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1 SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS – SOI V MANUAL DO PROFESSOR SUMÁRIO 1 Apresentação ........................................................................................................ 6 2 Conhecimentos, Habilidades e Atitudes ................................................................ 6 3 Ementa .................................................................................................................. 7 4 Objetivos do módulo ............................................................................................. 7 5 Estratégias de Ensino-Aprendizagem .................................................................... 7 5.1 Palestras ......................................................................................................... 8 5.2 Aprendizagem em Pequeno Grupo (APG) ...................................................... 8 5.3 Práticas integradas ......................................................................................... 9 5.4 TIC .................................................................................................................. 9 6 Atividades Educacionais por Semana ........................................................................ 9 Semana 1: Sistema Endócrino ................................................................................... 9 Semana 2: Sistema Endócrino ................................................................................. 15 Semana 3: Endócrino .............................................................................................. 20 Semana 4: Sistema Endócrino ................................................................................. 24 Semana 5: Sistema Endócrino ................................................................................. 29 Semana 6: Sistema Nervoso ................................................................................... 34 Semana 7: Saúde Mental ........................................................................................ 43 Semana 8: Sistema Nervoso ................................................................................... 57 Semana 9: Saúde Mental ........................................................................................ 64 Semana 10:Sistema Nervoso .................................................................................. 73 Semana 11: Saúde Mental ...................................................................................... 81 Semana 12: Sistema Nervoso ................................................................................. 90 Semana 13: Órgãos dos Sentidos ............................................................................ 97 Semana 14: Sistema Locomotor ........................................................................... 103 Semana 15: Sistema Locomotor ........................................................................... 111 Semana 16: Sistema Locomotor ........................................................................... 121 Semana 17: Sistema Locomotor ........................................................................... 133 7 Sistema de Avaliação ............................................................................................ 139 7.1 Sistema de Promoção ....................................................................................... 142 8 Bibliografia Básica .............................................................................................. 142 9 Bibliografia Complementar.................................................................................. 144 10 Anexos. .............................................................................................................. 145 10.1 Normas Gerais de Biossegurança. ................................................................... 145 10.2 Fluxograma EXCLUSIVO para o tutor: Conteúdo SOI V .................................... 147 2 1. Atividades Educacionais por Semana Semana 1 – Sistema Endócrino: Objetivos da semana: Rever a morfofisiologia do pâncreas endócrino. Identificar a classificação etiológica do Diabetes Mellitus. Compreender a fisiopatologia do Diabetes Mellitus. S1P1: Cartilha do Diabético Objetivos: Fonte: http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=cordel&pagfis=78923. http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=cordel&pagfis=78923 3 -Entender a classificação do Diabetes Mellitus. -Compreender a fisiopatologia, etiologia, epidemiologia e manifestações clínicas do do DMT1. -Conhecer o cuidado farmacológico e não-farmacológico no tratamento do DMT1. - Identificar os exames complementares para o diagnóstico do DM. Orientações para os tutores - Entender a classificação do Diabetes Mellitus De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, a doença é classificada de acordo com a etiologia, conforme o quadro abaixo: - Compreender a fisiopatologia do Diabetes Mellitus 1. O Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença autoimune, poligênica, decorrente de destruição das células β pancreáticas, ocasionando deficiência completa na produção de insulina. O diabetes mellitus 1A é a forma mais frequente de DM1, confirmada pela positividade de um ou mais autoanticorpos. Em diferentes populações, descreve-se forte associação com antígeno leucocitário humano (human leukocyte antigen, HLA) DR3 e DR4. Embora sua fisiopatologia não seja totalmente conhecida, envolve, além da predisposição genética, fatores ambientais que desencadeiam a resposta autoimune. Entre as principais exposições ambientais associadas ao DM1 estão infecções virais, componentes dietéticos e certas composições da microbiota intestinal. A denominação 1B, ou idiopático, é atribuída aos casos de DM1 nos quais os autoanticorpos não são detectáveis na circulação. - Conhecer o cuidado (farmacológico e não-farmacológico) do Diabetes Mellitus. Pelo fato de o DM1 caracterizar-se por produção insuficiente de insulina, o tratamento medicamentoso depende da reposição desse hormônio, utilizando-se de esquemas e preparações variados e estabelecendo-se “alvos glicêmicos” pré e pós-prandiais para serem alcançados. Em todas as faixas etárias, a reposição da insulina deve tentar atingir o perfil mais próximo possível do fisiológico. As medidas não farmacológicas incluem: prática regular de atividade física, orientação alimentar, automonitorização dos valores glicêmicos. 4 S1P2: E o carteado doutora?!! Antônio é aposentado vive uma vida sedentária, diariamente se diverte muito nos encontros de carteado, quando toma cerveja e come petiscos com os amigos. Apresentou peso e cansaço exagerados. Acorda muito à noite para tomar água e urinar. A médica da Unidade de saúde o alertou sobre algumas manifestações observadas, como: IMC de 40, hiperglicemia, hipertensão arterial, hipercolesterolemia e provável resistência insulínica. - Você precisa se cuidar, Antônio! Diz a médica. Objetivos: Compreender a fisiopatologia, etiologia, epidemiologia, manifestações clínicas do DMT2. Conhecer o cuidado farmacológico e não-farmacológico no tratamento do DMT2. Compreender os critérios diagnósticos para a síndrome metabólica (clínicos e laboratoriais). Orientações para os tutores - Compreender a fisiopatologia do Diabetes Mellitus tipo 2. O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) corresponde a 90 a 95% de todos os casos de DM. Possui etiologia complexa e multifatorial, envolvendo componentes genético e ambiental. Geralmente, o DM2 acomete indivíduos a partir da quarta década de vida, embora se descreva, em alguns países, aumento na sua incidência em crianças e jovens. Trata-se de doença poligênica, com forte herança familiar, ainda não completamente esclarecida, cuja ocorrência tem contribuição significativa de fatores ambientais. Dentre eles, hábitos 5 dietéticos e inatividade física,que contribuem para a obesidade, destacam-se como os principais fatores de risco. O desenvolvimento e a perpetuação da hiperglicemia ocorrem concomitantemente com hiperglucagonemia, resistência dos tecidos periféricos à ação da insulina, aumento da produção hepática de glicose, aumento de lipólise e consequente aumento de ácidos graxos livres circulantes, aumento da reabsorção renal de glicose e graus variados de deficiência na síntese e na secreção de insulina pela célula β pancreática. Em pelo menos 80 a 90% dos casos, associa-se ao excesso de peso e a outros componentes da síndrome metabólica. - Conhecer o cuidado (farmacológico e não-farmacológico) para o Diabetes Mellitus tipo 2. O aluno deve citar os mesmos hábitos não-farmacológicos que o DM1, a insulina como opção terapêutica para o DM2. O discente deve discutir os antidiabéticos orais utilizados, suas classes e mecanismo de ação. - Biguanidas: a metformina, o representante dessa classe de agentes, reduz a produção hepática de glicose e melhora ligeiramente a utilização periférica da glicose. Ela ativa a proteína-quinase dependente de AMP e penetra nas células por meio de transportadores de cátions orgânicos (cujos polimorfismos podem influenciar a resposta à metformina). Evidências recentes indicam que o mecanismo da metformina para reduzir a produção hepática de glicose consiste em antagonizar a capacidade do glucagon de gerar monofosfato de adenosina (AMP) cíclico nos hepatócitos. A metformina reduz os níveis de glicose plasmática em jejum (GPJ) e de insulina, melhora o perfil lipídico e promove uma perda modesta de peso. - Secretagogos da insulina – agentes que afetam o canal de K+ sensível ao trifosfato de adenosina Os secretagogos da insulina estimulam a secreção de insulina ao interagir com o canal de potássio sensível ao trifosfato de adenosina (ATP, de adenosine triphosphate) na célula β. Esses fármacos são mais efetivos nos indivíduos com DM tipo 2 de início relativamente recente (menos de cinco anos) que ainda exibem uma produção endógena residual de insulina. 6 - Secretagogos da insulina – agentes que intensificam a sinalização do receptor de peptídeo 1 relacionado com o glucagon As “incretinas” amplificam a secreção de insulina estimulada pela glicose. Os agentes que atuam como agonistas do receptor de peptídeo 1 relacionado com o glucagon (GLP-1, de glucagon-related peptide-1) ou que aumentam a atividade endógena do GLP-1 foram aprovados para o tratamento do DM tipo 2. - Inibidores da α-glicosidase Os inibidores da α-glicosidase reduzem a hiperglicemia pós-prandial ao retardar a absorção da glicose; esses fármacos não afetam a utilização da glicose nem a secreção de insulina. A hiperglicemia pós-prandial, secundária a uma deterioração da utilização hepática e periférica da glicose, contribui acentuadamente para o estado hiperglicêmico no DM tipo 2. Esses medicamentos, tomados imediatamente antes de cada refeição, reduzem a absorção de glicose por inibirem a enzima responsável pela clivagem dos oligossacarídeos e sua transformação em açúcares simples no lúmen intestinal. - Tiazolidinedionas As tiazolidinedionas reduzem a resistência à insulina por meio de sua ligação ao receptor nuclear PPAR-γ (receptor ativado do proliferador dos peroxissomos tipo γ, de peroxisome proliferator-activated receptor γ) (que forma um heterodímero com o receptor X retinoide). O receptor do PPAR-γ é encontrado em níveis mais altos nos adipócitos, porém se expressa em níveis mais baixos em muitos outros tecidos. Os agonistas desse receptor regulam um grande número de genes, promovem a diferenciação dos adipócitos, reduzem o acúmulo hepático de gorduras e promovem o armazenamento dos ácidos graxos. As tiazolidinedionas promovem uma redistribuição da gordura das localizações centrais para as áreas periféricas. Os níveis circulantes de insulina diminuem com o uso de tiazolidinedionas, indicando uma redução na resistência à insulina. - Compreender a síndrome plurimetabólica (achados clínicos). Em adultos, a associação entre obesidade e doença coronariana está bem estabelecida. Essa associação levou, em anos mais recentes, à criação do termo “síndrome metabólica” (SM) para definir aqueles indivíduos que teriam mais chances de desenvolver eventos cardiovasculares devido a uma base fisiopatológica comum entre os componentes da síndrome, possivelmente orquestrada pela obesidade central. De qualquer modo, independentemente da terminologia usada, os riscos cardiovasculares são bem estabelecidos, e fica cada vez mais claro que as crianças, já em tenra idade, podem começar a apresentar alterações metabólicas preditivas de problemas mais sérios futuramente. Dentre os fatores incluídos na SM estão a obesidade visceral, a dislipidemia aterogênica, a hipertensão e a resistência à insulina, mas outras comorbidades (como esteato-hepatite não alcoólica e apneia obstrutiva do sono) estão comumente associadas. Os critérios diagnósticos para a Síndrome metabólica estão abaixo listados: 7 Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado AS ATIVIDADES NOS LABORATÓRIOS IRÃO INICIAR APÓS A PRIMEIRA SEMANA DE APG. Atividades Práticas: AS ATIVIDADES NOS LABORATÓRIOS IRÃO INICIAR APÓS A PRIMEIRA SEMANA DE APG. Palestras: 1º Palestra - Farmacologia da insulina. 2º Farmacologia dos hipoglicemiantes orais. TICs: Objetivos: Entender o controle hormonal da fome. Conhecer a Diretriz Brasileira de Síndrome Metabólica. Discorrer sobre a importância clínica do Peptídeo C. Entender a obesidade infantil como problema de saúde. Orientações para Palestras 1 e 2: Classificação e mecanismo de ação. 8 Atividade: Peptídeo C / Diretriz Brasileira de Síndrome Metabólica / Controle hormonal da fome / obesidade infantil. Semana 2 – Sistema Endócrino: Objetivos da semana: Entender as principais alterações associadas ao Diabetes Mellitus. Discutir a fisiopatologia da hipoglicemia e hiperglicemia. S2P1: "Menos é mais" Vanessa, aluna do 1º período de Medicina e diabética, participou do Festival de bolos e doces comendo por toda noite. Na manhã seguinte acordou queixando-se de cansaço, polifagia, polidpsia, poliúria e hálito cetônico. Laura, sua colega de república e estudante do 10º período de Medicina, orientou-a a aumentar a dose de insulina que ela já toma todas as manhãs. Uma hora depois, ao retornar da caminhada, Laura encontrou Vanessa sudoreica, apresentando palidez cutaneomucosa, estado confusional exacerbado que logo evoluiu para síncope. Sem saber o que fazer, Laura chamou o SAMU. Objetivos: Compreender a fisiopatologia, fatores de risco e quadro clínico das complicações agudas do DM (hipoglicemia, cetoacidose, estado hiperosmolar). Discutir as questões éticas e de responsabilidade diante do autocuidado na utilização da insulina. Orientações para os tutores - Compreender a fisiopatologia das complicações agudas do Diabetes Mellitus (hipoglicemia, cetoacidose diabética e estado hiperosmolar): retirado de: Medicina Interna de Harrison, 19ª edição, capítulo 406. 1- Hipoglicemia: a hipoglicemia é causada mais comumente por fármacos usados no tratamento do diabetes melito ou pela exposição a outras drogas, incluindo o álcool. Entretanto, vários outros distúrbios, incluindo falência de órgãos críticos, sepse e inanição, deficiências hormonais, tumores de células não β, insulinoma e cirurgia gástrica prévia, podem causar hipoglicemia. A hipoglicemia é documentada de maneira mais convincente pela tríade de Whipple: (1) sintomas compatíveis com hipoglicemia, (2) baixa concentração plasmática de glicose medida por um método preciso (e não com monitor de glicose) e (3) alívio desses sintomas após elevação do nível plasmático de glicose. Normalmente, o limite inferior da concentração plasmática de glicoseem jejum é de cerca de 70 mg/dL (cerca de 3,9 mmol/L); todavia, ocorrem níveis mais baixos de glicose no sangue venoso em condições normais, dentro de algumas horas após uma refeição, durante a gravidez e durante um jejum prolongado (> 24 horas). A hipoglicemia pode causar morbidade significativa; se for grave e prolongada, pode ser fatal. A sua 9 presença deve ser considerada em qualquer paciente com episódios de confusão, nível alterado de consciência ou crise convulsiva. 2- CAD: a CAD resulta da deficiência relativa ou absoluta de insulina combinada com excesso dos hormônios contrarreguladores (glucagon, catecolaminas, cortisol e hormônio do crescimento). Tanto a deficiência de insulina quanto o excesso de glucagon, em particular, são necessários para a instalação da CAD. A menor relação de insulina com o glucagon promove a gliconeogênese, a glicogenólise e a formação de corpos cetônicos no fígado, assim como aumentos no fornecimento de substratos provenientes da gordura e do músculo (ácidos graxos livres, aminoácidos) ao fígado. Os marcadores da inflamação (citocinas, proteína C-reativa) estão elevados tanto na CAD quanto no EHH. A combinação de deficiência de insulina e hiperglicemia reduz o nível hepático de frutose-2,6-difosfato, o que altera a atividade da fosfofrutoquinase e da frutose-1,6- bifosfatase. O excesso de glucagon reduz a atividade de piruvato quinase, enquanto a deficiência de insulina aumenta a atividade de fosfoenolpiruvato-carboxiquinase. Essas mudanças desviam o processamento do piruvato na direção da síntese de glicose e para longe da glicólise. Os maiores níveis de glucagon e de catecolaminas na vigência de baixos níveis de insulina promovem a glicogenólise. A deficiência de insulina também reduz os níveis do transportador de glicose GLUT4, o que compromete a captação da glicose dentro do músculo esquelético e da gordura e reduz o metabolismo intracelular da glicose. A cetose resulta de um aumento acentuado na liberação de ácido graxos livres pelos adipócitos, com um desvio resultante na direção da síntese de corpos cetônicos no fígado. Os níveis reduzidos de insulina, em combinação com elevações nas catecolaminas e no hormônio do crescimento, aceleram a lipólise e a liberação de ácidos graxos livres. Normalmente, esses ácidos graxos livres são convertidos em triglicerídeos ou em lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL, de very-low-density lipoprotein) no fígado. Contudo, na CAD, a hiperglucagonemia altera o metabolismo hepático em favor da formação de corpos cetônicos por meio da ação da enzima carnitina- palmitoiltransferase I. Essa enzima é crucial para a regulação do transporte dos ácidos graxos para o interior das mitocôndrias, onde ocorrem a oxidação β e a transformação em corpos cetônicos. Em um pH fisiológico, os corpos cetônicos existem em forma de cetoácidos, que são neutralizados pelo bicarbonato. À medida que as reservas de bicarbonato sofrem depleção, instala-se um quadro de acidose metabólica. A maior produção de ácido láctico também contribui para a acidose. As maiores quantidades de ácidos graxos livres aceleram a produção de triglicerídeos e de VLDL. A depuração de VLDL também é reduzida, pois a atividade da lipase lipoproteica sensível à insulina no músculo e na gordura é diminuída. A hipertrigliceridemia pode ser tão intensa a ponto de causar pancreatite. A CAD com frequência é desencadeada por maiores demandas de insulina, como ocorre durante uma enfermidade concomitante. Se a terapia com insulina não for aumentada, esse problema será complicado ainda mais. A omissão completa ou a administração inadequada de insulina pelo paciente ou pela equipe de assistência de saúde (em um paciente hospitalizado com DM tipo 1) podem precipitar a CAD. Os pacientes que 10 utilizam dispositivos de infusão de insulina com insulina de ação rápida podem desenvolver CAD, visto que até mesmo uma curta interrupção no fornecimento de insulina (p. ex., mau funcionamento mecânico) resulta rapidamente em deficiência de insulina. 3- EHNC: a deficiência relativa de insulina e a ingestão inadequada de líquido são as causas subjacentes de EHH. A deficiência de insulina induz um aumento da produção hepática de glicose (por meio da glicogenólise e da gliconeogênese) e prejudica a utilização de glicose no músculo esquelético (ver a discussão da CAD, anteriormente). A hiperglicemia induz uma diurese osmótica que acarreta depleção do volume intravascular, a que será exacerbada por uma reposição inadequada de líquidos. A ausência de cetose no EHH não é compreendida. Presumivelmente, a deficiência de insulina é apenas relativa e menos acentuada do que na CAD. Em alguns estudos, foram encontrados níveis mais baixos de hormônios contrarreguladores e ácidos graxos livres no EHH do que na CAD. É possível também que o fígado seja menos capaz de sintetizar corpos cetônicos ou que a relação insulina/glucagon não favoreça a cetogênese. - Discutir as questões éticas e de responsabilidade diante da automedicação e autocuidado na utilização da insulina. A transição de medicações orais para insulina pode ser difícil para o paciente e para o médico. Identificar os medos do paciente e ajudá-lo a ver a insulina como uma segurança, uma terapia eficaz, é uma importante etapa inicial para a aceitação do paciente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: INZUCCHI, Silvio E. Diabete Melito. [Digite o Local da Editora]: Grupo A, 2007. 9788536309743. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536309743/. Acesso em: 05 jun. 2022. S2P2: “Todos por um” Paulo, agente comunitário de saúde, vai até a casa do Sr. Gerson, de 71 anos. Quando aposentou há 14 anos, Sr. Gerson foi diagnosticado com diabetes e pouco vai ao médico. 11 Neste ano mudou para cá e desde então estamos próximos a ele para ajudá-lo. Sr. Gerson pouco enxerga e acha que seu problema de visão é catarata. Além disso, mora sozinho, seus filhos nem ligam para ele, alimenta-se mal e toma seus remédios irregularmente. Começou com uma ferida no pé há uns meses e a nossa equipe tem se organizado para tentar ajudá-lo, já ficou internado e tudo, mas desse jeito pode até perder o pé, ele morre de medo disso. Objetivos: Discutir a fisiopatologia, fatores de riscos e quadro clínico das complicações crônicas do Diabetes Mellitus (pé diabético, neuropatia, retinopatia e nefropatia). Compreender a abordagem interdisciplinar do pé diabético (equipe multidisciplinar). Orientações para os tutores - Relacionar a fisiopatologia com as complicações do Diabetes Mellitus. As complicações relacionadas com o diabetes podem ser divididas em complicações vasculares e não vasculares e assemelham-se no DM tipo 1 e tipo 2. As complicações vasculares do DM são subdivididas em microvasculares (retinopatia, neuropatia, nefropatia) e macrovasculares (doença arterial coronariana [DAC], doença arterial periférica [DAP], doença vascular cerebral). As complicações microvasculares são específicas do diabetes, enquanto as complicações macrovasculares se assemelham àquelas de indivíduos não diabéticos, porém ocorrem com maior frequência nos pacientes portadores de diabetes. As complicações não vasculares incluem gastroparesia, infecções, alterações cutâneas e perda auditiva. Ainda não foi estabelecido se o DM tipo 2 aumenta o risco de demência ou de comprometimento da função cognitiva. As complicações microvasculares do DM tanto tipo 1 quanto tipo 2 resultam da hiperglicemia crônica. A evidência que implica um papel causal para a hiperglicemia crônica no desenvolvimento das complicações macrovasculares é menos conclusiva. Os eventos e as taxas de mortalidade da DAC são 2 a 4 vezes maiores em pacientes com DM tipo 2 e correlacionam-se com os níveis plasmáticos de glicose em jejum e pós- prandiais, bem como coma hemoglobina A1c (HbA1c). Outros fatores, como dislipidemia e hipertensão, também desempenham papéis importantes nas complicações macrovasculares. A hiperglicemia crônica é um fator etiológico importante responsável pelas complicações do DM, porém o mecanismo pelo qual ela induz uma disfunção celular e orgânica tão diversificada é desconhecido. Uma hipótese emergente sustenta que a hiperglicemia leva a alterações epigenética que influenciam a expressão gênica nas células afetadas. Por exemplo, isso pode explicar o efeito de legado ou a memória metabólica mencionados anteriormente. 12 Quatro teorias, que não se excluem mutuamente, sobre o mecanismo pelo qual a hiperglicemia pode levar às complicações crônicas do DM incluem as seguintes vias. (1) O aumento da glicose intracelular leva à formação de produtos finais da glicosilação avançada, que se ligam a um receptor de superfície celular por meio da glicosilação não enzimática de proteínas intracelulares e extracelulares, resultando em ligação cruzada das proteínas, aterosclerose acelerada, disfunção glomerular, disfunção endotelial e alteração da composição da matriz extracelular. (2) A hiperglicemia aumenta o metabolismo da glicose pela via do sorbitol relacionada com a enzima aldose-redutase. Entretanto, essa teoria foi testada nos seres humanos usando inibidores da aldose- redutase, porém não foram demonstrados quaisquer efeitos benéficos. (3) A hiperglicemia aumenta a formação de diacilglicerol, resultando em ativação da proteína- quinase C, que altera a transcrição dos genes para fibronectina, colágeno tipo IV, proteínas contráteis e proteínas da matriz extracelular nas células endoteliais e nos neurônios. (4) A hiperglicemia aumenta o fluxo pela via da hexosamina, que gera frutose-6-fosfato, um substrato para a glicosilação de ligação O e a produção de proteoglicana, resultando em alteração da função da glicosilação das proteínas, como a óxido nítrico-sintase endotelial, ou por mudanças na expressão gênica do fator de crescimento transformador β (TGF-β, de transforming growth factor β) ou do inibidor do ativador do plasminogênio 1. Os fatores de crescimento podem desempenhar um importante papel em algumas complicações relacionadas com o diabetes, e sua produção é aumentada pela maioria dessas vias propostas. O fator de crescimento do endotélio vascular A (VEGF-A, de vascular endothelial growth factor A) aumenta localmente na retinopatia proliferativa diabética e diminui após a fotocoagulação a laser. O TGF-β aumenta na nefropatia diabética e estimula a produção de colágeno pela membrana basal e de fibronectina pelas células mesangiais. Um possível mecanismo unificador é que a hiperglicemia induz uma maior produção de espécies reativas do oxigênio ou de superóxido nas mitocôndrias; esses compostos podem ativar todas as quatro vias descritas anteriormente. Apesar de a hiperglicemia funcionar como o desencadeante inicial para as complicações do diabetes, ainda não foi esclarecido se os mesmos processos fisiopatológicos operam em todas as complicações ou se algumas vias predominam em certos órgãos. A tireoide (do grego thyreos, escudo, mais eidos, forma) consiste em dois lobos conectados por um istmo. Está localizada adiante da traqueia, entre a cartilagem cricoidea e a incisura supraesternal. A tireoide normal pesa 12 a 20 g, sendo altamente vascularizada e de consistência macia. Kasper, Dennis L.; Hauser, Stephen L.; Jameson, J. Larry; Fauci, Anthony S.; Longo, Dan L.; Loscalzo, Joseph. Medicina Interna de Harrison - 2 Volumes (Locais do Kindle 223193- 223195). AMGH/Artmed. Edição do Kindle. - Compreender a abordagem interdisciplinar no pé diabético. Discutir a importância da participação do cuidado de diversas especialidades médicas e não médicas, com objetivo do tratamento mais adequado do paciente. Ver http://www.scielo.br/pdf/jvb/v10n4s2/a01v10n4s2 http://www.scielo.br/pdf/jvb/v10n4s2/a01v10n4s2 13 Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Ilustrar a morfofisiologia do pâncreas e seus processos patológicos, compreender as disfunções associadas à síndrome plurimetabólica. Atividades Práticas: Lab 1 Propedêutica Imagem: Discutir a avaliação por imagem na síndrome plurimetabólica. Lab 2 Anatomopatologia: Compreender os critérios laboratoriais utilizados para diagnóstico e acompanhamento do diabetes mellitus: glicemia de jejum e pós-prandial, TOTG, HbA1c. Lab 3 Patologia Clínica / Farmacologia Entender os hipoglicemiantes orais no tratamento da Diabetes Mellitus. Palestras: 1º Palestra: Ações Preventivas para as complicações de diabetes mellitus (pé diabético). 2º Palestra: Ações Preventivas para as complicações de diabetes mellitus (retinopatia e nefropatia). TICs: Objetivos: Entender as alterações oculares secundárias à Diabetes. Compreender as etapas do tratamento insulínico do não insulínico ao Diabetes. Diferenciar a Cetoacidose Diabética do Estado Hiperosmolar não Cetótico. Atividade: Fundo de olho paciente diabético / tratamento não insulínico e insulínico no DM / CD e EHNC. Semana 3 – Sistema Endócrino Objetivos da semana: Compreender a morfofisiologia da hipófise e das gônadas. Entender as principais alterações na hipófise e nas gônadas e suas consequências para o organismo. Orientações para Palestras 1 e 2: Ações Preventivas envolvendo equipe multidisciplinar, autocuidado e cuidadores. 14 S3P1: “A vida não presta” (Leo Jaime) No show de Leo Jaime, quando a corda de um instrumento arrebenta, o cantor aproveita a substituição para animar o povo, e não se poupa da própria ironia: “Barriga tanquinho é para os fracos! Eu tenho uma lavadora turbo automática com 12 programas!”. Ou então: “Aqui não tem nada P, é tudo GG”. A adiposidade que se concentra no abdome, no pescoço e nas bochechas é consequência de uma doença rara, o pan-hipopituitarismo... ...Isso não o impede de fazer bonito ao lado da lindona Fernanda Lima no programa Amor & sexo, da Globo, nem de se destacar entre jovens sarados no elenco da novela teen Malhação, da mesma emissora, vivendo um roqueiro veterano. Fonte: https://revistatrip.uol.com.br/trip/leo-jaime Objetivos: Rever a morfofisiologia da hipófise. Compreender a fisiopatologia do hipopituitarismo e hiperpituitarismo. Conhecer a classificação da origem das desordens hormonais. Orientações para os tutores O controle do metabolismo, do crescimento e da reprodução é mediado por uma combinação dos sistemas neural e endócrino localizados no hipotálamo e na hipófise. A hipófise, cujo peso é de cerca de 0,6 g, repousa na base do cérebro, na sela turca óssea, próximo ao quiasma óptico e aos seios cavernosos. A hipófise é constituída por um lobo anterior (adenohipófise) e por um lobo posterior (neuro-hipófise) e os alunos devem descrever os hormônios produzidos e excretados pela hipófise. Produção inadequada de hormônios da adenohipófise leva às características do hipopituitarismo. A deficiência na produção de um ou mais dos hormônios tróficos da adenohipófise pode resultar de distúrbios hereditários; porém, mais comumente o hipopituitarismo do adulto é adquirido e reflete o efeito de uma massa compressiva de um tumor, as consequências de um traumatismo hipofisário ou hipotalâmico, um processo inflamatório ou um dano vascular. Esses processos também podem impedir a síntese ou secreção dos hormônios hipotalâmicos, com deficiência hipofisária resultante. O hormônio do crescimento (GH), polipeptídio produzido e secretado por células especializadas localizadas na hipófise anterior, tem por principal função a promoção do crescimento e do desenvolvimento corporal. Além disto, participa da regulação do metabolismo de proteínas, lipídios e carboidratos. S3P2: Mente de menina em corpo de mulher... 15 As amigas da classede Cassinha, no quarto ano do Ensino Fundamental, começaram a questionar o porquê de ela apresentar um percentil acima da média da altura para a sua idade, estar usando sutiã para esconder o broto mamário e ter vivido a menarca. As amigas queriam descobrir o “segredo” da menina e a observavam o tempo inteiro, praticando bullying, deixando-a preocupada e triste. Objetivos: -Rever as fases do desenvolvimento e da maturação sexual masculino e feminino. -Compreender o impacto da puberdade precoce na formação do adolescente. -Discutir bullying em escolares. Orientações para os tutores Em termos endócrinos, a puberdade na nossa espécie é caracterizada por dois processos: a produção de androgênios pelas glândulas suprarrenais (adrenarca) e a reativação do eixo hipotálamo-hipófise-gônada (HHG) (gonadarca). A primeira evidência química da puberdade é, compreensivelmente, um aumento na produção e liberação de desidroepiandrosterona (DHEA) e respetivo sulfato (DHEA-S) pelas glândulas suprarrenais. Esse aumento inicial é detectado habitualmente entre os sete e nove anos de idade, seguindo-se um aumento progressivo para os níveis adultos. Não se conhecem os fatores que regulam a adrenarca mas ela não parece estar sob controlo direto de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) ou gonadotrofinas. Descrever a gonadarca e os hormônios envolvidos. Referência: http://www.scielo.br/pdf/ep/v42n1/1517-9702-ep-42-1-0181.pdf -Discutir bullying em escolares: A prática ou a vitimização do bullying no contexto escolar não está relacionada a uma única causa, pois são inúmeros os fatores que podem concorrer para o desencadeamento do fenômeno. Destacar causas pontuais ou específicas para explicar o bullying não constitui uma premissa metodológica correta, vez que o envolvimento de cada criança ou adolescente nos casos de bullying é dinâmico e circunstancial. Não é possível enumerar taxativamente os fatores influenciadores do bullying, tendo em vista que os comportamentos adotados pelos estudantes variam de acordo com a circunstância ou momento de cada situação vivenciada. No entanto, há determinadas variáveis (fatores) que podem auxiliar na compreensão do fenômeno, permitindo um maior entendimento da ocorrência do bullying e, consequentemente, fornecendo indicativos para seu enfrentamento e prevenção. A partir da análise minuciosa das possíveis causas do bullying, será permitido mensurar a probabilidade de estudantes http://www.scielo.br/pdf/ep/v42n1/1517-9702-ep-42-1-0181.pdf 16 figurarem ou não como autores ou alvos do fenômeno, como bullies ou vítimas. Tais fatores podem ser classificados como: individuais (ou influências físicas) e contextuais (ou influências sociais). Os primeiros são assim denominados por compreenderem causas que são intrínsecas aos estudantes, ou seja, aquelas interiorizadas ou enraizadas pelo indivíduo, podendo ser exteriorizadas em determinado período da vida ou não. Já os fatores contextuais dizem respeito a todas as causas que são externas aos sujeitos, todo e qualquer tipo de influência social, decorrente das relações humanas que podem intervir na conduta da criança ou do adolescente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: GOMES, Luiz F.; SANZOVO, Natália M. Bullying e a prevenção da violência nas escolas: quebrando mitos, construindo verdades. (Coleção saberes monográficos). Editora Saraiva, 2013. 9788502193628. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502193628/. Acesso em: 05 jun. 2022. Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Ilustrar os processos degenerativos do pâncreas e compreender algumas complicações associadas ao DM. Atividades Práticas: Lab 1 Propedêutica Imagem: Aprender sobre ultrassom renal na nefropatia crônica (complicação da DM). Lab 2 Anatomopatologia Rever histologia de pâncreas e as alterações que ocorrem no diabetes. Lab 3 Patologia Clínica / Farmacologia Conhecer a farmacologia das insulinas e a dosagem laboratorial da cetonúria e microalbuminúria. Palestras: 1º Palestra: Hiperpituitarismo 2º Palestra: Hipopituitarismo TICs: Objetivos: Calcular a idade óssea. Entender os conceitos de puberdade precoce. Correlacionar as repercussões encontradas na Síndrome de Kallmann. Atividade: Idade óssea / puberdade precoce / desenvolvimento puberal / Síndrome de Kallmann. Orientações para Palestras 1 e 2: Etiologias, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento. 17 Semana 4 – Sistema Endócrino Objetivos da semana: Rever e compreender a morfofisiologia da adrenal e tireoide e as principais consequências das alterações dos hormônios adrenais e tireoidianos. S4P1: Fases da Lua Mônica vai visitar sua mãe e comenta que não sabe por que está com acne, hirsutismo, astenia, que apareceram estrias na pele, principalmente nas regiões do abdome, coxas e mama, e que vem apresentando hipomenorreia. Sua mãe percebe que está com fácies de lua cheia e corcova de búfalo, fica assustada e acha que foi feitiço da vizinha invejosa. 1 - Fonte:http://drcristianobarcellos.com.br/?page_id=2853. 2 - Fonte:https://www.saudedica.com.br/sindrome-de-cushing-causas-sintomas-e-tratamentos/. Objetivos: Rever a morfofisiologia da adrenal e correlacionar com a produção dos glicocorticoides. Entender as consequências do excesso dos corticoides. Compreender a fisiopatologia, etiologia, epidemiologia, manifestações clínicas e diagnóstico da Doença de Cushing e Addison. Orientações para os tutores O córtex suprarrenal produz três classes de hormônios corticosteroides: os glicocorticoides (p. ex., o cortisol), os mineralocorticoides (p. ex., aldosterona) e os precursores androgênicos suprarrenais (p. ex., a desidroepiandrosterona [DHEA]). Os glicocorticoides e os mineralocorticoides atuam por meio de receptores nucleares específicos, que regulam aspectos da resposta fisiológica ao estresse, bem como a pressão arterial e a homeostase dos eletrólitos. Os precursores androgênicos http://drcristianobarcellos.com.br/?page_id=2853 http://drcristianobarcellos.com.br/?page_id=2853 http://www.saudedica.com.br/sindrome-de-cushing-causas-sintomas-e-tratamentos/ http://www.saudedica.com.br/sindrome-de-cushing-causas-sintomas-e-tratamentos/ http://www.saudedica.com.br/sindrome-de-cushing-causas-sintomas-e-tratamentos/ 18 suprarrenais são convertidos nas gônadas e nas células-alvo periféricas em esteroides sexuais, os quais atuam via receptores nucleares de androgênios e estrogênios. A estimulação pelo ACTH é necessária para o início da esteroidogênese. A estimulação pelo ACTH gera monofosfato de adenosina cíclico (AMPc), que suprarregula a via de sinalização da proteína-quinase A (PKA). A PKA inativa é um tetrâmero de duas subunidades reguladoras e duas catalíticas, o qual é dissociado pelo AMPc em um dímero de duas subunidades reguladoras ligado ao AMPc e duas subunidades catalíticas livres e ativas. A ativação da PKA possui impacto sobre a esteroidogênese de três maneiras distintas: (1) ela aumenta a entrada de ésteres de colesterol; (2) aumenta a atividade da lipase sensível ao hormônio, que cliva ésteres de colesterol a colesterol para importação na mitocôndria; e (3) aumenta a disponibilidade e a fosforilação da proteína de ligação ao elemento de resposta ao AMPc (CREB), um fator de transcrição que intensifica a transcrição da CYP11A1 e de outras enzimas necessárias para a síntese de glicocorticoides. A esteroidogênese suprarrenal ocorre em zonas específicas, com síntese de mineralocorticoides na zona glomerular externa, síntese de glicocorticoides na zona fasciculada e síntese de androgênios suprarrenais na zona reticular interna. Todas as vias de esteroidogênese exigem a entrada de colesterol na mitocôndria, um processo iniciado pela ação da proteína reguladora aguda da esteroidogênese (StAR),que realiza o transporte do colesterol da membrana mitocondrial externa para a interna. A enzima de clivagem da cadeia lateral do colesterol, a CYP11A1, gera pregnenolona. A síntese de glicocorticoides requer a conversão da pregnenolona em progesterona pela 3β-HSD2, seguida de conversão em 17α-hidroxiprogesterona pela CYP17A1, hidroxilação adicional no carbono 21 pela 21-hidroxilase e, por fim, 11β-hidroxilação pela CYP11B1 para gerar o cortisol ativo. A síntese de mineralocorticoides também necessita da progesterona, que é inicialmente convertida em desoxicorticosterona pela CYP21A2 e, em seguida, convertida via corticosterona e 18-hidroxicorticosterona em aldosterona, em três etapas catalisadas pela CYP11B2. Para a síntese de androgênios suprarrenais, a pregnenolona sofre conversão pela CYP17A1, que catalisa exclusivamente duas reações enzimáticas. Por meio de sua atividade de 17α-hidroxilase, a CYP17A1 converte a pregnenolona em 17-hidroxipregnenolona, seguida de geração do precursor universal dos esteroides sexuais, a DHEA, via atividade 17,20 liase da CYP17A1. A maior parte da DHEA é secretada pela suprarrenal na forma de seu éster sulfato, o DHEAS, produzido pela DHEA sulfotransferase (SULT2A1). Após a sua liberação pela suprarrenal, o cortisol circula na corrente sanguínea ligado principalmente à globulina ligadora do cortisol (CBG) e, em menor grau, à albumina, com apenas uma pequena fração do hormônio circulando na forma livre ou não ligada. Acredita-se que o cortisol livre entre diretamente nas células, sem a necessidade de transporte ativo. Além disso, em muitos dos tecidos-alvo periféricos da ação dos glicocorticoides, incluindo o tecido adiposo, o fígado, o músculo e o cérebro, o cortisol é gerado a partir da cortisona inativa dentro da célula pela enzima 11β-hidroxiesteroide desidrogenase tipo 1 (11β-HSD1) 19 A síntese de aldosterona nas células da zona glomerulosa é impulsionada pela enzima aldosterona sintase (CYP11B2). A ligação da angiotensina II ao receptor AT1 provoca despolarização da membrana celular das células glomerulosas, aumentando o sódio intracelular por meio da inibição das enzimas de sódio potássio (Na+/K+) adenosina trifosfatase (ATPase), bem como dos canais de potássio. Isso estimula um aumento do cálcio intracelular por meio da abertura dos canais de cálcio dependentes de voltagem ou inibição das enzimas cálcio (Ca2+) ATPase. Como consequência, a via de sinalização do cálcio é deflagrada, resultando em suprarregulação da transcrição de CYP11B2. A síndrome de Cushing reflete uma série de manifestações clínicas, as quais resultam da exposição crônica a um excesso de glicocorticoides de qualquer etiologia. O distúrbio pode ser dependente de ACTH (p. ex., adenoma corticotrófico hipofisário, secreção ectópica de ACTH por tumor não hipofisário) ou independente de ACTH (p. ex., adenoma adrenocortical, carcinoma adrenocortical, hiperplasia suprarrenal nodular), bem como iatrogênico (p. ex., administração de glicocorticoides exógenos para o tratamento de várias condições inflamatórias). O termo doença de Cushing refere-se, especificamente, à síndrome de Cushing causada por um adenoma de corticotrofos hipofisários. Os glicocorticoides afetam quase todas as células do corpo, e, em consequência, os sinais de excesso de cortisol têm impacto em múltiplos sistemas fisiológicos, com suprarregulação da gliconeogênese, da lipólise e do catabolismo das proteínas, causando manifestações mais proeminentes. Além disso, a secreção excessiva de glicocorticoides supera a capacidade da 11β-HSD2 de inativar rapidamente o cortisol a cortisona no rim, exercendo, assim, ações mineralocorticoides, as quais se manifestam na forma de hipertensão diastólica, hipopotassemia e edema. Os glicocorticoides em excesso também interferem nos sistemas reguladores centrais, levando à supressão das gonadotrofinas, com desenvolvimento subsequente de hipogonadismo e amenorreia, e supressão do eixo hipotálamo-hipófise-tireoide, resultando em diminuição da secreção do hormônio estimulante da tireoide (TSH). Os sinais e sintomas clínicos observados na síndrome de Cushing são, em sua maioria, relativamente inespecíficos e consistem em manifestações como obesidade, diabetes melito, hipertensão diastólica, hirsutismo e depressão, que são comumente observados em pacientes que não apresentam síndrome de Cushing. Por conseguinte, uma avaliação clínica cuidadosa constitui um importante aspecto na avaliação dos casos suspeitos. Deve-se considerar o diagnóstico de síndrome de Cushing quando são observadas várias manifestações clínicas no mesmo paciente, em particular quando são encontradas manifestações mais específicas. Esses achados incluem fragilidade da pele, com equimoses fáceis e estrias cutâneas largas (> 1 cm) e violáceas, e sinais de miopatia proximal, que se torna mais evidente quando o paciente tenta se levantar de uma cadeira sem a ajuda das mãos, ou quando sobe uma escada. As manifestações clínicas da síndrome de Cushing não diferem significativamente entre as diversas causas. Na síndrome de ACTH ectópico, pode-se observar uma hiperpigmentação das articulações dos dedos, das cicatrizes ou de áreas da pele expostas a maior atrito, que é causada pelos efeitos estimuladores do excesso de ACTH e de outros produtos de clivagem da POMC sobre a produção de pigmento dos melanócitos. Além disso, os pacientes com síndrome de ACTH ectópico e alguns com carcinoma adrenocortical como causa de 20 síndrome de Cushing podem ter um início mais súbito e progressão mais rápida dos sinais e sintomas clínicos. Descrita por Thomas Addison em 1855, a Insuficiência Adrenal (IA) primária, frequentemente denominada doença de Addison (DA), é uma condição rara, com estimadas prevalência de 100 a 140 casos/milhão de habitantes e incidência de 4 novos casos/milhão/ano. A DA predomina no sexo feminino, na proporção de 2,6:1, sendo habitualmente diagnosticada entre a 3a e a 5a década de vida. A IA secundária é mais frequente, com estimada prevalência de 150 a 280 por milhão de habitantes. Apesar de a IA ser incomum, deve-se sempre estar atento ao seu diagnóstico, visto que se trata de uma condição potencialmente fatal, cujos sintomas são geralmente inespecíficos e frequentemente encontrados em outras condições comuns, como infecções virais, fadiga crônica e depressão. Dentre os possíveis fatores etiológicos da DA, incluem-se processos autoimunes, doenças infecciosas, granulomatosas e infiltrativas, hemorragia e trombose adrenal, uso de alguns fármacos, adrenalectomia bilateral, hiperplasia adrenal congênita e outras doenças genéticas mais raras. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: VILAR, Lucio. Endocrinologia Clínica. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2020. 9788527737180. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527737180/. Acesso em: 07 jun. 2022. S4P2: Mais ou menos. É a glândula endócrina maior, dentre as que existem no corpo humano, presente na mulher e no fulano, não importa se adulto ou se menor. Fabrica os hormônios tireoidianos que dão mobilidade aos movimentos, o hipotireoidismo, faz-nos lentos e o hipertireoidismo, aeroplanos. A hipófise é um dos seus pares, o hipotálamo um coadjuvante, formando um conjunto interessante! Fonte: Adaptado de Pedro F. Alves - http://pedroquiamax.blogspot.com.br/2012/07/tireoide-tratamento.html Objetivos: Rever a morfofisiologia da tireoide. Conhecer a fisiopatologia, etiologia, epidemiologia, manifestações clínicas e diagnóstico do hipotireoidismo e hipertireoidismo. Discutir o tratamento farmacológico do hipo e hipertireoidismo. Orientações para os Tutores: http://pedroquiamax.blogspot.com.br/2012/07/tireoide-tratamento.html 21 A tireoide (do grego thyreos, escudo, mais eidos, forma) consiste em dois lobos conectadospor um istmo. Está localizada adiante da traqueia, entre a cartilagem cricoidea e a incisura supraesternal. A tireoide normal pesa 12 a 20 g, sendo altamente vascularizada e de consistência macia. A tireoide normal pesa 12 a 20 g, sendo altamente vascularizada e de consistência macia. As células foliculares tireoidianas são polarizadas – a superfície basolateral se justapõe à corrente sanguínea, e a superfície apical está voltada para o lúmen folicular. A demanda aumentada de hormônio tireoidiano é regulada pelo hormônio estimulante da tireoide (TSH), que se liga a seu receptor na superfície basolateral das células foliculares. Essa ligação leva à reabsorção da Tg do lúmen folicular e à proteólise no citoplasma, encaminhando os hormônios tireoidianos para secreção na corrente sanguínea. O TSH, que é secretado pelas células tireotróficas da adeno-hipófise desempenha um papel primordial no controle do eixo tireoidiano e funciona como o marcador fisiológico mais útil da ação dos hormônios tireoidianos. A extensão e a natureza da modificação dos carboidratos são moduladas pela estimulação do hormônio liberador da tireotrofina (TRH) e influenciam a atividade biológica do hormônio. O eixo tireoidiano é um exemplo clássico de alça de feedback endócrino. O TRH hipotalâmico estimula a produção hipofisária de TSH, o qual, por sua vez, estimula a síntese e secreção dos hormônios tireoidianos. Os hormônios tireoidianos atuam por feedback negativo para inibir a produção de TRH e TSH. O ponto de ajuste nesse eixo é estabelecido pelo TSH. O TRH é o principal regulador positivo da síntese e secreção do TSH. O pico da secreção de TSH ocorre cerca de 15 minutos após a administração de TRH exógeno. Dopamina, glicocorticoides e somatostatina suprimem o TSH, porém não apresentam uma grande importância fisiológica, exceto quando esses agentes são administrados em doses farmacológicas. Os níveis reduzidos de hormônio tireoidiano elevam a produção basal de TSH e aumentam a estimulação de TSH mediada por TRH. Os altos níveis de hormônio tireoidiano suprimem rápida e diretamente a secreção e expressão gênica do TSH e inibem a estimulação do TSH pelo TRH, indicando que os hormônios tireoidianos constituem os reguladores dominantes da produção de TSH. O TSH é dosado utilizando ensaios imunorradiométricos, que são altamente sensíveis e específicos. Esses ensaios diferenciam prontamente os valores normais de TSH dos níveis suprimidos; por conseguinte, o TSH pode ser usado para estabelecer o diagnóstico de hipertireoidismo (TSH baixo), bem como de hipotireoidismo (TSH alto). Os hormônios tireoidianos derivam da Tg, uma grande glicoproteína iodada. Após ser secretada no folículo tireoidiano, a Tg é iodada aos resíduos de tirosina, que não subsequentemente acoplados por meio de uma ligação éter. A recaptação de Tg dentro da célula folicular da tireoide possibilita a proteólise e a liberação de T4 e T3 recém- sintetizadas. A captação do iodo é uma primeira etapa extremamente importante na síntese dos hormônios tireoidianos. Após a sua entrada na tireoide, o iodeto é captado e transportado até a membrana apical das células foliculares tireoidianas, onde é oxidado em uma reação de organificação que envolve a TPO e o peróxido de hidrogênio. O átomo de iodo reativo é acrescentado a resíduos selecionados de tirosil dentro da Tg, uma grande proteína dimérica (660 kDa) que consiste em 2.769 aminoácidos. A seguir, as iodotirosinas na Tg são acopladas por meio de ligação éter em uma reação também catalisada pela TPO. Tanto a T4 quanto a T3 podem ser produzidas por essa reação, 22 dependendo do número de átomos de iodo presentes nas iodotirosinas. Após o seu acoplamento, a Tg é levada de volta à célula tireoidiana, onde é processada nos lisossomos para liberar T4 e T3. As monoiodotirosinas e di-iodotirosinas (MIT, DIT) não acopladas são desiodinadas pela enzima desalogenase, reciclando, desse modo, qualquer iodo que não tenha sido transformado em hormônios tireoidianos. (Retirado de: Medicina Interna de Harrison, 19a edição, capítulo 399). Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Demonstrar a morfofisiologia hipofisária e as principais disfunções associadas. Atividades Práticas: Lab 1 Propedêutica Imagem: Entender o papel da RM na avaliação da hipófise. Lab 2 Anatomopatologia Discutir lâmina da hipófise (histologia normal e lâmina de adenoma). Lab 3 Patologia Clínica / Farmacologia Entender a dosagem de hormônios da hipófise. Palestras: 1º Palestra: Doença de Addison. 2º Palestra: Doença de Cushing. TICs: Objetivos: Conhecer os tipos de aldosteronismo. Correlacionar o tipo de hiperaldosteronismo encontrado na estenose de artéria renal. Diferenciar os aspectos clínicos da Síndrome de Cushing e Doença de Addison. Atividade: Estenose artéria renal - angioplastia / Doença de Cushing e Addison / Hiperaldosteronismo. Semana 5 – Sistema Endócrino Objetivos da semana: Estudar sobre neoplasia de tireoide. Orientações para Palestras 1 e 2: Compreender a fisiopatologia, etiologia, epidemiologia, manifestações clínicas e diagnóstico. 23 Compreender as alterações do PTH no organismo. S5P1: Quente ou frio Mércia tem 40 anos e estava fazendo sua maquiagem quando observou que na região da sua tireoide tinha um aumento à direita. Resolveu procurar sua médica, Dra. Roseane urgentemente, pois estava muito preocupada. - Doutora, estou com câncer, minha amiga foi a mesma coisa!!! - Acalme-se Mércia, vamos te examinar e solicitar uns exames primeiro para descobrir o que está acontecendo! Disponível em: http://www2.ebserh.gov.br/web/huwc-ufc/noticia-destaque/- /asset_publisher/Nm3SIn4Jbrre/content/id/1198319/2016-06-mutirao-de-prevencao-e-controle-das-doencas-da- tireoide-ocorre-sabado-4-. Objetivos: Compreender a fisiopatologia, etiologia, epidemiologia, manifestações clínicas e diagnóstico das neoplasias benignas e malignas da glândula tireoide. Orientações para os Tutores: Nódulos tireoidianos são encontrados frequentemente na prática médica e representam a principal manifestação clínica de uma série de doenças tireoidianas. Estudos epidemiológicos conduzidos em áreas suficientes em iodo têm demonstrado que 4% a 7% das mulheres e 1% dos homens adultos apresentam nódulo palpável. Entretanto, estudos ultrassonográficos demonstram que esta prevalência é ainda maior, variando de 19% a 67%, com maior incidência em mulheres e idosos. A grande importância no manejo dos nódulos tireoidianos baseia-se no fato de que, apesar da grande maioria representar lesões benignas, é necessário excluir o câncer da tireoide, que ocorre em 5% a 10% dos casos. Diante da detecção de um nódulo tireoidiano, história clínica completa e exame clínico cuidadoso deverão ser realizados, visando, principalmente, à definição das características do nódulo e à avaliação da presença de linfadenomegalia cervical e da função tireoidiana. Apesar da história clínica, na maioria das vezes, não ser sensível ou específica, existem alguns sintomas e/ou sinais que sugerem maior risco para malignidade. Dentro das neoplasias existem o adenoma e o carcinoma de tireoide. http://www2.ebserh.gov.br/web/huwc-ufc/noticia-destaque/- 24 Adenoma de tireoide: Os adenomas da tireoide são tipicamente massas solitárias, discretas e derivadas do epitélio folicular, e por isso são conhecidos como adenomas foliculares. Clinicamente, pode ser difícil distinguir os adenomas foliculares dos nódulos dominantes da hiperplasia folicular ou dos carcinomas foliculares menos comuns. Em geral, os adenomas foliculares não são precursores dos carcinomas; apesar disso, alterações genéticas compartilhadas suportam a possibilidade de que pelo menos um subgrupo de carcinomas foliculares surja em adenomas preexistentes (veradiante). Embora, em sua grande maioria, os adenomas sejam não funcionantes, uma pequena proporção produz hormônios tireoidianos e causa tirotoxicose clinicamente aparente. A produção hormonal em adenomas funcionais (“adenomas tóxicos”) é independente da estimulação do TSH e representa outro exemplo da autonomia tireoidiana, análoga ao bócio multinodular. Os principais subtipos de carcinoma tireoidiano e suas frequências relativas incluem o seguinte (ver Robbins Patologia): - Carcinoma papilar (>85% dos casos). - Carcinoma folicular (5% a 15% dos casos) - Carcinoma anaplásicos (indiferenciados) - Carcinoma medular (5% dos casos). S5P2: Conversa entre vizinhas Lúcia: - Não é na tireoide não, a médica explicou que é atrás. Mas disse que está grande e que deu um hormônio aumentado. Adelaide: - Mas ela acha que pode ser câncer? Lúcia: - Não quis nem saber! Vou é fazer todos os exames que ela pediu pra resolver logo isso. Objetivos de aprendizagem: Conhecer a fisiopatologia, etiologia, epidemiologia, manifestações clínicas e diagnóstico do hipo e hiperparatireoidismo. Discutir a abordagem terapêutica do hipo e hiperparatireoidismo. Orientações para os tutores: O hiperparatireoidismo é a causa mais frequente de hipercalcemia no paciente ambulatorial. Sua incidência anual vem caindo em alguns estudos para níveis de 0,04 por 1000 habitantes, e a causa para isso ainda é desconhecida, mas provavelmente está relacionada à alimentação mais adequada em vitamina D e redução da exposição à radiação ionizante. Pode ocorrer em qualquer idade, mas mais frequentemente na faixa 25 etária de 45 a 60 anos, sendo duas vezes mais comum em mulheres. Quando descoberto em crianças, provavelmente faz parte de NEMs ou de outras doenças genéticas. Em 85% dos casos, o HPP é decorrente de adenoma solitário de paratireoide, 15% de adenomas múltiplos ou hiperplasia e, raramente, em 0,5% dos casos por carcinoma de paratireoides. O diagnóstico do HPP é feito pela elevação do PTH (valor de referência – HCPA 14-72 pg/ml) na presença de hipercalcemia. Entretanto, em 20 a 25% dos casos, o PTH pode ser normal, mas geralmente no limite superior da normalidade. O hiperparatireoidismo normocalcêmico pode refletir um estágio mais inicial da doença ou estar associado à deficiência de vitamina D, à hipoalbuminemia, à doença celíaca assintomática e/ou à acidose. Este grupo de pacientes pode demonstrar alterações ósseas e desenvolvimento das outras manifestações clínicas clássicas do HPP ao longo do tempo. As causas de hiperparatireoidismo secundário devem ser excluídas, como deficiência de vitamina D, medicamentos (tiazídicos, lítio), insuficiência renal. O diagnóstico de hiperparatireoidismo terciário deve ser afastado nos pacientes renais crônicos. A maioria dos pacientes (80-90%) apresenta a forma assintomática da doença (ausência de envolvimento ósseo ou renal), com sintomas vagos e diagnóstico realizado por meio de exames de rotina. Entretanto, no Brasil, estima-se que no diagnóstico, 35% dos pacientes apresentam urolitíase e 25% doença óssea, sugerindo atraso no seu diagnóstico. Quanto ao envolvimento ósseo, o acometimento maior se dá sobre o osso cortical, como clavícula, rádio e crânio. Os sintomas mais comuns são dores ósseas, fraturas patológicas e fraqueza proximal, podendo também estar presentes deformidades e comprometimento da deambulação. A osteíte fibrosa cística ocorre em menos de 5% dos casos e radiologicamente pode se manifestar por reabsorção óssea subperiosteal (achado radiológico mais sensível e específico), nas falanges e nas porções distais das clavículas, além de rarefação tipo sal e pimenta no crânio. Outras lesões ósseas podem aparecer, como cistos ósseos ou áreas lucentes bem demarcadas, podendo corresponder a tumores marrons ou osteoclastomas. A hipercalciúria (> 4 mg/kg/dia) é identificada em aproximadamente 40% dos pacientes. Mais de 20% apresenta urolitíase ou nefrocalcinose por deposição de complexos de fosfato de cálcio no parênquima renal, e ultrassonografia de vias urinárias deve ser solicitada se suspeita clínica. Ainda podem ocorrer manifestações neurológicas, como a síndrome neuromuscular do HPP, que consiste em fraqueza muscular proximal e atrofia muscular, e as cardiovasculares, como hipertensão arterial. Sintomas gerais, como fadiga, fraqueza, indisposição e depressão, podem estar presentes. A paratireoidectomia é o tratamento de escolha da hipercalcemia do HPP, e não há dúvidas de sua indicação nos casos sintomáticos, chegando a índices de 98% de cura em casos de adenoma, quando realizada por cirurgião experiente. Entretanto, com o diagnóstico precoce, uma grande proporção dos pacientes é assintomática, e o tratamento deste grupo de pacientes é alvo de constante discussão na literatura. 26 Hipoparatireoidismo: O HPT ocorre como resultado de duas situações: secreção deficiente de PTH ou, mais raramente, resistência à ação do PTH, podendo resultar de causas adquiridas ou, mais raramente, de causas congênitas. As manifestações do HPT de qualquer etiologia ocorrem devido ao aumento da excitabilidade neuromuscular, tanto da musculatura esquelética quanto miocárdica, decorrente de hipocalcemia. Em geral, quanto menores os níveis de cálcio, maiores a riqueza e a intensidade dos sintomas. Os sintomas mais característicos da hipocalcemia são cãibras e parestesias (periférica e perioral). Nos casos mais graves, podem surgir tetania (contrações musculares involuntárias), espasmo carpopedal, laringospasmo, broncospasmo, convulsões e arritmias cardíacas, o que, em alguns casos, pode resultar em morte do paciente. Alterações dentárias, complicações renais e depressão também têm sido citadas. O diagnóstico é confirmado pela presença de níveis normais ou baixos de hormônio da paratireoide, também denominado paratormônio (PTH), intacto, concomitantes a concentrações baixas de cálcio e elevadas de fósforo no sangue, na presença de função renal preservada. A hipocalcemia tem múltiplas etiologias e, para uma definição adequada, é fundamental que haja coleta de história clínica e investigação bioquímica e hormonal apropriadas. Nesse contexto, o hipoparatireoidismo é facilmente distinguido do pseudo- hipoparatireoidismo, um distúrbio genético da resistência ao PTH, e de causas secundárias de hipocalcemia (p. ex., deficiência de vitamina D), nos quais os níveis séricos de PTH estão elevados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: VILAR, Lucio. Endocrinologia Clínica. Grupo GEN, 2020. 9788527737180. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527737180/. Acesso em: 05 jun. 2022. SILVEIRO, Sandra P.; SATLER, Fabíola. Rotinas em endocrinologia. Grupo A, 2015. 9788582712344. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582712344/. Acesso em: 05 jun. 2022. Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Apresentar a morfofisiologia das adrenais e compreender as principais disfunções associadas. Atividades Práticas: Lab 1 Propedêutica Imagem: Aprender sobre avaliação por imagem das adrenais. Lab 2 Anatomopatologia Rever lâminas de adrenal (córtex e medula) Lab 3 Patologia Clínica / Farmacologia Discutir a dosagem de cortisol, K+, Na+, Aldosterona, ACTH. Catecolaminas urinárias. 27 Palestras: 1º Palestra: Abordagem terapêutica do hipo e hipertireoidismo. 2º Palestra: Iodoterapia. TICs: Objetivos: Entender a política nacional de saúde LGBTT. Discutir conceitos de sexualidade e abordagem do pediatra frente a casos de ambiguidade genital. Revisar a ação da di-hidrotestosterona. Entender as manifestações clínicas da Hiperplasia Congênita da Adrenal. Atividade: Sexualidade / Ambiguidade genital na criança / Hiperplasia adrenal congênita / Política Nacional LGBTT / DHT.Orientações para Palestras Palestra 1: Mecanismo de ação, efeitos colaterais e interação medicamentosa. Palestra 2: Entender o princípio farmacodinâmico da iodoterapia no tratamento do câncer de tireoide. Discutir os principais efeitos adversos na terapia. Abordar eficácia do processo terapêutico no tratamento do câncer de tireoide. Abordar sobre biossegurança. 28 Semana 6 – Sistema Nervoso Objetivos da semana Estudar sinais e sintomas no paciente neurológico: AVC e Cefaleias. S6P1: Mancha na cabeça Dona Maria levou seu marido ao pronto socorro, após perceber pela manhã que ele estava com a boca torta, com dificuldade para falar e andar. Informa que ele é tabagista, tem pressão alta e que o coração às vezes dispara. Após atendimento médico, fez um exame cujo resultado apresentou a imagem abaixo. Disponível em: https://openi.nlm.nih.gov/imgs/512/276/2877050/PMC2877050_1476-511X-9-47-1.png Objetivos: Rever a morfofisiologia das principais estruturas do sistema nervoso central; Explicar a fisiopatologia do AVE isquêmico e hemorrágico; Identificar os fatores de risco para AVE. Diferenciar AVE isquêmico de hemorrágico na emergência. Instruções para tutores: Fisiopatologia do AVC isquêmico O termo AVC isquêmico é usado para descrever uma variedade de condições nas quais o fluxo sanguíneo para parte ou todo o cérebro é reduzido, resultando em danos aos tecidos. Embora em alguns casos isso possa ser uma condição crônica, a maioria dos acidentes vasculares cerebrais ocorre agudamente. A pesquisa nas últimas quatro décadas resultou em uma expansão significativa de nosso conhecimento e entendimento dos processos moleculares e celulares subjacentes à lesão celular induzida por isquemia. CLASSIFICAÇÃO A doença cerebrovascular é causada por um dos vários processos fisiopatológicos que envolvem os vasos sanguíneos do cérebro: ● O processo pode ser intrínseco ao vaso( ou seja, causas por fatores diretamente 29 relacionados à própria estrutura do vaso) como na aterosclerose, lipo-hialinose, inflamação, deposição de amiloide, dissecção arterial, malformação do desenvolvimento, dilatação aneurismática ou trombose venosa. ● O processo pode se originar remotamente(se origina em uma área distante do cérebro,)como ocorre quando uma embolia do coração ou a circulação extracraniana se aloja em um vaso intracraniano. ● O processo pode resultar de fluxo sanguíneo cerebral inadequado devido à diminuição da pressão de perfusão ou aumento da viscosidade do sangue. ● O processo pode resultar da ruptura de um vaso no espaço subaracnóideo ou no tecido intracerebral. CAUSAS DE AVC ISQUEMICO: Os três primeiros processos podem levar à isquemia cerebral transitória (ataque isquêmico transitório (AIT) ou infarto cerebral permanente (derrame isquêmico), enquanto o quarto resulta em hemorragia subaracnóidea ou hemorragia intracerebral (derrame hemorrágico primário). Isquemia cerebral transitória - A ICT agora é definida como um episódio transitório de disfunção neurológica causada por isquemia focal do cérebro, medula espinhal ou retina, sem infarto agudo. Essa definição de ICT baseada em tecidos baseia- se na ausência de lesão de órgão final, avaliada por imagem ou outras técnicas. As vantagens propostas da definição baseada em tecido são que o ponto final definido é biológico (lesão do tecido) e não arbitrário (24 horas). Hemorragia intracerebral - O sangramento na hemorragia intracerebral é geralmente derivado de arteríolas ou pequenas artérias. O sangramento é diretamente no cérebro, formando um hematoma localizado que se espalha ao longo dos caminhos da substância branca. A acumulação de sangue ocorre durante minutos ou horas; o hematoma aumenta gradualmente adicionando sangue em sua periferia como uma bola de neve rolando ladeira abaixo. As causas mais comuns de HIC são hipertensão, trauma, diáteses hemorrágicas, angiopatia amiloide, uso de drogas ilícitas (principalmente anfetaminas e cocaína) e malformações vasculares. Causas menos frequentes incluem sangramento em tumores, ruptura aneurismática e vasculite. Os sintomas neurológicos geralmente aumentam gradualmente ao longo de minutos ou algumas horas. Hemorragia subaracnóidea - A ruptura de aneurismas arteriais é a principal causa de hemorragia subaracnóidea (HAS). A ruptura do aneurisma libera sangue diretamente no líquido cefalorraquidiano (LCR) sob pressão arterial. O sangue se espalha rapidamente no LCR, aumentando rapidamente a pressão intracraniana. A morte ou coma profundo ocorre se o sangramento continuar. O sangramento geralmente dura apenas alguns segundos, mas o ressangramento é comum. Com outras causas de HAS que não a ruptura do aneurisma (por exemplo, malformações vasculares, diáteses hemorrágicas, trauma, angiopatia amiloide e uso de drogas ilícitas), o sangramento é menos abrupto e pode continuar por um longo período de tempo. Isquemia - Existem três subtipos principais de isquemia cerebral: 1- Trombose 2 - Embolia 3- Hipoperfusão sistêmica AVC trombótico - AVC trombótico é aquele em que o processo patológico que dá origem à formação de trombo em uma artéria produz um derrame, seja pelo fluxo 30 sanguíneo reduzido distalmente (baixo fluxo) ou por um fragmento embólico que se rompe e viaja para um vaso mais distante (artéria) embolia arterial). Todos os derrames trombóticos podem ser divididos em doenças de vasos grandes ou pequenos. ● A doença dos grandes vasos inclui o sistema arterial extracraniano e intracraniano; a aterotrombose é de longe o processo patológico mais comum. ● A doença de pequenos vasos refere-se especificamente às artérias penetrantes que surgem da artéria vertebral distal, da artéria basilar, do tronco da artéria cerebral média e das artérias do círculo de Willis. Essas artérias trombose devido à formação de ateroma na sua origem ou na artéria grande dos pais ou devido à lipo-hialinose (um acúmulo de hialina lipídica distalmente secundária à hipertensão). A doença penetrante da artéria (pequenos vasos) pode resultar em pequenos infartos profundos, geralmente referidos como lacunas. AVC embólico - Embolia refere-se a partículas de detritos originários de outros lugares que bloqueiam o acesso arterial a uma região cerebral específica. Como o processo não é local (como na trombose), a terapia local apenas resolve temporariamente o problema; outros eventos podem ocorrer se a fonte de embolia não for identificada e tratada. Hipoperfusão sistêmica - A hipoperfusão sistêmica é um problema circulatório mais geral, manifestando-se no cérebro e talvez em outros órgãos. A perfusão reduzida pode ser devida a falha da bomba cardíaca causada por parada cardíaca ou arritmia, ou 31 a débito cardíaco reduzido relacionado a isquemia miocárdica aguda, embolia pulmonar, derrame pericárdico ou sangramento. A hipoxemia pode reduzir ainda mais a quantidade de oxigênio transportada para o cérebro. CONSEQUÊNCIAS DA REDUÇÃO DO FLUXO DE SANGUE O cérebro humano é primorosamente sensível e suscetível a durações curtas de isquemia. O cérebro é responsável por grande parte do metabolismo do corpo e recebe cerca de 20% do débito cardíaco, embora seja apenas 2% do peso corporal. O cérebro contém pouca ou nenhuma reserva de energia própria e, portanto, depende do sangue para sua entrega. Mesmo uma breve privação pode levar à morte do tecido cerebral afetado. Durante o acidente vascular cerebral, a redução do fluxo sanguíneo para uma parte ou todo o cérebro resulta em uma privação de glicose e oxigênio. A maioria dos acidentes vasculares cerebrais é causada por isquemia focal, afetando apenas uma parte do cérebro, geralmente envolvendo um único vaso sanguíneo e seus ramos a jusante. A região diretamente ao redor do navio é a mais afetada. Dentro dessa região, as células em um núcleo central de tecido serão irreversivelmentedanificadas e morrerão por necrose se a duração da isquemia for longa o suficiente. A distâncias mais afastadas do vaso afetado, algumas células podem receber uma pequena quantidade de oxigênio e glicose por difusão de vasos colaterais. Essas células não morrem imediatamente e podem se recuperar se o fluxo sanguíneo for restaurado em tempo hábil. O núcleo central do tecido destinado a morrer, ou contendo tecido que já está morto, é chamado de infarto. A região do tecido potencialmente recuperável é conhecida como penumbra. Perda da integridade estrutural do cérebro - Isquemia e infarto cerebral levam à perda da integridade estrutural do tecido cerebral e dos vasos sanguíneos afetados. Esse processo de destruição de tecidos e ruptura neurovascular é mediado em parte pela liberação de várias proteases, particularmente as metaloproteases da matriz (MMP) que degradam colágenos e na lâmina basal. A perda da integridade vascular leva a uma quebra da barreira hematoencefálica e ao desenvolvimento de edema cerebral. Postula- se que a falha catastrófica da integridade vascular causa a conversão hemorrágica do infarto isquêmico, permitindo o extravasamento de constituintes sanguíneos no parênquima cerebral. Edema cerebral - O edema cerebral que complica o AVC pode causar danos secundários por vários mecanismos, incluindo aumento da pressão intracraniana, que pode diminuir o fluxo sanguíneo cerebral e efeito de massa, causando deslocamento do tecido cerebral de um compartimento para outro (por exemplo, hérnia), um processo que pode ser fatal. Dois tipos de edema cerebral podem ocorrer como consequência do acidente vascular cerebral isquêmico. ● O edema citotóxico é causado pela falha do transporte dependente de ATP de íons sódio e cálcio através da membrana celular. O resultado é o acúmulo de água e o inchaço dos elementos celulares do cérebro, incluindo neurônios, glia e células endoteliais. 32 ● O edema vasogênico é causado pelo aumento da permeabilidade ou quebra das células endoteliais vasculares do cérebro que constituem a barreira hematoencefálica. Isso permite que proteínas e outras macromoléculas entrem no espaço extracelular, resultando em aumento do volume de fluido extracelular. Isquemia versus hemorragia - A tomografia computadorizada (TC) sem contraste é geralmente o primeiro estudo de diagnóstico em pacientes com suspeita de acidente vascular cerebral. As principais vantagens do CT são o amplo acesso e a velocidade de aquisição. A TC é altamente sensível para o diagnóstico de hemorragia no quadro agudo. As hemorragias intracerebrais são evidentes quase instantaneamente após o início, como lesões focais hiperdensas brancas no parênquima cerebral. Hemorragias intracerebrais também podem ser definidas por ressonância magnética; o uso de sequências de suscetibilidade melhora a sensibilidade da ressonância magnética para detecção precoce de hemorragia. Imagens de eco gradiente também podem mostrar a presença de hemorragias antigas, pois essa técnica é muito sensível à hemossiderina, que pode permanecer indefinidamente nas hemorragias antigas. Pequenas hemorragias subaracnóideas podem ser detectadas por TC ou RM. A punção lombar pode ser necessária para o diagnóstico nesses pacientes. A ressonância magnética é mais sensível que a TC para o diagnóstico precoce de infarto cerebral, embora a TC possa identificar indicadores sutis de infarto dentro de seis horas após o início do AVC em um número significativo de pacientes. As sequências de ressonância magnética com recuperação de inversão atenuada por fluidos (FLAIR) e as imagens ponderadas por difusão (DWI-RM) são especialmente úteis para mostrar infartos logo após o início dos sintomas. Em pacientes com isquemia que ainda não apresentam infarto cerebral, a TC e a RM podem ser normais. Fatores de risco: ● A maioria dos acidentes vasculares cerebrais trombóticos e embólicos relacionados à aterosclerose ocorre em pacientes idosos. ● A HIC hipertensiva é mais comum entre negros e indivíduos de ascendência asiática do que entre brancos. ● As mulheres na pré-menopausa têm uma frequência mais baixa de aterosclerose do que os homens de idade semelhante, a menos que tenham fatores de risco de acidente vascular cerebral graves. ● Negros, asiáticos e mulheres têm menor incidência de doença oclusiva das artérias carótidas e vertebrais extracranianas do que os homens brancos. A hipertensão é o fator de risco de AVC mais comum e mais importante, incluindo hipertensão sistólica isolada. Estudos epidemiológicos mostram que há uma incidência gradualmente crescente de doença coronariana e acidente vascular cerebral, à medida que a pressão arterial sobe acima de 110/75 mmHg. O tabagismo aumenta a probabilidade de doença vascular oclusiva extracraniana, mais do que duplicando o risco de acidente vascular cerebral. 33 Vários outros fatores de risco para AVC foram identificados: ● O diabetes aumenta a probabilidade de doença oclusiva da artéria grande e pequena. ● O uso de anfetaminas aumenta a probabilidade de ICH e HAS, mas não de isquemia cerebral. ● Os acidentes vasculares cerebrais relacionados à cocaína geralmente são hemorrágicos (HIC e HAS), devido a aneurismas e malformações vasculares. A cocaína também está associada à isquemia cerebral, principalmente envolvendo as artérias intracranianas da circulação posterior; isso provavelmente se deve à vasoconstrição. ● As doenças cardíacas, incluindo doenças valvulares cardíacas, infarto do miocárdio prévio, fibrilação atrial e endocardite, aumentam a probabilidade de um acidente vascular cerebral devido a embolia. ● O acidente vascular cerebral durante o puerpério tem uma maior probabilidade de estar relacionado a trombose venosa ou arterial. ● A presença de um distúrbio hemorrágico conhecido ou a prescrição de varfarina ou outros anticoagulantes predispõe à hemorragia, no cérebro ou no líquido cefalorraquidiano (LCR). A ligação entre acidente vascular cerebral e uso de contraceptivos orais tem sido uma questão controversa. Estudos iniciais sugerindo essa associação foram realizados com contraceptivos orais contendo doses mais altas de estrogênio; o risco pode não ser tão grande com os contraceptivos orais atuais de baixa dose. Ataque isquêmico transitório prévio - Uma história de AIT (especialmente mais de um) no mesmo território que o acidente vascular cerebral favorece fortemente a presença de uma lesão vascular local (trombose). Ataques em mais de um território vascular sugerem embolia cerebral do coração ou da aorta. AITs não são uma característica da hemorragia cerebral. Atividade no início ou imediatamente antes do AVC - Hemorragias (ICH e HAS) podem ser precipitadas por sexo ou outra atividade física, enquanto os trombóticos são incomuns nessas circunstâncias. O trauma antes do AVC sugere dissecção traumática ou oclusão de artérias ou hemorragia cerebral traumática. Tosse súbita e espirros às vezes precipitam embolia cerebral. Da mesma forma, levantar-se durante a noite para urinar parece promover embolia cerebral (uma embolia matutinal). Estudos de imagem - Imagem cerebral e uma avaliação neurovascular abrangente devem ser obtidas para a maioria dos pacientes com suspeita de acidente vascular cerebral isquêmico agudo ou ataque isquêmico transitório. A imagem neurovascular é importante para determinar as fontes potenciais de embolia ou baixo fluxo no AVC isquêmico e detectar possíveis aneurismas ou malformações dos vasos no AVC hemorrágico. A localização e o tamanho de um infarto cerebral na TC ou RM podem ajudar ainda mais na distinção entre os subtipos de acidente vascular cerebral. 34 ● Pequenos infartos subcorticais (profundos) são mais comumente localizados nos gânglios da base, cápsula interna, tálamo e ponte. Eles estão potencialmente dentro do suprimento sanguíneode uma única artéria penetrante. A causa mais comum de um pequeno infarto profundo é o infarto lacunar devido a alterações degenerativas nas artérias penetrantes. ● O tronco cerebral rostral (mesencéfalo e tálamo), lobo occipital e infartos cerebelares são mais comumente causados por embolia cerebral. Por outro lado, grandes infartos subcorticais, infartos limitados ao córtex cerebral e infartos corticais e subcorticais são comumente causados por trombose ou embolia. REFERÊNCIAS: https://www.uptodate.com/contents/overview-of-the-evaluation-of- stroke?search=acidente%20vascular%20encefalico%20isquemico&source=search_resu lt&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1 https://www.uptodate.com/contents/overview-of-the-evaluation-of- stroke?search=acidente%20vascular%20encefalico%20isquemico&source=search_resu lt&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1 S6P2: Dores ao vento Ronaldo, 12 anos de idade, contou à sua professora de Ciências, que seu irmão Diogo passou mal, de repente, ontem à noite. Ele teve uma dor de cabeça muito forte do lado esquerdo do rosto, com lágrimas e vermelhidão só no olho esquerdo. Agora quer ser médico pois a médica da UPA o tratou usando o ar da mangueira verde e a dor passou 15 minutos depois. Objetivos: Revisar sinais e sintomas de alarme nas cefaleias; Discutir as principais cefaleias primárias; Conhecer as bases do tratamento das principais cefaleias primárias. Discutir quando e como investigar as cefaleias; Instruções para tutores: Cefaleias primárias 1. Enxaqueca 2. Cefaleia tipo tensão 3. Cefaleias trigémino-autonómicas 4. Outras cefaleias primárias A enxaqueca é uma perturbação cefalálgica primária, comum e incapacitante. Estudos epidemiológicos têm documentado a sua alta prevalência e impactos socioeconómicos e pessoais elevados. No Global Burden of Disease Survey 2010, foi http://www.uptodate.com/contents/overview-of-the-evaluation-of- http://www.uptodate.com/contents/overview-of-the-evaluation-of- 35 classificada como a terceira doença mais prevalente e a sétima causa específica de incapacidade no mundo. A enxaqueca tem dois subtipos principais. Enxaqueca sem aura é uma síndrome clínica caracterizada por cefaleia com características específicas e sintomas associados. Enxaqueca com aura é caracterizada, principalmente, pelos sintomas neurológicos focais transitórios que geralmente precedem ou frequentemente acompanham a cefaleia. Alguns doentes experimentam também uma fase premonitória, ocorrendo horas ou dias antes da cefaleia e uma fase de resolução de cefaleia. Os sintomas premonitórios e de resolução incluem hiperatividade, hipoatividade, depressão, desejos por certos alimentos, bocejos repetitivos, fadiga e rigidez e/ou dor da nuca. Quando um doente respeita os critérios para mais do que um subtipo de enxaqueca, todos os subtipos devem ser diagnosticados e codificados. Por exemplo, um doente que tem frequentes episódios com aura, mas também alguns episódios sem aura, deve ser codificado como Enxaqueca com aura e Enxaqueca sem aura. Episódios de ambos os tipos estão incluídos nos critérios diagnósticos para Enxaqueca crónica. Cefaleia tipo tensão Cefaleia do tipo tensão é muito comum, com uma prevalência ao longo da vida na população em geral entre 30% a 78% nos diferentes estudos, e com um alto impacto socioeconômico. Embora este tipo de cefaleia tenha sido previamente considerado como primariamente psicogênica, surgiram vários estudos após a publicação da ICHD-I sugerindo uma forte base neurobiológica, pelo menos, para os subtipos mais graves de cefaleia tipo tensão. A divisão da Cefaleia tipo tensão nos subtipos, episódico e crônico, que foi introduzida na ICHD-I, provou ser extremamente útil. Na ICHD-II, a forma episódica foi subdividida numa subforma pouco frequente com menos de um episódio de cefaleias por mês e numa subforma frequente. Cefaleia tipo tensão crônica é uma doença importante, comprometendo bastante a qualidade de vida e causando grande incapacidade. Cefaleia do tipo tensão episódica frequente pode estar associada a incapacidade considerável e, algumas vezes, requer tratamentos dispendiosos. Em contraste, a Cefaleia tipo tensão episódica pouco frequente, que ocorre em quase toda a população, habitualmente tem um impacto muito reduzido no indivíduo e, na maioria dos casos, não requer atenção do profissional médico. A distinção entre a Cefaleia tipo tensão episódica pouco frequente e a Cefaleia do tipo tensão episódica frequente separa os indivíduos que tipicamente não requerem intervenção médica e evita a atribuição da categoria de cefaleia grave à maioria da população, permitindo, contudo, a classificação da sua cefaleia. Cefaleia em salvas Crises de dor forte, estritamente unilateral, orbitária, supraorbitária, temporal ou qualquer combinação destes locais, durando 15-180 minutos, ocorrendo desde uma vez em cada 2 dias até 8 vezes por dia. A dor está associada a hiperemia conjuntival ipsilateral, lacrimejo, congestão nasal, rinorreia, sudorese da região frontal e da face, miose, ptose e/ou edema da pálpebra, e/ou inquietação ou agitação. As crises ocorrem 36 em séries, durando semanas ou meses (os chamados períodos de salvas) separadas por períodos de remissão que duram geralmente meses ou anos. Cerca de 10-15% dos pacientes têm Cefaleia em salvas crónica, sem esses períodos de remissão. Numa grande série com bom seguimento, um quarto dos doentes teve apenas um único período de salva. Estes doentes cumprem os critérios de/e devem ser classificados como Cefaleia em salvas. A dor de Cefaleia em salvas é máxima na região orbitária, supraorbitária, temporal ou em qualquer combinação destas áreas, mas pode estender-se a outras regiões. Durante as crises mais fortes, a intensidade da dor é excruciante. Geralmente, os doentes são incapazes de se deitar e, caracteristicamente, andam de um lado para o outro. Geralmente, a dor recorre no mesmo lado da cabeça, num período de salva individual. Durante um período de salva em Cefaleia em salvas episódica e em qualquer momento em Cefaleia em salvas crónica, as crises ocorrem regularmente e podem ser provocadas por álcool, histamina ou nitroglicerina. A idade de início compreende os 20-40 anos. Por razões desconhecidas, os homens são atingidos três vezes mais que as mulheres. As crises agudas envolvem a ativação da região da substância cinzenta hipotalâmica posterior. A Cefaleia em salvas pode ser autossômica dominante em cerca de 5% dos casos. Têm sido descritos alguns casos de doentes com Cefaleia em salvas e Nevralgia do trigêmeo (condição por vezes referida como síndrome salva-tic). Estes doentes devem receber os dois diagnósticos. A importância desta observação prende-se com o facto de as duas condições terem que ser tratadas para que o paciente fique livre de cefaleias. Cefaleia primária da tosse: Cefaleia desencadeada pela tosse ou outras manobras de Valsalva, mas não pelo exercício físico prolongado, na ausência de qualquer lesão intracraniana. Inicia-se momentos após a tosse, atinge o máximo da intensidade quase imediatamente e mantém-se depois, durante alguns segundos a minutos, (embora alguns doentes refiram uma cefaleia ligeira a moderada durante duas horas). É, geralmente, bilateral e de localização posterior e afeta predominantemente doentes com idade superior a 40 anos. Existe uma correlação significativa entre a frequência da tosse e a gravidade da dor de cabeça. Têm sido descritos sintomas associados, como a vertigem, náuseas e perturbações do sono, no máximo em dois terços dos doentes com 4.1 Cefaleia primária da tosse. Embora a indometacina (50-200mg/dia) seja habitualmente eficaz no tratamento da cefaleia primária da tosse, alguns casos sintomáticos podem também responder a esta medicação. A síndrome da cefaleia datosse é sintomática em cerca de 40% dos casos, a maioria dos quais apresenta malformação de Arnold-Chiari tipo 1. Dentro das outras causas relatadas, encontram-se a hipotensão de LCR, patologia carotídea ou vertebrobasilar, tumores da fossa média ou posterior do crânio, quistos da linha média, impressão basilar, platibasia, hematoma subdural, aneurismas cerebrais e a síndrome da vasoconstrição cerebral reversível. A investigação por neuroimagem tem um papel muito relevante no despiste de lesões ou anomalias intracranianas. Uma vez que os tumores infratentoriais são responsáveis por cerca de 50% das lesões ocupando espaço nas crianças, a cefaleia da tosse em idade pediátrica deve ser considerada sintomática até prova em contrário. 37 Cefaleia primária do exercício: Cefaleia primária do exercício ocorre predominantemente em climas quentes ou em grandes altitudes. Reconhecem-se alguns subtipos desta cefaleia, tal como a “cefaleia dos halterofilistas”, mas não são classificadas individualmente. Ao contrário da Cefaleia primária da tosse que pode ser desencadeada por uma sequência de esforços breves (i.e., manobras de Valsalva), a Cefaleia primária do exercício é em regra desencadeada pelo exercício físico mantido e intenso. O Tutor deve apenas exemplificar casos de cefaleia secundária. REFERÊNCIAS: Evaluation of children and and adolescents with recurrent headache: Report of the Qualitity Standards Subcommittee of the american Academy of Neurology and the Practice Committee of the child Neurology Society14. PROTOCOLO NACIONAL PARA DIAGNÓSTICO E MANEJO DAS CEFALEIAS NAS UNIDADES DE URGÊNCIA DO BRASIL - 2018 Academia Brasileira de Neurologia – Departamento Científico de Cefaleia Sociedade Brasileira de Cefaleia. Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Reconhecer a morfofisiologia da tireoide e as principais disfunções associadas. Atividades Práticas: Lab 1 Propedêutica Imagem: Entender a aplicação da ultrassonografia no estudo da tireoide. Lab 2 Anatomopatologia Compreender lâminas de tireoide hipo/hipertireoidismo. Câncer de tireoide. Lab 3 Patologia Clínica / Farmacologia Apresentar a dosagem dos hormônios tireoidianos; Anticorpos anti-tireoidianos. Palestras: 1° Palestra - Introdução à psicopatologia. 2° Palestra - Hipertensão Intracraniana. 3º Palestra: Cefaleias TICs: Objetivos: Entender o fluxo e a necessidade de atendimento precoce aos pacientes com AVC. Diferenciar AVC isquêmico do hemorrágico. Orientações para Palestras Palestra 1: Psicopatologia (definição e funções psíquicas elementares). Palestra 2: Compreender a síndrome de hipertensão intracraniana e sua fisiopatologia. Palestra 3: Classificação, etiologias, quadro clínico e abordagem terapêutica. 38 Compreender o manejo de um paciente com acidente vascular hemorrágico (incluindo trombólise). Atividade: Trombólise - manejo do AVC. Semana 7 – Saúde mental Objetivos da semana: Discutir sobre consciência e memória. S7P1: Consciente talvez, mas com pássaros na cama. Sr. Antônio está internado na enfermaria da neurologia pela segunda vez devido a um tumor. Houve piora do quadro e nesse segundo dia de internação refere estar sendo acompanhado por dois pássaros que não querem sair de sua cama. Durante o dia apresenta-se calmo, orientado no tempo, porém por vezes sem saber onde estava e com episódios de sonolência. À noite apresentou agitação, piorando também a desorientação. Não há antecedentes de alucinações, desorientações ou delírios. O médico assistente está acompanhado por dois residentes e faz os seguintes questionamentos: -As alterações da consciência são sempre patológicas? Objetivos: Reconhecer as alterações qualitativas e quantitativas da consciência (nível de consciência, alerta, responsividade, orientação, atenção e campo da consciência). Debater sobre as alterações patológicas e fisiológicas da consciência (sono, estado crepuscular, transe, dissociação). Discutir as doenças que podem provocar alterações da consciência (Delirium, estado crepuscular, estado de transe e experiência de quase morte). Instruções para tutores: DEFINIÇÕES BÁSICAS A definição neuropsicológica emprega o termo “consciência” no sentido de estado vígil (vigilância), o que, de certa forma, iguala a consciência ao grau de clareza do sensório. Consciência, aqui, é fundamentalmente o estado de estar desperto, acordado, vígil, lúcido. Trata-se especificamente do nível de consciência. Já a definição psicológica a conceitua como a soma total das experiências conscientes de um indivíduo em determinado momento. Nesse sentido, consciência é o que se designa campo da consciência. É a dimensão subjetiva da atividade psíquica do sujeito que se volta para a realidade. Na relação do Eu com o meio ambiente, a consciência é a capacidade do indivíduo de entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer os seus objetos. 39 NEUROPSICOLOGIA DA CONSCIÊNCIA O sistema Research Domain Criteria (RDoC) (https://www.nimh.nih.gov/research- priorities/rdoc) contém construtos psicológicos dimensionais relevantes tanto para o comportamento humano normal como para a psicopatologia. No campo da neuropsicologia da consciência, o RDoC propõe sistemas reguladores relacionados ao nível de consciência (arousal), os quais são responsáveis por gerar toda a ativação dos sistemas neurais nos vários contextos da vida. Eles têm por função produzir uma regulação adequada dos estados de consciência vígil (sujeito acordado) e dos períodos de sono. Segundo o RDoC, deve-se salientar que o nível de consciência é o continuum de sensibilidade e alerta do organismo perante os estímulos, tanto internos como externos. CAMPO DA CONSCIÊNCIA Ao voltar-se para a realidade, a consciência demarca um campo, no qual se pode delimitar um foco, ou parte central mais iluminada da consciência, e uma margem (franja ou umbral), que seria sua periferia menos iluminada, mais nebulosa. Segundo a psicopatologia clássica, é na margem da consciência que surgem os chamados automatismos mentais e os estados ditos subliminares. O inconsciente O conceito de inconsciente dinâmico e determinante da vida psíquica é um dos pilares mais importantes da psicanálise e da psicopatologia dinâmica com base na psicanálise. Freud ao longo de suas investigações, de que existem duas classes de inconsciente: o verdadeiro inconsciente e o inconsciente pré-consciente. O primeiro é fundamentalmente incapaz de consciência. Já o pré-consciente é composto por representações, ideias e sentimentos suscetíveis de recuperação por meio de esforço voluntário: fatos, lembranças, ideias que esquecemos, deixamos de lado, mas que podemos, a qualquer hora, evocar voluntariamente. Por sua vez, o inconsciente verdadeiro é muito diferente, inacessível à evocação voluntária; só tem acesso à via pré-consciente, e apenas por meio de uma técnica especial (hipnose, psicanálise, etc.) pode tornar-se consciente. A rigor, para Freud, o inconsciente verdadeiro só se revela por meio de subprodutos que surgem na consciência, as chamadas formações do inconsciente: os sonhos, os atos falhos, os chistes e os sintomas neuróticos. Características funcionais do inconsciente Para Freud, o inconsciente é bem mais do que um simples estado mental fora da consciência. Ele é, embora obscuro, a estrutura mental mais importante do psiquismo humano. Segundo Freud, o sistema inconsciente funciona regido pelo princípio do prazer por meio do processo primário em forma de condensação e deslocamento. É, também, isento de contradições mútuas e não apresenta referência ao tempo. ALTERAÇÕES NORMAIS DA CONSCIÊNCIA Ritmos circadianos As alterações normais da consciência ocorrem no contexto dos chamados ritmos circadianos. Segundo definição do RDoC, os ritmos circadianos são oscilações endógenashttp://www.nimh.nih.gov/research- 40 autossustentadas do ritmo biológico no período de um dia de 24 horas (que inclui centralmente as oscilações do nível de consciência da vigília e do sono), as quais, nesse intervalo, organizam a temporalidade dos sistemas biológicos do organismo e otimizam a fisiologia, o comportamento e a saúde. Sono O RDoC define sono e vigília (wakefulness) como estados comportamentais endógenos e recorrentes que expressam mudanças dinâmicas na organização da função cerebral e que otimizam aspectos como fisiologia, comportamento e saúde. Processos circadianos (do período de um dia de 24 horas) homeostáticos regulam a propensão do organismo à vigília e ao sono. O sono se caracteriza por: 1. ser um estado reversível, tipicamente expresso pela postura de repouso, comportamento quieto e redução da responsividade; 2. ter uma arquitetura neurofisiológica complexa, com estados cíclicos de sono não REM e de sono REM, tendo tais estados substratos neuronais distintos (neurotransmissores, moduladores, circuitos específicos) e propriedades oscilatórias do eletroencefalograma (EEG); 3. ter duração e intensidade dos seus vários períodos afetados por mecanismos de regulação homeostáticos; 4. ser afetado por experiências ocorridas durante a vigília; 5. ter efeitos restauradores e transformadores que otimizam funções neurocomportamentais da vigília. Pode-se, portanto, descrever o sono como um estado especial da consciência, que ocorre de forma recorrente e cíclica nos organismos superiores (Ayala-Guerrero, 1994). É também, ao mesmo tempo, um estado comportamental e uma fase fisiológica normal e necessária do organismo. Dividem-se as fases do sono em duas: o sono sincronizado, sem movimentos oculares rápidos (sono não REM), e o sono dessincronizado, com movimentos oculares rápidos – rapid eye movements (sono REM) (Aloé; Azevedo; Hasan, 2005). O sono sincronizado não REM caracteriza-se por atividade elétrica cerebral síncrona, com elementos eletroencefalográficos próprios, como os fusos do sono, os complexos K e as ondas lentas de grande amplitude. Há, nesse tipo de sono, diminuição da atividade do sistema nervoso autônomo simpático e aumento relativo do tônus do sistema nervoso autônomo parassimpático, permanecendo vários parâmetros fisiológicos estáveis em um nível de funcionamento mínimo, como as frequências cardíaca e respiratória, a pressão arterial, o débito cardíaco e os movimentos intestinais. Durante o sono não REM, ocorrem quatro estágios (Irwin, 2015): • Estágio 1: mais leve e superficial, com atividade regular do EEG de baixa voltagem, de 4 a 6 ciclos por segundo (2-5% do tempo total de sono). •Estágio 2: um pouco menos superficial, com traçado do EEG revelando aspecto fusiforme de 13 a 15 ciclos por segundo (fusos do sono) e algumas espículas de alta voltagem, denominadas complexos K (45-55% do tempo total de sono). 41 •Estágio 3: sono mais profundo, com traçado do EEG mais lentificado, com ondas delta, atividade de 0,5 a 2,5 ciclos por segundo, ondas de alta voltagem (3-8% do tempo total de sono). •Estágio 4: estágio de sono mais profundo, com predomínio de ondas delta e traçado bem lentificado. É mais difícil de despertar alguém nos estágios 3 e 4, podendo o indivíduo apresentar-se confuso ao ser despertado (10-15% do tempo total de sono). O sono REM, por sua vez, não se encaixa em nenhuma dessas quatro fases. Sua duração total em uma noite perfaz de 20 a 25% do tempo total de sono. É um estágio peculiar, cujo padrão do EEG é semelhante ao do Estágio 1 do não REM. O sono REM não é, entretanto, um sono leve, tampouco profundo, mas um tipo de sono qualitativamente diferente. Caracteriza-se por instabilidade no sistema nervoso autônomo simpático, com variações das frequências cardíaca e respiratória, da pressão arterial, do débito cardíaco e do fluxo sanguíneo cerebral. No sono REM, há um padrão de movimentos oculares rápidos e conjugados (movimentos oculares sacádicos), bem como um relaxamento muscular profundo e generalizado (atonia muscular), interrompido esporadicamente por contrações de pequenos grupos musculares, como os dos olhos. Além de irregularidade das frequências cardíaca e respiratória e da pressão sanguínea, ocorrem ereções penianas totais e parciais. É durante o sono REM que ocorre a maior parte dos sonhos, e, em 60 a 90% das vezes, se o indivíduo for despertado durante a fase REM, relatará que estava sonhando. Durante o sono REM, dá-se a ativação das vias neuronais que ligam o tronco cerebral ao córtex occipital (i.e., a área da visão); são as chamadas ondas ponto- genículo-occipitais. Tal ativação cerebral das áreas occipitais se relaciona ao caráter visual dos sonhos, como será visto adiante. Em uma noite normal de sono, as fases não REM e REM se repetem de forma cíclica a cada 70 a 110 minutos, com 4 a 6 ciclos completos por noite. O sono se inicia com o tipo não REM, havendo a sucessão dos Estágios de 1 a 4. O primeiro período REM, que geralmente é bem curto, ocorre cerca de 70 a 120 minutos após o indivíduo adormecer. Ao longo da noite, os períodos REM vão se tornando mais frequentes e prolongados, desaparecendo os Estágios 3 e 4. A maior quantidade de sono REM ocorre no último terço da noite, geralmente de madrugada (das 4 às 7h da manhã), momento em que a maioria das pessoas mais sonha. O Estágio 4, de forma oposta, ocorre predominantemente no primeiro terço da noite (Tavares; Aloé, 1998). ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA CONSCIÊNCIA A consciência pode se alterar tanto por processos fisiológicos, normais, como por processos patológicos. A seguir, são apresentados os quadros patológicos de alteração da consciência. Alterações patológicas quantitativas da consciência: rebaixamento do nível de consciência Em diversos quadros neurológicos e psicopatológicos, o nível de consciência diminui de forma progressiva, desde o estado normal, vígil, desperto, até o estado de coma profundo, no qual não há qualquer resquício de atividade consciente. 42 Os diversos graus de rebaixamento da consciência (Ramos Jr., 1986) são: 1) obnubilação, 2) torpor, 3) sopor e 4) coma. • 1º grau, obnubilação: turvação da consciência ou sonolência patológica leve. Trata-se do rebaixamento da consciência em grau leve a moderado. À inspeção inicial, o paciente pode já estar claramente sonolento ou parecer desperto, o que pode dificultar o diagnóstico desse estado. •2º grau, torpor: é um grau mais acentuado de rebaixamento da consciência. O paciente está evidentemente sonolento; responde ao ser chamado apenas de forma enérgica e, depois, volta ao estado de sonolência evidente. •3º grau, sopor: é um estado de marcante e profunda turvação da consciência, de sonolência intensa, da qual o indivíduo pode ser despertado apenas por um tempo muito curto, por estímulos muito enérgicos, do nível de uma dor intensa. Nesse momento, o paciente pode revelar fácies de dor e ter alguma gesticulação de defesa. •4º grau, coma: é a perda completa da consciência, o grau mais profundo de rebaixamento de seu nível. No estado de coma, não é possível qualquer atividade voluntária consciente. Os graus de intensidade de coma são classificados de I a IV: I, semicoma; II, coma superficial; III, coma profundo; e IV, coma dépassé. Síndromes psicopatológicas associadas ao rebaixamento prolongado do nível de consciência: Delirium Delirium é o termo atual mais adequado para designar a maior parte das síndromes confusionais agudas (o termo “paciente confuso”, muito usado em serviços de emergência e enfermarias médicas, refere-se a tais síndromes confusionais, ou seja, ao delirium). Cabe ressaltar que esses termos (síndrome confusional e paciente confuso) dão ênfase ao aspecto confuso do pensamento e do discurso do paciente (fala incongruente, com conteúdos absurdos e sem articulação lógica), umdos traços do delirium, mas não necessariamente o mais importante ou mais frequente. Daí a opção preferencial de se utilizar o termo delirium em vez de síndrome confusional. O delirium é uma das síndromes mais frequentes na prática clínica diária, principalmente em pacientes com doenças somáticas (emergências e enfermarias médicas e geriátricas) e idade avançada (Trzepacz; Meagher; Wise, 2006). O delirium diz respeito, portanto, aos vários quadros com rebaixamento leve a moderado do nível de consciência, acompanhados de desorientação temporoespacial, dificuldade de concentração, perplexidade, ansiedade em graus variáveis, agitação ou lentificação psicomotora, discurso ilógico e confuso e ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais. Trata-se de um quadro que oscila muito ao longo do dia. Geralmente, o paciente está com o sensório claro pela manhã, e, no início da tarde, o nível de consciência “afunda”, piorando no fim da tarde e à noite. Podem surgir, então, ilusões e alucinações visuais, bem como intensificar-se a desorientação e a confusão do pensamento e do discurso, com a possibilidade de haver também agitação psicomotora e sudorese. Não se deve confundir delirium (quadro sindrômico causado por alteração do nível de consciência, em pacientes com distúrbios cerebrais agudos) com o termo “delírio” (ideia 43 delirante; alteração do juízo de realidade encontrada principalmente em psicóticos esquizofrênicos ou em outras psicoses). Alterações qualitativas da consciência Além dos diversos estados de redução global do nível de consciência, a observação psicopatológica registra uma série de estados alterados da consciência, nos quais se tem mudança parcial ou focal do campo da consciência. Uma parte do campo da consciência está preservada, normal, e outra, alterada. De modo geral, há quase sempre, nessas alterações qualitativas, algum grau de rebaixamento (mesmo que mínimo) do nível de consciência (Sims, 1995). Trata-se de uma área muito controversa da semiologia psiquiátrica e da psicopatologia. Os neurologistas tendem a denominar tais alterações de distúrbios focais ou do conteúdo da consciência, enquanto os psiquiatras as definem como alterações qualitativas da consciência. Têm-se, então, as seguintes alterações qualitativas da consciência: 1. Estados crepusculares (état crepusculaire, twilight state, Dämmerzustand). Consistem em um estado patológico transitório no qual uma obnubilação leve da consciência (mais ou menos perceptível) é acompanhada de relativa conservação da atividade motora coordenada (Porot, 1967). O estado “crepuscular” caracteriza-se por surgir e desaparecer de forma abrupta e ter duração variável, de poucos minutos ou horas a algumas semanas (Sims, 1995). Durante esse estado, ocorrem, com certa frequência, atos explosivos violentos e episódios de descontrole emocional (podendo haver implicações legais de interesse à psicologia e à psiquiatria forense). Geralmente ocorre amnésia lacunar para o episódio inteiro, podendo o indivíduo se lembrar de alguns fragmentos isolados. 2. Estado segundo. Estado patológico transitório semelhante ao estado crepuscular, caracterizado por uma atividade psicomotora coordenada, a qual, entretanto, permanece estranha à personalidade do sujeito acometido e não se integra a ela. Com certa frequência, alguns autores utilizam os termos “estado segundo” e “estado crepuscular” de forma indistinta ou intercambiável. 3. Dissociação da consciência. Tal expressão designa a fragmentação ou a divisão do campo da consciência, ocorrendo perda da unidade psíquica comum do ser humano. O termo “dissociação” pode cobrir não apenas a consciência como também a memória, a percepção, a identidade e o controle motor (Krause-Utz et al., 2017). 4. Transe. Estado de alteração qualitativa da consciência que se assemelha a sonhar acordado, diferindo disso, porém, pela presença em geral de atividade motora automática e estereotipada acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários. O estado de transe ocorre sobretudo em contextos religiosos e culturais (espiritismo kardecista, religiões afro-brasileiras e religiões evangélicas pentecostais e neopentecostais). O transe dito extático pode ser induzido por treinamento místico- religioso, ocorrendo geralmente a sensação de fusão do eu com o universo. 5. Estado hipnótico. É um estado de consciência reduzida e estreitada e de atenção concentrada, que pode ser induzido por outra pessoa (hipnotizador). Trata-se de um 44 estado de consciência semelhante ao transe, no qual a sugestionabilidade do indivíduo está aumentada, e sua atenção, concentrada no hipnotizador. Experiência de quase-morte (near death experience – NDE) Um estado especial de consciência é verificado em situações críticas de ameaça grave à vida, como parada cardíaca, hipoxia grave, isquemias, acidente automobilístico grave, afogamento, quedas com trauma craniano, entre outras, quando alguns sobreviventes afirmam ter vivenciado as chamadas experiências de quase-morte (EQMs). São experiências muito rápidas (de segundos a minutos) em que um estado de consciência particular é vivenciado e registrado por essas pessoas. Estudos de revisão (Nelson et al., 2006) têm mostrado que as características mais frequentes desses estados (EQM) são as seguintes (em 55 casos revisados a partir da literatura científica internacional): sensação de paz (87%), de estar fora do próprio corpo (80%), de estar rodeado por uma luz intensa (78%), de estar em “outro mundo” (75%), sensações de “união cósmica” (67%), de ter atingido um “ponto de não retorno” (67%), de alegria intensa (64%), de “compreensão imediata” (60%) e de contato com uma “entidade mística” (55%). REFERÊNCIAS: DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Grupo A, 2019. 9788582715062. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582715062/. Acesso em: 30 mai. 2022. S7P2: Amnésia científica Após uma cirurgia experimental no cérebro, a evolução clínica do paciente H.M. trouxe lições fundamentais para a ciência. Foi possível concluir que existem diferentes tipos de memórias, e que elas podem ser processadas de modo consciente e inconsciente. Descobriu-se, também, que as memórias não estão dispersas difusamente no cérebro, como se acreditava. Áreas cerebrais distintas e específicas estão envolvidas nos diferentes tipos e estágios da formação e consolidação da memória. Adaptado de: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/o-paciente-hm/ Objetivos: Discutir as bases neurobiológicas da memória e os tipos de memória (segundo tempo de aquisição e estrutura cerebral envolvida). Debater sobre as alterações patológicas da memória (qualitativas e quantitativas). Instruções para tutores: DEFINIÇÕES BÁSICAS A memória é a capacidade de codificar, armazenar e evocar as experiências, impressões e fatos que ocorrem em nossas vidas. Tudo o que uma pessoa aprende em sua existência depende intimamente da memória. FASES OU ELEMENTOS BÁSICOS DA MEMÓRIA 45 Cabe, agora, apresentar a memória psicológica em suas três fases, ou elementos básicos: •Codificação: captar, adquirir e codificar informações. •Armazenamento: reter as informações de modo fidedigno. •Recuperação ou evocação: também denominada de lembranças ou recordações; é fase em que as informações são recuperadas para distintos fins. A codificação é o processo inicial da memorização. Ela depende muito da atenção. A evocação, a capacidade de acessar os dados fixados, seria a etapa final do processo de memória. Lembrança é a capacidade de acessar elementos no banco da memória de longo prazo. Reconhecimento é a capacidade de identificar uma informação apresentada ao sujeito com informações já disponíveis na memória de longo prazo. Esquecimento, por sua vez, é a denominação que se dá à impossibilidadede evocar e recordar. Memória segundo o tempo de aquisição, armazenamento e evocação Em relação ao processo temporal de aquisição, armazenamento e evocação de elementos mnêmicos, a neuropsicologia moderna divide a memória em quatro momentos temporais (Izquierdo, 2002; Foster, 2011): 1. Memória sensorial e depósito sensorial (até 1 segundo). Aqui, percepção, atenção e memória se sobrepõem. As memórias sensoriais são ricas (muitos conteúdos), mas muitíssimo breves (os conteúdos se apagam rapidamente). Quando estímulos visuais (memória icônica) ou auditivos (memória ecoica) são expostos ao indivíduo, ele capta (não de modo consciente) um número relativamente grande de informações, mas pode guardá-las apenas por um período muito curto. 2. Memória imediata ou de curtíssimo prazo (de poucos segundos até 1 a 3 minutos). Esse tipo de memória se confunde conceitualmente também com a atenção e com a memória de trabalho (que será abordada adiante). Trata-se da capacidade de reter o material (palavras, números, imagens, etc.) imediatamente após ser percebido, como reter um número telefônico para logo em seguida discar. 3. Memória recente ou de curto prazo (de poucos minutos até 3 a 6 horas). Refere-se à capacidade de reter a informação por curto período. Também é um tipo de memória de capacidade limitada. A memória recente depende de estruturas cerebrais das partes mediais dos lobos temporais, como a região CA1 do hipocampo, do córtex entorrinal, assim como do córtex parietal posterior (Izquierdo, 2002). 4. Memória de longo prazo ou remota (de dias, meses até muitos anos). É a função relacionada à transferência de informações para depósitos de longo prazo, tendo capacidade quase ilimitada. Ela também se relaciona à evocação de informações e acontecimentos ocorridos no passado, geralmente após muito tempo do evento (pode durar por toda a vida). Acredita-se que a memória remota se relacione tanto ao hipocampo, no processo de transferência de memórias recentes para memórias de longo prazo, como implicando também, para o armazenamento de longo, amplas e difusas áreas corticais de associação em todos os lobos cerebrais (mas principalmente nos frontais) (Kroll et al., 1997; Gazzaniga; Heatherton, 2005). BASES NEUROBIOLÓGICAS DA MEMÓRIA 46 Parece haver bastante concordância entre os pesquisadores de que, para o fenômeno da memorização ou engramação mnéstica, ou seja, para a formação das unidades de memória, as estruturas límbicas temporomediais, principalmente relacionadas ao hipocampo, à amígdala e ao córtex entorrinal, são fundamentais (Gordon, 1997; Izquierdo, 2002). Elas atuam, em especial, na consolidação dos registros e na transferência das unidades de memória de curto e médio prazos (intermediária) para a de longo prazo (estocagem da memória remota). O substrato neural da memória de longo prazo (registros bem consolidados) repousa basicamente no córtex cerebral, ou seja, nas áreas de associação neocorticais, principalmente frontais e temporoparietoccipitais. A interrupção bilateral do circuito hipocampo-mamilo-tálamo-cíngulo pode determinar a incapacidade de fixação de novos elementos mnêmicos, produzindo, assim, a síndrome amnéstica, de maior ou menor intensidade. As estruturas mais importantes para a memória são, certamente, os hipocampos. TIPOS ESPECÍFICOS DE MEMÓRIA Com o avançar das neurociências, não se pode mais falar em memória como processo unitário. Devemos, sim, falar em memórias ou tipos específicos de memória. Distinguem-se esses tipos de acordo com o caráter consciente ou não consciente do processamento do conteúdo mnêmico e com as áreas e estruturas cerebrais envolvidas (Kandel; Schwartz; Jessel, 1995; Miotto et al., 1996; Dalla Barba, 1998; Izquierdo, 2002; Budson; Price, 2005). Tipos dependentes do caráter consciente ou não consciente do processo mnêmico (memória explícita/declarativa versus implícita/não declarativa) Segundo o caráter consciente ou não consciente do processo mnêmico, têm-se as memórias explícita e implícita. A memória explícita (memória declarativa) é relacionada ao conhecimento consciente, obtido geralmente com algum esforço. Esse tipo de memória é adquirido e evocado com plena intervenção da consciência (Izquierdo, 2002), incluindo as lembranças de fatos autobiográficos (memória autobiográfica). Um episódio como ter almoçado no último domingo com a avó pode ser lembrado com algum esforço e de forma consciente. A memória explícita pode ser de imagens visuais, palavras, conceitos ou eventos. A memória implícita (memória sem consciência ou não declarativa) é um tipo de memória que adquirimos e utilizamos sem que percebamos, sem consciência e, geralmente, sem esforço. É uma forma relativamente automática e espontânea. Ela pode incluir procedimentos, como muitas habilidades motoras (andar de bicicleta, saber bordar, saber escovar os dentes), assim como conhecimentos gerais ancorados em palavras, que adquirimos e utilizamos sem perceber, como aprender e falar a língua materna. Tipos de memória classificados segundo a estrutura cerebral envolvida São quatro os principais tipos de memória que correspondem a estruturas cerebrais diversas. Esses quatro tipos são afetados de forma diferente nas doenças e condições que diminuem ou destroem a memória (p. ex., demências). São, nesse sentido, as principais formas de memória de interesse à semiologia neurológica, psicopatológica e neuropsicológica (Izquierdo, 2002; Budson; Price, 2005). São eles: 47 1.Memória de trabalho 2.Memória episódica 3.Memória semântica 4.Memória de procedimentos Memória de trabalho A memória de trabalho (working memory) situa-se entre os processos e habilidades da atenção e os da memória imediata. São exemplos de memória de trabalho ouvir um número telefônico e retê-lo na mente para, em seguida, discá-lo, assim como, ao dirigir em uma cidade desconhecida, perguntar sobre um endereço, receber a informação e a sugestão do trajeto e, mentalmente, executar o itinerário de forma progressiva. As regiões corticais pré-frontais são importantes para a integridade da memória de trabalho. Nas tarefas verbais, há maior envolvimento das áreas pré-frontais esquerdas, assim como das áreas de Broca (frontal esquerda inferior) e de Wernicke (temporal esquerda superior). Nas tarefas visuoespaciais (seguir mapas mentalmente, sair de labirintos gráficos e montar quebra-cabeças), há maior implicação das áreas pré-frontais direitas, assim como de zonas visuais de associação do carrefour temporoparietoccipital direito. Quando o córtex temporal é lesado, há prejuízo da memória de trabalho visual (mas a memória de trabalho espacial é preservada); quando há lesão dos lobos parietais, ocorre o oposto. Pacientes com lesões nas áreas cerebrais associadas aos conhecimentos semânticos (sentido das palavras), como o córtex dos lobos temporais laterais e temporoparietais, têm prejuízos nos desempenhos da memória de trabalho verbal. De modo geral, todas as condições que afetam as regiões pré-frontais causam alteração da memória de trabalho. Elas ocorrem em distintas condições clínicas, mas sobretudo nas demências, como: 1. demência frontotemporal (DFT), sobretudo na variante frontal da DFT 2.demência de Alzheimer (sobretudo na variante frontal desta demência) 3.demências vasculares e demência com corpos de Lewy A memória de trabalho pode também estar comprometida na esclerose múltipla e no traumatismo craniano. Na demência de Alzheimer, o componente “sistema executivo” parece ser o que mais está prejudicando na memória de trabalho. Memória episódica (Pause et al., 2013) Trata-se de memória explícita, de médio e longo prazos, relacionada a eventos específicos da experiência pessoal do indivíduo, ocorridos em determinado contexto. Relatar o que foi feito no último fim de semana é um típico exemplo de memória episódica.Ela corresponde a eventos específicos e concretos, comumente autobiográficos, bem circunscritos em determinado momento e local. Refere-se, assim, à recordação consciente de fatos reais. Esse tipo de memória depende, em essência, de mecanismos relacionados às regiões da face medial dos lobos temporais, particularmente o hipocampo e os córtices entorrinal e perirrinal. Quando tais áreas se deterioram, por exemplo, com o avançar da demência de Alzheimer, o paciente perde totalmente a capacidade de fixar e lembrar eventos ocorridos há poucos minutos ou horas, inclusive situações marcantes e significativas para ele. Os pacientes com síndrome de Wernicke-Korsakoff têm déficits graves na 48 memória episódica, uma condição relacionada a danos no diencéfalo, primariamente nos corpos mamilares, no trato mamilo-talâmico e no tálamo anterior. Respeitando a lei de Ribot, a memória remota de eventos antigos permanece mais tempo sem alterações. O hipocampo é um depósito transitório de memórias, uma estação de transferência de elementos recentemente registrados para um arquivo mais permanente de lembranças, localizado de modo difuso em amplas áreas do córtex dos distintos lobos cerebrais. A memória episódica interage constantemente com a memória semântica (de conhecimentos gerais e conceitos; ver adiante), contrastando ou se articulando com ela. Memória semântica Esse tipo de memória se refere ao aprendizado, à conservação e à utilização do arquivo geral de conceitos e conhecimentos do indivíduo (os chamados conhecimentos gerais sobre o mundo). Assim, conhecimentos como a cor do céu (azul) ou de um papagaio (verde), ou quantos dias há na semana (sete), são de caráter geral e se cristalizam por meio da linguagem, ou seja, também são de caráter semântico. Assim como a episódica, a memória semântica é frequentemente explícita (mas pode ser, eventualmente, implícita). Ela é, enfim, a representação de longo prazo dos conhecimentos que temos sobre o mundo, entre eles o significado das palavras, dos objetos e das ações. Na demência de Alzheimer, há alterações pronunciadas da memória semântica. Isso ocorre devido à deterioração das regiões mediais e ventrais dos lobos temporais e de regiões temporoparietais do hemisfério esquerdo. Na DFT, na variante que afeta mais os lobos temporais (variante semântica da DFT), ocorre significativa perda da memória semântica, o que leva a dificuldades nas tarefas de nomeação e compreensão de palavras isoladas, além de empobrecimento dos conhecimentos gerais (condição descrita por alguns autores como demência semântica). Na variante comportamental da DFT (que afeta mais os lobos frontais), a memória semântica pode estar menos comprometida. Memória de procedimentos Trata-se de um tipo de memória automática, não consciente. Exemplos desse tipo de memória são habilidades motoras e perceptuais mais ou menos complexas (andar de bicicleta, digitar no computador, tocar um instrumento musical, bordar, etc.), habilidades visuoespaciais (como a capacidade de aprender soluções de labirintos e quebra-cabeças) e habilidades automáticas relacionadas ao aprendizado de línguas (regras gramaticais incorporadas na fala automaticamente, decorar a conjugação de verbos de uma língua estrangeira, etc.). Aqui, a memorização ocorre de forma lenta, por meio de repetições e múltiplas tentativas. A localização da memória de procedimentos está relacionada com o sistema motor e/ou sensorial específico envolvido na tarefa. As principais áreas envolvidas são a área motora suplementar (lobos frontais), os núcleos da base (sobretudo o striatum) e o cerebelo. ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA MEMÓRIA: ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS Hipermnésias: Em alguns pacientes em mania ou hipomania, representações (elementos mnêmicos) afluem rapidamente, uma tempestade de informações ou imagens, ganhando em número, perdendo, porém, em clareza e precisão. A 49 hipermnésia, nesses casos, traduz mais a aceleração geral do ritmo psíquico que uma alteração propriamente da memória (Nobre de Melo, 1979). Há outro tipo de hipermnésia, chamada hipermnésia para memória autobiográfica. Trata-se de um fenômeno raro, no qual o indivíduo tem uma memória autobiográfica quase perfeita (Parker et al., 2006). Amnésias (ou hipomnésias): Denomina-se amnésia, de forma genérica, a perda da memória, seja da capacidade de fixar, seja da capacidade de manter e evocar antigos conteúdos mnêmicos. Segundo a lei de Ribot (atualmente denominada temporally graded amnesia), no indivíduo que sofre uma lesão ou doença cerebral, sempre que esse processo patológico atinja seus mecanismos mnêmicos de codificação, armazenamento e recordação, a perda dos elementos da memória (esquecimento) segue algumas regularidades: 1.O sujeito perde as lembranças e seus conteúdos na ordem e no sentido inverso que os adquiriu. 2. Consequência do item anterior, ele perde primeiro elementos recentemente adquiridos e, depois, os mais antigos. 3. Perde primeiro elementos mais complexos e, depois, os mais simples. 4. Perde primeiro os elementos mais estranhos, menos habituais e, só posteriormente, os mais familiares. Em relação aos processos fisiopatológicos, as amnésias podem ser divididas em dois grandes grupos: psicogênicas ou dissociativas e orgânicas. Nas amnésias dissociativas, ou psicogênicas, há perda de elementos mnêmicos seletivos, os quais podem ter valor psicológico específico (simbólico, afetivo). Já nas amnésias orgânicas, a perda de memória é geralmente menos seletiva, em relação ao conteúdo emocional e/ou simbólico do material esquecido, do que na amnésia psicogênica. Amnésia anterógrada e retrógrada: Na amnésia anterógrada, o indivíduo não consegue mais fixar elementos mnêmicos a partir do evento que lhe causou o dano cerebral. Já na amnésia retrógrada (verificável na amnésia dissociativa), o indivíduo perde a memória para fatos ocorridos antes do início do transtorno (ou trauma). De modo geral, é comum, após trauma cranioencefálico, a ocorrência de amnésias retroanterógradas, ou seja, déficits de fixação para o que ocorreu dias, semanas ou meses antes e depois do evento patógeno. Alterações qualitativas (paramnésias): As alterações qualitativas da memória envolvem sobretudo a deformação do processo de evocação de conteúdos mnêmicos previamente fixados. O indivíduo apresenta lembrança deformada que não corresponde à sensopercepção original. Os principais tipos de paramnésias são: 1. Ilusões mnêmicas. Nesse caso, há o acréscimo de elementos falsos a elementos da memória de fatos que realmente aconteceram. 2. Alucinações mnêmicas. São criações imaginativas, dotadas de sensorialidade, marcadamente com a aparência de lembranças ou reminiscências que não correspondem a qualquer elemento mnêmico, a qualquer lembrança verdadeira. 50 Criptomnésias: Trata-se de um falseamento da memória, em que as lembranças aparecem como fatos novos ao paciente, que não as reconhece como lembranças, vivendo-as como uma descoberta. Ecmnésia: Trata-se da recapitulação e da revivescência intensa, abreviada e panorâmica da existência, uma recordação condensada de muitos eventos passados, que ocorre em breve período. Lembrança obsessiva: A lembrança obsessiva, também denominada ideia fixa ou representação prevalente, manifesta-se como o surgimento espontâneo de imagens da memória ou conteúdos ideativos do passado que, uma vez instalados na consciência, não podem ser repelidos voluntariamente pelo indivíduo. REFERÊNCIAS: DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Grupo A, 2019. 9788582715062. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582715062/. Acesso em: 30 mai. 2022. Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Conhecer AVC e Cefaleias sob a ótica da imaginologia e farmacologia. Discutir imagens e aspectos farmacológicosno AVE Atividades Práticas: Lab 1 Propedêutica Imagem: Aprender a pesquisar as principais causas de AVE (aterosclerose e trombo cardíaco) e a diferenciar o AVE isquêmico e hemorrágico na TC. Lab 2 Anatomopatologia Apresentar a histopatologia do AVE isquêmico e hemorrágico. Lab 3 Patologia Clínica / Farmacologia Conhecer as principais características farmacológicas das classes dos antiagregantes, antitrombóticos e antilipêmicos. Palestras: 1° Palestra - Introdução aos fármacos que atuam no SN. 2° Palestra - Discutir as alterações orgânicas e psicológicas do reconhecimento. 3º Palestra - Sono TICs: Objetivos: Orientações para Palestras Palestra 1: Conhecer os fármacos que atuam no SN. Palestra 2: Discutir as alterações orgânicas (agnosias, anosognosias, simultanagnosias) e psicológicas do reconhecimento (falsos reconhecimentos e desconhecimentos, Sínd. de Capgras, deja-vu e jamais- vu). Palestra 3: Aspectos fisiológicos. 51 Conhecer o conceito de Instituições Totais. Entender o processo de desinstitucionalização da Saúde Mental e a Lei 10216. Descrever os critérios de internação psiquiátrica e conhecer as situações de vedação de internação. Atividade: Internação psiquiátrica / Desinstitucionalização / Lei 10216. Semana 8 – Sistema Nervoso Objetivos da semana: Compreender o conceito, abordagem e fatores hereditários da epilepsia. Conhecer os distúrbios extrapiramidais. Entender a fisiopatologia da Neurocisticercose. S8P1: O ataque Lucas, 7 anos, amanheceu muito desanimado e sem apetite, com tosse e coriza. Sua mãe Marina ficou observando o filho que ao final da tarde estava cada vez mais desanimado e iniciou quadro febril. De repente Lucas caiu e começou a se debater no chão, isso nunca havia acontecido. Marina tomou Lucas em seus braços e correu para o hospital. Marina só pensava: - Será que ele tem o mesmo mal do tio? Objetivos: Conhecer os princípios de hereditariedade das epilepsias; Diferenciar epilepsia de convulsão. Diferenciar crise convulsiva febril de crise convulsiva em vigência de febre. Conhecer os aspectos farmacodinâmicos anticonvulsivantes. Instruções para tutores: A epilepsia é uma doença cerebral crônica causada por diversas causas e caracterizada pela recorrência de crises epilépticas não provocadas. Esta condição tem consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais e prejudica diretamente a qualidade de vida do indivíduo afetado. As crises podem se manifestar com alterações da consciência ou eventos motores, sensitivos/sensoriais, autonômicos (por exemplo: suor excessivo, queda de pressão) ou psíquicos involuntários, percebidos pelo paciente ou por outra pessoa. A convulsão é apenas um tipo de ataque epilético. A convulsão é aquele tipo mais intenso, no qual a pessoa perde os sentidos e se debate, podendo morder a língua e urinar na roupa. No entanto, existem crises mais fracas, caracterizadas por breves desligamentos, formigamentos ou contrações restritas a alguns grupos musculares. Se ocorrerem de maneira recorrente, configuram epilepsia. 52 Epilepsia não é uma doença específica ou uma síndrome única, mas, sim, o sintoma de um grupo de condições neurológicas diversas que têm como característica comum a presença de crises epilépticas recorrentes, na ausência de fatores desencadeantes como condições tóxicas, metabólicas ou febre. Entre as doenças do sistema nervoso central, quase todas as que atingem a substância cinzenta e alguns processos da substância branca, assim como várias doenças sistêmicas, podem causar crises epilépticas. Na gênese das crises epilépticas, três fatores podem estar envolvidos: predisposição individual, presença de lesão estrutural cerebral e alterações bioquímicas ou elétricas cerebrais. Etiologia: epilepsias podem ser de três tipos: idiopáticas ou genéticas, ou seja, epilepsias não lesionais, provavelmente relacionadas à suscetibilidade genética; sintomáticas ou de causas estruturais, metabólicas, imunológicas e infecciosas, nas quais as crises são decorrentes de alterações cerebrais bem definidas; e as criptogênicas ou desconhecidas, ou seja, aquelas provavelmente lesionais ou genéticas, mas cuja causa ainda não pode ser detectada pelos métodos atualmente disponíveis. Embora crises epilépticas possam ocorrer em várias doenças neurológicas geneticamente determinadas – como a esclerose tuberosa, a síndrome do X frágil, as encefalopatias mitocondriais, entre outras –a maioria das epilepsias “isoladas” não apresenta um padrão evidente, e sua herança é considerada multifatorial. O risco genético é dependente do tipo de epilepsia. Para indivíduos com crises focais, o risco de que seus filhos desenvolvam epilepsia é de 3 a 5%, e para aqueles com crises generalizadas, de 6 a 12%. A propensão genética determina, por exemplo, a predisposição de um determinado indivíduo a apresentar crises quando exposto a fatores exógenos ou endógenos como febre, infecções, medicamentos ou traumatismo craniano. Convulsão febril simples: Convulsão do tipo generalizada na vigência de febre em crianças entre 6 meses e 5 anos de idade, sem evidência de infecção do sistema nervoso ou causas definidas, sem diagnóstico de epilepsia, com duração inferior a 15 minutos e sem recorrência nas próximas 24 horas. Convulsão febril complexa: A convulsão febril é considerada complexa caso apresente manifestações focais, com duração superior a 15 minutos ou com recorrências em 24 horas na vigência de febre. Pode ter período pós-ictal patológico, com paresia de Todd, por exemplo. O risco de desenvolvimento de epilepsia futura é maior que nas convulsões febris simples. Barbituratos anticonvulsivantes: O fenobarbital e o mefobarbital são agentes anticonvulsivantes seguros e de baixo custo. Entretanto, medicamentos que produzem menos sedação vêm substituindo os barbituratos como fármacos de escolha para a maioria dos tipos de convulsão em adultos. Mecanismo de ação: os barbituratos facilitam e prolongam os efeitos inibitórios do GABA. O mecanismo pelo qual o fenobarbital inibe as convulsões provavelmente envolve a potencialização da inibição sináptica por ação no receptor GABAérgico. Em concentrações terapêuticas relevantes, aumenta a duração do tempo de abertura do canal de cloreto, mediado pelo GABA. Hidantoínas: Os fármacos desta classe são fenitoína, etotoína, mefenitoína e fosfenitoína. A fenitoína (difenilidantoína) é eficaz em todos os tipos de crises epiléticas parciais e tônico-clônicas, mas não nas crises de ausência. Mecanismo de ação: esta classe de fármacos bloqueia os canais de sódio voltagem-dependentes e inibem a geração de potenciais de ação repetitivos. Carbamazepina: A carbamazepina é 53 considerada um fármaco de escolha para as convulsões parciais, sendo frequentemente usada para o tratamento das convulsões tônico-clônicas generalizadas. Uma vantagem clínica importante desses fármacos é que não são sedativos nas faixas terapêuticas comuns. Durante o seu uso, as funções renal e hepática e os parâmetros hematológicos devem ser monitorados. Mecanismo de ação: seu mecanismo de ação é análogo ao da fenitoína. Ela bloqueia os canais de sódio e inibe os disparos repetitivos de alta frequência nos neurônios; também age na pré-sinapse ao reduzir a transmissão sináptica, sendo provável que esses efeitos sejam responsáveis pelo seu efeito anticonvulsivante. Succinimidas: Esta classe de fármacos consiste em etossuximida, fensuximida e metossuximida, os principais agentes no tratamento das crises de ausência. Mecanismo de ação: bloqueio de canais de cálcio voltagem-dependentes. Ácido valproico: Ácido valproico foi introduzido originalmente como principal agente no tratamento das convulsões generalizadas (de ausência), mas provou ser também eficaz contra as convulsões parciais, tônico-clônicasgeneralizadas e mioclônicas. Mecanismo de ação: os mecanismos de ação possíveis desse fármaco incluem bloqueio de canais de sódio, bloqueio da transaminase GABA e ações nos canais de cálcio tipo T. Os mecanismos variados oferecem um amplo espectro de atividade contra crises epilépticas, sendo eficaz para o tratamento de epilepsias focais e primárias generalizadas. Benzodiazepínicos: A maioria dos benzodiazepínicos é reservada para emergências ou tratamento de crises agudas, em razão de sua tolerância. O Diazepam e o Lorazepam são usados no tratamento agudo intravenoso do estado epiléptico. O clorazepato é usado ocasionalmente como auxiliar nas convulsões parciais complexas. O clonazepam é um fármaco de ação longa, com eficácia comprovada contra as convulsões de ausência e também é um fármaco alternativo de escolha para as convulsões mioclônicas. O Diazepam também está disponível para administração retal, para evitar ou interromper convulsões tônico-clônicas generalizadas prolongadas ou agrupadas, quando a administração oral não é possível. Mecanismo de ação: os benzodiazepínicos se ligam ao receptor GABA e aumentam a eficiência da inibição sináptica GABAérgica. Gabapentina: A gabapentina é mais eficiente como fármaco anticonvulsivante, eficiente como auxiliar no tratamento das convulsões parciais e tônico-clônicas generalizadas. A gabapentina foi desenvolvida como um agonista do GABA de ação central e sua alta lipossolubilidade facilita sua permeabilidade através da membrana hematoencefálica. Mecanismo de ação: embora tenha uma estrutura similar à do GABA, não age sobre os receptores do GABA, podendo, entretanto, alterar o metabolismo desse neurotransmissor, sua liberação não sináptica ou a recaptação pelos transportadores do GABA. É observado um aumento na concentração de GABA no cérebro dos pacientes. Lamotrigina: A lamotrigina é útil no tratamento das convulsões parciais e de ausência e mioclônicas em crianças. A lamotrigina é útil como monoterapia e coadjuvante para o tratamento das crises parciais e tônico-clônicas secundariamente generalizadas dos adultos e da síndrome de Lennox-Gastaut das crianças e dos adultos. Essa síndrome é um distúrbio infantil que se caracteriza por vários tipos de convulsões, retardo mental e refratariedade ao tratamento anticonvulsivante. Mecanismo de ação: a lamotrigina bloqueia os canais de sódio, bem como os canais de cálcio alta voltagem- dependentes. Provavelmente, tal ação seja responsável pela sua eficácia na epilepsia focal. Sua eficácia nas crises de ausência generalizadas pode envolver ações sobre os canais de cálcio ativados por voltagem. Outros fármacos anticonvulsivantes: Levetiracetam, tiagabina, topiramato, felbamato, vigabatrina, perampanel. 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2019/Relatorio_PCDT_Epilepsia_CP 13_2019.pdf RODRIGUES, Marcelo M.; BERTOLUCCI, Paulo Henrique F. Neurologia para o Clínico- Geral. Editora Manole, 2014. 9788520452240. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520452240/. Acesso em: 01 jun. 2022. DA SILVA, Luciana R.; COSTA, Luanda Flores. Condutas pediátricas no pronto atendimento e na terapia intensiva 2a ed. Editora Manole, 9788520458013. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520458013/. Acesso em: 01 jun. 2022. BRUM, Lucimar Filot da S.; ROCKENBACH, Liliana; BELLICANTA, Patricia L. Farmacologia básica. Grupo A. 9788595025271. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595025271/. Acesso em: 01 jun. 2022. S8P2: Contando moedas. Objetivos: Disponível em: https://goobjoog.com/english/interrupting-parkinsons-disease/. Rever a morfofisiologia dos núcleos da base; Estudar os distúrbios extrapiramidais. Diferencias síndromes hipocinéticas de hipercinéticas. Conhecer os aspectos farmacodinâmicos dos antiparkinsonianos. Instruções para tutores: O termo extrapiramidal foi introduzido por Samuel Alexander Kinnier Wilson, em 1912, em um artigo em que descrevia um quadro familiar de degeneração hepatolenticular, o qual ficou conhecido como doença de Wilson. Este sistema é http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2019/Relatorio_PCDT_Epilepsia_CP 55 filogeneticamente mais primitivo que o sistema piramidal, e corresponde a um conjunto de estruturas anatômicas envolvidas no controle motor, particularmente no que se refere ao planejamento e coordenação de atividades motoras complexas. Este sistema engloba todos os sistemas de projeção não-piramidal envolvidos no controle motor. Suas principais estruturas não corticais são o tálamo, o cerebelo, os gânglios da base, constituídos pelo núcleo lentiforme (putâmen e globo pálido), núcleo caudado, substância negra e núcleo subtalâmico. TÁLAMO O tálamo no cérebro funciona como uma central de integração, conectando diferentes partes do sistema motor com o córtex motor. Ele é composto por grupos de núcleos que desempenham diversas funções: Grupo anterior: relacionado ao comportamento emocional e integra o circuito de Papez. Grupo posterior: envolvido nas vias auditiva e óptica. Grupo lateral: essencialmente ligado ao sistema motor, recebe informações dos gânglios da base e cerebelo e as envia para o córtex motor. Este grupo se divide em dorsal e ventral. Dentro do subgrupo ventral, os núcleos estão diretamente ligados ao sistema motor extrapiramidal: Núcleo ventral anterior: relacionado à motricidade somática e recebe muitas fibras do globo pálido. Núcleo ventral lateral: recebe informações do cerebelo e parte do globo pálido, enviando-as para o córtex motor. Núcleo ventral póstero-lateral: atua como um relé para vias sensitivas, transmitindo informações de tato e temperatura para o córtex. Núcleo ventral póstero-medial: recebe informações sensoriais da cabeça e as projeta para o córtex. Além disso, há o grupo mediano, que se conecta ao hipotálamo, e o grupo medial, que ativa o córtex cerebral, recebendo informações do sistema reticular ativador ascendente. O centro-mediano parece não ter conexões corticais, apenas com os gânglios da base. Aspectos Clínicos: As lesões talâmicas cursam com as mais diversas síndromes clínicas, uma vez que seus núcleos apresentam diferentes funções. As enfermidades que mais frequentemente cursam com comprometimento talâmico são as lesões vasculares e tumorais. As principais síndromes clínicas, de acordo com os grupos talâmicos afetados, são: Grupo anterior: déficit de atenção, acinesia, alterações de linguagem e amnésia; Grupo posterior: hemianestesia, dor, defeitos no campo visual, e déficit de atenção; Grupo lateral: perda sensitiva, dores paroxísticas e hemiataxia contralaterais a lado do corpo afetado, principalmente quando sua região posterior é afetada. Outros transtornos de movimentos observados em lesões destas estruturas são: distonia, 56 mioclonias e asterix. Heminegligência também pode cursar em lesões de núcleos deste grupo; Grupo medial: apatia, agitação, sonolência e coma. Cerebelo (já foi estudado) Núcleos da Base: Essas estruturas cerebrais são como uma orquestra que coordena e executa movimentos corporais. O neostriado recebe instruções do cérebro para controlar o movimento, o núcleo caudado está mais envolvido na aprendizagem, o putâmen executa as ordens do córtex motor, enquanto o globo pálido e a substância negra ajustam a intensidade e o ritmo dos movimentos. A dopamina atua como uma energia motivadora, acelerando ou desacelerando diferentes partes da orquestra, conforme necessário. Imagine que o cérebro é como uma estação de controle de tráfego, onde diferentes partes trabalham juntas para regular o movimento do trânsito, que neste caso seriam os impulsos motores. O complexo pálido medial/substância negra pars reticulata é como os semáforose as barreiras que controlam a saída do tráfego. Eles enviam sinais para o tálamo, que é como um centro de controle, que por sua vez direciona o tráfego para diferentes destinos, como o córtex motor, pré-motor e área motora suplementar. As vias que vão do complexo pálido interno/substância negra pars reticulata para o tálamo são como as estradas bloqueadas pelos semáforos. Elas usam um sinal de "pare" (GABA) para inibir o tráfego. As vias que partem do tálamo para o córtex são como as estradas liberadas pelos semáforos. Elas usam um sinal de "siga em frente" (glutamato) para permitir que o tráfego siga seu curso. A integração entre o neostriado e o complexo pálido medial/substância negra pars reticulata pode ocorrer de duas maneiras: Via direta: É como um atalho que permite o tráfego passar diretamente de uma estrada para outra, usando sinais de "pare" (GABA) e "siga em frente" (substância P) para controlar o fluxo. Via indireta: É como um desvio que leva o tráfego por um caminho mais longo. O neostriado envia sinais de "pare" (GABA) e encefalinas para o pálido lateral, que por sua vez envia sinais inibitórios (GABA) para o núcleo subtalâmico. Este último, então, envia sinais excitatórios (glutamato) de volta para o complexo pálido medial/substância negra pars reticulata, regulando o fluxo de forma mais complexa. Aspectos clínicos As disfunções dos gânglios da base podem ser classicamente divididas em dois grupos: 57 Síndrome hipocinética (parkinsonismo): são distúrbios do movimento caracterizados por movimentos lentos, rigidez muscular e diminuição da amplitude de movimento. Ocorre comprometimento da substância negra pars compacta, levando a uma redução da atividade do neostriado sobre as vias de saída direta e indireta. Essas alterações promovem intensificação da atividade inibitória do complexo pálido medial/ substância negra pars reticulata sobre o tálamo e, consequentemente, uma redução da estimulação cortical. O quadro clínico característico compõe-se de bradicinesia, hipertonia plástica, tremor de repouso de baixa frequência e elevada amplitude, além de instabilidade postural. Síndromes hipercinéticas (Coréia, balismo, distonia e atetose): São movimentos involuntários excessivos e rápidos. Ocorre comprometimento dos neurônios do neostriado que tem o GABA e a encefalina como neurotransmissores, levando a uma diminuição da atividade inibitória do complexo pálido medial/substância negra pars reticulata sobre o tálamo e consequente hiperatividade das projeções do tálamo sobe o córtex. Fármacos antiparkinsonianos: Levodopa: Mecanismo de ação: a dopamina não atravessa a barreira hematoencefálica nem tem efeito terapêutico na doença de Parkinson se administrada pelas vias convencionais. Entretanto, seu precursor, L-dopa (levodopa), é transportado pela barreira hematoencefálica para o cérebro, onde é rapidamente convertido em dopamina pela L-aminoácido descarboxilase (DOPA descarboxilase), uma enzima presente em vários tecidos do corpo, inclusive no cérebro. Para evitar a conversão prematura da levodopa em dopamina nos tecidos periféricos, ela costuma ser administrada com um inibidor da DOPA descarboxilase, como a carbidopa, que não atravessa a barreira hematoencefálica, evitando, assim, a conversão da levodopa em dopamina nesses tecidos. Tal combinação pode reduzir as exigências diárias de levodopa em aproximadamente 75% e diminui os efeitos adversos periféricos (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; KATZUNG; TREVOR, 2017). Agonistas do receptor dopaminérgico: Mecanismo de ação: os agonistas dopaminérgicos agem diretamente sobre os receptores, podendo ter um efeito benéfico adicional ao da levodopa. Esses fármacos não dependem da conversão enzimática para obter um metabólito ativo e atravessam rapidamente a barreira hematoencefálica. Mostram-se ativos por via oral. Os agonistas dopaminérgicos mais antigos, bromocriptina e pergolida, são derivados do esporão-do-centeio (ergot) e agem como agonistas parciais nos receptores D2 da dopamina no cérebro. Já os agentes dopaminérgicos mais novos, pramipexol e ropinirol, são agonistas seletivos de D3 e D2, respectivamente, com eficácia similar à dos agentes antigos. IMAOs: Mecanismo de ação: a selegilina é um inibidor parcialmente seletivo da MAO tipo B, a isoforma da enzima que metaboliza a dopamina em detrimento da norepinefrina e da serotonina. Ela retarda a decomposição da dopamina e, assim, pode aumentar os níveis desse neurotransmissor no cérebro, de origem endógena ou obtido no tratamento com a levodopa. 58 Amantadina: Mecanismo de ação: a amantadina inibe a estimulação da liberação da acetilcolina mediada pelo receptor NMDA no estriado de rato. Além desse efeito anticolinérgico, a amantadina pode potencializar a neurotransmissão dopaminérgica por aumentar a síntese ou a liberação da dopamina, ou inibir a recaptação da dopamina. Outros fármacos: Inibidores da catecol-O-metiltransferase, Fármacos antimuscarínicos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Cabreira, Verónica; Massano, João., Parkinson's Disease: Clinical Review and Update; Acta Med Port ; 32(10): 661-670, 2019 Oct 01. Godeiro Júnior, C O; Felício, A C; Prado, AG; Sistema Extrapiramidal: Anatomia e Síndromes Clínicas; Revista Neurociências v14 n1 - jan/mar, 2006. BRUM, Lucimar Filot da S.; ROCKENBACH, Liliana; BELLICANTA, Patricia L. Farmacologia básica. Grupo A. 9788595025271. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595025271/. Acesso em: 01 jun. 2022. Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Discutir as estruturas cerebrais e fármacos relacionadas a memória e ao nível de consciência. Debater delirium induzidos por fármacos. Atividades Práticas: Lab 1 Propedêutica Imagem: Conhecer as estruturas cerebrais relacionadas a memória e nível de consciência. Lab 2 Anatomopatologia Discutir a histopatologia do Tumor cerebral. Lab 3 Patologia Clínica / Farmacologia Conhecer as principais características farmacológicas dos ansiolíticos e do álcool. Discutir delirium induzidos por fármacos. Palestras: 1º Palestra - Mecanismo de ação dos antidepressivos. 2º Palestra - Epilepsia e Convulsão. 3º Palestra- Sd. Extrapiramidal. Semana 9 – Saúde Mental Objetivos da semana: Discutir sobre sensopercepção, pensamento, linguagem e juízo. Orientações para Palestras Palestra 1: Conhecer os fármacos antidepressivos. Farmacodinâmica dos antidepressivos. Palestra 2: Definição, fisiopatologia, incluindo abordagem inicial das principais bases farmacológicas na terapêutica. Palestra 3: Definição, fisiopatologia, abordagem terapêutica. 59 S9P1: Estranhas sensações. Procurando trazer uma discussão para o grupo dos internos de psiquiatria sobre sensopercepção, Dr. Caio traz o seguinte depoimento que leu no Instagram de um jovem alertando sobre o uso indevido de club drugs: “Foi apenas um comprimido, mas quando acordei o coração estava acelerado, vomitei muito. Disseram que eu fiquei agitado, dançando com as cadeiras e conversando com as paredes, falava sobre luzes de diferentes cores, que o chão se mexia, urinei na roupa..., mas, sinceramente, não lembro de nada.” E para iniciar, Dr. Caio instiga os alunos: - Existe uma função psíquica alterada neste relato. Quais os sinais e sintomas referentes a ela e prováveis etiologias? Objetivos: Rever as definições básicas da sensopercepção e sua correlação neuroanatômica. Discutir os conceitos da imagem real e imagem representativa. Reconhecer as alterações qualitativas e quantitativas da sensopercepção. Debater os indicativos de alterações sugestivas de organicidades das alterações sensoperceptivas. Discutir as alterações perceptivas induzidas por fármacos (psicofármacos e drogas de abuso). Instruções para tutores: A sensopercepção constitui a primeiraetapa da cognição, ou seja, do conhecimento do mundo externo. Este se refere aos objetos reais, isto é, àqueles que estão fora de nossa consciência. Sensação e percepção: A sensação é um fenômeno passivo, físico, periférico e objetivo (Alonso-Fernández, 1976), que resulta das alterações produzidas por estímulos externos sobre os órgãos sensoriais. Através da sensação, podemos distinguir as qualidades mais elementares dos objetos: cor, forma, peso, temperatura, consistência, textura, timbre, sabor etc. A percepção é um fenômeno ativo, psíquico, central e subjetivo (Alonso- 60 Fernández, 1976). É um fenômeno consciente, que resulta da integração das impressões sensoriais parciais e da associação destas às representações. A percepção está relacionada a identificação, reconhecimento e discriminação dos objetos. É o que dá significação às sensações. Imagem perceptiva e imagem representativa De acordo com Jaspers, são as seguintes as características da imagem perceptiva: •Corporeidade: os objetos são tridimensionais. •Extrojeção: os objetos estão localizados no espaço objetivo externo, isto é, fora da consciência. •Nitidez: os contornos dos objetos são precisos. •Frescor sensorial: a percepção é vívida. Por exemplo: as cores são brilhantes. •Estabilidade: a imagem é constante, não desaparece nem se modifica de uma hora para outra. •Ausência de influência pela vontade: a imagem é aceita passivamente pelo indivíduo, que não pode evocá-la nem modificá-la arbitrariamente. Para Jaspers, as representações podem apresentar todas as características das percepções, exceto a corporeidade e a extrojeção. Tipicamente, são estas as características da imagem representativa (ou mnêmica): •Ausência de corporeidade: a imagem é bidimensional. •Introjeção: o objeto está localizado no espaço subjetivo interno, isto é, na mente. •Imprecisão •Falta de frescor sensorial •Instabilidade •Possibilidade de influência pela vontade. Alterações quantitativas: -Agnosia: O termo agnosia foi criado por Sigmund Freud. A agnosia constitui um distúrbio do reconhecimento de estímulos visuais, auditivos ou táteis, na ausência de déficits sensoriais. As sensações continuam a ocorrer normalmente, porém não são associadas às representações e, assim, não se tornam significativas. Em outras palavras, há um comprometimento específico do ato perceptivo. Na agnosia visual, o doente é capaz de descrever a cor e a forma de um objeto, mas não o identifica. Ele não consegue dizer, por exemplo, que se trata de um guarda-chuva, nem dizer para que ele serve. Esse distúrbio está relacionado a lesões em áreas associativas corticais. -Hiperestesia: A hiperestesia (ou hiperpercepção) consiste em um aumento global da intensidade perceptiva: as impressões sensoriais tornam-se mais intensas, mais vívidas ou mais nítidas. Na modalidade visual, as cores ficam mais brilhantes. É observada na mania; na intoxicação por anfetamina, cocaína, maconha e alucinógenos (LSD, mescalina etc.); em algumas crises epilépticas; em quadros dissociativos; no hipertireoidismo. Alternativamente, a hiperestesia pode ser definida como uma hipersensibilidade a estímulos sensoriais comuns, que, patologicamente, se tornam desagradáveis. Nesse caso, por exemplo, ruídos de pequena intensidade tornam-se extremamente incômodos. Isso pode ocorrer na depressão, em estados de ansiedade, na enxaqueca, no autismo e na ressaca pós-intoxicação alcoólica. 61 -Hipoestesia: A hipoestesia (ou hipopercepção) consiste em uma diminuição global da intensidade perceptiva. O mundo parece mais escuro e sem brilho, a comida é insossa, os sons são abafados etc. Observa-se principalmente em quadros estuporosos (com abolição da psicomotricidade), sejam relacionados a depressão, esquizofrenia ou delirium. -Anestesia: A anestesia consiste na abolição da sensibilidade. É encontrada nas mesmas situações que a hipoestesia, e ainda em quadros conversivos (amaurose ou surdez histérica, anestesias em bota ou em luva), na intoxicação alcoólica, no coma. -Alucinação negativa: A alucinação negativa é definida como uma aparente ausência de registro sensorial de determinado objeto presente no campo sensorial do paciente; como, por exemplo, não ver uma pessoa que esteja diante de seus olhos. Por definição, os órgãos sensoriais estão íntegros. Esse fenômeno esteja relacionado a um mecanismo psicogênico, sendo observado em quadros conversivos. -Macropsia: Na macropsia, os objetos parecem, ao paciente, aumentados de tamanho. -Micropsia: Na micropsia, os objetos parecem menores do que realmente são. -Dismegalopsia: Na dismegalopsia, os objetos parecem deformados, algumas partes estão aumentadas ou diminuídas. A dismegalopsia, assim como a macropsia e a micropsia, ocorre mais frequentemente em quadros de delirium, na epilepsia temporal, na esquizofrenia e na intoxicação por alucinógenos. O distúrbio da autoimagem corporal que ocorre na anorexia nervosa – no qual o paciente, mesmo estando extremamente emagrecido, se vê como gordo – poderia ser classificado como macropsia. Alterações qualitativas: A ilusão, a pareidolia, a alucinação e a sinestesia representam as alterações qualitativas da sensopercepção: A sensopercepção nos principais transtornos mentais ESQUIZOFRENIA. A esquizofrenia apresenta grande riqueza alucinatória, especialmente na forma paranoide. Predominam as alucinações cenestésicas e auditivas. As alucinações visuais são raras. As pseudoalucinações parecem ser mais frequentes que as alucinações verdadeiras, mas, na prática, a distinção pode ser difícil. A sonorização do pensamento, vozes que dialogam entre si, vozes que tecem comentários sobre o comportamento do doente e sensações corporais (cenestésicas) impostas foram os sintomas sensoperceptivos incluídos por K. Schneider entre os de primeira ordem para o diagnóstico de esquizofrenia. Os quadros apático-abúlicos cursam com hipoestesia. 62 TRANSTORNOS DO HUMOR. Nos transtornos do humor podem ocorrer hiperestesia (na mania) ou hipoestesia (na depressão) e ilusões catatímicas. Nos quadros afetivos com sintomas psicóticos, as alucinações auditivas são as mais frequentes. DELIRIUM. No delirium predominam as ilusões e alucinações visuais, sendo difícil, na prática, diferenciar umas das outras. Alucinações auditivas e táteis não são raras. Na conceituação de Jaspers, seriam na verdade pseudoalucinações, em função da perda da lucidez de consciência. Pode haver hipoestesia, micropsia, macropsia e dismegalopsia. No delirium tremens, são comuns as zoopsias (visões de pequenos animais) e as alucinações liliputianas, além de alucinações táteis. ALUCINOSE ALCOÓLICA. Na alucinose alcoólica, predominam as alucinações auditivas, que possuem as características de uma alucinação verdadeira, e não de alucinose. INTOXICAÇÃO POR ALUCINÓGENOS. Durante o uso de mescalina, LSD etc., ocorrem hiperestesia, micropsia, macropsia e sinestesia. As alucinações são basicamente visuais, com um conteúdo muitas vezes de formas geométricas. Essas vivências alucinatórias poderiam ser classificadas como alucinoses, em função da preservação da crítica. EPILEPSIA. Nas crises parciais, como na aura epiléptica, podem ocorrer alucinoses. Nas crises parciais complexas, em que há estreitamento da consciência, muitas vezes são vivenciadas pseudoalucinações. DEMÊNCIA. A demência cortical pode cursar com agnosia. TRANSTORNO CONVERSIVO E TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS. Nos quadros conversivos, podem ocorrer hiperestesia, anestesia e alucinações negativas. Já nos quadros dissociativos, podem ser encontradas pseudoalucinações. Nestas costumam estar combinadas mais de uma modalidade sensorial ao mesmo tempo. Por exemplo, o paciente “vê” uma pessoa que na verdade não está presente e ainda “ouve” a voz dela. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CHENIAUX, Elie. Manual de Psicopatologia. GrupoGEN, 2020. 9788527737036. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527737036/. Acesso em: 01 jun. 2022. DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Grupo A, 2019. 9788582715062. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582715062/. Acesso em: 30 mai. 2022. S9P2: Grécia antiga. Dr. Lucas, o Nério começou a falar hoje que era o secretário de cultura da cidade e que a nossa casa era patrimônio histórico. Cancelou a reforma que estávamos fazendo, despediu os pedreiros e colou cartazes no muro convidando a população para uma exposição de ruínas da Grécia antiga. Está agitado, fala apressado e não escuta ninguém. Foi preciso eu chamar a polícia para conseguir contê-lo e trazê-lo para a consulta. O interno que acompanhava o atendimento perguntou ao preceptor Dr. Lucas: - Professor, seria alteração do pensamento ou do juízo? Objetivos: 63 Compreender os tipos de pensamento e as alterações do processo do pensar. Discutir sobre as alterações dos conceitos, dos juízos e do raciocínio. Compreender as definições psicológicas do juízo. Discutir as alterações patológicas e não patológicas do juízo. Instruções para tutores: O pensar A palavra pensar vem do verbo latino pendere, que significa ficar em suspenso, examinar, pesar, ponderar. O pensar está relacionado à antecipação de acontecimentos, ou seja, à construção de modelos da realidade e simulação do seu funcionamento. Atividades fundamentais do pensamento As atividades fundamentais do pensamento são: a elaboração de conceitos, a formação de juízos e o raciocínio. Um conceito identifica os atributos ou qualidades mais gerais e essenciais de um objeto ou fenômeno. É expresso por uma palavra. Está relacionado a abstração e generalização. Por exemplo: céu e azul são conceitos. O juízo estabelece uma relação entre dois ou mais conceitos. Consiste no ato da consciência de afirmar ou negar algum atributo ou qualidade a um objeto ou fenômeno. É composto por um sujeito, um verbo de ligação e um predicado. Por exemplo: “O céu é azul”. Raciocínio representa uma operação mental que relaciona juízos, levando à formação de novos juízos (ou conclusões). Por exemplo: “Todo homem é mortal”; “Sócrates é um homem”, portanto, “Sócrates é mortal” Um raciocínio pode ser indutivo (do particular para o geral), dedutivo (do geral para o particular), ou analógico (de um particular para outro particular). Alterações quantitativas do pensamento: Aceleração do curso: Na aceleração do curso do pensamento (ou taquipsiquismo), o paciente fala mais rápido; há maior produtividade ideativa e maior velocidade no processo associativo. Isso ocorre na mania, na intoxicação por cocaína ou anfetamina e nos estados de ansiedade ou agitação psicomotora. Alentecimento do curso: No alentecimento do curso do pensamento (ou retardo, ou inibição do pensamento, ou bradipsiquismo), o paciente fala mais devagar; há uma redução no número de ideias e representações, e inibição do processo associativo. Esse fenômeno – descrito por Wernicke, Aschafenburg e Lipmann – é tipicamente observado na depressão, ocorrendo também na demência e no estupor (abolição da psicomotricidade) do delirium ou da esquizofrenia catatônica. Interrupção do curso: A interrupção do curso (ou bloqueio do pensamento) foi descrita por Bleuler, sendo considerada uma alteração quase exclusiva da esquizofrenia. Kraepelin empregava o termo interceptação para esse mesmo fenômeno. Abruptamente, e sem qualquer motivo aparente, o paciente interrompe a sua fala, deixando de completar uma ideia. Algumas vezes a interrupção se dá no meio de uma frase, ou mesmo de uma palavra. Após um intervalo, que varia entre alguns poucos minutos e várias horas, o paciente pode completar o pensamento interrompido ou, o 64 que é mais frequente, inicia outro ciclo de pensamento, inteiramente diverso do anterior. Alterações qualitativas: Fuga de ideias: A fuga de ideias – descrita por Wernicke, Aschafenburg e Lipmann – caracteriza-se pela variação rápida e incessante de tema, com preservação da coerência do relato e da lógica na associação de ideias. A tendência dominante do pensamento está enfraquecida e, consequentemente, há um progressivo afastamento da ideia-alvo. Alternativamente, pode-se considerar que diversas ideias-alvo se sucedem em um pequeno espaço de tempo. O pensamento é facilmente desviado por estímulos externos; e as associações muitas vezes se dão por assonância (rimas) ou aliteração (repetição de consoantes) das palavras. A fuga de ideias está quase sempre associada a logorreia e aceleração do curso do pensamento. Trata-se de manifestação típica da síndrome maníaca primária, sendo ainda observada na intoxicação por cocaína ou anfetamina, na embriaguez alcoólica, na sífilis cerebral etc. Desagregação do pensamento: A desagregação do pensamento caracteriza-se por uma perda do sentido lógico na associação de ideias. Há a formação de associações novas, que são incompreensíveis, irracionais e extravagantes. Como consequência, altera-se a sintaxe do discurso, que se torna incoerente, fragmentado e, muitas vezes, ininteligível. A desagregação do pensamento ocorre na esquizofrenia, no delirium, na demência avançada e, ocasionalmente, em casos de extrema agitação maníaca. Prolixidade: A prolixidade, que foi descrita por Lipmann e Edel, caracteriza-se por um discurso repleto de detalhes irrelevantes, o que o torna tedioso; a ideia-alvo jamais é alcançada ou só o é tardiamente. Decorre de uma incapacidade de síntese, de distinguir o essencial do acessório. Minuciosidade: A minuciosidade caracteriza-se por um discurso com um número excessivo de detalhes relevantes. Estes são introduzidos para enriquecer a comunicação e, ansiosamente, para evitar quaisquer possíveis omissões. É encontrada no transtorno obsessivo-compulsivo e no transtorno da personalidade obsessiva (anancástica). Perseveração: A perseveração, descrita por Pick, caracteriza-se por recorrência excessiva e inadequada no discurso do mesmo tema, ou dificuldade em abandonar determinado tema. Consiste em perda da flexibilidade do pensamento. Há fixação persistente de uma única ideia-alvo e empobrecimento dos processos associativos. Concretismo: O concretismo (ou pensamento empobrecido) caracteriza-se por um discurso pobre em conceitos abstratos, em metáforas e analogias. Há uma intensa adesão ao nível sensorial e imediato da experiência. Ocorre na demência, no delirium, no retardo mental e na esquizofrenia. Ideias delirantes: As ideias delirantes (ou delírios), assim como as ideias deliroides e as prevalentes, são consideradas pela maioria dos autores como alterações do conteúdo do pensamento. DEFINIÇÕES PSICOLÓGICAS DO JUÍZO: O ajuizar, isto é, produzir juízos, é uma atividade humana por excelência. Quando articulamos dois conceitos, duas ideias, como mesa e estudo, e afirmamos a proposição “está é uma mesa de estudo”, estamos formando juízos. Ajuizar quer dizer julgar. Todo juízo implica, certamente, um julgamento, que, por um lado, é subjetivo, individual e, 65 por outro, social, produzido historicamente, em consonância com os determinantes socioculturais. É preciso lembrar que as alterações do juízo de realidade são alterações do pensamento. Juízos falsos podem ser produzidos de inúmeras formas e podem ser ou não ser patológicos. Em psicopatologia, a primeira distinção essencial a se fazer é entre o erro simples, não determinado por processo mórbido (por transtornos mentais), e as diversas formas de juízos falsos determinados por transtornos mentais, sendo a principal delas o delírio. Definição clássica de delírio: De acordo com Karl Jaspers (1987), ideias delirantes (ou delírios) são juízos patologicamente falsos, que possuem as seguintes características externas:acompanham-se de uma convicção extraordinária, não são suscetíveis à influência e possuem um conteúdo impossível. Delírio como um juízo falso: O delírio constitui uma alteração relacionada à formação de juízos. Através dos juízos, discernimos a verdade do erro. Através do juízo de realidade, distinguimos o que é real do que é fruto de nossa imaginação. Todavia, nem todos os juízos falsos são patológicos. O erro – que também constitui um juízo falso – distingue-se do delírio por originar-se na ignorância, no julgamento apressado ou em premissas falsas, e por ser passível de correção pelos dados da realidade. Além disso, há juízos que são considerados delirantes mesmo não sendo falsos. Pode-se afirmar que um juízo que coincide com a realidade é delirante quando há incoerência entre a crença e as evidências apresentadas para justificá-la. Por exemplo: o indivíduo que realmente está sendo traído descobre que a mulher lhe é infiel ao ouvir um cachorro latindo. Ou seja, o juízo é verdadeiro, mas o raciocínio foi patológico: chegou-se ao destino correto por um caminho errado. MECANISMOS FORMADORES (OU SUBSTÂNCIA PRIMORDIAL) DO DELÍRIO: O delírio intuitivo corresponde à cognição delirante, é um fenômeno primário; sendo característico da esquizofrenia. O delírio imaginativo é secundário a uma atividade imaginativa patologicamente aumentada; é típico da antiga parafrenia. O delírio fantástico (ver adiante) tem como base uma exacerbação da atividade imaginativa. O delírio catatímico é secundário a um distúrbio básico do humor; ocorre nas síndromes maníaca e depressiva. Por exemplo, por se sentir muito feliz e cheio de energia, o maníaco pensa que tem poderes paranormais; por estar muito triste e desanimado, o deprimido julga ser um grande pecador e estar sendo punido por Deus. O delírio interpretativo é secundário a alterações patológicas da personalidade, que levam o indivíduo a atribuir a posteriori significados patológicos, em geral autorreferentes, a situações corriqueiras. A lógica é preservada, e o conteúdo é verossímil. É típico do transtorno delirante. Foi descrito inicialmente por Sérieux e Capgras, em 1909. A seguinte situação configuraria um delírio interpretativo. Um indivíduo se aproxima de um grupo de pessoas que estão conversando, e elas param de falar quando ele chega. Ele então desenvolve a convicção de que estavam tramando alguma coisa contra ele, mesmo sem ter ouvido nada do que falavam. 66 O delírio sensorial é secundário a ilusões e alucinações; ocorre na esquizofrenia, na alucinose alcoólica etc. Por exemplo, o indivíduo passa a acreditar que vão matá-lo após ouvir uma voz que lhe diz exatamente isso. O delírio oniroide é secundário às alterações sensoperceptivas e do pensamento observadas nos quadros de delirium, que, por definição, cursam com rebaixamento do nível de consciência. O delírio mnêmico é secundário à atividade fabulatória de pacientes amnésicos ou demenciados. Por exemplo, o indivíduo falsamente se lembra de ter sido ameaçado por seu vizinho, e passa a acreditar que ele planeja matá-lo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CHENIAUX, Elie. Manual de Psicopatologia. Grupo GEN, 2020. 9788527737036. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527737036/. Acesso em: 01 jun. 2022. DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Grupo A, 2019. 9788582715062. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582715062/. Acesso em: 30 mai. 2022. Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado: Compreender a avaliação imagiológica da epilepsia. Reconhecer as alterações macro/micro (neurocisticercose e neurocriptococose). Atividades Práticas: Lab 1 Propedêutica Imagem: Discutir o papel da RM na avaliação do paciente com epilepsia. Lab 2 Anatomopatologia: Apresentar as características histopatológica da neurocriptococose e neurocisticercose. Lab 3 Farmacologia: Conhecer as principais características farmacológicas do tratamento da neurocriptococose e neurocisticercose. Palestras: 1º Palestra: Síndromes demenciais. 2º Palestra: Linguagem. Orientações para Palestras: Palestra 1: Etiologia, fisiopatologia, epidemiologia, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento das síndromes demenciais. Palestra 2: Definições básicas, aspectos neurobiológicos e funções da linguagem. Debater as alterações patológicas da linguagem. 67 Atividade: Huntington / Parkinson / Alzheimer / Corpos de Lewi. Semana 10 – Sistema Nervoso Objetivos da semana: Debater sobre intoxicação exógena. Compreender os processos infecciosos no SNC. Compreender síndromes meníngeas. S10P1: O surto do medo "O medo de um surto de meningite tipo C, o mais perigoso deles, levou 300 funcionários terceirizados que trabalhavam em uma obra em Ouro Branco (MG) a pedirem demissão. Dois operários já tiveram a doença confirmada, sendo que um deles, de 19 anos, morreu na última sexta-feira. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, pelo menos outros 17 trabalhadores estão internados com sintomas da doença, como dor de cabeça, febre alta e vômitos e estão em isolamento. Um deles chegou a ser levado para o Centro de Terapia Intensiva (CTI), mas já voltou para o quarto. Até a tarde desta terça-feira (19), ainda não havia sido divulgado o resultado dos exames realizados pela Fundação Ezequiel Dias, em Belo Horizonte, nos outros operários que estão internados. Em agosto, duas pessoas já haviam morrido vítimas da doença na cidade". Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/medo-de-surto-de-meningite-provoca- demissoes-em-mg-92vhtdiwx64jkuiwoezb5tlji/. Objetivos: Revisar a morfofisiologia das meninges; Compreender os processos infecciosos no SNC e mecanismo de transmissão; Compreender as síndromes meníngeas; Conhecer as medidas de prevenção e controle. Instruções para tutores: As meningites são processos infecciosos e/ou inflamatórios agudos, que acometem por contiguidade ou via hematogênica, as meninges e o espaço http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/medo-de-surto-de-meningite-provoca- http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/medo-de-surto-de-meningite-provoca- http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/medo-de-surto-de-meningite-provoca- 68 subaracnóideo. Elas associam-se ao morbimortalidade significativa. A sua gravidade clínica indica a importância de seu reconhecimento precoce. O evento fisiopatológico principal é a reação inflamatória induzida por microrganismos invasores, responsáveis pela maioria das manifestações neurológicas e suas complicações. As infecções do SNC podem cursar até três síndromes clínicas: toxemia com alteração intensa do estado geral, síndrome febril, confusão mental com delírio; hipertensão intracraniana (cefaleia, náuseas e vômitos) e irritação meníngea (rigidez nucal, desconforto lombar, sinais de Kernig e Brudzinski). Os principais agentes etiológicos, assim como suas prevalências, são diferentes, conforme a faixa etária e o estado imunológico dos pacientes. Para o diagnóstico diferencial das meningites a avaliação clínica é o passo inicial e fundamental em que, através da anamnese, busca-se investigar a ocorrência de infecções prévias, vômitos e náuseas; cervicalgia, cefaleia, história vacinal e comorbidades, em especial, imunodeficiências. O exame do líquor é procedimento de escolha para o diagnóstico de meningites, salvo contraindicações. Meningite bacteriana aguda (MBA): A incidência anual estimada é de 0,6-4 por 100 mil adultos, em países desenvolvidos, e de 3,1 por 100mil habitantes, no Brasil. Os estudos retrospectivos e prospectivos, que foram realizados recentes, relatam uma taxa de mortalidade em torno de 13-27%, apesar da administração de terapêutica adequada. O líquor revela: aspecto purulento; pleocitótico com 1.000 a10.000 células/mm3, sendo mais de 90% de neutrófilos; com hipoglicorraquia (2/3 da glicemia, podendo ser indetectável) e hiperproteinorraquia. A coloração, pelo Gram, permite a visualização de microrganismos, em cerca de 60%, e a cultura é positiva, em mais de 80% dos casos. A pesquisa de antígenos por aglutinação em látex é comumente utilizada. Os exames de imagem possuem indicações limitadas. Nas Mengites bacterianas por meningococo, o paciente deve ficar em isolamento respiratório para gotículas até completar 24 horas de antibiótico. Meninginte e meningoencefalite virais: Apresentam sintomatologia similar à MBA, porém, com menos intensidade. Os sinais neurológicos focais (deficiência motora, assimetria de reflexos, alterações da coordenação) e as crises convulsivas parciais ou generalizadas são mais frequentes quando há acometimento do parênquima cerebral. O líquor apresenta aspecto normal ou turvo, com pleocitose linfocitária (> 60%), proteinorraquia normal ou discretamente alterada (80-100mg/dL) e glicorraquia normal. A pesquisa monoclonal de antígenos virais (para enterovírus) e a reação em cadeia de polimerase para HSV 1 e 2 devem ser realizadas devido à possibilidade de tratamento medicamentoso para o HSV 1 e 2. A confirmação da etiologia viral evita gastos desnecessários com antibioticoterapia, antivirais e suporte hospitalar. Meningoencefalite herpética (MEH): É caracterizada por expressão clínica progressiva, com manifestações das três síndromes encontradas nas infecções do SNC, porém menos intensas. A sua evolução, em geral, é aguda e com menos frequência subaguda, em que realçam as crises convulsivas, alterações de comportamento e memória, agressividade e acometimento do parênquima cerebral. O líquor apresenta pleocitose linfocítica ou mista (50-100 leucócitos/mm3), discreta elevação proteica e 69 glicose normal. Sem o tratamento adequado, em poucos dias, pode evoluir para o coma ou morte. Neurotuberculose: Assemelha-se à MBA, nas fases iniciais, mas tende à cronicidade. A sua aparência na urgência é comum apresentar-se com sinais de acometimento de pares cranianos, especialmente, do VI par. O líquor possui aspecto opalescente, com pleocitose, em que se observa equilíbrio de polimorfonucleares e linfócitos, hipoglicorraquia, hiperproteinorraquia (até 200mg/dl), raramente com valores vistos na MBA. A reação em cadeia de polimerase para M. tuberculosis possui sensibilidade da cultura com as vantagens da rapidez. Meningite fúngica: É observada principalmente, em pacientes imunocomprometidos. A sua evolução é insidiosa, semelhante à Neurotuberculose. É frequente o surgimento de HIC não comunicante, sendo indicados exames de imagem antes da punção liquórica. O líquor apresenta-se pleocitótico (predomínio de linfomononuclares), com glicorraquia normal ou baixa, e hiperproteinorraquia. Deve ser feita pesquisa direta com coloração pela Tinta Nanquim e cultura. A pesquisa de antígenos pode ser realizada. Abscesso cerebral: É mais frequente após procedimentos neurocirúrgicos ou Trauma Cranioencefálico (TCE). Em 75 a 95% dos pacientes, observa-se cefaleia, em geral, hemicraniana e refratária a analgésicos. Os sinais focais e o aumento da temperatura corpórea; as convulsões; o meningismo e o edema de papila são encontrados em: 50; 30-50;20; e em 23-50% dos casos6, respectivamente. A presença de HIC contraindica a punção lombar para a coleta do líquor para o exame, que se revela normal ou com discreto aumento de proteínas e de polimorfonucleares. O diagnóstico é possível com o exame de imagem. Vigilância Epidemiológica: O monitoramento das meningites de interesse em Saúde Pública é importante para que se possa detectar os surtos precocemente, bem como orientar e avaliar as medidas de prevenção e controle. Existe um protocolo de investigação que inicia desde o atendimento ao paciente, confirmação diagnóstica, notificação da doença, e estabelecer medidas de prevenção e controle da doença. Exemplos de medidas: isolamento, imunização, quimioprofilaxia entre outros dependendo do agente etiológico da meningite. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: https://neurologiahu.ufsc.br/files/2012/10/MENINGITES_Guia-de-Vigil%C3%A2ncia- Epidemiol%C3%B3gica-da-Secretaria-de-Vigil%C3%A2ncia-em-Sa%C3%BAde- 7%C2%AA-edi%C3%A7%C3%A3o.pdf https://www.uptodate.com/contents/clinical-features-and-diagnosis-of-acute- bacterial-meningitis-in- adults?search=meningite&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=de fault&display_rank=1 http://www.uptodate.com/contents/clinical-features-and-diagnosis-of-acute- 70 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde: volume único [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. 3ª. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. S10P2: Muito remédio e quase morreu Nazaré, ficou órfã com 5 anos e vive com a avó, foi encontrada no seu quarto, confusa, sonolenta, com disartria, ataxia e nistagmo. Ao lado da cama, somente uma cartela vazia de Clonazepam. O profissional que realizou o atendimento a todo momento conversou com o serviço de Disque-intoxicação. O Disque-Intoxicação, criado pela Anvisa, atende pelo número 0800-722-6001. A ligação é gratuita e o usuário é atendido por uma das 36 unidades da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Renaciat). Fonte: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/agrotoxicos/disque- intoxicacao#:~:text=O%20Disque%2DIntoxica%C3%A7%C3%A3o%2C%20criado%20pela,e%20Assist%C3%AAncia%2 0Toxicol%C3%B3gica%20(Renaciat). Objetivos de aprendizagem: Rever a morfofisiologia do cerebelo; Distinguir sinais e sintomas de síndromes cerebelares; Debater os riscos de intoxicação exógena; Compreender as condutas para tratamento da intoxicação medicamentosa. Instruções para tutores: O Cerebelo é a porção do sistema extrapiramidal responsável pela cronometragem das atividades motoras, controle da intensidade da carga muscular e interação entre grupos agonistas e antagonistas, para a execução dos movimentos. O cerebelo sequência, monitora, refina, faz ajustes das atividades motoras e termina os movimentos, mas não os inicia diretamente. O cerebelo apresenta-se, sob o aspecto histológico, dividido em três partes: Córtex cerebelar: o qual apresenta 03 camadas celulares: camada molecular, constituída por células estreladas e em cesto; camada das células de Purkinje; camada granular. Centro branco medular do cerebelo: corresponde à substância branca cerebelar; Núcleos cerebelares: localizados na substância branca cerebelar: denteado; interpósito; emboliforme. Estas diferentes estruturas histológicas estão organizadas do ponto de vista macroscópico em duas porções principais: - Vérmis: o qual recebe aferências da musculatura axial; - Hemisférios cerebelares: os quais apresentam uma zona intermediária, relacionada à musculatura apendicular e uma zona lateral, relacionada a movimentos sequenciais; Via córtico-ponto-cerebelar: origina-se de neurônios do córtex motor, pré-motor e somatossensorial, os quais se projetam para núcleos pontinos e através do pedúnculo http://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/agrotoxicos/disque- http://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/agrotoxicos/disque- http://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/agrotoxicos/disque- 71 cerebelar médio alcançam o córtex da zona lateral do hemisfério cerebelar do lado oposto. Participa diretamente no planejamento de movimentos complexos. Feixe olivo-cerebelar: neurônios originados no córtex motor, gânglios da base e formação reticular projetam-se para o núcleo olivar inferior, de forma que através do pedúnculo cerebelar inferior alcançam o córtex cerebelar. Auxilia nacorreção dos movimentos em execução, uma vez que fornece ao córtex cerebelar detalhes da intenção de cada movimento. Feixe vestíbulo-cerebelar: suas fibras têm origem nos núcleos vestibulares e, através do pedúnculo cerebelar inferior, projetam-se para o lobo floculonodular. Desta forma, traz dados importantes sobre a posição cefálica, auxiliando no controle do equilíbrio. Tratos espinocerebelares dorsal e ventral: o primeiro tem suas aferências originadas em fusos neuromusculares e órgãos tendinosos de Golgi, alcançando, através do pedúnculo cerebelar inferior, o vérmis e a zona intermediária do mesmo lado, permitindo a avaliação inconsciente da posição e velocidade de movimento do corpo, assim como o grau de contração muscular. O segundo tem suas aferências originadas de estímulos que chegam à base do corno posterior da medula, alcançando, através do pedúnculo cerebelar superior, o córtex cerebelar bilateral, conduzindo informações posturais de todo um membro ao cerebelo. Como emerge de uma região de projeção córtico-espinhal, também permite avaliar a atividade do tracto corticoespinhal. As principais vias eferentes do cerebelo originam-se nos núcleos cerebelares profundos. Conexões do vérmis: originam-se de axônios do córtex cerebelar, os quais fazem sinapse com o núcleo fastigial, e através dos feixes fastígio-vestibulares e fastígio- bulbares, exercem influência sobre neurônios motores que participam do controle das musculaturas axial e proximal dos membros, mantendo o equilíbrio e a postura; Conexões da zona intermediária: os axônios do córtex cerebelar fazem sinapse com o núcleo interpósito, originando os feixes interpósito-rubro-espinhal e interpósito- tálamocortical, exercendo influência sobre neurônios motores que controlam a musculatura distal. Portanto, esta via controla os movimentos finos e delicados, uma vez que integra a musculatura agonista e antagonista dos membros. Conexões da zona lateral: os axônios do córtex cerebelar fazem sinapse com o núcleo denteado, de onde se originam fibras para os núcleos ventro-lateral e ventro- medial do tálamo do lado oposto, projetando-se então para o córtex motor, auxiliando na coordenação de atividades motoras sequenciais iniciadas pelo córtex motor. Os circuitos intrínsecos do cerebelo são coordenados pelas células de Purkinje, as quais têm atividade inibitória sobre os neurônios dos núcleos centrais do cerebelo. Já o controle das células de Purkinje deve-se às fibras que penetram no cerebelo e se dirigem ao córtex cerebelar, as quais podem ser musgosas ou trepadeiras. As primeiras originam-se no cérebro, tronco encefálico e medula espinhal, e têm uma ação excitatória direta sobre as células dos núcleos centrais, além de se ramificarem na camada granular do córtex cerebelar e através de fibras paralelas exercerem atividade excitatória sobre as células de Purkinje. As fibras trepadeiras originam-se do feixe olivo- cerebelar e têm ação excitatória direta sobre as células de Purkinje. 72 Aspectos clínicos Lesões cerebelares têm como principal sintomatologia a incoordenação motora, a qual pode ser observada através do exame neurológico, de acordo com descrição clássica de Holmes: Astasia: dificuldade para se manter em pé. O paciente mantém a base de sustentação alargada e apresenta tendência de queda multidirecional; Abasia: dificuldade para marcha, a qual se apresenta de forma ebriosa; Dismetria: paciente não consegue atingir um alvo, executando movimentos inapropriados que podem tanto ser interrompidos antes como depois do almejado; Decomposição: movimentos realizados em etapas, por dificuldade de integração de diferentes musculaturas, conferindo uma característica “quebrada” e não uniforme ao movimento; Disdiadococinesia: dificuldade de realizar movimentos rápidos, alternantes e coordenados; Tremor: elevada amplitude e baixa frequência, acentuando-se ao final de um movimento, desencadeado também à manutenção de posturas em relação a um alvo. Apresentação Clínica das Síndromes Cerebelares As manobras clínicas comumente utilizadas para o diagnóstico de uma lesão cerebelar que envolva a alça motora de funcionamento incluem: (1) ataxia cerebelar e disartria cerebelar: avaliação da qualidade fonética durante a fala e testes padronizados da qualidade fonoarticulatória da conversação; (2) ataxia dos membros: testes que avaliam dismetria – índex-nariz e índex-índex, calcanhar-crista tibial, manobra de Stewart Holmes ou rechaço, e teste de diadococinesia; déficit postural e de marcha: capacidade em levantar-se, modo como o paciente caminha, equilíbrio e balanço do corpo, alterações posturais e velocidade da caminhada. As manobras clínicas que frequentemente diagnosticam lesões que acometem o controle cerebelar do sistema vestibular incluem: (1) verificação da posição dos globos oculares; (2) perseguição ocular; (3) sacadas; (4) reflexo vestíbulo-ocular. Ferramentas clínicas para o diagnóstico da síndrome cognitiva-afetiva cerebelar, descrita pela primeira vez por Schmahmann e Sherman, em 1998, incluem: (1) testes aplicados para avaliar déficits da função executiva (pensamento abstrato, fluência verbal, memória de trabalho e planejamento); (2) testes para detectar alterações da cognição visuoespacial (prejuízo da memória visuoespacial e desorganização visuoespacial); (3) testes para detecção das alterações da personalidade (embotamento afetivo ou extravagância, comportamento inapropriado ou desinibido); (4) testes que detectem prejuízo da linguagem, incluindo anomia, agramatismo e disprosódia. As 73 alterações observadas na síndrome cerebelar cognitivo-afetiva assemelham-se em muito às lesões do lobo frontal. Intoxicação medicamentosa: As intoxicações medicamentosas podem ocorrer sob diversas circunstâncias, seja por ação voluntária ou não intencional do indivíduo, influência genética, prescrição médica inadequada, erro de fabricação, dispensação, erro na administração, dentre outros. As tentativas de suicídio corresponderam a 40%. Outras circunstâncias. Erro de administração: 8%, uso terapêutico: 5%; automedicação: 3%; prescrição médica inadequada: 1%; uso indevido: 1%;Ig: 2%. Ocorrências quanto à faixa etária. Crianças até 9 anos: 45%; crianças de 10 a 14 anos: 5%; adolescentes de 10 a 19 anos: 8%; faixa dos 20 aos 39 anos: 24%; faixa dos 40 aos 59 anos: 13%; faixa dos 60 anos em diante: 5%. Os familiares tomem os devidos cuidados no acondicionamento dos medicamentos, não os deixando à vista e acesso de crianças e animais. Atenção quanto à leitura da prescrição e da bula dos medicamentos. Observação quanto ao nome, forma e concentração do medicamento a ser administrado, à dose e horário do mesmo. Guardar o medicamento na caixa com a bula e observar sempre a validade. Que os prescritores avaliem o perfil socioeconômico do paciente, optando por medicamentos eficazes na forma farmacêutica ideal, concentração, dose e horários corretos, com letra legível (tanto para o dispensador, administrador, como para a leitura do paciente), cujo preço agregado seja viável ao estilo devida do paciente, de modo a poupar transtornos financeiros e, por consequência, à saúde do paciente. Que o prescritor tenha acesso às informações sobre as opções de aquisição gratuita de medicamentos disponibilizados pelo governo, à RENAME, aos medicamentos genéricos, etc. Que os profissionais da enfermagem, farmacêuticos, etc., sempre adotem os cuidados em favorecimento à dispensação e administração corretados medicamentos. 74 Os profissionais de saúde devem notificar os eventos adversos e toxicológicos aos medicamentos. Devem observar e identificar os possíveis riscos e efeitos das interações medicamentosas, o abuso, as ideações suicidas, as tentativas de aborto, contribuir para quenão ocorram acidentes, quedas, perda de funcionalidade e efeitos locais e sistêmicos, como também adotar cuidados com as iatrogenias, idiossincrasias, hipersensibilidades, contribuindo com a diminuição da dor, aumento do bem-estar, melhora do convívio social e do prolongamento da vida do paciente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Damiani, D. et al. Aspectos neurofuncionais do cerebelo: o fim de um dogma; Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia. Vol. 35, nº. 1/2016. Godeiro Júnior, C O; Felício, A C; Prado, AG; Sistema Extrapiramidal: Anatomia e Síndromes Clínicas; Revista Neurociências v. 14, nº 1 - jan/mar, 2006. CRFMS. Orientações sobre prevenção e notificações das intoxicações medicamentosas. Disponível em: https://crfms.org.br/noticias/crf-ms-em-acao/4037-orientacoes-sobre- prevencao-e-notificacao-das-intoxicacoes- medicamentosas#:~:text=Aten%C3%A7%C3%A3o%20quanto%20%C3%A0%20leitura% 20da,e%20observar%20sempre%20a%20validade. Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Discutir a avaliação imagiológica, histopatológica e abordagem farmacológica do Alzheimer e Parkinson. Atividades Práticas: Lab 1 Propedêutica Imagem: Identificar a atrofia cerebral na TC e RM. Lab 2 Anatomopatologia: Apresentar a histopatologia da doença angiopatia amiloide e doença de Alzheimer. Lab 3 Farmacologia: Compreender o tratamento farmacológico do Parkinson e da demência. Palestras: 1º Palestra: Meningite e Outras infecções do sistema nervoso central. 2º Palestra: Sd. Cerebelares. TICs: Orientações para Palestras: Palestra 1: Fisiopatologia, epidemiologia, diagnóstico e tratamento: neurotoxo, neurocriptoco, neurossífilis. Palestra 2: Fisiopatologia, epidemiologia, diagnóstico e tratamento. 75 Objetivos: Revisar as etapas da neurulação. Entender as diferenças entre os tipos de meningites. Citar o esquema de quimioprofilaxia de meningite. Conhecer técnica de construção de conduto cateterizável continente (Mitrofanoff) em pacientes portadores de bexiga neurogênica - disrafismo medular. Atividade: Neurulação / meningites e quimioprofilaxia / conduto cateterizável continente na bexiga neurogênica. Semana 11 – Saúde Mental Objetivos da semana: Discutir sobre afeto, conação, inteligência e abstração. S11P1: Muito emotivo Toda vez que Jonas termina um namoro é assim: não quer comer, não quer sair de casa, não quer estudar, fica ligando pra namorada dizendo que não tem mais ânimo pra nada, que não vai amar mais ninguém... Objetivos: Compreender as definições básicas da afetividade e os tipos de vivências afetivas. Diferenciar os tipos e classificações das emoções. Conhecer os aspectos cerebrais e neuropsicológicos das emoções. Discutir as alterações psicopatológicas da afetividade, das emoções e sentimentos. Compreender as definições básicas e alterações psicopatológicas da vontade e do agir. Instruções para tutores: Afetividade: Os afetos consistem em estados psíquicos subjetivos que se caracterizam pela propriedade de serem agradáveis ou desagradáveis. Os afetos podem ser vistos como uma consequência das ações do indivíduo que visam à satisfação de suas necessidades (corporais ou psíquicas). Se essas ações são bem-sucedidas, o afeto é agradável; caso contrário, o afeto é desagradável. Os afetos possuem pelo menos quatro componentes: (1) a avaliação subjetiva – o indivíduo se dá conta de que está alegre, por exemplo; (2) as crenças cognitivas – ele atribui sua alegria à ocorrência de um determinado evento positivo; (3) os processos fisiológicos – as alterações viscerais; e (4) a expressão afetiva 76 – mímica, gestos, postura e prosódia, que têm a finalidade de comunicar aos outros como aquele indivíduo está se sentindo. O conceito de afetividade abrange as emoções, os sentimentos, as paixões e o humor. Afetos, emoções, sentimentos, paixões e humor: Existe um grande desacordo entre os autores quanto à definição e à delimitação desses conceitos. Na prática, esses termos são utilizados de forma mais ou menos intercambiável. Afeto vem do latim afficere, que significa influenciar, afetar. Esse termo pode ser usado para designar genericamente os elementos da afetividade, incluindo emoções, sentimentos e humor; mas, outras vezes, é empregado como sinônimo de emoção. O termo emoção corresponde ao francês emouvoir, que significa comover, emocionar e está ligado a uma ideia de movimento. Emoção em geral representa um estado afetivo súbito, de curta duração e grande intensidade, que é acompanhada de alterações corporais, relacionadas a uma hiperatividade autonômica. Sentimento deriva do latim sentire, que significa sentir, perceber através dos sentidos, dar-se conta. Esse termo em geral se refere a um estado afetivo menos intenso e mais prolongado que as emoções, e sem as alterações fisiológicas encontradas nestas. Talvez se possa dizer que os sentimentos resultem de um processamento cognitivo maior do que haveria nas emoções. As paixões têm a intensidade das emoções, porém uma duração maior. Elas monopolizam e direcionam os pensamentos e ações do indivíduo. O humor (ou estado de ânimo, ou tônus afetivo) representa um somatório ou síntese dos afetos presentes na consciência em um dado momento. Constitui o estado afetivo basal e fundamental, que se caracteriza por ser difuso, isto é, não relacionado a um objeto específico, e por ser em geral persistente e não reativo. O humor oscila entre os polos da alegria, da tristeza e da irritabilidade, assim como entre a calma e a ansiedade. O termo disforia corresponde a um estado de humor desagradável. ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS: Exaltação afetiva: Exaltação afetiva corresponde a um aumento da intensidade ou duração dos afetos, ou a uma reação afetiva desproporcional em relação à situação ou ao objeto que a motivou. Por exemplo, na mania há uma exaltação do humor alegre ou irritado, e, na depressão, do humor triste. Embotamento afetivo: Embotamento afetivo (ou distanciamento, empobrecimento, esmaecimento, esvaziamento, aplainamento afetivo) significa diminuição da intensidade e da excitabilidade dos afetos, sejam eles positivos ou negativos. Nos estados de diminuição da afetividade, o doente torna-se indiferente ao meio, às outras pessoas e, algumas vezes, a si próprio, sendo a expressão emocional bastante restrita. Pode ocorrer ainda anedonia, que é a perda da capacidade de sentir prazer. ALTERAÇÕES QUALITATIVAS: As alterações qualitativas da afetividade podem ser divididas em distúrbios da modulação (ou regulação) afetiva e distúrbios do conteúdo dos afetos. Entre os distúrbios da modulação afetiva estão: a labilidade afetiva, a incontinência afetiva e a rigidez afetiva. Entre os distúrbios do conteúdo dos afetos estão: a paratimia, a ambitimia e a neotimia. Labilidade afetiva: A labilidade afetiva – também chamada de instabilidade ou volubilidade afetiva – constitui uma dificuldade no controle dos afetos. Incontinência afetiva: A incontinência afetiva consiste em um distúrbio da regulação afetiva mais grave que a labilidade. Há uma perda completa da capacidade de controle 77 da expressão afetiva; existe uma falha de certos mecanismos frenadores, inibitórios, adquiridos na educação e no convívio social. Rigidez afetiva: A rigidez afetiva caracteriza-se por perda da capacidade de modular a resposta afetiva de acordo com a situação de cada momento. Em oposição ao que ocorre na labilidade e na incontinência afetiva, a expressão afetiva varia muito pouco, menos do que o normal, no decorrer do tempo. Assim, independentemente dos acontecimentos externos, o estado de humor do paciente será mais ou menos o mesmo. Paratimia: A paratimia caracteriza-se por uma inadequação do afeto: uma incongruência entre o afeto expresso e a situação vivenciada, ou entre o afeto expresso e aquilo que o indivíduo verbaliza. Por exemplo: o paciente, rindo,conta que foi torturado na noite anterior; ou então o doente afirma estar alegre, mas sua mímica é de tristeza. Ambitimia: A ambitimia também é chamada de ambivalência afetiva, segundo a denominação de Bleuler, que a incluiu entre os seus quatro A’s. Representa a presença de sentimentos opostos ou contraditórios que são simultâneos e que se referem ao mesmo objeto, pessoa ou situação. Por exemplo: ao mesmo tempo amar e odiar a mesma pessoa. Neotimia: A neotimia consiste em uma vivência inteiramente nova, extravagante e inusitada. São afetos qualitativamente diferentes de todos os que o paciente havia experimentado em sua vida. VONTADE E IMPULSOS: Conação constitui o conjunto de atividades psíquicas direcionadas para a ação. Incluem- se, entre as funções conativas, os impulsos e a vontade. Impulsos: também chamado estado motivacional ou pulsão, representa um estado interno, uma vivência afetiva, que induz o indivíduo a atuar no sentido de satisfazer uma necessidade, basicamente uma necessidade corporal. Os impulsos não devem ser confundidos com os instintos. Estes consistem em predisposições inatas à realização de comportamentos complexos e estereotipados, compartilhados pelos animais de mesma espécie, e que servem à conservação da vida ou à perpetuação da espécie. Vontade: A vontade constitui um processo psíquico de escolha de uma entre várias possibilidades de ação, uma atividade consciente de direcionamento da ação. Trata-se de uma elaboração cognitiva realizada a partir dos impulsos, sendo influenciada por fatores intelectivos e socioculturais. Alterações qualitativas (disbulias ou parabulias) Atos impulsivos: Os atos impulsivos caracterizam-se por serem súbitos, incoercíveis e incontroláveis. São atos desprovidos de finalidade consciente. Os atos impulsivos tornam-se patológicos quando são empaticamente incompreensíveis para o observador. Alguns comportamentos heteroagressivos, autoagressivos e suicidas, a frangofilia, a piromania, a dromomania, a dipsomania e os ataques de hiperingestão alimentar (da bulimia nervosa) podem ter as características de um ato impulsivo. Atos compulsivos: Os atos compulsivos ou compulsões, que foram descritos por Esquirol, em 1836, são atos que o indivíduo se sente compelido a realizar. Todavia, ao contrário do que ocorre nos atos impulsivos, a execução não se dá de imediato, e sim somente após alguma deliberação consciente, havendo, com frequência, luta ou resistência contra a sua execução Comportamentos desviantes em relação aos impulsos: comportamentos de automutilação e suicida, alotriofagia, parafilias. 78 Ambitendência: A ambitendência também é denominada ambivalência volitiva. Consiste em uma incapacidade para decidir, em função da presença na consciência de tendências volitivas opostas. Negativismo: O negativismo, que foi descrito por Kahlbaum, consiste em uma resistência não deliberada, imotivada e incompreensível às solicitações externas. Reação do último momento: A reação do último momento consiste no desaparecimento súbito de uma conduta negativista justamente no momento em que o examinador desiste do seu empenho em fazer com que o paciente atenda à sua solicitação. Sugestionabilidade patológica: A sugestionabilidade patológica é um sintoma oposto ao negativismo. Consiste em uma tendência exagerada a atender às solicitações vindas do exterior. Obediência automática: A obediência automática representa um exemplo extremo de sugestionabilidade patológica. Caracteriza-se pelo cumprimento passivo e imediato, sem qualquer reflexão ou elaboração, de quaisquer ordens ou solicitações, mesmo que a ação realizada seja perigosa ou danosa para o próprio paciente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CHENIAUX, Elie. Manual de Psicopatologia. Grupo GEN, 2020. 9788527737036. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527737036/. Acesso em: 01 jun. 2022. DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Grupo A, 2019. 9788582715062. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582715062/. Acesso em: 30 mai. 2022. S11P2: Falta inteligência? Durante a consulta, a pediatra chama Luna várias vezes, mas ela não atende. Ela tem quase dois anos e a mãe queixa que ela não fixa o olhar e que não fala muitas palavras. Dra. Flávia faz várias perguntas sobre a gravidez, parto e desenvolvimento de Luna, além de pedir alguns comandos para a criança, não sendo correspondida em nenhum deles. Objetivos: Compreender as definições básicas e tipos da inteligência. Esclarecer o desenvolvimento da inteligência na criança e no adolescente. Debater sobre as deficiências intelectuais (epidemiologia, níveis de gravidade e causas). Instruções para tutores: DEFINIÇÃO: A inteligência é, o conjunto das habilidades cognitivas da pessoa, a resultante, o vetor final dos diferentes processos intelectivos. Tais habilidades permitem ao indivíduo identificar e resolver problemas novos, reconhecer adequadamente as situações cambiantes da vida e encontrar soluções, as mais satisfatórias possíveis para si e para o ambiente, respondendo às exigências de adaptação às demandas do dia a dia. 79 Deve-se deixar claro que, mais que qualquer outra função psíquica, a inteligência não é um aspecto do indivíduo com materialidade, delimitável e independente das formulações que sobre ela se faz. A inteligência é um construto, um modo de ver e estudar uma dimensão do funcionamento mental, dos rendimentos psíquicos, dimensão esta construída historicamente pela psicologia, pela medicina e pela pedagogia. As principais habilidades reunidas no construto inteligência são: raciocínio, planejamento, resolução de problemas, abstração, categorização, compreensão de ideias complexas, aprendizagem eficaz e aprendizagem a partir da experiência. A inteligência reflete capacidade abrangente do indivíduo para compreender o mundo ao seu redor e lhe permite lidar de forma mais ou menos eficiente com suas demandas (AAMR, 2006). DESENVOLVIMENTO DA INTELIGÊNCIA NA CRIANÇA E NO ADOLESCENTE: Como surge e se desenvolve a inteligência em um indivíduo? De onde vêm as habilidades cognitivas que permitem ao sujeito adaptar-se continuamente às exigências de um ambiente cambiante e desafiador? Seriam elas predominantemente herdadas ou totalmente aprendidas ao longo da educação? O genial pensador e pesquisador suíço Jean Piaget (1896-1980) recusa uma solução unilateral. Para ele, a inteligência na criança não é nem somente herdada, nem apenas aprendida. A inteligência, isto é, os processos mentais que criam, organizam e utilizam adaptativamente os conceitos e os raciocínios não são inatos, pois mudam ao longo da vida; não são também apenas aprendidos dos adultos, pois estes não nasceram com elas, foram-nos adquirindo ao longo de seu desenvolvimento pessoal. As ideias das crianças sobre o mundo são construções, que envolvem as estruturas mentais inatas e a experiência sociocultural. O desenvolvimento da inteligência, por sua vez, ocorre pela substituição (de esquemas cognitivos prévios), aquisição e integração de novos esquemas cognitivos, e não apenas pela adição de habilidades cognitivas. Piaget descreveu quatro estágios do desenvolvimento. Para ele, cada fase do desenvolvimento da inteligência deve ser considerada como formada por estruturas mentais e comportamentais distintas em quantidade e qualidade. Tais estruturas desenvolvem-se progressivamente ao longo da vida da criança, uma se sucedendo a outra, enriquecendo de forma gradativa a cognição do indivíduo, conforme descrito a seguir. Período sensório-motor: Ocorre nos dois primeiros anos de vida. Nesse período, as estruturas mentais restringem-se ao domínio dos objetos concretos, das percepções e atos concretos. Na fase inicial, predominam os atos reflexos congênitos, e surgem gradativamente os primeiros hábitos motores, os primeiros esquemas perceptivos organizadose os afetos diferenciados. O bebê ainda não apresenta um pensamento propriamente dito. Ainda não existem a linguagem e a função simbólica, repousando as atividades mentais exclusivamente em percepções e movimentos. A atividade cognitiva do bebê concentra- se, portanto, em um conjunto coordenado de atividades sensório-motoras, sem que dela participe a representação ou o pensamento. A imitação é um procedimento fundamental nesse período para o desenvolvimento da cognição; imitação, aqui, é uma prefiguração, um núcleo embrionário da representação. No dizer de Piaget: “uma espécie de representação em atos materiais e ainda não em pensamento”. No início até a metade do primeiro ano de vida, quando a mamadeira é afastada do campo visual do bebê, ele chora desesperadamente, como se ela se tivesse desfeito. Quando algo é escondido atrás de um pano, o bebê tem a sensação de que o objeto deixou de existir. Por volta dos 9 a 10 meses, o objeto escondido na frente do bebê passa 80 a ser procurado ativamente por ele, denotando o início dos chamados “objetos permanentes”. Os conceitos de “coisas”, “espaço”, “tempo” e “causalidade”, como categorias práticas do dia a dia, estruturam-se no fim desse período. Período pré-operatório: Ocorre entre os 2 e os 7 anos de vida, quando são processados e desenvolvidos o domínio dos símbolos, a linguagem, os sentimentos interpessoais e as relações sociais. O brincar passa a ser um dos principais instrumentos do desenvolvimento cognitivo da criança. Segundo Piaget, entre 1,5 e 2 anos de idade, surge uma função extremamente importante para a evolução das habilidades cognitivas posteriores, que consiste na capacidade de poder representar alguma coisa. Um objeto ou um acontecimento passam a ter um “significado”, que é representado por um “significante” específico (geralmente uma palavra), o qual só serve para essa representação. Surgem e desenvolvem-se, portanto, a linguagem, as imagens mentais, os gestos simbólicos, entre outras funções. O tipo de inteligência do estágio pré-operatório baseia-se naquilo que Piaget chama de “meia-lógica”. Nessa meia-lógica, as operações mentais já obedecem a determinada lógica; entretanto, esta é incompleta, faltando-lhe, por exemplo, a noção de reversibilidade nas operações e de conservação física. O pensamento lógico trabalha apenas em uma direção. A noção de identidade é, por exemplo, fundamentalmente qualitativa, faltando sua dimensão quantitativa. Assim, diz Piaget, uma criança em fase pré-operatória comete o erro lógico de afirmar que a quantidade de água varia de acordo com a forma de seu recipiente: uma garrafa fina e alta com 1 litro contém mais água que uma larga, mas baixa, também com 1 litro de água (não reconhece a identidade quantitativa da água). Entretanto, essa mesma criança afirmará que, ao se mudar o recipiente, é a mesma água (qualitativamente) que se encontra no novo vasilhame. Segundo Piaget, atividades semióticas, representativas, como o desenho, o brincar e a linguagem, desenvolvem-se plenamente nesse período, com consequências essenciais para o desenvolvimento sociocognitivo: a palavra vai gradativamente se interiorizando, plasmando-se uma linguagem interior, base do pensamento propriamente dito. Período operatório-concreto: Entre os 7 e os 12 anos de idade, a criança aprende a dominar cabalmente as classes, as relações e os números, assim como a raciocinar sobre eles. É o início do pensamento lógico, denominado por Piaget como “operações intelectuais concretas”. A socialização desenvolve-se plenamente por meio da escola ou fora dela, surgindo o sentido de cooperação social. A operatividade, marca do período operatório-concreto, é caracterizada pela possibilidade de a criança agir seguindo uma lógica, em função das implicações e consequências de suas ideias e pensamentos. Entretanto, nesse estágio, as relações entre as classes somente podem ser compreendidas quando apresentam evidência completa, isto é, quando estão de alguma forma presentes ou relacionadas ao campo perceptivo. Os sistemas de pensamento, símbolos e relações puramente abstratas só chegarão ao seu pleno desenvolvimento no período seguinte. Período operatório-formal: Dos 12 aos 16 anos, o adolescente se envolve com o domínio do pensamento plenamente abstrato, com os sistemas simbólicos e as categorias abstratas mais gerais, com o funcionamento mental e cognitivo do “mundo adulto” (ideias e sistemas de ideias como um sistema de valores éticos, o sistema democrático, os sistemas filosóficos, etc.). 81 Desenvolve-se, nesse último período, a capacidade de analisar o pensamento próprio em relação ao dos outros. Aqui o adolescente já pode trabalhar com relações complexas e abstratas, sendo capaz, inclusive, de prever as situações necessárias para provar ou refutar hipóteses iniciais. Nessa fase, tornam-se possíveis os sistemas lógicos e abstratos mais desenvolvidos do pensamento. Tais sistemas podem incluir complexas combinações de classes, sistemas de transformação de proposições lógicas, como operações inversas, negativas, recíprocas e contrárias. TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL (CID-11) OU DEFICIÊNCIAS INTELECTUAIS (DSM-5) Segundo a Classificação internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-11) e o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5), os transtornos do desenvolvimento intelectual ou deficiências intelectuais (a partir de agora usaremos apenas DIs) são transtornos do neurodesenvolvimento que incluem condições de desenvolvimento comportamental e cognitivo deficitárias, que surgem durante o período de desenvolvimento da infância, geralmente antes de a criança ingressar na escola, e implicam dificuldades significativas na aquisição de funções específicas nas áreas intelectuais, sociais e motoras (CID-11; APA, 2014). Nas DIs, há comprometimento das habilidades cognitivas que são adquiridas desde as primeiras fases de desenvolvimento da criança; assim, essas deficiências se iniciam, obrigatoriamente, na infância. Adultos que aparentemente têm DI, mas têm um histórico confiável de infância e adolescência normais em termos cognitivos, não apresentam, por definição, DI (deve-se então, nesses casos, pensar em transtornos neurocognitivos – demências). As pessoas que apresentam DI devem ter necessariamente déficits funcionais em suas vidas. Tais déficits têm uma base cognitiva (déficit de inteligência), mas implicam necessariamente outros aspectos além dos cognitivos e conceituais, do comportamento da pessoa e de sua vida de relações sociais. Portanto, as DIs devem, obrigatoriamente, para o diagnóstico, implicar problemas e dificuldades adaptativas, nos domínios conceituais e intelectuais, sociais e práticos (DSM-5, CID-11). O prejuízo intelectual nas DIs implica dificuldade significativa ou impossibilidade em áreas como juízos e raciocínios, solução de problemas, planejamento, pensamento abstrato, capacidade de aprendizagem na escola e aprendizagem por experiência. Tais prejuízos devem ser, sempre que possível, confirmados por testes de inteligência devidamente padronizados, validados para o idioma e a cultura do indivíduo e aplicados e interpretados de forma individualizada. O prejuízo em funções adaptativas nas DIs é expresso pelas dificuldades significativas ou impossibilidade da pessoa em ter uma vida independente e autônoma, com as responsabilidades sociais concernentes, considerando os padrões da sociedade e da cultura na qual vive. Indivíduos com DI necessitam de apoio, geralmente continuado, em diferentes níveis. Sem tal suporte, suas vidas serão limitadas ou prejudicadas em relação a comunicação, participação social e vida independente em variados ambientes, como em casa, na escola, no trabalho e na comunidade. O diagnóstico de DI só pode ser realizado de forma confiável a partir dos 5 anos de idade; antes disso, deve-se diagnosticar os atrasos na progressãocognitiva da criança; não é possível concluir que já existe DI. A DI no adulto caracteriza-se pela presença de inúmeras limitações em áreas como linguagem e comunicação, autocuidado (saúde, higiene e segurança), habilidades em alcançar as expectativas de seu grupo cultural, capacidade de utilização dos recursos comunitários e capacidade adaptativa básica na escola, trabalho e/ou lazer. 82 Dessa forma, o diagnóstico de DI exige, além de desempenho inferior a 70 em testes individuais de QI, padronizados e validados para o grupo cultural do indivíduo, a identificação de um padrão de dificuldades significativas e/ou incapacidades para a adaptação e baixos rendimentos cognitivos na vida diária. EPIDEMIOLOGIA DAS DEFICIÊNCIAS INTELECTUAIS: O levantamento do Censo Brasileiro de 2010 estimou que 1,4% das pessoas (de todas as faixas etárias) teriam DI no Brasil (Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, 2012). Entretanto, essa é uma estimativa possivelmente baixa, já que se baseia em informação dos moradores do domicílio, e não em avaliação objetiva das pessoas com suspeita de DI. OS DIFERENTES NÍVEIS DE GRAVIDADE: DA INTELIGÊNCIA LIMÍTROFE ÀS DIs PROFUNDAS: Inteligência limítrofe Muitos indivíduos com inteligência limítrofe costumam apresentar dificuldades sociais e cognitivas no contexto escolar somente quando chegam ao ensino médio ou, em alguns poucos casos, nos primeiros anos da universidade. Em termos de nível de desempenho intelectual, para os sistemas DSM e CID, indivíduos com QI entre 70 e 84 estão na faixa de inteligência limítrofe. Entretanto, nas escalas Wechsler (WISC-IV, WAIS-III e WASI), a inteligência limítrofe é considerada apenas quando o QI está entre 70 e 79 (possivelmente porque 5 pontos é a margem de erro da medida). Essa diferença, às vezes, gera confusão na classificação e na comunicação entre profissionais. Pessoas com inteligência limítrofe, por definição, não têm DI, e muitas delas não revelam dificuldades especiais na vida. Dificuldades podem surgir quando essas pessoas são confrontadas com exigências cognitivas mais complexas e sofisticadas nos estudos, no trabalho ou na vida familiar. O diagnóstico cuidadoso de DI e de seu nível (LEVE, MODERADO, GRAVE E PROFUNDO) é importante, pois permite que se identifiquem dificuldades, riscos e limitações que podem ser objeto de intervenções bem planejadas. As áreas que necessitam de avaliação, por exemplo, se referem a apoio e orientação na vida doméstica, na escola, no ensino e na aprendizagem; ajuda de amigos; planejamento da vida econômica; assistência e apoio no trabalho; acesso a recursos da comunidade (uso de transporte público, participação em centros culturais, brinquedotecas); prevenção e assistência à saúde; riscos em relação à segurança e a ser manipulado, abusado e explorado por pessoas ou grupos. Causas da deficiência intelectual: Na avaliação clínica, nem sempre é possível identificar as causas exatas da DI. Entretanto, estima-se que uma avaliação correta e bem-feita de uma pessoa com DI, que inclua uma anamnese completa e um exame clínico adequado, seja capaz de identificar a etiologia da deficiência em até 70% dos casos (Moeschler; Shevell, 2014). Sobretudo nos casos de DI leve e moderada, muitas vezes não se reconhece uma etiologia clara, e presume-se a interação de fatores genéticos e ambientais desfavoráveis. Há alguns fatores de risco importantes para esse tipo de deficiência, que se correlacionam com maior chance de a criança apresentá-la, mas que possivelmente agem de forma somatória com outros fatores para a ocorrência de DI. São os seguintes os principais fatores de risco: baixo peso ao nascer (peso menor que 2,5 kg, com risco maior para inferior a 1,5 kg), idade gestacional significativamente menor (crianças que 83 nascem bem antes da data prevista do parto), idade avançada da mãe, nível educacional muito baixo da mãe e sexo masculino da criança. A privação psicossocial grave, relacionada a marcantes negligências (ausência total dos pais ou substitutos), desnutrição proteico-calórica nos primeiros anos de vida, falta de estímulos cognitivos e afetivos adequados e violência em relação à criança (violência verbal ou física, abuso físico, sexual, humilhações), representam fatores relevantes para a DI, sobretudo de leve e moderada. A DI grave e profunda revela, todavia, na maioria das vezes, uma causa orgânica eventualmente reconhecível e, com frequência, vem acompanhada de distúrbios físicos e neurológicos, como epilepsia, déficit visual e/ou auditivo e incapacidades motoras. Como um todo, as quatro causas mais frequentes de DI são: 1) síndrome de Down, 2) hipoxia-isquemia cerebral perinatal, 3) transtornos do espectro alcoólico fetal ou síndrome alcoólica fetal (SAF) e 4) síndrome do X frágil. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CHENIAUX, Elie. Manual de Psicopatologia. Grupo GEN, 2020. 9788527737036. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527737036/. Acesso em: 01 jun. 2022. DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Grupo A, 2019. 9788582715062. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582715062/. Acesso em: 30 mai. 2022. Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado: Compreender os processos infecciosos no SNC. Atividades Práticas: Lab 1 Propedêutica Imagem: Conhecer as alterações da neurotoxoplasmose e meningoencefalites nos exames de imagem. Lab 2 Anatomopatologia Discutir punção liquórica e análise laboratorial do LCR. Apresentar achados morfológicos da neurotoxoplasmose. Lab 3 Farmacologia Discutir os aspectos farmacológicos para o tratamento da meningite. Palestras: 1º Palestra: Abstração. 2º Palestra: Inteligência. Orientações para Palestras: Palestra 1: Compreender a capacidade de abstração e discutir as alterações psicopatológicas. Palestra 2: Definição, epidemiologia, alterações patológicas e diagnóstico. 84 TICs: Objetivos Descrever o tratamento de pacientes com Síndrome de Wernicke Korsakoff. Descrever os sintomas de Esclerose Múltipla. Enumerar as diferenças entre patologias desmielinizantes e dismielinizantes. Entender o alcoolismo como doença. Atividade: Alcoolismo / Wernicke Korsakoff / Esclerose múltipla / leucodistrofias. Semana 12 – Sistema Nervoso Objetivos da semana: Conhecer as doenças desmielinizantes e compreender sua fisiopatologia. Compreender as neuropatias periféricas; S12P1: Diminuindo a velocidade Jaqueline é dentista, adora o que faz e ultimamente tem trabalhado muito. Nas últimas semanas tem notado que seus movimentos não estão muito precisos, sua visão está turva, sente fadiga e calor excessivo, além de dormência no lado esquerdo do corpo. Estava pensando que era estresse, mas tudo ficou pior quando ontem notou que estava andando com dificuldade e com lentidão. Objetivo de aprendizagem: Estudar a fisiopatologia e diagnóstico diferencial das doenças desmielinizantes (imunomediadas, hereditárias, infeciosas e metabólicas). Instruções para os tutores: O tutor deve levar os alunos a entenderem o sintoma chave do problema, que se trata de uma hemiparesia e hemiparestesia progressivas. Partindo daí, será possível definir a hipótese diagnóstica como doença desmieliniante e estudar a fisiopatologia e diagnósticos diferenciais. A bainha de mielina é essencial para a condução rápida de sinais nervosos ao longo de axônios com grande diâmetro. Os oligodendrócitos produzem e mantêm mielina no sistema nervoso central (SNC). As células de Schwann produzem e mantêm mielina nos nervos periféricos. Inúmeras doenças afetam preferencialmente a mielina, sendo que os neurônios, axônios e outros tipos de células são relativamente preservados. Essas doenças desmielinizantes variam amplamente em termos de etiologia e patogênesee incluem infecções imunomediadas, infecções de origem genética e doenças nutricionais. Tabela 1: Doenças Desmielinizantes no Sistema Nervoso Central 85 Tipo Doença Imunomediadas Recorrentes Esclerose múltipla Neuromielite óptica Monofásicas Neurite óptica Mielite transversa Encefalomielite aguda disseminada Hereditárias Adrenoleucodistrofia Leucodistrofia metacromática Metabólicas Deficiência de vitamina B12 Mielinólise pontina central Infecciosas Leucoencefalopatia multifocal progressiva Panencefalite esclerosante subaguda Esclerose múltipla As doenças imunomediadas formam a categoria mais comum de doenças desmielinizantes, sendo que a esclerose múltipla (EM) é a mais prevalente entre essas doenças. A esclerose múltipla se caracteriza pela presença de sintomas recorrentes ou progressivos, desmielinização no SNC e disseminação de lesões no espaço e no tempo. Etiologia/Genética A etiologia exata da esclerose múltipla é desconhecida, apesar de evidências substanciais que sugerem ser uma doença autoimune. A patologia demonstra que há infiltração de leucócitos em áreas desmielinizadas; há evidências de produção de imunoglobulinas específicas no SNC estimuladas por antígenos; e todos os tratamentos eficazes disponíveis de EM produzem efeitos imunossupressivos ou imunomoduladores. A infecção causada pelo vírus de Epstein-Barr está fortemente associada ao risco de esclerose múltipla, embora o papel do vírus na incidência da doença seja obscuro. A deficiência de vitamina D e o tabagismo podem agravar a doença. A prevalência de esclerose múltipla aumenta em parentes próximos de pacientes com EM, sugerindo a presença de um papel importante desempenhado por fatores familiares. Patogênese Acredita-se que a esclerose múltipla seja uma doença autoimune, ou pelo menos imunomediada, com fundamento em várias linhas diferentes de evidências. Assim como em muitas doenças autoimunes, o alvo antigênico da resposta autoimune é desconhecido, bem como os fatores predisponentes subjacentes e os estímulos desencadeadores imediatos da atividade da doença. O papel desempenhado pelas células T vem sendo foco de muita atenção, sendo que foi proposto um papel patogênico para as células auxiliares tipo 1 (Th1) ou, mais recentemente, para as células Th17. As células B também têm uma participação importante e cada vez mais valorizada. 86 Possivelmente haja também um componente degenerativo na esclerose múltipla, principalmente em uma fase mais avançada da doença, quando a inflamação pode ser mínima, enquanto o processo de incapacitação continua a progredir. O exame macroscópico mostra que, nos casos de EM, o cérebro apresenta inúmeras placas endurecidas na substância branca, que deu origem ao termo “esclerose múltipla”. Usualmente essas placas são polivenulares. Elas podem ocorrer em qualquer local onde houver mielina, porém as localizações típicas são ao redor dos ventrículos, na substância branca subcortical imediata, nos nervos ópticos, no tronco cefálico e na medula espinhal. Um trabalho recente mostrou a importância e a abundância de lesões na substância cinza. Os exames microscópicos mostram que as placas ativas contêm infiltrados celulares de células T, células B e fagócitos com perda de mielina e com preservação dos axônios. As lesões crônicas apresentam escassez de infiltrado celular imune, com astrocitose e gliose. A transecção de axônios é comum, mesmo que eles sejam relativamente preservados em comparação com a mielina. Estudos patológicos cuidadosos mostraram que há padrões patológicos distintos nas lesões causadas por EM, sendo que alguns indivíduos têm uma deposição mais extensiva de imunoglobulina e de complemento ativado, sugerindo que há uma heterogeneidade na imunopatogênese subjacente. Diagnóstico O diagnóstico de esclerose múltipla deve ser feito por médicos especialistas e exige a confirmação de lesões múltiplas no SNC, com disseminação no espaço e no tempo. A presença de lesões deve ser evidente em mais de um local no SNC e devem ocorrer mais de uma vez. Inúmeros critérios diagnósticos foram propostos ao longo dos anos. A Tabela 2 apresenta uma lista dos critérios mais recentes. Os critérios mais antigos consideravam somente os sintomas e as descobertas clínicas, enquanto que os critérios atuais incorporam descobertas de IRM e, em alguns casos, permitem fazer o diagnóstico no momento do primeiro episódio clínico. Levando-se em consideração que não há nenhuma descoberta clínica patognomônica ou teste laboratorial, é imprescindível avaliar as evidências com muita cautela e, com frequência, o diagnóstico é feito alguns meses ou alguns anos após os sintomas iniciais. Outras doenças com apresentação semelhante devem ser excluídas por testes laboratoriais apropriados. Diagnóstico diferencial O diagnóstico diferencial de esclerose múltipla pode ser bastante extenso e varia de acordo com a apresentação clínica da doença. Embora o número de doenças que causam recidivas agudas com melhora espontânea em adultos jovens seja limitado, há inúmeras considerações em relação à mielopatia progressiva em adultos mais velhos. REFERÊNCIAS: http://www.medicinanet.com.br/conteudos/acp- medicine/6595/esclerose_multipla_e_disturbios_relacionados.htm. S12P2: Campo minado Jean Alexandre, estudante de geografia, cinco dias após uma viagem ao campo na qual apresentou diarreia percebeu dormências nas plantas e dorso dos pés. Agora, 24 horas http://www.medicinanet.com.br/conteudos/acp- 87 depois, está preocupado porque a dormência subiu até as coxas. Deu entrada no Serviço de Urgência e Emergência em cadeira de rodas por não conseguir caminhar. Objetivos: Revisar os diagnósticos diferenciais de paralisia flácida. Diferenciar Doença do Neurônio Motor Inferior e Doença do Neurônio Motor Superior. Estudar a fisiopatologia, manifestações clínicas e diagnóstico da Síndrome de Guilain Barré e ELA. FRAQUEZA MUSCULAR SECUNDÁRIA A LESÕES DO NEURÔNIO MOTOR INFERIOR Quando todas ou quase todas as fibras motoras periféricas que inervam um músculo são lesadas, todos os movimentos resultantes da ação desse músculo são comprometidos, incluindo os movimentos voluntários, posturais e reflexos. O músculo torna-se flácido (hipotonia ou atonia). As fibras musculares desnervadas evidenciam o processo de hipotrofia ou atrofia por desnervação (amiotrofia) e, por volta de 3 a 4 meses, o músculo fica reduzido a cerca de 20 a 30% do seu volume original. Os reflexos profundos estão diminuídos (hiporreflexia) ou, mais frequentemente, abolidos (arreflexia), pois há comprometimento da alça reflexa eferente. Esses achados (fraqueza, hipotonia ou atonia, hipotrofia e arreflexia) caracterizam a síndrome do neurônio motor inferior. Se existe comprometimento de apenas parte das fibras motoras, o músculo inervado demonstra fraqueza (paresia), hipotonia e atrofia menos marcantes que na lesão completa. A fraqueza associada ao neurônio motor inferior resulta, primariamente, de lesões que destroem ou comprometem a função de células no corno anterior da medula, ou de seus axônios que seguem pela raízes anteriores e nervos periféricos. Os sinais e sintomas apresentados variam de acordo com a localização específica da lesão. Nesse contexto, definir a presença ou ausência de alterações sensitivas concomitantes é fundamental na avaliação clínica. A combinação de fraqueza, hipotonia, arreflexia e alterações sensitivas indica envolvimento de fibras motoras e sensitivas no nível do nervo periférico ou nas raízes anterior e posterior da medula, simultaneamente. Se as alterações sensitivas estão ausentes, a lesão deve estar localizada no corno anterior da medula, nas raízes anteriores ou apenas nas fibras motoras dos nervos periféricos. Eventualmente, a distinção clínica topográfica entre corno anterior da medula e raiz anteriornão é possível. FRAQUEZA MUSCULAR SECUNDÁRIA A LESÕES DO NEURÔNIO MOTOR SUPERIOR O trato piramidal pode ser acometido por lesões em qualquer nível do seu percurso, incluindo o córtex cerebral (corpo do neurônio motor superior), a substância branca subcortical, a cápsula interna, o tronco encefálico e a medula espinhal. As manifestações clínicas principais consistem em perda de movimentos voluntários ou comprometimento da integração dos movimentos, associados à atividade excessiva dos centros segmentares inferiores por desinibição. As formas mais comuns de comprometimento do trato piramidal incluem doenças cerebrovasculares, traumas, neoplasias, abscessos, doenças desmielinizantes, entre outras. A perda de movimentos voluntários nessa condição é acompanhada de aumento do tônus dos músculos 88 envolvidos (hipertonia elástica ou espasticidade), embora possa haver algum grau de hipotonia na fase aguda da lesão. A espasticidade é mais acentuada nos músculos flexores e pronadores dos membros superiores e nos extensores dos membros inferiores. Ocorre o característico aumento de resistência ao movimento passivo, que é maior durante a tentativa de um movimento rápido, e pode ser seguido de súbita diminuição do tônus nos extremos dos limites do movimento (sinal do canivete). O padrão de apresentação de fraqueza produzida por uma lesão do trato piramidal varia de acordo com a sua localização específica, mas algumas características gerais podem ser enunciadas. A paresia tende a envolver extremidades inteiras ou determinados grupos musculares. Isso a diferencia de uma lesão do neurônio motor inferior, na qual o comprometimento da força envolve músculos inervados por uma estrutura específica, como raiz nervosa ou nervo periférico. Uma avaliação cuidadosa de um paciente com lesão do trato piramidal evidencia que nem todos os músculos do lado acometido estão envolvidos, mesmo no contexto de uma hemiplegia. Regiões nas quais os músculos têm inervação bilateral são poupadas, incluindo mandíbula, faringe, pescoço, tórax e abdome. Quando há comprometimento da face, a fraqueza limita-se à região inferior, embora ocasionalmente o fechamento das pálpebras possa estar ligeiramente enfraquecido. Assim como as regiões já citadas, o seguimento superior da face recebe inervação bilateral. Paresia facial que acomete as porções superior e inferior sugere lesão ipsilateral do neurônio motor inferior, no nervo facial ou em seu núcleo no tronco encefálico. As lesões do trato piramidal, em geral, não resultam em atrofia muscular grave e precoce, como aquela observada em lesões do neurônio motor inferior, mas pode haver alguma atrofia na fase tardia, ocasionada pelo desuso. Os reflexos profundos estão aumentados (hiperreflexia) e pode-se observar clônus. Surgem também, com frequência, diversos reflexos patológicos, como o sinal de Babinski. Esses achados (fraqueza, espasticidade, hiperreflexia e reflexos patológicos) caracterizam a síndrome piramidal ou do neurônio motor superior. Síndrome de Guillain-Barré (SGB): A SGB é uma doença de caráter autoimune que acomete primordialmente a mielina da porção proximal dos nervos periféricos de forma aguda ou subaguda. Aproximadamente 60% a 70% dos pacientes com SGB apresentam alguma doença aguda precedente (1 a 3 semanas antes), sendo a infecção por Campilobacter jejuni a mais frequente (32%), seguida por citomegalovírus (13%), vírus Epstein Barr (10%) e outras infecções virais, tais como hepatite por vírus tipo A, B e C, influenza e vírus da imunodeficiência humana (HIV). Outros fatores precipitantes de menor importância são intervenção cirúrgica, imunização e gravidez. A maioria dos pacientes percebe inicialmente a doença pela sensação de parestesia nas extremidades distais dos membros inferiores e, em seguida, superiores. Dor neuropática lombar ou nas pernas pode ser vista em pelo menos 50% dos casos. Fraqueza progressiva é o sinal mais perceptível ao paciente, ocorrendo geralmente nesta ordem: membros inferiores, braços, tronco, cabeça e pescoço. A intensidade pode variar desde fraqueza leve, que sequer motiva a busca por atendimento médico na atenção básica, até ocorrência de tetraplegia completa com necessidade de ventilação mecânica (VM) por paralisia de musculatura respiratória acessória. Fraqueza facial ocorre na metade dos casos ao longo 89 do curso da doença. Entre 5%-15% dos pacientes desenvolvem paresia oftálmica e ptose. A função esfincteriana é, na maioria das vezes, preservada, enquanto a perda dos reflexos miotáticos pode preceder os sintomas sensitivos até mesmo em músculos pouco afetados. Instabilidade autonômica é um achado comum, causando eventualmente arritmias relevantes, mas que raramente persistem após duas semanas. A doença usualmente progride por 2 a 4 semanas. Pelo menos 50% a 75% dos pacientes atingem seu nadir na segunda semana, 80% a 92% até a terceira semana e 90% a 94% até a quarta semana. Insuficiência respiratória com necessidade de VM ocorre em até 30% dos pacientes nessa fase. Progressão de sinais e sintomas por mais de 8 semanas exclui o diagnóstico de SGB, sugerindo, então, polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica (PDIC). Passada a fase da progressão, a SGB entra num platô por vários dias ou semanas, com subsequente recuperação gradual da função motora ao longo de vários meses. Entretanto, apenas 15% dos pacientes ficarão sem nenhum déficit residual após dois anos do início da doença, e 5% a 10% permanecerão com sintomas motores ou sensitivos incapacitantes. A mortalidade nos pacientes com SGB é de aproximadamente 5% a 7%, geralmente resultante de insuficiência respiratória, pneumonia aspirativa, embolia pulmonar, arritmias cardíacas e sepse hospitalar. Os fatores de risco para um mau prognóstico funcional são idade acima dos 50 anos, diarreia precedente, início abrupto de fraqueza grave (menos de 7 dias), necessidade de VM e amplitude do potencial da condução neural motora menor que 20% do limite normal. O prognóstico motor é melhor nas crianças, pois necessitam menos de suporte ventilatório e recuperam-se com maior rapidez. Recorrência do episódio pode ocorrer em até 3% dos casos, não havendo relação com a forma de tratamento utilizada na fase aguda, conforme se acreditava. DIAGNÓSTICO: O diagnóstico da SGB é primariamente clínico. No entanto, exames complementares são necessários para confirmar a hipótese diagnóstica e excluir outras causas de paraparesia flácida. Diagnóstico Clínico: Os pacientes com SGB devem obrigatoriamente apresentar graus inequívocos de fraqueza em mais de um segmento apendicular de forma simétrica, incluindo musculatura craniana. Os reflexos miotáticos distais não podem estar normais. A progressão dos sinais e sintomas é de suma importância, não podendo ultrapassar 8 semanas e com recuperação 2-4 semanas após fase de platô. Febre e disfunção sensitiva são achados pouco frequentes, devendo levantar suspeita de uma etiologia alternativa, de causa provavelmente infecciosa. Diagnóstico Laboratorial: Análise do líquido cefalorraquidiano (líquor): Elevação da proteína no líquor acompanhada por poucas células mononucleares é o achado laboratorial característico, evidente em até 80% dos pacientes após a segunda semana. Entretanto, na primeira semana, a proteína no líquor pode ser normal em até 1/3 dos pacientes. Caso o número de linfócitos no líquor exceda 10 células/mm3, deve-se suspeitar de outras causas de polineuropatia, tais como sarcoidose, doença de Lyme ou infecção pelo HIV. Diagnóstico eletrofisiológico: A SGB é um processo dinâmico com taxa de progressão variável. O ideal seria reexaminar o paciente após a primeira semana 90 do início dos sintomas, quando as alterações eletrofisiológicas são mais evidentes e mais bem estabelecidas. É importante salientar que a ausência de achados eletrofisiológicosdentro desse período não exclui a hipótese de SGB. No entanto, a exploração eletrofisiológica faz-se necessária para a exclusão de outras doenças neuromusculares causadoras de paraparesia flácida aguda. Na condução neural motora, os marcos eletrofisiológicos de desmielinização incluem latências distais prolongadas, lentificação de velocidades de condução, dispersão temporal, bloqueio de condução e latências da Onda-F prolongadas, todos esses parâmetros geralmente simétricos e multifocais. ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA (ELA) A ELA, também conhecida nos Estados Unidos como doença de Lou Gehrig, caracteriza- se por paralisia progressiva marcada por sinais de comprometimento do NMS e do NMI. É a forma mais comum de DNM e, frequentemente, o termo ELA é utilizado indistintamente para as outras formas de DNM. O diagnóstico deve ser suspeitado quando há envolvimento clínico e eletroneuromiográfico do neurônio motor inferior, alterações eletroneuromiográficas do tipo neurogênicas em músculos clinicamente normais, sinais de envolvimento do neurônio motor superior e caráter progressivo da doença. No quadro clínico, não se enquadram comprometimento sensitivo, autonômico ou visual, assim como parkinsonismo. O diagnóstico é apoiado por presença de fasciculações em uma ou mais regiões e velocidade de condução normal e sem bloqueio de condução na eletroneuromiografia (ENMG). Sob uma forma geral, verifica-se que o sexo masculino é mais comprometido que o feminino em uma proporção de 3:2, e os brancos são mais afetados que os negros, com idade média de início dos sintomas aos 57 anos, um pouco mais precoce nos homens. Cerca de 4 a 6% dos casos afetados são pessoas com menos de 40 anos. A forma esporádica é a forma mais comum dessa doença, contabilizando cerca de 90% de todos os casos. A ELA familiar tem a forma de herança autossômica dominante, e o quadro clínico é indistinguível da forma esporádica. A causa da ELA não é totalmente esclarecida. Os trabalhos epidemiológicos, sobretudo os experimentos com modelos animais, têm permitido concluir que a doença se relaciona com a presença de algum fator genético e a sua expressão clínica estaria relacionada com a exposição desse indivíduo, marcado geneticamente, a algum fator, ou fatores, que funcionariam como gatilho para o desencadeamento do processo de degeneração do motoneurônio. Dentre os gatilhos, destacam-se: processo inflamatório, atividade física, exposição a agentes tóxicos (endógenos – do próprio indivíduo; ou exógenos – produtos do meio ambiente). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Protocolo clinico e diretrizes terapêuticas Síndrome de Guilllan Barre Portaria SAS/MS n° 1171. RODRIGUES, Marcelo M.; BERTOLUCCI, Paulo Henrique F. Neurologia para o Clínico- Geral. Editora Manole, 2014. 9788520452240. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520452240/. Acesso em: 02 jun. 2022. Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado 91 Reconhecer o mecanismo de agressão e defesa viral. Aprender sobre RM nas doenças desmielinizantes (Esclerose múltipla) e Síndrome de Guillain-Barré. Conhecer a farmacologia dos benzodiazepínicos. Atividades Práticas: Lab 1 Propedêutica Imagem: Entender a aplicação da RM no diagnóstico e acompanhamento da Esclerose múltipla e Síndrome de Guillain-Barré. Lab 2 Anatomopatologia Discutir o diagnóstico de neuropatias; vírus neurotrópicos (Polio; Coxsakie; Sarampo; Herpes; HIV). Lab 3 Farmacologia Conhecer a farmacologia dos benzodiazepínicos. Discutir a farmacologia das drogas utilizadas para melhorar a qualidade do sono. Palestras: 1° Palestra - Doenças desmielinizantes metabólicas. 2° Palestra - Transtorno da junção neuromuscular (Tétano, miastenia). TICs: Objetivos Conhecer as situações que podem cursar com paralisia obstétrica. Identificar a Síndrome de Horner como critério de pior prognóstico da Paralisia de ERB. Identificar e conduzir efeitos colaterais pós-vacinais. Atividade: Paralisia obstétrica / Guillain Barré / vigilância efeitos adversos vacina. Semana 13 – Órgãos dos sentidos Objetivos da semana: Conhecer a fisiopatologia da audição e do equilíbrio. Compreender a fisiopatologia da vertigem. Estudar os distúrbios da visão. Orientações para Palestras: Palestra 1: Fisiopatologia, sinais e sintomas e diagnóstico das doenças desmielinizantes metabólicas (Deficiência de vitamina B12 e Mielinólise pontina central) Palestra 2: Fisiopatologia, sinais e sintomas das doenças da junção neuro muscular. 92 S13P1: Por que tudo roda? Paciente do sexo feminino, 57 anos de idade, chega ao PS com história de hipoacusia esquerda, tontura (como se os objetos estivessem rodando) e sensação de desequilíbrio que se iniciaram há 1 semana, com piora progressiva. Essa tontura apresenta um caráter contínuo, sem piora com mudança de posição. História de HAS, com tratamento irregular. Nega cefaleia. PA = 140 x 88 mmHg. P = 88. AP CV: BRNF, sem sopros. AP= MV+, sem RA. Glasgow = 15. MMSS e MMII: apresentam força normal. Objetivos: Estudar a fisiologia da audição e do equilíbrio. Entender a fisiopatologia, etiologia e manifestações clínicas da vertigem. Diferenciar os tipos de vertigens. Instruções para tutores: Fisiologia da audição e equilíbrio: Os mecanorreceptores para a audição e o equilíbrio estão localizados na orelha* interna. A orelha externa (ou ouvido externo), a orelha média e a cóclea (parte da orelha interna) estão envolvidos com a audição. Os canais semicirculares, o utrículo e o sáculo (também da orelha interna) estão envolvidos com o equilíbrio. Os receptores dos canais semicirculares (células ciliadas) detectam aceleração angular, os receptores do utrículo detectam aceleração linear na direção horizontal, e os receptores do sáculo detectam aceleração linear na direção vertical. A orelha converte as ondas sonoras do ambiente em potenciais de ação no nervo auditivo. As ondas são transformadas pelo tímpano e pelos ossículos em movimentos da platina do estribo. Esses movimentos geram ondas no líquido da orelha interna. A ação das ondas sobre o órgão de Corti gera potenciais de ação no nervo. A membrana timpânica move-se para dentro e para fora em resposta às mudanças de pressão produzidas pelas ondas sonoras sobre sua superfície externa. Dessa forma, a membrana funciona como um ressonador que reproduz as vibrações da fonte sonora. A membrana cessa a vibração quase imediatamente com o cessar da onda sonora. Os movimentos da membrana timpânica são transmitidos ao manúbrio do martelo. O martelo vibra em um eixo através da junção de seus dois processos, o longo e o curto, de maneira que o processo curto transmite as vibrações do manúbrio à bigorna. A bigorna move-se, transmitindo as vibrações à cabeça do estribo. Os movimentos da cabeça do estribo são transferidos a sua platina, fazendo esta se deslocar em movimentos de vai e vem sobre a janela oval. Os ossículos auditivos operam como um sistema de alavanca que converte as vibrações de ressonância da membrana timpânica em movimentos do estribo contra a escala vestibular da cóclea, preenchida com perilinfa. Esse sistema aumenta a pressão do som que chega à janela oval, devido à ação de alavanca do martelo e da bigorna multiplicar a força por 1,3 vezes e pelo fato de a membrana timpânica ser muito maior do que a área da platina do estribo. O sistema vestibular está constituído pelo aparelho vestibular e pelos núcleos vestibulares centrais. O aparelho vestibular dentro da orelha interna detecta os movimentos e a posição da cabeça e faz a transdução da informação em um sinal neural. 93 Os núcleos vestibulares estão relacionados com a manutenção da posição da cabeça no espaço; os tratos descendentes desses núcleos medeiam os ajustes da cabeça com o pescoço e da cabeça com o corpo. Os gângliosvestibulares contém os corpos celulares dos neurônios que inervam as cristas e as máculas. Cada nervo vestibular termina em um núcleo vestibular ipsilateral e no lobo floculonodular do cerebelo. As fibras dos canais semicirculares projetam-se aos núcleos vestibulares superior e medial; estas informações destinam-se principalmente aos núcleos motores que controlam os movimentos dos olhos. As fibras do utrículo e do sáculo projetam-se ao núcleo de Deiters e, a partir deste, projetam-se principalmente para a medula espinal. Os núcleos vestibulares também se projetam ao tálamo, com destino ao córtex somatossensorial. As conexões ascendentes aos núcleos dos nervos cranianos estão envolvidas com os movi- mentos extraoculares. Paciente com quadro de hipoacusia, tonturas e desequilíbrio com diagnóstico diferencial relativamente extenso. A principal preocupação nestes casos é definir se este é um quadro de origem em sistema nervoso central ou se é uma tontura de origem periférica. Assim, discutiremos este caso com base em algumas perguntas e respostas. Quais achados devem ser procurados no exame físico? Diagnóstico diferencial das vertigens: Procurar nistagmo e sua caracterização, testar coordenação do paciente, em particular com prova do índex-nariz. Observar se o paciente apresenta disdiadococinesia, alterações de marcha e se apresenta sinal de Romberg positivo e de que padrão. O diagnóstico diferencial dos pacientes com tontura e alteração de equilíbrio inclui sobretudo alterações vestibulares e cerebelares. Também seriam incluídas como diagnóstico diferencial doenças que evoluíssem com alterações de propriocepção, como as lesões de coluna posterior, porém tais doenças caracteristicamente não apresentam vertigem, que é a falsa sensação de movimentação ou rotação, como a descrita neste caso. Os pacientes com alterações vestibulares costumam apresentar sensação de vertigem intensa, de caráter intermitente e não contínuo e que piora com a movimentação. A grande maioria dos pacientes apresenta nistagmo de caráter horizonto-rotatório, nunca vertical. Pode apresentar alteração do equilíbrio no teste de Romberg com piora típica com o fechar dos olhos. Os pacientes com alterações cerebelares, por sua vez, apresentam uma vertigem de caráter contínuo, menos intensa, sem piora com a movimentação. O nistagmo pode estar presente, embora com menor frequência do que nos pacientes com alterações vestibulares e pode ser horizonto-rotatório ou vertical; quando vertical, é altamente sugestivo de patologia cerebelar. Os pacientes apresentam ainda alterações de coordenação, com dismetria na prova de índex-nariz e a disdiadococinesia, que é a dificuldade em realizar movimentos rápidos alternantes, testado pela realização de movimentos de pronação e supinação das mãos. Ocorrem ainda alterações de equilíbrio, com dificuldade em se manter em pé, mas com alterações que não pioram com os olhos fechados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: RAFF, Rhershel; LEVITZKY, Michael G. Fisiologia Médica. Grupo A, 2012. 9788580551488. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580551488/. Acesso em: 03 jun. 2022. 94 S13P2: Dúvidas de Carmem Carmem, 9 anos de idade, não entende por que crianças usam óculos e sua avó, com mais de 80 anos de idade, ainda consegue ler sem os óculos. Sua mãe, com 50 anos, estica o braço para ler algo. Muito intrigada, ao chegar na aula, fez estas perguntas a sua professora. Dona Sophia explicou que se tratava de ametropia. Carmem perguntou: “Isso é doença?”. Objetivos: Rever as estruturas anatômicas e histológicas do olho; Rever via óptica; Analisar a formação da imagem no olho; Entender a fisiologia da visão; Compreender os principais distúrbios da visão (glaucoma, distúrbios da refração, retinoblastoma e ceratocone). Orientação para tutores Os principais vícios de refração são hipermetropia, miopia, astigmatismo e presbiopia Quantas pessoas você conhece que possuem ametropias? Se você ainda não está familiarizado com o termo, vou perguntar de outra maneira: quantas pessoas você conhece que usam óculos? Imagino que sejam muitas, visto que erros de refração são extremamente comuns na nossa população. As ametropias ou erros de refração, na oftalmologia, são defeitos ópticos que impedem que feixes de luz paralelos sejam focalizados na retina de maneira adequada. Os principais vícios de refração são hipermetropia, miopia, astigmatismo e presbiopia. A principal repercussão dessas condições é a diminuição da acuidade visual. Vamos conversar sobre cada um deles? FISIOLOGIA DA REFRAÇÃO DA LUZ Compreender a fisiopatologia dos erros de refração é muito mais fácil quando nós entendemos o que ocorre fisiologicamente. Dessa forma, um olho emítrope é aquele em que há correlação adequada entre o eixo de seu comprimento e seu poder refrativo (ou seja, é um olho sem ametropias!). A quantidade de refração é definida pelo comprimento de onda dos raios luminosos, por seus ângulos de incidência, pelos seus comprimentos de onda e pela diferença no índice refrativo dos dois meios. Quanto maior a diferença do índice refrativo do segundo meio em relação ao primeiro, maior a refração, ou seja, maior será o desvio da luz. Além disso, quanto maior o índice refrativo do meio, menor é a velocidade da luz nele. O aparelho dióptrico ou refringente do olho compreende córnea, humor aquoso, cristalino e humor vítreo. Dentre eles, o cristalino é responsável por cerca de um terço do poder refrativo ocular, sendo o meio refringente variável do olho. Para saber mais sobre a anatomia do globo ocular, confira a postagem da Sanar sobre Anatomia e fisiologia ocular. 95 Figura 2. Anatomia do olho humano, demonstrando os eixos geométrico e visual. Fonte: Oftalmologia – Ciências Básicas, 3ª edição. O cristalino é uma lente convexa cuja curvatura é alterada pelo grau de contração dos músculos ciliares, mecanismo que integra o fenômeno de acomodação visual que possibilita visualização de objetos em diferentes distâncias. Quando olhamos para perto, o cristalino fica mais esférico, aumentando a convergência dos raios luminosos. Por outro lado, quando olhamos para longe ele se torna mais achatado, diminuindo a convergência da luz. Figura 3. Imagem esquemática de refração em lente convexa. Quanto maior a curvatura da lente, maior será a convergência da luz e, por conseguinte, menor será a distância focal. Fonte: Oftalmologia – Ciências Básicas, 3ª edição. Os raios luminosos que incidem sobre o olho humano são refratados e, desse modo, a luz é focalizada em um ponto denominado fóvea central. A linha que conecta a fóvea e o objeto observado, portanto, determina o eixo visual. O eixo visual é distinto do eixo geométrico, pois este compreende a linha que conecta os dois polos do olho, não possuindo significância anatômica ou funcional. A fóvea central é o local onde a imagem será percebida com maior nitidez após a transdução do sinal luminoso. Por isso, ela é considerada o ponto focal do olho. Essa imagem é formada na retina de maneira invertida (de cabeça para baixo). Figura 4. A retina é o anteparo em que será projetada a imagem visual. Na emetropia, essa imagem é formada sobre a fóvea central. Fonte: encurtador.com.br/fhr59 Glaucoma: o glaucoma engloba um conjunto de condições oculares que causam alterações progressivas de fibras nervosas da retina e do nervo óptico associadas a característicos defeitos do campo visual; está geralmente asso- ciado à pressão intraocular elevada. 96 O glaucoma pode ser classificado de várias formas, mas é comumente dividido em dois tipos: de ângulo aberto e de ângulo fechado. Se a causa aparente envolve condições locais ou sistêmicas, o glaucoma é considerado secundário, por outro lado, se a causa não é aparente ou conhecida, é considerado primário. Ceratocone: é uma afecção comum, com prevalênciade 50 casos para 100 mil, em que ocorre afilamento corneano progressivo central ou paracentral, provocando elevação cônica do ápice corneano. A etiologia é desconhecida e provavelmente multifatorial. O padrão de hereditariedade não é bem estabelecido, mas história familiar é descrita em cerca de 8% dos casos. A doença pode estar associada às síndromes de Down e Marfan, atopia e neuropatia óptica congênita de Leber, além de outras várias anomalias oculares congênitas. Praticamente todos os casos são bilaterais, mas geralmente são assimétricos. A progressão ocorre durante a adolescência, podendo estabilizar-se na fase adulta. À medida que progride, a córnea torna-se cada vez mais fina no ápice do cone, acompanhada de astigmatismo irregular, sem que haja inflamação. Retinoblastoma: Tumor intraocular maligno, originário do tecido neural da retina, congênito ou de aparecimento nos dois primeiros anos de vida. Tem incidência estimada em 1:14.000 nascidos vivos. Afeta um ou ambos os olhos, não tem preferência por sexo. É de etiologia genética; seu gene, um supressor recessivo, está codificado e localizado no braço longo do cromossomo 13. A apresentação do retinoblastoma segue o modelo de dupla mutação gênica proposto por Alfred Knudson. Os casos com transmissão hereditária são sempre multifocais (uni ou bioculares); apresentam-se com modelo de herança autossômico dominante; neles, a primeira mutação está presente na célula-ovo (mutação germinal) e a segunda mutação ocorre na retina (mutação somática). REFERÊNCIAS PUTZ, C. Oftalmologia: Ciências Básicas. 3ª ed. Guanabara Koogan, 2017. PORTO, Celmo Celeno. Semiologia Médica. 8ª ed. Guanabara Koogan, 2019. BERNE, Robert M.; LEVY, Matthew N. (Ed.). Fisiologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. SCHOR, Paulo; CHAMON, Wallace; JR, Rubens B. Guia de oftalmologia. Editora Manole, 2004. 9788520455838. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520455838/. Acesso em: 03 jun. 2022. DANTAS, Altamir M. Essencial em Oftalmologia. Grupo GEN, 2010. 978-85-700-6496-7. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-700-6496- 7/. Acesso em: 03 jun. 2022. Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Compreender sobre a fisiopatologia, avaliação por imagem e tratamento da tontura. Atividades Práticas: Lab 1 Propedêutica Imagem: Aprender sobre o uso da TC e RM na avaliação da tontura. Lab 2 Anatomopatologia e Pato Geral 97 Rever a anatomia do conduto auditivo; Estudar as lesões mais comuns dessa topografia; Lab 3 Farmacologia Conhecer os fármacos utilizados no tratamento da vertigem. Palestras: 1º Palestra: Alterações do SNC no idoso. 2º Palestra: Alterações dos órgãos do sentido no idoso. TICs: Objetivos: Correlacionar achados do fundo de olho com as patologias relacionadas. Calcular adequadamente a pressão de perfusão cerebral. Conhecer a técnica de implante de válvula de derivação ventrículo peritoneal. Atividade: Fundo de olho / exame clínico dos olhos / papiledema / pressão perfusão cerebral / válvula de derivação. Semana 14 – Sistema Locomotor Objetivos da semana Revisar a morfofisiologia da coluna lombar; Revisar a morfofisiologia da coluna cervical. Compreender a osteomilite e fatores de risco associados; S14P1: A dor que irradia Alberto mora no sítio e vive uma vida pesada trabalhando na roça. Ontem estava cuidando do curral e hoje, quando se levantou, sentiu uma dor muito forte nas costas. A dor descia para a perna esquerda e ele andava com dificuldade. Não é a primeira vez que ele sente isso. Novamente ele procura sua médica, Manuela, mas dessa vez com muita dificuldade para movimentar o dedão do pé. Dra Manuela comenta: - Sr. Alberto, o senhor precisa se cuidar. Com o tempo a coluna vai se modificando. Objetivo de aprendizagem: 1. Revisar a morfofisiologia da coluna lombar; Orientações para Palestras 1 e 2: Etiologia, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento. 98 2. Explicar a fisiopatologia da síndrome de compressão radicular lombar; 3. Relacionar os sintomas apresentados com provável raiz comprimida e prováveis etiologias, incluindo os tumores de coluna. 4. Entender a escala de tratamento da dor (não aprofundar os mecanismos de ação). ORIENTAÇÕES PARA O TUTOR: Avaliação da lombalgia em adultos INTRODUÇÂO 84% dos adultos podem apresentar dor lombar em algum momento de suas vidas. Os episódios de dor lombar na maioria dos casos são autolimitados. A dor vertebral que durar até 3 meses é chamada de aguda, os casos com duração entre 2 a 4 sem são as lombalgias subagudas e > 3 meses casos crônicos. Casos com períodos de acalmia, sem dor, mas que recidiva após um período e limita função e as atividades chamamos de recorrente ou reagudizada. Raramente, a dor lombar é um prenúncio de doença médica séria. TERMINOLOGIA Lombalgia – dor lombar Ciatalgia – dor no trajeto do nervo ciático Radiculopatia – dor vinculada a uma doença na raiz de um ou mais nervos. Lombociatalgia – dor lombar que irradia no trajeto do nervo ciático concomitante. Esses termos diferentes são usados para descrever condições relacionadas à região lombar com base em achados radiológicos, achados físicos e nos sintomas. (ciática). EPIDEMIOLOGIA 2010 - Os sintomas lombares foram a principal razão para 1,3% das consultas nos Estados Unidos e os distúrbios vertebrais representaram 3,1% dos diagnósticos em ambulatórios. PREVALÊNCIA Uma revisão sistemática de 2012 estimou que a prevalência pontual global de lombalgia limitadora de atividade com duração de mais de um dia foi de 12% e a prevalência de um mês foi de 23%. Outras estimativas da pesquisa sobre a prevalência de lombalgia variaram de 22 a 48%, dependendo da população. FATORES DE RISCO: Os fatores de risco associados às queixas de dor lombar incluem tabagismo, obesidade, idade, sexo feminino, trabalho fisicamente extenuante, trabalho sedentário, trabalho psicologicamente extenuante, baixa escolaridade, seguro de acidentes de trabalho, insatisfação no trabalho e fatores psicológicos, como desordem de somatização, ansiedade e depressão. 99 ETIOLOGIA: Embora existam muitas etiologias da dor lombar, a maioria dos pacientes atendidos na atenção primária apresentará dor lombar inespecífica. Dor nas costas inespecífica - A grande maioria dos pacientes atendidos na atenção primária (> 85%) terá dor lombar inespecífica, sem causa provável identificável, ou apenas sugestiva. Muitos desses pacientes podem ter uma simples dor musculoesquelética e a maioria dos pacientes melhora em poucas semanas. Etiologias sistêmicas graves - Entre os pacientes que apresentam dor lombar, nos serviços de atenção primária, menos de 1% terá uma etiologia sistêmica grave (síndrome da cauda equina, câncer metastático e infecção da coluna vertebral). Quase todos os pacientes com essas condições apresentam fatores de risco ou outros sintomas que devem ser identificados no exame clínico. ● Compressão da medula espinhal ou cauda equina - Existem muitas causas da síndrome da cauda equina, sendo a mais comum a hérnia do disco intervertebral em 22,7%, espondilite anquilosante em 15,9%, punção lombar em 15,9%, trauma em 7,6%, tumor maligno em 7,2%, tumor benigno em 5,7% e infecção em 5,3%. A dor é geralmente o primeiro sintoma da compressão medular, mas os achados motores (geralmente fraqueza) e sensoriais estão presentes na maioria dos pacientes no diagnóstico. A disfunção intestinal e / ou da bexiga geralmente são achados tardios. O diagnóstico e tratamento precoces melhoram os resultados. ●Câncer metastático - o osso é um dos locais mais comuns de metástase. Uma história de câncer (excluindo câncer de pele não melanoma) é o fator de risco mais forte para dores nas costas por metástase óssea. Entre os cânceres sólidos,as doenças metastáticas dos cânceres de mama, próstata, pulmão, tireoide e rim são responsáveis por 80% das metástases esqueléticas. Aproximadamente 60% dos pacientes com mieloma múltiplo apresentam lesões líticas esqueléticas presentes no diagnóstico. A dor é o sintoma mais comum. Em pacientes com histórico de câncer, a dor repentina e intensa aumenta a preocupação com fraturas patológicas. Os pacientes também podem ter sintomas neurológicos de compressão da medula espinhal ou instabilidade espinhal. ●Abscesso epidural. ●Osteomielite vertebral Etiologias específicas menos sérias - Menos de 10% dos pacientes que se apresentam nos cuidados primários com lombalgia terão etiologias menos sérias, mas específicas para a dor. ●Fratura por compressão vertebral ●Radiculopatia ●Estenose espinhal Outras etiologias: 100 ●Espondilite anquilosante ●Osteoartrite ●Escoliose e hipercifose ●Angústia psicológica ●Etiologias fora da coluna vertebral Existem também entidades clínicas que estão possivelmente associadas a sintomas de lombalgia: ●Síndrome do piriforme ●Disfunção da articulação sacroilíaca Avaliação de risco de dor nas costas subaguda - Pacientes que não melhoraram após quatro a seis semanas de terapia conservadora e que não receberam imagens na avaliação inicial são reavaliados. Pacientes que desenvolveram déficits neurológicos ou sintomas de infecção nesse ínterim devem ter imagens. Nos pacientes que tiveram indicações para imagens imediatas e tiveram resultados negativos, não repetimos as imagens nos pacientes se os sintomas não forem alterados. A repetição de imagens é indicada em pacientes com sintomas novos ou agravados ou novas preocupações que se desenvolvem nesse ínterim. A modalidade dependerá do diagnóstico suspeito e da modalidade do exame inicial de imagem. Radiculopatia ou estenose espinhal lombar - Pacientes com sintomas persistentes devido a uma radiculopatia lombossacra ou estenose espinhal que não responderam ao tratamento conservador e que são candidatos e interessados em terapias invasivas (por exemplo, cirurgia ou injeção peridural para radiculopatia) devem ter uma ressonância magnética para avaliação adicional e ser encaminhado para consideração para essas terapias. Risco de câncer - Em pacientes com dor lombar que não atenderam aos critérios de imagem imediata, mas que apresentam fatores de risco para câncer e não melhoram com terapia conservadora após quatro a seis semanas, avaliamos com radiografias simples e VHS (ou PCR). Os pacientes com uma radiografia positiva devem ter uma avaliação adicional apropriada para malignidade (por exemplo, avaliação do local primário, outra doença metastática). Pacientes com VHS positiva (ou PCR), mas radiografia simples negativa devem ser avaliados com ressonância magnética. Pacientes sem preocupações específicas - Em outros pacientes onde não há preocupações com uma etiologia específica, geralmente tratamos com terapia conservadora até oito semanas. Avaliação de risco de dor nas costas crônica - Pacientes que apresentam inicialmente dor lombar> 12 semanas de duração devem ser submetidos à avaliação de risco de dor nas costas aguda e subaguda. Em pacientes sem preocupações específicas que não receberam nenhuma imagem para as indicações mencionadas acima, se não houver 101 melhora após 12 semanas, geralmente fazemos uma imagem com uma radiografia simples e consideramos a necessidade de encaminhamentos para avaliação e tratamento adicionais. REFERÊNCIAS 1. https://www.uptodate.com/contents/image?imageKey=PC%2F78051&topicKey=P C%2F7782&search=lombalgia%20mec%C3%A2nica&rank=1~150&source=see_link &sp=0 2. https://www.uptodate.com/contents/evaluation-of-low-back-pain-in- adults?search=lombalgia%20mec%C3%A2nica&source=search_result&selectedTitl e=1~150&usage_type=default&display_rank=1 3. https://www.uptodate.com/contents/evaluation-of-low-back-pain-in- adults?search=lombalgia%20mec%C3%A2nica&source=search_result&selectedTitl e=1~150&usage_type=default&display_rank=1. 4. https://www.uptodate.com/contents/evaluation-of-low-back-pain-in adults?search=lombalgia%20mec%C3%A2nica&source=search_result&selectedTitl e=1~150&usage_type=default&display_rank=1. Lombalgia aguda e crônica Versão resumida do capítulo original, o qual pode ser consultado, na íntegra, em Gusso & Lopes, Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação e prática (2 vols., Porto Alegre: Artmed, 2012). Link: http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/5314/lombalgia_aguda_e_croni ca.htm. S14P2: “A Estrela Dalva no céu desponta” Estrela Dalva, com 13 anos, apresentou quadro de sepse secundária à Infecção do trato urinário causada por bactéria multirresistente. Algumas semanas após esse quadro, evoluiu com dor em membro inferior direito associada a edema, rubor no local e febre, além de limitação do movimento. Foi feita hipótese diagnóstica de celulite e iniciada antibioticoterapia domiciliar. Quatro dias depois a paciente retorna ao pronto atendimento sem melhora do quadro, e optou-se por internação hospitalar para antibioticoterapia. Objetivos: Estudar Osteomielites e seus principais agentes etiológicos; Revisar os mecanismos de infecção (fisiopatologia) e fatores de risco para osteomielite; Compreender a formação de biofilmes nos casos crônicos: Verificar a acurácia do método diagnóstico na verificação da disseminação da infecção para partes moles, para o osso ou a articulação. Instruções para tutores: http://www.uptodate.com/contents/image?imageKey=PC%2F78051&topicKey=P http://www.uptodate.com/contents/evaluation-of-low-back-pain-in- http://www.uptodate.com/contents/evaluation-of-low-back-pain-in- http://www.uptodate.com/contents/evaluation-of-low-back-pain-in http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/5314/lombalgia_aguda_e_croni 102 Osteomielite é uma infecção que envolve ossos. A osteomielite pode ser classificada com base no mecanismo de infecção (hematogênico versus não hematológico) e na duração da doença (aguda versus crônica). A osteomielite não- hetogênica pode ocorrer como resultado da disseminação contígua da infecção ao osso pelos tecidos moles e articulações adjacentes ou via inoculação direta da infecção no osso (como resultado de trauma, feridas por mordida ou cirurgia). A osteomielite hematogênica é causada por microrganismos que semeiam o osso no cenário da bacteremia. Deve-se suspeitar de osteomielite não-hematogênica no cenário de dor musculoesquelética nova ou agravada, particularmente em pacientes com tecidos moles com cicatrização insuficiente ou feridas cirúrgicas adjacentes a estruturas ósseas, em pacientes com sinais de celulite sobrejacente ao material ortopédico previamente implantado e em pacientes com lesão traumática (incluindo mordidas e perfurações). Também deve-se suspeitar de pacientes diabéticos com úlceras que sondam até os ossos. Deve-se suspeitar de osteomielite hematogênica em situações de dor musculoesquelética nova ou agravada, particularmente em situações de febre e / ou bacteremia recente. A osteomielite vertebral é a forma mais comum de osteomielite hematogênica em adultos. Questões relacionadas à osteomielite vertebral são discutidas separadamente. Em geral, o diagnóstico de osteomielite é estabelecido por meio de cultura obtida a partir da biópsia do osso envolvido. Um diagnóstico de osteomielite pode ser inferido nas seguintes circunstâncias. Achados clínicos e radiográficos típicos de osteomielite e hemoculturas positivas com provável patógeno (como Staphylococcus aureus); nesses casos, a biópsia óssea não é necessária, mas pode ser útil, principalmente se for necessário desbridamento terapêutico subsequente. Histopatologia óssea consistente com osteomielite na ausência de dados positivos da cultura (particularmente no cenário da administraçãorecente de antibióticos). Achados radiográficos clínicos e típicos sugestivos e marcadores inflamatórios persistentemente elevados, em circunstâncias sem dados positivos de cultura e biópsia, não é viável. Mecanismo de infecção (Waldvogel) A 1ª etapa decisiva na patogênese da infecção óssea é o acesso do organismo infeccioso ao osso. Depois de ganharem acesso ao osso, os micróbios aderem ao tecido 103 ósseo e então se multiplicam, deflagrando uma resposta inflamatória aguda. O edema e enduração resultantes, aliados ao efeito pró-coagulante da infecção, comprometem os canais vasculares por meio da diminuição do fluxo sanguíneo e trombose, resultando em isquemia e, eventualmente, necrose. A infecção não examinada pode propagar-se pela medula óssea e, em seguida, atingir o osso cortical por meio dos canais harvesianos. A secreção purulenta que se forma junto ao osso esponjoso pode vazar através das brechas existentes no córtex e entrar nos tecidos moles, onde pode formar um abscesso ou migrar via trato sinusal para a superfície da pele. Também pode haver acúmulo de secreção purulenta no espaço subperiósteo, erguendo e desnudando o periósteo da superfície do osso cortical. Este processo, combinado ao suprimento sanguíneo endosteal diminuído, pode acelerar a necrose óssea. A hiperemia reativa, com atividade osteoclástica aumentada, ocorre na borda de infarto e leva à reabsorção óssea. Estes processos são regulados por uma variedade de fatores de crescimento, citocinas e hormônios, podendo ser diretamente desencadeados por alguns produtos bacterianos. Embora o osso morto potencialmente possa ser revascularizado e remodelado por meio de uma lenta substituição, as células reabsorvedoras de osso junto à zona inflamatória muitas vezes levam o osso morto a se separar do osso vivo. Estes segmentos de osso infartado e frequentemente infectado são denominados sequestros. Com o passar do tempo, os sequestros podem ser parcialmente extrudidos para dentro do tecido mole. Ocasionalmente, a extrusão total de um pequeno sequestro resulta na interrupção espontânea da osteomielite, como mostram achados anatomopatológicos e a experiência clínica. Na maioria dos casos, porém, a infecção evolui e envolve mais ossos e estruturas adjacentes. A perda suficiente de estrutura óssea pode acarretar uma fratura patológica, mas este risco pode ser minimizado pela formação concomitante de osso novo. Isto ocorre quando um periósteo elevado, porém viável, forma osso novo e este origina uma concha circunferencial de osso vivo (um invólucro) em torno de um segmento morto. O “invólucro” pode apresentar defeitos (“cloacas”) pelos quais os sequestros podem ser expelidos via seios para a superfície. A infecção hematogênica é causada por organismos transmissíveis pelo sangue que se alojam na medula óssea, como um êmbolo séptico, frequentemente nas metáfises dos ossos longos de crianças ou vértebras de adultos.1 A osteomielite de origem hematogênica que ocorre em adultos geralmente é uma infecção secundária, em que as bactérias causadoras de infecção em outro local ganham acesso à circulação sanguínea e semeiam o osso. As infecções que ocorrem em adultos também podem representar a reativação de um foco quiescente de osteomielite hematogênica desenvolvido na infância. O sítio de envolvimento mais comum é a tíbia distal, tipicamente uma lesão isolada situada perto da metáfise. Os ossos longos podem ser favorecidos porque as alças capilares metafisárias tortuosas são vulneráveis à trombose, configurando um sítio favorável para a semeadura de bactérias. Uma minoria substancial dos pacientes relata um traumatismo cego no local afetado. Até mesmo traumatismos pequenos podem expor diversas substâncias hematológicas e da matriz óssea à circulação sanguínea. Isto pode permitir que patógenos em potencial, especialmente Staphylococcus aureus, fiquem aderidos às proteínas do hospedeiro via receptores específicos. As cepas isoladas de S. aureus podem expressar receptores para fibronectina, laminina, colágeno ou sialoglicoproteína, que são componentes da matriz óssea. Além disso, S. aureus pode sobreviver por períodos prolongados em um estado dormente, quando é internalizado pelos osteoblastos no osso. 104 A infecção de foco contíguo ocorre por disseminação dos micro-organismos, em geral a partir dos tecidos moles adjacentes e pelo córtex ósseo. A osteomielite de foco contíguo crônica também pode começar como uma infecção aguda, com inoculação direta dos micro-organismos no osso no momento do traumatismo ou durante a realização dos procedimentos de pré ou intraoperatório. O trauma também contribui para o dano direto aos tecidos, aumento da suscetibilidade à invasão bacteriana e diminuição das respostas imunes e inflamatórias à invasão bacteriana. A osteomielite no pé diabético, que ocorre com maior frequência em indivíduos com neuropatia, pode ser assintomática. A suspeita desta condição deve ser considerada em casos de indivíduos que tenham uma úlcera ampla, profunda ou crônica e localizada sobre um osso. Ocasionalmente, uma osteomielite que não levanta suspeita é detectada por exames de imagem na ausência de uma ferida aberta no pé ou sem que haja infecção de tecido mole. De modo semelhante, a osteomielite associada a úlceras de pressão (em geral, sacral ou no calcanhar) também pode ser assintomática em pacientes com comprometimento da medula espinal ou outro tipo de comprometimento neurológico, mas quase sempre é acompanhada de perda de tecido mole profundo. O Tutor deve discutir métodos diagnósticos e falar um pouco do quadro infeccioso crônico. REFERÊNCIAS Lalani T. Overview of osteomyelitis in adults [Internet]. Waltham, MA: UpToDate 17.3; 2009 [cited 2010 Mai 26]. Disponível em: http://www.uptodate.com/patients/content/topic.do?topicKey. Ritz N, Curtis N. The role of Panton-Valentine leukocidin in Staphylococcus aureus musculoskeletal infections in children. Pediatr Infect Dis J. 2012 May;31(5):514–8. Lipsky BA, Berendt AR. Osteomyelitis. ACP Medicine. 2010;1-20. Infecções Ortopédicas: Abordagem Multidisciplinar/ editora Ana Lucia Lei Munhoz Lima; coeditores Priscila Rosalba Domingos Oliveira, Vladimir Cordeiro de Carvalho. São Paulo: Editora Atheneu, 2013. https://www.uptodate.com/contents/osteomyelitis-in-adults-clinical-manifestations- and- diagnosis?search=osteomielite&source=search_result&selectedTitle=2~150&usage_ty pe=default&display_rank=2 Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Reconhecer alterações frequentes presentes nos principais processos patológicos da coluna vertebral, os quais possam ser investigados. Atividades práticas: Propedêutica Imagem: http://www.uptodate.com/patients/content/topic.do?topicKey http://www.uptodate.com/contents/osteomyelitis-in-adults-clinical-manifestations- 105 Conhecer a anatomia radiológica da coluna vertebral. Discutir sobre a avaliação por imagem da hérnia discal e osteomielite. Anatomopatologia: Entender biópsia óssea / osteomielite Farmacologia: Conhecer o tratamento farmacológico da dor. Palestras: 1º Palestra: Lombalgia: sinais de alarme, etiologia e manejo; 2º Palestra: Revisão de raízes, dermátomos, miótomos e reflexos (cervical e lombar). TICs Objetivo: Identificar aspectos radiológicos de espondilolistese e espondilite anquilosante. Conhecer os benefícios da boa postura. Diferenciar lordose de cifose e escoliose. Rever os conceitos de spina bífida e síndrome da cauda equina. Atividade: Hábitos posturais / spina bífida / síndrome da cauda equina. Semana 15 – Sistema Locomotor Objetivos da semana Discutir doenças articulares relacionadas a cristais; Diferenciar dores articulares inflamatórias de mecânicas; Entender como a tecnologia interfere na cervicalgia. S15P1: As dores do mundo.Orientações sobre as palestras: Palestra 1: Epidemiologia da queixa de lombalgia; principais etiologias; sinais de alarme (red flags e yellow flags); indicação de realização de imagem e bases do tratamento. Palestra 2: Incluir raízes cervicais e lombares (incluir mapa de dermátomos e miótomos); sensibilidade, motricidade e reflexos. 106 Rafaela está preocupada com sua mãe, Dona Margarida. Segundo a filha, sua mãe tem acordado com dores nas juntas das mãos e dificuldade de movimentá-las. Como Dona 107 Margarida é muito teimosa, mantém as atividades do lar, pois acredita que as dores melhoram quando o corpo esquenta. Objetivos: Compreender como diferenciar e diagnosticar as dores articulares inflamatórias de mecânicas; Conhecer os fatores de risco associados a dores articulares inflamatórias e mecânicas. Estudar a classificação da dor articular. Instruções para tutores: As articulações podem simplesmente estar doloridas (artralgia) ou também inflamadas (artrite). A inflamação das articulações costuma apresentar calor, edema (por causa do líquido intra-articular, ou derrame) e, raramente, eritema. A dor pode ocorrer somente com o uso ou em repouso. Às vezes o que é descrito pelos pacientes como dor na articulação pode ter uma fonte extra-articular (p. ex., uma estrutura periarticular ou óssea). A dor poliarticular (poliartralgia) compromete várias articulações (a dor monoarticular é discutida em outras partes). Distúrbios poliarticulares podem comprometer várias articulações em momentos diferentes. Quando várias articulações são atingidas, a seguinte distinção pode ser útil para distinguir as diferentes doenças, principalmente as artrites: Oligoarticular: comprometendo ≤ 4 articulações; Poliarticular: Envolvendo > 4 articulações. Fisiopatologia: As origens articulares da dor situam-se no interior da articulação. As origens periarticulares da dor situam-se nas estruturas que envolvem a articulação (p. ex., tendões, ligamentos, bursas, músculos). A dor poliarticular causada por fontes articulares pode resultar do seguinte: Inflamação (p. ex., infecção, artrite induzida por cristais, doenças inflamatórias sistêmicas como AR e artrite psoriática) Doença mecânica ou outras não inflamatórias (p. ex., osteoartrite, síndromes de hipermobilidade) A sinóvia e a cápsula articular são as principais origens de dor no interior de uma articulação. A membrana sinovial é o principal local atingido pela inflamação (sinovite). A dor que atinge várias articulações na ausência de inflamação pode ser decorrente do aumento da flexibilidade articular e de trauma excessivo, como na síndrome de hipermobilidade benigna. A poliartrite pode envolver as articulações periféricas e/ou articulações axiais (p. ex., sacroilíaca, apofisária, discovertebral, costovertebral). 108 Etiologia: A artrite oligoarticular periférica e a artrite poliarticular costumam estar associadas a infecção sistêmica (p. ex., viral) ou doença inflamatória sistêmica (p. ex., AR) do que a artrite monoarticular. Uma causa específica pode geralmente ser determinada (Algumas causas da dor ≥ 5 articulações* e algumas causas da dor em ≤ 4 articulações); entretanto, algumas vezes a artrite é transitória e desaparece antes de um diagnóstico ter sido claramente estabelecido. O comprometimento axial sugere espondiloartropatia soronegativa (também denominada de espondiloartrite), mas também pode ocorrer na AR (atingindo a coluna cervical, mas não a coluna lombar). A artrite poliarticular aguda normalmente é devido à: Infecção (geralmente viral); Surto de alguma doença inflamatória sistêmica; Gota ou artrite por pirofosfato de cálcio (pseudogota), Em adultos, a artrite poliarticular crônica é mais frequentemente devido a: AR Espondiloartropatia soronegativa (normalmente, espondilite anquilosante, artrite reativa, artrite psoriática ou artrite enteropática) Dor poliarticular não inflamatória em adultos decorre mais frequentemente de Osteoartrite. Na maioria das vezes a poliartralgia crônica em adultos é causada por AR e osteoartrite. Em crianças, a artralgia poliarticular crônica decorre mais frequentemente de Artrite idiopática juvenil. A avaliação deve determinar se as articulações ou estruturas periarticulares, ou ambas, são a causa dos sintomas ou se há inflamação. Sintomas e achados extra- articulares, que podem sugerir doença inflamatória sistêmica específica, também devem ser procurados e avaliados, particularmente se houver inflamação nas articulações. A história da doença atual deve identificar as características da dor articular, sintomas articulares associados e sintomas sistêmicos. Entre as características importantes do sintoma articular estão gravidade do início (p. ex., abrupto, gradual), padrões temporais (p. ex., variação diurna, persistente ou intermitente), duração (p. ex., aguda ou crônica) e fatores agravantes e atenuantes (p. ex., repouso, atividade). Deve- se perguntar ao paciente sobre contato sexual sem proteção (indicando risco de artrite infecciosa bacteriana com infecção gonocócica disseminada), picada de carrapatos ou se ele reside ou viaja para uma área onde a doença de Lyme é endêmica. A revisão dos sistemas deve ser exaustiva a fim de identificar os sintomas extra- articulares que podem sugerir doenças específicas (Algumas causas da dor ≥ 5 articulações*, algumas causas da dor em ≤ 4 articulações e alguns diagnósticos sugestivos na dor poliarticular). 109 A história clínica anterior e a história familiar devem identificar distúrbios sistêmicos inflamatórios conhecidos e outras doenças que podem causar sintomas articulares (Algumas causas da dor ≥ 5 articulações* e algumas causas da dor em ≤ 4 articulações). Algumas doenças inflamatórias sistêmicas são mais prevalentes em famílias com determinados perfis genéticos. O exame físico deve ser razoavelmente completo, avaliando todos os principais sistemas de órgãos (p. ex. pele e unhas, olhos, genitais, mucosas, coração, pulmões, abdome, nariz, garganta, linfonodos e sistema neurológico), bem como o sistema musculoesquelético. Os sinais vitais são inspecionados para febre. O exame da cabeça deve observar quaisquer sinais de inflamação ocular (p. ex., uveíte e conjuntivite) e lesões nasais ou orais. Deve-se examinar a pele em busca de exantemas e lesões (p. ex., equimoses, úlceras cutâneas, placas de psoríase, púrpura e eritema malar). O paciente também é avaliado quanto a linfadenopatia e esplenomegalia. O exame cardiopulmonar deve verificar quaisquer sinais que sugiram pleurite, pericardite ou anormalidades valvares (p. ex., sopro cardíaco, atrito pericárdico, sons cardíacos abafados, maciez bibasilar consistente com derrame pleural). Durante o exame genital deve-se observar qualquer secreção, úlceras ou outros achados consistentes com doenças sexualmente transmissíveis. O exame musculoesquelético deve começar diferenciando articular de periarticular ou outra dor em tecido conjuntivo ou muscular. O exame da articulação começa com a verificação de deformidades, eritema, edema ou derrame e, então, prossegue para palpação em busca de derrames articulares, calor e ponto de sensibilidade. Deve-se avaliar a amplitude de movimento passiva e ativa. A crepitação pode ser sentida durante a flexão e/ou a extensão articular. A comparação com a articulação contralateral não afetada normalmente ajuda a detectar mudanças mais sutis. Durante o exame, deve-se verificar se a distribuição das articulações afetadas é simétrica ou assimétrica. As articulações doloridas também podem ser pressionadas sem serem flexionadas ou estendidas. As estruturas periarticulares também devem ser examinadas em busca de envolvimento dos tendões, bursas ou ligamentos, como edema leve e discreto no local de uma bursa (bursite) ou pontos de sensibilidadena inserção de um tendão (tendinite). Sinais de alerta: Os achados a seguir são particularmente preocupantes: Calor, edema e eritema nas articulações Qualquer sintoma extra-articular (p. ex., febre, calafrios, exantema, sensação de frio, placas, úlceras mucosas, conjuntivite, uveíte, sopro cardíaco, púrpura, perda ponderal) Uma determinação inicial importante, com base principalmente em exame físico feito cuidadosamente, é se a dor se originou nas articulações, em outras estruturas adjacentes (p. ex., ossos, tendões, bursas, músculos), ambas (p. ex., como na gota) ou 110 em outras estruturas. Sensibilidade ou edema em um lado da articulação ou fora da linha da articulação sugere uma origem extra-articular (p. ex., tendões ou bursas); sensibilidade localizada na linha articular ou envolvimento mais difuso da articulação sugerem uma causa intra-articular. Pressionar a articulação sem flexionar ou estender não é particularmente doloroso nos pacientes com tendinite ou bursite, mas é bastante doloroso nas pessoas com artrite. Dor que piora com movimento articular ativo, mas não passivo, pode indicar tendinite ou bursite (extra-articular); inflamação intra- articular geralmente restringe significativamente a amplitude passiva e ativa do movimento articular. Outra determinação importante é se as articulações estão inflamadas. Dor durante repouso ou no início de uma atividade sugere inflamação articular, enquanto a dor que piora com o movimento e alivia com o repouso sugere distúrbios mecânicos ou não inflamatórios (p. ex., osteoartrite). Aumento da temperatura e eritema sugerem inflamação, mas esses resultados são frequentemente insensíveis, assim sua ausência não exclui inflamação. Resultados clínicos de rigidez matinal prolongada, rigidez depois de inatividade prolongada (fenômeno gel), edema articular não traumático, febre ou perda ponderal não intencional são sugestivos de um distúrbio inflamatório sistêmico envolvendo as articulações. Dor difusa, vagamente descrita e atingindo as estruturas miofasciais sem sinais de inflamação sugere fibromialgia. O envolvimento simétrico articular pode ser uma pista. O comprometimento tende a ser simétrico na AR, enquanto a assimetria é mais sugestiva de artrite psoriática, gota e artrite reativa ou artrite enteropática. O exame das articulações das mãos pode fornecer outras pistas (Alguns diagnósticos sugestivos na dor poliarticular) que ajudam a diferenciar osteoartrite de AR (Características diferenciais da mão em artrite reumatoide e osteoartrite) ou que podem sugerir outras doenças. Dor na coluna na presença de artrite periférica sugere espondiloartropatia soronegativa (espondilite anquilosante, artrite reativa, artrite psoriática ou artrite enteropática), mas pode ocorrer na AR (geralmente com dor na coluna cervical). É particularmente provável que a oligoartrite de início recente com dor vertebral seja uma espondiloartropatia soronegativa se o paciente tiver história familiar da mesma doença. Vermelhidão e dor ocular e dor lombar sugerem espondilite anquilosante. Placa psoriática prévia em um paciente com oligoartrite de início recente sugere fortemente artrite psoriática. Tratamento: O distúrbio subjacente é tratado sempre que possível. Doenças inflamatórias sistêmicas podem precisar de imunossupressão ou de antibióticos determinados de acordo com o diagnóstico. A inflamação das articulações geralmente é tratada de forma sintomática com AINEs. A presença de dor sem inflamação geralmente é tratada de forma mais segura com acetaminofen. Às vezes, a imobilização da articulação com tala ou tipoia pode aliviar a dor. A termoterapia pode ser analgésica nas doenças articulares 111 inflamatórias. Como a poliartrite crônica pode resultar em inatividade e atrofia muscular secundária, a atividade física continuada deve ser incentivada. Bibliografia https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos- conjuntivo-e-musculoesquel%C3%A9tico/dor-articular-e-periarticular/dor-poliarticular. S15P2: Dores tecnológicas Disponível em:https://bandnewsfmcuritiba.com/usar-celular-demais-pode-causar-dor-e-problemas-ortopedicos/. Objetivos: Revisar a morfofisiologia da coluna e musculatura cervical; Explicar a fisiopatologia associada à cervicalgia. Entender como a tecnologia pode desencadear as manifestações ortopédicas; Conhecer a farmacodinâmica dos AINES e AIES. Instruções para tutores: Compreender a coluna cervical e a anatomia regional da medula espinhal é importante para a avaliação do paciente com dor no pescoço. Anatomia da coluna cervical A coluna cervical é composta por sete vértebras. A articulação entre o occipital e a primeira vértebra cervical (articulação atlanto-occipital) permite aproximadamente um terço da flexão e extensão e metade da flexão lateral do pescoço. A articulação entre a primeira e a segunda vértebra cervical (articulação atlantoaxial) permite 50% da amplitude de movimento rotacional. As articulações entre a segunda e a sétima vértebra cervical permitem aproximadamente dois terços da flexão e extensão, 50% da rotação e 50% da flexão lateral. Os músculos cervicais e trapézio têm duas funções principais: apoiar e fornecer movimento e alinhamento para a cabeça e o pescoço e proteger a medula espinhal e os nervos espinhais quando a coluna vertebral está sob estresse mecânico. A coluna cervical normal tem uma lordose superficial, que é mantida pelos músculos do pescoço. A lordose pode ser diminuída em pacientes com alterações degenerativas. Alterações degenerativas graves da coluna cervical podem resultar em http://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos- 112 reversão da lordose. A lordose também pode se acentuar na compensação em pacientes com cifose torácica proeminente. Alterações no alinhamento da coluna vertebral, no entanto, não foram claramente demonstradas como causadoras de dor cervical. ● Neuroanatomia Existem oito nervos espinhais cervicais, cada um resultante da medula espinhal e constituído por uma raiz ventral e uma dorsal. A raiz ventral contém fibras eferentes dos neurônios motores alfa no corno ventral da medula espinhal. A raiz dorsal transporta fibras aferentes sensoriais primárias das células no gânglio da raiz dorsal. A radiculopatia cervical pode ser causada por alterações degenerativas da coluna vertebral que afetam a raiz nervosa. Os achados variam com o nível de envolvimento da raiz nervosa. Esse mapeamento dermatomal / miotomal é o que normalmente é visto, embora nem sempre seja mapeado com precisão dessa maneira. As raízes espinhais dorsal e ventral se combinam para formar o nervo espinhal. Esse nervo espinhal se divide em dois ramos, um ramo primário dorsal e um ramo primário ventral. O ramo dorsal inerva os componentes musculares, cutâneos e articulares do pescoço posterior. O ramo ventral inerva os músculos pré-vertebrais e paravertebrais e forma o plexo braquial, que fornece o membro superior. Um miótomo é o grupo de músculos inervados por um nervo espinhal. O diafragma é inervado pelos nervos espinhais C3 a C5, e a paralisia respiratória pode resultar de lesões na medula espinhal acima de C5. Embora o diagnóstico diferencial de dor no pescoço em adultos seja amplo, a maioria dos casos é causada por problemas musculoesqueléticos (por exemplo, tensão cervical, espondilose cervical, dor discogênica cervical), com o restante relacionado a neurológicos (por exemplo, radiculopatia cervical) e não espinhal ( por exemplo, distúrbios de infecção, malignidade, doença reumatológica). Nem sempre é possível identificar claramente a causa, em parte porque as alterações degenerativas são comuns e inespecíficas. Frequentemente, várias condições da coluna cervical ocorrem juntas (por exemplo, radiculopatia com degeneração do disco),de modo que a identificação de uma única etiologia pode ser difícil. Afecções musculoesqueléticas Deformação cervical - a tensão cervical geralmente apresenta dor e / ou rigidez ao movimento do pescoço. Muitas vezes, há uma história de lesão antecedente dos músculos paraespinhais do colo do útero, embora possa resultar do estresse físico da vida cotidiana, incluindo má postura e hábitos de sono. Em alguns casos, pode não haver uma causa clara e precipitante. O exame físico mostra sensibilidade à palpação dos músculos do pescoço e trapézio. Manobras provocativas para radiculopatia cervical são negativas. CAUSAS 113 Espondilose cervical - "Espondilose" é um termo não específico usado para descrever efeitos geralmente atribuídos a alterações degenerativas da coluna vertebral, geralmente com produção de osteófitos. Alterações degenerativas são achados comuns na imagem em indivíduos assintomáticos. No entanto, dependendo de onde as alterações espondilóticas ocorrem, pode haver radiculopatia associada. Dor discogênica cervical - A dor discogênica cervical resulta da degeneração do disco. Geralmente se apresenta com dor e / ou rigidez no movimento do pescoço, que às vezes é associado a dor nas extremidades superiores. Os sintomas geralmente são exacerbados quando o pescoço é mantido em uma posição por períodos prolongados, como ocorre com dirigir, ler ou trabalhar em um computador. O exame físico mostra diminuição da amplitude de movimento associada à dor, e os sinais radiculares cervicais geralmente estão ausentes. Manobras provocativas para radiculopatia cervical são negativas. Lesão por chicote - A lesão por chicote é definida como lesão no pescoço resultante de um mecanismo de aceleração-desaceleração que causa extensão e flexão repentinas do pescoço. Essas lesões também são comumente referidas como distensões ou entorses cervicais. O mecanismo de extensão-flexão pode ferir articulações, discos e ligamentos intervertebrais; músculos cervicais; e / ou raízes nervosas. Lesões na articulação zigapofisária, comumente referida como articulação facetária, é provavelmente a causa mais comum de dores no pescoço e dores de cabeça relacionadas ao chicote no chicote. Osteoartrite de faceta cervical - A osteoartrite de faceta cervical geralmente apresenta dor e / ou rigidez no movimento do pescoço. A dor pode surgir espontaneamente ou ser provocada por uma lesão de flexão-extensão. Neste último cenário, há alguma sobreposição com lesão por chicote. Os sintomas podem ser somaticamente referidos aos ombros, região periscapular, occipital ou membro proximal. O exame físico mostra diminuição da amplitude de movimento associada ao espasmo do pescoço. Manobras provocativas para radiculopatia cervical são negativas. Síndrome da dor miofascial - A síndrome da dor miofascial (MPS) é um distúrbio regional da dor associado a pontos-gatilho, bandas tensas e sensibilidade à pressão. A MPS é uma fonte relativamente comum de dor crônica na população em geral. Hiperostose esquelética difusa - A hiperostose esquelética difusa (DISH) é uma síndrome de deposição óssea inadequada nas inserções dos ligamentos e tendões. Osteófitos grandes conectam corpos vertebrais adjacentes de maneira um tanto assimétrica. Pacientes com DISH podem ter dores no pescoço, coluna torácica, lombar e / ou extremidades. Rigidez matinal da coluna vertebral é comum. Alguns pacientes afetados podem se queixar de disfagia devido à hiperostose vertebral anterior proeminente. O diagnóstico é baseado em critérios radiográficos específicos. Radiculopatia / mielopatia: 114 Radiculopatia cervical - Radiculopatia cervical refere-se à disfunção da raiz do nervo espinhal. Alterações degenerativas da coluna (por exemplo, estenose do forame cervical, hérnia de disco cervical) são responsáveis por 70 a 90% dos casos. Outras causas menos comuns incluem herpes zoster, radiculopatia de Lyme e polirradiculopatia diabética. A radiculopatia cervical geralmente se apresenta com dor, anormalidades sensoriais e / ou fraqueza na extremidade superior. Mielopatia espondilótica cervical - Mielopatia espondilótica cervical refere-se a lesão ou disfunção da medula espinhal causada por alterações degenerativas que estreitam o canal espinhal. Os pacientes podem apresentar uma variedade de queixas neurológicas, incluindo fraqueza nos membros inferiores, dificuldades na marcha ou coordenação e disfunção da bexiga ou intestino. Ossificação do ligamento longitudinal posterior - Ossificação do ligamento longitudinal posterior (OPLL) é uma condição de calcificação anormal do ligamento longitudinal posterior, geralmente na coluna cervical. Sua patogênese é desconhecida, mas é mais comum em asiáticos do que não asiáticos e em homens do que mulheres. Condições não espinhais - Muitas condições não espinhais podem apresentar uma constelação de sintomas que incluem dor no pescoço. No entanto, na maioria dessas condições, a dor no pescoço não é a característica mais proeminente e o diagnóstico geralmente é evidente em outras manifestações clínicas características (por exemplo, febre, rigidez nucal, dor ao esforço, dor difusa nas articulações): ● Doença cardiovascular - Angina de peito e infarto do miocárdio ● Infecção - Osteomielite, discite, abscesso profundo do pescoço, meningite ● Malignidade - doença metastática da coluna cervical ● Condições neurológicas - Cefaleia tensional, distonia cervical, malformações de Chiari ● Dor no ombro referida - impacto, capsulite adesiva, ruptura do manguito rotador ● Condições reumatológicas - Polimialgia reumática, fibromialgia ● Síndrome do desfiladeiro torácico ● Condições vasculares - Dissecção da artéria vertebral ou da artéria carótida ● Etiologias viscerais - Obstrução esofágica, doença biliar, tumor pulmonar apical AINEs: Praticamente todos os fármacos AINEs apresentam ações analgésicas, antipiréticas e anti-inflamatórias. Em função disso, são utilizados para provocar o alívio dos sintomas da inflamação ocasionada por doenças, como a gota, a artrite reumatoide e a osteoartrite, além de também serem empregados para o alívio de dores leves e moderadas e para a redução da temperatura corporal, nos casos de febre. Alguns AINEs, como o AAS, ocasionam a inibição da agregação plaquetária. Em função disso, podem ser utilizados como cardioprotetores em pacientes que apresentam certos tipos de patologias cardiovasculares, como, por exemplo, infarto agudo do miocárdio (IAM) prévio. Os AINEs são imprescindíveis atualmente. Para um medicamento ser considerado AINE, ele deve necessariamente produzir estes três efeitos: anti- inflamatório, antitérmico e analgésico. Além disso, essas propriedades devem atuar de 115 forma conjunta. Foram desenvolvidos inúmeros AINEs nesse último século e a grande maioria consiste em fármacos inibidores da via das duas isoformas de COX1 e COX2, sendo classificados como inibidores seletivos e não seletivos de COX1 e COX2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: https://www.uptodate.com/contents/evaluation-of-the-adult-patient-with-neck- pain?search=cervicalgia&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=def ault&display_rank=1. BRUM, Lucimar Filot da S.; ROCKENBACH, Liliana; BELLICANTA, Patricia L. Farmacologia básica. [Digite o Local da Editora]: Grupo A, [Inserir ano de publicação]. 9788595025271. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595025271/. Acesso em: 07 jun. 2022. Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Conhecer a propedêutica para doenças inflamatórias autoimunes e alguns importantes fármacos. Atividades Práticas: Lab 1 Propedêutica Imagem: Conhecer sobre o uso do ultrassom nas doenças reumatológicas. Lab 2 Anatomopatologia Discutir a interpretação laboratorial dos autos anticorpos LUES e artrite reumatoide; Lab 3 Farmacologia Conhecer os aspectos farmacológicos dos imunossupressores e corticoides Palestras: 1° Palestra - Cervicalgia 2° Palestra- Artralgia TICs: Objetivos Conhecer a história das amputações. Orientações para Palestras: Palestra 1: Etiologia, epidemiologia, manifestações clinicas, fisiopatologia, diagnóstico e tratamento. Palestra 2: Compreender como diferenciar e diagnosticar as dores articulares inflamatórias de mecânicas; conhecer os fatores de risco associados a dores articulares inflamatórias e mecânicas. Estudar a classificação da dor articular http://www.uptodate.com/contents/evaluation-of-the-adult-patient-with-neck- 116 Identificar e propor tratamento para a dor fantasma. Revisar as fases do ciclo celular. Atividade Dor fantasma / histórico amputações / ciclo celular. Semana 16 – Sistema Locomotor Objetivos da semana Discutir a fisiopatologia da Síndrome do manguito rotador. Analisar os fatores de risco para a Síndrome de Túnel do carpo. Analisar as complicações das lesões esportivas a longo prazo (osteoartrite). Avaliar os fatores de risco para a osteoporose. S16P1: Ossos do ofício. João, nadador profissional, aposentado aos 40 anos, procurou o médico com dificuldades em movimentar o ombro direito. Conta que isso tem prejudicado suas atividades diárias, como pentear o cabelo. Refere dores no ombro desde sua época de atleta, e percebeu que suas limitações têm piorado com o tempo. Objetivos de aprendizagem: 1. Revisar a morfofisiologia da articulação do ombro; 2. Discutir a fisiopatologia da Síndrome do manguito rotador. 3. Conhecer a farmacodinâmica dos opioides. 4. Discutir os aspectos legais da saúde do trabalhador. ORIENTAÇÕES PARA O TUTOR: MORFOFISIOLOGIA O ombro, articulação proximal do membro superior, é a mais móvel de todas as articulações do corpo humano. Possui três graus de liberdade, o que permite orientar o membro superior em relação aos três planos do espaço: 1) Eixo transverso, incluído no plano frontal: Permite movimentos de fIexão-extensão realizados no plano sagital. 2) Eixo sagital ou anteroposterior (AP): que permite os movimentos de abdução (o membro superior se afasta do plano de simetria do corpo), adução (o membro superior se aproxima ao plano de simetria) realizados no plano frontal e 3) Eixo axial ou vertical, determinado pela intersecção do plano sagital e do plano frontal: Corresponde à terceira dimensão do espaço; dirige os movimentos de flexão e de extensão realizados no plano horizontal, o braço em abdução de 90°. O eixo longitudinal do úmero (4) permite a rotação externa e interna do braço e do membro superior de duas maneiras: a) rotação 117 voluntária (também denominada "rotação adjunta') que utiliza o terceiro grau de liberdade e não é possível senão for em articulações de três eixos (as enartroses), deve- se à contração dos músculos rotadores; b) a rotação automática (também denominada "rotação conjunta") que aparece sem nenhuma ação voluntária nas articulações de dois eixos, ou nas articulações de três eixos quando funcionam como articulações de dois eixos. Mais adiante trataremos o paradoxo de CODMAN. A posição de referência é definida como descrevemos a seguir: O membro superior pende ao longo do corpo, verticalmente, de maneira que o eixo longitudinal do úmero (coincide com o eixo vertical. Na posição de abdução a 90° o eixo longitudinal coincide com o eixo transversal. Na posição de flexão de 90°, coincide como o eixo anteroposterior. Portanto, o ombro é uma articulação com três eixos principais e três graus de liberdade; o eixo longitudinal do úmero pode coincidir com um dos dois eixos ou se situar em qualquer posição intermédia para permitir o movimento de rotação externa/interna. SUPERFÍCIES ARTICULARES DA ARTICULAÇÃO ESCÂPULO-UMERAL Cabeça umeral A cavidade glenóide da escápula O lábio glenóide A CÁPSULA E OS LIGAMENTOS DO OMBRO Os ligamentos da articulação escapuloumeral: Ligamento coracoumeral, ligamento glenoumeral, ligamento coracoglenoide, ligamento coracoide e o ligamento espinho- glenóide. MÚSCULOS MOTORES DA CINTURA ESCAPULAR Os quatro músculos responsáveis da abdução, são os seguintes: • o deltoide; • o supraespinhoso; estes dois músculos formam um par funcional, motor da abdução da articulação escapuloumeral; • o serrátil anterior; • o trapézio; estes dois músculos formam um par funcional, motor da abdução da articulação escápulo-torácica. Participam também os músculos subescapular, infraespinhoso e redondo menor. Por último, o tendão da porção longa do bíceps é também motor da abdução, já que a sua ruptura produz uma perda de 20% da força da abdução. 2) Discutir a fisiopatologia da Síndrome do manguito rotador. FISIOPATOLOGIA Existem duas causas básicas para a patogênese das lesões do MR que são as causas: 1) intrínsecas e 2) extrínsecas ou traumáticas. 118 Causa intrínsecas: processo degenerativo relacionado ao envelhecimento natural dos tendões (entesopatia), devido a mudanças na vascularização do manguito ou outras alterações metabólicas associadas com a idade. Segundo Neer, Codman, em 1934, foi o primeiro a descrever a "zona crítica", uma porção do tendão do supraespinhoso localizada a 1cm medial à sua inserção no tubérculo maior, na sua parte articular, como o local de maior mudança degenerativa. Ele pensava que processos degenerativos em associação com trauma eram responsáveis pela ruptura do manguito. Sua teoria continua recebendo o suporte daqueles que consideram a lesão degenerativa como começando pelo lado articular dos tendões. Foi observado um suprimento vascular esparso na inserção do supraespinhoso, correspondente a sua parte articular e uma rica vascularização no lado bursal. Autópsias em cadáveres demonstraram que a maioria das lesões ocorria no lado articular, sugerindo que as mudanças degenerativas e o suprimento vascular insuficiente eram fatores patogênicos importantes, havendo evidências claras de preexistirem mudanças degenerativas relacionadas à idade como consequência de micro trauma. Portanto, todos esses indicativos nos levam a crer que a doença do manguito seja uma tendinopatia intrínseca causada por avascularidade e relacionada com a idade. Causa Extrínsecas ou traumáticas - Para Nirschl et al, 90 a 95% das anormalidades do manguito são secundárias a trauma, sobrecarga em tensão ou excesso de uso. Em 1972, Neer descreveu que o atrito anormal entre o arco coracoacromial e os tendões seria a causa da lesão que ele denominou de síndrome do impacto subacromial. Em adição, fricção e atrito na superfície do acrômio poderiam agravar as mudanças degenerativas do manguito, conduzindo a uma lesão completa. Bigliani et al descreveram tipos morfológicos de acrômio (planos, curvos e ganchosos) e que as lesões eram iniciadas pelo impacto subacromial; na presença de acrômios curvos e ganchosos, a predisposição seria maior. A literatura atual vem mostrando que os fatores extrínsecos, como o esporão acromial, têm papel secundário na lesão do manguito rotador e que sua etiologia, na verdade, é multifatorial. As alterações do manguito são devidas a fatores intrínsecos, como lesão degenerativa intrassubstancial ou tendinose, causada por avascularidade e a idade. Isso levaria à falência de suas fibras e, consequentemente, a diminuição funcional. Esta facilitaria a ascensão da cabeça umeral, levando-a ao impacto secundário na região subacromial. Como a cabeça umeral fica contida no arco coracoacromial, resultaria também, em decorrência, modificação estrutural secundária no formato do acrômio. Recentemente, descreveram-se lesões intra-articulares secundárias ao impacto interno principalmente em jovens atletas arremessadores. A interação repetitiva entre a superfície interna do manguito e a glenóide póstero-superior seria o fator responsávelpor tal lesão. Walch et al e Paley et al, independentemente, descreveram a ocorrência de contato entre a superfície interna do manguito e a borda póstero-superior da glenóide quando o braço se encontra em abdução/rotação externa e extensão. Eles concluíram que as mudanças observadas no manguito e labrum eram resultado de um impacto interno. O estudo original de Walch et al incluiu jogadores de vôlei e tênis e mostrou que 76% dos pacientes tinham lesões articulares e 71%, esgarçamento do labrum póstero-superior. Estudos em cadáver e clínicos - durante artroscopia em vivo - 119 demonstraram que o contato entre o manguito e a glenóide póstero-superior poderia ser fisiológico. No entanto, com as atividades atléticas esse contato fisiológico poderia ser mais intenso e frequente, levando com o tempo ao desenvolvimento de impacto e dor. Desde a descrição original, três modelos de impacto interno têm sido discutidos: Andrews e Dugas demonstraram que arremessadores de beisebol apresentavam, com frequência, frouxidão da cápsula anterior da glenoumeral, representada clinicamente por excessiva rotação externa e restrição da rotação interna, concluindo que o impacto interno seria atribuído a instabilidade glenoumeral nos mais variados graus. Pensa-se que a sobrecarga de tensão ocorre quando a capacidade do manguito rotador de comprimir e manter a estabilidade da articulação glenoumeral é sobrecarregada pelas forças distrativas de arremesso ou trauma. Em outras palavras, a fraqueza do músculo do manguito rotador permite subluxar a articulação glenoumeral, levando ao impacto, o que contribui para o desenvolvimento de lesões no manguito rotador. Segundo Paley et al, os atletas têm estiramento da cápsula anterior e isso levaria ao impacto interno, mas não reconheceram a contratura da cápsula posterior. Burkhart e Morgan demonstraram que a cápsula posterior, quando contraturada, determina uma translação imprópria da cabeça umeral, causando lesão da origem do bíceps na borda superior da glenóide, e que o contato repetitivo com a superfície articular do manguito pode causar desgarro do labrum póstero-superior (chamado de mecanismo Peel Back), levando a delaminação junto a glenoide póstero-superior. Mais recentemente, tem-se tentado demonstrar que o impacto interno não é condição exclusiva de atletas arremessadores, mas que ocorre também na população em geral, durante o movimento de flexão provocada pelas atividades forçadas de vida diária e não apenas em abdução/rotação externa/extensão. Na maioria das vezes, as lesões do manguito rotador começam como rasgos parciais da superfície inferior ou porção articular do tendão supraespinhoso. Com o tempo, eles podem progredir para ruptura de espessura total, incluindo os tendões supraespinhoso, infraespinhoso, subescapular e bíceps. S16P2: Além de grávida... Adriana está grávida de seu primeiro filho. Já no sétimo mês de gravidez, começou a reclamar com seu esposo de parestesia nas mãos durante a noite, que melhora quando sacode as mãos. Além disto, tem deixado vários objetos cair de suas mãos. Objetivos de aprendizagem: 1. Revisar a anatomia da mão (inervação e tendões) com ênfase em túnel do carpo; 2. Discutir as manobras para definição dos sintomas (vascular X nervoso) Allen X Phalen; 3. Analisar os fatores de risco para a Síndrome de Túnel do carpo. ORIENTAÇÕES AO TUTOR: 120 Anatomia da mão A mão humana é a parte mais distal do membro superior. É uma estrutura admirável, do ponto de vista da engenharia e da evolução. Ela é forte o suficiente para permitir que alpinistas encarem uma montanha, mas também precisa o suficiente para a manipulação de alguns dos menores objetos do mundo, e para realizar tarefas complexas. A mão em si consiste de ossos específicos sobre os quais vários músculos se inserem, e uma coleção de estruturas neurovasculares responsáveis pela drenagem e inervação. Entretanto, os músculos intrínsecos da mão são responsáveis somente por parte de toda a sua amplitude de movimento. Os outros principais contribuintes são os músculos do antebraço, que projetam tendões em direção à mão através de uma estrutura igualmente complexa e flexível, chamada de punho. Fatos importantes sobre a anatomia da mão Ossos Carpo: escafoide, semilunar, piramidal, pisiforme, trapézio, trapezoide, capitato, hamato Metacarpo: base, diáfise, cabeça Falanges: falanges proximal, média, distal Músculos Grupo tenar: abdutor curto do polegar, adutor do polegar, flexor curto do polegar, opositor do polegar Grupo hipotenar: abdutor do dedo mínimo, flexor do dedo mínimo, opopsitor do dedo mínimo, palmar curto Grupo metacarpal: lumbricais, interósseos palmar, interósseos dorsais Nervos Nervo mediano e seus ramos (nervos digitais palmares comum e próprio) inervam predominantemente os músculos tenares. Nervo radial fornece inervação cutânea ao longo da parte externa do polegar. Nervo ulnar e seus ramos (superficial, profundo e dorsal) inervam os grupos hipotenar e metacarpal Artérias Todos os ramos se originam das artérias radial e ulnar. Eles incluem: arcos palmares (superficial, profundo), artérias digitais palmares (comuns, próprias), arco dorsal do carpo, artérias metacárpicas dorsais, artérias digitais dorsais, artéria principal do polegar 121 Veias Arcos venosos palmares (superficial, profundo), rede venosa dorsal da mão e veias digitais metacárpicas palmares, todas drenando para as veias radial e ulnar. Punho É capaz de vários movimentos, como flexão, extensão, abdução e adução. Ele também facilita a passagem de tendões e várias estruturas do antebraço para a mão. Na face volar apresenta o túnel do carpo. 122 123 Anatomia do punho A anatomia da mão fica incompleta sem a compreensão do punho. Esta estrutura complexa conecta toda a mão ao rádio e à ulna, facilita a passagem de tendões juntamente com as estruturas neurovasculares mencionadas acima desde o antebraço até a mão, e permite-nos explorar todos os seus movimentos. Estes são a flexão, extensão, abdução e adução da mão. Visão do Túnel do carpo - Discutir as manobras para definição dos sintomas (tendões, vasos e nervos) Abordaremos alguns dos principais Testes especiais do punho e mão 1) Teste de Phalen e Phalen invertido Posição do paciente: sentado ou em pé, com os cotovelos fletidos à 90º e com os punhos com o dorso em contato e à 90º de flexão. Descrição do teste: o terapeuta instrui o paciente para realizar uma flexão do punho e colocar o dorso da mão em contato com a outra mão, permanecendo por 1 minuto. Sinais e sintomas: esse teste serve para diagnosticar a síndrome do túnel do carpo e o aparecimento de formigamento ou dormência na mão, principalmente na região que vai até o 3º dedo, demonstra positividade do teste. OBS: o teste de Phalen invertido é o mesmo teste, porém é realizado com os punhos em extensão máxima, ou seja, em posição de “reza”. 124 2) Teste de Finkelstein Posição do paciente: sentado ou em pé, com o polegar aduzido e fletido, sendo “segurado pelos outros dedos”, associado a um desvio ulnar. Descrição do teste: teste utilizado para diagnosticar a tenossinovite estenosante De Quervain, que abrange o primeiro compartimento dorsal (tendões do abdutor longo e do extensor curto do polegar). O terapeuta instrui o paciente para realizar ativamente ou passivamente o desvio ulnar estando com o polegar aduzido e fletido na palma da mão. Sinais e sintomas: dor com forte sensação de “agulhada” sobre o processo estiloide do rádio. 3) Teste de Tinel Posição do paciente: sentado ou em pé, com o punho em supinação e palma da mão aberta. Descrição do teste: o terapeuta percute com o seu indicador as regiões do túnel do carpo e do túnel de Gyon. Sinaise sintomas: no momento da percussão, nos trajetos dos nervos mediano e ulnar nos túneis carpais, o paciente refere à sensação de formigamento ou choque 125 irradiado para o 3º dedo no caso de síndrome do túnel do carpo e no 5º dedo no caso da inflamação do túnel do nervo ulnar. 4) Teste de Allen Posição do paciente: sentado, com a palma da mão aberta e flexão de cotovelo a 90º. Descrição do teste: o terapeuta instrui ao paciente que realize repetidas vezes abrir e fechar a mão, mantendo pressionadas a artéria radial e ulnar na altura do punho com os seus dedos polegares. Após perceber a “fuga” do sangue da mão do paciente, ou seja, a mão ficar pálida, o terapeuta deverá soltar apenas um lado e testar o fluxo da artéria correspondente observando a coloração da mão. Se a mão voltar a ter a coloração normal, a artéria contribui significativamente e sua perfusão estará normal. A manobra deverá ser repetida soltando-se agora apenas o fluxo da outra artéria e observar a coloração da mão. Sinais e sintomas: durante o teste, o terapeuta deverá ficar atento a coloração da mão do paciente e também deverá manter uma pressão constante da artéria contralateral, para não haver interferência na observação. Normalmente, ambas as artérias suprem adequadamente a mão, mas caso a cor da palma da mão demorar significa que após a liberação de ambas as artérias o examinador deverá concluir que a perfusão estará limitada e o teste será positivo. Analisar os fatores de risco para a Síndrome de Túnel do carpo. 126 A síndrome do túnel do carpo (STC) refere-se ao complexo de sintomas e sinais provocados pela compressão do nervo mediano enquanto ele viaja através do túnel do carpo. Os pacientes geralmente experimentam dor e parestesia, e menos comumente fraqueza, na distribuição do nervo mediano. A STC é a mononeuropatia focal compressiva mais frequente observada na prática clínica. Várias condições foram associadas ao CTS, incluindo o seguinte: ● Obesidade ● Gênero feminino ● Gravidez ● Diabetes ● Artrite reumatoide ● Osteoartrite da mão ● Hipotireoidismo ● Doenças do tecido conjuntivo ● Mononeuropatia mediana preexistente ● Predisposição genética ● Uso de inibidor de aromatase ● Fatores no local de trabalho Fatores no local de trabalho - Os fatores ocupacionais que foram propostos para causar ou agravar a STC incluem o seguinte: ● Uso repetitivo das mãos e pulsos ● Uso vigoroso das mãos e pulsos ● Trabalhar com ferramentas vibratórias ● Pressão sustentada do punho ou palma da mão ● Extensão e flexão prolongadas do punho ● Uso das mãos em baixas temperaturas Há evidências crescentes sugerindo que vários desses fatores ocupacionais e biomecânicos estão associados à STC. Um grande estudo analisou dados de 10 revisões sistemáticas (abrangendo 143 estudos originais) que foram publicadas de 1998 a 2014 e realizou uma metanálise de sete estudos primários publicados de 2011 a 2014. Para FATORES DE RISCO 127 todos os estudos incluídos, a população foi empregada em adultos e a STC foi um desfecho primário. As seguintes observações foram feitas: ● Havia evidências de alta qualidade que apoiam a repetição, esforço forçado e exposição combinada (repetição e força) como fatores de risco para STC ● Havia evidências de qualidade moderada para vibração como fator de risco para STC ● Havia evidências de baixa qualidade apoiando posturas não neutras do pulso como fatores de risco para STC ● Havia evidências de qualidade moderada de que o uso do computador não estava associado à STC ● A meta-análise de estudos primários encontrou um efeito dose-resposta entre a exposição cumulativa à força e a repetição e o aumento do risco de STC Esses achados sugerem que exposições ocupacionais a certos fatores biomecânicos que envolvem o punho, particularmente repetição, força e vibração, estão associadas ao aumento do risco de STC e provavelmente desempenham um papel na causalidade. As categorias ocupacionais com risco particularmente alto de STC incluem produção e fabricação, suporte administrativo e de escritório e processamento e preparação de alimentos. Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Compreender as ferramentas de diagnósticos e tratamento da artrite gotosa. Atividades práticas: Propedêutica Imagem: Discutir sobre os métodos de imagem usados para diagnóstico e seguimento de gota. Anatomopatologia: Analisar a histopatologia da gota e compreender a análise do líquido sinovial. Farmacologia: Conhecer o tratamento farmacológico da gota. Palestras: 1° Palestra: Doenças articulares secundárias a cristais - Gota e outras; 2° Palestra: Síndrome do manguito rotador. Orientações sobre as palestras: Palestra 1: Citar as principais doenças associadas a cristais (gota, condrocalcinose, depósitos de hidroxiapatita); associar faixa etária principal a cada uma dessas acima. 128 TICs: Objetivos Identificar os critérios de fibromialgia. Propor formas adequadas de tratamento do paciente portador de fibromialgia. Atividade Fibromialgia. Semana 17– Sistema Locomotor Objetivos da semana Analisar principais patologias osteomusculares da infância. Conhecer os principais defeitos congênitos ósseos (ênfase em displasia congênita de quadril). S17P1: O quadril que estala Disponível em: http://dukaortopedi.com/urun/pavlik-bandaji/. Elder está preocupado com seu irmão Rafael. Desde os 4 meses de vida, ele tem passado por várias consultas por um problema nas pernas, e agora tem usado um macacão especial. (Representado na foto acima). Objetivos: Discutir os principais defeitos congênitos ósseos (ênfase em displasia congênita de quadril). Analisar principais patologias osteomusculares da infância. Instruções para tutores: Destacar GOTA: fatores de risco, principais articulações acometidas, características do quadro, princípio do tratamento (hábitos de vida e farmacológico). Palestra 2: Definição, epidemiologia, fisiopatologia, diagnóstico e tratamento. http://dukaortopedi.com/urun/pavlik-bandaji/ 129 Displasia do desenvolvimento do quadril: características clínicas e diagnóstico INTRODUÇÃO Essa patologia já foi chamada de diversos nomes, sendo um dos mais usados “Luxação Congênita do quadril”. Atualmente o termo mais utilizado é “Displasia do desenvolvimento do quadril (DDH)” descreve um espectro de condições relacionadas ao desenvolvimento do quadril em bebês e crianças pequenas. Inclui desenvolvimento anormal do acetábulo e fêmur proximal e instabilidade mecânica da articulação do quadril. Os recém-nascidos geralmente apresentam frouxidão fisiológica do quadril e imaturidade do acetábulo durante as primeiras semanas de vida. Na maioria dos casos, a frouxidão desaparece e o acetábulo continua a se desenvolver normalmente. Com a avaliação dos fatores de risco, o exame físico em série dos quadris e o uso apropriado de estudos de imagem, a maioria das crianças com quadris patológicos pode ser corretamente diagnosticada e tratada sem sequelas a longo prazo. O DDH típico, que geralmente ocorre em bebês saudáveis, será o foco desta revisão desse assunto. Displasia e instabilidade do quadril também ocorrem em associação com outras condições. Uma outra denominação foi “Displasia Teratológica do Quadril” que ocorre em associação com várias síndromes (por exemplo, Ehlers-Danlos, síndrome de Down, artrogripose) e a “Displasia Neuromuscular do Quadril” ocorre quando há fraqueza e / ou espasticidade em alguns ou em todos os grupos musculares do quadril (por exemplo, na espinha bífida) ou paralisia cerebral). LEGG-CALVÉ-PERTHES (LCP) Em 1910 - 04 médicos, reconheceram simultaneamente, como doenças distintas (por isso foi nomeada assim): • Arthur Legg, nos Estados Unidos da América; 130• Jacques Calvé, na França; • Georg Perthes, na Alemanha; • Henning Waldenström, na Suécia. CONCEITO A doença de Legg-Calvé-Perthes (DLCP) é uma síndrome afecção autolimitada de origem idiopática, decorrente da interrupção do suprimento sanguíneo arterial para a epífise femoral proximal e que resulta em uma área de necrose óssea (Osteonecrose - necrose avascular) do quadril. Geralmente, apresenta-se como dor no quadril, de início agudo ou insidioso em crianças entre 3 e 12 anos de idade, com pico de incidência entre cinco e sete anos. O PCL é bilateral em pelo menos 10 a 20% dos pacientes. A proporção homem / mulher é de 3 a 4: 1, e os afro-americanos raramente são afetados. Associações com obesidade, imaturidade esquelética e menor nível socioeconômico foram relatadas. Estudos com gêmeos mostram agrupamentos familiares, mas nenhum enriquecimento particular em gêmeos monozigóticos, sugerindo um papel modesto para a predisposição genética. A necrose avascular também pode ocorrer secundária a uma condição subjacente (por exemplo, insuficiência renal, uso de glicocorticoides, lúpus eritematoso sistêmico, HIV, doença de Gaucher). A etiologia do LCP permanece indefinida. Aproximadamente 10% dos casos são familiares, e os pacientes costumam ficar para trás em relação à idade e altura ósseas. Algumas hipóteses sugeridas: • Distúrbio do suprimento sanguíneo da epífise • vasos retinaculares superiores e inferiores provenientes da artéria circunflexa medial; • Parada de desenvolvimento do osso porem a cartilagem articular (nutrição sinovial) continua crescendo (espessamento); • Restabelecida a circulação - tecido de granulação vascular invade a epífise e substitui o tecido ósseo necrótico; • Plasticidade biológica da cartilagem - moldagem pela posição e pelo movimento da cabeça femoral; • Colapso da epífise - deformação da cabeça femoral; • Neoformação de tecido fibrocartilaginoso - posterior ossificação; • Sinovites recorrentes, prolongada – condição + aceita (não passa de 1% a 3%). 131 • A limitação da mobilidade provocada pela sinovite e pela irritação do quadril. Na fase inicial leva ao espasmo dos adutores, o que provoca a subluxação. Fatores predisponentes: Crianças hiperativas e Retardo na maturidade óssea. OSTEOGÊNESE IMPERFEITA Osteogênese imperfeita (OI) é um distúrbio hereditário do tecido conjuntivo com muitas apresentações fenotípicas. É frequentemente chamado de "doença óssea quebradiça". Os pacientes gravemente afetados sofrem múltiplas fraturas com trauma mínimo ou nenhum traumatismo, e os bebês com a pior forma de OI morrem no período perinatal. Formas leves de OI podem se manifestar apenas com osteoporose prematura ou perda mineral óssea pós-menopausa grave. A incidência estimada de OI é de aproximadamente 1 por 20.000 nascimentos. A causa da OI é estabelecida na maioria dos casos. Em pacientes com defeitos moleculares identificados, a OI é mais comumente causada por mutações nos genes que codificam as cadeias alfa 1 e alfa 2 do colágeno tipo I ou proteínas envolvidas na modificação pós-tradução do colágeno tipo I. As fibras de colágeno tipo I são polímeros de tropocolágeno (molécula de colágeno), cada uma das quais é uma hélice tripla que contém porções de uma cadeia de polipeptídeos alfa 2 e 2 alfa 1. O colágeno tipo I é uma importante proteína estrutural para ossos, tendões, ligamentos, pele e esclera. A qualidade óssea defeituosa explica muitos aspectos clínicos da OI. A maioria dos pacientes com OI tem uma mutação autossômica dominante no colágeno que afeta a estrutura de suas cadeias. A gravidade da apresentação clínica depende do efeito dessa mutação. TORCICOLO MUSCULAR CONGÊNITO (TMC) É uma deformidade postural, que já está presente no nascimento, que acomete o musculo esternocleidomastóideo, unilateral, geralmente evidente entre duas e quatro semanas de vida, por apresentação característica de flexão lateral do pescoço e rotação do queixo para o lado oposto. ETIOLOGIA – Desconhecida. EPIDEMIOLOGIA - A incidência varia entre 1 a 15%. 20% dos casos de torcicolo muscular congênito são posturais. 30% a 50% possuem massa no ventre muscular do esternocleidomastóideo. 1,5 meninos x 1 menina. Mais comum a dir. S17P2: Cadê o cálcio que estava aqui? A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o índice de fraturas de quadril um problema de saúde pública; mulheres são as principais vítimas devido à osteoporose "As fraturas do fêmur proximal (quadril) são lesões traumáticas peculiares à idade avançada. Relacionam-se a problemas posturais e de marcha, quedas e traumas comuns 132 em ambiente doméstico. Representam, em média, 50% das internações de idosos por trauma em pronto socorro. Cerca de 80% desses casos ocorrem em idosos capazes de andar sozinhos e vivendo em comunidade" Disponível em: http://www.administradores.com.br/noticias/cotidiano/fratura-do-quadril-e-a-lesao-ortopedica- que-mais-resulta-em-morte-na-terceira-idade/56143/. Objetivos de aprendizagem: 1. Revisar a morfofisiologia do quadril; 2. Revisar o metabolismo ósseo; 3. Analisar as causas e consequências das fraturas e seus impactos na qualidade de vida; 4. Avaliar os fatores de risco para a osteoporose. ORIENTAÇÕES PARA O TUTOR: Metabolismo ósseo: Na maior parte do desenvolvimento ósseo, um modelo cartilagíneo é substituído gradualmente por tecido ósseo durante a formação óssea endocondral. Quando o modelo de cartilagem cresce, os condrócitos (células cartilagíneas) no centro da diáfise hipertrofiam, e os minerais são depositados dentro da matriz em um processo chamado de calcificação. A calcificação restringe a passagem de nutrientes para os condrócitos causando suas mortes. Ao mesmo tempo, algumas células do pericôndrio (tecido conjuntivo denso regular que envolve a cartilagem) se diferenciam em osteoblastos. Essas células secretam osteoide, o componente orgânico. Causas e consequências das fraturas: O envelhecimento afeta o sistema esquelético diminuindo a massa do esqueleto e a densidade, e aumentando a porosidade e a erosão. Os ossos tornam-se mais frágeis e suscetíveis a fraturas, e as superfícies articulares http://www.administradores.com.br/noticias/cotidiano/fratura-do-quadril-e-a-lesao-ortopedica- 133 também deterioram, contribuindo para patologias artríticas, que são secundárias a doenças cardíacas já que o enfraquecimento é mais comum no idoso. As pessoas com osteoporose são propensas a fraturas ósseas, particularmente no cíngulo do membro inferior e nas vértebras, quando os ossos ficam muito frágeis para sustentar o peso do corpo. Complicações de fraturas do quadril frequentemente levam à incapacidade permanente, e fraturas por compressão vertebrais podem produzir uma permanente deformidade de curvatura da coluna. Fatores de risco: Sexo feminino, raça caucasiana e asiática, baixo peso, idade avançada, menarca tardia, puberdade tardia (meninos), menopausa precoce, drogas, fratura fragilidade, história familiar fraturas, alcoolismo, tabagismo, sedentarismo, imobilização prolongada, dieta pobre em Cálcio, sarcopenia, quedas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: MADEIRA, M. et al. Guia prático em Osteometabolismo. São Paulo: Editora Clannad, 2019. CLAPAUCH, R. Endocrinologia Feminina & Andrologia. 2. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. UP TO DATE – Overview of the management of osteoporosis in postmenopausal women. UP TO DATE – Pathogenesis of osteoporosis. GRAAFF, Kent M. Van D. Anatomia Humana. [Digite o Local da Editora]: Editora Manole, 2003. 9788520452677. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520452677/. Acesso em: 08 jun. 2022. Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Rever o metabolismo ósseo. Conhecer os métodos de diagnóstico, tratamento e complicações da osteoporose.Atividades práticas Propedêutica Imagem: Discutir sobre o uso da densitometria, Rx e TC na avaliação da densidade mineral óssea. Anatomopatologia: Discutir a interpretação laboratorial do metabolismo Ca/P/vit. D - Fosfatase alcalina e ácida Farmacologia: Conhecer o tratamento farmacológico da osteoporose. 134 Palestras: 1° Palestra – Osteoporose. 2° Palestra - Principais defeitos congênitos ósseos. TIC Objetivo Identificar adequadamente um caso de pé torto congênito. Entender as diferenças entre as distrofias musculares. Atividade: Pé torto congênito - distrofias musculares. Orientações sobre as palestras: Palestras 1 e 2: Epidemiologia, fisiopatologia, diagnóstico e tratamento. SUMÁRIO 1. Atividades Educacionais por Semana Objetivos da semana: S1P1: Cartilha do Diabético Objetivos: Orientações para os tutores S1P2: E o carteado doutora?!! Objetivos: (1) Orientações para os tutores (1) Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Atividades Práticas: Palestras: TICs: Objetivos: (2) Semana 2 – Sistema Endócrino: Objetivos da semana: S2P1: "Menos é mais" Objetivos: Orientações para os tutores REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: S2P2: “Todos por um” Objetivos: (1) Orientações para os tutores (1) Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Atividades Práticas: Palestras: TICs: Objetivos: (2) Objetivos da semana: (1) S3P1: “A vida não presta” (Leo Jaime) Objetivos: (3) Orientações para os tutores (2) S3P2: Mente de menina em corpo de mulher... Objetivos: (4) Orientações para os tutores (3) Referência: http://www.scielo.br/pdf/ep/v42n1/1517-9702-ep-42-1-0181.pdf REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: (1) Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado (1) Atividades Práticas: (1) Palestras: (1) TICs: (1) Objetivos: (5) Objetivos da semana: (2) S4P1: Fases da Lua Objetivos: (6) Orientações para os tutores (4) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: (2) S4P2: Mais ou menos. Objetivos: (7) Orientações para os Tutores: Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado (2) Atividades Práticas: (2) Palestras: (2) TICs: (2) Objetivos: (8) Semana 5 – Sistema Endócrino Objetivos da semana: S5P1: Quente ou frio Objetivos: Orientações para os Tutores: S5P2: Conversa entre vizinhas Objetivos de aprendizagem: Orientações para os tutores: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Atividades Práticas: Palestras: TICs: Objetivos: (1) Objetivos da semana S6P1: Mancha na cabeça Objetivos: (2) Instruções para tutores: Fisiopatologia do AVC isquêmico CLASSIFICAÇÃO Isquemia - Existem três subtipos principais de isquemia cerebral: 1- Trombose 2 - Embolia 3- Hipoperfusão sistêmica ● A doença dos grandes vasos inclui o sistema arterial extracraniano e intracraniano; a aterotrombose é de longe o processo patológico mais comum. CONSEQUÊNCIAS DA REDUÇÃO DO FLUXO DE SANGUE REFERÊNCIAS: S6P2: Dores ao vento Objetivos: (3) Instruções para tutores: (1) Cefaleia tipo tensão Cefaleia em salvas O Tutor deve apenas exemplificar casos de cefaleia secundária. REFERÊNCIAS: Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado (1) Atividades Práticas: (1) Palestras: (1) TICs: (1) Objetivos: (4) Semana 7 – Saúde mental Objetivos da semana: S7P1: Consciente talvez, mas com pássaros na cama. Objetivos: Instruções para tutores: Delirium Alterações qualitativas da consciência REFERÊNCIAS: S7P2: Amnésia científica Objetivos: (1) Instruções para tutores: (1) DEFINIÇÕES BÁSICAS FASES OU ELEMENTOS BÁSICOS DA MEMÓRIA Memória segundo o tempo de aquisição, armazenamento e evocação BASES NEUROBIOLÓGICAS DA MEMÓRIA TIPOS ESPECÍFICOS DE MEMÓRIA Tipos de memória classificados segundo a estrutura cerebral envolvida Memória episódica (Pause et al., 2013) Memória semântica Memória de procedimentos ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA MEMÓRIA: ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS REFERÊNCIAS: (1) Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Atividades Práticas: Palestras: TICs: Objetivos: (2) Atividade: Semana 8 – Sistema Nervoso Objetivos da semana: S8P1: O ataque Objetivos: Instruções para tutores: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: S8P2: Contando moedas. Objetivos: (1) Instruções para tutores: (1) TÁLAMO Aspectos clínicos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: (1) Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Atividades Práticas: Palestras: Semana 9 – Saúde Mental Objetivos da semana: S9P1: Estranhas sensações. Objetivos: Instruções para tutores: Imagem perceptiva e imagem representativa Alterações quantitativas: Alterações qualitativas: A sensopercepção nos principais transtornos mentais REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: S9P2: Grécia antiga. Objetivos: (1) Instruções para tutores: (1) O pensar Atividades fundamentais do pensamento Alterações quantitativas do pensamento: Alterações qualitativas: (1) DEFINIÇÕES PSICOLÓGICAS DO JUÍZO: MECANISMOS FORMADORES (OU SUBSTÂNCIA PRIMORDIAL) DO DELÍRIO: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: (1) Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado: Atividades Práticas: Palestras: Semana 10 – Sistema Nervoso Objetivos da semana: S10P1: O surto do medo Objetivos: Instruções para tutores: O líquor revela: aspecto purulento; pleocitótico com 1.000 a 10.000 células/mm3, sendo mais de 90% de neutrófilos; com hipoglicorraquia (2/3 da glicemia, podendo ser indetectável) e hiperproteinorraquia. A coloração, pelo Gram, permite a visualização ... Nas Mengites bacterianas por meningococo, o paciente deve ficar em isolamento respiratório para gotículas até completar 24 horas de antibiótico. Vigilância Epidemiológica: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: S10P2: Muito remédio e quase morreu Objetivos de aprendizagem: Instruções para tutores: (1) Intoxicação medicamentosa: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Atividades Práticas: Palestras: TICs: Objetivos: (1) Semana 11 – Saúde Mental Objetivos da semana: S11P1: Muito emotivo Objetivos: Instruções para tutores: Afetividade: Afetos, emoções, sentimentos, paixões e humor: ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS: ALTERAÇÕES QUALITATIVAS: VONTADE E IMPULSOS: Alterações qualitativas (disbulias ou parabulias) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: S11P2: Falta inteligência? Objetivos: (1) Instruções para tutores: (1) DESENVOLVIMENTO DA INTELIGÊNCIA NA CRIANÇA E NO ADOLESCENTE: Período sensório-motor: Período pré-operatório: Período operatório-concreto: Período operatório-formal: TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL (CID-11) OU DEFICIÊNCIAS INTELECTUAIS (DSM-5) OS DIFERENTES NÍVEIS DE GRAVIDADE: DA INTELIGÊNCIA LIMÍTROFE ÀS DIs PROFUNDAS: Inteligência limítrofe Causas da deficiência intelectual: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: (1) Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado: Atividades Práticas: Palestras: TICs: Objetivos Semana 12 – Sistema Nervoso Objetivos da semana: S12P1: Diminuindo a velocidade Objetivo de aprendizagem: Instruções para os tutores: Esclerose múltipla Etiologia/Genética Patogênese Diagnóstico Diagnóstico diferencial REFERÊNCIAS: S12P2: Campo minado Objetivos: FRAQUEZA MUSCULAR SECUNDÁRIA A LESÕES DO NEURÔNIO MOTOR INFERIOR FRAQUEZA MUSCULAR SECUNDÁRIA A LESÕES DO NEURÔNIO MOTOR SUPERIOR ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA (ELA) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Atividades Práticas: Palestras: TICs: Objetivos Semana 13 – Órgãos dos sentidos Objetivos da semana: S13P1: Por que tudo roda? Objetivos: Instruções para tutores: Fisiologia da audição e equilíbrio: Diagnóstico diferencial das vertigens: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: S13P2: Dúvidas de Carmem Objetivos: (1) Orientação para tutores REFERÊNCIAS Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Atividades Práticas: Palestras: TICs: Objetivos: (2) Objetivos da semana S14P1: A dor que irradia Objetivo de aprendizagem: ORIENTAÇÕES PARA O TUTOR: Avaliação da lombalgia em adultos INTRODUÇÂOTERMINOLOGIA EPIDEMIOLOGIA PREVALÊNCIA ● Abscesso epidural. ● Osteomielite vertebral ● Fratura por compressão vertebral ● Radiculopatia ● Estenose espinhal Outras etiologias: ● Espondilite anquilosante ● Osteoartrite ● Escoliose e hipercifose ● Angústia psicológica ● Etiologias fora da coluna vertebral ● Síndrome do piriforme ● Disfunção da articulação sacroilíaca REFERÊNCIAS (1) S14P2: “A Estrela Dalva no céu desponta” Objetivos: (3) Instruções para tutores: (1) Mecanismo de infecção (Waldvogel) REFERÊNCIAS (2) Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado (1) Atividades práticas: Propedêutica Imagem: Anatomopatologia: Farmacologia: Palestras: (1) TICs Objetivo: Objetivos da semana (1) S15P1: As dores do mundo. Objetivos: (4) Instruções para tutores: (2) Fisiopatologia: Etiologia: Sinais de alerta: Tratamento: Bibliografia S15P2: Dores tecnológicas Objetivos: (5) Instruções para tutores: (3) Anatomia da coluna cervical ● Neuroanatomia Afecções musculoesqueléticas Radiculopatia / mielopatia: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: (1) Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado (2) Atividades Práticas: (1) Palestras: (2) TICs: (1) Objetivos Atividade Semana 16 – Sistema Locomotor Objetivos da semana S16P1: Ossos do ofício. Objetivos de aprendizagem: ORIENTAÇÕES PARA O TUTOR: MORFOFISIOLOGIA SUPERFÍCIES ARTICULARES DA ARTICULAÇÃO ESCÂPULO-UMERAL Cabeça umeral A cavidade glenóide da escápula O lábio glenóide A CÁPSULA E OS LIGAMENTOS DO OMBRO MÚSCULOS MOTORES DA CINTURA ESCAPULAR FISIOPATOLOGIA S16P2: Além de grávida... Objetivos de aprendizagem: (1) ORIENTAÇÕES AO TUTOR: Anatomia da mão Visão do Túnel do carpo - Discutir as manobras para definição dos sintomas (tendões, vasos e nervos) Abordaremos alguns dos principais Testes especiais do punho e mão 1) Teste de Phalen e Phalen invertido 2) Teste de Finkelstein 3) Teste de Tinel 4) Teste de Allen Analisar os fatores de risco para a Síndrome de Túnel do carpo. Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Atividades práticas: Propedêutica Imagem: Anatomopatologia: Farmacologia: Palestras: TICs: Objetivos Atividade Semana 17– Sistema Locomotor Objetivos da semana S17P1: O quadril que estala Objetivos: Instruções para tutores: Displasia do desenvolvimento do quadril: características clínicas e diagnóstico INTRODUÇÃO LEGG-CALVÉ-PERTHES (LCP) CONCEITO OSTEOGÊNESE IMPERFEITA TORCICOLO MUSCULAR CONGÊNITO (TMC) S17P2: Cadê o cálcio que estava aqui? A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o índice de fraturas de quadril um problema de saúde pública; mulheres são as principais vítimas devido à osteoporose Objetivos de aprendizagem: ORIENTAÇÕES PARA O TUTOR: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Objetivos do Laboratório Morfofuncional Integrado Atividades práticas Propedêutica Imagem: Anatomopatologia: Farmacologia: Palestras: TIC Objetivo