcido”. Nessa mesma toada, o § 2º do art. 41 da CF/88 dispõe que “Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço”. Não se fala em reintegração em caso de exoneração, portanto. (B) INCORRETA. Segundo o § 13 do art. 39 da CF/88, “O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser readaptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de origem”. Nessa mesma linha, o art. 7º do DL prevê que “O funcionário estável fisicamente incapacitado para o pleno exercício do cargo poderá ser ajustado em outro de vencimento equivalente e compatível com suas aptidões e qualificações profissionais”. Em sintonia, o art. 49 do mencionado Regulamento estabelece que “O funcionário estável poderá ser readaptado ex-officio ou a pedido em função mais compatível, por motivo de saúde ou incapacidade física”. Vê-se, portanto, CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 104 que somente o servidor estável tem direito à readaptação. Gravem o seguinte: reintegração, readaptação e disponibilidade somente são possíveis para servidores estáveis. (C) INCORRETA. Os arts. 59-60 do Regulamento consigna que a “Transferência, quando não se trata da definida no Art.4º do Decreto-lei n.º 220, de 18-07-75, e no inciso IV, alínea c, do Art.14 do Decreto-lei n.º 408, de 02-02- 79, é o ato de simples investidura do funcionário em outro cargo de denominação diversa e de retribuição equivalente”, sendo que ela “se fará à vista de comprovação competitiva de habilitação dos interessados para o exercício do novo cargo”, não ocorrendo, pois, de ofício. Registre- se, todavia, o teor da Súmula Vinculante nº 43: “É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.”. Eis a ementa do precedente representativo: Ação direta de inconstitucionalidade. Ascensão ou acesso, transferência e aproveitamento no tocante a cargos ou empregos públicos. O critério do mérito aferível por concurso público de provas ou de provas e títulos é, no atual sistema constitucional, ressalvados os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração, indispensável para cargo ou emprego público isolado ou em carreira. Para o isolado, em qualquer hipótese; para o em carreira, para o ingresso nela, que só se fará na classe inicial e pelo concurso público de provas ou de provas e títulos, não o sendo, porém, para os cargos subsequentes que nela se escalonam até o final dela, pois, para estes, a investidura se fará pela forma de provimento que é a “promoção”. Estão, pois, banidas das formas de investidura admitidas pela CF/1988 a ascensão e a transferência, que são formas de ingresso em carreira diversa daquela para a qual o servidor público ingressou por concurso e que não são, por isso mesmo, ínsitas ao sistema de provimento em carreira, ao contrário do que sucede com a promoção, sem a qual obviamente não haverá carreira, mas, sim, uma sucessão ascendente de cargos isolados. O inciso II do art. 37 da CF/1988 também não permite o “aproveitamento”, uma vez que, nesse caso, há igualmente o ingresso em outra carreira sem o concurso exigido pelo mencionado dispositivo. [ADI 231, rel. min. Moreira Alves, P, j. 5-8-1992, DJ de 13-11-1992.] (D) INCORRETA. Conforme prevê o § 2º do art. 50 do aludido Regulamento, a readaptação não acarretará descenso nem elevação de vencimento. (E) CORRETA. Segundo o art. 6º do referido DL, “O funcionário em disponibilidade poderá ser aproveitado em cargo de natureza e vencimento compatíveis com os do anteriormente ocupado”. Nessa mesma toada, os arts, 45-46 do Regulamento prescrevem que: Art. 45 - Aproveitamento é o retorno ao serviço público estadual do funcionário colocado em disponibilidade. Art. 46 - O funcionário em disponibilidade poderá ser aproveitado em cargo de natureza e vencimento compatíveis com os do anteriormente ocupado. § 1º- Restabelecido o cargo, ainda que modificada sua denominação, poderá nele ser aproveitado o funcionário posto em disponibilidade quando da sua extinção. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 105 § 2º- O aproveitamento dependerá de prova de sanidade físico-mental verificada mediante inspeção médica. 3. A (A) CORRETA. Artigo 37, § 10, da Constituição: § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração. (B) INCORRETA. O STF decidiu no julgamento do RE 786540, em repercussão geral, que apenas servidor titular de cargo de provimento efetivo se submete à aposentadoria compulsória, não incidindo a regra sobre titulares de cargos comissionados: 1 - Os servidores ocupantes de cargo exclusivamente em comissão não se submetem à regra da aposentadoria compulsória prevista no artigo 40, parágrafo 1º, inciso II, da Constituição Federal, a qual atinge apenas os ocupantes de cargo de provimento efetivo, inexistindo também qualquer idade limite para fins de nomeação a cargo em comissão. 2 - Ressalvados impedimentos de ordem infraconstitucional, não há óbice constitucional a que o servidor efetivo aposentado compulsoriamente permaneça no cargo comissionado que já desempenhava ou a que seja nomeado para cargo de livre nomeação e exoneração, uma vez que não se trata de continuidade ou criação de vínculo efetivo com a Administração. (C) INCORRETA. Art. 40, § 13, da Constituição: § 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o regime geral de previdência social. (D) INCORRETA. Art. 40, § 18, da Constituição: § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. (E) INCORRETA. Art. 40, § 9, da Constituição: § 9º. O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade. 4. B Embora a questão tenha cobrado a literalidade da Lei Estadual nº 6.745/1985 – Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado de Santa Catarina, a questão podia ter sido respondida tranquilamente com o material que disponibilizamos, já que, em geral, cobrounoções genéricas dos servidores públicos ou que possuem a mesma disciplina na legislação federal. Vejamos: (A) INCORRETA. Trata-se do caput do art. 23 da Lei Estadual. O erro da questão é até intuitivo, eis que, salvo casos excepcionais, as repartições públicas não funcionam nos CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 106 finais de semana, razão pela qual, sendo comum a jornada máxima diária de 08 (oito) horas, se chega a 40 (quarenta) horas semanais, e não 44 (quarenta e quatro): Art. 23. O regime de trabalho dos funcionários públicos do Estado, sendo omissa a especificação de cargo, é de 40 (quarenta) horas semanais, cumpridas em dias e horários próprios, observada a regulamentação específica. (B) CORRETA. A redistribuição vem prevista no art. 32 da Lei Catarinense. Igualmente à anterior, é possível analisar a assertiva segundo princípios administrativos, considerando-se que o acesso a cargos públicos se dá obrigatoriamente por concurso público, conforme exigência do art. 37, II, da CF/88, que impede a ocorrência de transposições, migrações, equiparações ou reenquadramentos de servidores públicos, esbarrando no comando peremptório da Súmula Vinculante nº 43, segundo a qual “É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido”. Nesse trilhar, a redistribuição somente se legitima à luz da Lei Maior Brasileira se mantiver a essência das atribuições do cargo. Confira-se, de todo modo, a dicção do art. 32 da Lei Estadual: Art. 32. Redistribuição é o deslocamento motivado de cargo de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão central de pessoal, observados os seguintes requisitos: I - interesse da Administração; II - equivalência de vencimentos; III - manutenção da essência das atribuições do cargo; IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade das atividades; V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação profissional; e VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalidades institucionais do órgão ou entidade. (NR) (Redação do art. 32 dada pela Lei Complementar 210, de 2001) (C) INCORRETA. A readaptação é a investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com limitação à sua capacidade física ou mental posterior à nomeação, devendo ser efetivada em cargo de atribuições afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equivalência de vencimentos (arts. 25-27 da Lei Federal nº 8.212/90). Embora a questão tenha cobrado a dicção da Lei Estadual, a lógica é a mesma da federal, com destaque para a asserção expressa da Lei Catarinense no sentido de que a readaptação não implica mudança de cargo. Embora a Lei Federal pareça indicar que, com a readaptação, o servidor passa a ocupar outro cargo público, não é isso que realmente ocorre, afinal de contas, como visto, o acesso a cargo público somente se fará por meio de concurso público. Na verdade, o readaptando continua ocupante do cargo para o qual fez concurso, foi nomeado e tomou posse, apenas sendo designado para o exercício de funções típicas de outro cargo que se mostrem compatíveis com sua limitação física/mental posterior à nomeação. Vejamos o teor dos arts. 35-36 da Lei Estadual: Art. 35. Dar-se-á a readaptação funcional quando, não sendo possível a transferência, ocorrer modificação do estado físico ou das condições de saúde do funcionário, que CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 107 aconselhe o seu aproveitamento em atribuições diferentes, compatíveis com a sua condição funcional (art. 71). § 1º A readaptação não implica em mudança de cargo e terá prazo certo de duração, conforme recomendação do órgão médico oficial. § 2º Expirado o prazo de que trata o parágrafo anterior e se o funcionário não tiver readquirido as condições normais de saúde, a readaptação será prorrogada. Art. 36. A readaptação não acarretará decesso nem aumento de remuneração. (D) INCORRETA. Aqui, realmente, era necessário algum conhecimento da disciplina do adicional por tempo de serviço nas diversas legislações estaduais [em geral, ele considera todo o período que o servidor atuou no serviço público; em certos casos, como ocorre no Estado de São Paulo, considera-se até o período de inscrição na categoria profissional própria do cargo, a exemplo da PGE/SP, em que os Procuradores do Estado têm contabilizados o tempo de filiação à OAB, inclusive enquanto estagiários]. Vejamos a disciplina da Lei do Estado do Paraná: Art. 42. O tempo de serviço público prestado à União, Estados, Municípios, Distrito Federal, Territórios e seus órgãos de Administração Indireta e Fundações, bem como o tempo de exercício de mandato eletivo, é computado integralmente para efeito de aposentadoria, disponibilidade e adicional por tempo de serviço. § 1º Para efeito deste artigo, considera-se exclusivamente o tempo de exercício junto às entidades mencionadas, vedados quaisquer acréscimos não computáveis para todos os efeitos na legislação estadual. § 2º Vetado. § 2º Para efeito de Licença-Prêmio, considerar-se-á o tempo de serviço prestado ao Estado em suas Fundações, Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista e Autarquias. (NR) (Redação do § 2º dada pela Lei 6.800, de 1986). Art. 43. Considera-se tempo de serviço público estadual, para todos os efeitos legais, o tempo de exercício em cargo, emprego ou função pública do Estado de Santa Catarina e suas autarquias e, ainda, com as ressalvas desta Lei, os períodos de férias; licenças remuneradas; júri e outras obrigações legais; faltas justificadas, afastamentos legalmente autorizados, sem perda de direitos ou suspensão do exercício, ou decorrentes de prisão ou suspensão preventivas e demais processos, cujos delitos e conseqüências não sejam afinal confirmados. § 1º É computado, exclusivamente, para fins de aposentadoria e disponibilidade, observado o disposto no § 1º, do art. 42, desta Lei: I - o tempo de serviço prestado à instituição de caráter privado, que tenha sido transformado em estabelecimento público; II - o tempo em que o funcionário esteve em disponibilidade ou aposentado; III – em dobro, o período relativo à licença-prêmio obtida no exercício de cargo público estadual e não gozada. (Redação do inciso III revogada pela Lei Complementar 36, de 1991) § 2º Para efeito de aposentadoria, em todas as suas modalidades, é computado o tempo de serviço prestado em atividades de natureza privada, desde que o funcionário tenha completado 10 (dez) anos de serviço público estadual. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 108 Art. 44. É vedada a contagem de tempo de serviço prestado concorrente ou simultaneamente em cargos e empregos exercidos em regime de acumulação ou em atividade privada. Art. 45. O tempo de serviço público estadual verificado à vista dos elementos comprobatórios de freqüência, observado o disposto no art. 43, será apurado em dias e estes convertidos em ano, considerado o ano como de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias. Art. 46. A comprovação do tempo de serviço, para efeito de averbação, nos termos do art. 42, desta Lei, será procedidamediante certidão, com os seguintes requisitos: I - a expedição por órgão competente e visto da autoridade responsável pelo mesmo; II - a declaração de que os elementos da certidão foram extraídos de documentação existente na respectiva entidade, anexando cópia dos atos de admissão e dispensa; III - a discriminação do cargo, emprego ou função exercidos e a natureza do seu provimento; IV - a indicação das datas de início e término do exercício; V - a conversão em ano dos dias de efetivo exercício, na base de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias por ano; VI - o registro de faltas, licenças, penalidades sofridas e outras notas constantes do assentamento individual; VII - o esclarecimento de que o funcionário está ou não desvinculado da entidade que certificar. § 1º Será admitida a justificação judicial como prova do tempo de serviço tão somente em caráter subsidiário ou complementar, com começo razoável de prova material da época e desde que evidenciada a impossibilidade de atendimento dos requisitos deste artigo. § 2º A contagem e a comprovação do tempo de serviço na atividade privada, obedecerão às normas estabelecidas na legislação federal própria. (E) INCORRETA. O sistema remuneratório dos agentes públicos abrange os conceitos de vencimentos, salários e subsídio. a) Vencimentos: é o somatório do vencimento básico ou simplesmente “vencimento” (parte fixa delimitada em lei) com as vantagens pecuniárias de caráter permanente previstas em lei (adicionais e gratificações). Aplica-se aos servidores estatutários em geral; b) Salário: contraprestação pecuniária pelos serviços prestados no âmbito da relação de emprego (celetista). Aplica-se aos empregados públicos; c) Subsídio: remuneração fixada em parcela única, vedado o acréscimo de outras vantagens pecuniárias (gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação, etc.). O regime é obrigatório para algumas carreiras delimitadas na Constituição e de adoção facultativa para os agentes organizados em carreira (escalonamento hierarquizado de cargos). Devem adotar obrigatoriamente o regime de subsídio: - Membro de Poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais (art. 39, §4º, da CF/88); CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 109 - Membros dos Tribunais de Contas (art. 73, §3º, da CF/88); - Membros do Ministério Público (art. 128, §5º, da CF/88); - Membros da Advocacia Pública (art. 135 da CF/88); - Defensores Públicos (art. 135 da CF/88); - Carreiras Policiais (art. 144, §9º da CF/88). Nos termos do art. 39, § 3º, da CF/88, e do Enunciado nº 16 da Súmula do STF, a remuneração dos agentes públicos não poderá ser inferior ao salário mínimo. CONTUDO, o que não pode ser inferior ao salário mínimo é o conjunto da remuneração, e não propriamente o vencimento base. Nesse sentido, é possível que algum servidor público tenha “vencimento” abaixo do mínimo salarial, desde que a sua remuneração total supere o referido valor. 5. E (A) INCORRETA. A aposentadoria compulsória no RPPS (idade máxima para o serviço público) se dá com 75 (setenta e cinco) anos de idade, conforme prevê o art. 40, § 1º, II, da CF/88, c/c o art. 152/2015 Art. 40, § 1º, CF - § 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) [...] II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 88, de 2015) (B) INCORRETA. Não há mais vínculo funcional anterior, eis que o servidor se encontra aposentado. Além disso, a desaposentação não é possível, conforme entendimento do STF (RE 381367, RE 827833 e RE 661256, Rel. para acórdão Min. Dias Toffoli, julgados em 26/10/2016 (repercussão geral).) (C) INCORRETA. Os cargos de brasileiro nato são apenas aqueles do art. 12, § 3º, CF/88: § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas; VII - de Ministro de Estado da Defesa. (Inciso acrescido pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) (D) INCORRETA. O art. 37, caput, da CF/88, veda a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, quando se tratar de dois cargos de professor, um de professor e outro técnico ou científico, e dois cargos ou empregos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. Ademais, o art. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 110 40, § 6º, da CF/88, proíbe, ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis, a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do RPPS. No caso, o Juan cumularia uma aposentadoria pelo RPPS com um cargo público, não incidindo em nenhuma das hipóteses defesas pela Constituição. (E) CORRETA. Vide comentários anteriores. 6. D (A) INCORRETA. Art. 22, parágrafo único, IV, da LRF: Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso: IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança (B) INCORRETA. Art. 22, parágrafo único, IV, da LRF: Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso: II - criação de cargo, emprego ou função (C) INCORRETA. Art. 22, parágrafo único, III, da LRF: Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso: III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa (D) CORRETA. Art. 22, parágrafo único, III, da LRF: Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso: I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição (revisão geral anual) (E) INCORRETA. Art. 22, parágrafo único, V, da LRF: Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso: V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição e as situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias. 7. D CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 111 O auxílio alimentação tem caráter transitório e indenizatório e, portanto, não integra o vencimento, a remuneração ou o salário, não sendo computado paraefeitos de quaisquer vantagens que um servidor perceba ou venha a perceber. Além disso, uma vez que o auxílio alimentação visa a subsidiar as despesas relativas à alimentação do servidor em atividade, é vedada sua extensão aos pensionistas ou inativos, a teor dos Enunciados nº s 680 e 55 da Súmula do STF: “o direito ao auxílio- alimentação não se estende aos servidores inativos”. 8. C (A) INCORRETA. A Constituição Federal traz em seu art. 37, inciso II, o princípio do concurso público como requisito para o provimento de cargos públicos, admitindo, no entanto, algumas exceções, quis sejam: (i) cargos em comissão (art. 37, II, CF); (ii) servidores temporários (art. 37, IX); (iii) cargos eletivos; (iv) ex-combatentes (art. 53, I, ADCT); e (v) agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias (art. 198, §4º, CF). (B) INCORRETA. A Lei Federal 8.47593 estabelece que a contratação de servidores temporários serão realizadas por prazos determinados, apontando os prazos máximos que deverão ser observados, admitindo, no entanto, a prorrogação dos contratos em hipóteses lá especificadas, por exemplo: - admissão de professor substituto e professor visitante; - atividades de identificação e demarcação territorial; atividades finalísticas do Hospital das Forças Armadas; - atividades de vigilância e inspeção, relacionadas à defesa agropecuária, no âmbito do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, para atendimento de situações emergenciais ligadas ao comércio internacional de produtos de origem animal ou vegetal ou de iminente risco à saúde animal, vegetal ou humana; - admissão de professor para suprir demandas decorrentes da expansão das instituições federais de ensino; - atividades de pesquisa e desenvolvimento de produtos destinados à segurança de sistemas de informações, sob responsabilidade do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para a Segurança das Comunicações – CEPESC; e - realização de recenseamentos e outras pesquisas de natureza estatística efetuadas pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (C) CORRETA. A exceção prevista no art. 37, IX, deve ser interpretada restritivamente, cabendo ao legislador infraconstitucional a observância dos requisitos da reserva legal, da atualidade do excepcional interesse público justificador da contratação temporária e da temporariedade e precariedade dos vínculos contratuais. (D) INCORRETA. De fato, contratação de servidores temporários, fora das hipóteses admitidas na Carta Magna, implica a contratação irregular de servidores públicos e a consequente violação do princípio do concurso público, configurando, portanto, ato de improbidade administrativa por violação aos princípios da legalidade, impessoalidade e lealdade às instituições [entendimento que poderá ser alterado com as alterações promovidas na LIA]. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 112 Ocorre que não haverá restituição dos valores pagos aos servidores durante o período em que prestaram serviço para a Administração Pública, sob pena de enriquecimento ilícito da Administração. Seria considerada a devolução de valores recebidos, mesmo que de forma irregular pelo servidor público, como uma verdadeira ilegalidade e arbitrariedade, por ter sido recebida como uma contraprestação pecuniária pelo trabalho/função exercida em prol do serviço público. Ou seja, o recebimento de remuneração como uma contraprestação pecuniária é inalienável e pertence ao patrimônio jurídico de quem foi destinatário do mesmo. 9. A O STF decidiu que o art. 39, § 4º, da Constituição Federal, não é incompatível com o pagamento de terço de férias e décimo terceiro salário (Tema 484 da Repercussão Geral), isto porque o regime de subsídio é incompatível com outras parcelas remuneratórias de natureza mensal, o que não é o caso do décimo terceiro salário e do terço constitucional de férias, pagos a todos os trabalhadores e servidores com periodicidade anual. No entanto, a obrigação de pagamento de tais verbas depende de previsão em legislação municipal. (STF. 1ª Turma. Rcl 32483 AgR/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 3/9/2019 – Info 950). 10. E Segundo o STF (RE 837.311/PI, repercussão geral): O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital. Ficam ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da Administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses: a) quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital; b) quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação; e c) quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da Administração nos termos acima. Como exemplos da hipótese “c” (“preterição arbitrária e imotivada por parte da Administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame”) são frequentemente reconhecidas pelo Judiciário justamente as situações narradas na questão, de nomeações para cargos em comissão com funções idênticas ou assemelhadas e de nomeações ou prorrogações sucessivas de contratos de servidores temporários com funções idênticas ou assemelhadas. Nesses casos, estaria cabalmente demonstrada a necessidade da Administração de nomear os aprovados em concurso público fora do número de vagas do edital. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 113 Por fim, a título de curiosidade, entendeu o STJ em 2018 que, ainda que não haja preterição arbitrária ou imotivada do candidato aprovado fora do número de vagas do edital, haverá direito à nomeação se houver: surgimento de novas vagas + comprovação da necessidade do provimento + inexistência de restrição orçamentária (STJ, 1ª Seção, MS 22.813/DF, j. em 13/06/2018 – Info 630). 11. D A) INCORRETA. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede e não constitui hipótese de provimento. De acordo com o art. 8º da Lei nº 8.112/90, são formas de provimento de cargo público: a nomeação; promoção; readaptação; reversão; aproveitamento; reintegração; e recondução. B) INCORRETA. O STF não admite a aplicação da chamada “teoria do fato consumado” para consolidar nomeações a cargos públicos feitas ao arrepio do Direito. Segundo o Supremo, o decurso do tempo não possui o condão de assegurar a permanência no cargo público, não ensejando estabilidade ou efetividade (RE 608.482/RN). Por oportuno, destaque-se a diferença entre esses dois conceitos, conforme didático julgado do STF: a estabilidade é o direito de permanência no serviço público no cargo em que fora admitido, sendo impossível sua demissão fora das hipóteses constitucionais, existindo de forma excepcional para quem atender aos requisitos do art. 19 do ADCT; por outro lado, a efetividade somente é adquirida por concurso público, incorporando o servidor à carreira, com direito aosbenefícios privativos de seus integrantes e à progressão funcional, inclusive com filiação ao RPPS (ADI 114 e ARE 1.069.876 AgR). C) INCORRETA. Nos termos do art. 37, no caso de extinção de cargo público, o servidor será redistribuído para outro cargo de provimento efetivo que deverá, entre outros requisitos, possuir a mesma essência das atribuições do cargo. Caso o servidor estável não seja redistribuído, será colocado em disponibilidade até seu aproveitamento. D) CORRETA. Art. 37, inciso II, da CF88: “a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração”. 12. D (I) INCORRETA. Art. 39, § 9º, CF/88 (incluído pela EC nº 103/2019): “é vedada a incorporação de vantagens de caráter temporário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo.”. (II) CORRETA. Art. 37, XV, CF/88: “o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2.”. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 114 (III) INCORRETA. Conforme entendimento do STF (RE nº 650.898 – Tema 484), “o artigo 39, parágrafo 4.º, da Constituição Federal não é incompatível com o pagamento de terço de férias e décimo terceiro salário...”. (IV) CORRETA. Art. 37, caput, X, CF/88: “a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices.”