Prévia do material em texto
Anticoncepção e planejamento familiar Saber indicar os métodos contraceptivos, conhecendo suas contraindicações; Orientar o planejamento familiar, esclarecendo as particularidades de cada método. Métodos contraceptivos Mecanismo de ação Os métodos contraceptivos atualmente disponíveis funcionam da seguinte maneira: • Evitam a ovulação: este é o mecanismo de ação dos seguintes métodos: métodos hormonais combinados (pílula, adesivo e anel vaginal), injetáveis contendo somente progestogênio, implante contendo somente progestogênio (Nexplanon®), contraceptivo oral de emergência, amenorreia lactacional. • Evitam que os espermatozoides atinjam o oócito: esterilização feminina e esterilização masculina (vasectomia). • Evitam o implante do embrião no útero: este é o mecanismo de ação do DIU (cobre e hormonal). • Permitem que o esperma entre na vagina, mas atuam de forma destrutiva: Este é o mecanismo de ação dos espermicidas. • Permitem que o esperma entre na vagina, mas bloqueiam sua passagem: mecanismo de ação do diafragma. Também um dos mecanismos da ação de progestogênios. • Evitam que o esperma entre na vagina: preservativos masculinos e femininos; evitar sexo durante o período fértil do ciclo; métodos com base na percepção da fertilidade (FAB). Eficácia dos métodos contraceptivos Eficácia de um método contraceptivo é a sua capacidade de proteger contra a gravidez não desejada e não programada, expressa pela sua taxa de falhas própria em determinado período (geralmente 1 ano). O índice mais utilizado para esse fim é o índice de Pearl, que é assim calculado: Critérios de elegibilidade para o uso de contraceptivos da organização mundial da saúde Definidos pelo conjunto de características apresentadas pelo(a) candidato(a) ao uso de determinado método, indicando se a pessoa pode ou não utilizá-lo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) montou um grupo de trabalho que classificou essas condições em quatro categorias: •Categoria 1: o método pode ser utilizado sem qualquer restrição •Categoria 2: o uso pode apresentar algum risco, habitualmente menor do que os benefícios dele decorrentes. Em outras palavras, o método pode ser usado com maiores cautela e precauções, e, sobretudo, acompanhamento clínico mais rigoroso •Categoria 3: o uso do método pode estar associado a risco, habitualmente considerado superior aos benefícios dele decorrentes. O método não é o mais apropriado para o indivíduo em questão, podendo ser usado, contudo, na falta de opção disponível, ou quando a pessoa não aceita qualquer alternativa, desde que seja bem alertada desse fato e que se submeta a vigilância médica muito rigorosa. Aqui se enquadram condições antes chamadas contraindicações relativas para o uso do contraceptivo •Categoria 4: o uso do método em apreço determina risco inaceitável à saúde, estando o método contraindicado. Compreende todas as situações clínicas antes chamadas contraindicações absolutas ou formais. O médico deve privilegiar o método anticoncepcional escolhido pela paciente, mas isso nem sempre é possível. É primordial que o médico desenvolva semiótica apropriada para avaliar se existem aspectos clínicos que contraindiquem o método escolhido e, se houver, cabe a ele informar à paciente os demais métodos possíveis, explicando as características, o uso, os riscos, benefícios e a eficácia de cada um, para que a paciente tenha condições de fazer nova opção e se comprometer com ela. Os resultados do uso de qualquer método anticoncepcional são diretamente proporcionais ao comprometimento da usuária com o método eleito. Os métodos anticoncepcionais podem ser classificados de várias maneiras. Reconhecem-se dois grupos principais: 1- Reversíveis: Comportamentais, de barreira, Dispositivos intrauterinos, Hormonais e de emergência. 2- Definitivos: são os cirúrgicos: Esterilização cirúrgica feminina e esterilização cirúrgica masculina. Métodos não hormonais • Métodos comportamentais baseados na identificação do período fértil durante o qual os casais se abstêm das relações sexuais ou praticam coito interrompido, a fim de diminuir a chance de gravidez. O período fértil pode ser identificado por meio da observação da curva de temperatura corporal, das características do muco cervical e de cálculos matemáticos baseados na duração, fisiologia do ciclo menstrual e meia-vida útil dos gametas. Temperatura basal Esse método se baseia no fato de haver alteração na temperatura basal durante a fase lútea do ciclo reprodutivo. Na primeira fase do ciclo, a temperatura permanece estável, ocorrendo aumento de pelo menos 0,2 °C acima da temperatura de base registrada no início da manhã, quando ocorre a ovulação. Esse aumento é monitorado ao longo de três dias consecutivos, até o ponto em que ocorre aumento da temperatura, definindo o período fértil. Eficácia: A eficácia depende dos casais em abster- se de relações sexuais com penetração vaginal nos dias férteis. Em geral, abster-se de sexo durante os períodos férteis é mais eficaz do que usar outro método durante tais períodos. Método dos dias fixos Indicado para mulheres que apresentam ciclos de 26 a 32 dias. A mulher deve anotar no calendário (por exemplo, com um círculo) o primeiro dia da menstruação e os próximos sete dias. Nestes dias, pode ter relações livremente. Os próximos 12 dias devem ser marcados de forma diferente (por exemplo, com um X) e, nesses dias NÃO DEVE TER RELAÇÕES SEXUAIS COM PENETRAÇÃO VAGINAL. Portanto, em cada ciclo, a mulher pode ter relações livremente nos dias marcados com círculo e os dias após o último X até a próxima menstruação. IMPORTANTE: o método é adequado para mulheres em que a menstruação não adianta mais de quatro dias e nem atrasa mais de dois dias, ou seja, com ciclo entre 26 e 32 dias. Método rítmico do calendário (tabelinha ou Ogino-Knaus): Antes de usar este método, a mulher deve registrar o número de dias de cada ciclo menstrual durante, pelo menos, seis meses. O primeiro dia da menstruação é sempre o dia número um. O ciclo menstrual começa no primeiro dia da menstruação e termina no último dia antes da menstruação seguinte. A mulher subtrai 18 da duração do seu ciclo mais curto, estimando, assim, o primeiro dia de seu período fértil. Em seguida, ela subtrai 11 dias da duração do seu ciclo mais longo, que corresponde ao último dia de seu período fértil. O casal deve evitar relações sexuais com penetração vaginal durante este período. Exemplo: se o ciclo menstrual variou entre 26 e 32 dias durante o registro: Ciclo mais curto: 26 - 18 = 8. A mulher deve evitar relações sexuais sem proteção a partir do 8º dia de cada ciclo (o dia 8 é o primeiro dia de abstinência). Ciclo mais longo: 32 - 11 = 21. Ela pode ter relações sexuais sem proteção a partir do 22º de cada ciclo (o dia 21 é o último dia fértil). Portanto, o casal não deve ter relação sexual com penetração vaginal do 8º ao 21º dia do ciclo (período considerado fértil). IMPORTANTE: se a mulher apresenta ciclos mais longos ou mais curtos, duas ou mais vezes em um ano, deve refazer os cálculos. Isso requer contínua anotação de seus ciclos. Em geral, mulheres com ciclos com variações de mais de seis dias não devem usar este método. Método da ovulação ou método de Billings ou método do muco cervical Este método fundamenta-se na evolução do muco cervical no ciclo menstrual. Durante a fase estrogênica, ocorre secreção do muco cervical e, na ovulação, este muco tem características que permitem o espermatozoide sobreviver e se locomover. Ocorrendo a ovulação, o corpo lúteo secreta progesterona, inibindo a secreção cervical. Logo após o fluxo menstrual é o período conhecido como seco e compreende do 1º ao 7º ou 10º dia dociclo. Nessa fase o muco é escasso, opaco e viscoso, aumentando progressivamente em quantidade no decorrer dos dias. Após este período, aparece o muco cervical, marcando o início do período úmido. O muco se torna claro, transparente e elástico, como a clara de ovo crua. No dia que corresponde ao pico de estrogênio, o muco alcança o máximo dessas características. Para o uso deste método, a mulher precisa detectar a presença ou não do muco, examinando diariamente sua secreção cervical nos dedos, na calcinha ou lenço de papel. Assim que o muco tornar-se mais fluido deve cessar a atividade sexual. os casais devem evitar relações sexuais vaginais durante os dias de fluxo menstrual intenso, pois, nestes dias é difícil verificar as secreções cervicais. Durante o período livre para relações vaginais, o casal não deve tê-las por dois dias seguidos, pois, o sêmen prejudica a observação do muco. Método dos dois dias Esse método é apropriado para as mulheres com ciclos de qualquer duração, independentemente de sua regularidade. Se a mulher notar qualquer secreção vaginal, deve considerar-se fértil, até que permaneçam dois dias sem secreção. Se não perceber secreção no dia e, no dia anterior, poderá ter relações livremente. Coito interrompido O coito interrompido consiste na retirada do pênis da vagina antes da ejaculação. O coito interrompido continua sendo um método muito importante do controle da fertilidade em muitos países. Estima-se que seja utilizado por 85 milhões de casais no mundo inteiro, embora tenha sido objeto de poucos estudos, mas tem vantagens óbvias: disponibilidade imediata e custo zero. O pênis precisa ser totalmente retirado da vagina e afastado da genitália externa. Já ocorreram casos de gravidez em consequência da ejaculação nos órgãos genitais externos femininos, sem penetração. Estima-se que a eficácia varie de quatro gestações por 100 mulheres no primeiro ano de uso perfeito a 22 por 100 com uso típico. Estudos acerca dessa prática mostram que ela é provavelmente tão eficaz quanto o preservativo. Amamentação A amamentação pode ser utilizada como forma de contracepção e pode ser eficaz dependendo de variáveis individuais. O uso de contracepção durante a lactação deve levar em consideração as necessidades das mulheres e a necessidade de manter a lactação. Ocorre supressão variável da ovulação durante a lactação. A sucção do lactente eleva os níveis de prolactina e reduz a secreção do hormônio liberador das gonadotropinas (GnRH) do hipotálamo, diminuindo a secreção de hormônio luteinizante (LH), portanto, inibe a maturação folicular. Mesmo com a amamentação continuada, a ovulação retorna, porém isso é pouco provável antes de 6 meses, particularmente se a mulher apresentar amenorreia e estiver amamentando sem dar complemento alimentar ao lactente. Para uma segurança contraceptiva máxima, os intervalos de amamentação não devem ultrapassar 4 horas durante o dia e 6 horas durante a noite e a complementação não deve ultrapassar 5 a 10% da quantidade total de alimentação. As taxas de gravidez relatadas em 6 meses são de 0,45 a 2,45% para casais que usam exclusivamente esse método. Para evitar a gravidez, deve-se utilizar outro método de contracepção 6 meses depois do parto ou mais cedo se a menstruação retornar. A amamentação reduz o risco cumulativo de câncer de mama na mãe ao longo da vida, sendo importante portanto, seu estímulo. Os ACOs, os implantes e os contraceptivos injetáveis que contêm apenas progestágenos não afetam a qualidade nem a quantidade de leite.15 Os métodos de barreira, os espermicidas e o DIU de cobre constituem excelentes opções para mães durante a amamentação. Aproximadamente 20% das mulheres que amamentam ovulam em torno do terceiro mês de pós-parto. A ovulação frequentemente precede a menstruação e essas mulheres correm risco de gravidez não planejada. Para as mulheres que amamentam de forma intermitente deve-se iniciar contracepção efetiva como se não estivessem amamentando. Além disso, a contracepção é essencial após a primeira menstruação, a não ser que se esteja planejando nova gravidez. É um método de alta eficácia, sendo o índice de falha de 0,5 a 2% em seis meses. No entanto, a eficácia depende da usuária. Se algum desses for positivo deve introduzir outro método contraceptivo combinado ao método da amenorréia lactacional. Métodos de Barreira Preservativo feminino Preservativo masculino Espermicidas Substâncias químicas que funcionam como barreira à ascensão dos espermatozoides ao sistema genital superior. Devem ser colocados dentro da vagina e são apresentados como cremes, geleias, etc. O mais comum é o nonoxinol-9, que funciona como agente surfactante sobre a membrana dos espermatozoides e de outros organismos causadores de DSTs, e no bloqueio do trajeto a ser cumprido pelo espermatozoide. Espermicidas apresentam baixa eficácia contraceptiva, quando usados isoladamente, mas aumentam a eficácia de outros métodos de barreira, quando utilizados em associação. Diafragma Com estrutura em látex, o diafragma é método de barreira móvel que pode ser colocado e retirado da vagina. Para ser eficiente, deve ser colocado 2 h antes da relação sexual e retirado entre 4 a 6 h após o sexo. É combinado com gel espermicida. Após o uso, deve ser lavado com água e sabão. Sua durabilidade é de cerca de 2 anos. Tem formato de cúpula, circundada por anel circular, flexível, que pode ser colocado e retirado da vagina. Sua inserção deve ser feita de tal modo que cubra completamente a cérvice e a parede anterior da vagina. É recomendável que o diafragma seja usado em associação a um creme ou geleia espermicida, a fim de aumentar a eficácia contraceptiva, além de proporcionar lubrificação, facilitando a inserção. A relação deve ocorrer 1 a 2 h após sua inserção, e ele deve permanecer na vagina, após a última relação mantida, por, pelo menos, 6 h, mas não mais de 24 h. Dispositivo intrauterino (DIU): • DIUs de cobre: O DIU T380A é o dispositivo de cobre mais eficaz disponível, de modo geral este tipo demonstra eficácia superior aos demais. são altamente eficazes em prevenir a gravidez, o Tcu380A pode ser eficaz até 12 anos. Os números no nome do dispositivo referem-se à área de superfície em mm2 do cobre exposto na superfície endometrial. Os dispositivos intrauterinos têm múltiplos mecanismos de ação, o principal é a prevenção da fertilização. O DIU de cobre consiste em um fio de prata corado com cobre. A presença de um corpo estranho e de cobre na cavidade endometrial causa mudanças bioquímicas e morfológicas no endométrio, além de produzir modificações no muco cervical. O DIU de cobre é associado à resposta inflamatória aumentada com acréscimo de citocinas citotóxicas. O cobre é responsável pelo aumento da produção de prostaglandinas e pela inibição de enzimas endometriais. Estas mudanças afetam adversamente o transporte de esperma, de modo a prevenir a fertilização. Os íons de cobre também têm um efeito direto na motilidade espermática, reduzindo a capacidade de penetração no muco cervical. A ovulação não é afetada em usuárias do cobre DIU de cobre. Contraindicações Absolutas: gravide, doença inflamatória pélvica (PID) ou doença sexualmente transmitida (DST) atual, recorrente ou recente (nos últimos três meses), sépsis puerperal, hemorragia vaginal inexplicada, câncer cervical ou endometrial e alergia ao cobre. • Sistema intrauterino liberador de levonorgestrel possui um reservatório com 52 mg de levonorgestrel, mede 32 mm de comprimento e libera 20 µg de levonorgestrel por dia. Mecanismo de ação: • muco cervical espesso e hostil à penetração do espermatozoide, inibindo a sua motilidade no colo, noendométrio e nas tubas uterinas, prevenindo a fertilização. • alta concentração de levonorgestrel no endométrio, impedindo a resposta ao estradiol circulante. • forte efeito antiproliferativo no endométrio. • inibição da atividade mitótica do endométrio. • mantém a produção estrogênica, o que possibilita uma boa lubrificação vaginal. A taxa de eficácia do SIU-LNG é muito alta, e em vários estudos clínicos, obteve-se índice de Pearl de 0,11. Contraindicações Absolutas: Gravidez confirmada ou suspeita, distorção severa da cavidade uterina (como septos, pólipos endometriais ou miomas submucosos), infecção aguda ou recente (dentro de três meses) ou recorrente (incluindo DST, infecção pós-parto ou pós-aborto), Cervicite não tratada, alergia conhecida ao levonorgestrel, e doença hepática aguda ou tumor de fígado. Contracepção hormonal Trata-se da administração de progestógenos isolados ou associados aos estrogênios, com o objetivo de impedir a gravidez. A anticoncepção hormonal pode ser desenvolvida de diversas maneiras: •Contraceptivos orais combinados (COCs) •Contraceptivos orais apenas com progestógenos •Injetável – mensal/trimestral •Implantes •Anel vaginal •Dispositivo intrauterino (DIU) com progestógeno •Adesivo cutâneo (patch). Todos os contraceptivos hormonais apresentam quatro mecanismos de ação para bloquear a ovulação •Inibição do pico das gonadotrofinas do meio do ciclo, impedindo a ovulação ao interferir na liberação do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) •Espessamento do muco cervical, tornando-o hostil à espermomigração •Decidualização do endométrio, reduzindo a sua receptividade à implantação do blastocisto •Diminuição da motilidade das tubas uterinas, causando distúrbios no transporte dos espermatozoides. Contraceptivos orais combinados Os anticoncepcionais orais combinados são aqueles que contêm estrogênio e progestagênio no mesmo comprimido. O etinilestradiol é o principal estrogênio contido nos AOCs; os estrogênios naturais como o estradiol e o valerato de estradiol também estão disponíveis atualmente. A pílula contém um estrogênio e um progestógeno em diferentes doses e esquemas posológicos, podendo ser classificada em: •Monofásica: 21, 24 ou 28 comprimidos com a mesma composição (etinilestradiol e um progestógeno), nas mesmas doses. •Bifásica: pílulas com a mesma composição hormonal, cujos componentes se apresentam em dois blocos, com doses diferentes. •Trifásica: as pílulas, apesar de terem os mesmos constituintes, dividem-se em três blocos, cada um com doses diferenciadas dos hormônios. 1 geração: noretindrona, noretisterona, linestrenol ou noretinodrel 2 geração: norgestrel ou levonorgestrel 3 geração: gestodeno, desogestrel ou norgestimato. 4 geração: drospirenona*, clormadinona* ou ciproterona e anticoncepcionais com estrogênio natural. É importante saber que a 2 geração sao os menos trombogênicos quando se compara ao de 3 e 4 geração. Sua eficácia é dada pelo índice de Pearl, que corresponde ao número de gestações ao ano, a cada 100 mulheres em uso de anticoncepcional. O índice de Pearl dos anticoncepcionais orais combinados varia entre 0,2/100 mulheres/ano, no uso perfeito, e 9/100 mulheres/ano, no uso típico, demonstrando claramente que a eficácia do método é individual e associada ao estilo de vida, ao status socioeconômico e à idade da usuária. As pílulas combinadas agem bloqueando a ovulação. Os progestagênios, em associação aos estrogênios, impedem o pico do hormônio luteinizante (LH), que é responsável pela ovulação. Este efeito é chamado de bloqueio gonadotrófico, e é o principal mecanismo de ação das pílulas. Também tem efeitos acessórios como a mudança do muco cervical, que torna mais difícil a ascensão dos espermatozoides, a diminuição dos movimentos das trompas e a transformação inadequada do endométrio. Todos estes efeitos ocorrem com o uso de qualquer contraceptivo combinado, determinando sua eficácia. Efeitos adversos metabólicos: • Sistema hemostático: o Aumenta o risco de trombose venosa profunda (TVP) em 2 a 6 vezes (risco de TVP na menacme: < 5 casos por 10.000 mulheres). O efeito prócoagulante do EE sobre os fatores de coagulação é dose-dependente, e doses menores que 50 µg EE reduzem pela metade o risco de TVP. O componente progestagênio, quando associado ao estrogênio, também influencia no risco de trombose, sendo o levonorgestrel (o mais androgênico) o mais seguro, aumentando em 2 vezes o risco comparado a não usuárias de métodos hormonais. Os demais progestagênios aumentam em 4 a 6 vezes o risco, sem diferenças significativas entre eles. • Trombose arterial (IAM, AVC): é ainda mais rara durante a menacme, doses de EE menores que 50 µg são associadas a menor risco dessas enfermidades, mas o tipo de progestagênio não altera o risco de trombose arterial. • Metabolismo dos carboidratos: o EE reduz a sensibilidade à insulina. No entanto, as evidências atuais sugerem que não há diferença importante no metabolismo de carboidratos entre mulheres sem diabetes, em uso de AHC. • Metabolismo lipídico: comumente os AHCs podem aumentar o HDL e triglicérides (TG). O aumento de TG varia de 30% a 80% dos valores iniciais, mantendo níveis dentro da normalidade. Em mulheres com hipertrigliceridemia, devem-se preferir os métodos não hormonais ou aqueles contendo apenas progestagênio. • Efeito na pressão arterial: o EE aumenta a síntese hepática de angiotensinogênio, que, por sua vez, eleva a pressão arterial sistêmica por meio do sistema reninaangiotensina-aldosterona. Esse efeito é relevante quando a mulher já é hipertensa, e a suspensão do método combinado é mandatória. Em mulheres saudáveis, normotensas, essa alteração não traz repercussões clínicas. Os efeitos adversos com frequência superior a 1 caso por 1.000 usuárias estão apresentados na tabela. Interação medicamentosa: Anticonvulsivantes como a fenitoína, a carbamazepina, os barbitúricos, a primidona, o topiramato e a oxcarbazepina, além da lamotrigina e da rifampicina. Antifúngicos, antibióticos e antiparasitários não têm interação medicamentosa com os contraceptivos combinados hormonai Início da primeira cartela As mulheres que iniciam o uso de um contraceptivo oral devem ser orientadas a administrar a primeira drágea no primeiro dia do ciclo menstrual. Com isso, particularmente nas doses de 20 mcg ou 15 mcg de etinilestradiol, conseguese o adequado bloqueio da atividade folicular ovariana e maior efetividade do método. No pós-parto, quando não amamentando, as mulheres devem iniciar o AOC de três a seis semanas após o parto, não havendo a necessidade da menstruação, evidentemente confirmando-se a ausência de gravidez. Após o sexto mês, mesmo amamentando, pode-se iniciar o uso de AOCs, após a exclusão de possível gravidez, independentemente do retorno da menstruação. No pós-aborto, iniciar o método nos primeiros sete dias após ou a qualquer momento, desde que excluída a possibilidade de gestação. Benefícios não contraceptivos das pílulas: Os principais benefícios não contraceptivos dos COCs dizem respeito aos sintomas relacionados ao ciclo menstrual: regularidade e diminuição do volume e do fluxo; alívio da dismenorreia e da tensão pré- menstrual etc. Também melhoram a seborreia associada à acne e ao hirsutismo. Em longo prazo, seu uso está relacionado à redução significativa dos cânceres de ovário, endométrio e, provavelmente, colorretal. Contraindicação O quadro acima demonstra as principais condições em que preferencialmente não se deve usar o AOC (categoria 3 da OMS) ou há contraindicação absoluta (categoria 4 da OMS. Contraceptivos orais apenas com progestógeno Preparados contendo apenas progestógeno,administrados de modo contínuo VO. Nesse grupo estão os compostos anteriormente chamados de “minipílulas”, que continham noretisterona, linestrenol e LG (não mais disponível no Brasil), além do desogestrel isolado. As “minipílulas” têm como principal mecanismo de ação a alteração do muco cervical e, secundariamente, atividade endometrial hostil à implantação. Também induzem a redução da motilidade tubária e inibição da proliferação endometrial, determinando hipotrofia ou atrofia. Algumas preparações podem promover a inibição da ovulação, dependendo da dose e tipo do progestagênio, a pílula contendo desogestrel 75 mcg/dia suprime a ovulação em quase todos os ciclos (97%). O desogestrel isolado tem com principal mecanismo de ação o bloqueio gonadotrófico, que confere maior eficácia contraceptiva em mulheres fora do período de amamentação. As principais indicações para o uso desses produtos são todas as condições em que se deve evitar o uso de estrógeno (p. ex., puerpério de mãe que amamenta; hipertensão arterial sistêmica; tromboembolismo; doenças cardíacas valvulares complicadas; lúpus eritematoso sistêmico etc. O uso desses contraceptivos difere um pouco do dos combinados. A usuária deve tomar um comprimido diária e ininterruptamente, mesmo se estiver menstruada. O início do uso pode ser em qualquer momento, em qualquer dia do ciclo ou do puerpério, evitando-se apenas os primeiros 30 dias de puerpério, porque não há risco de gravidez nesse período, podendo provocar aumento do sangramento próprio dessa fase (loquiação). Seu efeito colateral mais comum é a alteração do ciclo menstrual, podendo causar desde irregularidade a amenorreia. Exemplos disponíveis no Brasil: Praticamente todas as mulheres podem utilizar PSPs de forma segura e eficaz. Mulheres de qualquer idade podem utilizar (tanto adolescentes quanto mulheres acima de 40 anos). Inclusive tabagistas (independente da idade da mulher), antecedente de anemia (atual ou pregressa), portadoras de varizes, mulheres infectadas com o HIV. Situações especiais com contraindicação ao uso das PSPs, segundo os Critérios de Elegibilidade da OMS: 1 - Amamentação há menos de seis semanas após o parto: categoria 3. Há preocupação de que o recém-nascido possa ter risco de exposição a hormônios esteroides durante as primeiras seis semanas após o parto. 2 - Episódio atual de tromboembolismo: categoria 3. As PSPs são uma excelente alternativa de anticoncepção para mulheres com contraindicação ao uso de estrogênio. 3 - Câncer de mama atual ou pregresso há mais de cinco anos e sem recidiva: categoria 4 e 3, respectivamente. 4 - Tumor hepático benigno (adenoma) ou maligno (hepatoma), hepatite viral ativa ou cirrose descompensada: categoria 3. Os progestagênios são metabolizados pelo fígado e seu uso poderá ser prejudicial em mulheres cuja função hepática esteja comprometida. 5 - Utilização de barbitúricos, carbamazepina, oxcarbazepina, fenitoína, primidona, topiramato ou rifampicina: categoria 3. Embora a interação de rifampicina ou alguns anticonvulsivantes com PSP não seja prejudicial às mulheres, é provável que reduza a eficácia dos PSPs. 6 - Evitar a continuidade no uso dos PSPs quando surgir o aparecimento de doença cardíaca isquêmica, acidente cerebrovascular e enxaquecas com aura: categoria 3. Efeitos colaterais Poderá haver alguns efeitos adversos: - Alterações no padrão menstrual desde amenorreia até sangramento frequente, irregular, ocasional ou prolongado. - Aumento do tamanho dos folículos ovarianos, com formação de cistos foliculares. Na quase totalidade, regridem e não representam um problema clínico importante. Nos raros casos em que acontecem com frequência, deve ser trocado o método. Contraceptivos injetáveis contendo apenas progestagênios Os contraceptivos injetáveis contendo apenas progestagênios são preparações de liberação lenta com duração de dois a três meses. Normalmente é aplicado via IM. Uma nova formulação de AMP-D foi desenvolvida, para aplicação subcutânea a cada 12 semanas. Libera uma dose 30% menor (104 mg) que a formulação para uso intramuscular, a forma subcutânea suprime por mais de 13 semanas e não sofre interferência do índice de massa corpórea. Mecanismo de ação: O mecanismo de ação do AMP-D é diferente dos outros métodos contendo apenas progestagênio, pois além de alterar a espessura endometrial e espessar o muco cervical, bloqueia o pico do hormônio luteinizante (LH) evitando a ovulação. Após a sua descontinuação, a ovulação retorna em 14 semanas, mas pode demorar até 18 meses. Em comparação aos métodos hormonais combinados, o AMP-D apresenta menor impacto nos níveis do hormônio folículo-estimulante (FSH). Sua ação se baseia em picos maiores do progestagênio para inibir a ovulação e espessar o muco cervical. O início da ação contraceptiva do AMP-D ocorre dentro de 24 horas após a injeção e é mantida por até 14 semanas, determinando uma margem de proteção se houver uma demora na aplicação da injeção. A primeira injeção deve ser aplicada nos primeiros cinco dias do ciclo menstrual. O AMP-D 150 mg pode ser aplicado intramuscular nos músculos deltoide e glúteo; a área não deve ser massageada após a aplicação. O AMP-D é um método contendo apenas progestagênio e pode ser usado em pacientes com contraindicações ao estrogênio, como mulheres fumantes acima dos 35 anos, hipertensas ou diabéticas. O método também pode ser usado com segurança em mulheres com transtornos convulsivos, anemia falciforme, doença cardíaca congênita, enxaqueca com aura, história prévia de tromboembolismo. Efeitos adversos: Há efeitos colaterais associados ao uso do AMP-D, incluindo sangramento menstrual irregular, sensibilidade mamária, ganho de peso, depressão, acne e cefaleia. Sendo o prinicipal deles o sangramento uterino. A maioria dos dados em relação ao ganho de peso com o AMP-D sugere que as respostas sejam individuais. E, enquanto o ganho de peso é observado em uma parte das usuárias, outra parte mantém ou apresenta redução do peso. Injetáveis combinados mensais Existem três formulações disponíveis no Brasil: •Acetato de medroxiprogesterona (MPA) 25 mg + cipionato de estradiol (CIP) 5 mg •Enantato de noretisterona (NET) 50 mg + valerato de estradiol (VAL) 5 mg •Acetofenido de di-hidroxiprogesterona 150 mg + enantato de estradiol 10 mg. Apresentam o mesmo mecanismo de ação contraceptiva que os demais contraceptivos hormonais, com formulação semelhante à encontrada na pílula anticoncepcional oral combinada, contendo estrogênio associado ao progestógeno. Aqui, porém, o estrogênio usado não é sintético (EE), mas natural, sendo a formulação injetável mais fisiológica do que as pílulas anticoncepcionais combinadas. Instruções gerais: Aplicação intramuscular profunda (preferencialmente nas nádegas). Não massagear o local da injeção. Repetir a aplicação a cada 30 dias, de acordo com a data da primeira injeção. Margem de segurança de três dias para mais ou para menos. Na prática, recomenda-se tomar a injeção no mesmo dia do mês, para todas as formulações disponíveis. Efeitos colaterais: Alteração no padrão da menstruação, Ganho de peso (menos comum do que os encontrados nas usuárias de anticoncepcionais injetáveis trimestrais). Outros efeitos colaterais: Cefaleia, Vertigem, Sensibilidade mamária. Implante O único disponível no Brasil é o Implanon, que contém etonogestrel. Tem como indicação ser utilizado em qualquer faixa etária, é liberado para puérperas logo após o parto. Forma de uso: constitui-se de uma haste que deverá ser colocada subdermicamente no braço interno para contracepção reversível de longa ação (três anos) em mulheres. Efeitos adversos: os mais comunssão alterações no padrão de sangramento. E são contraindicações a gravidez e mulheres com câncer de mama. O Implanon® provê excelente eficácia ao longo de seu tempo de uso, é fácil de inserir e remover. Também apresenta benefícios adicionais, uma vez que pode ser usado durante a lactação, melhora dismenorreia, endometriose e dor pélvica crônica. No entanto, de forma semelhante a outras progestinas de uso isolado, o Implanon® pode causar efeitos colaterais como sangramento uterino irregular. Logo após a inserção do implante de etonogestrel, o nível sérico de ENG sobe rapidamente a uma concentração média de 265,9 ± 80,9 pg/mL em oito horas47, um nível que excede os 90 pg/mL necessários para prevenir a ovulação. As concentrações séricas máximas são normalmente observadas no quarto dia após a inserção do implante, com uma variação entre o primeiro dia e o décimo terceiro dia. Os níveis séricos de ENG diminuem ligeiramente a uma concentração de 196 pg/mL após um ano de uso45,47,48 e a 156 pg/mL após três anos. Depois da remoção, os níveis séricos se tornam indetectáveis (menores que 20 pg/mL) antes de uma semana na maioria das usuárias, com a maioria das mulheres demonstrando ovulação antes de serem completadas seis semanas após a remoção do implante. Adesivos transdérmicos Os adesivos transdérmicos (patch) são também considerados método contraceptivo hormonal combinado – 750 μg de EE + 6 mg de norelgestromina (NGMN). Ocorre liberação diária de 20 μg de EE e 150 μg de NGMN (convertida em LG através do metabolismo hepático). Apresentam mecanismo de ação igual ao de todos os anticoncepcionais hormonais combinados: inibição das gonadotrofinas e, consequentemente, da ovulação. Devido à ação progestogênica, o endométrio se torna atrófico, não receptivo à nidação; o muco cervical, espesso e hostil à ascensão dos espermatozoides, e o transporte tubário do óvulo são prejudicados. Todas essas ações aumentam a eficácia contraceptiva. Têm eficácia (índice de Pearl 0,7), contraindicações e perfil de efeitos adversos iguais aos dos anticoncepcionais orais combinados, mas apresentam potenciais vantagens em relação à via oral, entre as quais a ausência do metabolismo de primeira passagem hepática, níveis plasmáticos mais estáveis (sem picos e quedas) e facilidade de uso para pacientes com dificuldades de deglutição. Acredita-se que os benefícios sejam os mesmos atribuídos aos anticoncepcionais orais combinados (p. ex., redução da anemia ferropriva e redução de risco de cânceres de ovário e endométrio). Como o uso da via transdérmica evita a absorção intestinal e o metabolismo de primeira passagem hepática, parece que esse contraceptivo não interfere significativamente na eficácia de outros medicamentos (p. ex., anticonvulsivantes e antibióticos), nem tem a sua eficácia comprometida pelo uso simultâneo de outros fármacos. Pode ser inicado: no primeiro dia do ciclo menstrual – dia do primeiro adesivo. Início no primeiro domingo após a menstruação (Sunday start) – nesse caso, é necessária contracepção adicional nos primeiros 7 dias de uso. Início no dia da prescrição (quick start), desde que a possibilidade de gestação possa ser razoavelmente descartada. Deve ser aplicado sobre pele limpa e seca. Usar um adesivo a cada 7 dias, com rodízio semanal dos locais de aplicação (abdome inferior, parte externa do braço, parte superior das nádegas, dorso superior). Usar durante 3 semanas consecutivas, retirando o terceiro adesivo ao final dos 21 dias, e aguardar o sangramento de privação. O uso contínuo, sem pausa, também pode ser empregado. Atraso na troca inferior a 2 dias não determina perda de eficácia. Atraso na colocação do adesivo na primeira semana ou por mais de 48 h na segunda ou terceira semana necessita de uso de preservativos (por segurança) por 7 dias. O risco de descolamento (total ou parcial) do adesivo é de 5% Usuárias desse método podem apresentar efeitos adversos: sintomas mamários (22%); cefaleia (21%); reações no local da aplicação (17%); náuseas (17%); infecção do trato respiratório superior (10%); dismenorreia (10%). Anel vaginal Tradicionalmente, tem a praticidade de ser colocado pela própria paciente entre o primeiro e o quinto dia do ciclo menstrual, tomando-se o cuidado de associar método de barreira nos primeiros 7 dias de uso. Deve ser usado por um ciclo (21 dias) e apresenta liberação diária de 120 µg de etonogestrel e 15 µg de EE, durante 3 semanas. Após 7 dias de pausa, novo anel deverá ser colocado no mesmo horário em que foi utilizado o anterior. A combinação de EE e etonogestrel por via vaginal é altamente eficaz no bloqueio da ovulação, semelhantemente ao anticoncepcional hormonal combinado oral, com índice de Pearl para uso perfeito de 0,64. O anel libera controlada e gradualmente os hormônios, evitando grandes flutuações diárias nos seus níveis. Regulariza o ciclo menstrual, diminuindo o fluxo, sua duração e, consequentemente, a incidência de anemia; melhora a dismenorreia e a sintomatologia perimenstrual. Até o momento, poucos eventos adversos foram relatados. Não deve ser indicado em algumas situações específicas: estenose vaginal; atrofia grave de vagina; prolapso uterino; cistocele ou retocele significativas; situações em que os hormônios contraceptivos combinados estão contraindicados. Contracepção Cirúrgica Os métodos anticoncepcionais cirúrgicos, também chamados de esterilização, são classificados como definitivos. Laqueadura tubária cirúrgica A laqueadura tubária é o método de esterilização definitiva mais utilizado no Brasil e no mundo. Há diversas técnicas para interromper a permeabilidade tubária e, assim, não permitir a passagem dos espermatozoides em encontro ao óvulo. O acesso à tuba pode ser feito por via laparotômica, laparoscópica, vaginal ou histeroscópica. Vasectomia A vasectomia é um método de esterilização masculina definitiva que consiste na secção e ligadura ou oclusão dos ductos deferentes. Comparada com a esterilização tubária feminina, a vasectomia tem probabilidade 30 vezes menor de insucesso e 20 vezes menor de complicações pós- operatórias. Pode ser realizada em ambiente ambulatorial com anestesia local. Através de uma pequena incisão na bolsa escrotal, é individualizado o ducto deferente, seccionado e seus cotos ligados e cauterizados e/ou interpostos pela fáscia. A análise seminal normalmente é feita de 8 a 12 semanas pós-vasectomia e deve apresentar azoospermia ou raros espermatozoides imóveis. Em casos de achados de mais de 100.000 espermatozoides imóveis ou espermatozoides móveis no ejaculado, o casal deve ser aconselhado a seguir com outro método anticoncepcional e repetir nova análise de sêmen em dois a três meses. Planejamento Familiar O planejamento familiar (PF), por sua vez, é considerado direito inalienável do casal e deve ser acompanhado de atividades educativas e do fornecimento de meios necessários, para que possa determinar se terão filhos e em caso positivo, planejar o número de filhos e o intervalo interpartal conscientemente. O PF faz parte das ações de prevenção e promoção à saúde e apresenta também como objetivos reduzir a morbimortalidade materno-infantil resultante de abortamento provocado ou de gestação de alto risco. Encontra- se atrelado ainda a outros temas, como a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e AIDS, reforçando o seu caráter preventivo e promotor da saúde. Em 2007, através da Política Nacional de Planejamento Familiar, o governo brasileiro passou a ofertar oito métodos contraceptivos gratuitos e vender anticoncepcionais a preços reduzidos (Farmácia Popular), ampliando o acesso aos métodos contraceptivos na rede pública e nas drogariasconveniadas do programa “Aqui Tem Farmácia Popular”, reduzindo em 20% a incidência de gravidez na adolescência.