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Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo 129 8 Gestão e manejo de recursos hídricos em áreas urbanas A gestão de recursos hídricos ganhou força no início dos anos 1990 quando os Princípios de Dublin, na Irlanda, foram acordados na reunião preparatória à Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente em 1992, no Rio de Janeiro. Diz o Princípio 1 que a gestão dos recursos hídricos, para ser efetiva, deve ser integrada e considerar todos os aspectos, físicos, sociais e econômicos. Para que essa integração tenha o foco adequado, sugere-se que a gestão esteja baseada nas bacias hidrográficas como forma de gestão e manejo de recursos hídricos, tanto em áreas rurais como urbanas. Dessa forma, neste capítulo serão apresentados alguns conceitos e práticas de manejo e ges- tão de recursos hídricos, dando destaque para o plano de macrodrenagem urbana, segurança hídrica para abastecimento público e metodologias de educação ambiental voltada à gestão e manejo de recursos hídricos em áreas urbanas. Gestão e manejo de recursos hídricos em áreas urbanas8 Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo130 8.1 Plano de macrodrenagem urbana A infraestrutura urbana de modo geral, no Brasil, tem sido projetada de forma desorga- nizada, assim como o próprio planejamento urbano, causando impactos ambientais signifi- cativos, como aumento da frequência de inundações, redução da qualidade e quantidade de águas nas bacias hidrográficas, permeabilização do solo etc. Para Zacharias (2010), isso ocorre porque a maior parte das cidades, ao elaborar seu pla- nejamento ambiental, baseia-se nos modelos habituais de caráter funcionalista, em que áreas urbanas são divididas em macrozonas e/ou zonas, de acordo com suas categorias de usos e atividades, sem sequer incorporar diretrizes que visem à proteção e ao controle ambientais, sobretudo em áreas de fundo de vale das bacias hidrográficas, declividades impróprias, denso fluxo de mananciais, aumento de permeabilidade do solo, probabilidade de erosão, intensificação de poluição, grande potencial para contaminação e formação de ilha de calor, entre outras. Assim sendo, a tendência das cidades brasileiras é de se reformularem nas formas de se planejar em suas múltiplas áreas de gestão. No que tange às inundações, os termos de pla- nejamento de drenagem urbana precisam escoar a água precipitada o mais rápido possível e as áreas ribeirinhas aos corpos de água devem ser preservadas como área de segurança de inundação. Ou seja, em caso de inundações, essas áreas não devem ter ocupações humanas com moradias, e sim com parques públicos, florestas ou outros usos que não coloquem em risco as pessoas. Uma das cidades brasileiras que é pioneira nesse tipo de planejamento é Curitiba e, de acordo a Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Paraná (2002), com esse tipo de ação, para alterar essa tendência é necessário adotar princípios de controle de enchentes que considerem o seguinte: – aumento de vazão devido à urbanização não deve ser transferido para Jusante; – bacia hidrográfica deve ser o domínio físico de avaliação dos impactos resul- tantes de novos empreendimentos; – horizonte de avaliação deve contemplar futuras ocupações urbanas; – as áreas ribeirinhas somente poderão ser ocupadas dentro de um zoneamento que contemple as condições de enchentes; – as medidas de controle devem ser preferencialmente não estruturais. De acordo com professor Tucci (2000), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, de maneira geral, o planejamento urbano, mesmo envolvendo fundamentos interdisciplina- res, na prática, é realizado em uma esfera mais restrita de conhecimento. A planificação da ocupação do espaço urbano no Brasil, por meio do Plano Diretor Urbano, não tem conside- rado aspectos de drenagem urbana e da qualidade de água, que trazem grandes transtornos e custos para a sociedade e para o meio ambiente. Gestão e manejo de recursos hídricos em áreas urbanas Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo 8 131 8.1.1 Drenagem urbana Tucci (2008) define drenagem urbana como sendo um conjunto de medidas que têm por objetivo reduzir os riscos que as populações estão sujeitas, diminuir prejuízos causados por inundações e tornar possível o desenvolvimento urbano de forma harmônica, articulada e sustentável. Ressalta, ainda, que as consequências da urbanização que mais interferem na drenagem urbana são modificações do escoamento superficial direto. Barros (2005) diz que o sistema de drenagem tem que ser projetado para dar vazão ao excesso de chuvas e o seu dimensionamento depende da ocorrência do fenômeno natural. Esse autor subdivide o sistema de drenagem em medidas estruturais, correspondentes às obras hidráulicas essenciais para se obter uma boa drenagem do escoamento superficial, e medidas não estruturais, aquelas que correspondem a várias propostas para minimizar os efeitos das chuvas intensas nas áreas urbanas. As principais medidas estruturais são: • Sistema de coleta da água da chuva no lote e lançamento na rede – corresponde à coleta de água no lote e transporte até a rede de drenagem. • Sistema de microdrenagem – é formado por bueiros e bocas de lobo que captam águas superficiais das ruas e vias. Essas ferramentas são instaladas nas sarjetas, em locais adequados para boa drenagem da rua. A coleta é feita por rede de gale- rias que transportam as águas superficiais até serem lançadas em rios ou córregos. Essas galerias apresentam poços de visita para sua manutenção, caixas de ligação para interligá-las e sistema de ventilação. • Sistema de macrodrenagem – é composta por canais e rios que recebem água cole- tada pela microdrenagem. • Reservatórios para controle de cheias – barramentos construídos em rios para se- gurar o excesso de chuva e proteger as áreas a jusante. • Reservatórios urbanos de detenção ou bacias de detenção – pequenos reservató- rios instalados em algumas áreas da cidade para conter o excesso de chuva e pro- teger áreas a jusante. • Drenagem forçada em áreas baixas – constituído por diques, obras e estações de bombeamento em áreas localizadas abaixo do nível de água de cheias dos córregos próximos. • Manutenção do sistema de drenagem – é fundamental que os sistemas de micro e macrodrenagem estejam sempre limpos para evitar possíveis inundações. • Trincheiras de infiltração – elementos de drenagem de controle na fonte que têm a função de armazenar temporariamente a água até que ela infiltre no solo. São com- postas por valetas preenchidas por material granular, como brita e pedra de mão e tem porosidade de 40%. Esse material granular é revestido por filtro geotêxtil que impossibilita a entrada de dispositivos finos. Gestão e manejo de recursos hídricos em áreas urbanas8 Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo132 Suas vantagens são: diminui a rede de microdrenagem local, reduz risco de inundação e poluição das águas locais, recarga das águas subterrâneas e apresenta boa adaptação ao ambiente urbano. E como desvantagens podemos citar a dificuldade em se ter informações de seu funcionamento a longo prazo e conseguir critérios de projetos e dimensionamento (GOLDENFUM, 2001). Para Canholi (2005), na formulação do plano diretor de macrodrenagem, devem-se con- siderar os seguintes aspectos: • A drenagem é um fenômeno de abordagem regional e a unidade de gerencia- mento é a bacia hidrográfica, podendo transcender os limites administrativos do município nos princípios de bacia ambiental. • A drenagem é uma questão de alocação de espaços, pois a supressão de várzeas alagáveis implica sua relocação para jusante, e ele deve ser aplicado à perda de áreas por infiltração pela impermeabilização. • A macrodrenagem faz parte da infraestrutura urbana e o seu planejamento deve ser multidisciplinar compatibilizando com outros planos e projetos dos demais serviços públicos, principalmente, os voltados à gestão das águas urbanas, in- cluindo o abastecimentopúblico e os esgotos sanitários. • Acrescenta que tem de ser sustentável e seu gerenciamento deve garantir a sua sustentabilidade institucional, econômica e ambiental. As soluções devem ser fle- xíveis e prever as eventuais necessidades de modificações futuras. Um abrangente plano de drenagem urbana deve atingir, entre outras atividades, o levantamento das características físicas da bacia de drenagem, notadamente daquelas que influenciam os deflúvios (run-off); a formulação de planos alternativos de controle ou cor- reção de sistemas de drenagem, apontando os respectivos objetivos; a análise da viabilida- de técnica e econômica das alternativas, considerando também os aspectos sociopolíticos e ambientais, e uma metodologia consistente para a seleção da alternativa mais conveniente. Em síntese, o plano diretor deve diagnosticar os problemas existentes ou previsíveis no horizonte de planejamento adotado e determinar, hierarquizar e redimensionar as soluções mais adequadas do ponto de vista técnico, econômico e ambiental. 8.2 Segurança hídrica para abastecimento público A água é um importante elemento que fundamenta as ações do desenvolvimento huma- no. Ter água disponível de forma segura é, portanto, vital para todos os setores sociais e econô- micos, além da saúde coletiva bem como base dos recursos naturais de que o mundo depende. Gestão e manejo de recursos hídricos em áreas urbanas Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo 8 133 No entanto, o modelo desenvolvimentista adotado pelo sistema capitalista vem pro- porcionando o crescimento demográfico, o desenvolvimento econômico e o aumento da pressão nos recursos naturais. Aliado a uma gestão deficiente da água, os recursos hídricos estão se exaurindo em diversos locais do Brasil e do mundo gerando uma situação de crise hídrica e desequilibrando as relações sociais e os modos de produção. Segundo a Agência Nacional das Águas (ANA), conforme apresentado no quadro 1, todas as regiões brasileiras necessitam de investimentos em abastecimento público de água, pois se encontram em situação temporária de crises hídricas, tendo a Região Sudeste como a mais comprometida e em especial os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Quadro 1 – Síntese por regiões geográficas da situação de abastecimento urbano de água. Região geográfica/ estado Total de municípios estudados Demanda 2015 (m3/s) Mananciais e sistemas Sistema isolado Sistema integrado Manancial superficial/ misto Manancial subterrâneo Centro-Oeste 466 39,3 280 176 8 Nordeste 1.794 136,2 685 573 517 Norte 449 45,1 180 263 5 Sudeste 1.668 274,6 1.023 490 149 Sul 1.188 75,0 487 571 116 Brasil 5.565 570,2 2.655 2.073 795 Região geográfica/ estado Total de municípios estudados Demanda 2015 (m3/s) Avaliação oferta/demanda 2015 Abastecimento satisfatório Requer investimento Ampliação de sistema Novo manancial Centro-Oeste 466 39,3 260 168 38 Nordeste 1.794 136,2 466 1.064 248 Norte 449 45,1 156 265 28 Sudeste 1.668 274,6 932 647 83 Sul 1.188 75,0 692 407 75 Brasil 5.565 570,2 2.506 2.551 472 Gestão e manejo de recursos hídricos em áreas urbanas8 Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo134 Região geográfica/ estado Total de municípios estudados Demanda 2015 (m3/s) Soluções propostas e investimentos Demanda 2025 (m3/s) N. de municípios que requerem investimento Investimento total em abastecimento de água (R$ milhões) Centro-Oeste 466 39,3 44,1 206 1.709,63 Nordeste 1.794 136,2 151,5 1.348 9.132,47 Norte 449 45,1 53,9 294 1.953,86 Sudeste 1.668 274,6 298,2 738 7.416,18 Sul 1.188 75,0 82,7 483 2.021,23 Brasil 5.565 570,2 630,4 3.069 22.233,36 Fonte: Atlas do Abastecimento Urbano do Brasil, 2015. Na Declaração Ministerial do 2° Fórum Mundial da Água realizada em 2000 em Haia, na Holanda, foi definido que segurança hídrica “significa garantir que ecossistemas de água doce, costeira e outros relacionados sejam protegidos e melhorados; que o desenvolvimento sustentável e a estabilidade política sejam promovidos; que cada pessoa tenha acesso à água potável suficiente a um custo acessível para levar uma vida saudável e produtiva, e que a população vulnerável seja protegida contra os riscos relacionados à água”. Para a Agência Nacional das Águas, segurança hídrica também é definida como a ca- pacidade da população de garantir o acesso sustentável à quantidade adequada e qualidade aceitável para os meios de subsistência, bem-estar humano e desenvolvimento socioeconô- mico, para assegurar a proteção contra a poluição e os desastres relacionados com a água e para a preservação dos ecossistemas em um clima de paz e estabilidade política. A segurança hídrica considera a garantia da oferta de água para o abastecimento hu- mano e para as atividades produtivas em situações de seca, estiagem ou desequilíbrio entre a oferta e a demanda do recurso. Além disso, o conceito abrange as medidas relacionadas ao enfrentamento de cheias e da gestão necessária para a redução dos riscos associados a eventos críticos (secas e cheias). Nesse contexto, a Lei 9433/1997, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, que trouxe relevantes avanços na preservação e conservação das águas no Brasil, ordenando, por exemplo, os processos de outorga. No contraponto, temos que a importância das águas ainda não está bem incorporada por importante parcela da população, que continua utilizando da água de formas irresponsáveis, como ocupando áreas de preservação permanente, jogando lixo dire- tamente nos rios ou até mesmo desmatando áreas relevantes para a conservação das águas nas bacias hidrográficas, como áreas de recarga hídrica dos lençóis freáticos e em nascentes. Gestão e manejo de recursos hídricos em áreas urbanas Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo 8 135 8.2.1 Origem da crise hídrica De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) (2016), os registros de precipitação apontam que nos últimos 40 anos o Brasil viveu uma alteração no regime de chuvas em todas as regiões brasileiras, resultado dos efeitos das mudanças climáticas. Esse fenômeno natural, associado ao aumento da população urbana e, consequente- mente, à elevação no consumo de água, são fatores que geram a crise hídrica. Ressalva-se que a crise hídrica também pode ser potencializada por diversos fatores, por exemplo, o intenso uso e ocupação do solo tanto nas áreas rurais como urbanas, pela impermeabilização dos solos e consequente redução da recarga hídrica nos lençóis freáticos e também a redução de ecossistemas naturais como florestas e planícies aluviais, que cumprem importante fun- ção para o equilíbrio do ciclo hidrológico. 8.2.2 As florestas e a segurança hídrica As florestas têm papel essencial na conservação e na purificação das águas. É na vege- tação, e também nos solos e nos organismos, que fica retida boa parte da água que vem com as chuvas que infiltram para os lençóis freáticos e aquíferos subterrâneos. Esse ciclo funciona como um grande filtro natural, no qual os poluentes que estejam na água vão sendo filtrados e eliminados pelos ecossistemas. Uma vez quando essa água filtrada pelas florestas chegar novamente aos rios, ou quando retornar à atmosfera em forma de chuva, estará limpa e livre dos poluentes. Esse processo acontece, segundo o Programa Águas e Florestas da Mata Atlântica (2010) da seguinte forma: a água de chuva que se precipita sobre uma floresta segue dois cami- nhos, sendo o primeiro o retorno à atmosfera por evapotranspiração, ou atingindo o solo, por meio da folhagem ou do tronco das árvores. Na floresta, a interceptação da água acima do solo garante a formação de novas massas atmosféricas úmidas, enquanto a precipitação interna, pelos pingos de água que atravessam a copa e pelo escoamento pelo tronco, atingem o solo e o seu folhedo. De toda a água que chega ao solo, umaparte tem escoamento superficial, chegando de alguma forma aos cursos de água ou aos reservatórios de superfície. A outra parte sofre armazenamento temporário por infiltração no solo, podendo ser liberada para a atmosfera por meio da evapotranspiração, manter-se como água no solo por mais algum tempo ou percolar como água subterrânea. De qualquer forma, a água armazenada no solo que não for evapotranspirada termina por escoar da floresta paulatinamente, compondo o chamado deflúvio, que alimenta os mananciais hídricos e possibilita os seus usos múltiplos. Um exemplo muito importante da relação da floresta e a conservação das águas e consequente segurança hídrica é o caso da floresta amazônica, que absorve a água da chu- va que vem do oceano, funcionando como uma bomba de sucção que “puxa” a água do Gestão e manejo de recursos hídricos em áreas urbanas8 Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo136 Oceano Atlântico para o continente e a mantém na floresta, em um fenômeno chamado popularmente como “rios voadores”. É exatamente essa água, gerenciada pelo ciclo hidrológico da Bacia Amazônica, que acaba sendo distribuída entre a Cordilheira dos Andes e a porção meridional do continente sul-americano. Esse processo carrega a umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil principalmente nos meses de novembro a março. Pelo link <http:// riosvoadores.com.br/> é possível ver detalhes desse fenômeno altamente relevante para a segurança hídrica em grande parte do território brasileiro. 8.2.3 Soluções para a crise hídrica As soluções para a crise hídrica podem se dar de inúmeras formas, como o racionamen- to de água e o aumento de taxas monetárias pelo uso da água. O importante nesse processo é promover ações que resolvam as “raízes” do problema e, em casos extremos de crise, execu- tar ações mesmo que sejam paliativas. No quadro 2, estão apresentadas 8 ações que podem contribuir para a solução ou redução da crise hídrica no Brasil. Quadro 2 – Possíveis soluções estruturais e paliativas para a redução da crise hídrica no Brasil. Ação Situação Formas Resultados Conservação das florestas Estrutural Aplicação da legislação vigente e criação de novos mecanismos de conser- vação e preservação Equilíbrio e sus- tentabilidade da oferta de água para consumo humano Manejo e recupe- ração das bacias hidrográficas Estrutural Aplicação dos planos de bacia e novos regramentos de uso e ocupação do solo Equilíbrio e sus- tentabilidade da oferta de água para consumo humano Reaproveitamento da água da chuva Estrutural Criar e incentivar po- líticas públicas Redução da quanti- dade de água coleta- da nos mananciais Redução do desper- dício dos sistemas de abastecimento Estrutural Aplicação de novas tecnologias e manuten- ção das redes existentes Redução das perdas e consequente maior oferta de água para consumo Mudança de hábitos Estrutural Implantar programas de educação ambiental População conscien- tizada com resulta- dos permanentes Despoluição e prote- ção dos mananciais Estrutural Ampliar os sistemas de tratamento de esgoto Melhoria na qua- lidade de água e consequente maior oferta de água para consumo Gestão e manejo de recursos hídricos em áreas urbanas Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo 8 137 Ação Situação Formas Resultados Racionamento Paliativa. Utilizada em tempos de crise Organizar e reduzir a distribuição de água para consumo Efeitos rápidos para o reabasteci- mento e aumento dos níveis de água dos mananciais Descontos e punições Paliativa. Utilizada em tempos de crise Por meio de ordenamen- tos jurídicos, estabelecer regras de descontos monetários para o bom usuário e punições para o péssimo usuário Efeitos rápidos para a mudança de hábitos para a população, no entanto não é de forma permanente Fonte: Elaborado pelo autor. 8.3 Metodologias de educação ambiental voltada à gestão e ao manejo de recursos hídricos em áreas urbanas Entre os problemas socioambientais mais graves da atualidade, a qualidade e quanti- dade dos recursos hídricos talvez seja o tema que mais envolve educadores e gestores em busca de soluções para uma das fontes mais primárias de vida. As águas são um dos princi- pais motivos mobilizadores de programas, políticas, projetos e ações voltadas à reversão ou minimização da sua situação atual de degradação. Nesse sentido, diferentes setores da sociedade começam a se sensibilizar para atuar conjuntamente na reversão de situações que comprometeram ou comprometerão o uso múl- tiplo das águas. Entre as áreas protegidas por lei, as bacias hidrográficas têm sido uma unidade paisagística delimitada que contêm áreas protegidas e que vêm contribuindo para ações de conservação, já que seus limites ultrapassam os interesses das divisões territoriais políticas para abranger as necessidades físicas, biológicas, ecológicas e sociais. 8.3.1 Bacias hidrográficas, participação e territorialidade Bacias hidrográficas são paisagens socioambientais que, assim como outras áreas prote- gidas, são delimitadas legalmente por um recurso natural e que abrangem elementos físicos, biológicos, sociais e toda sua rede complexa de relações. São paisagens em que a gestão, não somente da água, mas de todo o ambiente inserido na bacia hidrográfica, depende do diálo- go, da solução de conflitos e da mediação das diferentes necessidades e interesses do atores socioambientais envolvidos nesse sistema. Para Sammarco (2005), o gerenciamento da bacia hidrográfica é um instrumento que orienta o poder público e a sociedade na utilização e monitoramento dos recursos ambien- tais, econômicos e sociais nos limites da bacia, promovendo o desenvolvimento sustentável. Gestão e manejo de recursos hídricos em áreas urbanas8 Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo138 Segundo a autora, atualmente os conflitos entre a disponibilidade e demanda de recursos hí- dricos têm se tornado mais frequente, gerando como consequência o mau uso dos recursos hídricos e práticas insuficientes para gerenciamento da água. Somado a isso, o fato de que o Brasil detém aproximadamente 12% da água do mundo reforça a necessidade da educação ambiental não somente para conservar os corpos hídricos, mas também para saber como melhor utilizar e reutilizar a água como recurso diante dos sintomas de escassez mundial. A água cada vez mais se torna um elemento facilitador nas relações complexas de uma paisagem, no campo de atuação para mudanças e mediações entre diferentes usos e interes- ses. Pode-se dizer que a integração dos diferentes atores para a gestão das águas aumentou nas últimas décadas diante das mudanças históricas no sentido de propriedade, em que a percepção da água como bem comum foi sendo legalmente e culturalmente construído. Preocupado com esse diálogo, o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) incorpo- ra em suas macromatrizes (Programa IV), de maneira transversal, a educação ambiental, o desenvolvimento das capacidades, a difusão de informações, a comunicação e a mobilização social em gestão integrada de recursos hídricos. Portanto, o PNRH procura concordar com a Lei Federal 9.433/97 (Política Nacional de Recursos Hídricos), na qual a educação ambien- tal torna-se fundamental para a gestão democrática das águas, de forma descentralizada e participativa. É importante ressaltar que o Programa IV surgiu como pauta reivindicatória oriunda principalmente da sociedade civil, sendo então acolhido e integrado ao conjunto perma- nente de documentos aprovados pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Entre as proposições definidas no Programa IV, algumas são relevantes, por exemplo: • promover o diálogo entre diferentes saberes sobre a água (técnico-científico, polí- tico, biorregional, tradicional) e a decodificação e difusão de informações técnicas e sociais; • promover a valorização simbólica da territorialidade hídrica e o sentido de pertencimento;• difundir a percepção do valor socioambiental relevante da água e da sua impor- tância estratégica para o desenvolvimento do país em bases sustentáveis; • desenvolver cartografias de conflitos e vocações das territorialidades hídricas, bem como de atores atuantes nas territorialidades hídricas e plataformas de saberes e cui- dados com a água nas várias escalas (local, regional, nacional, platina, amazônica, sul-americana, internacional). Pode-se observar nas proposições anteriores que as percepções, os diálogos entre di- ferentes saberes, a identidade e a territorialidade, assim como os processos comunicativos e formativos, estão entre as principais estratégias para o fomento da educação ambiental para as águas. Cabe ressaltar que a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) (Lei 9.795/09) também estabelece entre seus objetivos estratégicos o “incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio am- biente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exer- cício da cidadania”. Gestão e manejo de recursos hídricos em áreas urbanas Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo 8 139 Pode-se dizer, portanto, que de forma coerente com a política das águas, a construção de uma cultura de participação, qualificada com o diálogo, mostra-se como um dos eixos da política de educação ambiental e que o desafio de construir metodologias competentes para promover essa participação está ancorada em ambas as políticas nacionais. Percebe-se que cada vez mais são imprescindíveis os processos participativos para a ges- tão integrada da água. No entanto, a participação qualificada não tem sido uma tarefa fácil para os diversos educadores. Para Souza (2015), a participação e o engajamento político da base da sociedade brasileira são desafios históricos, que precisam enfrentar obstáculos de ordem social, e de ordem psicossocial, como a despolitização e o isolacionismo. Para lidar com isso, seriam necessários Programas de Educação Ambiental (PEA) permanentes, con- tinuados e articulados, que configurem estratégias e não a simples soma de ações. Os PEA devem não somente favorecer o acesso da sociedade às informações claras sobre a realidade socioambiental, como precisam ampliar progressivamente sua capacidade de interpretar es- sas informações socioambientais. 8.3.2 Paisagem, educomunicação e pertencimento Nesse sentido, as bacias hidrográficas tornam-se paisagens socioambientais (SAMMARCO, 2005) nas quais a percepção, os saberes e os valores devem ser diagnostica- dos para qualquer processo educador que tenha como objetivo o resgate da territorialidade, identidade e participação de seus atores. É cada vez mais necessário inserir métodos que proporcionem a percepção da paisagem não somente como um diagnóstico dos problemas a serem discutidos, mas também como um instrumento para fomentar a capacidade de in- terpretar essas informações e participar ativamente das soluções propostas. O exercício da percepção da paisagem torna-se importante para resgatar o valor sim- bólico das bacias hidrográficas assim como diagnosticar o ideário dos atores sobre seus ambientes. Por meio da percepção dos espaços vividos que a imaginação acontece, e o ser humano estrutura sua representação cognitiva do ambiente. A avaliação traz a organiza- ção do meio ambiente como o resultado da aplicação de conjuntos de regras que refletem diferentes concepções de qualidade ambiental. Essas práticas de percepção muitas vezes realizadas por meio de técnicas como mapa mental, desenhos, mapeamento socioambiental participativo, entre outros, permitem res- surgir nos discursos e nas representações sociais figuradas os elementos para que a territo- rialidade passe por um processo de pertencimento e cooperação. Nos desenhos metodológicos que têm sido utilizados para a gestão de territórios e dos recursos hídricos, a construção participativa de materiais didáticos tem sido uma técnica inovadora e que deveria ser cada vez mais utilizada, pois unifica procedimentos de diagnós- tico, formação, gestão e avaliação. Esses materiais não somente têm como objetivo e produto a divulgação de informações, mas também podem ser uma ferramenta de educação, eman- cipação, transformação e comunicação ambiental. Pode-se dizer que a comunicação ambiental é a mediação e instrumentalização do em- poderamento e da apropriação da questão ambiental pela sociedade e suas lideranças, sendo Gestão e manejo de recursos hídricos em áreas urbanas8 Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo140 a educomunicação um conceito novo que representa a ação comunicativa para a criação de sociedades sustentáveis. O termo educomunicação foi inicialmente compreendido como a prática da leitura crítica dos meios e evoluiu conceitualmente para as ações que compõem o complexo campo da inter-relação entre comunicação e educação. A educomunicação, segundo Sammarco (2005), é o conjunto das práticas voltadas para a formação e o desenvolvimento de ecossistemas comunicativos, por meio da compreensão da ecologia social e sua transdisciplinaridade em espaços educadores. Tais práticas são me- diadas pelos processos e pelas tecnologias da informação, tendo como objetivo a ampliação das formas de expressão dos membros das comunidades e a melhoria do coeficiente comu- nicativo das ações educadoras, tendo como meta o pleno desenvolvimento da cidadania. É necessário explorar cada vez mais a possibilidade do entendimento de que bacias hi- drográficas são paisagens educadoras e socioambientais e não apenas uma delimitação geo- política. A gestão das águas por meio de suas bacias ainda é bastante limitada às discussões de colegiados com técnicos da área na qual a participação ampla da sociedade esbarra nas tecnici- dades conceituais e linguísticas. Portanto, também é cada vez mais necessário que educadores e gestores criem ferramentas e desenhos metodológicos que facilitem os processos participa- tivos no intuito de envolver uma maior diversidade de atores. É com a ampla participação da sociedade que realmente poderão se ver mudanças nesses espaços de convívio. Os processos participativos mediados pela educação ambiental são cada vez mais im- portantes e desafiantes, principalmente no que condiz a gestão integrada dos recursos hídri- cos. Nesse sentido, a educação ambiental crítica e transformadora (PRONEA, 2005) precisa ser cada vez mais inovadora, dinâmica e vivencial para que envolva os múltiplos usuários das águas em processos de transformação social. É necessário envolver os diferentes atores em atividades que resgatem a identidade e o pertencimento deles com suas paisagens, mas mais do que isso que fomentem suas capaci- dades de interpretar as informações que esses territórios oferecem para o entendimento real da gestão compartilhada. Ampliando seus conhecimentos Água urbanas (TUCCI, 2008) As águas urbanas geralmente incluem abastecimento de água e sanea- mento. Nessa perspectiva, saneamento envolve a coleta de tratamento de efluentes domésticos e industriais, não inclui drenagem urbana, gestão dos resíduos sólidos, porque ainda perdura uma visão desatualizada da gestão das águas urbanas da cidade. Águas urbanas envolvem compo- nentes que permitem o desenvolvimento ambiental sustentável e utilizam Gestão e manejo de recursos hídricos em áreas urbanas Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo 8 141 os conceitos da Gestão Integrada dos Recursos Hídricos (GIRH), neces- sários para planejamento, implementação e manutenção da infraestru- tura da cidade. Nesse contexto, ficam denominados Gestão Integrada das Águas Urbanas. Neste artigo, analisam-se o desenvolvimento urbano e suas relações com as águas urbanas no Brasil. A gestão dos recursos hídri- cos no Brasil é realizada por bacias hidrográficas, e o domínio é federal ou estadual. Examinam-se as possibilidades de gestão da água na cidade e na bacia hidrográficano contexto institucional brasileiro. Gestão das águas urbanas A gestão das ações dentro do ambiente urbano pode ser definida de acordo com a relação de dependência da água através da bacia hidrográ- fica ou da jurisdição administrativa do município, do Estado ou da nação. A tendência da gestão dos recursos hídricos tem sido realizada através da bacia hidrográfica, no entanto a gestão do uso do solo é realizada pelo município ou grupo de municípios numa Região Metropolitana. A ges- tão pode ser realizada de acordo com a definição do espaço geográfico externo e interno à cidade. Os planos das bacias hidrográficas têm sido desenvolvidos para bacias grandes (> 1.000 km²). Nesse cenário, existem várias cidades que interfe- rem umas nas outras, transferindo impactos. O plano da bacia dificilmente poderá envolver todas as medidas em cada cidade, mas deve estabelecer os condicionantes externos às cidades, como a qualidade de seus efluen- tes, as alterações de sua quantidade, que visem à transferência de impactos. O mecanismo, já previsto na legislação, para gestão dos impactos da qua- lidade da água externa às cidades é o enquadramento do rio dentro dos padrões do Conama. No entanto, esses padrões não estabelecem padrões para controle do aumento da vazão por causa da urbanização. A gestão do ambiente interno da cidade trata de ações dentro do municí- pio para atender aos condicionantes externos previstos no Plano de Bacia para evitar os impactos. Esses condicionantes geralmente buscam mini- mizar os impactos da quantidade e melhorar a qualidade da água no con- junto da bacia, além dos condicionantes internos que tratam de evitar os impactos à população da própria cidade. Para esses dois espaços existem gestores, os instrumentos utilizados e as metas da gestão. A construção global dessa estrutura de gestão esbarra em algumas dificuldades: Limitada capacidade dos municípios para desenvolverem a gestão, consi- derando a maioria desses. Gestão e manejo de recursos hídricos em áreas urbanas8 Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo142 O sistema de gestão das bacias ainda não é uma realidade consolidada na maioria dos países da América do Sul. Reduzida capacidade de financiamento das ações pelos municípios e o alto nível de endividamento. No primeiro caso, a solução passa pelo apoio estadual e federal mediante escritórios técnicos que apóiem as cidades de menor porte no desenvol- vimento de suas ações de planejamento e implementação. O segundo dependerá da transição e evolução do desenvolvimento da gestão no país. O terceiro dependerá fundamentalmente do desenvolvimento de um pro- grama em nível federal e mesmo estadual, com um fundo de financia- mento para viabilizar as ações. Tendências As metas do milênio propostas pelas Nações Unidas envolvem vários aspectos nos quais a gestão das águas urbanas faz parte. Os principais são: (a) redução da falta de água potável e coleta e tratamento de esgoto em 50% até 2015; (b) redução da pobreza, em que a vulnerabilidade a eventos naturais e antrópicos tem peso muito grande, já que a vulnerabilidade a secas e inundações é um dos principais fatores de pobreza. Para atingir as Metas do Milênio em 2002 em Johanesburgo foi estabelecido que os países deveriam buscar desenvolver Planos de Recursos Hídricos para atingir as várias metas. Esses planos na realidade envolviam desenvolver a gestão dos recursos hídricos nos países. O Brasil evoluiu no processo quanto à Gestão de Recursos Hídricos, pois ao implantar a Lei de Recursos Hídricos deu o primeiro passo instituindo o mecanismo amplo de gestão das águas, criou os instrumentos como outorga, cobrança e enquadramento dos rios (metas de qualidade da água), estabele- cendo as condições de contorno para as cidades quanto à contaminação dos rios. Recentemente concluiu o Plano Nacional de Recursos Hídricos (MMA, 2006) e foi aprovada (janeiro de 2007) uma nova Legislação de Saneamento Ambiental que integra os mecanismos econômicos. Implementou as insti- tuições como a Agência Nacional de Águas e estão em andamento as agên- cias estaduais e os Conselhos e Comitês de bacia. Portanto, o processo está se encaminhando de forma adequada. No entanto, no âmbito das ações no saneamento observa-se o seguinte: a. Atualmente no país existe um universo de várias cidades com servi- ços privatizados (empresas de direito privado é da ordem de 10%), Gestão e manejo de recursos hídricos em áreas urbanas Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo 8 143 com serviços públicos municipais e a grande maioria com serviços de empresas públicas estaduais. As empresas estaduais representam aproximadamente 82% da população atendida para abastecimento e 77% da população no esgoto (Ipea, 2002). b. A cobertura de coleta de esgoto é média se forem consideradas as fos- sas, mas baixa cobertura de tratamento de esgoto que compromete o todo, já que contamina os mananciais. c. A vulnerabilidade a eventos pluviais das cidades é alta, o que agrava a situação de pobreza na periferia das cidades. Os maiores prejuízos não são necessariamente materiais, mas sociais. Para que o país possa atingir as metas do milênio e aumentar o abasteci- mento e o atendimento de coleta e tratamento de esgoto reduzindo esse défi- cit em 50% até 2005, seria necessário atuar especialmente sobre o seguinte: Aumentar o abastecimento de água na área rural e da população de baixa renda, buscando atingir os níveis de cobertura total de água segura. O déficit em coleta de esgoto é ainda de 32,9%; portanto, para buscar as metas, representaria reduzir esse déficit para 16,4%. O maior problema, no entanto, se encontra na redução no tratamento de esgoto, cujo déficit se encontra em 81,8%. Dentro da metas do milênio representaria reduzir para 40,9%. Estudo realizado pelo PMSS em 2003-2004 (apud Esbe, 2006) menciona a necessidade de um investimento de R$178 bilhões em vinte anos para atingir a universalização, representando 0,6% do PIB. Tucci (2005a) apre- sentou a necessidade de investimento para um Programa Nacional de águas Pluviais que controlasse os impactos na drenagem e inundação das cidades, e identificou um total de R$21,5 bilhões em 24 anos para solu- ção desses impactos, representando até 0,2% do PIB num ano. Com base nessas estimativas, é possível antever a necessidade de investimentos da ordem de 0,8% do PIB para o saneamento ambiental (sem incluir resí- duos sólidos). Essa quantia representaria a ordem de R$16 bilhões por ano em água, esgoto e drenagem para, no horizonte de aproximadamente vinte anos, existir um processo sustentável de desenvolvimento urbano. Caso esse investimento fosse realizado como previsto em Tucci (2005a), iniciando com as cidades maiores para as menores em termos prioritários, as maiores cargas seriam contidas nos próximos anos. Gestão e manejo de recursos hídricos em áreas urbanas8 Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo144 A evolução da cobertura dos serviços nos últimos cinco anos (~1%), no entanto, é inferior ao crescimento habitacional brasileiro (2001-2005), o que tem levado a um aumento do déficit e não necessariamente a uma redução (Esbe, 2006). As principais dificuldades existentes são relacionadas com: a. Aspectos institucionais relacionados com a gestão das companhias, mudança de legislação e falta de eficiência dos serviços na medida em que não existem parâmetros, metas bem definidas de atendimento e eficiência dos serviços. A ineficiência é transferida aos usuários, já que os serviços não possuem competitividade. b. Econômico-financeiro, como o contingenciamento dos recursos e a capa- cidade de endividamento dos municípios e financiamento permanente. Atualmente falta integrar efetivamente as metas da Gestão dos Recursos Hídricos às do Saneamento Ambiental. Apesar de essa integração estar implicitamente prevista na legislação, na prática não ocorre. O Plano da Bacia Hidrográfica prevê o enquadramento dos rios,e as cidades deveriam atuar no controle dos efluentes urbanos para atingir a meta do enqua- dramento dos rios internos e externos à bacia. No entanto, é necessário que existam planos e que estes enquadrem os rios nos quais as cidades influenciam, seguidos de um plano de ações para atingir as metas. Atividades 1. Faça um diagnóstico na cidade em que você vive sobre os aspectos de drenagem da água urbana. Primeiramente vá até o órgão público ou universidade que é responsável por gerar informações sobre esse assunto, como a defesa civil, e liste os pontos de ala- gamento, enchentes e as áreas de risco. Em seguida, verifique se há um plano de ma- crodrenagem e verifique se as principais medidas estruturais estão sendo executadas. 2. Faça um diagnóstico sobre a situação da demanda hídrica para o abastecimento hu- mano para as capitais brasileiras ordenando por maior deficiência e verifique se exis- te situação de crise hídrica. 3. Faça um diagnóstico sobre os projetos e as ações de educação ambiental em seu estado e em sua cidade. Verifique se há projetos ou ações que têm como objetivo a conservação dos recursos hídricos para o abastecimento humano. Analise também o tipo e a linha de educação ambiental que estão sendo desenvolvidos.