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1 
 
@sarahellen_figueredo 
 
 
Transtornos de ansiedade e depressão 
Objetivos 
1- Diferenciar a ansiedade fisiológica e patológica 
2- Entender a classificação dos principais tipos de 
transtornos de ansiedade, quadro clínico e 
tratamento (farmacológico e não farmacológico). 
3- Explicar a evolução dos sintomas depressivos 
4- Compreender o quadro clínico, diagnóstico e 
tratamento (farmacológico e não farmacológico) da 
depressão 
Ansiedade fisiológica e patológica 
A ansiedade é um estado mental suscitado em ­antecipação 
a uma ameaça ou a uma ameaça potencial, resultando em 
um estado de maior vigilância. 
Todos vivenciam ansiedade em algum grau, e há 
evidências de que sua completa ausência também seja 
desadaptativa. É um senso de apreensão, difuso e 
desagradável, costumeiramente vago e frequentemente 
acompanhado de sintomas como dores de cabeça, tensão 
muscular, palpitações, desconforto abdominal e/ou 
torácico, e inquietação. 
Artigo­ Transtornos de ansiedade: histórico, aspectos 
clínicos e classificações atuais 
2022- Ilgner Justa Frota 
A ansiedade como fenômeno afetivo natural, permite que o 
indivíduo fique atento a perigos e tome medidas para 
sobreviver a ameaças ou se adaptar a circunstâncias 
desconhecidas. 
A ansiedade é definida na CID­11 como um estado de 
apreensão ou antecipação de perigos ou eventos futuros 
desfavoráveis, acompanhado por um sentimento de 
preocupação, desconforto, ou sintomas somáticos de 
tensão. Considera­se ansiedade patológica quando resulta 
em sofrimento ou prejuízo funcional importantes. 
O conceito de ansiedade difere do de medo. Aquela é um 
temor difuso sem objeto determinado. Já o medo é um 
temor proporcional a um objeto ou circunstância 
determinados. Também se diferencia do termo fobia, que é 
um estado de temor desproporcional ou sem relação direta 
com o real perigo do objeto 
A síndrome ansiosa ou de ansiedade é composta por 
sintomas convencionalmente subdivididos em dois grupos: 
subjetivos e objetivos. Os primeiros, sentidos como 
experiência psicológica, incluem temor, preocupações 
emocionais, despersonalização etc. Os objetivos, ou 
somáticos, englobam, entre outros, dores abdominais, 
náuseas, vertigens, palpitações, boca seca 
­­­­­­­­­­­­­­ 
A ansiedade patológica se diferencia da ansiedade 
adaptativa pelo prejuízo em alguma área importante da 
vida do sujeito e/ou grande sofrimento. Normalmente estão 
associadas a intensidade, persistência e frequência – 
marcadamente maiores na ansiedade patológica. Por fim, 
transtornos ansiosos estão comumente relacionados a 
comportamentos de esquiva que, por sua vez, também 
estão implicados em prejuízo executivo e de capacidade 
funcional do sujeito. 
Transtornos de ansiedade 
Os transtornos de ansiedade são um grupo diversificado de 
condições, e a compreensão atual dos mecanismos 
neurofisiopatológicos subjacentes a eles reflete essa 
heterogeneidade. No entanto, algumas generalidades em 
relação à neurobiologia do medo e da ansiedade são 
conhecidas. Por exemplo, sabe­se que, quando estímulos 
ambientais são interpretados como ameaçadores, se origina 
a ansiedade. 
 Para que essa interpretação ocorra, uma pessoa deve 
primeiro detectar que os estímulos existem por meio de 
seus sistemas sensoriais, por meio do córtex sensorial, do 
tálamo e dos folículos superior e inferior. Uma vez que 
ameaças importantes são detectadas, ocorre uma 
interpretação do estímulo que é, em parte, determinada pela 
experiência anterior do indivíduo e inclui a atribuição de 
valência ao estímulo via circuitos da amígdala basolateral. 
Se os eventos são ou não interpretados como ameaçadores 
depende do equilíbrio entre os circuitos de apoio e o 
circuito de comportamentos defensivos. 
Um mecanismo importante que pode permitir que um 
sistema se sobreponha ao outro é o recrutamento de 
determinadas populações definidas pela projeção de 
neurônios na amígdala basolateral. A valência positiva e a 
negativa são codificadas por neurônios da amígdala 
basolateral, sendo interpretadas como situações de 
recompensa ou medo (sistemas nucleus accumbens e 
subdivisão centromedial da amígdala, respectivamente). 
 Especificamente, a ativação de neurônios da amígdala 
basolateral que se projetam para a subdivisão centromedial 
da amígdala pode influenciar o sistema de interpretação em 
di­reção a uma avaliação de ameaça. Outros aspectos que 
podem contribuir para interpretações de perigo no meio 
ambiente são, por exemplo, a exposição repetida a fatores 
estressantes ou estímulos de ameaça que podem causar a 
2 
 
@sarahellen_figueredo 
 
potencialização específica de circuitos que promovem 
comportamentos relacionado à ansiedade, de forma que, 
em situações ambíguas, os circuitos de ansiedade 
prevaleçam. 
 Posteriormente, os estímulos interpretados como ansiosos 
serão avaliados pelo córtex pré­frontal medial, pelo 
hipotálamo e pela área ventro­tegumentar, que, aliados ao 
córtex motor, ao núcleo parabraquial, à substância cinzenta 
periaquedutal e ao nucleus accumbens, originarão as 
respostas somáticas de ansiedade, como dispneia, 
taquicardia, sudorese, tremores, entre outras. 
- Os níveis plasmáticos de serotonina (5-HT) estão 
reduzidos nos diversos transtornos de ansiedade. 
Evidências mostram que algumas subpopulações de 
neurônios serotoninérgicos do núcleo dorsal e mediano da 
rafe, por meio de projeções topograficamente organizadas, 
direcionadas a diferentes alvos cerebrais, têm funções 
importantes para a fisiopatologia desses transtornos. 
Podem­se ser citados os neurônios serotonérgicos do 
núcleo dorsal da rafe, que se projetam para a amígdala, 
facilitando a expressão do medo condicionado e da 
ansiedade, bem como para a substância cinzenta 
periaquedutal, inibindo as respostas comportamentais do 
tipo fuga, e os neurônios serotonérgicos do mediano da 
rafe, que apresentam a capacidade de aumentar a 
resiliência ao estresse. Ademais, o receptor serotonérgico 
5­HT1A é estimado como modulador da ansiedade nas suas 
formas normais e patológicas. 
­ O sistema do ácido gama-aminobutírico (GABA) serve 
como o mais importante sistema neurotransmissor 
inibitório do sistema nervoso central. Evidências 
crescentes apontam para seu envolvimento na 
fisiopatologia dos transtornos de ansiedade, sendo que os 
benzodiazepínicos, que atuam no sistema GABA, são 
utilizados para tratar essas condições. 
DESCRIÇÃO DOS TRANSTORNOS DE 
ANSIEDADE CONFORME DSM-5 
Transtorno de pânico 
Caracterizado por ataques de pânico recorrentes, que são 
períodos de ansiedade e desconforto intenso, sem 
qualquer gatilho, acompanhados por sintomas 
somáticos. 
Agorafobia 
Medo em locais ou situações (p. ex., transporte público, 
multidões) dos quais a fuga pode ser difícil ou em que a 
ajuda pode não estar disponível. 
Transtorno de ansiedade generalizada 
Os pacientes sofrem de ansiedade e preocupação 
excessivas, acompanhados por sintomas como 
inquietação, irritabilidade, dificuldade de concentração, 
tensão muscular, distúrbios do sono e fadiga. 
Fobia específica 
Medo excessivo ou irracional de objetos isolados ou 
situações (p. ex., medo de voar, de ver sangue, de altura 
ou de animais). 
Fobia social 
Medo persistente e irracional de ser observado ou 
avaliado negativamente por outros em situações de 
desempenho social ou interação. Associado a sintomas 
de ansiedade somática e cognitiva. 
Transtorno de ansiedade de separação 
Experiência de sofrimento excessivo quando a 
separação de grandes figuras de apego é antecipada ou 
ocorre. As pessoas se preocupam com o bem­estar ou a 
morte potencial das figuras de apego, particularmente 
quando separadas delas, e se sentem compelidas a 
permanecer em contato. 
Mutismo seletivo 
Fracasso persistente para falar em situações sociais 
específicas em que existe a expectativa para tal (p. ex., 
na escola), apesar defalar em outras situações. 
 
Transtorno de ansiedade generalizada 
Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é 
caracterizado por ansiedade ou preocupações excessivas 
diante de quase inúmeras situações e atividades cotidianas, 
ocorrendo na maioria dos dias, por pelo menos seis meses 
consecutivos. 
As preocupações são de difícil controle e, 
costumeiramente, estão acompanhadas de sintomas 
diversos, como tensão muscular, irritabilidade, distúrbios 
de sono, exaustão, problemas de memória e concentração, 
entre outros. 
Trata­se de um transtorno com prevalência aproximada de 
7%,com variação na literatura entre 4 e 11%. Ocorre até 
duas vezes mais em mulheres do que em homens. Em 
ambulatórios especializados em transtornos ansiosos, elas 
representam 25% dos pacientes em acompanhamento. O 
transtorno é deflagrado, majoritariamente, na transição 
entre adolescência e início da vida adulta. Ainda assim, 
casos diagnosticados após os 30 anos de idade também são 
comuns. 
Uma pessoa com TAG acha difícil controlar a preocupação. 
O TAG é diagnosticado com mais frequência dos 45 aos 59 
anos de idade. 
Artigo­ Transtorno de ansiedade generalizada: uma 
revisão da literatura e dados epidemiológicos 
2017- Ana Karla da Silva Menezes 
O TAG é um transtorno crônico de ansiedade podendo 
durar muitos anos provocando queda na qualidade de 
vida do paciente e prejudicando seu desempenho social, 
familiar e profissional. Não há estudos prospectivos 
sobre a evolução do TAG portanto sem tratamento 
não há remissão dos sintomas. São complicações 
comuns do TAG o abuso de drogas e os quadros 
depressivos com risco de suicídio além das dificuldades 
econômicas e sociais. 
Outra característica importante do TAG é a incapacidade 
do indivíduo de controlar suas preocupações, fazendo com 
3 
 
@sarahellen_figueredo 
 
 
que elas interfiram na atenção a tarefas que precisam 
ser realizadas. Raramente identificam suas preocupações 
como excessivas, mas relatam sofrimento 
significativo devido à expectativa apreensiva e 
prejuízo no desempenho social ou ocupacional. A 
cefaleia muitas vezes está presente nos quadros de 
ansiedade prolongada, como no TAG, e é uma das 
manifestações de tensão muscular. Os pacientes 
frequentemente procuram um clínico antes de buscar 
auxílio psiquiátrico. 
­­­ 
O diagnóstico de TAG passa pela observação dos 
seguintes critérios, conforme o DSM-5: 
Ansiedade ou preocupações excessivas, ocorrendo 
quase todos os dias, por pelos menos seis meses a 
respeito de um número diverso de situações ou 
ambientes. 
O sujeito acometido não consegue ou tem muita 
dificuldade para controlar as preocupações. 
Ansiedade ou preocupações devem estar associadas a 
pelo menos três dos seguintes sintomas, na maioria 
dos dias, por seis meses: 
1) sensação de nervos a flor da pele; 
2) exaustão ou fadiga excessiva; 
 3) dificuldade de concentração; 
4) irritabilidade; 
5) tensão muscular; 
6) distúrbios do sono. 
Ansiedade, medos e preocupações causam prejuízo 
significativo à funcionalidade social, ocupacional ou 
outras. 
A perturbação não é mais bem explicada por outro 
transtorno mental, condição médica ou uso de 
substância. 
 
Agorafobia 
Embora sua etimologia faça referência apenas a medo e 
praça, ao “aberto”, a agorafobia hoje é definida como o 
transtorno no qual o indivíduo sente intenso medo ou 
ansiedade de se expor a situações nas quais sinta que possa 
ser difícil escapar ou que o auxílio não esteja disponível, 
evitando situações, requerendo o auxílio de companhia ou 
suportadas com grande sofrimento. Em casos mais 
extremos, a pessoa pode ficar presa à própria casa. 
Sua prevalência anual é de 1,7% em adolescentes e adultos, 
sendo duas vezes mais frequente em mulheres que homens, 
e o pico de incidência ocorre ao fim da adolescência e 
começo da vida adulta. É descrito um segundo pico de 
incidência depois dos 40 anos de idade, sendo raro o início 
na infância e de 0,4% a prevalência anual após os 65 anos. 
O desenvolvimento da agorafobia está intimamente ligado 
ao transtorno do pânico, com altas taxas de comorbidade, 
e, quando comórbidos, geralmente indicam maior 
gravidade e resistência ao tratamento. A remissão completa 
de agorafobia é rara se não tratada e seu curso é crônico e 
persistente. Sua clínica é consistente ao longo da vida, 
embora as situações desencadeantes variem a depender do 
momento de vida. 
Artigo­ Agorafobia Perspectivas fenomenológica e 
existencial 
2008- GONÇALO REIS 
De facto, muitas vezes a limitação agorafóbica surge após 
a experiência de um ataque de pânico, o que conduz a 
ansiedade antecipatória e que leva ao evitamento das 
situações temidas. Contudo, existem casos nos quais o 
quadro agorafóbico não é precedido de ataque de pânico, 
aparecendo em indivíduos com história de experiência 
psicopatológica de temática ansiosa e, nestes casos, a 
agorafobia está mais circunscrita a determinadas situações, 
tais como autocarros, metropolitano, elevadores, entre 
outras. 
 A perturbação agorafóbica tende a complicar­se por 
depressão, relacionada com os sentimentos de 
inferioridade e/ou de incapacidade que emergem perante as 
limitações condicionadas por evitamentos múltiplos, mas 
também por comportamento dependente, que significa 
geralmente uma forma de lidar com a ansiedade 
agorafóbica, uma modalidade de obtenção de 
tranquilização. 
Karl Jaspers descreveu a experiência agorafóbica da 
seguinte maneira: “Quando o paciente deve atravessar uma 
praça ou se encontra numa rua deserta diante de fachadas 
altas e largas, apossa­se dele um enorme sentimento de 
medo de morrer, ligado a um tremor generalizado, pressão 
no peito, palpitações, sensações de calafrio ou de calor que 
sobe para a cabeça, transpiração, sensação de estar preso 
ao solo ou de fraqueza das extermidades, com medo de 
cair” 
­­­­ 
Segundo o DSM-5, os critérios diagnósticos que 
merecem destaque são: 
Medo ou ansiedade marcantes acerca de duas (ou 
mais) das cinco situações seguintes: 
 1) uso de transporte público (p. ex., automóveis, ônibus, 
trens, navios, aviões); 
2) permanecer em espaços abertos (p. ex., áreas de 
estacionamentos, mercados, pontes); 
 3) permanecer em locais fechados (p. ex., lojas, teatros, 
cinemas); 
 4) permanecer em uma fila ou ficar em meio a uma 
multidão; 
5) sair de casa sozinho. 
O indivíduo tem medo ou evita essas situações por 
pensamentos de que pode ser difícil escapar ou de 
que o auxílio pode não estar disponível. 
O medo, ansiedade ou esquiva dura mais de seis 
meses. 
Causa prejuízo funcional ou sofrimento clinicamente 
significativo. 
4 
 
@sarahellen_figueredo 
As situações agorafóbicas são ativamente evitadas, 
requerem a presença de uma companhia ou são 
suportadas com intenso medo ou ansiedade. 
O medo, ansiedade ou esquiva não é mais bem 
explicado pelos sintomas de outro transtorno mental 
e/ou outra condição médica – e os sintomas nessa, 
quando presente, são desproporcionais. 
 
Transtorno do pânico 
O transtorno do pânico é caracterizado, de maneira central, 
por ataques de pânico (que serão definidos na sequência), 
sendo ao menos alguns inesperados e recorrentes, e que 
tiveram como consequência, por pelo menos um mês, 
intensa preocupação acerca de novos ataques (ou suas 
consequências) e/ou o desenvolvimento de 
comportamentos desadaptativos. Sua origem etimológica 
remonta ao grego panikón, “terror que vem de Pã”, deus 
grego que inspirava intenso medo com seu grito. 
Os ataques de pânico são episódios abruptos de medo, 
também descritos como intenso desconforto, que 
alcançam o pico em poucos minutos e que 
necessariamente têm algum sintoma corporal em sua 
descrição. 
Pessoas que sofrem ataques de pânico também relatam 
sensaçãode estar fora de controle; medo da morte; 
manifestações físicas como palpitações, sudorese, 
calafrios, formigamento ou dormência; dor torácica ou 
estomacal; dispneia; e náuseas. 
Os ataques de pânico normalmente duram de 15 a 30 min, 
mas alguns casos chegam a durar 1 h. Aparentemente, 
eventos ambientais e estressantes da vida estão envolvidos 
na causa dos ataques de pânico. Crianças com ansiedade da 
separação frequentemente desenvolvem transtornos do 
pânico quando adultas. Além disso, traumas precoces, 
incluindo desvantagens socioeconômicas e histórico de 
abuso físico ou sexual, estão associados ao 
desenvolvimento do transtorno do pânico. 
O tempo é importante fator diferencial de crises de 
ansiedade ou até mesmo de ataque de nervos – 
apresentação específica cultural latino­americana – visto 
que nas últimas duas a apresentação pode se estender 
consideravelmente. 
O diagnóstico é feito seguindo os seguintes critérios, 
segundo o DSM-5: 
Ataques de pânico recorrentes e inesperados, de pico 
em minutos e durante o qual ocorrem quatro (ou 
mais) dos seguintes sintomas: 
1) palpitações, coração acelerado, taquicardia; 
 2) sudorese; 
 3) tremores ou abalos; 
4) sensação de falta de ar ou sufocamento; 
5) sensação de asfixia; 
6) dor ou desconforto torácico; 
7) náusea ou desconforto abdominal; 
8) sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou 
desmaio; 
9) calafrios ou ondas de calor; 
10) parestesias (anestesia ou sensações de 
formigamento); 
11) desrealização (sensações de irrealidade) ou 
despersonalização (sensação de estar distanciado de si 
mesmo); 
12) medo de perder o controle ou “enlouquecer”; 
13) medo de morrer. 
Os ataques são seguidos de pelo menos um mês de 
apreensão ou preocupação persistente acerca de 
ataques de pânico adicionais ou sobre suas 
consequências, ou mudança desadaptativa. 
A perturbação não é mais bem explicada por outro 
transtorno mental, condição médica ou uso de 
substância. 
 
Pacientes com transtorno do pânico são muito mais 
sensíveis do que a população em geral a ataques de pânico 
gerados por substâncias (p. ex., cafeína), sem que isso sirva 
como teste diagnóstico. Geralmente também apresentam 
tendência a catastrofização de sintomas físicos e efeitos 
colaterais, fator importante para a instituição de 
terapêuticas farmacológicas. 
Fobia específica 
Fobia específica (FE), também chamada de fobia simples, 
consiste em um medo específico, excessivo e 
desproporcional de algum objeto ou situação. Para o 
diagnóstico, é preciso que se observe o desenvolvimento 
de medo/ansiedade intensos gerando repercussões que 
podem levar o sujeito a uma sensação de (quase) perda de 
controle diante da exposição do objeto temido. 
A prevalência de FE ao longo da vida gira em torno de 10% 
e, na literatura, varia de 6­12% Em mulheres pode chegar 
a 15%. Isso coloca este transtorno no grupo dos mais 
comuns na clínica psiquiátrica. Trata­se do transtorno mais 
prevalente na população feminina e o segundo mais 
prevalente entre os homens. A proporção de acometimento 
entre mulheres e homens é de 2:1 (essa relação se aproxima 
de 1:1 em casos específicos de fobias, como as de sangue­
injeção­ferimento). 
O pico do surgimento dos sintomas varia conforme o tipo 
de fobia. Existem fobias relacionadas a ambiente natural e 
lesões específicas envolvendo sangue e injeções que se 
iniciam entre 5 e 9 anos de idade. Outros tipos de fobias, 
as situacionais, são observadas após os 20 anos de idade. 
Os tipos mais comuns, descritos em ordem decrescente, 
são: animais, tempestades, altura, doenças específicas, 
lesões específicas e morte. Comorbidade com outros 
transtornos é a regra, ocorrendo em 50 a 80% dos casos 
O DSM­5 traz os seguintes tipos de fobia descritos: fobia 
de animal; fobia de sangue­injeção­ferimento; fobia 
relacionada a ambiente natural; fobia situacional; outros 
tipos de fobia. 
5 
 
@sarahellen_figueredo 
Os critérios diagnósticos para FE são: 
Medo ou ansiedade excessivos direcionados a um objeto 
ou situação. 
O medo é deflagrado quase instantaneamente com a 
exposição do objeto. 
Objeto ou situação envolvidos são evitados ao máximo, 
ou, quando enfrentados, o são mediante muito esforço e 
tensão. 
O medo e a ansiedade são desproporcionais ao perigo 
representado pelo objeto ou situação. 
Normalmente os sintomas são pervasivos e duradouros, 
estando presentes por pelo menos seis meses e causando 
prejuízo significativo ao funcionamento do sujeito. 
A perturbação não é mais bem explicada por outro 
transtorno mental, condição médica ou uso de 
substância, ou são excessivos se relacionados. 
 
Clinicamente, destaca­se a ocorrência de comportamentos 
de esquiva para evitar o objeto ou situação relacionada à 
FE. Os pacientes frequentemente percebem que se trata de 
um medo irracional, percebem o quanto a vida torna­se 
difícil ao evitar situações de exposição e, diante disso, 
sofrem inequivocamente. Outra maneira de apresentação 
clínica é a chamada “atitude contrafóbica”, descrita por 
Otto Fenichel. Tal atitude consiste na negação de perigos 
de determinadas situações ou na negação do medo que a 
pessoa vivencia. Diante dessa negação, o sujeito passa a 
buscar frequente e repetidamente os cenários antes 
ameaçadores. 
Os dados sobre o curso da doença são frágeis, pois em geral 
pacientes com um tipo específico de fobia não buscam 
tratamento. A literatura, entretanto, sugere que sintomas 
iniciados na infância tendem a se sustentar durante a vida 
adulta mesmo que passando por processo esperado de 
ajustes na forma de apresentação clínica. Padrão flutuante 
“crescente­minguante”, comum aos transtornos ansiosos, 
também é bastante observado na FE. 
Fobia social 
Fobia social (FS), também conhecida como transtorno de 
ansiedade social, envolve o medo de situações sociais, 
incluindo situações de escrutínio ou contato com estranhos. 
Pessoas com fobia social têm um medo desproporcional de 
um possível constrangimento público ou mesmo de serem 
notadas por terceiros. É algo que vai além de situações de 
avaliação mais formal, como uma entrevista de emprego; 
qualquer interação social passa a ser uma ameaça. 
 Falar em público, comer em público, pedir informações, 
apresentar­se diante de desconhecidos, frequentar locais 
com muitas pessoas e, principalmente, pessoas novas são 
desafios imensos e, frequentemente, constituem obstáculos 
que prejudicam a vida da pessoa. Vale destacar que o medo 
não é das situações em si, mas de algo que possa ocorrer 
nesses cenários, que coloque o sujeito em destaque 
especialmente negativo, que envolva avaliações negativas 
de si ou algo nessa direção. 
Epidemiologicamente, é um transtorno que tem 
prevalência por volta de 10% (na literatura varia de 4­13% 
de prevalência ao longo da vida), sendo mais descrito em 
mulheres do que em homens. Na prática clínica, o contrário 
costuma se apresentar. A fase da vida em que a FS costuma 
ser deflagrada é a adolescência (12­15 anos). Entretanto, 
encontram­se relatos de sintomatologia inicial desde 5 anos 
de idade até quadros de início tardio (35 anos), apesar de 
raros 
Em nível criteriológico, é preciso parcimônia na realização 
diagnóstica da FS. O psiquiatra deve reconhecer que um 
certo nível de ansiedade em situações sociais é comum na 
população geral e está bastante saliente em algumas fases 
de vulnerabilidade da vida (p. ex., adolescência, 
casamento, troca de emprego ou escola). O diagnóstico do 
transtorno, entretanto, deve ser feito de maneira clara 
quando a ansiedade impede o indivíduo de participar de 
determinadas atividades, prejudicando seu funcionamento 
em áreas importantes de sua vida, ou quando essas 
atividades são realizadas mediante sensação quase 
insuportável de desconforto ou medo a ponto de prejudicar 
a exequibilidade das ações objetivadas. 
Portanto, os critérios do DSM-5que merecem 
destaque são: 
Medo ou ansiedade de exposição a escrutínio em uma 
ou mais situações sociais. 
O sujeito teme transparecer ansiedade e causar, por 
isso, constrangimento e rejeição por parte de 
terceiros. 
As situações sociais quase sempre causam essas 
reações de ansiedade ou medo. 
As exposições sociais são frequentemente evitadas 
por ansiedade ou medo intensos. 
A ansiedade é algo desproporcionalmente maior do 
que o esperado para o que a situação representa. 
Medo, ansiedade ou esquiva são persistentes, 
pervasivos e ocorrem por pelo menos seis meses. 
Tais sintomas causam grande prejuízo social, 
profissional ou em outras áreas da vida do indivíduo 
e desconforto clinicamente significativo ao doente. 
Obs.: se a sintomatologia se apresentar apenas para 
momentos de performance pública ou atividades de 
avaliação, tal característica deve ser especificada no 
diagnóstico. 
Transtorno de ansiedade de separação 
Na ansiedade da separação, adultos e crianças ficam 
angustiados quando se separam de casa ou de uma figura à 
qual estão apegados. Embora a ansiedade da separação seja 
normal em crianças de até 2 anos de idade, a persistência 
da angústia além do nível do desenvolvimento determina a 
presença de um transtorno de ansiedade da separação 
(TAS). Tristeza, falta de concentração, medo de monstros 
ou situações perigosas, e distanciamento de outras pessoas 
são características comuns do TAS. Cefaleias e náuseas, 
perturbação do sono, pesadelos, medo de ficar sozinho e 
até mesmo raiva podem ocorrer com a separação. 
6 
 
@sarahellen_figueredo 
 
 
 
Artigo­ transtorno de ansiedade de separação em 
adolescentes escolares e os prejuízos no aspecto social 
2023- PRISCILA CARLA DA SILVA 
Indivíduos com TAS costumam apresentar os primeiros 
sintomas com idades entre 6 e 7 anos, aproximadamente. 
O que torna o TAS um dos primeiros transtornos de 
ansiedade a acometerem o público infantil. 
Indivíduos com TAS, apresentam pelo menos três dos 
seguintes critérios, por um período de pelo menos 4 
semanas: Sofrimento excessivo e recorrente quando diante 
de situações ou previsão de afastamento do lar ou das 
figuras de apego; Preocupação excessiva com a saúde ou 
com a possibilidade de morte das figuras de apego, e essa 
preocupação está mais presente quando se encontram 
separados dessas figuras. 
No tocante aos fatores ambientais, normalmente o TAS se 
inicia após o indivíduo vivenciar um estresse vital, 
especialmente, uma perda. Como, por exemplo, a morte de 
um parente próximo ao indivíduo, acometimento de uma 
doença por um parente próximo ou pelo próprio indivíduo, 
modificação da escola ou do local de residência e 
separação dos pais. 
Já em indivíduos jovens adultos o desenvolvimento do 
TAS pode ser resultado, também de situações de estresse, 
como, saída da casa dos pais, início de um relacionamento 
e o nascimento de um filho. Enquanto, no relacionado aos 
fatores biológicos, os aspectos hereditários e fisiológicos 
se apresentam em destaque. Já que, estudos demonstram 
que o TAS pode ser herdado, fato comprovado em estudos 
com uma amostra de gêmeos com idade de 6 anos, onde 
73% da amostra apresentou herdabilidade do transtorno 
O quadro de sintomas de pacientes com o TAS é composto 
por sintomas comportamentais e físicos, dentre os sintomas 
comportamentais é comum observar em indivíduos com o 
TAS: Angústia ou ansiedade, comumente presentes de 
forma anterior a separação da figura de apego; Medo da 
figura de apego estar passando por alguma situação ruim, 
como uma doença grave ou acidente; choro diante de 
situações de separação ou de ameaça de separação da 
figura de apego; Medo de ser sequestrado ou de se perder 
da figura de apego; agarrar as figuras de apego durante a 
separação para evitar que ela ocorra; Receio de ficar longe 
do cuidador; Medo e recusa a ficar sozinho; Enurese; 
Pesadelos; Dificuldade em se concentrar; Redução no 
desempenho escolar; Dificuldades em interagir 
socialmente, dentre outros. 
. No tocantes aos sintomas físicos é comum que pacientes 
com TAS apresentem queixas de: dores de cabeça e 
abdominal, tonturas, náuseas, vômitos, dispneia, dor na 
região torácica, taquicardia, dores musculares, 
tonturas, sensação de desmaio, entre outros 
­­­­­­­­­­­­ 
Mutismos seletivo 
Transtorno de ansiedade no qual uma pessoa tem muito 
medo de falar em público ou em situações selecionadas. É 
mais comumente observado em crianças que têm fobia de 
falar ou medo de pessoas. Embora a causa seja 
desconhecida, acredita­se que fatores genéticos tenham 
alguma influência. Para ser caracterizada com o transtorno, 
uma pessoa deve apresentar os sintomas durante mais de 1 
mês. 
Artigo­ MUTISMO SELETIVO INFANTIL E 
INTERVENÇÕES PSICOTERÁPICAS: UMA 
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
2020- Milene Cantiero Veiga 
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais (DSM­5), o mutismo seletivo (MS) 
consiste em uma perturbação caracterizada pela 
incapacidade persistente de falar em contextos sociais dos 
quais se têm expectativa sobre a comunicação oral da 
criança; considerando que ela é capaz de falar em outras 
situações. Essa incapacidade é geradora de muita ansiedade 
e, por isso, é atualmente classificada como um transtorno 
de ansiedade. 
O MS não pode ser atribuído em casos em que a falha na 
comunicação oral se dê por conta de falta de conhecimento 
da língua, por problemas de linguagem – como gagueira, 
afasia, agnosia – e em curso de um transtorno 
esquizofrênico ou psicótico. 
­­­­­­­­­­­­­­­­­ 
Tratamento 
Os dois componentes principais do tratamento dos 
transtornos de ansiedade são o emprego de medicamentos 
em médio e longo prazo e/ou a psicoterapia cognitivo­
comportamental. 
Não farmacológica 
A terapia cognitivo­comportamental é um componente 
importante no tratamento dos transtornos de ansiedade. 
Artigo­ Estratégias não farmacológicas empregadas no 
manejo da ansiedade em adolescentes 
2023- Amanda da Silva Narciso 
Dentro da psicoterapia existem diversos tipos, sendo uma 
delas a Terapia Cognitivo­Comportamental (TCC), que é 
uma terapia de curto prazo, tendo foco diretamente no 
problema. De acordo com a TCC, a cognição manipula o 
comportamento e as emoções do indivíduo, assim, ela tem 
como propósito auxiliar o ansioso a reduzir pensamentos 
distorcidos que ele tem diante das situações, orientando­o 
a refletir em pensamentos mais positivos como solução. 
Outra forma não medicamentosa de manejo da ansiedade é 
a prática de atividade física, que é qualquer movimento 
7 
 
@sarahellen_figueredo 
 corporal, sendo gerado pelos músculos esqueléticos, 
ocasionando um gasto energético. O sistema nervoso 
simpático produz os mecanismos fisiológicos da 
ansiedade, como sudorese, elevação da pressão e tremor, já 
o sistema nervoso parassimpático é responsável pelo 
relaxamento, que acontece após o estresse9 . Desse modo, 
a prática regular de exercícios físicos traz vantagens nos 
mecanismos fisiológicos, promovendo sensação de bem­
estar, melhora da qualidade do sono, redução de ansiedade 
e tensão. 
Uma outra estratégia usada no tratamento para ansiedade é 
o Mindfulness, também denominado como atenção plena. 
A intenção dessa técnica é viver em consciência plena, ou 
seja, é viver o momento presente. Essa prática pode ser 
dividida em formal e informal. A formal é caracterizada 
pela meditação, permitindo o indivíduo a treinar sua 
atenção, e pode também ser estabelecida por exercícios de 
movimento, em que é realizado relaxamento muscular 
progressivo consciente; já a prática informal é aquela que 
aplica as habilidades de Mindfulness na vida cotidiana, 
como direcionar a atenção para sons ambientes, para a 
respiração ou para as emoções. 
O Yoga é uma prática de atenção plena para ajudar na 
promoção de bem­estar, levando o paciente a criar uma 
comunicação entre corpoe mente a partir de algumas 
técnicas, como respirações profundas, meditações, 
posturas físicas e contemplação. Assim, é possível observar 
nos estudos que a prática contínua do Yoga tem ajudado na 
redução de sintomas de ansiedade e de outros sintomas 
psíquicos, como estresse e depressão 
Ademais, a Terapia Cognitivo­Comportamental (TCC) 
auxilia pacientes na mudança de seus comportamentos, 
demonstrando efeitos positivos na redução de alterações 
comportamentais. 
 Em relação ao relaxamento e à musicoterapia, foram 
constatados resultados positivos em relação ao controle da 
doença e diminuição dos seus sintomas, além de colaborar 
para controle de dor crônica. 
­­­­­­­­­­­­ 
Farmacológica 
Não há consenso na literatura quando se busca estabelecer 
o melhor protocolo de início de tratamento para quadros 
ansiosos. 
Pode­se utilizar apenas estratégia farmacológica, apenas 
intervenção psicoterapêutica ou uma combinação de 
ambas. Em nível científico, as evidências são 
inconclusivas, entretanto, a experiência prática dos 
especialistas em ansiedade do IPq sugere que o tratamento 
combinado supera as estratégias individuais. Além disso, 
obviamente, diante da falha das modalidades terapêuticas 
aplicadas individualmente, a combinação é uma alternativa 
valiosa. 
O tratamento medicamentoso escolhido deve ser começado 
com dose baixa e progressões baseadas nas avaliações 
médicas constantes. Vale destacar que existem variações de 
um grupo para outro no que diz respeito a parâmetros do 
acompanhamento médico e das intervenções 
farmacológicas. No início, preconiza­se que se introduza a 
dose mínima terapêutica ou que esta seja atingida em 1 ou 
2 semanas. Aqui, especialmente, cabe uma particularidade 
do transtorno do pânico em que o início e a progressão 
terapêutica devem ser lentos e graduais diante de padrão de 
hipersensibilidade do paciente com o transtorno aos efeitos 
ativadores iniciais de alguns fármacos. 
Com pequenas variações de acordo com o transtorno em 
tratamento, normalmente a intervenção escolhida deve ser 
sustentada por 12 a 24 meses após atingida a remissão, 
visto que reduz as chances de recorrências e recaídas 
Os antidepressivos e os benzodiazepínicos são 
considerados medicamentos farmacológicos de primeira 
linha para o tratamento da maioria dos transtornos de 
ansiedade, com exceção da fobia específica. Esse fato é 
baseado em evidências de eficácia de numerosos ECRs 
com essas classes de fármacos. 
Em comum, as principais alternativas farmacológicas têm 
ação serotoninérgica, combinadas ou não a ações em outros 
sistemas de neurotransmissão. Inibidores seletivos da 
recaptação da serotonina (ISRS), inibidores da 
recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN), 
antidepressivos tricíclicos (ADT), inibidores da 
monoamina oxidase (IMAO) são exemplares de classes 
medicamentosas empregadas no tratamento dos 
transtornos abordados neste capítulo. 
Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) 
 
Os inibidores seletivos da captação de serotonina (ISCSs) 
são um grupo de fármacos antidepressivos que inibem 
especificamente a captação da seroto­ nina, apresentando 
uma seletividade de 300 a 3.000 vezes maior para o 
transportador de serotonina do que para o de norepinefrina. 
Isso contrasta com os antidepressivos tricíclicos (ADTs) e 
os inibidores da captação de serotonina e norepinefrina 
(ICSN), que inibem a captação de norepinefrina e de 
serotonina não seletivamente 
- Mecanismo de ação 
Os ISCSs bloqueiam a captação de serotonina, levando ao 
aumento da concentração do neurotransmissor na fenda 
sináptica. Os antidepressi­ vos, incluindo os ISCSs, em 
geral precisam de 2 semanas para produzir melhora 
8 
 
@sarahellen_figueredo 
 
significativa no humor, e o benefício máximo pode 
demorar até 12 semanas ou mais. 
Artigo­ O Uso Dos Inibidores Seletivos Da Recaptação 
Da Serotonina No Tratamento Da Ansiedade Em 
Adolescentes 
2023- Izabela Silva Mendonça 
A serotonina é um neurotransmissor produto da 
hidroxilação e carboxilação do aminoácido L­triptofano e 
possui a função de mensageiro químico, possibilitando o 
impulso nervoso, além de ter efeito modulador geral da 
atividade psíquica. Desse modo, a serotonina influi sobre 
quase todas as funções cerebrais, inibindo ou estimulando 
o sistema GABA. Assim, a serotonina regula o humor, o 
sono, a atividade sexual, o apetite e as funções 
neuroendócrinas 
Os fármacos conhecidos como ISRS pertencem a uma 
classe de medicamentos utilizados para o tratamento de 
uma série de patologias relacionadas à fisiologia do 
neurotransmissor serotonina. Os ISRS agem impedindo a 
retirada da serotonina da fenda sináptica, local onde esse 
neurotransmissor exerce suas funções. Nesse sentido, o 
mecanismo de ação dos ISRS é baseado no aumento da 
disponibilidade sináptica de serotonina no cérebro, tendo 
como efeito a melhora dos pacientes com ansiedade. 
­­­­­­­­­­­ 
Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina 
 
Venlafaxina, desvenlafaxina, levomilnaciprana e 
duloxetina inibem a captação de serotonina e 
norepinefrina. 
 
- Venlafaxina e desvenlafaxina 
A venlafaxina é um potente inibidor da captação de 
serotonina e, em dosagens médias e altas, é inibidor da 
captação de norepinefrina. A venlafaxina produz inibição 
mínima das isoenzimas CYP450 e é substrato da isoenzima 
CYP2D6. A desvenlafaxina é o metabólito ativo, 
desmetilado da venlafaxina. Os efeitos adversos mais 
comuns da venlafaxina são náuseas, cefaleia, disfunções 
sexuais, tonturas, insônia, sedação e constipação. Em doses 
elevadas, pode ocorrer aumento da pressão arterial e da 
frequência cardíaca. 
- Duloxetina 
A duloxetina inibe a captação de serotonina e norepinefrina 
em todas as dosagens. Ela é extensamente biotransformada 
no fígado em metabólitos inativos e deve ser evitada em 
pacientes com disfunção hepática. Efeitos adversos GI são 
comuns com a duloxetina, incluindo náuseas, xerostomia e 
constipação. Insônia, tonturas, sonolência, sudoração e 
disfunção sexual também são observadas. A duloxetina 
pode aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca. 
Ela é um inibidor moderado da isoenzima CYP2D6 e pode 
aumentar a concentração de fármacos biotransformados 
por essa via, como os antipsicóticos. 
­ Levomilnaciprana 
Levomilnaciprana é um enantiômero do milnaciprana (um 
ICSN antigo usado contra a depressão na Europa e contra 
a fibromialgia nos EUA). O perfil de efeitos adversos é 
similar ao dos demais ICSNs. É biotransformado 
primariamente pela CYP3A4 e, assim, a atividade pode ser 
alterada por indutores ou inibidores desse sistema 
enzimático. 
Antidepressivos tricíclicos 
 
Os ADTs bloqueiam a captação de norepinefrina e 
serotonina no neurônio pré­sináptico e, portanto, se fossem 
descobertos atualmente, poderiam sern eferidos como 
ICSNs, exceto pelas diferenças nos efeitos adversos dessa 
nova classe de antidepressivos. Os ADTs incluem as 
aminas terciárias imi­ pramina (o protótipo do grupo), 
amitriptilina, clomipramina, doxepina e trimipramina, e as 
aminas secundárias desipramina e nortriptilina (o 
metabólito N­desmetilado da imipramina e amitriptilina, 
respectivamente) e protriptilina. Maprotilina e amoxapina 
são antidepressivos “tetracíclicos” e comumente são 
incluídos na classe geral dos ADTs. 
­ Mecanismo de ação 
9 
 
@sarahellen_figueredo 
­ Inibição da captação do neurotransmissor: Os ADTs e 
a amoxapina são inibidores potentes da captação neuronal 
de norepine­ frina e serotonina no terminal nervoso pré­
sináptico. Maprotilina e desipramina são inibidores 
relativamente seletivos da captação de norepinefrina. 
­ Bloqueio de receptores: Os ADTs também bloqueiam os 
receptores serotoninérgicos, α­adrenérgicos, histamínicos 
e muscarínicos. Ainda não se sabe se alguma dessas ações 
é responsável pelo benefício terapêutico dos ADTs. 
Contudo,as ações nesses receptores provavelmente são 
responsáveis por muitos dos seus efeitos adversos. A 
amoxapina também bloqueia os receptores 5­HT2 e 
dopamina D2. 
Inibidores da monoaminoxidase 
 
A monoaminoxidase (MAO) é uma enzima mitocondrial 
encontrada em nervos e outros tecidos, como fígado e 
intestino. No neurônio, a MAO funciona como “válvula de 
segurança”, desaminando oxidativamente e inativando 
qualquer excesso de neurotransmissor (norepinefrina, 
dopamina e serotonina) que possa vazar das vesículas 
sinápticas quando o neurônio está em repouso. O IMAO 
pode inativar reversível ou irreversivelmente a enzima, 
permitindo que as moléculas do neurotransmissor fujam da 
degradação e, assim, se acumulem dentro do neurônio pré­
sináptico e vazem para o espaço sináptico. 
Manifestações clínicas 
A maioria dos IMAOs, como a fenelzina, forma complexos 
estáveis com a enzima, causando inativação irreversível. 
Isso resulta em aumento dos estoques de norepinefrina, 
serotonina e dopamina no interior dos neurônios e 
subsequente difusão do excesso de neurotransmissor para 
a fenda sináptica 
Esses fármacos inibem a MAO não só no cérebro, mas 
também no fígado e no intestino, onde catalisam desamina­ 
ções oxidativas de fármacos e substâncias potencialmente 
tóxicas, como a tiramina, que é encontrada em certos 
alimentos. Por isso, os IMAOs mostram elevada incidência 
de interações com fármacos e com alimentos. 
 
Benzodiazepinicos 
 
Benzodiazepínicos (BZD) comumente são usados como 
adjuvantes terapêuticos e para controle de determinadas 
situações específicas, normalmente por tempo limitado. O 
10 
 
@sarahellen_figueredo 
momento mais importante para uso desta classe 
medicamentosa é no início do tratamento de algum 
transtorno ansioso com um antidepressivo caso isso venha 
a ser necessário, preferencialmente não ultrapassando as 
primeiras 2 a 6 semanas de tratamento. 
Exerce função de alívio rápido de sintomas intensos, 
enquanto o antidepressivo ainda não começou a ter um 
efeito significativo. Ainda podem ser bem indicados para 
tratamento de quadros persistentes e refratários a outras 
medicações de primeira linha. Os BZD se consagraram 
pelo uso como medicamentos de resgate para momentos de 
sofrimento agudo ou mesmo crises de pânico ou ansiedade, 
todavia é importante pontuar que há ressalvas importantes 
quanto aos benefícios versus riscos dessa forma de 
emprego da medicação e que os especialistas em ansiedade 
do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da 
Universidade de São Paulo (IPq) costumam recomendar 
que essa prescrição seja evitada ao máximo. Destaca­se 
que o uso dessas medicações como resgate pode inclusive 
prejudicar a eficácia da terapia de exposição e formas de 
dessensibilização, que têm papel importante no tratamento 
dos transtornos aqui abordados. 
Mecanismo de ação 
Os alvos para as ações dos benzodiazepínicos são os 
receptores do ácido γ­aminobutírico tipo A GABAA. 
(Nota: o GABA é o principal neuro­ transmissor inibitório 
no sistema nervoso central [SNC].) Os receptores do 
GABAA são compostos de uma combinação, no somatório 
de cinco Resumo dos fármacos ansiolíticos 
subunidades α, β e γ inseridas na membrana pós­sináptica. 
Para cada subunidade existem vários subtipos (p. ex., há 
seis subtipos da subunidade α). A fixação do GABA ao seu 
receptor inicia a abertura do canal iônico central, 
permitindo a entrada de cloro através do poro 
. O influxo do íon cloreto causa hiperpolarização do 
neurônio e diminui a neurotransmissão, inibindo a 
formação de potenciais de ação. Os benzodiazepínicos 
modulam os efeitos do GABA ligando­se a um local 
específico de alta afinidade (distinto do local de ligação do 
GABA), situado na interface da subunidade α e da 
subunidade γ no receptor GABAA. 
Os benzodiazepínicos aumentam a frequência da abertura 
dos canais produzida pelo GABA. (Nota: a ligação do 
benzodiazepínico ao seu re­ ceptor aumentará a afinidade 
do GABA por seus locais de ligação, e vice­versa). Os 
efeitos clínicos dos vários benzodiazepínicos se corre­ 
lacionam bem com a afinidade de ligação de cada fármaco 
pelo com­ plexo receptor GABA­canal de íon cloreto. 
 
 
Agentes serotoninérgicos 
Agentes serotoninérgicos como a buspirona e 
dopaminérgicos como a bupropiona podem ter função 
terapêutica em alguns contextos e estão citados em 
guidelines como modalidades válidas. Entretanto, 
especialistas do IPq têm ressalvas quanto à eficácia desses 
fármacos. Isto posto, contraindica­se uso de buspirona 
como tratamento monoterápico para transtornos ansiosos, 
tendo benefício questionável até mesmo como adjuvante. 
Além disso, os especialistas ressaltam que, na prática, a 
bupropiona está frequentemente associada a efeitos 
ansiogênicos e não recomendam sua utilização em 
monoterapia nos transtornos de ansiedade. Essa medicação 
deve ficar reservada à função adjuvante, por exemplo, para 
o controle de determinados sintomas impulsivos ou 
cognitivos, efeitos colaterais sexuais ou alguns resíduos de 
comorbidades depressivas. 
Depressão 
A depressão pode ser entendida num contexto de um estado 
de humor associado a sentimento de tristeza, desespero, 
vazio, desânimo, desesperança ou facilidade para o choro. 
A depressão como síndrome apresenta cluster de sinais e 
sintomas que constituem o transtorno depressivo maior, 
distimia. 
Os transtornos depressivos incluem transtorno 
disruptivo da desregulação do humor, transtorno 
depressivo maior (incluindo episódio depressivo 
maior), transtorno depressivo persistente, transtorno 
disfórico pré-menstrual, transtorno depressivo 
induzido por substância/medicamento, transtorno 
depressivo devido a outra condição médica, outro 
transtorno depressivo especificado e transtorno 
depressivo não especificado. 
11 
 
@sarahellen_figueredo 
A característica comum desses transtornos é a presença de 
humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações 
somáticas e cognitivas que afetam significativamente a 
capacidade de funcionamento do indivíduo (p. ex., 
mudanças somáticas e cognitivas no transtorno depressivo 
maior e no transtorno depressivo persistente). O que difere 
entre eles são os aspectos de duração, momento ou 
etiologia presumida. 
O transtorno depressivo maior (TDM), como é chamada 
a depressão suficientemente grave para ser considerada 
uma entidade clínica, é responsável por 4,4% do impacto 
de todas as doenças na saúde global, contribuição 
semelhante à da doença isquêmica coronariana e à das 
doenças diarréicas. Além disso, é a maior causa global de 
incapacitação durante anos de vida. 
O transtorno depressivo maior é um problema de saúde 
pública associado a um aumento da incapacidade funcional 
das pessoas e da mortalidade. 
O transtorno depressivo maior (TDM) é um transtorno do 
humor caracterizado por um complexo conjunto de 
sintomas afetivos, cognitivos, neurovegetativos, físicos, 
comportamentais e de ritmos biológicos. Trata­se de um 
quadro clínico muito abrangente, cujos sintomas nucleares 
são o humor deprimido e a diminuição do prazer. 
Uma forma mais crônica de depressão, o transtorno 
depressivo persistente, pode ser diagnosticada quando a 
perturbação do humor continua por pelo menos dois anos 
em adultos e um ano em crianças. 
­ A idade de início do primeiro episódio depressivo 
apresenta grande similaridade entre diversos estudos, 
ocorrendo no começo da idade adulta, entre 24 e 25 anos. 
Curvas epidemiológicas demonstram, por exemplo, que a 
maior parte dos pacientes começa a apresentar os sintomas 
no início da idade adulta, com 40% dos indivíduos com o 
primeiro episódio depressivo ocorrendo antes dos 20 anos. 
Embora essa seja a faixa etária de maior incidência do 
primeiro episódio, este pode ocorrer em qualquer faixa 
etária, desde a infância até a velhice. 
Estudos epidemiológicos confirmam uma prevalênciade 
depressão, em geral, duas vezes maior em mulheres, fato 
que pode ser explicado tanto por fatores individuais 
biológicos e psicológicos quanto por fatores ambientais e 
sociais que aumentam a vulnerabilidade. Eventos de vida 
específicos têm sido associados a um risco maior de 
depressão ao longo da vida, como separação conjugal ou 
divórcio, menor nível educacional, desemprego e 
dificuldades financeiras. Histórico de traumas na infância 
também representam maior risco de depressão ao longo da 
vida adulta. Eventos adversos durante o desenvolvimento, 
como morte, separação ou depressão nos pais foram 
relacionados a um aumento do risco de depressão. Em 
contrapartida, cuidados parentais positivos apresentam 
efeitos protetores ao longo da vida. 
Subtipos da depressão 
Os subtipos de síndromes e transtornos depressivos mais 
utilizados na prática clínica, de acordo com a Classificação 
internacional de doenças e problemas relacionados à saúde 
(CID­11) e o Manual diagnóstico e estatístico de 
transtornos mentais (DSM­5), são: 
Transtorno 
disruptivo de 
desregulação 
do humor 
Humor persistentemente irritável e 
frequentes crises de raiva (manifestas 
verbalmente ou no comportamento) 
desproporcionais aos acontecimentos e 
desenvolvimento da criança e do 
adolescente, iniciadas após os 6 anos de 
idade. 
Transtorno 
depressivo 
maior 
Sintomas depressivos diários e 
persistentes na maior parte do tempo, 
com duração mínima de duas semanas, 
com intensos prejuízos funcionais, em 
geral recorrentes e com significativa 
prevalência na população em geral. 
Transtorno 
depressivo 
persistente 
Sintomas depressivos persistentes por 
período mínimo de dois anos, diagnóstico 
anteriormente chamado de distimia. Em 
crianças e adolescentes, pode se 
caracterizar por humor irritável e persistir 
ao menos por um ano. 
Transtorno 
disfórico pré-
menstrual 
Alterações de humor e sintomas gerais 
significativos (p. ex., labilidade, 
depressão, irritabilidade, ansiedade, 
letargia, alterações sono, apetite, libido) 
em período precedente à menstruação, 
presentes na maior parte dos ciclos 
menstruais ao longo de um ano. 
Transtorno 
depressivo 
induzido por 
substâncias 
Quadro depressivo relacionado ao uso de 
substâncias ou medicamentos, não 
explicado por outros transtornos 
depressivos antecedentes, sintomas 
breves de intoxicação ou delirium. 
Transtornos 
depressivos 
devido a 
outras 
condições 
médicas 
gerais 
Quadro depressivo persistente 
relacionado à presença de doenças 
clínicas, não explicado por outros 
transtornos mentais, transtorno de 
ajustamento relacionado à presença de 
mudanças e perdas com a doença ou 
delirium. 
 
Evolução dos sintomas depressivos 
 
O transtorno depressivo maior 
O transtorno depressivo maior representa a condição 
clássica desse grupo de transtornos. Ele é caracterizado por 
episódios distintos de pelo menos duas semanas de duração 
(embora a maioria dos episódios dure um tempo 
consideravelmente maior) envolvendo alterações nítidas 
no afeto, na cognição e em funções neurovegetativas, e 
remissões interepisódicas. 
12 
 
@sarahellen_figueredo 
O transtorno depressivo maior pode aparecer pela primeira 
vez em qualquer idade, mas a probabilidade de início 
aumenta sensivelmente com a puberdade. 
O curso do transtorno depressivo maior é bastante variável, 
de modo que alguns indivíduos raramente experimentam 
remissão (um período de dois meses ou mais sem sintomas 
ou apenas 1 ou 2 sintomas não mais do que em um grau 
leve), enquanto outros experimentam muitos anos com 
poucos ou nenhum sintoma entre episódios discretos. 
É importante distinguir os indivíduos que se apresentam 
para tratamento durante uma exacerbação de uma doença 
depressiva crônica daqueles cujos sintomas se 
desenvolveram recentemente. A cronicidade dos sintomas 
depressivos aumenta de modo substancial a probabilidade 
de transtornos da personalidade, ansiedade e abuso de 
substância subjacentes e diminui a probabilidade de que o 
tratamento seja seguido pela resolução completa dos 
sintomas. Portanto, é útil pedir que os indivíduos que 
apresentam sintomas depressivos identifiquem o último 
período de pelo menos dois meses durante o qual estiveram 
inteiramente livres de sintomas depressivos. Casos em que 
os sintomas depressivos estão presentes em mais dias do 
que não estão podem indicar um diagnóstico adicional de 
transtorno depressivo persistente. 
A recuperação de um transtorno depressivo maior começa 
dentro de três meses após o início para 40% das pessoas 
com depressão maior e dentro de um ano para 80%. O 
início recente é um forte determinante da probabilidade de 
recuperação em curto prazo, e pode­se esperar que muitos 
indivíduos que estiveram deprimidos por apenas alguns 
meses se recuperem espontaneamente. As características 
associadas a taxas mais baixas de recuperação, além da 
duração do episódio atual, incluem características 
psicóticas, ansiedade proeminente, transtornos da 
personalidade e gravidade dos sintomas. 
O risco de recorrência torna­se progressivamente mais 
baixo ao longo do tempo, à medida que aumenta a duração 
da remissão. O risco é mais alto em indivíduos cujo 
episódio anterior foi grave, em indivíduos mais jovens e 
naqueles que já experimentaram múltiplos episódios. A 
persistência de sintomas, mesmo leves, durante a remissão 
é um forte preditor de recorrência 
Transtorno depressivo persistente (distimia) 
A distimia é um estado de depressão crônica, porém leve, 
com duração mínima de 2 anos. A sua apresentação é como 
uma “montanha­russa”, na qual a pessoa pode ter desde 
uma depressão maior até uma depressão menos grave, 
frequentemente com sentimento de tristeza. 
No mínimo dois dos seguintes sinais também devem estar 
presentes: alteração do padrão de sono (excessivo ou 
insuficiente), fadiga, alteração dos padrões alimentares 
(falta de apetite ou ingestão excessiva), incapacidade de 
concentração, baixa autoestima e sentimentos de 
desesperança. 
O transtorno depressivo persistente com frequência 
apresenta um início precoce e insidioso (i. e., na infância, 
na adolescência ou no início da idade adulta) e, por 
definição, um curso crônico. 
Quando os sintomas aumentam até o nível de um episódio 
depressivo maior, eles provavelmente retornarão um nível 
inferior. Entretanto, os sintomas depressivos têm muito 
menos probabilidade de desaparecer em determinado 
período de tempo no contexto do transtorno depressivo 
persistente do que em um episódio depressivo maior não 
crônico. 
Transtorno disfórico pré-menstrual 
Transtorno disfórico pré­menstrual. O transtorno disfórico 
pré­menstrual (TDPM) está relacionado ao ciclo menstrual 
e não deve representar somente uma exacerbação dos 
sintomas de outro transtorno psiquiátrico. Apesar de pouco 
definida, sua causa exata está relacionada com a flutuação 
hormonal ocorrida em um período que vai de poucos dias 
a 2 semanas antes da menstruação. 
Muitas mulheres sofrem de síndrome pré­menstrual, na 
qual estão presentes sensibilidade mamária, dor 
abdominal, retenção de água, acne, dor nas costas e 
distúrbios do sono. Diferentemente, mulheres com TDPM 
apresentam exaustão, raiva, sensação de insegurança ou 
perda do controle e diminuição da libido. 
O início do transtorno disfórico pré­menstrual pode ocorrer 
a qualquer momento após a menarca. Os sintomas cessam 
após a menopausa, embora a reposição hormonal cíclica 
possa desencadear nova manifestação deles. 
Transtorno depressivo associado ao uso de substância 
Um transtorno depressivo associado ao uso de substância 
(i. e., álcool, drogas ilícitas ou um tratamento prescrito para 
um transtorno mental ou outra condição médica) deve ter 
seu início enquanto o indivíduo está usando a substância 
ou durante a abstinência, se houver uma síndrome de 
abstinência associada àsubstância. Com mais frequência, 
o transtorno depressivo tem seu início nas primeiras 
semanas ou após um mês de uso pesado da substância. 
Depois que esta é descontinuada, os sintomas depressivos 
geralmente desaparecem no período de dias a várias 
semanas, dependendo da meia­vida da 
substância/medicamento e da presença de uma síndrome de 
abstinência. 
Se os sintomas persistem quatro semanas além do curso de 
tempo esperado da abstinência de uma 
substância/medicamento particular, outras causas para os 
sintomas de humor depressivo devem ser consideradas. 
 
 
13 
 
@sarahellen_figueredo 
Transtorno Depressivo Devido a Outra Condição Médica 
Após um AVC, o início da depressão parece ser muito 
agudo, ocorrendo no espaço de poucos dias na maioria dos 
casos. Entretanto, em algumas situações, o início da 
depressão ocorre semanas a meses depois do AVC. Nas 
maiores séries, a duração média do episódio depressivo 
maior após um AVC foi de 9 a 11 meses. 
Na doença de Parkinson e na doença de Huntington, a 
depressão com frequência precede os prejuízos motores 
maiores e os prejuízos cognitivos associados a cada 
condição. Isso ocorre mais proeminentemente no caso da 
doença de Huntington, em que a depressão é considerada o 
primeiro sintoma neuropsiquiátrico. 
Existem algumas evidências observacionais de que a 
depressão é menos comum à medida que a demência da 
doença de Huntington progride. Em alguns indivíduos com 
lesões cerebrais estáticas e outras doenças do sistema 
nervoso central, sintomas de humor podem ser episódicos 
(i. e., recorrentes) ao longo do curso do transtorno. Na 
síndrome de Cushing e no hipotireoidismo, a depressão 
pode ser uma manifestação precoce da doença. No câncer 
de pâncreas, a depressão frequentemente precede os 
demais sintomas. 
Outro Transtorno Depressivo Especificado 
Esta categoria aplica­se a apresentações em que sintomas 
característicos de um transtorno depressivo que causa 
sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no 
funcionamento social, profissional ou em outras áreas 
importantes da vida do indivíduo predominam, mas não 
satisfazem todos os critérios para qualquer transtorno na 
classe diagnóstica dos transtornos depressivos ou para 
transtorno de adaptação com misto de ansiedade e humor 
deprimido. A categoria outro transtorno depressivo 
especificado é usada nas situações em que o clínico opta 
por comunicar a razão específica pela qual a apresentação 
não satisfaz os critérios para qualquer transtorno 
depressivo específico. 
Exemplos de apresentações que podem ser especificadas 
usando a designação “outro transtorno depressivo 
especificado” incluem: 
Depressão breve recorrente: Presença concomitante de 
humor depressivo e pelo menos quatro outros sintomas de 
depressão por 2 a 13 dias pelo menos uma vez por mês (não 
associados ao ciclo menstrual) por pelo menos 12 meses 
consecutivos em um indivíduo cuja apresentação nunca 
satisfez os critérios para qualquer outro transtorno 
depressivo ou transtorno bipolar e atualmente não satisfaz 
critérios ativos ou residuais de qualquer transtorno 
psicótico. 
Episódio depressivo de curta duração (4 a 13 dias): 
Afeto depressivo e pelo menos quatro dos outros oito 
sintomas de um episódio depressivo maior associados a 
sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo que 
persiste por mais de quatro dias, porém menos de 14 dias, 
em um indivíduo cuja apresentação nunca satisfez critérios 
para qualquer outro transtorno depressivo ou transtorno 
bipolar, atualmente não satisfaz critérios ativos ou 
residuais para qualquer transtorno psicótico e não satisfaz 
critérios para depressão breve recorrente. 
Episódio depressivo com sintomas insuficientes: Afeto 
depressivo e pelo menos um dos outros oito sintomas de 
um episódio depressivo maior associados a sofrimento ou 
prejuízo clinicamente significativo que persiste por pelo 
menos duas semanas em um indivíduo cuja apresentação 
nunca satisfez critérios para qualquer outro transtorno 
depressivo ou transtorno bipolar, atualmente não satisfaz 
critérios ativos ou residuais para qualquer transtorno 
psicótico e não satisfaz critérios para transtorno de 
adaptação com sintomas mistos de ansiedade e depressão. 
Episódio depressivo maior sobreposto a esquizofrenia, 
transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante ou outro 
transtorno especificado ou não especificado do espectro da 
esquizofrenia e outros transtornos psicóticos. Nota: 
Episódios depressivos maiores que são parte do transtorno 
esquizoafetivo não exigem um diagnóstico adicional de 
outro transtorno depressivo especificado. 
Manifestações clínicas 
Do ponto de vista psicopatológico, as síndromes 
depressivas têm como elementos mais salientes o humor 
triste e, na esfera volitiva, o desânimo, mais ou menos 
marcantes. Tal tristeza e desânimo são, na depressão, 
desproporcionalmente mais intensos e duradouros do que 
nas respostas normais de tristeza que ocorrem ao longo da 
vida. 
Os quadros depressivos caracterizam­se por uma 
multiplicidade de sintomas afetivos, instintivos e 
neurovegetativos, ideativos e cognitivos, relativos à 
autovaloração, à vontade e à psicomotricidade. 
Também podem estar presentes, em formas graves de 
depressão, sintomas psicóticos (delírios e/ou alucinações), 
marcante alteração psicomotora (geralmente lentificação 
ou estupor), assim como fenômenos biológicos (neuronais 
ou neuroendócrinos) associados. 
Uma síndrome depressiva manifesta­se por alterações 
duradouras de humor, cognição, psicomotricidade, 
biorritmicidade e volição. Dentre as manifestações que um 
indivíduo em estado depressivo pode apresentar, é 
importante identificar: 
■ Humor: Geralmente polarizado para depressão 
(sentimento expresso e observação de sinais de tristeza na 
maior parte do tempo), com anedonia (perda da capacidade 
de sentir prazer, com conseqüente perda de interes­se pelas 
atividades habituais) e choro fácil (labilidade afetiva), 
podendo a reatividade a estímulos positivos estar 
preservada ou não. Indiferença afe­tiva (apatia) ou 
ansiedade e irritabilidade podem estar presentes. 
14 
 
@sarahellen_figueredo 
■ Pensamento: Preocupações freqüentes e por vezes 
exageradas, pessimismo e desesperança, podendo ocorrer 
idéias de ruína e niilismo, baixa auto­estima e idéias de 
desvalia, sentimento de culpa, por vezes inapropriado, e 
hipocondria. As idéias de ruína, culpa e hipocondria podem 
adquirir características delirantes durante um episódio 
depressivo. Neste caso, observa­se forte certeza e 
convicção do paciente, o qual não aceita argumentação, por 
mais exageradas e estranhas que as crenças sejam. Pode 
ocorrer também persecutoriedade e auto­referência como 
manifestações delirantes em um quadro depressivo 
psicótico. 
■Sensopercepção: Alucinações, principalmente auditivas, 
podem ocorrer em depressões psicóticas, porém são 
fenômenos raros, ocorrendo em menos de 10% dos casos 
de TDM. 
■Alterações cognitivas: Dificuldade de concentração, 
déficits de atenção e mesmo prejuízos de memória podem 
ocorrer. Esses sintomas podem ser tão proeminentes, 
principalmente em idosos, que sua apresentação clínica 
assemelha­se à da síndrome demencial (“pseudodemência” 
depressiva). 
■Psicomotricidade: Lentificação e retardo tanto de 
pensamentos como dos movimentos, podendo haver 
latência de resposta e até laconismo (respostas breves, por 
vezes monossilábicas); sensação de fadiga e diminuição de 
energia, ou inquietação, principalmente em casos de 
depressão com sintomas ansiosos ou na “depressão 
agitada”. 
■Sintomas neurovegetativos: Podem ocorrer tanto 
anorexia com perda de peso como aumento de peso; 
alterações do sono que vão desde a dificuldade para iniciar 
o sono (insônia inicial) e mantê­lo (fragmentação do sono 
ou insônia intermediária), despertar precoce (despertar 
duas horas antes do horário habitual,fenômeno 
denominado insônia terminal), até sono não reparador ou 
hipersônia*; disfunção sexual (diminuição ou perda do 
desejo sexual, disfunção erétil ou ejaculação rápida). 
■Volição: Frequentemente ocorre diminuição da vontade e 
perda de interesse por atividades habituais anteriormente 
(hipobulia). Pode­se observar vontade de morrer (ideação 
suicida) ou mesmo tentativa de auto­agressão. 
Entre os principais sintomas que fazem parte do quadro 
clínico e são critérios diagnósticos, temos: 
■ Humor: depressivo deve ser persistente ou pelo menos 
com 2 semanas; pode assumir várias formas, como sentir­
se triste, sem esperança, desanimado. Mesmo pacientes 
que parecem tristes podem inicialmente negar a tristeza. 
Podem ainda relatar ansiedade, irritabilidade ou sensação 
de que não têm sentimentos. 
■ Anedonia (redução ou perda da capacidade de sentir 
prazer) ou diminuição do interesse. 
■ Perda ou diminuição da libido. Paradoxalmente algumas 
pessoas podem apresentar aumento da libido como forma 
de aliviar a angústia. 
■ Mudanças de peso ou apetite: alguns pacientes têm que 
se forçar para comer, enquanto outros referem sentir 
ansiedade de comer algum alimento em específico. 
■ Alteração do padrão de sono: pode se apresentar como 
insônia ou hipersonia. Paciente relatam um sono sem 
descanso e dificuldade de sair da cama de manhã. 
■ Fadiga ou perda de energia: falta de energia pode ser 
descrita como a necessidade de descansar durante todo o 
dia, sentir os membros pesados, ou sentir que é difícil 
iniciar ou concluir as atividades. 
■ Redução da perspectiva de futuro: dificuldade de 
vislumbrar planos para o futuro e onde se vê no futuro. 
Tais sintomas causam sofrimento significativo ou prejuízos 
ao funcionamento social, profissional ou em outra área 
importante da vida. Os sintomas não são mais bem 
explicados por outros transtornos mentais ou uso de 
substâncias 
O número e a gravidade dos sintomas possibilitam 
determinar o grau do episódio depressivo e geralmente a 
internação é necessária para os quadros moderados e 
graves, principalmente quando há ideação suicida. Muitas 
vezes, no início, os sinais da enfermidade podem não ser 
reconhecidos. No entanto, nunca devem ser 
desconsideradas possíveis referências a ideias de 
autodestruição 
Classificação do transtorno depressivo maior segundo a 
CID-11 
1. Episódio único: 
Leve (pouca dificuldade em conduzir as atividades 
cotidianas e pouco prejuízo nos âmbitos social, laboral, 
conjugal etc.). 
Moderado: 
• Sem sintomas psicóticos (dificuldade considerável 
nos diversos âmbitos vitais, mas ainda há 
capacidade de funcionamento em algumas esferas e 
ausência de alucinações e de delírios). 
• Com sintomas psicóticos (critérios semelhantes aos 
do episódio moderado, mas na presença de 
alucinações e de delírios). 
Grave: 
• Sem sintomas psicóticos (incapacidade de 
funcionar nos mais diversos âmbitos vitais, sem a 
presença de alucinações e de delírios). 
• Com sintomas psicóticos (critérios semelhantes aos 
do episódio depressivo grave, mas na presença de 
alucinações e de delírios. 
2. Transtorno depressivo recorrente: pelo menos dois 
episódios depressivos separados por vários meses sem 
alterações significativas de humor. 
15 
 
@sarahellen_figueredo 
Estupor depressivo ou depressão com catatonia (DSM-5) 
Trata­se de estado depressivo muito grave, no qual o 
paciente permanece dias na cama ou sentado, em estado de 
catalepsia (imóvel; em geral rígido), com negativismo que 
se exprime pela ausência de respostas às solicitações 
ambientais, geralmente em estado de mutismo (não fala 
com as pessoas, apesar de estar consciente e não ter afasia), 
recusando alimentação, às vezes urinando no leito. O 
indivíduo pode, nesse estado, desidratar e vir a falecer por 
complicações clínicas (pneumonia, insuficiência pré­renal, 
desequilíbrios hidreletrolíticos, sepse, entre outras). 
Diagnóstico 
O diagnóstico da depressão é feito a partir da presença de 
determinados sintomas que se manifestam numa certa 
duração e intensidade também toma como base a história 
de vida do paciente. Como o estado depressivo pode ser um 
sintoma secundário a várias doenças, sempre é importante 
estabelecer o diagnóstico diferencial 
O diagnóstico dos diversos subtipos de TDs é realizado a 
partir de entrevista clínica para caracterização de sintomas, 
tempo de duração e prejuízos funcionais do indivíduo, 
utilizando critérios diagnósticos dos sistemas 
classificatórios, como a 11ª edição da Classificação 
internacional de doenças (CID­11) e a 5ª edição do Manual 
diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM­5). 
DSM- 5 Critérios para diagnósticos- Transtorno 
depressivo maior 
A. Cinco ou mais sintomas presentes na maior parte do 
dia, quase todos os dias, por período mínimo de duas 
semanas, sendo ao menos um deles (1) ou (2). 
Desconsiderar sintomas claramente atribuídos a 
condições médicas gerais. 
1)Humor deprimido (a partir de relatos dos pacientes ou 
observação de terceiros). Em adolescentes, pode ocorrer 
humor irritável. 
2)Marcada diminuição de interesse ou prazer na maior 
parte das atividades. 
3)Alterações de apetite/peso (aumento ou diminuição) não 
explicados por outro motivo. 
4)Insônia ou hipersonia. 
5)Agitação ou retardo psicomotor. 
6)Cansaço ou diminuição de energia. 
7)Pensamentos de desvalia ou culpa excessiva e 
inapropriada. 
8)Diminuição na concentração ou dificuldades para pensar 
ou tomar decisões. 
9)Pensamentos recorrentes de morte e/ou suicídio, e/ou 
planos ou tentativas de suicídio. 
B. Significativos prejuízos funcionais com sintomas.* 
C. Sintomas não podem ser atribuídos a outras 
condições médicas gerais ou substâncias.* 
D. Sintomas não são bem explicados por outros 
diagnósticos psiquiátricos.* 
E. Ausência de episódios maníacos ou hipomaníacos 
prévios. 
 
CID-11- Episódio depressivo (6A70) 
Humor deprimido ou perda de interesse em 
atividades, quase diário, com duração mínima de 
duas semanas, acompanhado por outros sintomas, 
como: 
1) Dificuldades de concentração 
 2)Sentimentos de indignidade ou culpa inapropriada 
3)Desesperança 
4)Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio 
5)Mudanças de apetite 
6)Mudanças no sono 
 7)Agitação ou retardo psicomotor 
8)Diminuição de energia ou fadiga 
Ausência de sintomas indicativos de episódios 
anteriores maníacos, hipomaníacos ou mistos. 
 
TDP 
A. Humor deprimido na maior parte do dia, na 
maioria dos dias, por período mínimo de dois anos. 
Em crianças e adolescentes, pode ser um ano. 
B. Presença de dois ou mais dos seguintes sintomas: 
1)Apetite (diminuído ou aumentado) 
2)Insônia ou hipersonia 
3)Pouca energia ou cansaço 
4)Baixa autoestima 
5)Dificuldades de concentração ou para tomar decisões 
6)Sentimentos de desesperança 
C. Durante o período de dois anos, o indivíduo nunca 
esteve sem sintomas por mais de dois meses.* 
D. Critérios para episódio depressivo podem estar 
presentes ao longo dos dois anos.* 
E. Ausência de episódios maníacos ou hipomaníacos 
ou ciclotimia.* 
F. Sintomas não são bem explicados por outros 
diagnósticos psiquiátricos.* 
G. Sintomas não podem ser atribuídos a outras 
condições médicas gerais ou substâncias.* 
H. Significativos prejuízos funcionais com sintomas.* 
 
Distimia (6A72) 
Humor persistentemente deprimido, por mais de dois 
anos, na maior parte do dia e na maioria dos dias. Em 
crianças e adolescentes, pode ser manifesto por 
irritabilidade persistente. 
 O humor depressivo é acompanhado por sintomas 
adicionais, como: 
1)Diminuição no interesse por atividades ou prazer# 
2)Diminuição na atenção, concentração ou indecisão 
3)Baixa autoestima ou culpa excessiva ou inapropriada 
4)Desesperança com o futuro 
5)Dificuldades com o sono ou hipersonia 
6)Apetite diminuído ou aumentado 
7)Pouca energia ou fadiga 
Ausência de critérios paraepisódio depressivo com 
duração de duas semanas. 
Ausência de critérios diagnósticos para episódio 
maníaco, hipomaníaco ou misto. 
 
 
16 
 
@sarahellen_figueredo 
 
Tratamento 
Uma vez feito o diagnóstico e avaliada a gravidade dos 
sintomas, estabelece­se o planejamento terapêutico. As 
estratégias de tratamento vão desde o uso de medicamentos 
antidepressivos (existem mais de 30 compostos anti 
depressivos diferentes) até abordagens psicológicas 
(psicoterapias, grupos psicoeducacionais e de auto­ajuda) 
e tratamentos biológicos não farmaco­lógicos 
(eletroconvulsoterapia – ECT, estimulação magnética 
transcraniana, estimulação de nervo vago, fototerapia), 
entre outros. 
É fundamental determinar se o paciente pode ser tratado 
ambulatorialmente ou se é necessária internação 
psiquiátrica (voluntária ou compulsória). A internação 
psiquiátrica está indicada nos casos de risco iminente de 
suicídio (ideação no presente ou planejamento explícito) e 
incapacidade do paciente em reconhecer a doença ou seguir 
as orientações médicas (por exemplo, na depressão 
psicótica). Falta de suporte familiar, elevado nível de 
estresse psicossocial, acentuado prejuízo funcional ou 
debilitamento físico, quando em presença de outras 
condições médicas (por exemplo, dependência de 
substâncias ou doença cardíaca), também podem constituir 
indicação de internação. 
Artigo­ O papel da alimentação no tratamento do 
transtorno de ansiedade e depressão 
2020- Ana Carolina Borges da Rocha 
De acordo com trabalhos selecionados para esta revisão, há 
a comprovação de que os ácidos graxos poliinsaturados 
de ômega 3 tem um impacto significativo no tratamento 
dos sintomas de depressão. Lai et al. (2016) reiteram que a 
ingestão alimentar com baixo consumo de ômega 3 foram 
relacionadas a elevados índices de doença mental, 
inclusive depressão. 
O ômega 3 tem como elementos o EPA (ácido 
eicosapentaenoico), que apresenta efeito anti­
inflamatório, e, DHA (ácido docosahexaenoico), que 
faz parte da composição de neurônios cerebrais. Por 
contribuir para o funcionamento do cérebro e a 
neurotransmissão da serotonina, os autores indicam a 
possibilidade do uso de ômega 3 em quadros 
depressivos, uma vez que a doença manifesta 
marcadores inflamatórios em exames bioquímicos, 
como a PCR (proteína C reativa). 
A deficiência da vitamina D embora seja um distúrbio 
muito comum, é de suma importância para avaliar a sua 
relação com a depressão. Autores sugerem que esse 
hormônio apresenta uma proteção neuronal e baixos 
níveis plasmáticos podem prejudicar a síntese de 
dopamina e serotonina. 
No ensaio clínico randomizado de Alavi et al. 
(2019), foi observado que a suplementação semanal 
de 50.000 UI de vitamina D, por 8 semanas, pode melhorar 
o nível de depressão em pessoas com mais de 60 anos. Isso 
pode ser explicado por haver receptores de vitamina D no 
hipocampo que estão relacionadas a depressão e os 
seus metabólitos podem ultrapassar a barreira 
hematoencefálica. Outro desfecho encontrado numa 
metanálise demonstrou que a ação medicamentosa no 
tratamento da depressão foi semelhante ao 
efeitoproporcionado pela suplementação de vitamina D 
em pacientes com a doença. 
Antidepressivo 
Os antidepressivos aliviam os sintomas da depressão por 
aumentarem a atividade da NA e da 5­HT nos receptores 
de membrana pós­sinápticos. O mecanismo de ação dos 
antidepressivos mais amplamente utilizados é a inibição da 
recaptação de 5­HT no espaço pré­sináptico. As 
formulações são variadas e têm como alvos diferentes 
neurotransmissores. Exemplos são os inibidores seletivos 
da recaptação de serotonina (ISRS), inibidores da 
recaptação e antagonistas de serotonina (IRAS), e os 
inibidores da recaptação de serotonina e NA (IRSN). 
Os antidepressivos tricíclicos bloqueiam a recaptação de 5­
HT e NA pela membrana pré­sináptica. Os inibidores da 
monoamina oxidase (MAO) aumentam a concentração de 
5­HT e NA via redução da degradação desses 
neurotransmissores pela MAO, porém são utilizados com 
menos frequência devido ao seu perfil de efeitos colaterais 
e às restrições alimentares necessárias. 
A eletroconvulsoterapia, procedimento que estimula 
eletricamente uma convulsão generalizada, pode ser um 
tratamento eficaz para a depressão grave. 
 A fototerapia, ou terapia com luz, utiliza uma luz artificial 
para influenciar a produção de melatonina e a função dos 
sistemas de catecolaminas. É usada com frequência como 
tratamento de primeira linha para a depressão associada às 
alterações sazonais. 
Evidências apontam melhora dos resultados com o uso 
combinado de antidepressivos, terapia interpessoal, terapia 
cognitivo­comportamental e terapia para solução de 
problema 
O manejo baseado em níveis crescentes de complexidade 
(stepped­care) é uma forma clinicamente útil de organizar 
a abordagem de um paciente deprimido. Nessa abordagem, 
as intervenções são introduzidas ponderando a intensidade 
dos sintomas e o nível de complexidade da intervenção. 
Fases do tratamento 
O tratamento da depressão é dividido em três fases: aguda, 
continuação e manutenção. 
Fase aguda 
A fase aguda visa à remissão dos sintomas e à recuperação 
do funcionamento psicossocial, e sua duração varia de 8 a 
12 semanas. A escolha do tratamento inicial a ser 
17 
 
@sarahellen_figueredo 
implementado (terapia medicamentosa, psicoterapia, 
tratamento combinado, ECT, entre outros) depende da 
gravidade e do subtipo do quadro depressivo, mas também 
da preferência do paciente e da disponibilidade de recursos. 
A resposta ao tratamento é medida de acordo com a 
melhora clínica do paciente (sintomatológica e funcional), 
e nas pesquisas clínicas a melhora é mensurada por meio 
da pontuação em escalas de avaliação para depressão. 
Continuação 
A fase de continuação visa à prevenção de recaída (o 
retorno dos sintomas do episódio índice), e sua duração 
varia de 6 a 12 meses. Pacientes que tenham sido tratados 
com medicações antidepressivas na fase aguda devem ser 
mantidos com os mesmos agentes, nas mesmas doses em 
que se alcançou o alívio dos sintomas. É importante 
ressaltar que o acompanhamento psicoterapêutico também 
deve ser mantido nessa fase. 
Tratamento de manutenção 
Seguindo­se à fase de continuação, o tratamento de 
manutenção deve ser considerado para alguns pacientes 
com o objetivo de prevenir recorrência da depressão. 
Indivíduos com alto risco de recorrência e que tenham 
apresentado episódio depressivo com alta gravidade 
(tentativa de suicídio, sintomas psicóticos, 
comprometimento funcional severo) são potenciais 
candidatos à manutenção do tratamento antidepressivo. Os 
ris­cos, incluindo efeitos adversos a longo prazo 
associados à terapêutica empregada, e os benefícios devem 
ser discutidos com o paciente, e a decisão deve ser tomada 
em conjunto. 
 
Não há evidências de que determinado perfil 
sintomatológico responda melhor a um esquema 
medicamentoso específico. A exceção a essa regra é a 
depressão psicótica e, em certo grau, a depressão atípica. 
­ Episódios Depressivos Leves 
Episódios depressivos leves podem responder a várias 
estratégias, muitas delas inespecíficas, como exercício 
físico, conexão social, alimentação, expressão de gratidão 
e conexão espiritual e religiosa.25 Não há evidência de que 
a medicação antidepressiva seja superior ao placebo 
quando os sintomas depressivos são leves. Na medida em 
que intervenções mais simples e inespecíficas não 
apresentam resultados e/ou a intensidade dos sintomas 
aumenta, estratégias utilizadas para depressões moderadas, 
como psicoterapia e farmacoterapia, são utilizadas. 
- Episódios depressivos moderados 
A principal estratégia utilizada para tratamento dede­pressões moderadas são os medicamentos 
antidepres­sivos, devido à sua efetividade e à possibilidade 
de utilização por médicos não especialistas.25 Além das 
medi­cações, algumas formas de psicoterapia têm 
evidência de eficácia para a fase aguda da depressão, como 
terapia cognitivo­comportamental (TCC), terapia 
interpessoal, terapia não diretiva suportiva, terapia de 
resolução de problemas, terapia de ativação 
comportamental e terapia psicodinâmica breve. 
­ Episódios Depressivos Graves 
Episódios depressivos graves são prioritariamente tratados 
com antidepressivos. A eletroconvulsoterapia (ECT) é 
uma alternativa a ser considerada, pela maior potência no 
efeito antidepressivo comparada aos medicamentos e 
maior rapidez de ação, embora não seja recurso acessível 
em muitos lugares. 
­ Episódios depressivos com sintomas psicóticos e atípicos 
Nos episódios depressivos com sintomas psicóticos, o uso 
da combinação de um antidepressivo com antipsicótico é 
superior ao uso isolado de um dos dois medicamentos. 
Outra alternativa extremamente eficaz nesses casos é o uso 
de ECT. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
@sarahellen_figueredo 
Referencias 
Sallet, Paulo, C. et al. Manual do residente de psiquiatria. 
Disponível em: Minha Biblioteca, Editora Manole, 2023. 
Nardi, Antonio, E. et al. Tratado de psiquiatria da 
associação brasileira de psiquiatria. Disponível em: Minha 
Biblioteca, Grupo A, 2021. 
Cantilino, Amaury, e Dennison Carreiro Monteiro. 
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MedBook Editora, 2017. 
Norris, Tommie L. Porth ­ Fisiopatologia. Disponível em: 
Minha Biblioteca, (10th edição). Grupo GEN, 2021. 
Whalen, Karen, et al. Farmacologia ilustrada. Disponível 
em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo A, 2016. 
Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos 
transtornos mentais. Disponível em: Minha Biblioteca, 
(3rd edição). Grupo A, 2019. 
Association, American P. Manual Diagnóstico e Estatístico 
de Transtornos Mentais ­ DSM­5­TR: Texto Revisado. 
Disponível em: Minha Biblioteca, (5th edição). Grupo A, 
2023. 
Quevedo, João, et al. Depressão: teoria e clínica. 
Disponível em: Minha Biblioteca, (2nd edição). Grupo A, 
2019. 
Alvarenga, Pedro Gomes, D. e Arthur Guerra de Andrade. 
Fundamentos em Psiquiatria. Disponível em: Minha 
Biblioteca, Editora Manole, 2008. 
Favarato, Maria Helena, S. et al. Manual do residente de 
clínica médica. Disponível em: Minha Biblioteca, (3rd 
edição). Editora Manole, 2023.

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