Prévia do material em texto
1 @sarahellen_figueredo Transtornos de ansiedade e depressão Objetivos 1- Diferenciar a ansiedade fisiológica e patológica 2- Entender a classificação dos principais tipos de transtornos de ansiedade, quadro clínico e tratamento (farmacológico e não farmacológico). 3- Explicar a evolução dos sintomas depressivos 4- Compreender o quadro clínico, diagnóstico e tratamento (farmacológico e não farmacológico) da depressão Ansiedade fisiológica e patológica A ansiedade é um estado mental suscitado em antecipação a uma ameaça ou a uma ameaça potencial, resultando em um estado de maior vigilância. Todos vivenciam ansiedade em algum grau, e há evidências de que sua completa ausência também seja desadaptativa. É um senso de apreensão, difuso e desagradável, costumeiramente vago e frequentemente acompanhado de sintomas como dores de cabeça, tensão muscular, palpitações, desconforto abdominal e/ou torácico, e inquietação. Artigo Transtornos de ansiedade: histórico, aspectos clínicos e classificações atuais 2022- Ilgner Justa Frota A ansiedade como fenômeno afetivo natural, permite que o indivíduo fique atento a perigos e tome medidas para sobreviver a ameaças ou se adaptar a circunstâncias desconhecidas. A ansiedade é definida na CID11 como um estado de apreensão ou antecipação de perigos ou eventos futuros desfavoráveis, acompanhado por um sentimento de preocupação, desconforto, ou sintomas somáticos de tensão. Considerase ansiedade patológica quando resulta em sofrimento ou prejuízo funcional importantes. O conceito de ansiedade difere do de medo. Aquela é um temor difuso sem objeto determinado. Já o medo é um temor proporcional a um objeto ou circunstância determinados. Também se diferencia do termo fobia, que é um estado de temor desproporcional ou sem relação direta com o real perigo do objeto A síndrome ansiosa ou de ansiedade é composta por sintomas convencionalmente subdivididos em dois grupos: subjetivos e objetivos. Os primeiros, sentidos como experiência psicológica, incluem temor, preocupações emocionais, despersonalização etc. Os objetivos, ou somáticos, englobam, entre outros, dores abdominais, náuseas, vertigens, palpitações, boca seca A ansiedade patológica se diferencia da ansiedade adaptativa pelo prejuízo em alguma área importante da vida do sujeito e/ou grande sofrimento. Normalmente estão associadas a intensidade, persistência e frequência – marcadamente maiores na ansiedade patológica. Por fim, transtornos ansiosos estão comumente relacionados a comportamentos de esquiva que, por sua vez, também estão implicados em prejuízo executivo e de capacidade funcional do sujeito. Transtornos de ansiedade Os transtornos de ansiedade são um grupo diversificado de condições, e a compreensão atual dos mecanismos neurofisiopatológicos subjacentes a eles reflete essa heterogeneidade. No entanto, algumas generalidades em relação à neurobiologia do medo e da ansiedade são conhecidas. Por exemplo, sabese que, quando estímulos ambientais são interpretados como ameaçadores, se origina a ansiedade. Para que essa interpretação ocorra, uma pessoa deve primeiro detectar que os estímulos existem por meio de seus sistemas sensoriais, por meio do córtex sensorial, do tálamo e dos folículos superior e inferior. Uma vez que ameaças importantes são detectadas, ocorre uma interpretação do estímulo que é, em parte, determinada pela experiência anterior do indivíduo e inclui a atribuição de valência ao estímulo via circuitos da amígdala basolateral. Se os eventos são ou não interpretados como ameaçadores depende do equilíbrio entre os circuitos de apoio e o circuito de comportamentos defensivos. Um mecanismo importante que pode permitir que um sistema se sobreponha ao outro é o recrutamento de determinadas populações definidas pela projeção de neurônios na amígdala basolateral. A valência positiva e a negativa são codificadas por neurônios da amígdala basolateral, sendo interpretadas como situações de recompensa ou medo (sistemas nucleus accumbens e subdivisão centromedial da amígdala, respectivamente). Especificamente, a ativação de neurônios da amígdala basolateral que se projetam para a subdivisão centromedial da amígdala pode influenciar o sistema de interpretação em direção a uma avaliação de ameaça. Outros aspectos que podem contribuir para interpretações de perigo no meio ambiente são, por exemplo, a exposição repetida a fatores estressantes ou estímulos de ameaça que podem causar a 2 @sarahellen_figueredo potencialização específica de circuitos que promovem comportamentos relacionado à ansiedade, de forma que, em situações ambíguas, os circuitos de ansiedade prevaleçam. Posteriormente, os estímulos interpretados como ansiosos serão avaliados pelo córtex préfrontal medial, pelo hipotálamo e pela área ventrotegumentar, que, aliados ao córtex motor, ao núcleo parabraquial, à substância cinzenta periaquedutal e ao nucleus accumbens, originarão as respostas somáticas de ansiedade, como dispneia, taquicardia, sudorese, tremores, entre outras. - Os níveis plasmáticos de serotonina (5-HT) estão reduzidos nos diversos transtornos de ansiedade. Evidências mostram que algumas subpopulações de neurônios serotoninérgicos do núcleo dorsal e mediano da rafe, por meio de projeções topograficamente organizadas, direcionadas a diferentes alvos cerebrais, têm funções importantes para a fisiopatologia desses transtornos. Podemse ser citados os neurônios serotonérgicos do núcleo dorsal da rafe, que se projetam para a amígdala, facilitando a expressão do medo condicionado e da ansiedade, bem como para a substância cinzenta periaquedutal, inibindo as respostas comportamentais do tipo fuga, e os neurônios serotonérgicos do mediano da rafe, que apresentam a capacidade de aumentar a resiliência ao estresse. Ademais, o receptor serotonérgico 5HT1A é estimado como modulador da ansiedade nas suas formas normais e patológicas. O sistema do ácido gama-aminobutírico (GABA) serve como o mais importante sistema neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central. Evidências crescentes apontam para seu envolvimento na fisiopatologia dos transtornos de ansiedade, sendo que os benzodiazepínicos, que atuam no sistema GABA, são utilizados para tratar essas condições. DESCRIÇÃO DOS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE CONFORME DSM-5 Transtorno de pânico Caracterizado por ataques de pânico recorrentes, que são períodos de ansiedade e desconforto intenso, sem qualquer gatilho, acompanhados por sintomas somáticos. Agorafobia Medo em locais ou situações (p. ex., transporte público, multidões) dos quais a fuga pode ser difícil ou em que a ajuda pode não estar disponível. Transtorno de ansiedade generalizada Os pacientes sofrem de ansiedade e preocupação excessivas, acompanhados por sintomas como inquietação, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular, distúrbios do sono e fadiga. Fobia específica Medo excessivo ou irracional de objetos isolados ou situações (p. ex., medo de voar, de ver sangue, de altura ou de animais). Fobia social Medo persistente e irracional de ser observado ou avaliado negativamente por outros em situações de desempenho social ou interação. Associado a sintomas de ansiedade somática e cognitiva. Transtorno de ansiedade de separação Experiência de sofrimento excessivo quando a separação de grandes figuras de apego é antecipada ou ocorre. As pessoas se preocupam com o bemestar ou a morte potencial das figuras de apego, particularmente quando separadas delas, e se sentem compelidas a permanecer em contato. Mutismo seletivo Fracasso persistente para falar em situações sociais específicas em que existe a expectativa para tal (p. ex., na escola), apesar defalar em outras situações. Transtorno de ansiedade generalizada Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é caracterizado por ansiedade ou preocupações excessivas diante de quase inúmeras situações e atividades cotidianas, ocorrendo na maioria dos dias, por pelo menos seis meses consecutivos. As preocupações são de difícil controle e, costumeiramente, estão acompanhadas de sintomas diversos, como tensão muscular, irritabilidade, distúrbios de sono, exaustão, problemas de memória e concentração, entre outros. Tratase de um transtorno com prevalência aproximada de 7%,com variação na literatura entre 4 e 11%. Ocorre até duas vezes mais em mulheres do que em homens. Em ambulatórios especializados em transtornos ansiosos, elas representam 25% dos pacientes em acompanhamento. O transtorno é deflagrado, majoritariamente, na transição entre adolescência e início da vida adulta. Ainda assim, casos diagnosticados após os 30 anos de idade também são comuns. Uma pessoa com TAG acha difícil controlar a preocupação. O TAG é diagnosticado com mais frequência dos 45 aos 59 anos de idade. Artigo Transtorno de ansiedade generalizada: uma revisão da literatura e dados epidemiológicos 2017- Ana Karla da Silva Menezes O TAG é um transtorno crônico de ansiedade podendo durar muitos anos provocando queda na qualidade de vida do paciente e prejudicando seu desempenho social, familiar e profissional. Não há estudos prospectivos sobre a evolução do TAG portanto sem tratamento não há remissão dos sintomas. São complicações comuns do TAG o abuso de drogas e os quadros depressivos com risco de suicídio além das dificuldades econômicas e sociais. Outra característica importante do TAG é a incapacidade do indivíduo de controlar suas preocupações, fazendo com 3 @sarahellen_figueredo que elas interfiram na atenção a tarefas que precisam ser realizadas. Raramente identificam suas preocupações como excessivas, mas relatam sofrimento significativo devido à expectativa apreensiva e prejuízo no desempenho social ou ocupacional. A cefaleia muitas vezes está presente nos quadros de ansiedade prolongada, como no TAG, e é uma das manifestações de tensão muscular. Os pacientes frequentemente procuram um clínico antes de buscar auxílio psiquiátrico. O diagnóstico de TAG passa pela observação dos seguintes critérios, conforme o DSM-5: Ansiedade ou preocupações excessivas, ocorrendo quase todos os dias, por pelos menos seis meses a respeito de um número diverso de situações ou ambientes. O sujeito acometido não consegue ou tem muita dificuldade para controlar as preocupações. Ansiedade ou preocupações devem estar associadas a pelo menos três dos seguintes sintomas, na maioria dos dias, por seis meses: 1) sensação de nervos a flor da pele; 2) exaustão ou fadiga excessiva; 3) dificuldade de concentração; 4) irritabilidade; 5) tensão muscular; 6) distúrbios do sono. Ansiedade, medos e preocupações causam prejuízo significativo à funcionalidade social, ocupacional ou outras. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental, condição médica ou uso de substância. Agorafobia Embora sua etimologia faça referência apenas a medo e praça, ao “aberto”, a agorafobia hoje é definida como o transtorno no qual o indivíduo sente intenso medo ou ansiedade de se expor a situações nas quais sinta que possa ser difícil escapar ou que o auxílio não esteja disponível, evitando situações, requerendo o auxílio de companhia ou suportadas com grande sofrimento. Em casos mais extremos, a pessoa pode ficar presa à própria casa. Sua prevalência anual é de 1,7% em adolescentes e adultos, sendo duas vezes mais frequente em mulheres que homens, e o pico de incidência ocorre ao fim da adolescência e começo da vida adulta. É descrito um segundo pico de incidência depois dos 40 anos de idade, sendo raro o início na infância e de 0,4% a prevalência anual após os 65 anos. O desenvolvimento da agorafobia está intimamente ligado ao transtorno do pânico, com altas taxas de comorbidade, e, quando comórbidos, geralmente indicam maior gravidade e resistência ao tratamento. A remissão completa de agorafobia é rara se não tratada e seu curso é crônico e persistente. Sua clínica é consistente ao longo da vida, embora as situações desencadeantes variem a depender do momento de vida. Artigo Agorafobia Perspectivas fenomenológica e existencial 2008- GONÇALO REIS De facto, muitas vezes a limitação agorafóbica surge após a experiência de um ataque de pânico, o que conduz a ansiedade antecipatória e que leva ao evitamento das situações temidas. Contudo, existem casos nos quais o quadro agorafóbico não é precedido de ataque de pânico, aparecendo em indivíduos com história de experiência psicopatológica de temática ansiosa e, nestes casos, a agorafobia está mais circunscrita a determinadas situações, tais como autocarros, metropolitano, elevadores, entre outras. A perturbação agorafóbica tende a complicarse por depressão, relacionada com os sentimentos de inferioridade e/ou de incapacidade que emergem perante as limitações condicionadas por evitamentos múltiplos, mas também por comportamento dependente, que significa geralmente uma forma de lidar com a ansiedade agorafóbica, uma modalidade de obtenção de tranquilização. Karl Jaspers descreveu a experiência agorafóbica da seguinte maneira: “Quando o paciente deve atravessar uma praça ou se encontra numa rua deserta diante de fachadas altas e largas, apossase dele um enorme sentimento de medo de morrer, ligado a um tremor generalizado, pressão no peito, palpitações, sensações de calafrio ou de calor que sobe para a cabeça, transpiração, sensação de estar preso ao solo ou de fraqueza das extermidades, com medo de cair” Segundo o DSM-5, os critérios diagnósticos que merecem destaque são: Medo ou ansiedade marcantes acerca de duas (ou mais) das cinco situações seguintes: 1) uso de transporte público (p. ex., automóveis, ônibus, trens, navios, aviões); 2) permanecer em espaços abertos (p. ex., áreas de estacionamentos, mercados, pontes); 3) permanecer em locais fechados (p. ex., lojas, teatros, cinemas); 4) permanecer em uma fila ou ficar em meio a uma multidão; 5) sair de casa sozinho. O indivíduo tem medo ou evita essas situações por pensamentos de que pode ser difícil escapar ou de que o auxílio pode não estar disponível. O medo, ansiedade ou esquiva dura mais de seis meses. Causa prejuízo funcional ou sofrimento clinicamente significativo. 4 @sarahellen_figueredo As situações agorafóbicas são ativamente evitadas, requerem a presença de uma companhia ou são suportadas com intenso medo ou ansiedade. O medo, ansiedade ou esquiva não é mais bem explicado pelos sintomas de outro transtorno mental e/ou outra condição médica – e os sintomas nessa, quando presente, são desproporcionais. Transtorno do pânico O transtorno do pânico é caracterizado, de maneira central, por ataques de pânico (que serão definidos na sequência), sendo ao menos alguns inesperados e recorrentes, e que tiveram como consequência, por pelo menos um mês, intensa preocupação acerca de novos ataques (ou suas consequências) e/ou o desenvolvimento de comportamentos desadaptativos. Sua origem etimológica remonta ao grego panikón, “terror que vem de Pã”, deus grego que inspirava intenso medo com seu grito. Os ataques de pânico são episódios abruptos de medo, também descritos como intenso desconforto, que alcançam o pico em poucos minutos e que necessariamente têm algum sintoma corporal em sua descrição. Pessoas que sofrem ataques de pânico também relatam sensaçãode estar fora de controle; medo da morte; manifestações físicas como palpitações, sudorese, calafrios, formigamento ou dormência; dor torácica ou estomacal; dispneia; e náuseas. Os ataques de pânico normalmente duram de 15 a 30 min, mas alguns casos chegam a durar 1 h. Aparentemente, eventos ambientais e estressantes da vida estão envolvidos na causa dos ataques de pânico. Crianças com ansiedade da separação frequentemente desenvolvem transtornos do pânico quando adultas. Além disso, traumas precoces, incluindo desvantagens socioeconômicas e histórico de abuso físico ou sexual, estão associados ao desenvolvimento do transtorno do pânico. O tempo é importante fator diferencial de crises de ansiedade ou até mesmo de ataque de nervos – apresentação específica cultural latinoamericana – visto que nas últimas duas a apresentação pode se estender consideravelmente. O diagnóstico é feito seguindo os seguintes critérios, segundo o DSM-5: Ataques de pânico recorrentes e inesperados, de pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas: 1) palpitações, coração acelerado, taquicardia; 2) sudorese; 3) tremores ou abalos; 4) sensação de falta de ar ou sufocamento; 5) sensação de asfixia; 6) dor ou desconforto torácico; 7) náusea ou desconforto abdominal; 8) sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio; 9) calafrios ou ondas de calor; 10) parestesias (anestesia ou sensações de formigamento); 11) desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo); 12) medo de perder o controle ou “enlouquecer”; 13) medo de morrer. Os ataques são seguidos de pelo menos um mês de apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de pânico adicionais ou sobre suas consequências, ou mudança desadaptativa. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental, condição médica ou uso de substância. Pacientes com transtorno do pânico são muito mais sensíveis do que a população em geral a ataques de pânico gerados por substâncias (p. ex., cafeína), sem que isso sirva como teste diagnóstico. Geralmente também apresentam tendência a catastrofização de sintomas físicos e efeitos colaterais, fator importante para a instituição de terapêuticas farmacológicas. Fobia específica Fobia específica (FE), também chamada de fobia simples, consiste em um medo específico, excessivo e desproporcional de algum objeto ou situação. Para o diagnóstico, é preciso que se observe o desenvolvimento de medo/ansiedade intensos gerando repercussões que podem levar o sujeito a uma sensação de (quase) perda de controle diante da exposição do objeto temido. A prevalência de FE ao longo da vida gira em torno de 10% e, na literatura, varia de 612% Em mulheres pode chegar a 15%. Isso coloca este transtorno no grupo dos mais comuns na clínica psiquiátrica. Tratase do transtorno mais prevalente na população feminina e o segundo mais prevalente entre os homens. A proporção de acometimento entre mulheres e homens é de 2:1 (essa relação se aproxima de 1:1 em casos específicos de fobias, como as de sangue injeçãoferimento). O pico do surgimento dos sintomas varia conforme o tipo de fobia. Existem fobias relacionadas a ambiente natural e lesões específicas envolvendo sangue e injeções que se iniciam entre 5 e 9 anos de idade. Outros tipos de fobias, as situacionais, são observadas após os 20 anos de idade. Os tipos mais comuns, descritos em ordem decrescente, são: animais, tempestades, altura, doenças específicas, lesões específicas e morte. Comorbidade com outros transtornos é a regra, ocorrendo em 50 a 80% dos casos O DSM5 traz os seguintes tipos de fobia descritos: fobia de animal; fobia de sangueinjeçãoferimento; fobia relacionada a ambiente natural; fobia situacional; outros tipos de fobia. 5 @sarahellen_figueredo Os critérios diagnósticos para FE são: Medo ou ansiedade excessivos direcionados a um objeto ou situação. O medo é deflagrado quase instantaneamente com a exposição do objeto. Objeto ou situação envolvidos são evitados ao máximo, ou, quando enfrentados, o são mediante muito esforço e tensão. O medo e a ansiedade são desproporcionais ao perigo representado pelo objeto ou situação. Normalmente os sintomas são pervasivos e duradouros, estando presentes por pelo menos seis meses e causando prejuízo significativo ao funcionamento do sujeito. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental, condição médica ou uso de substância, ou são excessivos se relacionados. Clinicamente, destacase a ocorrência de comportamentos de esquiva para evitar o objeto ou situação relacionada à FE. Os pacientes frequentemente percebem que se trata de um medo irracional, percebem o quanto a vida tornase difícil ao evitar situações de exposição e, diante disso, sofrem inequivocamente. Outra maneira de apresentação clínica é a chamada “atitude contrafóbica”, descrita por Otto Fenichel. Tal atitude consiste na negação de perigos de determinadas situações ou na negação do medo que a pessoa vivencia. Diante dessa negação, o sujeito passa a buscar frequente e repetidamente os cenários antes ameaçadores. Os dados sobre o curso da doença são frágeis, pois em geral pacientes com um tipo específico de fobia não buscam tratamento. A literatura, entretanto, sugere que sintomas iniciados na infância tendem a se sustentar durante a vida adulta mesmo que passando por processo esperado de ajustes na forma de apresentação clínica. Padrão flutuante “crescenteminguante”, comum aos transtornos ansiosos, também é bastante observado na FE. Fobia social Fobia social (FS), também conhecida como transtorno de ansiedade social, envolve o medo de situações sociais, incluindo situações de escrutínio ou contato com estranhos. Pessoas com fobia social têm um medo desproporcional de um possível constrangimento público ou mesmo de serem notadas por terceiros. É algo que vai além de situações de avaliação mais formal, como uma entrevista de emprego; qualquer interação social passa a ser uma ameaça. Falar em público, comer em público, pedir informações, apresentarse diante de desconhecidos, frequentar locais com muitas pessoas e, principalmente, pessoas novas são desafios imensos e, frequentemente, constituem obstáculos que prejudicam a vida da pessoa. Vale destacar que o medo não é das situações em si, mas de algo que possa ocorrer nesses cenários, que coloque o sujeito em destaque especialmente negativo, que envolva avaliações negativas de si ou algo nessa direção. Epidemiologicamente, é um transtorno que tem prevalência por volta de 10% (na literatura varia de 413% de prevalência ao longo da vida), sendo mais descrito em mulheres do que em homens. Na prática clínica, o contrário costuma se apresentar. A fase da vida em que a FS costuma ser deflagrada é a adolescência (1215 anos). Entretanto, encontramse relatos de sintomatologia inicial desde 5 anos de idade até quadros de início tardio (35 anos), apesar de raros Em nível criteriológico, é preciso parcimônia na realização diagnóstica da FS. O psiquiatra deve reconhecer que um certo nível de ansiedade em situações sociais é comum na população geral e está bastante saliente em algumas fases de vulnerabilidade da vida (p. ex., adolescência, casamento, troca de emprego ou escola). O diagnóstico do transtorno, entretanto, deve ser feito de maneira clara quando a ansiedade impede o indivíduo de participar de determinadas atividades, prejudicando seu funcionamento em áreas importantes de sua vida, ou quando essas atividades são realizadas mediante sensação quase insuportável de desconforto ou medo a ponto de prejudicar a exequibilidade das ações objetivadas. Portanto, os critérios do DSM-5que merecem destaque são: Medo ou ansiedade de exposição a escrutínio em uma ou mais situações sociais. O sujeito teme transparecer ansiedade e causar, por isso, constrangimento e rejeição por parte de terceiros. As situações sociais quase sempre causam essas reações de ansiedade ou medo. As exposições sociais são frequentemente evitadas por ansiedade ou medo intensos. A ansiedade é algo desproporcionalmente maior do que o esperado para o que a situação representa. Medo, ansiedade ou esquiva são persistentes, pervasivos e ocorrem por pelo menos seis meses. Tais sintomas causam grande prejuízo social, profissional ou em outras áreas da vida do indivíduo e desconforto clinicamente significativo ao doente. Obs.: se a sintomatologia se apresentar apenas para momentos de performance pública ou atividades de avaliação, tal característica deve ser especificada no diagnóstico. Transtorno de ansiedade de separação Na ansiedade da separação, adultos e crianças ficam angustiados quando se separam de casa ou de uma figura à qual estão apegados. Embora a ansiedade da separação seja normal em crianças de até 2 anos de idade, a persistência da angústia além do nível do desenvolvimento determina a presença de um transtorno de ansiedade da separação (TAS). Tristeza, falta de concentração, medo de monstros ou situações perigosas, e distanciamento de outras pessoas são características comuns do TAS. Cefaleias e náuseas, perturbação do sono, pesadelos, medo de ficar sozinho e até mesmo raiva podem ocorrer com a separação. 6 @sarahellen_figueredo Artigo transtorno de ansiedade de separação em adolescentes escolares e os prejuízos no aspecto social 2023- PRISCILA CARLA DA SILVA Indivíduos com TAS costumam apresentar os primeiros sintomas com idades entre 6 e 7 anos, aproximadamente. O que torna o TAS um dos primeiros transtornos de ansiedade a acometerem o público infantil. Indivíduos com TAS, apresentam pelo menos três dos seguintes critérios, por um período de pelo menos 4 semanas: Sofrimento excessivo e recorrente quando diante de situações ou previsão de afastamento do lar ou das figuras de apego; Preocupação excessiva com a saúde ou com a possibilidade de morte das figuras de apego, e essa preocupação está mais presente quando se encontram separados dessas figuras. No tocante aos fatores ambientais, normalmente o TAS se inicia após o indivíduo vivenciar um estresse vital, especialmente, uma perda. Como, por exemplo, a morte de um parente próximo ao indivíduo, acometimento de uma doença por um parente próximo ou pelo próprio indivíduo, modificação da escola ou do local de residência e separação dos pais. Já em indivíduos jovens adultos o desenvolvimento do TAS pode ser resultado, também de situações de estresse, como, saída da casa dos pais, início de um relacionamento e o nascimento de um filho. Enquanto, no relacionado aos fatores biológicos, os aspectos hereditários e fisiológicos se apresentam em destaque. Já que, estudos demonstram que o TAS pode ser herdado, fato comprovado em estudos com uma amostra de gêmeos com idade de 6 anos, onde 73% da amostra apresentou herdabilidade do transtorno O quadro de sintomas de pacientes com o TAS é composto por sintomas comportamentais e físicos, dentre os sintomas comportamentais é comum observar em indivíduos com o TAS: Angústia ou ansiedade, comumente presentes de forma anterior a separação da figura de apego; Medo da figura de apego estar passando por alguma situação ruim, como uma doença grave ou acidente; choro diante de situações de separação ou de ameaça de separação da figura de apego; Medo de ser sequestrado ou de se perder da figura de apego; agarrar as figuras de apego durante a separação para evitar que ela ocorra; Receio de ficar longe do cuidador; Medo e recusa a ficar sozinho; Enurese; Pesadelos; Dificuldade em se concentrar; Redução no desempenho escolar; Dificuldades em interagir socialmente, dentre outros. . No tocantes aos sintomas físicos é comum que pacientes com TAS apresentem queixas de: dores de cabeça e abdominal, tonturas, náuseas, vômitos, dispneia, dor na região torácica, taquicardia, dores musculares, tonturas, sensação de desmaio, entre outros Mutismos seletivo Transtorno de ansiedade no qual uma pessoa tem muito medo de falar em público ou em situações selecionadas. É mais comumente observado em crianças que têm fobia de falar ou medo de pessoas. Embora a causa seja desconhecida, acreditase que fatores genéticos tenham alguma influência. Para ser caracterizada com o transtorno, uma pessoa deve apresentar os sintomas durante mais de 1 mês. Artigo MUTISMO SELETIVO INFANTIL E INTERVENÇÕES PSICOTERÁPICAS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2020- Milene Cantiero Veiga De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM5), o mutismo seletivo (MS) consiste em uma perturbação caracterizada pela incapacidade persistente de falar em contextos sociais dos quais se têm expectativa sobre a comunicação oral da criança; considerando que ela é capaz de falar em outras situações. Essa incapacidade é geradora de muita ansiedade e, por isso, é atualmente classificada como um transtorno de ansiedade. O MS não pode ser atribuído em casos em que a falha na comunicação oral se dê por conta de falta de conhecimento da língua, por problemas de linguagem – como gagueira, afasia, agnosia – e em curso de um transtorno esquizofrênico ou psicótico. Tratamento Os dois componentes principais do tratamento dos transtornos de ansiedade são o emprego de medicamentos em médio e longo prazo e/ou a psicoterapia cognitivo comportamental. Não farmacológica A terapia cognitivocomportamental é um componente importante no tratamento dos transtornos de ansiedade. Artigo Estratégias não farmacológicas empregadas no manejo da ansiedade em adolescentes 2023- Amanda da Silva Narciso Dentro da psicoterapia existem diversos tipos, sendo uma delas a Terapia CognitivoComportamental (TCC), que é uma terapia de curto prazo, tendo foco diretamente no problema. De acordo com a TCC, a cognição manipula o comportamento e as emoções do indivíduo, assim, ela tem como propósito auxiliar o ansioso a reduzir pensamentos distorcidos que ele tem diante das situações, orientandoo a refletir em pensamentos mais positivos como solução. Outra forma não medicamentosa de manejo da ansiedade é a prática de atividade física, que é qualquer movimento 7 @sarahellen_figueredo corporal, sendo gerado pelos músculos esqueléticos, ocasionando um gasto energético. O sistema nervoso simpático produz os mecanismos fisiológicos da ansiedade, como sudorese, elevação da pressão e tremor, já o sistema nervoso parassimpático é responsável pelo relaxamento, que acontece após o estresse9 . Desse modo, a prática regular de exercícios físicos traz vantagens nos mecanismos fisiológicos, promovendo sensação de bem estar, melhora da qualidade do sono, redução de ansiedade e tensão. Uma outra estratégia usada no tratamento para ansiedade é o Mindfulness, também denominado como atenção plena. A intenção dessa técnica é viver em consciência plena, ou seja, é viver o momento presente. Essa prática pode ser dividida em formal e informal. A formal é caracterizada pela meditação, permitindo o indivíduo a treinar sua atenção, e pode também ser estabelecida por exercícios de movimento, em que é realizado relaxamento muscular progressivo consciente; já a prática informal é aquela que aplica as habilidades de Mindfulness na vida cotidiana, como direcionar a atenção para sons ambientes, para a respiração ou para as emoções. O Yoga é uma prática de atenção plena para ajudar na promoção de bemestar, levando o paciente a criar uma comunicação entre corpoe mente a partir de algumas técnicas, como respirações profundas, meditações, posturas físicas e contemplação. Assim, é possível observar nos estudos que a prática contínua do Yoga tem ajudado na redução de sintomas de ansiedade e de outros sintomas psíquicos, como estresse e depressão Ademais, a Terapia CognitivoComportamental (TCC) auxilia pacientes na mudança de seus comportamentos, demonstrando efeitos positivos na redução de alterações comportamentais. Em relação ao relaxamento e à musicoterapia, foram constatados resultados positivos em relação ao controle da doença e diminuição dos seus sintomas, além de colaborar para controle de dor crônica. Farmacológica Não há consenso na literatura quando se busca estabelecer o melhor protocolo de início de tratamento para quadros ansiosos. Podese utilizar apenas estratégia farmacológica, apenas intervenção psicoterapêutica ou uma combinação de ambas. Em nível científico, as evidências são inconclusivas, entretanto, a experiência prática dos especialistas em ansiedade do IPq sugere que o tratamento combinado supera as estratégias individuais. Além disso, obviamente, diante da falha das modalidades terapêuticas aplicadas individualmente, a combinação é uma alternativa valiosa. O tratamento medicamentoso escolhido deve ser começado com dose baixa e progressões baseadas nas avaliações médicas constantes. Vale destacar que existem variações de um grupo para outro no que diz respeito a parâmetros do acompanhamento médico e das intervenções farmacológicas. No início, preconizase que se introduza a dose mínima terapêutica ou que esta seja atingida em 1 ou 2 semanas. Aqui, especialmente, cabe uma particularidade do transtorno do pânico em que o início e a progressão terapêutica devem ser lentos e graduais diante de padrão de hipersensibilidade do paciente com o transtorno aos efeitos ativadores iniciais de alguns fármacos. Com pequenas variações de acordo com o transtorno em tratamento, normalmente a intervenção escolhida deve ser sustentada por 12 a 24 meses após atingida a remissão, visto que reduz as chances de recorrências e recaídas Os antidepressivos e os benzodiazepínicos são considerados medicamentos farmacológicos de primeira linha para o tratamento da maioria dos transtornos de ansiedade, com exceção da fobia específica. Esse fato é baseado em evidências de eficácia de numerosos ECRs com essas classes de fármacos. Em comum, as principais alternativas farmacológicas têm ação serotoninérgica, combinadas ou não a ações em outros sistemas de neurotransmissão. Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN), antidepressivos tricíclicos (ADT), inibidores da monoamina oxidase (IMAO) são exemplares de classes medicamentosas empregadas no tratamento dos transtornos abordados neste capítulo. Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) Os inibidores seletivos da captação de serotonina (ISCSs) são um grupo de fármacos antidepressivos que inibem especificamente a captação da seroto nina, apresentando uma seletividade de 300 a 3.000 vezes maior para o transportador de serotonina do que para o de norepinefrina. Isso contrasta com os antidepressivos tricíclicos (ADTs) e os inibidores da captação de serotonina e norepinefrina (ICSN), que inibem a captação de norepinefrina e de serotonina não seletivamente - Mecanismo de ação Os ISCSs bloqueiam a captação de serotonina, levando ao aumento da concentração do neurotransmissor na fenda sináptica. Os antidepressi vos, incluindo os ISCSs, em geral precisam de 2 semanas para produzir melhora 8 @sarahellen_figueredo significativa no humor, e o benefício máximo pode demorar até 12 semanas ou mais. Artigo O Uso Dos Inibidores Seletivos Da Recaptação Da Serotonina No Tratamento Da Ansiedade Em Adolescentes 2023- Izabela Silva Mendonça A serotonina é um neurotransmissor produto da hidroxilação e carboxilação do aminoácido Ltriptofano e possui a função de mensageiro químico, possibilitando o impulso nervoso, além de ter efeito modulador geral da atividade psíquica. Desse modo, a serotonina influi sobre quase todas as funções cerebrais, inibindo ou estimulando o sistema GABA. Assim, a serotonina regula o humor, o sono, a atividade sexual, o apetite e as funções neuroendócrinas Os fármacos conhecidos como ISRS pertencem a uma classe de medicamentos utilizados para o tratamento de uma série de patologias relacionadas à fisiologia do neurotransmissor serotonina. Os ISRS agem impedindo a retirada da serotonina da fenda sináptica, local onde esse neurotransmissor exerce suas funções. Nesse sentido, o mecanismo de ação dos ISRS é baseado no aumento da disponibilidade sináptica de serotonina no cérebro, tendo como efeito a melhora dos pacientes com ansiedade. Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina Venlafaxina, desvenlafaxina, levomilnaciprana e duloxetina inibem a captação de serotonina e norepinefrina. - Venlafaxina e desvenlafaxina A venlafaxina é um potente inibidor da captação de serotonina e, em dosagens médias e altas, é inibidor da captação de norepinefrina. A venlafaxina produz inibição mínima das isoenzimas CYP450 e é substrato da isoenzima CYP2D6. A desvenlafaxina é o metabólito ativo, desmetilado da venlafaxina. Os efeitos adversos mais comuns da venlafaxina são náuseas, cefaleia, disfunções sexuais, tonturas, insônia, sedação e constipação. Em doses elevadas, pode ocorrer aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. - Duloxetina A duloxetina inibe a captação de serotonina e norepinefrina em todas as dosagens. Ela é extensamente biotransformada no fígado em metabólitos inativos e deve ser evitada em pacientes com disfunção hepática. Efeitos adversos GI são comuns com a duloxetina, incluindo náuseas, xerostomia e constipação. Insônia, tonturas, sonolência, sudoração e disfunção sexual também são observadas. A duloxetina pode aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca. Ela é um inibidor moderado da isoenzima CYP2D6 e pode aumentar a concentração de fármacos biotransformados por essa via, como os antipsicóticos. Levomilnaciprana Levomilnaciprana é um enantiômero do milnaciprana (um ICSN antigo usado contra a depressão na Europa e contra a fibromialgia nos EUA). O perfil de efeitos adversos é similar ao dos demais ICSNs. É biotransformado primariamente pela CYP3A4 e, assim, a atividade pode ser alterada por indutores ou inibidores desse sistema enzimático. Antidepressivos tricíclicos Os ADTs bloqueiam a captação de norepinefrina e serotonina no neurônio présináptico e, portanto, se fossem descobertos atualmente, poderiam sern eferidos como ICSNs, exceto pelas diferenças nos efeitos adversos dessa nova classe de antidepressivos. Os ADTs incluem as aminas terciárias imi pramina (o protótipo do grupo), amitriptilina, clomipramina, doxepina e trimipramina, e as aminas secundárias desipramina e nortriptilina (o metabólito Ndesmetilado da imipramina e amitriptilina, respectivamente) e protriptilina. Maprotilina e amoxapina são antidepressivos “tetracíclicos” e comumente são incluídos na classe geral dos ADTs. Mecanismo de ação 9 @sarahellen_figueredo Inibição da captação do neurotransmissor: Os ADTs e a amoxapina são inibidores potentes da captação neuronal de norepine frina e serotonina no terminal nervoso pré sináptico. Maprotilina e desipramina são inibidores relativamente seletivos da captação de norepinefrina. Bloqueio de receptores: Os ADTs também bloqueiam os receptores serotoninérgicos, αadrenérgicos, histamínicos e muscarínicos. Ainda não se sabe se alguma dessas ações é responsável pelo benefício terapêutico dos ADTs. Contudo,as ações nesses receptores provavelmente são responsáveis por muitos dos seus efeitos adversos. A amoxapina também bloqueia os receptores 5HT2 e dopamina D2. Inibidores da monoaminoxidase A monoaminoxidase (MAO) é uma enzima mitocondrial encontrada em nervos e outros tecidos, como fígado e intestino. No neurônio, a MAO funciona como “válvula de segurança”, desaminando oxidativamente e inativando qualquer excesso de neurotransmissor (norepinefrina, dopamina e serotonina) que possa vazar das vesículas sinápticas quando o neurônio está em repouso. O IMAO pode inativar reversível ou irreversivelmente a enzima, permitindo que as moléculas do neurotransmissor fujam da degradação e, assim, se acumulem dentro do neurônio pré sináptico e vazem para o espaço sináptico. Manifestações clínicas A maioria dos IMAOs, como a fenelzina, forma complexos estáveis com a enzima, causando inativação irreversível. Isso resulta em aumento dos estoques de norepinefrina, serotonina e dopamina no interior dos neurônios e subsequente difusão do excesso de neurotransmissor para a fenda sináptica Esses fármacos inibem a MAO não só no cérebro, mas também no fígado e no intestino, onde catalisam desamina ções oxidativas de fármacos e substâncias potencialmente tóxicas, como a tiramina, que é encontrada em certos alimentos. Por isso, os IMAOs mostram elevada incidência de interações com fármacos e com alimentos. Benzodiazepinicos Benzodiazepínicos (BZD) comumente são usados como adjuvantes terapêuticos e para controle de determinadas situações específicas, normalmente por tempo limitado. O 10 @sarahellen_figueredo momento mais importante para uso desta classe medicamentosa é no início do tratamento de algum transtorno ansioso com um antidepressivo caso isso venha a ser necessário, preferencialmente não ultrapassando as primeiras 2 a 6 semanas de tratamento. Exerce função de alívio rápido de sintomas intensos, enquanto o antidepressivo ainda não começou a ter um efeito significativo. Ainda podem ser bem indicados para tratamento de quadros persistentes e refratários a outras medicações de primeira linha. Os BZD se consagraram pelo uso como medicamentos de resgate para momentos de sofrimento agudo ou mesmo crises de pânico ou ansiedade, todavia é importante pontuar que há ressalvas importantes quanto aos benefícios versus riscos dessa forma de emprego da medicação e que os especialistas em ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (IPq) costumam recomendar que essa prescrição seja evitada ao máximo. Destacase que o uso dessas medicações como resgate pode inclusive prejudicar a eficácia da terapia de exposição e formas de dessensibilização, que têm papel importante no tratamento dos transtornos aqui abordados. Mecanismo de ação Os alvos para as ações dos benzodiazepínicos são os receptores do ácido γaminobutírico tipo A GABAA. (Nota: o GABA é o principal neuro transmissor inibitório no sistema nervoso central [SNC].) Os receptores do GABAA são compostos de uma combinação, no somatório de cinco Resumo dos fármacos ansiolíticos subunidades α, β e γ inseridas na membrana póssináptica. Para cada subunidade existem vários subtipos (p. ex., há seis subtipos da subunidade α). A fixação do GABA ao seu receptor inicia a abertura do canal iônico central, permitindo a entrada de cloro através do poro . O influxo do íon cloreto causa hiperpolarização do neurônio e diminui a neurotransmissão, inibindo a formação de potenciais de ação. Os benzodiazepínicos modulam os efeitos do GABA ligandose a um local específico de alta afinidade (distinto do local de ligação do GABA), situado na interface da subunidade α e da subunidade γ no receptor GABAA. Os benzodiazepínicos aumentam a frequência da abertura dos canais produzida pelo GABA. (Nota: a ligação do benzodiazepínico ao seu re ceptor aumentará a afinidade do GABA por seus locais de ligação, e viceversa). Os efeitos clínicos dos vários benzodiazepínicos se corre lacionam bem com a afinidade de ligação de cada fármaco pelo com plexo receptor GABAcanal de íon cloreto. Agentes serotoninérgicos Agentes serotoninérgicos como a buspirona e dopaminérgicos como a bupropiona podem ter função terapêutica em alguns contextos e estão citados em guidelines como modalidades válidas. Entretanto, especialistas do IPq têm ressalvas quanto à eficácia desses fármacos. Isto posto, contraindicase uso de buspirona como tratamento monoterápico para transtornos ansiosos, tendo benefício questionável até mesmo como adjuvante. Além disso, os especialistas ressaltam que, na prática, a bupropiona está frequentemente associada a efeitos ansiogênicos e não recomendam sua utilização em monoterapia nos transtornos de ansiedade. Essa medicação deve ficar reservada à função adjuvante, por exemplo, para o controle de determinados sintomas impulsivos ou cognitivos, efeitos colaterais sexuais ou alguns resíduos de comorbidades depressivas. Depressão A depressão pode ser entendida num contexto de um estado de humor associado a sentimento de tristeza, desespero, vazio, desânimo, desesperança ou facilidade para o choro. A depressão como síndrome apresenta cluster de sinais e sintomas que constituem o transtorno depressivo maior, distimia. Os transtornos depressivos incluem transtorno disruptivo da desregulação do humor, transtorno depressivo maior (incluindo episódio depressivo maior), transtorno depressivo persistente, transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno depressivo induzido por substância/medicamento, transtorno depressivo devido a outra condição médica, outro transtorno depressivo especificado e transtorno depressivo não especificado. 11 @sarahellen_figueredo A característica comum desses transtornos é a presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo (p. ex., mudanças somáticas e cognitivas no transtorno depressivo maior e no transtorno depressivo persistente). O que difere entre eles são os aspectos de duração, momento ou etiologia presumida. O transtorno depressivo maior (TDM), como é chamada a depressão suficientemente grave para ser considerada uma entidade clínica, é responsável por 4,4% do impacto de todas as doenças na saúde global, contribuição semelhante à da doença isquêmica coronariana e à das doenças diarréicas. Além disso, é a maior causa global de incapacitação durante anos de vida. O transtorno depressivo maior é um problema de saúde pública associado a um aumento da incapacidade funcional das pessoas e da mortalidade. O transtorno depressivo maior (TDM) é um transtorno do humor caracterizado por um complexo conjunto de sintomas afetivos, cognitivos, neurovegetativos, físicos, comportamentais e de ritmos biológicos. Tratase de um quadro clínico muito abrangente, cujos sintomas nucleares são o humor deprimido e a diminuição do prazer. Uma forma mais crônica de depressão, o transtorno depressivo persistente, pode ser diagnosticada quando a perturbação do humor continua por pelo menos dois anos em adultos e um ano em crianças. A idade de início do primeiro episódio depressivo apresenta grande similaridade entre diversos estudos, ocorrendo no começo da idade adulta, entre 24 e 25 anos. Curvas epidemiológicas demonstram, por exemplo, que a maior parte dos pacientes começa a apresentar os sintomas no início da idade adulta, com 40% dos indivíduos com o primeiro episódio depressivo ocorrendo antes dos 20 anos. Embora essa seja a faixa etária de maior incidência do primeiro episódio, este pode ocorrer em qualquer faixa etária, desde a infância até a velhice. Estudos epidemiológicos confirmam uma prevalênciade depressão, em geral, duas vezes maior em mulheres, fato que pode ser explicado tanto por fatores individuais biológicos e psicológicos quanto por fatores ambientais e sociais que aumentam a vulnerabilidade. Eventos de vida específicos têm sido associados a um risco maior de depressão ao longo da vida, como separação conjugal ou divórcio, menor nível educacional, desemprego e dificuldades financeiras. Histórico de traumas na infância também representam maior risco de depressão ao longo da vida adulta. Eventos adversos durante o desenvolvimento, como morte, separação ou depressão nos pais foram relacionados a um aumento do risco de depressão. Em contrapartida, cuidados parentais positivos apresentam efeitos protetores ao longo da vida. Subtipos da depressão Os subtipos de síndromes e transtornos depressivos mais utilizados na prática clínica, de acordo com a Classificação internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID11) e o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM5), são: Transtorno disruptivo de desregulação do humor Humor persistentemente irritável e frequentes crises de raiva (manifestas verbalmente ou no comportamento) desproporcionais aos acontecimentos e desenvolvimento da criança e do adolescente, iniciadas após os 6 anos de idade. Transtorno depressivo maior Sintomas depressivos diários e persistentes na maior parte do tempo, com duração mínima de duas semanas, com intensos prejuízos funcionais, em geral recorrentes e com significativa prevalência na população em geral. Transtorno depressivo persistente Sintomas depressivos persistentes por período mínimo de dois anos, diagnóstico anteriormente chamado de distimia. Em crianças e adolescentes, pode se caracterizar por humor irritável e persistir ao menos por um ano. Transtorno disfórico pré- menstrual Alterações de humor e sintomas gerais significativos (p. ex., labilidade, depressão, irritabilidade, ansiedade, letargia, alterações sono, apetite, libido) em período precedente à menstruação, presentes na maior parte dos ciclos menstruais ao longo de um ano. Transtorno depressivo induzido por substâncias Quadro depressivo relacionado ao uso de substâncias ou medicamentos, não explicado por outros transtornos depressivos antecedentes, sintomas breves de intoxicação ou delirium. Transtornos depressivos devido a outras condições médicas gerais Quadro depressivo persistente relacionado à presença de doenças clínicas, não explicado por outros transtornos mentais, transtorno de ajustamento relacionado à presença de mudanças e perdas com a doença ou delirium. Evolução dos sintomas depressivos O transtorno depressivo maior O transtorno depressivo maior representa a condição clássica desse grupo de transtornos. Ele é caracterizado por episódios distintos de pelo menos duas semanas de duração (embora a maioria dos episódios dure um tempo consideravelmente maior) envolvendo alterações nítidas no afeto, na cognição e em funções neurovegetativas, e remissões interepisódicas. 12 @sarahellen_figueredo O transtorno depressivo maior pode aparecer pela primeira vez em qualquer idade, mas a probabilidade de início aumenta sensivelmente com a puberdade. O curso do transtorno depressivo maior é bastante variável, de modo que alguns indivíduos raramente experimentam remissão (um período de dois meses ou mais sem sintomas ou apenas 1 ou 2 sintomas não mais do que em um grau leve), enquanto outros experimentam muitos anos com poucos ou nenhum sintoma entre episódios discretos. É importante distinguir os indivíduos que se apresentam para tratamento durante uma exacerbação de uma doença depressiva crônica daqueles cujos sintomas se desenvolveram recentemente. A cronicidade dos sintomas depressivos aumenta de modo substancial a probabilidade de transtornos da personalidade, ansiedade e abuso de substância subjacentes e diminui a probabilidade de que o tratamento seja seguido pela resolução completa dos sintomas. Portanto, é útil pedir que os indivíduos que apresentam sintomas depressivos identifiquem o último período de pelo menos dois meses durante o qual estiveram inteiramente livres de sintomas depressivos. Casos em que os sintomas depressivos estão presentes em mais dias do que não estão podem indicar um diagnóstico adicional de transtorno depressivo persistente. A recuperação de um transtorno depressivo maior começa dentro de três meses após o início para 40% das pessoas com depressão maior e dentro de um ano para 80%. O início recente é um forte determinante da probabilidade de recuperação em curto prazo, e podese esperar que muitos indivíduos que estiveram deprimidos por apenas alguns meses se recuperem espontaneamente. As características associadas a taxas mais baixas de recuperação, além da duração do episódio atual, incluem características psicóticas, ansiedade proeminente, transtornos da personalidade e gravidade dos sintomas. O risco de recorrência tornase progressivamente mais baixo ao longo do tempo, à medida que aumenta a duração da remissão. O risco é mais alto em indivíduos cujo episódio anterior foi grave, em indivíduos mais jovens e naqueles que já experimentaram múltiplos episódios. A persistência de sintomas, mesmo leves, durante a remissão é um forte preditor de recorrência Transtorno depressivo persistente (distimia) A distimia é um estado de depressão crônica, porém leve, com duração mínima de 2 anos. A sua apresentação é como uma “montanharussa”, na qual a pessoa pode ter desde uma depressão maior até uma depressão menos grave, frequentemente com sentimento de tristeza. No mínimo dois dos seguintes sinais também devem estar presentes: alteração do padrão de sono (excessivo ou insuficiente), fadiga, alteração dos padrões alimentares (falta de apetite ou ingestão excessiva), incapacidade de concentração, baixa autoestima e sentimentos de desesperança. O transtorno depressivo persistente com frequência apresenta um início precoce e insidioso (i. e., na infância, na adolescência ou no início da idade adulta) e, por definição, um curso crônico. Quando os sintomas aumentam até o nível de um episódio depressivo maior, eles provavelmente retornarão um nível inferior. Entretanto, os sintomas depressivos têm muito menos probabilidade de desaparecer em determinado período de tempo no contexto do transtorno depressivo persistente do que em um episódio depressivo maior não crônico. Transtorno disfórico pré-menstrual Transtorno disfórico prémenstrual. O transtorno disfórico prémenstrual (TDPM) está relacionado ao ciclo menstrual e não deve representar somente uma exacerbação dos sintomas de outro transtorno psiquiátrico. Apesar de pouco definida, sua causa exata está relacionada com a flutuação hormonal ocorrida em um período que vai de poucos dias a 2 semanas antes da menstruação. Muitas mulheres sofrem de síndrome prémenstrual, na qual estão presentes sensibilidade mamária, dor abdominal, retenção de água, acne, dor nas costas e distúrbios do sono. Diferentemente, mulheres com TDPM apresentam exaustão, raiva, sensação de insegurança ou perda do controle e diminuição da libido. O início do transtorno disfórico prémenstrual pode ocorrer a qualquer momento após a menarca. Os sintomas cessam após a menopausa, embora a reposição hormonal cíclica possa desencadear nova manifestação deles. Transtorno depressivo associado ao uso de substância Um transtorno depressivo associado ao uso de substância (i. e., álcool, drogas ilícitas ou um tratamento prescrito para um transtorno mental ou outra condição médica) deve ter seu início enquanto o indivíduo está usando a substância ou durante a abstinência, se houver uma síndrome de abstinência associada àsubstância. Com mais frequência, o transtorno depressivo tem seu início nas primeiras semanas ou após um mês de uso pesado da substância. Depois que esta é descontinuada, os sintomas depressivos geralmente desaparecem no período de dias a várias semanas, dependendo da meiavida da substância/medicamento e da presença de uma síndrome de abstinência. Se os sintomas persistem quatro semanas além do curso de tempo esperado da abstinência de uma substância/medicamento particular, outras causas para os sintomas de humor depressivo devem ser consideradas. 13 @sarahellen_figueredo Transtorno Depressivo Devido a Outra Condição Médica Após um AVC, o início da depressão parece ser muito agudo, ocorrendo no espaço de poucos dias na maioria dos casos. Entretanto, em algumas situações, o início da depressão ocorre semanas a meses depois do AVC. Nas maiores séries, a duração média do episódio depressivo maior após um AVC foi de 9 a 11 meses. Na doença de Parkinson e na doença de Huntington, a depressão com frequência precede os prejuízos motores maiores e os prejuízos cognitivos associados a cada condição. Isso ocorre mais proeminentemente no caso da doença de Huntington, em que a depressão é considerada o primeiro sintoma neuropsiquiátrico. Existem algumas evidências observacionais de que a depressão é menos comum à medida que a demência da doença de Huntington progride. Em alguns indivíduos com lesões cerebrais estáticas e outras doenças do sistema nervoso central, sintomas de humor podem ser episódicos (i. e., recorrentes) ao longo do curso do transtorno. Na síndrome de Cushing e no hipotireoidismo, a depressão pode ser uma manifestação precoce da doença. No câncer de pâncreas, a depressão frequentemente precede os demais sintomas. Outro Transtorno Depressivo Especificado Esta categoria aplicase a apresentações em que sintomas característicos de um transtorno depressivo que causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo predominam, mas não satisfazem todos os critérios para qualquer transtorno na classe diagnóstica dos transtornos depressivos ou para transtorno de adaptação com misto de ansiedade e humor deprimido. A categoria outro transtorno depressivo especificado é usada nas situações em que o clínico opta por comunicar a razão específica pela qual a apresentação não satisfaz os critérios para qualquer transtorno depressivo específico. Exemplos de apresentações que podem ser especificadas usando a designação “outro transtorno depressivo especificado” incluem: Depressão breve recorrente: Presença concomitante de humor depressivo e pelo menos quatro outros sintomas de depressão por 2 a 13 dias pelo menos uma vez por mês (não associados ao ciclo menstrual) por pelo menos 12 meses consecutivos em um indivíduo cuja apresentação nunca satisfez os critérios para qualquer outro transtorno depressivo ou transtorno bipolar e atualmente não satisfaz critérios ativos ou residuais de qualquer transtorno psicótico. Episódio depressivo de curta duração (4 a 13 dias): Afeto depressivo e pelo menos quatro dos outros oito sintomas de um episódio depressivo maior associados a sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo que persiste por mais de quatro dias, porém menos de 14 dias, em um indivíduo cuja apresentação nunca satisfez critérios para qualquer outro transtorno depressivo ou transtorno bipolar, atualmente não satisfaz critérios ativos ou residuais para qualquer transtorno psicótico e não satisfaz critérios para depressão breve recorrente. Episódio depressivo com sintomas insuficientes: Afeto depressivo e pelo menos um dos outros oito sintomas de um episódio depressivo maior associados a sofrimento ou prejuízo clinicamente significativo que persiste por pelo menos duas semanas em um indivíduo cuja apresentação nunca satisfez critérios para qualquer outro transtorno depressivo ou transtorno bipolar, atualmente não satisfaz critérios ativos ou residuais para qualquer transtorno psicótico e não satisfaz critérios para transtorno de adaptação com sintomas mistos de ansiedade e depressão. Episódio depressivo maior sobreposto a esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante ou outro transtorno especificado ou não especificado do espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos. Nota: Episódios depressivos maiores que são parte do transtorno esquizoafetivo não exigem um diagnóstico adicional de outro transtorno depressivo especificado. Manifestações clínicas Do ponto de vista psicopatológico, as síndromes depressivas têm como elementos mais salientes o humor triste e, na esfera volitiva, o desânimo, mais ou menos marcantes. Tal tristeza e desânimo são, na depressão, desproporcionalmente mais intensos e duradouros do que nas respostas normais de tristeza que ocorrem ao longo da vida. Os quadros depressivos caracterizamse por uma multiplicidade de sintomas afetivos, instintivos e neurovegetativos, ideativos e cognitivos, relativos à autovaloração, à vontade e à psicomotricidade. Também podem estar presentes, em formas graves de depressão, sintomas psicóticos (delírios e/ou alucinações), marcante alteração psicomotora (geralmente lentificação ou estupor), assim como fenômenos biológicos (neuronais ou neuroendócrinos) associados. Uma síndrome depressiva manifestase por alterações duradouras de humor, cognição, psicomotricidade, biorritmicidade e volição. Dentre as manifestações que um indivíduo em estado depressivo pode apresentar, é importante identificar: ■ Humor: Geralmente polarizado para depressão (sentimento expresso e observação de sinais de tristeza na maior parte do tempo), com anedonia (perda da capacidade de sentir prazer, com conseqüente perda de interesse pelas atividades habituais) e choro fácil (labilidade afetiva), podendo a reatividade a estímulos positivos estar preservada ou não. Indiferença afetiva (apatia) ou ansiedade e irritabilidade podem estar presentes. 14 @sarahellen_figueredo ■ Pensamento: Preocupações freqüentes e por vezes exageradas, pessimismo e desesperança, podendo ocorrer idéias de ruína e niilismo, baixa autoestima e idéias de desvalia, sentimento de culpa, por vezes inapropriado, e hipocondria. As idéias de ruína, culpa e hipocondria podem adquirir características delirantes durante um episódio depressivo. Neste caso, observase forte certeza e convicção do paciente, o qual não aceita argumentação, por mais exageradas e estranhas que as crenças sejam. Pode ocorrer também persecutoriedade e autoreferência como manifestações delirantes em um quadro depressivo psicótico. ■Sensopercepção: Alucinações, principalmente auditivas, podem ocorrer em depressões psicóticas, porém são fenômenos raros, ocorrendo em menos de 10% dos casos de TDM. ■Alterações cognitivas: Dificuldade de concentração, déficits de atenção e mesmo prejuízos de memória podem ocorrer. Esses sintomas podem ser tão proeminentes, principalmente em idosos, que sua apresentação clínica assemelhase à da síndrome demencial (“pseudodemência” depressiva). ■Psicomotricidade: Lentificação e retardo tanto de pensamentos como dos movimentos, podendo haver latência de resposta e até laconismo (respostas breves, por vezes monossilábicas); sensação de fadiga e diminuição de energia, ou inquietação, principalmente em casos de depressão com sintomas ansiosos ou na “depressão agitada”. ■Sintomas neurovegetativos: Podem ocorrer tanto anorexia com perda de peso como aumento de peso; alterações do sono que vão desde a dificuldade para iniciar o sono (insônia inicial) e mantêlo (fragmentação do sono ou insônia intermediária), despertar precoce (despertar duas horas antes do horário habitual,fenômeno denominado insônia terminal), até sono não reparador ou hipersônia*; disfunção sexual (diminuição ou perda do desejo sexual, disfunção erétil ou ejaculação rápida). ■Volição: Frequentemente ocorre diminuição da vontade e perda de interesse por atividades habituais anteriormente (hipobulia). Podese observar vontade de morrer (ideação suicida) ou mesmo tentativa de autoagressão. Entre os principais sintomas que fazem parte do quadro clínico e são critérios diagnósticos, temos: ■ Humor: depressivo deve ser persistente ou pelo menos com 2 semanas; pode assumir várias formas, como sentir se triste, sem esperança, desanimado. Mesmo pacientes que parecem tristes podem inicialmente negar a tristeza. Podem ainda relatar ansiedade, irritabilidade ou sensação de que não têm sentimentos. ■ Anedonia (redução ou perda da capacidade de sentir prazer) ou diminuição do interesse. ■ Perda ou diminuição da libido. Paradoxalmente algumas pessoas podem apresentar aumento da libido como forma de aliviar a angústia. ■ Mudanças de peso ou apetite: alguns pacientes têm que se forçar para comer, enquanto outros referem sentir ansiedade de comer algum alimento em específico. ■ Alteração do padrão de sono: pode se apresentar como insônia ou hipersonia. Paciente relatam um sono sem descanso e dificuldade de sair da cama de manhã. ■ Fadiga ou perda de energia: falta de energia pode ser descrita como a necessidade de descansar durante todo o dia, sentir os membros pesados, ou sentir que é difícil iniciar ou concluir as atividades. ■ Redução da perspectiva de futuro: dificuldade de vislumbrar planos para o futuro e onde se vê no futuro. Tais sintomas causam sofrimento significativo ou prejuízos ao funcionamento social, profissional ou em outra área importante da vida. Os sintomas não são mais bem explicados por outros transtornos mentais ou uso de substâncias O número e a gravidade dos sintomas possibilitam determinar o grau do episódio depressivo e geralmente a internação é necessária para os quadros moderados e graves, principalmente quando há ideação suicida. Muitas vezes, no início, os sinais da enfermidade podem não ser reconhecidos. No entanto, nunca devem ser desconsideradas possíveis referências a ideias de autodestruição Classificação do transtorno depressivo maior segundo a CID-11 1. Episódio único: Leve (pouca dificuldade em conduzir as atividades cotidianas e pouco prejuízo nos âmbitos social, laboral, conjugal etc.). Moderado: • Sem sintomas psicóticos (dificuldade considerável nos diversos âmbitos vitais, mas ainda há capacidade de funcionamento em algumas esferas e ausência de alucinações e de delírios). • Com sintomas psicóticos (critérios semelhantes aos do episódio moderado, mas na presença de alucinações e de delírios). Grave: • Sem sintomas psicóticos (incapacidade de funcionar nos mais diversos âmbitos vitais, sem a presença de alucinações e de delírios). • Com sintomas psicóticos (critérios semelhantes aos do episódio depressivo grave, mas na presença de alucinações e de delírios. 2. Transtorno depressivo recorrente: pelo menos dois episódios depressivos separados por vários meses sem alterações significativas de humor. 15 @sarahellen_figueredo Estupor depressivo ou depressão com catatonia (DSM-5) Tratase de estado depressivo muito grave, no qual o paciente permanece dias na cama ou sentado, em estado de catalepsia (imóvel; em geral rígido), com negativismo que se exprime pela ausência de respostas às solicitações ambientais, geralmente em estado de mutismo (não fala com as pessoas, apesar de estar consciente e não ter afasia), recusando alimentação, às vezes urinando no leito. O indivíduo pode, nesse estado, desidratar e vir a falecer por complicações clínicas (pneumonia, insuficiência prérenal, desequilíbrios hidreletrolíticos, sepse, entre outras). Diagnóstico O diagnóstico da depressão é feito a partir da presença de determinados sintomas que se manifestam numa certa duração e intensidade também toma como base a história de vida do paciente. Como o estado depressivo pode ser um sintoma secundário a várias doenças, sempre é importante estabelecer o diagnóstico diferencial O diagnóstico dos diversos subtipos de TDs é realizado a partir de entrevista clínica para caracterização de sintomas, tempo de duração e prejuízos funcionais do indivíduo, utilizando critérios diagnósticos dos sistemas classificatórios, como a 11ª edição da Classificação internacional de doenças (CID11) e a 5ª edição do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM5). DSM- 5 Critérios para diagnósticos- Transtorno depressivo maior A. Cinco ou mais sintomas presentes na maior parte do dia, quase todos os dias, por período mínimo de duas semanas, sendo ao menos um deles (1) ou (2). Desconsiderar sintomas claramente atribuídos a condições médicas gerais. 1)Humor deprimido (a partir de relatos dos pacientes ou observação de terceiros). Em adolescentes, pode ocorrer humor irritável. 2)Marcada diminuição de interesse ou prazer na maior parte das atividades. 3)Alterações de apetite/peso (aumento ou diminuição) não explicados por outro motivo. 4)Insônia ou hipersonia. 5)Agitação ou retardo psicomotor. 6)Cansaço ou diminuição de energia. 7)Pensamentos de desvalia ou culpa excessiva e inapropriada. 8)Diminuição na concentração ou dificuldades para pensar ou tomar decisões. 9)Pensamentos recorrentes de morte e/ou suicídio, e/ou planos ou tentativas de suicídio. B. Significativos prejuízos funcionais com sintomas.* C. Sintomas não podem ser atribuídos a outras condições médicas gerais ou substâncias.* D. Sintomas não são bem explicados por outros diagnósticos psiquiátricos.* E. Ausência de episódios maníacos ou hipomaníacos prévios. CID-11- Episódio depressivo (6A70) Humor deprimido ou perda de interesse em atividades, quase diário, com duração mínima de duas semanas, acompanhado por outros sintomas, como: 1) Dificuldades de concentração 2)Sentimentos de indignidade ou culpa inapropriada 3)Desesperança 4)Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio 5)Mudanças de apetite 6)Mudanças no sono 7)Agitação ou retardo psicomotor 8)Diminuição de energia ou fadiga Ausência de sintomas indicativos de episódios anteriores maníacos, hipomaníacos ou mistos. TDP A. Humor deprimido na maior parte do dia, na maioria dos dias, por período mínimo de dois anos. Em crianças e adolescentes, pode ser um ano. B. Presença de dois ou mais dos seguintes sintomas: 1)Apetite (diminuído ou aumentado) 2)Insônia ou hipersonia 3)Pouca energia ou cansaço 4)Baixa autoestima 5)Dificuldades de concentração ou para tomar decisões 6)Sentimentos de desesperança C. Durante o período de dois anos, o indivíduo nunca esteve sem sintomas por mais de dois meses.* D. Critérios para episódio depressivo podem estar presentes ao longo dos dois anos.* E. Ausência de episódios maníacos ou hipomaníacos ou ciclotimia.* F. Sintomas não são bem explicados por outros diagnósticos psiquiátricos.* G. Sintomas não podem ser atribuídos a outras condições médicas gerais ou substâncias.* H. Significativos prejuízos funcionais com sintomas.* Distimia (6A72) Humor persistentemente deprimido, por mais de dois anos, na maior parte do dia e na maioria dos dias. Em crianças e adolescentes, pode ser manifesto por irritabilidade persistente. O humor depressivo é acompanhado por sintomas adicionais, como: 1)Diminuição no interesse por atividades ou prazer# 2)Diminuição na atenção, concentração ou indecisão 3)Baixa autoestima ou culpa excessiva ou inapropriada 4)Desesperança com o futuro 5)Dificuldades com o sono ou hipersonia 6)Apetite diminuído ou aumentado 7)Pouca energia ou fadiga Ausência de critérios paraepisódio depressivo com duração de duas semanas. Ausência de critérios diagnósticos para episódio maníaco, hipomaníaco ou misto. 16 @sarahellen_figueredo Tratamento Uma vez feito o diagnóstico e avaliada a gravidade dos sintomas, estabelecese o planejamento terapêutico. As estratégias de tratamento vão desde o uso de medicamentos antidepressivos (existem mais de 30 compostos anti depressivos diferentes) até abordagens psicológicas (psicoterapias, grupos psicoeducacionais e de autoajuda) e tratamentos biológicos não farmacológicos (eletroconvulsoterapia – ECT, estimulação magnética transcraniana, estimulação de nervo vago, fototerapia), entre outros. É fundamental determinar se o paciente pode ser tratado ambulatorialmente ou se é necessária internação psiquiátrica (voluntária ou compulsória). A internação psiquiátrica está indicada nos casos de risco iminente de suicídio (ideação no presente ou planejamento explícito) e incapacidade do paciente em reconhecer a doença ou seguir as orientações médicas (por exemplo, na depressão psicótica). Falta de suporte familiar, elevado nível de estresse psicossocial, acentuado prejuízo funcional ou debilitamento físico, quando em presença de outras condições médicas (por exemplo, dependência de substâncias ou doença cardíaca), também podem constituir indicação de internação. Artigo O papel da alimentação no tratamento do transtorno de ansiedade e depressão 2020- Ana Carolina Borges da Rocha De acordo com trabalhos selecionados para esta revisão, há a comprovação de que os ácidos graxos poliinsaturados de ômega 3 tem um impacto significativo no tratamento dos sintomas de depressão. Lai et al. (2016) reiteram que a ingestão alimentar com baixo consumo de ômega 3 foram relacionadas a elevados índices de doença mental, inclusive depressão. O ômega 3 tem como elementos o EPA (ácido eicosapentaenoico), que apresenta efeito anti inflamatório, e, DHA (ácido docosahexaenoico), que faz parte da composição de neurônios cerebrais. Por contribuir para o funcionamento do cérebro e a neurotransmissão da serotonina, os autores indicam a possibilidade do uso de ômega 3 em quadros depressivos, uma vez que a doença manifesta marcadores inflamatórios em exames bioquímicos, como a PCR (proteína C reativa). A deficiência da vitamina D embora seja um distúrbio muito comum, é de suma importância para avaliar a sua relação com a depressão. Autores sugerem que esse hormônio apresenta uma proteção neuronal e baixos níveis plasmáticos podem prejudicar a síntese de dopamina e serotonina. No ensaio clínico randomizado de Alavi et al. (2019), foi observado que a suplementação semanal de 50.000 UI de vitamina D, por 8 semanas, pode melhorar o nível de depressão em pessoas com mais de 60 anos. Isso pode ser explicado por haver receptores de vitamina D no hipocampo que estão relacionadas a depressão e os seus metabólitos podem ultrapassar a barreira hematoencefálica. Outro desfecho encontrado numa metanálise demonstrou que a ação medicamentosa no tratamento da depressão foi semelhante ao efeitoproporcionado pela suplementação de vitamina D em pacientes com a doença. Antidepressivo Os antidepressivos aliviam os sintomas da depressão por aumentarem a atividade da NA e da 5HT nos receptores de membrana póssinápticos. O mecanismo de ação dos antidepressivos mais amplamente utilizados é a inibição da recaptação de 5HT no espaço présináptico. As formulações são variadas e têm como alvos diferentes neurotransmissores. Exemplos são os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), inibidores da recaptação e antagonistas de serotonina (IRAS), e os inibidores da recaptação de serotonina e NA (IRSN). Os antidepressivos tricíclicos bloqueiam a recaptação de 5 HT e NA pela membrana présináptica. Os inibidores da monoamina oxidase (MAO) aumentam a concentração de 5HT e NA via redução da degradação desses neurotransmissores pela MAO, porém são utilizados com menos frequência devido ao seu perfil de efeitos colaterais e às restrições alimentares necessárias. A eletroconvulsoterapia, procedimento que estimula eletricamente uma convulsão generalizada, pode ser um tratamento eficaz para a depressão grave. A fototerapia, ou terapia com luz, utiliza uma luz artificial para influenciar a produção de melatonina e a função dos sistemas de catecolaminas. É usada com frequência como tratamento de primeira linha para a depressão associada às alterações sazonais. Evidências apontam melhora dos resultados com o uso combinado de antidepressivos, terapia interpessoal, terapia cognitivocomportamental e terapia para solução de problema O manejo baseado em níveis crescentes de complexidade (steppedcare) é uma forma clinicamente útil de organizar a abordagem de um paciente deprimido. Nessa abordagem, as intervenções são introduzidas ponderando a intensidade dos sintomas e o nível de complexidade da intervenção. Fases do tratamento O tratamento da depressão é dividido em três fases: aguda, continuação e manutenção. Fase aguda A fase aguda visa à remissão dos sintomas e à recuperação do funcionamento psicossocial, e sua duração varia de 8 a 12 semanas. A escolha do tratamento inicial a ser 17 @sarahellen_figueredo implementado (terapia medicamentosa, psicoterapia, tratamento combinado, ECT, entre outros) depende da gravidade e do subtipo do quadro depressivo, mas também da preferência do paciente e da disponibilidade de recursos. A resposta ao tratamento é medida de acordo com a melhora clínica do paciente (sintomatológica e funcional), e nas pesquisas clínicas a melhora é mensurada por meio da pontuação em escalas de avaliação para depressão. Continuação A fase de continuação visa à prevenção de recaída (o retorno dos sintomas do episódio índice), e sua duração varia de 6 a 12 meses. Pacientes que tenham sido tratados com medicações antidepressivas na fase aguda devem ser mantidos com os mesmos agentes, nas mesmas doses em que se alcançou o alívio dos sintomas. É importante ressaltar que o acompanhamento psicoterapêutico também deve ser mantido nessa fase. Tratamento de manutenção Seguindose à fase de continuação, o tratamento de manutenção deve ser considerado para alguns pacientes com o objetivo de prevenir recorrência da depressão. Indivíduos com alto risco de recorrência e que tenham apresentado episódio depressivo com alta gravidade (tentativa de suicídio, sintomas psicóticos, comprometimento funcional severo) são potenciais candidatos à manutenção do tratamento antidepressivo. Os riscos, incluindo efeitos adversos a longo prazo associados à terapêutica empregada, e os benefícios devem ser discutidos com o paciente, e a decisão deve ser tomada em conjunto. Não há evidências de que determinado perfil sintomatológico responda melhor a um esquema medicamentoso específico. A exceção a essa regra é a depressão psicótica e, em certo grau, a depressão atípica. Episódios Depressivos Leves Episódios depressivos leves podem responder a várias estratégias, muitas delas inespecíficas, como exercício físico, conexão social, alimentação, expressão de gratidão e conexão espiritual e religiosa.25 Não há evidência de que a medicação antidepressiva seja superior ao placebo quando os sintomas depressivos são leves. Na medida em que intervenções mais simples e inespecíficas não apresentam resultados e/ou a intensidade dos sintomas aumenta, estratégias utilizadas para depressões moderadas, como psicoterapia e farmacoterapia, são utilizadas. - Episódios depressivos moderados A principal estratégia utilizada para tratamento dedepressões moderadas são os medicamentos antidepressivos, devido à sua efetividade e à possibilidade de utilização por médicos não especialistas.25 Além das medicações, algumas formas de psicoterapia têm evidência de eficácia para a fase aguda da depressão, como terapia cognitivocomportamental (TCC), terapia interpessoal, terapia não diretiva suportiva, terapia de resolução de problemas, terapia de ativação comportamental e terapia psicodinâmica breve. Episódios Depressivos Graves Episódios depressivos graves são prioritariamente tratados com antidepressivos. A eletroconvulsoterapia (ECT) é uma alternativa a ser considerada, pela maior potência no efeito antidepressivo comparada aos medicamentos e maior rapidez de ação, embora não seja recurso acessível em muitos lugares. Episódios depressivos com sintomas psicóticos e atípicos Nos episódios depressivos com sintomas psicóticos, o uso da combinação de um antidepressivo com antipsicótico é superior ao uso isolado de um dos dois medicamentos. Outra alternativa extremamente eficaz nesses casos é o uso de ECT. 18 @sarahellen_figueredo Referencias Sallet, Paulo, C. et al. Manual do residente de psiquiatria. Disponível em: Minha Biblioteca, Editora Manole, 2023. Nardi, Antonio, E. et al. Tratado de psiquiatria da associação brasileira de psiquiatria. Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2021. Cantilino, Amaury, e Dennison Carreiro Monteiro. Psiquiatria clínica. Disponível em: Minha Biblioteca, MedBook Editora, 2017. Norris, Tommie L. Porth Fisiopatologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (10th edição). Grupo GEN, 2021. Whalen, Karen, et al. Farmacologia ilustrada. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo A, 2016. Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Disponível em: Minha Biblioteca, (3rd edição). Grupo A, 2019. Association, American P. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM5TR: Texto Revisado. Disponível em: Minha Biblioteca, (5th edição). Grupo A, 2023. Quevedo, João, et al. Depressão: teoria e clínica. Disponível em: Minha Biblioteca, (2nd edição). Grupo A, 2019. Alvarenga, Pedro Gomes, D. e Arthur Guerra de Andrade. Fundamentos em Psiquiatria. Disponível em: Minha Biblioteca, Editora Manole, 2008. Favarato, Maria Helena, S. et al. Manual do residente de clínica médica. Disponível em: Minha Biblioteca, (3rd edição). Editora Manole, 2023.