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CÁLCULO I Equipe de Professores do Projeto Newton Aula nº 17: Crescimento e Decrescimento de Funções e Teste da Primeira Derivada. Objetivos da Aula � De�nir funções crescentes e decrescentes; � Determinar os intervalos de crescimento e decrescimento de uma função; � Apresentar e utilizar o teste da primeira derivada para determinar extremos relativos. 1 Funções Crescentes e Decrescentes Segue a de�nição abaixo: De�nição 1. Sejam f : A→ B uma função, A,B ⊂ R e x1, x2 ∈ Df . De�nimos que f é uma (i) função não-decrescente se x1 < x2 implica que f(x1) ≤ f(x2); (ii) função crescente se x1 < x2 implica que f(x1) < f(x2); (iii) função não-crescente se x1 < x2 implica que f(x1) ≥ f(x2); (iv) função decrescente se x1 < x2 implica que f(x1) > f(x2). Seguem abaixo alguns exemplos. Figura 1: Exemplo de uma função não-decrescente. 1 Cálculo I Aula nº 17 Figura 2: Exemplo de uma função crescente. Figura 3: Exemplo de uma função não-crescente. Figura 4: Exemplo de uma função decrescente. Existem funções que não são crescentes e nem decrescentes em todo o seu domínio, ou seja, uma função pode ser crescente em uma parte do seu domínio e decrescente em outra parte. Um exemplo de função Equipe de Professores do Projeto Newton 2 Cálculo I Aula nº 17 com essa propriedade é a função quadrática, dada por f(x) = x2 + 1 2 ; note que para x < 0 a função é decrescente e para x > 0 a função é crescente, como podemos ver no grá�co de f . Figura 5: Grá�co da função f(x) = x2 + 1 2 . 2 Intervalos de Crescimento e Decrescimento Uma das aplicações do Teorema do Valor Médio é demonstrar o teorema que nos permite obter os intervalos de crescimento e de decrescimento de uma função. Tal resultado nos diz que podemos determinar esses intervalos apenas analisando o sinal de sua derivada. Teorema 1. Seja f uma função contínua em um intervalo fechado [a, b] e derivável no aberto (a, b), então: (a) se f ′(x) > 0 para todo x ∈ (a, b), então f é crescente em (a, b). (b) se f ′(x) < 0 para todo x ∈ (a, b), então f é decrescente em (a, b). Exemplo 1. Determine o intervalo de crescimento e/ou de decrescimento da função f(x) = x2 + 1 2 . Solução: Derivando a função, temos f ′(x) = 2x. Como f ′(x) = 2x > 0 para todo x > 0, então f(x) cresce no intervalo (0,+∞). De forma análoga, como f ′(x) = 2x < 0 para todo x < 0, então f(x) decresce no intervalo (−∞, 0). � Exemplo 2. Determine o intervalo de crescimento e/ou de decrescimento da função f(x) = x3. Solução: Derivando a função, temos f ′(x) = 3x2. Como x2 ≥ 0 para todo x, o intervalo de crescimento é R = (−∞,+∞). Desta forma não temos intervalo de decrescimento. � Exemplo 3. Determine o intervalo de crescimento e decrescimento da função f(x) = 3x4−4x3−12x2+5. Solução: Derivando a função, temos: f ′(x) = 12x3 − 12x2 − 24x = 12x(x− 2)(x+ 1). Equipe de Professores do Projeto Newton 3 Cálculo I Aula nº 17 Para fazer o estudo do sinal, utilizamos o seguinte quadro abaixo: Desse modo, f é decrescente em (−∞,−1) ∪ (0, 2) e crescente em (−1, 0) ∪ (2,+∞). Observe gra�camente: Figura 6: Grá�co da função f(x) = 3x4 − 4x3 − 12x2 + 5. � Exemplo 4. Determine o intervalo de crescimento e decrescimento da função f(x) = 2 cosx + cos2 x, x ∈ [0, 2π]. Solução: Note que f ′(x) = −2 sen(x)− 2 cos(x) sen(x). Equipe de Professores do Projeto Newton 4 Cálculo I Aula nº 17 Para estudar o sinal de f ′, podemos determinar os pontos em [0, 2π] tais que f ′(x) > 0 −2 sen(x)− 2 cos(x) sen(x) > 0 sen(x) + cos(x) sen(x) < 0 sen(x)(1 + cos(x)) < 0. Note que 1+ cos(x) ≥ 0 para todo x ∈ [0, 2π], logo, para que f ′(x) < 0, devemos obter os pontos nos quais o seno de x é negativo. Dessa forma, f ′(x) > 0 se π < x < 2π. Analogamente, obtermos que f ′(x) < 0 se 0 < x < π, e assim, temos que f é decrescente em (0, π) e crescente em (π, 2π), como pode ser mostrado no grá�co abaixo: Figura 7: Grá�co da função f(x) = 2 cosx+ cos2 x. � Exemplo 5. Determine o intervalo de crescimento e decrescimento da função f(x) = 4x2 + 1 x . Solução: Note que f ′(x) = 8x− 1 x2 = 8x3 − 1 x2 . Como x2 ≥ 0 para todo x ∈ R, então o sinal de f ′ é determinado pela função que está no numerador. Fatorando, temos que 8x3 − 1 = (2x)3 − 13 = (2x− 1)(4x2 + 2x+ 1). Como o segundo fator é um polinômio irredutível de grau 2 e com concavidade para cima, então podemos concluir que 4x2 + 2x + 1 > 0 para todo x ∈ R. Logo, o sinal de f ′ é determinado pelo fator 2x − 1, que pode ser entendido como uma reta que passa pelos pontos (0,−1) e ( 1 2 , 0 ) . Perceba que f ′ não está de�nida em zero. Logo, o sinal de f ′ e os intervalos de crescimentos são dados pelo quadro a seguir: Equipe de Professores do Projeto Newton 5 Cálculo I Aula nº 17 Sendo assim, a função f decresce no intervalo (−∞, 0) ∪ ( 0, 1 2 ) e cresce no intervalo ( 1 2 ,+∞ ) . Observe gra�camente: Figura 8: Grá�co da função f(x) = 4x2 + 1 x . � 3 Teste da Primeira Derivada Mostramos anteriormente que se f tem um máximo ou mínimo local em x = c, então c deve ser um número crítico de f , mas nem todo número crítico dá origem a um máximo ou mínimo. Consequentemente, necessitamos de um teste que nos diga se f tem ou não um máximo ou mínimo local em um certo ponto crítico. Teorema 2. Suponha que c seja um número crítico de uma função derivável f . 1. Se o sinal de f ′ mudar de positivo para negativo em x = c, então f tem um máximo local em x = c. 2. Se o sinal de f ′ mudar de negativo para positivo em x = c, então f tem um mínimo local em x = c. Equipe de Professores do Projeto Newton 6 Cálculo I Aula nº 17 Exemplo 6. Determine os intervalos de crescimento ou decrescimento da função f(x) = 2x3 + 3x2 − 36x e seus extremos relativos. Solução: Derivando f , obtemos f ′(x) = 6x2 + 6x− 36 = 6(x− 2)(x+ 3). Os números críticos ocorrem quando f ′(x) = 0, logo x = 2 e x = −3. Fazendo o estudo do sinal de f ′, obtemos: Assim, temos que: � f é crescente no intervalo (−∞,−3) ∪ (2,+∞); � f é decrescente no intervalo (−3, 2). Portanto, pelo Teste da Primeira Derivada, podemos concluir que x = −3 é um máximo relativo de f e x = 2 é um mínimo relativo. Os valores da função nestes pontos, isto é, f(−3) = 81 é dito um valor máximo relativo de f e f(2) = −44 um valor mínimo relativo. Veja um esboço do grá�co de f abaixo: Figura 9: Grá�co da função f(x) = 2x3 + 3x2 − 36x. � Exemplo 7. Determine os intervalos de crescimento ou decrescimento da função f(x) = x2e−x e seus extremos relativos. Solução: Calculando f ′, temos que f ′(x) = (x2)′e−x + x2(e−x)′ = 2xe−x − x2e−x = (2− x)xe−x. Equipe de Professores do Projeto Newton 7 Cálculo I Aula nº 17 Logo, como f ′ está de�nida para todo x ∈ R, então os seus pontos críticos são os zeros da sua derivada. Desse modo, como e−x > 0 para todo x ∈ R, apenas o fator (2− x)x determinará o sinal de f ′. Fazendo o estudo do sinal de f ′, obtemos: Desse modo, temos que: � f é decrescente no intervalo (−∞, 0) ∪ (2,+∞); � f é crescente no intervalo (0, 2). Pelo Teste da Primeira Derivada segue que x = 0 é mínimo local e x = 2 é máximo local. Gra�camente, temos: Figura 10: Grá�co da função f(x) = x2e−x. � Exemplo 8. Determine os intervalos de crescimento ou decrescimento da função f(x) = x x2+1 e seus extremos relativos. Solução: Derivando f , temos que f ′(x) = (x)′(x2 + 1)− x(x2 + 1)′ (x2 + 1)2 = x2 + 1− 2x2 (x2 + 1)2 = 1− x2 (x2 + 1)2 . Note que (x2 + 1)2 > 0 para todo x ∈ R. Logo, apenas a função g(x) = 1− x2 determinará o sinal de f ′. Dessa forma, utilizando o quadro abaixo: Equipe de Professores do Projeto Newton 8 Cálculo I Aula nº 17 obtemos que: � f é decrescente no intervalo (−∞,−1) ∪ (1,+∞); � f é crescente no intervalo (−1, 1). Pelo Teste da Primeira Derivada segue que x = −1 é mínimo local e x = 1 é máximo local. Gra�camente, temos: Figura 11: Grá�co da função f(x) = x x2 + 1 . � Exemplo 9. Determine os intervalos de crescimento ou decrescimento da função f(x) = √ x e seus extremos relativos, se existirem. Solução: Note que f ′(x)= 1 2 √ x . Agora, note que em x = 0 a função f ′ não está de�nida, porém, a função f está, pois f(0) = 0. Logo, x = 0 é um ponto crítico da função f . E, observe que f ′(x) > 0. Logo, a função f é estritamente crescente para x > 0. Como o teste da primeira derivada necessita do sinal de f ′ antes e depois do ponto crítico, não podemos aplicá-lo nesse exemplo. Mas perceba que se a função f é estritamente crescente, então para todo x > 0 teremos que f(x) > f(0) e assim, constatamos que x = 0 é mínimo global da função f . Gra�camente, podemos veri�car esse fato no grá�co da função raiz quadrada: Equipe de Professores do Projeto Newton 9 Cálculo I Aula nº 17 Figura 12: Grá�co da função f(x) = √ x. � Resumo Faça um resumo dos principais resultados vistos nesta aula. Aprofundando o conteúdo Leia mais sobre o conteúdo desta aula nas páginas 262-264 do livro texto. Sugestão de exercícios Resolva os exercícios das páginas 269-271 do livro texto. Equipe de Professores do Projeto Newton 10