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Entre as espécies vegetais cultivadas no mundo, 73% dependem da polinização das abelhas. Elas são, portanto, os principais agentes polinizadores, apesar de estarem ameaçadas de extinção. Polinização A polinização (entomofilia) é um processo interativo que liga plantas, animais e insetos. Ela pode acontecer por meio do vento, da ação humana, de outros animais e da água. A função do pólen está ligada à reprodução das plantas e depende de seu transporte para outra planta. Esse processo pode ocorrer de duas formas: cru- zada, quando o pólen de uma planta chega às outras; e autopoli- nização, quando ocorre a transferência do pólen da antera para o estigma de uma mesma flor, ou de outra flor na mesma planta. A polinização tem influência evolutiva na diversificação das se- mentes. Isto é, na própria constituição da biodiversidade. Estima-se que 90% das espécies de plantas com flores sejam polinizadas por insetos. Hoje existe um déficit na produção de sementes do mundo. A cebola, por exemplo, tem sua produção de sementes dependente da polinização, especialmente feita por abelhas e moscas. A destruição e fragmentação de ambientes naturais, as práticas agrícolas inadequadas, a pecuária, o uso de pesticidas e de herbicidas e a introdução de polinizadores não nativos são apontadas como as causas do desaparecimento dos polinizadores naturais. Ampliando Professor, no Manual você encontra orientações sobre esta seção. O professor de Filoso�a é indicado, prioritariamente, para o trabalho deste segmento, com a colabo- ração do professor de Biologia. 1. A Araucaria angustifolia é uma das espécies mais importantes do Sul do Brasil. Ela é uma gimnosperma e produz sementes bastante apre- ciadas, os pinhões. Amplamente utilizada na indústria, atualmente, está na lista das espécies ameaçadas de extinção. Mata de Arauc‡ria Hoje, resta no estado do Paraná [...] menos de 0,8% de áreas em bom estado de conservação. Menos porque o último levantamento conduzido pela Fupef (Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná), em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, data de 2001 [...]. Após passar por diferentes ciclos de desenvolvimento, o Paraná teve a maior parte de sua cobertura florestal retirada. Os remanescentes que restaram estão em áreas com menor aptidão para a agricultura. As porções mais significativas sofreram violentas pressões motivadas pela extração seletiva de madeira, pelo manejo para plantio de erva-mate, criação de gado e outras intervenções. Todas descaracterizaram o que seria a condição natural do espaço. BRITEZ, Ricardo Miranda. Resta 0,8% de floresta com araucárias e 0,1% de campos naturais no Paraná. Por que essa devastação ocorreu e o que acontece se a degradação continuar? Blog do Planeta. São Paulo: Revista Época, 30 set. 2016. Disponível em: https://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ blog-do-planeta/noticia/2016/09/resta-08-de-floresta-com-araucarias-e-01-de-campos-naturais- no-parana.html. Acesso em: 6 jun. 2020. a) Faça uma pesquisa sobre diferentes espécies de árvores nativas do Brasil que estão ameaçadas de extinção ou extintas. b) Investigue os motivos que levaram à extinção delas ou que as ameaçam atualmente. c) Exponha os resultados de investigação em sala de aula. Professor, no Manual você encontra orientações sobre esta atividade.Explorando NÃO ESCREVA NO LIVRO Araucárias no Parque Nacional de Aparados da Serra, Cambará do Sul (RS), 2018. A espécie é é uma árvore brasileira ameaçada de extinção. D a n ie l P ru d e k /S h u tt e rs to ck C a io P e d e rn e ir a s /S h u tt e rs to ck 121 V2_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap5_112-133.indd 121V2_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap5_112-133.indd 121 10/09/2020 11:5210/09/2020 11:52 TEMA 3 Segurança e soberania alimentar No Brasil, por conta dos solos férteis, da disponi- bilidade de luz e de água, o desenvolvimento da agri- cultura e da pecuária são favorecidos. Tais atividades são imprescindíveis como fonte de alimento para as pessoas. Contudo, elas também estão fortemente re- lacionadas com a degradação ambiental e a concen- tração de terras. Afinal, planta-se para comer ou para gerar lucro e acumular capital? O debate sobre Segurança e Soberania Alimentar pode ajudar a responder e refletir sobre esse dilema. Embora a produção de alimentos se dirija de maneira geral a suprir a demanda por alimentos no mundo, ou seja, tem o propósito geral de garantir o direito à alimentação, em muitos casos ela responde a diversos interesses que devem ser levados em conta. A fome é um problema econô- mico estrutural e está menos rela- cionada com a atual capacidade de produção de alimentos do que com a possibilidade da população adquiri- -los. Segundo a Organização das Na- ções Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 821,6 milhões de pessoas no mundo (1 em cada 9) passaram fome no ano de 2018. Para a FAO, há uma relação entre a diminuição do crescimento econômi- co de certos países, calculado com base no Produto Interno Bruto (PIB) per capita, com seu respectivo au- mento no índice de fome. Há um nexo entre a economia, a pobreza e a segu- rança alimentar e nutricional. Segundo a FAO, a Amé- rica Latina e o Caribe compõem compõem a terceira região com o maior índice de pessoas com fome, atrás apenas da Ásia e da África. Os professores de História, de Geogra�a e de Sociologia são indicados, prioritariamente, para o trabalho deste segmento. Regimes alimentares ao longo da história do capitalismo A agricultura no sistema capitalista internacional pode ser organizada, de acordo com Harriet Friedmann, em diferentes regimes alimentares. Trata-se da forma- ção de sistemas agroalimentares mundiais que relacio- nam dietas alimentares com economia e política. O período entre 1870 e 1914 pode ser considera- do como o primeiro regime alimentar denominado colonial. Esse regime estaria relacionado à abertura de fronteiras para a exportação de grãos e de carne, por meio de políticas de imigração e da criação de infraes- trutura – como ferrovias e linhas de crédito. Ele teria entrado em colapso em 1914, devido à Primeira Guerra Mundial (1914-1919). O segundo regime – denominado mercantil – teria relação direta com a superprodução agrícola dos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), cujo excedente foi enviado para a re- construção da Europa Ocidental – por meio do Plano Marshall – e aos países não industrializados, confor- me a política externa da Guerra Fria (1947-1991). Essa superprodução agrícola esteve relacionada à Revolução Verde ocorrida nos países do hemisfério Norte a partir da década de 1940. A superprodução foi possível por meio da inovação de técnicas agrícolas, com a incorporação de aditivos químicos como adu- bos, pesticidas e herbicidas aos processos, a mecaniza- ção do campo, o desenvolvimento de sementes e da criação de animais de alto rendimento. O terceiro regime, por sua vez, estaria relacionado ao contexto do fim da Guerra Fria, com uma dimen- são globalizada. É um regime alimentar corporativo de comércio multilateral. Fonte: elaborado com base em FAO. El estado de la seguridad alimentaria y nutrici—n en el mundo. Protegerse frente a la desaceleración y el debilitamiento de la economía. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. Roma, 2019. p. 14. Disponível em: http://www. fao.org/3/ca5162es/ca5162es.pdf. Acesso em: 13 jul. 2020. 7 632,8 População mundial 821,6 Pessoas subalimentas 513,9 Ásia 256,1 África 6,5 Outros 42,5 América Latina e Caribe 2,6 Oceania, América Setentrional e Europa Mundo: distribuição da fome – 2018 B a n c o d e i m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra 122 V2_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap5_112-133.indd 122V2_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap5_112-133.indd 122 10/09/2020 11:5210/09/2020 11:52