Prévia do material em texto
Carência de vitamina A Introdução A vitamina A (Retinol) é um micronutriente reconhecida em relação às funções visuais, a integridade epitelial e ao funcionamento do sistema imunológico. A carência de vitamina A é considerada uma das mais importantes deficiências nutricionais dos países em desenvolvimento, sendo sua principal causa de cegueira evitável. No Brasil , o programa nacional de suplementação de vitamina A foi constituído por meio da portaria N 729 de 13 de maio de 2005, com o objetivo de reduzir e controlar a deficiência nutricional de vitamina A em crianças de 6 a 59 meses. No Brasil, a carência de vitamina A, era considerada um problema de saúde pública, sobretudo na Região Nordeste e em alguns locais da Região Sudeste e da Região Norte. Contudo, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS-2006) traçou o perfil das crianças menores de 5 anos e da população feminina em idade fértil no Brasil e apontou que o problema se estende para todas as regiões brasileiras. Nessa pesquisa, foi observado que 17,4% das crianças e 12,3% das mulheres apresentavam níveis inadequados de vitamina A. Em crianças, as maiores prevalências foram encontradas no Sudeste (21,6%) e Nordeste (19%) do País. A maior idade materna (>35 anos) também foi associada à maior ocorrência de crianças com níveis deficientes de vitamina A. Nas mulheres, as prevalências nas regiões foram: Sudeste (14%), Centro-Oeste (12,8%), Nordeste (12,1%), Norte (11,2%) e Sul (8%) (BRASIL, 2009). Apresentação da vitamina A/ Onde essa vitamina é encontrada A vitamina A é um micronutriente encontrado em fontes de origem animal (retinol) e vegetal (provitamina A). Entre os alimentos de origem animal, as principais fontes são: leite humano, fígado, gema de ovo e leite. A provitamina A é encontrada em vegetais folhosos verdes (como espinafre, couve, beldroega, bertalha e mostarda), vegetais amarelos (como abóbora e cenoura) e frutas amarelo-alaranjadas (como manga, caju, goiaba, mamão e caqui), além de óleos e frutas oleaginosas (buriti, pupunha, dendê e pequi) que são as mais ricas fontes de provitamina A. Um benefício das provitaminas é a conversão em vitamina A ativa e a ação como potentes antioxidantes. Falar um pouco sobre a vitamina/ Maléficos da carência da vitamina no organismo O corpo humano não pode fabricar vitamina A, portanto, toda a vitamina A de que necessitamos deve vir dos alimentos. O corpo pode armazenar vitamina A no fígado, garantindo uma reserva, que será utilizada na medida de sua necessidade. Se essa reserva está reduzida e não ingerimos alimentos que contêm vitamina A suficiente para satisfazer as necessidades nutricionais do nosso corpo, ocorre a deficiência. A deficiência de vitamina A pode se manifestar como deficiência subclínica ou como deficiência clínica. A Deficiência de Vitamina A (DVA) clínica (xeroftalmia) é definida por problemas no sistema visual, atingindo três estruturas oculares: retina, conjuntiva e córnea, tendo, como consequência, a diminuição da sensibilidade à luz até a cegueira parcial ou total. A primeira manifestação funcional é a cegueira noturna, que constitui a diminuição da capacidade de enxergar em locais com baixa luminosidade. A DVA subclínica é definida como uma situação na qual as concentrações dessa vitamina estão baixas e contribuem para a ocorrência de agravos à saúde, como diarreia e morbidades respiratórias. À medida que as reservas de vitamina A diminui, aumentam as consequências de sua deficiência. Nesta fase, a suplementação com vitamina A pode reverter a condição subclínica e impedir o avanço da deficiência para a forma clínica. Recomendação de ingestão diária de vitamina A No quadro a seguir, encontram-se as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de ingestão diária de vitamina A por grupo etário. Recomendações Lembre-se de que uma alimentação saudável e equilibrada é essencial para a saúde e equilíbrio do organismo. Portanto, inclua na sua dieta alimentos ricos em vitamina A. Para ficar mais fácil saber quais são, é só pensar que muitos deles são alaranjados ou vermelhos (cenoura, abóbora, pimentão vermelho e amarelo, pêssegos, mamão, manga, etc.) ou verde escuro ( brócolis, espinafre, escarola, salsa, etc.). Leite, laticínios e gema de ovo também são fontes importantes dessa vitamina; Proteja seus olhos, sempre que possível, contra a agressão de agentes externos, como poeira, vento, ar condicionado, poluição. Colocar, nos dias muito secos, uma vasilha com água nos ambientes em que permanecer por mais tempo, para ajudar a modificá-los também é uma forma de preservá-los saudáveis. Aspectos gerais A vitamina A, também conhecida pela designação de retinol, é um álcool primário, polietilênico e lipossolúvel, apresentando grande capacidade reativa. Essa vitamina é instável aos processos oxidativos e a temperaturas acima de 34ºC (16). O termo vitamina A é empregado atualmente para designar todos os derivados de beta-ionona que possuam atividade biológica de retinol, exceto os carotenóides. O termo retinóide se refere ao retinol ou aos seus derivados de ocorrência natural e análogos sintéticos, que não apresentam, necessariamente, atividade semelhante à do retinol(17). Os carotenóides, por seu turno, são um grupo composto por mais de 400 substâncias diferentes, de ocorrência natural, sintetizadas por uma grande variedade de microorganismos fotossintéticos. O seu precursor comum, o fitoeno, um hidrocarboneto de 40 carbonos, é convertido em compostos mais insaturados α, β, γ e δ-carotenos. Aproximadamente 50 carotenóides possuem ação biológica de vitamina A. Destes, o de maior atividade in vivo é o β-caroteno, um dímero do retinol. A transformação de β-caroteno em retinol é um importante processo no metabolismo dos animais, visto que os compostos carotenóides são biologicamente ativos após sua transformação em retinol, sendo seu teor no sangue em torno de 10,4μmol/L(17). O ácido retinóico, um metabólito do retinol, no qual o grupo álcool sofreu oxidação, apesar de ser mais potente que o retinol na promoção da diferenciação e crescimento do tecido epitelial na deficiência da vitamina A, não apresenta a mesma eficiência na restauração da visão ou das funções reprodutivas. Adicionalmente, observa-se que muitos dos derivados retinóides, entretanto, falham em suas funções por ligarem-se a proteínas específicas que os transportam para os tecidos, onde permanecem inativos (18). Deficiência primária de vitamina A resulta da ingestão inadequada de vitamina A pré-formada (retinol) e carotenóides. Deficiências secundárias resultam de má-absorção devido a insuficiência dietética de lípides, insuficiência pancreática ou biliar e de transporte prejudicado devido a abetalipoproteinemia, doença hepática, desnutrição protéico-calórica ou deficiência de zinco (18-20). Imunidade As concentrações fisiológicas dos retinóides têm sido implicados à resistência orgânica contra as infecções. Contudo, há apenas duas décadas estudos sistemáticos têm sido conduzidos sobre esse tópico. Nesse contexto, há evidências de que os retinóides modulam a resposta de células fagocitárias, estimulando a fagocitose, a ativação da citotoxicidade mediada por células e o aumento na resposta de timócitos a mitógenos específicos, aparentemente por aumentarem a expressão de receptores de interleucina-2 em suas células precursoras (22,23). Esses dados são corroborados por estudos clínicos realizados em crianças com deficiência dessa vitamina (24). Complemento- Importância da vitamina em gestantes: Sabe-se da documentada ação da vitamina A e, notoriamente na gestação, essa vitamina é importante para a reprodução, crescimento e desenvolvimento fetal, constituição da reserva hepática fetal e para o crescimento tissular materno. Neste contexto, a concentração tissular adequada de vitamina A é sabido trazer benefícios para a função feto-placentáriapelo aumento dos níveis de progesterona (18) . Outra evidência da importância da vitamina A na gestação é a associação entre os baixos níveis de b -caroteno em mulheres com pré-eclâmpsia e eclâmpsia, devido ao papel desta vitamina como antioxidante. Sugere-se que a vitamina A atue na prevenção da lesão endotelial, um dos fatores causais das síndromes hipertensivas da gravidez (55,56).