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Prévia do material em texto

1
HUMANIDADE, 
CIÊNCIAS SOCIAIS 
E CIDADANIA
Prof. Me. Giovane Silva Balbino
2
HUMANIDADE, CIÊNCIAS 
SOCIAIS E CIDADANIA
PROF. ME. GIOVANE SILVA BALBINO
3
 Diretor Geral: Prof. Esp. Valdir Henrique Valério
 Diretor Executivo: Prof. Dr. William José Ferreira
 Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Profa Esp. Cristiane Lelis dos Santos
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Profa. Esp. Gilvânia Barcelos Dias Teixeira
 Revisão Gramatical e Ortográfica: Profa. Esp. Izabel Cristina da Costa
 Profa. Esp. Imperatriz Matos
 Revisão técnica: Profa. Ph.D Fabiana Grecco
 
 Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luíza Mendes Leite 
 Fernanada Cristine Barbosa
 Prof. Esp. Guilherme Prado 
 
 Design: Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Maria Eliza P. Campos 
© 2021, Faculdade Única.
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-
ção escrita do Editor.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
4
HUMANIDADE, CIÊNCIAS 
SOCIAIS E CIDADANIA
1° edição
5
 Em 2013 iniciou a Graduação no curso de 
Licenciatura Plena em História na Universidade 
do Vale do Sapucaí (UNIVÁS) em Pouso Alegre/
MG, concluído em 2016. No ano seguinte ini-
ciou a pós-graduação Lato Senso em História, 
Educação e Socieda de (2017) pela Universida-
de do Vale do Sapucaí (UNIVÁS), concluído em 
setembro de 2018. Em 2018 ingressou no Mes-
trado no Programa de Pós-Graduação em Edu-
cação na Universidade Estadual de Campinas 
(Campinas - SP), sendo Bolsista CNPq e vincu-
lado ao Grupo de pesquisa: GEPEDISC, Linha 10 
Trabalho e Educação. Mestrado concluído em 
novembro de 2020. Atualmente é Doutorando 
em Educação - USP, na Área de Concentração 
"Cultura, Filosofia e História da Educação" e na 
linha de pesquisa "História da Educação e His-
toriografia", sob a orientação do Prof. Dr. Bruno 
Bontempi Junior. Bolsista CAPES - Número do 
Processo: 88887.654015/2021-00 Tem experiên-
cia na área de História, com ênfase em História 
e Geografia, atuando principalmente nos se-
guintes temas: Estado, Igreja Católica, Trabalho, 
Educação, Assistencialismo e Cidade. Integran-
te do Grupo de Pesquisa Dimensões do Regi-
me Vargas e seus desdobramentos, junto a Uni-
versidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
GIOVANE SILVA BALBINO
Para saber mais sobre a autora desta obra e suas quali-
ficações, acesse seu Curriculo Lattes pelo link :
http://lattes.cnpq.br/1270077742510528
Ou aponte uma câmera para o QRCODE ao lado.
6
LEGENDA DE
Ícones
Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas 
quais você precisa ficar atento.
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do 
conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones 
ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado 
trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a 
seguir:
São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca 
virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, 
associando-os a suas ações.
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos 
conteúdos abordados no livro.
Apresentação dos significados de um determinado termo ou 
palavras mostradas no decorrer do livro.
 
 
 
FIQUE ATENTO
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VAMOS PENSAR?
FIXANDO O CONTEÚDO
GLOSSÁRIO
7
UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
UNIDADE 4
SUMÁRIO
1.1 Introdução ..........................................................................................................................................................................................................................................................................................10
1.2 A Cidadania Ao Longo Da História ....................................................................................................................................................................................................................................10
1.3 A Cidadania Em Tempos De Crises ....................................................................................................................................................................................................................................11
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................................................................................................................................................................................................16
2.1 Características Das Normas Jurídicas ............................................................................................................................................................................................................................20
2.2 A Cidadania No Brasil Colônia E Monárquico ..........................................................................................................................................................................................................20
2.3 Os Aspectos Da Cidadania Na República Brasileira ...........................................................................................................................................................................................23 
2.4 A Cidadania Na Ditadura Militar E Na Constituição De 1988 ......................................................................................................................................................................25
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................28
3.1 Introdução .........................................................................................................................................................................................................................................................................................32
3.2 O Que São Os Direitos Humanos? ...................................................................................................................................................................................................................................32
3.3 Os Direitos Humanos Ao Longo Da História .............................................................................................................................................................................................................33
3.4 Os Direitos Humanos Nos Dias Atuais .........................................................................................................................................................................................................................34
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................37
CIDADANIA
CIDADANIA NO BRASIL
DIREITOS HUMANOS
4.1 Introdução .........................................................................................................................................................................................................................................................................................41
4.2 A Consolidação Dos Direitos Humanosem nossa sociedade, pois ainda se mantém traços de preconceitos 
raciais, sociais, além de gênero e religiosa em todas as esferas sociais.
Indicamos o vídeo abaixo organizado pela Organização das Nações Unidade, 
acerca dos “Direitos Humanos” e seus principais líderes. Disponível em: https://bit.
ly/3zr3ctP. Acesso em: 16 jun. 2021. 
BUSQUE POR MAIS
37
FIXANDO O CONTEÚDO
1. (ENEM 2017 – Adaptada) Após a Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU, 
em 1948, a Unesco publicou estudos de cientistas de todo o mundo que desqualificaram 
as doutrinas racistas e demonstraram a unidade do gênero humano. Desde então, a 
maioria dos próprios cientistas europeus passou a reconhecer o caráter discriminatório da 
pretensa superioridade racial do homem branco e a condenar as aberrações cometidas 
em seu nome.
SILVEIRA, R. Os selvagens e a massa: papel do racismo científico na montagem da 
hegemonia ocidental. Afro-Ásia, n. 23, 1999 (adaptado).
A posição assumida pela Unesco, a partir de 1948, foi motivada por acontecimentos 
então recentes, dentre os quais se destacava o (a):
a) Ataque feito pelos japoneses à base militar americana de Pearl Harbor.
b) Desencadeamento da Guerra Fria e de novas rivalidades entre nações.
c) Morte de milhões de soldados nos combates da Segunda Guerra Mundial.
d) Execução de judeus e eslavos presos em guetos e campos de concentração nazistas.
e) Lançamento de bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki pelas forças americanas.
2. (ENEM 2019 – Adaptada) A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e 
proclamada pela Assembleia Geral da ONU na Resolução 217-A, de 10 de dezembro de 
1948, foi um acontecimento histórico de grande relevância. Ao afirmar, pela primeira vez 
em escala planetária, o papel dos direitos humanos na convivência coletiva, pode ser 
considerada um evento inaugural de uma nova concepção de vida internacional.
LAFER, C. Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). In: MAGNOLI, D. (Org.). 
História da paz. São Paulo: Contexto, 2008.
A declaração citada no texto introduziu uma nova concepção nas relações internacionais 
ao possibilitar a
a) superação da soberania estatal.
b) defesa dos grupos vulneráveis.
c) redução da truculência belicista.
d) impunidade dos atos criminosos.
e) inibição dos choques civilizacionais.
3. (FUVEST 2018 – Adaptada) Leia o fragmento de texto abaixo.
[...] a Declaração Universal representa um fato novo na história, na medida em que, pela 
primeira vez, um sistema de princípios fundamentais da conduta humana foi livre e 
expressamente aceito, através de seus respectivos governos, pela maioria dos homens 
que vive na Terra. Com essa declaração, um sistema de valores é – pela primeira vez na 
história – universal, não em princípio, mas de fato, na medida em que o consenso sobre 
38
sua validade e sua capacidade de reger os destinos da comunidade futura de todos os 
homens foi explicitamente declarado. [...] Somente depois da Declaração Universal é que 
podemos ter a certeza histórica de que a humanidade – toda a humanidade – partilha 
alguns valores comuns; e podemos, finalmente, crer na universalidade dos valores, no 
único sentido em que tal crença é historicamente legítima, ou seja, no sentido em que 
universal significa não algo dado objetivamente, mas algo subjetivamente acolhido pelo 
universo dos homens.
N. Bobbio. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
A Declaração Universal mencionada no texto:
a) Foi instituída no processo da Revolução Francesa e norteou os movimentos feministas, 
sufragistas e operários no decorrer do século XIX.
b) Assemelhou-se ao universalismo cristão, que também resultou no estabelecimento 
de um conjunto de valores partilhado pela humanidade.
c) Desenvolveu-se com a inclusão de princípios universais pelos legisladores norte-
americanos e influenciou o abolicionismo nos Estados Unidos.
d) Foi aprovada pela Organização das Nações Unidas e serviu como referência para 
grupos que lutaram pelos direitos de negros, mulheres e homossexuais na década de 
1960.
e) Originou-se do jusnaturalismo moderno e consolidou-se com o movimento ilustrado 
e o despotismo esclarecido ao longo do século XVIII.
4. (ENEM 2009 – Adaptada) Na democracia estado-unidense, os cidadãos são incluídos 
na sociedade pelo exercício pleno dos direitos políticos e também pela ideia geral de 
direito de propriedade. Compete ao governo garantir que esse direito não seja violado. 
Como consequência, mesmo aqueles que possuem uma pequena propriedade sentem-
se cidadãos de pleno direito.
Na tradição política dos EUA, uma forma de incluir socialmente os cidadãos é:
a) Submeter o indivíduo à proteção do governo.
b) Hierarquizar os indivíduos segundo suas posses.
c) Estimular a formação de propriedades comunais.
d) Vincular democracia e possibilidades econômicas individuais.
e) Defender a obrigação de que todos os indivíduos tenham propriedades.
5. (VUNESP 2018) Considerando a evolução histórica dos direitos humanos, assinale a 
alternativa que indica corretamente as três gerações de direitos, na ordem histórica em 
que elas são classificadas pela doutrina.
a) Direitos da coletividade; direitos de solidariedade ou de fraternidade; e direitos e 
garantias individuais.
b) Direitos de liberdade positiva; direitos de liberdade negativa; e direitos de solidariedade 
ou de fraternidade.
c) Direitos civis e sociais; direitos de liberdades e garantias individuais; e direitos coletivos 
e transindividuais.
39
d) Direitos de liberdade negativa, civis e políticos; direitos econômicos, sociais e culturais; 
e direitos de fraternidade ou de solidariedade.
e) Direitos trabalhistas; direitos sociais; e direitos da democracia.
6. (VUNESP 2018) No tocante à temática dos direitos humanos, considerando seu 
surgimento e sua evolução histórica, assinale a alternativa que contempla correta e 
cronologicamente seus marcos históricos fundamentais.
a) O iluminismo, o constitucionalismo e o socialismo.
b) O cristianismo, o socialismo e o constitucionalismo.
c) A Magna Carta, a Constituição Alemã de Weimar e a Declaração de Independência 
dos Estados Unidos da América.
d) A Magna Carta, a queda da Bastilha na França e a criação da Organização das Nações 
Unidas.
e) O iluminismo, a Revolução Francesa e o fim da Segunda Guerra Mundial.
7. (VUNESP 2018) Em relação ao conceito, evolução histórica e dimensões dos Direitos 
Humanos, assinale a alternativa correta.
a) As Declarações americana (1776) e francesa (1789) são documentos relacionados aos 
direitos humanos de segunda geração ou dimensão.
b) as distinções apresentadas na doutrina entre as expressões direitos humanos e direitos 
fundamentais são focadas na ideia de que os direitos humanos são absolutos ao passo 
que os direitos fundamentais podem ser relativizados no caso concreto.
c) A expressão direitos humanos ou direitos do homem é reservada aos direitos 
relacionados com posições básicas das pessoas, inscritos em diplomas normativos de 
cada Estado. São direitos que vigem numa ordem jurídica concreta, sendo, por isso, 
garantidos e limitados no espaço e no tempo, pois são assegurados na medida em que 
cada Estado os consagra.
d) na visão majoritária da doutrina, a Declaração Universal dos Direitos Humanos não é 
um tratado internacional, no sentido formal, e, apesar de orientar as relações sociais no 
âmbito da proteção da dignidade da pessoa humana, não possui, em si, força vinculante.
e) os direitos humanos de quarta geração ou dimensão são os direitos difusos relacionados 
à sociedade atual, a exemplo do direito ambiental, frequentemente violados sob os mais 
diversos aspectos.
8. (VUNESP 2013) Assinale a alternativa que indica o movimento que tornou 
mundialmente conhecidos os ideais representativos dos direitos humanos reconhecidos 
e representados pela liberdade, igualdade e fraternidade.
a) Independência dos Estados Unidos da América.
b) Revolução Francesa.
c) Cristianismo.
d) Catolicismo.
e) Iluminismo.
40
DIREITOS 
HUMANOS 
NO BRASIL 
41
4.1INTRODUÇÃO
 Se na unidade anterior, olhamos a efetivação dos direitos humanos no contexto 
global, nesta unidade olharemos esses aspectos na sociedade brasileira, portanto, 
observaremos os componentes históricos de sua consolidação.
 A história do Brasil sempre esteve atrelada a falta de direitos da população e de 
privilégios de indivíduos. A construção dos direitos humanos ou de direitos civis e sociais 
em nossa sociedade aponta para os pequenos avanços desde a Independência em 1822. 
Durante o século XX obtivemos certos avanços e retrocessos sociais e civis.
 Já na reta final do século, a promulgação da Constituição Federal em 1988, 
reafirmou os direitos humanos no Brasil. É neste sentido, que analisaremos a efetivação 
dos direitos humanos na década de 1990 e durante as primeiras décadas do século XXI.
4.2 A CONSOLIDAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
 Os direitos humanos no Brasil têm como sua consolidação através de pequenas 
ações das Constituições brasileiras, portanto, é necessário ressaltar tais assuntos. Em 
1824, a promulgação da Constituição do Império Brasileiro, possuía traços autoritários, 
como por exemplo, a questão do Poder Moderador que concentrava o poder nas mãos 
do Imperador. Nessa constituição tivemos a inviolabilidade dos direitos civis e políticos, 
claro a favor das elites. 
 Após a queda da Monarquia e a Proclamação da República em 1889, tinha-se a ideia 
de que avançaríamos nos direitos sociais e políticos, porém as estruturas de privilégios 
se mantiveram e excluíram dos direitos políticos – direito ao voto – os mendigos, os 
analfabetos e os religiosos.
 Na Era Vargas (1930-1945), temos uma mistura de ascensão e perdas de direitos, 
no caso a criação dos direitos trabalhistas e perdas/cassação dos direitos políticos de 
adversário.
 Em síntese, podemos concluir que:
A promulgação da Constituição Federal de 1946, em ter-
mos jurídicos, retomou vários princípios, democráticos, 
que haviam sido negados pela Constituição de 1937, o 
que garantiu novamente os direitos individuais, elimi-
nando a censura e a pena de morte de suas linhas. Efeti-
vando a pluralidade partidária e a liberdade de impren-
sa, a Carta de 1946, enquanto uma obra de restauração 
do que havia se tentado efetivar com a Constituição 
de 1934, enfatizou a reconquista do sufrágio universal 
e o restabelecimento da inviolabilidade dos direitos re-
ferentes à vida, à liberdade, à segurança individual e à 
propriedade (SCHOLZ, 2017, p. 227).
 As observações do autor são válidas, pois nesses períodos que antecederam a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos e a criação da Organização das Nações 
Unidas (ONU), a sociedade brasileira esteve atrelada aos processos ditatoriais, tais como 
o Estado Novo (1937), além de falsas noções republicanas (1891).
 De fato, a sociedade brasileira adentrou em novo período histórico, denominado 
42
por Fausto (2018) de “experiência democrática”. Neste sentido, Sholz (2017, p. 227) explica 
que ocorreram novas configurações eleitorais e partidárias, neste breve período de 
abertura no país.
Os ares da democratização, que nomeiam, de modo 
historiográfico, o que se chama de “experiência demo-
crática” brasileira (1945-1964), atingiram também o me-
canismo da representação popular, com a emergência 
de procedimentos eleitorais, através de um sistema par-
tidário nacional e de uma nova legislação eleitoral e par-
tidária, que pela primeira vez estabeleceram partidos 
nacionais e de massas no cenário político do Brasil.
 É nesse período, que a legalidade ocorre e tivemos ascensão do Partido Comunista 
Brasileiro (PCB), possuindo como o seu principal porta-voz e prestígio de Luiz Carlos 
Prestes, na política interna e externa. Outro detalhe importante, é que nesse período 
também possibilitou que em “setembro [fosse] promulgada a nova constituição brasileira, 
que se afastava da Carta de 1937, optando pelo figurino liberal-democrático” (FAUSTO, 
2018, p. 220-221).
 O caráter democrático, aparentemente se tornou uma euforia neste princípio, mas 
essa forma mudou drasticamente com a cassação da legalidade do PCB em 1947 e os 
mandatos dos seus deputados eleitos.
 Durante a década de 1950, Getúlio retorna ao poder, busca efetivar algumas 
reformas e políticas impulsionada pelo nacionalismo, por mais que optava “cada vez 
mais por um discurso e por medidas que se chocavam com os interesses dos setores 
sociais conservadoras” (FAUSTO, 2018, p. 230).
 Durante o governo de Juscelino Kubitschek, o nacionalismo desenvolvimentista foi 
promovido como essencial, pois “foram anos de otimismo, embalados por altos índices 
de crescimento econômico, pelo sonho realizado da construção de Brasília” (FAUSTO, 
2018, p. 231).
 Após o Governo de Juscelino Kubitschek, foi o governo de João Goulart que buscou 
olhar mais para a população, no entanto, sua política social e de direitos estavam com os 
dias contados. 
O que você pensa dos Direitos Humanos?
VAMOS PENSAR?
4.3 OS DIREITOS HUMANOS FRENTE AOS REGIMES DITATORIAIS
 Em 1964, é marco do regresso dos direitos humanos, políticos e sociais na sociedade 
brasileira. A implantação da Ditadura Civil Militar estava atrelada ao período histórico da 
Guerra Fria, entre os blocos capitalistas e comunistas.
A Constituição de 1967, em plena Ditadura, trouxe inúmeros retrocessos, como 
43
por exemplo, a falta de liberdade de expressão, de direitos civis e políticos e foram 
decretadas pelos Atos Institucionais. Entre os piores Atos Institucionais estão o AI-5, 
que trouxe recuperou todos os poderes do presidente estabelecidos pelo AI-2, ampliou 
arbitrariedades, dando ao governo a prerrogativa de confiscar bens, suspendeu habeas 
corpus, se tratando de crimes políticos contra a segurança nacional, a ordem econômica 
e social e a economia popular.
 E os retrocessos, nesse período, continuaram, tais como: redução da idade 
mínima para o trabalho (12 anos); as restrições ao direito de greve; o fim da proibição 
de diferença de salários (idade e nacionalidade); a restrição da liberdade de expressão; 
além dos retrocessos nas esferas dos chamados direitos sociais e políticos. Infelizmente, 
nesse período tivemos inúmeros casos de corrupções e casos de tortura e assassinatos 
políticos.
 Mas a Constituição de 1969 somente começou a vigorar em 1978, após a queda 
do AI-5 e foi nesse período, no governo de João Figueiredo, que começou os indícios da 
redemocratização do país. Ocorre os movimentos em prol da Anistia, pelas “Diretas Já”, 
portanto, a abertura política possibilitou o retorno dos direitos civis e políticos.
Em 1985, é eleito Tancredo Neves (faleceu um dia antes de assumir o poder) e assume o 
seu vice, José Sarney, ambos foram eleitos indiretamente.
 Para compreender melhor este período histórico, indicaremos a obra de Marcos 
Napolitano, o autor buscou analisar o período da Ditadura Civil Militar, em todo o seu 
contexto.
A obra de Napolitano (2014), “1964: História do Regime Militar Brasileiro”, abran-
ge o contexto cultural e social entre 1964 a 1968, a e os movimentos sociais con-
tra o Estado que aconteceram durante esse período. Disponível em: https://bit.
ly/3wWrQki. Acesso em: 18 jun. 2021.
BUSQUE POR MAIS
4.4 OS DIREITOS HUMANOS APÓS A DITADURA CIVIL-MILITAR
 Com o fim da Ditadura, tivemos a “redemocratização” política do Brasil e logo em 
seguida, ocorre a promulgação da Constituição Federal de 1988, que visou mudanças 
essenciais na sociedade brasileira, além de buscar a proteção, mesmo que tardiamente, 
os direitos humanos.
 A partir das orientações de Draibe (2003), trouxe uma noção do papel da Constituição 
na formulação das ações sociais e dos deveres do Estado, frente a sociedade brasileira.
A Constituição de 1988 consagrou os novos princípios de 
reestruturação do sistema de políticas sociais, segundo 
as orientações valorativas então hegemônicas: o direito 
social como fundamento da política; o comprometimen-
to do Estado com o sistema, projetando um acentuado 
grau de provisão estatal pública e o papel complemen-tar do setor privado; a concepção da seguridade social 
(e não de seguro) como forma mais abrangente de pro-
44
teção e, no plano organizacional, a descentralização e a 
participação social como diretrizes do reordenamento 
institucional do sistema (DRAIBE, 2003, p. 69).
 Assegurar direitos sociais para a população, além de ofertar o básico é reforçar 
o papel dos Direitos Humanos em sua essência: “Art. 4º - II - prevalência dos direitos 
humanos” (BRASIL, 1988). Outro detalhe, é a questão da dignidade em seu preâmbulo:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di-
reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade (BRASIL, 1988).
 Além de tudo, reforça uma base importante nos direitos humanos, que somos todos 
iguais. A Constituição Federal foi importante nesse sentindo, afirmou direitos sociais e 
políticos, expandiu a liberdade de expressão para todos e todas, neste sentindo, houve 
uma espécie de “redefinição do Estado brasileiro”, bem como os direitos fundamentais, 
que estão presentes no Artigo 6:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimen-
tação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a se-
gurança, a previdência social, a proteção à maternidade 
e à infância, a assistência aos desamparados, na forma 
desta Constituição (BRASIL, 1988). 
Constituição: é a lei maior, a lei fundamental e suprema de um Estado.
FIQUE ATENTO
 Assegurar as bases fundamentais, tais como educação, saúde são essenciais 
para o desenvolvimento da nação. Neste sentido, a Constituição pensada e idealizada 
propunha, primeiramente, a expansão dos direitos do Estado Democrático de Direito.
 Segundo Engelmann e Madeira (2015, p. 627):
Apesar de a Constituição Federal de 1988 afirmar-se 
no marco legal originário para tal processo, é em 1996, 
com a edição do I Plano Nacional de Direitos Humanos 
(PNDH), e no ano seguinte, com a criação da Secretaria 
Nacional de Direitos Humanos no Ministério da Justiça, 
durante o primeiro mandato do Presidente Fernando 
Henrique Cardoso, que a temática assume, efetivamen-
te, relevância como “assunto de Estado”.
 Na década de 1990, o Programa Nacional de Direitos Humanos é visto como 
importante no desenvolvimento dos direitos humanos na sociedade brasileira, portanto, 
mas nesse contexto, ainda precisava ter um avanço na compreensão dos direitos 
humanos, pois segundo esse plano era visto como um “assunto de Estado”.
45
 Após a redemocratização, é evidente que os governos buscaram incorporar os 
direitos humanos em suas políticas públicas, neste sentido, Adorno (2010, p. 09) explica 
com detalhes:
A bem da verdade, os governos civis pós-redemocrati-
zação deram início à incorporação de direitos humanos 
nas políticas governamentais. Todavia, foi no governo 
FHC que o tema entrou definitivamente para a agenda 
política nacional, em parte graças a uma conjuntura in-
ternacional favorável, em parte devido à presença mais 
destacada no governo de lideranças reconhecidas e 
identificadas com direitos humanos, como os ministros 
José Gregori e Paulo Sérgio Pinheiro. Ainda assim, é bom 
lembrar, não se pode dizer que a composição de forças 
e alianças de sustentação do governo FHC fosse intei-
ramente simpática à agenda, sobretudo quando em 
pauta estavam iniciativas que visassem exercer férreo 
controle civil sobre as forças policiais militares, ou que 
pretendessem reparação diante das graves violações de 
direitos humanos ocorridas no curso da ditadura militar.
 O governo de Fernando Henrique Cardoso tivemos a ascensão de direitos básicos 
assegurados na Constituição de 1988, mas é neste período que ocorre a “reforma do 
Estado”, sendo uma política pautada, no “processo de criação ou de transformação de 
instituições, de forma a aumentar a governança e a governabilidade. A privatização é um 
processo de transformar uma empresa estatal em privada” (PEREIRA, 1998 , p. 61).
 Indicamos a obra de Leonardo Valles Bento que aprofundou no tema da governança 
e da governabilidade na reforma do Estado.
O livro de Bento (2003), “Governança e governabilidade na reforma do Estado: 
entre eficiência e democratização” aprofunda questõessobre as reformas admi-
nistrativas, cultura, hábito e valores do serviço público, bem como a definição de 
uma “Nova Administração Pública”. Disponível em: https://bit.ly/2TwlYk8. Acesso 
em: 19 jun. 2021. 1.
BUSQUE POR MAIS
 Durante a década de 1990, os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso 
buscou fortemente organizar as demandas solicitadas pela Constituição, assim sendo, 
a educação, saúde, previdência social, direitos trabalhistas e sócias foram fortemente 
debatidos, pois a “última década do século XX marcou a reconciliação do Brasil com o 
sistema internacional de proteção aos direitos humanos” (GONZÁLEZ, 2010, p. 111).
 Outro importante detalhe é a efetivação dos direitos humanos e civis, a partir de 
2003, pois segundo Engelmann e Madeira (2015, p. 629):
Com a ascensão de Luís Inácio Lula da Silva e do PT ao 
governo, inicia uma nova fase no processo de institu-
46
cionalização dos direitos humanos no Brasil. Se, por um 
lado, há continuidades apontadas pela manutenção 
da preocupação em implementar direitos e garantias 
previstas constitucionalmente, por outro, percebem-se 
mudanças na expansão dos direitos a serem protegidos 
a partir da elaboração do III Plano Nacional de Direitos 
Humanos, como exposto mais adiante. Outro fator que 
chama a atenção é a alteração do perfil dos dirigentes 
em postos-chave nas burocracias relacionadas à causa, 
que deixam de ser originários das áreas jurídicas, assu-
mindo perfis com diferentes formações, cuja caracterís-
tica unificadora é a militância política vinculada ao Par-
tido dos Trabalhadores (PT).
 O século XXI, é marcado neste início, a efetivação dos valores dos direitos humanos 
em nossa sociedade, apesar de que, necessitamos avançar em pautas, principalmente, 
com ascensão do conservadorismo nesses últimos anos. Falar que os diretos humanos 
defendem, sobretudo, bandidos, é ignorar a verdadeira essência da humanidade que os 
direitos dos homens e dos cidadãos ganharam ao longo dos séculos.
 De acordo com Gonzáles (2010, p. 117), nos governos de Lula (2003-2010), suas 
ações estavam concentradas no “combate à pobreza extrema, com políticas sociais de 
combate à fome e distribuição de renda. Seus símbolos são os Programas Fome Zero 
e Bolsa Família”. Mas a política pública também estava “direcionada atenção a grupos 
sociais específicos, como os negros e as mulheres” (GONZÁLEZ, 2010, p. 117).
 Neste sentido, podemos imaginar que a efetivação dos direitos humanos e sociais, 
no entanto, também obtivemos uma tentativa da Secretaria Especial dos Direitos 
Humanos (SEDH) de indenizar as vítimas e familiares da Ditadura Civil Militar. Isso fez 
ocorrer reclamações, “oriundo de segmentos militares, se referiu a ações relacionadas ao 
eixo orientador Direito à Memória e à Verdade, que se trata principalmente a violações 
ocorridas durante a ditadura militar de 1964 a 1985” (Ibidem, p. 125).
 Também se construiu nesse período, as políticas públicas para o maior acesso 
da população aos níveis educacionais (fundamental, médio e superior), ou seja, foi um 
período profícuo da história brasileira, o crescimento econômico e social é evidente 
quando olhamos os balanços dessa época.
47
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Dos direitos e deveres individuais e coletivos:
“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, 
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]”
ALVES, Alexandra; OLIVEIRA, Letícia Fagundes de. Conexões com a História. v. 3. São Paulo: Moderna, 2010, p. 272.
Sobre os trechos apresentados e sobre a construção/constituição dos Direitos Humanos, 
é correto afirmar que:
a) Emboradefenda a ideia de igualdade entre os estadunidenses, a Constituição do país 
manteve em vigor a escravidão, que só seria abolida na década de 1860.
b) A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, redigida no contexto da 
Revolução Francesa (1789-1799), foi inspirada em princípios liberais e iluministas e tornou 
constitucional o direito à cidadania de todos os franceses, sem distinção de gênero, raça 
ou condição social.
c) Constituição brasileira de 1988, promulgada em plena ditadura civil-militar, foi uma 
tentativa do governo brasileiro de reduzir as pressões do Conselho dos Direitos Humanos 
da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo restabelecimento da democracia no país.
d) O lema “liberdade, igualdade e fraternidade”, disseminado pelos revolucionários 
franceses, também foi incorporado na política externa, como no apoio do governo da 
França ao processo de independência da colônia de Santo Domingo (Haiti).
e) Constituição brasileira de 1988 reconheceu e assegurou aos remanescentes de 
quilombos o direito às terras tradicionalmente ocupadas.
2. Após a Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU, em 1948, a Unesco 
publicou estudos de cientistas de todo o mundo que desqualificaram as doutrinas 
racistas e demonstraram a unidade do gênero humano. Desde então, a maioria dos 
próprios cientistas europeus passou a reconhecer o caráter discriminatório da pretensa 
superioridade racial do homem branco e a condenar as aberrações cometidas em seu 
nome.
SILVEIRA, R. Os selvagens e a massa: papel do racismo cientifico na montagem da 
hegemonia ocidental. Afro-Ásia, n. 23, 1999 (adaptado).
A posição assumida pela Unesco, a partir de 1948, foi motivada por acontecimentos 
então recentes, dentre os quais se destacava o(a)
a) ataque feito pelos japoneses à base militar americana de Peral Harbor.
b) desencadeamento da Guerra Fria e de novas rivalidades entre nações.
c) morte de milhões de soldados nos combates da Segunda Guerra Mundial.
d) execução de Judeus e Eslavos presos em guetos e campos de concentração nazistas.
e) lançamento de bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki pelas forças norte-
48
americanas.
3. Os direitos e garantias, enumerados na Constituição, não excluem outros decorrentes 
do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a 
República Federativa do Brasil seja parte. 
Leia e analise as assertivas abaixo: 
I. A Constituição atribuiu aos direitos internacionais uma natureza especial e 
diferenciada, qual seja, a natureza de norma constitucional. 
II. Os direitos enunciados nos tratados de direitos humanos, de que o Brasil é parte, 
integram o elenco dos direitos constitucionalmente consagrados. 
III. A interpretação sistemática do texto constitucional exige que a dignidade da pessoa 
seja o parâmetro orientador para a compreensão do fenômeno constitucional. 
Marque a opção CORRETA.
a) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
b) As assertivas I, II e III estão incorretas.
c) As assertivas I, II e III estão corretas.
d) Apenas as assertivas II e III estão corretas.
e) Nenhuma dessas alternativas.
4. (FUMARC – 2011) A Constituição brasileira de 1988 simboliza o marco jurídico da 
transição democrática e da institucionalização dos direitos humanos no Brasil. O texto 
de 1988 empresta aos direitos e garantias ênfase extraordinária, destacando-se como 
documento mais avançado, abrangente e pormenorizado sobre a matéria na história do 
País. 
Leia e analise as assertivas abaixo: 
I. Ao romper com a sistemática das Constituições anteriores, a Constituição de 1988, 
ineditamente, consagra o primado do respeito aos direitos humanos, abrindo a ordem 
jurídica interna ao sistema de proteção internacional desses direitos. 
II. As relevantes transformações internas, decorrentes do processo de democratização, 
permitiram que os direitos humanos se convertessem em tema fundamental na 
agenda internacional do País, a partir de então.
III. No plano das relações internacionais, tem-se de observar que não houve inovações na 
Constituição de 1988, pois a mesma reproduz ainda, no texto, a antiga preocupação 
vivida no Império com a dependência nacional e a não intervenção. 
a) Apenas as assertivas I e III estão corretas.
b) Somente a assertiva III está incorreta.
c) Apenas as assertivas II e III estão corretas.
d) As assertivas I, II e III estão corretas.
e) Nenhuma dessas alternativas.
49
5. (FCC – 2013) Em relação à incorporação dos tratados internacionais de proteção aos 
direitos humanos ao direito brasileiro é correto afirmar:
a) Para que produzam efeito de emenda constitucional, deverão ser aprovados, em cada 
uma das Casas do Congresso Nacional, em dois turnos de votação, por três quintos dos 
votos dos respectivos membros.
b) O Decreto Legislativo de aprovação somente produzirá efeito após a sanção do 
Presidente da República.
c) Têm aplicação imediata e não necessitam de aprovação do Congresso Nacional por 
tratarem de direitos e garantias fundamentais.
d) Deverão ser celebrados privativamente pelo Presidente da República.
e) Não produzem efeito de norma constitucional, mas somente de norma supralegal, 
em razão da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 
6. (VUNESP 2013) Leia o fragmento de texto abaixo.
“Princípio [...] que se reveste de autoaplicabilidade, não é – enquanto postulado 
fundamental de nossa ordem político- -jurídica – suscetível de regulamentação 
ou de complementação normativa. Esse princípio – cuja observância vincula, 
incondicionalmente, todas as manifestações do Poder Público – deve ser considerado, 
em sua precípua função de obstar discriminações e de extinguir privilégios [...]”
STF – MI n. 58-DF – Pleno – Rel. Min. Celso de Mello
O excerto de julgado acima reproduzido trata de um princípio intimamente relacionado 
com os direitos humanos e que é explicitamente protegido em nossa Constituição 
Federal, denominado expressamente de princípio da
a) Moralidade.
b) Isonomia.
c) Legalidade.
d) Segurança jurídica.
e) Lealdade
7. (FCC – 2013) O art. 5º. da Constituição da República Federativa do Brasil estabelece 
que, dentre outros, são direitos e garantias fundamentais individuais:
a) a liberdade de consciência e de crença.
b) a educação e a saúde.
c) o trabalho e a liberdade de culto.
d) Oolazer e a previdência social.
e) a pluralidade racial e a proteção contra todas as formas de discriminação.
8. (FGV – 2011) As Constituições brasileiras se mostraram com avanços e retrocessos em 
relação aos direitos humanos. A esse respeito assinale a alternativa correta.
a) A Constituição de 1946 apresentou diversos retrocessos em relação aos direitos 
50
humanos, principalmente no tocante aos direitos sociais.
b) A Constituição de 1967 consolidou arbitrariedades decretadas nos Atos Institucionais, 
caracterizando diversos retrocessos em relação aos direitos humanos.
c) A Constituição de 1934 se revelou retrógrada ao ignorar normas de proteção social ao 
trabalhador.
d) A Constituição de 1969, mesmo incorporando as medidas dos Atos Institucionais, se 
revelou mais atenta aos direitos humanos que a Constituição de 1967.
51
AS RELAÇÕES 
ÉTNICAS 
RACIAIS – NEGRAS 
E INDÍGENAS
52
5.1 INTRODUÇÃO
 Para Nelson Mandela, líder da luta antirracista na África do Sul: "Ninguém nasce 
odiando uma pessoa por sua cor de pele ou religião. As pessoas são ensinadas a odiar. E 
se elas aprendem a odiar, elas podem ser ensinadas a amar". Nesse sentido, as relações 
sociais estão em constante movimento em nossa sociedade, portanto, o objetivo dessa 
unidade é compreender as relações étnicas raciais no âmbito da sociedade brasileira, 
buscando fazer uma reflexão com a história africana e dos povos originários do Brasil.
 É necessário criarmos uma educação e uma sociedade livre do preconceito racial 
e étnico, portando, debater esses temas sempre nos levam a dois pontos importantes: 
(i) evidenciar as lutas de personalidades contra o racismo ou de qualquer outro tipo de 
preconceito e (ii) criticar aqueles que negam aexistência desse ato em nossa sociedade.
 Debateremos no primeiro momento a história da África através de uma perspectiva 
descolonial, no segundo momento, problematizaremos a questão do Mito da Democracia 
Racial e no terceiro momento, analisaremos a presença dos povos originários na história 
do Brasil.
5.2 HISTÓRIA DA ÁFRICA EM UMA PERSPECTIVA DESCOLONIAL
 Quando pensamos em África geralmente o que nos vem à mente é a pobreza, as 
epidemias ou os documentários sobre sua natureza exuberante. Esse é o olhar de quem 
enxerga a África de longe, que não se preocupa em buscar aprofundamento sobre a 
História deste rico continente.
 Estudar a África partindo da escravidão é negar toda uma trajetória de milhares de 
anos, de milhares de povos que ao longo do tempo viveram neste continente. É apagar 
a própria história da humanidade, considerando que as principais pesquisas sobre o 
surgimento do Homo sapiens indicam seu nascimento neste continente.
 A África antiga é repleta de civilizações que mudaram os caminhos da humanidade 
de forma geral, como os egípcios com seus avanços medicinais, suas incríveis obras 
de engenharia e arquitetura e suas práticas de sobrevivência em território árido, até 
porque, muitas pessoas esquecem que a Civilização Egípcia está localizada no norte do 
continente africano.
 A riqueza do reino de Gana ou de Mansa Musa e o império de Gana contrastam 
com a cena de miséria que vemos hoje naquele continente. É nesse sentido que as 
relações étnicas raciais estão inseridas em nossa sociedade, a civilização africana de 
forma geral está atrelada também aos conflitos de suas “tribos”, mas também a riqueza 
de sua diversidade.
 Diversidade essa que se encontra nas inúmeras tribos presentes em todo 
continente africano, registra-se hoje aproximadamente 492 tribos, além de uma 
diversidade linguística.
De que modo o conhecimento sobre ancestralidade africana pode contribuir para o en-
frentamento ao racismo? Estabeleça uma relação entre oralidade africana e musicalida-
VAMOS PENSAR?
53
de afro-brasileira, observando continuidades e permanências, reconfigurações, mudan-
ças sociais e culturais.
 Para compreender mais sobre os reinos da África, indicamos abaixo documentários 
produzidos em 2012 pela BBC, chamada de Série: Os reinos perdidos da África. Esses 
documentários são essenciais para compreendermos os aspectos culturais, sociais, 
políticas, econômicas e históricos de cada reino.
Assista o primeiro volume do documentário “Os reinos perdidos da África” de Gus 
Casely Hayford e está disponível em: 
• Nubia, volume I: https://bit.ly/3kHU9R2. Acesso em: 19 jun. 2021. 
• Etiópia, volume II: https://bit.ly/2V0xbd8. Acesso em: 19 jun. 2021.
• Grande Zimbabwe, volume III: https://bit.ly/3kN8w6J. Acesso em: 19 jun. 2021.
• Reino Bérbere do Marrocos, volume IV: https://bit.ly/3ivTYpb. Acesso em: 19 
jun. 2021. 
• África ocidental, volume V: https://bit.ly/3BtA9Y8. Acesso em: 19 jun. 2021. 
• Reino de Asante: https://bit.ly/3kFbY39. Acesso em: 19 jun. 2021.
BUSQUE POR MAIS
 A construção da África pós-colonialismo, se demonstrou através de suas lutas de 
independência, até porque o “pensamento pós-colonial articula-se na perspectiva de 
demonstrar as dessemelhanças antagônicas existentes entre colonizador e colonizado, 
denunciando essa discrepância como um projeto de domínio e opressão” (REIS; 
ANDRADE, 2018, p. 03).
 A dominação das nações europeias deixaram cicatrizes no continente, pois 
a exploração econômica e a opressão deram em troca, a miséria e as desigualdades 
54
5.3 O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL NO BRASIL
 Neste tópico analisaremos as questões étnicas raciais em nossa sociedade, 
pautaremos a questão do “Mito da Democracia Racial”, termo alcunhado em nossa 
história. Este termo é utilizado para desmitificar a existência do preconceito racial, 
“significa um sistema racial desprovido de qualquer barreira legal ou institucional 
para a igualdade racial, e, em certa medida, um sistema racial desprovido de qualquer 
manifestação de preconceito ou discriminação” (DOMINGUES, 2005, p. 116).
É importante refletir sobre a desconstrução dessa ideia de democracia racial, afinal, democracia se-
ria a igualdade e de acordo com as pesquisas ainda estamos longe de atingir essa meta.
FIQUE ATENTO
 A partir da obra de Gilberto Freire, Casa Grande, Senzala, criou-se uma ideia de um 
povo único, surgido do encontro de 3 raças, o homem branco (Europeu, o negro (Africano) 
e o índio (Nativo), essa mistura resultaria no brasileiro. Essa ideia foi tão enraizada na 
cultura brasileira que ainda hoje é possível perceber sua presença em falas como, "todos 
temos sangue negro", ou similares.
 Utilizamos a palavra mito para demonstrar que essa ideia é irreal, está no campo 
da imaginação, já que na realidade o que enxergamos no Brasil é uma sociedade 
marcada pela divisão racial, por projetos “eugenistas”, no começo do século XX, e por 
um apagamento da memória negra e indígena no Brasil, prevalecendo assim a história 
contada a partir do olhar do colonizador.
 Portanto essa ideia de um brasileiro formado pelo encontro das "raças" nasce da 
necessidade do Estado em unificar a nação, precisando para tanto, identificar elementos 
para construir seu ideal de nacionalidade, nos tempos da efetivação do período 
republicano.
Nesse processo de formação dos Estados é que reside a 
importância da nacionalidade enquanto narrativa acer-
ca de laços culturais, orgânicos e característicos de um 
determinado povo, que se assenta sobre um determi-
nado território e é governado por um poder centraliza-
do. Não por acaso, a referência aos Estados modernos é 
acompanhada do adjetivo nacional. A ideologia nacio-
nalista é central para a construção de um discurso em 
torno da unidade do Estado a partir de um imaginário 
que remonte a uma origem ou identidade comuns (AL-
MEIDA, 2018, p. 76).
 A ideia era de apagar a memória dos povos colonizados e escravizados, tentando 
moldar uma identidade nacional que mascarasse o racismo estrutural da sociedade 
brasileira. Diante desses aspectos, indicamos a leitura abaixo, a obra escrita por Kabengele. 
Munanga, retrata e discute a mestiçagem no Brasil, sendo assim muito importante para 
a compreensão desse tópico que acabamos de apresentar.
55
5.4 POVOS ORIGINÁRIOS DO BRASIL
 Erroneamente intitulados como índios, os povos originários do Brasil são 
marcados pela diversidade de etnias, idiomas, crenças e práticas culturais. No processo 
de colonização criou-se a ideia do "índio" no singular e carregado de pré-conceitos e de 
representações que mascaravam a profundidade das reflexões destes diferentes povos 
em sua relação com a natureza e com outros povos.
 É importante refletirmos que desde de 1500 a população nativa do Brasil tem 
sofrido decréscimo, seja pelas mortes causadas pelas epidemias, ou pelos constantes 
assassinatos, lutas por território, mudanças drásticas em seu ambiente e outras questões 
que dificultaram a vida destes povos levando muitas a extinção.
 São conhecidas mais de 270 línguas indígenas nesse território ainda vivas e mais de 
300 etnias. Estes povos têm lutado para defender seus territórios, manter sua identidade 
e sobreviver em meio a tantas ofensivas contra seus direitos.
 A partir dos meados do século XVI, os indígenas foram alvo de disputas, suas 
resistências culturais e sociais, pois não favoreceram a sua inserção na lógica escravagista. 
A escravidão indígena teve um empecilho, as ações da Igreja Católica e dos jesuítas, 
possibilitaram na proteção dos “aldeamento indígenas impôs limites à exploração pura 
e simples. A própria Coroa procurou estabelecer uma política menos discriminatória” 
(FAUSTO, 2018, p. 31). Porém a questão econômica favoreceu a passagem da escravidão 
indígena para a africana.
 Por mais que os povos originários conseguiram o aval da Coroa Portuguesa, no 
que se refere a escravidão, suas ações estavam longe de conseguir avanços de direitos 
sociais, nem mesmo na República, o indígena foi absorvidona cidadania e nos direitos, 
apesar de que esses instrumentos estavam restritos as classes dominantes.
 Sem dúvida nenhuma, foi na Constituição de 1988 que assegurou e garantiu o 
direito para os povos indígenas no Brasil. E ficou garantido no Artigo 231, que estabeleceu 
o seguinte:
São reconhecidos aos índios sua organização social, cos-
tumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originá-
rios sobre as terras que tradicionalmente ocupam, com-
petindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar 
todos os seus bens.
 Além disso, assegurou utilização das línguas e processos próprios de aprendizagem 
no ensino básico (artigo 210, § 2º). Mesmo possuindo os seus direitos garantidos 
constitucionalmente, os povos indígenas no Brasil têm sofrido constantes ameaças e 
perca de direitos, além de sofrer invasões em suas reservas garantidas por lei.
 Nas imagens a seguir, veremos as regiões, onde estão concentradas, boa parte 
da população indígena no território brasileiro. Cabe reforçar que tanto o Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística e a Fundação Nacional do Índio são órgãos estatais 
importantíssimas no acolhimento dessas informações e facilitam para nós pesquisadores 
termos noção de como ainda os indígenas sofrem no país.
56
Figura 1: Os povos indígenas no Brasil de acordo com o IBGE.
Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3znCZvU. Acesso em: 19 jun. 2021.
Figura 2: Dados da FUNAI.
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3hROyps. Acesso em: 19 jun. 2021.
 Nesse sentido, vemos que a região norte possuí a maior contingência indígena 
no país, 305.873 mil, sendo aproximadamente 37,4% do total. Mas a população indígena 
possuí direitos? Sim. Em 1993 é considerado o Ano Internacional dos Povos Indígenas e 
a ONU projeta adoção da “Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas”.
 A aprovação do projeto da Declaração, para os povos indígenas é visto como um 
objeto relevante para a Comunidade Internacional e do Direito Internacional. Além 
disso, esta preocupação, foi marcada pelas intensas pressões realizadas pelos povos 
e organizações indígenas, inclusive nos Fóruns da Organização das Nações Unidas. A 
Declaração pauta aspectos relevantes: os direitos culturais e étnicos coletivos; o direito à 
terra e aos recursos naturais; a manutenção das estruturas econômicas e os modos de 
vida tradicionais; o direito consuetudinário; e o direito coletivo à autonomia.
Decolonial: “diagnóstico e um prognóstico afastado e não reivindicado pelo mainstream 
do pós-colonialismo, envolvendo diversas dimensões relacionadas com a colonialidade 
do ser, saber e poder. Ainda que assuma a influência do pós-colonialismo, o Grupo Moder-
GLOSSÁRIO
57
nidade/Colonialidade recusa o pertencimento e a filiação a essa corrente” (BALLESTRIN, 
2013, p. 108).
 Indicamos a obra abaixo, pois ela analisa a história africana trazendo aspectos 
culturais, sociais e políticas.
A obra de Visentini, Ribeiro e Pereira (2014), “História da África e dos africanos”, está dispo-
nível através do link: https://bit.ly/2V0EQrU. Acesso em: 19 jun. 2021. O livro contextualiza o 
período da conquista europeia até o descolonismo, os Novos Estados, a marginalização e 
o “renascimento Africano”. O livro foi dedicado também a todos os estudantes africanos 
universitários que escolheram fazer faculdade no Brasil.
FIQUE ATENTO
58
FIXANDO O CONTEÚDO
1. (Enem/2014) Leia o texto abaixo.
Parecer CNE/CP nº 3/2004, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a 
Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira 
e Africana.
Procura-se oferecer uma resposta, entre outras, na área da educação, à demanda da 
população afrodescendente, no sentido de políticas de ações afirmativas. Propõe 
a divulgação e a produção de conhecimentos, a formação de atitudes, posturas que 
eduquem cidadãos orgulhosos de seu pertencimento étnico-racial — descendentes de 
africanos, povos indígenas, descendentes de europeus, de asiáticos — para interagirem 
na construção de uma nação democrática, em que todos igualmente tenham seus 
direitos garantidos.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Disponível em: www.semesp.org.br. Acesso em: 24 jun. 2020.
A orientação adotada por esse parecer fundamenta uma política pública e associa o 
princípio da inclusão social a
a) práticas de valorização identitária.
b) medidas de compensação econômica.
c) dispositivos de liberdade de expressão.
d) estratégias de qualificação profissional.
e) e instrumentos de modernização jurídica.
2. (UFSC – 2010) Leia o texto abaixo.
Os africanos foram trazidos do chamado continente negro para o Brasil em um fluxo 
de intensidade variável. Os cálculos sobre o número de pessoas transportadas como 
escravos variam muito. Estima-se que, entre 1550 e 1855, entraram pelos portos brasileiros 
4 milhões de escravos, na sua grande maioria jovens do sexo masculino.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo,1995. p. 51.
Sobre a escravidão no Brasil, é correto afirmar que:
a) Eram chamados quilombos os espaços determinados para alojar os escravos destinados 
ao comércio e foram fundamentais na estrutura produtiva dos engenhos de açúcar.
b) O dia da consciência negra celebra a assinatura da lei áurea no século xix, que 
proclamou a liberdade dos escravos.
c) Aos escravos só restava a rebeldia como forma de reação, a qual se manifestava através 
do assassinato de feitores, das fugas e até do suicídio. Não havia qualquer forma de 
negociação com vistas a melhores condições de vida por parte dos negros.
d) O quilombo dos palmares, organizado no interior do atual estado de alagoas, é 
considerado o mais importante do período colonial e foi liderado por zumbi.
e) Nenhuma dessas alternativas.
59
3. (ENEM – 2011) Faça a leitura do texto abaixo.
A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no currículo dos estabelecimentos de Ensino 
Fundamental e Médio, oficiais e particulares, a obrigatoriedade do ensino sobre História 
e Cultura Afro-Brasileira e determina que o conteúdo programático incluirá o estudo da 
História da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e 
o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro 
nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil, além de instituir, 
no calendário escolar, o dia 20 de novembro como data comemorativa do “Dia da 
Consciência Negra”.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2020 (adaptado).
A referida lei representa um avanço não só para a educação nacional, mas também para 
a sociedade brasileira, porque
a) legitima o ensino das ciências humanas nas escolas.
b) divulga conhecimentos para a população afro-brasileira.
c) reforça a concepção etnocêntrica sobre a África e sua cultura.
d) garante aos afrodescendentes a igualdade no acesso à educação.
e) impulsiona o reconhecimento da pluralidade étnico-racial do país.
4. (UNICENTRO) Realize a leitura do texto abaixo.
“Quando se menciona o trabalho escravo no Brasil, a primeira lembrança é a da escravidão 
negra. Realmente, foi ela a mais marcante, a mais longa e terrível; mas o trabalho escravo 
se inicia no Brasil com a escravidão indígena” 
Tomazi, Nelson Dácio (coordenador). Iniciação à Sociologia. São Paulo: Atual, 2000, p. 62.
Considerando a realidade estabelecida pela implantação do trabalho escravo dos negros 
africanos trazidos ao Brasil, assinale a alternativa incorreta.
 
a) As condições de vida dos escravos africanos eram terríveis, razão pela qual a média de 
vida útil deles não ultrapassava os quinze anos.
b) Os negros africanos reagiram à escravidão das mais diversas formas: através das 
fugas, dos quilombos, da luta armada, da preservação dos cultos religiosos, da dança, da 
música.
c) O negro é parte integrante da história brasileira, apesar dos muitos preconceitos que 
ainda persistem contra eles.
d) O Brasil figura entre os primeiros países latino-americanos a declararpor meio de 
muitas leis, até a promulgação da lei áurea, a libertação de seus escravos.
e) O fim do tráfico de escravos, no Brasil, ocorreu em meados do século XIX, quando 
começaram algumas experiências com a mão de obra assalariada de estrangeiros.
 
5. (FATEC) A escravidão indígena adotada no início da colonização do Brasil, foi 
progressivamente abandonada e substituída pela africana, entre outros motivos, devido
 
a) ao constante empenho do Papado na defesa dos índios contra os colonos.
60
b) há bem sucedida campanha dos jesuítas em favor dos índios.
c) há completa incapacidade dos índios para o trabalho.
d) aos grandes lucros proporcionados pelo tráfico negreiro aos capitais particulares e a 
coroa.
e) ao desejo manifestado pelos negros de emigrarem para o Brasil em busca de trabalho
 
6. (CPCON - 2017 - UEPB - Auxiliar Administrativo) Leia o texto abaixo.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) é 
uma entidade que procura destacar a contribuição dos diversos povos no mundo para 
a construção da civilização. O desafio, no entanto, é tentar trazer à luz “a compreensão 
sobre a origem dos conflitos, do preconceito, da discriminação e da segregação racial 
que assolam o mundo”.
 A UNESCO, entre outros fatores, assegura que a diversidade étnico-racial e cultural 
de um povo constitui a principal riqueza da sociedade que a compõe, especialmente 
quando promove a igualdade de direitos. Nessa perspectiva, ela afirma que a sociedade 
brasileira é constituída por diferentes grupos étnico-raciais que a caracterizam, em termos 
culturais, como uma das mais ricas do mundo. No entanto, sua história é marcada por 
desigualdades e discriminações, especificamente contra negros e indígenas, impedindo, 
desta forma, seu pleno desenvolvimento econômico, político e social.
 
Em relação à superação dos conflitos étnico-raciais no Brasil, podemos afirmar que:
a) É preciso fortalecer políticas sociais voltadas para eliminar as desigualdades históricas, 
que estratificam a sociedade brasileira com base na exclusão étnico-racial.
b) É fundamental que o estado assuma posição neutra para que o livre mercado possa 
absorver as competências com base no mérito e esforço individual de cada brasileiro.
c) É importante que haja mais condescendência nas relações étnico-raciais, com o 
firme propósito de ajudar os menos favorecidos a se manterem abastecidos em suas 
necessidades.
d) É necessário desmistificar a ideologia de conflito étnico-racial, pois o brasil, quando 
comparado a outros países, é o maior exemplo de miscigenação e democracia racial.
e) É impossível superar o conflito étnico-racial brasileiro, porque ele é constituinte do 
processo civilizatório que naturalizou a discriminação e o racismo como características 
intrínsecas a nossa cultura.
 
7. (CESGRANRIO - 2010 - Prefeitura de Salvador - BA - Professor - Ciências Sociais) 
Leia o texto para responder a pergunta corretamente.
A vida no lixão, a falta de saneamento básico e de moradia e a fome são dados de realidade 
relacionados à pobreza e à desigualdade social no Brasil. 
Na segunda metade do século XX, aliando-se a essas questões, ganha ênfase a temática 
da desigualdade racial. Ela mobilizou os grupos atingidos a buscar ações denominadas 
políticas públicas de afirmação. 
Como consequência dessa política, está a conquista dos afrodescendentes, representada 
61
pela (o): 
a) Desigualdade estabelecida entre brancos e negros nas oportunidades de trabalho.
b) Permanência do trabalho escravo, reduzido às áreas agropecuárias.
c) Transformação adotada devido à inovação tecnológica.
d) Sistema de cotas nas universidades em todo o território brasileiro.
e) Direito garantido em legislação aos cargos de chefia nas empresas transnacional.
 
8. Assinale as afirmativas corretas acerca das relações étnico-raciais no Brasil.
I. O Brasil é um exemplo de democracia racial para os outros países por ter propiciado, 
historicamente, políticas sociais no sentido de eliminar a desigualdade e a 
discriminação raciais. 
II. O sociólogo brasileiro Oracy Nogueira estabelece uma distinção entre preconceito 
racial no Brasil e nos Estados Unidos. Enquanto no Brasil predomina um racismo de 
marca, no qual a cor da pele é o principal fator de discriminação, nos Estados Unidos 
existe um racismo de origem, em que a herança racial é o fator que determina a 
segregação racial. 
III. Na atualidade, a categoria “raça” é utilizada nas ciências biológicas para determinar 
as diferenças genéticas entre os grupos humanos. 
IV. As ações afirmativas visam reparar as desigualdades sociais historicamente 
acumuladas da população afrodescendente, garantindo a igualdade de oportunidades 
e a neutralização dos efeitos da discriminação racial.
a) I e II estão corretas.
b) III e IV estão corretas.
c) I e III estão corretas.
d) II e IV estão corretas.
e) II, III e IV estão corretas.
62
AS RELAÇÕES ÉTNICAS 
RACIAIS NA SOCIEDADE 
63
6.1 INTRODUÇÃO
 Nesta unidade, vamos estudar as relações étnicas raciais no Brasil, com foco 
na questão da identidade negra, na luta do Movimento Negro e no antirracismo. 
Analisaremos no primeiro momento, a história afro-brasileira e no segundo instante as 
relações étnicas raciais atualmente em nossa sociedade.
Você já presenciou alguma situação de racismo? Você sabia que racismo é crime impres-
critível e que deve ser denunciado? Em sua opinião, de que forma a mídia contribui para a 
manutenção do racismo? Como explicar que em uma população com tanta influência de 
origem africana como a brasileira quase não apareça nomes e sobrenomes africanos?
VAMOS PENSAR?
 A formação do Brasil como foi discutido (Unidade 5), tem a miscigenação racial 
em destaque, pois a junção de três “povos” ou “culturas”: europeia, africana e indígena. 
Os africanos serão a mola propulsora do sistema econômico colonial, a escravidão negra, 
arrancou milhões da África em navios negreiros que atravessaram o Atlântico por mais 
de três séculos.
 “A significativa presença de africanos e afro-brasileiros na sociedade brasileira pode 
ser constatada pelos indicadores de população no fim do período colonial” (FAUSTO, 
2018, p. 32). Portanto, é a partir desse princípio que buscaremos compreender a história 
afro-brasileira no tópico seguinte.
 Indicamos a obra de Elisabete Melo e Luciano Braga que debatem a história 
africana e afro-brasileira, fazendo uma reflexão sobre as nossas origens sociais e culturais.
6.2 A HISTÓRIA AFRO-BRASILEIRA
 Pensar a história Afro-Brasileira é pensar sobre a história de um povo que foi 
escravizado e que foi levado de seu território e inserido numa sociedade de abusos e 
usos de seus corpos. É pensar sobre a luta pelo apagamento da “africanidade” dos povos 
trazidos de África e pensar na permanência de valores da ancestralidade africana que 
permanecem presentes na formação dos povos do Brasil.
 Nossa história foi contada a partir do olhar do colonizador (português), ou seja, 
é um discurso colonial que servem para justificar a hierarquização e estratificação 
social da sociedade, colocando o colonizado sempre como inferior, como fraco, como 
subserviente.
 Na contramão desta perspectiva vemos a luta do Movimento Negro que luta pela 
construção de uma história antirracista, descolonial, que sirva para a luta dos povos 
oprimidos e excluídos. A diversidade cultural em nossa sociedade possuí laços com a 
africanidade, suas contribuições são de uma enormidade nos aspectos da dança, da 
música, da religião, da culinária e do idioma. Como exemplos da afro-brasilidade, ou seja, 
da inserção das “africanidades” neste novo contexto político-social temos a Capoeira, 
luta em forma de dança, que serviu para os escravizados a lutar pela vida em algumas 
situações, que mantinha seus corpos e mentes sãos em meio aos abusos cotidianos. 
64
E temos também a Umbanda, claro exemplo do sincretismo religioso no Brasil, sendo 
uma mistura de religiosidade africana e europeia.
 Na música temos a influência africana, comoo lundu, além da base rítmica do 
maxixe, samba, choro, bossa-nova e outros gêneros musicais atuais; também possuem 
os instrumentos como o Berimbau, o afoxé e o agogô. Na questão alimentícia, a influência 
africana é destacada, como o Acarajé, o Vatapá, a Feijoada, o Angu e entre outros.
 A História afro-brasileira começa com o tráfico negreiro que trouxeram milhões 
para o Brasil, entre os séculos XVI a XIX. Na figura a seguir, estão evidenciados as principais 
rotas de tráficos negreiros, entre a África e a América, outro detalhe importante. Os 
homens de marrons evidencia as suas origens, enquanto o de negro, são aqueles escravos 
que vão ficar no Brasil. Os restantes vão espalhar pela América Espanhola, pelo Caribe e 
partes dos EUA.
Figura 3: Tráfico Negreiro para América.
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3hSNNfN. Acesso em: 20 jun. 2021.
 Os principais países europeus que favorecem o tráfico negreiro são a: Inglaterra, 
Portugal, Espanha, França, Holanda e Dinamarca. “O tráfico arrebanhou negros 
procedentes de numerosas etnias, heterogêneas do ponto de vista da evolução social, da 
língua, das tradições, costumes, etc” (GORENDER, 2011, p. 133), sendo as seguintes etnias 
africanas: Iorubá; Fon; Bantos; Bacongo; Ambundo; Ovimbundo e Maconde. Cada tribo 
possuindo suas características culturais, sociais e religiosas próprias, demonstrando a 
diversidade existente no continente Africano.
 Durante a colonização percebe-se o aumento da escravidão africana, pois em 
“1574, os africanos representavam apenas 7% da força de trabalho escrava; em 1591 
eram 37% e, em torno de 1638, africanos e afro-brasileiros compunham a totalidade da 
força de trabalho” (FAUSTO, 2018, p. 41), o projeto econômico colonial estava atrelado, 
principalmente, com o fator agroexportador de matérias-primas e extração aurífera.
 É também neste período que ocorre as primeiras formas de resistências dos negros, 
frente a escravidão e o trabalho forçado, no entanto, ocorreram inúmeras proliferações 
de Quilombos em todo o país. Esses Quilombos, foram os principais redutos de negros 
fugitivos, o mais conhecido é sem dúvida, o Quilombo dos Palmares, liderado por 
Zumbi dos Palmares e esteve em atividade na segunda metade do século XVII, onde se 
65
encontrava no atual Estado de Alagoas.
 Esse Quilombo foi alvo de ataques das tropas portuguesas e foi através do 
Bandeirante Domingos Jorge Velho que organizou em 1694, um grande ataque ao 
Quilombo dos Palmares e a sua destruição. Zumbi foi pego e degolado no dia 20 de 
novembro de 1695. Atualmente essa data é relembrada em todo o país, como o dia da 
“Consciência Negra”.
 Gorender (2011) afirma que os escravos eram inseridos em diversas atividades 
econômicas, tais como a agricultura, a pecuária, a mineiração e as atividades urbanas, 
além de atividades manufatureiras. Essas características são afirmadas por Fausto (2018, 
p. 32): “Cativos trabalharam nos campos, nos engenhos, nas minas, como criados de 
servir na casa-grande”.
 Durante o século XVIII, as relações escravagistas mudaram pouca coisa, mas 
podemos afirmar que no século XIX, essas formas de trabalho vão ser profundamente 
abaladas pela ascensão da industrialização, no contexto internacional. Já nacionalmente 
e devido as pressões da Inglaterra, o tráfico negreiro foi suspenso pela Lei Nº 581 de 04 
de setembro de 1850, conhecida como a Lei Eusébio de Queirós.
 Durante o Segundo Reinado, os ideais abolicionistas vão tomar fervorosos 
apoiadores, nesse período, nomes como Luiz Gama (1830-1882), André Rebouças (1838-
1898) e Joaquim Nabuco (1849-1910). Este tema aprofundaremos os seus impactos para 
as relações étnicas raciais na sociedade atual, no tópico a seguir.
6.3 AS RELAÇÕES ÉTNICAS RACIAIS ATUALMENTE
 Neste tópico analisaremos as relações étnicas raciais atualmente em nossa sociedade. 
Cabe reforçar que a escravidão negra impactou negativamente e historicamente, o 
papel do negro neste país, até mesmo, depois da Abolição da Escravatura em 1888, a 
nossa sociedade manteve-se os aspectos coloniais na transição do trabalho escravo para 
o trabalho livre. É nesse período, que também ocorre ascensão de ideias eugenistas que 
valorizam a imigração europeia, como forma de embraquecimento da pátria.
 Os impactos do trabalho forçado sobre a população negra no país, durante a 
escravidão gerou impactos negativos para a própria estruturação no território brasileiro. 
Partiremos nesses princípios com objetivo de compreender as relações étnicas raciais 
atualmente em nossa sociedade, mas um detalhe que precisa ser observado, é que o 
“preconceito contra o negro ultrapassou o fim da escravidão e chegou modificado a 
nossos dias” (FAUSTO, 2018, p. 33).
 A falta de políticas públicas após a Abolição da Escravatura em 1888, favoreceu 
a exclusão do negro em nossa sociedade. O Brasil na segunda metade do século XIX, 
segundo os dados levantados, em “1872, libertos ou livres eram 73% da população de 
origem africana e 43% do total da população brasileira, sendo escravos 15% desse total” 
(FAUSTO, 2018, p. 125).
 Abolição da Escravatura foi assinada no dia 13 de maio de 1888, pela então, princesa 
Isabel e foi umas das últimas ações da Monarquia Brasileira, antes de sua queda um ano 
depois. Importante frisar que o país estava aderindo a lógica do capitalismo internacional, 
ou seja, o trabalho livre e assalariado, pois a “inserção dos negros na força de trabalho 
ocupada sofreu a influência das diferenças regionais” (GORENDER, 2011, p. 192).
 Durante as primeiras décadas do período republicano, a imigração europeia 
66
reforçou a marginalização da população negra, pois havia a necessidade de uma “força 
de trabalho abundante, qualificada e especializada” (BALBINO, 2020, p. 24). Ou seja, a 
vinda abundante de imigrantes, principalmente os europeus, se explica pelo fato da 
pouca qualificação dos negros, frente as demandas industriais.
 O crescimento industrial nos principais centros urbanos e a mobilização das 
oligarquias rurais na modernização das relações de trabalho, logo se tornaram 
“desfavoráveis à incorporação dos negros ao mercado de trabalho” (GORENDER, 2011, p. 
197). A conexão levantada através da industrialização, são enfatizadas por Silva (2013, p. 
232):
Esse conjunto de ideias de desenvolvimento, progresso 
e modernização do país e de formação da nação apre-
senta-se etnicamente marcado e materializa-se nas po-
líticas imigrantistas. Estas produziram um modelo de 
hierarquização racial que via o elemento negro da po-
pulação destituído de quase todo valor ou papel positi-
vo no processo de construção do país e da nação. Eram 
eles caracterizados como incapazes de contribuir para 
o sistema de livre iniciativa por insuficiência intelectual, 
incapacidade técnica ou debilidade moral, e vistos como 
parte de um passado de atraso econômico e incivilida-
de (a que estavam irremediavelmente presos), além de 
peso de retardo das novas energias progressistas da so-
ciedade. Por esses motivos, pouco se fez em termos de 
políticas públicas de proteção à população negra. Tudo 
se passava como se essa população estivesse destina-
da a simplesmente desaparecer em uma sociedade não 
escravista.
 As marcas do racismo no Brasil são fáceis de se perceber, os empregos de baixa 
remuneração são negros, a maioria da população carcerária no país tem a pele negra, 
a minoria nas universidades é negra. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE), possuí uma fonte de dados importantíssima para entendermos a inserção étnica 
racial em nossa sociedade.
Figura 4: Mercado de Trabalho no Brasil.
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
 As permanências das desigualdades raciais ainda se expressam se atentarmos os 
dados apresentados acimam. Segundo Silva (2013, p. 235): “mesmo com todos os avanços 
da Constituição de 1988, os mecanismos de discriminação permanecem operando de 
maneira sutil, mas eficiente”. Fernandes (1972) diz que a negação do racismo acontece 
67
enquanto se pratica o racismo,caberia, portanto, aos brancos entender os seus privilégios 
e (re) significar as suas práticas cotidianas, buscando uma atitude não só não racista, 
mas antirracista para a superação do racismo estrutural no Brasil.
 Na primeira década do século XXI, ocorrem avanços nas discussões em nossa 
sociedade, principalmente na educação, por meio da Lei 10.639/2003, que estabeleceu a 
obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação 
Básica. A partir dessa data os estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais 
e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Outra 
conquista importante ocorreu em 2008, através da Lei nº 11.645/08 que possibilitou a 
inserção da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. As consolidações 
dessas leis no cenário educacional brasileiro, “representa a força do movimento negro e 
indígena, que lutam para afirmar as forças das suas tradições e do reconhecimento das 
suas contribuições para a formação da sociedade brasileira” (JESUS, 2017, p. 48).
 Além disso, são formas de reconhecer as “identidades culturais no Brasil está 
intimamente ligado à questão étnica e racial, ou seja, às relações de poder e às estruturas 
sociais herdadas do período colonial” (SARAIVA, 2010, p. 97). Essas características 
marcantes em nossa sociedade. Mas essas leis de forma geral, buscaram promover no 
âmbito educacional os debates e os conhecimentos básicos dos povos negros e indígenas 
às novas gerações.
 A importância de uma educação étnica e racial, está no objetivo de promover 
avanços sociais, de cidadania, de direitos humanos e de civilidade, pois segundo as 
concepções de Jesus (2017, p. 39):
Grande parte da população brasileira desconhece a his-
tória dos povos indígenas e isso acaba sendo um em-
pecilhos para que compreendam a luta dos indígenas 
em prol dos seus direitos. Muitos já foi conquistado pelo 
movimento indígena, mas ainda falta uma grande mu-
dança em torno das ações de políticas públicas direcio-
nadas a questão étnico-racial. Não só para os povos in-
dígenas, mas também para a população afro-brasileira.
 Se a população brasileira possuir esses conhecimentos, provavelmente, teremos 
um avanço social e de compreensão de nossa própria história. Outro detalhe, é a 
importância dos profissionais de educação, fazendo que seus alunos (as) de todas as 
idades, questionem e desconstruam “os mitos de superioridade e inferioridade entre 
os grupos humanos que foram introjetados neles pela cultura racista na qual foram 
socializados” (MUNANGA, 2005, p. 17). Com esse princípio educacional, favorecendo o 
combate do racismo em nossa sociedade.
 Segundo Jesus (2017, p. 48):
O estudo sobre o afro-brasileiro e o indígena no âmbito 
escolar simboliza o respeito para com estas etnias que 
foram privadas de seguirem os seus costumes. Simbo-
liza, também, o respeito e o direito dos descendentes 
destas etnias de conhecerem a história dos seus ante-
passados. Não tem como negar as grandes contribui-
ções culturais deixadas pelos indígenas e pelos negros 
na sociedade brasileira e ignorar essas contribuições é 
68
uma forma de discriminação, ao passo que estudar esse 
legado é respeitar a história do Brasil. Diante do proces-
so histórico do racismo, que existe em nossa sociedade 
e impede o acesso dos negros e dos indígenas as reais 
condições de igualdade e de direito o professor não 
pode silenciar
 Cabe as instituições educacionais e seus profissionais estimular esses debates em 
todas as esferas sociais, seja na sala de aula, nos corredores, nas quadras esportivas e no 
Planalto. Importante ressaltar, que temos a segunda maior população negra do mundo, 
a maior população negra fora da África. São muitos sujeitos sociais que sentem ainda 
hoje os efeitos do processo de colonização do Brasil e da África.
 Abaixo, indicamos duas entrevistas concedidas pelo geógrafo Milton Santos, em 
ambas as entrevistas, o autor discute questão do negro em nossa sociedade, analisando 
às políticas raciais e as suas condições.
Milton Santos fala sobre a condição do negro no Brasil, a conscientização e a 
movimentação contra o racismo. O link está disponível através do link: https://bit.
ly/3kIL764. Acesso em: 20 jun. 2021. 
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69
FIXANDO O CONTEÚDO
1. (UFPR – 2015 – COPEL – Sociólogo Júnior ) Não há brasileiro de classe mais elevada, 
mesmo depois de nascido e criado depois de oficialmente abolida a escravidão, que 
não se sinta aparentado do menino Braz Cubas na malvadez e no gosto de judiar com 
negros. Aquele mórbido deleite em ser mau com os inferiores e com os animais é bem 
nosso: é de todo o menino brasileiro atingido pela influência do sistema escravocrata. 
(FREYRE, G. Casa-grande e senzala. Lisboa: Livros do Brasil, 1957. p. 361). 
Analisando os resquícios do escravismo na formação social brasileira, Gilberto Freyre 
destaca como características do nosso hibridismo cultural e racial:
a) A manutenção do elitismo e o racismo.
b) O reforço do patriarcalismo e a tortura.
c) A ausência de alteridade e a perversão.
d) A consolidação do patrimonialismo e o autoritarismo.
e) A insuficiência da democracia e violência.
2. (ACAFE - 2017) O posicionamento da escola diante das relações étnico-raciais, de 
gênero, ambiental e sexual estabelecidas no seu interior compreende a construção 
identitária positiva em relação ao seu pertencimento étnico-racial, dentre outros. 
Considerando o exposto, são ações possíveis, exceto:
 
a) Valorizar a pluralidade estética, respeito às diversas culturas, à corporeidade, às formas 
de ver, sentir e estar no mundo, questionando as escolhas pautadas em padrões e/ou 
marcos civilizatórios dominantes.
b) Promover o respeito e o reconhecimento das diferenças sexuais e identidades de 
gênero, entendendo os Direitos Humanos em toda a sua diversidade.
c) Exercitar a diversidade como princípio informativo e conceber as datas comemorativas 
como um fato social de valorização da cultura hegemônica a ser reproduzido na escola.
d) Garantir a reafirmação das diferenças individuais e coletivas a partir do senso de 
pertencimento identitário e no combate ao racismo, machismo, homofobia, xenofobia e 
a todas as formas de discriminação, violências e intolerância.
e) Nenhuma dessas alternativas.
 
3. (UENP) Do ponto de vista sociológico, o Brasil se constituiu sobre o mito da democracia 
racial principalmente depois da publicação de Casa grande e senzala de Gilberto Freyre 
(2003). De acordo com Florestan Fernandes (1965) o ideal de miscigenação fora difundido 
como mecanismo de absorção do mestiço não para a ascensão social do negro, mas 
para a hegemonia da classe dominante. O mito da democracia racial assentou-se sobre 
dois fundamentos: 1) o mito do bom senhor; 2) o mito do escravo submisso. Analise as 
afirmações:
I. A crença no bom senhor exalta a vulgaridade das elites modernas, como diria Contardo 
70
Calligaris, e juntamente com uma espécie de pseudocordialidade seriam responsáveis 
pela manutenção e o aprofundamento das diferenças sociaisII. O mito do escravo 
submisso fez com que a sociedade de um modo geral não encarasse de frente a violência 
da escravidão, fez com que os ouvidos se ensurdecessem aos clamores do movimento 
negro, por direitos e por justiça.
III. As proposições legislativas sobre a inclusão de negros vão desde o Projeto de Lei 
que reserva aos negros um percentual fixo de cargos da administração pública, aos que 
instituem cotas para negros nas universidades públicas e nos meios de comunicação.
Assinale a alternativa correta.
a) Todas as afirmações são verdadeiras.
b) Apenas a afirmação II é verdadeira.
c) As afirmações I e III são verdadeiras.
d) As afirmações I e II são falsas.
e) Todas as afirmações são falsas.
 
4. É correto dizer que Gilberto Freyre procurou pensar a formação da sociedade patriarcal 
brasileira, a partir da publicação de Casa Grande & Senzala, influenciado:
a) pelas teorias raciais do nazismo.
b) pela antropologiade franz boas.
c) pelo marxismo britânico dos anos 1920.
d) pela teoria crítica da escola de frankfurt.
e) pelo pensamento autoritário do fascismo italiano.
 
5. (Enem) Coube aos Xavante e aos Timbira, povos indígenas do Cerrado, um recente e 
marcante gesto simbólico: a realização de sua tradicional corrida de toras (de buriti) em 
plena Avenida Paulista (SP), para denunciar o cerco de suas terras e a degradação de 
seus entornos pelo avanço do agronegócio.
RICARDO, B.; RICARDO, F. Povos indígenas do Brasil: 2001- 2005. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2006 
(adaptado).
A questão indígena contemporânea no Brasil evidencia a relação dos usos socioculturais 
da terra com os atuais problemas socioambientais, caracterizados pelas tensões entre
a) os grileiros articuladores do agronegócio e os povos indígenas pouco organizados no 
Cerrado.
b) a expansão territorial do agronegócio, em especial nas regiões Centro-Oeste e Norte, 
e as leis de proteção indígena e ambiental.
c) as leis mais brandas sobre o uso tradicional do meio ambiente e as severas leis sobre 
o uso capitalista do meio ambiente.
d) os povos indígenas do Cerrado e os polos econômicos representados pelas elites 
industriais paulistas.
e) o campo e a cidade no Cerrado, que faz com que as terras indígenas dali sejam alvo 
de invasões urbanas.
 
71
6. (UFU) A questão da demarcação de terras indígenas tem ao longo do tempo suscitado 
diversos conflitos. Mais recentemente, observou-se a possibilidade de modificar 
os critérios de demarcação, pois, conforme seus críticos, os regulamentos vigentes 
possibilitariam a ação de “indígenas civilizados”, ou seja, aqueles que supostamente 
teriam perdido sua identidade indígena e que agora a reivindicavam com o intuito de 
obter terras. No centro desse debate, encontra-se a definição do que é ser indígena, 
enfim, a definição dos critérios definidores de uma etnia.
 Para os estudos antropológicos atuais, define-se uma etnia por meio da
a) identificação da presença de traços fenotípicos comuns a uma população, atrelados 
ao cultivo de uma tradição cultural.
b) ocupação territorial de um país específico e pela persistência de traços culturais 
tradicionais.
c) Identificação de uma concepção, partilhada por uma população, da existência de uma 
trajetória histórica comum que funda uma identidade.
d) identificação de traços raciais comuns a uma população, aliados a elementos culturais 
específicos.
e) Nenhuma dessas alternativas.
 
7. A demarcação de terras indígenas no Brasil possui fases, obedecendo a uma ordem. 
Nem sempre a sequência de passos é linear, mas há uma ordem preestabelecida. 
Correlacione as fases na ordem correta.
( ) Realiza-se uma delimitação, repassada via Diário Oficial ao Ministério da Justiça, órgão 
responsável pela declaração de limites.
( ) Realizam-se estudos pela Funai que identificam e delimitam as áreas, o que envolve 
pesquisas geográficas, antropológicas, territoriais e ambientais.
( ) Faz-se um levantamento fundiário por meio do Instituto Nacional de Colonização 
e Reforma Agrária (Incra) a fim de avaliar as benfeitorias realizadas pelos proprietários 
da área que agora pertence aos índios, visto que os donos das terras perdem a posse, 
recebendo uma indenização caso tenham realizado alguma benfeitoria.
( ) A partir da autorização, as terras tornam-se declaradas após a realização de novos 
estudos, fazendo com que a área seja de uso exclusivo dos índios. A demarcação é 
autorizada, ficando a demarcação física a cargo da Funai.
( ) As terras são homologadas pela Presidência da República.
 
Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta.
 
a) II, IV, I, V, III.
b) II, I, IV, III, V.
c) I, II, IV, III, V.
d) I, IV, II, III, V.
e) V, IV, III, II, I. 
8. Sobre a demarcação de terras indígenas no Brasil, assinale V para as proposições 
verdadeiras e F para as proposições falsas.
72
I. A Constituição Federal define terras indígenas como qualquer área habitada pelos 
índios nas quais são realizadas suas atividades produtivas e há preservação de suas 
culturas e tradições.
II. Áreas indígenas no Brasil são propriedades da Funai.
III. As áreas indígenas são de livre acesso e, para adentrá-las, é preciso apenas notificar a 
Funai caso não seja um membro da comunidade.
IV. No Brasil, existem aproximadamente 544 terras indígenas, segundo a Funai, estando 
a maior parte na Amazônia Legal.
Assinale a alternativa correta.
 
a) F-V-F-V.
b) F-V-F-F.
c) V-F-F-V.
d) V-V-F-F.
e) F-F-F-F.
73
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO
UNIDADE 1
UNIDADE 3
UNIDADE 5
UNIDADE 2
UNIDADE 4
UNIDADE 6
QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 C
QUESTÃO 3 D
QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 E
QUESTÃO 8 A
QUESTÃO 1 C
QUESTÃO 2 E
QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 D
QUESTÃO 6 E
QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 A
QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 B
QUESTÃO 3 D
QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 D
QUESTÃO 6 E
QUESTÃO 7 D
QUESTÃO 8 B
QUESTÃO 1 E
QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 D
QUESTÃO 4 B
QUESTÃO 5 A
QUESTÃO 6 B
QUESTÃO 7 A
QUESTÃO 8 B
QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 E
QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 D
QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 D
QUESTÃO 8 E
QUESTÃO 1 C
QUESTÃO 2 C
QUESTÃO 3 A
QUESTÃO 4 B
QUESTÃO 5 B
QUESTÃO 6 C
QUESTÃO 7 B
QUESTÃO 8 C
74
ADORNO, S. História e desventura: O 3º Programa Nacional de Direitos Humanos. Novos 
Estudos CEBRAP, online, n. 86, p. 5-20, mar 2010. Disponível em: https://bit.ly/2UpsWb8. 
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ALTAVILA, J. Origem dos direitos dos povos. São Paulo: Ícone, 1989. 
AMARAL, M. P. D. Política pública educacional e sua dimensão internacional: 
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4.3 Os Direitos Humanos Frente Aos Regimes Ditatoriais .....................................................................................................................................................................................42
4.4 Os Direitos Humanos Após A Ditadura Civil-Militar ...........................................................................................................................................................................................43
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................47
DIREITOS HUMANOS NO BRASIL
5.1 Introdução .........................................................................................................................................................................................................................................................................................52
5.2 História Da África Em Uma Perspectiva Descolonial .........................................................................................................................................................................................52
5.3 O Mito Da Democracia Racial No Brasil ......................................................................................................................................................................................................................54
5.4 Povos Originários Do Brasil ..................................................................................................................................................................................................................................................55
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................58
AS RELAÇÕES ÉTNICAS RACIAIS – NEGRAS E INDÍGENAS
6.1 Introdução .......................................................................................................................................................................................................................................................................................63
6.2 A História Afro-Brasileira ........................................................................................................................................................................................................................................................63
6.3 As Relações Étnicas Raciais Atualmente ....................................................................................................................................................................................................................65
FIXANDO O CONTEÚDO.................................................................................................................................................................................................................................................................69
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO........................................................................................................................................................................................................................73
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................................................................................................................................................................74
AS RELAÇÕES ÉTNICAS RACIAIS NA SOCIEDADE
UNIDADE 5
UNIDADE 6
8
O
N
FI
R
A
 N
O
 L
I
C
V
R
O
UNIDADE 1
A Unidade I busca analisar o sentido de cidadania ao longo da História, além de 
compreender o seu significado e sua ação durante as crises sociais, econômicas e 
políticas.
UNIDADE 2
A Unidade II tem como objetivo analisar o sentido de cidadania nos diferentes 
períodos históricos na sociedade brasileira.
UNIDADE 3
A Unidade III busca compreender o que são os Direitos Humanos e a sua trajetória 
histórica ao longo do desenvolvimento da humanidade.
UNIDADE 4
A Unidade IV tem como objetivo compreender e analisar o desenvolvimento histórico 
dos Direitos Humanos no Brasil.
UNIDADE 5
A Unidade V tem como objetivo compreender as Relações Étnicas Raciais presentes 
na história da humanidade.
UNIDADE 6
A Unidade VI tem como objetivo analisar as relações étnicas raciais em nossa 
sociedade.
9
CIDADANIA
10
1.1 INTRODUÇÃO
 Nessa unidade discutiremos a construção da cidadania ao longo da história da 
humanidade, desde os primórdios da civilização até os dias atuais. Também analisaremos 
os seus significados e sentidos durante a história, buscando compreender o seu papel 
social.
 O sentido de cidadania contemporânea tem laços com a própria humanidade em 
desenvolvimento.
A cidadania instaura-se a partir dos processes de lutas 
que culminaram na Independência dos Estados Uni-
dos da América do Norte e na Revolução Francesa. Es-
ses dois eventos romperam o princípio de legitimidade 
que vigia até então, baseado nos deveres dos súditos, e 
passaram a estrutura-lo a partir dos direitos do cidadão. 
Desse momento em diante todos os tipos de luta foram 
travados para que se ampliasse o conceito e a prática 
de cidadania e o mundo ocidental o estendesse para 
mulheres, crianças, minorias nacionais, étnicas, sexu-
ais, etárias. Nesse sentido pode-se afirmar que, na sua 
acepção mais ampla, cidadania é a expressão concreta 
do exercício da democracia (PINSKY; PINSKY, 2010, p. 10).
 Essas magnitudes históricas e sociológicas da cidadania são necessárias para 
observamos o desenvolvimento da humanidade em diferentes períodos históricos. 
“Entender os caminhos históricos percorridos pela cidadania [...] é uma forma de nos 
reposicionar perante os impasses do tempo presente” (BAKER, 2017, p. 246) .
Você já parou para pensar no papel da cidadania e de ser cidadãos?
VAMOS PENSAR?
1.2 O QUE É CIDADANIA?
 Neste tópico analisaremos O que é cidadania? Buscando compreender desde os 
primórdios da humanidade. Cabe reforçar que a origem da palavra cidadania provém do 
latim civitas, que possuí como significado cidade. “No sentido moderno, cidadania é um 
conceito derivado da Revolução Francesa (1789) para designar o conjunto de membros 
da sociedade que têm direitos e decidem o destino do Estado” (FUNARI, 2010, p. 49).
Indicamos a leitura do livro “Ética e Cidadania” de Lopes Filho et al. (2018), pois 
dará uma amplitude maior acerca do que é cidadania. Disponível em: https://bit.
ly/3eX4eGb. Acesso em: 20 jun. 2021.
FIQUE ATENTO
11
 A cidadania contemporânea podemos supor que “é ter direito à vida, à liberdade, à 
propriedade, à igualdade perante a lei: é, em resumo, ter direitos civis. É também participar 
no destino da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos” (PINSKY; PINSKY, 2010, p. 
10). A cidadania também está atrelada ao ser cidadão, que possuí direitos e deveres no 
Estado.
 O Ministério Público Federal, por meio da Procuradoria Federal dos Direitos do 
Cidadão, publicou em 2011 o Volume II que trata da cidadania e suas definições, trouxemos 
o trecho que define o que é cidadania e cidadão.
Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à proprieda-
de, à igualdade perante a lei: ter direitos civis. É também 
participar no destino da sociedade, votar, ser votado, ter 
direitos políticos. Os direitos civis e políticos não assegu-
ram a democracia sem os direitos sociais,7–36, 
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VISENTINI, P. F.; RIBEIRO, L. D. T.; PEREIRA, A. L. D. História da África e dos africanos. 
Petrópolis: Vozes, 2014. 
78aqueles que 
garantem a participação do indivíduo na riqueza cole-
tiva: o direito à educação, ao trabalho justo, à saúde, a 
uma velhice tranqüila. Exercer a cidadania plena é ter 
direitos civis, políticos e sociais. É a qualidade do cida-
dão de poder exercer o conjunto de direitos e liberdades 
políticas, socio-econômicas de seu país, estando sujeito 
a deveres que lhe são impostos. Relaciona-se, portanto, 
com a participação consciente e responsável do indiví-
duo na sociedade, zelando para que seus direitos não 
sejam violados (BRASIL, 2011, p. 10).
 A interpretação trazida pelo texto possibilita a compreensão do sentido de 
cidadania que pretendemos trazer nessa Unidade 01, pois se trata de mudanças que vem 
ocorrendo ao longo da história da humanidade, pois sua “concepção [...] já perpassou 
vários estágios ao longo dos tempos” (DEL’OLMO; LUNARDI, 2013, p. 181).
Você percebeu que a cidadania está presente até no seu direito de votar nas eleições?
VAMOS PENSAR?
1.3 A CIDADANIA AO LONGO DA HISTÓRIA
 A cidadania vem se desenvolvendo ao longo da História, se pensarmos nessa 
reflexão chegaremos a uma conclusão óbvia. O sentido de cidadania defendido em 
Atenas, cidade-estado da Grécia Antiga, é diferente do que é tratado atualmente na 
Organização das Nações Unidas (ONU), até mesmo nas civilizações antigas como Roma 
e Egito, o papel da cidadania possuí suas peculiaridades. Cabe reforçar, que para “analisar 
a cidadania nos seus primórdios, desde o mundo antigo, é preciso ter em mente que, 
naquele momento, não existia a figura do Estado, nos moldes modernos” (DEL’OLMO; 
LUNARDI, 2013, p. 180).
 Para o Império Romano, a “cidadania, cidade e Estado constituem um único 
conceito – e só pode haver esse coletivo se houver, antes, cidadãos” (FUNARI, 2010, p. 49). 
12
Nesse sentido, a palavra cidadania teve em gênese uma composição política na qual 
uma pessoa estava inserida, além do seu exercício.
 Por se tratar de uma sociedade assentada no escravismo. O Império Romano 
privilegiou como “cidadãos” os Patrícios, classe que compunha o Senado Romano, 
também existia os Plebeus, os Clientes, os Escravos e os Proletários.
Bauer et al. (2019) em sua obra “História Medieval” mergulham nos aspec-
tos principais desse período. A obra está disponível através do link: https://bit.
ly/3isFIxv. Acesso em: 14 jun 2021. 
BUSQUE POR MAIS
 Na Grécia Antiga, “a cidadania entre os gregos se limita aos chamados direitos 
políticos” (LUIZ, 2007, p. 92) e nos diferentes aspectos sociais e culturais, como as 
particularidades existentes entre as suas cidades-estados, pois como Atenas, Esparta 
e Corinto (as principais) possuía suas peculiaridades regionais, pois esta “definição era 
limitada pela definição excludente da categoria cidadão fundada em uma afirmativa 
de diferença antropológica entre as diferentes classes de humanos. Mulheres, crianças 
e escravos estariam desde já excluídos da cidadania” (BAKER, 2017, p. 258), como por 
exemplo, pensar no papel da mulher ateniense e da espartana.
 A questão religiosa, principalmente as religiões monoteístas vão impactar na 
primeira expressão, conforme Pisnky e Pinsky (2010, p. 17) especificam “documentada 
e politicamente relevante (até por suas consequências históricas) com as do que 
poderíamos chamar de pré-história da cidadania” pois estabelece o que podemos 
denominar de profetas sociais.
 O Mundo Antigo em si, deve ser olhado com atenção sobre suas particularidades 
sociais, culturais, econômicas e políticas. A cidadania nesse contexto possuí elementos 
alinhados com as classes sociais que dominavam suas regiões, pois estavam restritamente 
ligadas “ao âmbito das cidades-estado[s], [e a] questão da propriedade privada de terra” 
(DEL’OLMO; LUNARDI, 2013, p. 181).
 Na Idade Média, a cidadania teve dificuldades para existir, primeiramente o 
período é marcado por uma “ordem sócio-econômico-cultural que inviabilizaram a 
sua existência” (LUIZ, 2007, p. 93). Essa sociedade ficou conhecida como Feudalismo 
e “era dividida entre sacerdotes, guerreiros (nobres) e camponeses. As relações sociais 
existentes eram de servidão e de obrigações recíprocas” (LUIZ, 2007, p. 93). Também 
tínhamos como instituição principal, a Igreja Católica que comandava as questões 
políticas, econômicas, sociais e culturais. Na sociedade feudal, a noção de cidadania foi 
vista como uma “situação de dependência, de obrigação e fidelidade entre o senhor 
feudal e o vassalo” (DEL’OLMO; LUNARDI, 2013, p. 185).
 O período Renascentista possibilitou ascensão da Idade Moderna. O Absolutismo 
foi sem dúvida, a forma de governo predominante nessa época. Foi nessa época que 
o sentido de cidadania foi retomado, com isso iniciou-se a “construção da concepção 
moderna de cidadania, que se exprimiu a partir das revoluções burguesas, Revolução 
Inglesa do século XVII e Revolução Francesa do século XVIII” (LUIZ, 2007, p. 95).
13
Renascimento: conforme Sevcenko (1986), período marcado pela retomada de ideias e 
técnicas utilizadas durante a Antiguidade clássica, seja no campo artístico, cientifico e 
filosófico.
Absolutismo: Anderson (2004) esclarece que foi uma forma de governo presente na Eu-
ropa entre os séculos XVI e XIX. Essa teoria defendia o poder absoluto do rei sobre toda 
a nação.
GLOSSÁRIO
 A transição da Idade Moderna para a Idade Contemporânea é marcada 
simbolicamente pelos acontecimentos da Revolução Inglesa (1640 até 1688), da 
Revolução Americana (1776) e da Revolução Francesa (1789). Esses movimentos foram 
importantes para o estabelecimento de uma noção moderna de cidadania e de direitos 
civis.
Revolução Inglesa: período marcado pela retomada de temas, ideais e técnicas utilizadas 
durante a Antiguidade clássica, seja no campo artístico, cientifico e filosófico.
Revolução Americana: foi uma forma de governo presente na Europa entre os séculos 
XVI e XIX. Essa teoria defendia o poder absoluto do rei sobre toda a nação.
Revolução Francesa: movimento iluminista que colocou fim ao Antigo Regime (Absolu-
tismo Francês).
GLOSSÁRIO
 O iluminismo, sendo um movimento científico, filosófico e cultural que marcou 
uma ruptura com os velhos preceitos, também trouxe noções de cidadania providas das 
antigas cidades-estados.
Quando os pensadores iluministas do século XVIII reto-
maram, a seu modo, a noção de cidadania, foi em outro 
contexto, buscando inspiração não na cidadania esten-
dida e amorfa do Império Romano, mas naquela, poten-
cialmente participativa, das pequenas cidades-estado 
que um dia repartiram entre si os territórios do medi-
terrâneo (GUARINELLO, 2010, p. 46)(GUARINELLO, 2010, 
p. 46).
 A cidadania pensada pelos iluministas é um marco para as noções atuais. Os 
acontecimentos da Revolução Francesa (1789) são vistos pelas heranças que tivemos de 
seus princípios pautados na liberdade, igualdade e fraternidade.
A cidadania enquanto vivência dos direitos humanos é 
uma conquista da burguesia: direito de cidadania são os 
direitos humanos que passam a constituir-se em con-
quista da própria humanidade. A cidadania, pois, signi-
fica a realização democrática de uma sociedade, com-
14
partilhada por todos os indivíduos ao ponto de garantir 
a todos o acesso ao espaço público e condições de so-
brevivência digna, tendo como valor fonte a plenitude 
da vida (CORRÊA, 2002, p. 217).
 O princípio democrático atual buscou efetivar em suas diretrizes constitucionais 
os direitos civis, pois é uma relação construída entre a liberdade e Direito (MARVIN, 2002). 
Nesse sentido a “cidadania como pressuposto dos direitos humanos” (CORRÊA, 2002, p. 
220). O sentido de cidadania na sociedade contemporânea pode está configurada nos 
moldes do Estado Democrático de Direito.O século XIX foi marcado pelas revoluções 
burguesas que moldaram o Estado diante de suas noções econômicas, políticas e 
cidadãs. 
 A concepção contemporânea de cidadania está atrelada ao sucesso das Revoluções 
Burguesas ao longo do século XIX e XX. Nesse sentido tivemos a construção de um Estado 
preocupado,em assegurar os direitos dos cidadãos e dos direitos humanos.
Estado Democrático de Direito: “é um conceito que designa qualquer Estado que se 
aplica a garantir o respeito das liberdades civis, ou seja, o respeito pelos direitos humanos 
e pelas garantias fundamentais, através do estabelecimento de uma proteção jurídica”. 
Fonte: https://bit.ly/3kGIYIk. Acesso em: 17 mar. 2021. 
GLOSSÁRIO
1.4 A CIDADANIA EM TEMPOS DE CRISES
 Em todos os períodos históricos são marcados por crises sociais, políticas e 
econômicas. A crise do Mundo Antiga é marcada pela Queda do Império Romano 
do Ocidente (476 D.C), a crise do Feudalismo se deu com a Queda de Constantinopla 
(1453), o fim da Era Moderna é datado em 1789 – Revolução Francesa –, e do período 
contemporâneo nos tempos atuais.
Você percebeu que os períodos históricos possuem um marco de ruptura. Para você, po-
demos supor que a crise sanitária provocada pelo COVID-19 e suas crises – políticas e eco-
nômicas – podem provocar o fim da Era Contemporânea?
VAMOS PENSAR?
 Todavia, nesse estudo não buscaremos compreender esses fenômenos históricos 
marcados por datas, mas analisar os reflexos que esses “fenômenos” tiveram no 
desenvolvimento humano e da noção de cidadania. Focaremos essa discussão na Idade 
Contemporânea.
 Os períodos de guerras, a cidadania é violentada em todos os aspectos, pois os 
motivos de guerras atrelados aos fatores econômicos e políticos destroem a noção de 
cidadania construída em seu país de origem. Também existem casos da negação cidadã 
15
e dos direitos civis aos refugiados de guerra.
 Vamos pensar, como você sentiria ver os judeus fugidos do Holocausto e o seu 
país negar ajuda humanitária naquele período? Certamente é um sentimento bem 
inconfortável. Mas essas crises de moral e de cidadania possibilitam a ocorrência de 
turbulências nos cenários sociais e culturais.
As duas guerras mundiais foram decisivas para a mu-
dança de ideologia sobre a cidadania e o medo advindo 
das atrocidades praticadas e alicerçadas pela legalidade 
fez com que órgãos internacionais e a própria sociedade 
civil passassem a entender cidadania como algo indis-
sociável dos direitos humanos (MELO, 2013, online).
 Durante a ascensão de Adolf Hitler, o Partido Nazista promulgou em 1935 as Leis 
de Nuremberg, responsável pela disseminação de ódio aos judeus e sua exclusão da 
sociedade, portanto, perderam o direito à cidadania.
 Na Segunda Guerra Mundial, o sentido de cidadania é abalado pelas atrocidades e 
pela barbárie da guerra. Os efeitos da violenta repressão religiosa, política, econômica e 
étnica culminou na criação da Organização das Nações Unidas, reafirmando o papel da 
cidadania e dos Direitos Humanos
 A obra escrita por Jaime Pinsky e Carla Bassanezi Pinsky analisa a construção 
histórica da cidadania ao longo da história da humanidade.
A obra organizada Pinsky e Pinsky (2010), “História da Cidadania”, aborda 
questões como a divisão cidadania para negros, crianças e idosos e mos-
tra a complexidade inerente a sociedade moderna. Disponível em: https://bit.
ly/2UWH4bE. Acesso em: 12 mar. 2021.
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16
FIXANDO O CONTEÚDO
1. No texto “o que é cidadania” trouxemos qual é o sentido de cidadania atualmente em 
na sociedade contemporânea. 
Assinale a alternativa que mais exemplifica “o que é cidadania”:
a) A palavra cidadania provém do francês civitas, que possuí como significado cidade..
b) A cidadania é uma forma de estabelecer normas sem ter questionamentos.
c) A atuação de movimentos sociais e de classe.
d) A cidadania também está atrelada ao ser cidadão, que possuí direitos e deveres no 
estado.
e) A cidadania não tem importância nenhuma para as relações sociais ao longo da 
história da humanidade.
2. (IBFC - 2015 - HMDCC adaptada) As sentenças abaixo discorrem sobre alguns conceitos 
de cidadania, cidadão. Analise e assinale a alternativa correta.
I. Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei: 
ter direitos civis. É também participar no destino da sociedade, votar, ser votado, ter 
direitos políticos.
II. A cidadania expressa a igualdade dos indivíduos perante a lei, pertencendo a uma 
sociedade organizada. É a qualidade do cidadão de poder exercer o conjunto de 
direitos e liberdades políticas, socioeconômicas de seu país, estando sujeito a deveres 
que lhe são impostos.
a) Apenas a alternativa I está correta.
b) Apenas a alternativa II está correta.
c) As alternativas I e II estão corretas.
d) As alternativas I e II estão incorretas.
e) Nenhuma dessas alternativas.
3. (ASSESSORARTE 2012 - Adaptada) Os direitos sociais não têm por objetivo eliminar 
por completo as desigualdades sociais e econômicas e as diferenças de classe social. Sua 
finalidade é:
a) considerar o cidadão em sua complexidade.
b) efetivar as responsabilidades dos cidadãos e seus deveres.
c) combater as impossibilidades de acesso do cidadão aos bens e serviços da sociedade.
d) assegurar que elas não interfiram no pleno exercício da cidadania.
e) nenhuma dessas alternativas.
4. (ASSESSORARTE, 2012 - Adaptada) O termo cidadania parece ter caído nas graças 
daqueles que têm na comunicação o instrumento de trabalho, como políticos, dirigentes, 
17
comunicadores, sociólogos e outros profissionais que, de alguma forma, interagem no 
meio social. Porém, qual é o real significado do que é ser cidadão:
a) é ter consciência de que é sujeito de direitos.
b) é ter o direito apenas do voto.
c) é ter a responsabilidade de escolher os dirigentes do país.
d) é ter a consciência crítica sobre o seu papel na sociedade.
e) nenhuma dessas alternativas.
5. “O iluminismo, sendo um movimento cientifico, filosófico e cultural que marcou uma 
ruptura com os velhos preceitos, também trouxe noções de cidadania providas das 
antigas cidades-estados”.
Marque a opção que mais correspondente a essa argumentação:
a) as cidades-estados tratava a cidadania como uma ditadura.
b) na Grécia Antiga a inexistência das cidades-estados não foi possível de exercer 
quaisquer tipos de cidadania.
c) o iluminismo foi essencial num período marcado por um pensamento racional e que 
possibilitou uma nova noção de cidadania.
d) o iluminismo foi essencial num período marcado por um pensamento irracional e que 
possibilitou uma nova noção de cidadania.
e) a cidadania é vista como algo utópico.
6. (ENEM - Adaptada) Cidadania:
 
Democracia: “regime político no qual a soberania é exercida pelo povo, pertence ao 
conjunto dos cidadãos”.
JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
Uma suposta “vacina” contra o despotismo, em um contexto democrático, tem por 
objetivo:
a) impedir a contratação de familiares para o serviço público.
b) reduzir a ação das instituições constitucionais.
c) combater a distribuição equilibrada de poder.
d) evitar a escolha de governantes autoritários.
e) restringir a atuação do Parlamento.
7. (ENEM) um aspecto importante derivado da natureza histórica da cidadania é que 
está se desenvolveu dentro do fenômeno, também histórico, a que se denomina Estado-
18
nação. Nessa perspectiva, a construção da cidadania na modernidade tem a ver com a 
relação das pessoas com o Estado e com a nação.
CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. In: Civilização Brasileira. Rio de Janeiro: 2004 
(adaptado).
Considerando-se a reflexão acima, um exemplo relacionado a essa perspectiva de 
construção da cidadania é encontrado:
a) Em D. Pedro I, que concedeu amplos direitos sociais aos trabalhadores, posteriormente 
ampliados por Getúlio Vargas com a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
b) Na Independência, que abriu caminho para a democracia e a liberdade, ampliando o 
direito político de votar aos cidadãos brasileiros, inclusive às mulheres.
c) No fato de os direitos civis terem sido prejudicados pela Constituição de 1988, que 
desprezou os grandes avanços que, nessa área, havia estabelecido a Constituição anterior.
d) No Código de Defesa do Consumidor,ao pretender reforçar uma tendência que se 
anunciava na área dos direitos civis desde a primeira constituição republicana.
e) Na Constituição de 1988, que, pela primeira vez na história do país, definiu o racismo 
como crime inafiançável e imprescritível, alargando o alcance dos direitos civis.
8. Qual das seguintes afirmações define o conceito de cidadão?
a) Ser cidadão é ter a garantia de todos os direitos civis, políticos e sociais que possam 
assegurar a possibilidade de uma vida plena.
b) Ser cidadão é definir por si só quais são seus direitos civis, políticos e sociais que devem 
ser garantidos em nome de um bem próprio.
c) Ser cidadão é ter a garantia apenas dos direitos políticos e respeitar apenas seus 
interesses individuais.
d) Ser cidadão é fazer suas próprias leis e regras.
e) Ser cidadão é não exercer nenhuma responsabilidade e deveres com a sociedade.
19
CIDADANIA NO BRASIL
20
2.1 INTRODUÇÃO
 A unidade 02 tem como objetivo analisar a construção histórica da cidadania 
no Brasil, principalmente em suas diferentes fases históricas, como o Brasil Colonial, 
Monárquico e Republicano. Mas vale destacar que o Brasil colonial possuí aspectos 
diferentes dos demais períodos.
 A cidadania pensada no território nacional antes de 1822 nos tempos coloniais está 
atrelada a falta de direitos civis para a sua população. No quadro abaixo, indicamos uma 
série realizado pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP), acerca da 
cidadania no Brasil.
A construção da cidadania no Brasil pode ser compreendida a partir deste ví-
deo produzido pelos professores da Universidade Virtual do Estado de São Pau-
lo (UNIVESP) disponível através do link: https://bit.ly/3BsxIFe. Acesso em: 16 jun. 
2021.
FIQUE ATENTO
2.2 A CIDADANIA NO BRASIL COLÔNIA E MONÁRQUICO
 A chegada dos Portugueses em 1500 é um marco na História do Brasil nas primeiras 
décadas do século XVI. Durante os três séculos de dominação portuguesa, foi construído 
na base da escravidão, dos privilégios, da corrupção e por falta de garantias cidadãs para 
boa parte da população.
 É “um enorme país dotado de unidade territorial, lingüística, cultural e religiosa. 
Mas tinham também deixado uma população analfabeta, uma sociedade escravocrata, 
uma economia monocultora e latifundiária, um Estado absolutista” (CARVALHO, 2002, p. 
18). O Brasil colonial é marcado pela urgência econômica de produzir para a metrópole. 
O pacto colonial possibilitou “322 anos sem poder público, sem Estado, sem nação e 
cidadania” (CREMONESE, 2007, p. 62).
Antes da colonização existia uma sociedade indígena consistente no território americano, 
possuindo uma enorme diversidade de organização política, social e econômica nos 
diferentes lugares da América. Os nativos do “Brasil” estavam nesse período, num estágio 
de organização política, social e econômica abaixo em comparação aos Incas, Maias e 
Astecas.
A história da colonização é conhecida. Lembro apenas 
alguns pontos que julgo pertinentes para a discussão. O 
primeiro deles tem a ver com o fato de que o futuro país 
nasceu da conquista de povos seminômades, na idade 
da pedra polida, por europeus detentores de tecnologia 
muito mais avançada. O efeito imediato da conquista foi 
a dominação e o extermínio, pela guerra, pela escraviza-
ção e pela doença, de milhões de indígenas. O segundo 
tem a ver com o fato de que a conquista teve conota-
21
ção comercial. A colonização foi um empreendimento 
do governo colonial aliado a particulares (CARVALHO, 
2002, p. 18).
 Considerados seminômades, a colonização portuguesa foi arrasadora no princípio 
de dominação cultural e simbólica. Por outro lado, tínhamos naquele período “duas 
instituições básicas que, por sua natureza, estavam destinadas a organizar a colonização 
do Brasil foram o Estado e a Igreja Católica” (FAUSTO, 2018, p. 29). Diante desse princípio, 
os indígenas tiveram seu “privilégio” social totalmente devastados pelo homem “branco”. 
 A escravidão foi um período conturbado para a nossa história, os seus reflexos 
ainda são sentidos atualmente na sociedade brasileira. É necessário compreender que 
a população indígena sofreu “o extermínio, pela guerra, escravidão e doenças (sífilis, 
varíola, gripe), de milhões de índios. Grande parte da população indígena foi dizimada 
rapidamente pelo homem” (CREMONESE, 2007, p. 63). Mas a escravidão indígena foi 
“praticada no início do período colonial, mas foi proibida pelas leis e teve a oposição 
decidida dos jesuítas” (CARVALHO, 2002, p. 20).
 Para suprir a necessidade de uma mão de obra, a escravidão africana foi 
impulsionada em todo o território. “No período colonial a cidadania foi negada à quase 
totalidade da população, porém os mais afetados foram os escravos negros provenientes 
do continente africano” (CREMONESE, 2007, p. 64).
Qual é a sua visão sobre esse período da História do Brasil? Principalmente em relação a 
escravidão?
VAMOS PENSAR?
 Nesse período, os escravos eram vistos somente como mercadorias de troca 
e lucros, “não eram cidadãos, não tinham os direitos civis básicos à integridade física 
(podiam ser espancados), à liberdade e, em casos extremos, à própria vida, já que a lei os 
considerava propriedade do senhor, equiparando-os a animais” (CARVALHO, 2002, p. 21), 
de fato, a escravidão não possuí elementos humanos, pois sua face está contaminada 
pela ânsia comercialista.
 A falta de dignidade e humanidade foi transmitida como herança aos descendentes 
das famílias escravocratas, essas heranças ainda causam danos severos aos assuntos 
relacionadas ao movimento negro, além dos interesses sociais e culturais na sociedade 
brasileira.
 A Independência do Brasil em 1822 trouxe consigo algumas heranças coloniais, 
como por exemplo, a escravidão, as relações sociais e de poder, esses legados foram 
“essenciais” para o fornecimento de direitos civis.
A herança colonial pesou mais na área dos direitos civis. 
O novo país herdou a escravidão, que negava a condi-
ção humana do escravo, herdou a grande propriedade 
rural, fechada à ação da lei, e herdou um Estado com-
prometido com o poder privado. Esses três empecilhos 
ao exercício da cidadania civil revelaram-se persistentes 
(CARVALHO, 2002, p. 45).
22
 Para que a cidadania fosse realmente implementada era necessário romper com 
a escravidão, com a grande propriedade rural e o comprometimento do Estado com o 
privado, mas essas características se mantiveram intactas durante o período Monárquico. 
“Diante da ordem escravista, o latifúndio monocultor, o estatuto de colônia, enfim, não 
havia direitos sociais para os desguarnecidos e sim apenas para os reinóis” (HULLEN, 
2018, p. 216).
 Apesar de tudo, a promulgação da Constituição de 1824 trouxeram uma novidade, 
que foi o direito de votar. “O voto era indireto e censitário” (FAUSTO, 2018, p. 81), o voto 
indireto estava atrelado a votação em eleições primárias, já a censitária, os votantes 
tinham a necessidade de ter um rendimento de mais de 100 mil-réis. 
Possuindo elementos modernos, mas mantinha a tradição absolutista, o Imperador 
possuía o dispositivo chamado de Moderador.
A Constituição outorgada de 1824, que regeu o país até 
o fim da monarquia, combinando idéias de constitui-
ções européias, como a francesa de 1791 e a espanhola 
de 1812, estabeleceu os três poderes tradicionais, o Exe-
cutivo, o Legislativo (dividido em Senado e Câmara) e 
o Judiciário. Como resíduo do absolutismo, criou ainda 
um quarto poder, chamado de Moderador, que era pri-
vativo do imperador (CARVALHO, 2002, p. 29).
 Durante a Monarquia teremos a manutenção das relações sociais de classe, por 
mais que durante ocorreram leis abolicionistas – Lei Eusébio de Queirós (1850), a Lei do 
Ventre Livre (1871), a Lei dos Sexagenários (1885) e a Lei Áurea (1888).
Lei Eusébio de Queirós: Responsável pelo fim do tráfico negreiro no Brasil, lei imposta 
por pressões ingleses.
Lei do Ventre Livre: Essa Lei decretava que todos os filhos de escravos nascidos no Brasil 
a partir de 1871 seriamconsiderados livres.
Lei dos Sexagenários: Essa Lei concedia alforria para os escravos com mais de 60 anos.
Lei Áurea: Lei decretada no dia 13 de maio de 1888, assinada pela Princesa Isabel, possibi-
litou a Abolição da Escravatura em todo o país. 
GLOSSÁRIO
 Podemos pensar que essas as leis foram ações civis de direitos para a população 
negra nesse período histórico. Cabe reforçar que a força econômica do período estava 
atrelada a propriedade rural, os fazendeiros mantiveram as estruturais coloniais, portanto, 
esse foi um “grande obstáculo à expansão da cidadania” (CARVALHO, 2002, p. 53).
 O fim da Monarquia e o início do período republicano (1889) ocorreram mudanças 
significativas no cenário político e social. O projeto econômico no país, se manteve ligado 
ao processo agroexportador, ou seja, aos fazendeiros. Na Era Vargas (1930-1945) é que 
ocorre uma predominância da industrialização na pauta política.
23
2.3 OS ASPECTOS DA CIDADANIA NA REPÚBLICA BRASILEIRA
 Neste tópico discutiremos os aspectos da cidadania na república brasileira, pois a 
Proclamação da República, no dia 15 de novembro de 1889, a Constituição Republicana 
foi promulgada em 1891.
 Este “sistema do voto direto e universal, suprimindo-se o censo econômico” 
(FAUSTO, 2018, p. 141). Mas apesar do avanço relacionado aos votantes, a Constituição 
Republicana não apresentou nenhuma proposta de direitos às mulheres e excluiu 
mendigos e analfabetos.
 A necessidade de olharmos os aspectos da cidadania na República por que foi 
nesse período que realizamos muitas mudanças sociais, culturais, políticas e econômicas.
Ela se configura como um desdobramento secundário 
e contingente da forma-sujeito de direito na sociedade 
capitalista. Esta pode se reproduzir, em sua estrutura 
econômica, sem que se concedam quaisquer direitos 
políticos às classes trabalhadoras. Para que essa repro-
dução ocorra, são necessários: no plano econômico, a 
vigência de liberdades civis que permitam a celebração 
de contratos de trabalho e a conseqüente emergência 
de um mercado de trabalho; no plano político, a vigên-
cia de qualquer mecanismo de legitimação do Estado 
capitalista, podendo tal mecanismo ter inclusive um 
caráter pré-democrático (como a legitimação fundada 
na competência de uma burocracia oficialmente recru-
tada segundo princípios universalistas e meritocráticos) 
(SAES, 2001, p. 382).
 O sentido de República inspirado nas ideias iluministas pautou a concepção de 
cidadania e de direitos civis em todas as Nações, principalmente, movidos pela Revolução 
Francesa de 1789. No Brasil, não tivemos os direitos republicanos colocados em prática 
após a Constituição de 1891, pois a cidadania que é exercida a partir dos direitos civis, 
direitos à educação e os direitos ao acesso à saúde. Mas “os direitos sociais não foram 
reconhecidos pela Constituição Republicana, que declarava não ser dever do Estado 
garantir tanto a educação primária quanto a assistência social, havendo, portanto, claro 
retrocesso” (HULLEN, 2018, p. 217).
 Nesse princípio, a República não se preocupou em dar o mínimo para as classes 
populares, mas enfatizou e pautou as elites nesse período demonstrando a continuação 
das heranças coloniais na sociedade brasileira, como destaca Carvalho (2002, p. 53): 
As conseqüências da escravidão não atingiram apenas 
os negros. Do ponto de vista que aqui nos interessa - a 
formação do cidadão -, a escravidão afetou tanto o es-
cravo como o senhor. Se o escravo não desenvolvia a 
consciência de seus direitos civis, o senhor tampouco o 
fazia. O senhor não admitia os direitos dos escravos e 
exigia privilégios para si próprio.
 As heranças da escravidão vão repercutir em toda a sociedade, mas principalmente 
24
na manutenção dos privilégios das classes poderosas, como os fazendeiros, industriais e 
burocratas. As lutas das classes populares se refletem com ênfase no período marcado 
pela imigração de pessoas e de ideias. O operariado vai travar lutas pelos direitos 
trabalhistas e políticos.
Na República também não houve a regulamentação 
dos direitos trabalhistas – que junto aos direitos previ-
denciários – são os mais importantes dos direitos so-
ciais. Na primeira década da República, houve um surto 
industrial na região Sul e Sudeste do país, que trouxe 
a cena política nacional, pela primeira vez, a figura do 
trabalhador. Nas primeiras lutas pelos direitos sociais, o 
poder público acabou por se colocar ao lado do patro-
nato e garantiu proteção policial às fábricas, perseguiu 
e prendeu lideranças, obrigou o fechamento de gráfi-
cas e jornais considerados subversivos, extraditando es-
trangeiros que fossem suspeitos de colocar em perigo 
a tranqüilidade pública e a segurança nacional, entre 
outras ações (HULLEN, 2018, p. 217).
 A partir de 1920 ocorre ascensão de outros movimentos sociais impactantes 
que buscaram quebrar o predomínio político das oligarquias. Ocorreram movimentos 
sociais, como por exemplo, o Tenentismo (1922 e 1924); a criação do Partido Comunista 
Brasileiro (1922); as crises políticas entre as oligarquias e a crise econômica de 1929. São 
esses eventos que abalaram a década de 1920 e a sociedade brasileira.
A obra de Napolitano (2016), “História do Brasil República: da queda da Monar-
quia ao fim do Estado Novo” em destaque narra os principais acontecimentos na 
Primeira República até o fim da Era Vargas. Disponível em: https://bit.ly/3zpOvqT. 
Acesso em: 19 jun. 2021. 
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 A Revolução de 1930 derrubou o poder das oligarquias e colocou o fim na Primeira 
República. Getúlio Vargas assume um poder, esse período ficou conhecido historicamente 
como a Era Vargas (1930-1945) e trouxeram mudanças significativas no aparelho político 
e econômico. A queda das Oligarquias e a ascensão da burguesia industrial na política 
fizeram o país adotar medidas em apoiar a industrialização, mas é nesse contexto que 
ocorre a criação de direitos trabalhistas.
 Em 1945, após pressões da sociedade, Getúlio Vargas saí do poder e estabelece 
nesse período a “experiência democrática” que se encerrou em 1964 com o Golpe 
Civil Militar. Importante ressaltar que houve um princípio de restauração do “regime 
democrático e a cidadania política” (SAES, 2001, p. 399). É também nesse período de 
múltiplas experiências que ocorrem a restauração do direito ao voto na Constituição de 
1946.
 Após 1950, Getúlio volta ao poder e só saí em 1954 quando comete suicídio. É nesse 
período que ocorre a ascensão de Juscelino Kubitschek e em seu governo propõem os 
25
Planos de Metas: “abrangia 31 objetivos, distribuídos em seis grandes grupos: energia, 
transportes, alimentação, indústrias de base, educação e a construção de Brasília” 
(FAUSTO, 2018, p. 235). Ou seja, era um plano que propunha a modernização do país.
 No início da década de 1960, João Goulart assumia o governo no lugar de Jânio 
Quadros, que renunciou após polêmicas por medidas consideradas esdruxulas. Suas 
ações provocaram inquietação no campo empresarial, após implementar as “Reformas 
de Base”.
O link recomendado aborda “A trajetória política de João Goulart”, desde as re-
formas de base até o golpe militar de de 1964. Disponível em: https://bit.ly/3Bu-
zt54. Acesso em: 21 mar. 2021. 
BUSQUE POR MAIS
 As reformas eram vistas como essenciais para modernizar a nação, mas os seus 
reflexos foram mais negativos para a construção da cidadania e dos direitos civis no 
Brasil, pois parte do empresariado e dos militares adotaram uma linha crítica ao projeto. 
A construção da cidadania entre 1930 a 1964, porém teremos três estágios de sua 
execução: “A rigor, a cidadania política passou, no período 1930-1964, por três estágios: o 
da crise, o da destruição e o da restauração da cidadania política” (SAES, 2001, p. 398).
 Neste sentido, a cidadania brasileira tivemos poucos avanços nessas primeiras 
décadas do século XX, mas é necessário compreender que a partir de 1964 ocorre uma 
ruptura política e a cidadania é puramente ameaçada. É neste princípioque o próximo 
tópico debaterá, buscando compreender a cidadania na ditadura Civil Militar e como foi 
ela foi incorporada na Constituição de 1988
2.4 A CIDADANIA NA DITADURA MILITAR E NA 
CONSTITUIÇÃO DE 1988
 A irracionalidade e o negacionismo histórico tem sido o calcanhar de Aquiles para 
uma autocrítica da sociedade brasileira em relação a Ditadura Civil Militar (1964-1985) e 
esse período deve ser analisado com argumentos históricos.
 A Ditadura teve dois aspectos importantíssimos e que necessitam ser destacados, 
primeiramente esse período é marcado pela falta de direitos humanos e de cidadania 
em todos os aspectos da sociedade brasileira, além de censura e tortura exacerbada 
exercida pelo Estado brasileiro. Nesse período observamos à garantia dos “direitos de 
cidadania à minoria proprietária, enquanto a maioria da população, trabalhadores e 
camponeses, permaneceriam na miséria, explorados e sem direitos” (NATALINO et al., 
2009, p. 70).
 Nesse sentido, a Ditadura Militar ao editar as novas constituições e emendas vão 
suspender direitos civis e políticos.
26
As Constituições de 1967 e 1969 previam a suspensão dos 
direitos individuais ou políticos quando houvesse abuso 
com o propósito de subversão do regime democrático 
ou de corrupção. O AI-1 trazia a possibilidade de suspen-
são em casos de interesse da paz e da honra nacional, 
importando também, simultaneamente, em (i) cessa-
ção de privilégio de foro por prerrogativa de função; (ii) 
suspensão do direito de votar e ser votados nas eleições 
sindicais; (iii) proibição de atividades ou manifestação 
sobre assunto de natureza política; (iv) aplicação, quan-
do necessária, das medidas de segurança: (a) liberdade 
vigiada; (b) proibição de freqüentar determinados luga-
res; c) domicílio determinado. Especialmente aos servi-
dores públicos, eles poderiam ter suas garantias de vita-
liciedade, inamovibilidade e estabilidade, bem como a 
do exercício em funções por prazo certo (SGANZERLA, 
2015, p. 301).
 Os “anos de chumbo”, como assim é chamado pelos pesquisadores do período, 
demonstram a destruição da cidadania, dos direitos civis, políticos e humanos em nossa 
sociedade. Após os Atos Institucionais, ocorrem o avanço da política de repressão e 
da manutenção do poder dos militares, em contrapartida os adversários políticos são 
duramente perseguidos, torturados e assassinados.
Atos Institucionais: “Normas de natureza constitucional expedidas entre 1964 e 1969 pe-
los governos militares que se sucederam após a deposição de João Goulart em 31 de mar-
ço de 1964. Ao todo foram promulgados 17 atos institucionais, que, regulamentados por 
104 atos complementares, conferiram um alto grau de centralização à administração e à 
política do país”.
GLOSSÁRIO
 No decorrer da década de 1970, ocorre a mobilização da classe operária que 
pressionam a redemocratização do país, esse fenômeno possibilita a flexibilização de leis 
“censurais” e a promulgação da Lei da Anistia, pois “ela possibilitou a volta dos exilados 
políticos e foi um passo importante na ampliação das liberdades públicas” (FAUSTO, 
2018, p. 280). Mesmo assim, a pressão pela abertura política foi tomando cada vez mais 
apelo popular, o lema das “Diretas Já” foi se intensificando ao longo dos primeiros anos 
de 1980, até que no ano de 1985, é eleito por voto indireto, José Sarney.
 Durante esse período foi promulgada a nova Constituição Federal brasileira no dia 
05 de outubro de 1988, “foi restaurada a eficácia política prática do exercício do direito de 
voto, experiências partidárias de caráter massivo e independente” (2001, p. 405). Sendo 
essencial no estabelecimento dos direitos e deveres, além dos direitos humanos e da 
democracia.
27
A Constituição Federal de 1988 materializa a processo 
de redemocratização vivido no pais, pois resultou de um 
amplo processo de discussão e de mobilização políti-
ca. Dentre seus conteúdos mais expressivos, merecem 
destaque: o forte componente de garantia de direitos 
de cidadania e de correspondente responsabilização do 
Estado; de afirmação do compromisso com a democra-
cia direta, por meio da institucionalização de canais de 
participação da população no controle da gestão públi-
ca; e, ainda, de construção de um novo pacto federati-
vo, com ênfase na descentralização e no fortalecimento 
dos municípios (HULLEN, 2018, p. 222).
 A partir da década de 1990, o Brasil adentra em um período que busca legitimar os 
diretos civis e a cidadania proposta pela Constituição Federal de 1988. Já no século XXI, 
os direitos humanos e a cidadania foram amplamente discutidos em temas delicados 
em nossa sociedade, tais como: aborto; pena de morte; direitos às minorias e etc., mas 
diante desse contexto é importante que nós asseguremos para as futuras gerações, os 
direitos humanos e a cidadania.
 A consolidação da Comissão Nacional da Verdade (CNV) em 2011, no governo 
da Dilma Rousseff, buscou enfatizar em suas pesquisas documentais, a violação da 
cidadania, dos direitos humanos e políticos, além da violência do Estado brasileiro sobre 
a população na Ditadura Civil Militar. Essa ação avançou no resgate das memórias dos 
torturados, sequestrados e dos familiares que tiveram algum caso.
 Concluímos que ao avaliar historicamente os dois ciclos de construção de uma 
“cidadania política (o de 1889- 1930 e o de 1930-1964), deve-se concluir que, de um período 
a outro, houve uma evolução, dentro dos limites impostos à participação política pelo 
modelo capitalista de sociedade” (SAES, 2001, p. 401). Os períodos entre (1964-1985), a 
cidadania e os direitos foram totalmente despedaçados e de (1985 – até os dias atuais), 
é a busca em ampliar em todas as esferas sociais. Ainda mais em um país mantém 
heranças sociais da colonização e da formação social, cujo a desigualdade ainda está 
presente nos brasis.
Já imaginou como seria as nossas vidas sem o direito à cidadania?
VAMOS PENSAR?
28
FIXANDO O CONTEÚDO
1. (Uern 2013 - adaptada) Cidadania e cidadão são palavras que vêm do latim “civitas”. 
O termo indicava a convivência das pessoas que participavam das decisões sobre os 
rumos da sociedade.
Cotrim, Gilberto. 1955. História Global – Brasil e Geral. Volume único. 8ª Ed. São Paulo: 
Saraiva, 2005. p. 81.
A história cumpre o papel de educar as novas gerações com concepções, ideias e 
informações consideradas válidas, adequadas ou corretas, segundo consensos mínimos 
que vão se construindo nas gerações anteriores e se legitimando ao longo do tempo. O 
conceito e a prática de cidadania são exemplos disso. Acerca do sentido atual do conceito 
de cidadania e do papel da história na construção desse conceito, assinale a afirmativa 
correta.
a) Ser cidadão hoje é apenas estar em dia com suas obrigações eleitorais, mantendo-
se informado sobre os pleitos e os trâmites das eleições, já que a palavra cidadania é 
sinônimo de “política” enquanto forma de governo.
b) Ao longo do século passado, através das mudanças sociopolíticas ocorridas 
principalmente no Brasil, o conceito de cidadania se destituiu totalmente do sentido 
social, passando a ser um ato puramente individual.
c) Na atual conjuntura, a partir de discussões constantes e uma educação mais intensa e 
democrática, o termo cidadania ganha um sentido mais amplo de participação na vida 
social e, principalmente, de legitimidade de direitos e deveres.
d) A partir dos conceitos históricos que vão sendo deflagrados a cada período e em cada 
cultura específica, o conceito de cidadania perde o sentido inicial e passa a ser sinônimo 
de condição socioeconômica, ou seja, o cidadão e quem detém poder. 
e) Nenhuma das alternativas.
2. (ENEM 2009 – Adaptada) A definição de eleitor foi tema de artigos nas Constituições 
brasileiras de 1891 e de 1934. Diz a Constituição da República dos Estados Unidos do 
Brasil de1891:
I. Art. 70. São eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei.
II. A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1934, por sua vez, 
estabeleceque:
III. Art. 180. São eleitores os brasileiros de um e de outro sexo, maiores de 18 anos, que se 
alistarem na forma da lei.
IV. Ao se comparar os dois artigos, no que diz respeito ao gênero dos eleitores, depreende-
se que:
a) A Constituição de 1934 avançou ao reduzir a idade mínima para votar.
b) A Constituição de 1891, ao se referir a cidadãos, referia-se também às mulheres.
c) Os textos de ambas as Cartas permitiam que qualquer cidadão fosse eleitor.
d) O texto da carta de 1891 já permitia o voto feminino.
29
e) A Constituição de 1891 considerava eleitores apenas indivíduos do sexo masculino.
3. (VUNESP – 2018 – Adaptada) O artigo 1º da atual Constituição Federal brasileira 
declara, em seus incisos II e III, que a cidadania e a dignidade da pessoa humana são 
fundamentos da República. Assim sendo, é correto afirmar que:
a) A Constituição Federal do Brasil está comprometida com leis de exceção.
b) O respeito à cidadania constitui um princípio básico do Estado de Direito.
c) O princípio de igualdade perante a lei carece de embasamento constitucional.
d) O princípio do respeito à dignidade da pessoa pode ser relativizado pela lei.
e) A cidadania proporciona direitos excepcionais em situações emergenciais.
4. (ESAF - 2012 - MI - Nível Superior - Conhecimentos Gerais) Acerca da configuração 
fundamental da cidadania brasileira presente na Constituição da República Federativa 
do Brasil de 1988, é incorreto afirmar:
a) São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro de pai ou mãe brasileiro (nato ou 
naturalizado) que ali se encontrasse a serviço oficial da República Federativa do Brasil.
b) Podem ser brasileiros naturalizados os estrangeiros que, provenientes de países que 
tenham o português como língua nativa, residam no país há mais de um ano e não 
tenham pendente contra si qualquer desabono grave jurídico ou moral.
c) É privativo de brasileiro nato o posto de Ministro do Supremo Tribunal Federal.
d) O brasileiro nato não pode perder a cidadania brasileira.
e) Aos portugueses com residência permanente no país são assegurados os mesmos 
direitos constitucionalmente assegurados aos brasileiros naturalizados, desde que haja, 
em Portugal, reciprocidade em favor dos brasileiros ali residentes permanentemente.
5. No Brasil, a luta contra a miséria e a fome é um compromisso para a garantia da 
cidadania da população. Essa relação entre a condição de vida e cidadania se dá porque:
a) A pobreza é um fato natural para os indivíduos que não se adéquam ao mercado de 
trabalho.
b) A miséria e a fome não são responsabilidades dos governos e não se relacionam com 
a cidadania
c) A cidadania é utilizada como ferramenta de estratificação social e produção de 
desigualdades.
d) A miséria e a fome impedem que os cidadãos tenham garantidos o direito a uma vida 
digna e afetam sua participação na sociedade.
e) Nenhuma das alternativas.
6. Qual foi a contribuição da Comissão Nacional da Verdade (CNV) no que tange a atuação 
da Ditadura Civil Militar no Brasil:
a) Anular a anistia concedida aos chefes militares, assim expulsando os comunistas 
presentes no Brasil. 
b) Rever as condenações judiciais aos presos políticos devolvendo os direitos políticos. 
c) Perdoar os crimes atribuídos aos militantes esquerdistas e planejando uma ação 
30
benevolente.
d) Comprovar o apoio da sociedade aos golpistas anticomunistas.
e) Esclarecer as circunstâncias de violações aos direitos humanos, políticos e de cidadania.
7. A Campanha das "Diretas-Já" foi um episódio marcante na história do Brasil, o que ela 
buscava?
a) Republicanização e a permanência dos militares. 
b) Coligação e a expulsão dos políticos rivais.
c) Redemocratização e a volta dos direitos sociais, humanos e da cidadania. 
d) Militarização e o armamento da população contra os comunistas.
e) Conciliação da população com os militares e o combate do inimigo vermelho.
8. (ENEM 2014 – Adaptada) Parecer CNE/CP nº 3/2004, que instituiu as Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de 
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Procura-se oferecer uma resposta, entre 
outras, na área da educação, à demanda da população afrodescendente, no sentido de 
políticas de ações afirmativas. Propõe a divulgação e a produção de conhecimentos, a 
formação de atitudes, posturas que eduquem cidadãos orgulhosos de seu pertencimento 
étnico-racial — descendentes de africanos, povos indígenas, descendentes de europeus, 
de asiáticos — para interagirem na construção de uma nação democrática, em que todos 
igualmente tenham seus direitos garantidos.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Disponível em: www.semesp.org.br.Acesso em: 
21 nov. 2013 (adaptado).
A orientação adotada por esse parecer fundamenta uma política pública e associa o 
princípio da inclusão social a:
a) Práticas de valorização identitária.
b) Medidas de compensação econômica.
c) Dispositivos de liberdade de expressão.
d) Estratégias de qualificação profissional.
e) Instrumentos de modernização jurídica.
31
DIREITOS HUMANOS
32
 Nessa unidade discutiremos um tema que vem causando muita polêmica em 
nossa sociedade, o que é os Direitos Humanos? Perante o senso comum quem defende 
os Direitos Humanos, defende “bandido”. Mas nesse texto pretendemos discutir a origem 
e o desenvolvimento do conceito de “direitos humanos” ao longo da história.
 Quando falamos de Direitos Humanos remetemos a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos, que foi adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações 
Unidas, no dia 10 de dezembro de 1948, após a Segunda Guerra Mundial.
3.1 INTRODUÇÃO
Para aprofundar mais nos Direitos Humanos, indicamos a leitura da obra “Direitos 
humanos: aspectos históricos, conceituais e conjunturais” de Viana (2020). Disponível 
em: https://bit.ly/2TqoKqV. Acesso em: 20 jun. 2021.
FIQUE ATENTO
3.2 O QUE SÃO OS DIREITOS HUMANOS?
 Nesse tópico compreenderemos o que são os direitos humanos, buscando 
compreender suas definições e sua jornada ao longo da história da humanidade. Segundo 
a Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (UNICEF):
Os direitos humanos são normas que reconhecem e 
protegem a dignidade de todos os seres humanos. Os 
direitos humanos regem o modo como os seres huma-
nos individualmente vivem em sociedade e entre si, 
bem como sua relação com o Estado e as obrigações 
que o Estado tem em relação a eles (FUNDO DE EMER-
GÊNCIA INTERNACIONAL DAS NAÇÕES UNIDAS PARA 
A INFÂNCIA, 2015, online).
 O papel dos direitos humanos nas sociedades modernas e contemporâneas estão 
assentadas na concepção humanista. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 
1948, lista os seguintes “direitos do homem: o direito à vida, liberdade e segurança (artigo 
3º), ao reconhecimento como pessoa (artigo 6º), à igualdade (artigo 7º), à nacionalidade 
(artigo 15), entre outros” (ARIFA, 2018, p. 152).
 Segundo Trindade (2005, p. 210):
A proteção do ser humano contra todas as formas de 
dominação ou do poder arbitrário é da essência do Di-
reito Internacional dos Direitos Humanos. Orientado es-
sencialmente à proteção das vítimas, reais (diretas e in-
diretas) e potenciais, regula as relações entre desiguais, 
para os fins de proteção, e é dotado de autonomia e es-
pecificidade própria.
33
 Partindo desse princípio, os Direitos Humanos buscam em sua essência a proteção 
da dignidade humana frente a qualquer tipo de violência física e moral. Proteger 
a humanidade é essencial para a efetivação dos Direitos Humanos nas sociedades 
contemporâneas, além de tudo, seu objetivo não é “defender bandido” como ouvimos 
no senso comum, mas sim trazer justiça social e proteção das vítimas.
3.3 OS DIREITOS HUMANOS AO LONGO DA HISTÓRIA
 O sentido de Direitos Humano é uma construção propriamente histórica, 
sociológica, filosófica e política, pois também está inserido no contexto de definição 
de cidadania. O desenvolvimento da humanidade ao longo da história contribuí para 
o surgimento de concepções do papeldo ser humano como cidadão, mas também 
podem ser atribuídas ao surgimento do humanismo.
 Os direitos humanos na Antiguidade é uma conceituação complicada de 
mencionar, tivemos algumas formas de ação do Estado no princípio de assegurar direitos 
ou melhor, pouquíssimos direitos, mas é nesse período que vão ocorrer a criação das 
primeiras codificações de leis. O Código Hamurabi faz parte desse contexto, portanto, 
vejamos as contribuições de Lima (2017, p. 65):
Elaborado por Hamurabi, o sexto rei da Babilônia, ele 
foi esculpido em rocha com 282 artigos, disposto em 
3.600 linhas de texto e representou uma simbiose 
entre o que chamaríamos hoje de direito civil e penal, 
retratando a regulamentando uma série de direitos vol-
tados essencialmente para danos e roubos a proprieda-
de, inclusive sobre os escravos, sem qualquer destaque 
para questões comuns de dignidade humana.
 Outras leis ou normas tiveram êxito nesse período, tais como as Leis da XII Tábuas 
no Império Romano e das reflexões “jusfilosóficas” dos pensadores gregos. Também se 
destaca nesse contexto, o Cilindro de Ciro, escrito em 539 a.C. pelo rei da Pérsia (atual Irã), 
sua importância é vista pelos historiadores, como o primeiro tratado de Direito Humanos 
(ALTAVILA, 1989).
Jusfilosóficas: Termo utilizado para se referir à “jusfilosofia”, ou seja, a filosofia do Direito.
GLOSSÁRIO
 Mencionamos anteriormente, as Leis das XII Tábuas, promulgado no ano de 461 
a. C., essa lei foi o resultado de intensas lutas pela igualdade levada pelos plebeus em 
Roma, como podemos observar, o sentido de direito ainda possuí diferentes noções do 
que estamos acostumados em nossa sociedade.
 Os direitos humanos na Idade Média podemos supor que estavam atrelados, 
principalmente, a questão da força produtiva. Os feudos eram extensões/heranças das 
práticas adotadas durante o Império Romano do Ocidente e dos povos germanos, pois 
34
“os servos da gleba, formada por agricultores das colônias romanas, antigos escravos e 
até camponeses livres” (LIMA, 2017, p. 72). Buscavam proteção através do “Juramento 
Feudal ou de Lealdade e obtinham oportunidade para cultivar e viver da terra” (LIMA, 
2017, p. 72).
 Até porque as relações sociais nos feudos estavam baseadas na troca de deveres 
e direitos, entre o senhor feudal e o servo que cuidava das terras. Essas relações foram 
totalmente abaladas pela ascensão de uma nova classe social, a burguesia. Também 
ocorre nesse tempo o desenvolvimento dos direitos humanos, mas é um período marcado 
pelas agitações sociais, políticas e econômicas, como por exemplo, o surgimento do 
Iluminismo e da Revolução Industrial.
 Em contrapartida tivemos nesse período, os embates religiosos e ocorreram 
massacres dos dois lados, principalmente no ocidente, com a Reforma Protestante em 
1517 e a Contrarreforma da Igreja Católica durante o século XVI e XVII.
 Os acontecimentos da Revolução Francesa em 1789 vão influenciar todas as nações 
que buscam a autonomia política, econômica e social, portanto, a partir desse período 
tivemos as ascensões de direitos civis e humanos. A burguesia como classe dominante 
em muitas nações propõe suas reivindicações cidadãs e de direitos civis.
3.4 OS DIREITOS HUMANOS NOS DIAS ATUAIS
 Nesse último tópico, discutiremos os direitos humanos nos dias atuais, além de 
fazermos reflexões sobre seu sentido durante sua implementação no século XX, pois 
foi em tempos de guerras e ditaduras, que a humanidade esqueceu de ser humana e 
racional, também possibilitou o avanço nessa temática.
 É necessário compreender que os Direitos Humanos possuem três importantes 
momentos na história da humanidade: Iluminismo, Revolução Francesa e a Segunda 
Guerra Mundial, este último merece destaque, pois estamos ligados estritamente a esse 
evento. 
 As guerras são motivadas por interesses e intrigas políticas, econômicas, sociais e 
culturais, sendo que estiveram desde os princípios do homem na Terra. Mas como são 
os diretos humanos nesse princípio de crise social, política e econômica? Além disso, 
como podemos pensar na construção da cidadania e dos direitos humanos através dos 
movimentos sociais?
 Podemos supor que as crises sociais, como por exemplo, as questões imigratórias 
se inserem nesse diâmetro dos direitos humanos e da construção da cidadania. 
Diariamente estamos surpresos pelos noticiários de pessoas refugiadas por questões 
de guerras, perseguições políticas e religiosas em todo o globo. Vale destacar, que 
nem todo imigrante é refugiado, estamos num estágio avançado de globalização e as 
pessoas diariamente se mudam para diversos lugares a trabalho, estudos e por questões 
pessoais.
Você conhece uma pessoa refugiada? Já conversou sobre os motivos que fizeram ela sair 
de seu país?
VAMOS PENSAR?
35
 Os Direitos Humanos nesses casos são essenciais para assegurar o direito à 
cidadania dos povos “sem” pátria. Cabe reforçar que após a Segunda Guerra Mundial 
ocorreu a criação das Organizações das Nações Unidas (ONU) e da promulgação da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, ambos movimentos são de 1948 e foram 
importantes para apaziguar as nações inimigas.
 Abaixo trouxemos um dos seus principais artigos.
Artigo 1
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dig-
nidade e direitos. São adotados de razão e consciência 
e devem agir em relação uns aos outros com espírito de 
fraternidade (FUNDO DE EMERGÊNCIA INTERNACIO-
NAL DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA, 1948).
 O primeiro artigo da Declaração é simples e direto em sua essência, promulgado 
em um período que o mundo ainda estava interpretando os acontecimentos da Segunda 
Guerra Mundial e dos horrores do Nazismo e Fascismo. Outro detalhe, importante é que 
foi nas piores crises da humanidade, seja nas crises ou nas ditaduras, que os sentidos de 
direitos humanos foram amplamente debatidos.
 Nos Estados Unidos, durante a década de 1960, surgiram os movimentos sociais 
liderados por Martin Luther King e os Panteras Negras, em combate ao racismo e pela 
inserção da população negra no contexto da cidadania e de direitos humanos, civis e 
políticos. “A discriminação racial da minoria negra nos EUA constitui [...] sua causa é antes 
econômica e decorreu de uma exclusão da cidadania de escravos ‘incidentalmente’ 
negros, que posteriormente foi muito difícil de consertar” (DEL’OLMO; LUNARDI, 2013, 
p. 367).
 Em todo o globo ocorreu a inserção das “minorias” no âmbito da cidadania e dos 
direitos humanos. Os eventos da Guerra Fria possibilitaram esses avanços sociais, apesar 
de inúmeros países da América Latina sofrerem “ataques” as suas democracias, mas na 
França por exemplo, eclodiu o movimento estudantil denominado de “Maio de 1968”.
 Nesse sentido, os direitos humanos ao adentrar o último quarto do século XX teve 
um papel fundamental nas lutas das minorias, eis os processos de desmantelamento 
da máquina do Apartheid na África do Sul (durante a década de 1990), que culminou na 
ascensão de Nelson Mandela.
 “No início da década de 1990, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
passou a utilizar o IDH, ou Índice de Desenvolvimento Humano, tendo como parâmetros, 
além do PIB, a longevidade e a educação” (AMARAL, 2010, p. 184), outra importante tarefa 
dos direitos humanos no século XXI, está na questão ambiental e no que concerne ao 
desenvolvimento sustentável da humanidade.
Em 2002 foi realizada em Joanesburgo a Conferência 
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sus-
tentável, da qual resultou a Declaração de Joanesbur-
go sobre Desenvolvimento Sustentável, ocasião em que 
os Estados assumiram a responsabilidade coletiva de 
fazer avançar e fortalecer os pilares interdependentes 
e que se sustentam mutuamente do desenvolvimento 
sustentável – desenvolvimento econômico, desenvolvi-
36
mento social e proteção ambiental – nos âmbitos local, 
nacional, regional e global (AMARAL, 2010, p. 185).
 No decorrer da primeira e segunda década do século XXI, os direitos humanos se 
mostram atuantes

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