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Prévia do material em texto

CHARLES LEITER
RegeneraçãoE
Caixa Postal 1601
CEP: 12230-971
São José dos Campos, SP
PABX: (12) 3919-9999
www.editorafiel.com.br
Justificação e Regeneração
Traduzido do original em inglês
Justification and regeneration
por Charles Leiter 
© 2009 Charles Leiter
 
Publicado originalmente em inglês 
por Granted Ministries Press, 
a Division of Granted Ministries
P. O Box 1348 Hannibal, MO 63401-1348 USA
Copyright © 2015 Editora Fiel
Primeira Edição em Português: 2015
Todos os direitos em língua portuguesa reservados 
por Editora Fiel da Missão Evangélica Literária
Proibida a reprodução deste livro por quaisquer
meios, sem a permissão escrita dos editores,
salvo em breves citações, com indicação da fonte.
Diretor: James Richard Denham III
Editor: Tiago J. Santos Filho
Tradução: Maurício Fonseca dos Santos Júnior
Revisão: Ingrid Rosane de Andrade Fonseca
Diagramação: Rubner Durais
Capa: Rubner Durais
ISBN: 978-85-8132-316-9
 
 
 
 
 
 
 
 
 Catalogação na publicação: Mariana C. de Melo – CRB07/6477 
 
 
L533j Leiter, Charles 
 Justificação e regeneração / Charles Leiter ; [tradução: 
 Mauricio Fonseca dos Santos Júnior]. – São José dos 
 Campos, SP : Fiel, 2015. 
 
 221 p. ; 21 cm. 
 Tradução de: Justification and regeneration. 
 ISBN 978-8581323169 
 
 1. Justificação (Teologia). 2. Regeneração (Teologia). I. 
 Título. 
 
CDD: 234.7 
SUMÁRIO
 Agradecimentos ................................................................................9
 Prefácio .........................................................................................11
 Introdução ......................................................................................15
 1 – Pecado: O problema final do homem.............................19
 2 – Pode um homem ser justo diante de Deus? .................31
 3 – Justificação: Suas características ......................................41
 4 – Regeneração: Tudo se faz novo ........................................61
 5 – Uma nova criação ................................................................67
 6 – Um novo homem ................................................................73
 7 – Um novo coração .................................................................79
 8 – Um novo nascimento .........................................................89
 9 – Uma nova natureza..............................................................97
 10 – Crucificação e ressurreição..............................................103
 11 – Uma mudança de reino: da carne para o espírito ......113
 12 – Uma mudança de reino: da terra para o céu ................125
 13 – Uma mudança de reino: do pecado para a justiça .....135
 14 – Uma mudança de reino: da lei para a graça .................143
 15 – Uma mudança de reino: de Adão para Cristo ............153
Apêndice A – Regeneração: um resumo ...............................165
Apêndice B – “Não pode pecar” .............................................177
Apêndice C – Romanos 7 .........................................................181
Apêndice D – Todas as bênçãos em Cristo ..........................195
Apêndice E – Perguntas frequentes .......................................207
AGRADECIMENTOS
Quero expressar minha gratidão especial a Paul Washer, da 
Sociedade Missionária HeartCry, por encorajar e apoiar a 
publicação deste livro, e também a Garrett Holthaus de Kirks-
ville, Missouri, por oferecer tantas sugestões valiosas a respeito 
de seu conteúdo. Ainda devo um agradecimento especial aos 
meus muitos revisores por terem trabalhado cuidadosamente 
na correção dos meus erros, e — acima de tudo — à minha 
esposa, Mona, por ter lido alegremente o manuscrito para mim 
durante uma viagem de treze horas de volta do Colorado, suge-
rindo-me uma série de modificações muito úteis.
PREFÁCIO
Parece haver um grande abismo separando os teólogos bíbli-
cos e os crentes sentados nos bancos das igrejas. Embora os 
teólogos sejam capazes de escalar o Everest das verdades de 
Deus e serem transformados pela visão arrebatadora, eles fre-
quentemente comunicam essa visão em uma linguagem que 
está além da nossa compreensão. Dessa forma, somos deixa-
dos à mercê da literatura cristã popular que, em muitos casos, 
não é nada mais do que histórias pitorescas, pragmatismo e 
psicologia batizada.
A igreja contemporânea não precisa de mais estratégias, 
passos ou chaves para a vida cristã. A igreja precisa da verdade 
e, mais especificamente, das grandes verdades que são o funda-
mento do cristianismo histórico. Nesta obra, o pastor Charles 
Leiter prestou um ótimo serviço à Igreja ao tomar duas das 
12 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
maiores doutrinas das Escrituras e dois dos maiores milagres 
na vida cristã, e explicá-los em uma linguagem simples sem 
perda de conteúdo.
Conforme lia o manuscrito deste livro, ficava maravilha-
do com sua simplicidade e escopo. As grandes doutrinas da 
justificação e regeneração só podem ser consideradas apro-
priadamente no contexto das outras grandes doutrinas da fé 
— o caráter santo e reto de Deus, a depravação humana, pro-
piciação, arrependimento, fé e santificação, para citar apenas 
algumas. O pastor Leiter não apenas nos deu uma visão equili-
brada de cada uma dessas doutrinas, mas também demonstrou 
como elas interagem para formar a fundação da vida cristã.
De particular interesse para mim foi a demonstração de 
uma visão apropriada da regeneração. Na evangelização dos 
dias modernos, esta preciosa doutrina foi reduzida a nada mais 
que uma decisão humana de levantar a mão, ir até à frente, ou 
fazer a “oração do pecador”. Como resultado, a maioria das pes-
soas acredita que “nasceu de novo” (i.e., foi regenerada) mesmo 
que seus pensamentos, palavras e obras sejam uma contínua 
contradição à natureza e vontade de Deus. O pastor Leiter de-
monstra que a regeneração é a obra sobrenatural de Deus por 
meio da qual o coração de pedra morto e depravado do peca-
dor é substituído por um novo coração que tanto deseja quanto 
é capaz de responder a Deus em amor e obediência. Em segun-
do lugar, o pastor Leiter trata Romanos 6 e 7 de forma lógica, 
consistente e com profunda simplicidade. A visão de nosso ir-
mão concernente a esses dois grandes capítulos tem sido fonte 
de grande força, conforto e alegria para mim ao longo dos anos 
de minha própria peregrinação.
Prefácio – 13
Já li este livro muitas vezes antes de ter sido impresso. Fui 
grandemente beneficiado por seus ensinos e posso recomen-
dá-lo de todo o meu coração. Que o Espírito de Deus possa 
iluminar seu coração e sua mente para que você possa não so-
mente compreender as Escrituras conforme explicadas aqui, 
mas para que elas também se tornem uma realidade em sua 
vida.
Paul David Washer
Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobe-
dientes, desgarrados, escravos de toda sorte de pai-
xões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e 
odiando-nos uns aos outros. Quando, porém, se mani-
festou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu 
amor para com todos, não por obras de justiça prati-
cadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos 
salvou mediante o lavar regenerador e renovador do 
Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, 
por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, 
justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, se-
gundo a esperança da vida eterna.
Tito 3.3-7
INTRODUÇÃO
16 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Dois grandes milagres encontram-se bem no coração e 
no cerne do evangelho. O primeiro é a justificação, por meio da 
qual criminosos são considerados justos aos olhos de um Juiz 
santo e reto. O segundo é a regeneração, por meio da qual peca-
dores malignos, escravizados e odiosos sãotransformados para 
amar a Deus e os homens. Seja direta ou indiretamente, esses 
dois milagres aparecem em toda parte no Novo Testamento. 
Eles são absolutamente a fundação para um entendimento 
apropriado tanto do evangelho quanto da vida cristã. Contudo, 
mesmo entre crentes genuínos, há muita confusão e ignorância 
a respeito dessas verdades preciosas e libertadoras da alma.
Nas páginas seguintes, você encontrará uma tentativa de 
demonstrar, à luz clara da Bíblia, a natureza e as características 
da justificação e da regeneração. Para fazê-lo, primeiro preci-
samos considerar no Capítulo 1 por qual motivo todos os 
homens se encontram em tal necessidade desesperada desses 
dois atos divinos. Isso envolverá uma discussão tanto da culpa 
objetiva quando da corrupção interna causada pelo pecado.
Porque todos os homens são culpados e corrompi-
dos pelo pecado, há um grande dilema moral no caminho da 
salvação do homem: Como pode um Deus justo justificar pe-
cadores injustos sem ele próprio se tornar injusto? O Capítulo 
2 examina esse dilema e como a sabedoria divina o solucionou 
por meio da Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo. No Capítulo 
3, a natureza e as características da justificação são então ex-
ploradas à luz das sete verdades sobre a justificação, conforme 
demonstradas na Escritura.
A Bíblia tem muito a dizer sobre regeneração. Em uma 
tentativa de obter uma visão clara do que é a regeneração, exa-
Introdução – 17
minaremos nove descrições bíblicas deste grande milagre nos 
Capítulos 4 a 13. Cada descrição olha para a mesma realidade 
gloriosa a partir de um ângulo diferente, iluminando suas dife-
rentes facetas.
No Capítulo 14, tanto a justificação quanto a regenera-
ção são consideradas nos termos das categorias mais amplas de 
“lei e graça” conforme apresentadas no Novo Testamento. E, 
finalmente, no capítulo de conclusão, ambas são consideradas 
como parte de uma realidade ainda maior e mais abrangente 
de nosso estar “em Cristo”. Cristianismo é Cristo. Toda bênção 
espiritual é encontrada “nele” — incluindo todas as bênçãos 
da justificação e regeneração — e nenhuma bênção espiritual 
existe longe dele.
Ao longo desse livro, deixei muitas referências importan-
tes da Escritura nas notas de rodapé, colocadas ao final de cada 
página para facilitar a leitura.
Charles Leiter
Para uma compreensão apropriada tanto da justificação quanto 
da regeneração, precisamos começar por onde a Bíblia começa, 
ou seja, pelo pecado. Todo pecado flui do desejo perverso do 
homem de se colocar no lugar de Deus — de ser o centro e a 
medida de todas as coisas e “conhecer” por conta própria o que 
é bom e o que é mau.1 De acordo com Tito 3.3-7, os homens 
em seu estado natural são “néscios, desobedientes, desgarrados, 
escravos de toda sorte de paixões”. Suas vidas são caracteriza-
das por “malícia, inveja e ódio”. Longe de reconhecerem essa 
situação, os homens perdidos se imaginam como “basicamen-
te bons”, a menos que Deus em sua misericórdia lhes revele a 
verdadeira condição de seus corações endurecidos. O pecado 
é o problema final e, de fato, o único problema da humanidade. É 
1 Gênesis 3.4-5
Capítulo 1 
PECADO
O PROBLEMA 
FINAL DO 
HOMEM
20 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
o meu problema final e meu único problema, e o seu problema 
final e seu único problema.
UMA VISÃO BÍBLICA DO PECADO
A Bíblia tem muito a dizer sobre o pecado. Se quisermos 
compreender corretamente a verdadeira natureza do pecado, 
precisamos deixar que a luz desta revelação bíblica ilumine 
nossas mentes escurecidas e quebrante nossos corações en-
durecidos. Apenas pense a respeito disso! De acordo com a 
Bíblia, o pecado é —
Absolutamente Universal
O pecado é absolutamente universal na raça humana. 
“Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se 
voltou para o seu próprio caminho”.2 “Não há justo, nem um se-
quer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos 
se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o 
bem, não há nem um sequer”.3 Você e eu podemos sequer nos 
conhecer, mas há uma coisa da qual podemos ter certeza antes 
mesmo de sermos apresentados — ambos somos pecadores. 
Todo homem, mulher e criança na face da terra, não importa 
o quão jovem ou velho seja, é um pecador. Mesmo as crian-
ças pequenas, quando lhes é permitido andar em seu próprio 
caminho, são capazes das crueldades mais requintadas contra 
animais e umas contra as outras.
Raça e nacionalidade, da mesma forma, não oferecem 
imunidade ao pecado; mesmo as nações mais evoluídas cultural-
2 Isaías 53.6, NVI
3 Romanos 3.10-12
Pecado: O problema final do homem – 21
mente são capazes de genocídios, assim como as mais bárbaras. 
As câmaras de gás dos “civilizados” são meramente formas mais 
sofisticadas dos facões empunhados pelos “não civilizados”.
Da mesma forma, não existe tal coisa como o “bom sel-
vagem” ou o “pagão feliz”. Nas palavras de um missionário 
aposentado, “eu fui ao campo missionário para impedir um Deus 
mau de mandar homens bons para o inferno. Quando cheguei, 
descobri que eles eram monstros da iniquidade”. A questão aqui 
não é se os homens tiveram uma oportunidade de “aceitar Jesus”. 
A questão é se eles tiveram uma oportunidade de maltratar o 
missionário e rejeitar sua mensagem — pois, longe da obra espe-
cial do Espírito Santo, certamente é isso que eles fariam.4
O pecado é universal na raça humana.
Ubíquo
Não somente o pecado é universal; ele é ubíquo. Todo 
aspecto da personalidade humana e da existência humana é 
afetado por ele: 
A mente é cegada. “O deus deste século cegou o entendi-
mento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz...”.5 
A vontade é corrompida e incapacitada. “A maldade do 
homem se havia multiplicado na terra e... era continuamente 
mau todo desígnio do seu coração”.6 “Não quereis vir a mim para 
terdes vida”.7 “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, 
não o trouxer”.8
4 Mateus 22.1-6
5 2 Coríntios 4.4
6 Gênesis 6.5
7 João 5.40
8 João 6.44
22 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
As emoções são confusas e pervertidas. Alguns corações 
ardem em constante raiva e ódio; outros são atormentados 
dia e noite por medos sem sentido. Multidões riem de coisas 
que deviam fazê-las chorar, enquanto outras se derramam em 
lágrimas sem razão aparente. Tais são as profundas e ubíquas 
perversões causadas à personalidade humana, seja direta ou in-
diretamente, pelo pecado.
Irracional
O pecado é irracional. Muitos direitos de primogenitura 
sem preço foram trocados por um prato de sopa;9 muitos ca-
samentos e famílias foram jogados de lado por uma noite de 
prazer ilícito. Pelo efeito temporário do uso de drogas ilegais, 
os maiores poderes do cérebro humano são rotineiramente e 
permanentemente destruídos. Um momento de reflexão sobre 
os pecados de nosso passado é suficiente para confirmar que 
nenhum deles faz o menor sentido. Tal é a insanidade das ações 
do filho pródigo que seu arrependimento envolveu nada me-
nos que “cair em si mesmo”.10
Não existe pecado sábio.
Enganoso
O pecado é enganoso. A Bíblia fala sobre ser “endurecido 
pelo engano do pecado”.11 Assim como em todo engano, a víti-
ma desconhece o seu estado de enganação. Ao mesmo tempo 
em que pensa que é “rico e abastado e não precisa de coisa al-
9 Hebreus 12.16
10 Lucas 15.17
11 Hebreus 3.13
Pecado: O problema final do homem – 23
guma”, o homem é, na realidade, “infeliz, sim, miserável, pobre, 
cego e nu”.12 Ele que “inculcando-se por sábio”, mas na realida-
de tornou-se um “louco”.13
Endurecedor
Uma das coisas mais temíveis a respeito do pecado é seu 
poder de endurecer aquele que o pratica.14 Quanto mais fundo 
um homem mergulha no pecado, menos o pecado o incomoda. 
De acordo com a Bíblia, a própria consciência do homem se 
torna “cauterizada”.15 Todo pecador se encontra agora come-
tendo aqueles pecados que antes desprezava, e os pecados que 
despreza agora, ele se encontrará cometendo algum dia. Deve-
ria nos chocar a lembrança de que, um dia,Adolph Hitler foi 
um menino brincando com seus brinquedos, como qualquer 
outro menino. O homem conhece o início do pecado, mas ne-
nhum homem jamais conheceu o fim do pecado.
Escravizador
O pecado escraviza aqueles que o cometem. “Todo o que 
comete pecado é escravo do pecado”.16 Ninguém pode se libertar 
a si mesmo ou escapar dos laços do pecado. O pecado “reina” 
sobre o pecador e monta em suas costas como um tirano até 
que eventualmente o atira no poço da destruição e morte.17 Se 
você não for cristão, você possui uma corrente em volta do seu 
12 Apocalipse 3.17
13 Romanos 1.22
14 Hebreus 3.13
15 1 Timóteo 4.2
16 João 8.34
17 Romanos 5.21
24 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
pescoço muito pior que qualquer corrente física. Você até pode 
conseguir abandonar um pecado específico, mas outro pecado 
imediatamente tomará o seu lugar — frequentemente o pecado 
do orgulho ou da justiça própria pelo que você imagina ter reali-
zado ao mudar a si mesmo. O pecado é escravizador.
Degradante
O pecado afunda o mais distinto e mais nobre dos homens 
e das mulheres nas profundezas da vergonha e degradação. O 
jovem rapaz que antes vestia um terno fino e sentava-se em uma 
cadeira de couro em seu escritório agora se encontra com a bar-
ba por fazer, deitado sobre o próprio vômito como resultado 
do pecado. A jovem moça que antes era limpa, bela e inocente 
agora é vulgar, sensual e suja — mais uma vez, por causa do 
pecado. Homens e mulheres feitos à imagem de Deus, criados 
para sonharem sonhos imortais e pensarem os longos pensa-
mentos da eternidade, são reduzidos pelo pecado a seres que 
se chafurdam na lama como um porco por um reles pedaço de 
pão. O pecado transformou anjos em demônios;18 e transforma 
homens em “animais irracionais”.19 O pecado é degradante.
Pervertido
Finalmente, o pecado é pervertido.20 O pecado não é uma fri-
volidade; o pecado não é “bonitinho”; o pecado não é divertido. O 
pecado é extremamente perverso e mau, é “sobremaneira maligno”.21 
Todo pecado é depravado, feio e vil. Deveríamos nos chocar em ver 
18 Mateus 25.41
19 2 Pedro 2.12; Judas 1.10
20 Marcos 7.20-23
21 Romanos 7.13
Pecado: O problema final do homem – 25
como os homens perversos podem ser e o quão cauterizados po-
demos nos tornar a tal perversidade. Nós nos acostumamos com 
ela! O primeiro bebê que nasceu no mundo cresceu para assassi-
nar seu próprio irmão.22 E a história humana, desde então, tem sido 
um longo fluxo de constante guerra, concupiscência, ódio, tortura, 
estupro, perversão, abuso e brutalidade. É uma bênção para nós 
que não saibamos em detalhes os pecados que foram cometidos 
na noite passada em nossa própria cidade. Tal conhecimento seria 
por demais pervertido para alguém carregar.
Dessa maneira, precisamos admitir o fato de que o mun-
do não é do jeito que é por ser habitado por algumas poucas 
pessoas tão más quanto Hitler; o mundo é do jeito que é por-
que é composto de multidões de pessoas como você e eu! Há 
uma profunda perversidade em cada um de nós. Algumas vezes 
Deus usa coisas aparentemente “pequenas” para nos mostrar 
esta perversidade. Para Agostinho, não foi tanto seu estilo de 
vida imoral, mas o roubo despropositado das peras da árvore 
de um vizinho em sua juventude — não por fome, mas por es-
porte — que lhe revelou a profunda depravação de seu próprio 
coração. O pecado, apenas pelo prazer de fazer o mal, sem qual-
quer razão ou recompensa, flui de dentro do coração humano e 
corrompe a todos nós.
OS DOIS LADOS DO PROBLEMA 
DO PECADO DO HOMEM
O pecado é o problema final e, de fato, o único problema da 
humanidade. Mas este “problema do pecado” possui dois as-
pectos distintos — um interno e outro externo.
22 Gênesis 4.8
26 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
O Problema Interno — Um Coração Mau
De acordo com o Senhor Jesus Cristo, o próprio homem 
é corrupto e vil. “O que sai do homem, isso é o que o contami-
na. Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem 
os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os 
adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blas-
fêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro 
e contaminam o homem.”23 Essa é a condição de todo coração 
humano longe de Cristo. Se um filme, até mesmo de nossos pen-
samentos passados, para não falar de nossas ações passadas, fosse 
projetado em um telão diante de nossa família e conhecidos, 
cada um de nós sairia correndo do cinema morrendo de vergo-
nha. Todo não cristão é — em sua pessoa — mais repulsivo a um 
Deus santo do que ele jamais seria capaz de imaginar.
Mas o problema do homem com o pecado vai ainda mais 
fundo que isso. Suponha que, por algum milagre, um pecador 
pudesse se tornar uma nova pessoa e nunca mais pecasse pelo 
resto de sua vida. Ele ainda assim iria certamente para o infer-
no. O assassino em série que sinceramente decide nunca mais 
matar precisa ainda assim pagar por seus crimes cometidos no 
passado. Em outras palavras, o problema do homem com o pe-
cado possui outra dimensão além da interna. O homem não 
somente possui um coração mau; ele também possui um histó-
rico mau aos olhos da lei de Deus.
O Problema Externo — Um Histórico Mau
Todo pecador é um fugitivo da justiça. A despeito da con-
dição presente de seu coração, ele possui uma culpa objetiva, 
23 Marcos 7.20-23
Pecado: O problema final do homem – 27
fora dele mesmo, aos olhos da lei de Deus. Talvez ele não tenha 
nenhum “sentimento de culpa”, mas ele se encontra “culpado” 
ou “condenado”, ainda assim. Todos os seus crimes passados 
clamam para que sua punição seja paga e que a justiça seja sa-
tisfeita. Esse clamor encontra-se ancorado no próprio caráter e 
ser de Deus, em seu atributo de justiça ou equidade.
É por causa desse senso de equidade ou justiça que Deus 
colocou nas profundezas do coração humano que imediata-
mente nos sentimos moralmente ultrajados quando se permite 
que o perpetrador de um crime saia sem punição. Por quê é 
errado que um estuprador assassino receba apenas uma multa 
de dez reais? Nós não podemos provar que ele merece punição 
pior, mas intimamente sabemos que sim. Esse conhecimento 
inescapável dentro de nós é algo mais fundamental e certo que 
qualquer “prova” teórica. É algo absolutamente básico à cons-
tituição humana — um reflexo da própria natureza de Deus.
Muito poderia ser dito a respeito do atributo da justiça 
de Deus, especialmente nestes dias em que o próprio con-
ceito de justiça parece ter se perdido na sociedade de forma 
geral. Há três razões básicas por que um crime deve ser pu-
nido: em primeiro lugar, para a satisfação da justiça (ou seja, 
porque crimes merecem ser punidos e devem ser punidos); 
em segundo lugar, para o bem da sociedade (ou seja, para a 
prevenção de crimes futuros); e em terceiro lugar, para o be-
nefício do ofensor (ou seja, para levá-lo a uma mudança de 
rumo na vida). Dessas três, a satisfação da justiça é a principal 
e mais fundamental que as outras duas. Se a punição de um 
crime não é por si própria justa e merecida, ela não deterá cri-
mes futuros nem corrigirá o ofensor.
28 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Em nossos dias, a razão primária e mais fundamental 
para a punição — a satisfação da justiça — tem sido quase 
que completamente suprimida e negada. Apenas a segunda e 
a terceira razão permanecem, sendo que mesmo essas têm sido 
trocadas em ordem de importância. A “correção” do ofensor é 
atualmente a razão primária, e as prisões não são mais chama-
das de prisões, mas de “centros de correção”. Mesmo aqueles 
que ainda acreditam que o crime deve ser punido pelo bem da 
sociedade mantêm a crença de que assassinos devem receber 
sua sentença não por terem cometido assassinato, mas apenas 
a fim de prevenir homicídios futuros.  Tal filosofia é perversa e 
falsa, e baseia-se na mentira de que homens e mulheres não são 
verdadeiramente responsáveis por suas ações.
Não é difícil de compreender como essa situação veio 
a se formar. Porque os homens queremeles próprios ser 
Deus,24 eles odeiam o pensamento de um Legislador sobe-
rano a quem precisam prestar contas. Eles buscam suprimir 
essa verdade inescapável de que Deus está ao redor deles e 
dentro deles,25 afirmando o contrário, que Deus não existe.26 
Essa negação da existência de Deus lhes facilita fingir que 
não existe tal conceito de certo e errado. Ao invés de serem 
pecadores culpados, homens e mulheres são vistos como víti-
mas indefesas de suas circunstâncias. Em um cenário desses, 
a punição a fim de satisfazer a justiça torna-se impensável. O 
homem é livre para agir conforme lhe agrada e não responde 
a ninguém.
24 Gênesis 3.4-5
25 Romanos 1.18ss.
26 Salmo 10.4; 14.1; 53.1
Pecado: O problema final do homem – 29
Mas não importa o quanto os homens tentem suprimi-la, 
ainda existe uma verdade indelével no coração humano de que 
certo e errado são reais,27 que os homens são responsáveis por suas 
transgressões, e que o pecado merece ser punido.28 Lá no fundo, 
todos os homens sabem que a balança da justiça precisa ser equi-
librada no fim das contas.29 Se você não for cristão e estiver lendo 
essas linhas, a balança da justiça está muito desequilibrada em sua 
vida presente, e você pode estar certo — baseando-se no próprio 
ser e no caráter justo de Deus — de que se você continuar em sua 
condição atual, ele nunca descansará ou cederá até que você esteja 
no inferno. Todo o tecido moral do universo entraria em colapso 
caso ele não colocasse você no inferno.
É neste contexto que a Bíblia nos fala da “ira de Deus”. A 
ira de Deus não é uma perda temporária de autocontrole ou um 
ataque emocional egoísta. É o seu ódio santo e incandescen-
te pelo pecado, a reação e o asco de sua natureza santa contra 
tudo que é mau. A ira de Deus está ligada diretamente à sua 
justiça. Ela tem a ver com sua determinação justa de punir todo 
pecado, de equilibrar a balança da justiça e endireitar tudo que 
está errado. É por isso que a ira de Deus “permanece” sobre 
todo incrédulo.30 Quanto mais o homem persiste no pecado, 
mais ele “acumula contra si mesmo ira para o dia da ira e da 
revelação do justo juízo de Deus”.31 A ira de Deus irá, afinal, ser 
“derramada”; ele é um juiz justo e não irá permitir que o pecado 
siga sem punição eternamente.
27 Romanos 2.14-16
28 Romanos 1.32
29 Atos 28.4
30 João 3.36
31 Romanos 2.5
É neste ponto que encontramos o maior de todos os 
obstáculos imagináveis à salvação humana: Como um Juiz ab-
solutamente justo e reto pode de alguma forma justificar (declarar 
justo) um criminoso absolutamente culpado e condenado? Como 
qualquer ser humano pode escapar da condenação do inferno? 
O próprio Deus nos diz que aquele “que justifica o perverso e 
o que condena o justo abomináveis são para o senhor, tanto 
um como o outro”.32 Suponha que um pai chegue em casa e 
encontre sua família assassinada. Depois de uma persegui-
ção agonizante, ele consegue capturar o assassino. Quando o 
criminoso finalmente se apresenta diante do juiz, ele é inques-
tionavelmente considerado culpado pelo crime. Mas quando 
chega a hora da sentença, o juiz faz a seguinte declaração: “Este 
32 Provérbios 17.15
Capítulo Dois
PODE UM 
HOMEM SER 
JUSTO DIANTE 
DE DEUS?
32 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
homem cometeu um crime terrível, mas eu sou um juiz profun-
damente amoroso e escolho declará-lo inocente. Na verdade, 
eu o declaro justo diante da lei”! Tal juiz seria corretamente 
considerado um criminoso tão grande quanto o assassino! Ele 
“justificou o perverso” e “é abominável para o senhor”.
Mas se isso pode ser considerado verdadeiro mesmo à luz 
da justiça humana, quanto mais verdadeiro não é quando trata-
mos da justiça de Deus? Como os filhos perversos e culpados 
de Adão podem algum dia ter a esperança de se encontrarem 
diante de Deus, o justo Juiz do universo? Como Deus poderia 
de alguma forma “justificar o ímpio” sem ele próprio se tornar 
abominável? “O que disser ao perverso: Tu és justo; pelo povo 
será maldito e detestado pelas nações.”33 Como Deus pode 
dizer a pecadores como nós, “Tu és justo”, sem violar o seu pró-
prio caráter? Como Deus pode de alguma forma salvar-nos dele 
próprio e de sua própria retidão e justiça?
Esse dilema criou misérias indizíveis para cada alma sensí-
vel à culpa. Foi um problema terrível para o patriarca Jó. “Como 
pode o homem ser justo para com Deus? Se quiser contender 
com ele, nem a uma de mil coisas lhe poderá responder.”34 “Que 
é o homem, para que seja puro? E o que nasce de mulher, para 
ser justo? Eis que Deus não confia nem nos seus santos; nem os 
céus são puros aos seus olhos, quanto menos o homem, que é 
abominável e corrupto, que bebe a iniquidade como a água!”35 
“Como, pois, seria justo o homem perante Deus, e como seria 
puro aquele que nasce de mulher? Eis que até a lua não tem bri-
33 Provérbios 24.24
34 Jó 9.2-3
35 Jó 15.14-16
Pode um homem ser justo diante de Deus? – 33
lho, e as estrelas não são puras aos olhos dele. Quanto menos 
o homem, que é gusano, e o filho do homem, que é verme!”36
Ninguém sente a força desse dilema moral mais que o 
pecador arrependido. Ele sabe que merece ir para o inferno. 
Na esfera dos governos humanos, com alguma frequência, os 
criminosos se entregam às autoridades para que a justiça seja 
feita, ao invés de continuar vivendo com um senso insuportá-
vel de culpa! Pecadores arrependidos sabem que merecem ser 
punidos, e que não seria justo que não o fossem. Eles sabem 
que Deus não pode simplesmente “varrer os seus pecados para 
debaixo do tapete” e simplesmente esquecê-los. Dessa forma, o 
clamor de seus corações é: “Como pode um Deus justo algum 
dia sorrir para mim? Como este fardo de culpa pode ser remo-
vido? Como Deus pode pronunciar uma bênção sobre mim? 
Como um homem como eu pode ser justo diante de Deus”!
IMPUTAÇÃO
Só existe uma única resposta para esse dilema. Alguém pre-
cisa pagar pelos pecados dos pecadores. A justiça precisa ser 
satisfeita. Ou ela será satisfeita pelos sofrimentos do próprio 
pecador eternamente no inferno, ou ela terá de ser satisfeita por 
alguma outra pessoa no lugar do pecador.
Maravilha das maravilhas! Esse “Alguém” veio! O Senhor 
Jesus Cristo “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o ma-
deiro, os nossos pecados”.37 “Certamente, ele tomou sobre si as 
nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o 
reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi 
36 Jó 25.4-6
37 1 Pedro 2.24
34 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas ini-
quidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas 
suas pisaduras fomos sarados.”38
Como essa grande transação acontece? Para compreen-
dê-la, precisamos considerar a pequena palavra “imputar”. Ela 
também é traduzida como “reconhecer”, “contar”, “considerar”. 
Podemos começar a entender o que ela significa ao atentar para 
uma passagem da carta de Paulo a Filemon a respeito do retorno 
de seu escravo Onésimo: “Se, portanto, me consideras compa-
nheiro, recebe-o, como se fosse a mim mesmo. E, se algum dano 
te fez ou se te deve alguma coisa, lança tudo em minha conta”.39 
Aqui, Paulo instrui Filemon a “lançar em sua conta” [literal-
mente, “imputar”] qualquer débito que Onésimo pudesse estar 
devendo a Filemon. Essa não era realmente uma dívida de Paulo, 
mas Paulo, por sua própria vontade, tomou para si aquele débito, e 
ele foi lançado em sua conta!
Agora, essa mesma palavra e suas variações são usadas 
para se referir a pecado. Por exemplo, a Bíblia diz que “o peca-
do não é imputado (“lançado em nossa conta”), não havendo 
lei”.40 Novamente, em Romanos 4, Paulo diz: “Mas, ao que não 
trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe 
é atribuída como justiça. E é assim também que Davi declara 
ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui (“impu-
ta”) justiça, independentemente de obras: Bem-aventurados 
aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são 
cobertos; bem-aventuradoo homem a quem o Senhor jamais 
38 Isaías 53.4-5
39 Filemon 17-18
40 Romanos 5.13
Pode um homem ser justo diante de Deus? – 35
imputará pecado”.41 Que transação gloriosa! Nossos pecados 
não são imputados a nós, porque foram imputados a Cristo, 
e, aceitando-os como se fossem seu próprio débito, ele os pagou 
completamente!
Podemos ver essa mesma realidade no conceito de “car-
regar os pecados” do Antigo Testamento. No grandioso Dia da 
Expiação, dois bodes eram sacrificados — um derramava seu 
sangue para expiar os pecados,42 enquanto o outro bode (vivo) 
carregava esses pecados embora para um lugar solitário43: “Arão 
fará chegar o bode sobre o qual cair a sorte para o senhor e o 
oferecerá por oferta pelo pecado. Mas o bode sobre que cair a 
sorte para bode emissário será apresentado vivo perante o se-
nhor, para fazer expiação por meio dele e enviá-lo ao deserto 
como bode emissário”.44 Aqui Deus utiliza dois bodes para nos 
ensinar uma verdade a respeito da obra expiatória do Senhor 
Jesus Cristo. Por um lado, ele morre por nossos pecados, e por 
outro — como resultado daquela morte —, ele eficazmente leva 
nossos pecados embora da presença de Deus.
Perceba a realidade gloriosa da imputação presente aqui! 
“Arão porá ambas as mãos sobre a cabeça do bode vivo e sobre 
ele confessará todas as iniquidades dos filhos de Israel, todas as 
suas transgressões e todos os seus pecados; e os porá sobre a ca-
beça do bode e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem à 
disposição para isso. Assim, aquele bode levará sobre si todas as 
iniquidades deles para terra solitária; e o homem soltará o bode 
41 Romanos 4.5-8
42 Levítico 16.16
43 Levítico 16.22
44 Levítico 16.9-10
36 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
no deserto.”45 A pergunta que cada um de nós deveria fazer a si 
mesmo é a seguinte: “Será que eu já pus as mãos da fé sobre o 
Senhor Jesus Cristo e dei-lhe todos os meus pecados para que 
ele os levasse a uma terra solitária?
Nem todo o sangue de animais
Mortos sobre o judaico altar
Pode dar à consciência culpada paz,
Ou todas suas manchas lavar.
Mas Cristo, o Cordeiro celestial,
Leva todos os nossos pecados embora,
Um sacrifício de nome mais nobre
E sangue mais rico que eles.
Minha fé poria sua mão
Sobre aquela tua cabeça querida,
Enquanto como um penintente estou,
E lá confesso meu pecado.
Isaac Watts
Um substituto morreu em nosso lugar! “Todos nós an-
dávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo 
caminho, mas o senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós 
todos.”46 É dessa forma que um Deus justo pode justificar cri-
minosos de uma vida toda em seu tribunal celestial. Ele abre 
nossas contas e vê que o débito já foi imputado a seu Filho 
45 Levítico 16.21-22
46 Isaías 53.6
Pode um homem ser justo diante de Deus? – 37
amado. Mais do que isso, ele vê que o nosso débito foi real-
mente pago por completo por ele. Aleluia! Deus, em seu grande 
amor,47 desenvolveu uma forma de nos salvar dele mesmo e de 
sua própria justiça! Ele o fez ao entregar seu único Filho para 
morrer em nosso lugar.
O CORAÇÃO DO EVANGELHO
Essas realidades estão no próprio coração do evangelho. Elas 
são expostas pelo apóstolo Paulo em Romanos 3.21-26, uma 
passagem um tanto complexa que se torna clara à medida que 
compreendemos o significado da imputação discutida acima:
Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemu-
nhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a 
fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem; 
porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da 
glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua 
graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem 
Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante 
a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tole-
rância, deixado impunes os pecados anteriormente cometi-
dos;  tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo 
presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele 
que tem fé em Jesus.
Aqui, Paulo declara que Cristo morreu para pagar o nosso 
débito de pecado a fim de que Deus pudesse “justificar” pecado-
res e ao mesmo tempo permanecer “justo”. Ao longo do Antigo 
47 João 3.16; 1 João 4.9-10
38 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Testamento, os pecados foram meramente “deixados impunes”, 
o pagamento de sua culpa sendo postergado ano após ano, até 
que viesse o Cordeiro cuja morte os levaria verdadeiramente 
embora.48 Durante todo esse tempo, parece que Deus estava 
sendo injusto, visto que ele justificou homens (como Abraão 
e Davi) sem que a justiça fosse realmente satisfeita. Portanto, 
era necessário que Cristo morresse “publicamente”, manifes-
tando abertamente a justiça de Deus para que todos a vissem, 
satisfazendo-a completamente na cruz pelos pecados cometi-
dos. Nesse sentido, Cristo morreu não somente para justificar 
homens, mas para justificar Deus! Sua morte na cruz vindicou 
e manifestou a justiça absoluta de Deus ao justificar seu povo. 
Como uma “propiciação” (i.e., um sacrifício que remove a ira) 
pelos nossos pecados, Cristo tira de sobre nós a ira judicial de 
Deus. Somos “justificados gratuitamente” (a justificação é ab-
solutamente de graça para nós), “mediante a redenção que há 
em Cristo Jesus” (a justificação custou muito caro para Deus). 
Somos justificados ao receber a “graça para a justificação”,49 
“justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo”.50
Você ainda está carregando o fardo de sua culpa e seus 
pecados? Você ainda está sob a ira de Deus? “Eis o Cordeiro de 
Deus que tira o pecado do mundo!”51 “Haverá uma fonte para 
remover pecado e impureza”.52 “O sangue de Jesus, seu Filho, 
nos purifica de todo o pecado”.53 Não importa quão terríveis 
48 Hebreus 9.15
49 Romanos 5.17
50 Romanos 3.22
51 João 1.29
52 Zacarias 13.1
53 1 João 1.7
Pode um homem ser justo diante de Deus? – 39
sejam os seus pecados, eles não são nada comparados ao va-
lor infinito do sangue de Cristo!54 “Onde abundou o pecado, 
superabundou a graça”.55 Venha a ele! Ele o convida e também 
ordena que venha; você não precisa temer estar sendo presun-
çoso ao vir: “Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba 
de graça a água da vida”.56 Venha a ele! Tome a água da vida! 
Lance seus pecados sobre ele e confie nele como quem levará 
seus pecados. “Crê no Senhor Jesus e serás salvo”.57
54 1 Pedro 1.18-19; Atos 20.28
55 Romanos 5.20
56 Apocalipse 22.17; Mateus 11.28
57 Atos 16.31
Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as 
nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, 
ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas 
nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o 
castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pi-
saduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados 
como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o se-
nhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.
Isaías 53.4-6
Vimos que o maior problema do homem é o pecado. Mas 
esse problema do pecado possui dois aspectos: o primeiro é in-
terno — o homem possui um coração mau. O segundo é externo 
— o homem possui um histórico mau. Dizendo isso de outra 
Capítulo Três
JUSTIFICAÇÃO:
SUAS 
CARACTERÍSTICAS
42 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
forma: para todo aquele que não é cristão, o pecado tanto o cor-
rompe (o que tem a ver com aquilo que ele é) quanto o condena 
(o que tem a ver com aquilo que ele fez). Por um lado, o poder do 
pecado está reinando dentro dele; por outro lado, a punição do 
pecado está clamando pela morte dele. E, mesmo que ele não 
fosse impotente para se libertar do poder do pecado, ainda assim 
estaria desesperançado por conta da punição do pecado. Somente 
quando um homem vem a enxergar essas realidades terríveis que 
o nome “Jesus” passa a significar alguma coisa para ele. “E lhe po-
rás o nome de Jesus [“Jeová é salvação”], porque ele salvará o seu 
povo dos pecados deles”.58 O Senhor Jesus Cristo salva seu povo 
dos pecados deles— tanto da punição por seus pecados quanto 
do poder de seus pecados. Ele realiza este na justificação e aquele 
na regeneração.
No Capítulo 2, começamos a considerar a justificação: 
Como um homem pode “estar justo” diante de Deus? Esse é 
o dilema que tem atormentado os homens ao longo da Histó-
ria. Ele levou Martinho Lutero a rastejar de joelhos subindo 
os degraus da assim chamada Scala Sancta em Roma e levou 
monges a vestir camisas feitas de cabelo humano e anzóis em 
uma tentativa de pagar por seus pecados. Até os dias de hoje, 
ele leva os nativos das ilhas da Polinésia a sacrificar galinhas 
e aspergir seu sangue para os deuses. Em países mais “civili-
zados”, muitos se contentam em “ir à igreja” ou com alguma 
outra forma de “boas obras” a fim de aplacar suas consciên-
cias culpadas. E em todo lugar os homens estão tentando se 
“justificar”, racionalizando ou apresentando desculpas para 
seus atos perversos.
58 Mateus 1.21
Justificação: Suas características – 43
Como um homem pode ser justo diante de Deus? Existe ape-
nas uma única resposta: um homem pode ser justo diante de 
Deus unicamente por meio da vida e morte do Senhor Jesus 
Cristo em seu lugar. “Carregando ele mesmo em seu corpo, 
sobre o madeiro, os nossos pecados.”59 “Aquele que não conhe-
ceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos 
feitos justiça de Deus.”60 Somente Cristo pode nos fazer justos 
diante de Deus.61 Neste capítulo, consideraremos sete verdades 
que são ensinadas nas Escrituras a respeito desse grande tema.
A JUSTIFICAÇÃO É BASEADA 
NO SANGUE DE JESUS
“Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, se-
remos por ele salvos da ira.”62 “O sangue de Jesus, seu Filho, nos 
purifica de todo pecado.”63 O que significa dizer que a justifica-
ção é baseada no sangue de Jesus? Significa que a justificação 
acontece com base no pagamento de um resgate; ela acontece 
com base na satisfação da justiça. Em outras palavras, quando 
Deus “justifica” uma pessoa, ele não está mais olhando para a 
própria pessoa. Ao invés disso, ele está olhando para o sangue de 
Cristo. Somos “justificados pelo seu sangue”! Deus não justifica 
um homem com base em qualquer coisa inerente ao próprio 
homem. Em particular, não é porque o homem é — de algu-
ma maneira, forma ou modo — piedoso que Deus o justifica. 
Somos especificamente informados em Romanos 4.5 de que 
59 1 Pedro 2.24
60 2 Coríntios 5.21
61 João 14.6; 1 Timóteo 2.5-6; Atos 4.12
62 Romanos 5.9
63 1 João 1.7
44 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Deus “justifica o ímpio”! Essas palavras são verdadeiramente 
surpreendentes e maravilhosas. Você se sente indigno de rece-
ber a justificação? Você é mesmo! Tudo a seu respeito clama 
por sua condenação. Longe do sangue e da justiça de Cristo, 
você não tem qualquer esperança.
Não há nada no homem que leve Deus a justificá-lo, 
incluindo seu arrependimento e fé. Arrependimento não paga 
pelos pecados. O remorso de um criminoso por seus crimes 
cometidos não satisfaz as justas demandas da lei. Da mesma 
forma, a fé não pode pagar pelos pecados! Somente o sangue 
de Jesus pode pagar pelos pecados! A Justificação é baseada 
no sangue de Cristo.
Será que meu zelo não conhecerá descanso,
Ou minhas lágrimas para sempre fluirão,
Tudo pelo pecado que não pode ser expiado;
Tu precisas salvar, e Tu somente.
Augustus Toplady
Isso explica porque uma pessoa pode ter uma fé muito fra-
ca e ainda assim ser justificada. Imagine duas pontes cruzando 
um abismo: uma delas é muito fraca e duvidosa; a outra é muito 
forte. Um homem pode ter uma fé muito forte na ponte fraca e 
confiantemente passar por sobre ela. Sua fé forte não o poupará 
de despencar para sua própria morte. Por outro lado, um homem 
pode ter uma fé muito fraca na ponte forte e, apenas com muito 
medo e tremor, ser capaz de aventurar-se a passar por sobre ela. 
A ponte o manterá em segurança, a despeito de sua fraca fé. Tudo 
que é necessário é que ele tenha fé o suficiente para atravessar a 
Justificação: Suas características – 45
ponte! Quando alguém disse a Hudson Taylor que ele deveria 
ser um homem de muita fé, ele respondeu: “Não, eu sou um ho-
mem de fé muito pequena em um Deus muito grande”.
Quando o Anjo da Morte passou sobre o Egito na noite 
de Páscoa, Deus estava olhando apenas para uma coisa — o 
sangue nos umbrais das portas. “Quando eu vir o sangue, pas-
sarei por vós.”64 Aqueles dentro das casas certamente estavam 
cheios de temor e tremor, mas isso não fez a menor diferença, 
contanto que o sangue estivesse no umbral da porta.
Em sua autobiografia Seen and Heard [Visto e Ouvido], 
o evangelista itinerante escocês James McKendrick nos conta 
da gloriosa conversão de George Mayes, conhecido por toda a 
região como o mais ultrajante dos pecadores. Quando, algum 
tempo depois, McKendrick retornou ao local onde Mayes vivia, 
encontrou-o, no entanto, em um estado de alma atormentado. 
“Já não pareço sentir-me como me sentia antes”, George lamentou. 
“George”, disse McKendrick, “se você tivesse um xelim em seu 
bolso e se sentisse maravilhosamente feliz por isso, por acaso 
esse xelim valeria quinze centavos apenas porque você estava 
se sentindo feliz?” “Não”, disse George. “Bem, quanto então o 
xelim valeria?” “Apenas doze centavos”, ele respondeu. “E supo-
nha que você estivesse extremamente infeliz e ainda possuísse 
aquele xelim em seu bolso, por acaso ele valeria somente nove 
centavos por conta da sua infelicidade?” Novamente, George 
respondeu, “Não”. “Quanto valeria então?” perguntou McKen-
drick. “Doze centavos”, disse George. “Bem, você é capaz de 
perceber que sua alegria não adiciona nada ao valor do xelim, 
nem sua infelicidade tira qualquer valor desse mesmo xelim, e 
64 Êxodo 12.13
46 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
que ele continuará valendo doze centavos independentemente 
de como você se sinta?” “Sim, eu creio nisso”, respondeu George. 
“Então, diga-me — são os seus sentimentos de felicidade ou 
o sangue de Cristo que afasta os seus pecados?” “Ah, é o san-
gue de Cristo”, respondeu George. “Então, você não é capaz de 
enxergar que quando estiver feliz você não está mais seguro, e 
quando estiver infeliz não está menos seguro? É o sangue de 
Cristo que afasta os seus pecados, coloca-o em segurança e o 
mantém salvo ao longo do ano inteiro”, McKendrick concluiu. 
A respeito disso só podemos dizer, “Aleluia”!
Ouço as palavras de amor,
Contemplo o sangue,
Vejo o sacrifício poderoso,
E tenho paz com Deus.
Esta paz eterna!
Tão certa quanto o nome de Jeová;
Tão sólida quanto seu trono inabalável,
Para todo o sempre imutável.
As nuvens podem ir e vir,
E as tempestades podem varrer meu céu —
Esta amizade selada com o sangue jamais mudará;
A cruz sempre perto está.
Horatius Bonar
Cristão, você está olhando para dentro de si em busca de 
confiança? Assim você jamais a encontrará! Mesmo as imensas 
Justificação: Suas características – 47
âncoras dos navios transatlânticos não servirão para nada se fi-
carem guardadas em seus compartimentos. Elas precisam ser 
lançadas para fora do navio! Lance sua âncora sobre Jesus Cris-
to! Coloque toda sua confiança nele! Somente a justiça dele é a 
sua confiança e esperança.
JUSTIFICAR SIGNIFICA “DECLARAR JUSTO”
“Justificar” significa “declarar justo”; não significa “tornar justo”. 
Quando Deus nos justifica, ele declara que algo é verdadeiro 
sobre nós “no lado de fora” (i.e., “objetivamente”); Ele declara 
que somos justos (“retos”) à vista de sua lei. Justificação não 
nos torna bons por dentro. (Deus de fato nos torna bons por 
dentro, mas isso tem a ver com regeneração — o novo homem 
é “criado em justiça e retidão procedentes da verdade”65) Justi-
ficação, em contraste, é uma afirmação (uma declaração) sobre 
nossa posição aos olhos da lei de Deus.
O fato de que a justificação é uma declaração a respeito 
de nossa posição pode se tornar mais claro quando considera-
mos que o oposto de “justificar” é “condenar”. “Quem intentará 
acusação contra oseleitos de Deus? É Deus quem os justifica. 
Quem os condenará?”66 Quando um juiz “condena” um ho-
mem, ele não muda aquilo que o homem é por dentro, mas 
“intenta uma acusação contra ele.” Ele o declara culpado aos 
olhos da lei. Igualmente, quando um juiz “justifica” um ho-
mem, ele não muda aquilo que o homem é por dentro, mas 
apenas declara que ele é justo aos olhos da lei.
65 Efésios 4.24
66 Romanos 8.33-34
48 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
A JUSTIFICAÇÃO NÃO POSSUI 
GRADAÇÕES OU NÍVEIS
Ou um homem é 100% justo, ou está condenado. Se um as-
sassino é acusado de sete homicídios, mas é condenado por 
apenas um, ele ainda assim é um homem condenado! Lei-
tor, ainda que você tivesse que pagar apenas um pecado por 
conta própria, você estaria condenado ao inferno por toda a 
eternidade! Para o cristão já não há condenação. Nenhuma, 
qualquer que seja! “Agora, pois, já nenhuma condenação há 
para os que estão em Cristo Jesus.”67 Se você pertence a Cris-
to, já está 100% justificado nele; não há nenhuma condenação 
para você. E a justiça que você possui aos olhos da lei de Deus 
não é simplesmente uma boa justiça; é a própria justiça de 
Cristo; é a “justiça de Deus”! “Aquele que não conheceu pe-
cado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos 
justiça de Deus.”68
A justificação não possui gradações! Ó, cristãos, lançai 
mão dessa verdade! O diabo tentará fazê-lo pensar que você 
está pelo menos um pouquinho condenado à vista da lei de Deus. 
Mas você não está! Maravilha das maravilhas! O apóstolo Pau-
lo conhecia a Deus melhor do que nós, mas ele não estava nem 
um pouquinho mais justificado que nós! Nem mesmo o próprio 
Senhor Jesus era mais justificado que nós, pois sua própria justi-
ça é nossa! Nossa justificação é perfeita e absoluta.
Jesus, teu sangue e justiça
Minha beleza são, minhas vestes gloriosas;
67 Romanos 8.1
68 2 Coríntios 5.21
Justificação: Suas características – 49
Em meio aos mundos flamejantes, assim vestido,
Com alegria levantarei minha cabeça!
Este manto imaculado parece o mesmo,
Quando a natureza arruinada afunda por anos;
Nem mesmo o tempo pode alterar sua matiz gloriosa,
O manto de Cristo está sempre novo.
Nicholas von Zinzendorf
JUSTIFICAÇÃO É MAIS DO QUE PERDÃO
Em muitos governos, o presidente ou governante tem o po-
der de perdoar criminosos. Isso é conhecido como “clemência 
executiva”. Presidentes têm sido conhecidos por perdoarem ex-
-presidentes, e governadores de estados têm sido conhecidos 
por perdoarem todos os criminosos no corredor da morte como 
último ato de seu governo. Algumas questões são levantadas: 
“Quando esses homens foram perdoados, os crimes cometidos 
por eles foram pagos”? A resposta é não! “Será que a sentença da 
lei sob ameaça foi cumprida?” Novamente, a resposta é não! “A 
justiça foi satisfeita?” Não! Todas essas negativas fluem do fato 
de que o perdão não tem como base o pagamento pelo pecado. 
O perdão deixa o criminoso “se livrar de uma boa”, por assim 
dizer. A sentença da lei nunca é cumprida. O perdão é um ato de 
autoridade por um governante.
Em contraste, a justificação é uma declaração de um juiz, e 
tem como base a justiça. Cristão, quando Deus o justifica, ele não 
está “deixando você se livrar de uma boa” com os seus pecados 
ainda pairando no ar. Ele não finge que os seus pecados já foram 
pagos. Em vez disso, ele vê que os seus pecados realmente já fo-
ram pagos por Cristo, e então faz uma declaração baseada nesse 
50 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
fato. Ele faz uma declaração sobre a forma como as coisas de fato 
são. Se isso não fosse verdade, seria impossível a qualquer crente 
andar de cabeça erguida. Pense em Carol Everett, uma ex-pro-
prietária de uma clínica de aborto responsável pela morte de 
dezenas de milhares. Pense em David Berkowitz, o famoso assas-
sino em série, agora um crente em Cristo. Pense em si próprio!
A única maneira pela qual um pecador arrependido pode 
agora andar de cabeça erguida é saber que os seus pecados já fo-
ram todos pagos! Se ele pensasse que simplesmente “se livrou 
de uma boa”, o pecador arrependido preferiria satisfazer a jus-
tiça no inferno que viver com a culpa de seus crimes passados. 
Amado cristão, você pode ter memórias terríveis de seu passa-
do pecaminoso, mas pode ter certeza de uma coisa: nenhum 
desses pecados está pairando no ar. Eles desceram… sobre o 
Senhor Jesus Cristo!69 E ele já pagou por todos eles! Ele levou 
seus pecados sobre seu próprio corpo na cruz.70
A JUSTIFICAÇÃO É TANTO POSITIVA 
QUANTO NEGATIVA
A justificação é tanto positiva quanto negativa. Vemos essa ver-
dade claramente em Romanos 4.6-8:
E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o 
homem a quem Deus atribui justiça, independentemente 
de obras: Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são 
perdoadas, e cujos pecados são cobertos; bem-aventurado 
o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado.
69 Isaías 53.6
70 1 Pedro 2.24
Justificação: Suas características – 51
Em primeiro lugar, há um aspecto negativo na justificação: 
Deus “não leva em consideração” nossos pecados. Nossos pe-
cados foram “cobertos”, e ele “jamais imputará pecado” a nós 
(v. 7-8). Deus pode fazer isso somente porque nossa dívida de 
pecado foi imputada a Cristo e paga por ele. Aprendemos do 
ensinamento do Senhor Jesus Cristo que o pecado pode (de 
algumas formas) corretamente ser comparado a uma dívida fi-
nanceira: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos 
perdoado aos nossos devedores”.71 Cada um de nós possui uma 
imensa dívida com a justiça de Deus. Qual o tamanho dessa dí-
vida? Em Mateus capítulo dezoito, Jesus conta uma parábola 
comparando nossa dívida com Deus à dívida de um homem 
que devia dez mil talentos ao seu rei. Isso era o equivalente a 
164.000 anos de trabalho para um trabalhador comum, sem 
levar em consideração sábados, domingos e feriados! Nossa 
dívida com a justiça de Deus é verdadeiramente imensa, mas 
Cristo paga essa dívida pelo seu povo na cruz. Isso nos leva de 
volta ao zero a zero; não temos mais nenhuma dívida, mas ao 
mesmo tempo, não temos nenhum dinheiro na conta bancária.
Mas também há um aspecto positivo na justificação: Deus 
coloca sua “bênção” sobre nós “atribuindo-nos justiça” (v. 6). 
Em outras palavras, Cristo não somente paga nossa dívida; ele 
também deposita uma vasta fortuna em nossa conta bancária. 
Por meio de sua perfeita obediência como homem, ele compu-
ta sobre nós e deposita em nossa conta uma justiça positiva aos 
olhos de Deus. Cristo tomou seu lugar como o “último Adão”72 
e foi bem sucedido precisamente onde o primeiro Adão falhou: 
71 Mateus 6.12
72 1 Coríntios 15.45
52 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
“Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se 
tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de 
um só, muitos se tornarão justos”.73
Para compreender o significado disso, precisamos nos 
lembrar de que a Lei possui tanto um aspecto positivo quanto 
negativo. Por um lado, a lei ameaça que “a alma que pecar, essa 
morrerá”.74 Mas por outro lado, a lei promete que “aquele que 
observar os seus preceitos por eles viverá”.75 Essa promessa de 
“vida” tinha uma aplicação temporal aos judeus — enquanto 
obedecessem aos preceitos exteriores da Lei de Moisés, eles 
“viveriam” na terra que Deus havia dado a eles. Mas a promessa 
também possui um significado mais profundo — ela não está 
relacionada apenas com “vida na terra”, mas vida eterna. O Se-
nhor Jesus deixou isso claro em mais de uma ocasião: “E eis 
que certo homem, intérprete da Lei, se levantou com o intuito 
de pôr Jesus à prova e disse-lhe: Mestre, que farei para herdar 
a vida eterna? Então, Jesus lhe perguntou: Que está escrito na 
Lei? Como interpretas? A isto ele respondeu: Amarás o Se-
nhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de 
todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o 
teu próximo como a ti mesmo. Então, Jesus lhe disse: Respon-
deste corretamente; faze isto e viverás”.76Da mesma forma, quando o “jovem rico” perguntou a 
Jesus: “Mestre, que farei eu de bom, para alcançar a vida eter-
na”? Sua resposta foi, “Se queres, porém, entrar na vida, guarda 
os mandamentos”.77 Isso significa que aqueles que obedecem 
73 Romanos 5.19
74 Ezequiel 18.4
75 Gálatas 3.12; Levítico 18.4 
76 Lucas 10.25-28 (compare Levítico 18.4)
77 Mateus 19.16-17
Justificação: Suas características – 53
perfeitamente à lei podem merecer, ou ser dignos da vida eterna 
exercitando sua própria justiça aos olhos da lei.78 “Ora, Moisés 
escreveu que o homem que praticar a justiça decorrente da lei vi-
verá por ela.”79 Somente uma pessoa na história humana foi capaz 
de fazer isso; todos os outros falharam miseravelmente. Somente 
o Senhor Jesus Cristo “cumpriu toda a justiça”.80 Ele não apenas 
pagou por nossos pecados; ele viveu uma vida de perfeita retidão 
que é creditada a nós, e tendo recebido o “dom” da sua justiça, 
temos o direito à vida!81 Não somente a maldição que cabia a nós 
caiu sobre ele, mas a bênção devida a ele caiu sobre nós.
Paulo expressa tanto os resultados positivos quanto os 
negativos da justificação em Romanos 5:1-2: “Justificados, 
pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso 
Senhor Jesus Cristo... e gloriamo-nos na esperança da glória de 
Deus.” O primeiro resultado da justificação é negativo: nós já 
não estamos mais debaixo de uma maldição. Temos paz com 
Deus — não somente paz de nossa parte, mas paz da parte 
de Deus. Quando um criminoso solta sua arma e se rende, o 
policial que o perseguia não faz a mesma coisa. Ele mantém 
sua arma apontada para o meliante até que ele tenha sido se-
guramente encarcerado, e a justiça seja finalmente satisfeita. 
Somente então ele pode abaixar sua arma. A glória da justifi-
cação é que Deus não é mais nosso inimigo — as demandas da 
justiça foram atendidas, nossos pecados foram pagos, e agora 
Deus pode “abaixar sua arma” no que diz respeito a nós. Ele 
está em paz conosco!
78 Filipenses 3.9
79 Romanos 10.5
80 Mateus 3.15
81 Romanos 5.17
54 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
O segundo resultado da justificação é positivo: Agora 
mesmo podemos exultar em esperança (expectativa confiante) na 
glória de Deus (céu). Não somente não estamos mais debaixo de 
uma maldição; temos a vida eterna — agora mesmo. A vida eter-
na não é algo que talvez recebamos algum dia no futuro, mas uma 
posse presente. “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a 
minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não 
entra em juízo, mas passou da morte para a vida.”82 Glória a Deus! 
A bênção merecida por Cristo foi dada a nós.
A JUSTIFICAÇÃO É DE UMA VEZ POR TODAS
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus.”83 A jus-
tificação é de uma vez por todas, um evento completado no 
passado com resultados que duram para sempre. Um homem 
não é primeiramente justificado, então condenado, e então 
justificado novamente. A justificação é de uma vez por todas. 
Isso significa que a justificação nos coloca em uma nova categoria, 
status ou posição diante de Deus. “Justificados, pois,... obtivemos 
igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes.”84 
Os cristãos se encontram firmes em uma posição completa-
mente nova, e é na graça que estão firmados.
A maravilha da justificação de uma vez por todas e de nos-
sa nova posição firmes na graça pode ser ilustrada da seguinte 
maneira: suponha que um marido cristão se levante pela ma-
nhã e seja grosseiro com sua esposa de alguma maneira, mas 
não perceba seu pecado até mais para o final do dia. Quando 
82 João 5.24
83 Romanos 5.1
84 Romanos 5.1-2
Justificação: Suas características – 55
percebe o que fez, pede perdão a Deus e à sua esposa. Seu com-
portamento anterior foi verdadeiramente pecaminoso, ainda 
que ele não estivesse completamente consciente disso naquela 
hora. Agora suponha que este homem tenha morrido antes de 
perceber e confessar o seu pecado. Ele teria ido para o infer-
no? Certamente não! Suas primeiras palavras de confissão ao 
perceber seu pecado mostram que sua posição diante de Deus 
tem sido uma relação de filiação o tempo todo: “Pai, perdoa-me 
pela minha grosseria”. Muitos concordam com essa análise, mas 
poucos pararam para perceber o que ela significa. E ela significa 
que o cristão permanece em um estado justificado mesmo durante 
o tempo entre o cometimento de um pecado e a confissão des-
te mesmo pecado! Em outras palavras, o pecado não é imputado 
a ele durante o tempo entre seu cometimento e sua confissão.
Esse argumento pode ainda ser reforçado da seguinte 
maneira: suponha que este mesmo marido cristão levante-se 
pela manhã, tenha uma discussão com sua esposa e saiba que 
foi grosseiro com ela. Ao invés de confessar seu pecado, ele vai 
mal-humorado para o trabalho. Passa a manhã inteira muito 
aborrecido. Finalmente, não aguentando mais essa situação, ele 
curva sua fronte e pede perdão a Deus, em seguida liga para sua 
esposa e pede também o seu perdão. Suponha que esse homem 
tenha morrido antes de confessar o seu pecado. Ele teria ido para 
o inferno? Novamente, a resposta é “Certamente não!”. Afinal de 
contas, por que ele estaria se sentindo tão mal a manhã inteira, 
se não pelo fato de que ele permanece um filho de Deus com um 
coração renovado mesmo durante o tempo de sua rebelião?
Dizer isso é apenas afirmar que o verdadeiro cristão per-
manece em um estado de justificação o tempo todo. Por quê? 
56 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Porque ele possui toda uma nova condição diante de Deus. O 
cristão não é mais um criminoso sob a ira de Deus; ele é o filho 
debaixo do cuidado de um Pai amoroso.85 E, assim como qual-
quer pai amoroso, às vezes Deus precisa disciplinar seus filhos, 
mas a disciplina é completamente diferente da punição judicial. 
Estritamente falando, a punição é o sofrimento infligido para 
a satisfação da justiça. A disciplina, por outro lado, é o sofri-
mento infligido para o próprio bem do ofensor. Há uma vasta 
diferença entre as duas coisas!
A Justificação é de uma vez por todas. Se isso não fosse verda-
de, todos nós perderíamos a salvação toda vez que cometêssemos 
ainda que um só pecado, e estaríamos expostos à condenação 
eterna até que chegássemos ao ponto de confessar aquele pecado 
e ser justificados (e convertidos) novamente! Essa não é a verda-
deira natureza da justificação, ou mesmo da vida cristã.
A natureza de uma vez por todas da justificação é clara-
mente ilustrada pelo escritor aos Hebreus:
Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a 
imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos 
os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, 
perpetuamente, eles oferecem. Doutra sorte, não teriam 
cessado de ser oferecidos, porquanto os que prestam culto, 
tendo sido purificados uma vez por todas, não mais teriam 
consciência de pecados? Entretanto, nesses sacrifícios faz-
-se recordação de pecados todos os anos, porque é impos-
sível que o sangue de touros e de bodes remova pecados.86
85 Gálatas 4.4-7
86 Hebreus 10.1-4
Justificação: Suas características – 57
Perceba o argumento que é colocado aqui: “Sabemos 
que é impossível que o sangue de touros e de bodes remova 
os pecados, porque eles eram oferecidos todos os anos, vez 
após vez”. Alguém poderia responder dizendo: “O que isso 
prova? Eles precisavam ser oferecidos todos os anos porque 
novos pecados eram cometidos todos os anos. Os pecados 
de cada ano traziam nova condenação”. Mas, de acordo com 
Hebreus, esse tipo de resposta revela uma compreensão 
equivocada da verdadeira natureza da justificação. Quando 
o que presta culto é “purificado”, não há mais “consciência 
dos pecados”. Quando o sangue de Cristo é aplicado, somos 
“aperfeiçoados para sempre”! “Porque, com uma única ofer-
ta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados. 
E disto nos dá testemunho também o Espírito Santo; por-
quanto… acrescenta: Também de nenhum modo me lembrarei 
dos seus pecadose das suas iniquidades, para sempre.”87 Em ou-
tras palavras, a promessa da Nova Aliança de que Deus “de 
modo nenhum se lembrará de nossos pecados”, significa que 
toda a categoria de “pecados” está para sempre longe dos olhos 
de Deus, no que diz respeito à lei e à satisfação da justiça. Os 
crentes foram “aperfeiçoados” em suas consciências,88 não 
tendo mais “consciência de pecados”89 no que diz respeito à 
ira de Deus! Nesse sentido, não há mais necessidade de uma 
“recordação de pecados”90 na Nova Aliança. “Ora, onde há 
remissão destes, já não há oferta pelo pecado.”91 “Temos sido 
87 Hebreus 10.14-17
88 Hebreus 9.9,13-14
89 Hebreus 10.1-2
90 Hebreus 10.3
91 Hebreus 10.18
58 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, 
uma vez por todas.”92
O que isso tudo significa em nossa vida cotidiana? Significa 
que, como cristão, posso me levantar cedo pela manhã sabendo 
que sou aceito em Cristo. Deus se deleita em mim como seu fi-
lho, e a culpa pelos meus pecados se foi para sempre. Se cometer 
um pecado, tenho “consciência” do meu pecado como um filho, 
não como um criminoso condenado, e confesso meu pecado a 
Deus como um filho confessa a seu pai, não como um criminoso 
confessa a um juiz. E, assim, entro com intrepidez no Santo dos 
Santos, pelo sangue de Jesus.93 “Quem intentará acusação contra 
os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os conde-
nará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, 
o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Quem 
nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou 
perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?”94
A JUSTIFICAÇÃO É RECEBIDA PELA FÉ
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus.”95 O san-
gue de Cristo é a base da justificação, mas a fé é o instrumento 
ou canal pelo qual recebemos o “dom da justiça”.96 “Que devo 
fazer para que seja salvo? Crê no Senhor Jesus e serás salvo.”97
O que é fé? Fé não é algum tipo de força ou poder que po-
demos dominar para alcançar e realizar as coisas que queremos. 
92 Hebreus 10.10
93 Hebreus 10.19-22
94 Romanos 8.33-35
95 Romanos 5.1
96 Romanos 5.17
97 Atos 16.30-31
Justificação: Suas características – 59
Igualmente, ninguém pode “liberar sua fé”, a despeito do que en-
sinam alguns falsos mestres. A fé é simplesmente o oposto de tais 
conceitos equivocados. A justificação pela fé não é “fazer” algu-
ma coisa; pelo contrário, ela é a desistência em fazer qualquer coisa 
e simplesmente descansar na misericórdia de Deus. Isso pode ser 
ilustrado pelo testemunho de uma irmã que passou por grandes 
tribulações antes de encontrar descanso em Cristo. Ciente de 
sua condição de perdida e tentando fazer tudo quanto possível 
para escapar do inferno, ela eventualmente se viu sem chão: “Eu 
me sentia como se estivesse pendurada na beira de um precipí-
cio pela ponta dos meus dedos. Abaixo de mim estava o inferno. 
Eu não queria ir para o inferno e havia me esforçado à exaustão 
tentando me manter longe do inferno. Finalmente, não tive mais 
forças para continuar segurando. Soltei meus dedos e caí… direto 
nos braços amorosos de Jesus”. Isso é fé!
Perceba ainda que não somos salvos por uma fé genérica; 
mas somos salvos pela fé em Cristo. Algumas pessoas confiam 
em uma “decisão” feita no passado, mas uma “decisão” nunca 
poderá pagar os nossos pecados! Outras têm confiança no ba-
tismo, em uma experiência emocional passada, ou mesmo em 
sua suposta “fé”. Certo homem idoso que não dava qualquer 
evidência de sua verdadeira conversão, quando perguntado se 
alguma vez havia sido incomodado pelo pensamento da eterni-
dade, respondeu: “Não, jamais me incomodei com isso, porque 
a Bíblia diz que se você tem fé será salvo, e eu tenho um monte 
de fé”. No que esse homem estava confiando? Não era em Cris-
to ou em seu sangue, mas em sua própria “fé”. A confiança de 
um cristão é completamente diferente. Se subitamente o chão 
se abrisse derrubando todos nós em um abismo nesse exato 
60 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
momento, cada verdadeiro cristão exclamaria: “Senhor Jesus”! 
Nenhum deles exclamaria: “Minha fé”!
Fé é o olho que não pode olhar para si mesmo. A fé está 
ocupada com seu objeto, e este objeto é o Senhor Jesus Cristo. 
“E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, 
assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para 
que todo o que nele crê tenha a vida eterna.”98 Aqui Jesus nos 
diz que a serpente na haste era na verdade uma sombra dele 
próprio na cruz. Como as pessoas foram salvas em relação à 
serpente? “Todo mordido que a mirar viverá.”99 O que, então, é 
crer? Crer é “olhar”! Olhe e viva! Coloque toda a sua esperança 
no Senhor Jesus Cristo e seja salvo.
‘Olhe e viva’, meu irmão, viva,
Olhe para Jesus agora e viva!
Está escrito em sua Palavra, Aleluia!
Basta que você ‘olhe e viva’.
W. A. Ogden
98 João 3.14-15
99 Números 21.8
Já vimos que o pecado é o maior e, de fato, único problema 
da humanidade, e que o problema do homem com o pecado 
possui dois aspectos, um interno e outro externo: não somente 
todo filho caído de Adão possui um coração mau, mas também 
possui um registro negativo aos olhos da lei de Deus. O pecado 
tanto contamina quanto condena o homem; seu poder reina den-
tro dele, e sua punição repousa sobre ele. O homem está tanto 
impotente quanto desesperançado — seu problema é realmente 
insolúvel. Nessa situação de trevas e desespero, uma grande luz 
brilhou.100 Jesus veio. Ele pode e irá salvar o seu povo101 tanto da 
punição quanto do poder de seus pecados. Ele realiza aquele na 
justificação, e este na regeneração.
100 Mateus 4.16
101 Mateus 1.21
Capítulo Quatro
REGENERAÇÃO
TUDO SE FAZ 
NOVO
62 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
No segundo e terceiro capítulo consideramos a grande 
doutrina bíblica da Justificação. Agora focaremos no tema da 
regeneração. A justificação acontece no céu, na corte de Deus. 
A regeneração, por outro lado, acontece na terra, no coração do 
homem. Justificação é uma declaração feita por um Juiz; rege-
neração é um ato de criação feito por um Criador onipotente.
UMA PARÁBOLA UNIVERSITÁRIA
Em toda faculdade e universidade, os alunos estudam muito 
para conseguir tirar a nota máxima no final do curso. Quando 
eu era estudante, fiz a mesma coisa. Mas havia uma aula que 
era diferente. Era uma matéria do último ano da faculdade, exi-
gida apenas dos alunos do bacharelado de física e química, e 
havia apenas quatro ou cinco alunos na sala. No primeiro dia 
de aula, nosso professor nos surpreendeu com o seguinte anún-
cio: “Vocês não precisam se preocupar com suas notas nesta 
matéria — todos já estão com dez. Agora nós podemos sim-
plesmente nos tranquilizar e aproveitar a aula”.
É exatamente isso que Deus faz na justificação. Deus nos 
dá nota máxima logo no início da nossa vida cristã! Não temos 
de batalhar para merecer a vida eterna no final do ano letivo; 
já começamos com vida eterna.102 Agora mesmo podemos nos 
exultar no fato de que não passarão mais que algumas batidas 
do nosso coração e estaremos no céu!103
Homens religiosos, mas perdidos, costumam ter duas 
respostas básicas a esta doutrina. Por um lado, os legalistas a 
odeiam. Esse fariseu cheio de justiça própria só faz “boas 
102 João 5.24
103 Romanos 5.2
Regeneração: Tudo se faz novo – 63
obras” porque está tentando tirar nota máxima ao final de sua 
vida. Se pudesse, ele gostaria de viver em pecado, e ressente-se 
do fato de que não pode. Sua objeção é a seguinte: “Se Deus der 
aos homens vida eterna logo no início da vida cristã, o que os 
impedirá de continuar vivendo em pecado? Se ele der aos ho-
mens nota máxima no primeiro dia de aula, ninguém estudará 
a matéria”.104
Por outro lado, o homem religioso sem a lei gosta da 
doutrina da justificação pela fé. “Bem, eu já tirei minha nota 
máxima! Agora posso jogar todos os meus livros na lata de lixo, 
ignorar o professor e viver minha própria vida.” Tais homens 
“transformaram emlibertinagem a graça de nosso Deus”.105 Eles 
enxergam a “graça livre” como uma “licença para pecar”. Nesses 
dias de “evangelho barato”, igrejas de todo lugar estão cheias de 
tais pessoas não convertidas — homens perdidos que gostam 
de pensar de si mesmos como “crentes carnais”.
O que está errado tanto com o pensamento do legalista 
quanto do libertino? Por acaso Deus dá uma nota máxima logo 
no início do ano letivo simplesmente para nos dar a chance de 
matar aula e mesmo assim ficarmos com a melhor nota? Ou 
será que ele paga judicialmente pelos crimes de um criminoso 
na justificação apenas para que o criminoso continue a matar, 
estuprar e roubar, mas agora com imunidade da punição? Ab-
solutamente não! O que Deus faz, então? Exatamente ao mesmo 
tempo em que nos dá nota máxima no início do nosso ano letivo, 
também nos muda por dentro para que amemos estudar aquela 
matéria! Em outras palavras, quando Deus justifica um homem, 
104 Romanos 6.1
105 Judas 4
64 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
ele também o regenera. A regeneração é inseparável da justifi-
cação, e uma nunca acontece sem a outra. E esta é a resposta 
de Paulo, tanto aos judeus legalistas que reivindicavam que o 
ensino de Paulo levaria os homens a “permanecerem em peca-
do”, quanto aos libertinos que queriam usar seu ensinamento 
como uma oportunidade para a licenciosidade: “Que diremos, 
pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais 
abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pe-
cado, nós os que para ele morremos?”106 De acordo com Paulo, 
todo cristão passou por uma transformação radical que torna 
impossível para ele continuar em pecado. Essa transformação 
ocorre na regeneração. A verdadeira “graça” sempre nos educa 
“para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vi-
vamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente”.107 A 
marca invariável de todo homem que encontrou a genuína paz 
com Deus é que ele imediatamente começa uma jornada que 
vai até o fim de sua vida para conhecer e seguir o Deus que ele 
agora ama.108 (O homem com falsa paz, por outro lado, retorna 
aos seus próprios interesses egoístas tão logo se sinta seguro 
dos perigos do inferno.) O verdadeiro cristão jamais utilizará a 
graça como uma “licença para pecar”; ele naturalmente já peca 
mais do que gostaria!
Os cristãos realizam boas obras, então, não porque este-
jam buscando merecer uma nota máxima de Deus, mas porque 
receberam novos corações que amam “estudar a matéria”. Isso 
provoca algumas questões que nos sondam: Será que leio a 
106 Romanos 6.1-2
107 Tito 2.11-12
108 Filipenses 3.10
Regeneração: Tudo se faz novo – 65
Bíblia e oro porque é minha obrigação? Será que me sinto en-
ganado por não poder correr atrás do pecado como o resto do 
mundo? Existe algo em mim que simplesmente ama a Deus 
por quem ele é e ama o que é bom apenas por ser bom? Tenho 
algum prazer nas coisas de Deus? A resposta a essas perguntas 
nos revelará muito a respeito da condição de nossas almas.
REPRESENTAÇÕES BÍBLICAS DA REGENERAÇÃO
A Bíblia tem muito a dizer a respeito da regeneração. Nas pági-
nas a seguir examinaremos nove representações bíblicas desse 
grande milagre. (Duas outras estão resumidas brevemente no 
Apêndice A). Cada uma delas mostra a mesma realidade glo-
riosa, mas a partir de ângulos diferentes, iluminando diferentes 
facetas dessa realidade. Conforme consideramos as diversas 
representações das Escrituras a respeito da regeneração, é im-
portante mantermos em mente que as coisas invisíveis que elas 
descrevem são tão reais quanto o mundo visível e temporal que 
enxergamos com nossos olhos físicos. Na verdade, o mundo 
invisível pode ser considerado ainda mais real que o mundo vi-
sível, visto que as coisas da esfera espiritual são permanentes e 
eternas.109
109 2 Coríntios 4.18
O que é regeneração? De acordo com a Bíblia, é uma nova 
criação. Quando Deus regenera um homem, é um milagre da 
mesma ordem de quando Deus criou o universo!110 Na verdade, 
moralmente falando, é um milagre muito maior. Regeneração é 
um ato criativo de Deus.
TODO CRISTÃO É UMA NOVA CRIATURA
E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coi-
sas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. Ora, tudo 
provém de Deus…
2 Coríntios 5.17-18
Vemos aqui que o cristão é descrito como uma nova criatu-
ra. Em outras palavras, quando Deus faz o cristão, ele faz alguma 
110 2 Coríntios 4.6
Capítulo Cinco
UMA NOVA 
CRIAÇÃO
68 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
coisa nova, a partir do nada, que não existia antes! Ademais, a re-
generação sempre envolve esse milagre criativo — “se alguém”, em 
qualquer lugar, está em Cristo, é uma nova criatura. Não há exce-
ções; se alguém não é uma nova criatura, ele não está “em Cristo”! 
Isso não é simplesmente um quadro bonito, mas uma realidade: 
“As coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”. “A antiga 
ordem já se foi, e uma nova ordem já começou.” Tudo é novo para 
o cristão; ele enxerga o mundo sob uma nova luz — mesmo os 
pedregulhos ao lado da estrada e as latinhas de cerveja nas valas!
O céu acima é de um azul mais suave,
A terra ao redor é de um verde mais doce;
Algo vive em cada tonalidade
Que olhos sem Cristo nunca viram.
G. Wade Robinson
Não temos qualquer participação em fazer esse milagre 
acontecer. (Algo não pode se criar por si próprio!) Deus faz 
todo o trabalho! “Tudo provém de Deus.” (v. 18) Que trabalho 
grandioso é este! A Bíblia se refere a ele como uma “criação” 
vez após vez.
CRIADO PARA BOAS OBRAS
Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem 
de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se 
glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para 
boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que 
andássemos nelas.
Efésios 2.8-10
Uma nova criação – 69
É extremamente significativo que, quando Paulo pensa 
sobre salvação, nosso ser “salvo pela graça mediante a fé”, ele 
pensa em termos de uma obra criativa de Deus. Os cristãos 
são chamados especificamente de “feitura criada” de Deus. Se 
o nosso conceito de salvação é unicamente o de que alguém 
“toma uma decisão” — sai da fila daqueles que estão indo para 
o inferno e entra na fila dos que estão a caminho do céu — en-
tão temos uma visão muito equivocada da salvação. Os cristãos 
foram “criados em Cristo Jesus”!
Qual a natureza dessa obra criativa? Em primeiro lugar, 
é “em Cristo Jesus”. Isto é, ela acontece na esfera da união com 
Cristo. Isso faz um paralelo com o que Paulo disse em 2 Co-
ríntios 5.17, “Se alguém está em Cristo, é nova criatura.” Em 
segundo lugar, é para “boas obras”. O propósito desta obra cria-
tiva é assegurar que as boas obras sejam o resultado final. Essas 
boas obras foram “preparadas de antemão” para que andás-
semos nelas, e todos os cristãos de fato andam nelas, porque, 
como novas criaturas, foram especialmente projetados, desen-
volvidos e criados por Deus para tanto!
A IGREJA É UMA NOVA CRIAÇÃO
Para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, 
fazendo a paz.
Efésios 2.15
A partir dessa importante passagem, aprendemos que 
Paulo usa a linguagem da “criação” para descrever a existência, 
não apenas de cristãos individualmente, mas da igreja como 
um todo. A igreja não é uma organização; ela é um organismo 
70 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
criado — uma coisa viva e uma coisa “nova”. Cristo tomou dois 
grupos completamente divergentes (judeus e gentios) e em 
“si mesmo” criou dos dois “um novo homem” — o “corpo de 
Cristo”. Esse corpo vivo é habitado por um único espírito — o 
Espírito Santo,111 e compartilha de uma vida comum — a pró-
pria vida de Cristo.112
Tanto a igreja como um todo (todo o corpo de Cristo) 
quanto a igreja em suas manifestações locais (corpos indivi-
duais de crentes) são criações miraculosas de Deus. Nenhum 
homem pode “começar uma igreja”; Deus precisa fazer o im-
possível e criar algo do nada para que uma igreja possa existir. 
Ele faz isso, “criando” um número de cristãos individuais,feitos 
um pela virtude de sua vida comum.
O único fundamento da Igreja
é Jesus Cristo seu Senhor:
Ela é sua nova criação,
pelo Espírito e pela Palavra.
Do céu ele veio e a buscou,
para ser sua santa noiva;
Com seu próprio sangue a comprou,
e por sua vida morreu.
Samuel J. Stone
CRIADO EM JUSTIÇA E RETIDÃO
No sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis 
do velho homem, que se corrompe segundo as concupis-
111 1 Coríntios 12.12-13
112 João 15.4-5
Uma nova criação – 71
cências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso en-
tendimento, e vos revistais do novo homem, criado segun-
do Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.
Efésios 4.22-24
De acordo com Paulo, não apenas a igreja, como um 
todo, é um “novo homem”, mas cada cristão individualmen-
te é igualmente um novo homem. A coisa importante que 
devemos perceber aqui é que esse novo homem é descrito 
novamente como alguém que foi criado. Como ele é? Ele foi 
criado “segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da 
verdade”. Essas são as características dessa “nova criatura”! 
Tais descrições deveriam nos dar um senso de quão real é essa 
obra criativa: o novo homem foi criado segundo Deus em jus-
tiça e retidão! A linguagem de Paulo aqui não é a linguagem 
da imaginação poética, mas a linguagem da realidade concre-
ta! Uma descrição paralela dessa obra criativa é encontrada 
em Colossenses 3.9-11:
Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do 
velho homem com os seus feitos e vos revestistes do novo 
homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a 
imagem daquele que o criou; no qual não pode haver grego 
nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, es-
cravo, livre; porém Cristo é tudo em todos.
Mais uma vez encontramos nessa passagem a afirmação 
de que o novo homem já foi “criado” segundo a imagem de Deus. 
Portanto, como aqueles que se “revestiram do novo homem”, 
72 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
os cristãos são “santos e amados” (v. 12) aos olhos de Deus. Em 
resposta à pergunta “Quem sou eu?”, todo cristão deveria res-
ponder: “Sou uma nova criatura, criada em justiça e santidade, 
santo e amado aos olhos de Deus”.
NADA MAIS IMPORTA
Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, 
mas o ser nova criatura.
Gálatas 6.15
A partir de tudo o que foi dito nos parágrafos anteriores, 
não é surpreendente que Paulo considere a nova criação como 
algo da maior importância. Nada mais importa, exceto essa obra 
criativa de Deus! Nem circuncisão, nem batismo, nem qualquer 
outra ação humana externa ou ritual religioso é “coisa alguma” 
se a nova criação estiver ausente. Por outro lado, se Deus nos 
fez novas criaturas, a falta da circuncisão (“incircuncisão”) ou 
do batismo ou de qualquer outro ritual religioso também não 
é “coisa alguma”! A única coisa que importa para qualquer um 
de nós é isto: “Será que sou uma nova criatura, ou ainda sou a 
mesma pessoa que sempre fui?” Se sou a mesma pessoa que 
sempre fui, então não sou cristão, e a quantidade de vezes que 
vou à igreja participo das liturgias e cerimônias religiosas, “vou 
à frente após o apelo” ou “aceito Jesus” não significará coisa al-
guma. O que é regeneração? É uma nova criação! Em resumo, 
é um milagre, não uma “decisão” ou algum tipo de ato humano, 
qualquer que seja.
Para que dos dois criasse… um novo homem.
Efésios 2.15
No sentido de que… vos renoveis no espírito do vosso entendi-
mento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em 
justiça e retidão procedentes da verdade.
Efésios 4.22-24
Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho 
homem com os seus feitos e vos revestistes do novo homem que 
se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele 
que o criou; no qual não pode haver grego nem judeu, circunci-
são nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cris-
to é tudo em todos.
Colossenses 3.9-11
Capítulo Seis
UM NOVO 
HOMEM
74 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Conforme vimos no Capítulo 5, cada uma das passagens 
citadas acima é muito significativa em descrever a regeneração 
como um ato criativo de Deus. Mas outra faceta da regeneração 
também é esclarecida nessas passagens: Regeneração é a cria-
ção de um novo homem.
Não somente a igreja como um todo é “um novo homem” 
(Efésios 2.15), mas cada cristão individualmente também é um 
novo homem! É muito importante perceber que, sob o pon-
to de vista de Paulo, o cristão não é tanto um “velho homem” 
quanto um “novo homem”. Da mesma forma, ele também não 
possui um novo homem “vivendo dentro” dele. E nem mesmo 
possui tanto um velho homem quanto um novo homem viven-
do dentro dele. O cristão é um novo homem.
Uma ilustração popular da experiência cristã fala do cren-
te como alguém que possui tanto um “cachorro preto” quanto 
um “cachorro branco” vivendo dentro dele. Esses cachorros es-
tão continuamente lutando um contra o outro, e “aquele que 
alimentarmos melhor será o que vencerá”. Tal ponto de vista 
pode ser sincero, mas é baseado em uma teologia muito incor-
reta. O cristão não é alguém que meramente possui algo novo 
vivendo dentro dele que ele nunca teve antes; ele próprio é al-
guém que nunca havia sido antes. O cristão é um novo homem.
“NÃO SOU EU!”
Isso pode ser bem ilustrado por um relato que é contado a 
respeito de Agostinho de Hipona, que antes de sua conversão 
seguia um estilo de vida ímpio. Após sua conversão, ele foi vis-
to por uma de suas antigas namoradas, que gritou chamando 
sua atenção: “Agostinho, Agostinho, sou eu”. “Sim”, respondeu 
Um novo homem – 75
Agostinho solenemente, “mas não sou eu”! Essa deveria ser a 
confissão de todo cristão.
Na conversão, todo cristão recebe uma nova identidade. 
Saulo se torna Paulo; Simão se torna Pedro. Um dos primeiros 
desafios que um novo crente enfrenta ao retornar à sua família 
e seus antigos conhecidos é que todos insistem em chamá-lo 
por seu antigo nome: “Olá, Simão”. O novo convertido precisa 
tomar uma posição a respeito do milagre que aconteceu em sua 
vida e explicar, “Não mais amo as coisas que antes amei; não 
mais faço as coisas que antes fiz. não mais sou Simão; sou Pe-
dro. Eu me tornei um novo homem”!
SEJA QUEM VOCÊ É
O cristão é um novo homem. Essa é sua identidade essencial. 
E porque é um novo homem, ele é chamado a viver como um 
novo homem. Visto que o velho homem já foi “despido”, e o 
novo homem “revestido”,113 ele é exortado a crer nesse fato (ser 
renovado “no espírito de vosso entendimento”114) e a viver de 
acordo, “despojando-se do velho homem” (ou seja, de suas 
obras —“seu trato passado”115) e revestindo-se (na prática) “do 
novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão pro-
cedentes da verdade”.116 Esse é o método do Novo Testamento 
para ensinar o crescimento na graça: “Saiba quem você realmente 
é e, então, seja quem você é”. O chamado aos crentes não é, “Ten-
te ser quem você não é”, como muitos cristãos supõem, mas 
sim, “Seja quem você é”! Cristão, a forma como você se enxerga 
113 Colossenses 3.9-10
114 Efésios 4.23
115 Efésios 4.22
116 Efésios 4.22,24
76 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
como crente é muito importante. Se você estiver convencido 
de que ainda é essencialmente mau agora que se tornou cristão, 
então você tem adiante de si a perspectiva de toda uma vida 
lutando para ser algo que você não é, conforme tenta vivera vida 
cristã. Por outro lado, se estiver convencido de que, no próprio 
âmago do seu ser, você é tanto bom quanto mau, então o mau 
ainda possui um lugar legítimo em seu coração e sua vida. Em 
seu ser mais profundo, você realmente quer o mau, e dizer “Sim” 
a ele é, na verdade, dizer “Sim” a seus desejos mais profundos. 
Nenhuma dessas concepções é bíblica. A verdade essencial a 
respeito de cada cristão é que ele é um novo homem. No pró-
prio centro de seu ser, ele foi “criado em justiça e retidão”.117 
Quando ele diz “Não” para o pecado, está dizendo “Sim” para 
seu verdadeiro eu.
A CARNE
A realidade final para todo cristãoé que ele é um novo homem, 
mas essa não é a única realidade. Embora o cristão tenha se tor-
nado uma nova pessoa no mais profundo de seu ser, ele ainda 
não foi completamente redimido. O pecado ainda tenta “reinar” 
em seu “corpo mortal”.118 Esse aspecto mais superficial da per-
sonalidade do cristão é tratado no Novo Testamento como a 
“carne”, e será discutido nos capítulos seguintes. Por ora bas-
ta dizer que a carne não representa quem o cristão “realmente 
é”, e que o poder da carne para reinar sobre o cristão foi que-
brado.119 Quando nossos corpos mortais forem finalmente 
117 Efésios 4.24
118 Romanos 6.12
119 Gálatas 5.16; Romanos 6.6-7
Um novo homem – 77
“redimidos”,120 todo traço de pecado remanescente será dissi-
pado para sempre, e finalmente nos tornaremos perfeitamente 
“quem realmente somos”.
UMA NOVA IDENTIDADE
A verdade a respeito da nova identidade do cristão, a despeito 
dos pecados remanescentes, foi ilustrada em termos de uma 
fábrica recém-comprada. Suponha que uma fábrica de gás ve-
nenoso tenha sido comprada por uma empresa de oxigênio 
com o propósito de produzir o oxigênio que nos dá a vida. Tão 
logo a propriedade da fábrica passe para as novas mãos, sua 
identidade muda. Os novos proprietários colocam uma placa 
na frente, “Fábrica de Oxigênio”. No escritório do presidente, 
um novo diretor senta-se à mesa. O antigo presidente e novo 
presidente não compartilham o mesmo escritório nem ficam 
lutando um contra o outro pelo controle da companhia. O 
antigo presidente já se foi. Na verdade, a antiga fábrica já não 
existe mais. Uma fábrica de oxigênio tomou o seu lugar, ainda 
que leve algum tempo até que todos os equipamentos antigos 
tenham sido modificados para que funcionem completamente 
em toda a capacidade!
No momento da regeneração, cada cristão é feito radical-
mente “novo” no próprio centro de seu ser. Deus coloca uma 
placa na frente da sua vida dizendo, “Santo”.121 É só uma ques-
tão de tempo antes que essa transformação central e essencial 
passe a funcionar em cada faceta da experiência do crente. Um 
incidente na vida de Nicky Cruz, membro de uma gangue de 
120 Romanos 8.23
121 1 Coríntios 1.2; Efésios 5.3
78 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Nova York, ilustra a maravilha desse milagre. Famoso por sua 
sede de sangue e violência, a vida de Nicky foi repentinamente 
tocada por Deus. Em pé, em frente ao seu espelho algumas ho-
ras após sua conversão — com seu revólver e sua faca ainda em 
sua posse — Nicky olhou para si mesmo e disse, “Então o Nick 
vai ser um anjo agora”! E é assim com cada cristão! Uma vez 
que o “novo homem” tenha sido criado, é só uma questão de 
tempo antes que as “armas e facas” do pecado que ainda fazem 
parte de nossas vidas inevitavelmente desapareçam. Aleluia!
Enquanto a justificação é uma declaração autoritativa feita por 
um Juiz Justo, a regeneração é um poderoso ato criativo feito 
por um Criador Todo Poderoso. Esse ato criativo é descrito 
na Bíblia em termos de realidades distintas, cada qual trazen-
do diferentes facetas do que a regeneração é. Já vimos que a 
regeneração é descrita nas Escrituras tanto como uma nova 
criação quanto como um novo homem. Ela também é descrita 
de uma terceira maneira; ela é descrita como a entrega de um 
novo coração.
A PROMESSA DE UM NOVO CORAÇÃO
Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; 
de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos 
vos purificarei.  Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de 
Capítulo Sete
UM NOVO 
CORAÇÃO
80 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos 
darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e 
farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos 
e os observeis… vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso 
Deus. Livrar-vos-ei de todas as vossas imundícias… Então, 
vos lembrareis dos vossos maus caminhos e dos vossos fei-
tos que não foram bons; tereis nojo de vós mesmos por cau-
sa das vossas iniquidades e das vossas abominações. Não é 
por amor de vós, fique bem entendido, que eu faço isto, diz 
o senhor Deus…
Ezequiel 36.25-32
Uma das promessas mais maravilhosas do evangelho é 
a promessa de “um coração novo e um espírito novo” (v. 26). 
Isso é algo que Deus “dá” (v. 26), e ele o dá para todo cristão. 
Em Gênesis 6.5, lemos que “a maldade do homem se havia mul-
tiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio 
do seu coração”. Novamente, é dito que “é mau o desígnio ínti-
mo do homem desde a sua mocidade”.122 Em outra passagem, 
podemos ver que “enganoso é o coração, mais do que todas as 
coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá”?123 
Tais coisas não são verdadeiras a respeito do coração de um cristão! 
O cristão recebeu um novo coração. Ele se tornou “limpo de 
coração”124 e “um verdadeiro israelita, em quem não há dolo”.125 
Tais afirmações não podem ser feitas a respeito daqueles cujos 
corações são “enganosos mais do que todas as coisas e desespe-
122 Gênesis 8.21
123 Jeremias 17.9
124 Mateus 5.8
125 João 1.47
Um novo coração – 81
radamente corruptos!” A fim de que ninguém imaginasse que o 
crente possui tanto um coração velho quanto um coração novo, 
Deus especificamente diz, “tirarei de vós o coração de pedra e vos 
darei coração de carne” (v. 26). Ao invés de um coração duro, 
frio e insensível, o cristão possui um coração vivo, manso e ca-
loroso, que é sensível às coisas de Deus.
Todos os Cristãos Vivem Vidas Transformadas
Além de dar um novo coração, Deus também promete 
“por dentro de nós o seu Espírito” e nos “fazer andar em seus 
estatutos” (v. 27). O resultado inevitável desse trabalho interno 
do Espírito Santo é que cada cristão “observará os juízos (man-
damentos) de Deus e os guardará” (v. 28). Isso significa que é 
absolutamente impossível possuir um novo coração e continuar 
a viver em pecado.
Em nossos dias não é raro ouvir afirmações como esta: 
“Aquela pessoa é cristã, mas vive sua vida em desobediência a 
Deus”. Impossível! “Porei dentro de vós o meu Espírito e farei 
que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os 
observeis.”
“Aquela pessoa é cristã por tantos anos, mas nunca cresceu”. 
Impensável! “de todas as vossas imundícias e de todos os vos-
sos ídolos vos purificarei… Livrar-vos-ei de todas as vossas 
imundícias”. Quando Deus “começa a boa obra em nós”,126 ele 
não descansa até que todo ídolo tenha sido destruído e toda 
imundícia tenha sido limpada de nossas vidas! Ele está deter-
minado em ser o “nosso Deus”, e não nos dividirá com mais 
ninguém!
126 Filipenses 1.6
82 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Promessas, Não Exortações!
É muito importante perceber que as afirmações em 
Ezequiel 36 são promessas a respeito do que Deus fará, não 
exortações sobre o que os cristãos devem fazer. Essas promes-
sas são incondicionais e sempre são cumpridas na vida de cada 
crente. Deus assegura os resultados, não o homem. Perceba no-
vamente o que Deus promete nestes versos:
• “Aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados.”
• “De todas as vossas imundícias e de todos os vossos 
ídolos vos purificarei.”
• “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito 
novo.”
• “Tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração 
de carne.”
• “Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que an-
deis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os 
observeis.”
• “Eu serei o vosso Deus.”
• “Livrar-vos-ei de todas as vossas imundícias.”
Em resposta a tão “preciosas e mui grandes promessas”,127 
todo cristão deveria levantar brados de louvores a Deus.
A NOVA ALIANÇA
Eis aí vêm dias, diz o senhor, em que firmarei nova aliança 
com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a 
aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela 
127 2 Pedro 1.4
Um novo coração – 83
mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anula-
ram a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, 
diz o senhor. Porque esta é a aliança que firmareicom a 
casa de Israel, depois daqueles dias, diz o senhor: Na men-
te, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas 
inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. 
Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um 
ao seu irmão, dizendo: Conhece ao senhor, porque todos 
me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o se-
nhor. Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus peca-
dos jamais me lembrarei.
Jeremias 31.31-34
Essas promessas gloriosas são citadas no Novo Testa-
mento a respeito da “Nova Aliança”, da qual todo cristão faz 
parte.128 Note que a justificação é uma das bênçãos prometi-
das na Nova Aliança: “Perdoarei as suas iniquidades e dos 
seus pecados jamais me lembrarei” (v. 34). Mas, juntamen-
te da justificação e inseparável desta, a regeneração também 
nos foi prometida: “Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, 
também no coração lhas inscreverei” (v. 33). Justificação e re-
generação estão juntas para sempre na Nova Aliança. Todos 
quanto desejarem usar sua suposta justificação como uma 
ocasião para continuar em pecado apenas estarão provando 
que não fazem parte da Nova Aliança. Mais uma vez vemos 
que Deus nunca dá a alguém a nota máxima no início de sua 
vida cristã sem simultaneamente dar-lhe amor pela matéria a 
ser estudada!
128 Hebreus 8.8-12
84 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Justiça Interna
Debaixo da Antiga Aliança, a lei havia sido escrita fora dos 
homens, em tábuas de pedra.129 Este sempre é o relacionamen-
to entre a lei e o homem não regenerado. A lei chega a ele “pelo 
lado de fora” e impõe padrões que ele odeia.130 A lei diz o que 
ele precisa fazer, mas não lhe dá o desejo nem o poder de fazê-lo. 
Na melhor das hipóteses, a lei pode lhe dar uma justiça externa, 
como aquela que descreve a que os fariseus tinham. Jesus dis-
se que eles eram como copos que haviam sido lavados apenas 
exteriormente — “semelhantes aos sepulcros caiados, que, por 
fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de os-
sos de mortos e de toda imundícia”.131
Em contraste, a Nova Aliança promete uma justiça interna: 
“Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração 
lhas inscreverei”. Se pensarmos sobre isso, torna-se claro que esta 
é a mesma promessa encontrada em Ezequiel 36.26, a promessa 
de um novo coração que ama e deseja obedecer a Deus. Como o 
verdadeiro cristianismo é diferente da religião externa de todos 
os fariseus! O verdadeiro cristão segue a Deus porque possui um 
novo coração, um coração que possui a essência da lei de Deus 
— amar a Deus e ao homem132 — escrita nele!133
TRÊS GRANDES CERTEZAS
Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Dar-lhes-ei 
um só coração e um só caminho, para que me temam todos 
129 2 Coríntios 3.1-18
130 Romanos 8.7
131 Mateus 23.25-28
132 Mateus 22.35-40
133 1 Tessalonicenses 4.9
Um novo coração – 85
os dias, para seu bem e bem de seus filhos. Farei com eles 
aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o 
bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se 
apartem de mim. Alegrar-me-ei por causa deles e lhes farei 
bem; plantá-los-ei firmemente nesta terra, de todo o meu 
coração e de toda a minha alma.
Jeremias 32.38-41
Nesses versos Deus fala novamente da “aliança eterna” 
que fará com seu povo.134 As promessas dessa aliança são glo-
riosas além do que as palavras podem descrever. Muito poderia 
ser dito sobre cada uma delas, mas preste atenção nestas em 
particular:
• “Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho, para que me 
temam todos os dias, para seu bem.”
• “Não deixarei de lhes fazer o bem.”
• “Porei o meu temor no seu coração, para que nunca se 
apartem de mim.”
Todos os Cristãos Possuem Um Só Coração
Todos os cristãos possuem um só coração. Isso se torna 
absolutamente certo pelo fato de que Deus promete esse cora-
ção como um presente: “Dar-lhes-ei um só coração.” Os cristãos 
não recebem uma ordem para que tenham todos um só cora-
ção; eles recebem uma promessa de ter um só coração como 
um presente.
Todos os cristãos possuem o mesmo coração! Todos “ado-
ramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não 
134 Jeremias 32.40; Hebreus 13.20
86 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
confiamos na carne”.135 Todos os cristãos amam o Senhor Jesus 
Cristo,136 e todos amam outros cristãos.137 Esse “um só coração” 
explica por que dois cristãos podem se encontrar pela primei-
ra vez em um avião ou ônibus e experimentar mais comunhão 
verdadeira um com o outro em trinta minutos do que poderiam 
com seus familiares incrédulos durante toda uma vida.
Todos os Cristãos Possuem Um Só Caminho
Todos os cristãos possuem um só caminho. Novamente, 
isso é uma promessa de Deus. Não somos informados de que 
todos os cristãos precisam seguir o mesmo caminho; somos in-
formados de que o mesmo caminho será dado a todos eles (v. 
39). Todos os cristãos estão se movendo na mesma direção — 
para cima e em direção a Deus. Alguns estão se movendo mais 
rápido que outros, e todos experimentam alguns reveses. Mas 
no curso geral de suas vidas, todos estão viajando pelo mesmo 
caminho e indo em direção ao mesmo objetivo.
Isso significa que qualquer um que viaje por um caminho di-
ferente que leve a uma direção diferente simplesmente não é cristão. 
“Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus manda-
mentos é mentiroso [e não um “crente carnal”], e nele não está 
a verdade”.138
Todos os Cristãos Perseveram em Santidade
Todos os cristãos perseveram em santidade até o final. 
Atente-se novamente para as promessas de Jeremias 32. Deus 
135 Filipenses 3.3
136 1 Coríntios 16.22
137 1 João 3.14-15
138 1 João 2.4
Um novo coração – 87
não somente prometeu que nunca nos deixaria (“não deixarei 
de lhes fazer o bem”); ele também prometeu realizar uma obra 
em nossos corações para garantir que nunca nos apartássemos 
dele (“e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se 
apartem de mim”)! Novamente, essa é uma promessa, e é algo 
que Deus cumpre. No coração de cada cristão, ele coloca um te-
mor santo e contínuo dele próprio que garante a sua fidelidade 
permanente a ele!
Essa é a verdadeira segurança bíblica, e é muito diferente 
do ditado superficial “uma vez salvo, salvo para sempre” que 
normalmente é ensinado em nossos dias. A segurança não é 
uma questão de “ser salvo” e, então, viver uma vida de peca-
do e ainda assim ir para o céu. Nem mesmo é uma questão de 
ser atirado dentro de uma sala trancada na conversão e não ser 
mais capaz de sair dela, não importa o quanto se esmurre a por-
ta tentando escapar. Não há restrições externas impedindo um 
cristão de retornar à sua vida antiga: “E, se, na verdade, se lem-
brassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. 
Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial”.139 
Você quer voltar para o mundo? Você é completamente livre 
para fazê-lo — ninguém o impedirá! Mas se você for cristão, 
voltar não é o seu desejo. Como poderia ser, uma vez que você 
recebeu um novo coração que ama e teme a Deus?
Dessa forma, a segurança do crente flui da própria natu-
reza da Nova Aliança. O grande “defeito” da Antiga Aliança 
foi que “eles não continuaram” nela.140 A Nova Aliança foi es-
tabelecida especificamente para remediar essa situação. E ela 
139 Hebreus 11.15-16
140 Hebreus 8.7-9
88 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
o faz quando Deus coloca sua lei dentro de nós.141 Na Nova 
Aliança, Deus coloca dentro de nossos corações um amor por 
ele que nos leva a nos abrir para ele e ouvir atentamente suas 
admoestações.
Na época da Páscoa, os filhos de Israel foram alertados 
que ninguém deveria sair da porta de sua casa até a manhã, mas 
antes, deveriam permanecer sob o abrigo do sangue. O que te-
ria acontecido se eles tivessem ignorado essa advertência? Eles 
certamente teriam perecido! Mas o fato é que eles não igno-
raram a advertência! Eles tiveram medo de sair, de forma que 
todos permaneceram dentro de suas casas até o amanhecer, e 
nenhum delespereceu. E da mesma forma acontece com todo 
cristão. Louvado seja o Senhor!
141 Hebreus 8.10
De acordo com a Bíblia, todo cristão é um milagre ambulante! 
Ele é um novo homem com um novo coração. Em poucas pa-
lavras, ele é nada menos que uma nova criação por completo! 
Mas a “novidade” da regeneração não para por aqui. A regene-
ração também é um novo nascimento.
NOVO NASCIMENTO
A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, 
se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. 
Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, 
sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e 
nascer segunda vez? Respondeu Jesus: Em verdade, em ver-
dade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode 
entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e 
Capítulo Oito
UM NOVO 
NASCIMENTO
90 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te 
dizer: importa-vos nascer de novo. O vento sopra onde quer, 
ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde 
vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.
João 3.3-8
Nessa parte da Escritura, encontramos algumas das pala-
vras mais maravilhosas e instrutivas jamais faladas pelo Senhor 
Jesus Cristo. É aqui que aprendemos que se tornar um cristão 
é, na verdade, “nascer” uma segunda vez! Ao descrever a re-
generação nesses termos, nosso Senhor chama atenção para 
diversos aspectos importantes dela.
O NOVO NASCIMENTO É RADICAL
Nada poderia ter um alcance maior ou ter mais implicações 
para nós pessoalmente que a nossa concepção e nascimento! 
Quando somos concebidos e nascemos, passamos a existir e a 
viver na esfera do mundo natural, e nada mais será o mesmo no-
vamente — para sempre! E da mesma forma acontece na esfera 
espiritual: Quando “nascemos de novo”, passamos a existir e a 
viver no mundo espiritual, e para toda a eternidade nada mais 
será o mesmo novamente! Aleluia!
“Nascer de novo” é começar a existir. Em resumo, o 
novo nascimento não é algo adicionado às nossas vidas; é a 
própria vida! Nós começamos a viver! Dizendo isso de outra 
forma, nascer de novo não é receber alguma coisa que não pos-
suíamos antes; é se tornar alguém que nunca havíamos sido 
antes. O novo nascimento está na raiz de nossa própria exis-
tência como cristãos.
Um novo nascimento – 91
O NOVO NASCIMENTO É REAL
O novo nascimento não é como um nascimento; ele é um nasci-
mento! Atente-se para as palavras de nosso Senhor no verso 6: 
“O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é 
espírito”. O novo nascimento é um nascimento verdadeiro. As-
sim como algo carnal é nascido no nascimento físico, de igual 
modo, algo espiritual é nascido em um nascimento espiritual! 
“O que é nascido… é espírito.”
Nesse nascimento, é Deus quem nos gera; somos “nasci-
dos de Deus”. “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na 
prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; 
ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus.”142 
João nos informa que a “semente” [grego: sperma] de Deus per-
manece naqueles que foram nascidos de Deus. Nas palavras de 
Pedro, tornamo-nos “coparticipantes da natureza divina”.143 Tal 
terminologia é tão explícita que não ousaríamos usá-la a não 
ser pelo fato de ser o ensino direto da Palavra de Deus.
A realidade do novo nascimento possui implicações 
tremendas: em primeiro lugar, ela nos mostra por que um 
verdadeiro cristão não vive em pecado. João nos informa no 
verso citado acima que um cristão “não pode viver pecando”. 
(Veja Apêndice B.) A razão pela qual o cristão não pode viver 
pecando é encontrada em seu novo nascimento e na natureza 
divina que habita dentro dele: “Todo aquele que é nascido de 
Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele 
é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é 
nascido de Deus”. O cristão possui a natureza de Deus nele e, 
142 1 João 3.9
143 2 Pedro 1.4
92 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
portanto, não consegue tolerar viver da mesma forma que vivia 
antes. Qualquer verdadeiro crente que tente retornar aos seus 
antigos caminhos irá, em última análise, se encontrar incapaz 
de fazê-lo. O pecado vai contra sua própria natureza; ele o odeia.
Em segundo lugar, aprendemos a partir da realidade do 
novo nascimento a forma como todo verdadeiro cristão deve-
ria se enxergar (i.e., pensar de si mesmo). O cristão não é mais 
um pecador,144 mas um santo.145 Novamente, isso não significa 
que o cristão nunca peque, ou que o pecado não seja sedutor 
à sua carne, mas sim que sua verdadeira natureza — o que ele 
verdadeiramente é lá no fundo — ama a Deus e a santidade. 
Um fato que torna óbvio o quanto isso é verdade é o de que 
todo verdadeiro cristão sente-se miserável e profundamente 
entristecido quando peca. Por qu ele se sente tão miserável? 
Precisamente porque sua verdadeira natureza ama a santidade!
Amado santo! Não permita que o diabo lhe diga que você 
não tem valor e é um cristão vil. Você é um filho de Deus — 
“santo e amado”146 aos olhos do Senhor! Sua própria natureza 
(“semente”) está dentro de você, e você carrega consigo os tra-
ços da família! O novo nascimento é um nascimento real.
O NOVO NASCIMENTO É SOBERANO
O novo nascimento depende, em última instância, da vontade 
de Deus, não do homem. Todos que foram nascidos de novo 
“não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da 
vontade do homem, mas de Deus”.147 O Senhor Jesus deixa isso 
144 Lucas 6.32-34
145 1 Coríntios 1.2; Efésios 5.3
146 Colossenses 3.12
147 João 1.13
Um novo nascimento – 93
muito claro no verso 8: “O vento [grego: pneuma: vento, Espí-
rito, sopro] sopra onde quer”.
O vento sopra onde quer. Nenhum homem pode direcio-
ná-lo, controlá-lo ou fazê-lo parar de soprar. Da mesma forma, 
o Espírito de Deus sopra onde quer. Isso significa que mesmo 
a pessoa mais improvável pode ser salva. Nem o coração mais 
endurecido ou o desejo mais teimoso pode impedir o vento de 
soprar. Se houve uma pessoa que a igreja primitiva sabia que 
não poderia ser convertida, essa pessoa era Saulo de Tarso. Mas 
as coisas que são impossíveis para o homem são possíveis para 
Deus!148 Uma rajada de vento do Espírito de Deus, e o homem 
que anteriormente andava “respirando ainda ameaças e mor-
te”149 contra os crentes agora era um manso e humilde discípulo 
de Cristo perguntando: “Que farei, Senhor?”150
O novo nascimento é sempre uma obra soberana de Deus: 
“assim é todo que é nascido do Espírito”. Por que eu sou cristão 
e meu vizinho não é? Há somente duas possibilidades: ou a ex-
plicação está no homem (“eu fui mais responsivo; meu coração 
não ficou tão endurecido; eu busquei a Deus por minha própria 
iniciativa”), ou a explicação está em Deus (“Ele escolheu ‘soprar’ 
seu Espírito, quebrantar meu coração endurecido e me tornar 
responsivo ao seu chamado”). A Bíblia deixa muito claro que 
a segunda alternativa é a correta: “Assim, pois, não depende de 
quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericór-
dia”.151 Em nosso estado natural, “não há quem entenda, não há 
148 Lucas 18.27
149 Atos 9.1
150 Atos 22.10
151 Romanos 9.16
94 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
quem busque a Deus”.152 “Mas Deus, sendo rico em misericór-
dia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós 
mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cris-
to.”153 Assim como o “vale de ossos secos” de Ezequiel, Deus fez 
com que o “espírito entrasse em nós para que vivêssemos”.154
A única razão pela qual qualquer um de nós é cristão é que 
o Vento de Deus soberanamente soprou em nossos corações. 
Eu não fazia a menor ideia, quando acordei no dia da minha 
conversão, que pela hora de me deitar eu seria uma nova cria-
tura em Cristo Jesus! Eu não estava “buscando a Deus”; Deus 
não estava em meus pensamentos; não havia “temor de Deus 
diante dos meus olhos”.155 Mas, no fim do dia, um milagre havia 
acontecido, e fui para a cama naquela noite cheio da paz que 
“excede todoentendimento”156 e da “alegria indizível e cheia de 
glória”.157 O vento sopra onde quer! Aleluia!
O NOVO NASCIMENTO É CONHECIDO
A obra do Espírito Santo na regeneração é sempre conhecida: 
“O vento sopra onde quer, ouves a sua voz” (v.8). O vento sem-
pre possui movimento, vida, energia, som. Esse movimento pode 
vir na forma de um poderoso temporal que destrói tudo em 
seu caminho, ou pode vir na forma de uma brisa gentil que faz 
uma folha balançar suavemente num galho, mas sempre há mo-
vimento. Se não houver movimento, não há vento.
152 Romanos 3.11
153 Efésios 2.4-5
154 Ezequiel 37.1-10
155 Romanos 3.18
156 Filipenses 4.7
157 1 Pedro 1.8
Um novo nascimento – 95
Quem pode ver o vento?
Nem eu nem você:
Mas quando as folhas tremulam
O vento está passando por elas.
Quem pode ver o vento?
Nem eu nem você:
Mas quando as árvores se dobram ao chão
O vento está passando por elas.
Christina Rossetti
Assim é com o Espírito. O movimento do Espírito de Deus 
é evidenciado pelos efeitos que produz. Algumas vezes o Espírito 
Santo vem como um temporal poderoso varrendo três mil para 
dentro do reino em um só dia.158 Outras vezes vem como uma 
brisa gentil abrindo o coração de uma única pessoa a responder 
ao evangelho.159 Mas o mover do Espírito de Deus é sempre co-
nhecido: “assim é todo que é nascido do Espírito”. Os efeitos da 
atividade divina são visíveis na vida de todo verdadeiro cristão.
O NOVO NASCIMENTO É MISTERIOSO
O novo nascimento é misterioso: “não sabes donde vem, nem 
para onde vai” (v.8). Novamente, esse elemento de mistério 
está invariavelmente presente no novo nascimento: “assim é 
todo que é nascido do Espírito”!
Isso é uma coisa muito maravilhosa: Nós “não sabemos” 
quem pode ser o próximo! O Espírito Santo é uma Pessoa, e 
158 Atos 2.37-41
159 Atos 16.14
96 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
não podemos predizer como ele trabalhará. Ele pode salvar 
uma alma, ou pode salvar três mil. Aqueles que mercadejam o 
evangelho pelo “evangelismo de telefone” afirmam serem ca-
pazes de predizer com extrema precisão quantas “decisões por 
Cristo” serão obtidas. Tal predictabilidade prova apenas uma 
coisa: Aqueles “convertidos” são nada mais que produtos da 
psicologia aplicada; eles não são a obra do Espírito de Deus! O 
novo nascimento é misterioso!
Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam 
disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubado-
res. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventu-
ra, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda 
árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz 
frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, 
nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não 
produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, 
pelos seus frutos os conhecereis.
Mateus 7.15-20
De acordo com esses versos, a regeneração não é somente 
um novo nascimento, mas é também o recebimento de uma nova 
natureza. É significativo que a palavra “natureza” nunca seja uti-
Capítulo Nove
UMA NOVA 
NATUREZA
98 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
lizada nessa passagem, embora o conceito esteja evidente. Isso 
ocorre porque nossa “natureza” não é algo que “temos”, mas 
uma descrição daquilo que somos. O conceito correto de uma 
“natureza” é, desta forma, visto nas palavras de nosso Senhor 
a respeito dos dois tipos de árvores — árvores boas e árvores 
más. Essas simples palavras estão cheias de instrução gloriosa a 
respeito das realidades da regeneração. Quatro grandes verda-
des de amplo alcance são imediatamente evidentes aqui:
HÁ SOMENTE DOIS TIPOS DE ÁRVORES
De acordo com o Senhor Jesus Cristo, uma árvore só pode ser 
“boa” ou “má”. Todo homem é um “espinheiro” ou uma “vi-
deira”, uma “figueira” ou um “abrolho”. Não existe um grupo 
“intermediário” — metade figueira e metade abrolho. Nem 
mesmo podemos encontrar nesses versos qualquer tipo de ár-
vore “híbrida”. Que uma árvore pudesse ter “duas naturezas” 
ao mesmo tempo é tão impossível quanto uma árvore que fos-
se tanto um espinheiro quanto uma videira simultaneamente! 
Todo homem só pode ser um ou o outro.
AS ÁRVORES FRUTIFICAM DE 
ACORDO COM SUA NATUREZA
“Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má 
produz frutos maus” (v.17). Em outras palavras, o tipo de fruto 
flui do tipo (“natureza”) de árvore. Videiras produzem uvas; es-
pinheiros produzem espinhos. Perceba o modo absoluto com 
que nosso Senhor faz esta afirmação: “Toda árvore boa produz 
bons frutos”. Amado leitor, não deixe que ninguém o engane com 
palavras vazias160 e não se autoengane pensando que “algumas 
160 Efésios 5.5-6
Uma nova natureza – 99
árvores boas produzem frutos maus”. De acordo com o Senhor 
Jesus Cristo isso nunca acontece! Embora o cristão ainda peque 
e caia de muitas maneiras,161 sua vida é inevitavelmente carac-
terizada pelos bons frutos,162 e não por “espinhos e abrolhos”.163 
E para que não houvesse qualquer sombra de dúvida sobre 
este ponto, o Senhor o reafirma ainda mais enfática e especi-
ficamente no verso 18: “Não pode a árvore boa produzir frutos 
maus, nem a árvore má produzir frutos bons”.
Assim como a árvore boa não pode produzir frutos maus, 
da mesma forma aprendemos a partir da segunda metade do ver-
so 18 que não é possível a um homem não regenerado produzir 
frutos bons. Você até pode amarrar uma maçã externamente em 
um espinheiro, mas elas não podem ser produzidas pelo espinhei-
ro. Elas não podem fluir naturalmente daquilo que o espinheiro é 
em sua própria essência. No verso 19 aprendemos qual o destino 
de cada árvore que não produz bom fruto: “Toda árvore que não 
produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo”.
O FRUTO DE UMA ÁRVORE 
REVELA SUA NATUREZA
O fruto de uma árvore não faz da árvore o que ela é; ele apenas 
revela o que a árvore é. O Senhor Jesus apresenta esse princípio 
geral em sua admoestação a respeito dos falsos profetas, “Pelos 
seus frutos os conhecereis” (v. 16). Então ele prossegue ensi-
nando sobre as “árvores boas” e as “árvores más”, e conclui o 
pensamento repetindo essa grande verdade no verso 20: “As-
sim, pois, pelos seus frutos os conhecereis”.
161 Tiago 3.2
162 João 15.16
163 Hebreus 6.8
100 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
O fruto de uma árvore não faz da árvore o que ela é: Nin-
guém se torna uma videira ao tentar produzir uvas! Apenas um 
milagre da parte de Deus pode nos transformar naquilo que 
não somos! Pelo contrário, o fruto de uma árvore apenas revela 
o que a árvore é: a produção de uvas é a evidência de que esse 
milagre de Deus já aconteceu.
Esse princípio é muito bem ilustrado pelas palavras do nosso 
Senhor aos judeus em João 8.47: “Quem é de Deus ouve as palavras 
de Deus; por isso, não me dais ouvidos, porque não sois de Deus”. 
Perceba novamente que o fruto de uma árvore não faz dela o que ela 
é, mas ao invés disso, apenas revela o que ela é. Muitos pensam que é 
nossa resposta às “palavras de Deus” que nos tornam uma pessoa “de 
Deus”. Jesus afirma o oposto. Porque somos “de Deus”, respondemos 
apropriadamente às “palavras de Deus”. A mesma verdade é vista em 
João 10.26-27: “Mas vós não credes, porque não sois das minhas 
ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e 
elas me seguem”. Mais uma vez nosso Senhor deixa claro que os ho-
mens não se tornam ovelhas ao crerem, como muitos supõem, mas 
que eles creem porque são ovelhas! Milagre glorioso! A regeneração 
é o recebimento de uma nova natureza!
ÁRVORES MÁS PODEM SER CONHECIDAS
Ao contrário da opinião popular, é possível distinguir entre fal-
sos e verdadeiros crentes. O Senhor Jesus Cristo nos dá essa 
certeza duas vezes nos versos citados acima: “Os conhecereis” 
(v.16). “Assim, pois, os conhecereis” (v.20). Para a pergunta, 
“Como os conheceremos?”, a resposta do nosso Senhor é sim-
ples e inequívoca: “Pelos seus frutos”.
Isso não significa que podemos entrar em uma reunião de 
cristãos e em cinco minutos saber quem são todos os verda-
Uma nova natureza – 101
deiros crentes.Muitas vezes aqueles que parecem ser fortes e 
genuínos por um tempo, posteriormente caem. Da mesma for-
ma, aqueles cujas conversões inicialmente parecem ser muito 
fracas e questionáveis são muitas vezes achados vinte anos de-
pois firmes e fortes, e ainda caminhando com Deus. O tempo 
testa a genuinidade de cada profissão de fé. No entanto, perma-
nece o fato de que mais cedo ou mais tarde — e muitas vezes 
mais cedo — o verdadeiro estado de alguém que falsamente 
professa fé em Cristo se tornará conhecido: “E, quando a erva 
cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio”.164
Um dos primeiros versos citados em qualquer discussão a 
respeito da verdadeira conversão é, “Não julgueis, para que não se-
jais julgados” (Mateus 7.1). Raramente a pessoa citando esse verso 
percebe que ele foi falado pelo Senhor apenas uns poucos versos 
antes de suas afirmações sobre conhecer os homens por seus fru-
tos (v. 16). O mandamento para não “julgar”, portanto, não pode 
ser um mandamento para não “discernir”. Na verdade, nosso Se-
nhor nos adverte no verso 6, “Não deis aos cães o que é santo, nem 
lanceis ante os porcos as vossas pérolas”. Como podemos saber 
quem são esses “cães” e “porcos” se não “julgarmos” no sentido de 
discernimos? Na verdade, o Senhor Jesus nos ordena julgar, ainda 
que “não segundo a aparência”, mas “pela reta justiça”.165
ÁRVORES BOAS SÃO 
REPRESENTANTES DO HOMEM
Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom ou a árvore má e o 
seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. Raça 
164 Mateus 13.26
165 João 7.24
102 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Por-
que a boca fala do que está cheio o coração. O homem bom 
tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau 
tesouro tira coisas más.
Mateus 12.33-35
Nesses versos, as quatro maiores verdades de Mateus 
7.15-20 são repetidas pelo Senhor Jesus utilizando uma termi-
nologia ligeiramente diferente. Além disso, uma quinta grande 
verdade que está implícita em Mateus 7 encontra sua plena 
expressão aqui: de acordo com o Senhor Jesus Cristo, é teo-
logicamente apropriado falar de alguns homens como “bons” 
e outros como sendo “maus”.
Cristão, você se considera um “homem bom”? Claro que 
é verdade que longe de Cristo nenhum de nós possui qualquer 
bondade que seja. Nesse sentido, “Ninguém é bom senão um, 
que é Deus”.166 Mas, amado, não estamos longes de Cristo! A 
Bíblia descreve Barnabé como um “homem bom, cheio do Es-
pírito Santo e de fé”.167 E Paulo fala dos cristãos romanos como 
“possuídos de bondade”.168 Se nossa teologia não permite es-
paço para esse tipo de linguagem, então não é uma teologia 
bíblica. Deus realizou um milagre no coração de cada cristão! 
A regeneração é o recebimento de uma nova (e boa!) natureza.
166 Marcos 10.18
167 Atos 11.24
168 Romanos 15.14
Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja 
a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos 
ainda no pecado, nós os que para ele morremos? Ou, porven-
tura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo 
Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados 
com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi res-
suscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também 
andemos nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos 
com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos 
também na semelhança da sua ressurreição, sabendo isto: que 
foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o cor-
po do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como 
escravos; porquanto quem morreu está justificado do pecado.
Romanos 6.1-7
Capítulo Dez
CRUCIFICAÇÃO E 
RESSURREIÇÃO
104 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e 
esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho 
de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.
Gálatas 2.20
Muitos leram esses versos e tentaram “imaginar” que eles 
próprios estavam sendo crucificados em uma cruz dois mil 
anos atrás. Outros falam de uma verdade “posicional” — um 
tipo de mundo sombrio de faz de conta onde as coisas que não 
são realmente verdade tornam-se verdade “posicionalmente”. 
Mas é somente quando passamos a ver que esses versos estão 
se referindo à realidade concreta do que acontece na regenera-
ção que eles terão algum significado real para nós.
É verdade que todo benefício que o crente recebe foi com-
prado dois mil anos atrás no Calvário quando Jesus morreu e 
ressuscitou como nosso representante. Mas esses benefícios se 
tornam nossos na realidade e na experiência somente quando 
nos unimos a Cristo na regeneração. Que Paulo está falando da 
regeneração em Romanos 6 torna-se claro quando ele se refe-
re aos crentes como aqueles que foram “ressurretos dentre os 
mortos” (v. 13) e como aqueles que agora andam em “novida-
de de vida” (v. 4). O mesmo pode ser dito a respeito de Gálatas 
2.20. Foi no momento da regeneração de Paulo que o velho Sau-
lo “não mais vivia” e Cristo começou a “viver” no novo Paulo.
Perceba que, de acordo com Romanos 6.2-7, todos os 
crentes foram crucificados, sepultados e ressuscitados com 
Cristo pela virtude de sua união com ele. A crucificação com 
Cristo acontece no momento de nossa regeneração. Não é 
um estado avançado de espiritualidade a ser buscado poste-
Crucificação e ressurreição – 105
riormente, mas uma realidade completa com a qual podemos 
contar (v. 6). Todo verdadeiro cristão pode dizer juntamente 
com Paulo, “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu 
quem vive, mas Cristo vive em mim”.
CRUCIFICAÇÃO E RESSURREIÇÃO
O que é regeneração? É o novo nascimento de um novo homem 
que é uma nova criação com um novo coração e uma nova natu-
reza! Mas é mais que isso: é a crucificação, morte e sepultamento 
de nosso velho eu (a pessoa que antes éramos em Adão) e a res-
surreição de nosso novo eu (a pessoa que agora somos em Cristo) 
para que “andemos em novidade de vida”.
Cristão, o que significa que seu “velho homem” foi cruci-
ficado, morto e sepultado? Significa que seu velho “você” — a 
pessoa que você já foi um dia — se foi para sempre. Você nunca 
mais será aquela pessoa. A maioria dos que leem essas linhas 
nunca conheceram o velho Charles Leiter, e sou grato porque 
vocês jamais o conhecerão, porque aquela pessoa morreu e se 
foi para todo o sempre! Glória a Deus! O cristão é um novo 
homem. Por meio de sua união com o Cristo ressurreto, ele foi 
“ressurreto dentre os mortos”,169 e porque ele vive, agora pode 
andar em novidade de vida!
Ao contrário do que normalmente é ensinado, a Bíblia 
nunca retrata nosso velho homem como se ainda estivesse vivo 
— quer seja esperneando e lutando na cruz ou se escondendo 
em algum lugar dentro de nós. O velho homem está morto, se-
pultado e nunca mais voltará. “Estou crucificado com Cristo (meu 
velho eu, a pessoa que fui um dia); logo, já não sou eu quem vive”.
169 Romanos 6.13
106 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
À luz desses fatos, imediatamente surge a seguinte 
questão: “Se isso tudo é verdade, por que ainda tenho tantos 
problemas com o pecado?” A Bíblia responde essa pergunta, 
não em termos de o “velho homem” que se foi para sempre, 
mas em termos da “carne” que ainda está presente em nós. O 
cristão enfrenta uma batalha constante com o pecado porque 
há um aspecto de sua personalidade que ainda não foi redimi-
do — a carne. A carne é o corpo físico não redimido visto como o 
lugar onde o pecado ainda tenta se afirmar. O pecado ainda tenta 
“reinar” no “corpo mortal” do cristão.170
O Novo Testamento se refere à carne como o nosso 
“corpo do pecado”,171 “o corpo desta morte”172 e nosso “corpo 
mortal”.173 Neste contexto, o pecado (todos os pecados, mes-
mo os pecados “mentais”) podem ser descritos como “feitos 
do corpo”174 e os cristãos são exortados a “mortificarem” (fa-
zer morrer) os “membros de seu corpo ao pecado”!175 Isso não 
significa que o próprio corpo em si mesmo seja pecaminoso. 
Paulo fazessa afirmação maravilhosa em 1 Coríntios 6 de que o 
corpo é “para o Senhor, e o Senhor, para o corpo”.176 Isso é exa-
tamente o oposto da ideia grega de que o corpo é a “prisão da 
alma”. Contudo, a Bíblia claramente representa o corpo mortal 
não redimido como o lugar onde o pecado ainda tenta reinar.
Como cristãos, ainda estamos aguardando pela redenção 
de nossos corpos177 na vinda do Senhor. Quando isso acontecer, 
170 Romanos 6.12
171 Romanos 6.6
172 Romanos 7.24
173 Romanos 6.12
174 Romanos 8.13
175 Colossenses 3.5; Romanos 6.13
176 1 Coríntios 6.13
177 Romanos 8.23
Crucificação e ressurreição – 107
estaremos completamente livres de todo o pecado. Mas no meio 
tempo, há duas verdades extremamente importantes que preci-
samos compreender.
UMA NOVA IDENTIDADE
A primeira delas é que nós temos uma nova identidade. Como 
cristãos, fomos vivificados dentre os mortos, ressuscitados 
para andar em novidade de vida. É isso que realmente somos, 
e é assim que seremos daqui dez mil anos! A carne não é quem 
realmente somos. É apenas um aspecto superficial e temporá-
rio de nossa personalidade como um todo, e inclusive já foi 
condenada como algo que passará. Em pouco tempo, nossos 
corpos serão redimidos, e os obstáculos da carne serão remo-
vidos para sempre.
O fato de que fomos “ressuscitados dentre os mortos” 
geralmente se faz sentir como uma realidade para nós em nossa 
conversão. No entanto, conforme o tempo vai passando e co-
meçamos a perceber quanto mal ainda reside em nossa carne 
e como falhamos miseravelmente como cristãos, é comum que 
passemos a perder esse senso de “novidade”. Então, nada é ruim 
o suficiente para descrevermos a nós mesmos — somos “vis”, 
“miseráveis”, “desgraçados”. Claro que em um estado desses, é 
absolutamente impossível para nós nos “apresentarmos diante 
de Deus” com qualquer grau de alegria ou confiança: “Senhor, 
alegremente me apresento diante de ti — esse monte de de-
pravação miserável e vil que sou — para servi-lo com alegria e 
confiança hoje”. Nunca! Nós jamais poderemos nos apresentar 
alegremente diante de Deus enquanto tivermos tal conceito a 
nosso próprio respeito. Mas essa não é a visão de Paulo de qual-
108 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
quer cristão! Pelo contrário, Paulo nos exorta a nos oferecermos 
“a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, 
a Deus, como instrumentos de justiça”.178 Cristão, você é tão 
“novo” hoje e tão “ressuscitado dentre os mortos” quanto era 
no dia da sua conversão! A perversidade de sua carne está qua-
se que além de qualquer descrição, mas a carne não é quem 
você realmente é, e em um período muito curto de tempo, 
ela não mais o perturbará! Confesse seus pecados para Deus, 
receba o seu perdão e limpeza, e então se ofereça a ele — alegre-
mente e com confiança — neste exato momento, para servi-lo na 
“novidade de vida” que é sua em Cristo!
UM NOVO PODER
A segunda verdade que precisamos compreender é que nós 
possuímos um novo poder. Não somente o cristão possui uma 
nova identidade, como também possui uma nova habilidade 
para derrotar o pecado. Embora nossos “corpos mortais” ainda 
não tenham sido redimidos, e o pecado ainda tente “reinar” ne-
les, não precisamos permitir que ele o faça: “Não reine, portanto, 
o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais 
às suas paixões”.179 Não precisamos deixar o pecado reinar em 
nossos corpos mortais!
Essa garantia de vitória é repetida por todo o Novo 
Testamento: Em Gálatas 5, somos lembrados de que o Es-
pírito Santo é muito mais poderoso que a carne. Embora a 
carne “milite contra o Espírito”,180 nós temos a promessa de 
178 Romanos 6.13
179 Romanos 6.12
180 Gálatas 5.17
Crucificação e ressurreição – 109
que conforme “andarmos no Espírito”, “jamais satisfaremos a 
concupiscência da carne”.181
Novamente, os cristãos são assegurados em Romanos 8 
de que possuem o poder “pelo Espírito” de “matar” o pecado: 
“se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, 
vivereis”.182 E Romanos 6 proclama a mesma verdade repetida-
mente. Por exemplo, no versículo 6, aprendemos que, por meio 
da morte de nosso velho eu, o poder da carne para reinar sobre 
nós foi destruído: “sabendo isto: que foi crucificado com ele o 
nosso velho homem, para que o corpo do pecado (a carne) seja 
destruído [literalmente, “se torne impotente”], e não sirvamos o 
pecado como escravos”. E no versículo 14, somos assegurados de 
que “o pecado não terá domínio sobre nós; pois não estamos 
debaixo da lei, e sim da graça”.
ABRAÇANDO A VERDADE
Cristãos tanto possuem uma nova identidade quanto um novo 
poder. Essas coisas são fatos, quer acreditemos nelas ou não. 
Crer nelas não é o que as torna verdade, e não crer nelas não 
as torna falsas. A realidade não é modificada pela nossa falta 
de percepção dela. O que muda é nossa experiência da realida-
de. De acordo com o Senhor Jesus Cristo, conhecer e crer na 
verdade é absolutamente vital para nossa liberdade da escravi-
dão do pecado. “Se vós permanecerdes na minha palavra, sois 
verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a 
verdade vos libertará.”183 “Santifica-os na verdade; a tua palavra 
181 Gálatas 5.16
182 Romanos 8.13
183 João 8.31-32
110 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
é a verdade.”184 À luz dessas afirmações, é extremamente signifi-
cativo que Paulo gaste os cinco primeiros capítulos e mais metade 
do capítulo seguinte de sua epístola aos Romanos assentando a 
fundação da verdade, e que Romanos 6.11 seja literalmente a 
primeira vez em toda a carta que ele instrua seus leitores a fa-
zer alguma coisa! Quando essa primeira exortação finalmente 
chega, ela se centra em torno de crer e abraçar a verdade: “con-
siderai-vos (conclua, reconheça) mortos para o pecado, mas 
vivos para Deus, em Cristo Jesus”.185 “Reconhecer” não é fingir 
que alguma coisa é verdade quando sabemos que não é; reco-
nhecer é aceitar a realidade pelo que ela é.
A necessidade de entendermos e crermos na verdade, 
a fim de progredirmos na graça é um tema central nas cartas 
de Paulo: “E não vos conformeis com este século, mas trans-
formai-vos pela renovação da vossa mente”.186 É apenas quando 
nossas mentes são renovadas – quando somos capacitados para 
ver a realidade como ela é –, que podemos “experimentar qual 
seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.187 Paulo diz a 
mesma coisa em Efésios 4 ao nos exortar para que nos “renove-
mos no espírito do nosso entendimento, e nos revistamos do novo 
homem” (v. 23-24). Quando um cristão cede ao pecado, sem-
pre é o resultado de sua incapacidade de crer e agir na verdade!
Mais uma vez, o método do Novo Testamento de ensi-
nar a crescer na graça é, em primeiro lugar: Entenda quem você 
é!188 (i.e., creia e abrace a verdade), e segundo: Seja quem você 
184 João 17.17
185 Romanos 6.11
186 Romanos 12.2
187 Romanos 12.2
188 Romanos 6.11
Crucificação e ressurreição – 111
é!189 (i.e., recuse ativamente o pecado e renda-se deliberada-
mente à justiça). Amado cristão, você não precisa viver uma 
vida de miséria e derrota! Você não precisa viver dia após dia 
com a consciência de que é continuamente contaminado pelo 
pecado conhecido. Peça a Deus para abrir os seus olhos para 
a verdade!190 Abrace, pela fé, a realidade de quem você real-
mente é. Em seguida, tome uma posição sobre o que Deus fez 
por você em Cristo. “Nem ofereçais cada um os membros do 
seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas 
oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os 
vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça.”191 
“Andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da car-
ne.”192 Seja quem você é!
UM INIMIGO DERROTADO
Amado cristão, os dias de pecado em sua vida estão contados! 
O machado já foi posto à raiz do seu pecado. Como uma ár-
vore que foi cortada ao nível do solo, suas folhas ainda podem 
ficar verdes por um tempo, mas o fato é que a vida dela aca-
bou. É apenas uma questão de tempo até que cada folhaseque 
e caia ao chão!
O pecado é um inimigo derrotado. A guerra contra o 
pecado já foi vencida. Como os focos de resistência que, por 
vezes, continuam a lutar na ignorância depois que o tratado de 
rendição já foi assinado, assim o pecado continua a lutar em nos-
sas vidas sem esperança de vitória final. Embora o conflito do 
189 Romanos 6.12-13
190 Efésios 1.17-18
191 Romanos 6.13
192 Gálatas 5.16
112 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
crente com o pecado possa ser feroz às vezes, o resultado final 
da batalha está assegurado.
Para o cristão, o pecado não é senão uma neve no início 
do verão. Tal neve cai ocasionalmente, mesmo nos climas mais 
quentes, mas é apenas o último suspiro de um inverno que é 
passado. Em um ou dois dias, ela derrete e se vai, e não tem po-
der para deter o avanço inexorável do verão. Cristão, o pecado 
não tem a menor chance em sua vida! Você pode lutar contra 
ele com o conhecimento confiante de que o verão, não o in-
verno, está se aproximando! Os resquícios de pecado que você 
ainda enfrenta são apenas vestígios do que você uma vez foi; eles 
não são expressão de quem você é agora, e em breve passarão 
para sempre!
Até aqui temos considerado seis representações bíblicas de 
regeneração, cada uma das quais nos deu uma visão mais 
aprofundada da natureza desse grande milagre. O que é regene-
ração? É uma nova criação, um novo homem, um novo coração, 
um novo nascimento, uma nova natureza. É uma crucificação 
de nosso velho homem e uma ressurreição de nosso novo ho-
mem. Mas regeneração é mais. É uma mudança de reino:
CARNE VS. ESPÍRITO
Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas 
da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas 
do Espírito. Porque o pendor da carne dá para a morte, mas 
o do Espírito, para a vida e paz. Por isso, o pendor da carne 
é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, 
Capítulo Onze
UMA MUDANÇA 
DE REINO DA 
CARNE PARA 
O ESPÍRITO
114 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não 
podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas 
no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, 
se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
Romanos 8.5-9
É claro a partir desses versos que a regeneração envolve 
uma mudança de reino. Homens não regenerados são chamados 
de “os que estão na carne”; homens regenerados “não estão na 
carne, mas no Espírito”.
Cristãos são aqueles que não estão mais “na carne”; eles 
agora residem permanentemente no reino do Espírito. Às 
vezes, ao  agirem impulsivamente ou  perderem a paciência, 
cristãos dizem: “Eu estou na carne”. Na realidade, porém, o 
cristão não pode temporariamente “ficar na carne” mais do que 
pode temporariamente “tornar-se não regenerado”!
O que Paulo quer dizer quando afirma que o homem não 
regenerado está “na carne”, e o cristão não está mais “na carne, 
mas no Espírito”? A resposta poderia ser colocada da seguinte 
forma: o homem natural (não regenerado) reside no domínio 
ou esfera carnal. A carne é a fonte e contexto de toda a sua vida. 
Ele não sabe nada da vida no Espírito Santo; ele vive intei-
ramente no plano carnal. Ele habita o reino de hormônios e 
apetites físicos, de carros e computadores, de esportes e entre-
tenimento, de cosméticos e aparência. “Entre os quais também 
todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa 
carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éra-
mos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.”193 
193 Efésios 2.3
Uma mudança de reino: da carne para o espírito – 115
“O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória 
deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as 
coisas terrenas.”194
O homem não regenerado pode ter “religião”, mas ela 
também é carnal. Paulo nos fala de um tempo em que ele 
conhecia a Cristo “segundo a carne”.195 Esse é o Cristo da ima-
ginação religiosa popular, sempre mudando com o tempo. (Em 
nossa época, ele é muitas vezes uma figura religiosa pálida e in-
sípida que viveu há muito tempo carregando cordeiros por aí). 
No entanto, Paulo não mais conhece Cristo dessa maneira. Na 
verdade, ele já não conhece nenhum homem “segundo a carne”. 
Por que não? A resposta é dada no versículo seguinte – Pau-
lo passou para um reino diferente! “Assim que, nós, daqui por 
diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhe-
cemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste 
modo. E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as 
coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.”196
Esse contraste entre os dois reinos da “carne” e “Espírito” 
está na base das palavras de nosso Senhor à mulher samaritana 
em João 4: “Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando 
nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai... Deus é espí-
rito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em 
verdade”.197 Normalmente, tomamos essas palavras no sentido 
de que as pessoas podem adorar a Deus em qualquer lugar – ou 
no monte ou em Jerusalém. Isso é certamente verdade. Mas Je-
sus não diz “ou... ou”; ele diz “nem... nem”! Em outras palavras, 
194 Filipenses 3.19
195 2 Coríntios 5.16
196 2 Coríntios 5.16-17
197 João 4.21-24
116 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Deus não pode ser adorado nesse reino de maneira nenhuma; 
ele é acessível somente “no Espírito”. “Deus é espírito; e impor-
ta que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”. 
“Nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no 
Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na 
carne.”198 “Porque, por ele [Cristo], ambos temos acesso ao Pai 
em um Espírito.”199 Cristãos estão “no Espírito”. Eles são capazes 
de “ver aquele que é invisível”200 e de “atentar as coisas que se 
não veem”.201
APENAS DOIS REINOS
A primeira lição que devemos aprender com Romanos 8.5-9 é 
que Paulo pensa em termos de apenas dois reinos. Ou um homem 
está “na carne” ou “no Espírito”; ou ele é não regenerado ou re-
generado. Não existe um terceiro reino “meio a meio”. Ou um 
homem é “carnal” (um não-cristão) ou é “espiritual” (vivo no 
reino do Espírito Santo – um cristão). Essa mesma dicotomia é 
vista em 1 Coríntios 2.14-16: “Ora, o homem natural não aceita 
as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode 
entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Porém 
o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é 
julgado por ninguém... Nós, porém, temos a mente de Cristo”. 
Aqui, novamente, há apenas dois tipos de homens – o homem 
“natural” (não regenerado) e o homem “espiritual” (regenerado).
Esse fato é bastante importante para uma compreensão 
adequada do que Paulo diz nos quatro versos seguintes: “Eu, 
198 Filipenses 3.3
199 Efésios 2.18
200 Hebreus 11.27
201 2 Coríntios 4.18
Uma mudança de reino: da carne para o espírito – 117
porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim 
como a carnais, como a crianças em Cristo. Leite vos dei a 
beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis 
suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois car-
nais. Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é 
assim que sois carnais e andais segundo o homem? Quando, 
pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu, de Apolo, não 
é evidente que andais segundo os homens”?202 (A versão NVI 
da Bíblia traduz erroneamente o termo “carnais” nesses versos 
como “mundanos”).
O que Paulo está dizendo aqui? Ele está dizendo que os 
crentes de Corinto estão (em alguns aspectos) agindo como 
homens perdidos. “Eu não podia falar a vocês como cristãos; eu 
tinha que falar a vocês como ‘homens da carne’. Vocês estão 
agindo como meros homens. Vocês precisam ter a mente reno-
vada para perceber quem realmente são”. É possível que um 
cristão aja em alguns momentos como um homem perdido, 
especialmente quando ainda é um “bebê em Cristo”, mas isso 
está muito longe de dizer que o verdadeiro cristão podeviver 
toda a sua vida como um homem perdido! Contrariamente 
a muitos ensinamentos populares, Paulo não está estabele-
cendo aqui uma terceira categoria permanente de homens – o 
assim chamado “cristão carnal” – uma espécie de “diabo ce-
lestial”, que vive sua vida com “Cristo no coração” e “consigo 
mesmo no trono”! Um cristão pode, por vezes, agir como um 
homem perdido, mas quando o faz, ele não está agindo de 
acordo com quem realmente é e não pode manter a fachada 
por muito tempo.
202 1 Coríntios 3.1-4
118 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
CADA REINO TEM SUA PRÓPRIA MENTE
A segunda lição que devemos aprender com Romanos 8.5-9 é 
que cada um dos dois reinos é caracterizado por certo tipo de “men-
te”. “Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas 
da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do 
Espírito.”203 Note que Paulo não está fazendo uma exortação aqui. 
(Ele não está dizendo o que “deve” ser). Ele está simplesmente 
afirmando um fato: aqueles que “se inclinam para a carne”, cogi-
tam das coisas da carne; aqueles que “se inclinam para o Espírito”, 
das coisas do Espírito. Essa é apenas a realidade da situação.
Isso significa que, se alguém afirma ser cristão, mas não 
“cogita das coisas do Espírito”, está enganado. O cristão está 
vivo em um novo reino. Ele está “no Espírito”. Sua origem e 
esfera de vida é o Espírito Santo, e ele é “naturalmente” inclina-
do para “as coisas do Espírito”! Ao sair da cama de manhã, ao 
receber alguns minutos para relaxar no trabalho, ao ter algum 
tempo de lazer, sua mente orbita ao redor das coisas de Deus.
CADA MENTE TEM SEU PRÓPRIO RESULTADO
A terceira lição que devemos aprender com Romanos 8.5-9 é 
que cada tipo de mente leva a seu próprio desfecho – seja a morte 
ou a vida: “Porque o pendor da carne [lit. “mentalidade da 
carne”] dá para a morte”.204 A morte é sua característica final 
e seu término, independentemente de como as coisas pos-
sam parecer agradáveis em seu início. Pense nisso! Tudo no 
reino carnal, até mesmo as “melhores” coisas, eventualmente 
nos deixará com nada além de vazio, decadência e corrupção – 
203 Romanos 8.5
204 Romanos 8.6
Uma mudança de reino: da carne para o espírito – 119
morte! Por quê? Porque Deus é a fonte da verdadeira vida, e 
ele é deixado de fora.
Não apenas Deus é deixado de fora, mas “a mentalidade 
da carne” é, na verdade, “inimizade contra Deus, pois não está 
sujeita à lei de Deus, nem mesmo pode estar”.205 Existe um ódio 
profundo por Deus e sua lei no coração de cada homem per-
dido. É por esta razão que “os que estão na carne não podem 
agradar a Deus”.206
No homem perdido religioso essa inimizade é muitas ve-
zes bem escondida, mas sob as circunstâncias certas ela atacará 
violentamente. Aqui precisamos apenas pensar na reação dos 
escribas e fariseus ao se depararem com a Bondade Encarnada: 
“Crucifica-o! Não queremos que ele reine sobre nós”!207 Talvez 
mesmo muitos desses líderes religiosos estivessem chocados 
com suas próprias ações e o ódio veemente que encontraram 
brotando em seus corações para com o Filho de Deus.
A mentalidade da carne é morte, mas, ao contrário, “a 
mentalidade do Espírito é vida e paz”.208 Que benção isso é! 
Todas as coisas que são boas, todas as coisas que são amáveis 
– “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fi-
delidade, mansidão, domínio próprio” – pertencem e fluem do 
reino do Espírito!
ANDANDO NO NOVO REINO
Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concu-
piscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e 
205 Romanos 8.7
206 Romanos 8.8
207 Lucas 19.14
208 Romanos 8.6 (Gr.)
120 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para 
que não façais o que, porventura, seja do vosso querer. Mas, 
se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei. Ora, as 
obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impure-
za, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, 
iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glu-
tonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu 
vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão 
o reino de Deus os que tais coisas praticam. Mas o fruto do 
Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, 
bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra 
estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus cruci-
ficaram a carne, com as suas paixões e concupiscências. Se 
vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.
Gálatas 5.16-25
Nesses versos de Gálatas 5, os dois reinos da “carne” e 
“espírito” são fortemente contrastados. Paulo deixa claro que 
aqueles que praticam “as obras da carne... não herdarão o reino 
de Deus”. Por outro lado, “os que são de Cristo Jesus crucifi-
caram a carne com as suas paixões e concupiscências”. Eles 
tiveram uma ruptura definitiva com o antigo reino e a vida de 
pecado por meio do arrependimento e da fé em Cristo. Agora 
é prometida vitória sobre a carne ao cristão à medida que ele 
“anda no Espírito”: “Ande pelo Espírito, e você não realizará o 
desejo da carne”.
De especial significado para o nosso presente estudo, no 
entanto, é o versículo 25: “Se vivemos no Espírito, andemos tam-
bém no Espírito”. Note novamente o que já vimos em Romanos 
Uma mudança de reino: da carne para o espírito – 121
8: o cristão é o que está “no Espírito”! Ele vive no reino do Espí-
rito, e sua fonte de vida é o Espírito! “Agora”, diz Paulo, “perceba 
onde você está, e caminhe ali! – viva isso na prática”. “Se você 
vive no Espírito, então ande no Espírito”.
Há dois (e apenas dois) reinos, e como cristãos estamos 
vivos no reino do Espírito. Porque agora estamos vivos nesse 
novo reino, somos, pela primeira vez, capazes de andar pelo 
poder do Espírito disponível a nós no lugar onde estamos 
agora. Essa caminhada “no Espírito” envolve obedecer aos sus-
surros do Espírito quando sentimos em nosso coração que ele 
está “entristecido” por algo que estamos prestes a fazer: “Não 
entristeçais o Espírito de Deus”.209 Quando o Espírito se entris-
tece, devemos parar imediatamente! Por outro lado, “andar no 
Espírito” também envolve obedecer aos sussurros do Espíri-
to quando ele nos incentiva a fazer algo de positivo – a falar 
por Deus, testemunhar ou orar: “Não apagueis o Espírito”.210 
É à medida que “andamos no Espírito” que experimentamos o 
bom e amável “fruto do Espírito” discutido acima.
OS DOIS REINOS EM ROMANOS 7 E 8
O conceito de regeneração como uma mudança de reino en-
tre a carne e o Espírito é de grande importância para a nossa 
compreensão de muitas outras passagens. Em particular, é 
fundamental para uma compreensão adequada de Romanos 7. 
Note que Paulo apresenta toda a sua discussão em Romanos 
7.7-25, referindo-se aos “dois reinos” nos versículos 5-6: “Por-
que, quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas 
209 Efésios 4.30
210 1 Tessalonicenses 5.19
122 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
postas em realce pela lei operavam em nossos membros, a fim 
de frutificarem para a morte. Agora, porém, libertados da lei, es-
tamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que 
servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra”.
Mais uma vez, Paulo pensa em termos de dois e apenas 
dois grupos. Aqueles que estão “na carne” (não regenerados) 
são caracterizados por “paixões pecaminosas... operando em 
seus membros, a fim de frutificarem para a morte”. Essas pai-
xões pecaminosas são “postas em realce pela lei”. Os cristãos, 
por outro lado, são caracterizados pela “libertação” da “sujei-
ção” à Lei e pelo serviço “em novidade de espírito e não na 
caducidade da letra”. Não é difícil de descobrir a qual dos dois 
grupos o “homem de Romanos 7” pertence! Ele é “carnal, ven-
dido à escravidão do pecado”.211 A Lei está “realçando” todo 
tipo de paixão pecaminosa nele.212 Ele é um “prisioneiro da lei 
do pecado que está nos seus membros”.213 Ele é um “homem 
desventurado”, procurandoalguém para “livrá-lo” do “corpo 
desta morte”.214 Além disso, ele nunca faz menção do Espírito 
Santo, nem mesmo uma vez, em toda a passagem! É eviden-
te que esse homem não está “no Espírito”, mas “na carne”. Um 
cristão recorrer a Romanos 7 por conforto quando é “derrota-
do” é, portanto, imperdoável, mesmo que às vezes ele possa se 
sentir como se “pertencesse” ali! (Veja o Apêndice C).
É muito significativo que, assim que Paulo conclui sua 
consideração da Lei, pecado e carne em Romanos 7.7-25, ele 
imediatamente resuma tudo mais uma vez em termos de os 
211 Romanos 7.14
212 Romanos 7.7-14
213 Romanos 7.23
214 Romanos 7.24
Uma mudança de reino: da carne para o espírito – 123
“dois reinos”: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para 
os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em 
Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto o que 
fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez 
Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne 
pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou 
Deus, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se cum-
prisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o 
Espírito”.215 Novamente, esses versos são simplesmente uma 
reafirmação ampliada da introdução anterior de Paulo a essa 
seção em Romanos 7.5-6. Observe que no versículo 4 os cris-
tãos são descritos como aqueles que “não andam segundo a 
carne, mas segundo o Espírito”. Como vimos anteriormente 
em conexão com o versículo 5, isso não é uma exortação, mas 
uma declaração de um fato. Não é uma descrição de certos ti-
pos avançados de cristãos, mas da caminhada geral de todos 
os cristãos.216 Os versos que se seguem a esse resumo (8.5-14) 
continuam a discussão de Paulo sobre “carne” e “Espírito” e já 
foram considerados acima.
215 Romanos 8.1-4
216 Veja também Romanos 8.14.
Vimos que a regeneração é uma troca de reino: o cristão é 
alguém que não está mais “na carne”, mas “no Espírito”. Mas 
estes não são os únicos reinos trocados na regeneração. A oi-
tava representação de regeneração que consideraremos tem a 
ver com a translação do cristão da esfera terrestre para a esfera 
celestial.
Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mun-
do, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a 
ordenanças: não manuseies isto, não proves aquilo, não 
toques aquilo outro, segundo os preceitos e doutrinas 
dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se 
destroem.
Colossenses 2.20-22
Capítulo Doze
UMA MUDANÇA 
DE REINO DA 
TERRA PARA 
O CÉU
 
126 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, 
buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à di-
reita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são 
aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta 
juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é 
a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis ma-
nifestados com ele, em glória. Fazei, pois, morrer a vossa 
natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, de-
sejo maligno e a avareza, que é idolatria; por estas coisas é 
que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência]. 
Ora, nessas mesmas coisas andastes vós também, noutro 
tempo, quando vivíeis nelas. Agora, porém, despojai-vos, 
igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledi-
cência, linguagem obscena do vosso falar. Não mintais uns 
aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com 
os seus feitos e vos revestistes do novo homem que se refaz 
para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que 
o criou.
Colossenses 3.1-10
De acordo com Colossenses 2.20-22, os cristãos não 
estão mais “vivendo no mundo”! Eles “morreram” para esse 
reino e passaram para um reino diferente. Esse mundo de 
coisas temporárias e materiais (coisas destinadas a serem des-
truídas com o uso) não é mais a esfera da sua vida. Qual é a 
esfera da sua vida? A resposta é dada nos versos que se se-
guem (3.1-10): “Fostes ressuscitados juntamente com Cristo;... 
morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo;... 
Cristo... é a nossa vida”.
Uma mudança de reino: da terra para o céu – 127
O cristão é aquele que “morreu”, e sua vida está “escon-
dida com Cristo em Deus”. Ele vive no reino celestial. Quando 
a esfera de sua vida ainda era esta terra, ele andava de acordo 
com este reino terrestre. “Nessas mesmas coisas andastes vós 
também, noutro tempo, quando vivíeis nelas.”217 Mas agora, a 
esfera de sua vida é celestial, e ele é exortado a perceber esse 
fato e “pensar” nas “coisas do alto”.
Amado cristão, você pertence a lugares celestiais! Você não 
é mais parte deste mundo. Você foi “crucificado para o mundo”, 
e o mundo para você!218 Apenas o seu corpo mortal, que ainda 
não foi redimido, ainda está “aqui embaixo” nesse reino terres-
tre. É por isso que Paulo nos exorta a “mortificar os membros que 
estão sobre a terra”!219 “Apresenteis o vosso corpo por sacrifício 
vivo,... não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela 
renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, 
agradável e perfeita vontade de Deus.”220
NÃO DESTE MUNDO
Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima; vós sois deste mun-
do, eu deste mundo não sou.
João 8.23
Nessas palavras aos judeus, nosso Senhor fala novamente 
dos reinos terrestre e celestial. Como seria de se esperar, ele fala 
de si mesmo como pertencente à esfera celestial. O que não é 
de se esperar é o que ele diz alguns capítulos depois sobre to-
dos os cristãos:
217 Colossenses 3.7
218 Gálatas 6.14
219 Colossenses 3.5 (Gr.)
220 Romanos 12.1-2
128 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, por-
que eles não são do mundo, como também eu não sou... 
Eles não são do mundo, como também eu não sou.
João 17.14,16
Os cristãos não são do mundo, como também Cristo não é do 
mundo! Como participantes de sua vida celestial, eles pertencem 
a um reino diferente. Eles são “nascidos de cima” e fazem parte 
de uma nova ordem. Eles desprezam as coisas que o mundo “al-
tamente estima”221 e valorizam as coisas que o mundo despreza. 
A pedra que “os construtores” rejeitaram por ser inútil é preciosa 
e fundamental para eles.222 Seus motivos e ações são um enigma 
para o mundo. Eles olham para as coisas que são invisíveis223 e 
modelam suas vidas de acordo com as realidades invisíveis. Eles 
entendem a “sabedoria oculta” que é “loucura”224 para o mundo. 
Eles “têm a mente de Cristo”.225 “Por essa razão, o mundo não nos 
conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo.”226
À luz destas realidades, não é de se admirar que o mundo 
odeie os cristãos. “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o 
que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, 
dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia.”227
CIDADÃOS DO CÉU
O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a gló-
ria deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com 
221 Lucas 16.15; Salmo 15.4 
222 1 Pedro 2.4,7
223 2 Coríntios 4.18
224 1 Coríntios 2.6-10,14
225 1 Coríntios 2.16
226 1 João 3.1
227 João 15.19
Uma mudança de reino: da terra para o céu – 129
as coisas terrenas. Pois a nossa pátria está nos céus, de onde 
também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.
Filipenses 3.19-20
Em nítido contraste com aqueles cujo deus é a carne e 
cujas mentes estão fixadas nas coisas terrenas, os cristãos já são 
cidadãos do céu. Eles vivem e se movem no reino celestial, e 
suas mentes estão colocadas nas coisas do alto.228 Seus corações 
estão nos céus, de onde aguardam ansiosamente o retorno de 
seu Salvador e Rei.
Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Je-
rusalém atual [terrena], que está em escravidão com seus 
filhos. Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe.
Gálatas 4.25-26
Ora, não tendes chegado ao fogo palpável e ardente, e à es-
curidão, e às trevas, e à tempestade,... Mas tendes chegadoao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, 
e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembleia e 
igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz 
de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados.
Hebreus 12.18,22-23
Vemos novamente nesses versos que os cristãos são cida-
dãos livres nascidos da “Jerusalém lá de cima”. Eles não vieram 
para um monte que pode ser tocado fisicamente, mas para um 
invisível e celestial – monte Sião, a “cidade do grande Rei”.229 
228 Colossenses 3.1-2
229 Salmo 2.6-8; 48.1-2; 87.5; 110.1-2
130 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Eles agora são parte da “Jerusalém celestial, a cidade do Deus 
vivo”, juntamente com todos aqueles que já morreram e foram 
para o céu antes deles. Essa é a “cidade que tem fundamentos, 
da qual Deus é o arquiteto e edificador”.230 Porque seus corações 
estão colocados sobre essa Jerusalém celestial permanente, os 
cristãos estão dispostos a abandonar a segurança de todos os 
estabelecimentos terrenos temporais e ir a Cristo “fora do ar-
raial, levando o seu vitupério”. “Na verdade, não temos aqui 
cidade permanente, mas buscamos a que há de vir.”231
Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia 
do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada 
para o seu esposo. Então, ouvi grande voz vinda do trono, 
dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus 
habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mes-
mo estará com eles.
Apocalipse 21.2-3
Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro; e me 
transportou, em espírito, até a uma grande e elevada monta-
nha e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que descia do 
céu, da parte de Deus, a qual tem a glória de Deus.
Apocalipse 21.9-11
Quem é a “cidade santa, a nova Jerusalém”? Ninguém 
mais do que “a noiva, a esposa do Cordeiro”! Essa cidade, a noi-
va, agora reside no céu, mas na consumação “descerá do céu, da 
230 Hebreus 11.10,16
231 Hebreus 13.12-14
Uma mudança de reino: da terra para o céu – 131
parte de Deus”. O próprio Deus, então, para sempre “habitará 
com eles” e “a glória de Deus” descansará para sempre sobre 
eles. Oh, a bem-aventurança de ser, mesmo agora, parte dessa 
cidade celestial, a noiva, a esposa do Cordeiro!
Coisas gloriosas de ti são faladas
Sião, cidade do nosso Deus;
Aquele cuja palavra não pode ser quebrada
Formou-te para sua própria habitação.
Sobre a Rocha Eterna fundada,
O que pode abalar teu seguro repouso?
Com as paredes da salvação ao redor,
Podes sorrir a todos os teus inimigos.
Veja! As correntes de águas vivas,
Brotando do amor eterno,
Bem abastecem a teus filhos e filhas,
E todo o medo da seca removido.
Quem pode desfalecer enquanto tal rio
Sempre flui para sua sede amenizar?
Graça que, como o Senhor, o Doador,
Nunca falha de geração em geração.
Salvador, se da cidade de Sião,
Pela graça, membro sou,
Deixe o mundo zombar ou lastimar,
Gloriar-me-ei em teu nome.
Desvanecendo está o prazer do mundano,
Toda a sua pompa e ostentação alardeada;
132 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Alegrias sólidas e tesouros duradouros
Ninguém senão os filhos de Sião conhecem.
John Newton
ASSENTADOS COM CRISTO
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos 
tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas re-
giões celestiais em Cristo.
Efésios 1.3
Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande 
amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos 
delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça 
sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez 
assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus.
Efésios 2.4-6
Porque estamos “em Cristo” e somos participantes de sua 
vida de ressurreição, encontramo-nos assentados com ele nos 
lugares celestiais. Nele, possuímos “toda sorte de bênção espi-
ritual” e não nos falta nada; foi-nos concedido “todas as coisas 
que conduzem à vida e à piedade”.232 Os cristãos não têm neces-
sidade de “algo a mais”, além de Cristo; sua grande necessidade 
é ver e entrar na realidade do que eles já têm nele. É a obra da 
graça do Espírito Santo que faz com que isso aconteça.233 Paulo, 
portanto, ora pelos Efésios para que os “olhos de seus corações 
sejam iluminados” pelo Espírito Santo, para que possam “sa-
232 2 Pedro 1.3
233 João 14.16,20,26; 16.12-14
Uma mudança de reino: da terra para o céu – 133
ber... qual a suprema grandeza do poder de Deus” para com eles 
como crentes.234 Esse é o mesmo poder que ressuscitou Cristo 
dentre os mortos, também “fazendo-o sentar à direita de Deus 
nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e 
poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só 
no presente século, mas também no vindouro”.235
CONTINUE OLHANDO PARA BAIXO
Por meio de todos esses versículos, fica claro que os crentes 
têm a sua esfera e fonte de vida nos lugares celestiais. Eles já 
não são desse mundo. Eles já não moram aqui,236 mas no céu.237 
Em nossa experiência do dia-a-dia, faz muita diferença se nos 
vemos “aqui embaixo” nesse mundo – como um mergulhador 
no fundo do oceano com apenas uma corda conectando-o à 
superfície muito acima (céu), ou se nos vemos “assentados 
no céu” – olhando para baixo para as questões dessa vida! Faz 
uma grande diferença se o nosso lema é “Continue olhando 
para cima” (“para o reino ao qual você ainda não pertence”) ou 
“Continue Olhando para baixo” (“do reino onde já está, porque 
você morreu, e sua vida está escondida com Cristo em Deus”)!
Em termos práticos, isso significa que os cristãos não 
estão trabalhando para alcançar uma vida que eles ainda não 
têm ou para obter uma vitória que ainda não foi ganha. Eles são 
participantes da própria vida de Cristo e da vitória que ele já 
conquistou. Cristão, você é um participante da vida de ressur-
reição de Cristo, e ele já derrotou e quebrou o poder do pecado 
234 Efésios 1.15-19
235 Efésios 1.19-21
236 Colossenses 2.20
237 Colossenses 3.3
134 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
que você está enfrentando agora – por meio de sua morte, se-
pultamento, ressurreição e ascensão! Como participante da 
vida dele, o seu chamado não é tentar conseguir algo para si 
mesmo que ele ainda não tenha alcançado, mas crer no que 
ele já fez por você e andar nisso. Desta forma, você estará ha-
bilitado a combater “o bom combate da fé”238 ao invés da luta 
miserável da incredulidade!
O mesmo é verdade para a nossa batalha contra os po-
deres das trevas. Precisamos constantemente ser lembrados do 
fato de que Satanás já foi derrotado por Cristo na cruz,239 e que 
“em Cristo” estamos sentados “acima”240 de todas as hostes do 
mal. Devemos ler Efésios 6.12 à luz dessa realidade atual: “Por-
que a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra 
os principados [derrotados] e potestades [destronadas], contra 
os dominadores [subjugados] deste mundo tenebroso, contra 
as forças espirituais [vencidas] do mal, nas regiões celestes”. 
Quando humildemente “nos sujeitamos a Deus e resistimos ao 
diabo”, temos a promessa de que esse mesmo leão que ruge “fu-
girá” diante das ovelhas de Deus, que de outra forma estariam 
indefesas!241 Glória a Deus!
238 1 Timóteo 6.12
239 Colossenses 2.15; João 12.31
240 Efésios 1.20-21
241 Tiago 4.7
A regeneração é uma troca de reinos. A nona e última repre-
sentação de regeneração que consideraremos tem a ver com a 
passagem do cristão de um estado de escravidão do pecado para 
um estado de escravidão para a justiça. Devido a essa troca, cada 
cristão pode realmente confessar: “Eu costumava ser um escravo 
do pecado, mas não sou mais! Sou um servo da justiça”!
Sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho 
homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não 
sirvamos o pecado como escravos.
Romanos 6.6
Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não es-
tais debaixo da lei, e sim da graça.
Romanos 6.14
Capítulo Treze
UMA MUDANÇA 
DE REINO DO 
PECADO PARA 
A JUSTIÇA
 
136 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Não sabeisque daquele a quem vos ofereceis como servos 
para obediência, desse mesmo a quem obedeceis sois ser-
vos, seja do pecado para a morte ou da obediência para a 
justiça? Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do 
pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de 
doutrina a que fostes entregues; e, uma vez libertados do 
pecado, fostes feitos servos da justiça. Falo como homem, 
por causa da fraqueza da vossa carne. Assim como ofere-
cestes os vossos membros para a escravidão da impureza e 
da maldade para a maldade, assim oferecei, agora, os vossos 
membros para servirem à justiça para a santificação. Por-
que, quando éreis escravos do pecado, estáveis isentos em 
relação à justiça. Naquele tempo, que resultados colhestes? 
Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque 
o fim delas é morte. Agora, porém, libertados do pecado, 
transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para 
a santificação e, por fim, a vida eterna; porque o salário do 
pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eter-
na em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Romanos 6.16-23
APENAS DOIS MESTRES
De acordo com tudo o que vimos até agora, não deveria ser 
surpresa que nessas passagens há dois, e apenas dois, mestres 
apresentados como possíveis proprietários de escravos. De um 
lado está o Pecado e, do outro, a Justiça. Esses dois proprietá-
rios de escravos são diametralmente opostos um ao outro. A 
diferença entre eles não é um mero detalhe. É a diferença entre 
o que é imundo e o que é puro, o que é honroso e o que é vergo-
Uma mudança de reino: do pecado para a justiça – 137
nhoso, o que é nobre e o que é inferior. Em suma, é a diferença 
entre a vida e a morte, entre o céu e o inferno, e entre Deus e o 
diabo. Uma vez que esses dois senhores são tão completamen-
te antagônicos entre si, é absolutamente impossível servir os 
dois ao mesmo tempo. “Ninguém pode servir a dois senhores; 
porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se de-
votará a um e desprezará ao outro.”242
TODOS OS HOMENS SÃO ESCRAVOS
Pode ser um choque perceber que, de acordo com esses ver-
sículos, todos os homens são escravos. Não há absolutamente 
nenhuma exceção. Tanto o escritor quanto o leitor dessas li-
nhas são certamente escravos. Somos, nesse exato momento, 
ou escravos do pecado ou escravos da justiça. Não há nenhum 
lugar de neutralidade ou “meio-termo” entre esses dois extre-
mos. Ninguém no mundo inteiro é “livre” no sentido de não 
ter nenhum mestre sequer. A questão não é se vamos ou não 
ter um mestre. A única questão é saber se vamos ter um mestre 
bom que nos abençoa com vida e paz ou um mestre mau que 
nos amaldiçoa com morte e destruição.
Satanás veio a Eva com a sugestão perversa de que Deus 
não era confiável. Quando Eva decidiu testar sua hipótese, 
tornando-se um “investigador neutro”, descobriu por meio da 
experiência amarga que não há lugar de neutralidade entre Deus 
e o diabo. Sair de debaixo da autoridade de Deus é colocar-se 
imediatamente sob o domínio do maligno – o “ladrão”, que 
“não vem senão para roubar, matar e destruir”.243 Como a lo-
242 Lucas 16.13
243 João 10.10
138 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
comotiva na estrada de ferro que cumpre sua razão para existir 
e encontra a verdadeira liberdade apenas ao permanecer dentro 
da limitação dos trilhos, o homem cumpre a sua razão de ser e 
encontra a verdadeira liberdade ao permanecer em submissão 
ao seu Criador.
ESCRAVOS DO PECADO
Os versos citados acima deixam bem claro que, antes de nos-
sa regeneração cada um de nós era “escravo do pecado” (v. 
6,17,20). O que significa ser “escravo do pecado”? Significa 
viver sob o poder dominante do pecado. O pecado governa e 
“reina”244 sobre os seus súditos, exigindo a sua obediência. Eles 
não podem não obedecê-lo! Ilustrações dessa escravidão abun-
dam tanto na Bíblia quanto na História da Igreja: antes de sua 
conversão, o evangelista Mel Trotter era um beberrão perdido. 
Chegando em casa após um acesso de bebedeira por dez dias 
seguidos, ele encontrou seu filho de dois anos morto nos bra-
ços de sua esposa. Nas profundezas do remorso – convencido 
de que, com a sua ausência, ele havia assassinado seu único 
filho – Trotter jurou com lágrimas nunca mais voltar a beber. 
Porém, menos de duas horas após o funeral de seu filho, ele voltou 
para casa completamente bêbado mais uma vez! Essa é a natureza 
da escravidão do pecado.
Mas não é só o bêbado ou o viciado em drogas que é es-
cravo do pecado. Todos os homens à parte de Cristo estão em 
cativeiro do pecado. Mesmo a “boa pessoa moral” que não tem 
vícios aparentes é escrava do pecado. Isso é evidente a partir 
do fato de que ela não crê nem adora o Deus vivo. Por que ela 
244 Romanos 5.1
Uma mudança de reino: do pecado para a justiça – 139
não se curva diante do seu Criador em amor e adoração? Sim-
plesmente porque o seu mestre não permitirá que o faça! O 
pecado tem um domínio sobre a sua vida e não permitirá que 
ela faça aquilo que é sensato, razoável e certo. “O deus deste 
século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não 
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a 
imagem de Deus.”245
Nosso Senhor deixa bem claro em João 8.31-36 que ne-
nhum escravo do pecado estará no céu: “Se vós permanecerdes 
na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e 
conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Responderam-
-lhe: Somos descendência de Abraão e jamais fomos escravos 
de alguém; como dizes tu: Sereis livres? Replicou-lhes Jesus: 
Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é es-
cravo do pecado. O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, 
para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente se-
reis livres”. Nenhum escravo do pecado permanecerá na casa 
do Filho para sempre, mas a liberdade é o direito natural de to-
dos os que são “verdadeiramente” discípulos do Senhor!
SERVOS DA JUSTIÇA
No momento da regeneração cada cristão deixa de ser um es-
cravo do pecado e torna-se um servo da justiça: “Mas graças a 
Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a 
obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entre-
gues; e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da 
justiça” (v. 17-18). Observe que nesses versos não é dito que os 
cristãos estão “livres do pecado”; mas sim que eles foram “liber-
245 2 Coríntios 4.4
140 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
tos do pecado”. Paulo está falando aqui, não da perfeição sem 
pecado, mas da emancipação de um mestre (pecado) e escravi-
zação por outro mestre (justiça).
De acordo com o Senhor Jesus Cristo, essa mudança de 
propriedade ocorre quando aquele que é “mais valente do que 
o homem valente” (Cristo) ataca o “homem valente” (Satanás) 
e toma posse de seus bens: “Quando o valente, bem armado, 
guarda a sua própria casa, ficam em segurança todos os seus 
bens. Sobrevindo, porém, um mais valente do que ele, vence-o, 
tira-lhe a armadura em que confiava e lhe divide os despo-
jos”.246 Gloriosa transação – ser liberto do domínio de Satanás 
pelo Senhor Jesus Cristo e tornar-se seu grato servo por amor 
para sempre!
Todos os cristãos são servos da justiça. O que significa 
ser “servo da justiça”? Significa viver sob o poder dominante 
da justiça. A justiça governa e reina sobre os cristãos, exigindo 
a sua obediência. Mais uma vez, os exemplos abundam tanto 
na Bíblia quanto na História da Igreja. Jeremias encontrou-se 
interiormente compelido a pregar a mensagem de Deus, a des-
peito da vergonha que lhe causou: “Porque, sempre que falo, 
tenho de gritar e clamar: Violência e destruição! Porque a pa-
lavra do senhor se me tornou um opróbrio e ludíbrio todo 
o dia. Quando pensei: não me lembrarei dele e já não falarei no 
seu nome, então, isso me foi no coração como fogo ardente, encer-
rado nos meus ossos; já desfaleço de sofrer e não posso mais”.247 
Inúmeras vezes ao longo dos séculos, cristãos sentiram-se tão 
constrangidos por justiça que não eramcapazes sequer de dor-
246 Lucas 11.21-22
247 Jeremias 20.8-9
Uma mudança de reino: do pecado para a justiça – 141
mir até que tivessem testemunhado a um amigo perdido ou 
ajudado alguém em um tempo de necessidade especial. Eles 
alegremente se entregaram para serem queimados na fogueira 
ou destroçados por animais selvagens porque eram “controla-
dos” pelo amor de Cristo.248 Por causa de sua servidão à justiça, 
os cristãos encontraram-se repetidas vezes incapazes de deixar 
de humilhar-se e pedir perdão quando erravam com o outro. É 
contada uma história de um avivamento nas Ilhas Britânicas, 
sob o ministério de W. P. Nicholson, quando multidões de ru-
des trabalhadores portuários foram convertidos. Tantos bens 
roubados foram devolvidos por esses homens que os armazéns 
ficaram lotados, e uma ordem da empresa teve de ser emitida: 
“Por favor, não tragam de volta os bens roubados”! Tal é a es-
cravidão do cristão à justiça, e que liberdade abençoada ela é! A 
maravilha da regeneração – uma troca da escravidão do pecado 
pela servidão à justiça!
248 2 Coríntios 5.14
Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não es-
tais debaixo da lei, e sim da graça.
Romanos 6.14
Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de 
viver para Deus. Estou crucificado com Cristo...
Gálatas 2.19-20
Vimos nos capítulos anteriores que a regeneração é des-
crita na Bíblia em termos de uma “mudança de reino” – da 
carne para o espírito, da terra para o céu, e da escravidão do 
pecado para a servidão da justiça. Mas a Bíblia fala de outra 
mudança de reino – de estar “debaixo da lei” para estar “debai-
xo da graça”. Visto que essa mudança de reino engloba tanto a 
Capítulo Catorze
UMA MUDANÇA 
DE REINO DA LEI 
PARA A GRAÇA
144 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
justificação quanto a regeneração, é vital que certos aspectos 
dela sejam considerados em qualquer discussão sobre esses 
dois grandes milagres.
Nos versos citados acima, Paulo nos diz que os cristãos 
não estão “debaixo da lei” e “morreram para a Lei”. Em outras 
passagens, ele nos diz que os cristãos estão “libertos da lei”,249 
e não estão mais “sujeitos”250 à lei, mas foram “libertos” por 
Cristo do “jugo da escravidão”251 da lei. A relação do homem 
perdido com Deus é uma questão da lei; para o cristão não é 
esse o caso. Ele mora em um estado de gloriosa “desobrigação” 
e “liberdade”.252
O que significa que os cristãos estão “debaixo da graça”? 
E o que significa que não estão “debaixo da lei” e “mortos para 
a lei”? Será que isso significa que não é mais errado aos cristãos 
roubar, cometer adultério ou continuar em pecado? A respos-
ta de Paulo é um retumbante “De modo nenhum!”253. No que 
exatamente, então, a liberdade da lei implica? Tendo considera-
do a natureza e as características da justificação e regeneração, 
estamos agora em condições de dar várias respostas a essa 
pergunta. As respostas são profundamente maravilhosas e de 
grande alcance em suas implicações.
A MALDIÇÃO
Em que sentido os cristãos estão livres da lei? A primeira res-
posta a essa pergunta é que os cristãos estão livres da maldição 
249 Romanos 7.6
250 Romanos 7.6
251 Gálatas 5.1
252 Gálatas 5.1,13
253 Romanos 6.14-15
Uma mudança de reino: da lei para a graça – 145
da lei. Todos os perdidos vivem sob uma maldição: “Todos 
quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; 
porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece 
em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las”.254 
Não importa quão bem as coisas possam parecer estar indo em 
suas vidas, os não-cristãos vivem continuamente sob a maldi-
ção de Deus. Embora seus filhos possam ser saudáveis, seus 
jardins prosperem e suas flores desabrochem de forma bela, a 
ira de Deus “permanece” sobre eles em todo tempo.255 Um dia 
eles ouvirão as terríveis palavras: “Apartai-vos de mim, maldi-
tos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”.256
O cristão, por outro lado, foi resgatado da maldição da lei: 
“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio 
maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo 
aquele que for pendurado em madeiro)”.257 Glória a Deus! Se 
você for um cristão, não está mais debaixo da maldição! Não há 
o menor pedaço de maldição restante sobre você, pois, “agora, já 
nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”.258 
Além disso, a maldição nunca virá sobre você novamente, por-
que seus pecados se foram para sempre!259
Livre da lei, ó, feliz condição,
Jesus sangrou, e há remissão.
Amaldiçoado pela lei e ferido pela queda,
254 Gálatas 3.10
255 João 3.36
256 Mateus 25.41
257 Gálatas 3.13
258 Romanos 8.1
259 Hebreus 8.12
146 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Graça nos redimiu, de uma vez por todas.
De uma vez por todas, ó, pecador receba-a,
De uma vez por todas, ó, irmão creia;
Atenha-se à cruz, o fardo cairá,
Cristo nos redimiu, de uma vez por todas!
Philip P. Bliss
BÊNÇÃO E FAVOR
Não apenas os cristãos estão livres da maldição da lei; eles es-
tão livres do peso esmagador de ter de manter a lei como um 
meio de obter justiça e vida. Como visto nos capítulos anterio-
res, a lei mantém a promessa de vida e de bênção para aqueles 
que estabelecem sua própria justiça ao mantê-la.260 “Faça isso e 
você viverá”, é o princípio da lei. Debaixo da lei, os homens se 
esgotam (e falham miseravelmente) tentando merecer o favor 
de Deus e obter a nota máxima no final de seu curso.
Para o cristão, tudo é diferente. Ele já tem a sua nota má-
xima; ele já tem a vida eterna; ele já tem o sorriso e o favor de 
Deus – tudo por causa da obra de Cristo em seu lugar! Deus 
tem prazer nele e se alegra com ele como um noivo se alegra 
de sua noiva: “Como o noivo se alegra da noiva, assim de ti se 
alegrará o teu Deus”.261 “Naquele dia, se dirá a Jerusalém: Não 
temas, ó Sião, não se afrouxem os teus braços. O senhor, teu 
Deus, está no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se delei-
tará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á 
em ti com júbilo.”262 Sabendo como sabemos o quão pecado-
260 Gálatas 3.12; Lucas 10.25-28; Filipenses 3.9; Romanos 10.5
261 Isaías 62.5
262 Sofonias 3.16-17
Uma mudança de reino: da lei para a graça – 147
res e indignos do deleite de Deus ainda somos, é difícil para 
nós acreditar que ele possa realmente se sentir assim sobre nós. 
Mas ele sente! Ele não somente nos ama; ele nos ama além de 
nossa capacidade de compreender – o seu amor “excede todo 
o entendimento”!263
O cristão está livre da lei como uma exigência para a 
obtenção de vida. Cristo não apenas o livrou da maldição da 
lei; mas também obteve para ele todas as bênçãos da vida e 
da justiça. “Cristo nos resgatou da maldição da lei,... para que 
a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, 
a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.”264 
Isso significa que, em vez de viver sob uma maldição, o cristão 
vive agora sob a bênção perpétua de Deus. Embora seus filhos 
possam ficar doentes, seu jardim ser arruinado com a seca, e 
as suas flores murchem, ele vive continuamente sob o sorriso 
de Deus. Esse estado de bem-aventurança flui de sua justifica-
ção: “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela 
fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão 
abençoados todos os povos. De modo que os da fé são aben-
çoados com o crente Abraão.”265 “E é assim também que Davi 
declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui jus-
tiça, independentemente de obras: Bem-aventurados aqueles 
cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos; 
bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará 
pecado.”266 É infinitamente melhor definhar em uma cela de 
prisão sob a bênção de Deus, do que viver em um palácio sob a 
263 Efésios 3.19
264 Gálatas 3.13-14
265 Gálatas 3.8-9
266 Romanos 4.6-8
148 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
sua maldição! “Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direi-
ta: Vinde, benditosde meu Pai! Entrai na posse do reino que vos 
está preparado desde a fundação do mundo.”267
Você é cristão? Então a bênção de Deus repousa sobre 
você de formas maravilhosas demais para imaginar! “Nem 
olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em 
coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que 
o amam.”268 “Bondade e misericórdia certamente me seguirão 
todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do senhor 
para todo o sempre.”269
REGRAS EXTERNAS
Como vimos nas seções acima, alguns aspectos da “liberdade 
da lei” do cristão tem a ver com justificação. Ele está livre da 
maldição da lei, e está livre da lei como um meio de obter vida. 
Mas outro aspecto da liberdade do cristão quanto à lei é um 
resultado direto da regeneração: O cristão está livre da lei como 
um conjunto de regras externas que contrariam sua verdadeira na-
tureza e desejos. Essa liberdade vem a ele por meio do milagre 
de um novo coração.
Para entender o que isso significa, precisamos apenas 
considerar a condição de cada incrédulo: A lei impõe-se sobre 
ele, a partir do exterior, e contradiz os seus verdadeiros desejos, 
mantendo-o em um estado de servidão contínua e frustração. 
Ela proíbe as coisas que ele ama e ordena as que ele odeia. 
Quando ele estende a mão para roubar, a lei diz: “Não furtarás”. 
267 Mateus 25.34
268 1 Coríntios 2.9
269 Salmo 23.6
Uma mudança de reino: da lei para a graça – 149
Quando ele olha para uma mulher com lascívia, a lei diz: “Não 
adulterarás”. A condição do homem perdido é assim resumida 
pelas palavras populares, “Tudo o que eu gosto é ilegal, imoral 
ou engorda”. A lei limita e restringe o homem não regenerado 
por meio do medo e de ameaças, e ele odeia isso: “O pendor 
da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de 
Deus, nem mesmo pode estar”.270
Cada cristão foi liberto desse estado de escravidão. 
Para ele, a lei não é mais um conjunto de regras externas que 
contrariam sua verdadeira natureza e desejos. Pelo contrá-
rio, a lei é interna; foi “escrita em seu coração” no milagre da 
regeneração.271 Ele é constrangido pelo amor, não pela lei.272 
Amor que flui do seu interior em conformidade com a lei e 
a cumpre automaticamente, pois “o amor é o cumprimento 
da lei”.273 Um cristão sendo quem ele realmente é nunca terá 
que se preocupar com entrar em conflito com a lei de Deus! 
“O fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, 
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio pró-
prio. Contra estas coisas não há lei.”274 Se sois guiados pelo 
Espírito, não estais sob a lei.”275
Em consonância com essa realidade, Paulo diz que “não 
se promulga lei para quem é justo, mas para transgressores e 
rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parri-
cidas e matricidas, homicidas, impuros, sodomitas, raptores 
270 Romanos 8.7
271 Hebreus 8.10
272 2 Coríntios 5.14
273 Romanos 13.10; Gálatas 5.14
274 Gálatas 5.22-23
275 Gálatas 5.18
150 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe 
à sã doutrina”.276 O homem justo não tem necessidade de tais 
restrições externas, uma vez que é contido por sua própria 
natureza santa. Mesmo os mandamentos e exortações do 
Novo Testamento são necessários apenas porque os crentes 
ainda não completamente “tornaram-se quem são”. Visto 
que ainda estamos nesse “corpo mortal”, sujeitos ao “engano 
do pecado”277 e às “ciladas do diabo”,278 precisamos ainda de 
orientação para nos ajudar a discernir o certo e o errado. No 
entanto, à medida que crescemos na graça, nossas mentes são 
progressivamente “renovadas”, e, “pela prática, nossas facul-
dades são exercitadas para discernir não somente o bem, mas 
também o mal”.279 Desta forma, estamos mais e mais capaci-
tados para “experimentar a boa, agradável e perfeita vontade 
de Deus”.280
O cristão não está “debaixo” da lei; ele está (para usar a 
verdadeira terminologia de Paulo) “dentro da lei com Cristo”.281 
Se todos os homens fossem cristãos, não haveria necessidade 
de cadeados nas casas ou placas em lojas proibindo furtos. E 
essa situação se tornará uma realidade no céu, onde todos sen-
tirão absoluta liberdade para fazer o que quiser! Não haverá 
placas no céu, dizendo: “Não matarás” ou “Amarás o Senhor 
teu Deus com todo o teu coração” – não haverá nenhuma ne-
cessidade delas!
276 1 Timóteo 1.8-10
277 Hebreus 3.13
278 Efésios 6.11
279 Hebreus 5.14
280 Romanos 12.2
281 1 Coríntios 9.21 (Gr. “ennomos Christou”)
Uma mudança de reino: da lei para a graça – 151
OFERTA E DEMANDA
Todos os cristãos morreram para a Lei. Eles não estão “debaixo 
da lei, mas debaixo da graça”. Examinar o significado desses ter-
mos mais plenamente nos faria ir além do escopo desse livro, 
mas talvez outro aspecto da nossa “morte para a lei” deva ser 
mencionado. Os cristãos morreram para a lei, na medida em 
que já não vivem no reino da “demanda”, mas no reino da “oferta”. 
Eles estão “debaixo” da graça, não da lei, como um poder do-
minante, e vivem no reino onde a graça “reina”.282 Nesse reino 
nada depende, em última instância, do homem; tudo depende 
de Deus. Todo desejo de bondade e todo ato de obediência é 
graciosamente trabalhado no crente por Deus! “Porque Deus 
é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a 
sua boa vontade.”283
No reino onde a graça reina, Deus compromete-se a tra-
balhar em mim, apesar de minhas fraquezas e falhas até que eu 
esteja perfeitamente conforme a imagem de Cristo. Embora 
eu possa ficar chocado com as minhas falhas enquanto cristão, 
Deus não fica! Ele já conhecia todos os meus pecados e fraque-
zas antes mesmo de pôr o seu amor sobre mim, e ele realmente 
controla e direciona meus fracassos para o meu próprio bem 
– a fim de expor as minhas fraquezas e me livrar delas. (Lucas 
22.31-32) Na Nova Aliança, Deus misericordiosamente deter-
mina “nos purificar de todas as nossas imundícias e de todos os 
nossos ídolos.”284 e nunca descansará ou cederá até que o traba-
lho seja finalmente cumprido! Aleluia!
282 Romanos 5.21
283 Filipenses 2.13
284 Ezequiel 36.25
152 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Segurança em tua graça santificadora,
Todo poderoso para restaurar —
De agora em diante — pecado e morte para trás,
E amor e vida adiante —
Ó, que minha alma abunde em esperança,
E louve-o mais e mais!
A. L. Waring
Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, 
da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e re-
denção, para que, como está escrito: Aquele que se gloria, 
glorie-se no Senhor.
1 Coríntios 1.30-31
Nos capítulos anteriores, consideramos um pouco dos 
milagres da justificação e regeneração. Deveria estar claro nes-
te ponto que esses atos poderosos estão verdadeiramente no 
coração e no centro do evangelho. Que “boa-nova” poderia 
ser mais gloriosa do que a proclamação da comunhão restau-
rada com Deus – que o mais irremediavelmente condenado pode 
se colocar sem vergonha na presença de Deus, revestido pela 
própria justiça de Cristo, e que o mais vil e o mais repugnante 
podem se tornar criaturas totalmente novas nele?
Capítulo Quinze
UMA MUDANÇA 
DE REINO:
DE ADÃO 
PARA CRISTO
154 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Mas por mais maravilhosas que sejam, tanto a justificação 
quanto a regeneração são apenas parte de uma realidade muito 
mais abrangente, a realidade de nosso ser “em Cristo”. Como 
cristãos, podemos dizer que somos justificados, que temos a 
perfeita justiça, que somos novas criaturas, que estamos assen-
tados nos lugares celestiais, e que somos abençoados de todas 
as outras maneiras que consideramos nas páginas anteriores, 
ou podemos simplesmente dizer que estamos “em Cristo”! Pois es-
tar em Cristo é ter todas as bênçãos espirituais imagináveis285 
– incluindo justificação e regeneração, e todas as outras “boas e 
perfeitas dádivas”.286 (Ver Apêndice D.)
JUSTIFICADOS EM CRISTO
Todas as bênçãos da justificação são nossas em Cristo. Em 
Cristo, temos perfeita justiça – a própria justiçade Deus: 
“Para eu... ser achado nele, não tendo justiça própria, que 
procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a jus-
tiça que procede de Deus, baseada na fé”.287 “Aquele que não 
conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, 
fôssemos feitos justiça de Deus.”288 Assim, pode-se dizer que 
somos “justificados em Cristo”.289 Em Cristo, temos “o perdão 
dos pecados”,290 e “nenhuma condenação há para os que estão 
em Cristo Jesus”.291
285 Efésios 1.3
286 Tiago 1.17
287 Filipenses 3.8-9
288 2 Coríntios 5.21
289 Gálatas 2.17
290 Colossenses 1.14
291 Romanos 8.1
Uma mudança de reino: de Adão para Cristo – 155
NOVAS CRIATURAS EM CRISTO
Assim como todas as bênçãos da justificação são nossas em 
Cristo, todas as bênçãos da regeneração são nossas nele: “E, as-
sim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas 
já passaram; eis que se fizeram novas.”292 “Pois somos feitura 
dele, criados em Cristo Jesus para boas obras.”293 Fomos “san-
tificados em Cristo Jesus”294, “nele, fomos aperfeiçoados”295 e 
estamos assentado “nos lugares celestiais em Cristo Jesus”.296
UMA VIDA DEPENDENTE
A partir desses versos deveria ficar evidente que a justificação 
e regeneração não são bênçãos que possuímos em nós mesmos, 
independente de Deus. Deus não nos torna novas criaturas de 
maneira que nós mesmos nos tornemos fontes positivas de jus-
tiça, capazes de produzir vida por nós próprios, à parte dele. 
Em vez disso, somos novas criaturas em Cristo Jesus. À parte de 
Cristo não somos nada nem podemos fazer nada.297 Tudo o que 
somos e temos, temos somente nele. Assim, a vida cristã é uma 
vida totalmente dependente. Esse é o ensinamento de nosso 
Senhor em João 15: “Permanecei em mim, e eu permanecerei 
em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se 
não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não 
permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem 
permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque 
292 2 Coríntios 5.17
293 Efésios 2.10
294 1 Coríntios 1.2
295 Colossenses 2.10
296 Efésios 2.6
297 João 15.5
156 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
sem mim nada podeis fazer”.298 Não somos “por nós mesmos, 
capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo 
contrário, a nossa suficiência vem de Deus, o qual nos habilitou 
para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas 
do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica”299
Esvaziado para que tu possas encher-me,
Um vaso limpo em tuas mãos;
Sem poder senão pelo que tu deste,
Graciosamente com cada mandamento.
Apenas canais, abençoado Mestre,
Mas com todo o teu maravilhoso poder,
Fluindo através de nós, podes nos usar
Todos os dias e todas as horas.
Mary Maxwell
“EM ADÃO” VS. “EM CRISTO”
Isso nos leva a considerar uma “mudança de reino” final que é 
mais fundamental, profunda e abrangente do que qualquer outra 
– a mudança de reino de estar “em Adão” para estar “em Cristo”. 
De acordo com a Bíblia, toda a história humana pode ser resumi-
da em termos de dois homens: Adão e Cristo. Todos os outros 
homens estão “em” um ou outro. Aqueles que estão em Adão 
morrem; aqueles que estão em Cristo vivem para sempre.
Visto que a morte veio por um homem, também por um ho-
mem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em 
298 João 15.4-5
299 2 Coríntios 3.5-6
Uma mudança de reino: de Adão para Cristo – 157
Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados 
em Cristo. Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, 
as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda.
1 Coríntios 15.21-23
Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito 
alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante. 
Mas não é primeiro o espiritual, e sim o natural; depois, o 
espiritual. O primeiro homem, formado da terra, é terreno; 
o segundo homem é do céu. Como foi o primeiro homem, 
o terreno, tais são também os demais homens terrenos; e, 
como é o homem celestial, tais também os celestiais. E, as-
sim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos 
trazer também a imagem do celestial.
1 Coríntios 15.45-49
Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo 
sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão 
de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir... Se, pela 
ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito 
mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justi-
ça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo. 
Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos 
os homens para condenação, assim também, por um só ato 
de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justifica-
ção que dá vida. Porque, como, pela desobediência de um só 
homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por 
meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos.
Romanos 5.14,17-19
158 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Perceba que, nesses versos, é dito que Adão é um “tipo” de 
Cristo, e Cristo é “o último Adão”. Adão foi o primeiro homem, 
o cabeça da raça humana natural. Por meio de sua queda, o pe-
cado e a morte entraram na humanidade, e ela foi destruída. 
Cristo veio como “o último Adão” para iniciar uma nova raça 
humana e ser o cabeça de uma nova humanidade. Assim como 
Adão representou e está vitalmente unido a todos aqueles que 
estão nele, também Cristo representou e está vitalmente unido 
a todos os que estão nele. Aqueles que estão em Adão partici-
pam de tudo quanto era verdadeiro em Adão; aqueles que estão 
em Cristo participam de tudo quanto era verdadeiro em Cristo.
AS CARACTERÍSTICAS DOS DOIS REINOS
A mudança de reino entre Adão e Cristo é a mudança mais fun-
damental e abrangente que qualquer homem pode sofrer. Ela 
inclui todas as outras mudanças de reino que a Bíblia associa 
à conversão, incluindo todas aquelas discutidas nos capítulos 
anteriores. Observe novamente os dois reinos e tudo o que está 
compreendido em cada um deles:
EM ADÃO EM CRISTO
Pecado (Rm 5.12,19)
Condenação (Rm 5.18)
Morte (Rm 5.17; 1Co 15.22)
Carne (Rm 8.9; 7.5)
O mundano (Cl 2.20)
Lei (Rm 6.14)
Maldição (Gl 3.10)
Escravidão (Rm 7.6)
Reinado do Pecado (Rm 5.21)
Justiça (Rm 5.18,19)
Justificação (Rm 5.18)
Vida (Rm 5.18; 1Co 15.22)
Espírito (Rm 8.9)
O celestial (Cl 3.1-3)
Graça (Rm 6.14)
Benção (Gl 3.14, 8–9)
Liberdade (Rm 7.6; 2Co 3.17)
Reinado da Graça (Rm 5.21)
Uma mudança de reino: de Adão para Cristo – 159
EM ADÃO EM CRISTO
“Debaixo” do pecado (Rm 3.9; 7.14)
Escravos do pecado (Rm 6.17)
A morte reina (Rm 5.17)
Trevas (At 26.18)
Domínio de Satanás (At 26.18)
“Debaixo” da graça (Rm 6.14)
Servos da justiça (Rm 6.18)
Reinamos em vida (Rm 5.17)
Luz (1Ts 5.4-5)
Reino de Deus (Cl 1.12-13)
OS CRISTÃOS “MORRERAM” PARA O ANTIGO 
REINO
Sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os 
mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele. 
Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu 
para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim 
também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vi-
vos para Deus, em Cristo Jesus.
Romanos 6.9-11
Uma vez que tenhamos entendido quão abrangentes os 
“dois reinos” de Adão e Cristo são, estamos em condições de 
compreender a intenção de Paulo ao falar dos cristãos como ten-
do “morrido” para várias coisas. Em Romanos 6.11, Paulo exorta 
os cristãos a crerem e a contarem com o fato de que eles “morre-
ram” para o pecado. Terminologia semelhante é usada a respeito 
da relação do cristão com a Lei: “Porque eu, mediante a própria 
lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus”.300 A relação do cris-
tão com o mundo também é tratada em termos de crucificação 
e morte: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de 
nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para 
300 Gálatas 2.19; Romanos 7.4; Colossenses 2.20-21
160 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
mim, e eu, para o mundo. Pois nem a circuncisão é coisa alguma, 
nem a incircuncisão,mas o ser nova criatura”.301 Observe que a 
nossa morte para o mundo está vinculada tanto a “ser nova cria-
tura” quanto à nossa “crucificação” com Cristo.
O que Paulo quer dizer quando afirma que os cristãos 
“morreram” para o pecado, a Lei, e o mundo? Certamente ele 
não quer dizer que “morremos” para essas coisas no sentido de 
que já não somos afetados por elas. Isso é evidente a partir do 
fato de que Paulo nos exorta a não “deixar o pecado reinar em 
nossos corpos mortais”. Tais exortações seriam desnecessárias 
se os cristãos não estivessem ainda sendo afetados pelo pecado. 
Romanos 6.11 não significa: “Finja que você já não é mais afe-
tado pelo pecado, mesmo sabendo que você é”! Em vez disso, a 
chave para entender o sentido da nossa “morte para o pecado” é 
encontrada no versículo 10, que fala da experiência do próprio 
Cristo: “Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre mor-
reu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus”.
Perceba que, de acordo com Paulo, mesmo o próprio 
Cristo “morreu para o pecado”! Em que sentido Cristo “mor-
reu para o pecado” ao morrer? Ele alguma vez esteve “vivo” 
para ele? E em que sentido Cristo agora “vive para Deus” desde 
sua ressurreição? Ele alguma vez não esteve “vivo para Deus”? 
A resposta é clara: Quando Cristo morreu na cruz, ele “morreu 
para o pecado”, no sentido de que ele morreu para esse reino, e 
ele agora “vive para Deus”, no sentido de que passou para o reino 
celestial no momento de sua ressurreição e ascensão! “Pois”, diz 
Paulo no versículo 11, os cristãos “morreram para o pecado” ao 
sair do seu reino, e estão “vivos para Deus” ao entrarem em seu 
301 Gálatas 6.14-15
Uma mudança de reino: de Adão para Cristo – 161
reino! Eles deixaram um reino e entraram em outro. Quando 
Paulo diz que “morremos para o pecado”, ele está se referindo a 
algo que realmente aconteceu! O cristão não morreu para o pe-
cado, no sentido de que não é mais afetado por ele, mas morreu 
para o pecado, no sentido de que não vive mais sob o reino do 
pecado. Na crucificação e morte do nosso velho homem, va-
mos para fora do reino da carne, fora do reino do mundo, fora 
do reino da lei, e fora do reino do pecado e da morte.
Cristão, você realmente “morreu para o pecado”, no sentido 
de que saiu de seu reino. O pecado não “reina” mais sobre você; 
ele já não lhe “serve” mais; ele não mais “é” você; você não é mais 
seu escravo! Como aconteceu com o ímpio no Salmo 37, tam-
bém acontece com o cristão quando seu “velho homem” morre: 
“Mais um pouco de tempo, e já não existirá o ímpio; procurarás o 
seu lugar e não o acharás”.302 O “homem mau” que uma vez fomos 
“não é mais”. Ele não é “mais encontrado” em “seu lugar”, e aque-
les que vieram esperar sua presença, “estranham” sua ausência: 
“Porque basta o tempo decorrido para terdes executado a vonta-
de dos gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscências, 
borracheiras, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias. Por 
isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao 
mesmo excesso de devassidão”.303 Como essa mudança inesperada 
aconteceu é explicado nos versículos anteriores: “... aquele que 
sofreu na carne [i.e., morreu] deixou o pecado, para que, no tempo 
que vos resta na carne, já não vivais de acordo com as paixões dos 
homens, mas segundo a vontade de Deus”.304
302 Salmo 37.10
303 1 Pedro 4.3-4
304 1 Pedro 4.1-2
162 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Cristão, sua morte para o pecado é uma realidade! Por 
isso, conte com o fato de que você está morto para o pecado, 
mas vivo para Deus em Cristo Jesus!
A CERTEZA DA VIDA EM CRISTO
Talvez seja adequado concluir esse estudo considerando mais 
uma vez o futuro indizivelmente brilhante que está à frente de 
todos os verdadeiros crentes. Todo cristão deveria ter grande 
conforto no fato de que agora está “em Cristo” e unido a Cristo. 
Afinal, cada um de nós experimentou em primeira mão os re-
sultados reais e devastadores de nossa união com Adão! Nossa 
união com Adão eficazmente assegurou pecado, condenação e 
morte para cada um de nós. “O pecado reina”305 e “a morte rei-
na”306 sobre todos os filhos caídos de Adão, levando-os para o 
abismo do inferno e da destruição.
Mas se a união com Adão é poderosa assim para garantir a 
morte, quanto mais poderosa é a união com Cristo para garantir 
a vida! Esse é o argumento de Paulo em Romanos 5. Ele repe-
tidamente fala da obra de Cristo como “muito mais” eficaz do 
que a obra de Adão: “Se, pela ofensa de um e por meio de um 
só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da 
graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a 
saber, Jesus Cristo”.307 “Onde abundou o pecado, superabundou 
a graça, a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim 
também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante 
Jesus Cristo, nosso Senhor.”308 O pecado é um terrível tirano que 
305 Romanos 5.21
306 Romanos 5.14
307 Romanos 5.17,15
308 Romanos 5.20-21
Uma mudança de reino: de Adão para Cristo – 163
reina com tal poder sobre aqueles que estão em Adão que a mor-
te para eles é inevitável. Mas o pecado já não reina sobre o cristão. 
A graça reina sobre o cristão, e ela reina com tal inexorável poder 
que nada pode ficar em seu caminho. Cristão, você pode ter sido 
tão fraco e pecador, pode ter toda a razão em si para perder as 
esperanças de algum dia chegar ao céu, mas “a graça reina” em 
sua vida, e ela nunca descansará ou cederá até que todo pecado 
seja vencido, e você esteja perfeitamente conformado à imagem 
de Cristo! Aleluia! A graça “reina” efetivamente “por meio da jus-
tiça” em todo momento “até a vida eterna”!
Que minha alma se levante,
E esmague o tentador;
Meu Capitão me guia adiante
Para a conquista e a coroa:
O mais fraco dos santos será vitorioso no dia,
Embora a morte e o inferno obstruam o caminho.
Ainda que todas as hostes da morte,
E potestades desconhecidas do inferno,
Apresentem-se em suas formas mais terríveis
De fúria e destruição,
Estarei seguro, pois Cristo manifesta
Poder superior, e graça protetora.
Isaac Watts
No momento de nossa união com Cristo, tudo o que vem 
a seguir torna-se verdade para nós:
1. Nova Criação – 
 a) as coisas velhas passaram, e 
 b) tornamo-nos novas criaturas.
• 2 Coríntios 5.14-17 nova criatura
• Gálatas 6.15 (cf. v.14) nova criatura
• Efésios 2.10 feitura dele, criados em Cristo Jesus
• Efésios 2.15 dos dois criasse, em si mesmo, um novo ho-
mem – um corpo (v.16)
• Efésios 4.24 novo homem, criado segundo Deus..., porque 
somos membros uns dos outros (v.25)
• Colossenses 3.10 o novo homem que se refaz, segundo a 
imagem daquele que o criou
• Cf. também, todos os versos com palavras derivadas de 
“novo” – p.ex. Tito 3.5 “renovador”
Apêndice A
REGENERAÇÃO
UM RESUMO
166 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
2. Novo Nascimento – “nascemos de novo”; um nascimen-
to real acontece no reino espiritual.
• João 3.6 o que é nascido é espírito
• 2 Pedro 1.4 coparticipantes da natureza divina
• 1 João 3.9  nascido de Deus, o que permanece nele é a divi-
na semente, esse não pode viver pecando, porque é nascido 
de Deus.
• Hebreus 2.11 um Pai (de verdade!), portanto, irmãos
• 1 João 3.1 “e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão...”
3. Novo Coração
 a) nosso coração de pedra é removido, e 
 b) é dado a nós “um coração de carne”.
• Ezequiel 36.22-32 “coração novo”, “espírito novo”, “Porei 
dentro de vós o meu Espírito”
• Jeremias 31.33-34 “na mente”, “no coração”
• Jeremias 32.38-41 Dar-lhes-ei um só coração e um só cami-
nho; porei o meu temor no seu coração, para que nunca se 
apartem de mim..
• Hebreus 8.10 inscreverei...
• 2 Coríntios 3.1-3 pelo Espírito do Deus vivente, não em 
tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos 
corações.
4. Circuncisão Espiritual – nosso coração écircuncidado 
pelo Espírito.
• Romanos 2.28-29 circuncisão do coração no Espírito
• Colossenses 2.10-11 Nele, aperfeiçoados; Nele, circunci-
dados, não por intermédio de mãos, mas no “despojamento”Apêndice A – Regeneração: um resumo – 167
do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo; (v.13) 
estávamos mortos pela “incircuncisão da nossa carne” (a 
condição física de todos os gentios)
• Efésios 2.11 aqueles que “se intitulam” circuncisos, na 
carne, “por mãos humanas” (Há uma alusão e contraste 
aqui com a verdadeira circuncisão dos cristãos.)
• Filipenses 3.3 a verdadeira circuncisão, de quem adora no 
Espírito, e não confia na carne
• Atos 7.51 incircuncisos de coração e de ouvidos, sempre 
resistindo ao Espírito Santo
• Deuteronômio 30.6 o Senhor circuncidará o seu coração 
para amar...
5. Nova Natureza – transformados de espinheiros para 
figueiras!
• Mateus 12.33-37 “Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom 
ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se 
conhece a árvore”.
• Mateus 7.15-20 (esp. v.18 “não pode”)
6. Novo Homem
 a) despimo-nos do velho homem, e 
 b) revestimo-nos do novo homem. (Adão vs. Cristo)
• Colossenses 3.8-11 uma vez que vos despistes do ve-
lho homem com os seus feitos e vos revestistes do novo 
homem que se refaz para o pleno conhecimento, se-
gundo a imagem daquele que o criou; no qual não 
pode haver grego nem judeu...; porém Cristo é tudo em 
todos.
168 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
• Efésios 2.10,14-16 para que dos dois criasse, em si mesmo, 
um novo homem, e reconciliasse ambos em um só corpo 
com Deus,
• Gálatas 3.27-28 porque todos quantos fostes batizados em 
Cristo de Cristo vos revestistes,... não pode haver judeu nem 
grego...; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.
• Romanos 13.13-14 não em dissoluções, não em contendas 
e ciúmes; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada dis-
ponhais para a carne no tocante às suas concupiscências.
• Efésios 4.22-25 quanto ao trato passado, vos despojeis 
do velho homem, que se corrompe segundo as concu-
piscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso 
entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segun-
do Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade. Por 
isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o 
seu próximo, porque somos membros uns dos outros.
7. Crucificação e Ressurreição – a) nosso “velho homem” 
é crucificado, “nós” morremos, somos sepultados, e b) 
ressuscitados em novidade de vida, e subimos aos céus, 
nos tornando coparticipantes da vida e poder de Cristo 
por meio da habitação do Espírito Santo.
Crucificados:
• Romanos 6.6 nosso homem velho foi crucificado com ele
• Gálatas 2.20 Já fui crucificado com Cristo; e já não sou eu 
quem vive
• Gálatas 6.14 estou crucificado para o mundo por meio da 
cruz de Cristo.
Apêndice A – Regeneração: um resumo – 169
Mortos:
• Romanos 6.2 nós que morremos
• Romanos 6.7 Porquanto quem morreu
• Romanos 6.8 já morremos com Cristo
• Romanos 7.4 vós morrestes relativamente à lei
• Romanos 7.6 libertados da lei, estamos mortos para aqui-
lo a que estávamos sujeitos
• Gálatas 2.19 morri para a lei
• Gálatas 2.20 já não sou eu quem vive
• Colossenses 2.20 morrestes com Cristo
• Colossenses 3.3 morrestes
• 2 Timóteo 2.11 se já morremos com ele
• 2 Coríntios 5.14 logo, todos morreram
Sepultados:
• Romanos 6.4 sepultados com ele
• Colossenses 2.12 tendo sido sepultados com ele no 
batismo
Ressuscitados e elevados:
• Romanos 6.4 como Cristo foi ressuscitado, assim tam-
bém andemos nós em novidade de vida.
• Romanos 6.5 semelhança da sua ressurreição
• Romanos 6.8 também com ele viveremos
• Romanos 6.11 vivos para Deus, em Cristo Jesus
• Romanos 6.13 como ressurretos dentre os mortos
• Efésios 2.5-6 nos deu vida juntamente com Cristo, e nos 
ressuscitou com ele, e nos fez assentar nos lugares celes-
tiais; cf. 5.14!
170 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
• Gálatas 2.19 a fim de viver para Deus
• Gálatas 5.25 vivemos no Espírito
• Colossenses 2.12 no qual igualmente fostes ressuscitados 
mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre 
os mortos.
• Colossenses 3.1-3 fostes ressuscitados juntamente com 
Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assenta-
do à direita de Deus, porque morrestes, e a vossa vida está 
oculta juntamente com Cristo, em Deus.
• 2 Coríntios 5.15  para que os que vivem vivam para aquele 
que por eles morreu e ressuscitou. 
Coparticipantes de sua vida e poder:
• João 4.14 nele uma fonte a jorrar para a vida eterna.
• João 6.57 “como... eu vivo pelo Pai, também... [ele] por mim 
viverá.”
• João 15.4-5 permanecei em mim, e eu em vós. O ramo não 
pode produzir fruto de si mesmo.
• 2 Coríntios 4.11 que também a vida de Jesus se manifeste 
em nossa carne mortal.
• Gálatas 2.20 “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em 
mim”
• Efésios 3.16,20 fortalecidos com poder, mediante o seu Es-
pírito no homem interior; fazendo infinitamente mais do que 
tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder 
que opera em nós
• Colossenses 3.4 Cristo, que é a nossa vida
• Filipenses 1.19,21 a provisão do Espírito de Jesus Cristo; 
“o viver é Cristo”
Apêndice A – Regeneração: um resumo – 171
• Filipenses 4.13 “Tudo posso naquele que me fortalece.”
• Muitos outros!
8. Carne/Espírito
 a) não estamos mais “na carne”, mas 
 b) estamos “no Espírito”.
• Romanos 7.5 quando vivíamos...
• Romanos 8.5-9 os que se inclinam para a carne; “o pendor 
da carne dá para a morte”; os que estão na carne não po-
dem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas 
no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. 
• 1 Coríntios 2.10–3.4 natural, carnal, “segundo os ho-
mens”; em contraste com “espiritual” e “mente de Cristo” 
(i.e., estavam agindo como homens perdidos)
• 2 Coríntios 5.16 nós, daqui por diante, a ninguém co-
nhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo 
segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo; 
nova criatura, as coisas antigas já passaram; (i.e., já não en-
xergamos nada mais do ponto de vista carnal, porque não 
estamos mais vivendo lá!)
• Gálatas 5.25 vivemos pelo Espírito (Perceba o contraste 
carne/Espírito nos versos precedentes).
9. Terreno/celestial
 a) fomos transladados da esfera terrena, e 
 b) colocados na esfera celestial.
• Colossenses 2.20 “como se vivêsseis no mundo”!
• Colossenses 3.1-3 “coisas lá do alto” em contraste com 
coisas “aqui da terra”
172 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
• Filipenses 3.19b-20 “coisas terrenas” em contraste com 
“nos céus”; somos cidadãos agora
• Efésios 2.6 “juntamente com ele... nos fez assentar”, “nos 
lugares celestiais”, “em Cristo”
• Efésios 1.3 “nas regiões celestiais”, “em Cristo”
• Gálatas 4.25-26 “Jerusalém atual” versus “Jerusalém lá de 
cima”
• Hebreus 12.22 tendes chegado à “Jerusalém celestial” ver-
sus “monte que se podia tocar”
• Gálatas 6.14 crucificado para o mundo!
• João 17.14,16 não do mundo, como também Cristo não do 
mundo! Cf. João 8.23, 1 João 4.4-6
10. Trevas/luz – a) fomos tirados do reino das “trevas”, e b) 
colocados no reino da “luz”.
• Efésios 5.7-14 outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz 
no Senhor; andai como filhos da luz; obras das trevas; 
desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e 
Cristo te iluminará.
• Colossenses 1.12-13 idôneos à parte que vos cabe da 
herança dos santos na luz... ele nos libertou do império 
(reino) das trevas e nos transportou para o reino do Filho 
do seu amor.
• 1 Tessalonicenses 5.1-11 não estais em trevas; vós todos 
sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem 
das trevas; já que somos do dia, sejamos sóbrios...
• Romanos 13.11-14 despertardes do sono; vem chegando o 
dia. Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das 
armas da luz; andemos como em pleno dia
Apêndice A – Regeneração: um resumo – 173
• 1 João 2.7-11 as trevas se vão dissipando, e a verdadeira luz 
já brilha; “na luz” versus “nas trevas”; “as trevas lhe cega-
ram os olhos”.
• Atos 26.18 para lhes converteres das trevas para a luz e da 
potestade de Satanás para Deus
• 1 Pedro 2.9 chamou das trevas para a sua maravilhosa luz
• Cf. também Mateus 4.16; 5.14-16; Lucas 1.79; 11.33-36;16.8; 22.53; João 1.5 (“trevas” = homens!), 3.19-21, 8.12, 
12.35-36, 12.46; 2 Coríntios 4.1-6, 6.14; 1 João 1.5-7
11. Servos de Deus – a) fomos libertos da escravidão do pe-
cado, e b) feitos servos da justiça.
• Romanos 6.6-7 não mais escravos do pecado
• Romanos 6.14 o pecado não terá domínio sobre vós
• Romanos 6.16-23 éreis escravos do pecado; libertados do 
pecado, fostes feitos servos da justiça; libertados do pecado, 
transformados em servos de Deus
• João 8.31-36 escravo do pecado; escravo não fica sempre na 
casa; verdadeiramente livres
• Perceba as implicações para a interpretação correta de Ro-
manos 7, onde Paulo fala de um homem que está “vendido 
à escravidão do pecado” (v.14), “prisioneiro da lei do pe-
cado” (v.23), “escravo” da lei do pecado (v.25), e ainda a 
necessidade de ser “livrado” do corpo da morte (v.24).
Na morte do velho e na ressurreição do novo, nós:
• morremos para o pecado e vivemos para Deus. Romanos 
6.1-14; 1 Pedro 2.24 (cf. 1 Pedro 4: 1-2)
174 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
• morremos para a lei e vivemos para Deus. Romanos 7.4-6; 
Gálatas 2.19; Colossenses 2.20-22; Gálatas 6.12-15
• morremos para nós mesmo e vivemos para Deus. 2 Corín-
tios 5.15 (cf. v.14-17)
• morremos para o mundo (como a esfera da lei e do pecado) 
e vivemos para Deus:
◆ Colossenses 2.20 (o mundo como a esfera da lei – ver 
v.16-17,20-23)
◆ Colossenses 3.3 (o mundo como a esfera do pecado – ver 
v.2,5ss).
◆ Gálatas 6.14 (o mundo como a esfera da lei – ver v.12-15 
e 4.3)
À medida que começamos a crer (i.e., “reconhecer”, contar com 
o fato – Romanos 6.11) que somos novas criaturas vivas na es-
fera celestial, o “espírito de nossa mente” é progressivamente 
“renovado” (Romanos 12.2 ; Efésios 4.23, Colossenses 1.9), e 
somos capacitados cada vez mais a ver, pensar e agir a partir da 
perspectiva celestial: 
• Visto que já “temos a mente de Cristo” (1 Coríntios 2.16; 
Romanos 8.6), estamos agora em condições de “deixar” sua 
mente reinar em nós (Filipenses 2.5) e nos “armar” com sua 
mente (1 Pedro 4.1-2). cf. Filipenses 3.15 (v.13-15)
• Visto que já fomos crucificados, somos agora capa-
citados pela fé a “tomar a cruz e negar a nós mesmos” 
(Lucas 9.23) – verdadeiramente, não apenas “abnegação” 
hipócrita.
Apêndice A – Regeneração: um resumo – 175
• Visto que vivemos pelo Espírito, agora podemos andar pelo 
Espírito (Gálatas 5.25). Contraste Colossenses 3.7.
• Visto que fomos despojados do velho homem e revestidos 
do novo homem (Colossenses 3.9-10), somos exortados a 
viver de acordo, “despojando-nos do velho homem” (i.e., 
suas obras) (Efésios 4.22), “despojando-nos da ira... e 
revestindo-nos de ternos afetos de misericórdia...” (Co-
lossenses 3.8,12), e “revestindo-nos das armas da luz” 
(Romanos 13.12; Efésios 6.10 -18; 1 Tessalonicenses 
5.8).
• Nota: Algumas autoridades afirmam que os infinitivos de 
Efésios 4.22,24 não são imperativos, mas “infinitivos de 
resultado” e devem ser traduzidos como “...você deixou de 
lado o velho ... e revestiu-se do novo homem ...” (Veja John 
Murray, Princípios de Conduta, 214-18) Isto faria os v.22 e 
24 serem declarações de um fato (como em Colossenses 3: 
9-10) e os v.25-32 serem exortações baseadas nessas decla-
rações de fato.
• Visto que já “fomos revestidos de Cristo” (Gálatas 3:27); 
estamos agora em condições de, na prática, nos “revestir-
mos do Senhor Jesus Cristo” (Romanos 13:14).
• Visto que somos filhos da luz, devemos andar como filhos da 
luz (Efésios 5: 7-10; 1 Tessalonicenses 5: 4-10).
• Visto que somos escravos da justiça, podemos agora nos re-
cusar a deixar o pecado “reinar” e podemos apresentar os 
nossos membros como instrumentos de justiça (Romanos 
6:12, 19).
• Cf. também Tiago 3.10-12; Isaías 52.1-2; Isaías 60.1-5; Pro-
vérbios 31.4; etc.
176 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Resumo de termos:
• O “velho homem”: o nosso velho eu, que éramos em Adão, 
a nossa eu não-regenerado
• O “novo homem”: quem somos em Cristo, nova criatura, 
nossa verdadeira identidade como cristãos
• O “corpo do pecado”: a “carne”; o corpo físico não redimi-
do visto como o reino onde o pecado ainda tenta reinar. Cf. 
Romanos 6:12, 13, 19; Romanos 7: 5, 14, 18, 23, 24, 25; 
Romanos 8: 3, 10-13 (Nota: o pecado = “as obras do cor-
po”!); Romanos 12: 1-2; Colossenses 3: 5-F. (Nota: v.5 lit. 
“fazer morrer os membros que estão sobre a terra”!); Gála-
tas 5: 19f.
• “Reino”: a região ou esfera em que algo domina, “reina”, ou 
prevalece; mesmo que “reino” (Colossenses 1.13b). Veja 
também “império” (Colossenses 1.13a) e “potestade” (Atos 
26.18): autoridade, jurisdição.
João nos diz em 1 João 3.4-9 que os cristãos “não vivem 
na prática” do pecado e “não podem” viver pecando. O que ele 
quer dizer com essas declarações? Várias respostas foram dadas 
a essa pergunta ao longo dos séculos, mas aqui consideraremos 
apenas duas delas.
1. Uma explicação popular desses versículos é que 
a nova natureza do cristão não pode pecar. A “semente de 
Deus” (que é perfeita) “permanece” no cristão, e nunca deseja 
nem comete nem mesmo um único ato de pecado. Embora haja 
muita verdade nessa visão, ela, no entanto, enfrenta objeções 
formidáveis.
Primeiro de tudo, João não diz que a nova natureza do 
cristão não pode pecar; ele diz que o próprio cristão não pode 
pecar: “[ele] não vive na prática de pecado; pois o que perma-
Apêndice B
“NÃO PODE 
PECAR”
178 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
nece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, 
porque é nascido de Deus” (1 João 3.9). O “ele” que “não pode 
viver pecando” é claramente o cristão como uma pessoa comple-
ta – a mesma pessoa de quem se diz ser “nascido de Deus” na 
última parte do versículo.
Em segundo lugar, a proposta de que a “nova natureza” 
de um cristão não peca é na verdade uma afirmação sem sen-
tido. Somente pessoas são capazes de pecar ou não pecar; uma 
natureza abstrata não pode desejar ou agir de maneira nenhu-
ma. Como vimos no Capítulo 9, uma “natureza” não é algo que 
“possuímos” separadamente de nossas pessoas; é uma descri-
ção de quem realmente somos em nosso íntimo.
Em terceiro lugar, “praticar o pecado” é contrastado nos 
versículos 7-8 com “praticar a justiça”. Certamente João está 
pensando aqui, não em um único ato de justiça, mas na prática 
da justiça. Então, da mesma forma, quando ele fala nessa passa-
gem da impossibilidade de os cristãos “praticarem pecado”, ele 
provavelmente tem em mente, não um único ato de pecado, mas 
a prática do pecado.
Em quarto lugar, João está preocupado aqui em mostrar 
que as ações reais dos cristãos são diametralmente opostas às 
ações do não regenerado. Ele está falando sobre cristãos real-
mente não pecando, não apenas cristãos “pecando e odiando 
isso” ou cristãos “pecando, mas não pecando a partir de sua 
nova natureza”. Tal ensinamento cairia como uma luva nas 
mãos dos próprios hereges que João está combatendo.
2. A melhor explicação para esses versículos é que o 
“pecado” que um crente “não vive na prática” e “não pode” 
viver na prática é o pecado habitual ou persistente. João está, 
Apêndice B – “Não pode pecar” – 179
literalmente, dizendo que o cristão não “pratica o pecado”. Ou 
seja, o cristão não “vive na prática” do pecado. Pelo contrário, 
o cristão “pratica a justiça”: “Filhinhos, não vos deixeis enganar 
por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como 
ele é justo” (1 João 3.7).
Por que o cristão se encontra incapaz de “praticar o pe-
cado”? A resposta é dada no versículo 9: “Todo aquele que 
é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que 
permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver 
pecando, porque é nascido de Deus”. Todos os cristãos têm 
uma nova natureza (a semente de Deus) como a sua identi-
dade essencial. Essa nova natureza (que é perfeita) se coloca 
contra todo o mal, efetivamente impedindo o crente de viver 
em pecado. Ao contrário, a justiça é a principal característica 
de sua vida. A caminhada do cristão não é perfeita, no entanto,porque ele ainda tem a carne com a qual contender ao longo 
dessa vida. Quando o seu corpo mortal é redimido, então a 
nova vida já presente nele se manifestará em sua plenitude, e 
suas ações corresponderão perfeitamente aos desejos do seu 
coração renovado.
Essa compreensão das palavras de João é a única que dá um 
peso total ao tempo presente dos verbos envolvidos e é refletida 
nas melhores traduções modernas em inglês de 1 João 3.4-9.
Tentar lidar com as controvérsias em torno de Romanos 7 
levaria um livro inteiro. Apenas algumas orientações para a sua 
interpretação podem ser sugeridas aqui:
1. Romanos 7 flui diretamente de Romanos 6, con-
tinuando e expandindo os temas que são introduzidos 
ali. De acordo com Romanos 6, os cristãos “morreram para 
o pecado”309 em virtude de sua união com Cristo, pelo que 
foram “libertos”310 do pecado, de forma que já não tem “do-
mínio”311 sobre eles. O resultado dessa morte para o pecado 
 
309 Romanos 6.2,11
310 Romanos 6.7,18,22
311 Romanos 6.14 (Gr. “domínio”, “governo”)
Apêndice C
ROMANOS 7* 
* Aos interessados em ler mais sobre esse assunto são indicados: Robert L. Reymond, A New 
Systematic Theology of the Christian Faith, Apêndice F, 1127-32; Martyn Lloyd-Jones, The 
Law: Its Functions and Limits; e Herman Ridderbos, Paul: An Outline of His Theology, 126-30.
182 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
é “serviço”312 a Deus que traz “fruto”313 para a santificação. 
Paulo repete esse padrão de triunfo em Romanos 7: os cris-
tãos “morreram para a lei”314 em virtude de sua união com 
Cristo, pelo que foram “libertos”315 dela, de forma que a lei 
já não tem “domínio”316 sobre eles. O resultado dessa morte 
para a lei é “serviço”317 a Deus que traz “fruto”318 para Deus. 
Em suma, Paulo estava “em terreno elevado” em Romanos 6, 
e continua a subir em Romanos 7!
O propósito real de Romanos 7 é explicar e expandir a 
declaração de Paulo em 6.14: “Porque o pecado não terá do-
mínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça”. 
De acordo com esse versículo, a nossa libertação do domínio 
do pecado é um resultado direto do fato de que não estamos 
mais “debaixo da lei”. A primeira pergunta a ser respondida é: 
“Como foi que os cristãos passaram a não estar mais ‘debaixo 
da lei’”? Paulo responde a essa pergunta em 7.1-4. Os cristãos 
saíram do reino da lei, tendo morrido para ele em virtude de 
sua união com Cristo. A segunda pergunta a ser respondida 
é: “Por que a liberdade da lei é necessária para garantir a nos-
sa libertação do reino do pecado?” Ou, invertendo, “Por que 
a liberdade do reino do pecado é impossível para todos os que 
ainda estão debaixo da lei?” Paulo responde a essa pergunta em 
7.5-25. Todos os que ainda estão “debaixo da lei” também estão 
ainda “na carne” (v.5). Mas a lei realmente desperta e fortalece 
312 Romanos 6.22
313 Romanos 6.21-22 (Gr. “fruto”)
314 Romanos 7.4
315 Romanos 7.6, 2-3
316 Romanos 7.1 (Gr. “domínio”, como em 6.14)
317 Romanos 7.6
318 Romanos 7.4
Apêndice C – Romanos 7 – 183
o domínio do pecado sobre aqueles que estão na carne, deixan-
do-os em um estado de escravidão e de morte (v.5, 7-25).
2. É absolutamente vital perceber que Paulo pensa em 
termos de dois e apenas dois grupos – aqueles que estão 
“debaixo da lei” (“na carne”) e aqueles que estão “debaixo 
da graça” (“no Espírito”). As características desses dois gru-
pos estão resumidas tanto antes (7.5-6) quanto depois (8.1-4) 
da discussão de Paulo em Romanos 7.7-25. Isso significa que 
nos versículos 14-25, Paulo não descreve um “cristão carnal” 
que ainda não “chegou a Romanos 8”, como uma visão “de vida 
mais profunda” de Romanos 7 estaria nos dizendo. Todos os 
cristãos estão “em” Romanos 8, assim como todos os cristãos 
estão “em” Romanos 6 e “em” Romanos 7.6.
3. Paulo já descreveu em detalhes o estado de cada 
cristão em Romanos 6 e em Romanos 7.1-6. Não podemos 
ignorar essa descrição quando chegamos à última parte 
de Romanos 7. De acordo com Romanos 6 e Romanos 7.1-
6, todos os cristãos foram “libertos do pecado” e tornaram-se 
“servos da justiça”.319 “O pecado não terá domínio” sobre os 
cristãos, pois eles não estão “debaixo da lei, mas debaixo da 
graça”.320 Os cristãos pertencem a outro, “a saber, aquele que 
ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para 
Deus”.321 Eles são “ressurretos dentre os mortos”.322 Eles não es-
tão mais “na carne”.323 Eles servem “em novidade de espírito e 
não na caducidade da letra”.324
319 Romanos 6.18
320 Romanos 6.14
321 Romanos 7.4
322 Romanos 6.13
323 Romanos 7.5
324 Romanos 7.6
184 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
A visão de que Romanos 7.14-25 é uma descrição de “o 
cristão no seu melhor, ou mesmo de Paulo no momento em que 
a carta foi escrita” vai, portanto, diretamente de encontro a tudo 
o que Paulo disse até esse ponto. Como podemos ler Romanos 
6 e 7.1-6 e ainda afirmar que todos os verdadeiros cristãos são 
realmente “carnais, vendidos à escravidão do pecado”!325
É muito significativo que essa visão de Romanos 7 te-
nha levado ao conceito de “homem miserável” da vida cristã, 
no qual a “miséria” e espiritualidade estão quase equiparadas, 
e quanto mais santos nos tornamos, mais “miseráveis” nós so-
mos. Nas palavras de um escritor: “Esse lamento, ‘Miserável 
homem que eu sou’, expressa a experiência normal do cristão, 
e qualquer cristão que não lamente assim está em um estado 
anormal e insalubre espiritualmente. O homem que não pro-
fere esse grito diariamente ou está tão distante da comunhão 
com Cristo, ou é tão ignorante quanto ao ensino das Escrituras, 
ou está tão enganado sobre sua condição real, que não conhece 
as corrupções do seu próprio coração e o fracasso abjeto de sua 
própria vida”.326 “Aquele que está verdadeiramente em comu-
nhão com Cristo, proferirá esse lamento... todo dia e hora.”327
É verdade que nesses dias de “cristianismo água com 
açúcar” e arrependimento superficial, multidões de “cristãos” 
professos precisam desesperadamente de uma revelação de sua 
própria depravação e corrupção interior. No caso de muitos, 
isso levaria a um pranto amargo328 e conversão genuína. Mas 
qualquer verdadeiro filho de Deus que já viajou uma distância 
325 Romanos 7.14
326 A. W. Pink, “O Cristão em Romanos 7”
327 Pink.
328 Zacarias 12.10
Apêndice C – Romanos 7 – 185
considerável no caminho da peregrinação já sabe um pouco 
sobre a sua própria miséria e vileza à parte do poder transfor-
mador de Cristo. Em vez de orar para que Deus nos dê “tal 
visão de [nossa] própria depravação e indignidade para que 
possamos realmente rastejar no pó diante dele”329, não seria 
mais bíblico pedir a Deus por tal visão sobre a vida de ressur-
reição de Cristo em nós330 e nossa nova natureza nele331 para que 
possamos subir aos lugares celestiais e alegremente servi-lo em 
novidade de vida?
Alguns teólogos tentaram escapar dessa visão do “mi-
serável cristão” de Romanos 7, dizendo que, embora Paulo 
esteja falando aqui de sua própria experiência presente como 
um crente, ele está apenas descrevendo o fato de que “nenhum 
cristão é tão santo quanto deseja ser”. Romanos 7, de acordo 
com esse ponto de vista, ensina apenas que “os olhos do cristão 
enxergam além do que ele pode alcançar” e que, durante seu 
tempo de vida, o cristão “não pode chegar à perfeição”. Todas 
essas afirmações são, sem dúvida, verdadeiras, mas elas não 
fazem justiça ao nível de fracasso e miséria evidente nessa pas-
sagem. Paulo está claramente descrevendo aqui (para usar suas 
próprias palavras) um estado de “desventura”332, um estado de 
“escravidão”333 e um estado de incapacidade334 de “fazer o bem”. 
Em outras palavras, o homem de Romanos 7 não está apenas 
lutando com o pecado, mas está completamente derrotado por 
329 Pink.
330 Efésios 1.18-23; Efésios 3.14-21
331 Colossenses 3.9-13
332 Romanos 7.24
333 Romanos 7.14,23-24
334 Romanos 7.18-19
186 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
ele, em forte contraste com a descrição de Paulo de todos os 
verdadeiros cristãosem Romanos 6 e Romanos 7.1-6.
4. Romanos 6 e 7 são estruturados em torno de qua-
tro perguntas e de suas respectivas respostas. No final de 
Romanos 5, Paulo faz duas afirmações chocantes que exigem de-
fesa e esclarecimento. A primeira é que “sobreveio a lei para que 
avultasse a ofensa”, e a segunda é que “onde abundou o pecado, 
superabundou a graça” (v.20). Paulo espera que essas declarações 
possam ser mal interpretadas e distorcidas por outros, assim, ele 
passa a esclarecê-las e defendê-las nos capítulos 6-7. Ele faz isso 
em termos de quatro perguntas e suas respectivas respostas (6.1; 
6.15; 7.7; 7.13). Cada uma dessas seções de perguntas e respos-
tas segue um padrão muito específico. Primeiro, Paulo coloca a 
antecipada má interpretação ou distorção de sua posição. Então, 
segue com uma forte negação (“De modo nenhum!”) e uma bre-
ve resposta resumida à má interpretação. Essa breve resposta é 
então esclarecida e exposta nos versículos que se seguem. Este 
padrão é invariável ao longo de Romanos 6-7:
Romanos 6.1 – Pergunta: “Que diremos, pois? Perma-
neceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?” 
Forte negação: “De maneira nenhuma”! Breve resposta: “Como 
viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” 
Explicação completa da breve resposta: v.3-14.
Romanos 6.15 – Pergunta: “E daí? Havemos de pecar por-
que não estamos debaixo da lei, e sim da graça?” Forte negação: 
“De modo nenhum”! Breve resposta: “Não sabeis que daquele 
a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mes-
mo a quem obedeceis sois servos...?” Explicação completa da 
breve resposta: v.17-23.
Apêndice C – Romanos 7 – 187
Romanos 7.7 – Pergunta: “Que diremos, pois? É a lei pe-
cado?” Forte negação: “De modo nenhum”! Breve resposta: 
“Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio 
da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: 
Não cobiçarás.” Explicação completa da resposta breve: v. 8-12.
Romanos 7.13 – Pergunta: “Acaso o bom se me tornou 
em morte?” Forte negação: “De modo nenhum”! Breve respos-
ta: “Pelo contrário, o pecado, para revelar-se como pecado, por 
meio de uma coisa boa, causou-me a morte, a fim de que, pelo 
mandamento, se mostrasse sobremaneira maligno”. Explicação 
completa da breve resposta: v.14-25.
Esse é o contexto dos versículos 14-25! O versículo 14 
não começa um tema novo totalmente aleatório, como alguns 
supõem. O assunto sendo tratado nessa seção não é “o fracas-
so do cristão imaturo em andar no Espírito” ou “a luta constante 
do cristão maduro com o pecado remanescente”. Pelo contrário, 
o assunto aqui é “a bondade da lei, apesar de seus efeitos sobre 
aqueles que estão na carne”. Pensando nisso, é muito significativo 
que o versículo 14 comece com a palavra “porque” e seja imedia-
tamente seguido pelas palavras “porque/pois” no versículo 15.
5. Romanos 7.14-25 flui de e é uma continuação da 
discussão de Paulo nos versículos 7-13 do “homem para 
quem o preceito sobreveio”. No versículo 5, Paulo descreve 
a condição dos que estão “na carne” e “debaixo da lei”: “Por-
que, quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas 
postas em realce pela lei operavam em nossos membros, a fim de 
frutificarem para a morte”. As palavras-chave são “lei”, “pecado” 
e “carne”. Essas três palavras do versículo 5 constituirão o núcleo da 
discussão de Paulo em todo o restante do capítulo.
188 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Nos versículos 7-12, Paulo começa a explicar sua declara-
ção no versículo 5 fazendor referência à sua própria experiência 
antes da conversão. Houve uma época em que Paulo vivia em 
um estado de autossatisfação complacente: “Outrora,... eu vi-
via” (v.9). Ele pensou que estava fazendo muito bem em manter 
a lei: “Quanto à justiça que há na lei, irrepreensível”.335
Mas, então, uma grande virada veio na vida de Paulo. Por 
meio do trabalho do Espírito de Deus, “o preceito sobreveio” 
a ele. Ele começou a perceber quão profundos e exigentes os 
requisitos da lei realmente são e como era impossível para ele 
cumprir esses requisitos. “O pecado reviveu”, e Paulo “mor-
reu”, sob a terrível convicção de sua pecaminosidade. (Quanto 
tempo isso continuou, não sabemos, mas sabemos que, antes 
mesmo de ele encontrar o Cristo ressurreto no caminho de 
Damasco, já era “duro” para Paulo “recalcitrar contra os agui-
lhões”336). A lei, que prometia a vida, resultou em morte para 
Paulo, não por falha em si própria, mas por causa da total peca-
minosidade do pecado.
Até esse ponto em sua argumentação (v.13), Paulo des-
creveu apenas a relação entre “lei” e “pecado”, mostrando como 
a lei realmente desperta o pecado e conduz à morte. Mas ele 
ainda não explicou por que a lei produz tais efeitos. Isso ele 
pode fazer apenas discorrendo sobre “a carne”!
Esse é o contexto de Romanos 7.14-25! O versículo 14 começa 
com a palavra “porque” e continua e avança a discussão de Paulo 
de “lei, pecado e carne”, descrevendo de forma dramática no tem-
po presente o lugar do reino do pecado – “a carne”: “Porque bem 
335 Filipenses 3.6
336 Atos 26.14
Apêndice C – Romanos 7 – 189
sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à 
escravidão do pecado”. (Note que a transição para o tempo pre-
sente ocorre naturalmente uma vez que Paulo dificilmente poderia 
dizer: “Sabemos que a lei era espiritual”). Paulo, em seguida, con-
tinua no tempo presente até o final do capítulo, dando um relato 
em primeira mão da “escravidão do pecado” vivida por aqueles 
que estão “na carne”. Ele faz isso do ponto de vista de alguém que 
agora se tornou um cristão e pode ver claramente a natureza do 
conflito que antigamente se passava em sua vida. Por essa razão, a 
terminologia que Paulo usa nesses versos mostra muita influência 
cristã, embora seja descritiva de seu estado pré-cristão.
Lembre-se novamente da declaração a respeito do que 
controlava Paulo: “Porque, quando vivíamos segundo a carne, 
as paixões pecaminosas postas em realce pela lei operavam em 
nossos membros, a fim de frutificarem para a morte”. A “carne” 
é controlada pelo “pecado”, e, na presença de lei, as paixões pe-
caminosas da carne sempre culminarão em “morte”. O fato de 
que a “carne” é a ênfase de Paulo ao longo dessa secção resulta 
da terminologia que ele usa: “carnal, vendido à escravidão do 
pecado”337, “nos meus membros, outra lei”338 e “da lei do peca-
do que está nos meus membros”339. Essa escravidão ao “pecado 
nos membros” leva ao clamor desesperado: “Desventurado 
homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte (ou 
ainda: “este corpo de morte”)?”340
A resposta de Paulo a esse clamor é dada no versículo 
25, “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor”. E, de 
337 Romanos 7.14
338 Romanos 7.23
339 Romanos 7.23
340 Romanos 7.24
190 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
forma mais completa, em 8.1-4: “Agora, pois, já nenhuma 
condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a 
lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado 
e da morte. Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava 
enferma pela carne, isso fez Deus... a fim de que o preceito da 
lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas 
segundo o Espírito”.
Perceba o resumo de Paulo aqui do que ele acabou de di-
zer mais longamente em 7.14-25: “...o que fora impossível à lei, 
no que estava enferma pela carne”! E note novamente sua des-
crição daqueles que são cristãos: “Porque a lei do Espírito da 
vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte... a 
fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não anda-
mos segundo a carne, mas segundo o Espírito”! O homem de 
Romanos 7 clama: “Quem me livrará”? O cristão responde, “a 
lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, me libertou”.
Isaac Watts resume o ensino de Paulo em Romanos 7, em 
um hino intitulado “A convicção de pecado pela lei – Romanos 
7.8, 9, 14-24”:
Senhor, quão segura minha consciência estava,
E não sentia pavor interno!
Estava vivo sem a lei,
E pensavaque meus pecados estavam mortos.
Minhas esperanças do céu eram firmes e brilhantes;
Mas, uma vez que o preceito veio
Com um poder convincente e luz,
Percebo quão vil eu sou.
Apêndice C – Romanos 7 – 191
Minha culpa parecia pequena antes
Até que terrivelmente eu vi
Quão perfeita, santa, justa e pura,
Era a tua lei eterna.
Então minha alma sentiu o fardo pesado;
Meus pecados reviveram novamente;
Eu havia provocado um Deus terrível,
E todas as minhas esperanças eram vãs.
Sou como um prisioneiro indefeso, vendido
Sob o poder do pecado:
Não posso fazer o bem que gostaria,
Nem manter a minha consciência limpa.
Meu Deus! Eu clamo com todo o fôlego
Por algum gracioso poder para salvar;
Para quebrar o jugo do pecado e da morte,
E, assim, resgatar o escravo.
TRÊS OBSERVAÇÕES FINAIS
Para concluir, três coisas devem ser observadas:
1. Apesar de semelhanças superficiais, Gálatas 5.16-
25 não faz um paralelo com Romanos 7. Romanos 7.14-25 
descreve a luta e derrota de um homem que ainda está “na 
carne” e “debaixo da lei”. O Espírito Santo está notavelmente 
ausente da linguagem e do pensamento desse homem. Na ver-
dade, o Espírito Santo não é mencionado em nenhum lugar em 
toda a passagem.
192 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Gálatas 5.16-25, por outro lado, descreve o conflito inevi-
tável que o Espírito Santo tem com a carne na vida de um crente 
verdadeiro. Um tom de vitória soa ao longo dessa passagem: 
o cristão “não está sob a lei”341. Ele definitivamente já “crucifi-
cou a carne, com as suas paixões e concupiscências” por meio 
do arrependimento e da fé em Cristo.342 O poder do Espírito 
Santo em sua vida o impede efetivamente de seguir as incli-
nações naturais da sua carne – ele não pode fazer “o que é do 
seu querer”.343 Visto que ele vive “no Espírito”, ele é capaz agora 
de “andar no Espírito”.344 E, à medida que “anda no Espírito”, 
ele está certo de que “jamais satisfará à concupiscência da car-
ne”.345 Esses versos não são uma declaração de “miséria”, mas 
uma garantia de vitória!
O verdadeiro paralelo com Gálatas 5.16-25 é Romanos 
8.12-14, em que “carne” e “espírito” são igualmente contras-
tados: “Assim, pois, irmãos, somos devedores, não à carne 
como se constrangidos a viver segundo a carne. Porque, se 
viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, 
pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, 
vivereis. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus 
são filhos de Deus”. De acordo com esses versículos, o cristão 
não está sob nenhuma obrigação de viver segundo a carne. 
Ele é capaz, pelo poder do Espírito Santo, de “mortificar os 
feitos do corpo”. Na verdade, ser “guiado pelo Espírito” é uma 
das características distintivas de todos os que são verdadei-
341 Gálatas 5.18
342 Gálatas 5.24
343 Gálatas 5.17
344 Gálatas 5.25
345 Gálatas 5.16
Apêndice C – Romanos 7 – 193
ramente “filhos de Deus”! Observe o paralelo aqui entre ser 
“guiado pelo Espírito” (Romanos 8.14) e “andar no Espírito” 
(Romanos 8.4; Gálatas 5.16).
2. O homem descrito em Romanos 7.7-25 não é o tí-
pico “homem perdido da esquina” que não sabe nada da 
espiritualidade ou da real conveniência da lei. O homem em 
Romanos 7.7-25 é o homem para quem “o preceito sobreveio”. 
Ele faz declarações que o incrédulo típico nunca faria. O estado 
de miséria que ele está experimentando resulta de sua vinda 
a Cristo: “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor”.346 A 
partir disso, fica evidente que esse homem está sendo “ensi-
nado por Deus” e está “ouvindo e aprendendo com o Pai”.347 
“Todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido”, esse 
vem a Cristo.348
3. Não há dúvida de que todo verdadeiro cristão sen-
tiu, por vezes, como se estivesse “no meio” de Romanos 7. 
Mesmo o homem verdadeiramente justo “cai sete vezes”!349 A 
experiência cristã sempre envolve derrota excruciante como 
parte do processo de aprender a “andar no Espírito”. Como 
Pedro, muitas vezes temos que aprender, por meio do fracas-
so amargo, a insuficiência da nossa própria determinação.350 A 
questão diante de nós, no entanto, não é: “O que os cristãos ex-
perimentam muitas vezes?”, mas “O que Paulo está ensinando 
em Romanos 7?”
346 Romanos 7.25
347 João 6.45
348 João 6.45
349 Provérbios 24.16
350 Lucas 22.31-34
194 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
(Aos interessados em ler mais sobre esse assunto são indicados: 
Robert L. Reymond, A New Systematic Theology of the Christian 
Faith, Apêndice F, 1127-32; Martyn Lloyd-Jones, The Law: Its 
Functions and Limits; e Herman Ridderbos, Paul: An Outline of 
His Theology, 126-30.)
Foi “em Cristo Jesus” que o propósito e a graça de Deus fo-
ram concedidas a nós antes dos tempos eternos:
• 2 Timóteo 1.9   “que nos salvou e nos chamou com santa 
vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua 
própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, 
antes dos tempos eternos.”
• Efésios 1.4-6 “assim como nos escolheu, nele, antes da funda-
ção do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante 
ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de 
filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de 
sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos 
concedeu gratuitamente no Amado.”
• Efésios 1.9-10 “desvendando-nos o mistério da sua vontade, 
segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer 
convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, to-
das as coisas, tanto as do céu como as da terra.”
Apêndice D
TODAS AS 
BÊNÇÃOS EM 
CRISTO
196 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Em Cristo, os propósitos e promessas de Deus são 
cumpridos:
• Efésios 3.11 “segundo o eterno propósito que estabeleceu 
em Cristo Jesus, nosso Senhor.”
• 2 Coríntios 1.19  “Porque o Filho de Deus, Cristo Jesus, que 
foi, por nosso intermédio, anunciado entre vós, isto é, por 
mim, e Silvano, e Timóteo, não foi sim e não; mas sempre 
nele houve o sim.”
• 2 Coríntios 1.20 “Porque quantas são as promessas de Deus, 
tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém 
para glória de Deus, por nosso intermédio.”
• Efésios 3.6 “a saber, que os gentios são co-herdeiros, mem-
bros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em 
Cristo Jesus por meio do evangelho.”
• 2 Timóteo 1.1 “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pela vontade 
de Deus, de conformidade com a promessa da vida que está 
em Cristo Jesus.”
A união com Cristo acontece na conversão:
• 2 Coríntios 5.17 “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova cria-
tura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.”
• Romanos 16.7 “Saudai Andrônico e Júnias, meus parentes e 
companheiros de prisão, os quais são notáveis entre os após-
tolos e estavam em Cristo antes de mim.”
• 1 Pedro 5.14 “  Saudai-vos uns aos outros com ósculo de 
amor. Paz a todos vós que vos achais em Cristo.”
• 1 João 2.5 “  Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, 
nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de 
Deus. Nisto sabemos que estamos nele.”
Apêndice D – Todas as bênçãos em Cristo – 197
• 1 João 3.24 “E aquele que guarda os seus mandamentos per-
manece em Deus, e Deus, nele. E nisto conhecemos que ele 
permanece em nós, pelo Espírito que nos deu.”
• 1 João 4.13 “Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele, 
em nós: em que nos deu do seu Espírito.”
• 1 João 4.15 “Aquele que confessar que Jesus é o Filho de 
Deus, Deus permanece nele, e ele, em Deus.”
• Romanos 16.3 “Saudai Priscila e Áquila, meus cooperadores 
em Cristo Jesus.”
• Romanos 16.9 “Saudai Urbano, que é nosso cooperador em 
Cristo, e também meu amado Estáquis.”
• 2 Coríntios 12.2 “Conheço um homem em Cristo que, há ca-
torze anos, foi arrebatado até ao terceiro céu (se no corpo ou 
fora do corpo, não sei, Deus o sabe)”
• Gálatas 1.22 “E não era conhecido de vista das igrejas da Ju-
déia, que estavam em Cristo.”
Em Cristo, nossa cegueira espiritual é removida:
• 2 Coríntios 3.14 “Mas os sentidos deles se embotaram. Pois 
até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança,o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em 
Cristo, é removido.”
Em Cristo somos novas criaturas, vivos em um novo reino:
• 2 Coríntios 5.17 “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova cria-
tura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.”
• Efésios 2.10 “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus 
para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para 
que andássemos nelas.”
198 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
• Colossenses 2.11 “Nele, também fostes circuncidados, não por 
intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da car-
ne, que é a circuncisão de Cristo.”
Em Cristo, temos redenção:
• Romanos 3.24 “sendo justificados gratuitamente, por sua 
graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus.”
• 1 Coríntios 1.30 “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se 
nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santifi-
cação, e redenção.”
• Efésios 1.7 “no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a re-
missão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça.”
• Colossenses 1.14 “no qual temos a redenção, a remissão dos 
pecados.”
Em Cristo somos reconciliados com Deus:
• 2 Coríntios 5.19 “a saber, que Deus estava em Cristo reconci-
liando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas 
transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.”
Em Cristo fomos aproximados:
• Efésios 2.13 “Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes está-
veis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo.”
Em Cristo temos perdão:
• Efésios 4.32 “Antes, sede uns para com os outros benignos, 
compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também 
Deus, em Cristo, vos perdoou.”
• Colossenses 1.14 “no qual temos a redenção, a remissão dos 
pecados.”
Apêndice D – Todas as bênçãos em Cristo – 199
Em Cristo temos justiça:
• 1 Coríntios 1.30 “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se 
nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santifica-
ção, e redenção.”
• 2 Coríntios 5.21 “Aquele que não conheceu pecado, ele o 
fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de 
Deus.”
• Filipenses 3.9 “e ser achado nele, não tendo justiça própria, 
que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a 
justiça que procede de Deus, baseada na fé.”
Em Cristo somos justificados:
• Gálatas 2.17 “Mas se, procurando ser justificados em Cristo, 
fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o 
caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não!”
Em Cristo não temos nenhuma condenação:
• Romanos 8.1 “Agora, pois, já nenhuma condenação há para 
os que estão em Cristo Jesus.”
Em Cristo temos liberdade da lei do pecado e da morte:
• Romanos 8.2 “Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Je-
sus, te livrou da lei do pecado e da morte.”
Em Cristo temos liberdade:
• Gálatas 2.4 “E isto por causa dos falsos irmãos que se entre-
meteram com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos 
em Cristo Jesus e reduzir-nos à escravidão.”
200 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Em Cristo, cerimônias religiosas não significam nada:
• Gálatas 5.6 “Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem 
a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo 
amor.”
Em Cristo temos circuncisão espiritual:
• Colossenses 2.11 “Nele, também fostes circuncidados, não 
por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da 
carne, que é a circuncisão de Cristo.”
Em Cristo somos santificados:
• 1 Coríntios 1.2 “à igreja de Deus que está em Corinto, aos 
santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com to-
dos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor 
Jesus Cristo, Senhor deles e nosso.”
• 1 Coríntios 1.30 “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se 
nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santifica-
ção, e redenção.”
• Filipenses 1.1 “Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a to-
dos os santos em Cristo Jesus, inclusive bispos e diáconos que 
vivem em Filipos.”
• Filipenses 4.21 “Saudai cada um dos santos em Cristo Jesus. 
Os irmãos que se acham comigo vos saúdam.”
Em Cristo estamos mortos para o pecado e vivos para 
Deus:
• Romanos 6.11 “Assim também vós considerai-vos mortos 
para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.”
Apêndice D – Todas as bênçãos em Cristo – 201
Em Cristo fomos aperfeiçoados:
• Colossenses 2.10 “Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é 
o cabeça de todo principado e potestade.”
• Colossenses 1.28 “o qual nós anunciamos, advertindo a todo 
homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a 
fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo.”
Em Cristo temos ousadia e acesso com confiança:
• Efésios 3.12 “pelo qual temos ousadia e acesso com confian-
ça, mediante a fé nele.”
Em Cristo temos salvação:
• 2 Timóteo 2.10 “Por esta razão, tudo suporto por causa dos 
eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está 
em Cristo Jesus, com eterna glória.”
Em Cristo temos uma herança:
• Efésios 1.10-11 “nele, digo, no qual fomos também feitos he-
rança, predestinados segundo o propósito daquele que faz 
todas as coisas conforme o conselho da sua vontade.”
Em Cristo está a eterna glória de Deus:
• 1 Pedro 5.10 “Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos 
chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um 
pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e 
fundamentar.”
Em Cristo somos selados com o Espírito Santo:
• Efésios 1.13 “em quem também vós, depois que ouvistes a 
palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo 
202 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da 
promessa.”
Em Cristo temos poder de ressurreição:
• Efésios 1.19-20 “e qual a suprema grandeza do seu poder para 
com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder; 
o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mor-
tos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais.”
Em Cristo temos dons espirituais:
• 1 Coríntios 1.5 “porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, 
em toda a palavra e em todo o conhecimento”
Em Cristo temos todas as bênçãos:
• Efésios 1.3 “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus 
Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção es-
piritual nas regiões celestiais em Cristo.”
• Gálatas 3.14 “para que a bênção de Abraão chegasse aos gen-
tios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o 
Espírito prometido.”
Em Cristo são encontrados o amor, a graça e a paz de Deus:
• Romanos 8.39 “nem a altura, nem a profundidade, nem 
qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, 
que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.”
• 1 Coríntios 1.4 “Sempre dou graças a [meu] Deus a vosso res-
peito, a propósito da sua graça, que vos foi dada em Cristo Jesus.”
• Efésios 1.6 “para louvor da glória de sua graça, que ele nos 
concedeu gratuitamente no Amado.”
Apêndice D – Todas as bênçãos em Cristo – 203
• Efésios 2.7 “para mostrar, nos séculos vindouros, a supre-
ma riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo 
Jesus.”
• 2 Timóteo 2.1 “Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que 
está em Cristo Jesus.”
• Filipenses 4.7 “E a paz de Deus, que excede todo o entendi-
mento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo 
Jesus.”
Em Cristo estamos nos lugares celestiais:
• Efésios 1.3 “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus 
Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção es-
piritual nas regiões celestiais em Cristo”
• Efésios 2.6 “e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez 
assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus.”
Em Cristo há riquezas na glória:
• Filipenses 4.19 “E o meu Deus, segundo a sua riqueza em 
glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas 
necessidades.”
Em Cristo todas as coisas subsistem:
• Colossenses 1.17 “Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo 
subsiste.”
Em Cristo temos vida; Cristo é a nossa vida:
• João 3.15 “para que todo o que nele crê tenha a vida eterna.”
• Romanos 6.11 “Assim também vós considerai-vos mortos 
para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.”204 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
• Romanos 6.23 “porque o salário do pecado é a morte, mas 
o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso 
Senhor.”
• Romanos 8.2 “Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Je-
sus, te livrou da lei do pecado e da morte.”
• 1 Coríntios 15.22 “... todos serão vivificados em Cristo.”
• Colossenses 3.3-4 “porque morrestes, e a vossa vida está 
oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que 
é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis mani-
festados com ele, em glória.”
• João 6.56 “Quem comer a minha carne e beber o meu san-
gue permanece em mim, e eu, nele.”
• João 15.5 “Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permane-
ce em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim 
nada podeis fazer.”
• Gálatas 2.20 “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive 
em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé 
no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou 
por mim.”
Os que estão em Cristo revestiram-se de Cristo:
• Gálatas 3.27-28 “porque todos quantos fostes batizados em 
Cristo de Cristo vos revestistes. Dessarte, não pode haver ju-
deu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem 
mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.”
• Colossenses 3.9-11 “Não mintais uns aos outros, uma vez 
que vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos 
revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhe-
cimento, segundo a imagem daquele que o criou; no qual 
Apêndice D – Todas as bênçãos em Cristo – 205
não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircun-
cisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em 
todos.”
Em Cristo somos um:
• João 17.21-23 “a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó 
Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o 
mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a 
glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o so-
mos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados 
na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e 
os amaste, como também amaste a mim.”
• Romanos 12.5 “assim também nós, conquanto muitos, so-
mos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros.”
• Gálatas 3.28 “Dessarte, não pode haver judeu nem grego; 
nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque 
todos vós sois um em Cristo Jesus.”
Como o ensino desse livro se relaciona com a ideia 
de “perfeição sem pecado”?
Segundo a Bíblia, “não há homem que não peque”.351 Na 
verdade, “não há homem justo sobre a terra que faça o bem e 
que não peque”.352 “Porque todos tropeçamos em muitas coi-
sas.”353 Em consonância com essa realidade, o Senhor Jesus 
ensinou seus discípulos a orar diariamente, “Perdoa-nos os nos-
sos pecados”.354
Podemos entender imediatamente por que isso é assim 
apenas considerando um dos dois grandes mandamentos: 
“Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de 
351 2 Crônicas 6.36
352 Eclesiastes 7.20
353 Tiago 3.2
354 Lucas 11.4
Apêndice E
PERGUNTAS 
FREQUENTES
208 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua 
força”.355 Qual de nós poderia dizer que alguma vez amou a 
Deus, mesmo que por uma hora, como ele merece ser ama-
do? Para fazer isso, teríamos que amá-lo tão perfeitamente 
como o próprio Cristo ama. Mas nenhum de nós jamais fez 
isso, nem mesmo quando estávamos orando ou adorando! 
Mesmo as nossas orações e louvores estão incomensura-
velmente aquém da perfeita fé, amor, fervor e devoção do 
Senhor Jesus Cristo. Outra maneira de dizer isso é que mes-
mo as nossas orações e louvores são pecaminosos, ao ponto 
de não corresponderem adequadamente à perfeição total 
de Cristo. Por esta razão, é apenas “por intermédio de Jesus 
Cristo” e sua morte expiatória em nosso lugar que nossas 
orações e outros “sacrifícios espirituais” são “agradáveis a 
Deus”.356 Não podemos sequer “dar graças a Deus”, exceto 
“mediante Jesus Cristo”!357 De acordo com a Bíblia, mesmo 
pecados involuntários são ainda pecados358 e devem ser pa-
gos pelo sangue da expiação.
Todo cristão que tem sido corretamente instruído pela 
Palavra e pelo Espírito de Deus sente o quão terrivelmente 
não consegue amar a Deus diariamente com todo o seu cora-
ção, alma, mente e força. Ele poderia facilmente passar todo 
o seu tempo explorando e revendo as formas como falhou 
com Deus durante o curso de um único dia. Esse, no entanto, 
não é o foco da Bíblia em si. Encontramos, em vez disso, uma 
ênfase na Bíblia sobre a obra maravilhosa e poderosa da gra-
355 Marcos 12.30
356 1 Pedro 2.5
357 Romanos 1.8
358 1 Coríntios 4.3-4; Levítico 5.17-19; Números 15.22-25; Salmo 19.12-14
Apêndice E – Perguntas frequentes – 209
ça que Deus realizou em seus filhos. Por exemplo, o Senhor 
Jesus fala de Natanael como “um verdadeiro israelita, em 
quem não há dolo”!359 Ele fala do cristão como alguém que 
tem “um bom e reto coração”360 e se refere a ele como um 
“homem bom”, que “do bom tesouro do coração tira o bem”.361 
Ele fala dos discípulos, apesar de todas as suas falhas, como 
aqueles que “permaneceram com ele nas suas tentações”362 e 
“guardaram a palavra de Deus”!363
Paulo, da mesma forma, ao narrar a história de Abraão, 
passa por cima dos tropeços de Abraão e caracteriza-o como 
um homem que “não duvidou por incredulidade”.364 Ele está 
“certo” de que os crentes romanos são “possuídos de bondade, 
cheios de todo o conhecimento, aptos para se admoestarem 
uns aos outros”.365 Ele descreve todos os cristãos como “santos 
e amados”366 e diz que eles “crucificaram a carne, com as suas 
paixões e concupiscências”.367 Exemplos como esses poderiam 
ser multiplicados.
Todo cristão deveria seguir essa ênfase da Bíblia. Ao per-
ceber quão distante se encontra diariamente da perfeição, o 
cristão deveria, no entanto, fixar seu coração e mente sobre as 
coisas maravilhosas que Deus fez por ele em Cristo. Essa é a 
359 João 1.47
360 Lucas 8.15
361 Lucas 6.45
362 Lucas 22.28
363 João 17.6
364 Romanos 4.20
365 Romanos 15.14
366 Colossenses 3.12
367 Gálatas 5.24
210 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
atitude de fé. Em nós mesmos, somos “nada”368 e “não pode-
mos fazer nada”369, mas em Cristo, “podemos todas as coisas”.370 
A mentalidade contrária, por outro lado, foi bem ilustrada por 
um colega pastor:
Imagine visitantes chegando à casa de um homem. Quando 
começam a comentar sobre as muitas mudanças e melho-
rias que ocorreram em sua casa, ele abaixa a cabeça enver-
gonhado e diz: “Ah, mas há algo que eu preciso mostrar a 
vocês”. Em seguida, ele vai até a cozinha e arrasta para fora 
a lata de lixo. (Toda casa tem uma!) Ele e seus convidados, 
então, passam a noite examinando em detalhes o conteúdo 
da lata de lixo, lamentando sobre a vileza e repúdio de cada 
item. Eles fazem isso enquanto estão sentados em uma sala 
de estar, recentemente reformada, mas estão tão absortos 
em sua tarefa que se tornam completamente alheios aos 
seus arredores!
Essa não é uma abordagem bíblica da vida cristã! Os cris-
tãos, de fato, “tropeçam em muitas coisas”, mas, de acordo com 
a Bíblia, Deus se deleita em seus filhos e em suas expressões 
vacilantes de amor para com ele. Ele “exulta” e “regozija-se” ne-
les com “júbilo”!371 Ele os vê como sua linda “noiva”,372 e suas 
ofertas e vidas são um “aroma suave”373 para ele.
368 Gálatas 6.3
369 João 15.5
370 Filipenses 4.13
371 Sofonias 3.17
372 Cantares de Salomão 4.1ss; Efésios 5.25
373 Filipenses 4.18; 2 Coríntios 2.14-16
Apêndice E – Perguntas frequentes – 211
Qual é a diferença entre estar constantemente 
aquém da perfeição de Cristo e ser constantemente 
derrotado pelo pecado conhecido?
Dizer que os cristãos estão constantemente aquém da per-
feição de Cristo é bem diferente de dizer que os cristãos têm que 
ser derrotados pelo pecado conhecido. É exatamente esse pecado 
óbvio e conhecido que João tem em mente em 1 João 2.1 ao dizer: 
“Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. 
Se, todavia,alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus 
Cristo, o Justo”. Ao usar a palavra “se”, João deixa claro que os 
cristãos não devem ceder conscientemente ao pecado. Paulo tem 
a mesma coisa em mente ao nos exortar a não deixar “o pecado 
reinar em nosso corpo mortal, de maneira que obedeçamos às 
suas paixões”. Os cristãos não têm que deixar o pecado reinar em 
seus corpos mortais! Ao ser confrontado com o pecado óbvio, o 
crente tem a capacidade “pelo Espírito” de “mortificar os feitos 
do corpo”.374 À medida que ele andar no Espírito, não satisfará os 
desejos da carne.375 De fato, Paulo declara com segurança que o 
pecado não terá domínio sobre qualquer cristão, pois ele não está 
debaixo da lei, mas debaixo da graça.376 Cristo “a si mesmo se deu 
por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si 
mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras”.377
Nenhum cristão é perfeito nessa vida – longe disso! Mas 
todo cristão tem o poder em Cristo para romper com o pecado 
conhecido e viver uma vida de “justiça, e paz, e alegria no Es-
pírito Santo”.378
374 Romanos 8.13
375 Gálatas 5.16
376 Romanos 6.14
377 Tito 2.14
378 Romanos 14.17
212 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Algumas pessoas dizem que Romanos 7.14-25 retrata 
simplesmente a batalha em curso do cristão contra o 
pecado – que a vida cristã é, basicamente, uma vida 
de vitória, mas que os cristãos são profundamente 
entristecidos por essas falhas e deficiências que ainda 
permanecem em suas vidas. Como você responderia 
a esse ponto de vista?
Em geral, estou de acordo com essas pessoas em relação 
à natureza da vida cristã. A vida cristã é, basicamente, uma vida 
de vitória, e os cristãos são profundamente entristecidos por 
essas falhas e deficiências que ainda permanecem em suas vi-
das! Nem todo mundo que entende Romanos 7.14-25 como 
se referindo ao cristão tem uma visão de “homem miserável” 
ou “derrotista” da vida cristã, e não deveríamos supor que eles 
têm. A minha diferença comtais pessoas é basicamente em re-
lação à interpretação (e eventual abuso) de uma passagem da 
Escritura, não necessariamente uma diferença sobre a natureza 
da vida cristã em si.
É um fato, no entanto, que uma grande quantidade de 
pessoas abusam realmente de Romanos 7 e recorrem a essa 
passagem por “conforto” quando estão miseráveis e derrotadas 
pelo pecado: “Afinal, nem mesmo o apóstolo Paulo conseguiu 
obter vitória, então por que eu deveria esperar algo diferente”? 
Mesmo aqueles que acreditam que a vida cristã é, basicamente, 
uma vida de triunfo são sutilmente tentados com o pensamen-
to de que “este único pecado” pode ser aquele que eles, como 
Paulo, nunca serão capazes de vencer.
À luz deste abuso de Romanos 7, gostaria de salientar 
mais uma vez que o tema de Romanos 7 não é “o pecado que 
Apêndice E – Perguntas frequentes – 213
habita no crente”, mas “a bondade da lei, apesar de seus efeitos 
sobre aqueles que estão na carne”. Romanos 7 tem a ver com o 
fato de que a lei, apesar de “espiritual” e “boa”, estava “enferma 
pela carne”.379 Isso retrata em detalhes a realidade de que “quan-
do vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas postas 
em realce pela lei operavam em nossos membros, a fim de fru-
tificarem para a morte”.380 Deve-se salientar também (à luz da 
resposta dada anteriormente em relação a “perfeição sem peca-
do”) que, em Romanos 7.14-25, Paulo está falando claramente, 
não do fracasso contínuo do mais santo dos cristãos para alcan-
çar a perfeição de Cristo, como alguns supõem, mas da derrota 
consciente pelo pecado conhecido. Isso é evidente pelo fato de que 
o homem retratado nesses versículos deseja conscientemente 
fazer o bem, mas em vez disso, “faz” o que sabe ser “mal”,381 fa-
zendo exatamente “o que detesta”.382 Essa derrota pelo pecado 
conhecido é descrita como consistente, não ocasional, e nada é 
dito sobre qualquer capacidade que esse homem pode ter, por 
meio do poder do Espírito Santo, para mortificar o pecado. Por 
outro lado, nós, como cristãos, podemos louvar a Deus diaria-
mente porque “a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, nos 
livrou da lei do pecado e da morte”!383 Fomos “libertados da lei, 
estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo 
que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da 
letra”.384
379 Romanos 8.3
380 Romanos 7.5
381 Romanos 7.19
382 Romanos 7.15
383 Romanos 8.2
384 Romanos 7.6
214 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
E quanto a Gálatas 5.17? Não está dizendo a mesma 
coisa que Romanos 7?
Gálatas 5.17 (“Porque a carne milita contra o Espírito, 
e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para 
que não façais o que, porventura, seja do vosso querer”) não 
é uma garantia de derrota, mas uma garantia de vitória. Paulo 
começa no versículo 16 com a promessa de que, se “andarmos 
no Espírito”, “jamais satisfaremos à concupiscência da carne”. 
Então, ele explica no versículo 17 porque isso é assim: o Espí-
rito Santo, cujo caráter está em contradição direta com a carne, 
coloca-se contra ela e se opõe a ela, impedindo-nos efetivamente 
de viver de forma egoísta ou de seguir os ditames da carne. Após 
contrastar os “feitos da carne” com o “fruto do Espírito” nos 
versículos 19-23, Paulo então nos garante mais uma vez, no 
versículo 24, que “os que são de Cristo Jesus crucificaram a car-
ne, com as suas paixões e concupiscências”.
Uma citação do comentarista Albert Barnes pode ser útil 
nesse momento:
Não há nenhuma razão para interpretar isso, aliás, como 
sempre parece ser o caso, da tendência irresistível da mente 
para o mal, como se ensinasse que o cristão estava desejoso 
de fazer o bem, mas não podia, por causa da sua corrupção 
interior. No que diz respeito à linguagem de Paulo ou o fato 
em questão, pode se entender disso exatamente o oposto, 
e pode significar, que tais são as restrições e influências do 
Espírito Santo no coração, que o cristão não faz o mal que 
ele de outra maneira faria ...
Apêndice E – Perguntas frequentes – 215
Ele (Paulo) os está exortando (Gálatas 5.16) a andar no 
Espírito, e assegura-lhes que, assim, eles não satisfarão os dese-
jos da carne. Para encorajá-los a isso, ele lhes lembra que havia 
princípios contrários em suas mentes, as influências do Espíri-
to de Deus, e uma tendência carnal e decadente da carne. Estes 
são opostos um ao outro; e tais são, de fato, as influências do 
Espírito sobre a mente, que o cristão não faz as coisas que ele 
de outra forma faria.385
Você não está sendo excessivamente literal em sua 
compreensão das várias passagens que descrevem a 
regeneração?
É óbvio que quando a Bíblia fala, por exemplo, sobre a “se-
mente de Deus”386 permanecendo em nós e sobre termos nos 
tornado “participantes da natureza divina”,387 esses termos não 
devem ser entendidos em qualquer sentido carnal. Nem mesmo 
eles implicam em qualquer diminuição do abismo absoluto entre 
o Criador infinito e sua criação finita. No entanto, devemos ter 
sempre em mente que o Espírito Santo escolheu deliberadamente 
esses termos precisamente porque eles nos transmitem com pre-
cisão a verdade sobre a realidade invisível. Não nos atrevemos, 
em nome da sofisticação teológica, a “explicar adiante” tais ter-
mos, ao ponto de eles serem esvaziados de qualquer significado 
real. O cristão realmente é “nascido de Deus”. Ele realmente é uma 
“nova criação”, com um “coração novo”, “vivo dentre os mortos” 
e “sentado nos lugares celestiais”!
385 Albert Barnes, Notes on the New Testament, Gálatas 5.17
386 1 João 3.9
387 2 Pedro 1.4
216 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Se o cristão é um novo homem, e o corpo em si não 
é pecaminoso, de onde vem o pecado no crente?
A Bíblia não nos dá uma descrição detalhada da psicologia 
do homem ou do funcionamento da personalidade humana. 
Em lugar disso, ela nos dá uma descrição funcional ou prática. 
Essa descrição deixa muitas questões metafísicas sem resposta, 
mas é mais do que suficiente para nos dar uma basefirme para 
viver a vida cristã.
Os fatos básicos são claros:
1. A verdade mais profunda e definitiva sobre o cristão 
é que ele é um novo homem. Essa é a sua identidade 
essencial. O novo homem representa quem ele “real-
mente” é no tempo presente e quem ele será mil anos a 
partir de agora.
2. O novo homem não é a única verdade sobre o cristão. 
Há um aspecto de sua personalidade que ainda não foi 
redimido – seu “corpo mortal”. De acordo com a Bíblia, 
a luta contínua do cristão com o pecado surge a partir 
desse fato. O pecado ainda tenta reinar em seu corpo 
mortal.388
 Esse corpo mortal não redimido, visto como o lu-
gar onde o pecado ainda tenta reinar, é referido na 
Bíblia como “a carne”. A Escritura fala repetida-
mente dos “membros” do corpo (mãos, pés, olhos, 
etc.), como o lugar onde o pecado afirma a si mes-
388 Romanos 6.12-13
Apêndice E – Perguntas frequentes – 217
mo.389 A Bíblia se refere até mesmo aos pecados 
como “feitos do corpo”!390 Sabemos que, quando 
um cristão peca, não é só o seu corpo que peca, 
mas o próprio cristão como uma pessoa total. No 
entanto, a Bíblia deixa claro que, uma vez que o 
corpo for redimido, o pecado não será mais um 
problema para o crente.391
 A carne é um aspecto da personalidade total do cristão, 
mas não é a verdade definitiva sobre ele. Ela não represen-
ta quem ele realmente é ou o que ele realmente ama. 
Os “feitos do corpo” entristecem-no e vão de encontro 
a tudo o que é mais precioso para ele.
3. O cristão não precisa ser derrotado pela carne. À medida 
que sua mente é “renovada”392, ao crer nos fatos a res-
peito de quem ele realmente é, e à medida que aprende 
a “andar no Espírito”, ele será cada vez mais capacitado 
a “mortificar os feitos do corpo”.
Qual a diferença prática entre o ensinamento de que 
um cristão tem duas naturezas e o ensinamento de 
que o cristão é um novo homem que tem que lutar 
contra a carne?
A diferença básica é de identidade: Quem sou eu realmen-
te? Qual é a verdade definitiva sobre mim? Se, no âmago mais 
profundo do meu ser, o mal ainda é uma expressão de quem 
389 Romanos 6.13,19; 7.5,23; Colossenses 3.5; Tiago 3.6; 4.1
390 Romanos 8.13
391 Romanos 8.23
392 Romanos 12.2; Efésios 4.23
218 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
realmente sou e do que realmente amo, então a santificação tor-
na-se um processo de tentar negar a realidade e de se tornar 
alguém diferente do que realmente sou.
Se, por outro lado, sou um novo homem que ainda preci-
sa lutar contra a carne, cada vez que eu disser “não” ao pecado, 
estou dizendo “sim” a quem realmente sou e ao que realmente 
amo. A santificação é, então, um processo de abraçar a realida-
de, de acreditar no que é verdadeiro e de se tornar, na prática, cada 
vez mais a pessoa que realmente sou.393
Quando Jesus diz em Marcos 7.21-22 que “de 
dentro, do coração dos homens, é que procedem 
os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os 
homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o 
dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a 
loucura”, ele está falando de cristãos, bem como de 
não-cristãos?
Visto que o Senhor está se referindo aqui a atos definidos 
que “saem” (v.20) dos homens e os contaminam, incluindo 
“prostituição, furtos, homicídios, adultérios” literais e “avareza 
e malícias”, é evidente que ele está descrevendo a humanidade 
perdida em geral, não cristãos.
Os cristãos, ao contrário, são referidos pelo Senhor como 
aqueles com “bom e reto coração”.394 De acordo com Jesus, o 
cristão é um “homem bom que do bom tesouro do coração tira 
o bem”.
393 Colossenses 3.9-10
394 Lucas 8.15
Apêndice E – Perguntas frequentes – 219
Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom ou a árvore má e o seu 
fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. Raça de 
víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque 
a boca fala do que está cheio o coração. O homem bom tira do 
tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau tesouro 
tira coisas más.395
E sobre Mateus 7.11? Em que sentido os cristãos são 
“maus”?
Quando Jesus diz aos fariseus em Mateus 12.34 (citado 
acima), “Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo 
maus?”, é claro que ele está usando a palavra “maus” para se re-
ferir ao não-cristão – o “homem mau”, que do “mau tesouro tira 
coisas más” – em contraste com o cristão, o “homem bom”, que 
“do tesouro bom tira coisas boas”.
Em Mateus 7.11, por outro lado, Jesus está ensinando seus 
discípulos a respeito da oração. É óbvio, portanto, que quando 
ele lhes diz: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádi-
vas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, 
dará boas coisas aos que lhe pedirem?”, ele não está dizendo 
que eles são “homens maus” no mesmo sentido que os fariseus 
não convertidos são. No entanto, em comparação com o “vosso 
Pai, que está nos céus”, eles são de fato “maus”. Como vimos an-
teriormente neste apêndice, até mesmo cristãos verdadeiros 
ficam incomensuravelmente aquém da perfeita bondade de 
Deus. Quando comparado a ele: “Ninguém é bom senão um, que 
é Deus”.396
395 Mateus 12.33-35
396 Marcos 10.18
220 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Não é verdade que as passagens de Jeremias 31.31-
34 e Ezequiel 36.25-28 se referem a Israel, e não à 
Igreja?
Muitas profecias do Antigo Testamento relativas a uma 
“Israel” renovada ou restaurada são vistas no Novo Testamen-
to como tendo o seu cumprimento final na Igreja. A “nova 
aliança” é uma delas. Deus diz em Jeremias 31 que fará uma 
nova aliança “com a casa de Israel e com a casa de Judá”. O es-
critor aos Hebreus deixa claro que essa promessa é cumprida, 
não na casa física de Israel e de Judá como tal, mas na Igreja.397 
Todo cristão, seja judeu ou gentio, é um participante da Nova 
Aliança.398 Qualquer futura misericórdia de Deus para com os 
judeus resultará em serem enxertados na Igreja ao lado de cren-
tes gentios.399
Ezequiel 36 também é citado no contexto de várias pro-
messas da “nova aliança”. Por exemplo, Ezequiel 34.23-25 fala 
da vinda do Messias e da “aliança de paz” que Deus, então, fará 
com o seu povo, e Ezequiel 37.24-28 fala dessa “aliança de paz” 
como “aliança perpétua”. (Veja Hebreus 13.20).
Longe de ver as promessas do Antigo Testamento a Is-
rael como não aplicáveis à Igreja, Paulo diz aos crentes gentios 
em Éfeso que, embora eles tenham sido “separados da comu-
nidade de Israel e estranhos às alianças da promessa”, eles agora 
tornaram-se participantes (juntamente com os crentes judeus) 
dessas mesmas promessas, tendo sido “aproximados pelo sangue 
de Cristo”.400 Ambos judeus e gentios foram transformados em 
397 Hebreus 8
398 Lucas 22.20; 1 Coríntios 11.25
399 Romanos 11.11-24
400 Efésios 2.11-22
Apêndice E – Perguntas frequentes – 221
“um novo homem” – a igreja. “Porque ele é a nossa paz, o qual 
de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que 
estava no meio... para que dos dois criasse, em si mesmo, um 
novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só cor-
po com Deus, por intermédio da cruz...”. Paulo vai ainda mais 
longe a ponto de dizer que os gentios já “não são estrangeiros e 
peregrinos, mas concidadãos dos santos [crentes judeus], e da 
família de Deus”.
Essa visão das promessas do Antigo Testamento também 
é passada adiante por Pedro, que fala da Igreja, não de Israel, 
como o cumprimento do desejo401 do Deus do Antigo Testa-
mento por uma “nação santa”: “Vós, porém, sois raça eleita, 
sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva 
de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos 
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, 
antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que 
não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes 
misericórdia”.402
401 Êxodo 19.5-6
402 1 Pedro 2.9-10
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