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DRENAGEM URBANA 
Aspectos de Gestão 
GESTORES REGIONAIS DE RECURSOS HÍDRICOS 
Curso preparado por : 
 
Instituto de Pesquisas Hidráulicas 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
Fundo Setorial de Recursos Hídricos (CNPq) 
 
 
 
 
André Luiz Lopes da Silveira 
 
2002 
Primeira Edição 
 
1. GESTÃO DA DRENAGEM URBANA 
1.1 Introdução 
Quem sai de casa em dias de chuva não quer caminhar em calçadas alagadas nem 
atravessar ruas transformadas em piscinas, pelo desconforto evidente e dificuldade que impõe 
ao deslocamento. Caso saia de carro não quer ter seu itinerário interrompido ou sofrer uma 
pane causada pelo contato da água com o motor. Para quem fica em casa, anda pelo comércio 
ou freqüenta prédios públicos ou societários, evidentemente também não tem nenhuma 
vontade de que estes sejam inundados, muito menos na sua presença. Também é intolerável a 
qualquer pessoa que a circulação das águas na cidade seja veículo de contaminação ou cause 
risco de vida por afogamento ou desastres, como a destruição de casas. Neste contexto a 
Drenagem Urbana tem um uma função precípua : minimizar a presença de excessos de 
circulação de água, especialmente pluviais, em locais indevidos no meio urbano. Para 
minimizar o risco destes transtornos é que existe a Drenagem Urbana. Ela, entretanto, não é 
contra a acumulação de águas pluviais pois uma alternativa para seu controle é o 
armazenamento transitório em locais previamente estabelecidos. O que a Drenagem Urbana 
não deve promover é o desequilíbrio do ciclo hidrológico e o agravamento de condições 
sanitárias e ambientais. 
 
Nem sempre a Drenagem Urbana foi pensada convenientemente. Há hoje em dia uma 
consciência de que abordagens divorciadas da realidade das cidades conduziram a situações 
indesejáveis. Especialmente a falta de consideração de uma gestão integrada das águas 
urbanas. 
1.2 Diagnóstico das Águas Urbanas 
Em países em desenvolvimento como o Brasil, um dos maiores problemas das águas 
urbanas é a deficiência de coleta de esgoto cloacal, além de um baixo índice de tratamento 
daquele que é coletado. Há grande contaminação das águas de drenagem pluvial e dos 
mananciais pelo esgoto in natura. De 1989 a 2000 houve pouco avanço no percentual de 
cidades com esgotamento sanitário (47 para 52%) mas houve um incremento no tratamento 
do esgoto coletado de 20 para 35% (Pesquisa, 2002). Desta forma mais de 80% do esgoto 
cloacal in natura distribui-se por córregos, ruas e sistemas de drenagem. Por outro lado, 88% 
dos distritos contam com abastecimento de água (61% se o abastecimento for com água 
tratada). O abastecimento é prejudicado pela contaminação dos mananciais. Quase 80% dos 
municípios declararam ter serviço de drenagem urbana em 2000, mas apenas 45% destes 
apontaram a existência de legislação municipal que exige a aprovação e implantação de 
sistema de drenagem pluvial para loteamentos novos e populares (Pesquisa, 2002). 
Portanto, há percentuais significativos de descontrole das águas urbanas e a visão 
setorizada da infra-estrutura de abastecimento e saneamento contribui para uma ineficiência 
da parte que é tida como controlada. 
Wright (1997), citado por Tucci (2002) diagnosticou o seguinte para os países em 
desenvolvimento : 
• planejamento e a construção do sistemas são baseadas em práticas de países 
desenvolvidos que não consideram as reais necessidades locais, resultando em 
investimentos com baixo retorno; 
• Falta de gerenciamento: dificuldades em financiamento, pouco contato com os 
clientes e centralização; 
• Grandes projetos: projetos com grandes custos no qual o pagamento dificilmente 
pode ser realizado pela população pobre; 
• Desempenho ruim da operação e manutenção dos sistemas 
O referido autor sugere a ampliação de opções quanto a tecnologias, avaliação do 
desejo dos consumidores quanto ao pagamento dos serviços e necessidades; melhoria da 
eficiência da cobertura com menor custo, inovações institucionais e financeiras, educação em 
diferentes níveis e participação pública. 
Na comparação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, Tucci (2002) 
apresenta os cenários respectivos de desenvolvimento dos aspectos da água no meio urbano 
(Tabela 1). Nos países desenvolvidos grande parte dos problemas foram resolvidos quanto ao 
abastecimento de água, tratamento de esgoto e controle quantitativo da drenagem urbana. 
Nesta foi priorizado o controle através de medidas que obrigam a população a controlar na 
fonte os impactos devido a urbanização. Nos países desenvolvidos é prioridade o controle da 
poluição difusa devido as águas pluviais, que, evidentemente, também existe nos países em 
desenvolvimento, mas a prioridade é outra. 
 
Tabela 1 - Comparação dos aspectos da água no meio urbano 
Infra-estrutura 
urbana 
Países desenvolvidos Brasil 
Abastecimento 
de água 
Resolvido, cobertura total Grande parte atendida, tendência de 
redução da disponibilidade devido a 
contaminação, grande quantidade de 
perdas na rede 
Saneamento Cobertura quase total Falta de rede e estações de 
tratamento; as que existem não 
conseguem coletar esgoto como 
projetado; 
Drenagem 
Urbana 
Controlado os aspectos 
quantitativos; 
Desenvolvimento de 
investimentos para controle dos 
aspectos de Qualidade da água 
Grandes inundações devido a 
ampliação de inundações; 
Controle que agrava as inundações 
através de canalização; 
Aspectos de qualidade da água nem 
mesmo foram identificados. 
Inundações 
Ribeirinhas 
Medidas de controle não-
estruturais como seguro e 
zoneamento de inundação 
Grandes prejuízos por falta de 
política de controle 
 
 
Nos países em desenvolvimento, a prioridade é o tratamento de esgoto. Em alguns 
países, como o Brasil, o abastecimento de água que poderia estar resolvido, devido à grande 
cobertura de abastecimento, volta a ser um problema devido a forte contaminação dos 
mananciais (Tucci, 2002). Este problema é decorrência da baixa cobertura de esgoto tratado, 
como mencionado acima. As regiões metropolitanas expandem-se na periferia, justamente 
onde se concentram os mananciais, agravando sua condição. A tendência é de que as cidades 
continuem buscando novos mananciais sempre mais distantes e com alto custo. Neste 
contexto, o estágio do controle da qualidade da água resultante da drenagem está ainda mais 
distante nos países em desenvolvimento. Até o controle quantitativo da drenagem urbana 
ainda é limitado nesses países. 
Tucci (2002) fala em um ciclo de contaminação urbana que se observa nas cidades 
brasileiras devido a um gerenciamento precário. 
Além disso, o conceito aplicado à drenagem urbana e saneamento esteve estagnado 
durante o século XX nos países em desenvolvimento, levando ao irracionalismo na 
implantação de soluções e obras, não raro com efeito contrário ao desejado. 
A ineficiência pública segundo Tucci (2002) é observada em vários domínios das 
águas urbanas que podem ser resumidos no seguinte: 
• Perda significativa (cerca de 40%) da água tratada nas redes de distribuição 
urbana; 
• Redes de tratamento que não coletam esgoto suficiente, da mesma forma, que 
estações de tratamento continuam funcionando abaixo da sua capacidade instalada; 
• Redes de pluviais com dois problemas básicos: (a) transporte indesejado de esgoto 
cloacal in natura, assim como da contaminação do escoamento pluvial (carga 
orgânica, tóxicos e metais); (b) canais e condutos são construídos sem muito 
planejamento, havendo excesso deles, cujo efeito é apenas de transferir inundações 
de um local para outro dentro da cidade, a custos insustentáveis para os 
municípios. 
Isto demonstra que os aspectos relacionados com a infra-estrutura das águas urbanas 
têm sido planejados de forma inadequada. Grande parte dos problemas citados está 
relacionada com a formasetorial de como são tratados. Por isso, a gestão integrada das águas 
urbanas que é o conceito moderno, vê drenagem urbana moderna enquadrada numa visão 
ampla de planejamento das áreas urbanas, que envolve principalmente : 
• planejamento do desenvolvimento urbano; 
• transporte; 
• abastecimento de água e saneamento; 
• drenagem urbana e controle de inundações; 
• resíduo sólidos; 
• controle ambiental. 
2. DRENAGEM URBANA MODERNA 
2.1 Conceito atual : enfoque ambiental (a adotar) 
O enfoque ambiental da drenagem urbana moderna preocupa-se com a manutenção e 
recuperação de ambientes saudáveis interna e externamente à área urbana, ao invés de só 
procurar sanear o interior da cidade, segundo preceitos meramente sanitaristas (Silveira, 
1999). Evidentemente, o conceito de saúde evoluiu da abordagem sanitarista (higienista) à 
abordagem ambientalista, entretanto ambas concordam no objetivo da saúde só que houve 
uma extensão ao meio ambiente. Uma boa concepção e gestão da drenagem pluvial surge 
neste contexto como uma necessidade coletiva e indispensável ao funcionamento das 
aglomerações urbanas. 
Os equipamentos de drenagem e de tratamento de esgotos devem caracterizar os 
sistemas de saneamento como parte integrante da organização dos espaços urbanos que 
valoriza os cursos d’água, preservando-os e até recuperando-os. Isto conduz à noção de auto-
sustentabilidade das cidades com respeito ao ambiente interno e externo. A cidade torna-se 
viável pelos equipamentos de saneamento e drenagem mas estes mesmos equipamentos 
preservam a qualidade dos cursos d’água internos e de jusante (externos). Em suma, a cidade 
deve ser autônoma em relação ao meio ambiente hidrológico e vice-versa (Sangaré, 1995). 
Indicadores importantes de autonomia da cidade em relação ao meio ambiente são as taxas de 
ligações de esgotos cloacais e a capacidade da rede de drenagem de atuar corretamente na 
maior parte do tempo. Integrações inter-bairros ou mesmo intermunicipais otimizando o 
tratamento de todos os esgotos e os sistemas de drenagem também contribuem para a 
autonomia, que se completa por uma gestão calcada no conhecimento físico e operacional dos 
equipamentos que minimiza os riscos de alteração dos níveis mínimos de segurança e 
salubridade. Do ponto de vista do meio receptor (cursos d’água) a sua autonomia com relação 
à cidade passa pela sua conservação de modo a permitir o desenvolvimento biológico habitual 
e permanente das espécies que nele vivem naturalmente. A gestão disto deve monitorar o 
estado do meio receptor, o estado das fontes poluidoras, avaliar o impacto dos poluentes 
urbanos sobre os cursos d’água, gerando informações que condicionem a regulação dos níveis 
de tratamento dos rejeitos urbanos em função do estado atual do meio receptor, de como estes 
rejeitos podem impactar e das metas de qualidade para ele estabelecidas. 
A drenagem urbana moderna deve ter os seguintes princípios (Tucci e Genz, 1995) : 
• Não transferir impactos para jusante ; 
• Não ampliar cheias naturais ; 
• Propor medidas de controle para o conjunto da bacia ; 
• Legislação e Planos de Drenagem para controle e orientação ; 
• Constante atualização de planejamento por estudo de horizontes de expansão ; 
• Controle permanente do uso do solo e áreas de risco ; 
• Competência técnico-admnistrativa dos órgãos públicos gestores; 
• Educação ambiental qualificada para o poder público, população e meio técnico. 
Na verdade há a proposição de mudança de paradigma da gestão da drenagem urbana 
de um enfoque sanitário-higienista (do livrar-se das águas pluviais o mais rápido possível) 
para um enfoque ambiental (re-equilíbrio do ciclo hidrológico para mais perto do natural) que 
segue os princípios acima, destacando-se o controle na fonte. Para isso é necessária uma 
verdadeira integração entre todos os chamados setores da água. 
Para Tucci (2002) esta integração está vinculada ao reconhecimento de que as 
seguintes inter-relações devem ser efetivamente consideradas no planejamento urbano : 
• o abastecimento de água é realizado à partir de mananciais que podem ser 
contaminados pelo esgoto cloacal, pluvial ou por depósitos de resíduos sólidos; 
• a solução do controle da drenagem urbana depende da existência de rede de esgoto 
cloacal e suas características; 
• a limpeza das ruas, a coleta e disposição de resíduos sólidos interfere na 
quantidade e na qualidade da água dos pluviais. 
O enfoque sanitário-higienista que setorizou demasiadamente a drenagem pluvial 
influenciou até a estrutura institucional municipal. Hoje, os municípios apresentam uma 
capacidade institucional limitada para enfrentar problemas tão complexos e interdisciplinares. 
2.2 Conceito antigo : enfoque sanitário-higienista (a abandonar) 
O conceito sanitário-higienista ainda está muito arraigado em nosso meio. Devemos 
chamá-lo de antigo para enfatizar seu caráter de ultrapassado. Pode ser resumido pelo 
princípio seguinte : 
• toda água circulante deve ir rapidamente para o esgoto, evitando insalubridades e 
desconfortos, nas casas e nas ruas 
Em consequência, as obras hidráulicas que surgiram como soluções foram as de 
escoamento rápido como condutos, canais e galerias. A competência exclusiva dos 
engenheiros em calculá-las ajudou a setorizar a drenagem urbana. O livrar-se rapidamente da 
água tornou-se praticamente um dogma no meio técnico, convencendo inclusive à população 
que aplica a mesma idéia nas suas propriedades particulares urbanas. No Brasil, como parece 
ser em outros países em desenvolvimento, há o agravante ainda do conceito higienista ser mal 
aplicado, seja por falta de recursos, mau dimensionamento, má execução ou por manutenção 
deficiente. Adicionalmente, as pressões sócio-econômicas exercidas pela sociedade brasileira 
como um todo agravam o quadro, estabelecendo um cenário difícil para a implantação de 
qualquer conceito de drenagem urbana. Os sistemas de drenagem são muitas vezes vistos por 
grande parte da população como locais de destino de dejetos e lixo. Muitos loteamentos em 
várias cidades tiveram e, ainda têm, sua drenagem sem se basear em nenhuma norma técnica, 
o que facilita a aceitação de projetos de eficácia duvidosa. E muitos problemas ambientais 
foram agravados pelo fato de que tradicionalmente a drenagem urbana é de exclusiva 
responsabilidade do município e geralmente há pouca preocupação sobre consequências à 
jusante de ações locais implementadas à montante. 
Muitos loteamentos em várias cidades tiveram e, ainda têm, sua drenagem sem se 
basear em nenhuma norma técnica, o que facilita a aceitação de projetos de eficácia duvidosa. 
E muitos problemas ambientais foram agravados pelo fato de que tradicionalmente a 
drenagem urbana é de exclusiva responsabilidade do município e geralmente há pouca 
preocupação sobre consequências à jusante de ações locais implementadas à montante. 
Um exemplo típico, dentre os vários que diferenciam o higienismo do ambientalismo, 
é que a drenagem urbana com esta última filosofia deve procurar não ampliar as cheias 
naturais. Só este exemplo contraria o dogma do higienismo da evacuação rápida e preserva 
uma produção quantitativa de escoamentos compatível com a natural. 
2.3 História da drenagem urbana : evolução dos conceitos do séc 19 ao 21 
A drenagem pluvial foi assim tratada como uma prática acessória até meados do 
século XIX, quando as capitais européias já formavam grandes aglomerados humanos. As 
mudanças ocorridas no tratamento da drenagem pluvial na segunda metade do século XIX, 
tiveram, entretanto, seu germe no século XVIII, quando constata-se na Itália que as águas de 
banhados e zonas alagadiças influenciavam na mortalidade pessoas e animais. Isto foi 
rapidamente levado em consideração na Inglaterra e na Alemanha e mais tarde na França, e 
desencadeia-se um processo de extinção de banhados como medida desaúde pública. 
Também deu-se ordens para aterrar ou cobrir as fossas receptoras de esgoto cloacal, e 
substituí-las por canalizações enterradas (Desbordes, 1987). Assim as redes de esgotos 
deveriam evacuar as águas contaminadas, o mais rapidamente possível, e para mais longe dos 
locais de sua produção. Nascia a idéia de livrar-se da água nas cidades, seja ela de origem 
pluvial ou cloacal. Ou seja, nascia o conceito sanitarista-higienista. 
Curiosamente então a drenagem pluvial como ação pública não evoluiu em 
decorrência da modernização de práticas de engenharia em busca do conforto, mas sim de 
uma recomendação de profilaxia médica. Evidentemente coube aos engenheiros e urbanistas a 
tarefa de materializá-la em obras e integrá-las ao espaço urbano, mas infelizmente isto só teve 
um impulso maior com a ocorrência de epidemias de cólera em grandes cidades do mundo no 
século XIX, destacando-se na Europa as dos anos 1832 e 1849. O fluxo de pessoas nas 
viagens marítimas de então, praticamente globalizaram a epidemia de cólera e muitas cidades 
brasileiras sofreram com ela em 1855 (Costa Franco, 1992). 
Entre 1850 e o fim do século XIX muitas cidades importantes do mundo, 
principalmente as capitais européias, foram dotadas de grandes redes subterrâneas unitárias de 
esgotos (esgotos pluviais e cloacais conduzidos pelos mesmos condutos). Sob o comando de 
seu famoso prefeito Haussmann, Paris torna-se emblemática e referência mundial por 
construir uma imponente rede de esgotos, ajudando a cristalizar o conceito higienista que 
passa a ser resumido pela expressão “tout à l’égout” no meio técnico francês da época. Apesar 
de hoje ser uma atração turística de Paris, não foi a rede de esgotos que deu fama a 
Haussmann, mas sim a profunda reforma urbanística a qual ela estava associada dentro do 
conceito higienista. Haussmann buscava a higiene pública com a abertura de espaços abertos, 
como avenidas largas e parques, obras que facilitariam ainda a instalação da infra-estrutura 
urbana, entre as quais as redes de esgotos (Souza e Damasio, 1993). 
O conceito higienista não demorou a chegar ao Brasil como testemunham as primeiras 
redes enterradas de esgoto sanitário implantadas em 1864 no Rio de Janeiro, mas ele somente 
seria aplicado mais decididamente após a proclamação da República em 1889 (Melo Franco, 
1968). Nesta época, havia no mundo um casamento bem sucedido entre a filosofia higienista 
e o domínio da hidráulica de condutos e canais que permitia promover o saneamento junto 
com as reformas urbanísticas. Os sanitaristas da época estavam atentos a isso e, no fim do 
século XIX, o Brasil vê surgir entre eles a grande figura do engenheiro fluminense Saturnino 
de Brito (1864-1929), formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Adepto do 
positivismo, ele revoluciona o conceito higienista no Brasil ao trabalhar no saneamento da 
cidade de Santos (Obras, 1943). Em seu opúsculo Saneamento de Santos de 1898, apresenta 
argumentos sólidos em favor do sistema separador absoluto (redes de condutos separados 
para esgotos pluviais e cloacais) contra o sistema dominante da época que era o unitário. 
Em decorrência da atuação de Saturnino de Brito, já no início do século XX, o 
conceito higienista, usando uma rede de drenagem pluvial separada dos esgotos domésticos, 
ficou estabelecido como regra para as cidades brasileiras. Em 2000, cerca de 82% dos 
municípios brasileiros com redes subterrâneas tinham sistemas separadores (Pesquisa, 2002). 
A intensidade das chuvas tropicais não favorem os sistemas unitários. Entretanto, muitas 
cidades ou muitos bairros de cidades acabaram adotando um arremedo de sistema unitário, 
destinando efluentes de fossas sépticas para a rede pluvial. 
O conceito higienista predominou neste século no mundo inteiro mas o fim da sua 
história já foi decretada nos anos 60, nos países desenvolvidos, quando a consciência 
ecológica expôs suas limitações para levar em conta os conflitos ambientais entre as cidades e 
o ciclo hidrológico. Havia necessidade de reflexões mais profundas sobre as ações antrópicas 
densas (urbanização) sobre o meio-ambiente, particularmente sobre a quantidade e a 
qualidade dos recursos hídricos. Nascia o conceito ambiental aplicado à drenagem urbana que 
fez com que os ícones das soluções higienistas deixassem de reinar sozinhos, ou seja, o rol de 
obras tradicionais como condutos, sarjetas, bocas-de-lobo, arroios retificados, entre outras, 
teria de ser ampliado para admitir soluções alternativas e complementares à evacuação rápida 
dos excessos pluviais, dentro de um contexto de preservação ambiental (Tucci e Genz, 1995). 
Obras de retenção e amortecimento de escoamentos, como pavimentos permeáveis, 
superfícies e valas de infiltração, reservatórios e lagos de detenção e a preservação dos arroios 
naturais passaram a fazer parte do vocabulário da drenagem urbana. Além disso, o enfoque 
ambiental preconiza também o tratamento dos esgotos pluviais que podem ser tão poluidores 
quanto os esgotos cloacais. 
A maioria das obras de drenagem urbana no Brasil seguem, apesar disso ainda, o 
conceito higienista. A razão principal é que o conceito ambiental é muito mais difícil e caro 
de aplicar porque exige ações integradas sobre grandes áreas, com conhecimento técnico 
multidisciplinar, ao contrário das ações higienistas, voltadas a soluções locais, e concebidas 
unicamente por engenheiros civis. Além disso, o conceito higienista, embora ultrapassado, 
exerce ainda um atrativo muito grande pela sua simplicidade (toda água circulante deve ir 
rapidamente para o esgoto, evitando insalubridades e desconfortos, nas casas e nas ruas) e 
pelo fato das obras de infraestrutura por ele exigidas terem um comportamento 
dinamicamente restrito, portanto fáceis de dimensionar, pois só têm a função de transporte 
rápido. 
O livrar-se rapidamente da água tornou-se praticamente um dogma no meio técnico, 
convencendo inclusive à população que aplica a mesma idéia nas suas propriedades 
particulares urbanas. No Brasil, como parece ser em outros países em desenvolvimento, há o 
agravante ainda do conceito higienista ser mal aplicado, seja por falta de recursos, mau 
dimensionamento, má execução ou por manutenção deficiente. Adicionalmente, as pressões 
sócio-econômicas exercidas pela sociedade brasileira como um todo agravam o quadro, 
estabelecendo um cenário difícil para a implantação de qualquer conceito de drenagem 
urbana, sobretudo a ambiental : urbanização acelerada e desordenada, criação de um mosaico 
de ocupações (favelas desassistidas vizinhas a bairros equipados) e nível de educação 
ambiental deficiente (arroios e bocas-de-lobo vistos por grande parte da população como 
locais de destino de dejetos e lixo). 
A história da drenagem urbana no Brasil apesar dessas dificuldades parece estar hoje 
numa transição entre a abordagem higienista e a ambiental. Muitas capitais, como Rio de 
Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba, estão promovendo ações no sentido de 
estabelecer planos diretores de drenagem urbana, seguindo os preceitos do conceito ambiental 
que passa pela conscientização de que a drenagem urbana deve se integrar ao planejamento 
ambiental das cidades, deixando de ser apenas um mero problema de engenharia. 
A história da drenagem urbana que o Brasil quer redirecionar é uma história já em 
andamento nos países desenvolvidos. Agora o que importa é uma correta gestão dos impactos 
do meio urbano sobre o meio-ambiente hidrológico e isto transcende a um simples receituário 
de obras padrão e remete a uma abordagem mais complexa incluindo aspectos técnicos de 
engenharia, sanitários, ecológicos, legais e econômicos e que exige uma conexão muito mais 
estreita com a concepção e gestão dos espaços urbanos. O ciclo hidrológico é elemento chave 
na definição do saneamento urbano e da drenagem. 
3. CICLO HIDROLÓGICO NA CIDADE3.1 Ciclo hidrológico natural 
3.1.1 Ciclo Hidrológico Continental 
O ciclo hidrológico é o fenômeno global de circulação fechada da água entre a 
superfície terrestre e a atmosfera, impulsionado fundamentalmente pela energia solar 
associada à gravidade e rotação terrestres. A superfície terrestre abrange os continentes e os 
oceanos, participando do ciclo hidrológico a camada porosa que recobre os continentes (solos, 
rochas) e o reservatório formado pelos oceanos. 
Como se pode descrever o ciclo hidrológico nos continentes ? Uma maneira é 
identificar os fluxos d’água num corte do terreno como mostrado na figura a seguir. 
 
 
Figura 1 - Ciclo hidrológico na fase terrestre 
 
A precipitação, normalmente na forma um fluxo de gotas d’água atraído para a 
superfície terrestre pela gravidade, é por si só um fenômeno de origem meteorológica 
complexa, apresentando grande variabilidade temporal e espacial. 
Caindo sobre um solo com cobertura vegetal, parte do volume precipitado sofre 
interceptação em folhas e caules, de onde, por ação dos ventos, uma parcela pode ainda 
atingir o solo. 
A evaporação depende de fatores climáticos, de características da superfície 
evaporante e da disponibilidade de água para evaporar. Já na queda a chuva sofre evaporação. 
Ocorre também evaporação de uma parcela da água interceptada. Grande parte da evaporação 
advém, entretanto, da água presente sobre o solo e dentro dele. Fatores climáticos, como a 
radiação solar, o período de insolação, a temperatura do ar, a umidade relativa, o perfil de 
velocidades do vento e a pressão atmosférica, influenciam bastante a evaporação. 
Propriedades energéticas da superfície, como o albedo e a emissividade, completam as 
grandezas para o estabelecimento da evaporação potencial. Mas será a textura, a estrutura e as 
dimensões dos solos e seus perfis de umidade que condicionarão a evaporação real. 
A transpiração, que junto com a evaporação compõe a evapotranspiração, depende dos 
mesmos fatores climáticos da evaporação. Entretanto, em sendo um fenômeno biológico na 
interface solo-atmosfera, a transpiração real depende da vegetação e da umidade do solo. 
A infiltração promove a recarga da umidade do solo, permitindo que parte da 
precipitação que atinge a superfície penetre a zona não saturada do solo. Há infiltração total 
da água no solo (um meio poroso) enquanto sua superfície não se satura, ou seja enquanto não 
há formação de uma delgada camada superficial de solo onde todos os seus poros estão plenos 
d’água. A partir deste momento, havendo precipitação suficiente, com a saturação avançando 
verticalmente a infiltração decresce tendendo a uma taxa residual (teoricamente a 
condutividade hidráulica saturada do meio poroso - lei de Darcy). A umidade do solo 
realimentada pela infiltração é aproveitada em parte pelos vegetais que a absorvem pelas 
raízes e devolvem quase tudo para a atmosfera na forma de vapor d’água transpirado. 
A infiltração (passagem d’água da superfície para o interior do solo) e a percolação 
(movimento d’água no interior do solo) na zona não saturada são governadas pelas tensões 
capilares nos poros e pela gravidade. 
A percolação acontece na zona não saturada quando sua umidade, excluídas as 
parcelas aproveitadas pelos vegetais e as evaporadas pela superfície do solo, se desloca no 
interior do meio poroso. Pode haver percolação em macroporos, gerando escoamento 
hipodérmico (‘piping’ paralelo à superfície), ou percolação vertical para o lençol freático 
(zona saturada) onde se forma o escoamento de base dos cursos d’água (escoamento 
subterrâneo). 
O escoamento superficial é o excesso não infiltrado da precipitação que surge sobre o 
solo pela ação da gravidade, na direção das cotas mais baixas, vencendo principalmente o 
atrito com a superfície do solo. É, por isso, um escoamento rápido se comparado ao 
escoamento subterrâneo e mesmo ao hipodérmico. Pode ser capturado por depressões e 
banhados (detenção superficial), onde infiltra, evapora ou é amortecido. O escoamento 
superficial livre manifesta-se inicialmente na forma de pequenos filetes de água que se 
moldam ao microrrelevo do solo. A erosão de partículas de solo em seus trajetos na 
topografia existente molda, por sua vez, uma microrrede de drenagem efêmera que converge 
para a rede de cursos d’água mais estáveis, formada por arroios e rios. 
3.1.2 Bacia Hidrográfica 
Define-se bacia hidrográfica como a superfície drenada por um curso d’água. A bacia 
hidrográfica é uma área de captação natural da água de precipitação que faz convergir os 
escoamentos para um único ponto de saída, seu exutório. Compõe-se no seu interior 
basicamente como um conjunto de superfícies vertentes e uma rede de drenagem formada por 
cursos d’água que confluem até resultar num leito único no exutório. As vertentes constituem 
os locais onde os escoamentos se produzem em função da precipitação enquanto que a rede de 
drenagem a céu aberto encarrega-se de transportá-los ao exutório. 
Esquematicamente, a bacia hidrográfica pode ser considerada, portanto, como um 
sistema físico onde a entrada é o volume d’água precipitado e a saída é o volume d’água 
escoado pelo exutório. Descontando-se as perdas intermediárias como as da 
evapotranspiração e da infiltração profunda, a resposta hidrológica típica de uma bacia 
hidrográfica pode ser representada como na figura 2. Esta figura mostra como a bacia 
transforma uma entrada de volume concentrada no tempo (precipitação) em uma saída 
(escoamento) de forma mais distribuída temporalmente. Na mesma figura é feita uma 
diferenciação entre um escoamento mais lento e outro mais rápido. A este escoamento rápido 
normalmente é atribuído o nome de escoamento superficial, embora nem todos os 
escoamentos rápidos sejam superficiais. A separação entre escoamento superficial e 
subterrâneo é conveniente porque o primeiro possui uma relação de causa e feito com a 
precipitação que é útil no estabelecimento de elementos hidrológicos de projeto. Na figura 2 
isto significa que o volume não infiltrado da precipitação, conhecido por precipitação efetiva, 
é igual ao volume escoado superficialmente. 
Dois fenômenos explicam a dispersão no tempo do escoamento : a translação e o 
armazenamento. A translação produz um escalonamento no tempo dos volumes gerados na 
bacia em função das distâncias ao exutório. É razoável supor que a precipitação ocorrida perto 
do exutório gerará um escoamento aue chegará mais cedo que os escoamentos gerados em 
locais mais distantes. A translação está intimamente ligada ao conceito de curvas isócronas da 
bacia. O armazenamento é um fenômeno de natureza hidráulica. Todo escoamento cria uma 
carga (lâmina d’água) que representa um armazenamento, mesmo que temporário. Nas 
condições naturais, com atrito, quanto maior o volume a escoar na bacia tanto maior é a carga, 
sendo o efeito do armazenamento maior na rede de drenagem em relação às vertentes. Tanto a 
translação como o armazenamento dependem profundamente da topologia da bacia 
hidrográfica, isto é, como estão dispostos no espaço tridimensional as vertentes e a rede de 
drenagem. 
 
Figura 2 - Visão esquemática da resposta hidrológica da bacia hidrográfica 
Da análise das respostas hidrológicas (vazões) em função das precipitações pode-se 
estabelecer coeficientes de escoamento, que são úteis no diagnóstico de uma bacia 
hidrográfica. 
Uma bacia hidrográfica é fisicamente caracterizada pela sua fisiografia. Consideram-
se dados fisiográficos todos aqueles dados e índices derivados que podem ser extraídos de 
mapas, fotografias aéreas e imagens de satélite. Basicamente são áreas, comprimentos, 
declividades e índices compostos destas medidas. 
3.1.3 Balanço Hídrico e Coeficientes de Escoamento 
O balanço hídrico é a contabilidade dos volumes d’água numa área ou bacia segundo a 
lei da continuidade: num certo período de tempo, o volume d’água de entrada menos o 
volume d’água de saída deve igualar a variação dos estoques de água na área. O volume 
d’água de entrada geralmente é proporcionado pela precipitação líquida que é a chuva. Outras 
formas de precipitação são a neve e o granizo. O nevoeiro interceptado, o orvalho e a geada 
não são precipitações mas podem ser contabilizados como tais. O volume d’água de saída é 
constituído pelo escoamento (superficial e subterrâneo) que deixa a área e pelos fluxos de 
evaporação e transpiração (evapotranspiração). Os estoques de água cuja variação na bacia 
participam do balanço hídrico são de natureza superficial (basicamente rios, lagos e geleiras) 
ou subterrânea (solos e rochas, nas zonas não-saturadas e saturadas). 
Todos os volumes podem ser expressos em lâmina de água no período de tempo, e a 
equação do balanço hídrico pode ser expressa por : 
P = Q + ET + ∆S 
onde P é a precipitação, Q é o escoamento, ET é a evapotranspiração e ∆S é a variação 
(positiva ou negativa) dos armazenamentos de água na bacia. 
Em algumas situações, principalmente quando o período de tempo é longo (1 ano ou 
mais), pode-se admitir ∆S=0, e a equação se simplifica para : 
P = Q + ET 
Esta equação permite uma avaliação grosseira da evapotranspiração na bacia, dado 
que se conheça P e Q. Assim permite também uma avaliação simplificada de possíveis 
impactos no balanço hídrico, entenda-se em Q, quando a ET é afetada, por exemplo, por um 
desmatamento ou a construção de um reservatório. 
Em textos hidrológicos é comum encontrar D no lugar de ET, sendo D chamado de 
déficit hídrico. 
D = P − Q 
O balanço hídrico é uma ferramenta de análise e planejamento. Pelo balanço hídrico 
pode-se inferir coeficientes de escoamentos C : 
C = Q/P 
 
 
Tabela 2 – Exemplos de Coeficientes de Escoamento 
Região/Bacia 
 
Q (mm) P (mm) C 
Amazonas 1079 2460 0,44 
Tocantins 492 1660 0,30 
São Francisco 143 916 0,16 
Atlântico Leste 382 1229 0,31 
Paraná 394 1385 0,28 
Paraguai 110 1370 0,08 
Uruguai 735 1567 0,47 
Atlântico Sudeste 605 1394 0,43 
Europa 240 600 0,40 
Ásia 220 610 0,36 
América do Norte 270 670 0,40 
América do Sul 490 1350 0,36 
 
3.2 Desequilíbrio do ciclo hidrológico : efeito da urbanização 
A urbanização consome espaço natural. Ao fazer isso impermeabiliza 
significativamente o solo, altera o fluxo e balanço hídrico das águas urbanas e perturba o 
funcionamento de zonas ribeirinhas. 
As enchentes intra-muros são geradas dentro da própria cidade. São enxurradas 
urbanas que causam alagamentos. Tucci (1993) as define com enchentes ou “inundações 
devido à urbanização”. As enchentes ribeirinhas, por outro lado, ocorrem por extravasamento 
da calha de um rio em áreas rurais ou urbanas. 
Em Tucci (2002) encontramos as seguintes definições : 
• Inundações de áreas ribeirinhas: os rios geralmente possuem dois leitos, o leito 
menor onde a água escoa na maioria do tempo e o leito maior, que é inundado com 
risco geralmente entre 1,5 e 2 anos O impacto devido a inundação ocorre quando 
a população ocupa o leito maior do rio, ficando sujeita a inundação; 
• Inundações devido à urbanização: as enchentes aumentam a sua freqüência e 
magnitude devido a impermeabilização ocupação do solo e a construção da rede de 
condutos pluviais. O desenvolvimento urbano pode também produzir obstruções 
ao escoamento, como aterros e pontes, drenagens inadequadas e obstruções ao 
escoamento junto a condutos e assoreamento. 
Em síntese, a urbanização desequilibra o fluxo natural das águas, seja ela mesmo 
alterando os volumes dos diversos processos hidrológicos, seja interpondo-se ao caminho 
natural delas. 
As consequências objetivas são as seguintes: 
• Inundações ribeirinhas: ocorrem principalmente pelo processo natural no qual o rio 
escoa pelo seu leito maior, assim este tipo de enchente é decorrência de processo 
natural do ciclo hidrológico, de modo que, quando a população ocupa o leito 
maior, que são áreas de risco, os impactos são freqüentes (Tucci, 2002); 
• Inundações intra-urbanas : a impermeabilização do solo evita a infiltração da 
chuva no solo, “produzindo” mais água para drenagem e a rede pluvial acelera os 
escoamentos, favorecendo a acumulação de água em pontos de saturação. 
Com respeito às inundações ribeirinhas, baseado em Tucci (2002), podemos apontar o 
seguinte : 
• na quase totalidade das cidades brasileiras, mesmo as com Plano Diretor, não 
existe nenhuma restrição quanto ao loteamento de áreas de risco de inundação, e 
uma seqüência de anos sem enchentes é razão suficiente para que empresários 
loteiem áreas inadequadas; 
• população de baixa renda invade com facilidade áreas ribeirinhas que pertencem 
ao poder público ; 
• áreas de médio risco, que são atingidas com freqüência menor, sofrem prejuízos 
significativos quando as enchentes as atingem. 
Desta forma, os principais impactos sobre a população são (Tucci, 2002): 
• prejuízos de perdas materiais e humanas; 
• interrupção da atividade econômica das áreas inundadas; 
• contaminação por doenças de veiculação hídrica como leptospirose, cólera, entre 
outras; 
• contaminação da água pela inundação de depósitos de material tóxico, de estações 
de tratamentos entre outros. 
As inundações devido a urbanização, por outro lado, acarretam nos seguintes impactos 
principais (Tucci, 2002) : 
• aumento das vazões máximas e da sua freqüência (ver figura) ; 
• aumento da produção de sedimentos devido à desproteção das superfícies e à 
produção de resíduos sólidos (lixo); 
• deterioração da qualidade da água superficial e subterrânea, devido a lavagem das 
ruas, transporte de material sólido e às ligações clandestinas de esgoto cloacal e 
pluvial e contaminação de aqüíferos; 
 
Figura 3 - Impactos evolução urbana em bacia japonesa (Yoshimoto e Suetsugi, 1990) 
0
1000
2000
3000
1920 1940 1960 1980 2000 2020 2040
anos
Po
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5
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opopulação
inundações
 
Figura 4 - Evolução urbana e inundações em Belo Horizonte (Ramos, 1998) 
Estes impactos são agravados mais ainda pela à forma desorganizada como a infra-
estrutura urbana é implantada (Tucci, 2002), tais como: (a) pontes e taludes de estradas que 
obstruem o escoamento; (b) redução de seção do escoamento por aterros de pontes e para 
construções em geral; (c) deposição e obstrução de rios, canais e condutos por lixos e 
sedimentos; (d) projetos e obras de drenagem inadequadas, com diâmetros que diminuem para 
jusante, drenagem sem esgotamento, entre outros. 
Com respeito aos coeficientes de escoamento Silveira (2000) apresenta resultados do 
impacto da urbanização em algumas bacia urbanas Porto Alegre com ocupação residencial. 
Foram obtidas algumas funções expressando o coeficiente global de escoamento C em função 
da taxa de urbanização AURB e da taxa de impermeabilização AIMP. O coeficiente de 
escoamento evolui rapidamente até uma taxa de impermeabilização de 20% (equivalente a 
uma urbanização de 50%), com C atingindo um valor entre 45 e 50%. A partir deste estágio, a 
urbanização avança sobre toda a bacia, e C encaminha-se mais lentamente para um valor de 
pouco mais de 60% (Figura 5). Isto significa que o potencial de aumento de escoamento com 
a urbanização é de 6 a 7 vezes, mas já atinge 4 a 5 vezes com uma urbanização de 50% 
(admitindo-se um C mínimo de 10%, representando uma condição natural). 
A variação de C com a urbanização, considerando-se os valores quantitativos obtidos, 
indica haver uma alteração significativa do balanço hídrico nas bacias urbanizadas. À medida 
que a urbanização avança há menos perdas anuais por evapotranspiração e maiores parcelas 
do escoamento passam a circular na rede pluviale nos arroios diminuindo a recarga dos 
aqüíferos, passando a haver menos escoamento de base. Se C evolui de 10 para 60% com a 
urbanização, as perdas (basicamente por evapotranspiração) reduzem-se em cerca de 55%. 
 
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Urbanização (AURB) ou Área Impermeável (AIMP) 
(%)
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 C
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A
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 (%
)
C=f(AIMP) obs
C=f(AURB) obs
C=16,1AIMP^ 0,29+10
C=4,3AURB^0,55+10
AIMP=f(AURB) obs
 
Figura 5 – Coeficiente de escoamento e urbanização em Porto Alegre (Silveira, 2000) 
3.3 Re-equilíbrio do ciclo hidrológico urbano 
É a reversão do quadro comentado no item anterior. Grande parte do problema decorre 
do descontrole da “produção” de escoamento pluvial. Infelizmente a filosofia higienista ainda 
perdura na prática, por diversas razões, nos países em desenvolvimento (Silveira, 2002). É 
preciso adotar urgente soluções que visem o re-equilíbrio do ciclo hidrológico urbano. 
Quantitativamente deve-se buscar : 
• Favorecer a infiltração da chuva no solo para não saturar a rede pluvial existente 
nem incentivar a construção excessiva de redes de condutos e canais para 
drenagem; 
• Promover onde possivel a reservação temporária das águas pluviais para também 
não onerar a rede pluvial e propiciar alagamentos em locais indevidos. 
O ideal é fazer com que o ciclo hidrológico em meio urbano tenha volumes d’água nos 
diversos compartimentos (escoamento superficial, infiltração no solo, evapotranspiração) em 
níveis análogos à situação de pré-urbanização. 
O re-equilíbrio quantitativo pode ser prejudicado, entretanto, por problemas 
qualitativos, que também devem ser re-equilibrados, como os seguintes : 
• Carreamento de poluentes e contaminação para dentro do solo e aquíferos junto 
com a infiltração; 
• Acumulação de poluentes, esgotos, sedimentos e lixo nos locais destinados à 
acumulação de escoamento pluvial. 
Em resumo, os re-equilíbrios necessários inserem-se dentro de uma filosofia 
ambientalista da gestão da drenagem pluvial, na qual a drenagem urbana deve se integrar ao 
planejamento urbano ambiental das cidades, deixando de ser apenas um mero problema de 
engenharia (Silveira, 2002). A palavra-chave é sustentabilidade. 
3.4 Sustentabilidade no gerenciamento do escoamento superficial urbano 
A idéia básica é integração da drenagem urbana com todos os atuais setores ligados 
direta ou indiretamente à gestão das águas urbanas. Sistemas pluviais, de esgotos, 
abastecimento de água, viário, espaços públicos, áreas protegidas, de regulamentação da 
ocupação e expansão urbana devem ser pensados juntos. Conforme já comentado 
anteriormente, a cidade torna-se viável pelos equipamentos de saneamento e drenagem mas 
estes mesmos equipamentos devem preservar e melhorar a qualidade dos seus cursos d’água. 
A cidade deve ser autônoma em relação ao meio ambiente hidrológico e vice-versa, 
justamente por intermédio de um planejamento urbano integrado, incluindo, evidentemente a 
gestão igualmente integrada das águas urbanas. 
Para isso é preciso romper com as práticas vigentes de um planejamento estanque, 
baseado em setores individuais. 
4. OBRAS DE DRENAGEM URBANA E OUTRAS MEDIDAS DE CONTROLE 
4.1 Premissas básicas de controle e regulamentações 
As obras de drenagem urbana e outras medidas de controle são instrumentos que 
ajudam à gestão das águas urbanas. Elas, entretanto, têm premissas para serem 
implementadas, as quais dependem fundamentalmente da legislação. Elas devem incorporar 
premissas técnicas para serem efetivas. 
4.1.1 Legislações Federal e Estadual 
De acordo com Tucci (2002) as legislações que envolvem a drenagem urbana e a 
inundação ribeirinha estão relacionadas com: recursos hídricos, uso do solo e licenciamento 
ambiental. 
Quanto aos recursos hídricos, a Constituição Federal define o domínio dos rios, a 
legislação de recursos hídricos a nível federal e estabelece os princípios básicos da gestão 
através de bacias hidrográficas, que podem ser de domínio estadual ou federal. Algumas 
legislações estaduais de recursos hídricos estabelecem critérios para a outorga do uso da água, 
mas não legislam sobre a outorga relativa ao despejo de efluentes de drenagem. A legislação 
ambiental estabelece normas e padrões de qualidade da água dos rios através de classes, mas 
não define restrições com relação aos efluentes urbanos lançados nos rios. Dentro deste 
contexto o escoamento pluvial resultante das cidades deve ser objeto de outorga ou de 
controle a ser previsto nos Planos de bacia. Como estes procedimentos ainda não estão sendo 
cobrados pelos Estados, não existe ainda uma verdadeira pressão direta para a redução dos 
impactos resultantes da urbanização. 
Quanto a uso do solo, a Constituição Federal, artigo 30, define que é de 
responsabilidade é municipal. Porém, os Estados e a União podem estabelecer normas para o 
disciplinamento do uso do solo visando a proteção ambiental, controle da poluição, saúde 
pública e segurança. Desta forma, observa-se que no caso da drenagem urbana que envolve o 
meio ambiente e o controle da poluição a matéria é de competência concorrente entre 
Município, Estado e Federação. A tendência é dos municípios introduzirem diretrizes de 
macrozoneamento urbano nos Planos Diretores urbanos, incentivados pelos Estados. Observa-
se que no zoneamento relativo ao uso do solo não tem sido contemplado pelos municípios os 
aspectos de drenagem e inundações. O que tem sido observado são legislações restritivas 
quanto à proteção de mananciais e ocupação de áreas ambientais. A legislação muito restritiva 
somente produz reações negativas e desobediência. Portanto, não atingem os objetivos de 
controle ambiental. Isto ocorre na forma de invasão das áreas, loteamentos irregulares, entre 
outros. Um exemplo feliz foi o introduzido pelo município de Estrela/RS que permitiu a troca 
de áreas de inundação (proibida para uso) por solo criado ou índice de aproveitamento urbano 
acima do previsto no Plano Diretor nas áreas mais valorizadas da cidade. 
Quanto ao licenciamento ambiental, basicamente são estabelecidos limites para 
construção e operação de canais de drenagem, regulado pela Lei 6938/81 e resolução 
CONAMA n. 237/97. Da mesma forma, a resolução CONAMA 1/86 art 2o , VII estabelece 
a necessidade de licença ambiental para “obras hidráulicas para drenagem”. 
Antes de passar à legislação municipal, há interferências de um município em outro 
que dificilmente são solucionadas isoladamente. É o caso de do gerenciamento de bacias 
urbanas compartilhadas: grande parte das cidades brasileiras possuem bacia hidrográfica 
comum com outros municípios. Geralmente existem os seguintes cenários: (a) um município 
está a montante de outro; (b) o rio divide os municípios. 
O controle institucional da drenagem que envolve mais de um município pode ser 
realizado pelo seguinte (Tucci, 2002): 
• através de legislação municipal adequada para cada município; ou 
• através de legislação estadual que estabeleça os padrões a serem mantidos nos 
municípios de tal forma a não serem transferidos os impactos; 
• uso dos dois procedimentos anteriores. 
Provavelmente a última hipótese deverá ocorrer a longo prazo. A curto prazo é mais 
viável a primeira opção, até que o comitê da bacia e os Planos Estaduais desenvolvam a 
regulamentação setorial. Portanto, quando forem desenvolvidos os Planos das bacias que 
envolvam mais de um município deve-se buscar acordar ações conjuntas com estes 
municípios para se obter o planejamento de toda a bacia. 
4.1.2 Legislações Municipal 
Em cada município existe uma legislação específica definida pelo PlanoDiretor 
Urbano que geralmente introduz o uso do solo e as legislações ambientais, mas dificilmente 
aborda a drenagem urbana (Tucci, 2002). 
Belo Horizonte foi precursora neste processo e no seu Plano de Desenvolvimento 
Urbano de 1996 estabelece que toda a área prevista como permeável poderia ser 
impermeabilizada, desde que compensada por uma detenção com volume estimado na razão 
de 30 l/m2 (PMBH,1996). No entanto, a legislação previa uma exceção, ou seja que a 
construção do mesmo dependeria de parecer de viabilidade de um engenheiro. Infelizmente, a 
exceção virou regra, pois geralmente as empresas obtiveram o parecer e praticamente 
nenhuma detenção foi construída. 
Em Porto Alegre o Plano Diretor foi denominado de Desenvolvimento Urbano e 
Ambiental (PMPA, 2000) e se tornou lei no início de 2000. Este Plano introduziu artigos 
relativos à drenagem urbana. O Plano especifica a necessidade de redução da vazão devido à 
urbanização para as áreas críticas através de detenção e remete a regulamentação ao 
Departamento de Esgotos Pluviais. O detalhamento desta regulamentação está em curso, mas 
todos os projetos de novos empreendimentos (loteamentos) são obrigados atualmente a 
manter as vazões pré-existentes. 
4.1.3 Premissas Técnicas de Controle 
Sucintamente, as premissas técnicas de controle passam por uma ação na fonte 
(controle pluvial local) de forma integrada com o planejamento urbano. 
Os fatores específicos que dificultam a modernização da drenagem urbana nos países 
em desenvolvimento, basicamente com dispositivos de infiltração e retenção, podem ser 
agrupados em (Silveira, 2002): (1) novidade do enfoque ambientalista frente ao conceito 
higienista; (2) o processo de urbanização legal e clandestina, sem controle efetivo; (3) alta 
contaminação do escoamento pluvial ; (4) excesso de produção de sedimentos e lixo; (5) 
fatores climáticos que podem aumentar riscos epidemiológicos e encarecer obras ; (6) a 
carência tecnológica da engenharia civil para soluções modernas em drenagem urbana ; (7) a 
falta de interação da população com a administração pública na busca de soluções para a 
drenagem urbana. 
Para Tucci (2002) a grande dificuldade de implementar o controle na fonte da 
drenagem urbana reside: (1) na resistências de profissionais desatualizados; (2) na falta de 
capacidade técnica dos municípios para atuar na fiscalização e controle, de forma efetiva; e 
(3) na falta de tratamento de esgoto e de um sistema eficiente de limpeza urbana. 
4.1.4 Premissas Gerais de Controle 
A política de controle da drenagem urbana envolve dois ambientes: externo a cidade e 
o interno a cidade (Tucci, 2002). Na Figura 6, pode-se observar de forma esquemática a 
caracterização institucional dos elementos que podem permitir o gerenciamento dos controles 
da drenagem urbana. 
O gerenciamento atual não incentiva a prevenção de inundações ribeirinhas, por 
exemplo, já que a medida que ocorre a inundação o município declara calamidade pública e 
recebe recursos a fundo perdido e não necessita realizar concorrência pública para gastar 
(Tucci, 2002). Como a maioria das soluções sustentáveis passam por medidas não-estruturais 
que envolvem restrições a população, dificilmente um prefeito buscará este tipo de solução 
porque geralmente a população espera por uma obra. Enquanto que, para implementar as 
medidas não-estruturais, ele teria que interferir em interesses de proprietários de áreas de 
risco, que politicamente é complexo a nível local. 
Existe uma grande inter-relação entre os elementos de uso do solo, controle ambiental 
e recursos hídricos tanto internamente na cidade como na bacia hidrográfica. O 
gerenciamento da cidade é controlado monitorando o que a cidade exporta para o restante da 
bacia, induzindo a mesma ao seu controle interno, utilizando-se dos meios legais e 
financeiros. O processo interno dentro da cidade é uma atribuição essencialmente do 
município ou de consórcios de municípios, dependendo das características das bacias urbanas 
e seu desenvolvimento (Tucci, 2002). O mesmo autor comenta que o mecanismo previsto na 
legislação brasileira para o gerenciamento externo das cidades é o Plano de Recursos Hídricos 
da Bacia. Analisa esse autor que, no entanto, dificilmente no referido Plano será possível 
elaborar o Plano de Drenagem de cada cidade contida na bacia. 
O Plano deveria estabelecer as metas que as cidades devem atingir para que o rio 
principal e seus afluentes atinjam níveis ambientalmente adequados de qualidade da água. 
 
 
Plano Diretor
Urbano
Uso do
solo
Meio
Ambiente
Esgoto cloacal,
drenagem
urbana e
resíduo sólido
LEGISLAÇÃO MUNICIPAL
GESTÃO
 MUNICIPAL
AÇÃO INTERNA À
CIDADE
RIOS EXTERNOS AS CIDADES
Uso do Solo Meio
Ambiente
Recursos
Hídricos
GESTÃO
ESTADUAL E
FEDERAL
AÇÃO EXTERNA A
CIDADE
 
Figura 6 – Política de controle do ciclo da água das cidades 
O Plano de Drenagem Urbana deve obedecer os controles estabelecidos no Plano da 
bacia no qual estiver inserido. Os mecanismos de indução básicos para este processo são: (a) 
institucional e (b) econômico financeiros. Atualmente a legislação prevê a outorga para 
efluentes. Desta forma, poderiam ser estabelecidos dois mecanismos básicos: (1) definição de 
normas e critérios para outorga de efluentes que alterem a qualidade e quantidade de águas 
provenientes de áreas urbanas; e (2) estabelecimento de um Plano Integrado de Esgotamento 
Sanitário, Drenagem Urbana e Resíduo Sólido. 
Em termos de financiamento, os elementos de indução para os municípios seriam os 
seguintes (Tucci, 2002) : (1) subsídio de parte dos recursos para elaboração dos planos pelo 
comitê de bacia; e (2) criação de um fundo econômico para financiar as ações do Plano 
previsto para as cidades. O ressarcimento dos investimentos seriam através das taxas 
municipais específicas para esgotamento sanitário, resíduo sólido e drenagem urbana, este 
último baseado na área impermeável das propriedades. 
4.2 Diferença prática entre microdrenagem e macrodrenagem 
Para uma correta gestão da drenagem urbana é preciso ter claro seus conceitos e um 
deles, dos mais básicos é a distinção entre microdrenagem e macrodrenagem. Bidone e Tucci 
(1995) definem a microdrenagem urbana como o sistema de condutos pluviais a nível de 
loteamento ou de rede primária urbana. A macrodrenagem abrange córregos, rios, canais e 
galerias de maior porte. Um exemplo de microdrenagem é dada na Figura 7. 
 
 
 
Figura 7 – Microdrenagem tradicional (Bidone eTucci, 1995) 
4.3 Medidas de controle estruturais e não-estruturais 
As medidas de controle de inundações podem ser classificadas em (Tucci, 1993): 
• Estruturais, quando modificam o sistema, buscando reduzir o risco de enchentes, 
pela implantação de obras para conter, reter ou melhorar a condução dos 
escoamentos. Estas medidas envolvem construção de barragens, diques, 
canalizações, reflorestamento, entre outros; 
• Não-estruturais, quando são propostas ações de convivência com as enchentes ou 
são estabelecidas diretrizes para reversão ou minimização do problema. Estas 
medidas envolvem o zoneamento de áreas de inundações associado ao Plano 
Diretor Urbano, previsão de cheia, seguro de inundação, legislações diversas, entre 
outros. 
As medidas estruturais são obras de engenharia implementadas para reduzir o risco 
das enchentes. Estas medidas podem ser extensivas ou intensivas. As medidas extensivas são 
aquelas que agem no contexto global da bacia, procurando modificar as relações entre 
precipitação e vazão, como a alteração da cobertura vegetal do solo, que reduz e retarda os 
picos de enchentes e controla a erosão da bacia. As medidas intensivas são aquelas que agem 
numa escala menor, nos cursos d’água e superfícies, e podem ser obras de contenção como 
diques e pôlderes, de aumento da capacidadede descarga como retificações, ampliações de 
seção e corte de meandros de cursos d’água, de desvio do escoamento por canais e de 
retardamento e infiltração, como reservatórios, bacias de amortecimento e dispositivos de 
infiltração no solo. 
As medidas estruturais não são projetadas para dar uma proteção completa ao sistema 
pois isto exigiria um dimensionamento contra a maior enchente possível, o que é física e 
economicamente inviável na maioria das situações. A medida estrutural pode, em alguns 
casos, como o de um reservatório de amortecimento a montante, criar uma falsa sensação de 
segurança, permitindo a ampliação da ocupação das áreas inundáveis, que futuramente podem 
resultar em danos significativos. 
As medidas não estruturais, em contraponto, procuram reduzir impactos sem 
modificar o risco das enchentes naturais, e em alguns casos, estipular princípios que revertam 
os riscos artificialmente majorados por ações antrópicas às condições naturais. As ações não 
estruturais em drenagem urbana abrangem os mecanismos de estipulação dos princípios 
básicos (filosofia), de estabelecimento de como estes princípios devem ser respeitados 
(legislação, normas e manuais técnicos) e de preparação da sociedade para que eles venham a 
ser implantados e obedecidos na atualidade e no futuro. O custo de proteção de uma área 
inundável por medidas estruturais, em geral, é superior ao de medidas não-estruturais. 
4.4 Sistema mistos e separados 
Os sistemas mistos ou combinados usam um mesmo conduto para o esgoto pluvial e 
cloacal enquanto que os sistemas separados têm uma rede de condutos para as águas pluviais 
e outra para os esgotos cloacais. 
 
 
 
Figura 8 – Sistemas combinados ou mistos e sistemas separadores 
A legislação estabelece o sistema separador, mas na prática isto não ocorre devido às 
ligações clandestinas e à falta de rede cloacal (Tucci, 2002). Devido à falta de capacidade 
financeira para ampliação da rede de cloacal, algumas prefeituras têm permitido o uso da rede 
pluvial para transporte do cloacal, o que pode ser uma solução inadequada à medida que esse 
esgoto não é tratado. Quando o sistema cloacal é implementado a grande dificuldade envolve 
a retirada das ligações existentes da rede pluvial, o que na prática resultam em dois sistemas 
misturados com diferentes níveis de carga. As vantagens e desvantagens dos dois sistemas 
têm gerado longas discussões sobre o assunto em todo o mundo. Considerando a inter-
relação com a drenagem, o sistema unitário geralmente amplia o custo do controle 
quantitativo da drenagem pluvial a medida que exige que as detenções sejam no sub-solo. 
Este tipo de construção tem um custo unitário várias vezes superior à detenção aberta. As 
outras desvantagens são: na estiagem, nas áreas urbanas o odor pode ser significativo; durante 
as inundações, quando ocorre extravasamento, existe maior potencial de proliferação de 
doenças. Este cenário é mais grave quando os extravasamentos forem freqüentes. 
4.5 Obras clássicas e função (ainda úteis) 
4.5.1 Obras de Microdrenagem Clássica 
Em Bidone e Tucci (1995) encontramos a definição dos principais obras e elementos 
utilizados no dimensionamento de um sistema pluvial : 
• Galeria: canalizações públicas usadas para conduzir as águas pluviais provenientes 
das bocas-de-lobo e das ligações privadas; um trecho é a porção de galeria situada 
entre dois poços de visita; os diâmetros comerciais correntes são os seguintes: 
0,30; 0,40; 0,50; 0,60; 0,80; 1,00; 1,20 e 1,50 m; as galerias pluviais, sempre que 
possível, deverão ser lançadas sob os passeios; 
• Poço de Visita: dispositivos localizados em pontos convenientes do sistema de 
galerias para permitirem mudanças de direção, declividade e diâmetro, reunião de 
vários coletores em cruzamento de ruas, além da inspeção e limpeza das 
canalizações; espaçamento de 120 a 180 m dependendo do diâmetro dos tubos. 
• Bocas-de-lobo: dispositivos localizados em pontos convenientes, nas sarjetas, para 
captação de águas pluviais das ruas; são locadas em ambos os lados da rua, 
quando a saturação da sarjeta assim o exigir ou quando forem ultrapassadas as suas 
capacidades de engolimento; espaçamento máximo de 60 m entre elas é 
recomendado caso não seja analisada a capacidade de escoamento da sarjeta; a 
melhor solução para a instalação de bocas-de-lobo é que esta seja feita em pontos 
pouco a montante de cada faixa de cruzamento usada pelos pedestres, junto às 
esquinas; não é conveniente a sua localização junto ao vértice de ângulo de 
interseção das sarjetas de duas ruas convergentes. 
• Tubos de ligações: são canalizações destinadas a conduzir as águas pluviais 
captadas nas bocas-de-lobo para as galerias ou para os poços de visita; 
• Sarjetas: faixas de via pública, paralelas e vizinhas ao meio-fio. A calha formada é 
a receptora das águas pluviais que incidem sobre as vias públicas e que para elas 
escoam; (os meios-fios são elementos de pedra ou concreto, colocados entre o 
passeio e a via pública, paralelamente ao eixo da rua e com sua face superior no 
esmo nível do passeio; 
• Sarjetões: calhas localizadas nos cruzamentos de vias públicas, formadas pela sua 
própria pavimentação e destinadas a orientar o fluxo das águas que escoam pelas 
sarjetas; 
• Condutos forçados: obras destinadas à condução das águas superficiais coletadas, 
de maneira segura e eficiente, com preenchimento da seção transversal; 
• Estações de bombeamento: conjunto de obras e equipamentos destinados a retirar 
água de um canal de drenagem, quando não mais houver condição de escoamento 
por gravidade, para um outro canal em nível mais elevado ou receptor final. 
 
Figura 8 – Posição de bocas-de-lobo 
a) Boca-de-Lobo de Guia 
 
b) Boca-de-Lobo com Grelha 
 
 
c) Boca-de-Lobo Combinada 
 
 
d) Boca-de-Lobo Múltipla 
 
 
e) Boca-de-Lobo com Fenda Horizontal Longitudinal 
 
 
Figura 9 - Tipos de bocas-de-lobo (DAEE/CETESB, 1980) 
 
 
 
 
Figura 10 - Seção de sarjeta 
 
O dimensionamento de uma rede de pluviais é baseado nas seguintes etapas: 
• subdivisão da área e traçado; 
• determinação das vazões que afluem à rede de condutos; 
• dimensionamento da rede de condutos. 
Os principais dados necessários à elaboração de um projeto de rede pluvial de 
microdrenagem são plantas, cadastro, ocupação urbana, e características hidrológicas do 
corpo receptor. Devem ser estudados diversos traçados da rede de galerias, considerando-se 
os dados topográficos existentes, o pré-dimensionamento hidrológico e hidráulico e plano 
urbanístico. 
4.5.2 Macrodrenagem Clássica 
A macrodrenagem recebe geralmente os aportes da microdrenagem e é constituída por 
córregos, riachos e rios da zona urbana. Frequentemente córregos e riachos são retificados e 
encapados (engalerizados). O rol clássico de obras de macrodrenagem constitui-se de 
retificação e ampliação das seções de canais naturais, construção de canais artificiais, grandes 
galerias, além de estruturas auxiliares para controle, dissipação de energia, amortecimento de 
picos, proteção contra erosões e assoreamento, travessias e estações de bombeamento. 
4.6 Obras modernas e função (úteis ao re-equilíbrio do ciclo hidrológico urbano) 
4.6.1 Controle na Fonte 
O controle na fonte da drenagem pluvial urbana visa promover a redução e a retenção 
do escoamento pluvial de forma a desonerar os sistemas tradicionais de esgotamento pluvial 
ou mesmo evitar ampliações destes sistemas, ampliações estas que são, muitas vezes, 
inviáveis e de vida útil curta face ao desenvolvimento urbano. Os sistemas tradicionais são 
conhecidos e exemplos típicos são condutos e galerias pluviais enterradas, sarjetas, bocas-de-
lobo, calhas coletoras de telhados, e arroios urbanos retificados ou engalerizados (enterrados). 
Enquanto os sistemastradicionais visam a evacuação rápida das águas pluviais para jusante, 
os dispositivos de controle na fonte procuram reduzir e retardar escoamentos urbanos. Os 
dispositivos tradicionais, como tubulações enterradas, podem ser substituídos por outros de 
controle na fonte, mas não em todos os casos, pois um moderno projeto de drenagem urbana 
deve integrar harmoniosamente estruturas de transporte e de infiltração e retenção. Muitos 
dispositivos de controle na fonte têm um objetivo mais amplo do que o controle quantitativo 
do escoamento pluvial, incorporando-se também o controle da poluição e dos sedimentos e 
lixo. 
Os dispositivos de controle na fonte são basicamente de dois tipos : 
• Dispositivos de armazenamento e 
• Dispositivos de infiltração 
Os dispositivos de armazenamento normalmente têm por objetivo primordial o retardo 
do escoamento pluvial para sua liberação defasada, e com pico amortecido, ao seu destino, 
que pode até ser um ponto de captação de uma rede pluvial existente. Reservatórios 
residenciais em lotes, bacias de retenção e detenção nos loteamentos ou na macrodrenagem 
são exemplos típicos destes dispositivos de armazenamento. 
Os dispositivos de infiltração, diferentemente dos de armazenamento, retiram água do 
sistema pluvial, promovendo sua absorção pelo solo para redução do escoamento pluvial. 
Pavimentos porosos, trincheiras de infiltração, faixas e valas gramadas são alguns exemplos 
típicos de tais dispositivos, mais adequados às escalas do lote e do loteamento. Há muitos 
dispositivos mistos que promovem a infiltração e ao mesmo tempo retardam o escoamento 
excedente. Depende da concepção da obra ou dispositivo, segundo a criatividade do projetista. 
Chamaremos aqui os dispositivos de controle na fonte de MCs (Medidas de Controle). 
Assim as MCs propõem uma gestão ou controle do escoamento pluvial de forma distribuída 
no espaço, preferentemente na origem. Embora muitas MCs sejam efetivamente dispositivos 
físicos e obras, há medidas que aproveitam áreas naturalmente aptas à infiltração das águas 
sem muitos investimentos. As MCs, aliás, poderiam ser divididas em medidas compensatórias 
(elas compensam o efeito da impermeabilização) e alternativas (medidas de substituição das 
soluções tradicionais). 
A concepção de MCs tem muitas peculiaridades e deve-se buscar a situação ideal que 
modifica o processo de estudo tradicional de um sistema pluvial. Até há pouco tempo, estes 
estudos eram feitos só depois do estudo urbanístico, consistindo basicamente de uma rede de 
condutos enterrados ao longo do sistema viário. Deve-se evitar que esta prática se estenda ao 
projeto das MCs pois seguramente o projeto urbanístico já pronto vai restringir muito e até 
ocultar suas potencialidades de controle. O sucesso das MCs, de fato, segundo experiências 
em países desenvolvidos, é muito mais nítido quando o problema do saneamento pluvial é 
levado em conta antes do projeto urbanístico. As oportunidades de otimização do projeto se 
abrem, pois, por exemplo, se uma bacia de detenção é necessária, ela não é imposta ao projeto 
urbanístico, mas passa a ser um elemento de valorização do ambiente, com plena consciência 
das restrições que ela possa engendrar na arquitetura do espaço. 
As idéias do presente item ajudam a compreender que as MCs abordadas a seguir não 
devem constituir-se em soluções isoladas do contexto urbano e do saneamento pluvial global. 
4.6.2 Elenco de Obras de Controle na Fonte 
A experiência internacional referente às MCs aponta para um elenco básico de obras 
ou estruturas que pode ser listado como na Tabela 3. A vantagem primordial destas obras é a 
razão da sua própria concepção, isto é, são obras que reduzem ou retardam o deflúvio 
superficial direto, regulando e limitando as vazões geradas para jusante, para alívio de redes 
pluviais existentes, muitas vezes saturadas, e dos meios receptores naturais, freqüentemente 
alterados física e qualitativamente pela função de esgotamento pluvial urbano. 
Tabela 3 - Lista das Medidas de Controle (MC) básicas 
Obra Característica Principal Função Efeito 
Pavimento Poroso Pavimento com camada de 
base porosa como 
reservatório 
Armazenamento temporário da chuva 
no local do próprio pavimento. Áreas 
externas ao pavimento podem 
também contribuir. 
Retardo e/ou redução do 
escoamento pluvial gerado 
pelo pavimento e por 
eventuais áreas externas 
Trincheira de infiltração Reservatório linear escavado 
no solo preenchido com 
material poroso 
Infiltração no solo ou retenção, de 
forma concentrada e linear, da água 
da chuva caída em superfície limítrofe 
Retardo e/ou redução do 
escoamento pluvial gerado 
em área adjacente 
Vala de infiltração Depressões lineares em 
terreno permeável 
Infiltração no solo, ou retenção, no 
leito da vala, da chuva caída em áreas 
marginais 
Retardo e/ou redução do 
escoamento pluvial gerado 
em área vizinha 
Poço de Infiltração Reservatório vertical e 
pontual escavado no solo 
Infiltração pontual, na camada não 
saturada e/ou saturada do solo, da 
chuva caída em área limítrofe 
Retardo e/ou redução do 
escoamento pluvial gerado na 
área contribuinte ao poço 
Microrreservatório Reservatório de pequenas 
dimensões tipo ‘caixa 
d’água’ residencial 
Armazenamento temporário do 
esgotamento pluvial de áreas 
impermeabilizadas próximas 
Retardo e/ou redução do 
escoamento pluvial de áreas 
impermeabilizadas 
Telhado reservatório Telhado com função 
reservatório 
Armazenamento temporário da chuva 
no telhado da edificação 
Retardo do escoamento 
pluvial da própria edificação 
Bacia de detenção Reservatório vazio (seco) Armazenamento temporário e/ou 
infiltração no solo do escoamento 
superficial da área contribuinte 
Retardo e/ou redução do 
escoamento da área 
contribuinte 
Bacia de retenção Reservatório com água 
permanente 
Armazenamento temporário e/ou 
infiltração no solo do escoamento 
superficial da área contribuinte 
Retardo e/ou redução do 
escoamento da área 
contribuinte 
Bacia subterrânea Reservatório coberto, abaixo 
do nível do solo 
Armazenamento temporário do 
escoamento superficial da área 
contribuinte 
Retardo e/ou redução do 
escoamento da área 
contribuinte 
Condutos de 
armazenamento 
Condutos e dispositivos com 
função de armazenamento 
Armazenamento temporário do 
escoamento no próprio sistema 
pluvial 
Amortecimento do 
escoamento afluente à 
macrodrenagem 
Faixas gramadas 
 
Faixas de terreno marginais 
a corpos d’água 
Áreas de escape para enchentes Amortecimento de cheias e 
infiltração de contribuições 
laterais 
 
 
Há um favorecimento da própria dinâmica urbanística com as MCs, pois certas delas 
permitem a viabilização de zonas para as quais o esgotamento pluvial seria técnica e 
financeiramente difícil, além de adaptarem-se à evolução da ocupação urbana, pois é possível 
construir gradativamente várias MCs sem a necessidade de construir preventivamente um 
grande sistema pluvial para a ocupação total prevista (Azzout et al., 1994). As informações 
gerais da Tabela 3 apontam as características principais, funções e efeitos das MCs básicas, 
como uma primeira orientação aos projetistas. 
Há vários fatores, que poderiam ser entendidos como critérios, que condicionam a 
escolha de obras de redução e controle do escoamento. As medidas de controle (MCs) listadas 
na Tabela 3 mostram potencialidades diversas mas sua utilização depende basicamente das 
situações ou condições abaixo : área controlada, capacidade de infiltração do solo, freático 
alto, aquífero em risco, solo frágil à água, subsolo duro, declividade alta, ausência de 
exutório, consumo de espaço, fundações e redes próximas, restrição de urbanização, afluência 
poluída, afluência com alta taxa de sedimentos, riscos sanitário e sedimentológicopor má 
operação, esforços e tráfego intensos, flexibilidade de desenho, limites dimensionais da MC. 
Esta lista foi elaborada com base principalmente nas recomendações de Schueler 
(1987) e Azzout et al. (1994). A primeira referência diz respeito ao Manual de Drenagem de 
Washington (EUA) e a segunda baseia-se na experiencia francesa. 
Área controlada 
Há uma tendência das áreas controladas serem menores para os dispositivos de 
infiltração e maiores para os de retenção/detenção. Entretanto, isto pode ser relativo. Na 
verdade, pela própria natureza dos dispositivos, há aqueles que foram concebidos para 
controle na fonte de pequenas áreas e outros cuja potencialidade é mais efetiva para áreas 
maiores. Por isso, os valores apresentados na Tabela 4 são meramente indicativos. 
Tabela 4 – Áreas contribuintes adequadas para as MCs 
Medidas de Controle Área de Contribuição (ha) 
 0 2 4 6 8 10 12 14 20 40 
Pavimento Poroso ✔ ✔ ✔ ! ! ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ 
Trincheira de Infiltração ✔ ✔ ! ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ 
Vala de Infiltração ✔ ✔ ! ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ 
Poço de Infiltração ✔ ! ! ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ 
Micro-reservatório ✔ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ 
Telhado reservatório ✔ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ 
Bacia de Detenção ✖ ! ! ! ! ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ 
Bacia de Retenção ✖ ✖ ✖ ! ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ 
Bacia Subterrânea ✔ ✔ ✔ ! ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ 
Condutos de Armazen. ✔ ! ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ 
Faixa Gramada ✔ ✔ ! ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ 
✔ viabilidade de implantação ! viabilidade depende de condição específica ✖inviável, a princípio 
Capacidade de infiltração do solo 
A capacidade de infiltração do solo condiciona bastante o uso das MCs que infiltram a 
água no solo, pois é um parâmetro que influencia muito o desempenho destes dispositivos. 
Baixas capacidades de infiltração (abaixo de 7 mm/h) praticamente inviabilizam as MCs de 
infiltração. Por outro lado, altas taxas de infiltração prejudicam o uso de bacias de retenção, 
pois haveria dificuldade de manter os níveis d’água. A Tabela 5 dá as indicações para as MCs 
influenciadas pela capacidade de infiltração. 
Tabela 5 – Restrições de capacidade de infiltração do solo 
Medidas de Controle Capacidade de infiltração (mmh-1) 
 0,5 1,0 1,5 2,0 4,0 7,0 13 25 60 200 
Pavimento Poroso ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ! ✔ ✔ ✔ ✔ 
Trincheira de Infiltração ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ! ✔ ✔ ✔ ✔ 
Vala de Infiltração ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ! ✔ ✔ ✔ ✔ 
Poço de Infiltração ✖ ✖ ✖ ✖ ! ! ✔ ✔ ✔ ✔ 
Micro-reservatório (*) ✖ ✖ ✖ ✖ ✖ ! ✔ ✔ ✔ ✔ 
Bacia de Detenção (**) ✖ ! ! ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ 
Bacia de Retenção ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ ! ! ✖ 
Faixa Gramada ✖ ! ! ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ 
(*) variante infiltrante (sem fundo) 
(**) caso da variante chamada de bacia de infiltração 
✔ viabilidade de implantação 
! viabilidade depende de condição específica 
✖inviável, a princípio 
Algumas das indicações da Tabela 5 foram retiradas de Schueler (1987), Manual de Drenagem de 
Washington, EUA. 
Freático alto 
A situação de freático alto e outras condições solo-aquífero estão reunidas na Tabela 
6, que embasa a recomendação ou não das MCs quanto a estes aspectos. 
Considera-se o freático alto quando normalmente está a menos de 1 metro de 
profundidade do fundo da MC. O freático estando alto prejudicaria a saída de água 
(exfiltração) do dispositivo, diminuindo assim sua capacidade de drenagem da área 
controlada, já que a própria infiltração no dispositivo ficaria reduzida. 
O freático alto, portanto, inviabiliza as MCs de infiltração, exceto o poço de infiltração 
que poderia ser adaptado nestas condições. O freático alto pode colocar dificuldades, por 
perigo de infiltração de água, na concepção de uma bacia subterrânea. 
 
 
 
 
Tabela 6 – Condições solo-aquífero para implementação das MCs 
Medidas de Controle Condições solo-aquífero 
 Freático 
alto 
Aquífero 
em risco 
Solo frágil 
à água 
Subsolo 
duro 
Pavimento Poroso ✖ ✖ ✖ ✖ 
Trincheira de Infiltração ✖ ✖ ✖ ✖ 
Vala de Infiltração ✖ ✖ ✖ ✖ 
Poço de Infiltração ! ✖ ✖ ✖ 
Micro-reservatório ✔ ✔ ✔ ✔ 
Telhado reservatório ✔ ✔ ✔ ✔ 
Bacia de Detenção ! ! ✖ ! 
Bacia de Retenção ✔ ✖ ✖ ✖ 
Bacia Subterrânea ✖ ! ✔ ✖ 
Condutos de Armazen. ✔ ! ✔ ✖ 
Faixa Gramada ! ! ✖ ! 
✔ viabilidade de implantação 
! viabilidade depende de condição específica 
✖inviável, a princípio 
Aquífero em risco 
Em zonas de recarga de aquíferos pode haver perigo de contaminação por MCs que 
promovam a infiltração. As recomendações da Tabela 6 refletem isto, mas mesmo para 
aquelas MCs não infiltrantes é preciso tomar medidas contra acidentes nestas zonas de 
recarga. 
Solo frágil à água 
Alguns solos argilosos ou com muitos finos podem desestruturar-se com a presença 
frequente de água, perdendo sua capacidade de suporte e suas características hidráulicas. Tais 
solos, portanto, são inadequados para receber dispositivos de infiltração e mesmo bacias de 
detenção e retenção, pois nestas o fundo pode tornar-se excessivamente barrento ou lodoso. A 
Tabela 6 mostra as avaliações por MC. 
Subsolo duro 
O subsolo ou solo a pouca profundidade da superfície, quando apresentam-se muito 
compactados ou possuem uma camada pedregosa, prejudicam a exfiltração de eventuais 
dispositivos de infiltração. A existência de tal camada de impedimento prejudicaria, portanto, 
a exemplo de um lençol freático alto, a capacidade de drenagem da área controlada por uma 
MC de infiltração, já que a própria infiltração no dispositivo ficaria reduzida. Por outro lado, 
no caso da presença de uma camada com rocha, a escavação seria dificultada, o que pode 
desestimular a construção de bacias de detenção, retenção e subterrâneas. A Tabela 6 resume 
as recomendações. 
 
Declividade alta 
A declividade alta é uma condição que se inscreve naquilo que se poderia chamar de 
condições de localização (Tabela 7). Várias MCs podem ter seu uso restringido por 
declividades do terreno altas. Schueler (1987) afirma que declividades acima de 5% ou mais 
não são boas, por exemplo, para pavimentos porosos e valas de infiltração. E que uma 
declividade acima de 20% não é prática para uma trincheira de infiltração ou uma faixa 
gramada. 
Tabela 7 – Condições de localização para implementação das MCs 
Medidas de Controle Condições de localização 
 Declividade 
alta 
Ausência 
de 
exutório 
Consumo 
de espaço 
Fundações 
e redes 
próximas 
Restrição de 
urbanização 
Pavimento Poroso ✖ ! ! ✖ ✖ 
Trincheira de Infiltração ✖ ! ✔ ✖ ✔ 
Vala de Infiltração ✖ ! ✔ ✖ ✖ 
Poço de Infiltração ! ! ✔ ✖ ✔ 
Micro-reservatório ✔ ✖ ✔ ✔ ✔ 
Telhado reservatório ✔ ✖ ✔ ✔ ✔ 
Bacia de Detenção ! ✖ ✖ ✖ ✔ 
Bacia de Retenção ✔ ✖ ✖ ✖ ✔ 
Bacia Subterrânea ✔ ✖ ! ! ✖ 
Condutos de Armazen. ✔ ✖ ✔ ! ✔ 
Faixa Gramada ! ✖ ✔ ! ! 
✔ viabilidade de implantação ! viabilidade depende de condição específica ✖inviável, a princípio 
Ausência de exutório 
As MCs que não infiltram exigem, para sua descarga, um local de destino, um 
exutório. Há locais, entretanto, onde não há uma rede pluvial ou um córrego próximos para 
receber a água. Há outros locais em que, por questões ambientais, não é permitido o despejo 
no meio natural. Assim, a ausência de exutório é altamente limitante à utilização de MCs de 
armazenamento (Tabela 7). As MCs de infiltração, a princípio, não têm maiores problemas 
quanto a isso, mas é preciso prever o que fazer no caso de chuvas maiores que as de projeto. 
Consumo de espaço 
Alguns locais são tão pequenos ou densamente ocupados que não há possibilidade de 
implementação de MCs que ocupam um espaço significativo. É o caso de bacias de retenção e 
de detenção (Tabela 7). Pode ser também o caso de pavimentos porosos e bacias subterrâneas. 
 
Fundações e redes próximas 
As MCs de infiltração favorecem a percolação de água no interior do solo e isto pode 
ser prejudicial a fundações e redes urbanas (telefonia, por exemplo) próximas. Também pode 
haver problemas de contaminação de poços de captação de água. Bacias de detenção eretenção, onde há também infiltração, também não são recomendáveis neste caso. A Tabela 7, 
acima, fornece o critério de recomendação para cada MC, nesta situação. 
Restrição de urbanização 
Certas MCs só se adaptam a um tipo específico de urbanização ou ocupação do solo. 
Os pavimentos porosos são colocados normalmente em estacionamentos ou vias de tráfego 
leve, e não suportariam se a urbanização evoluísse para um uso com tráfego intenso. As valas 
de infiltração constituem outro exemplo, pois são concebidas para loteamentos com baixa 
densidade de ocupação e não seriam adequadas se a ocupação do solo passase a ser com alta 
densidade habitacional. A Tabela 7 dá as indicações por MC. Note-se que admitiu-se na 
Tabela 7 que uma provável mudança de ocupação do solo não afetaria bacias de detenção ou 
retenção existentes, mas isto não é garantido. 
Afluência poluída 
Em países em desenvolvimento, as condições sanitárias e sedimentológicas podem ser 
altamente restritivas ao uso das MCs (Tabela 8). As MCs listadas não toleram afluências 
poluídas por esgoto cloacal e lavagem das ruas. Pode-se contornar este problema com 
estruturas de pré-tratamento a montante, mas dependendo da carga poluidora, podem conduzir 
a estruturas mais complexas e caras que a própria MC protegida. 
Tabela 8 – Condições sanitárias e sedimentológicas para implementação das MCs 
Medidas de Controle Condições sanitárias e sedimentológicas 
 Afluência 
poluída 
Afluência 
com alta 
taxa de 
sedimentos 
Risco 
sanitário 
por má 
operação 
Risco de 
sedimentoló
gico por má 
operação 
Pavimento Poroso ✖ ✖ ✔ ✔ 
Trincheira de Infiltração ✖ ✖ ✔ ✔ 
Vala de Infiltração ✖ ✖ ✔ ✔ 
Poço de Infiltração ✖ ✖ ✔ ✔ 
Micro-reservatório ✖ ✖ ! ✔ 
Telhado reservatório ✖ ✖ ! ✔ 
Bacia de Detenção ✖ ! ✖ ✖ 
Bacia de Retenção ✖ ! ✖ ✖ 
Bacia Subterrânea ✖ ✖ ✖ ✖ 
Condutos de Armazen. ! ✖ ✔ ✔ 
Faixa Gramada ✖ ✖ ✔ ✔ 
Afluência com alta taxa de sedimentos 
A exemplo do comentado para afluência poluída, as MCs listadas não toleram 
afluências com altas cargas de sedimentos e lixo (Tabela 8). A possibilidade de contornar o 
problema pode esbarrar no dimensionamento de estruturas de retenção de sedimentos e/ou 
lixo muito complexas e caras. Nas bacias de detenção e retenção de maior porte estas 
estruturas seriam mais viáveis e a limpeza mecanizada (retroescavadeira) seria possível. 
Risco sanitário por má operação 
Em MCs de maior porte, que requerem operação de comportas e equipamentos 
mecânicos, como pode ser o caso de bacias de detenção e retenção, há o risco de má operação 
(e manutenção) e consequente acúmulo ou disseminação de escoamentos altamente poluídos. 
Em situações onde não se pode garantir um bom funcionamento de tais estruturas elas não são 
recomendáveis (Tabela 8). Micro-reservatórios e telhados reservatórios com má manutenção 
podem favorecer o desenvolvimento de mosquitos se entupimentos e acúmulos d’água não 
forem resolvidos. 
Risco sedimentológico por má operação 
As recomendações são análogas às do risco sanitário. O acúmulo de sedimentos, por 
má operação, sem providências de remoção sistemática, em bacias de retenção e detenção 
pode deixá-las inoperantes (Tabela 8). Para as outras MCs, não há risco de uma má-operação 
(se for o caso) provocar um problema sedimentológico de proporções. 
Esforços e tráfego intensos 
A estrutura em si da MC pode ser restritiva ao seu uso se ela for submetida a esforços 
ou tráfego intenso. A Tabela 9 mostra para quais MCs há restrições estruturais e de desenho. 
Por exemplo, os dispositivos de infiltração sofrem degradação sob tráfego intenso, seja de 
veículos ou de pedestres (neste último caso, com exceção do pavimento poroso). As estruturas 
de bacias subterrâneas e de condutos enterrados de armazenamento devem ser protegidas de 
esforços e vibrações para não trincar. O telhado reservatório pode ser inviabilizado pela alta 
carga sobre a estrutura suporte, em alguns casos. 
Flexibilidade de desenho 
Ao comparar alternativas de MCs, algumas delas levam desvantagem por terem 
restrições de desenho (Tabela 9). O micro-reservatório de lote (estanque) exige arranjo que 
possibilite escoamento por gravidade até a rede pluvial. A bacia subterrânea tem desenho 
condicionado pela sua estrutura que deve resistir a esforços e pela necessidade de seu 
esgotamento por gravidade. O telhado reservatório tem limitação ditada pela configuração 
arquitetônica da edificação. 
Limite na altura da MC 
Para as MCs de infiltração e uma MC do tipo bacia, que igualmente conte com a 
infiltração como modo de funcionamento, o cotejo entre o tempo de residência desejado 
(geralmente 2 a 3 dias para efeito de remoção de poluição leve) e a altura desejável para o 
dispositivo (condicionado pelo controle volumétrico) pode resultar numa limitação desta 
última, se a capacidade de infiltração do solo não for suficiente. A Tabela 9 resume as 
recomendações. 
Tabela 9 – Restrições estruturais e de desenho 
Medidas de Controle Restrições estruturais e de desenho 
 Esforços e tráfego 
intensos 
Flexibilidade 
de desenho 
Limite na 
altura da MC 
Pavimento Poroso ✖ ✔ ✖ 
Trincheira de Infiltração ✖ ✔ ✖ 
Vala de Infiltração ✖ ✔ ✖ 
Poço de Infiltração ✖ ✔ ✖ 
Micro-reservatório ✔ ! ✔ 
Telhado reservatório ! ! ✔ 
Bacia de Detenção ✔ ✔ ! 
Bacia de Retenção ✔ ✔ ✖ 
Bacia Subterrânea ! ! ✔ 
Condutos de Armazen. ! ✔ ✔ 
Faixa Gramada ✖ ✔ ✔ 
✔ viabilidade de implantação 
! viabilidade depende de condição específica 
✖inviável, a princípio 
4.6.3 Descrição das obras de controle na fonte 
Pavimento Poroso 
Os pavimentos porosos são dispositivos que infiltram a água caída sobre eles para um 
reservatório na camada de base, geralmente de cascalho poroso. O revestimento da superfície 
é também, freqüentemente, poroso, mas há variantes com revestimento impermeável com 
entradas pontuais para a camada de base porosa. São pavimentos que agem, normalmente, no 
controle do pico e volume do escoamento superficial, no controle da poluição difusa, e, 
quando infiltram a água no solo, promovem a recarga de águas subterrâneas. 
Os pavimentos porosos podem dividir-se em quatro tipos (Figura 11): 
• Pavimento poroso de infiltração e revestimento permeável 
• Pavimento poroso de infiltração e revestimento impermeável 
• Pavimento poroso de retenção e revestimento permeável ; e 
• Pavimento poroso de retenção e revestimento impermeável 
Estes quatro tipos encerram duas qualidades de absorção (injeção) e duas de 
esvaziamento (evacuação) da camada porosa. Nos pavimentos de infiltração a evacuação é 
vertical e difusa para dentro do solo enquanto que nos pavimentos de retenção ela é horizontal 
e direcionada para um exutório (rede pluvial existente, por exemplo). Quanto à absorção, 
tanto os pavimentos porosos de infiltração quanto de retenção podem ter ou uma injeção 
(entrada) difusa, através de um revestimento permeável, ou localizada, através de captações 
pontuais em um revestimento impermeável. Os pavimentos de retenção são usados sobre 
solos com pouca permeabilidade ou sensíveis à presença de água. 
 
 
Figura 11 – Tipos de pavimentos porosos (Azzout et al., 1994) 
Há três tipos básicos de revestimento superficial permeável : (a) asfalto poroso; (b) 
concreto poroso; e (c) blocos vazados de concreto. A principal diferença de (a) e (b) para os 
revestimentos de concreto e asfalto convencionais é a ausência de areia fina na sua 
composição e o fato de serem colocados sobre uma base granular, com filtros geotêxteis, 
evitando a migração de finos para esta base. 
 
Figura 12 – Pavimentos porosos (Urbonas e Stahre, 1993) 
No mercado europeu há a oferta de blocos alveolares em plástico como alternativa 
para reservação subterrânea em substituição à camada porosa com cascalho. O preço é maior 
mas há a vantagem de possuir umgrau de porosidade maior. 
Os pavimentos porosos são adequados para uso em vias de tráfego leve, 
estacionamentos, calçadões, praças e quadras de esporte. Promovem uma grande redução no 
pico dos escoamentos gerados na superfície e possuem vantagens adicionais de custo 
(comparada ao de uma rede pluvial convencional), conforto (menos ruído de tráfego, menos 
poças d’água, menor risco de aquaplanagem) e melhoria ambiental (filtração de poluentes 
leves e sedimentos finos e recarga do aquífero). As desvantagens incluem a colmatação das 
camadas permeáveis, o perigo de contaminação do freático, e a necessidade de manutenção 
regular especializada. 
Trincheira de Infiltração 
As trincheiras de infiltração são dispositivos lineares (comprimento extenso em 
relação à largura e à profundidade) que recolhem o excesso superficial para concentrá-lo e 
promover sua infiltração no solo natural. Existe uma variante, denominada trincheira de 
retenção, que é adaptada para solos pouco permeáveis, que direciona a saída de água para um 
exutório localizado. 
 
Figura 13 – Trincheira de infiltração e de retenção (Azzout et al, 1994) 
A trincheira é escavada no solo e preenchida com brita uniforme. Podem estar 
descobertas ou cobertas com grama ou com um revestimento permeável (é possível projetá-
las de forma a serem ‘invisíveis’ no arranjo urbanístico). As paredes e o topo são revestidas 
por um filtro geotêxtil para evitar penetração de sedimentos. A água recolhida infiltra pelas 
paredes e o fundo e exige que o solo tenha taxa de infiltração nem muito baixa, para que o 
tempo de esvaziamento não seja elevado, nem muito alta a ponto de contaminar o freático, por 
falta de filtragem no solo. 
 
Figura 14 – Trincheira de infiltração (Schueler, 1987) 
A trincheira de infiltração tem, portanto, a função precípua de abater descargas de pico 
de um escoamento superficial e promover a recarga do aquífero, mas outra importante função 
é a de promover o tratamento do escoamento pela infiltração no solo. Estes dispositivos não 
toleram uma captação de escoamentos com cargas altas de sedimentos, pois pode haver 
colmatação do solo e do filtro geotêxtil. Uma carga alta de poluição, por exemplo esgoto 
cloacal, não pode chegar na trincheira pela incapacidade dela em tratar isso por meio da 
infiltração no solo. Nestes casos, as trincheiras devem ter a montante estruturas de remoção de 
sedimentos, como de bacias de decantação ou faixas gramadas. Já os escoamentos muito 
poluídos devem ser desviados para conveniente tratamento ou despejo sem passar pelas 
trincheiras. 
As trincheiras de infiltração devem ser dispostas a montante do sistema pluvial 
convencional, como contorno de estacionamentos, por exemplo. Devem ser longas e estreitas 
e sua utilização não é recomendada em áreas industriais ou comerciais com pelo perigo de 
contaminação com substâncias químicas, pesticidas e derivados de petróleo. Nem devem ser 
posicionadas próximas a captações de água de poços. 
As maiores restrições ao seu emprego ocorrerão em locais com movimentos 
excessivos de terra (aporte significativo de sedimentos não previstos) e afluência indesejada 
de esgotos carregados com matéria orgânica o que é, infelizmente, comum em loteamentos, 
cujo tempo para as construções ficarem prontas e disporem de convenientes redes pluviais e 
cloacais é muitas vezes longo. 
A realidade urbana dos países em desenvolvimento tende a limitar o uso das 
trincheiras de infiltração a estacionamentos externos de edifícios residenciais e de 
empreendimentos comerciais como supermercados e shopping centers consolidados. É 
tipicamente um dispositivo de controle de escoamento e poluição para áreas consolidadas. 
 
Vala de Infiltração 
São depressões lineares gramadas do terreno concebidas para funcionar como 
pequenos canais onde o escoamento pluvial é desacelerado e infiltrado parcialmente no 
percurso, com o excesso destinado a uma rede pluvial convencional. A vala de infiltração 
pode incorporar pequenas barragens de desaceleração favorecedoras de infiltração (Figura 
15). 
 
Figura 15 – Vala de infiltração (Schueler, 1987) 
Existe uma variante, chamada de vala de retenção (Figura 16) que contém barragens, 
vedando praticamente toda a seção transversal, com a finalidade de abater o pico do 
escoamento, controlado por orifícios. São alternativas para solos pouco permeáveis. 
 
 
Figura 16 – Vala de retenção (Azzout et al., 1994) 
Em geral, as valas são apropriadas para lotes residenciais, loteamentos e parques, 
onde, em substituição a esgotamentos canalizados convencionais, evitam uma excessiva 
aceleração dos excessos pluviais e também uma maior produção em volume, se a área por eles 
ocupada fosse impermeabilizada. 
Os efeitos esperados das valas só são significativos para declividades menores de 5%. 
Nos países em desenvolvimento, espera-se maiores dificuldades de funcionamento destas 
valas, em função das altas intensidades de chuva, que poderão saturar rapidamente o solo e 
promover escoamentos maiores em volume e velocidade, anulando seu efeito. Para chuvas 
menos intensas, porém freqüentes, pode haver desconforto e perigos sanitários pela constante 
presença de água nas valas. 
Poço de Infiltração 
Os poços de infiltração são dispositivos pontuais que permitem a evacuação do 
escoamento superficial para dentro do solo. Construtivamente podem estar estruturados por 
um preenchimento com brita (meio poroso) ou por um revestimento estrutural fixando a 
parede interna e possibilitando o interior vazio. A Figura 17 ilustra o caso de um poço de 
infiltração preenchido, onde nota-se o isolamento da brita por um geotêxtil para evitar 
migração de finos para dentro ou para fora do poço. 
 
Figura 17 – Poço de infiltração preenchido com brita (Azzout et al., 1994) 
Mesmo se a camada superficial de solo é pouco permeável pode-se aprofundá-lo até 
atingir uma camada de solo permeável. Quando o lençol freático está a pouca profundidade, 
passa-se a chamar poço de injeção pois ele adentra o lençol freático (fala-se, neste caso, de 
injeção do escoamento superficial diretamente no freático).A Figura 18 apresenta o esquema 
comparativo entre um poço de infiltração e um poço de injeção. 
 
Figura 18 – Poço de infiltração e poço de injeção (Azzout et al., 1994) 
O poço de infiltração (ou de injeção) abatem o escoamento superficial de alguns 
milhares de m2. O escoamento pode ser direcionado diretamente ao poço ou receber 
contribuição de outras áreas através da conexão com um conduto pluvial. 
Representando uma técnica alternativa de redução e amortecimento de picos de 
escoamento superficial de uma área, os referidos poços integram-se muito bem às soluções 
urbanísticas pois ocupam pouco espaço e podem mesmo passar despercebidos se isto for uma 
escolha do projetista. A característica pontual fazem dos poços de infiltração ou injeção 
dispositivos por excelência para um controle distribuído dos excessos pluviais, permitindo 
uma economia significativa na construção de redes pluviais convencionais. Entretanto é 
preciso estar-se ciente da relativa pequena capacidade volumétrica de armazenamento dos 
poços. Em compensação associam-se muito bem a outras MCs (Figura 19). 
 
Figura 19 – Poço de infiltração com bacia de infiltração (Azzout et al., 1994) 
A recarga do freático pelos poços é uma vantagem que reequilibra o ciclo hidrológico 
urbano, mas por outro lado representa um risco de contaminação das águas subterrâneas. 
Como toda MC de infiltração, os poços não toleram grandes cargas de sedimentos e 
poluentes. Estes escoamentos muito poluídos devem ser desviados ou tratados previamente 
em estruturas especiais (com decantadores e filtros). 
Micro-reservatório 
Referem-se a pequenos reservatórios construídos para laminar as enxurradas 
produzidas em lotes urbanos residenciais e comerciaiscom área de até algumas centenas de 
m2. Em geral, são estruturas simples na forma de caixas de concreto, alvenaria ou outro 
material, ou são escavados no solo, preenchidos com brita, e isolados do solo por tecido 
geotêxtil (semelhante a uma trincheira). Os microrreservatórios podem ser de detenção 
(Figura 20), tendo neste caso um dispositivo de saída tipo orifício, que restringe a vazão 
efluente até um limite, ou de infiltração no solo (Figura 21). Em ambos, é preciso dispositivos 
de emergência para evacuação do excesso à vazão de projeto (vazão do orifício de saída ou de 
infiltração no solo). A cisterna é uma variante que não possui dispositivo de saída normal, 
apenas de emergência. 
Os microrreservatórios são MCs que normalmente respondem a uma necessidade de 
atendimento de uma restrição legal de produção de escoamento pluvial no lote, especificada 
geralmente na forma de uma vazão de restrição. Estas devem ser avaliadas em conjunto, no 
contexto da bacia, para que as vazões de cada local, quando transladadas até o exutório, não 
violem o limite para ela estabelecida como um todo. Os microrreservatórios para lotes com 
menos de 600 m2 não são comuns nos Estados Unidos e na Europa, mas tiveram maior 
aplicação na Austrália, com de volumes de reservação tipicamente entre 200 e 500 m3 por 
hectare (Nicholas, 1995). 
 
Figura 20 – Microrreservatório em alvenaria (Cruz et al, 1998) 
 
 
 
Figura 21 – Microrreservatório poroso enterrado (Schueler, 1987) 
 
Em países em desenvolvimento, os microrreservatórios podem vir a ser uma 
alternativa interessante, já que a densificação urbana não é um empecilho maior à sua 
implantação. Instalações industriais, residências, prédios públicos e escolas podem colher com 
estas estruturas os excessos pluviais dos telhados e retardarem a contribuição até a rede 
convencional, sem muitas adequações arquitetônicas ou urbanísticas. Até mesmo esforços de 
urbanização de favelas poderiam recomendar MCs deste tipo que, num primeiro momento, 
poderiam ser adaptações de caixas d’água comerciais. 
As desvantagens colocadas para regiões de maior pluviosidade seria a exigência de 
volumes de reservação mais significativos, para laminação de um evento de chuva com 
determinado risco. No aspecto sanitário, um cuidado especial no projeto e na limpeza dos 
microrreservatórios de detenção evitariam acúmulos de água e sujeiras por longo tempo, que 
poderiam favorecer o desenvolvimento de vetores de doenças tropicais. Qualquer 
microrreservatório (detenção ou infiltração) não toleraria aportes de escoamento muito 
poluído (esgoto cloacal, por exemplo) ou com muitos sedimentos. 
Telhado reservatório 
O telhado reservatório é uma MC compensatória da impermeabilização inevitável de 
uma cobertura de uma edificação. Age no sentido de laminar na própria estrutura de cobertura 
o escoamento pluvial nela gerado. Funciona como um reservatório que armazena 
provisoriamente a água das chuvas e a libera gradualmente para a rede pluvial, através de um 
dispositivo de regulação específico. Os telhados planos (na verdade, com pouca inclinação) 
são mais apropriados a este tipo de MC mas também há arranjos para telhados inclinados 
(Figura 22). 
 
Figura 22 – Telhados reservatório (Azzout, 1994) 
O preenchimento com cascalho para conforto térmico é apropriado para uso em 
telhados reservatório, mas o volume de armazenamento diminui (Figura 23). Há também 
variantes que associam o papel de telhado reservatório com o de telhado jardim, com um 
preenchimento com solo e plantas. 
 
Figura 23 – Telhados reservatório com cascalho (Azzout et al, 1994) 
É melhor projetar o telhado reservatório no momento do projeto arquitetônico da 
edificação, mas nada impede uma adaptação em obras existentes, basta fazer uma averiguação 
de cargas estruturais e resolver eventuais problemas de impermeabilização do teto. 
Como para outras MCs, as vantagens de um controle local do escoamento pluvial 
incluem economia na rede pluvial, diminuição de riscos de inundação no lote e uma 
conveniente adequação nas áreas urbanizadas, pois apenas agrega uma função a uma estrutura 
(telhado) que existiria de qualquer forma. Mas não se pode esquecer as desvantagens como o 
aumento da freqüência de manutenção do telhado, a restrição de uma inclinação máxima 
(2%), a maior dificuldade de adaptação de telhado já existente, um custo eventualmente alto 
demais, e a necessidade de executores especializados. 
Bacia de Detenção 
É um reservatório (on e off-line) mantido seco nas estiagens destinado a laminar os 
picos de escoamento superficial, liberando mais lentamente os volumes afluentes (Figura 24). 
Pode ser escavado ou materializado por uma pequena barragem de terra ou de concreto, 
aproveitando ou não depressões naturais do terreno. O fundo e taludes podem ser de terreno 
natural, de terreno escavado ou de concreto. Para seu correto funcionamento necessitam, a 
montante, de dispositivos como uma bacia de decantação e gradeamentos, contra a entrada de 
sedimentos e lixo. Na saída, além das estruturas da tomada d’água e tubulações, há um 
extravasor de emergência para verter vazões acima da de projeto. 
Em locais com altas intensidades de precipitação talvez seja necessário baixar o 
período de retorno de projeto, para a obra ser economicamente viável, mesmo que isso 
diminua a eficiência deste tipo de obra. Também uma grande freqüência de dias chuvosos 
prejudica o conceito de detenção pois para as chuvas médias o reservatório talvez nunca esteja 
vazio para recebê-las. Como as bacias de detenção não devem receber esgoto cloacal, em 
hipótese nenhuma, tais estruturas não são recomendáveis sem uma correta destinação dos 
esgotos domésticos à montante. Outro fator que não deve ser desconsiderado é a potencial 
proliferação de mosquitos em bacias de detenção. Sabendo-se o tempo necessário para o ciclo 
reprodutivo das espécies locais deve-se procurar tempos de detenção inferiores. A freqüência 
dos eventos chuvosos pode tornar o sistema de detenção um adequado e nocivo habitat para 
algumas espécies de mosquitos. 
 
 
Figura 24 – Bacia de detenção (Schueler, 1987) 
Uma variante assume as bacias de detenção como bacias de infiltração, neste caso 
definidas como áreas isoladas de terreno destinadas à função precípua de infiltração no solo 
dos excessos pluviais para ela destinados (Figura 25). Assemelha-se a uma bacia de detenção 
com a diferença de não haver um dispositivo de saída para esvaziamento deliberado. 
Evidentemente, para segurança, há um vertedor de emergência e, para preservação do fundo, 
um dreno enterrado no leito. As bacias de infiltração adequam-se a locais com solos 
permeáveis e com lençol freático profundo. 
 
Figura 25 – Bacia de infiltração (Schueler, 1987) 
As vantagens principais da bacia de infiltração são a da preservação do balanço 
hídrico local (com controle de picos para altos períodos de retorno), a do seu uso potencial 
como bacia de sedimentação durante a fase de construção do loteamento e ter um custo 
acessível. As desvantagens seriam sua inaplicabilidade para solos pouco permeáveis, 
necessidade de manutenção freqüente, presença de possíveis maus odores, potencial 
desenvolvimento de mosquitos e fundo constantemente embarrado, dificultando seu uso para 
lazer. Em regiões pluviosas estas desvantagens podem ser decisivas para sua não aplicação. 
Por outro lado, para garantir sua efetividade na remoção partículas poluentes solúveis e finas 
do escoamento afluente é preciso que este não seja excessivamente contaminado, seja por 
lixo, esgoto cloacal, sedimentos e outros poluentes. Como esta situação é comum em países 
em desenvolvimento, esquemas de tratamento a montante devem ser efetivos sob pena de 
inviabilizar a área de infiltração. 
A bacia de detenção ou de infiltração será menos eficiente e de uso mais restritoem 
situações de descontrole urbano que gera aportes demasiadamente poluídos e reduz áreas 
físicas para sua aplicação. De qualquer forma é uma estrutura que funciona bem integrada a 
um sistema que evite aporte de sedimentos, esgotos e lixo. Também é uma estrutura flexível 
quanto às suas dimensões podendo assumir tamanhos variados conforme a área controlada e o 
objetivo de seu posicionamento no sistema de drenagem. No Brasil, os exemplos ainda são 
preferencialmente de aplicação na macrodrenagem (Belo Horizonte e São Paulo) e pouco 
existe em menor escala, dentro de loteamentos. Em São Paulo há um programa de 
implantação de várias bacias de detenção na macrodrenagem (piscinões), como medida 
corretiva, face aos gravíssimos problemas de enchentes urbanas. 
Bacia de Retenção 
É um reservatório construído para não secar entre uma enxurrada e outra, retendo água 
permanentemente em uma parcela do seu volume (Figura 26). São estruturas destinadas não 
só para o controle de cheias mas também para melhorar a qualidade da água das enxurradas. 
O reservatório não se esvazia e um parâmetro básico é o tempo de residência (2 e 4 semanas). 
 
Figura 26 – Bacia de retenção (Schueler, 1987) 
Assim como para as bacias de detenção, há restrições de espaço e sanitárias, pois a 
contaminação por sedimentos, lixo e esgotos cloacais pode provocar efeitos muito danosos, 
notadamente pela proliferação de mosquitos vetores de doenças como malária, dengue e febre 
amarela e de ratos que transmitem a leptospirose. Assim são necessárias estruturas de 
retenção de lixo e desvio de redes de esgotos cloacais. No que diz respeito especificamente 
aos mosquitos um esquema especial de gestão da estrutura deve ser montado, possivelmente 
com esvaziamentos forçados em épocas críticas de desenvolvimento de mosquitos perigosos à 
saúde pública. 
Bacia Subterrânea 
A bacia subterrânea ou enterrada é uma espécie de tanque estanque construído abaixo 
do solo (com paredes em concreto impermeável), permitindo o aproveitamento da superfície 
para outro fim, como por exemplo, uma praça, área verde gramada ou terreno de esporte 
(Figura 27). Há outros tipos que são escavadas no solo e preenchidas com material poroso 
estrutural (brita, por exemplo). Em geral, a bacia subterrânea funciona como uma bacia de 
detenção impermeável a céu aberto. Portanto, abate o escoamento pluvial nela introduzido por 
efeito de laminação controlado na saída por orifício e válvula no fundo. Nas bacias 
subterrâneas em concreto também há um vertedor de extravasamento para segurança da obra. 
 
Figura 27 – Bacia subterrânea (STU, 1993) 
A bacia subterrânea deve estar equipada com dispositivos de proteção contra poluição 
e aporte de sólidos (sedimentos e lixo). Mesmo assim, pode haver emanação de gases tóxicos 
e dispositivos contra isto devem ser previstos. De qualquer forma, a bacia subterrânea é uma 
estrutura que exige uma limpeza após cada utilização. Isto pode restringir sua aplicação em 
regiões com precipitação freqüente. 
Condutos de Armazenamento 
O aumento deliberado das dimensões dos constituintes de um sistema pluvial 
tradicional caracteriza este tipo de MC (aumento do diâmetro de condutos e da capacidade de 
sarjetas). Além do aumento das dimensões dos próprios condutos podem ser buscadas 
soluções que adaptem poços de visita e bocas-de-lobo para que funcionem como 
microrreservatórios de amortecimento. 
Faixa gramada 
São faixas de solo gramadas ou arborizadas concebidas para desacelerar e infiltrar 
parcialmente escoamentos laminares provenientes das superfícies impermeáveis urbanas 
(estacionamentos e outras superfícies) mas pode ter sua aplicação associada em outras 
situações. Na macrodrenagem assumem o papel de zona de escape para enchentes. 
As faixas menores, como as indicadas para estacionamentos, devem situar-se a 
montante do sistema de drenagem. Do ponto de vista do controle pluvial é um componente 
que diminui significativamente a velocidade do escoamento superficial, mas não reduz 
grandemente seu pico, sendo o seu principal benefício a remoção de partículas poluentes 
como sedimentos finos, matéria orgânica e traços de metais. Na pequena escala, as faixas 
gramadas são MCs de aplicação em lotes e loteamentos, no entorno de superfícies 
impermeabilizadas ou associadas a outras MCs como, por exemplo, um pavimento poroso. 
O caráter linear das faixas gramadas (dimensiona-se a largura, mas o comprimento é 
livre) permite uma grande flexibilidade de arranjos espaciais. Para garantir o escoamento 
laminar é recomendável associar um difusor (Figura 28) que pode ser uma pequena valeta ou 
uma pequena soleira. 
Em uma escala maior as faixas gramadas ou arborizadas encaixam-se muito bem 
arquitetonicamente nas margens dos arroios de macrodrenagem. Neste caso, além de 
destinarem-se a amortecerem cheias freqüentes, podem assumir o papel adicional de parque 
linear, para lazer e prática esportiva da população e prevenção contra invasões. 
 
Figura 28 – Faixa gramada (Mecklenburg,1996) 
4.6.4 Vantagens agregadas das MCs 
Até aqui ressaltou-se que as MCs são concebidas para reduzir ou retardar o 
escoamento pluvial de áreas urbanas, sendo esta sua vantagem principal, pois menos 
escoamento precisa ser evacuado para uma rede pluvial ou uma rede de arroios urbanos. 
Entretanto, como as MCs representam, pelo seu funcionamento, um retorno a um ciclo 
hidrológico mais natural no meio urbano, é possível detectar vantagens agregadas na 
redistribuição da água e no paisagismo (Tabela 10). Neste sentido, pode ser vista como 
positivo em áreas urbanas, a realimentação do lençol freático, a maior disponibilidade de água 
para crescimento de vegetação e a possibilidade de melhoria paisagística com espelhos d’água 
e cinturões verdes. Outra vantagem prática é a possibilidade da MC possuir um 
comportamento hidráulico autônomo, no sentido de não precisar de uma gestão operativa. Há 
também casos em que as MCs assumem papéis secundários ou paralelos benéficos. 
Tabela 10 – Vantagens agregadas das MCs 
Medida de Controle (MC) Vantagens agregadas 
Realimentação do freático 
Umidade para vegetação 
Composição paisagística aquática 
Composição paisagística verde 
Comportamento hidráulico autônomo 
Função benéfica paralela 
Pavimento Poroso Contribui para recarga do lençol freático e para a umidade do solo, 
mas variante, que usa exutório, não. Não contribui para paisagismo 
aquático ou verde. É hidraulicamente autônomo. O revestimento 
superficial poroso evita empoçamentos, projeções d’água e a 
aquaplanagem de veículos, além de reduzir ruídos do tráfego. Há 
maior visibilidade das marcas pintadas na pista. 
Trincheira de infiltração Contribui para recarga do lençol freático e para a umidade do solo, 
mas a variante de retenção contribui menos. Integra bem a paisagem 
verde quando recoberta por grama. Hidraulicamente autônoma. 
Vala de infiltração Idem acima exceto pelo funcionamento hidráulico que requer 
supervisão. 
Poço de Infiltração Recarrega significativamente o freático. Menos efeito na 
contribuição à umidade do solo (obra pontual). Funcionamento 
hidráulico autônomo. 
Microrreservatório Quando projeto permite infiltração no solo contribui para recarga do 
freático e para a umidade do solo. Funcionamento hidráulico 
automático. Os microrreservatórios tipo cisterna podem agregar 
função de reserva adicional de água para incêndio, lavagem de carro, 
irrigação de jardim e outros usos domésticos e industriais. 
Telhado reservatório O projeto pode incorporar a função de jardim e assim também 
contribuir para o paisagismo verde. 
Bacia de detenção Se o projeto contempla leito permeável, contribui para recarga do 
lençol freático e umidade do solo. As bacias de detenção em geral 
integram-se facilmente em um paisagismo verde, com plantio de 
gramados e árvores. Assumem a funçãobenéfica paralela de ser um 
espaço verde de lazer, de passeio e prática de esportes. 
Bacia de retenção Se o projeto contempla leito permeável, contribui para recarga do 
lençol freático e umidade do solo. Com leito estanque, não há 
contribuição ao freático, mas margens tem umidade para receber 
vegetação. As bacias de retenção em geral integram-se facilmente 
em um paisagismo aquático e mesmo a um paisagismo verde se 
margens receberem vegetação e não materiais inertes como cascalho. 
Gestão hidráulica pode ser desnecessária em função da variação de 
níveis de projeto e do tratamento e declividade das margens. Oferece 
funções complementares de pesca, passeios aquáticos, passeios nas 
margens e outros. 
Bacia subterrânea Obra discreta com funcionamento hidráulico autônomo, mas 
dispositivos de emergência e aeração requerem gestão e manutenção. 
Podem agregar função de reserva adicional de água para incêndio, 
lavagem de ruas e praças, irrigação de jardim, alimentação de 
chafarizes e outros usos públicos. 
Condutos de armazenamento São discretas e possuem funcionamento hidráulico autônomo, mas 
dispositivos de emergência e aeração requerem gestão e manutenção. 
Faixas gramadas Contribui para recarga do lençol freático e para a umidade do solo. 
Integra bem a paisagem verde. Hidraulicamente autônoma. Pode ser 
espaço verde de lazer e passeio e, dependendo das dimensões, local 
de prática de esporte. 
 
4.6.5 Efeito ambiental das MCs 
Muitas MCs tem um efeito ambiental que é deliberadamente benéfico na sua 
concepção, principalmente aquelas que promovem a infiltração do escoamento no solo. Isto 
quer dizer que podem realizar um certo tratamento ou retenção de poluentes e sedimentos em 
escoamentos pluviais não excessivamente carregados por estes, nem contaminados por 
esgotos cloacais. 
Pode haver, entretanto, efeitos ambientais deletérios, geralmente ligados à proliferação 
de vetores de doenças, se o projeto e a gestão da obra for deficiente. 
A Tabela 11 abaixo resume os efeitos esperados nas diversas MCs. 
Tabela 11 – Efeito ambiental das MCs 
Medida de Controle (MC) Efeitos ambientais (positivos e negativos) : 
Retenção de poluentes (+) 
Retenção de sedimentos finos (+) 
Retenção indesejada de poluentes, lixo ou sedimentos (-) 
Proliferação de mosquitos (-) 
Proliferação de vetores ligados ao lixo (-) 
Pavimento Poroso Age positivamente ao filtrar na camada porosa e no solo os 
escoamentos fracamente poluídos. 
Trincheira de infiltração Efeito positivo ao tratar escoamentos levemente poluídos por 
infiltração na estrutura porosa e no solo. 
Vala de infiltração Favorece tratamento de escoamentos levemente poluídos por 
infiltração no solo. Em valas de retenção evitar períodos inundados 
compatíveis com a proliferação de mosquitos. 
Poço de Infiltração idem à trincheira de infiltração 
Microrreservatório O escoamento vindo dos telhados é tratado por microrreservatórios 
de infiltração. Os reservatórios tipo ‘caixa d’água’ e cisternas 
precisam de limpeza constante e serem bem vedados para evitar 
riscos sanitários. O ideal é mantê-los secos. 
Telhado reservatório A estagnação de águas por entupimento da saída pode favorecer a 
proliferação de mosquitos. 
Bacia de detenção Esta estrutura não deve ser implantada se dispositivos de retenção de 
poluição, sedimentos e lixo significativos não puderem ser 
implantadas ou uma limpeza muito freqüente não puder ser 
sustentada. Grande risco de proliferação de vetores ligados ao lixo. 
Por outro lado trata eventual poluição leve pela infiltração no solo. 
Bacia de retenção Idem anterior acrescentando-se o problema de uma provável 
proliferação de mosquitos em função do espelho d’água. 
Bacia subterrânea Problemas análogos aos da bacia de detenção. 
Condutos de armazenamento Pode haver retenção indesejada de poluentes, lixo ou sedimentos. 
Faixas gramadas São benéficas no tratamento do escoamento pluvial fracamente 
poluído, como o de um estacionamento. 
 
4.6.6 Pré-dimensionamento das MC 
Este item trata do pré-dimensionamento de algumas medidas de controle (MC), 
considerando somente o aspecto quantitativo de retenção e/ou redução do escoamento 
superficial. São apresentados procedimentos básicos gerais e fórmulas para pré-
dimensionamento hidráulico. 
A capacidade de algumas MCs em tratar em certo grau a poluição leve e de reter 
algum sedimento, em baixas taxas, não é levada em conta diretamente nos pré-
dimensionamentos apresentados, mas isto pode ocorrer se for forçado um tempo de residência 
ou esvaziamento da ordem de 2 a 3 dias. 
Os procedimentos de pré-dimensionamento indicados a seguir consideram as seguintes 
premissas : 
• As MCs de infiltração (pavimento poroso, micro-reservatório infiltrante, e trincheira, vala, 
poço e bacia de infiltração) promovem infiltração no solo de todo o excesso pluvial a elas 
destinado (portanto, as áreas por elas controladas terão escoamento superficial nulo, para 
o período de retorno de projeto); 
• As MCs de armazenamento sem infiltração no solo (incluindo bacias de detenção e 
retenção com leitos considerados impermeáveis) serão dimensionadas para liberar o 
escoamento máximo equivalente à vazão de pré-desenvolvimento. 
As MCs de armazenamento com infiltração no solo (bacias de detenção e retenção 
com leitos considerados permeáveis) serão dimensionadas para liberar o escoamento máximo, 
sendo a infiltração no solo usada para diminuir as dimensões da MC (portanto, mesmo com 
esta infiltração, as áreas por ela controladas, terão escoamento superficial de projeto para o 
período de retorno de projeto). 
Em resumo, na análise do escoamento gerado por um empreendimento onde há áreas 
controladas por MCs e áreas não controladas, é preciso verificar se o conjunto do 
empreendimento gera, no máximo, a vazão de pré-desenvolvimento. Pode haver áreas não 
controladas que gerem mais do que vazão de pré-desenvolvimento, mas isto deve ser 
contrabalançado pelas áreas controladas pelas MCs. 
As vazões das áreas não controladas devem ser calculadas pelo método racional. 
Os pré-dimensionamentos das MCs são feitos pelo método das curvas de massa 
(volumes acumulados no tempo) afluente e efluente. A máxima diferença entre as duas curvas 
é o volume de pré-dimensionamento. A curva afluente é calculada com base na curva IDF 
expressa em volume acumulado sobre o dispositivo, reduzido por coeficientes de escoamento, 
enquanto que a curva efluente é admitida como uma reta, isto é, considera-se uma vazão de 
saída constante do dispositivo (saída por infiltração no solo e/ou liberada para um exutório). 
5. DRENAGEM URBANA MODERNA E OUTRAS FUNÇÕES URBANAS 
5.1 Ocupação do solo e a drenagem urbana 
Atualmente mais de 80% da população brasileira é urbana. O crescimento da 
população urbana tem sido acelerado nas últimas décadas no Brasil (Tucci, 2002). Este 
crescimento gerou grandes metrópoles na capital de cada Estado brasileiro, que possuem um 
núcleo principal e várias cidades circunvizinhas, resultado da expansão deste crescimento. As 
taxas de crescimento populacional baixaram no todo, mas se há uma taxa pequena de 
crescimento na cidade núcleo da região metropolitana, por outro lado há aumento da taxa de 
crescimento na sua periferia e em cidades que são pólos regionais de crescimento. 
Tucci (2002) comenta que cidades acima de 1 milhão crescem a uma taxa média de 
cerca de 1 % anual, enquanto os núcleos regionais como cidades entre 100 e 500 mil, crescem 
a taxa de quase 5%. Portanto, todos os processos inadequados de urbanização e impacto 
ambiental que se observaram nas regiões metropolitanas estão se reproduzindo nestas cidades 
de médio porte. Este crescimento urbano tem sido caracterizado por expansão irregular de 
periferia com pouca obediência da regulamentação urbana relacionada com o Plano Diretor e 
normas específicasde loteamentos, além da ocupação irregular de áreas públicas por 
população de baixa renda. Esta tendência dificulta o ordenamento das ações não-estruturais do 
controle ambiental urbano. Um dos graves problemas neste processo de desenvolvimento 
urbano resulta da expansão, geralmente irregular, que ocorre sobre as áreas de mananciais de 
abastecimento humano, comprometendo a sustentabilidade hídrica das cidades. 
O crescimento urbana dá-se dentro de um quadro sócio-econômico difícil, envolvendo 
população e administração pública. Tucci (2002) aponta causas deste tipo para explicar o 
ciclo de contaminação das águas urbanas, entre elas : 
• pequena renda econômica de parte importante da sociedade, agravada nos períodos 
de crise econômica e desemprego significativo; 
• falta de planejamento e investimento público no direcionamento da expansão 
urbana: como o preço da infra-estrutura exigida para o lote é inferior ou próximo 
do valor de mercado do próprio lote (empreendimentos de baixa renda), a mesma 
não é realizada ficando para o poder público o ônus da regularização e 
implementação futura da infra-estrutura; 
• medidas restritivas incompatíveis com a realidade brasileira. A proteção de 
mananciais gerou legislações restritivas que condicionaram a desobediência. Estas 
leis impedem o uso das áreas de mananciais sem que o poder público compre a 
propriedade. O proprietário é penalizado por possuir esta área, já que na maioria 
das vezes deve continuar pagando imposto e ainda preservar a área quase intacta. 
A desobediência acaba ocorrendo devido ao aumento do valor econômico das 
áreas circunvizinhas. Observou-se em algumas cidades a invasão destas áreas por 
população de baixa renda por convite dos proprietários, como um meio de 
negociar com o poder público. 
Observa-se assim uma cidade legal e uma cidade ilegal que necessita de ordenamento, 
controle e de políticas mais realistas quanto às áreas de mananciais e de riscos de inundação. 
Evidentemente que a drenagem urbana moderna precisa da reversão deste quadro. A 
reversão total e imediata é difícil, mas é preciso iniciá-la. Dentre os instrumentos básicos, 
temos principalmente leis municipais alusivas ao uso e ocupação do solo (Plano Diretor) e 
códigos associados. 
Seria interessante que o disciplinamento do uso e ocupação do solo, no âmbito de uma 
configuração urbanística da cidade como um todo, considerasse efetivamente: 
• Planejamentos conjuntos com a macro e a micro-drenagem de toda a área urbana; 
• Impactos hídricos na proposição dos zoneamentos de índices de ocupação por 
edificações; 
• A importância de combater solos expostos (sujeitos à erosão) e terraplanagens 
descontroladas; 
• Proteção inteligente de áreas verdes, com ou sem mananciais (ver observações de 
Tucci, 2002, mais acima). 
Por exemplo, se um princípio a ser obedecido é não transferir enchentes para jusante, 
o disciplinamento do uso e ocupação do solo, poderia atuar na redução dos índices de 
impermeabilização, sugerindo o uso de dispositivos (ações estruturais) de infiltração ou de 
reservação. Um recente decreto em Porto Alegre regulamenta o uso de estruturas de detenção. 
5.2 Coleta e tratamento de esgotos cloacais e a drenagem urbana 
A falta de coleta de esgotos, mesmo com o uso de fossas sépticas, que via de regra não 
têm manutenção, é um grave problema para as águas urbanas pelas cargas in natura 
significativas liberadas. Havendo sistema de coleta de esgotos, mas sem tratamento na ponta, 
o saneamento local ocorre, mas grandes cargas poluidoras são lançadas nos mananciais. 
Somente a coleta com tratamento pode preservar as águas urbanas intra-muros e dos 
mananciais externos. 
Em síntese, tal situação torna redes pluviais em arremedos de sistemas mistos, 
conduzindo esgotos cloacais e pluviais juntos, e deteriora expressivamente a qualidade de 
córregos e rios da macrodrenagem, que muitas vezes são enterrados para sumir da paisagem 
urbana. 
Tucci (2002) diagnostica que o desenvolvimento das cidades tem sido realizado com 
baixa cobertura de redes de coleta de esgoto, além da quase total falta de tratamento de 
esgoto. Inicialmente, quando a cidade tem pequena densidade, é geralmente utilizada a fossa 
séptica para disposição do esgoto. A medida que a cidade cresce e o poder público não investe 
no sistema, a saída do esgoto das propriedades são ligadas à rede de esgotamento pluvial sem 
nenhum tratamento. Este escoamento converge para os rios urbanos e o sistema fluvial de 
jusante, gerando os conhecidos impactos na qualidade da água. Nos últimos anos, as empresas 
de saneamento têm investido em redes de coleta de esgoto e estações de tratamento, mas a 
parcela do volume gerado pelas cidades que efetivamente é tratado antes de chegar ao rio é 
ainda muito pequena. 
Algumas das questões são as seguintes, prossegue Tucci (2002): 
• Quando as redes de esgoto são implementadas ou projetadas não tem sido prevista 
a ligação da saída das habitações ou condomínios às redes. Desta forma as redes 
não coletam o esgoto projetado e as estações não recebem o esgoto para o qual têm 
a capacidade. O esgoto continua escoando pelo sistema pluvial para os rios e o 
impacto ambiental continua alto ; parece evidente que os investimentos públicos 
são realizados de forma inadequada, atendendo apenas às empresas de engenharia 
(obras) e não à sociedade que aporta os recursos; 
• Como uma parte importante das empresas de saneamento já cobra pelo serviço de 
coleta e tratamento, mesmo sem que o tratamento seja realizado, qual será o 
interesse das mesmas em completar a cobertura de coleta e tratamento do esgoto? 
• Quando for implementado o sistema de cobrança pela poluição quem irá ser 
penalizado pela poluição gerada? Será novamente a população? 
Existe atualmente um impasse sobre a concessão dos serviços de água e esgoto que 
tem imobilizado o financiamento e a privatização do setor. A Constituição Federal previu que 
a concessão dos serviços de água e esgoto pertence aos municípios, enquanto que as empresas 
de água e saneamento geralmente são estaduais. Como as mesmas não detêm a concessão, o 
seu valor econômico fica reduzido no mercado de privatização (Tucci, 2002). 
5.3 Coleta e disposição do lixo e a drenagem urbana 
Em sociedades não desenvolvidas uma quantidade enorme de lixo é carreada para os 
sistemas de drenagem. Isto ocorre porque o sistema de coleta de lixo não abrange toda a 
cidade e mesmo nos locais com coleta parte da população costuma jogar lixo em vias públicas 
e terrenos baldios. Desta forma o sistema de arroios da cidade é praticamente transformado 
em vias de condução de lixo com direção a outros mananciais. Na microdrenagem existente, 
os sistemas de bocas-de-lobo e condutos pluviais são obstruídos, causando alagamentos e 
retenções de lixo indesejadas. 
Segundo Tucci (2002), a produção de lixo no desenvolvimento urbano passa a ser 
significativa em estágios intermediários e finais. No estágio final praticamente todas as 
superfícies urbanas estão consolidadas e apenas resulta a produção de lixo urbano, como 
parcela significativa de resíduo sólido, com a parcela de sedimentos reduzida a áreas de 
construção ou sem cobertura consolidada. Assim, neste estágio final, os sólidos totais que 
chegam à drenagem são devido à freqüência e cobertura da coleta de lixo, freqüência da 
limpeza das ruas, forma de disposição do lixo pela população e freqüência da precipitação. 
A produção de lixo coletada no Brasil é da ordem de 0,5 a 0,8 kg/pessoa/dia, mas não 
existem informações sobre a quantidade de lixo que fica retida na drenagem. Mesmo a nível 
internacional as informações são reduzidas. Em San José, Califórnia o lixo que chega na 
drenagem foi estimado em 2 kg/pessoa/ano. Após a limpeza das ruas resultam quase 1 
kg/pessoa/ano na rede. Para o Brasil este volume deve ser maior, considerandoque muitas 
vezes a drenagem é utilizada como destino final de resíduos sólidos. 
Na última década houve um visível incremento de lixo urbano devido as embalagens 
plásticas que possuem baixa reciclagem. Os rios e todo o sistema de drenagem ficam cheios 
de garrafas tipo PET, além das embalagens de plásticos de todo o tipo. 
Além da coleta de lixo domiciliar, o poder público deveria criar um serviço de 
remoção sistemática de sedimentos e lixo acumulados nos arroios; este serviço teria grande 
visibilidade e publicidade para funcionar também como um fator de conscientização dentro da 
educação ambiental (Silveira, 2002). 
5.4 Controle da erosão e sedimentos e a drenagem urbana 
Os sedimentos, assim como o lixo, são resíduos sólidos de alto impacto na cidade e na 
rede de drenagem urbana. As diferenças básicas são : 
• As produções de sedimentos e lixo variam distintamente com os estágios de 
desenvolvimento urbano; 
• Na cidade organizada há melhor controle do lixo, em relação aos sedimentos, que 
chega às ruas e sistemas de drenagem. 
Segundo Tucci (2002), no desenvolvimento urbano são observados alguns estágios 
distintos da produção de material sólido na drenagem urbana, que são os seguintes: 
• No estágio inicial quando ocorre modificação da cobertura da bacia pela retirada da 
sua proteção natural, o solo fica desprotegido e a erosão aumenta no período 
chuvoso, aumentando também a produção de sedimentos. Exemplos desta situação 
são: enquanto um loteamento é implementado o solo fica desprotegido; da mesma 
forma na construção de grandes áreas ou quando o loteamento os lotes são 
construídos ocorre também grande movimentação de terra, que é transportada pelo 
escoamento superficial. Nesta fase existe predominância do sedimentos e pequena 
produção de lixo; 
• No estágio intermediário: parte da população está estabelecida, ainda existe 
importante movimentação de terra devido a novas construções e a produção de lixo 
da população se soma ao processo de produção de sedimentos. 
• No estágio final: nesta fase praticamente todas as superfícies urbanas estão 
consolidadas e apenas resulta produção de lixo urbano, com menor parcela de 
sedimentos de algumas áreas de construção ou sem cobertura consolidada. 
Entretanto, se pensarmos que as cidades brasileiras sempre possuem muitas áreas em 
grande atividade de movimento de terra em obras privadas e públicas, no cômputo global da 
cidade, tem-se uma produção que não declina como nos países desenvolvidos. Isto gera 
aproximadamente de 1 a 2 kg/pessoa/dia de sedimentos numa bacia (Silveira, 2002). 
Não há sistema de coleta sistemática de sedimentos, fora o varrimento de pequenas 
quantidades em clima seco, depois que maiores quantidades são carreadas pela chuva. As 
dragagens são feitas só de modo eventual. 
Segundo Tucci (2002) as principais consequências ambientais da produção de 
sedimentos é : 
 
• assoreamento das seções dde canalizações da drenagem, com redução da capacidade 
de escoamento de condutos, rios e lagos urbanos. A lagoa da Pampulha (em Belo 
Horizonte) é um exemplo de um lago urbano que tem sido assoreado. O arroio 
Dilúvio em Porto Alegre, devido a sua largura e pequena profundidade, durante as 
estiagens, tem depositado no canal a produção de sedimentos da bacia e criado 
vegetação, reduzindo a capacidade de escoamento durante as enchentes. Na tabela 5 
são apresentados alguns valores de produção de sedimentos de cidades brasileiras; 
• transporte de poluente agregado ao sedimento, que contaminam as águas pluviais. 
5.5 Limpeza das ruas e a drenagem urbana 
A limpeza das ruas, varrição, lavagem e remoção de entulhos, têm reflexo direto na 
eficiência da drenagem urbana. A presença de lixo e sedimentos em áreas públicas por 
deficiências de limpeza urbana afetam quali-quantitativamente a drenagem urbana. Pode 
provocar obstrução e entupimento de condutos e sarjetas, assoreamento de reservatórios de 
detenção, canais, galerias e arroios. O prejuízo principal esperado é a ineficiência das obras de 
drenagem e o aparecimento de alagamentos pontuais. Em termos de qualidade da água, a 
deficiência de limpeza urbana favorece a distribuição difusa de poluentes agregados a finos e 
sedimentos, incluindo poluentes químicos e orgânicos da vida urbana (tráfego, por exemplo). 
Também a falta de limpeza favorece a poluição orgânica de dejetos domésticos e esgotos 
cloacais sem coleta, assim como de dejetos animais. Qualquer acúmulo de lixo, sedimentos e 
matéria orgânica nas ruas propicia a proliferação de muitos vetores de doenças. Os primeiros 
25 mm de escoamento superficial geralmente transportam grande parte da carga poluente de 
origem pluvial (Schueller, 1987). 
5.6 Setor de meio-ambiente e a drenagem urbana 
A urbanização altera radicalmente a ocupação do solo para satisfazer a necessidade do 
desenvolvimento humano. Entretanto muitas das práticas urbanísticas são feitas pagando o 
preço de um desequilíbrio ambiental muito grande. Se, de um lado, é praticamente inviável a 
manutenção dentro da cidade de todos os ecossistemas naturais, por outro, muito poderia ser 
feito para minimizar os impactos. 
Nos moldes de hoje, já vimos que a urbanização provoca desequilíbrio do ciclo 
hidrológico e isto pode ser combatido com enfoque adequado da drenagem. Outro tipo de 
desequilíbrio está ligado ao balanço de energia e é chamado de “ilha de calor”. As superfícies 
e edificações urbanas (asfalto, concreto, alvenarias, telhados) irradiam para o ar a energia 
solar absorvida, aumentando a temperatura ambiente. Tucci (2002) alerta que o asfalto, 
devido a sua cor, absorve mais energia da radiação solar do que as superfícies naturais e o 
concreto. A medida que as superfícies de concreto envelhecem tendem a escurecer e a 
aumentar a absorção de radiação solar. Isto combinado com uma drenagem urbana que afasta 
rapidamente do meio urbano as águas das chuvas (além disso, fazendo-as circular em 
condutos enterrados) agrava mais ainda a “ilha de calor” porque tira a oportunidade da água 
circulante no meio urbano em absorver parte do calor. Ou seja, a urbanização impermeabiliza, 
uma drenagem urbana equivocada livra rapidamente os excessos pluviais gerados, fazendo 
com que a água, com seu alto calor específico, não participe do balanço energético, 
principalmente nos períodos de estiagem. Em contrapartida, as águas fluviais afastadas 
rapidamente penetram com temperaturas mais frias nos corpos d’água receptores. 
O aumento de temperatura também cria condições de movimento de ar ascendente que 
pode gerar aumento de precipitação. Silveira (1997) mostra que a parte central de Porto 
Alegre apresenta maior índice pluviométrico que a sua periferia, atribuindo essa tendência à 
urbanização. Como na área urbana as precipitações críticas são as mais intensas e com baixa 
duração, estas condições contribuem para agravar as enchentes urbanas. 
A drenagem urbana com preceitos ambientais contribui para minimizar esses efeitos 
porque é favorável à manutenção de córregos naturais e ao armazenamento em bacias de 
detenção. O incentivo à utilização de superfícies permeáveis, mesmo as não vegetadas, retém 
mais a água e sua capacidade de absorção de calor por mais tempo no perímetro urbano. 
Fora a questão hídrica quantitativa e o excesso de calor ambiente, é evidente que há 
muitas questões ambientais ligadas à urbanização. A substituição ou modificação de 
ecossistemas é muitas vezes inevitável. Entretanto, há impactos que devem ser combatidos. A 
drenagem urbana não deve ser vetor de distribuição de esgotos in natura. Os esgotos cloacais 
devem ter coleta e tratamento independentes. Tem-se que ter como meta também o tratamento 
dos esgotos pluviais. A rede de drenagem pluvial pode contaminar o solo através de perdas de 
volume no seu transporte e até por entupimento de trechos da rede que pressionama água 
contaminada para fora do sistema de condutos. 
5.7 Sistema viário e a drenagem urbana 
Sistemas viários com ruas não revestidas contribuem com alta carga de sedimentos. 
5.8 Saúde coletiva e a drenagem urbana 
São várias as doenças de veiculação hídrica. Elas podem ocorrer devido (Tucci, 2002) 
: (a) a falta de água segura de abastecimento da população, que envolve o abastecimento de 
água, sendo a diarréia a doença mais freqüente; (b) as doenças que dependem da higiene das 
pessoas, relacionada com a sua educação; (c) as doenças relacionadas com o ambiente e a 
disposição da água, como a malária, dengue e esquistossomose, entre outras; (d) doenças 
relacionadas com as inundações como a leptospirose, que é a contaminação da urina do rato 
na água de inundação. 
A drenagem mal feita pode favorecer várias dessas doenças. 
5.9 Educação ambiental e a drenagem urbana 
A falta de participação popular na busca de soluções para que a drenagem urbana seja 
sustentável é um dos maiores empecilhos para o sucesso de medidas de controle pluvial 
modernas, sejam elas medidas estruturais ou não estruturais. Esta participação popular, em 
países democráticos, depende normalmente de dois fatores : (a) vontade e capacidade de auto-
organização dos moradores e (b) abertura de canais reais de comunicação direta por parte da 
administração municipal. Assim estabelece-se um caminho de duas vias, com a administração 
municipal comunicando-se com os moradores e vice-versa. Isto pode evoluir até uma forma 
de democracia participativa ou direta para definição das obras de drenagem urbana 
prioritárias. O nível de informação técnica e de educação ambiental de todos aumentaria. 
A falta de participação popular conduz à repetição de erros anteriores na solução dos 
problemas de drenagem, ao descrédito na ação pública, e ao desprezo pela questão ambiental. 
A aceitabilidade popular de um novo conceito que é a sustentabilidade ambiental é 
fundamental para o sucesso das medidas de controle pluvial. Evidentemente, a maior 
dificuldade deste processo são as grandes diferenças dos níveis educacionais, em um sentido 
amplo, da população da cidade. Moradores pobres em áreas mal atendidas por serviços 
públicos tendem naturalmente a desprezar tudo que é público. 
Neste sentido, programas de educação ambiental são úteis, entretanto, não há ainda 
uma maneira objetiva de avaliá-los. Só se sabe que ela visa conscientizar o cidadão de que é 
possível harmonizar os espaços urbanos com o meio ambiente e que o sistema de drenagem 
pode ser concebido para valorizar os córregos naturais e áreas verdes, evitando inundações ; 
os arroios urbanos devem deixar de ser vistos como depósitos de lixo e dejetos e passar a 
integrar espaços abertos de convivência civil ; para isso as ações estruturais não devem ter 
como regra erradicá-los (substituídos por galerias subterrâneas) da paisagem urbana. 
6. PLANO DIRETOR DE DRENAGEM URBANA 
6.1 A drenagem e o gerenciamento das águas urbanas 
Segundo Tucci (2002), a estrutura institucional é a base do gerenciamento dos 
recursos hídricos urbanos e da sua política de controle. A definição institucional depende dos 
espaços de atribuição da organização do país, sua inter-relação tanto legal como de gestão 
quanto a água, uso do solo e meio ambiente. 
O espaço geográfico de gerenciamento abrange dois contextos espaciais diferentes : 
• Impactos que extrapolam o município, ampliando as enchentes e contaminando a 
jusante os sistemas hídricos como rios, lagos e reservatórios. Este tipo de impacto é 
a resultante das ações dentro da cidade, que são transferidas para o restante da bacia. 
Para o seu controle podem ser estabelecidos padrões a serem atingidos e geralmente 
são regulados por legislação ambiental e de recursos hídricos federal ou estadual; 
• Impacto dentro das cidades, que atingem a sua própria população; o controle neste 
caso é estabelecido através de medidas desenvolvidas dentro do município através 
de legislação municipal e ações estruturais específicas. 
6.2 Plano Diretor de Drenagem Urbana 
O Plano Diretor de Drenagem Urbana tem por objetivo de criar os mecanismos de 
gestão da infra-estrutura urbana relacionado com o escoamento das águas pluviais e dos rios 
na área urbana da cidade (Tucci, 2002). Este planejamento visa evitar perdas econômicas, 
melhoria das condições de saúde e meio ambiente da cidade, tendo como metas : 
• planejar a distribuição da água no tempo e no espaço, com base na tendência de 
ocupação urbana compatibilizando esse desenvolvimento e a infra-estrutura para 
evitar prejuízos econômicos e ambientais; 
• controlar a ocupação de áreas de risco de inundação através de restrições na áreas de 
alto risco e; 
• convivência com as enchentes nas áreas de baixo risco. 
A palavra-chave é a integração da drenagem com outros aspectos dos recursos 
hídricos urbanos (Figura 29). A estrutura pode ser vista na Figura 30. 
 
Água e
Saneamento
Drenagem
urbana e
Inundações
Resíduos
Sólidos
 
 
Figura 29 - Visão integrada do planejamento dos aspectos da água no ambiente urbano 
 
INSTITUCIONAL:
Legislação: planos urbano,
sanitário, resíduo sólido,
entre outros; e
Gestão da drenagem
CADASTRO FÍSICO:
Rede de drenagem,
bacias e uso do solo.
DADOS
HIDROLÓGICOS:
precipitação, vazão,
sedimentos e qualidade
da água
ENTRADA
Princípios,
objetivos e
estratégias
Sub-divisão da
cidade em
macro-bacias
Diagnóstico da
drenagem da
cidade
FUNDAMENTOS
Medidas
Estruturais da
sub-bacia:
controle impacto
quanti-qualitativo
Medidas não
estruturais:
legislação e
gestão
Viabilidade
econômico-
financeira
DESENVOLVIMENTO
Plano de
Ações
Legislação
municipal e
atribuições
Manual de
drenagem
Estudos
adicionais
Educação
Monitoramento
PRODUTOS PROGRAMAS
 
Figura 30 - Estrutura do Plano Diretor de Drenagem urbana 
Para estabelecer um Plano de Drenagem são necessárias várias informações, que são, 
segundo Tucci (2002), as seguintes : 
• Cadastro da rede pluvial, bacias hidrográficas, uso e tipo de solo das bacias, entre 
outros dados físicos; 
• Planos: Plano de Desenvolvimento urbano da cidade, Plano de Saneamento ou 
esgotamento sanitário, Plano de Controle dos Resíduos Sólidos e Plano Viário. São 
Planos que apresentam interface importante com a Drenagem Urbana. Quando os 
planos de Água e Saneamento e Resíduos sólidos são desenvolvidos de forma 
integradas as interfaces entre estes elementos devem ser destacadas; 
• Aspectos Institucionais: Legislação municipal relacionada com o Plano Diretor 
Urbano e meio ambiente; Legislação estadual de recursos hídricos e Legislação 
federal; Gestão da drenagem dentro do município; 
• Dados hidrológicos: precipitação, vazão, sedimentos e qualidade da água do sistema 
de drenagem. 
Os fundamentos do Plano de Drenagem incluem os princípios, objetivos, estratégias, 
cenários e riscos; sub-divisão da cidade em sub-bacias e sua compatibilização com o sistema 
de administração da mesma para a gestão da drenagem; e um diagnóstico do conjunto da 
drenagem urbana da cidade e suas interfaces. 
Os Princípios básicos são os seguintes : 
• Plano de Drenagem deve fazer do Plano de Desenvolvimento Urbano e Ambiental 
da cidade. A drenagem faz parte da infra-estrutura urbana, portanto deve ser 
planejada em conjunto com os outros sistemas, principalmente o plano de controle 
ambiental, esgotamento sanitário, disposição de material sólido e tráfego; 
• escoamento durante os eventos chuvosos não pode ser ampliado pela ocupação da 
bacia, tanto num simples loteamento, como nas obras de macrodrenagem existentes 
no ambiente urbano; 
• controle da drenagem urbana deve contemplar as bacias hidrográficas sobre as quais 
a urbanização se desenvolve, não podendo reduzir o impacto deuma área em 
detrimento de outra, ou seja, os impactos de quaisquer medidas não devem ser 
transferidos, a não ser que haja medidas mitigadoras; 
• Deve prever a minimização do impacto ambiental devido ao escoamento pluvial 
através da compatibilização com o planejamento do saneamento ambiental, controle 
do material sólido e a redução da carga poluente nas águas pluviais que escoam para 
o sistema fluvial externo a cidade; 
• Deve contemplar na sua regulamentação o planejamento do Plano Diretor para as 
áreas a serem desenvolvidas e a densificação das áreas atualmente loteadas. Depois 
que a bacia, ou parte dela, estiver ocupada, dificilmente o poder público terá 
condições de responsabilizar aqueles que estiverem ampliando a cheia, portanto, se 
a ação pública não for realizada preventivamente através do gerenciamento, as 
conseqüências econômicas e sociais futuras serão muito maiores para todo o 
município. 
• Realização do controle através de medidas estruturais e não-estruturais, que, 
dificilmente, estão dissociadas. As medidas estruturais, na macrodrenagem, podem 
envolver grande quantidade de recursos e resolvem somente problemas específicos e 
localizados. Isso não significa que esse tipo de medida seja totalmente descartável. 
A política de controle de enchentes, certamente, poderá chegar a soluções estruturais 
para alguns locais, mas dentro da visão de conjunto de toda a bacia, onde estas estão 
racionalmente integradas com outras medidas preventivas (não-estruturais) e 
compatibilizadas com o esperado desenvolvimento urbano. O controle deve ser 
realizado considerando a bacia como um todo e não trechos isolados. 
• Valorizar os mecanismos naturais de escoamento na bacia hidrográfica, 
preservando, quando possível os canais naturais; 
• Integrar o planejamento, atualmente setoriais, de drenagem urbana, esgotamento 
sanitário e resíduo sólido; 
• Os meios de implantação do controle de enchentes são o Plano Diretor Urbano, as 
Legislações Municipal/Estadual e o Manual de Drenagem. O primeiro estabelece as 
linhas principais, as legislações controlam e o Manual orienta. 
• Controle permanente: o controle de enchentes é um processo permanente; não basta 
que se estabeleçam regulamentos e que se construam obras de proteção; é necessário 
estar atento as potenciais violações da legislação na expansão da ocupação do solo 
das áreas de risco; nenhum espaço de risco seja desapropriado se não houver uma 
imediata ocupação pública que evite a sua invasão; a comunidade deve ter uma 
participação nos anseios, nos planos, na sua execução e na contínua obediência das 
medidas de controle de enchentes. 
• A educação de engenheiros, arquitetos, agrônomos e geólogos, entre outros 
profissionais, da população e de administradores públicos é vista como essencial 
para que as decisões públicas sejam tomadas conscientemente por todos; 
• custo da implantação das medidas estruturais e da operação e manutenção da 
drenagem urbana devem ser transferido aos proprietários dos lotes, 
proporcionalmente a sua área impermeável, que é a geradora de volume adicional, 
com relação as condições naturais. 
O conjunto destes princípios prioriza o controle do escoamento urbano na fonte 
distribuindo as medidas para aqueles que produzem o aumento do escoamento e a 
contaminação das águas pluviais. 
O Plano de Drenagem deve considerar diferentes cenários de desenvolvimento, 
conforme os seguintes exemplos : (a) condições atuais; (b) Plano Diretor Urbano (PDDU) ; 
(c) tendencial; (d) máximo. O cenário atual permite identificar a situação existente de 
ocupação. O cenário do Plano Diretor em vigor na cidade estabelece diferentes 
condicionantes de ocupação urbana para a cidade que, se obedecido, seria o cenário máximo. 
O cenário tendencial identifica o cenário urbano para o horizonte de projeto com base nas 
tendências existentes. O cenário máximo envolve a ocupação máxima de acordo com o que 
vem sendo observado em diferentes partes da cidade que se encontram neste estágio. Este 
cenário representa a situação que ocorrerá se o PDDU não for obedecido e medidas não-
estruturais não forem implementadas. 
Risco de projeto: as medidas estruturais são planejadas para controle dos impactos do 
cenário adotado nas diferentes bacias urbanas baseado num risco ou probabilidade 
relacionada com os eventos hidrológicos. A definição do risco envolve um compromisso entre 
segurança e custos das obras. 
Na maioria das estimativas de vazão para um tempo de retorno (ou a probabilidade), 
que caracterizam o risco, são obtidas com base na precipitação que ocorre sobre a bacia. O 
tempo de retorno, neste caso é o da precipitação e não necessariamente da vazão. Portanto o 
risco final se refere a ocorrência da precipitação associada as condições do modelo 
hidrológico utilizado. 
Na literatura (ASCE, 1992;Wilken, 1978) existem vários manuais e livros que definem 
os riscos adequados de acordo com o tipo de ocupação urbana, onde nitidamente os riscos 
maiores (menor tempo de retorno, 2 a 5 anos) ficam para a microdrenagem e os riscos 
maiores (10 a 100 anos) para a macrodrenagem. A definição do risco também pode variar de 
acordo com a capacidade econômico financeira da comunidade, da freqüência de ocorrência e 
magnitude dos eventos (Tucci, 2002). A escolha do risco está relacionada com: (a) avaliação 
econômica, ou seja o risco que melhor atende a relação entre os benefícios do controle e o 
custo de implementá-lo; (b) definições de ordem de segurança; ou (c) sociais. 
O Plano de Drenagem, como qualquer plano, requer estratégias de aplicação. Para 
áreas não ocupadas é preferível o desenvolvimento de medidas não-estruturais relacionadas 
com a regulamentação da drenagem urbana e ocupação dos espaços de riscos visando conter 
os impactos de futuros desenvolvimentos. Assim o ônus do controle das alterações 
hidrológicas com ocupações urbanas fica com quem efetivamente produz as alterações. Para 
as áreas que estão ocupadas é melhor desenvolver estudos específicos por macro bacias 
urbanas visando planejar as medidas necessárias para o controle dos impactos dentro destas 
bacias, sem que as mesmas transfiram para jusante os impactos já existentes. Nesse 
planejamento são priorizados obras de armazenamento temporário como bacias de detenções. 
A princípio, o risco de 10 anos de tempo de retorno é escolhido para dimensionamento da 
macrodrenagem com base numa avaliação qualitativa dos impactos econômico das medidas 
de controle. Geralmente, os maiores custos dos prejuízos das inundações encontram-se nas 
inundações com alto risco (baixo tempo de retorno), devido a sua grande freqüência de 
ocorrência. Desta forma o benefício de uso de medidas de controle para riscos baixos (alto 
tempo de retorno) podem representar grandes custos e não apresentam um benefício médio 
alto. 
Quanto ao controle ambiental a estratégia deve observar os seguintes que seguem. 
Para as áreas onde não existe rede de esgoto cloacal ou existe grande quantidade de ligações 
de efluentes cloacais na rede pluvial, as medidas de controle devem priorizar o controle 
quantitativo, mas apenas o volume excedente da capacidade de drenagem atual. Assim evita-
se que o escoamento em estiagem e o volume da primeira parte do hidrograma contamine as 
detenções. Estas áreas de armazenamento são mantidas a seco durante o ano e somente nos 
eventos com tempo de retorno acima de 2 anos são utilizadas. Após implementação adequada 
da rede cloacal é possível modificar a distribuição da vazão junto às detenções, retendo o 
início do escoamento superficial, que transporta a maior carga poluente. Desta forma a 
detenção passa a contribuir também para a redução da carga para jusante do sistema de 
drenagem. 
Para o controle da contaminação dos aqüíferos e o controle de material sólido deverão 
ser criados programas de médio prazovisando a redução desta contaminação através de 
medidas distribuídas pela cidade. 
O próprio Plano de Drenagem configura uma medida não estrutural de controle das 
enchentes urbanas, pois através da legislação ou da regulamentação da legislação existente 
busca-se introduzir os seus princípios. Estes elementos legais são estabelecidos para os 
futuros desenvolvimentos na cidade e envolvem vários aspectos. Um deles é a densificação. 
Em áreas anteriormente parceladas na cidade, os impactos das áreas públicas já ocorreram e 
controle passa a ser sobre a ocupação dos lotes. Quando são propostos novos parcelamentos e 
loteamentos do solo urbano para construção de residências, áreas comerciais e industriais, 
medidas não-estruturais mais efetivas podem ser aplicadas, como limites de vazão efluente ou 
padrões de volume de detenção. 
Como medidas estruturais o Plano de Drenagem deve, em cada sub-bacia urbana, 
determinar os locais onde a drenagem não tem capacidade de escoamento e produz 
inundações para cada cenário e risco escolhido. O Plano deve apresentar solução para evitar 
que eventos deste tipo ocorram. As etapas usuais são as seguintes: (a) avaliação da capacidade 
de drenagem existente; (b) a identificação dos locais críticos, onde ocorrem inundações para o 
cenário e riscos definidos; (c) o estudo de alternativas para controle destas inundações; (d) 
avaliação econômica; (e) avaliação ambiental. Para as áreas ribeirinhas não protegidas poderá 
ser estabelecido o zoneamento de áreas de inundação, definindo-se zonas de alto e baixo risco 
de ocupação, e critérios de construção no código de obras da cidade. 
A avaliação econômica em Planos de Drenagem possui dois componentes : (a) custos 
das obras e seus benefícios; (b) mecanismos de financiamento das obras e da manutenção da 
rede de drenagem. 
A distribuição dos custos do controle de inundações devem ser definidos de acordo 
com o tipo de inundação. Para as áreas ribeirinhas, a principal causa dos impactos se deve à 
ocupação da população em áreas de risco, assim o beneficiário e o agente causador são os 
mesmos e o rateio dos custos deve ser realizado entre os beneficiários. Para casos de 
inundação na drenagem urbana os beneficiários são os que sofrem a inundação e se 
encontram nos trechos de jusante, enquanto que os agentes causadores encontram-se em toda 
a bacia a montante da sub-bacia. Portanto, o rateio de custos deve ser distribuído pelos 
proprietários da bacia, de acordo com a sua área impermeável. 
Na drenagem urbana os custos são devido a : 
• Implementação das obras de macrodrenagem e outras medidas estruturais para 
controle dos impactos existentes na cidade. Estes custos estão distribuídos pelas 
bacias hidrográficas, através do Plano de cada bacia. Além disso, este custo ocorre 
quando da sua implementação; 
• Custos de operação do sistema de drenagem existente da rede de pluvial, que 
envolve a limpeza, manutenção dos condutos e solução de problemas localizados. 
Este custo deve ser distribuído pelos usuários da rede de drenagem. 
O princípio básico do financiamento das ações da drenagem urbana são o de distribuir 
os custos de acordo com as áreas impermeáveis não controladas da propriedade. A 
distribuição dos custos da implantação da drenagem propostos neste Plano são baseados no 
seguinte: 
• Obras de controle: Para as obras de controle planejadas em cada bacia, os custos de 
sua implantação devem ser distribuídos dentro de cada bacia planejada de acordo 
com a área impermeável de cada propriedade a partir de um valor total cobrado pelo 
período estimado de implantação da mesma ou seu financiamento. A população das 
bacias onde a impermeabilização é maior e, portanto, com condições mais críticas 
de drenagem deverá pagar quantias maiores. 
• Operação e manutenção: O custo referente a operação e manutenção da rede de 
drenagem urbana. Este custo pode ser cobrado através de: (a) como parte do 
orçamento geral do município, sem uma cobrança específica dos usuários; (b) 
através de uma taxa fixa para cada propriedade, sem distinção de área impermeável; 
(c) baseada na área impermeável de cada propriedade. Esta última alternativa é a 
mais justa sobre vários aspectos, a medida que quem mais utiliza o sistema deve 
pagar proporcionalmente ao volume que gera de escoamento. 
A principal dificuldade no processo de cobrança está na estimativa real da área 
impermeável de cada propriedade. Uma alternativa é utilizar a área construída de cada 
propriedade projetada para o plano da área do terreno como a área impermeável. Este valor 
não é o real , pois o espaço impermeabilizado tende a ser maior em função da pavimentação 
dos pátios. Outra alternativa é estabelecer um programa de avaliação da área impermeável 
com base em imagem de satélite e verificação por amostragem através de visita local. 
Quanto ao rateio dos custos deve ser estimada a área total impermeabilizada na bacia, a 
área total e o custo total da intervenção ou da operação e manutenção. 
O Plano de Drenagem é o conjunto dos seus produtos : 
• Legislação e/ou Regulamentação que compõem as medidas não-estruturais; 
• Proposta de gestão da drenagem urbana dentro da estrutura municipal de administração; 
• Mecanismo financeiro e econômico para viabilizar as diferentes medidas; 
• Plano (estudo) de controle estrutural das bacias hidrográficas urbanas; 
• Plano de Ações : medidas escalonadas no tempo de acordo com a viabilidade financeira; 
• Manual de Drenagem: elementos necessários ao preparo dos projetos na cidade. 
O Plano de Drenagem deve recomendar estudos complementares (Programas) de médio 
e longo para melhorar as deficiências encontradas na sua elaboração. Exemplos de Programas 
são : 
• Monitoramento: da hidrologia de bacias representativas da cidade, de áreas 
impermeáveis e resíduos sólidos na drenagem 
• Revisão do Cadastro do sistema de drenagem 
• Estudos específicos de avaliação econômica dos riscos, de revisão dos parâmetros 
hidrológicos e metodologia para estimativa da qualidade da água pluvial, de 
dispositivos para retenção do material sólido nas detenções, de verificação das 
condições de projeto dos dispositivos de controle da fonte, entre outros; 
• Manutenção: Devido ao uso de dispositivos de controle distribuídos pela cidade o 
programa de manutenção deverá ser eficiente para manter as condições de controle 
ao longo do tempo. 
• Educação, envolvendo atualização dos engenheiros de drenagem urbana, arquitetos 
e engenheiros que projetam obras na cidade, gestores urbanos; e educação da 
população. 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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DUISBERG SYMPOSIUM, 1988. Hydrological Processes and Water Management in Urban Areas, 
IAHS , p175-183 International Association of Hydrological Sciences Publication 198). 
	DRENAGEM URBANA
	Aspectos de Gestão
	GESTORES REGIONAIS DE RECURSOS HÍDRICOS
	Fundo Setorial de Recursos Hídricos \(CNPq\)
	André Luiz Lopes da Silveira
	2002
	Primeira Edição
	1. GESTÃO DA DRENAGEM URBANA
	1.1 Introdução
	Quem sai de casa em dias de chuva não quer camin�
	Nem sempre a Drenagem Urbana foi pensada convenie
	1.2 Diagnóstico das Águas Urbanas
	Em países em desenvolvimento como o Brasil, um d�
	Portanto, há percentuais significativos de desco�
	Wright \(1997\), citado por Tucci \(2002\) d�
	planejamento e a construção do sistemas são bas�
	Falta de gerenciamento: dificuldades em financiam
	Grandes projetos: projetos com grandes custos no 
	Desempenho ruim da operação e manutenção dos s�
	O referido autor sugere a ampliação de opções �
	Na comparação entre países desenvolvidos e em d�
	
	Saneamento
	Nos países em desenvolvimento, a prioridade é o 
	Tucci \(2002\) fala em um ciclo de contaminaç�
	Além disso, o conceito aplicado à drenagem urban
	A ineficiência pública segundo Tucci \(2002\)�
	Perda significativa \(cerca de 40%\) da água t
	Redes de tratamento que não coletam esgoto sufic�
	Redes de pluviais com dois problemas básicos: \�
	Isto demonstra que os aspectos relacionados com a
	planejamento do desenvolvimento urbano;
	transporte;
	abastecimento de água e saneamento;
	drenagem urbana e controle de inundações;
	resíduo sólidos;
	controle ambiental.
	2. DRENAGEM URBANA MODERNA
	2.1 Conceito atual : enfoque ambiental (a adotar)
	O enfoque ambiental da drenagem urbana moderna pr
	Os equipamentos de drenagem e de tratamento de es
	A drenagem urbana moderna deve ter os seguintes p
	Não transferir impactos para jusante ;
	Não ampliar cheias naturais ;
	Propor medidas de controle para o conjunto da bacia ;
	Legislação e Planos de Drenagem para controle e 
	Constante atualização de planejamento por estudo
	Controle permanente do uso do solo e áreas de ri�
	Competência técnico-admnistrativa dos órgãos p�
	Educação ambiental qualificada para o poder púb�
	Na verdade há a proposição de mudança de parad�
	Para Tucci \(2002\) esta integração está vinc
	o abastecimento de água é realizado à partir de�
	a solução do controle da drenagem urbana depende
	a limpeza das ruas, a coleta e disposição de res
	O enfoque sanitário-higienista que setorizou dem�
	2.2 Conceito antigo : enfoque sanitário-higienis�
	O conceito sanitário-higienista ainda está muito
	toda água circulante deve ir rapidamente para o �
	Em consequência, as obras hidráulicas que surgir
	Muitos loteamentos em várias cidades tiveram e, �
	Um exemplo típico, dentre os vários que diferenc
	2.3 História da drenagem urbana : evolução dos �
	A drenagem pluvial foi assim tratada como uma pr�
	Curiosamente então a drenagem pluvial como ação�
	Entre 1850 e o fim do século XIX muitas cidades �
	O conceito higienista não demorou a chegar ao Br�
	Em decorrência da atuação de Saturnino de Brito�
	O conceito higienista predominou neste século no�
	A maioria das obras de drenagem urbana no Brasil 
	O livrar-se rapidamente da água tornou-se pratic�
	A história da drenagem urbana no Brasil apesar d�
	A história da drenagem urbana que o Brasil quer �
	3. CICLO HIDROLÓGICO NA CIDADE
	3.1 Ciclo hidrológico natural
	3.1.1 Ciclo Hidrológico Continental
	O ciclo hidrológico é o fenômeno global de circ�
	Como se pode descrever o ciclo hidrológico nos c�
	A precipitação, normalmente na forma um fluxo de
	Caindo sobre um solo com cobertura vegetal, parte
	A evaporação depende de fatores climáticos, de �
	A transpiração, que junto com a evaporação com�
	A infiltração promove a recarga da umidade do so
	A infiltração \(passagem d’água da superfície�
	A percolação acontece na zona não saturada quan�
	O escoamento superficial é o excesso não infiltr
	
	3.1.2 Bacia Hidrográfica
	Define-se bacia hidrográfica como a superfície d
	Esquematicamente, a bacia hidrográfica pode ser �
	Dois fenômenos explicam a dispersão no tempo do 
	Da análise das respostas hidrológicas \(vazões
	Uma bacia hidrográfica é fisicamente caracteriza
	
	3.1.3 Balanço Hídrico e Coeficientes de Escoamen
	O balanço hídrico é a contabilidade dos volumes�
	Todos os volumes podem ser expressos em lâmina d�
	P = Q + ET + (S
	onde P é a precipitação, Q é o escoamento, ET �
	Em algumas situações, principalmente quando o pe
	P = Q + ET
	Esta equação permite uma avaliação grosseira d�
	Em textos hidrológicos é comum encontrar D no lu
	D = P ( Q
	O balanço hídrico é uma ferramenta de análise �
	C = Q/P
	Região/Bacia
	3.2 Desequilíbrio do ciclo hidrológico : efeito 
	A urbanização consome espaço natural. Ao fazer �
	As enchentes intra-muros são geradas dentro da p�
	Em Tucci \(2002\) encontramos as seguintes def�
	Inundações de áreas ribeirinhas: os rios geral�
	Inundações devido à urbanização:as enchentes 
	Em síntese, a urbanização desequilibra o fluxo �
	As consequências objetivas são as seguintes:
	Inundações ribeirinhas: ocorrem principalmente p
	Inundações intra-urbanas : a impermeabilização�
	Com respeito às inundações ribeirinhas, baseado�
	na quase totalidade das cidades brasileiras, mesm
	população de baixa renda invade com facilidade �
	áreas de médio risco, que são atingidas com fre�
	Desta forma, os principais impactos sobre a popul
	prejuízos de perdas materiais e humanas;
	interrupção da atividade econômica das áreas i�
	contaminação por doenças de veiculação hídric�
	contaminação da água pela inundação de depósi�
	As inundações devido a urbanização, por outro �
	aumento das vazões máximas e da sua freqüência�
	aumento da produção de sedimentos devido à des�
	deterioração da qualidade da água superficial e�
	null
	Estes impactos são agravados mais ainda pela à f
	Com respeito aos coeficientes de escoamento Silve
	A variação de C com a urbanização, considerand�
	null
	3.3 Re-equilíbrio do ciclo hidrológico urbano
	É a reversão do quadro comentado no item anterio
	Quantitativamente deve-se buscar :
	Favorecer a infiltração da chuva no solo para n�
	Promover onde possivel a reservação temporária �
	O ideal é fazer com que o ciclo hidrológico em m
	O re-equilíbrio quantitativo pode ser prejudicad�
	Carreamento de poluentes e contaminação para den
	Acumulação de poluentes, esgotos, sedimentos e l
	Em resumo, os re-equilíbrios necessários inserem
	3.4 Sustentabilidade no gerenciamento do escoamento superficial urbano
	A idéia básica é integração da drenagem urbana
	Para isso é preciso romper com as práticas vigen
	4. OBRAS DE DRENAGEM URBANA E OUTRAS MEDIDAS DE CONTROLE
	4.1 Premissas básicas de controle e regulamentaç
	As obras de drenagem urbana e outras medidas de c
	
	4.1.1 Legislações Federal e Estadual
	De acordo com Tucci \(2002\) as legislações q�
	Quanto aos recursos hídricos, a Constituição Fe�
	Quanto a uso do solo, a Constituição Federal, ar
	Quanto ao licenciamento ambiental, basicamente s�
	Antes de passar à legislação municipal, há int�
	O controle institucional da drenagem que envolve 
	através de legislação municipal adequada para c�
	através de legislação estadual que estabeleça �
	uso dos dois procedimentos anteriores.
	Provavelmente a última hipótese deverá ocorrer �
	
	4.1.2 Legislações Municipal
	Em cada município existe uma legislação especí�
	Belo Horizonte foi precursora neste processo e no
	Em Porto Alegre o Plano Diretor foi denominado de
	
	4.1.3 Premissas Técnicas de Controle
	Sucintamente, as premissas técnicas de controle �
	Os fatores específicos que dificultam a moderniz�
	Para Tucci \(2002\) a grande dificuldade de im�
	
	4.1.4 Premissas Gerais de Controle
	A política de controle da drenagem urbana envolv�
	O gerenciamento atual não incentiva a prevenção�
	Existe uma grande inter-relação entre os element
	O Plano deveria estabelecer as metas que as cidad
	null
	O Plano de Drenagem Urbana deve obedecer os contr
	Em termos de financiamento, os elementos de indu�
	4.2 Diferença prática entre microdrenagem e macr
	Para uma correta gestão da drenagem urbana é pre
	4.3 Medidas de controle estruturais e não-estrut�
	As medidas de controle de inundações podem ser c
	Estruturais, quando modificam o sistema, buscando
	Não-estruturais, quando são propostas ações de�
	As medidas estruturais são obras de engenharia i�
	As medidas estruturais não são projetadas para d
	As medidas não estruturais, em contraponto, proc�
	4.4 Sistema mistos e separados
	Os sistemas mistos ou combinados usam um mesmo co
	A legislação estabelece o sistema separador, ma
	4.5 Obras clássicas e função \(ainda úteis\)
	4.5.1 Obras de Microdrenagem Clássica
	Em Bidone e Tucci \(1995\) encontramos a defin�
	Galeria: canalizações públicas usadas para cond�
	Poço de Visita: dispositivos localizados em pont�
	Bocas-de-lobo: dispositivos localizados em pontos
	Tubos de ligações: são canalizações destinadas
	Sarjetas: faixas de via pública, paralelas e viz�
	Sarjetões: calhas localizadas nos cruzamentos de�
	Condutos forçados: obras destinadas à condução�
	Estações de bombeamento: conjunto de obras e equ
	null
	Figura 8 – Posição de bocas-de-lobo
	a) Boca-de-Lobo de Guia
	null
	b) Boca-de-Lobo com Grelha
	null
	c) Boca-de-Lobo Combinada
	null
	d\) Boca-de-Lobo Múltipla
	null
	e) Boca-de-Lobo com Fenda Horizontal Longitudinal
	null
	Figura 9 - Tipos de bocas-de-lobo (DAEE/CETESB, 1980)
	null
	Figura 10 - Seção de sarjeta
	O dimensionamento de uma rede de pluviais é base�
	subdivisão da área e traçado;
	determinação das vazões que afluem à rede de c�
	dimensionamento da rede de condutos.
	Os principais dados necessários à elaboração d�
	
	4.5.2 Macrodrenagem Clássica
	A macrodrenagem recebe geralmente os aportes da m
	4.6 Obras modernas e função \(úteis ao re-equi
	4.6.1 Controle na Fonte
	O controle na fonte da drenagem pluvial urbana vi
	Os dispositivos de controle na fonte são basicam�
	Dispositivos de armazenamento e
	Dispositivos de infiltração
	Os dispositivos de armazenamento normalmente têm�
	Os dispositivos de infiltração, diferentemente d
	Chamaremos aqui os dispositivos de controle na fo
	A concepção de MCs tem muitas peculiaridades e d
	As idéias do presente item ajudam a compreender �
	4.6.2 Elenco de Obras de Controle na Fonte
	A experiência internacional referente às MCs apo
	Tabela 3 - Lista das Medidas de Controle \(MC\�
	Há um favorecimento da própria dinâmica urbaní�
	Há vários fatores, que poderiam ser entendidos c
	Esta lista foi elaborada com base principalmente 
	Área controlada
	Há uma tendência das áreas controladas serem me�
	Capacidade de infiltração do solo
	A capacidade de infiltração do solo condiciona b
	Freático alto
	A situação de freático alto e outras condições
	Considera-se o freático alto quando normalmente �
	O freático alto, portanto, inviabiliza as MCs de�
	Em zonas de recarga de aquíferos pode haver peri�
	Solo frágil à água
	Alguns solos argilosos ou com muitos finos podem 
	Subsolo duro
	O subsolo ou solo a pouca profundidade da superf�
	Declividade alta
	A declividade alta é uma condição que se inscre�
	Ausência de exutório
	As MCs que não infiltram exigem, para sua descar�
	Consumo de espaço
	Alguns locais são tão pequenos ou densamente ocu
	Fundações e redes próximas
	As MCs de infiltração favorecem a percolação d�
	Restrição de urbanização
	Certas MCs só se adaptam a um tipo específico de
	Afluência poluída
	Em países em desenvolvimento, as condições sani�
	Afluência com alta taxa de sedimentos
	A exemplo do comentado para afluência poluída, a
	Risco sanitário por má operação
	Em MCs de maior porte, que requerem operação de 
	Risco sedimentológico por má operação
	As recomendações são análogas às do risco sani
	Esforços e tráfego intensos
	A estrutura em si da MC pode ser restritiva ao se
	Flexibilidade de desenho
	Ao comparar alternativas de MCs, algumas delas le
	Limite na altura da MC
	Para as MCs de infiltração e uma MC do tipo baci
	4.6.3 Descrição das obras de controle na fonte
	Pavimento Poroso
	Os pavimentos porosos são dispositivos que infil�
	Os pavimentos porosos podem dividir-se em quatro tipos (Figura 11):
	Pavimento poroso de infiltração e revestimento p
	Pavimento poroso de infiltração e revestimento i
	Pavimento poroso de retenção e revestimento perm
	Pavimento poroso de retenção e revestimento impe
	Estes quatro tipos encerram duas qualidades de ab
	null
	Figura 11 – Tipos de pavimentos porosos \(Azzout
	Há três tipos básicos de revestimento superfici�
	null
	Figura 12 – Pavimentos porosos \(Urbonas e Stahr
	No mercado europeu há a oferta de blocos alveola�
	Os pavimentos porosos são adequados para uso em �
	Trincheira de Infiltração
	As trincheiras de infiltração são dispositivos �
	null
	Figura 13– Trincheira de infiltração e de reten
	A trincheira é escavada no solo e preenchida com�
	null
	Figura 14 – Trincheira de infiltração \(Schuel�
	A trincheira de infiltração tem, portanto, a fun
	As trincheiras de infiltração devem ser disposta
	As maiores restrições ao seu emprego ocorrerão �
	A realidade urbana dos países em desenvolvimento�
	Vala de Infiltração
	São depressões lineares gramadas do terreno conc
	null
	Figura 15 – Vala de infiltração \(Schueler, 19�
	Existe uma variante, chamada de vala de retenção
	null
	Figura 16 – Vala de retenção \(Azzout et al., �
	Em geral, as valas são apropriadas para lotes re�
	Os efeitos esperados das valas só são significat
	Poço de Infiltração
	Os poços de infiltração são dispositivos pontu�
	null
	Figura 17 – Poço de infiltração preenchido com �
	Mesmo se a camada superficial de solo é pouco pe�
	null
	Figura 18 – Poço de infiltração e poço de inje�
	O poço de infiltração \(ou de injeção\) aba�
	Representando uma técnica alternativa de reduçã�
	null
	Figura 19 – Poço de infiltração com bacia de in�
	A recarga do freático pelos poços é uma vantage�
	Micro-reservatório
	Referem-se a pequenos reservatórios construídos 
	Os microrreservatórios são MCs que normalmente r
	null
	Figura 20 – Microrreservatório em alvenaria \(C�
	null
	Figura 21 – Microrreservatório poroso enterrado �
	Em países em desenvolvimento, os microrreservató
	As desvantagens colocadas para regiões de maior �
	Telhado reservatório
	O telhado reservatório é uma MC compensatória d�
	null
	Figura 22 – Telhados reservatório \(Azzout, 199�
	O preenchimento com cascalho para conforto térmi�
	null
	Figura 23 – Telhados reservatório com cascalho \
	É melhor projetar o telhado reservatório no mome
	Como para outras MCs, as vantagens de um controle
	Bacia de Detenção
	É um reservatório \(on e off-line\) mantido s�
	Em locais com altas intensidades de precipitação
	null
	Figura 24 – Bacia de detenção \(Schueler, 1987�
	Uma variante assume as bacias de detenção como b
	null
	Figura 25 – Bacia de infiltração \(Schueler, 1�
	As vantagens principais da bacia de infiltração 
	A bacia de detenção ou de infiltração será men
	Bacia de Retenção
	É um reservatório construído para não secar en�
	null
	Figura 26 – Bacia de retenção \(Schueler, 1987�
	Assim como para as bacias de detenção, há restr�
	Bacia Subterrânea
	A bacia subterrânea ou enterrada é uma espécie �
	null
	Figura 27 – Bacia subterrânea \(STU, 1993\)
	A bacia subterrânea deve estar equipada com disp�
	Condutos de Armazenamento
	O aumento deliberado das dimensões dos constitui�
	Faixa gramada
	São faixas de solo gramadas ou arborizadas conce�
	As faixas menores, como as indicadas para estacio
	O caráter linear das faixas gramadas \(dimensio�
	Em uma escala maior as faixas gramadas ou arboriz
	null
	Figura 28 – Faixa gramada \(Mecklenburg,1996\)
	4.6.4 Vantagens agregadas das MCs
	Até aqui ressaltou-se que as MCs são concebidas 
	Tabela 10 – Vantagens agregadas das MCs
	Medida de Controle (MC)
	Vantagens agregadas
	Realimentação do freático
	Umidade para vegetação
	Composição paisagística aquática
	Composição paisagística verde
	Comportamento hidráulico autônomo
	Função benéfica paralela
	Pavimento Poroso
	Contribui para recarga do lençol freático e para
	Trincheira de infiltração
	Contribui para recarga do lençol freático e para
	Vala de infiltração
	Idem acima exceto pelo funcionamento hidráulico �
	Poço de Infiltração
	Recarrega significativamente o freático. Menos e�
	Microrreservatório
	Quando projeto permite infiltração no solo contr
	Telhado reservatório
	O projeto pode incorporar a função de jardim e a
	Bacia de detenção
	Se o projeto contempla leito permeável, contribu�
	Bacia de retenção
	Se o projeto contempla leito permeável, contribu�
	Bacia subterrânea
	Obra discreta com funcionamento hidráulico autôn
	Condutos de armazenamento
	São discretas e possuem funcionamento hidráulico
	Faixas gramadas
	Contribui para recarga do lençol freático e para
	4.6.5 Efeito ambiental das MCs
	Muitas MCs tem um efeito ambiental que é deliber�
	Pode haver, entretanto, efeitos ambientais delet�
	A Tabela 11 abaixo resume os efeitos esperados nas diversas MCs.
	Tabela 11 – Efeito ambiental das MCs
	Medida de Controle (MC)
	Efeitos ambientais (positivos e negativos) :
	Retenção de poluentes \(+\)
	Retenção de sedimentos finos \(+\)
	Retenção indesejada de poluentes, lixo ou sedime
	Proliferação de mosquitos \(-\)
	Proliferação de vetores ligados ao lixo \(-\)
	Pavimento Poroso
	Age positivamente ao filtrar na camada porosa e n
	Trincheira de infiltração
	Efeito positivo ao tratar escoamentos levemente p
	Vala de infiltração
	Favorece tratamento de escoamentos levemente polu
	Poço de Infiltração
	idem à trincheira de infiltração
	Microrreservatório
	O escoamento vindo dos telhados é tratado por mi�
	Telhado reservatório
	A estagnação de águas por entupimento da saída�
	Bacia de detenção
	Esta estrutura não deve ser implantada se dispos�
	Bacia de retenção
	Idem anterior acrescentando-se o problema de uma 
	Bacia subterrânea
	Problemas análogos aos da bacia de detenção.
	Condutos de armazenamento
	Pode haver retenção indesejada de poluentes, lix
	Faixas gramadas
	São benéficas no tratamento do escoamento pluvia
	4.6.6 Pré-dimensionamento das MC
	Este item trata do pré-dimensionamento de alguma�
	A capacidade de algumas MCs em tratar em certo gr
	Os procedimentos de pré-dimensionamento indicado�
	As MCs de infiltração \(pavimento poroso, micr�
	As MCs de armazenamento sem infiltração no solo 
	As MCs de armazenamento com infiltração no solo 
	Em resumo, na análise do escoamento gerado por u�
	As vazões das áreas não controladas devem ser c�
	Os pré-dimensionamentos das MCs são feitos pelo 
	5. DRENAGEM URBANA MODERNA E OUTRAS FUNÇÕES URBA
	5.1 Ocupação do solo e a drenagem urbana
	Atualmente mais de 80% da população brasileira �
	Tucci \(2002\) comenta que cidades acima de 1 �
	O crescimento urbana dá-se dentro de um quadro s�
	pequena renda econômica de parte importante da s�
	falta de planejamento e investimento público no �
	medidas restritivas incompatíveis com a realidad�
	Observa-se assim uma cidade legal e uma cidade il
	Evidentemente que a drenagem urbana moderna preci
	Seria interessante que o disciplinamento do uso e
	Planejamentos conjuntos com a macro e a micro-dre
	Impactos hídricos na proposição dos zoneamentos�
	A importância de combater solos expostos \(suje�
	Proteção inteligente de áreas verdes, com ou se�
	Por exemplo, se um princípio a ser obedecido é n
	5.2 Coleta e tratamento de esgotos cloacais e a drenagem urbana
	A falta de coleta de esgotos, mesmo com o uso de 
	Em síntese, tal situação torna redes pluviais e�
	Tucci \(2002\) diagnostica que o desenvolvimen�
	Algumas das questões são as seguintes, prossegue
	Quando as redes de esgoto são implementadas ou p�
	Como uma parte importante das empresas de saneame
	Quando for implementado o sistema de cobrança pe�
	Existe atualmente um impasse sobre a concessão d�
	5.3 Coleta e disposição do lixo e a drenagem urb
	Em sociedades não desenvolvidas uma quantidade e�
	Segundo Tucci \(2002\), a produção de lixo no�
	A produção de lixo coletada no Brasil é da orde�
	Na última década houve um visível incremento de�
	Além da coleta de lixo domiciliar, o poder públi
	5.4 Controle da erosão e sedimentos e a drenagem�
	Os sedimentos, assim como o lixo, são resíduos s
	Segundo Tucci \(2002\), no desenvolvimento urb�
	Entretanto, se pensarmos que as cidades brasileir
	Não há sistema de coleta sistemática de sedimen�
	Segundo Tucci \(2002\) as principais consequên
	5.5 Limpeza das ruas e a drenagem urbana
	A limpeza das ruas, varrição, lavagem e remoçã�
	5.6 Setor de meio-ambiente e a drenagem urbana
	A urbanização altera radicalmente a ocupação d�
	Nos moldes de hoje, já vimos que aurbanização �
	O aumento de temperatura também cria condições �
	A drenagem urbana com preceitos ambientais contri
	Fora a questão hídrica quantitativa e o excesso 
	5.7 Sistema viário e a drenagem urbana
	Sistemas viários com ruas não revestidas contrib
	5.8 Saúde coletiva e a drenagem urbana
	São várias as doenças de veiculação hídrica. �
	A drenagem mal feita pode favorecer várias dessa�
	5.9 Educação ambiental e a drenagem urbana
	A falta de participação popular na busca de solu
	A falta de participação popular conduz à repeti�
	Neste sentido, programas de educação ambiental s
	6. PLANO DIRETOR DE DRENAGEM URBANA
	6.1 A drenagem e o gerenciamento das águas urban�
	Segundo Tucci \(2002\), a estrutura institucio�
	O espaço geográfico de gerenciamento abrange doi
	6.2 Plano Diretor de Drenagem Urbana
	O Plano Diretor de Drenagem Urbana tem por objeti
	A palavra-chave é a integração da drenagem com �
	Para estabelecer um Plano de Drenagem são necess�
	Os fundamentos do Plano de Drenagem incluem os pr
	Os Princípios básicos são os seguintes :
	O conjunto destes princípios prioriza o controle�
	O Plano de Drenagem deve considerar diferentes ce
	Risco de projeto: as medidas estruturais são pl�
	Na maioria das estimativas de vazão para um temp�
	Na literatura \(ASCE, 1992;Wilken, 1978\) exis�
	O Plano de Drenagem, como qualquer plano, requer 
	Quanto ao controle ambiental a estratégia deve o�
	Para o controle da contaminação dos aqüíferos �
	O próprio Plano de Drenagem configura uma medida�
	Como medidas estruturais o Plano de Drenagem deve
	A avaliação econômica em Planos de Drenagem pos�
	A distribuição dos custos do controle de inunda�
	Na drenagem urbana os custos são devido a :
	O princípio básico do financiamento das ações �
	7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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