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F u t u r o M o d e l o pa r a o M a r k e t i n g 3 . 0 39 tente com o argumento de Godin, no sentido de que os consumidores estão conectados uns aos outros (webs) ou a um líder (hubs) ou a uma ideia (pools). Godin, Fournier e Lee concordam que as comunidades existem não para servir à empresa, mas para servir a seus membros. As empresas devem estar cientes disso e participar, servindo os membros das comunidades. desenvolvimento da personalidade da marca Para estabelecer conexão com os seres humanos, as marcas precisam desenvolver um DNA autêntico, o núcleo de sua verdadeira diferen- ciação. Esse DNA refletirá a identidade da marca nas redes sociais de consumidores. A personalidade de marca com DNA singular será construída ao longo de sua vida. Atingir a diferenciação já é difícil para os profissionais de marketing. Atingir a diferenciação autêntica é ainda mais difícil. Em seu novo livro, Autenticidade,9 Pine e Gilmore argumentam que hoje, quando os consumidores veem uma marca, avaliam imedia- tamente se ela é falsa ou verdadeira. As empresas devem sempre tentar ser verdadeiras e proporcionar experiências que representem de fato suas alegações. Não devem tentar aparentar uma falsa realidade apenas na propaganda; caso o façam, perderão instantaneamente a credibili- dade. No mundo horizontal dos consumidores, perder credibilidade significa perder toda a rede de possíveis compradores. a transiçãO para O espíritO humanO: O mOdelO dOs 3is No Marketing 3.0, as empresas precisam abordar os consumidores como seres humanos plenos. Segundo Stephen Covey, são quatro os 40 M a r k e t i n g 3 . 0 componentes básicos de um ser humano pleno: corpo físico, mente capaz de pensamento e análise independentes, coração capaz de sentir emoção e espírito – a alma ou centro filosófico.10 Em marketing, o conceito de relevância na mente do consumidor começou com Posicionamento, o livro clássico de Al Ries e Jack Trout.11 Os autores argumentaram que a ideia do produto deve ser posicionada na mente dos clientes-alvo de maneira significativa e singular. Portan- to, os profissionais de marketing da Volvo tiveram grande sucesso ao plantar na mente dos compradores de automóvel a ideia de que seu produto oferecia mais segurança que qualquer outro. Mais tarde, porém, começamos a reconhecer que o componente emocional da psique humana estava sendo negligenciado. Já não basta atingir apenas a mente. Os profissionais de marketing também pre- cisam atingir o coração dos consumidores. O conceito de marketing emocional foi descrito em vários livros, como Marketing experimental, de Bernd Schmitt, A emoção das marcas, de Marc Gobé, e Lovemarks: futuro além das marcas, de Kevin Roberts, para citar apenas alguns.12 Excelentes exemplos de marketing emocional vêm de profissionais de marketing como Howard Schultz, da Starbucks, Richard Branson, da Virgin, e Steve Jobs, da Apple. Os conceitos de “terceiro lugar para se tomar um café” da Starbucks, de “marketing não convencional” da Virgin e de “imaginação criativa” da Apple são implementações do marketing emocionalmente relevantes. Foram esforços voltados para as nossas emoções, nossos sentimentos. O marketing precisará evoluir para um terceiro estágio no qual se dirija ao espírito dos consumidores. Os profissionais de marketing te- rão de tentar entender as ansiedades e os desejos dos consumidores e fazer o que Stephen Covey chama de “decifrar o código da alma” para se manterem relevantes. As empresas devem alcançar os consumidores como seres humanos plenos, feitos de alma, coração e espírito. O ob- jetivo é não negligenciar o espírito. No estágio 3.0, o marketing deve ser redefinido como um triân- gulo harmonioso entre marca, posicionamento e diferenciação.13 Para completar o triângulo, introduzimos os 3Is: identidade, integridade e F u t u r o M o d e l o pa r a o M a r k e t i n g 3 . 0 41 imagem da marca. No mundo horizontal dos consumidores, a marca é inútil se apenas articular seu posicionamento. A marca pode ter uma identidade clara na mente dos consumidores, mas não necessariamen- te boa. O posicionamento é uma mera alegação que alerta os consu- midores para serem cautelosos a respeito de uma marca não autêntica. Em outras palavras, o triângulo não está completo sem a diferenciação. A diferenciação é o DNA da marca que reflete sua verdadeira integri- dade. É uma prova sólida de que a marca concretiza suas promessas. Tem a ver com a concretização do desempenho e da satisfação prome- tidos a seus clientes. Uma diferenciação que estabeleça sinergia com o posicionamento criará automaticamente uma boa imagem da marca. Somente o triângulo completo tem credibilidade no Marketing 3.0 (consulte a Figura 2.2). A identidade da marca tem a ver com seu posicionamento na mente dos consumidores. Para que sua marca seja ouvida e notada em um mercado tumultuado, precisa ter um posicionamento singular. Precisa também ser relevante para as necessidades e os desejos racionais dos consumidores. Por integridade da marca identidade da m arca imag em d a m ar ca3Is Marca Posicionamento Diferenciação Figura 2.2 O modelo dos 3Is 42 M a r k e t i n g 3 . 0 outro lado, a integridade da marca tem a ver com a concretização do que se alegou a respeito do posicionamento e da diferenciação da marca. Tem a ver com ser verossímil, cumprir suas promessas e conquistar a confiança dos consumidores na marca. O alvo da integridade da marca é o espírito dos consumidores. Por fim, a imagem da marca tem a ver com conquis- tar as emoções dos consumidores. O valor da marca deve apelar para as necessidades e os desejos emocionais dos consumidores, ultrapassando, assim, as funcionalidades e características do produto. Podemos ver que o triângulo tem por objetivo ser relevante para o ser humano como um todo: mente, alma e espírito. Outro aspecto essencial desse modelo é que, no Marketing 3.0, os pro- fissionais de marketing devem atingir mente e espírito dos consumido- res simultaneamente para chegar a seu coração. O posicionamento fará a mente considerar uma decisão de compra. A marca exige diferenciação autêntica para que o espírito humano confirme a decisão. Finalmente, o coração levará um consumidor a agir e tomar uma decisão de compra. Por exemplo: a S.C. Johnson & Son, Inc. posicionou-se como “empresa familiar, sustentável, especializada em produtos de limpeza e cuidado para o lar dos consumidores”. A diferenciação encontra-se no modelo de negócio sustentável. A expressão “base da pirâmide” – referindo-se às pessoas que ganham menos de US$1 por dia – é muito popular desde que C.K. Prahalad escreveu A riqueza na base da pirâ- mide, livro no qual propõe que vender para as populações mais pobres é um negócio lucrativo e sustentável.14 No entanto, a S.C. Johnson & Son foi pioneira na prática de servir a base da pirâmide em vários mer- cados, como o Quênia. Nos últimos anos, a S.C. Johnson & Son foi um parceiro importante no desenvolvimento do protocolo da base da pirâmide com Stuart L. Hart, autor de O capitalismo na encruzilhada. Portanto, a marca corporativa tem a integridade de estar posicionada como uma empresa sustentável que se encontra na família há cinco gerações (consulte a Figura 2.3). A Timberland é outro bom exemplo de empresa com sólida inte- gridade de marca. Está posicionada como “a boa empresa de calçados e roupas inspirada na vida ao ar livre” (Figura 2.4). A empresa susten-