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Doc. 2
Lutas e demandas do MAB
“[...] Em 1991 ocorreu o I Congresso Nacional dos 
Atingidos por Barragens, no qual se decidiu que o Mo-
vimento dos Atingidos por Barragens (MAB) seria um 
movimento nacional, popular e autônomo. Levantando a 
bandeira ‘Terra sim, barragem não!’, fortalecendo desta 
maneira, através de um diálogo nacional, a luta contra a 
construção das hidrelétricas em todo território. 
Esse espaço de articulação se deu numa nova conjun-
tura política do país, com o fim do período ditatorial e 
o início de uma abertura política e com ideias liberais. 
O Brasil se encontrava num momento de avanço de po-
líticas neoliberais, dentre elas a privatização da energia 
elétrica. Deste modo, o controle que antes era estatal 
passou para as empresas transnacionais, o que dificultou 
ainda mais as lutas do movimento. Esse período acarretou 
um novo contorno das delimitações estabelecidas pelas 
lutas sociais, que antes eram tão somente pelas terras, 
logo agregaram outras demandas, como, por exemplo, 
a preservação ambiental e a utilização da natureza para 
o bem comum, não apenas para o enriquecimento de 
alguns. [...] 
Nesse sentido, a ação presente do MAB [...] procura 
agora agregar outras demandas, como por exemplo, 
os debates sobre gênero e as violações de direitos das 
mulheres ribeirinhas [...].”
ALVES, Selma de Fátima Singulano. Movimento 
dos Atingidos por Barragens: perspectivas 
teóricas de lutas práticas. In: Revista Café com 
Sociologia, v. 4, n. 1, 2015. Disponível em <https://
revistacafecomsociologia.com/revista/index.php/
revista/article/view/367/pdf>. Acesso em 29 jul. 2020. 
Doc. 1
Cartografia, luta e resistência
“Vem crescendo, nos últimos anos, a luta contra a 
intolerância religiosa direcionada às religiões de matriz 
africana. O histórico de opressões a tais matrizes [...] en-
volveu um amplo repertório de violências físicas, materiais 
e simbólicas, como, por exemplo: proibição; imposição 
de conversão às religiões dos dominantes ou, ao menos, 
sincretizações; desqualificação de práticas e saberes, [...] 
destruição física de templos, artefatos e locais de práticas; 
perseguição policial, prisão e assassinato de lideranças 
e praticantes. [...]
A luta contra a invisibilidade de tais grupos vem as-
sumindo também a forma de uma disputa cartográfica 
– a partir da difundida ideia de que como diz o ditado, o 
que ‘sumiu do mapa’ não existe e, portanto, aparecer no 
mapa é atestar e legitimar sua existência, condição para 
o reconhecimento e sustentabilidade. Nos últimos anos, 
um conjunto de experiências de mapeamento vem sendo 
realizadas e desenvolvidas, (e) [...] consistem em levanta-
mentos de dados, georreferenciamento e mapeamentos 
das casas religiosas. [...] 
O ponto de partida para a elaboração do mapeamento 
era a constatação e reivindicação dos movimentos sociais 
sobre a invisibilidade das religiões afro-brasileiras nos 
cadastros oficiais. [...] A cartografia neste caso é, portanto, 
um instrumento de reconhecimento estatal dos grupos 
envolvidos, instrumento de fortalecimento de articulações 
e identidades, e também uma ferramenta para a promoção 
de políticas públicas.”
SOUZA, Renato Emerson. Geografias da ação nas lutas 
antirracismo: um olhar aproximativo. In: Anais XVIII Enanpur. 
Natal, 2019. Disponível em <http://anpur.org.br/xviiienanpur/
anaisadmin/capapdf.php?reqid=902>. Acesso em 21 abr. 2020. 
Atividades
Compreender
Doc. 1
1. A luta contra a intolerância religiosa figura como 
uma importante reivindicação do movimento negro 
no Brasil. Com base no texto, responda.
a) Quais são as principais violências sofridas pelas 
religiões de matrizes africanas no Brasil?
b) Por que o mapeamento das casas religiosas de 
matrizes africanas é importante para o movi-
mento negro?
c) Qual é o papel desempenhado pela cartografia 
na luta contra a intolerância religiosa?
Doc. 2
2. Qual é a relação entre as privatizações do setor 
elétrico e as lutas do Movimento dos Atingidos 
por Barragens (MAB)? 
3. Quais são as novas relações de territorialidade que 
os integrantes do MAB estabelecem atualmente? 
Retomar
4. Responda às questões-chave do início do capítulo.
• O que são movimentos sociais? O que eles rei-
vindicam? Qual é a relação entre o território e 
as lutas sociais? 
(BNCC) Competências específicas: 1, 2, 3, 4, 5 e 6; Habilidades: EM13CHS101 EM13CHS102 
EM13CHS103 EM13CHS201 EM13CHS204 EM13CHS205 EM13CHS302 EM13CHS304 EM13CHS305 
EM13CHS401 EM13CHS502 EM13CHS503 EM13CHS504 EM13CHS601
Registre em seu caderno
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Laboratório de ciências humanas e sociais aplicadas
https://revistacafecomsociologia.com/revista/index.php/revista/article/view/367/pdf
https://revistacafecomsociologia.com/revista/index.php/revista/article/view/367/pdf
https://revistacafecomsociologia.com/revista/index.php/revista/article/view/367/pdf
http://anpur.org.br/xviiienanpur/anaisadmin/capapdf.php?reqid=902
http://anpur.org.br/xviiienanpur/anaisadmin/capapdf.php?reqid=902
 Democracia em debate
Na obra Ensaio sobre a lucidez, o escritor português e prêmio Nobel de Literatura 
José Saramago nos convida para uma importante reflexão sobre a participação e a or-
ganização política de nosso tempo. O livro retrata a história de um país fictício que, após 
a apuração dos votos de sua última eleição, se depara com uma situação inusitada: os 
votos em branco venceram a eleição. A partir daí, vários acontecimentos transcorrem, 
mas a principal questão levantada pelo autor é se, de fato, vivemos em uma democracia. 
O questionamento de Saramago é um importante caminho para pensarmos sobre 
os dilemas e impasses impostos à democracia nas sociedades contemporâneas. Será 
que nossas práticas políticas e nossas instituições são verdadeiramente democráticas? 
Será que podemos ter uma democracia efetiva em sociedades tão marcadas pelas 
desigualdades e pela exclusão social?
Segundo o filósofo italiano Norberto Bobbio (1909-2004), podemos entender 
democracia como o governo direto do povo ou controlado pelo povo, que tem como 
uma de suas premissas garantir o pleno e livre desenvolvimento das capacidades 
humanas para todos os membros da sociedade. Além disso, uma democracia se pauta 
também na divisão entre os poderes, na transparência da vida pública, na cidadania, 
no respeito às legislações e no direito às manifestações e à livre escolha.
Ao longo da história, a democracia assumiu diferentes formas. No presente, a maioria 
dos países, incluindo o Brasil, adota a democracia representativa. Esse modelo tem 
no voto um dos mais importantes instrumentos de participação política, pois é por 
meio dele que os cidadãos escolhem seus representantes, que são os encarregados de 
legislar e administrar a vida pública. Na maioria dos países, a democracia representati-
va se pauta no sufrágio universal, na periodicidade das eleições e dos mandatos e na 
igualdade jurídica dos cidadãos. Doc. 1
(BNCC) Competências 
gerais: 1, 2, 4, 7, 9 e 10
Competências específicas: 
1, 4, 5 e 6 
Habilidades: 
EM13CHS102 EM13CHS103 
EM13CHS402 EM13CHS404 
EM13CHS502 EM13CHS503 
EM13CHS504 EM13CHS601 
EM13CHS603 EM13CHS604 
EM13CHS605 EM13CHS606
Em 1989, milhares de pessoas 
iniciaram uma onda de protestos 
pró-democracia na China. Como 
forma de coibir as manifestações, 
o governo chinês enviou tropas 
militares para a Praça da Paz 
Celestial, em Pequim, e dezenas 
de pessoas foram mortas, presas 
ou desapareceram em decorrência 
do confronto. Ao lado, foto de Jeff 
Widener, conhecida como 
“O homem do tanque”, que se 
tornou símbolo da luta pela 
democracia e por direitos. Pequim, 
5 de junho de 1989.
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Fictício: ilusório; que é decorrente 
da imaginação.
Sufrágio universal: diz respeito ao 
pleno direito ao voto por parte de 
toda a população.
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APÍTULO
Democracia, cidadania 
e direitos
Quais são os principais desafios das sociedades democráticas 
contemporâneas? O que é ser cidadão? Quais são os nossos direitos?
Integrantes da Prefeitura Naval da Argentina tentam impedir 
manifestantes de bloquear a ponte Pueyrredon, em Buenos Aires, 
durante a greve geral convocada em setembro de 2018 contra o 
pacote de reformas de austeridade defendido pelo então presidente 
Mauricio Macri.
A audiência pública é um 
instrumento importante 
de participação política e 
consiste em uma reunião 
realizada entre o poder 
público e os membros 
da sociedade civil para 
debater assuntos de 
interesse da coletividade. 
Na imagem, cidadãos de 
Eldorado do Sul, no Rio 
Grande do Sul, participam 
de uma audiência e 
decidem pela não 
instalação de uma mina 
de carvão na região. Foto 
de 2019. 
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Apesar de essa ser a forma mais recorrente de 
organização política das sociedades contemporâneas, 
é possível perceber um distanciamento muito grande 
entre a teoria e a prática democráticas. A sobreposição 
do interesse econômico sobre os interesses da cole-
tividade, as desigualdades de representação política 
dentro dos parlamentos, a redução dos espaços de 
participação política, a criminalização dos movimentos 
sociais, entre outros fatores, são alguns dos principais 
problemas das sociedades democráticas na atualidade 
apontados por vários analistas políticos.
O sistema democrático está permanentemente em 
transformação, e seu entendimento pode variar de 
acordo com fatores históricos, sociais, econômicos e 
culturais. Nas últimas décadas, os limites à participação 
popular inerentes à democracia representativa levaram 
ativistas e estudiosos a defender outras formas de expe-
rimentação política, dentre as quais merece destaque 
a democracia participativa.
A democracia participativa se apresenta como alternativa à democracia representativa, am-
pliando a participação direta dos cidadãos na esfera pública por meio da construção de espaços de 
atuação política e da criação de mecanismos de controle e fiscalização popular da administração 
pública. Ela se orienta por princípios e valores igualitários e visa incluir o maior número possível 
de grupos e segmentos da sociedade nos debates sobre os mais variados assuntos. Por meio de 
referendos, audiências públicas e plebiscitos, a população e as instituições podem discutir e decidir 
sobre os rumos da comunidade, bem como sobre seus direitos e investimentos públicos. 
Apesar de a democracia participativa fortalecer a participação popular, ela ainda encontra 
resistências e suscita controvérsias que dificultam a sua concretização. O desinteresse de parte 
da população pela vida política, o desconhecimento dos instrumentos democráticos, a desmo-
bilização comunitária, a lentidão dos processos decisórios e sua burocratização são fatores que 
dificultam a implementação e a ampliação da democracia participativa.
A experiência democrática que vivenciamos hoje é fruto de um longo processo histórico, que, 
mesmo marcado por disputas, avanços e retrocessos, foi capaz de garantir a participação política 
e expandir nossos direitos. No entanto, esse sistema ainda carece de ajustes para que possamos 
criar meios de tornar efetiva a participação popular na vida pública e aproximar, cada vez mais, 
as necessidades e expectativas da população das decisões políticas. 
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Apátridas são indivíduos que não 
possuem nacionalidade definida. 
Sem o registro civil, esses 
indivíduos não são considerados 
cidadãos e são excluídos de 
uma série de direitos. Em 2018, a 
ativista Maha Mamo, ex-apátrida, 
teve seu pedido de nacionalidade 
aceito pelo Brasil e passou a 
ser uma cidadã brasileira. Na 
imagem, ela mostra o passaporte 
brasileiro em reunião do Alto 
Comissariado das Nações Unidas 
para Refugiados (Acnur), em 
Genebra, Suíça, em 2019. 
 O que é cidadania? 
Um dos elementos mais importantes para o estabelecimento das sociedades de-
mocráticas é a cidadania. Apesar de o senso comum associá-la unicamente à noção do 
voto, seu entendimento transcende o pleito eleitoral e abrange várias esferas da vida 
em sociedade. Doc. 2
A etimologia da palavra cidadania vem do latim civitas, que quer dizer cidade. Em 
Atenas, na Grécia antiga, indivíduos livres e nascidos na polis possuíam um conjunto 
de direitos e deveres específicos, que foram denominados de cidadania. Ao longo da 
história, o conceito foi sendo alterado e apropriado de diversas maneiras. Na atualidade, 
cidadania diz respeito aos direitos e deveres estabelecidos por leis, dentro dos limites 
territoriais dos Estados nacionais, e é fundamentada nas premissas da igualdade e da 
liberdade.
A experiência da cidadania varia entre os Estados nacionais e está relacionada a 
fatores históricos, sociais, políticos e culturais que influenciam na configuração dos 
direitos e deveres dos cidadãos. Em muitos países, a conquista de direitos nasceu do 
confronto entre a população e o Estado, como na França, durante a Revolução Francesa 
(1789). Em outros locais, os direitos dos cidadãos podem estar diretamente relaciona-
dos a concessões feitas pelo Estado. No Brasil, por exemplo, muitos direitos sociais e 
políticos, como o voto feminino e os direitos trabalhistas, remontam ao governo de 
Getúlio Vargas.
“É muito diferente ser cidadão na Alemanha, nos Estados Unidos ou no Brasil 
(para não falar nos países em que a palavra é tabu), não apenas pelas regras que 
definem quem é ou não titular da cidadania (por direito territorial ou de sangue), 
mas também pelos direitos e deveres distintos que caracterizam o cidadão em cada 
um dos Estados-nacionais contemporâneos. Mesmo dentro de cada Estado-nacional 
o conceito e a prática da cidadania vêm se alterando ao longo dos últimos duzentos 
ou trezentos anos. Isso ocorre tanto em relação a uma abertura maior ou menor 
do estatuto do cidadão para sua população [...], ao grau de participação política de 
diferentes grupos [...], quanto aos direitos sociais, à proteção social oferecida pelos 
Estados aos que dela necessitam.”
PINSKY, Jaime. História da Cidadania. Introdução. 
In: PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bessanezi. História da Cidadania. 
São Paulo: Contexto, 2003. p. 9-10. 
Nas sociedades democráticas ocidentais, ser cidadão significa ser, ao mesmo tempo, 
o portador de direitos e o responsável por fiscalizar e garantir que os direitos de todos se-
jam assegurados. No entanto, a desigualdade e a exclusão social dificultam e, em muitos 
casos, impedem a participação dos cidadãos na vida pública, bem como o pleno gozo 
dos direitos reconhecidos pela legislação. Assim, para que se possa construir um país 
efetivamente democrático, é preciso antes lutar por uma sociedade justa e igualitária.
Questões
A cidadania é fruto de um longo processo de transformações sociais, eco-
nômicas e políticas, que trouxe para as sociedades contemporâneas novos 
entendimentos sobre o papel dos indivíduos na sociedade. Responda:
1. Por que a experiência da cidadania varia entre os países?
2. Quais fatores contribuem para que ocorram mudanças no conceito e no 
exercício da cidadania?
Registre em seu caderno
(BNCC) Competências específicas: 1 e 6
Habilidades: EM13CHS102 EM13CHS603
Pleito eleitoral: disputa eleitoral.
Etimologia: estudo da origem e 
do desenvolvimento das palavras. 
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 Os direitos para uma sociedadedemocrática e cidadã
A consolidação dos Estados democráticos e a construção da 
cidadania passam necessariamente pelo reconhecimento e pela 
garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos, cuja acepção 
atual é resultado das transformações históricas que marcaram a 
derrocada do Antigo Regime na Europa.
Pensadores como os ingleses Thomas Hobbes (1588-1679) e 
John Locke (1632-1704) foram importantes para o desenvolvimento 
do princípio que fundamentou a noção de direito nas sociedades 
modernas: o princípio de que os homens têm direitos por natureza. 
Porém, se para Thomas Hobbes os homens renunciavam à liberdade 
natural ao firmarem o contrato pelo qual instituíam o Estado, para 
John Locke os direitos naturais eram inalienáveis e nem mesmo o 
Estado poderia subtraí-los. 
A noção de que todos os seres humanos possuem direitos 
naturais fundamentou a elaboração de importantes documentos 
que inspiraram leis e movimentos reivindicatórios em muitas na-
ções. São exemplos desses documentos a Declaração dos Direitos 
dos Cidadãos dos Estados Unidos (United States Bill of Rights) e a 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, ambos datados 
do final do século XVIII, e que se tornaram garantidores do direito 
à vida, à liberdade e à felicidade, entre outros.
De acordo com Norberto Bobbio (1909-2004), filósofo e cientista 
político italiano, o entendimento de que todos os seres humanos 
são portadores de direitos naturais causou uma inversão na relação 
política entre os indivíduos e o Estado: de súditos, eles passaram a 
ser cidadãos. Essa mudança de perspectiva, entendida como irre-
versível pelo filósofo, foi de suma importância para a organização 
política da sociedade e para a configuração dos direitos na forma 
como nós os compreendemos hoje.
 Os Direitos Humanos e sua história 
Compreende-se por Direitos Humanos um conjunto de direitos que são inatos, 
independentemente de etnia, religião, língua, nacionalidade, sexo ou qualquer outra 
condição do indivíduo. Eles incluem o direito à vida, ao trabalho e à educação, à liber-
dade de pensamento, de crença e de expressão, à saúde, à alimentação, à segurança 
no desemprego e na velhice, entre vários outros. 
A ideia de direitos humanos existe desde a Antiguidade. O primeiro registro conhe-
cido sobre a noção de direitos humanos é o Cilindro de Ciro, peça de argila contendo 
os princípios de Ciro, rei da antiga Pérsia. Ao conquistar a cidade da Babilônia, no sécu-
lo VI a.C., ele libertou todos os escravos que habitavam a cidade e declarou a igualdade 
entre os povos que ali viviam. 
Nos séculos seguintes, a ideia de direitos humanos se estendeu para outros lugares 
do mundo, como Índia e Roma, mas só se disseminou de fato a partir das grandes re-
voluções ocorridas na Europa e nos Estados Unidos no decorrer dos séculos XVII e XVIII 
(Revoluções Inglesas, Revolução Americana e Revolução Francesa). Até o século XX, 
esses direitos ainda tinham um caráter bastante restrito e expressavam os interesses das 
elites econômicas. Em geral, o direito humano fundamental afirmado pelos documentos 
que selaram os processos revolucionários era o de o cidadão escolher e fiscalizar seus 
governantes e de se rebelar contra um governo opressor. 
A concepção de que os homens nascem livres e iguais 
esteve na base das críticas feitas às instituições do Antigo 
Regime na França revolucionária em 1789. Na gravura 
francesa, datada do século XVIII, a Razão, a Igualdade e 
a Liberdade são representadas por imagens femininas. 
A figura à direita leva aos braços a tábua onde estão 
gravados os Direitos Humanos e a Constituição francesa.
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