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Ciclo 5 – Ética, Bioética, Educação e Fundamentalismos ● A Bioética é um ramo da ética que estuda os conflitos, controvérsias, pesquisas e práticas que visam esclarecer e resolver questões éticas dentro da medicina e da biologia. O seu surgimento foi baseado no impacto, por exemplo, das experiências feitas em seres humanos e animais e a utilização de técnicas desumanas como a clonagem. ● Esse tema ganhou maior destaque quando os cientistas decifraram o código genético humano, considerando a responsabilidade dos cientistas com relação as suas pesquisas e práticas. ● Os temas mais polêmicos dentro dessa área são a eutanásia, os testes em animais, o aborto, a fertilização in vitro e a clonagem. 🡪A Bioética, não é uma metafísica, mas é um conhecimento pragmático e processual resultante de quase todas as áreas científicas. 🡪O seu estudo e aprofundamento podem trazer benefícios inestimáveis, salvar e prolongar vidas humanas. 🡪Em contrapartida, ela precisa ser tratada e estudada com responsabilidade, porque tanto pode trazer aplicações vitoriosas, como também pode produzir resultados ambíguos e perigosos. “... houve um tempo em que nosso poder perante a morte era muito pequeno, e de fato ela se apresentava elegantemente. E, por isso, os homens e as mulheres dedicavam-se a ouvir a sua voz e podiam tornar-se sábios na arte de viver. Hoje, nosso poder aumentou, a morte foi definida como a inimiga a ser derrotada, fomos possuídos pela fantasia onipotente de nos livrarmos de seu toque. Ruben Alves .. a morte não é algo que nos espera no fim. É companheira silenciosa que fala com voz branda, sem querer nos aterrorizar, dizendo sempre a verdade e nos convidando à sabedoria de viver. Quem não pensa e não reflete sobre a morte, acaba por esquecer da vida. Morre antes, sem perceber" BIOÉTICA Bios (vida) + ethos (conduta) Ética da vida “ética" para a intenção da vida boa realizada sob o signo das ações estimadas boas, e o termo “moral" para o lado obrigatório, marca do por normas, obrigações, interdições caracterizadas ao mesmo tempo por uma exigência de universalidade e por um efeito de constrição. A Ética, como Filosofia moral, serve para fundamentar ou justificar a forma de comportamento moral. A moral diz sobre o modo de comportar-se do ser humano, que, por natureza, é his tórico, ele é um ser de liberdade e responsabilidade ética. É um ser que não nasce perfeito, tem como característica produzir-se e aperfeiçoar-se mediante suas ações. O ser humano vive como uma pessoa quando é senhor de si mesmo; sem liberdade de escolha lhe é impossível a responsabilidade ética. A moral está presente em toda coletividade na forma de regulamento do comportamen to social, ela tem uma dimensão social, mas essa realidade não para no binômio homem/sociedade; o ser humano tem interesses pessoais além dos coletivos. A moral, nesse sentido, deve estar baseada na responsabilidade pessoal. A Bioética emerge no contexto científico como uma reflexão sobre tudo o que interfira no respeito à qualidade e dignidade da vida, representando o resgate da ética, da condição plena de cidadania e do respeito às diferenças. Bioética como nova ciência ética que combina humildade, responsabilidade e uma competência interdisciplinar, intercultural, que potencializa o senso de humanidade. Humildade é a consequência apropriada que segue a afirmação "posso estar errado" e exige responsabilidade de aprender com as experiências e conhecimentos disponíveis. “A humildade seria necessária como um antídoto para a ruidosa arrogância tecnológica atual”. (Hans Jonas Ética, medicina e técnica. Lisboa: Vega Passagens, 1994:65). Egoísmo Eu Outro Altruísmo Eu Outro Solidariedade Eu Outro “Bioética nada mais é dos que os deveres do ser humano para com o outro ser humano e de todos para com a humanidade”. Bom dia, angústia ! São Paulo: Martins Fontes, 1997:61. André Comte-Sponville Bioética é a reflexão sobre a adequação ou inadequação de ações envolvidas com a vida. Competência Científica Conhecimento Tecnologia Técnica Competência Humanista Sabedoria Confiança Ética Tecnociência ✔ Fonte de complicados dilemas éticos, geradores de angústia, ambivalência e incertezas. ✔ A modernidade nos fez acreditar que a tecnologia tornaria mais feliz a nossa vida e menos penosa a nossa morte. Fatores que contribuíram para o surgimento da bioética: ✔ Tecnicização das formas de vida; ✔ Hegemonia da razão instrumental; ✔ Avanço material vertiginoso; ✔ Novo modelo de civilização; ✔ Isolamento do homem moderno; ✔ Individualismo burguês. Tal cenário suscitou a necessidade de: • Mudança dos valores sociais • Negação dos avanços desordenados da ciência • Repensar a insuficiência da ética médica para resolver os problemas postos pela democratização dos saberes, pelo pluralismo dos valores e pela secularização dos costumes • Garantir os espaços de manifestação da liberdade; • Conter a ação desordenada do homem sobre o meio ambiente; • Criticar o predomínio do modelo instrumental nas ciências da vida; • Respeito à vida e aos direitos humanos • Negar o modo de vida mecanicista e a despersonalização do indivíduo no mundo sistêmico. A bioética, enquanto disciplina ou campo de reflexão sistemático sobre a relação ciência-consciência, surge em 1970 com a obra Bioethics: bridge to the Future de Van Rensselaer Potter. 1º momento: reflexão aplicada às ciências da vida. 2º momento: disciplina, domínio, campo de discussão. Hoje A bioética é um universo multidisciplinar Dimensão pluralista, aberta, multifacetada Bioética Ponte entre o saber científico e o saber humanista; Reflexão sobre o dever-ser em ciência; Fruto da evolução do saber e das novas concepções geradas pela biologia, sociologia, medicina, teologia, direito, filosofia... OBJETIVO Humanizar o progresso científico e a visão técnico-instrumental que os indivíduos têm do mundo, uma vez a o uso inapropriado da ciência pode conduzir a uma desumanização do homem. • A bioética possui um caráter especulativo (crítico-questionador) e normativo-prescritivo (visa a elaboração de normas e critérios para resolver problemas específicos). Princípios da Bioética Alguns autores não distinguem estes dois princípios, mas há diferença em fazer o bem e evitar fazer o mal Evitar submeter o paciente a intervenções cujo sofrimento resultante seja muito maior do que o benefício eventualmente conseguido. Evitar intervenções que determinem desrespeito à dignidade do paciente como pessoa. Os princípios da bioética O princípio da autonomia, frente ao paciente terminal, está secundariamente situado em relação à beneficência e à não-maleficência. Estes pacientes apresentam algumas peculiaridades em relação à aplicação deste princípio. Alguns estudos demonstraram que no máximo 23% desses pacientes, devido ao grave comprometimento de sua doença, apresentam condições de sensório adequadas para realizar a opção. O exercício do princípio da autonomia na situação do paciente terminal, em razão da dificuldade e abrangência de tal decisão, mesmo para aqueles que não estejam emocionalmente envolvidos, deve ocorrer de uma maneira evolutiva e com a velocidade adequada a cada caso. Em nenhum momento, essa decisão deve ser unilateral, muito pelo contrário, ela deve ser consensual da equipe e da família. O princípio da justiça deve ser levado em conta na decisão final, embora não deva prevalecer sobre os princípios da beneficência, da não-maleficência e da autonomia. Se é consenso que um paciente, mesmo em estado crítico, será beneficiado com um determinado tipo de medicação, a despeito de que o produto esteja escasso no hospital, preservam-se os princípios da beneficência e da autonomiasobre os da justiça. Se o paciente está na fase de morte inevitável, e são oferecidos cuidados desproporcionais, estaremos utilizando recursos que poderiam ser aplicados em outros pacientes. Questões fundamentais da bioética • Inseminação artificial/fecundação in vitro / Clonagem / manipulação genética/ experimento com embriões; • A intervenção sobre o cérebro e a manipulação da personalidade; • A questão da identidade dos indivíduos/ o eugenismo e o ideal de perfeição humano; • O aborto, a eutanásia e a questão acerca do direito de viver e morrer; • A relação entre profissionais de saúde e enfermos/ a mercantilização da medicina; • A relação entre poder-saber-dever/ o surgimento do homem maquinal; • O respeito à dignidade humana e as populações excluídas pelo modelo de civilização ocidental. ✔ A bioética é a expressão teórico-prática da consciência moral de um novo tipo de homem no seio de uma nova civilização; ✔ Os problemas morais não encontram respostas no seio da cultura científica em que nascem; ✔ A essência do bem escapa a toda definição científica. A bioética revela: • O conflito entre natureza e cultura; • O fato de que nem tudo que é cientificamente possível é humanamente desejável; • Que não existem valores universais ou fórmulas acabadas capazes de resolver todos os dilemas referentes à relação conhecimento-liberdade-responsabilidade. Porém, deve-se reconhecer que: • Não se pode eliminar da consciência da humanidade o desejo de progresso e crescimento materiais • A razão instrumental, não obstante os malefícios causados pelo seu mau emprego, é imprescindível às sociedades humanas modernas. • A dinâmica do progresso científico é irrefreável. Impasses e incertezas • Mudança do genótipo 🡪 repercussões psico-somáticas e espirituais; • Problemas referentes ao modo de estruturação da personalidade (crise de identidade); • A reprodução humana tende a tornar-se uma questão de zootecnia; • A era do artifício, do in vitro. • Triagem genética de embriões (fascínio/fascismo do belo); • A questão da purificação étnica; • Nem todo direito de escolha é saudável; • O controle da natureza e de seus acidentes; • O conhecimento mortífero do ser humano; • A ação desmesurada da potência tecnocientífica. Bioética e direitos humanos • O que é a verdade em matéria de ciência e tratamento? • Certas verdades científicas podem se sobrepor às verdades sociais e culturais? • É moralmente correto obrigar uma pessoa a seguir um tratamento que lhe pode salvar a vida? • Qual a fronteira entre a obrigação profissional e o direito do indivíduo de escolher o pior para si mesmo? • A vida humana deve ser preservada independentemente de sua qualidade? • Temos o direito de escolher o modo de morrer? • Pode o desejo de morrer ser excluído do projeto humano de viver? • É lícito adiar o morrer prolongando o sofrer? • Vale a pena prolongar a vida física de quem já perdeu a dignidade de viver? Dignidade “Esta vida é uma estranha hospedaria, De onde se parte quase sempre às tontas, Pois nunca as nossas malas estão prontas, E a nossa conta nunca está em dia.” Mário Quintana Consciência “Estes que aí estão, Atravancando o meu caminho, Eles passarão, ... eu passarinho” Mário Quintana “Não importa o que se fez do homem, mas o que iremos fazer com o que fizeram dele”. (Sartre) • A Bioetica possui principios...... ● Princípio da Beneficência: consiste em assegurar o bem estar dos indivíduos, afim de evitar danos e garantindo que sejam supridas suas necessidades e interesses. ● Princípio da Autonomia: o profissional deve respeitar as crenças, a vontade e valores morais do sujeito e do paciente. ● Princípio da Justiça: igualdade da repartição dos benefícios e bens em qualquer área da ciência. 🡪Princípio da Não Maleficência: assegura a possibilidade mínima ou inexistente de danos físicos aos sujeitos da pesquisa (pacientes) de ordem psíquica, moral, intelectual, espiritual, cultural e social. 🡪Princípio da Proporcionalidade: defende o equilíbrio entre os benefícios e os riscos, sendo maior benefício às pessoas. O objetivo de estudo da bioética é a criação de uma ponte entre o conhecimento científico e humanístico, a fim de evitar os impactos negativos sobre a vida •Há um leque para tentar dividir, classificar e descrever as fronteiras dos diversos campos do conhecimento da Bioética com relação aos demais campos do conhecimento. •A Bioética e as fronteiras com a Filosofia A Ética é um tema recorrente da Filosofia; não é exclusivo dela, mas tem sido abordado por Sócrates, que foi o pioneiro em criticar as regras da sociedade grega como injustas e ambíguas. •O filósofo, ao questionar profundamente a ética das aparências na estrutura e organização da sociedade grega, foi condenado à morte, embora não tenha deixado nada escrito. Platão, por sua vez, possui uma vasta produção e o trabalho mais importante é a República, no qual expõe suas ideias políticas, filosóficas, estéticas, éticas e jurídicas. A sua filosofia culmina com a ética: a ideia do bem é, no seu modo de entender, a ideia suprema. Para uma realização, deve tender a todo procedimento humano, ou seja, o bem é imperativo moral para todos 16/10/17 •Aristóteles forma o tripé dos autores clássicos que conseguiram sistematizar, grosso modo, o pensamento humano ocidental. •Enquanto Sócrates e Platão construíram as bases filosóficas, Aristóteles, as bases científicas. •Segundo Bernard (1993), os filósofos podem ser divididos, de maneira geral, em três grupos distintos: os indiferentes, os artificiosos e os renovadores. •Os indiferentes consideram os avanços da Medicina de forma emotiva e preferem manter-se equidistantes da agitação e da polêmica. •Já os artificiosos procuram utilizar, com talento, tanto os progressos da Medicina como da Biologia, mas, em contrapartida, negligenciam a revolução terapêutica. •Dessa forma, acabam esquecendo que a Medicina alimenta estudos e pesquisas para os filósofos e diminui o sofrimento dos seres humanos. 🡪Na terceira categoria, estão os renovadores, que percebem a importância das recentes descobertas biológicas e médicas, debruçam-se sobre a tarefa nada fácil de analisar o que é normal e o que é patológico, percebendo que os progressos da Biologia “iluminam” e trazem novas alternativas para temas e problemas especificamente filosóficos. 🡪A Bioética e as fronteiras com a Teologia. Os teólogos estão fundamentados na sua fé, que é algo íntimo, interior, e os cientistas estão embasados no empirismo positivista; ambos, convencidos da posse da verdade, assumiram, durante séculos, uma postura rígida, excludente e antagônica. 🡪Precisamos destacar que os cientistas, em geral, acreditam demasiadamente na potencialidade da ciência: como se ela pudesse trazer as soluções mais variadas e avançadas, na tentativa de superar problemas e limites até hoje existentes e, portanto, apostam todas as suas fichas nesse campo. 🡪Em contrapartida, os teólogos têm consciência de que o ser humano não é um ser pronto e acabado, e que ainda não se conhece o seu o pleno desenvolvimento mental e espiritual. 🡪Mais do que nunca, há uma percepção e um certo consenso do exagerado expansionismo material, econômico e financeiro e uma extrema pobreza espiritual do homem contemporâneo. 🡪Em outras palavras, há, na prática, um enorme descompasso entre o avanço da ciência e da tecnologia, em detrimento dos valores humanos e do crescimento interior. 🡪O diálogo entre a ciência e a religião será objeto de estudo e aprofundamento na próxima unidade, contudo, será enfatizado agora também. 🡪A Bioética e as fronteiras com a Política. 🡪 A Ciência Política é a esfera do poder, isto é, do poder de decisão para adotar esse ou aquele caminho a trilhar. 🡪As fronteiras entre a Bioética e a Política precisam conter uma constantevigilância e uma análise crítica vigorosa: o avanço da ciência e da tecnologia pode abrir portas e gerar benefícios para toda a sociedade, mas pode, também, trazer e produzir graves abusos e destruições. 🡪Nessa direção, as campanhas de vacinação obrigatórias realizadas no Brasil e em outros países do mundo são as responsáveis pelo quase desaparecimento de doenças como varíola, difteria, poliomielite entre outras doenças e epidemias. 🡪Em contrapartida, as fábricas e indústrias bélicas, os enormes investimentos em estratégias de guerra, a medicina esteticista e as derrubadas criminosas das florestas estão, todos os dias, exibindo os seus milhões de dólares de lucros escandalosos e imorais. •A violação das fronteiras da Bioética e da Política é trágica para a maioria da humanidade, pois os cientistas (que não estão neutros nesse jogo de interesses) produzem teorias, conhecimentos, paradigmas que passam a ser dogmas científicos para pautar e fundamentar sua ação predatória generalizada. •Nunca é demais perguntar quais são as políticas públicas, quanto de investimento é feito nos seres humanos e na gestão social e quanto é a fatia orçamentária para a pesquisa tecnológica. • É razoável aceitar, por exemplo, a morte de um bebê que não tem cérebro, mas é totalmente inaceitável que morram milhões de crianças no mundo inteiro pelo fato de não possuírem um prato de comida. 🡪As fronteiras entre a Bioética e o Direito, no entanto, ainda são muito imprecisas e nebulosas. 🡪Nem todas as leis são passíveis de interpretação dúbia ou conflituosa e, em se tratando de problemas novos da Bioética, em que não se estabeleceu uma jurisprudência, torna-se mais difícil um posicionamento. 🡪 Num primeiro momento, o Direito pode adotar uma atitude silenciosa, isto é, enquanto não pode prever os progressos da ciência e da tecnologia, é razoável uma postura de cautela. 🡪A Bioética e as fronteiras geográficas. 🡪 Segundo Bernard (1993), as fronteiras geográficas, sem dúvida, são fatores preponderantes para se entender os difíceis contornos da Bioética. 🡪Cada país, região e seu povo caracterizam-se por possuir língua, costume, tradição, valores próprios que vão imprimir certa solidez organizativa daquele grupo humano específico. 🡪Há, hoje, uma riqueza e, ao mesmo tempo, um problema que engloba o multiculturalismo: o pluralismo e a diversidade cultural que geram preconceitos, xenofobia e discriminações profundas e injustas. 🡪No Japão, por exemplo, é proibido por lei extrair um órgão de uma pessoa, logo após a constatação da sua morte; os japoneses ricos, porém, atravessam o Oceano Pacífico para efetuarem, em São Francisco, um transplante de fígado ou de coração 🡪Há, atualmente, uma tendência no sentido de se criar “Comitês de Ética” nas instituições, nas empresas, nos Estados e em regiões estratégicas que deverão discutir, elaborar e divulgar, pela mídia, suas decisões e posicionamentos, tentando aproximar as pessoas das organizações jurídicas e civis, buscando sempre ações mais convergentes. 🡪 MORAL 🡪Vásquez (2007, p. 19) diz que os problemas éticos se caracterizam por sua generalidade e se diferenciam dos problemas morais da vida cotidiana, que são os que têm relação com as situações concretas. A Ética, como Filosofia moral, serve para fundamentar ou justificar a forma de comportamento moral. 🡪A moral diz sobre o modo de comportar-se do ser humano, que, por natureza, é histórico, ele é um ser de liberdade e responsabilidade ética. É um ser que não nasce perfeito, tem como característica produzir-se e aperfeiçoar-se mediante suas ações. O ser humano vive como uma pessoa quando é senhor de si mesmo; sem liberdade de escolha lhe é impossível a responsabilidade ética. 🡪 A moral está presente em toda coletividade na forma de regulamento do comportamento social, ela tem uma dimensão social, mas essa realidade não para no binômio homem/sociedade; o ser humano tem interesses pessoais além dos coletivos. A moral, nesse sentido, deve estar baseada na responsabilidade pessoal. 🡪 As normas impõem um comportamento moral e esses atos devem estar em consonância com elas. 🡪 Também devemos considerar que a Ética não cria a moral; ela procura determinar a essência da moral. 🡪 Ética é concebida como a ciência da moral. 🡪A moral é fundamental para garantir a ordem ou a harmonia da sociedade, ela regulamenta a conduta entre os homens. Os indivíduos que compõem a sociedade aceitam os valores, as normas que a distinguem, e se submetem livremente a eles. 🡪As teorias morais são sistematizações de algum conjunto de valores: princípios ou normas, como é o caso da moral cristã, da laicista, moral protestante etc. Ante a pergunta: “qual moral deve ser cultivada?", existem diferentes teorias: egoístas, utilitaristas, as teleológicas ou deontológicas, formalistas etc. 🡪Todas as teorias morais partem de uma concepção de homem. Muitas vezes essa concepção é abstrata e a teoria derivada será também abstrata; em outros casos, estará relacionada às ideias de sociedade e em concordância com a História. Contudo, seja qual for a concepção de homem, a humanidade sempre admitirá a obrigatoriedade da moral. BIOETICA – EXPERIENCIAS MEDICAS I Alemanha Nazista Vítima de uma experiência "médica" nazista sendo forçada dentro de um recipiente com água quase congelada gelada no campo de concentração de Dachau. O monstruoso "médico" das SS, Sigmund Rascher, supervisiona a experiência. Alemanha, 1942. — Bildarchiv Preussischer Kulturbesitz Cigano vítima das experiências médicas nazistas para transformar água marinha em água potável. Campo de concentração de Dachau, Alemanha, 1944. — National Archives and Records Administration, College Park, Md. Prisioneiro de guerra soviético, vítima de uma experiência "médica" nazista sobre tuberculose, no campo de concentração de Neuengamme. Alemanha, final de 1944. — Guenther Schwa Foto de uma criança judia forçada a fotografar a cicatriz deixada pelos "médicos" das SS que retiraram seus nódulos linfáticos. Ela foi uma das 20 crianças judias injetadas com germes da tuberculose como parte de uma "experiência médica". Todas foram elas assassinadas no dia 20 de abril de 1945. Campo de concentração de Neuengamme, Alemanha. Foto tirada entre dezembro de 1944 e fevereiro de 1945. — Guenther Schwarberg Bioetica - Experimentos pos-guerra II. Em 1932, o Serviço Público de Saúde dos EUA lançou um estudo sobre os efeitos da sífilis não tratada na saúde. Eles iludiram 399 homens de descendência africana com a doença afirmando que iriam tratar do seu “sangue ruim” – que era como a sífilis era conhecida na época. Só que os pacientes que estavam sendo “tratados” na verdade não estavam recebendo tratamento nenhum. Eles eram apenas observados enquanto sofriam com a doença. Na verdade, os homens nunca receberam tratamento adequado, mesmo em 1947 quando a penicilina começou a ser usada para tratar a sífilis. Tamanha falta de ética durou 40 anos. Só em 1972, quando um artigo de jornal expôs o estudo ao público que ele foi cancelado. Estudo da sífilis na Guatemala Esse estudo se tornou popular nesse último mês, com os Estados Unidos se desculpando oficialmente por infectar guatemaltecos com a doença. No estudo de Tuskegee os pacientes não receberam tratamento, mas também não foram infectados de forma arbitrária – que foi exatamente o que aconteceu entre 1946 e 1948 na Guatemala. Os governos dos EUA e da Guatemala co-patrocinaram um estudo sobre sífilis que envolveu a infecção deliberada – e até onde se sabe sem o consentimento – de prisioneiros e pacientes com doenças mentais. O estudo objetivava testar produtos químicos para evitar a propagação da doença. Os pesquisadores tentaram infectar as pessoas pagando-as para terem relações sexuais com prostitutas infectadas ou ferindoa pele de seus pênis e derramando bactérias da sífilis nas feridas. Os doentes receberam penicilina como tratamento. MKULTRA, Subprojeto 68 MKULTRA foi um projeto da CIA que buscava encontrar maneiras de controlar a mente, contratando para isso o doutor Donald Ewen Cameron, para que comandasse os experimentos. Nas operações do Subprojeto 68, o doutor submetia os pacientes de seu Instituto Memorial Allen em Montreal com depressão bipolar ou transtornos de ansiedade a uma "terapia" que lhes deixou sérios danos e alterou suas vidas de forma irreparável. Assim, entre 1957 e 1964, Cameron submeteu seus pacientes a uma terapia que ultrapassava entre 30 e 40 vezes as normas estabelecidas. Induzia os seus pacientes a estado de coma com drogas durante meses e reproduzia fitas com declarações simples ou ruídos repetitivos por muitas vezes. As vítimas esqueceram como falar, esqueceram-se de seus pais e sofreram amnésia grave. Os experimentos foram realizados em cidadãos canadenses, provavelmente porque a CIA considerava muito arriscado realizar essas práticas em estadunidenses. Para conseguir que o objetivo continuasse a ser financiado, Cameron envolveu crianças nos experimentos, induzindo em uma ocasião um menino a manter relações sexuais com um alto funcionário governamental, para depois utilizar a gravação desta cena em chantagens. Soldados em câmaras de gás mostarda À medida que se intensificava a investigação de armas químicas nos anos 40 e para provar a eficácia das armas e métodos de defesa, o Governo dos Estados Unidos não vacilou na hora de envolver militares em seus experimentos, durante os quais utilizava gás mostarda e outros produtos químicos que deixavam queimaduras na pele e destruíam os pulmões dos soldados, que nem sequer sabiam que faziam parte do experimento. Em uma prática que evoca as imagens da Alemanha nazista, prendiam os soldados em câmaras de gás para testar máscaras antigás e roupas de proteção. Entre os agentes utilizados se encontrava a lewisita, composto que facilmente penetra a roupa e inclusive a borracha e que, ao ter contato com a pele, imediatamente provoca uma dor extrema, queimação, inchaço e erupção cutânea. A inalação do gás provoca sensação de ardor nos pulmões, espirros, vômitos e edema pulmonar. A respeito do gás mostarda, seus efeitos são assintomáticos até aproximadamente 24 horas depois da exposição, e seus efeitos primários incluem queimaduras graves que se convertem, com o tempo, em ampolas cheias de líquido amarelo. O gás mostarda tem propriedades mutagênicas e cancerígenas que custaram a vida de muitas pessoas expostas. Pulverização de cidades com agentes químicos Para investigar os possíveis efeitos de um ataque químico, as Forças Armadas dos Estados Unidos e a CIA realizaram uma série de simulações de ataques químicos e biológicos contra várias cidades estadunidenses em meados do século passado, entre eles os seguintes: A CIA dispersou o vírus de pertússis na baía de Tampa, usando barcos. Como consequência, iniciou uma epidemia que deixou 12 mortos. A Marinha de guerra arrasou São Francisco com bactérias patógenas. Muitos cidadãos sofreram pneumonia. O Exército soltou milhões de mosquitos portadores da febre amarela e dengue sobre Savannah, no estado da Geórgia, e Avon Park, Flórida. O enxame provocou muitos problemas respiratórios e febre tifoide aos cidadãos, e algumas crianças nasceram mortas. Após os ataques, às zonas afetadas chegavam militares disfarçados de trabalhadores sanitários, com a intenção secreta de estudar os efeitos a longo prazo de todas as doenças enquanto ajudavam às vítimas. 16/10/17 Após os ataques, às zonas afetadas chegavam militares disfarçados de trabalhadores sanitários, com a intenção secreta de estudar os efeitos a longo prazo de todas as doenças enquanto ajudavam às vítimas. Experimentos secretos para estudar os efeitos da bomba atômica Em um programa secreto para estudar o efeito de elementos radioativos, o Governo dos EUA injetava nos seus "participantes" substâncias altamente tóxicas como plutônio. Estes experimentos incluíam a injeção de miligramas de plutônio em soldados durante o projeto Oak Ridge, e injeções posteriores a três pacientes do Hospital de Chicago. Dos 18 pacientes que foram utilizados para o experimento, só cinco viveram mais de vinte anos depois da injeção. Além do plutônio, também foram realizados experimentos com urânio. Assim, entre 1946 e 1947, o doutor William Sweet injetou urânio em 11 pacientes do hospital de Massachusetts, com financiamento do Projeto Manhattan. Injeções de "agente laranja" nos presos Além de usar amplamente o "agente laranja" como esfoliante durante a Guerra do Vietnã (o que produziu várias doenças e mutações genéticas nas gerações seguintes), o Governo dos Estados Unidos provou o perigoso produto tóxico em presos voluntários de uma prisão da Filadélfia, alegando ser uma "investigação dermatológica". Os experimentos, realizados entre 1951 e 1974, foram encabeçados pelo doutor Albert Kligman. Os presos eram pagos para permitir a aplicação de injeções de dioxina, um dos componentes do "agente laranja". Entre os efeitos sofridos pelos presos estão as erupções (cloracne) nas bochechas, atrás das orelhas, axilas e virilha. O Agente laranja é uma mistura de dois herbicidas: o 2,4-D e o 2,4,5-T. Foi usado como desfolhante pelo exército dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. Ambos os constituintes do Agente Laranja tiveram uso na agricultura, principalmente o 2,4-D vendido até hoje em produtos como o Tordon. Tratamento de câncer com doses extremas de radiação Entre 1960 e 1971, Eugene Saenger, radiologista da Universidade de Cincinnati (Ohio, EUA), executou um experimento que consistia em expor 88 pacientes com câncer, pobres e em sua maioria negros, a radiações em todo o corpo. As vítimas não preencheram nenhum formulário de consentimento, nem foram informados de que o Pentágono financiava o estudo. Simplesmente foram informados que receberiam um tratamento que poderia lhes ajudar. Em uma hora receberam o equivalente a cerca de 20.000 radiografias, sofrendo no resultado náuseas, vômitos, dor de estômago severa, perda do apetite e confusão mental. Um relatório de 1972 concluiu que até um quarto dos pacientes morreram por causa da radiação. 16/10/17 Os controvertidos testes com vírus letais que estão sendo conduzidos nos EUA Carlos Serrano (@carliserrano)BBC News Mundo •25 março 2019 Um grupo de cientistas americanos adverte que o governo dos EUA está financiando com dinheiro público "experimentos perigosos" que poderiam gerar uma pandemia. São estudos laboratoriais controversos em que são manipuladas cepas do vírus mortal da gripe aviária. O risco associado a essas pesquisas levou à suspensão das mesmas há quatro anos, mas agora as autoridades de saúde americanas voltaram a dar sinal verde para que sejam realizadas. O perigo, de acordo com este grupo de cientistas, é que os experimentos abram a porta para que este vírus altamente contagioso - que ainda não foi transmitido entre seres humanos - infecte milhares de pessoas. Um dos projetos de pesquisa está sendo desenvolvido pela Universidade de Wisconsin, com financiamento dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH, na sigla em inglês). Os experimentos incluem, por exemplo, infectar furões com o H5N1, vírus causador da gripe aviária, e verificar se o mesmo é transmitido de um animal para outro. Este vírus é altamente mortífero para os seres humanos, mas até hoje não foi reportado nenhum caso em que tenha sido transmitido diretamente de uma pessoa para outra - o que poderia provocar uma pandemia. Em geral, os pacientes que contraíram o vírus estiveram em contato com aves doentes. O objetivo, segundo os pesquisadores, é aprender mais sobre como o vírus se propaga e, assim, prever maneiras de impedir sua disseminação entre mamíferos. A ideia é preparar os seres humanos para esse tipo de infecção. https://www.bbc.com/portuguese/topics/82857f8e-8134-462a-bb32-b7b14f4eab7516/10/17 16/10/17 O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (HHS, na sigla em inglês) solicitou uma revisão a um grupo de especialistas, que concluiu que era seguro liberar os projetos de pesquisa. Um porta-voz do HHS, citado pela revista científica Science, afirma, no entanto, que as conclusões do painel não podem ser publicadas, uma vez que contêm informações confidenciais do laboratório que vai desenvolver os experimentos, o que poderia beneficiar seus concorrentes. Para Lipsitch, essa decisão privilegia os sigilos comerciais de alguns poucos cientistas, em detrimento do direito dos cidadãos de conhecer iniciativas que poderiam afetá-los. Richard Ebrigh, especialista em microbiologia da Universidade Rutgers, nos EUA, citado pela Science, diz que essa falta de clareza é "perturbadora e indefensável". Já Moritz, que defende o projeto, afirma que o processo de revisão foi transparente e incluiu o parecer de especialistas internacionais e audiências públicas. 16/10/17 O dilema ético envolvendo a criação de bebês geneticamente editados 30 novembro 2018 BBC Avanço da ciência permitiu a aplicação da engenharia genética em plantas, animais e até no próprio ser humano - ainda que a modificação genética de embriões seja uma linha que o homem até então não chegara de fato a cruzar. Agora, um cientista chinês alega ter ajudado a criar os primeiros bebês geneticamente modificados - e tem recebido críticas questionando a ética de seu trabalho. Na última quinta-feira, ele disse ter orgulho do que tinha feito. O professor He Jiankui removeu uma proteína do DNA dos embriões de duas irmãs gêmeas para impedir que elas contraíssem o vírus HIV. Segundo ele, as meninas nasceram saudáveis. Ele disse que conduziu seu trabalho na proteína CCR5 sem o conhecimento da universidade em que leciona, a Southern University of Science and Technology, em Shenzen. Seus estudos envolveram oito casais, cada um deles com um pai HIV positivo e uma mãe HIV negativo. O pesquisador afirma haver ainda uma segunda gestação envolvendo um embrião geneticamente editado em fase inicial de desenvolvimento. Ele ainda não providenciou evidência científica de seu achado, e sua universidade planeja investigá-lo por violações acadêmicas. 16/10/17 Mas, se os resultados divulgados pelo cientista forem confirmados, o experimento pode virar um marco científico - e provocar profundos debates éticos. A esperança é que a edição genética de "linhagem germinativa" - a modificação do DNA de um embrião que pode virar uma pessoa - pode consertar mutações genéticas e impedir doenças debilitadoras antes que sejam passadas adiante. 16/10/17 Mas a prática carrega um dilema ético: significa modificar o código genético de futuras gerações. Não é mais sobre o DNA de uma só pessoa, mas de potencialmente muitos de nós. Muitos países banem a prática como um todo, permitindo que ferramentas de edição genética sejam usadas só em células adultas não reprodutivas. No Reino Unido, por exemplo, cientistas podem fazer pesquisas de edição genética em embriões descartados de fertilização in vitro, mas é proibido permitir que se desenvolvam em um feto. Regras mais relaxadas existem nos Estados Unidos e estão sob discussão no Japão, mas só relacionadas a pesquisa. O governo na China pediu uma investigação para avaliar se He violou alguma regra ao colocar embriões geneticamente modificados de volta ao útero da mulher para se desenvolverem. O Ministro de Ciência e Tecnologia da China diz acreditar que sim. Xu Nanping se disse "chocado" e contou à imprensa estatal que o experimento do professor He é proibido segundo leis chinesas. 16/10/17 Prevenir sofrimento' He, no entanto, se diz orgulhoso de ter editado o DNA das irmãs gêmeas para que - segundo ele - elas ficassem protegidas de contrair HIV até mesmo se entrarem em contato com o vírus. Para Julian Savulescu, especialista em bioética na Universidade de Oxford, o experimento "expõe crianças normais e saudáveis aos riscos de edição genética em troca de nenhum benefício necessário". Outros argumentam que hoje é possível viver com HIV no organismo e que o tratamento pode levar o vírus a níveis indetectáveis no corpo. Alguns cientistas levantam questões especificamente sobre a remoção o gene CCR5 do corpo das gêmeas, já que isso pode aumentar o risco de suscetibilidade a outras doenças, como o vírus do oeste do Nilo e o da gripe. Bebês 'customizados' He diz que seu trabalho é criação de crianças que não sofreriam com doenças, não criar bebês 'customizados', com determinada cor de olhos ou QI alto. "Entendo que meu trabalho será controverso - mas acredito que famílias precisem dessa tecnologia e estou disposto a lidar com as críticas por elas", afirma. 16/10/17 Paula Díaz despertou comoção nas redes sociais com vídeos em que pede à presidente Michelle Bachelet que lhe permita uma morte digna. No entanto, faltam informações sobre a doença e um dos diagnósticos atribui os sintomas a um transtorno psiquiátrico. Por BBC 13/02/2018 Paula Díaz tem 19 anos e está a pedir à presidente do Chile que a deixe morrer. Desde 2013 que a jovem chilena sofre de uma doença rara, que os médicos ainda não conseguiram diagnosticar. Num vídeo partilhado pela mãe nas redes sociais, que abalou o Chile (e o mundo), Paula pede à presidente, Michelle Bachelet, que autorize a eutanásia — proibida no país –, devido às dores que diz serem insuportáveis. Não tenho descanso, é algo tão terrível que não consigo descansar. Nem de dia nem de noite (…) Eu já não suporto o meu corpo. Não posso apoiar nenhuma parte sem que sinta dor. Como não conseguem entender que já não aguento mais?”, diz a jovem. A família conta que nos últimos quatro anos os sintomas se têm agravado: Paula faz movimentos involuntários, tem episódios de perda de consciência e paralisia nas mãos e nos pés. Vanessa, a irmã de Paula, diz à BBC que “ela [Paula] já está há mais de quatro anos numa cama”, confinada a quatro paredes, sem poder sequer sentar-se numa cadeira de rodas para se movimentar pela casa e que “não é certo ela viver assim, a ver que o seu corpo falha cada dia mais um pouco”. “Ela tem tanta dor que só quer morrer”, conclui. 16/10/17 16/10/17 Durante estes quatro anos foram vários os diagnósticos atribuídos aos sintomas de Paula. O último, em 2015, dava conta de que Paula sofria de um problema neurológico e degenerativo. O espetro é vasto e não há acordo entre os médicos: desde pneumonia a bronquite obstrutiva, de encefalite a ataxia (descontrolo dos músculos) e até mesmo a um problema psiquiátrico chamado síndrome de conversão, Paula já foi “diagnosticada” com várias doenças. Vanessa conta que a família nega os problemas psiquiátricos: “Conhecemos a minha irmã, era uma menina saudável que não tinha nenhum problema, nós sabemos que não é um problema psiquiátrico”. E alega negligência médica, já que, antes destes episódios, Paula recebeu a vacina que protege contra o tétano, difteria e tosse convulsa, e que esta pode ter causado os problemas que hoje enfrenta. Há três anos que a família deixou de submeter Paula a novos exames médicos e que a apoia na sua decisão de tentar a eutanásia. Estamos a respeitar a vontade da Paula, não queremos que ela continue a ser obrigada a passar pelas hospitalizações. Como, supostamente, ela é doente psiquiátrica, muitas vezes não questionam o que ela sente, tratam-na como louca ou como alguém que está fora de si — e ela não quer mais passar por isso”, conta Vanessa. Com o caso de Paula, o debate sobre a eutanásia voltou à agenda política, pouco tempo depois da legalização do aborto no país. O deputado do Partido Liberal Vlado Mirosevic levou o tema ao Congresso, dando precisamente o exemplo de Paula, afirmando que “temos de respeitar o direito de Paula”. 16/10/17 O médico Miguel Kottow, chefe da Unidade de Bioética da Escola de Saúde Pública da Universidade do Chile, considera que seria “um mau precedente” abrir caminho para a morte assistidatendo em conta o caso de Paula uma vez que as incógnitas em torno do diagnóstico são muitas. Kottow afirma que os vídeos nas redes sociais nada dizem sobre “a condição real da jovem” e acrescenta que é um caso “que devemos analisar para além da boa vontade e da compaixão