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Catalogação na publicação: Suelen Spíndola Bilhar – CRB 10/2269 B419a Behnke, Robert S. Anatomia do movimento [recurso eletrônico] / Robert S. Behnke ; tradução: Maiza Ritomy Ide ; revisão técnica: Antonio Alberto Fernandes. – 3. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2014. Editado também como livro impresso em 2014. ISBN 978-85-8271-079-1 1. Exercícios físicos – Anatomia. 2. Movimento – Anatomia. I. Título. CDU 796:591.4 Behnke_iniciais_3ed_eletronica.indd iiBehnke_iniciais_3ed_eletronica.indd ii 24/04/14 15:0224/04/14 15:02 64 Robert S. Behnke superior do tubérculo menor do úmero e a bor- da superior da cavidade glenoidal da escápula. O ligamento glenoumeral médio corre en- tre a superfície anterior do tubérculo menor do úmero e a borda anterior da cavidade glenoidal da escápula. O ligamento glenoumeral in- ferior corre entre a superfície inferior anterior do tubérculo menor do úmero e a borda inferior anterior da cavidade glenoidal da escápula. O ligamento coracoumeral corre entre o colo anatômico do úmero, próximo do tubérculo maior, e a face lateral do processo coracoide da escápula. Outros ligamentos do ombro Além dos ligamentos da articulação do ombro e da cintura escapular, outros ligamentos do om- bro incluem aqueles específicos da escápula e do úmero. Ligamentos da escápula Embora normalmente se imagine os ligamentos como estruturas que conectam ossos formando articulações, alguns vão de um aspecto de um osso a outro aspecto do mesmo osso, desempe- nhando outra função que não a formação de articulações. Quatro desses ligamentos são proe- minentes na escápula (Fig. 3.17). O ligamen- to transverso superior da escápula cruza a incisura da escápula, convertendo a incisura em um forame pelo qual passa o nervo supra- escapular. O ligamento transverso inferior da escápula cruza a grande incisura da es- cápula de uma ponta até a outra. Esse ligamen- to forma um túnel para a passagem do nervo supraescapular que inerva (estimula) o músculo infraespinal e os vasos sanguíneos transversos da escápula que irrigam esse músculo. O liga- mento coracoacromial liga o processo cora- coide e o acrômio da escápula. Embora seja um ligamento da escápula, ele limita o movimento para cima da cabeça do úmero. O lábio glenoi- dal (também conhecido como o labruma gle- noidal) (Fig. 3.18), é um ligamento que forma uma borda em torno de toda a circunferência da cavidade glenoidal da escápula. Ele ajuda a Ligamento coracoumeral Ligamento capsular Ligamentos glenoumerais Escápula Superior Médio Inferior Articulação glenoumeral Figura 3.16 Ligamentos capsular, coracoumeral e glenoumeral. Ligamento transverso superior da escápula Ligamento coracoacromial Lábio glenoidal Ligamento transverso inferior da escápula Figura 3.17 Ligamentos transversos da escápula superior e inferior, ligamento coracoacromial e lábio glenoidal. Behnke_03.indd 64Behnke_03.indd 64 10/03/14 14:2710/03/14 14:27 Anatomia do Movimento 65 aprofundar a cavidade glenoidal para receber a cabeça do úmero, melhorando a estabilidade da articulação do ombro. Ligamento do úmero Na superfície anterior da extremidade proximal do úmero, duas estruturas foram discutidas: os tubérculos maior e menor. Também foi mencio- nado o sulco intertubercular formado entre essas estruturas. Cruzando esse sulco está um ligamento conhecido como ligamento trans- verso do úmero (Fig. 3.19). Esse ligamento tem uma função: manter o tendão de origem da cabeça longa do músculo bíceps braquial nesse sulco. Movimentos fundamentais e músculos da cintura escapular Neste capítulo e em todos os capítulos seguintes, os movimentos fundamentais que envolvem a área anatômica em discussão são introduzidos pri- meiro. É apresentada, então, uma discussão sobre os músculos envolvidos nos movimentos. Movimentos da cintura escapular A cintura escapular têm a finalidade principal de acomodar o movimento da articulação do ombro pela mudança de posição da cavidade glenoidal da escápula. Apesar de antes ter sido afirmado que os movimentos fundamentais são aqueles restri- tos a um único plano em torno de um único eixo, a cintura escapular é uma exceção. Lembre-se de que a posição inicial para a descrição de todos os movimentos fundamentais de qualquer articula- ção é a anatômica. Há quatro movimentos funda- mentais da cintura escapular: elevação, depres- são, abdução e adução. Em razão da relação entre a clavícula e a escápula e entre a escápula e o tórax, no qual a cintura escapular está posicio- nada, o movimento exclusivamente em um plano em torno de um eixo não é sempre possível. Os movimentos fundamentais da cintura escapular são descritos em relação à direção em que a es- cápula se move. A elevação da cintura escapular é definida como um movimento superior (para cima) da es- cápula no plano frontal (Fig. 3.20). A depressão da cintura escapular pode ser descrita como o movimento inferior (para baixo) da escápula no plano frontal (Fig. 3.21), mas se- ria definida de forma mais correta como retorno de elevação. Devido à posição anatômica inicial, Acrômio Lábio glenoidal Escápula Processo coracoide Cavidade glenoidal Cápsula Figura 3.18 Lábio glenoidal. Bolsa subdeltoidea Ligamento transverso do úmero Tendão do bíceps braquial (cabeça longa) Figura 3.19 Ligamento transverso do úmero. Behnke_03.indd 65Behnke_03.indd 65 10/03/14 14:2710/03/14 14:27 66 Robert S. Behnke a depressão da cintura escapular não é possível. A contração excêntrica (alongamento) dos mús- culos que se contraem concentricamente (encur- tam) para promover a elevação da cintura esca- pular resulta em depressão da mesma (retorno à posição anatômica). A abdução da cintura escapular não pode ser definida apenas como o movimento para longe da linha mediana do corpo pela escápula. Uma vez que está ligada à clavícula (no nível da ar- ticulação AC) por ligamentos e ao tórax pelo tecido muscular, a escápula não pode mover-se puramente em sentido lateral para longe da li- nha mediana do corpo. Ela deve rodar em torno da extremidade distal da clavícula (no nível da articulação AC) e inclinar-se conforme desliza ao longo do tórax. Assim, a abdução da cintu- ra escapular é definida de maneira mais precisa como rotação superior e inclinação late- ral da escápula (Fig. 3.22). A rotação para cima é definida como o movimento ascendente da cavidade glenoidal da escápula, que acomoda o movimento da articulação do ombro. Além disso, a escápula inclina-se lateralmente confor- me desliza ao longo da curvatura do tórax. Esse movimento, quando realizado por ambas as escápulas, é também chamado de protração. Abraçar alguém, colocando os braços em torno dessa pessoa, exige que ambas as cinturas esca- pulares se protraiam. A adução da cintura escapular não pode ser definida apenas como o movimento em direção à linha mediana do corpo pela escápula. Nova- mente, visto estar ligada à clavícula (no nível da articulação AC) por ligamentos e ao tórax por tecido muscular, a escápula não pode mover-se puramente no sentido medial em direção à linha mediana do corpo. Ela gira em torno da extremi- dade distal da clavícula (no nível da articulação AC) e inclinam-se à medida que desliza ao longo do tórax. Assim, a adução da cintura escapular é mais bem definida como rotação inferior e in- clinação medial da escápula (Fig. 3.23). A ro- tação para baixo é definida como o movimento Figura 3.20 Elevação da escápula. Figura 3.21 Depressão da escápula. Behnke_03.indd 66Behnke_03.indd 66 10/03/14 14:2710/03/14 14:27 Anatomia do Movimento 67 para baixo da cavidade glenoidal da escápula que acomoda o movimento da articulação do ombro. Ainda, a escápula inclina-se em sentido medial conforme desliza ao longo da curvatura do tórax. Esse movimento, quando realizado por ambas as escápulas, também é chamado de retração. Tra- zer os ombros para trás, como quando em posiçãode sentido, exige que ambas as cinturas escapula- res sejam retraídas. Músculos anteriores da cintura escapular Seis músculos estão primariamente envolvidos na produção dos movimentos fundamentais da cin- tura escapular. Do ponto de vista anatômico, três estão anteriores aos ossos da cintura escapular e três estão posteriores a eles. Os músculos anterio- res incluem o peitoral menor, o serrátil anterior e o subclávio. • Peitoral menor. O músculo peitoral menor origina-se a partir da terceira, quarta e quinta costelas e insere-se no processo coracoide da escápula (Fig. 3.24). Uma vez que as costelas são as inserções mais estáveis, a contração do peitoral menor resulta em tração do processo coracoide da escápula em direção às costelas Figura 3.22 Abdução da escápula. Figura 3.23 Adução da escápula. Behnke_03.indd 67Behnke_03.indd 67 10/03/14 14:2710/03/14 14:27 68 Robert S. Behnke (rotação para baixo da cintura escapular, ou adução). • Serrátil anterior. Originando-se dos aspec- tos lateroanteriores das nove costelas superio- res, o serrátil anterior insere-se na superfície anterior da borda medial da escápula (Fig. 3.24). Visto que a inserção mais estável do ser- rátil anterior se dá nas costelas, a contração do músculo resulta em abdução (rotação superior e inclinação lateral) da cintura escapular. Prática Peça a seu colega que levante o braço acima da cabeça, colo- cando a mão na parte de trás da cabeça (Fig. 3.25). O serrátil anterior deve estar bem visível lateralmente ao longo das cos- telas. • Subclávio. O subclávio origina-se na primei- ra costela e insere-se em seu sulco na clavícu- la. Sua principal função é ajudar os ligamentos da articulação EC a fornecer-lhe estabilidade (Fig. 3.24). Músculos posteriores da cintura escapular Os músculos posteriores da cintura escapular in- cluem o levantador da escápula, os romboides e o trapézio (Fig. 3.24). Trapézio: - Médio superior - Médio inferior - Inferior - Superior Latíssimo do dorso Levantador da escápula Supraespinal Romboides Deltoide posterior Infraespinal Posterior Redondo maior Redondo menor Peitoral maior (clavicular) Peitoral maior (esternal) Deltoide anterior Deltoide médio Coracobraquial Subclávio Peitoral menor Serrátil anterior Anterior Figura 3.24 Músculos que atuam na escápula e no úmero. Figura 3.25 Localização do serrátil anterior. Behnke_03.indd 68Behnke_03.indd 68 10/03/14 14:2710/03/14 14:27 Anatomia do Movimento 69 • Levantador da escápula. O nome deste músculo é inspirado em sua função de levan- tar a escápula. Sua origem está nos processos transversos das quatro primeiras vértebras cer- vicais, e ele insere-se na parte superior da bor- da medial da escápula. Visto as inserções cer- vicais desse músculo serem as mais estáveis, a contração do levantador da escápula resulta em elevação (rotação para baixo e adução) da cintura escapular. • Romboides. Estes são, na verdade, dois músculos (maior e menor) que geralmente são considerados um porque desempenham a mesma função. Originam-se nos processos espinhosos da sétima vértebra cervical até a quinta vértebra torácica e inserem-se na borda medial da escápula. Uma vez que as inserções nos processos espinhosos são as mais estáveis, a contração dos romboides resulta em eleva- ção e adução (rotação para baixo) da cintura escapular. • Trapézio. Este músculo grande e triangular tem origem na protuberância occipital ex- terna na base do crânio e nos processos es- pinhosos de todas as vértebras cervicais e torácicas e se insere na espinha da escápula e na superfície posterior da clavícula. Devido ao tamanho do músculo, ao variado ângulo de suas fibras e a suas diversas funções, a dis- cussão da ação do músculo normalmente o divide em quatro porções separadas (média, média superior, média inferior e inferior). As fibras superiores do trapézio desempenham funções elevação e de (rotação para cima) da cintura escapular. As fibras médias superiores do trapézio também auxiliam na elevação da cintura escapular, mas atuam em maior grau na adução da cintura escapular. Suas fibras médias inferiores atuam quase exclusiva- mente na adução da cintura escapular. Suas fibras inferiores, em razão do ângulo em que se encontram a partir da coluna torácica até a espinha da escápula, contribuem para a ab- dução (rotação para cima) da cintura escapu- lar. Prática Em seu colega, localize as quatro porções do músculo trapézio (Fig. 3.26). Movimentos fundamentais e músculos da articulação do ombro Primeiro, observam-se os movimentos fundamen- tais da articulação do ombro e depois analisam-se os músculos responsáveis por esses movimentos. Movimentos da articulação do ombro A articulação do ombro (GU) (Fig. 3.27) é classifi- cada como uma articulação triaxial porque é ca- paz de realizar movimento nos três planos: flexão (movimento anterior do braço) e extensão (retor- no da flexão) no plano sagital em torno de um eixo frontal; abdução (movimento para longe da linha mediana do corpo) e adução (movimento em direção à linha mediana do corpo) no plano frontal em torno de um eixo horizontal sagital; e rotação medial (para dentro) e lateral (para fora) no plano horizontal em torno de um eixo longi- Figura 3.26 Localização das quatro partes do trapézio. Behnke_03.indd 69Behnke_03.indd 69 10/03/14 14:2710/03/14 14:27 Outros ligamentos do ombro Ligamentos da escápula Ligamento do úmero Movimentos fundamentais e músculos da cintura escapular Movimentos da cintura escapular Músculos anteriores da cintura escapular Músculos posteriores da cintura escapular Movimentos fundamentais e músculos da articulação do ombro Movimentos da articulação do ombro