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Crimes contra a Administração da Justiça | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 1 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
CRIMES CONTRA A 
ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA 
 
CONTEÚDO 
Art. 340 ao 342 do Código Penal 
 Crimes contra a Administração da Justiça | 
Introdução 
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 Crimes contra a Administração da Justiça | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 3 
Sumário 
Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4 
2 Crimes Contra a administração da Justiça - Art. 340 ao 342 ---------------------------------- 4 
2.1 Comunicação falsa de crime ou contravenção penal ---------------------------------------------------------- 4 
2.1.1 Elementos do tipo ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 5 
2.2 Autoacusação falsa ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 7 
2.2.1 Elementos do tipo ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 9 
2.3 Falso testemunho ou falsa perícia --------------------------------------------------------------------------------- 10 
2.3.1 Elementos do tipo ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 13 
3 Considerações Finais ------------------------------------------------------------------------------------- 15 
4 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 15 
 
 
 Crimes contra a Administração da Justiça | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 4 
1 Introdução 
O Código Penal aborda diversos crimes que atentam contra a administração da 
justiça, impedir que estas atividades ocorram contra a Justiça é de extrema 
importância para a Ordem Social. Portanto, nesta disciplina compreenderemos alguns 
crimes contra a Administração da Justiça. 
 
Os crimes contra a administração da justiça iniciam-se no art. 338 do Código Penal e 
vão até o art. 359 do mesmo, portanto iremos analisar um por um. Neste material 
abordaremos o art. 340, 341 e 342, os quais trazem os crimes como: comunicação falsa 
de crime ou contravenção penal; autoacusação falsa; e falso testemunho ou falsa 
perícia. 
 
2 Crimes Contra a administração da Justiça - Art. 340 ao 342 
2.1 Comunicação falsa de crime ou contravenção penal 
O capítulo III do título dos crimes contra a administração da justiça traz o crime de 
comunicação falsa de crime ou contravenção penal, o qual possui a finalidade de 
proteger a administração pública da justiça no sentido de evitar que as autoridades 
apurem delitos que não aconteceram de fato, fazendo com que crimes reais deixem 
de ser apurados de forma como deveria, portanto o sujeito ativo desse crime causa 
um atraso na máquina do judiciário com algo desnecessário. 
 
Façamos então a leitura do art. 340 do CP, para depois analisarmos melhor seus 
elementos: “Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime 
ou de contravenção que sabe não se ter verificado. Pena - detenção, de um a seis 
meses, ou multa.” 
 
Figura 1- Comunicação falsa de contravenção 
Fonte: Núcleo Editorial Faculdade Focus 
 Crimes contra a Administração da Justiça | 
Crimes Contra a administração da Justiça - Art. 340 ao 342 
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Gonçalves (2021) traz sobre a objetividade jurídica do art. 340 e cita que a 
administração da justiça, buscando evitar que as autoridades percam tempo apurando 
infrações falsamente comunicadas, estabeleceu o art. 340, tipificando como crime a 
comunicação falsa ou contravenção. 
 
2.1.1 Elementos do tipo 
Quando o legislador menciona a palavra “provocar”, lembre-se do sentido de dar 
causa, induzir a autoridade a realizar um ato ou investigação. Este tipo penal poderá 
ser cometido por qualquer pessoa (sujeito ativo), ou seja, é um crime comum. Nesse 
sentido temos o posicionamento de Capez (2020): 
Consubstancia-se no verbo promover, isto é, dar causa a ação da autoridade pública (delegado 
de polícia, juiz, promotor de justiça, bem como todas as autoridades administrativas que tenham 
atribuição legal para iniciar investigações). Na hipótese, o agente comunica à autoridade a 
prática de crime ou contravenção penal que não se verificou. Ao contrário do que ocorre no 
crime de denunciação caluniosa, não há no delito em estudo a imputação a uma pessoa 
determinada da prática de crime. Se assim suceder, estará caracterizado o crime de denunciação 
caluniosa. Contudo, nada impede que se impute a pessoa fictícia ou imaginária a realização de 
um crime 
 
O sujeito passivo é a administração da justiça, o Estado, o crime é de conduta livre 
pode ser cometido por qualquer meio executivo, comunicação por escrito, oral, 
anônimo ou não, trata-se também de um crime de menor potencial ofensivo, ou seja, 
cabe suspensão condicional do processo e transação penal, sendo de competência do 
juizado especial criminal. 
 
Capez (2020), complementa que o sujeito ativo deve ter completa certeza de que a 
comunicação de crime é falsa, segue exemplificação do autor: 
O agente deve ter certeza de que o fato comunicado realmente não ocorreu ou é absolutamente 
diverso do ocorrido. A dúvida afasta o crime. Cite-se o seguinte exemplo: um indivíduo perde 
sua carteira ou documentos de identidade e, na dúvida sobre se foi furtado ou não, acaba por 
fazer um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia. Nessa hipótese, não haverá a 
configuração do crime em tela. 
 
O crime disposto no art. ocorre frequentemente em trotes realizados a polícia militar, 
 Crimes contra a Administração da Justiça | 
Crimes Contra a administração da Justiça - Art. 340 ao 342 
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por exemplo, onde é comunicado um crime em determinado local, fazendo com que 
a viatura sedesloque até a área. 
 
O tipo subjetivo é o dolo, sendo caracterizado pela vontade de provocar a ação da 
autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não 
se ter verificado. Complementando sobre o tipo subjetivo o autor Nucci (2019), expõe: 
É o dolo, apenas na modalidade direta, pois o agente precisa saber não se ter verificado a 
infração penal. Além disso, pensávamos demandar o elemento subjetivo específico, consistente 
na vontade de fazer a autoridade atuar sem causa. Não é real. Os motivos do agente são 
variáveis e múltiplos, não se relacionando com a administração da justiça. Não se pune a forma 
culposa. 
 
A consumação ocorre com a provocação da autoridade, requer o resultado, sendo 
assim crime material, pois exige o resultado naturalístico. A respeito da tentativa, será 
cabível e Salim e Azevedo (2020, p. 358) compreendem que “Não é cabível a retratação 
como forma de extinção da punibilidade como ocorre no crime de falso testemunho”. 
 
 
 
Nucci (2020) traz uma particularidade, onde o agente comunica infração penal que 
sabe não se ter verificado, mas a autoridade policial encontra subsídios concretos de 
cometimento de outro crime, neste caso será indevido punir o agente, já que o mesmo 
só ganhou com a comunicação efetuada. 
 
Concluindo nosso tópico de crime de comunicação falsa, vamos a leitura de uma 
jurisprudência selecionada pelo autor Nucci (2019), onde logo em seguida deixa um 
comentário didático: 
A denunciação caluniosa pode ser confundida com a comunicação falsa de crime 
ou contravenção penal, mas de maneira oposta a denunciação caluniosa, o crime 
disposto no art. 340 do CP não traz acusação contra pessoa alguma. Já o art. 339 
sim, se atente a isto! 
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Crimes Contra a administração da Justiça - Art. 340 ao 342 
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JURISPRUDÊNCIA 
INTERESSE OBSCURO TJSC: 
“Pedido de condenação pela prática do delito de comunicação falsa de crime (art. 340 do CP). 
Réu que, após praticar o crime de estupro de vulnerável, abandonou a motocicleta de sua 
propriedade próximo à cena do crime e empreendeu fuga. Réu que, logo após a prática do 
crime sexual, acionou a polícia por meio de ligação telefônica (COPOM – 190), noticiando o 
suposto furto da motocicleta, por meio de boletim de ocorrência. Crime de furto que nunca 
existiu. Dolo evidenciado. Condenação que se impõe. (...) Réu fez a comunicação falsa de crime 
à Delegacia de Polícia para tentar impedir a identificação da autoria do crime sexual e confundir 
a polícia. Possibilidade” (2014.077265-4/Ituporanga, 2.ª C. Crim., rel. Volnei Celso Tomazini, 
19.05.2015, v.u.). 
Comentário do autor: o dolo é genérico, nesse caso, pois as metas procuradas pelos agentes 
são diversificadas. Nesse sentido, o objetivo era impedir a identificação de autoria de crime 
sexual, confundindo a polícia. Logo, a meta não era ferir a administração da justiça. 
 
2.2 Autoacusação falsa 
O capítulo III do título dos crimes contra a administração da justiça também cita o 
crime de autoacusação falsa, onde a objetividade jurídica recai sobre a Administração 
Da Justiça, pois é prejudicada com acusações falsas, ainda que contra si próprio, 
podendo isso resultar na condenação de um inocente enquanto o verdadeiro culpado 
estará impune. Disposto no art. 341 cita que “Acusar-se, perante a autoridade, de 
crime inexistente ou praticado por outrem, Pena - detenção, de três meses a dois anos, 
ou multa”. 
 
 
Figura 2- Autoacusação falsa 
Fonte: Núcleo Editorial Focus 
 
Neste tipo penal diferentemente do disposto no art. 339, o indivíduo não realiza falsa 
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Crimes Contra a administração da Justiça - Art. 340 ao 342 
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acusação contra outrem, mas sim acusa a si de cometer determinado crime, isso 
ocorre muitas vezes entre familiares, em busca de proteger o sujeito que realmente 
cometeu tal ato . Capez, 18ª ed. 2020, exemplifica bem a ação nuclear do delito em 
tela: 
Consubstancia-se no verbo acusar-se, isto é, atribuir ou imputar a si mesmo, perante a 
autoridade, a prática de crime inexistente ou praticado por outrem. Exige o tipo penal que a 
autoacusação seja feita perante a autoridade pública (delegado de polícia, juiz, promotor de 
justiça, autoridade administrativa); contudo, conforme a doutrina de Noronha, não é necessário 
que o autoacusado esteja frente a frente com a autoridade, pois se admite a forma escrita, mas 
é necessário que seja feita a ela. A autoacusação falsa geralmente é realizada pelo acusado, 
oralmente, em interrogatório policial ou judicial. Se realizada perante particular ou funcionário 
que não seja autoridade, o crime não se perfará. 
 
Note que, mesmo que a pessoa esteja ferindo somente a própria honra, a 
autoacusação falsa prejudica também o processo da justiça, pois esta investigará o 
crime contra alguém inocente, deixando de punir o verdadeiro culpado. 
 
Gonçalves (2021) cita que a autoacusação poderá se dar por qualquer meio, mas não 
é exigido, todavia, que o agente tenha espontaneamente procurado a autoridade para 
se autoacusar. Portanto, se alguém é ouvido como testemunha ou suspeito em um 
inquérito policial e assume a autoria do crime que não fez, responderá pelo delito do 
art. 341. Contudo, se o sujeito confessa a prática do delito que não cometeu devido a 
tortura policial ou coação irresistível por parte do verdadeiro autor da infração, o crime 
disposto no art. não existirá. 
 
O tipo penal exige que ocorra a autoacusação perante autoridade, podendo ser polícia 
militar, delegado de polícia, promotor de justiça, juiz de direito etc. O dispositivo 
menciona que deve ser feito perante, mas isso não significa que o denunciante deva 
estar pessoalmente na presença da autoridade, já que a autoacusação poderá ser 
realizada de forma escrita, basta o fato chegar ao conhecimento de uma 
autoridade. 
 
A conduta de autoacusação perante terceiros ou funcionários públicos que não sejam 
autoridades é penalmente atípica. A não ser que o agente o faça visando utilizar-se 
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Crimes Contra a administração da Justiça - Art. 340 ao 342 
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dessa pessoa para que comunique as autoridades. 
 
Observe que os motivos que levaram o cometimento do crime, não possuem 
relevância e aquele que assume integralmente a responsabilidade de fato a qual 
concorreu como participe ou coator não cometerá este crime, pois embora minta não 
é um fato praticado por outrem. 
 
 
 
Na mesma linha, o indivíduo que imputa a si próprio um crime e acusa outra pessoa 
juntamente pela prática de delito que não existe ou que tenha sido praticado por 
outra pessoa, comete o crime de autoacusação falsa e de denunciação caluniosa em 
concurso formal heterogêneo, art. 70 do CP. 
 
2.2.1 Elementos do tipo 
O delito previsto no art. 341 do CP, possui o dolo como tipo subjetivo, sendo 
caracterizado pela vontade de se autoacusar perante a autoridade. Trata-se de um 
crime comum, o sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa e o sujeito passivo é o 
Estado. 
 
Direito do réu de mentir: Não devemos confundir o direito da ampla 
defesa com a permissão para se autoacusar, pois mesmo que o réu tenha 
direito de mentir em sua defesa, não lhe é permitido o direito de 
autoacusação, uma vez que também é um princípio constitucional evitar 
erros no judiciário. Nesse sentindo temos posicionamento de Nucci, 3 º 
ed, 2019: 
Embora, no exercício do seu direito de defesa, que é constitucionalmente assegurado 
– ampla defesa – e não deve ser limitado por qualquer norma ordinária, tenha o 
acusado o direito de mentir, negando a existência do crime, sua autoria, imputando-a 
a outra pessoa, invocando uma excludente qualquer, enfim, narrando inverdades, não 
lhe é conferido pelo ordenamento jurídico o direito de se autoacusarfalsamente. 
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Crimes Contra a administração da Justiça - Art. 340 ao 342 
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A consumação do crime ocorre quando o fato chega a conhecimento da autoridade, 
ainda que essa não tome qualquer atitude, sendo, portanto, um crime formal. A 
respeito da tentativa, em regra não é admissível, pois trata-se de fato unissubsistente, 
salvo, quando o fato for praticado por carta e tenha sido extraviada, por exemplo, 
impedindo de concluir o seu objetivo (modalidade plurissubsistente). 
 
 
Figura 3- Diferenciando a modalidade plurissubsistente da unissubsistente. 
Fonte: Núcleo Editorial Focus 
 
A ação penal é pública incondicionada, é uma infração de menor potencial ofensivo, 
cabendo suspensão condicional do processo e transação penal. 
 
2.3 Falso testemunho ou falsa perícia 
O capítulo III do título dos crimes contra a administração da justiça também prevê o 
crime de falso testemunho ou falsa perícia, que visa a proteção da Administração 
da Justiça, dando ênfase no interesse da apuração da verdade, em processos judiciais, 
administrativos, inquéritos policiais, em juízo ou arbitrais, desta forma prezando pela 
aplicação efetiva do direito. 
 
O Código Penal em seu art. 342 cita que “Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a 
verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo 
judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral, poderá sofrer com 
pena de reclusão, de 2 a 4 anos, e multa”. 
 
 Crimes contra a Administração da Justiça | 
Crimes Contra a administração da Justiça - Art. 340 ao 342 
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Atente-se, pois, a vítima não é considerada testemunha, Távora e Alencar (2017) 
conceituam a testemunha como: 
[...] pessoa desinteressada que declara em juízo o que sabe sobre os fatos, em face das 
percepções colhidas sensorialmente. Ganham relevo a visão e a audição, porém, nada impede 
que a testemunha amealhe suas impressões através do tato e do olfato. Quanto à natureza 
jurídica, é mais um meio de prova, que conta com a colaboração daqueles que, escolhidos pelo 
destino, acabam tendo conhecimento do acontecimento delitivo” (TÁVORA, ALENCAR, 2017, 
p.715). 
 
Em outras palavras, a testemunha em si é meio de prova (natureza jurídica), é uma 
pessoa desinteressada. Contudo, diferentemente do réu, a testemunha possui a 
obrigação de dizer a verdade, ela não pode se calar ou omitir. Segundo Gonçalves 
(2021), antes de ocorrer a oitiva de uma testemunha, em regra deverá fazer “sob 
palavra de honra” a promessa de dizer a verdade, este compromisso está previsto no 
art. 203 do Código de Processo Penal. 
 
O falso testemunho, portanto, pode ser cometido mediante uma afirmação falsa, 
negando-se a verdade ou calando-se a respeito dessa. É um tipo misto alternativo, 
assim, mesmo que o sujeito cometa todas as condutas em um mesmo depoimento, 
responderá por um único crime. Nucci, 3ª ed. 2019, exemplifica de forma clara as 
condutas previstas no tipo penal: 
As condutas possíveis são as seguintes: fazer afirmação falsa (mentir ou narrar fato não 
correspondente à verdade); negar a verdade (não reconhecer a existência de algo verdadeiro 
ou recusar-se a admitir a realidade); calar a verdade (silenciar ou não contar a realidade dos 
fatos). É o mesmo que reticência.33 A diferença fundamental entre negar a verdade e calar a 
verdade é que a primeira conduta leva a pessoa a contrariar a verdade, embora sem fazer 
afirmação (ex.: indagado pelo juiz se presenciou o acidente, como outras testemunhas 
afirmaram ter ocorrido, o sujeito nega), enquanto a segunda conduta faz com que a pessoa se 
recuse a responder (ex.: o magistrado faz perguntas à testemunha, que fica em silêncio ou fala 
que não responderá). 
 
Note que o que caracteriza o crime não é a realidade dos fatos e o contraste com a 
verdade, mas sim, o que foi dito no depoimento e o que realmente era do 
conhecimento da testemunha. Nesse sentido Nucci (2019) traz dois posicionamentos 
sobre a natureza da falsidade, sendo: 
 Crimes contra a Administração da Justiça | 
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• falso é o que, objetivamente, não corresponde à realidade; e 
• falso é o que, subjetivamente, não corresponde à realidade, isto é, aquilo que 
não guarda sintonia com o que o agente efetivamente compreendeu. 
 
A segunda posição parece-nos melhor. Afinal, a verdade para o sujeito que presta um 
depoimento ou elabora um parecer, é a representação ideológica que se desenha na 
mente, portanto, ainda que algo seja “verdade” absoluta para um, pode ser, uma 
falsidade (NUCCI, 2019). 
 
Exemplificando: podemos entender que mesmo que o sujeito ativo desse crime saiba 
por terceiros do fato pelo qual está sendo interrogado e alegue nunca ter ouvido nada 
sobre tal fato, comete o crime de falso testemunho, pois alegou nunca ter ouvido nada 
quando na verdade ouviu. 
 
 
 
É evidente que a pessoa que praticar o falso testemunho por meio de coação, não 
comete o crime previsto no art. 342 do CP, porém, a pessoa que a coagiu, responderá 
pelo crime do art. 344 do CP. Também é isenta do crime a pessoa que pratica o falso 
testemunho por medo de represálias, ainda que não tenha sido alvo de ameaças, 
porém, o medo deve ser fundado em algo sério. 
 
Exemplificando: A testemunha que mentiu alegando não conhecer um homicida em 
um crime que presenciou, pois sabe que o sujeito é famoso por matar as testemunhas 
de seus crimes, ou o presidiário que não delata seus parceiros por receio da “lei do 
silêncio” existente dentro dos estabelecimentos penitenciários. 
O Código Penal adota a teoria subjetiva da verdade, que se considera a 
verdade do ponto de vista da testemunha, levando-se em consideração o que 
ela ouviu, viu ou soube, e o que ela relatou. A testemunha não precisa ter 
presenciado o crime, ou saber quem é o criminoso, mas sim relatar a verdade 
sobre tudo que sabe do fato em si. 
 Crimes contra a Administração da Justiça | 
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Na modalidade de falsa perícia o crime pode ser cometido por profissionais como 
perito, intérprete, tradutor ou contador, que defraudarem seu dever legal, de maneira 
dolosa, falseando a verdade no exercício de sua profissão, que possa vir a prejudicar 
processo judicial, inquérito policial, processo administrativo etc. 
 
O § 1º do art. 342 do CP, traz a forma majorada, citando que “As penas aumentam-se 
de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido 
com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em 
processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta”. 
Já o § 2º traz a extinção da punibilidade, dispõe que “O fato deixa de ser punível se, 
antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara 
a verdade”. 
 
 
Figura 4- Falso testemunho ou falsa perícia. 
Fonte: Núcleo Editorial Focus 
 
2.3.1 Elementos do tipo 
O bem jurídico tutelado nesse crime é a proteção da Administração Pública em 
sentido amplo. O crime de falso testemunho ou falsa perícia dispõe o sujeito ativo 
específico, sendo um crime de mão própria, pois exige a atuação pessoal do agente 
expressamente indicado no tipo. As pessoas que podem cometer esse crime são: 
testemunha; perito; contador; tradutor ou intérprete. Os citados, são necessários para 
trazer informações sobre o crime e com essas informações o embasamento será feito 
na sentença condenatória. 
 
 Crimes contra a Administração da Justiça | 
Crimes Contra a administração da Justiça - Art. 340 ao 342 
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O sujeito passivo desse crime notoriamente é o Estado a quem incumbe conhecer 
do fato verdadeiro e encaminhar o procedimento, e de forma secundária a pessoa 
interessadano processo por exemplo, a parte prejudicada. A respeito do concurso de 
pessoas, se trata de um crime que não admite concurso de pessoas, uma vez que é 
de mão própria, mesmo que as testemunhas tenham combinado entre si de 
praticarem o falso testemunho, cada um responderá de forma autônoma pelo crime. 
Entretanto, o Superior tribunal de Justiça traz o HC 30858 onde compreende que 
“apesar de o crime de falso testemunho ser de mão própria, poderá ocorrer a 
participação do advogado no seu cometimento” (6ª T., HC 30858, j. 12/06/2006). 
 
O tipo subjetivo é o dolo, podendo ser praticado com dolo eventual ou dolo direto, 
será caracterizado pela vontade de realizar afirmação falsa, negar ou calar a verdade, 
o agente deve ter ciência de que está praticando uma falsidade. 
 
A consumação ocorrerá no momento da afirmação falsa, aperfeiçoando-se quando é 
encerrado o depoimento. No que se refere a tentativa, será cabível na modalidade 
plurissubsistente, como por exemplo: testemunho prestado por escrito ou falsa 
perícia. Contudo, a tentativa não é aceita pacificamente na doutrina. 
 
A ação penal é pública incondicionada e a forma majorada do crime está disposta 
no §1º, Azevedo e Salim (2020) expõem as três causas de aumento de pena, note: 
• Se é praticado mediante suborno; 
• Se é cometido com a finalidade de obter prova destinada a produzir efeito em 
processo penal; e 
• Se é cometido em processo civil em que for parte entidade da administração 
pública direta ou indireta. 
 
A retratação está prevista no § 2º Azevedo e Salim (2020, p. 368) conceituam a 
retratação e preveem que: “[...] retratar-se significa desdizer-se, ou seja, retirar aquilo 
que foi dito. Trata-se de causa de extinção da punibilidade, prevista no art. 107, VI, do 
CP”. É admitida a retratação, caso o agente a faça informando que mentiu durante seu 
depoimento, antes que a sentença tenha sido proferida. 
 Crimes contra a Administração da Justiça | 
Considerações Finais 
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Para finalizar o tópico, vamos a leitura da jurisprudência selecionada pelo autor Nucci, 
em sua obra Curso de Direito Penal, para complementar seu estudo e compreensão 
do tema, vejamos: 
JURISPRUDÊNCIA 
CONTRADIÇÃO INGÊNUA TJMG: 
“A mera divergência ou contradição entre os resultados alcançados entre os laudos periciais 
não configura, por si só, o tipo penal disposto no art. 342 do CP , já que, em se tratando de 
matéria técnica tão controversa, é perfeitamente possível que ocorra percepções distintas dos 
dados da realidade” (Ap. Crim. 1.0518.10.019676-6/001/MG, 6.ª C. Crim., rel. Jaubert Carneiro 
Jaques, 14.07.2015). 
Comentário do autor: a testemunha tem a possibilidade de, apesar de falar a verdade, cair em 
contradição ou apresentar alguns dados incongruentes. Não se trata de uma máquina, mas de 
um ser humano. Por isso, há lembranças complexas dos fatos, quanto mais distantes, mais 
complicadas. Isso não significa mentira. 
 
3 Considerações Finais 
O Código Penal aborda diversos crimes que atentam contra a administração da justiça 
e impedir que estas atividades ocorram é essencial. Nesta Unidade observamos os 
artigos 340, 341 e 342, onde compreendemos a comunicação falsa de 
crime/contravenção penal, a autoacusação falsa e o falso testemunho/falsa perícia. 
 
Na comunicação falsa de crime o indivíduo causa atraso na máquina do judiciário, 
comunicando crime para que as autoridades apurem delitos que não ocorreram de 
fato. Já na autoacusação falsa, o indivíduo não realiza falsa acusação contra outrem, 
mas sim acusa a si de cometer determinado crime ! Por fim, o falso testemunho é um 
crime que consiste nas condutas de mentir perante juízo. 
 
4 Referências Bibliográficas 
AZEVEDO, M. A. de; SALIM, A. Direito penal: parte especial - dos crimes contra a 
incolumidade pública aos crimes contra a administração pública. 8 ed. Salvador: 
JusPodivm, 2020. 
 Crimes contra a Administração da Justiça | 
Referências Bibliográficas 
www.cenes.com.br | 16 
CAPEZ, F. Curso de direito penal - parte especial (arts. 213 a 359-H). 18. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2020. 
NUCCI, G. de S., Curso de direito parte especial: arts. 213 a 361 do código penal / 
Guilherme de Souza Nucci. – 3. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019. 
GONÇALVES, V. E. R. Direito penal: parte especial / Victor Eduardo Rios Gonçalves. / 
coord. Pedro Lenza. – 11. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2021. (Coleção 
Esquematizado®) 
TÁVORA, N. ALENCAR, R. R. Curso de direito processual penal/ Nestor Távora, 
Rosmar Rodrigues Alencar - 12. ed. rev. e atu <~L- Salvador: Ed. JusPodivm. 2017. 
 
 Crimes contra a Administração da Justiça | 
Referências Bibliográficas 
www.cenes.com.br | 17 
 
 
	Sumário
	1 Introdução
	2 Crimes Contra a administração da Justiça - Art. 340 ao 342
	2.1 Comunicação falsa de crime ou contravenção penal
	2.1.1 Elementos do tipo
	2.2 Autoacusação falsa
	2.2.1 Elementos do tipo
	2.3 Falso testemunho ou falsa perícia
	2.3.1 Elementos do tipo
	3 Considerações Finais
	4 Referências Bibliográficas

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