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Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Unidade 1 Panorama do empreendedorismo e oportunidade empreendedora Aula 1 Empreendedorismo: conceitos e contexto no Brasil e no mundo Introdução Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante, seja bem-vindo à primeira aula da disciplina Empreendedorismo e Inovação. Aqui, você aprenderá que existem muitas de�nições para o termo empreendedorismo, mas todas tratam essencialmente da habilidade de identi�car problemas reais da sociedade e desenvolver soluções para esses problemas, por meio do investimento de recursos �nanceiros e não �nanceiros. Além de ter contato com as principais de�nições, você compreenderá em detalhes a origem de cada uma delas e como a prática do empreendedorismo no mundo in�uenciou as características do universo empreendedor no Brasil. Após o estudo desta aula, você estará munido dos fundamentos importantes para que possa estimular a sua motivação em encontrar boas oportunidades para empreender com um novo negócio ou na empresa em que atua. Panorama do empreendedorismo Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Há 20 anos, o termo empreendedorismo, certamente, não seria encontrado nos principais dicionários brasileiros. Porém, não signi�ca que na história de evolução econômica do mundo não existam pessoas ultrapassando barreiras estruturais, comerciais e culturais para desenvolver soluções para os grandes paradigmas da sociedade. A diferença é que, por muitos anos, no nosso país, essas pessoas eram associadas a agentes de mudanças ou, até mesmo, desestruturadoras sociais. Contudo, o crescimento populacional desencadeou o crescimento dos grandes centros urbanos e evidenciou problemas ainda mais ameaçadores para a continuidade da sociedade, como o dé�cit de moradias e a escassez da matriz energética, exigindo o desenvolvimento de soluções rápidas. Por outro lado, a humanidade evoluiu, e o comportamento de consumo das pessoas passou a demandar grandes transformações e experiências inovadoras ainda não atendidas com os negócios existentes. É então que o termo empreendedorismo ganha espaço nos dicionários brasileiros, com base nos estudos dos precursores do tema, como Joseph A. Schumpeter, Peter Drucker e Richard Cantillon, e difundidos por Fernando Dolabela e José Dornelas. Inicialmente, na Idade Média, empreendedorismo era um termo designado às pessoas que gerenciavam grandes projetos de produção, por meio da utilização dos recursos disponíveis que eram oferecidos pelo governante. Como não se tratava de recursos do próprio empreendedor, que se limitava a gerenciar os projetos, este não assumia riscos �nanceiros. Posteriormente, no século XVII, uma importante mudança no uso da palavra foi dada por Richard Cantillon, economista franco-irlandês, que diferenciou o empreendedor do capitalista, sendo o primeiro aquele que assume riscos, e o segundo, o que fornece o capital, com per�l conservador. Durante todo esse século e no seguinte, vários economistas europeus se dedicaram ao aprofundamento das de�nições de empreendedor e capitalista e, em todos os estudos, a de�nição que traz a busca por riscos, reunindo capital e trabalho disponível, já aproxima as duas personas, a do capitalista e a do empreendedor, para uma única. O resultado desta aproximação fez com que, no Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO período compreendido entre o �nal do século XIX e o início do século XX, o termo empreendedorismo passasse a ser classi�cado como a prática de toda e qualquer pessoa que gerencia ou administra uma empresa, paga os empregados, planeja e executa as ações, visando a resultados superiores, corroborando com o capitalismo (DORNELAS, 2001). Porém, faltava o componente da inovação para solucionar problemas e criar oportunidades para chegarmos à de�nição atual de empreendedorismo. Então, em 1911, o economista e cientista político austríaco Joseph Schumpeter publicou uma obra intitulada Teoria do Desenvolvimento Econômico, na qual a de�nição atual de empreendedorismo passa a vigorar. Segundo Schumpeter (1985), o empreendedorismo é praticado por uma pessoa que realiza novas combinações dos meios produtivos, gerando desenvolvimento econômico, por meio da introdução de um novo bem ou método de produção, ou ainda da abertura de um novo mercado ou da conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas ou bens semimanufaturados, entre outras possibilidades de inovação. E é nessa de�nição que nos ancoramos no Brasil. Desde a década de 1980, cursos de graduação e especialização começaram a oferecer disciplinas associadas ao empreendedorismo, como “Novos Negócios” e “Criação de Empresas”, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pela Universidade de São Paulo (USP), respectivamente. Mais recentemente, nos anos 1990, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) protagonizou a formação de grupos de estudo na área. Mas, Fernando Dolabela, consultor e palestrante, foi o pioneiro na difusão do movimento empreendedor nacionalmente, por meio do contato com especialistas mundiais. A partir de então, diversos órgãos e universidades passaram a se dedicar não só ao ensino mas também à formação de empreendedores nacionais. Números do empreendedorismo Como já dito anteriormente, é o estudo de Joseph Schumpeter sobre empreendedorismo que ancorou a disseminação desse movimento no Brasil e, portanto, é nele que aprofundaremos o nosso conteúdo. Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO No livro Capitalismo, Socialismo e Democracia, escrito por Schumpeter, em 1942, o termo destruição criativa foi de�nido por ele como mola propulsora para a promoção do empreendedorismo: a criação de novos produtos, meios de produção mais e�cientes e empresas mais e�cazes em seus mercados, impulsionando sobremaneira o capitalismo e a competitividade. A destruição criativa favorece a inovação e proporciona mais opções para as pessoas consumirem e terem no que empreender, porém deixa as pessoas e as empresas que atuavam em determinada área antes da inovação temporariamente fora do mercado, chegando, algumas vezes, a não integrarem novamente a ele. A observação da história permite a constatação de diferentes exemplos de destruição criativa que promoveram o empreendedorismo, como a substituição dos cavalos pelos trens e, depois, pelos carros, como meio de transporte. Essa substituição é relacionada ao tamanho do mercado que a inovação atingiu. É fato que até hoje existem pessoas se deslocando com trens e, até mesmo, cavalos, mas não é a grande parte da população. Outro exemplo foi a criação do celular, que gradativamente substituiu o uso do telefone �xo e, ainda, foi substituído pelos smartphones, uma versão bem mais completa e com mais funcionalidades, que transformou completamente a relação de uso dos consumidores com o produto. Figura 1 | A evolução dos aparelhos de telefonia. Fonte: Pixabay. Considerando que a destruição criativa está diretamente conectada à prática do empreendedorismo, uma pesquisa anual do nível nacional da atividade empreendedora começou a ser praticada em 1999, com a participação de 10 países, mas, em 2019, já contou com mais de 100 países participantes. A pesquisa se chama Global Entrepreneurship Monitor (GEM) e envolve a exploração do papel do empreendedorismo no crescimento econômico nacional e revela a riqueza das características associadas à atividade empreendedora. A versão de 2019 da pesquisa GEM diz que a taxa de potenciais empreendedores no Brasil foi de 30,2%, ou seja, 3 de cada 10 brasileiros não empreendedores pretendem abrir um negócio próprio nos próximos três anos. Essa foi a segunda maior taxa entre os países estudados, estando atrás apenas da Índia (33,3%), Todos os outros países, incluindo China e EUA, polos mundiais de inovação e tecnologia, �caram com a média inferior a 22%, sendo a Alemanha a detentora da menor taxa (9,1%), conformea Tabela 1: Economias selecionadas Taxas Brasil 30,2 África Do Sul 11,9 Alemanha 9,1 Austrália 13,0 Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO China 21,4 Estados Unidos 13,7 Índia 33,3 México 16,3 Tabela 1 | Taxas, em porcentagem, de potenciais empreendedores. Fonte: GEM (2019 apud ONOZATO et al., 2020, p. 36). Vale ressaltar que, na pesquisa realizada em 2004, o Brasil tinha 24% de potenciais empreendedores. Então, você pode estar se perguntando os motivos pelos quais essa taxa cresceu a ponto de superar a de países desenvolvidos economicamente. O fato é que, até a década de 1990, era bem improvável que um estudante trocasse um bom emprego com carteira assinada e garantias em uma empresa consolidada para abrir um negócio próprio, ou seja, empreender. As próprias escolas combatiam essa hipótese, direcionando os estudantes para o setor privado ou até mesmo para concurso público, em busca de estabilidade. Com a mudança dessa concepção, no início dos anos 1990, por meio da atuação de instituições, como Sebrae, já exposto no bloco anterior, o Brasil avançou de vez na educação empreendedora, favorecendo o crescimento do número. Somado a isso, veio a Lei Geral das Microempresas, que facilitou a criação da �gura do empreendedor individual, categorizando-o em micro e pequeno empreendedor. Mas, a�nal, o que é empreender na prática? Na sequência, estudaremos alguns exemplos práticos. Casos de sucesso de empreendedorismo Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO A essa altura do conteúdo, você já sabe muito bem qual a relação entre destruição criativa e empreendedorismo, de�nida por Schumpeter, não é mesmo? Mas, se ainda precisa de um reforço, aqui vai: é a �gura da pessoa empreendedora que é responsável pelo processo de destruição criativa e, com isso, pode criar: novos produtos, novos métodos produtivos e até mesmo novos mercados, trazendo e�ciência e melhor custo-benefício nos produtos e serviços oferecidos (SCHUMPETER, 1985). Vamos conhecer alguns exemplos? Quando falamos da criação de novos produtos, o iPod é um excelente exemplo. O player portátil, que já foi o mais comprado no mundo, foi criado por Tony Fadell, que teve a ideia de criar seu próprio MP3 player e, com isso, a Apple o contratou junto a uma equipe de especialistas em desenvolvimento de produtos, para lançar o tão conhecido iPod. Um exemplo de empreender em prol de um novo método de produção é o famoso método Toyota de produção, que surgiu com o propósito de tornar a linha de montagem de carros mais enxuta e ágil. Conhecido por Toyotismo, foi desenvolvido por Taiichi Ohno, entre 1947 e 1975, e gerou como resultados: diminuição do desperdício, zero estoque, melhoria do tempo de espera, eliminação de gargalos de transporte, entre outros. E, por �m, um exemplo de empreendedorismo que proporcionou a criação de novos mercados é o caso da fundação da China in Box no Brasil. Em 1990, Robinson Shiba, empreendedor paranaense formado em Odontologia, observou que o único serviço de entregas existentes no ramo de alimentação no Brasil era o de pizzas. Além disso, no nosso país, a comida chinesa não era muito popular, por conta da falta de cuidado de muitos restaurantes com higiene e limpeza. Foi então que Shiba abandonou a carreira de dentista e inaugurou, em 1992, a primeira loja em São Paulo com cozinhas cercadas de vidro, para que as pessoas no atendimento pudessem acompanhar ao vivo o preparo da comida. Mais do que isso, o modelo de entrega que ele desenvolveu foi totalmente inovador para a época: a comida ia em caixinhas individuais, o que garantia a qualidade da entrega. Resultado: hoje, o China in Box é o maior delivery de comida chinesa do nosso país. Conta com mais de 170 restaurantes, fatura muitos milhões de reais por ano e emprega mais de 4.500 colaboradores. Os três exemplos expostos têm em comum o fato de que as inovações foram propostas por empreendedores que, por se incomodarem com os produtos existentes ou com o nível de serviço insu�ciente, colocaram em prática a destruição criativa em prol da evolução. E, mais do que isso, se tornaram diretamente responsáveis pela prosperidade �nanceira das empresas envolvidas, seja no caso do Robinson Shiba, que criou e geriu a própria empresa, ou no caso do Tony Fadell e do Taiichi Ohno, que incorporaram as suas inovações empreendedoras nas estruturas de grandes empresas tradicionais, que também é uma possibilidade para empreender. Videoaula: Empreendedorismo: conceitos e contexto no Brasil e no mundo Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante! Neste vídeo, você verá como o termo empreendedorismo tem diversas de�nições, e todas foram estudadas por vários economistas ao redor do mundo, tendo conexão direta com os Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO avanços econômico e cultural da sociedade. Além disso, você poderá comparar o potencial empreendedor do Brasil em relação a outros países considerados bem mais desenvolvidos economicamente, assim como entenderá como o movimento do empreendedorismo se difundiu no nosso país na década de 1990. Saiba mais Para conferir os relatórios produzidos pelo programa de pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), basta clicar e acessar. O portal on-line do Sebrae é ótimo para aprofundamento nos assuntos relacionados ao empreendedorismo, especialmente no Brasil. Referências https://ibqp.org.br/gem/download/?_ga=2.213981535.933837250.1672238150-740340423.1672238150 https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO CRUZ, C. F. Os motivos que di�cultam a ação empreendedora conforme o ciclo de vida das organizações. Um estudo de caso: Pramp’s lanchonete. 2005, 125 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2001. JULIANO, M. de C. Empreendedorismo. Londrina, PR: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016. ONOZATO, E. et al. Global Entrepreneurship Monitor Empreendedorismo no Brasil: 2019. Curitiba, PR: IBQP, 2020. Disponível em: https://ibqp.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Empreendedorismo-no- Brasil-GEM-2019.pdf. Acesso em: 29 dez. 2022. SCHUMPETER, J. A Teoria do Desenvolvimento Econômico. Rio de Janeiro, RJ: Nova Cultural, 1985. SCHUMPETER, J. Capitalismo, socialismo e democracia. São Paulo: Unesp, 2017. Aula 2 O panorama do empreendedorismo e suas aplicações no século XXI Introdução https://ibqp.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Empreendedorismo-no-Brasil-GEM-2019.pdf https://ibqp.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Empreendedorismo-no-Brasil-GEM-2019.pdf Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Olá, estudante! Como você já aprendeu na Aula 1, a história do empreendedorismo não é recente. Todavia, apenas no século XXI, com a consolidação da globalização, é que os estudos sobre o empreendedorismo foram difundidos no mundo dos negócios, conectando a prática de empreender à origem dos novos negócios. Como consequência do aprofundamento no tema, foi possível avaliar os impactos do empreendedorismo no sistema produtivo, determinar a sua relevância para a manutenção da competitividade econômica e mensurar a importância na geração de empregos e de renda e na abertura de mercados. Nesta aula, além de compreender mais a fundo esse cenário, você conhecerá os principais tipos de empreendedorismo e descobrirá que, mesmo trabalhando em uma empresa que não é fundada por você, é possível colocar em prática os comportamentos de uma pessoa empreendedora e gerar ideias, produtos e – por que não? – novos negócios para a empresa em que você atua. Empreendedorismo e desenvolvimento econômico Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Segundo Fontenele, Moura e Leocadio (2011), o empreendedorismo é relacionado a alguns fenômenos, tais como o crescimentoe o desenvolvimento econômico dos países, e isso tem sido um campo de estudo interdisciplinar e complexo. Porém, existem diferenças nos impactos gerados pelo empreendedorismo no crescimento econômico de um país, sendo estes: em países desenvolvidos, o empreendedorismo está atrelado à inovação, impactando de modo mais forte o PIB da economia, e é chamado de empreendedorismo de oportunidade. Já nos países menos desenvolvidos, o impacto do empreendedorismo no crescimento econômico é pouco sentido, estando associado ao desemprego e a uma saída para geração de renda, sendo chamado de empreendedorismo de necessidade. No empreendedorismo de oportunidade, o empreendedor é visionário e sabe o que deseja conquistar, por isso, cria a empresa com base no planejamento prévio e persegue a geração de lucros, empregos e riqueza (DORNELAS, 2012). Isso justi�ca a forte ligação com o desenvolvimento econômico de um país. Já no empreendedorismo de necessidade, as empresas são criadas informalmente, sem um planejamento coerente, e muitas não ultrapassam os primeiros anos de existência, não tendo correlação com o desenvolvimento econômico e piorando as estatísticas de criação e mortalidade de negócios (DORNELAS, 2012). Seja pela oportunidade ou pela necessidade, o empreendedorismo pode assumir diversos formatos no século XXI. Segundo Vergatti, Carvalho e David (2022), são eles: Empreendedorismo individual: empreendedores que optam por trabalhar sozinhos. Foi impulsionado pelo avanço governamental, a partir da criação do Microempreendedor Individual (MEI) e do Empreendedor Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI). É uma ótima alternativa para quem deseja ser pro�ssional liberal, porém com regularização jurídica. Empreendedorismo informal: é o tipo de empreendedorismo para negócios que não são registrados o�cialmente, por isso não tem proteção nem benefícios do estado. Não é recomendado, justamente por não resguardar o empreendedor de forma alguma. Empreendedorismo de franquias: é a oportunidade de ter um negócio já conhecido pelo público e consolidado no mercado. Com isso, utiliza-se a marca e a comercialização dos produtos ou Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO serviços previamente estruturados, possuindo regras bem especí�cas e engessadas, além de um compromisso com a remuneração da franqueadora. Empreendedorismo social: são os exemplos das Organizações Não Governamentais (ONGs), que se propõem a gerar benefícios para a sociedade e, neste caso, não visam ao lucro. Empreendedorismo público: é um tipo de empreendedorismo que tem como objetivo a atuação no setor governamental, gerando soluções para levar e�ciência e transparência para o setor público. Nesse caso, existe o viés do lucro, já que as empresas são contratadas pelos órgãos públicos e, por isso, têm a garantia de recebimento pelos serviços prestados. Empreendedorismo ambiental: também chamado de empreendedorismo verde, tem o foco na preservação ambiental, criando tecnologias e processos sustentáveis que garantam a perpetuidade do meio ambiente. Empreendedorismo digital: também chamado de empreendedorismo tecnológico, é o que mais utiliza a disciplina da inovação para desenvolver tecnologias que melhorem a jornada de vendas, a experiência do cliente e o uso dos dados, por exemplo. Empreendedorismo corporativo: é praticado por pessoas que já atuam em uma empresa, criam e lideram iniciativas a partir de novas oportunidades dentro da própria empresa. É conhecido também por intraempreendedorismo. Mas, será que existem diferenças no comportamento de um empreendedor para um intraempreendor? O empreendedor arrisca o seu empreendimento e o capital. O intraempreendedor arrisca a sua carreira e o emprego, porém o fato é que o risco é inerente para ambos. O Quadro 1, a seguir, traz algumas das principais características da personalidade deles. Empreendedor Intraempreendedor Não se preocupa com status. Não se preocupa com tradições organizacionais. Possui visão de futuro e lidera. Incentiva os outros e inspira apoio. Atua nos limites das leis de estado. Atua nos limites das políticas organizacionais. Encoraja a colaboração. Encoraja discussões abertas. Persuasivo e negociador. Paciente e diplomático. Quadro 1 | Características da personalidade. Fonte: adaptado de Pila et al. (2019, p. 16). Note que, por mais que o empreendedor atue no desenvolvimento de uma nova empresa enquanto o intraempreendor atua nas fronteiras internas de uma empresa já existente, as suas características se aproximam em vários pontos. A�nal, uma boa de�nição de liderança não poderia ser incentivar os outros inspirando apoio? Atuar nos limites da lei de estado ou nos limites das políticas organizacionais muda apenas o contexto, mas traz a mesma ousadia em ir além dos limites Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO impostos originalmente. E, qual o objetivo de encorajar discussões abertas senão para incentivar a colaboração nas de�nições a serem tomadas? Orientações do empreendedorismo e suas habilidades A visão de futuro, a criatividade e a ousadia dos empreendedores promovem a substituição de um produto mais caro ou um serviço menos e�ciente por novos produtos e serviços melhores. Com isso, muitas vantagens são geradas para a sociedade e, por isso, o empreendedorismo é considerado o principal fator de desenvolvimento econômico, que re�ete no tamanho da riqueza de uma nação. Dornelas (2001) traz algumas das grandes inovações deixadas pelo empreendedorismo pelos países, conforme o Quadro 2. Ano da Inovação Nome da Inovação 1923 Televisão 1928 Penicilina 1937 Nylon 1943 Computador 1958 Laser Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO 1993 Clonagem de embriões humanos Quadro 2 | Inovações do século XX. Fonte: adaptado de Dornelas (2001). Como você pôde notar, todos os exemplos tratam de inovações em produtos ou serviços orientados a negócios ou consumidores. Porém, a pesquisa GEM, de 2019, traz dados que mostram que os países variam consideravelmente a composição de suas atividades ao longo dos anos e do desenvolvimento econômico, e isso impacta a distribuição dos novos negócios, direcionando para uma mudança na economia, com novos setores emergindo e crescendo (ONOZATO et al., 2020). No Brasil, ainda segundo a pesquisa, o setor de serviços orientados para negócios respondeu por 7,6% dos negócios liderados por empreendedores em estágio inicial, enquanto os países ricos (Alemanha, Austrália e Estados Unidos, por exemplo) responderam por mais de 25% de seus empreendedores iniciais atuando na mesma atividade. A baixa participação brasileira é semelhante à de outras economias em desenvolvimento, como África do Sul, China, Índia e México. Já no setor de serviços orientados ao consumidor, a pesquisa traz que a maior proporção de empreendedores iniciais aparece nos países de economia em desenvolvimento, com o México liderando com 77,3%, seguido de China (74%), Índia (69,7%) e Brasil (68,7%). Esses dados fazem total sentido quando correlacionados ao baixo custo exigido para muitos dos serviços orientados ao consumidor, diminuindo as barreiras de entrada. No entanto, estes empreendimentos se deparam com muitos competidores, têm pouca margem de lucro e uma rotatividade de funcionários alta, tanto pela baixa pro�ssionalização como pela falta de atratividade salarial para retenção dos bons pro�ssionais. Bons exemplos de empresas desse tipo são as geridas por empreendedores individuais ou informais, como: lanchonetes, lojas de costura, salões de beleza etc. Já para os serviços orientados para negócios, o cenário é outro, pois exigem mais tecnologias ou conhecimentos intensivos, di�cultando a réplica e proporcionando uma prosperidade �nanceira maior para os empreendedores, e é aqui que o empreendedorismo digital encontra espaço. Dados do Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups, elaborado em 2022 pela Associação Brasileira de Startups (ABS), mostram que 82% das startups no Brasil têm soluções direcionadas para o B2B – para empresas – e para o B2B2C – quando a empresavende diretamente ao consumidor, mas a venda é intermediada por outro negócio (distribuidor, varejista ou atacadista). O empreendedorismo corporativo, ou intraempreendedorismo, também tem forte orientação para negócios, uma vez que está ligado à geração de ideias ligadas à atividade principal da empresa. O fato é que, independentemente do setor de orientação, o empreendedorismo é muito mais do que uma porta de saída para o desemprego e, por isso, exige o desenvolvimento de habilidades, para que os empreendedores tenham condições de prosperar, seja criando uma empresa ou intraempreendendo na organização em que trabalha. O arquétipo do intraempreendor, desenvolvido pela Ace Cortex e adaptado pela AAA Inovação, duas organizações in�uentes do ecossistema de empreendedorismo, traduz as principais habilidades, com foco nos intraempreendedores, conforme mostra a Figura 1. Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Figura 1 | Habilidades de um intraempreendedor. Fonte: adaptada de Pickert (2022). As habilidades expostas na Figura 1 agrupam os intraempreendedores nos per�s de articulação, exploração e realização. Mas, ressalto que um per�l não é excludente ao outro, pelo contrário, quanto mais desenvolvidas forem todas as habilidades, maiores serão as chances de sucesso no desenvolvimento do empreendimento. Além disso, você parou para pensar que esse arquétipo pode facilmente ser de�nido para o empreendedor? Já vimos, na seção anterior, que, por mais que o contexto no qual o intraempreendedor e o empreendedor se desa�am é diferente, a personalidade de ambos se expressa com similaridades. Leis do sucesso para empreendedores Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Você já ouviu falar em Andrew Carnegie ou Napoleon Hill? Eles foram os responsáveis pela produção do mais importante livro motivacional da atualidade, intitulado A Lei do Sucesso. A história de criação do livro é curiosa. No início do século XX, Napoleon Hill, um ambicioso jornalista estadunidense, entrevistou Andrew Carnegie, que era o homem mais rico do mundo. Durante a conversa, Andrew sugeriu que Hill averiguasse as razões pelas quais algumas pessoas alcançam o sucesso na vida e outras não. Durante os 20 anos seguintes, Hill se debruçou em mais de cem entrevistas, de empresários, como Henry Ford, a empreendedores, como Thomas Edison, inventor da lâmpada elétrica, e Graham Bell, que popularizou o telefone. O objetivo era encontrar pontos comuns na personalidade e trajetória deles, além de evidenciar o que os distinguia. A síntese disso tudo resultou no livro, que teve sua primeira edição publicada em 1928, com várias publicações atualizadas desde então, e que contém 16 leis que todas as pessoas de grande sucesso seguem, especialmente as que empreendem. Farei um resumo das leis a seguir, para que você possa começar a re�etir sobre elas, mas recomendo fortemente a leitura da obra completa, dado que a maioria das leis pode ser observada para concretização dos diferentes formatos de empreendedorismo abordados anteriormente, bem como se relacionam com as características comportamentais dos empreendedores e intraempreendedores que estudamos (PORTER, 1992): 1. Aliança de mentes: união de pessoas com o mesmo per�l de pensamento favorece o alcance dos objetivos. 2. De�nição de propósito: de�nição do objetivo de vida é o ponto de partida de toda realização. 3. Con�ança em si mesmo: importante para quem deseja alcançar algo grande, a�nal ninguém con�ará em você se nem você acredita no seu potencial. Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO 4. Hábito de economizar: é o mesmo que ter disciplina �nanceira, ou seja, não gastar mais do que ganha e economizar para reinvestir no negócio e, com isso, crescer. 5. Iniciativa e liderança: ter o controle dos seus passos, além de se responsabilizar pelas consequências deles e estabelecer prioridades claras para conquistar o sucesso. �. Imaginação: talvez, seja a característica mais empreendedora, já que se refere à capacidade de pensar em soluções inovadoras. 7. Entusiasmo: Hill detectou que grande parte dos maiores empreendedores do mundo era apaixonada por seus objetivos, o que despertava neles grande entusiasmo para seguir, ainda que em condições desfavoráveis para tal. �. Autocontrole: controlar pensamentos e sentimentos negativos e sabotadores. 9. Fazer mais do que a obrigação: não aceitar o resultado e o desempenho medianos, sempre perseguir o sucesso, indo além do que as outras pessoas fariam. 10. Personalidade atraente: ser agradável e empático com as pessoas ao redor, em outras palavras, cuidar para ter uma boa imagem social, a�nal networking estratégico é importante. 11. Foco: devido ao excesso de informações todos os dias, é fácil perder a concentração nas metas prioritárias e desviar do caminho de sucesso. 12. Concentração: ter a mente treinada para pensar com exatidão e direcionar as energias para concluir os objetivos. 13. Cooperação: estabelecer parcerias com pessoas e empresas que ajudarão a alcançar os resultados almejados, gerando benefícios para todos os envolvidos. 14. Aprender com o fracasso: os erros ajudam a encontrar a melhor solução, portanto é importante dedicar tempo para analisá-los, como fonte de aprendizagem. 15. Tolerância: é importante aceitar que a jornada não será fácil, os erros fazem parte e os desa�os precisam ser superados em conjunto com o time e os parceiros do negócio. 1�. Fazer aos outros o que faria consigo: é apresentada como a “regra de ouro” e é tão simples quanto dizer que é preciso tratar as pessoas da mesma forma que gostaria de ser tratado de volta. Videoaula: O panorama do empreendedorismo e suas aplicações no século XXI Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante! Neste vídeo, você conhecerá as motivações principais das pessoas que decidem empreender, seja por oportunidade ou necessidade, bem como as principais aplicações do empreendedorismo no século XXI. Aprenderá que os países desenvolvidos possuem uma inclinação maior para o empreendedorismo orientado para negócios, enquanto nos países em desenvolvimento essa inclinação é direcionada para o empreendedorismo orientado para serviços. Por último, compreenderá que, independentemente das motivações, aplicações e inclinações, existem habilidades e leis comuns aos per�s das pessoas que empreendem. Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Saiba mais Para acessar os principais dados sobre o per�l das startups, pessoas fundadoras, investimentos, diversidade e empregabilidade das startups do Brasil, produzidos pela ABS. Referências https://abstartups.com.br/mapeamento-de-comunidades/ Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2001. DORNELAS, J. C. de A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2012. FONTENELE, R. E. S.; MOURA, H. J. de; LEOCADIO, A. L. Capital humano, empreendedorismo e desenvolvimento: evidências empíricas nos municípios do Ceará. Revista de Administração Mackenzie, São Paulo, v. 12, n. 5, set./out. 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ram/a/tYH4gQyTTj94w4YXjyq6Tdc/?lang=pt. Acesso em: 4 jan. 2023. ONOZATO, E. et al. Global Entrepreneurship Monitor Empreendedorismo no Brasil: 2019. Curitiba, PR: IBQP, 2020. 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Nesta aula, você verá que a criatividade é uma habilidade que nasce com todo ser humano, mas só é percebida de fato quando é exercitada ao longo da vida com a prática de imaginar algo diferente. E falar sobre criatividade tem tudo a ver com o estudo do empreendedorismo, já que, ao empreender, a imaginação se transforma em ação, ou seja, a ideia é concretizada em um novo negócio. A boa notícia é que existem dicas para que você possa desenvolver a sua capacidade criativa e transformar as boas ideias em negócios de sucesso, por meio do processo empreendedor, sobre o qual você também aprenderá ao seguir em frente na leitura do conteúdo. A importância da criatividade para o processo empreendedor Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO A criatividade é uma habilidade universal, presente não apenas no ser humano, mas em todas as espécies animais. Pode ser de�nida como a capacidade que um ser vivo tem de criar ou inventar novas situações ou novos objetos com algum tipo de utilidade, portanto pode ser chamada também de insight (JULIANO, 2016). Logo nos primeiros anos de vida, as crianças têm um alto potencial criativo, pois estão sempre descobrindo coisas novas e, por isso, estimulam a capacidade de pensar fora da caixa e são incentivadas, principalmente na escola, a trabalharem com criatividade nas aulas de Artes e Música, por exemplo. Mas, ao longo da vida, conforme crescemos, o nosso potencial criativo diminui, pois somos convencionados a seguir padrões sociais previamente estabelecidos, como o estilo de roupa que devemos vestir para ir a um jantar de negócios ou a um velório, bem como a metodologia convencional das instituições de ensino básico, com a aplicação de provas que testam apenas a capacidade de memorização do conteúdo, porém pouco abordam a capacidade criativa do aluno de propor novas ideias para um tema especí�co. Por outro lado, o empreendedorismo está diretamente ligado à capacidade criativa, dado que é por meio dela que se torna possível desenvolver ideias que possibilitarão ao empreendedor se diferenciar dos seus competidores., para se manter criativo, é preciso ter o hábito de sair da zona de conforto, permitindo-se receber novos estímulos e explorando novas realidades frequentemente. No empreendedorismo de necessidade, que você já estudou na aula anterior, o foco criativo é deixado um pouco de lado, já que a maior parte dos negócios são informais ou remetem aos setor de serviços básicos, como lanchonetes, salões de beleza, entre outros. Por outro lado, no Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO empreendedorismo de oportunidade, a etapa de criação da ideia ou identi�cação da oportunidade é muito importante para garantir o sucesso do negócio, apesar de não ser su�ciente por si só, a�nal, é preciso transformar a ideia ou oportunidade em ação, por meio do processo empreendedor. O processo empreendedor abrange todas as funções, atividades e ações relacionadas ao desenvolvimento de novos empreendimentos (DORNELAS, 2008). Segundo Timmons (1994), ele compreende três etapas fundamentais: identi�cação da oportunidade, formação da equipe empreendedora e aquisição de recursos. Pode também ser explicado de acordo com Dornelas (2008), que o divide em quatro principais etapas: 1. Identi�cação e avaliação da oportunidade. 2. Desenvolvimento do Plano de Negócios. 3. Determinação dos recursos necessários. 4. Gestão da empresa. Essas etapas podem ser vistas em detalhes na Figura 1. Figura 1 | Etapas do processo empreendedor. Fonte: adaptada de Dornelas (2008). Você pôde observar que as etapas foram apresentadas de forma sequencial, porém a execução pode ou não ser implementada de forma simultânea, sem a necessidade de que uma etapa esteja �nalizada para que a outra se inicie. Outra observação importante é que a identi�cação da oportunidade é responsável por desencadear todas as etapas seguintes do processo empreendedor. Ela pode ser feita de forma espontânea, quando a pessoa decide empreender por já ter identi�cado uma boa oportunidade, mas o fato é que ter insights realmente interessantes pode ser desa�ador. Para isso, é possível utilizar métodos e ferramentas especí�cos para desenvolvimento de ideias, como o método dos 6 chapéus e o método do 5W1H. Na próxima seção, você conhecerá mais detalhes das etapas do processo empreendedor, como também se aprofundará nos dois métodos mencionados, os quais, certamente, te ajudarão a ter insights poderosos. Desenvolvendo a criatividade para executar o processo empreendedor Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Você já sabe que a criatividade é uma habilidade universal presente em todos nós, mas em níveis diferentes. Entre 25% e 40% da capacidade criativa vem da genética, e o restante de um roteiro básico a ser seguido para quem quer desenvolvê-la (CHRISTENSEN; GREGERSEN; DYER, 2018). O roteiro prevê cinco habilidades capazes de diferenciar pessoas mais e menos criativas (CHRISTENSEN; GREGERSEN; DYER , 2018): 1. Capacidade de associação: processamento sequencial de informações, atribuindo lógica e coerência a elas e relacionando pontos que parecem isolados. 2. Hábito de questionar: desa�ando o status quo e não deixando passar dúvida alguma. 3. Prática da observação: é o combustível certo para o desenvolvimento de ideias. Pessoas criativas têm per�l detalhista e sempre observam o contexto ao seu redor. 4. Ampla rede de contatos: testar ideias com uma ampla e diversa rede de contatos, preferencialmente com pessoas que não concordam com suas ideias. 5. Experimentação: testar ideias de forma sensorial e intelectual em lugares novos e com pessoas diferentes. Com estas habilidades treinadas, é possível recorrer aos métodos de desenvolvimento de ideias, para detalhar a oportunidade e registrar o que foi pensado pelo empreendedor e os contatos envolvidos. Os métodos mais conhecidos são os métodos dos 6 chapéus e o 5W1H. No primeiro caso, a premissa é que todos os pontos de vista são importantes para resolução de um problema (AEVO, 2020). Ao utilizar um chapéu, a depender da cor escolhida, é preciso analisar o problema sob uma perspectiva diferente, conforme a Figura 2. Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Figura 2 | Método dos 6 chapéus. Fonte: adaptada de AEVO (2020). Já o Método do 5W1Hconsiste em fazer perguntas abertas na etapa de geração de ideias. São elas: Who? (Quem?): pro�ssionais e equipes envolvidas. What? (O quê?): o que será desenvolvido. Where? (Onde?): local de implementação da ideia. When? (Quando?): programação ou cronograma. Why? (Por quê?): motivos existentes para o desenvolvimento da ideia. How? (Como?): métodos e ferramentas que serão utilizados. Agora, certamente, a primeira etapa do processo empreendedor estará cumprida e você conseguirá identi�car uma boa oportunidade de negócio. A partir da análise de mercado e da percepção dos riscos versus o potencial de retorno, será possível de�nir sobre a continuidade ou não do projeto. Para os casos em que é viável continuá-lo, será chegada a hora da segunda etapa do processo empreendedor: elaborar o Plano de Negócios. Essa etapa envolve a compreensão de conceitos que precisam ser resumidamente explicados em um documento que reúne o propósito da empresa, a estratégia de negócio, a análise do mercado e o per�l dos competidores, as fontes de receitas e perpetuidade �nanceira, a estrutura operacional e de time, entre outros (DORNELAS, 2008). Com o Plano de Negócios elaborado, a determinação da estrutura de captação de recursos estará feita, e passaremos à terceira etapa do processo empreendedor: captá-los de fato. As opções para obtenção de recursos mais tradicionais são os �nanciamentos bancários, o uso de recursos próprios ou de familiares e amigos. Além disso, dada a globalização econômica e dos mercados e da estabilização econômica ocorrida no Brasil nos anos 2000, passamos a ser considerados um celeiro de oportunidades para investidores estrangeiros, atraindo mais capital disponível para os empreendedores poderem acessar. Adicionalmente, a participação de investidores quali�cados traz também o capital intelectual, já que eles costumam acompanhar de perto o desenvolvimento do novo negócio, aportando conhecimento de mercado, estratégia, �nanças, entre outros. Por �m, a última etapa do processo empreendedor compreende a gestão da empresa. É importante que o empreendedor utilize suas habilidades para recrutar uma equipe boa e que o ajude a conquistar os objetivos estabelecidos, identi�cando os obstáculos ao longo da operação e estabelecendo prioridades de gestão (DORNELAS, 2008). Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Aplicando o 5W1H em contextos diversos Para utilizar o 5W1H, você precisa realizar os questionamentos de acordo com os objetivos determinados pela empresa. A seguir, você verá como aplicar o 5W1H por meio de um exemplo prático e real: o objetivo da empresa é desenvolver um protetor solar facial adequado para pessoas que têm pele oleosa. Who? (Quem?): áreas da empresa produtora de dermocosméticos e que lideram o processo de desenvolvimento e lançamento de um novo produto: P&D, Marketing e Vendas. What? (O quê?): desenvolver um protetor solar facial com textura gel-creme para peles oleosas. Where? (Onde?): protótipo do produto pode ser desenvolvido no laboratório de testes da empresa, mas a produção em escala deve ser feita em uma fábrica de um parceiro terceirizado especializado no setor. O mercado-alvo é o nacional, grandes cidades, em um primeiro momento. When? (Quando?): período de teste deve durar, em média, de três a seis meses, e a fabricação em escala para o primeiro lote terá duração média de 45 dias de produção mais 20 dias de distribuição para as principais redes farmacêuticas. Why? (Por quê?): foi identi�cado que os protetores solares faciais são fabricados com textura de creme puramente, o que torna a experiência de uso bem desagradável para pessoas que têm a pele oleosa, uma vez que, com o suor, o creme começa a escorrer pela pele do rosto, deixando a pele mais oleosa e sem a proteção necessária. Por outro lado, aposta-se que uma textura gel-creme pode resolver esse problema. Esse método também é aplicável para a tomada de decisões na sua vida pessoal, como na hora de planejar uma viagem ou de adquirir um produto ou serviço. Simularemos a aplicação do 5W1H para um planejamento de viagem: Who? (Quem?): pessoas que querem viajar. What? (O quê?): planejamento de uma viagem internacional. Where? (Onde?): destino da viagem, exemplo: Japão. When? (Quando?): período para que a viagem aconteça, exemplo: em até 18 meses, no máximo. Why? (Por quê?): realização de um sonho pessoal de conhecer o Japão. How? (Como?): economizando dinheiro todo mês para dar a entrada na aquisição do pacote da viagem à vista e �nanciar o saldo restante em até 10 vezes. Existem muitos desa�os e barreiras ao gerir uma empresa, mas uma boa execução do processo empreendedor, muitas vezes, é a diferença entre a empresa que tem prosperidade �nanceira e aquela Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO que caminha para a falência. Mais do que ter boas ideias, é importante conseguir estruturar o que deve ser priorizado e, então, garantir a execução e avaliação dos resultados ao longo do ciclo de execução, para corrigir falhas com agilidade. Com o 5W1H, você tem uma ferramenta simples, mas que é muito importante nesse processo. Ela, certamente, pode te ajudar a abrir espaço para as mudanças que sua empresa precisa. Videoaula: Reconhecendo e desenvolvendo oportunidades empreendedoras Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante! Neste vídeo, verá uma série de dicas e métodos disponíveis para te ajudar a melhorar a sua criatividade e a habilidade de gerar boas ideias e como tudo isso tem papel importante no sucesso da implementação do processo empreendedor: um processo formado por quatro etapas, as quais devem ser seguidas por quem deseja prosperar no empreendedorismo. Saiba mais Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Para conhecer em detalhes o processo da criatividade e a relação com o empreendedorismo, vale a leitura do artigo cientí�co disponível na base Scielo, intitulado: O papel da criatividade na mediação do relacionamento entre a paixão empreendedora e a prontidão empreendedora, do autor Héctor Montiel Campos. Referências AEVO. Métodos para geração de ideias: 6 chapéus, Brainwriting e 5W+1H! Aevo, 2020. Disponível em: https://blog.aevo.com.br/metodos-geracao-de-ideias-6-chapeus-brainwriting-5w1h/. Acesso em: 23 jan. 2023. CHRISTENSEN, C.; GREGERSEN, H.; DYER, J. DNA do Inovador: dominando as 5 habilidades dos inovadores de ruptura. Rio de Janeiro, RJ: Alta Books, 2018. DORNELAS, J. C. de A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2008. JULIANO, M. de C. Empreendedorismo. Londrina, PR: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016. TIMMONS, J. A. New Venture Creation: entrepreneurship for 21st Century. Chicago: Irvin, 1994. Disponível em: http://bvpinst.edu.in/download/2020- 21/New%20Venture%20Creation_%20Entrepreneurship%20for%20the%2021st%20Century.pdf. Acesso em: 6 fev. 2023. Aula 4 Análise de mercado: em busca da geração de vantagem competitiva https://www.scielo.br/j/rbgn/a/VGkmSJ4xgSnj8zLY5GG4x8d/?format=pdf&lang=pt https://www.scielo.br/j/rbgn/a/VGkmSJ4xgSnj8zLY5GG4x8d/?format=pdf&lang=pt https://blog.aevo.com.br/metodos-geracao-de-ideias-6-chapeus-brainwriting-5w1h/ http://bvpinst.edu.in/download/2020-21/New%20Venture%20Creation_%20Entrepreneurship%20for%20the%2021st%20Century.pdf http://bvpinst.edu.in/download/2020-21/New%20Venture%20Creation_%20Entrepreneurship%20for%20the%2021st%20Century.pdf Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Introdução Olá, estudante! Agora que já aprofundamos os conceitos e contextos da prática do empreendedorismo, é hora de você aprender a estruturar a análise de mercado de uma empresa ou projeto intraempreendedor. Você verá que uma análise robusta pode ser comparada a um mapa de todo o processo necessário para a concretização do empreendimento. Aqui, abordaremos três principais aspectos: pesquisa de mercado, análisedo setor por meio da de�nição do público-alvo e análise dos competidores, o que podemos chamar também de Business Model Canvas. Por �m, veremos como fazer um planejamento e�ciente para o desenvolvimento do produto ou serviço que será ofertado ao público-alvo. Conhecimentos importantes para uma boa análise de mercado Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Antes de abrir um novo negócio, é importante avaliar a viabilidade da sua implementação. Isso pode ser feito por meio de perguntas, como: qual meu público-alvo, ou seja, para quem o produto ou serviço será vendido? Em que região isso será feito? Em que setor meu novo empreendimento se encaixará? Como meus competidores se posicionam nesse setor? Em outras palavras, isso signi�ca pesquisar o mercado no qual o seu empreendimento operará. É óbvio que o simples fato de essas perguntas serem respondidas não garantirá a prosperidade �nanceira do negócio, mas, certamente, auxiliará na minimização dos riscos. A pesquisa de mercado reúne informações importantes para melhorar a assertividade das ações tomadas em relação a um novo empreendimento. Essas informações são coletadas a partir de dois tipos possíveis de fontes: a primária, quando a pesquisa de mercado é conduzida pelos próprios empreendedores que estarão à frente do negócio, e a secundária, quando se consultam dados analisados e publicados por um pro�ssional ou empresa especializada no tema. Muitos benefícios são comuns à prática da pesquisa de mercado, como: Determinar a viabilidade técnica do novo negócio. Testar a aptidão do mercado por novos produtos ou serviços. Descobrir informações importantes sobre a concorrência. Otimizar os processos internos com base numa melhor relação custo versus A ferramenta mais utilizada para registro das informações coletadas por quem opta pela realização da pesquisa de mercado a partir da fonte primária é o Business Model Canvas. Antes de falarmos mais sobre ela, acho interessante mencionar o seu criador: Alexander Osterwalder, autor suíço, palestrante e consultor, conhecido por seu trabalho em modelo de negócios e por ter desenvolvido o Business Model Canvas. A palavra canvas signi�ca tela e, por isso, essa ferramenta é um quadro em que se descreve o tipo do negócio e todos os pontos necessários para o seu funcionamento. Por ser visual, o preenchimento estimula a cocriação entre pessoas que estão colaborando na realização da pesquisa de mercado. O Business Model Canvas é formado por nove blocos, conforme a Figura 1. Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Figura 1 | Business Model Canvas. Fonte: adaptada de Bicudo (2023). Os nove blocos do diagrama estabelecem as premissas básicas para transformar uma ideia em um negócio sustentável. Essa proposta traz clareza para a gestão, auxiliando no entendimento de oportunidades e nos desa�os existentes, mas precisamos levar em consideração algumas desvantagens da ferramenta, como o fato de ser um recurso visual utilizado após a pesquisa de mercado, mas por si só não é su�ciente para realizá-la. Na próxima seção, conheceremos algumas das melhores pesquisas de mercado e os seus tipos, porém, antes, precisamos compreender um ponto importante na análise de mercado: como fazer um planejamento e�ciente para o desenvolvimento do produto (ou serviço). A busca pela inovação e pelo desenvolvimento de negócios que se diferenciem da concorrência pela entrega de uma experiência e�ciente e com um bom custo-benefício para os clientes é o que traduz a importância do processo de desenvolvimento de produtos. Segundo Rozenfeld et al. (2012), desenvolver produtos signi�ca buscar as informações necessárias para estabelecer as especi�cações de projeto de produto e de produção para atender às necessidades do mercado. Por isso, o processo de desenvolvimento de produtos é um plano de seis estágios, que auxilia a divisão de tarefas e a colaboração entre as áreas envolvidas, conforme de�ne a Figura 2. Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Figura 2 | Os seis estágios do processo de desenvolvimento de produto. Fonte: adaptada de Raeburn (2022). O processo apresentado na Figura 2, quando bem aplicado, auxilia a ganhar velocidade para evoluir em cada etapa com as tarefas pré-de�nidas. Os seis estágios, apesar de descritos em ordem, acompanharão a equipe por todo o processo de desenvolvimento do produto. Pesquisas de mercado e seu uso no Business Model Canvas Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Em uma era de competição acirrada, a velocidade e a assertividade na tomada de decisões de�nirão a continuidade da empresa. Baseado em dados quali�cados e informação coerente é possível tomar decisões inteligentes. Sem conhecer o mercado, seus consumidores e a concorrência, �ca difícil fazer boas escolhas. A depender do tipo de informação buscado e do per�l das pessoas que serão entrevistadas, é necessário aplicar um tipo de pesquisa de mercado especí�co. Conheceremos alguns dos principais tipos de pesquisa (SCHERMANN, 2022): Pesquisa de satisfação do cliente: estabeleça uma escala e peça para os clientes darem notas para diferentes aspectos de uma empresa. Normalmente, escalas de 1 a 5 são utilizadas, em que 1 é nada satisfeito e 5 é totalmente satisfeito. Pesquisa de hábitos de consumo: é preciso conhecer as preferências e os gostos dos consumidores que serão seus clientes. Quais as formas de pagamento preferidas? Com qual frequência compram o produto? O que é importante na hora de escolher entre uma marca ou outra? Pesquisa de força de marca: fornece dados para auxiliar o trabalho de branding ou para medir os resultados das ações, quando a empresa já está em operação. É preciso de�nir os valores e conceitos que estão associados à imagem da empresa. Pesquisa de teste de campanha: avaliar a campanha antes de colocá-la no ar é interessante para evitar desgastes da imagem e desperdício de tempo e dinheiro. É viável testar a campanha inteira, algumas peças ou apenas o conceito dela. Observe que os quatro tipos de pesquisa reúnem informações complementares e importantes para a estruturação do Business Model Canvas de um negócio, a�nal os nove blocos têm os signi�cados explicados a seguir. Figura 3 | Business Model Canvas: signi�cado dos nove blocos. Fonte: adaptada de Bicudo (2023). Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO É dentro do bloco de atividades-chave que o processo de desenvolvimento do produto deve ser detalhado. Conforme vimos anteriormente, ele é composto por seis principais etapas, que signi�cam (RAEBURN, 2022): 1. Geração de ideias: é preciso imaginar conceitos de produto baseados, não exaustivamente, nas necessidades dos clientes, em uma faixa de preço compatível com o mercado e com possíveis campanhas de sucesso para as ideias, ou seja, em informações coletadas nos diversos tipos de pesquisa de mercado existentes e mencionados anteriormente. 2. De�nição de produto: o conceito e o escopo do produto são de�nidos. A análise comercial do negócio é realizada, e são de�nidos a proposta de valor da empresa, quais métricas serão acompanhadas para medir o sucesso ou não da operação e a estratégia de marketing. 3. Prototipação: a equipe pesquisará e documentará exaustivamente o produto, criando um plano de negócios detalhado e construindo o protótipo. O resultado dessa fase é um MVP (produto viável mínimo), que é um produto que tem os recursos estritamente necessários para que funcione ao ser lançado. 4. Design inicial: o design deve considerar o segmento de cliente a ser atingido e complementar as funções principais do seu produto. 5. Validação e teste: essa etapa garante que cada parte do produto esteja funcionando conforme o previsto antes da etapa de comercialização. Existem alguns tipos de validação e teste, mas os mais comuns são os que testam o conceito do produto, a sua usabilidade e a força da marca. Comercialização: é a hora do lançamento do produto e, após essa etapa, é preciso mensurar o sucesso com as métricas iniciais de sucesso de�nidas no passo 2. Business Model Canvas – Easy Taxi Disciplina EMPREENDEDORISMOE INOVAÇÃO Você, provavelmente, já ouviu falar no Easy Taxi, primeiro aplicativo para dispositivos móveis desenvolvido para facilitar a solicitação de táxis nas grandes cidades. A ideia original surgiu em 2011 baseada na ine�ciência do transporte de táxi nas grandes cidades. Mas, provavelmente, você nunca viu o Business Model Canvas original do Easy Taxi, então vamos estudá-lo. Iniciando pelo segmento de clientes: usuários de táxi com smartphones ativos e taxistas não cooperados. Os fundadores pensaram que as empresas de táxis seriam grandes clientes, já que sofriam com a falta de responsabilidade dos taxistas. Essa hipótese foi invalidada logo no início, quando foi à rua, por conta do excesso de proteção e medo da concorrência. Com isso, a de�nição de cliente mudou: era o taxista, não as cooperativas. A Easy Taxi foi uma empresa que deu certo, mas é bastante provável que essa mudança de público-alvo tenha custado a ela tempo e dinheiro. Será que uma pesquisa de mercado realizada previamente ao lançamento do serviço seria capaz de ter minimizado as chances dessa surpresa ocorrer? Focando nossa atenção no Business Model Canvas do Easy Taxi, especi�camente no campo de proposta de valor, descrevemos o diferencial competitivo do serviço: conseguir táxi certo com 1 clique, permitir acompanhamento da rota em tempo real e pagar via celular. Além disso, aos taxistas que obtivessem notas boas, o aplicativo permitiria um número maior de corridas, aumentando a sua renda mensal, e daria preferência a conectá-los com passageiros bem avaliados, trazendo maior segurança. O próximo bloco a ser preenchido é o de canais que os clientes recebem o serviço e �cam sabendo as novidades. No nosso exemplo, os clientes �cam sabendo da existência do aplicativo por meio da divulgação feita em mídia impressa, rádio e televisão, além das mídias sociais. Para acessá-lo, fazem o download nas lojas de aplicativo para Android e iOS. Como foi de�nido o tipo de relacionamento com o cliente do Easy Taxi? Como esse cliente poderá se comunicar com a empresa para ajudar na evolução dela? Por meio das redes sociais e dos canais Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO digitais (site, e-mail marketing) e por uma central de atendimento por telefone. As receitas são obtidas por meio das taxas cobradas dos taxistas, das taxas cobradas de empresas que solicitam táxis para pagamento através de voucher e da oferta de espaço publicitário para empresas anunciantes. Três recursos-chave foram de�nidos inicialmente: Base de dados dos taxistas aptos e informações dos usuários. Equipe de TI para desenvolver o aplicativo e todas as suas funcionalidades. Smartphone com GPS ativo e plano de dados. No bloco de atividades-chave, ressaltamos a captação dos taxistas e cadastros dos veículos, abordagem e treinamento dos usuários para a correta utilização do aplicativo e o estabelecimento de parcerias com empresas (contratos para pagamento com voucher corporativo) e com órgãos governamentais, com a �nalidade de regularização do negócio e incentivos. Em parcerias-chave, entram todas as atividades que não estão no portfólio do negócio principal e devem ser terceirizadas, como: cobrança das corridas efetuadas por meio de um sistema de pagamento digital. O mesmo com: aquisição dos celulares, planos de voz e dados, legalização com a prefeitura, entre outros. Por �m, a estrutura de custos é formada por todo produto ou serviço imprescindível à operação do negócio: servidor on-line para a operação, plano de dados do taxista, custo de pessoal, gastos com marketing para aquisição de taxistas e usuários, entre outros. Você pode visualizar o Business Model Canvas do Easy Taxi, adaptado da versão original fornecida pelo fundador Tallis Gomes, preenchido na Figura 4. Figura 4 | Business Model Canvas Easy Taxi. Fonte: adaptada de Bicudo (2023). Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Após anos de operação, essas de�nições foram se modi�cando, de acordo com os feedbacks dos clientes, estabelecimento de novas parcerias e novos investimentos que aceleram o crescimento da empresa, levando-a a ocupar um espaço grande nesse mercado de compartilhamento de táxis, alcançando mais de 400 cidades, em 35 países de quatro continentes. Videoaula: Análise de mercado: em busca da geração de vantagem competitiva Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante! Neste vídeo, você conhecerá algumas das mais importantes ferramentas para realizar uma pesquisa de mercado de acordo com o objetivo da sua empresa: conhecer melhor o cliente a partir dos hábitos de consumo, entender a estratégia da concorrência ou dimensionar o mercado existente, por exemplo. Além disso, conhecerá o Business Model Canvas, uma ferramenta interessante para registrar os insights da sua pesquisa de mercado e que contém os principais aspectos para o seu negócio parar de pé. Saiba mais Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO O Sebrae possui uma ferramenta on-line, em que você pode criar o seu canvas virtual, compartilhar com a rede cadastrada para receber feedbacks e contribuir com a validação de canvas de outros empreendedores. Referências BICUDO, L. Business Model Canvas: o que é e como aplicar em sua empresa. G4 Educação, 2023. Disponível em: https://g4educacao.com/portal/business-model-canvas-o-que-e. Acesso em: 6 fev. 2023. RAEBURN, A. Processo de desenvolvimento de produtos: os 6 estágios (com exemplos). Asana, 2022. Disponível em: https://asana.com/pt/resources/product-development-process? gclid=Cj0KCQiA54KfBhCKARIsAJzSrdpfnf8a- AnmhAfSuhw9kKYKfHyZbupljPYyQdCNRXKJywCtHPjIBgYaAqsHEALw_wcB&gclsrc=aw.ds. Acesso em: 6 fev. 2023. ROZENFELD, H. et al. Gestão de desenvolvimento de produtos: uma referência para a melhoria do processo. São Paulo, SP: Saraiva Uni, 2012. SCHERMANN, D. Pesquisa de Mercado: o que é, como fazer e questionários de pesquisa. Opinion Box, 2022. Disponível em: https://blog.opinionbox.com/pesquisa-de-mercado/. Acesso em: 9 fev. 2023. Aula 5 Revisão da unidade https://canvas-apps.pr.sebrae.com.br/#/?checkedSAS=true https://g4educacao.com/portal/business-model-canvas-o-que-e https://asana.com/pt/resources/product-development-process?gclid=Cj0KCQiA54KfBhCKARIsAJzSrdpfnf8a-AnmhAfSuhw9kKYKfHyZbupljPYyQdCNRXKJywCtHPjIBgYaAqsHEALw_wcB&gclsrc=aw.ds https://asana.com/pt/resources/product-development-process?gclid=Cj0KCQiA54KfBhCKARIsAJzSrdpfnf8a-AnmhAfSuhw9kKYKfHyZbupljPYyQdCNRXKJywCtHPjIBgYaAqsHEALw_wcB&gclsrc=aw.ds https://asana.com/pt/resources/product-development-process?gclid=Cj0KCQiA54KfBhCKARIsAJzSrdpfnf8a-AnmhAfSuhw9kKYKfHyZbupljPYyQdCNRXKJywCtHPjIBgYaAqsHEALw_wcB&gclsrc=aw.ds https://blog.opinionbox.com/pesquisa-de-mercado/%20 Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Empreendedorismo e gestão de negócios Olá, estudante! Na Unidade 1, você viuque o termo empreendedorismo foi estudado por �lósofos e economistas de vários países do mundo e, em geral, todos relacionam o termo ao processo de criar negócios que resolvem problemas reais da sociedade. A diferença na prática do empreendedorismo se deve, principalmente, à realidade econômica do país, já que, nos países desenvolvidos, os empreendedores são, em geral, visionários e planejados, criam empresas bem estruturadas e empreendem por oportunidade. Já nos países em desenvolvimento, a prática do empreendedorismo se conecta à necessidade de geração de renda familiar e, muitas vezes, as pessoas não têm instrução su�ciente para desenvolver um plano de negócios robusto, atuando prioritariamente em serviços orientados aos consumidores, que exigem baixo custo de entrada e pouco nível de pro�ssionalização (DORNELAS, 2012). Nesta unidade, fpresentadas também ferramentas importantes para você desenvolver a sua capacidade empreendedora, desde métodos de geração de ideias, passando por como melhorar a sua habilidade criativa até as 16 leis de Porter, as quaistodas as pessoas de grande sucesso seguem, especialmente as que empreendem (PORTER, 1992). Você notará que a criatividade está relacionada com a primeira etapa do processo empreendedor, a de identi�cação de oportunidade. Sem vencer essa etapa, é impossível evoluir para as outras três: desenvolvimento do plano de negócios, determinação dos recursos necessários e gestão da empresa (DORNELAS, 2008). O Plano de Negócios é fundamental para avaliar a viabilidade da implementação da empresa. Para elaborá-lo, é preciso conduzir uma pesquisa de mercado, com o objetivo de conhecer o per�l do consumidor, bem como de�nir algumas premissas: qual o per�l dos seus competidores? Como Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO otimizar os processos internos para gerar uma melhor relação de custo em relação ao potencial de receita? Com as respostas em mãos, é possível consolidá-las no Business Model Canvas, uma ferramenta para descrever o tipo do negócio e os nove pontos necessários para o seu funcionamento: segmento de clientes, proposta de valor, canais, relacionamento, fontes de receita, recursos-chave, atividades- chave, parcerias-chave e estrutura de custos (BICUDO, 2023). Agora, depois de treinar a sua criatividade e seguir as etapas do processo empreendedor, você verá que uma ideia está pronta para se transformar numa empresa. No entanto, a primeira venda do produto é que, de fato, con�gura a atividade, então eu te pergunto: você já parou para pensar nas etapas necessárias para o desenvolvimento de um produto? Na última aula da Unidade 1, você aprendeu que existem seis etapas para levar o seu produto da ideia até a primeira venda (RAEBURN, 2022): geração de ideias (e aqui, mais uma vez, é exigido o seu potencial criativo), de�nição do conceito e escopo do produto, prototipação, design inicial, validação e teste e, por �m, comercialização. Videoaula: Revisão da unidade Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Neste vídeo, você aprenderá os fundamentos, os processos e as ferramentas importantes para colocar uma ideia de pé e empreender nos mais diversos tipos de empreendedorismo existentes. Por �m, você sairá daqui sabendo os conceitos mais importantes para um empreendedor que gerencia o seu negócio com sucesso: processo empreendedor, métodos de geração de ideias, Business Model Canvas, pesquisa de mercado e processo de desenvolvimento de produto. Estudo de caso Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Olá, estudante! Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você atua como consultor empresarial, apoiando pessoas que têm boas ideias e desejam transformá-las em um negócio próprio, ou seja, querem empreender, mas não sabem como estruturar um Plano de Negócios bem- feito. Uma dessas pessoas é o Paulo Jorge, nascido em Olinda, em Pernambuco. Filho de uma empreendedora, formada em Letras, e de um executivo, Paulo via em seus pais modelos de sucesso, tanto em seus trabalhos quanto como pessoas capazes de ajudar a melhorar o mundo. Logo veio a vontade de impactar a sociedade por meio do seu trabalho: empreender era o que Paulo realmente queria. E essa vontade re�etiu em todas as suas escolhas seguintes, inclusive, na decisão de cursar Economia, como forma entender mais a fundo os universos das �nanças e da gestão de negócios. Ainda na faculdade, Paulo começou a trabalhar na sua primeira instituição �nanceira. Durante seus três anos num banco tradicional, Paulo acompanhou o processo de crescimento da empresa – que estava liderando o lançamento de produtos digitais, como contas e cartões, bem como adquirindo outras instituições �nanceiras maiores para ampliar o seu portfólio. Participando ativamente dessas mudanças, ele percebeu que ali estava o futuro: a tecnologia, certamente, faria parte do dia a dia das pessoas, desde o transporte público até a gestão �nanceira. Por outro lado, ele percebeu que nem todas as pessoas tinham acesso aos bancos, sejam digitais ou tradicionais. Mais do que isso, habitantes de cidades do interior ainda utilizavam dinheiro vivo em suas transações, mesmo com acesso a um banco. Era uma escolha própria, um problema cultural e de falta de educação tecnológica. Para tangibilizar melhor esse cenário, basta olharmos os números: de acordo com a BRINKS e a Fundação Dom Cabral, estima-se que 53,4% dos brasileiros preferem o dinheiro como forma de pagamento e 38,5% não possuem conta em banco. Entre as mulheres, o percentual de não bancarizadas (43,4%) é maior do que entre os homens (33,2%) (COSTA, 2022). ______ Re�ita Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Considerando o oportuno cenário que caracteriza a população brasileira em relação ao seu nível de desbancarização, Paulo percebeu a parte que faltava para começar um negócio que bene�ciaria milhões de pessoas e ajudaria no desenvolvimento econômico do país: inclusão digital de pessoas menos favorecidas �nanceiramente e criação de um banco digital com produtos e taxas adequados ao per�l de pessoas desbancarizadas, que não conseguem abrir uma conta em um banco grande, seja digital ou não. Vale ressaltar que a bancarização, ou seja, a inclusão de pessoas no sistema �nanceiro, gera mais qualidade de vida para os cidadãos e promove o desenvolvimento econômico do comércio, já que facilita o aumento no poder de consumo e a melhor gestão da organização �nanceira. Paulo decidiu procurar a sua empresa, para que você o ajude a transformar essa ideia em um negócio sustentável. Conhecendo e analisando o contexto citado anteriormente e as ferramentas que estudamos durante essa unidade, como você, no papel de consultor, poderia ajudar Paulo a estruturar a sua ideia e seguir em frente para a implementação desse negócio? Videoaula: Resolução do estudo de caso Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante! Você verá que demonstrarei um entre os possíveis caminhos que podem ser utilizados para que você tenha sucesso ao apoiar Paulo. Antes de começar a coletar as informações que são pertinentes para a de�nição do Plano de Negócios, é interessante você mencionar a importância de conhecer mais a fundo as características pessoais do Paulo. Conforme demonstrado na Aula 3, segundo Christensen, Gregersen e Dyer (2018), existem cinco habilidades importantes para uma pessoa evoluir o seu potencial de criatividade e, por isso, é necessário entender o per�l do empreendedor, para ter mais segurança sobre o potencial inovador daquela ideia. Diante das informações compartilhadas, você poderá destacar que Paulo possui duas habilidades bem desenvolvidas: desa�ar o status quo com a prática de questionar padrões, já que ele partiu da re�exão de que os bancos tradicionais não são inclusivos para pessoas menos favorecidas socialmente, e observar o contexto ao seu redor, à medida que acompanhou de perto o crescimento do banco, participando ativamente dos projetos. A partir da análise das características individuais do Paulo, você poderá citar o uso da primeira ferramenta para que a ideia dele �que realmente poderosa: 5W1H. Uma proposta de preenchimento dos campos da ferramenta pode ser vista na Figura 1. Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Figura 1 | Exemplo de preenchimento da ferramenta 5W1H. Fonte: elaborada pela autora. Vale ressaltar que as respostas registradas partem do pressuposto das informações encontradas no texto e da simulação de interação com o próprio Paulo para coletar os insights que ele teve. Uma vez que todas as seis perguntas tenham encontrado respostas objetivas e de fácil compreensão, você deve seguir com a estruturação do modelo de negócio da ideia do Paulo, utilizando a próxima ferramenta: Canvas. Mais uma vez, proporei uma sugestão de preenchimento, conforme a Figura 2.Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Figura 2 | Proposta de preenchimento do Canvas. Fonte: elaborada pela autora. Com o Canvas preenchido, vale dizer que é apenas a primeira versão dele e, certamente, após a realização da pesquisa de mercado, novos insights poderão surgir e premissas iniciais poderão ser invalidadas. Você poderá propor ao Paulo que realize uma pesquisa de mercado para avaliar os hábitos de consumo do segmento-alvo de clientes do novo negócio. Conforme exposto na Aula 4, é preciso conhecer as preferências e os gostos dos consumidores que serão clientes do banco digital que o Paulo pretender fundar. Algumas perguntas que podem ser feitas: 1. Quais são as formas de pagamento preferidas deles? 2. Com qual frequência fazem compras? 3. O que é importante na hora de escolher entre ter uma conta em um banco ou outro? Por �m, em posse de todas essas informações, você pode orientar ao Paulo que utilize o Canvas novamente para apresentar a estratégia do negócio para possíveis investidores, sócios e colaboradores que colaborarão com a construção da empresa, transformando a ideia em um negócio de sucesso. Resumo visual Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Figura 1 | Síntese dos conteúdos abordados durante os estudos. Fonte: elaborada pela autora. Referências Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO BICUDO, L. Business Model Canvas: o que é e como aplicar em sua empresa. G4 Educação, 2023. Disponível em: https://g4educacao.com/portal/business-model-canvas-o-que-e. Acesso em: 18 fev. 2023. COSTA, B. Pesquisa inédita FDC traz preferências dos meios de pagamento no Brasil. BRINKS, 2022. Disponível em: https://br.brinks.com/-/brink-s-se-une-%C3%A0-funda%C3%A7%C3%A3o-dom-cabral- em-pesquisa-que-traz-h%C3%A1bitos-e-prefer%C3%AAncias-dos-brasileiros-em- rela%C3%A7%C3%A3o-aos-meios-de-pagamento. Acesso em: 18 mar. 2023. CHRISTENSEN, C.; GREGERSEN, H.; DYER, J. DNA do Inovador: dominando as 5 habilidades dos inovadores de ruptura. Rio de Janeiro, RJ: Alta Books, 2018. DORNELAS, J. C. de A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2008. DORNELAS, J. C. de A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2012. PORTER, M. E. A vantagem competitiva das nações. Rio de Janeiro, RJ: Campus, 1992. RAEBURN, A. Processo de desenvolvimento de produtos: os 6 estágios (com exemplos). Asana, 2022. Disponível em: https://asana.com/pt/resources/product-development-process? gclid=Cj0KCQiA54KfBhCKARIsAJzSrdpfnf8a- AnmhAfSuhw9kKYKfHyZbupljPYyQdCNRXKJywCtHPjIBgYaAqsHEALw_wcB&gclsrc=aw.ds. Acesso em: 18 fev. 2023. , Unidade 2 Perspectiva lean, plano de negócios e metodologias de gestão https://g4educacao.com/portal/business-model-canvas-o-que-e https://br.brinks.com/-/brink-s-se-une-%C3%A0-funda%C3%A7%C3%A3o-dom-cabral-em-pesquisa-que-traz-h%C3%A1bitos-e-prefer%C3%AAncias-dos-brasileiros-em-rela%C3%A7%C3%A3o-aos-meios-de-pagamento. https://br.brinks.com/-/brink-s-se-une-%C3%A0-funda%C3%A7%C3%A3o-dom-cabral-em-pesquisa-que-traz-h%C3%A1bitos-e-prefer%C3%AAncias-dos-brasileiros-em-rela%C3%A7%C3%A3o-aos-meios-de-pagamento. https://br.brinks.com/-/brink-s-se-une-%C3%A0-funda%C3%A7%C3%A3o-dom-cabral-em-pesquisa-que-traz-h%C3%A1bitos-e-prefer%C3%AAncias-dos-brasileiros-em-rela%C3%A7%C3%A3o-aos-meios-de-pagamento. https://asana.com/pt/resources/product-development-process?gclid=Cj0KCQiA54KfBhCKARIsAJzSrdpfnf8a-AnmhAfSuhw9kKYKfHyZbupljPYyQdCNRXKJywCtHPjIBgYaAqsHEALw_wcB&gclsrc=aw.ds https://asana.com/pt/resources/product-development-process?gclid=Cj0KCQiA54KfBhCKARIsAJzSrdpfnf8a-AnmhAfSuhw9kKYKfHyZbupljPYyQdCNRXKJywCtHPjIBgYaAqsHEALw_wcB&gclsrc=aw.ds https://asana.com/pt/resources/product-development-process?gclid=Cj0KCQiA54KfBhCKARIsAJzSrdpfnf8a-AnmhAfSuhw9kKYKfHyZbupljPYyQdCNRXKJywCtHPjIBgYaAqsHEALw_wcB&gclsrc=aw.ds Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Aula 1 Perspectiva lean no empreendedorismo Introdução Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante! Na Unidade 1, você aprendeu que, para começar uma nova empresa ou vender um novo produto, tradicionalmente, se faz um Plano de Negócios, de�nindo métodos de captação de recursos e, por �m, montando a equipe e gerindo o negócio em operação. Nesta aula, você aprenderá que, ao longo de todo esse processo, pode existir muito desperdício de tempo, custo ou recursos em geral e, pensando em solucionar esses desa�os, os empreendedores utilizam uma metodologia chamada Lean Startup, que os ajuda a desenvolver produtos ou serviços novos e que sejam realmente desejados pelos clientes, aumentando as chances de a empresa ser bem-sucedida. Você verá que o Canvas, abordado lá na Aula 4, é uma ferramenta muito utilizada no Lean Startup também, mas aprenderá alguns novos conceitos, como MVP, pivotar um negócio e agilidade na interação com clientes, para minimizar erros e desperdícios. Bons estudos! Conheça a Lean Startup Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Antes de estudarmos o conceito e as premissas da Lean Startup, precisamos conhecer a origem do termo por meio de um resumo da história do seu fundador, Eric Ries, que desenvolveu a abordagem a partir da própria experiência como fundador de startups que falharam pelo mesmo motivo: má compreensão da necessidade dos clientes e muitos recursos – tempo e dinheiro – gastos para o lançamento da primeira versão do produto. E, aqui, temos uma palavra importante para o nosso estudo a partir de agora: startup. Dentre várias de�nições possíveis, utilizaremos a que diz que uma startup é uma empresa jovem com um modelo de negócios repetível e escalável, que opera em um cenário de incertezas e desenvolve soluções. Não se limita apenas a negócios digitais, mas necessita de inovação para não ser considerada uma empresa de modelo tradicional (BICUDO, 2023). Somado à experiência pessoal, Ries utilizou as premissas da Lean Manufacturing, que baseava o famoso Sistema de Produção Toyota na década de 1950 e seguia a premissa da minimização do desperdício e da maximização das atividades que geram valor para o cliente. Com isso, em 2008, Ries lançou para o mercado as premissas da Lean Startup, o que facilitou muito a jornada de crescimento de uma startup, por meio do desenvolvimento ágil de produtos e do envolvimento do cliente durante o próprio processo de desenvolvimento. Essas premissas são (RIES, 2019): 1. Mínimo Produto Viável: versão de um novo produto que permite à equipe coletar a quantidade máxima de aprendizagem validada sobre clientes com o mínimo esforço. 2. Implantação Contínua: o trabalho da equipe é atualizado frequentemente para o cliente �nal, a �m de obter feedbacks imediatos sobre a experiência. 3. Teste A/B: observar as mudanças no comportamento dos clientes a partir da sua experiência com versões distintas do produto, no caso, a versão A e a versão B. Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO 4. Métricas Acionáveis: estabelecimento de medidas que oferecem informação necessária para que a startup possa tomar decisões sobre o rumo do negócio. 5. Pivotar: habilidade de corrigir a rota estruturada previamente para testar uma nova hipótese fundamental sobre o produto, a estratégia ou o motor de crescimento. Com essa contextualização, vamos à de�nição da Lean Startup: abordagem para a criação e a implantação de novos negócios e produtos que privilegia a experimentação rápida, o aprendizado ativo e os ciclos curtos. Esta abordagem incentiva os empreendedores a serem ágeis e focados, ajustando o produto rapidamente, conforme necessário, e com base nos dados que obtém dos feedbacks dos clientes ao longo do processo (RIES, 2019). A abordagem Lean Startup pode ser muito útil para qualquer tipo de negócio. Apesar de não existir uma única fórmula de sucesso para uma empresa que lançará um produto,as premissas da Lean Startup ajudam a ter agilidade para testar uma ideia com o segmento de clientes-alvo de forma mais rápida e econômica. Todo pro�ssional que se prepara para atuar com a Lean Startup, certamente, está atrativo para o mercado de trabalho, já que as empresas veem nessa abordagem um diferencial que impactará o crescimento da organização. Princípios direcionadores da Lean Startup Além das premissas básicas da Lean Startup, Ries (2019) se aprofundou na explicação da abordagem e criou cinco princípios direcionadores dela: 1. Empreendedores estão em todo lugar: empreender vai além das startups e pode ser adotado por todo tipo de empresa, desde que esteja orientada para a inovação em produtos ou serviços, em condição de incerteza. Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO 2. Empreender signi�ca gerir: startups são empresas como outras quaisquer e precisam olhar para além dos produtos, com uma gestão que permita reações rápidas a mudanças. 3. Aprendizado validado: startups precisam ganhar dinheiro e �delizar os clientes, porém devem ter como principal propósito a construção de negócios sustentáveis e, por isso, o aprendizado precisa ser validado através de experimentos constantes que permitam ao time de fundadores validar a sua visão do negócio. 4. Construir-Medir-Aprender: a atividade fundamental de uma startup é transformar ideias em produtos para solucionar demandas reais das sociedades. Por isso, a coleta de feedback dos clientes-alvo é importante. Com esses dados, a startup decidirá se segue ou não com o plano original. Esse ciclo não só acelera o desenvolvimento do produto como traz assertividade, gerando, em contrapartida, redução dos custos. A Figura 1 representa o ciclo proposto. Figura 1 | Ciclo Construir-Medir-Aprender. Fonte: adaptada de Ries (2019). 5. Contabilidade de inovação: o empreendedor não pode perder o foco no progresso. Por isso, de�nir metas e priorizar o trabalho, de modo a melhorar os resultados e se manter informado sobre a evolução da organização, é essencial para a construção de um negócio sustentável. Vamos nos aprofundar mais no princípio 4, pois é importante que você compreenda o que está por trás das etapas de construção do produto e medição dos resultados. Como você pôde observar na Figura 1, a startup inicia o processo de construção de um produto a partir do campo das ideias. Em seguida, é preciso medir o desempenho das funcionalidades desse produto. Segundo Ries (2019), a melhor forma de medir esse desempenho é colocando o produto sob condições reais. Portanto, devem ser criados produtos simples e que sirvam de objeto para Disciplina EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO estes testes: produto mínimo viável, também chamado de MVP (traduzido do inglês, Minimum Viable Product). O objetivo de um MVP é ser o validador que permita à startup se estruturar e ganhar tração para o desenvolvimento posterior do produto (RIES, 2019). Com o MVP em andamento, é hora de a startup acompanhar se as hipóteses previstas estão corretas ou se será preciso alterar a rota preestabelecida, ou seja, pivotar o produto ou o modelo de negócios. Observa-se, em geral, que o tempo de vida de uma startup está relacionado tanto ao número de pivôs que ela suporta realizar como com a quantidade de ciclos construir-medir-aprender que ela consegue rodar. É possível pivotar um empreendimento alterando seu modelo de monetização, seu motor de crescimento, sua plataforma de tecnologia, seu canal de distribuição, ou ainda, realizando um zoom- in, zoom-out, ou ajuste na necessidade do consumidor do negócio. Essas três últimas formas, inclusive, são as principais maneiras de se pivotar um negócio (RIES, 2019). Elas propõem o seguinte: Zoom-in: foco em um grupo especí�co de clientes-alvo, diminuindo a amplitude de per�s, mas aprofundando na coleta de insights do grupo escolhido. Zoom-out: oposto ao zoom-in. Aqui, a startup identi�ca que seu público-alvo é pequeno e decide expandir seu foco de estudo. Necessidade do consumidor: propõe uma mudança no foco do problema a ser solucionado. Esse tipo de pivô, usualmente, acontece após os pivôs anteriores, como resultado da análise da interação da startup com seu cliente-alvo, quando surge o entendimento de que o problema original atacado não era tão doloroso quanto um novo problema descoberto. A história do Dropbox com a aposta no MVP