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Carla Bertelli – 5° Período A DM1 A Diabetes se caracteriza por uma hiperglicemia crônica que a longo prazo promove lesão em órgãos-alvo. Independente do tipo, o resultado final é sempre a diminuição da utilização periférica e aumento da produção hepática de glicose. Em resumo, o metabolismo se comporta como sempre estivesse em jejum – Hiperglicemia sanguínea e aumento da ação do Glucagon A fisiologia endócrina do Pâncreas consiste nas células B Pancreáticas, que liberam insulina (em casos de aumento sérico da glicemia, anabolismo), e as células Alfa que liberam glucagon (que atua em casos de hipoglicemia, catabolismo). Regulação por feedback negativo. Insulina = Pós-prandial e Glucagon=Estado de Jejum (utilização de ácidos graxos como fonte de energia). Classificação – DM1 (Autoimune ou Idiopática); DM2 (Resistência Periférica à Insulina); DM Gestacional (incluindo DM Pré-gestacional e DM diagnosticado durante a gestação). A DM1 é uma doença autoimune que pode coexistir com outras imunopatias (principalmente doenças tireoidianas, como Tireoide de Hashimoto). É uma interação entre fatores genéticos e ambientais, de aparecimento súbito, geralmente na infância/adolescência, podendo iniciar após um gatilho (uma infecção viral, por ex.), através de mimetismo molecular desencadear o processo de Insulite em indivíduos predispostos. Diversos genes contribuem para essa predisposição, a maioria relacionada ao processo de Histocompatibilidade (gentes HLA), como DR3 e DR4. Os Linfócitos T citotóxicos TCD8 autorreativos invadem as ilhotas e as atacam – doença autoimune. Isso resulta em deficiência ABSOLUTA na secreção de insulina. Autoimune (1A) e Idiopática (1B) Principais auto-anticorpos presentes: Anti-Ilhota, Anti-GAD e Anti-IA- 2 (são marcadores que aparecem antes das MC da doença). O Quadro Clínico tem início agudo, com sintomas clássicos: poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento. Crianças podem apresentar enurese noturna e candidíase vaginal. Como descompensação, podemos citar a Cetoacidose Diabética que ocorre devido ao aumento dos níveis de ácidos graxos livres, que nas mitocôndrias hepáticas produzem Corpos Cetônicos., sendo o quadro de expressão máxima da doença. Glicosúria pode ocorrer e é resultante de quando se excede o limiar renal para a reabsorção e segue-se a glicosúria. Diagnóstico – Deve ser estabelecido pela identificação de hiperglicemia através de alguns exames: glicemia plasmática em jejum, hemoglobina glicada e TOTG. Os critérios 1 ao 3 precisam ser confirmados através de uma segunda dosagem, ou seja, apenas 2 exames alterados configuram diagnóstico de DM. Obs.: a repetição do teste pode ser feita na mesma amostra de sangue ou numa nova coleta. Se a repetição for feita na mesma amostra, recomenda-se que duas metodologias diferentes de testagem sejam empregadas (ex.: glicemia de jejum + hemoglobina glicada). Caso dois testes diferentes tenham sido solicitados ao mesmo tempo, e ambos sejam concordantes para o diagnóstico de diabetes, nenhum exame adicional é necessário (ex.: glicemia de jejum + hemoglobina glicada). Por outro lado, se os testes forem discordantes, aquele que estiver alterado deverá ser repetido para confirmação ou não do diagnóstico Níveis de HbA1c > 7% estão proporcionalmente associados a risco aumentado de complicações crônicas, em particular as complicações microvasculares (retinopatia, nefropatia e neuropatia). Tratamento Farmacológico – Reposição exógena de Insulina (Insulinoterapia) associado a um controle glicêmico rígido. Administração via subcutânea. O mecanismo de ação da insulina está associado a sua ligação com seu respectivo receptor, ocorrendo a dimerização deste receptor e fazendo toda a função que a insulina normal faria no nosso corpo, como por exemplo a translocação dos transportadores de glicose GLUT 4. O acompanhamento da glicemia deve ser avaliado no mínimo 4x ao dia: pré-prandial, pós-prandial e antes de dormir. O fato é que as doses de insulina podem ser ajustadas conforme os valores mensurados, logo, a monitorização da glicemia capilar é extremamente útil. Existem 3 esquemas de Insulinoterapia mais utilizados: Esquema de Duas Aplicações; Esquema de Múltiplas Aplicações (basal-bolus) e o Esquema de Infusão contínua. O esquema Basal-bolus é o mais ideal: Como o diabético tipo 1 não produz insulina endógena alguma, o tratamento com insulina exógena deve tentar reproduzir a resposta fisiológica. Uma insulina de ação intermediária ou prolongada substitui a liberação basal de insulina pelo pâncreas, enquanto que uma insulina de ação rápida ou ultrarrápida simula o pico pós-prandial. Além disso, o tratamento não farmacológico também tem grande importância. Carla Bertelli – 5° Período DM2 Epidemio – Os pacientes com DM tipo 2, em sua maioria, são obesos, sedentários e com outros fatores de risco para doenças cardiovasculares. O Brasil é o 5º país em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de doentes adultos (20 a 79 anos) O mais importante fator de risco ambiental para o diabetes tipo 2 é a obesidade, particularmente a obesidade central ou visceral. Etiologia – O diabetes do tipo 2 é causado pela combinação de resistência periférica à ação da insulina e resposta secretória inadequada das células β pancreáticas (“deficiência relativa de insulina”). Suscetibilidade Genética + Fatores Ambientais Tem desenvolvimento gradual e é ‘’Independente de Insulina’’ Fisiopato – Os dois defeitos metabólicos primordiais que caracterizam o diabetes tipo 2 são: • Diminuição da resposta dos tecidos periféricos, especialmente de músculo esquelético, tecido adiposo e fígado em relação à insulina (resistência à insulina). • Secreção inadequada de insulina em virtude da resistência desenvolvida e hiperglicemia (disfunção da célula β). Resistência à Insulina – A resistência é a incapacidade de os tecidos- alvo responderem normalmente à insulina. Fígado, músculo esquelético e tecido adiposo são os principais tecidos Vários fatores contribuem para a resistência à insulina, entre os quais a obesidade Um ambiente inflamatório por citocinas pró-inflamatórias que são secretadas em resposta ao excesso de nutrientes, como, por exemplo, os ácidos graxos livres (AGL) e a glicose – resulta tanto da resistência à insulina quanto da disfunção de célula β. AGLs em excesso podem impedir a sinalização de insulina diretamente nos tecidos periféricos, bem como indiretamente, através da liberação das citocinas pró-inflamatórias. A resistência à insulina resulta em: • Incapacidade para inibir a produção endógena de glicose no fígado (gliconeogênese), o que contribui para os altos níveis de glicose no sangue em jejum. • Incapacidade para absorver a glicose e síntese de glicogênio ocorrendo no músculo esquelético logo após uma refeição, o que contribui para o elevado nível de glicose pós-prandial no sangue. • Incapacidade para inibir a lipoproteína lipase no tecido adiposo, conduzindo a um excesso circulante de ácidos graxos livres (AGLs), que, por sua vez, amplificam o estado de resistência à insulina A resistência à insulina prediz o desenvolvimento da hiperglicemia e, geralmente, faz-se acompanhar do hiperfuncionamento compensatório das células β e da hiperinsulinemia nos estágios precoces da evolução do diabetes Disfunção da Célula B – A função da célula β aumenta precocemente principalmente como uma medida compensatória para combater a resistência à insulina e manter a euglicemia. No entanto, esgotam sua capacidade de se adaptar às demandas de longo prazo da resistência periférica à insulina (exaustão), e o estado hiperinsulinêmico dá lugar a um estado de deficiência relativa de insulina. O que causa a disfunção: Excesso de ácidos graxos livres, os quais comprometem a função da célula β e atenuama liberação de insulina (“lipotoxicidade”); Impacto da hiperglicemia crônica (“glicotoxicidade”); “Efeito incretina” anormal, levando à redução da secreção de GIP e GLP-1, os hormônios que promovem liberação de insulina (ver anteriormente). Manifestações Clínicas – Hiperglicemia, que leva a poliúria, polidipsia, turvação visual, astenia, prurido vaginal. Síndrome hiperosmótica hiperosmolar (HHS), decorrente da desidratação grave como resultado de uma diurese osmótica sustentada (em especial, em pacientes que não bebem água suficiente para compensar as perdas urinárias da hiperglicemia crônica A morbidade associada ao diabetes de longa duração de um ou outro tipo se deve a danos induzidos em artérias musculares de grande e médio porte (doença macrovascular diabética) e em pequenos vasos (doença macrovascular diabética) por hiperglicemia crônica. A doença macrovascular causa aterosclerose acelerada entre os diabéticos, resultando em risco aumentado de infarto do miocárdico, AVC e isquemia das extremidades inferiores. Os efeitos da doença microvascular são mais profundos na retina, nos rins e nervos periféricos, resultando em retinopatia diabética, nefropatia e neuropatia. Síndrome Metabólica – Conjunto de fatores de risco que se manifestam num indivíduo e aumentam as chances de desenvolver doença arterial coronariana, hipertensão e diabetes. A síndrome metabólica é caracterizada por uma grande circunferência abdominal (devido à gordura abdominal excessiva), hipertensão arterial, resistência aos efeitos da insulina (resistência à insulina) ou diabetes, e por níveis anormais de colesterol e outras gorduras no sangue (dislipidemia). Segundo os critérios brasileiros, a Síndrome Metabólica ocorre quando estão presentes três dos cinco critérios abaixo: Obesidade central – circunferência da cintura superior a 88 cm na mulher e 102 cm no homem; Hipertensão Arterial – pressão arterial sistólica >130 e/ou pressão arterial diatólica >85 mmHg; Glicemia alterada (glicemia >10 mg/dl) ou diagnóstico de Diabetes; Triglicerídeos > 150 mg/dl; HDL colesterol < 40 mg/dl em homens e <50 mg/dl em mulheres Carla Bertelli – 5° Período Complicações Agudas da DM Hipoglicemia – É a complicação mais frequente do tratamento de DM e a causa mais comum de coma nestes pacientes, principalmente em pacientes sabidamente diabéticos que deixam de se alimentar corretamente, abusam da insulina ou submetem-se algum exercício físico imprevisto. Pode ser precipitada por falência renal ou hepática, etilismo agudo, drogas ou associação com outras endocrinopatias. A Hipoglicemia costuma ser definida bioquimicamente com valores de glicose <50-54mg/dl, podendo ocorrer sintomas com níveis mais altos de glicemia – varia de pessoa para pessoa. Existe uma classificação: • Hipoglicemia Grave: Neuroglicopenia suficiente para induzir convulsão ou até mesmo coma. • Hipoglicemia Sintomática Documentada: sintomas + glicemia <70 • Hipoglicemia Assintomática: Sem sintomas + glicemia <70 • Hipoglicemia Sintomática Provável: Sintomas não são confirmados por glicemia • Hipoglicemia Relativa: Sintomas de hipoglicemia + glicemia >70 (observado em quebras bruscas) Tecidos no corpo que dependem de glicose para seu funcionamento: SNC, retina, medula renal, elementos figurados do sangue. Deve-se pensar em hipoglicemia em pacientes em coma sem causa evidente, principalmente diabético e com suspeita de etilismo. O quadro clínico inclui sinais e sintomas relacionados ao excesso de adrenalina circulante (sudorese, tremor, taquicardia, ansiedade e fome) e à disfunção do SNC (cefaleia, vertigem, mal-estar, escurecimento da visão, confusão mental, convulsão e coma). Ao Exame Físico observa-se palidez e diaforese. Cetoacidose Diabética – Complicação mais grave da DM1, sendo compreendida como uma exacerbação do que normalmente ocorre em jejum. É marcada por 3 achados clínicos: Hiperglicemia, Cetonemia e Acidose Metabólica com ânion-gap elevado. É mais raro na DM2, ocorrendo em condições de estresse como infecções graves. Quando o organismo é privado de fontes energéticas exógenas, há queda da glicemia e dos níveis plasmáticos de insulina, com elevação concomitante dos hormônios glucagon, cortisol, GH e catecolaminas. As reservas energéticas endógenas passam a ser utilizadas ocorrendo consumo de glicogênio hepático, lipólise com produção de ácidos graxos e glicerol e catabolismo muscular, gerando aminoácidos. No fígado ao Ácidos Graxos são convertidos em cetonas (cetogênese). No DM tipo 1, a ausência de insulina perpetua e agrava este desarranjo metabólico, com um aumento absurdo da produção hepática de corpos cetônicos que traz graves consequências clínicas.. Hiperglicemia: Consequência do aumento da produção hepática de glicose e a diminuição relativa da utilização pelos tecidos. Cetonemia: Corpos Cetônicos produzidos em larga escala devido a lipólise excessiva (AGSs). Os principais cetoácidos são: Ácido beta-hidroxibutírico, ácido acetoacético e acetona (responsável pelo hálito cetônico). Acidemia: Do tipo ânion-gap, aumenta o acúmulo de cetoacidos. Distúrbios Hidroeletrolíticos: A elevação da osmolaridade sérica provoca a saída de fluido do compartimento intra para o extracelular, carreando eletrólitos como potássio, cloro e fosfato. Uma vez no espaço intravascular, estes elementos são eliminados em grande quantidade na urina devido à diurese osmótica consequente à hiperglicemia. Fatores desencadeantes – Infeccioso, abuso de álcool, doses baixas de insulina, gestação MC – Poliúria, polidpsia ou polifagia associados a astenia e perda ponderal nos dias anteriores ao quadro. O paciente tipicamente se apresenta hipohidratado, taquicárdico e hiperventilando (respiração de Kussmaul – respiração rápida e profunda), como resposta à acidemia. Estado Hiperglicêmico Hiperosmolar Não Cetótico – Típico em DM2. Presença de glicemia + ingesta inadequada de líquido. O principal fator desencadeante á o processo infeccioso, principalmente em foco pulmonar ou urinário. Dentre os fatores não infecciosos, destacam-se os acidentes cerebrovasculares, o IAM, os quadros abdominais que cursem com vômitos ou diarreia e as endocrinopatias A patogênese é compreendida como um progressivo aumento da osmolaridade sérica consequente à hiperglicemia e à hipernatremia, sem uma elevação equivalente da osmolaridade intracelular. Resulta disso o desvio do meio intra para o extra. A diurese osmótica provocada pela hiperglicemia leva a perda de água em maior proporção de que eletrólitos, agravando a hiperosmolaridade sérica. Com a contração do volume intravascular adiciona-se ao comprometimento prévio da função renal um componente pré-renal, diminuindo a eliminação de glicose e elevando mais ainda seu nível sérico. Tais eventos só são possíveis em um estado de hipovolemia persistente, pois a reidratação levaria à queda da osmolaridade sérica e ao aumento da eliminação da glicose pelos rins. Portanto, o estado hiperosmolar só se desenvolve naqueles pacientes cujo mecanismo da sede (ou o acesso a fluidos) está prejudicado MC: Sinais Clínicos de Desidratação intensa, hipotensão, oligúria, são manifestações de hipovolemia importante. Os achados do exame neurológico são extremamente variados, desde o déficit motor focal à crise convulsiva generalizada e coma. Carla Bertelli – 5° Período Complicações Crônicas do DM Relacionada a complicações microvasculares. Retinopatia Diabética – Classificada em RD Proliferativa e Não Proliferativa. Na microcirculação da retina, a hiperglicemia pode contribuir para perda de pericitos, essa perda, associada à perda de adesão entre as células endoteliais contribui para a formação de microaneurismas. Desenvolvimento de Edema. Ocorre expansão das zonas vasculares entre os capilares associados aos distúrbios da autorregulaçãovascular, modificam o aporte sanguíneo levando à instalação de hipóxia, que contribui para proliferação vascular. Fatores que auxiliam na patogênese da RD inclui: Hormônio GH, Plaquetas e Viscosidade Sanguínea, PCK, Edema Macular, Hipóxia e Neovascularização). Fatores de Risco incluem: Duração do DM, HAS, Doença Renal, Gestação, Dislipidemia, tabagismo, obesidade. Nos estágios inicias os pacientes são assintomáticos, com o progredir da doença surgem sintomas variados, como escotomas, visão embaçada e distorção na imagem. Crianças e adolescentes com DM1 devem iniciar a avaliação oftalmológica após a puberdade ou ao completarem 5 anos de doença. Em adultos com DM1, tal procedimento deve ser iniciado após 5 anos de doença. Em pacientes com DM2, a avaliação oftalmológica deve ser realizada imediatamente após o diagnóstico, visto que a doença é muitas vezes diagnosticada com 5 a 10 anos de atraso. Nefropatia Diabética – Comprometimento glomerular. Geralmente se expressa om proteinúria (mais especificamente microalbuminúria no início da doença). São assintomáticos do ponto de vista renal, porém já possuem uma glomerulopatia avançada. A glomerulopatia diabética é caracterizada histopatologicamente pelo processo de glomeruloesclerose difusa ou focal (lesão de Kimmelstiel Wilson), associado à expansão do mesângio e ao espessamento da membrana basal. Está envolvida a deposição em excesso de proteínas na matriz extracelular. O fator de crescimento transformador beta (TGF-beta) é um dos principais mediadores do acúmulo de proteínas da matriz extracelular Hipertrofia e HIperfiltração Glomerular → Espessamento da MBG e expansão mesangial → Microalbuminúria → Nefropatia manifesta-se através de proteinúria franca → Insuficiência Renal Progressiva → Rim em fase terminal (Sd. Urêmica) Classificação de KDIGO – A classificação da DRC leva em consideração os níveis da TFGe (graus 1 a 5) e os valores de albuminúria (A1- A3) Neuropatia – Distúrbios hereditários que afetam partes diferentes do SN, em maior parte portadores de DM2. Definida como “presença de sintomas e/ou sinais de disfunção dos nervos periféricos em indivíduos com DM, após a exclusão de outras causas”. A neuropatia periférica instala-se a partir de lesão neural em nervos longos que fazem a inervação dos dedos dos pés e progride de forma proximal. Distúrbio sensitivo-motor, simétrico e dependente do comprimento, decorrente de alterações metabólicas e microvasculares resultantes de exposição à hiperglicemia de longa duração e de distúrbios metabólicos Postula-se uma combinação de um efeito metabólico (hiperglicemia, glicação não enzimática, estresse oxidativo, ativação da proteína quinase C, etc.) dependente do acúmulo de sorbitol nos axônios, associado ao comprometimento isquêmico endoneural, devido à lesão microvascular. Os efeitos metabólicos da hiperglicemia crônica associada ao estresse oxidativo contribuem para lesão e disfunção neuroaxonal. Excesso Intracelular de Glicose – Fluxo aumentado da via Poliol – Acúmulo de Sorbitol e frutose – Aumento do estresse oxidativo – Redução do NADPH – Excesso de ROS – Alterações Intracelulares no retículo endoplasmático e DNA – Danos e Alterações funcionais na célula nervosa – Diminuição de Óxido Nítrico (potente vasodilatador que antagoniza trombose e é anti-inflamatório). Fatores de Risco – Suscetibilidade genética, glico/lipo toxicidade, inflamação, estresse oxidativo. As MC dependem do tipo de acometimento (típica ou atípica). Pé Diabético – “Infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos moles do pé associadas a neuropatia e/ou doença arterial nas extremidades dos membros inferiores em pessoas com DM’’. Esses pés com ulcerações em geral mostram-se comprometidos principalmente por isquemia e neuropatia. A associação de doença arterial obstrutiva periférica (DAOP) afeta amplamente os resultados do tratamento do pé diabético em relação à cicatrização de úlceras, amputações de membros inferiores e mortalidade. A gangrena diabética é multifatorial, contudo tem na neuropatia diabética, na vasculopatia diabética (isquemia) e na disfunção leucocitária (facilitando a ação dos microorganismos) as suas principais causas. Se conseguimos palpar o pulso pedioso do membro acometido, provavelmente a principal causa desencadeante da lesão não foi vascular, mas, sim, neurológica. A neuropatia diabética tem um papel primordial, pois impede que o paciente note que apareceu uma calosidade ou ferida no pé, que acaba por ulcerar e infectar-se. A neuropatia autonômica contribui pela secura podal (anidrose), predispondo a fissuras ou pequenas rachaduras. A perda da sensibilidade proprioceptiva desestabiliza a musculatura do arco plantar, levando à distribuição de toda a pressão do peso do corpo para apenas uma área, geralmente a região tenar – um local comum de úlcera diabética. A infecção aliada à isquemia distal pode levar à gangrena úmida. O pé diabético é classificado em seis graus de lesão (classificação de Wagner) Carla Bertelli – 5° Período Hipopituitarismo Morfofisiologia da Hipófise – Hipotálamo + hipófise são os mestres do nosso controle endócrino. Localizada na sela túrcica, dividida em lobo anterior (adenohipófise) e posterior (neurohipífise). A produção da maioria dos hormônios hipofisários é controlada por fatores estimulantes positivos e negativos do hipotálamo. A adenohipófise contém 6 tipos de células (somatotróficos, mamossomatotróficos, lactotróficos, corticotrófico, tireotrófico, gonadotróficos). Neurohipófise armazena ocitocina e hormônio antidiurético. Distúrbios Hormonais – A hipofunção de uma glândula pode ocorrer por motivo como ausência ou comprometimento do desenvolvimento dela, deficiência necessária para a síntese hormonal. A glândula pode ser destruída em consequência de isquemia, infecção, inflamação, autoimune, atrofia, medicamentos. A hiperfunção é causada pela hiperestimulação e hiperplasia de uma glândula endócrina ou por um tumor produtor de hormônios. Pode estar relacionada a resistência hormonal. Divisão entre distúrbios primários (originalmente da glândula-alvo), secundários (estimulação defeituosa pela hipófise), Terciário (disfunção hipotalâmica). Distúrbios da Hipófise e do Crescimento – Tumores hipofisários podem ser funcionais (secretam) ou não. Distúrbios no crescimento estão relacionados a hormônios essenciais como GH, Insulina, TSH e androgênios. Estatura baixa: deficiência do GH, hipotireoidismo e pan-hipopituitarismo. Estatura alta: excesso de GH, acromegalia. Puberdade Precoce. Distúrbios Tireóideos – Este hormônio tem 2 funções principais: aumenta o metabolismo e a síntese de proteínas e se faz necessário ao crescimento e desenvolvimento infantil. O hipotireoidismo (congênito ou adquirido) afeta quase todas as funções do corpo. Hipertireoidismo (tireotoxicose), doença de Graves (oftalmopatia e bócio). Distúrbios da Função Cortical Suprarrenal – Insuficiência Cortical Suprarrenal (primária – doença de Addison) e secundária. Excesso de Hormônio Glicocorticoide (síndrome de Cushing) produção excessiva de ACTH (tipo hipofisário, tipo suprarrenal e o tipo ectópico). Hipopituitarismo – Falha parcial ou completa da hipófise em secretar 1 ou + hormônios. Secreção diminuída dos hormônios hipofisários, pode ser congênito ou adquirido. Sua etiologia varia desde tumores e cistos hipofisários, lesão cerebral traumática, pós-parto (síndrome de Sheehan). A perda hormonal segue uma sequência típica de perda progressiva: GH, LH, FSH, TSH e ACTH (GLFTA) Congênito – Anomalias estruturais da hipófise ou distúrbios hereditários que levam problemas na diferenciação e secreção hormonal de uma ou mais linhagens celulares. Manifesta-se habitualmente já na infância/adolescência e envolve anomalias estruturais (aplasia, hipoplasia, sela vazia) ou distúrbios hereditários, mais relacionadosa genes, muitos desses responsáveis pela diferenciação e proliferação celular, ou seja, mutações nos genes que codificam fatores de transcrição podem levar a deficiências isoladas ou combinadas dos hormônios hipofisários. Mutações no POU1F1, codifica uma proteína e regula a expressão dos genes GH, PRL e do TSH, responsável pela proliferação de somatotrófos, lactotrofos e tireotrofos. Mutação no Profeta Pit-1., além de outros genes como Mutações no HESX1, Mutações no LHX3, Mutações no LHX4. O adquirido está associado a condições que comprometem a hipófise como tumor hipofisário, radioterapia, tumor extra- hipofisário, idiopático, doenças inflamatórias e infiltrativas, síndrome de Sheehan MC – A reserva funcional da hipófise é grande, as MC são evidentes quando há comprometimento de 75% do parênquima. Mal-estar crônico, fraqueza, fadiga, perda de apetite, comprometimento da função sexual, intolerância ao frio. A deficiência do ACTH é a mais séria, leva a fraqueza, náuseas, vômito, anorexia, febre e hipotensão. No geral os sintomas se relacionam com a falta do hormônio em questão. Hiperpituitarismo – A causa mais comum é adenoma que surge no lobo anterior, sendo na maioria das vezes adenomas funcionantes. Alguns podem secretar 2 hormônios (GH e prolactina) e raramente são pluriormonais. Causas menos comuns incluem carcinomas hipofisários e alguns distúrbios hipotalâmicos. Os adenomas hipofisários são geralmente encontrados em adultos, 35-60 anos. Mutações na proteína G são algumas das alterações mais comuns dos adenomas hipofisários, tendo em vista que essa proteína desempenha papel crítico na transdução de sinais para efeitos intracelulares. Manifestações Clínicas – Estão relacionados às alterações endócrinas e aos efeitos de massa. Os adenomas lactotróficos (prolactinomas) são o tipo de adenoma hipofisário mais frequente, causam amenorreia, galactorreia, perda de libido e infertilidade. Os adenomas somatotróficos são o segundo mais comum, e causam gigantismo em crianças e acromegalia em adultos. Níveis persistentemente elevados de GH estimulam a secreção hepática do fator de crescimento semelhante à insulina 1 (IGF-1), o que causa muitas das manifestações clínicas. Se este adenoma aparece em crianças antes das epífises se fecharem ocorre gigantismo, já que os níveis de GH estiverem altos após o fechamento das epífises, a acromegalia se desenvolve. Adenomas Corticotróficos leva a hipersecreção de cortisol e o desenvolvimento da Síndrome de Cushing. Outros adenomas incluem: Adenomas gonadotróficos, Adenomas Tireotróficos, Adenomas Hipofisários Não funcionantes. Carla Bertelli – 5° Período Puberdade Precoce A puberdade é desencadeada quando o hipotálamo começa a aumentar a secreção pulsátil do GnRH, que estimula a produção das gonadotrofinas FSH e LH. O LH estimula os ovários a secretar estradiol e os testículos a secretar testosterona, e o FSH promove o desenvolvimento de oócitos ou espermatozoides e aumenta o tamanho das gônadas. O estradiol causa aumento progressivo das mamas, o surto de crescimento puberal e o rápido avanço na idade óssea, e a testosterona causa o aumento peniano e o crescimento dos pelos pubianos em meninos, e através da conversão em estradiol, causa o surto do crescimento masculino. o. É importante observar que os pelos pubianos em meninas e o odor axilar adulto em meninos e meninas estão relacionados ao aumento da secreção de andrógenos adrenais fracos (principalmente sulfato de desidroepiandrosterona [DHEA-S]), referido como adrenarca, e não está relacionado a ativação do eixo HPG. Alterações físicas na puberdade incluem: Crescimento esquelético linear, alteração da forma e composição corporal, desenvolvimento de órgãos e sistemas, e desenvolvimento das gônadas e caracteres sexuais secundários. Normal entre 8 a 13 anos nas meninas, e 9 a 14 nos meninos Puberdade Precoce – Aparecimento de características sexuais secundárias antes da idade normal para o desenvolvimento puberal devido ao aumento da produção ou exposição de hormônios sexuais. Isso leva ao aumento do crescimento linear, desenvolvimento somático e maturação esquelética mais rápida – no final resulta em fechamento precoce das epífises ocasionando baixa estatura. É considerada PP <8 anos nas meninas e <9 nos meninos. É dividida em Central e Periférica. Central – Aumento da produção de hormônios sexuais causado pela ativação precoce de todo eixo gonadal hipotálamo-hipófise Periférica – Produção autônoma das próprias glândulas. Aumento dos hormônios sexuais das gônadas, glândulas adrenais, produção ectópica de tumor ou exposição exógena. Algumas variantes no desenvolvimento puberal normal podem ocorrer, não caracterizando uma puberdade precoce pois não há alteração em níveis hormonais e/ou idade óssea. Isso pode corresponder a: Telarca Precoce Isolada, Pubarca Precoce Isolada, Sangramento Vaginal Precoce Isolado. Apesar de geralmente representarem uma situação benigna e não progressiva, é recomendado o acompanhamento endocrinológico para o diagnóstico diferencial com as formas completas e progressivas de puberdade precoce. As características em cada tipo de PP pode ser Isossexual (características secundárias sexuais referentes ao sexo genético) ou Heterossexual (características sexuais distinta do sexo geneético) PPC – Em relação as causas genéticas, alguns genes podem estar envolvidos, bem como seus receptores, implicando na regulação e síntese da secreção do GnRH Raros defeitos gênicos na kisspeptina (KISS1) e no seu receptor (KISS1R) foram inicialmente implicados na patogênese da PPC. Outro gene afetado é o MKRN3, DLK1. Idiopática – Ausência de um fator causal da ativação do eixo. Mais comum no sexo feminino. Ausência de alterações laboratoriais, de imagem e história clínica. Distúrbios do SNC – Qualquer distúrbio intracraniano congênito ou adquirido, principalmente o Hamartoma Hipotalâmico, uma mal formação congênita, não neoplásica, constituída por massa ectópica de tecido hipotalâmico. Alguns são constituídos por neurônios secretores de GnRH funcionando como um foco ectópico da secreção de GnRH e/ou por neurônios secretores dos fatores de crescimento dos fibroblastos (TGF) alfa que estimulam a secreção de GnRH via fatores gliais Exposição a desreguladores endócrinos –Fitoestrógenos, pesticidas (diclorodifeniltricloretano [DDT]), produtos químicos industriais (bisfenol A) e ftalatos, foram identificados como possíveis agentes que afetam o desenvolvimento puberal em humanos. nfluenciam a puberdade devido a seus efeitos estrogênicos, antiestrogênicos, androgênicos ou antiandrogênicos, ou por seus efeitos diretos no GnRH hipotalâmicos Exposição crônica a esteroides sexuais PPP - É independente das gonadotrofinas – mais relacionada a situações heterossexuais A puberdade precoce periférica ocorre quando as influências hormonais originadas fora do eixo HPG produzem progressão puberal incompleta, atipicamente sequenciada ou rápida. Achados hiperandrogênicos significativos ou de progressão rápida podem justificar a investigação de hiperplasia adrenal congênita ou tumor secretor de andrógenos. Níveis elevados de estradiol no cenário de LH baixo podem sugerir um tumor secretor de estrogênio. Múltiplas manchas café com leite e displasia fibrosa dos ossos são preocupantes para a síndrome de McCuneAlbright ou neurofibromatose. Avaliar os caracteres sexuais presentes para direcionar a busca etiológica Causas Isossexuais em Meninos – Testotoxicose, Mutação no gene DAX-1, Uso de andrógenos, hiperplasia adrenal congênita, tumor testicular Causas Isossexuais em Meninas – Tumor de células da granulosa, cistos ovarianos foliculares, exposição a esteroides sexuais ou interferentes endócrinos Causas Heterossexuais em Meninos (feminilização) – Aumento da atividade da Aromatose (converte testosteronaem estradiol), exposição à estrógenos, tumor testicular ou adrenal feminizante Causas Heterossexuais em Meninas – Resistência periférica a glicocorticoides, exposição à andrógenos, tumor ovariano ou adrenal virilizante Carla Bertelli – 5° Período Síndrome de Cushing Conjunto de Sinais e Sintomas decorrentes da exposição crônica do organismo ao excesso de glicocorticoides. Causa mais comum é iatrogênica, endógenas é infrequente, podendo ser dividido em: ACTH-Dependentes (doenças do eixo hipotálamohipofisário ou tumores secretores de ACTH e/ou CRH e ACTH-Independentes. (Ocorre como consequência de doenças primárias da suprarrenal) Doença de Cushing (dependente) – Principal etiologia (depois da causa iatrogênica). Se refere a um Corticotropinoma, é um adenoma hipofisário hipersecretante de ACTH, neoplasia benigna e pequena (microadenoma), predomina no sexo feminino, progressão lenta. Promove hiperplasia adrenal bilateral. Continuam a secretar ACTH mesmo com elevação do cortisol. Os corticotrofos da adeno-hipófise estão atrofiados devido a sua inibição contínua pelo hipercortisolismo. Síndrome do ACTH e CRH Ectópico (dependente) – Neoplasias não hipofisárias capazes de secretar ACTH, principalmente o carcinoma de pequenas células nos homens. Pode surgir da secreção por adenomas indolentes também. A secreção ectópica de CRH isolado é mínima. Atividade Suprarrenal Autônoma (Independente) – Distúrbios adrenais primários são a maioria dos casos, em geral, adenoma (<3cm, unilateral) ou carcinoma (>6cm, suspeitar de malignidade quando há hiperandrogenismo) produtor de cortisol. Causas muito raras de SC de origem adrenal são a hiperplasia nodular pigmentada primária bilateral, o complexo de Carney, a hiperplasia adrenal macronodular bilateral e a síndrome de McCune-Albright. Hiperplasia Nodular Autônoma das Adrenais (micro e macro) (dependente) – O Micro aparece no contexto da síndrome de Carney, uma entidade que, além do Cushing por hiperplasia adrenal primária, cursa com somatotropinoma. O Macro apresenta expressão ectópica (no tecido adrenal) de receptores para hormônios tróficos de outros tecidos Cushing Iatrogênico – Causa mais comum, aparecem a partir de doses de Prednisona >7,5mg/dia. O hormônio exógeno suprime os níveis séricos de cortisol, ACTH e CRH, por inibição do eixo hipotálamohipófiseadrenal. O uso prolongado resulta em atrofia (reversível) da suprarrenal Manifestações Clínicas – Obesidade Centrípeta Progressiva (face, pescoço, tronco, abdome), é um dos marcos mais importantes, associados a extremidades consumidas devido a hipercatabolismo muscular. Pode acumular gordura no mediastino, canal espinha, espaço epidural. Pele fina por atrofia do estrato córneo da epiderme e da gordura subcutânea, vasos sanguíneos se tornam visíveis e a sua fragilidade tende a formar equimoses. Cicatrização prejudicada, aparecimento de estrias violáceas ema abdome e flancos. A hiperpigmentação cutâneo-mucosa só acontece se houver aumento do ACTH (secreção concomitante de hormônio melanotrófico + efeito direto do ACTH nos melanócitos), ou seja, não é esperada na síndrome de Cushing secundária à hiperprodução adrenal de cortisol (tampouco no Cushing exógeno).. Presente no ACTH dependente Excesso de glicocorticoide estimula o catabolismo proteico tecidual, mais acentuado nas cinturas escapular e pélvica, gerando fraqueza proximal. Glicocorticoides em excesso prejudica o metabolismo do cálcio (menor reabsorção óssea, estímulo para atividade osteoclástica) e inibição da atividade osteoblástica, resulta em osteopenia/osteoporose. Aumento da gliconeogênese hepática e indução de resistência periférica à insulina (pelo hipercortisolismo e pela obesidade, respectivamente) são os responsáveis pelas alterações glicêmicas da síndrome de Cushing, que em casos graves se manifestam como franco diabetes mellitus.. Até metade dos pacientes desenvolve alguma manifestação neuropsiquiátrica. A insônia é uma das mais precoces e frequentes, relacionada à ausência de redução do cortisol durante o período noturno Mulheres com Cushing apresentam oligo/amenorreia anovulatória, pois o excesso de glicocorticoide suprime a secreção de gonadotrofinas (FSH e LH) pelo eixo hipotálamo- hipófise. Sinais e sintomas de hiperandrogenismo (síndrome de virilização) costumam ser observados apenas em mulheres Diagnóstico – Primeiro passo: demonstrar excesso de cortisol laboratorialmente, através de: 1) Dosagem de Cortisol Livre na Urina 24h, 2) Teste de Supressão com Dexametasona em dose baixa, 3) Dosagem do cortisol plasmático ou salivar à meia noite. Cortisol Livre na Urina – Obtém-se a dosagem do cortisol livre urinário (UFC) analisando-se uma amostra urinária de 24 h, em que é incluída a segunda micção do dia em que a coleta é iniciada até a primeira do dia seguinte. Teste de Supressão com Dexametasona – Demonstrar a perda da inibição por retroalimentação (feedback) do cortisol normal no eixo HHA, tipicamente observada na SC. Administra-se 1 mg de DMS às 23 h por via oral (VO), com dosagem do CS na manhã seguinte às 8 h. Em crianças, a dose é de 10 μg/kg de peso. Interpretação. Classicamente, um valor do CS ≤ 1,8 μg/dℓ (50 nmol/ℓ) descarta o hipercortisolismo, enquanto um valor > 5 μg/dℓ (138 nmol/ℓ) é altamente sugestivo Cortisol Plasmático Salivar Noturno – Valores elevados (> 130 nmol/L) podem ser usados para demonstrar a presença de hipercortisolismo, e valores repetidamente baixos têm o poder de descartar síndrome de Cushing. Depois, é preciso definir a causa, começando a partir da dosagem de ACTH Plasmático. ACTH Suprimido aponta para diagnóstico de patologia primária da suprarrenal. ACTH Amentado aponta para patologias primárias do eixo. Carla Bertelli – 5° Período Insuficiência Adrenal Incapacidade do córtex adrenal em produzir quantidades suficientes de hormônios. Pode ser causado por distúrbios Intrínseco adrenocortical (primário/Addison), doença hipofisária (secundária), distúrbio hipotalâmico (terciária). Primária ou Addison – Produção inadequada de cortisol pelas adrenais. Causada por distribuição de mais de 90% do córtex, Pela falta do feedback destes hormônios com seus hormônios reguladores, ocorre consequente aumento do ACTH e da renina (na tentativa de estimular a produção adrenal de cortisol e aldosterona, respectivamente). Etiologias possíveis incluem: autoimune, doenças infecciosas, doenças infiltrativas, hemorragias, fármacos, etc. Secundária – Causadas por patologias do eixo, que reduzem a produção de ACTH ou CRH. Esse déficit gera atrofia das camadas do córtex (fasciculada e reticulada), mas a camada glomerulosa por estar sob comando do SRAA se mantém intacta. As etiologias possíveis da insuficiência adrenal secundária são: interrupção do uso de corticoides exógenos continuados por mais de 3 semanas (principal causa); tumores hipotálamo-hipofisários; radioterapia selar; trauma do sistema nervoso central (SNC); cirurgias do SNC; hipofisite; sarcoidose; histiocitose X; tuberculose. Manifestações Clínicas – A insuficiência adrenal se apresenta, na maioria dos casos, com quadro progressivo e insidioso de sinais e sintomas inespecíficos, que podem ser causados pela deficiência de glicocorticoides, mineralocorticoides ou andrógenos adrenais: Deficiência de Glicocorticoide – Causa astenia; mal- estar; anorexia; perda de peso; náuseas; vômitos; alterações do trato gastrintestinal, como diarreia ou constipação intestinal; dor abdominal; hipoglicemias (principalmente em crianças), mialgia; artralgia e sintomas psiquiátricos. Pode ocorrer hipotensão, porque os glicocorticoides têm importante papel na manutenção do tônus adrenérgico dos vasos sanguíneos, além de deslocarem líquidos do espaço extravascular para o intravascular. Por fim, a falta de glicocorticoides cursa com aumento de hormôniotireoestimulante (TSH), podendo simular um quadro de hipotireoidismo subclínico Deficiência de Mineralocorticoides – (presente apenas na insuficiência adrenal primária) manifesta-se com taquicardia postural (geralmente é o sinal mais precoce), hipotensão postural (segundo sinal mais precoce), hipotensão arterial basal, hipovolemia, avidez por sal. Estes sinais e sintomas não ocorrem na insuficiência adrenal secundária, uma vez que nesse tipo de insuficiência adrenal ocorre com o funcionamento normal do sistema renina-angiotensina- aldosterona, com preservação da camada glomerulosa e da produção de aldosterona pelas adrenais Deficiência de Andrógenos – – Manifesta-se com queda de libido e redução da pilificação axilar e pubiana em mulheres. Não causa sintomas em homens, pois continua ocorrendo produção androgênica testicular, que nos homens exerce papel muito mais importante do que a produção androgênica adrenal. Na insuficiência adrenal primária, pode haver hiperpigmentação principalmente nas áreas expostas ao sol, dobras e áreas de trauma. Também pode ocorrer em mucosas (língua, gengiva, palato, boca) e genitália. A hiperpigmentação se dá por aumento da próopiomelanocortina (POMC), que, por sua vez, será clivada em algumas endorfinas endógenas, no hormônio corticotrófico (ACTH) e no MSH, sendo que este último hormônio atua no receptor MCR-1 da pele, estimulando os melanócitos. Na insuficiência adrenal secundária, como não há aumento da POMC, não há hiperpigmentação Diagnóstico Dosagem Basal de Cortisol às 8h – Deve ser o primeiro teste a ser solicitado em pacientes com suspeita de insuficiência adrenal. Cortisol ≤ 3 μg/dℓ confirma a insuficiência adrenal; cortisol ≥ 18 μg/dℓ exclui insuficiência adrenal ITT – teste padrão-ouro para o diagnóstico de insuficiência adrenal, mas apresenta os riscos da hipoglicemia grave e suas consequências (isquemia cardíaca, convulsões, coma). r. O teste é feito com dosagem de cortisol e glicemia nos tempos 0, 30, 45, 60, 90 e 120 min após a administração de 0,10 a 0,15 UI/kg de insulina regular, via intravenosa (IV), em bolus, sob supervisão médica contínua. O objetivo é avaliar o pico de cortisol quando glicemia < 40 mg/dℓ. Se altera na primária e na secundária Teste da Cortrosina – É feito com coleta de cortisol nos tempos 0, 30 e 60 min após administração IV de cortrosina (ACTH sintético), em doses de 1 ou 250 μg. Não é necessário jejum. O racional para realização do teste da cortrosina no diagnóstico de insuficiência adrenal secundária é que, com a privação crônica de ACTH (de pelo menos 4 semanas), a glândula perde a capacidade de responder ao estímulo agudo com ele. O teste da cortrosina pode ser realizado com a dose de 1 μg de ACTH (dose mais fisiológica) ou com 250 μg (dose suprafisiológica, mas equivalente a 1 ampola da medicação – mais prático, mais reprodutível e mais realizado na prática clínica) Carla Bertelli – 5° Período Hipertireoidismo Tireotoxicose é o estado clínico decorrente do excesso de hormônios tireoidianos circulantes sistemicamente, seja qual for a origem desses hormônios (externo, produção por algum tumor, produção excessiva pela própria glândula, liberação de hormônio pré-formado pela glândula e que tenha sofrido algum dano celular). Já o Hipertireoidismo é o estado de tireotoxicose quando a origem do excesso de hormônio é própria da glândula. O termo hipertireoidismo primário é usado quando a fonte do problema (do excesso hormonal) está na glândula tireoide e não na hipófise ou hipotálamo. Contudo, nem todo estado de excesso de hormônio tireoidiano é um hipertireoidismo.. A Doença de Graves é a principal causa de hipertireoidismo, responsável por 60-90% dos estados de tireotoxicose. Desordem autoimune que tem como característica a síntese e secreção excessiva de hormônios da tireoide e achados típicos que consistem em: bócio difuso, oftalmopatia, dermopatia (mixedema) e acropatia). Mais comum em mulheres. Os linfócitos B sintetizam anticorpos “contra” receptores de TSH localizados na superfície da membrana da célula folicular da tireoide. Estes anticorpos são capazes de produzir um aumento no volume e função da glândula, justificando assim o hipertireoidismo encontrado. Denominamos esta imunoglobulina de imunoglobulina estimuladora da tireoide ou anticorpo antirreceptor de TSH estimulante No caso de anticorpos estimuladores, eles se ligam ao receptor e desempenham as funções do TSH, como hipertrofia glandular, aumento da vascularização da glândula e aumento da produção e secreção dos hormônios tireoidianos. A glândula tireoidiana encontra-se simetricamente aumentada, devido à hipertrofia e hiperplasia das células foliculares. Do ponto de vista histológico, existe uma superpopulação de células foliculares, que fazem protrusão em forma de papila para o lúmen do folículo. Encontramos um aumento significativo de tecido linfoide no estroma interfolicular, com algumas áreas apresentando agregados de linfócitos B autorreativos Outras causas incluem: Bócio Multinodular Tóxico, Adenoma Tóxico, Tireoidite Subaguda Indolor, Tireoidite Subaguda Dolorosa de DeQuervain, Secreção Ectópica de Hormônio Tireoidiano. Quadro Clínico – Decorre da ação do hormônio ativo T3 em seus receptores nucleares, estimulando a transcrição gênica de alguns genes e inibindo outros. Basicamente, a T3 age em todas as células do organismo, e por isso suas ações são bastante sistêmicas causando aumento da taxa metabólica basal (perda de peso), aumento de apetite, redução do colesterol, perda de massa magra, maior sensibilidade a catecolaminas, redução da resistência vascular periférica, ICC, aumento de eventos tromboembólicos, sudorese, tremor de extremidades, fraqueza, dermopatia infiltrativa (mixedema pré- tibial), alterações psiquiátricas, hiperdefecação, hipermenorreia, irregularidade menstrual. Bócio caracteristicamente difuso e simétrico, em alguns pacientes pode ter bócio e frêmito sobre a glândula (devido aumento da vascularização local). Oftalmopatia de Graves, exoftalmia ou proptose bilateral, olhar fixo, retração palpebral, edema periorbitário. A dermopatia é encontrada em menos de 5% dos pacientes, geralmente em associação com oftalmopatia moderada a grave e acropaquia (baqueteamento digital). A lesão é descrita como mixedema pré-tibial. Esta consiste em um espessamento da pele, principalmente sobre a região prétibial, devido ao acúmulo de glicosaminoglicanos. A acropatia, representada por baqueteamento digital, é observada em menos de 1% dos pacientes com doença de Graves e possui íntima relação com a dermopatia (pode ser observada em 20% dos pacientes com dermopatia). Diagnóstico – Função Tireoidiana – TSH suprimido e T4 livre aumentado. O estado subclínico se caracteriza por T3 e T4 normais e TSH baixo. Autoanticorpos – Antitireoperoxidase (TPO), antitireoglobulina (Tg), Antirreceptor do TSH TRAb. (na doença de graves). Captação de Iodo Radioativo nas 24h – Este método tem como base a captação do iodo radioativo e outros isótopos pelas células foliculares (avalia a função) A indicação principal da RAIU na doença de Graves tem como objetivo a diferenciação desta condição com a tireotoxicose das tireoidites subagudas, que apresentam uma captação de iodo radioativo baixa a desprezível. Tratamento – Diminuição na formação e secreção do hormônio tireoidiano. Beta Bloqueadores como o Propanolol podem ser utilizados nas fases iniciais para atenuar os efeitos adrenérgicos. Anti Tireoidianos (Tionamidas) – Propiltiouracil (PTU), o metimazol (MMI) e o carbimazol.. Inibe a peroxidase tireoidiana (TPO) e, portanto, as etapas de oxidação e organificação do iodo; ● Inibe, em doses altas (> 600 mg/dia), a conversão periférica de T4 em T3 , o que contribui para a redução de 20 a 30% nos valores de T3; Inibidores do Transporte de Iodo– Tiocinato e Perclorato, inibem o transporte de iodo para a tireoide. Iodo – A administração de iodo em excesso pode conduzir ao bloqueio temporário da produção dos hormônios tireoidianos Radiodoterapia – dose oral de iodo radioativo (I131), que irá se concentrar nos tecidos mais ávidos por iodo no organismo e causar a destruição actínica desses tecidos, ou seja, causa uma tireoidite destrutiva. Dessa maneira, consegue-se reduzir a produção hormonal pela glândula, que se torna hipofuncionante, na maioria das vezes, depois de alguns meses ou anos do tratamento Carla Bertelli – 5° Período Hipotireoidismo Síndrome clínica ocasionada pela síntese/secreção insuficiente ou ação inadequada dos hormônios tireoidianos resultando em lentificação generalizada do metabolismo Em suas formas mais graves ocorre deposição de mucopolissacarídeos na derme, gerando edema (sem cacifo) conhecido como Mixedema. Podese classificar em Primário (falência tireoidiana), Secundário (falência hipofisária, deficiência de TSH), ou terciário (deficiência hipotalâmica, de TRH). As formas secundária e terciária costumam ser agrupadas no conceito de “hipotireoidismo central”. Ressaltese que certas condições ainda podem determinar uma disfunção transitória da glândula, com posterior retorno de sua função, conforme observado em algumas formas de tireoidite como a “tireoidite pós-parto” A tireoidite de Hashimoto é a causa mais comum de hipotireoidismo em áreas com suficiência de iodo (como o Brasil). Trata-se de uma doença autoimune assintomática nos primeiros mesesou anos de sua instalação, mas que lentamente destrói o parênquima glandular. Tal processo resulta, na maioria dos casos, em falência tireoidiana progressiva Em áreas suficientes de iodo, depois do Hashimoto, a etiologia mais frequente em adultos passa a ser a iatrogênica, de carência nutricional. O hipotireoidismo central (secundário ou terciário) tem como causas mais prevalentes em adultos os tumores hipofisários, sendo igualmente importantes os efeitos colaterais de seu tratamento (cirurgia ou radioterapia). A necrose hipofisária que pode surgir no contexto de hemorragias pósparto graves (síndrome de Sheehan) é outra causa clássica! Manifestações Clínicas – As manifestações do hipotireoidismo devem ser entendidas dentro de um espectro de gravidade: quanto maior a duração e a intensidade da carência hormonal, mais graves e numerosas serão as alterações! O quadro “clássico” , multissistêmico, é fácil de reconhecer e relativamente específico (isto é, quando vários comemorativos estão presentes ao mesmo tempo), porém, nos dias de hoje, raramente é encontrado na prática.. Em contrapartida, quadros leves e oligossintomáticos são absolutamente inespecíficos, mas representam a maioria dos casos Diagnóstico – Hipotireoidismo Primário – Caracteriza-se por TSH elevado e T4 livre baixo. O T3 também se encontra reduzido, mas não é habitualmente dosado Hipotireoidismo Central (secundário ou terciário) – O TSH encontra-se baixo ou inapropriadamente normal, em face de um T4 livre que está sempre baixo! Raramente, o TSH estará discretamente aumentado (até 20 mUI/L), devido à produção de uma molécula biologicamente inativa, porém imunologicamente ativa (trata-se do TSH “rico em ácido siálico” ou macro TSH, detectado pelo ensaio que mede TSH). O próximo passo após a confirmação do hipotireoidismo de padrão “central” é a realização de uma RM da sela túrcica, para pesquisa de doenças que justifiquem este achado Anticorpos Anti-tireoglobulina e antiperoxidase (tpo) – Processo autoimune, tireoidite de Hashimoto. Teste do TRH – Diferenciação entre doença hipotalâmica x hipofisária Tratamento – Consiste na administração de dose única diária de levotiroxina (T4), de preferência pela manhã e com o estômago vazio (uma hora antes do café). A levotiroxina tem meia-vida de sete dias, sendo, portanto, superior ao T3 (liotironina) para reposição, uma vez que o T3 tem uma meia- vida curta. A duração do tratamento depende da etiologia.. O hipotireoidismo pós-tireoidite granulomatosa ou consequente à tireoidite pós-parto costuma ser transitório na maioria dos casos, sendo seu tratamento necessário por um tempo limitado. Na tireoidite de Hashimoto, por outro lado, somente cerca de 10% dos pacientes reassumem a função normal da glândula após meses ou anos de tratamento. Os quadros secundários à radioablação ou cirurgia eventualmente também serão autolimitados, no entanto, caso persistam por mais de seis meses tendem a se tornar definitivos e requerer tratamento para o resto da vida do paciente.. Carla Bertelli – 5° Período Neoplasias de Tireoide Nódulo – O nódulo tireoidiano solitário é um aumento discreto e palpável na glândula tireoide supostamente normal. Do ponto de vista clínico, a principal preocupação em pessoas que apresentam nódulos na tireoide é a possibilidade de neoplasia maligna. Felizmente, a maioria dos nódulos solitários da tireoide se mostra como lesões não neoplásicas localizadas (p. ex., nódulo dominante no bócio multinodular, cistos simples ou focos de tireoidite) ou neoplasias benignas, tais como os adenomas foliculares. Importante saber que nódulos solitário, nódulos em pacientes jovens, nódulos em homens e tratamento por radiação de cabeça e pescoço está associado a uma maior suscetibilidade de malignidade tireoidiana. Já os nódulos funcionantes (quentes) são muito mais sugestivos de benignidade Adenomas – Massas solitárias, discretas e derivadas do epitélio folicular. Clinicamente difícil de distinguir de um carcinoma folicular. Em geral não são percursores dos carcinomas, mas podem sofrer alterações genéticas e ter possibilidade de evoluir. A maioria dos adenomas são não funcionantes, porém os ‘’adenomas tóxicos’’ podem produzir e causar tireotoxicose independente da estimulação do TSH, o que é causado pela mutação na via se sinalização dos receptores de TSH, mais frequentemente no gene codificador do receptor de TSH. Isso leva a sintomas de hipertireoidismo e produz um ‘’nódulo quente’’ na imagem. Mutações em TSHR ou GNAS. É uma lesão solitária, esférica, encapsulada, bem demarcada do parênquima, cápsula bem definida, íntegra e completa. Nódulos frios tem 10% de chance de malignidade Carcinomas – Divididos em diferenciados (papilífero (mais comum) e folicular), e os indiferenciados (anaplásico e medular). Com exceção do medular, que surgem das células parafoliculares, as outras situações surgem do epitélio folicular tireoidiano. As alterações genéticas nas três neoplasias malignas derivadas das células foliculares ocorrem nas vias de sinalização do receptor do fator de crescimento. Nos carcinomas tireoidianos, assim como em muitos cânceres, as mutações de ganho de função em componentes dessas vias levam à ativação permanente, gerando proliferação celular excessiva e aumento da sobrevivência das células. Papilíferos – São os mais comuns, associados a exposição à radiação e possuem bom prognóstico, podem ocorrer ao longo de toda vida, incidência maior entre 25 e 5- anos, mais comum em mulheres. Associada a mutações de ganho de função em receptores tirosina-quinases (RETO ou NTRK1) ou Serina-Treonina Quinase (BRAF) da via do AMPK. Podem ser solitários ou multifocais. Alguns tumores podem estar bem circunscritos e até mesmo encapsulados, outros podem se infiltrar no parênquima adjacente. Podem conter papilas ramificadas com um eixo fibrovascular, os núcleos das células contém cromatina finamente dispersa, conferindo aparência clara ou vazia, designada de vidro fosco, Estruturas concêntricas e calcificadas, denominadas Corpos de Psamonas. Se apresenta como nódulos tireoidianos assintomáticos, mas a primeira manifestação pode ser uma massa em um linfonodo cervical. Foliculares – Frequentes em áreas com deficiência de iodo na dieta. Associados a mutaçõesadquiridas que ativam RAS ou o braço de PI-3K/AKT da via de sinalização do receptor de tirosina-cinase.. ganho de função de RAS ou PIK3CAamplificações de PIK3CA ou mutações de perda de função de PTEN, um gene supressor de tumor e regulador negativo dessa via. Nódulos únicos circunscritos ou amplamente invasivos. Podem infiltrar até o tecido cervical adjacente. Composta de células regularmente uniformes que formam pequenos folículos contendo coloide, que se assemelham muito à tireoide normal. Embora as características nucleares (núcleos opticamente claros, ranhuras nucleares) sejam úteis na distinção das neoplasias papilíferas das foliculares, não há nenhuma diferença citológica confiável entre os adenomas foliculares e os carcinomas foliculares minimamente invasivos. Os carcinomas foliculares se apresentam como nódulos indolores que aumentam lentamente. Com mais frequência, são nódulos frios nas cintilografias Carcinomas Anaplásicos – Altamente agressivos e letais, surgem pela ‘’desdifirenciação’’ de um carcinoma papilífero ou folicular. Os carcinomas anaplásicos consistem em tumores indiferenciados do epitélio folicular tireoidiano, sendo responsáveis por menos de 5% dos tumores tireoidianos. São agressivos, com taxa de mortalidade próxima de 100%. Células altamente anaplásicas, com morfologia variável (células gigantes pleomórficas, células fusiformes). Costumam apresentar-se como massas volumosas no pescoço que aumentam rapidamente. Sintomas relacionados com compressão e invasão, como dispneia, disfagia, rouquidão e tosse, são comuns. Carcinoma Medular – Os carcinomas tireoidianos medulares familiares ocorrem em neoplasias endócrinas múltiplas do tipo 2 (MEN-2) e estão associados a mutações na linhagem germinativa de RET que levam à ativação permanente do receptor. É uma neoplasia neuroendócrina derivada de células parafoliculares, ou células C. s. Os carcinomas medulares, similares às células C normais, secretam calcitonina, cuja medição desempenha importante papel no diagnóstico e no acompanhamento pós-operatório dos pacientes. Em alguns casos, as células tumorais produzem outros hormônios polipeptídicos, como serotonina, ACTH e peptídeo intestinal vasoativo (VIP). Os carcinomas tireoidianos medulares esporádicos se apresentam como nódulos solitários. Microscopicamente, os carcinomas medulares são compostos de células poligonais fusiformes, as quais podem formar ninhos, trabéculas e mesmo folículos. Células pequenas mas anaplásicas estão presentes em alguns tumores e podem ser o tipo celular predominante. Os depósitos amiloides acelulares, derivados dos polipeptídeos calcitonina alterados, estão presentes no estroma adjacente em muitos casos Carla Bertelli – 5° Período Hipo e Hiperparatireoidismo Hiperparatireoidismo – O hiperparatireoidismo primário é um distúrbio que resulta da hipersecreção do PTH, é a causa mais comum de hipercalcemia. Possíveis fatores de risco incluem exposição à radiação ionizante, terapia prolongada com lítio, síndromes endócrinas hereditárias, como neoplasia endócrina múltipla, atividade física reduzida e baixa ingestão de cálcio. Pode ser primário (problema autônomo da glândula, geralmente resultante de um adenoma ou hiperplasia do tecido da paratireoide) secundário (hipersecreção compensatória de PTH em resposta a uma hipocalcemia prolongada, como IRC) ou terciário (hipersecreção persistente do PTH mesmo depois da causa da hipocalcemia ser resolvida) Primário – Adenomas solitários das paratireoides são responsáveis por cerca de 85 a 90% dos casos de HPTP. O carcinoma é responsável por menos de 1%. A maioria dos casos é causada por adenoma de uma única glândula. A tumorigênese pode resultar de mutações em genes que controlam o crescimento das células da paratireoide e/ou a síntese ou secreção do hormônio da paratireoide. No hiperparatireoidismo primário, a perda do controle homeostático do eixo cálcio-paratireoide leva a: Aumento da Secreção do PTH por células individuais e Proliferação de células da paratireoide (hiperplasia). A superprodução de PTH leva a hipercalcemia e manifestações esqueléticas e/ou renais, incluindo: (1) Aumento da reabsorção óssea; (2) Aumento da reabsorção tubular renal de cálcio e excreção de fosfato; (3) Hipercalciúria quando a carga de cálcio filtrado é maior que a capacidade do rim de reabsorver cálcio eficientemente, mesmo na presença de PTH; (4) Estimulação da conversão de 1,25-diidroxivitamina D nos túbulos renais para promover a absorção de cálcio no intestino. Os seus sintomas refletem os efeitos combinados da secreção aumentada de PTH e da hipercalcemia. O hiperparatireoidismo primário está associado a “dores ósseas, pedras renais, borborigmo abdominal e queixas psíquicas”. Alterações no sistema nervoso central, incluindo depressão, letargia e convulsões eventuais.. Anormalidades neuromusculares, inclusive fraqueza e fadiga. Manifestações cardíacas, incluindo calcificações da válvula aórtica ou mitral (ou ambas). O hiperparatireoidismo secundário é causado por qualquer condição que dê origem à hipocalcemia crônica, a qual leva à superatividade compensatória das glândulas paratireoidianas. A falência renal é a causa mais comum de hiperparatireoidismo secundário, embora diversas outras doenças, incluindo ingestão alimentar inadequada de cálcio, esteatorreia e deficiência de vitamina D, A insuficiência renal crônica está associada à excreção diminuída de fosfato, que, por sua vez, resulta em hiperfosfatemia. Os níveis elevados de fosfato deprimem diretamente os níveis de cálcio e, portanto, estimulam a atividade da glândula paratireoide. Além disso, a perda de função renal reduz a disponibilidade da α- 1-hidroxilase necessária para a síntese da forma ativa da vitamina D, que, por sua vez, reduz a absorção intestinal de cálcio omo a vitamina D apresenta efeito supressivo no crescimento paratireoidiano e na secreção de PTH, sua deficiência relativa contribui para o hiperparatireoidismo na falência renal. Diagnóstico – Hipercalcemia persistente + PTH elevado ou inapropriadamente normal (não suprimido). A rotina diagnóstica do HPTP inclui a dosagem sérica de cálcio, fósforo, albumina, fosfatase alcalina, PTH intacto, 25-OHD e creatinina Tratados de acordo com a causa. Paratormônio alto secundário: suspensão de medicação, controle da insuficiência renal, reposição de vit D; Tratamento cirúrgico geralmente é o mais indicado; Medicamentos chamados calcimiméticos podem diminuir a quantidade de PTH. O uso é indicado para casos de HPT grave para controle da hipercalcemia severa. Hipoparatireoideismo – Mais comum. r. O hipoparatireoidismo adquirido é quase sempre uma consequência inadvertida da cirurgia; além disso, existem diversas causas genéticas de hipoparatireoidismo. Autoimune (associado a candidíase mucocutânea crônica e a insuficiência adrenal primária.), autossômico dominante (– Causado por mutações de ganho de função no gene do receptor sensível a cálcio (CASR). A atividade de CASR inapropriada devido à sensibilidade aumentada ao cálcio suprime o PTH, resultando em hipocalcemia e hipercalciúria) e ausência congênita das glândulas. Relacionadas com a gravidade e a cronicidade da hipocalcemia. O marco da hipocalcemia é a tetania, caracterizada pela irritabilidade neuromuscular, resultado do decréscimo dos níveis da concentração sérica de cálcio. Os sintomas variam desde o entorpecimento perioral ou parestesia (formigamento) das extremidades distais e espasmo carpopédico até laringoespasmo com risco de vida e convulsões generalizadas. Esses achados clássicos no exame físico são o Sinal de Chvostek e o Sinal de Trousseau. O sinal de Chvostek é evocado na doença subclínica por percussão ao longo do trajeto do nervo facial, o que induz as contrações dos músculos do olho, da boca ou do nariz.O sinal de Trousseau se refere aos espasmos carpais produzidos pela oclusão da circulação sanguínea do antebraço e da mão com o esfignomanômetro por alguns minutos. As alterações do estado mental incluem instabilidade emocional, ansiedade e depressão, confusão mental, alucinações e psicose franca. Manifestações cardiovasculares incluem um defeito de condução que produz um prolongamento característico do intervalo QT no eletrocardiograma. Anormalidades dentárias ocorrem quando a hipocalcemia está presente previamente, durante o desenvolvimento. Pseudo-Hipoparatireoidismo – Nessa condição, o hipoparatireoidismo ocorre por causa da resistência do órgão final às ações do PTH. Na realidade, os níveis séricos de PTH estão normais ou elevados. Em uma forma de pseudo-hipoparatireoidismo, há resistência do órgão-alvo ao TSH e ao FSH/LH, assim como PTH. Diagnóstico – A suspeição do hipoparatireoidismo é feita com base no quadro clínico produzido pela hipocalcemia. O diagnóstico é confirmado pela presença de níveis normais ou baixos de hormônio da paratireoide, também denominado paratormônio (PTH), intacto, concomitantes a concentrações baixas de cálcio e elevadas de fósforo no sangue, na presença de função renal preservada. O diagnóstico do hipoparatireoidismo se estabelece pela detecção, em pelo menos duas ocasiões, de valores de PTH indetectáveis ou inapropriadamente baixos (< 20 pg/mℓ) na presença de hipocalcemia O objetivo do tratamento do hipo é deixa-lo sem sinais ou sintomas da hipocalcemia, e deve ser tratada de acordo com a situação: hipocalcemia aguda ou crônica. Reposição nutricional de vitamina D e cálcio + Diuréticos: favorecer a retenção do cálcio; Carla Bertelli – 5° Período Acidente Vascular Encefálico É a síndrome de déficit neurológico focal agudo causado por um distúrbio vascular que danifica o tecido encefálico. Dividido em AVE Isquêmico (+ comum) e hemorrágico. Aproximadamente 80% dos acidentes vasculares cerebrais são causados por infarto cerebral isquêmico e 20% por hemorragia cerebral. Fatores de Risco – Idade, sexo, raça, AVE prévio, histórico familiar, hipertensão (principal), tabagismo, DM, doença cardíaca, hipercolesterolemia, hipercoagulopatia, obesidade, uso abusivo de álcool e outras drogas. AVE Isquêmico – Interrupção do fluxo sanguíneo em um vaso cerebral, redução do fluxo sanguíneo de parte ou todo cérebro. A maioria dos casso ocorre agudamente. Pode ser Embólica (Cardioembólica ou Arterioembólica), Trombótica (AVE Lacunar, oclusão de pequenas artérias perfurantes que nutrem o tálamo, cápsula interna e núcleos da base, lipo-hialinose), ou pode ser Criptogênica (sem uma causa definida). Primeiro ocorre o evento ocasionador da interrupção sanguínea (êmbolo, trombo) resultando em hipoperfusão. A isquemia cerebral (desequilíbrio no uso de O2, menor do que 20ml/100mg em 1 min) inicia eventos que levam a morte celular, como depleção do ATP, alterações nas concentrações de sódio, potássio e cálcio, lactato aumentado, acidose, acúmulo de radicais livres. Necrose e Apoptose das células com consequente processo inflamatório, decorrente de edema citotóxico + edema vasogênico, que atrai neutrófilos, monócitos células gliais fagocitárias. Após 10 dias a 3 semanas ocorre necrose de liquefação. As manifestações clínicas dependem da artéria afetada e a área que ela irriga. A mais comum é a Artéria Cerebral Médica, causando alterações no lobo frontal, parietal e superior do temporal, podendo resultar em Hemiparesia/plegia contralateral com predomínio braquifacial e disartria com desvio da língua para a hemiplegia, desvio do olhar conjugado contrario à hemiplegia. Se afetar o Hemisfério Dominante/Esquerdo gera Afasia global (Broca + Wernicke), já a oclusão dos ramos lenticulares leva a hemiparesia contralateral. Cerebral Anterior – Irriga o lobo frontal e parietal, pode ser uni ou bilateral. Causa hemiparesia, apraxia contralateral, hemi/hipo anestesia do MI contralateral, Paraplegia, perda de sensibilidade em MI. Já a Cerebral Posterior irriga o lobo occipital, mesencéfalo e tálamo. E a artéria basilar causa AVE pontino ou cerebelar. Em regras gerais: • Sugere Território Carotídeo (cerebral média e anterior) – Afasia, síndromes cerebrais clássicas (Gerstmann, amusia, agnosias, sd. Do lobo frontal. • Território Vertebro Basilar (cerebral posterior e tronco) – Hemiparesia, agnosia visual, Sd. De Balint, Sd. De Anton, displasia grave sugere AVE de tronco. Vertigem e nistagmo sugerem AVE pontino ou cerebelar. • Infartos Lacunares – Hemiplegia fasciobraquiocural, afasia de Broca, hemiparesia, hemianestesia Diagnóstico – Todo paciente com déficit neurológico focal de início súbito que dura entre 15-20min deve ser encarado como AVE. TC de crânio é sempre ideal para descartar AVE hemorrágico. Nas primeiras 21-24h a TC geralmente não mostra o AVE isquêmico, só tem a expressão radiológica após 24 a 72h com área hipodensa (cinza) + edema. Após 10 dias a área do AVE aparece hiperdensa (preta) e com retração (sem edema). RM é um exame de maior acurácia, doppler transcraniano. Tratamento da Fase Aguda: Avaliar sinais vitais, tratar a hipertensão arterial com soro fisiológico, deitar com a cabeça entre 0-15°, corrigir a hipotensão (importante para manter o fluxo sanguíneo da área de penumbra), controle da temperatura e eletrólitos. Medidas específicas consistem em: Antiagregante plaquetário, Heparina, Estatinas, Trombolíticos (rtPA reduz sequelas do AVE), terapia endovascular (trombectomia mecânica via cateterismo – oclusão de grandes vasos). Na fase crônica para AVE cardioembólico uso de anticoagulantes e AVE Arterioembólico uso de AAS. AVE Hemorrágico – Intraparenquimatoso é o mais comum, causado por lesão crônica de pequenas artérias perfurantes, fragilidade da parede vascular, formação de pequenos aneurismas que podem romper em pico hipertensivo. Os locais mais acometidos são o Putâmem, tálamo, cerebelo e ponte. O acúmulo de sangue eleva a PI desencadeando edema vasogênico. A hipertensão será maior quanto mais volumoso for o hematoma, pode ter sangue no ventrículo. O paciente geralmente morre da própria HAS intracra. Quadro clínico súbito de cefaleia intensa, déficit neurológico focal e rebaixamento no nível de consciência. Hemorragia do putâmem causa hemiplegia fascriobraquiocrural contralateral. No Tálamo está associado a hemianestesia e hemiplegia, desvio dos olhos para baixo e para dentro, pupilas mitóticas, anisocóricas, pupila menor é a do lado da hemorragia. Cerebelo: Vertigem, náuseas, vômitos, ataxia cerebelar aguda, pode comprimir o 4°V levando a hidrocefalia obstrutiva, compressão do bulbo pode levar a apneia súbita. Ponte: Qadriplegia súbita, coma e pupilas puntiformes fotorreagentes, descerebraão, hiperpneia e hiperidrose. Diagnóstico: TC de crânio não contrastado ou RM, área hiperdensa em volta, desvio da linha médica. O tratamento é indicado suporte do paciente, ventilação mecânica e intubação, cateter que avalia a PIC. Tratar a PA mantendo ela abaixo de 140mmHg para evitar expansão do hematoma. Neurocirurgia de drenagem é necessária em hematoma cerebelar >3 com repercussão neurológica ou hematoma lobar/putamem volumoso + MC. Hemorragia Subaracnóidea – Espontânea, ocorre pela rotura de aneurisma ou rotura de uma mal formação arteriovenosa. Os aneurismas saculares geralmente se localizam no Polígono de Wilis – Inunda de sangue a cisterna da base do crâneo e o espaço subaracnóideo, e esse sangue em volta do cérebro causa edema cerebral e meningite química. Ocorre vasoespasmo das artérias do polígono, responsável por déficit neurológicos e sequelas. O quadro clínico envolve cefalia, síncope, rigidez da nuca, hemorragias no fundo de olho. Diagnóstico é feito com TC de crânio não contrastado e o tratamento se da na UTI com medidasde suporte de vida. Tratamento da lesão por via endovascular – implante de coils metálicos no interior do aneurisma, induz trombose local e fechamento do lúmen ou clipagem cirúrgica do aneurisma. O monitoramento da PIC e seu controle ocorre através da retirada de líquor, manter a Pressão de perfusão entre 60-70mmHg e manter a PAS entre 140-150. Carla Bertelli – 5° Período Cefaleias Divide-se as cefaleias crônicas em primárias e secundárias, sendo a secundária relacionada às doenças neurológicas orgânicas ou sistêmicas que afetam o encéfalo. Em resumo, as nas síndromes primárias, a cefaleia e as manifestações associadas constituem a condição, já nos distúrbios secundários a cefaleia tem causas exógenas. No geral, sua fisiopatologia consiste em saber que tipicamente ocorre dor quando os nociceptores periféricos estimulados em resposta a determinados fatores, como lesão tecidual ou distensão visceral. Nesse contexto, a percepção da dor constitui uma resposta fisiológica normal mediada por um sistema nervoso sadio. Entretanto, a dor também pode ocorrer em consequência de dano ou ativação inapropriada das vias produtoras de dor do sistema nervoso periférico ou central. A cefaleia pode resultar de um desses mecanismos ou de ambos. Existem relativamente poucas estruturas cranianas que geram dor, as quais incluem o couro cabeludo, a foice do cérebro, os seios da duramáter e segmentos proximais das grandes artérias da pia-máter Enxaqueca ou Migrânea – Segunda principal causa, prevalência de 15% na população, mais comum no sexo feminino. Cefaleia de caráter pulsátil, geralmente unilateral, de intensidade moderada a severa (pode acordar o paciente, impedir seus afazeres), duração variável de 4 a 72h, associada a náuseas, vômitos, fotofobia, fonofobia. Pode ser desencadeada pelo consumo de vinho, período menstrual. A enxaqueca é uma perturbação cefalálgica primária, comum e incapacitante. Tem dois subtipos principais, com aurea e sem aurea. Enxaqueca sem aura é uma síndrome clínica caracterizada por cefaleia com características específicas e sintomas associados. Enxaqueca com aura é caracterizada, principalmente, pelos sintomas neurológicos focais transitórios que geralmente precedem ou frequentemente acompanham a cefaleia. Alguns doentes experimentam também uma fase premonitória, ocorrendo horas ou dias antes da cefaleia e uma fase de resolução de cefaleia. Os sintomas premonitórios e de resolução incluem hiperatividade, hipoatividade, depressão, desejos por certos alimentos, bocejos repetitivos, fadiga e rigidez e/ou dor da nuca. Quando um doente respeita os critérios para mais do que um subtipo de enxaqueca, todos os subtipos devem ser diagnosticados e codificados. Por exemplo, um doente que tem frequentes episódios com aura, mas também alguns episódios sem aura, deve ser codificado como Enxaqueca com aura e Enxaqueca sem aura. Episódios de ambos os tipos estão incluídos nos critérios diagnósticos para Enxaqueca crónica. Cefaleia de Tensão – Causa mais comum de cefaleia primária (incidência de 40-70%) da população, mais comum no sexo feminino. Se caracteriza por uma cefaleia de caráter opressivo, frontoccipital ou temporo-occipital bilateral, de intensidade leve a moderada (não acorda o paciente, não precisa parar os seus afazeres), duração prolongada (horas ou dias), geralmente se origina no período vespertino ou noturno, após um dia estressante. A divisão da Cefaleia tipo tensão nos subtipos, episódico e crônico, que foi introduzida na ICHD-I, provou ser extremamente útil. Na ICHD- II, a forma episódica foi subdividida numa subforma pouco frequente com menos de um episódio de cefaleias por mês e numa subforma frequente. Cefaleia tipo tensão crônica é uma doença importante, comprometendo bastante a qualidade de vida e causando grande incapacidade. Cefaleia do tipo tensão episódica frequente pode estar associada a incapacidade considerável e, algumas vezes, requer tratamentos dispendiosos. Em contraste, a Cefaleia tipo tensão episódica pouco frequente, que ocorre em quase toda a população, habitualmente tem um impacto muito reduzido no indivíduo e, na maioria dos casos, não requer atenção do profissional médico. A distinção entre a Cefaleia tipo tensão episódica pouco frequente e a Cefaleia do tipo tensão episódica frequente separa os indivíduos que tipicamente não requerem intervenção médica e evita a atribuição da categoria de cefaleia grave à maioria da população, permitindo, contudo, a classificação da sua cefaleia. Cefaleia em Salvas – Crises de dor forte, estritamente unilateral, orbitária, supraorbitária, temporal ou qualquer combinação destes locais, durando 15-180 minutos, ocorrendo desde uma vez em cada 2 dias até 8 vezes por dia. A dor está associada a hiperemia conjuntival ipsilateral, lacrimejo, congestão nasal, rinorreia, sudorese da região frontal e da face, miose, ptose e/ou edema da pálpebra, e/ou inquietação ou agitação. As crises ocorrem em séries, durando semanas ou meses (os chamados períodos de salvas) separadas por períodos de remissão que duram geralmente meses ou anos. A dor de Cefaleia em salvas é máxima na região orbitária, supraorbitária, temporal ou em qualquer combinação destas áreas, mas pode estender-se a outras regiões. Durante as crises mais fortes, a intensidade da dor é excruciante. Geralmente, os doentes são incapazes de se deitar e, caracteristicamente, andam de um lado para o outro. Geralmente, a dor recorre no mesmo lado da cabeça, num período de salva individual. Durante um período de salva em Cefaleia em salvas episódica e em qualquer momento em Cefaleia em salvas crónica, as crises ocorrem regularmente e podem ser provocadas por álcool, histamina ou nitroglicerina. A idade de início compreende os 20-40 anos. Por razões desconhecidas, os homens são atingidos três vezes mais que as mulheres. As crises agudas envolvem a ativação da região da substância cinzenta hipotalâmica posterior. Têm sido descritos alguns casos de doentes com Cefaleia em salvas e Nevralgia do trigêmeo (condição por vezes referida como síndrome salva-tic). Estes doentes devem receber os dois diagnósticos. A importância desta observação prende-se com o facto de as duas condições terem que ser tratadas para que o paciente fique livre de cefaleias. Sinais de Alerta Carla Bertelli – 5° Período Consciência É empregado no sentido de um estado vígil, que iguala a consciência ao grau de clareza do sensório. É o estado de estar desperto, lúcido, trata-se do nível de consciência. Ela é classificada em nível (quantitativo) e conteúdo (qualitativo) e eles são responsáveis pela nossa consciência. O principal controlador é o Sistema Reticular Anterior Ascendente que se projeta do tronco encefálico até todo córtex cerebral, principalmente envolvido com estruturas do tálamo e mesencéfalo. As áreas pré-frontais são fundamentais na organização da atividade mental consciente. Por fim, reconhece-se a importância das interações talamocorticais na ativação e na integração da atividade neuronal cortical relacionada à consciência. O tálamo é uma estrutura posicionada no centro do cérebro para filtrar, integrar e regular as informações que chegam ao córtex cerebral, dados que partem da periferia do organismo e meio externo e se dirigem ao córtex cerebral. O tálamo é extensiva e reciprocamente interligado a todas as áreas do córtex cerebral, de forma que uma pequena lesão talâmica pode produzir graves alterações do nível de consciência Alterações Fisiológicas Normais da Consciência – Envolve principalmente o Sono. É caracterizado por ser um estado reversível, tipicamente expresso pela postura de repouso, comportamento quieto e redução da responsividade com uma arquitetura neurofisiológica complexa com estados cíclicos de sono não REM (Sono sincronizado,
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