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Vivendo	na	luz	representa	um	desafio	profundo,	pois	mostra	como	nós,
pecadores,	tomamos	coisas	boas	—	principalmente	as	melhores	—	e	as	usamos
para	os	propósitos	mais	vis,	mesquinhos	e	egoístas.	John	Piper	mostra	a
importância,	a	beleza	e	o	benefício	de	entender	o	dinheiro,	o	sexo	e	o	poder
como	caminhos	para	glorificar	a	Deus	enquanto	nos	satisfazemos	nele.	Leia
esse	livro	e	você	estará	mais	bem	preparado	para,	com	humildade	e	confiança,
desfrutar	esses	bons	presentes	de	Deus.
Tim	Challies,	pastor	da	igreja	Grace	Fellowship,	em	Toronto,	Canadá,
criador	e	editor	do	site	de	resenhas	literárias	challies.com	e	autor	dos	livros
Desintoxicação	sexual	e	Discernimento	espiritual	(Vida	Nova)
Esse	livro	merece	a	cuidadosa	consideração	de	todo	cristão.	John	Piper	nos
conduz	por	uma	exploração	teologicamente	rica	e	biblicamente	fiel	de	potenciais
obstáculos	para	desfrutarmos	Deus.	Nessas	páginas,	você	descobrirá	não	apenas
o	perigo	espiritual	de	depositar	a	esperança	nas	coisas	deste	mundo,	mas	também
aprenderá	como	nós,	cristãos,	podemos	entender	o	sexo,	o	dinheiro	e	o	poder
como	meios	para	glorificar	a	Deus.
R.	Albert	Mohler	Jr.,	diretor	do	Southern	Baptist	Theological	Seminary	e
autor	de	Atos	1—12	para	você	e	Atos	1—12:	nasce	a	igreja	(Vida	Nova)
Em	Vivendo	na	luz,	Piper	nos	põe	em	contato	com	o	poder	da	Palavra.	Ele	nos
ajuda	a	abrir	os	ouvidos	a	conselhos	sóbrios	e	solenes.	Além	disso,	ajuda-nos	a
acolher	os	encorajamentos	que	carregam	o	brilho	das	promessas	de	Deus.	Esse
livro	é	sobre	dinheiro,	sexo	e	poder.	Com	toda	a	certeza,	de	maneira	definitiva	e
maravilhosa,	ele	trata	da	glória	supremamente	satisfatória	e	resplandecente	de
Deus	em	Cristo.
Kathleen	Nielson,	diretora	da	Womens’	Initiative,	The	Gospel	Coalition
John	Piper	explora	três	dons	de	Deus	que	são	simultaneamente	preciosos	e
vulneráveis.	Com	clareza	penetrante,	delineia	a	relação	entre	dinheiro,	sexo	e
poder,	mostrando	também	que	devemos	colocar	esses	dons	no	devido	lugar,
reconhecendo	Cristo	como	o	centro	de	gravidade	deles.	Vivendo	na	luz	oferece
uma	mudança	de	paradigma	vibrante,	renovadora	e	enriquecedora.
Randy	Alcorn,	autor	de	Money,	possessions	and	eternity	e	Happiness
Se	você	não	luta	diariamente	com	tentações	na	área	do	dinheiro,	do	sexo	ou	do
poder,	a	única	razão	é	que	já	se	rendeu	a	essas	tentações.	Todo	cristão	deve
confrontar	o	impulso	comum	a	todos	nós	de	criarmos	ídolos	nessas	áreas.	Nesse
livro,	John	Piper	nos	prepara	para	lutar	contra	a	tentação,	incendiando	nossas
afeições	pela	glória	de	Deus	em	Jesus	Cristo.	Ele	nos	mostra	com	sabedoria	não
apenas	o	que	evitar,	mas	também	como	desfrutar	do	dinheiro,	do	sexo	e	do	poder
como	parte	de	uma	vida	conformada	a	Cristo	por	meio	do	evangelho.	Espero
presentear	com	esse	livro	muitos	amigos	e	combatentes	comigo	nessa	guerra
espiritual.
Russell	Moore,	presidente	da	Comissão	de	Ética	e	Liberdade	Religiosa	da
Southern	Baptist	Convention
Esse	livro	é	inquisitivo	em	sua	análise,	pungente	em	seus	desafios,	mas
maravilhosamente	revigorante	em	seu	encorajamento.	Quando	a	glória	de	Deus
está	no	centro,	o	dinheiro,	o	sexo	e	o	poder	podem	ser	instrumentos	pelo	nome
de	Cristo	e	para	o	nosso	bem.	Esse	livro	é	urgentemente	necessário.
Sam	Allberry,	palestrante	de	Ravi	Zacharias	International	Ministries
Dados	Internacionais	de	Catalogação	na	Publicação	(CIP)
Angélica	Ilacqua	CRB-8/7057
Piper,	John
Vivendo	na	luz	:	dinheiro,	sexo	e	poder	:	fazendo	o	melhor	uso	de	três
oportunidades	perigosas	/	John	Piper	;	tradução	de	Susana	Klassen.	--	São	Paulo
:	Vida	Nova,	2019.
128	p.
ISBN	978-85-275-	0880-3
Título	original:	Living	in	the	light	:	money,	sex,	and	power:	making	the	most	of
three	dangerous	opportunities
1.Vida	cristã	2.Vida	espiritual	3.	Crescimento	espiritual	4.	Sucesso	-	Aspectos
religiosos	I.	Título	II.	Klassen,	Susana
18-2046
CDD	248.4
Índices	para	catálogo	sistemático
1.Vida	cristã	:	sucesso	:	aspectos	religiosos
©2016,	de	Desiring	God	Foundation
Título	do	original:	Living	in	the	light:	money,	sex,	and	power:
making	the	most	of	three	dangerous	opportunities,
edição	publicada	pela	THE	GOOD	BOOK	COMPANY	(Epsom,	Surrey,	Reino
Unido).
Todos	os	direitos	em	língua	portuguesa	reservados	por
SOCIEDADE	RELIGIOSA	EDIÇÕES	VIDA	NOVA
Rua	Antônio	Carlos	Tacconi,	63,	São	Paulo,	SP,	04810-020
vidanova.com.br	|	vidanova@vidanova.com.br
1.a	edição:	2019
Proibida	a	reprodução	por	quaisquer	meios,
http://www.vidanova.com.br
salvo	em	citações	breves,	com	indicação	da	fonte.
Impresso	no	Brasil	/	Printed	in	Brazil
Todas	as	citações	bíblicas	sem	indicação	da	versão	foram	traduzidas	diretamente
da	English	Standard	Version.	As	citações	bíblicas	com	indicação	da	versão	in
loco	foram	traduzidas	diretamente	da	New	International	Version	(NIV).	Citações
bíblicas	com	a	sigla	TA	se	referem	a	traduções	feitas	pelo	autor	a	partir	do
original	grego/hebraico.	O	grifo	nas	citações	bíblicas	é	de	responsabilidade	do
autor.
DIREÇÃO	EXECUTIVA
Kenneth	Lee	Davis
GERÊNCIA	EDITORIAL
Fabiano	Silveira	Medeiros
EDIÇÃO	DE	TEXTO
Leandro	Bachega
Gustavo	N.	Bonifácio
PREPARAÇÃO	DE	TEXTO
Danny	M.	Charão
Marcia	B.	Medeiros
REVISÃO	DE	PROVAS
Ubevaldo	G.	Sampaio
GERÊNCIA	DE	PRODUÇÃO
Sérgio	Siqueira	Moura
DIAGRAMAÇÃO
Sandra	Reis	Oliveira
ADAPTAÇÃO	DA	CAPA
Vania	Carvalho
Para
Richard	Coekin
e	Co-Mission
(co-mission.org),
com	admiração	e	gratidão
Sumário
Agradecimentos
Introdução
Definições	e	fundamentos
Os	perigos	do	sexo	que	destroem	o	prazer
Os	perigos	do	dinheiro	que	destroem	a	riqueza
Os	perigos	do	poder	que	destroem	a	alma
Libertação:	a	volta	do	sol	ao	centro
Aplicação:	as	novas	órbitas	para	o	dinheiro,	o	sexo	e	o	poder
Conclusão
Agradecimentos
Este	pequeno	livro	é	o	resultado	de	um	grande	privilégio.	Fui	convidado	para
falar	em	um	final	de	semana	no	encontro	Revive	da	organização	Co-Mission,	em
meados	de	2015,	na	Cantuária,	Inglaterra.	A	visão	da	organização	Co-Mission	é
resumida	no	bordão	“Uma	paixão:	por	plantar,	por	Londres	e	por	Cristo”.	Co-
Mission	é	um	movimento	para	a	plantação	de	igrejas	na	grande	Londres.	Foi	um
grande	privilégio	palestrar	às	igrejas	reunidas	na	Cantuária	e	uma	grande	fonte
de	ânimo	conhecer	seus	líderes.	Agradeço	a	Deus	pelo	que	vi.	A	família	Coekin
ofereceu	a	Noël	e	a	mim	exatamente	o	tipo	de	hospitalidade	que	amamos.
Meu	tema	para	aquele	final	de	semana	foi	“Vivendo	na	luz:	dinheiro,	sexo	e
poder”.	As	mensagens	triplicaram	de	tamanho	e	deram	origem	a	este	livro.
Sou	grato	à	The	Good	Book	Company	por	mostrar	interesse	nas	mensagens	e
oferecer	orientações	criteriosas	para	torná-las	tão	úteis	quanto	possível	e	em
forma	de	livro.
David	Mathis,	editor	executivo	de	desiringGod.org	me	fornece	ajuda
indispensável	para	transferir	as	mensagens	da	mente	para	o	papel.	Este	projeto
não	teria	acontecido	sem	ele.	E	não	é	a	primeira	vez.	Toda	a	equipe	de
desiringGod.org	e	o	grupo	de	oração	que	me	ampara	em	nossa	igreja	local
sempre	me	auxiliam	com	incentivo,	apoio	e	intercessão.	Deus	tem	sido	muito
bondoso	para	comigo.	Minha	oração	é	para	que	todos	sejam	guardados	das
armadilhas	do	dinheiro,	do	sexo	e	do	poder	e	dediquem	seus	potenciais	à	glória
de	Cristo	e	ao	bem,	especialmente	ao	bem	eterno,	da	igreja.
INTRODUÇÃO
Deus	não	concebeu	e	criou	o	dinheiro,	o	sexo	e	o	poder	simplesmente	para
serem	uma	tentação.	Ele	tinha	bons	propósitos	em	mente.
O	dinheiro,	o	sexo	e	o	poder	existem	para	os	grandes	objetivos	de	Deus	na
história	humana.	Não	são	desvios	no	caminho	que	conduz	à	alegria	que	exalta	a
Deus.	Junto	com	todos	os	demais	elementos	do	mundo	bom	criado	por	Deus,
eles	são	a	trilha	pela	qual	seguimos.	Por	meio	deles,	podemos	evidenciar	o	valor
supremo	de	Deus.
Um	dos	objetivos	deste	livro	é	mostrar	como	isso	acontece.	Portanto,	a
abordagem	que	adoto	consiste	em	identificar	os	potenciais	do	dinheiro,	do	sexo	e
do	poder,	bem	como	suas	armadilhas.	Quais	são	os	perigos	que	precisam	ser
superados?	Quais	são	os	potenciais	que	precisam	ser	devidamente	aplicados?
A	tese	principal	deste	livro	tem	duas	partes.	Primeiro,	o	dinheiro,	osexo	e	o
poder,	que	inicialmente	eram	boas	dádivas	de	Deus	para	a	humanidade,
tornaram-se	perigosos	porque	todos	os	seres	humanos	trocaram	a	glória	de	Deus
por	imagens	(Rm	1.23).	Segundo,	o	dinheiro,	o	sexo	e	o	poder	serão	restaurados
ao	seu	lugar,	o	que	traz	glória	a	Deus,	e	isso	mediante	a	redenção	que	ele	trouxe
ao	mundo	por	meio	de	Jesus	Cristo,	ou	seja,	a	magnífica	libertação	da	criação	de
todo	pecado,	enfermidade	e	tristeza.
Sem	essa	redenção,	todos	preferimos	outras	coisas	a	Deus.	É	nossa	natureza.	E,
quando	paramos	para	pensar	a	esse	respeito,	percebemos	que	é	um	tremendo
insulto	a	Deus.	Aliás,	preferir	qualquer	coisa	a	Deus	é	uma	afronta	moral	no
Universo	e,	portanto,	uma	ameaça	eterna	para	nossa	alma.	Essa	preferência	por
qualquer	coisa	em	lugar	de	Deus	não	apenas	nos	destrói,	mas	resulta	em	uma
distorção	generalizada	de	tudo	o	que	há	de	bom	no	mundo,	incluindo	dinheiro,
sexo	e	poder.
Toda	a	criação	tinha	o	propósito	de	comunicar	a	beleza	e	o	valor	supremos	de
Deus	(Sl	19.1;	Rm	1.20-23).	Deus	criou	o	mundo	para	sua	glória	(Is	43.7).	Ele	o
criou	para	que	fosse	engrandecido	por	como	suas	criaturas	encontram	a	mais
plena	satisfação	nele.	O	dinheiro,	o	sexo	e	o	poder	existem,	em	última	análise,
para	mostrar	que	Deus	é	mais	desejável	do	que	todos	eles.	Essa	é	a	maneira	pela
qual,	de	modo	paradoxal,	eles	proporcionam,	de	si	mesmos,	mais	satisfação.
Tudo	isso	foi	arruinado	pela	Queda,	a	primeira	grande	insensatez	de	trocar	Deus
por	outras	coisas.	Quando	Deus	é	restaurado	como	valor	supremo	do	coração
humano,	o	dinheiro,	o	sexo	e	o	poder	começam	a	se	encaixar	em	seu	devido
lugar,	glorificando	a	Deus	na	vida.	Tudo	depende	daquilo	que	consideramos
supremamente	valioso.	Qual	é	nosso	tesouro	mais	precioso?	Qual	é	a	nossa
maior	satisfação?	Quando	Deus	ocupa	esse	lugar	em	nossa	mente	e	em	nosso
coração	—	em	nossos	pensamentos	e	em	nossas	emoções	—,	o	dinheiro,	o	sexo
e	o	poder	começam	a	se	alinhar	em	sua	verdadeira	e	bela	ordem.
Essa	nova	organização	da	vida,	com	a	glória	de	Deus	no	centro,	é,	no	fim	das
contas,	o	que	proporciona	maior	satisfação	para	nossa	alma	(ainda	que	haja	lutas
em	muitos	aspectos),	mais	benefícios	para	o	mundo	(ainda	que	o	mundo	nem
sempre	o	perceba)	e	maior	honra	para	Deus.	Ficamos	satisfeitos.	O	mundo	é
servido.	E	Deus	é	glorificado.	É	para	isso	que	o	dinheiro,	o	sexo	e	o	poder	foram
criados.	E	é	disso	que	este	livro	trata.
DEFINIÇÕES	E
FUNDAMENTOS
Quando	falo	de	“dinheiro,	sexo	e	poder”,	a	que	exatamente	me	refiro?
Descobri	ao	longo	dos	anos	que	a	tentativa	de	definir	conceitos	no	início	quase
sempre	revela	que	aquilo	de	que	pensávamos	estar	tratando	é	apenas	a	ponta	de
um	iceberg.	Imaginamos	que	estávamos	falando	de	dinheiro:	cédulas	e	moedas.
Na	verdade,	porém,	em	nível	mais	profundo,	estamos	falando	dos	prazeres	e	das
vantagens	que	o	dinheiro	pode	comprar,	ou	do	status	que	o	dinheiro	pode
representar.	Em	seguida,	percebemos	que	ainda	não	chegamos	ao	fundo,	pois
debaixo	disso	se	encontram	a	ganância,	a	cobiça,	o	medo	e	o	anseio	por
segurança,	prestígio	e	controle.	E,	então,	mais	uma	vez,	não…	Esse	também	não
é	o	fundo,	pois	a	Bíblia	nos	ensina	que	existe	outra	realidade	—	uma	condição
do	coração	—	mais	profunda	que	todos	esses	pecados.
Pela	simples	tentativa	de	definir	do	que	estamos	tratando,	percebemos	que	essa
coisa	chamada	dinheiro,	ou	sexo,	ou	poder,	é	como	a	pequena	parte	do	iceberg
visível	acima	da	água.	Não	é	o	problema.	Aquilo	que	vemos	não	afunda	nossa
embarcação.	Antes,	são	as	enormes	e	afiadas	arestas	de	pecado	abaixo	da	linha
da	água	que	rasgam	o	casco	e	nos	mandam	para	o	fundo	do	mar.
Então,	ao	fazer	uma	pausa	e	refletir	sobre	as	definições	de	dinheiro,	sexo	e	poder
com	a	ajuda	de	alguns	amigos	criteriosos	(como	aconteceu	quando	estava
preparando	estes	capítulos	do	livro),	percebo	que	acabei	de	usar	uma	imagem
que	apresenta	toda	a	situação	de	forma	negativa	e	que	deixei	passar	uma
realidade	ainda	mais	fundamental.
ICEBERGS	ou	ilhas	flutuantes?
Que	dizer	a	respeito	do	dinheiro	que	usamos	para	sustentar	um	missionário,	ou
comprar	um	presente	para	um	amigo?	E	a	respeito	da	generosidade	implícita
nesses	gestos?	E	quanto	ao	coração	que	a	produz?	A	árvore	má	produz	frutos
maus,	mas	que	dizer	da	árvore	boa	que	produz	frutos	bons	(Mt	7.16-19)?	Na
realidade,	o	dinheiro,	o	sexo	e	o	poder	nem	sempre	são	um	iceberg	prestes	a
fazer	nossa	embarcação	naufragar.	Podem	ser	ilhas	flutuantes	de	alimento
quando	as	provisões	em	nosso	barco	se	esgotaram,	ou	de	combustível	quando
estamos	parados	na	água,	ou	dos	frutos	mais	raros	para	adoçar	nosso	cardápio
monótono	enquanto	navegamos.
Em	outras	palavras,	outra	realidade	fundamental	da	qual	precisamos	tratar	é	que
dinheiro,	sexo	e	poder	são,	desde	o	início,	dádivas	de	Deus	—	boas	dádivas	de
Deus.	E,	quando	nos	levam	a	naufragar,	não	é	porque	Deus	nos	deu	dádivas	más;
é	porque	aconteceu	algo	dentro	de	nós	que	transformou	dádivas	da	graça	em
instrumentos	de	pecado,	em	altares	e	incenso	no	templo	do	orgulho.
A	primeira	coisa	que	precisamos	fazer,	portanto,	é	conversar	a	respeito	de
definições	que	nos	levem	a	perceber	determinadas	realidades	fundamentais
muito	mais	profundas	e	muito	mais	amplas	que	os	icebergs	perigosos	ou	as	ilhas
do	tesouro	flutuantes	do	dinheiro,	do	sexo	e	do	poder.	É	disso	que	trata	este
primeiro	capítulo:	definições	e	fundamentos.
Em	seguida,	do	segundo	ao	quarto	capítulos,	focalizaremos	os	perigos	inerentes
ao	dinheiro,	ao	sexo	e	ao	poder	(os	icebergs).	No	quinto	e	no	sexto	capítulos,
voltaremos	a	atenção	para	como	o	evangelho	nos	livra	dos	icebergs	para
desfrutarmos	o	potencial	inerente	(as	ilhas	do	tesouro)	ao	dinheiro,	ao	sexo	e	ao
poder,	quando	os	aplicamos	à	causa	do	amor	e	da	adoração	que	exaltam	a	Cristo.
Esse	é	o	plano:	definições	e	fundamentos.	Perigos	e	como	superá-los.	Potenciais
e	como	aplicá-los.	Definir,	superar,	aplicar.
Dinheiro:	definição	e	fundamento
Comecemos	com	o	dinheiro.	Em	sua	mais	simples	forma,	é	algum	tipo	de	moeda
corrente.	Pode	ser	de	papel	ou	de	metal;	em	outras	culturas,	talvez	seja	de	pedra,
ou,	em	nossa	cultura,	pode	ser	um	conjunto	de	registros	eletrônicos.	Essa	moeda
atua	como	uma	representação	culturalmente	definida	de	quantidades	de	valor,	de
modo	que	pode	ser	usada	para	obter	algo	desejado,	ao	ser	gasta,	ofertada	ou
guardada.
A	moeda	em	si	é	uma	boa	dádiva	de	Deus	que	pode	ser	usada	para	o	mal	ou	para
o	bem.	Pode	gastá-la	com	algo	que	você	valorize,	como	alimento,	um	presente,
um	bilhete	de	loteria	ou	uma	prostituta.	Pode	ofertá-la	para	promover	uma	causa
que	considere	importante,	como	sustentar	um	jovem	de	partida	para	uma	viagem
missionária,	manter	um	segredo	com	o	qual	alguém	o	esteja	chantageando,	ou
conseguir	um	emprego	por	meio	de	suborno.	Ou	pode	guardá-la	para	consolidar
algo	que	considere	valioso,	como	uma	forte	reserva	monetária	ou	uma	poupança
feita	com	prudência	para	uma	compra	futura	com	o	propósito	de	evitar
endividamento.
Em	outras	palavras,	o	dinheiro,	isto	é,	a	representação	simbólica	de	quantidades
de	valor,	se	torna	uma	questão	moral	em	decorrência	daquilo	que	você	busca
com	a	dádiva	que	Deus	lhe	deu:	se	é	algo	certo	ou	errado.	É	possível	buscar	o
bem	e	é	possível	buscar	o	mal.	É	possível	usar	o	dinheiro	para	mostrar	que	você
dá	maior	valor	a	ele	que	a	Cristo.	Ou	é	possível	usá-lo	para	mostrar	que	você	dá
maior	valor	a	Cristo	que	ao	dinheiro.
Isso	significa	que	a	moeda	em	si	não	é	a	questão	com	a	qual	precisamos	lidar.	Há
algo	muito	mais	fundamental,	algo	muito	mais	profundo	que	riqueza	ou	pobreza,
muito	mais	profundo	que	cobiça	ou	generosidade.	Em	resumo,	portanto,	o
dinheiro	é	um	símbolo	cultural	que	usamos	para	mostrar	o	que	valorizamos.	É
um	meio	pelo	qual	evidenciamos	onde	está	nosso	tesouro;	quem	ou	o	que	é
nosso	maior	bem.	O	uso	do	dinheiro	é	um	ato	de	adoração,	quer	de	Cristo,	quer
de	alguma	outra	coisa.
Sexo:	definição	e	fundamento
Ao	falar	de	“sexo”,	refiro-me	à	experiência	de	estímulo	erótico,	à	busca	por
obter	essa	experiência	ou	por	proporcioná-la.	E	refiro-me	ao	fato	de	que	o	sexo	é
uma	boa	dádiva	de	Deus	emtodos	esses	aspectos.	A	experiência	de	estímulo
sexual,	a	busca	por	obtê-lo	ou	por	proporcioná-lo,	todas	as	três	são	boas	dádivas
de	Deus,	as	quais	podemos	desfrutar	conforme	ele	definiu	ou	explorar	de	um
modo	que	acabe	nos	prejudicando.
Três	esclarecimentos	se	fazem	necessários.	Primeiro,	sei	que	o	termo	“sexual”
pode	ser	usado	de	forma	muito	mais	ampla.	Marido	e	esposa	podem	ter
conversas	profundas	e	maravilhosas,	por	exemplo,	ou	compartilhar	atividades,
que	sejam	de	natureza	sexual	no	sentido	amplo	de	que	ela	é	mulher	e	ele	é
homem,	e	essas	conversas	e	atividades	talvez	não	tenham	nenhum	elemento
erótico	—	embora	sejam	extraordinariamente	repletas	de	prazeres	sutis,	não
idênticos	mas	complementares	à	nossa	sexualidade.	É	verdade,	e	é	maravilhoso.
Mas	não	me	refiro	a	isso.	Preciso	limitar-me	para	que	este	livro	seja	breve.
O	segundo	esclarecimento	é	que	tenho	em	mente	uma	ampla	gama	de	atividades
sexuais,	desde	o	estímulo	mais	casual	e	mesmo	acidental	até	o	estímulo	mais
intenso	e	proposital.	É	possível	um	homem	ter	pensamentos	vagamente	eróticos
a	respeito	de	uma	mulher	que	está	liderando	o	louvor	e	que	não	tem	intenção
alguma	de	despertar	esses	pensamentos.	Ou	é	possível	uma	mulher	ter
sentimentos	sexuais	a	respeito	de	um	pastor,	ao	desejar	que	seu	marido	fosse
mais	espiritualmente	fervoroso,	e	o	pastor	pode	não	ter	desejo	ou	intenção
alguma	nesse	sentido.	Incluo	todas	essas	experiências	quando	me	refiro	a
“sexo”.
Mais	um	esclarecimento:	isso	significa	que	sexo,	como	o	considero,	pode
acontecer	em	situações	em	que	não	há	absolutamente	nenhum	efeito	erótico,	pois
a	pessoa	que	está	tentando	estimular	a	outra	(por	exemplo,	por	seu	modo	de	agir
ou	se	vestir)	pode	não	ter	sucesso	algum.	Portanto,	minha	definição	de	“sexo”	se
aplica	a	essa	situação,	mas	ninguém	está	obtendo	prazer	sexual.
A	experiência	de	estímulo	erótico	em	si	e	o	esforço	para	obtê-lo	ou	proporcioná-
lo	podem	ser	um	bom	uso	da	boa	dádiva	de	Deus,	ou	pode	ser	simples
exploração	egoísta.	O	que	torna	o	sexo	uma	virtude	ou	um	vício	não	é	o	prazer,
nem	a	busca	(por	proporcioná-lo	ou	obtê-lo),	mas	algo	mais	profundo.	Estão	em
jogo	questões	fundamentais	de	submissão	à	palavra	de	Deus	e	da	condição	do
coração.	É	disso	que	precisaremos	tratar	a	fim	de	dizermos	qualquer	coisa
proveitosa	a	respeito	das	armadilhas	e	do	potencial	da	dádiva	divina	do	sexo.
Poder:	definição	e	fundamento
Poder	é	a	capacidade	de	obter	aquilo	que	você	deseja.	Essa	capacidade	talvez	se
deva	ao	fato	de	você	ter	grande	força	física;	ou	de	exercer	uma	função	de
autoridade	como	pai	ou	mãe,	professor,	policial	ou	parlamentar.	Ou	ainda	ao	fato
de	você	ter	mais	dinheiro	que	qualquer	outra	pessoa	do	grupo,	ou	mesmo	de	ter
uma	bela	aparência	física.
Todas	essas	capacidades	são	boas	dádivas	de	Deus.	Nenhuma	delas	decorrem
exclusivamente	de	nossa	própria	intenção	ou	de	nosso	esforço	próprio.	Deus	é	o
Doador	absoluto	de	todas	elas.	E	todas	essas	capacidades	de	obter	aquilo	que
você	deseja	podem	ser	usadas	para	o	mal	ou	para	o	bem.	Como	você	usa	seu
poder	revela	onde	está	seu	coração,	aquilo	que	ama	e	aquilo	que	mais	valoriza,
ou	seja,	o	que	você	adora.
O	que	O	DINHEIRO,	O	SEXO	E	O	PODER	têm	em	comum
Talvez	comece	a	ficar	evidente	o	motivo	pelo	qual	não	estruturei	este	livro	em
três	seções	distintas:	uma	sobre	dinheiro,	outra	sobre	sexo	e	outra	sobre	poder.	O
motivo	é	que,	em	sua	raiz	—	em	seus	fundamentos	—,	eles	são	essencialmente
iguais.	São	maneiras	de	mostrar	o	valor	supremo	de	Deus	em	sua	vida,	ou	são
maneiras	de	mostrar	o	que	você	considera	ser	o	valor	supremo	de	alguma	outra
coisa.	Seus	pensamentos	e	sentimentos	a	respeito	do	dinheiro,	do	sexo	e	do
poder	revelam	o	tesouro	de	seu	coração:	se	é	Deus	ou	algo	que	ele	criou.
•O	poder	é	a	capacidade	de	buscar	aquilo	que	você	valoriza.
•O	dinheiro	é	o	símbolo	cultural	que	pode	ser	trocado	na	busca	por	aquilo	que
você	valoriza.
•O	sexo	é	um	dos	prazeres	que	as	pessoas	valorizam,	bem	como	a	busca	por	ele.
Portanto,	poder,	dinheiro	e	sexo	são	todos	meios	dados	por	Deus	para	mostrar	o
que	você	valoriza.	São	(como	todas	as	outras	realidades	criadas	no	universo)
dados	por	Deus	como	meios	de	adoração,	isto	é,	como	meios	de	engrandecer
aquilo	que	tem	valor	supremo	para	você.	Todo	o	seu	poder,	todo	o	seu	dinheiro	e
toda	a	sua	sexualidade	são	dádivas	de	Deus	com	o	propósito	de	evidenciar	o
valor	supremo	da	glória	de	Deus.
Atenção	aos	fundamentos
Como	pode	ver,	em	certa	medida	fomos	além	das	definições	e	chegamos	aos
fundamentos	que	revelam	a	que	dizem	respeito	o	dinheiro,	o	sexo	e	o	poder	em
um	universo	centrado	em	Deus	como	o	nosso.	Agora,	precisamos	ir	à	Bíblia	e
investigar	de	que	maneira	Deus	deixa	claro	quais	são	essas	questões
fundamentais.
Em	essência,	o	que	somos	criados	para	ser?	O	que	somos	criados	para	fazer	com
as	boas	dádivas	do	dinheiro,	do	sexo	e	do	poder?	E,	em	essência,	o	que	há	de
errado	conosco	que	nos	leva	a	não	mostrar	o	valor	de	Deus	por	meio	do	dinheiro,
do	sexo	e	do	poder,	mas,	em	vez	disso,	por	natureza,	fazê-lo	desaparecer,	como
se	o	Criador	e	Sustentador	de	todas	as	coisas	fosse	irrelevante?	Essa	é	a	maior
afronta	do	mundo.	Cristo	veio	para	mudar	inteiramente	essa	realidade	em	nossa
vida	e	neste	mundo.
Qual	é	a	condição	do	coração	humanpo?
Em	Romanos	1.18-23,	encontramos	uma	descrição	do	problema	humano	mais
profundo	e	da	glória	suprema	da	qual	decaímos,	a	glória	à	qual	podemos	voltar
em	Cristo.	O	apóstolo	Paulo	sonda	as	camadas	abaixo	das	ações	pecaminosas
para	chegar	ao	coração	que	peca.	Vai	além	dos	comportamentos	destrutivos	e
chega	ao	coração	depravado	—	meu	e	seu:
…	a	ira	de	Deus	é	revelada	do	céu	contra	toda	impiedade	e	injustiça	dos	homens,
que,	por	meio	de	sua	injustiça,	suprimem	a	verdade.	Pois	aquilo	que	se	pode
conhecer	a	respeito	de	Deus	é	manifesto	para	eles,	pois	Deus	lhes	mostrou.
Porque	seus	atributos	invisíveis,	a	saber,	seu	poder	eterno	e	sua	natureza	divina,
foram	claramente	percebidos,	desde	a	criação	do	mundo,	nas	coisas	que	foram
feitas.	Por	isso,	eles	são	indesculpáveis.	Porque,	embora	conhecessem	a	Deus,
não	o	honraram	como	Deus,	nem	lhe	deram	graças,	mas	se	tornaram	fúteis	em
seu	raciocínio,	e	seu	coração	insensato	foi	obscurecido.	Dizendo-se	sábios,
tornaram-se	tolos	e	trocaram	a	glória	do	Deus	imortal	por	imagens	semelhantes
ao	ser	humano	mortal,	às	aves,	aos	quadrúpedes	e	aos	répteis.
Comecemos	com	o	versículo	18:	“…	a	ira	de	Deus	é	revelada	do	céu	contra	toda
impiedade	e	injustiça	dos	homens,	que,	por	meio	de	sua	injustiça,	suprimem	a
verdade”.	Paulo	descreve	a	humanidade,	de	modo	geral,	como	“ímpia”	e
“injusta”.	Essa	é	nossa	condição.	De	todos	nós.
Quando	Paulo	termina	sua	análise	da	condição	humana,	ele	a	resume	em
Romanos	3.9:	“E	então,	os	judeus	têm	alguma	vantagem?	Não,	de	forma
nenhuma.	Pois	já	temos	demonstrado	que	todos,	tanto	judeus	como	gregos,	estão
debaixo	do	pecado”.	Estamos	todos	na	condição	de	“ímpios”	e	“injustos”.
E	a	primeira	coisa	que	Paulo	diz	a	respeito	dessa	condição	é	que	ela	leva	as
pessoas	a	suprimirem	a	verdade:	“…	por	meio	de	sua	injustiça,	suprimem	a
verdade”	(1.18).	Outra	forma	de	descrever	o	que	acontece	é	dizer	que	nos
cegamos	intencionalmente	para	a	luz	da	verdade.	Lembre-se	de	que	o	tema	deste
livro	é	Vivendo	na	luz:	dinheiro,	sexo	e	poder.	Vivendo	na	luz.	Aqui,	em
Romanos	1,	vemos	por	que	isso	é	tão	essencial.
O	pecado	rejeita	a	luz	da	verdade	e	corre	para	as	trevas	da	falsidade.	Jesus	disse
que	somos	pecadores	não	porque	somos	vítimas	das	trevas,	mas	porque	amamos
as	trevas:
“…	a	luz	veio	ao	mundo,	mas	os	homens	amaram	mais	as	trevas	do	que	a	luz…”
(Jo	3.19).
A	primeira	característica	de	nossa	natureza	pecaminosa	é	que	ela	nos	torna
propensos	a	suprimir	a	verdade,	a	odiar	a	luz,	e	nos	torna	capazes	de	fazê-lo.
O	que	suprimimos?
Que	verdade	específica,	que	“luz”,	nossa	natureza	pecaminosa	odeia?	O
versículo	seguinte	responde.	“Pois	aquilo	que	se	pode	conhecer	a	respeito	de
Deus	é	manifesto	para	eles,	pois	Deus	lhes	mostrou”	(Rm	1.19).	Suprimimos
“aquilo	que	se	pode	conhecer	a	respeito	de	Deus”.	O	conhecimento	deDeus	é
repulsivo	para	nossa	natureza	pecaminosa.	Nosso	problema	mais	profundo	não	é
ignorância.	O	versículo	19	diz:	“…	aquilo	que	se	pode	conhecer	a	respeito	de
Deus	é	manifesto…”.	Nosso	problema	mais	profundo	é	que	nos	rebelamos
contra	o	conhecimento	de	Deus.	Esse	conhecimento	é	desagradável	a	nós.
Solapa	nossa	independência	e	autonomia.
Como	vemos	novamente	no	versículo	20,	nosso	problema	mais	profundo	não	é
ignorância	a	respeito	de	Deus:	“…	seus	atributos	invisíveis,	a	saber,	seu	poder
eterno	e	sua	natureza	divina,	foram	claramente	percebidos,	desde	a	criação	do
mundo,	nas	coisas	que	foram	feitas…”.	E,	mais	uma	vez,	no	versículo	21:	“…
embora	conhecessem	a	Deus…”.	Nosso	problema	não	é	ignorância.	Nosso
problema	é	que,	em	nossa	injustiça,	suprimimos	a	verdade.	Odiamos	a	luz	e
amamos	as	trevas,	e,	portanto,	não	desejamos	andar	na	luz	da	verdade.
Por	isso,	no	final	do	versículo	20,	Paulo	diz:	“…	eles	são	indesculpáveis”.	Por
quê?	O	versículo	21	dá	a	resposta	que	chega	ao	cerne	do	problema:	“Porque,
embora	conhecessem	a	Deus,	não	o	honraram	como	Deus,	nem	lhe	deram
graças,	mas	se	tornaram	fúteis	em	seu	raciocínio,	e	seu	coração	insensato	foi
obscurecido”.	Não	o	glorificamos	como	Deus,	nem	lhe	demos	graças.
Escolhemos	as	trevas	da	exaltação	humana	em	lugar	da	exaltação	de	Deus.	É
isso	que	fazemos	por	natureza.
Nosso	coração	pecaminoso	não	ama	glorificar	a	Deus	—	valorizá-lo	ao
considerá-lo	glorioso,	deleitar-se	nele	ao	considerá-lo	supremamente	belo	e
evidenciar	Deus	ao	considerá-lo	nosso	maior	tesouro.	Nosso	coração
pecaminoso	não	deseja	valorizar	Deus	ao	considerá-lo	glorioso	e	lhe	dar	graças
por	todas	as	coisas.	É	isso	que	o	termo	“impiedade”	significa	no	versículo	18	(“a
ira	de	Deus	é	revelada	do	céu	contra	toda	impiedade	[…]	dos	homens”).	Em
nossa	“impiedade”,	fazemos	o	que	a	impiedade	faz:	ela	suprime	a	verdade
segundo	a	qual	Deus	deve	ser	valorizado	ao	ser	considerado	supremamente
glorioso	e	generoso.	Nossa	natureza	pecaminosa	odeia	a	luz	da	supremacia	de
Deus	e	corre	para	as	trevas,	onde	nos	sentimos	supremos.
Quando	a	verdade	é	suprimida,	a	luz	rejeitada	e	a	glória	de	Deus	desconsiderada,
outra	coisa	sempre	toma	seu	lugar.	O	coração	humano	detesta	o	vácuo.	Nunca
deixamos	Deus	meramente	porque	lhe	damos	pouco	valor;	sempre	trocamos
Deus	por	algo	que	valorizamos	mais.	Vemos	isso	nos	versículos	22	e	23:
“Dizendo-se	sábios,	tornaram-se	tolos	e	trocaram	a	glória	do	Deus	imortal	por
imagens…”.	Tornaram-se	tolos.	Essa	é	a	tolice	máxima.	Esse	é	o	significado
mais	fundamental	do	pecado:	trocar	a	glória	do	Deus	imortal	por	substitutos,
qualquer	coisa	que	valorizemos	mais	que	a	Deus.	Se	você	tem	ouvidos	para
ouvir,	deve	parecer	a	tolice	máxima	e	a	afronta	máxima	contemplar	Deus,
rejeitá-lo	como	nosso	tesouro	supremo	e	trocá-lo	por	outra	coisa.	Olhamos	para
o	Criador	e,	depois,	o	trocamos	por	algo	que	ele	criou.
Por	trás	de	todo	o	uso	indevido	do	dinheiro,	do	sexo	e	do	poder	está	essa
condição	pecaminosa	do	coração,	essa	depravação.	Minha	definição	de	pecado,
com	base	nessa	passagem	de	Romanos	1,	é:	pecado	é	qualquer	sentimento,
pensamento	ou	ação	que	nasce	de	um	coração	que	não	valoriza	Deus	acima	de
todas	as	coisas.	A	origem	do	pecado,	a	raiz	de	todo	pecado,	é	esse	coração	que
prefere	qualquer	coisa	acima	de	Deus,	um	coração	que	não	valoriza	Deus	acima
de	todas	as	coisas	ou	de	todas	as	pessoas.
Profundo	e	difundido
O	pecado	é	o	problema	mais	profundo,	mais	forte	e	mais	difundido	da	raça
humana.	Aliás,	depois	que	Paulo	explicou	qual	é	a	essência	ou	a	raiz	do	pecado
em	Romanos	1—3,	ele	esclarece	nos	capítulos	seguintes	a	magnitude	de	seu
poder	sobre	nós.	Diz	que	o	pecado	governa	como	um	rei	pela	morte	(5.21);
exerce	domínio	como	soberano	(6.14);	sujeita	à	servidão	como	um	senhor	de
escravos	(6.6,16,17,20)	ao	qual	fomos	vendidos	(7.14);	como	uma	força	que
produz	outros	pecados	(7.8);	como	um	poder	que	se	apossa	da	lei	e	mata	(7.11);
como	um	inquilino	hostil	que	habita	em	nós	(7.17,20);	e	como	uma	lei	que	nos
faz	prisioneiros	(7.23).
Toda	essa	realidade	profunda,	intensa	e	difundida	do	pecado	em	nós	nos	define
até	que	nasçamos	de	novo.	É	necessário	que	o	milagre	ocorra,	pois,	do	contrário,
o	antagonismo	profundo	contra	Deus	continuará	a	nos	controlar	e	a	nos	dirigir
sempre.	Jesus	expressa	esse	fato	da	seguinte	forma:	“O	que	é	nascido	da	carne	é
carne,	e	o	que	é	nascido	do	Espírito	é	espírito.	Não	se	admire	por	eu	dizer:
‘Vocês	precisam	nascer	de	novo’”	(Jo	3.6,7).	Em	virtude	de	nosso	primeiro
nascimento,	somos	meramente	carne,	isto	é,	somos	desprovidos	do	Espírito	de
Deus	e	de	vida.	Quando,	porém,	somos	“nascidos	do	Espírito”,	o	Espírito	de
Deus	nos	dá	vida	espiritual	e	atua	em	nós,	e	temos	vida	nele	para	sempre.
Essa	vida	acompanha	a	luz	da	verdade.	“…	Jesus	lhes	falou,	dizendo:	‘Eu	sou	a
luz	do	mundo.	Quem	me	segue	não	andará	em	trevas,	mas	terá	a	luz	da	vida’”
(Jo	8.12).	A	vida	eterna	e	a	verdadeira	luz	sempre	andam	juntas.	“Vivemos	na
luz”	quando	o	Espírito	nos	dá	vida.
Para	ressaltar	a	séria	escravidão	em	que	nos	encontramos	antes	desse	novo
nascimento,	Paulo	diz	em	Romanos:	“Sei	que	em	mim,	isto	é,	na	minha	carne,
não	habita	bem	nenhum…”	(7.18).	Aquilo	que	somos	sem	o	novo	nascimento,
sem	a	nova	criação	pelo	Espírito	de	Deus	por	causa	de	Cristo,	é	a	personificação
da	resistência	a	Deus.	“A	mentalidade	da	carne	é	hostil	a	Deus,	pois	não	se
sujeita	à	lei	de	Deus;	aliás,	nem	pode	fazê-lo”	(8.7).	Por	que	não	pode	fazê-lo?
Porque	não	quer.	Reprovamos	a	supremacia	de	Deus	(1.28).	Trocamos	Deus
porque	preferimos	mais	outras	coisas	a	ele.
Devemos	abandonar	de	vez,	portanto,	a	ideia	de	que	pecado	é,	acima	de	tudo,
aquilo	que	fazemos.	Não	é.	Pecado	é,	acima	de	tudo,	aquilo	que	nos	define	—
até	nos	tornarmos	nova	criatura	em	Cristo.	E	mesmo	depois	disso,	é	um	inimigo
sempre	presente	que	habita	dentro	de	nós	e	que	precisa	ser	mortificado	todos	os
dias	pelo	Espírito	(7.17,20,23;	8.13).
Antes	de	nosso	encontro	com	Cristo,	o	pecado	não	é	um	poder	estranho	em	nós.
Ele	é	nossa	preferência	por	qualquer	coisa	a	Deus.	É	nossa	reprovação	de	Deus.
Nossa	troca	de	sua	glória	por	substitutos.	Nossa	supressão	da	verdade	de	Deus.
O	pecado	é	a	hostilidade	de	nosso	coração	contra	Deus.	É	quem	somos	no	fundo
do	coração.	Antes	de	encontrarmos	a	Cristo.
Diante	dessa	triste	descrição	da	raiz	de	nosso	problema	para	lidar	com	o
dinheiro,	o	sexo	e	o	poder,	também	fica	evidente	que	essa	distorção	de	nossa
alma	não	corresponde	a	quem	fomos	criados	para	ser.	Fomos	criados	para
conhecer	a	Deus,	glorificá-lo	e	lhe	dar	graças	(Rm	1.19-21).	Fomos	criados	para
vê-lo	e,	com	isso,	refletir	sua	beleza.	Para	esse	fim,	não	deveríamos	trocá-lo	por
alguma	outra	coisa,	mas	preferi-lo	a	todas	as	coisas.	Deveríamos	glorificar	Deus
ao	valorizá-lo	acima	de	todos	os	tesouros,	desfrutá-lo	acima	de	todos	os
prazeres,	ansiar	por	ele	acima	de	todos	os	desejos,	estimá-lo	acima	de	todos	os
prêmios,	querê-lo	acima	de	todas	as	vontades.
Duas	condições	possíveis
Na	vida	humana,	há	duas	principais	condições	do	coração:	o	coração	que
valoriza	Deus	acima	de	tudo	e	o	que	valoriza	algo	mais.	Um	coração	fica	feliz	na
luz	do	valor	supremo	de	Deus.	O	outro	fica	feliz	nas	trevas,	acariciando	imagens
daquilo	que	é	real,	pensando	que	encontrou	um	grande	tesouro.	O	que	nos
caracteriza	como	cristãos	verdadeiros	não	é	que	o	pecado	nunca	nos	vence	—
não	é	que	nossos	desejos	são	perfeitamente	voltados	para	Deus.	O	que	nos
caracteriza	como	verdadeiros	cristãos	é	o	fato	de	que,	na	raiz	de	nossa	vida,	se
encontra	essa	nova	estima	por	Deus	acima	de	tudo,	pois	tivemos	um	encontro
com	ele	em	Jesus	Cristo.	Ele	assumiu	em	nosso	coração	um	lugar	que	nos
conduz	de	volta,	repetidamente,	à	renovação	de	nossa	devoção	a	ele	como	Deus
supremo.	Os	cristãos	descobriram	que	a	habitação	interior	do	Espírito
engrandece	o	valor	de	Jesus	acima	de	todas	as	coisas	e	nos	conduz	ao
arrependimento	quando	não	percebemos	esse	valor	como	deveríamos.	“Se
confessarmos	os	nossos	pecados,	ele	é	fiel	e	justo	para	nos	perdoar	os	pecados	e
nos	purificar	de	toda	injustiça”	(1Jo	1.9).
Dinheiro,sexo	e	poder	são	três	boas	dádivas	de	Deus.	Veremos,	nos	três
capítulos	seguintes,	que	podemos	usá-las	para	revelar	um	coração	de	trevas	ou
um	coração	de	luz.	E,	ao	fazê-lo,	revelaremos	a	verdade	da	beleza	e	do	valor
supremos	de	Deus,	ou	o	apresentaremos	como	algo	insatisfatório	para	o	desejo
de	nossa	alma.	Podemos	ter	um	coração	que	valoriza	este	mundo	acima	de	Deus,
ou	um	coração	que	valoriza	Deus	acima	deste	mundo.	E,	com	isso,	podemos
glorificar	a	Deus	de	forma	que	nos	proporcione	satisfação	plena	ou	difamá-lo	ao
tê-lo	como	inferior	às	coisas	que	ele	criou.	Podemos	viver	na	luz	ou	nas	trevas.
Os	perigos	do	sexo	que
destroem	o	prazer
Quando	Satanás	quis	destruir	o	prazer	supremo	que	Adão	e	Eva	sentiam	em
desfrutar,	sem	pecado,	a	amizade	de	Deus,	não	lhes	apresentou	um	dever,	mas,
sim,	um	deleite.
Eles	viram	que	a	árvore	da	qual	Deus	os	havia	proibido	de	comer	era	“boa	para
alimento,	e	que	era	um	deleite	para	os	olhos,	e	árvore	desejável	para	dar
entendimento”,	de	modo	que	tomaram	e	comeram	(Gn	3.6).	A	trilha	para	a
destruição	de	seu	prazer	foi	“boa”,	“um	deleite”,	“desejável”.	O	artifício	de
Satanás	consistiu	em	tornar	o	fruto	mais	desejável	que	Deus.	E	funcionou.
O	prazer	sexual	é	proibido	como	alternativa	para	o	prazer	em	Deus.	É	dessa
forma	que	devemos	ver	sua	relação	com	a	árvore	no	jardim	do	Éden.	Deus	deve
ser	valorizado	acima	do	prazer	sexual	e	deve	ser	experimentado	no	prazer
sexual.	Os	mesmos	deleites,	paixões	e	êxtases	da	relação	sexual	planejada	por
Deus	para	o	casamento	são	as	espécies	de	prazer	que	o	próprio	Deus	concebeu	e
criou.	Vêm	dele.	São	parte	dele.	Ele	conhece	o	prazer,	imagina	o	prazer	e	cria	o
prazer.	Assim,	quando	provamos	esses	prazeres,	provamos	um	pouco	de	Deus.
Ele	criou	o	prazer	sexual	e,	portanto,	é	maior	que	esse	prazer.	E	ele	o	criou	para
comunicar	um	pouco	de	si	mesmo.	Nunca	foi	intenção	de	Deus	que	o	sexo
constituísse	uma	alternativa	para	o	prazer	nele.	Sua	intenção	era	ser	visto	e
saboreado	no	sexo.	Se	Deus	deixa	de	ser	valorizado	acima	do	prazer	sexual	e
saboreado	nele,	esse	prazer	se	torna	venenoso,	como	o	fruto	da	árvore	no	jardim.
Perder	a	luz
Retomamos	o	assunto	do	qual	tratamos	no	capítulo	anterior	ao	falar	de	Romanos
1.	Com	relevância	impressionante	para	nossos	dias,	Paulo	faz	para	nós	a	ligação
entre	trocar	a	luz	de	Deus	por	trevas	e	a	distorção	e	o	caráter	destrutivo	do
pecado	sexual.	Começamos	a	seção	de	“perigos”	com	um	capítulo	sobre	os
perigos	do	sexo	porque	o	próprio	apóstolo	faz	dele	uma	porta	de	entrada	para
tratar	dos	perigos	de	todos	os	usos	indevidos	das	dádivas	de	Deus.	O	sexo	se
torna	o	caso	representativo	que	revela	o	que	o	dinheiro,	o	sexo	e	o	poder	têm	em
comum	quanto	a	seus	perigos.	A	intenção	de	Paulo	é	que	vejamos	que	nossas
constatações	a	respeito	de	abandonar	a	luz	e	distorcer	o	sexo	também	se	aplicam
a	dinheiro	e	poder.
Começamos	com	Romanos	1.21-23:
Porque,	embora	conhecessem	a	Deus,	não	o	honraram	como	Deus,	nem	lhe
deram	graças,	mas	se	tornaram	fúteis	em	seu	raciocínio,	e	seu	coração	insensato
foi	obscurecido.	Dizendo-se	sábios,	tornaram-se	tolos	e	trocaram	a	glória	do
Deus	imortal	por	imagens	semelhantes	ao	ser	humano	mortal,	às	aves,	aos
quadrúpedes	e	aos	répteis.
A	palavra	“luz”	não	aparece	nesses	versículos.	Mas	a	ideia	de	“trevas”	está
presente	no	final	do	versículo	21:	“…	seu	coração	insensato	foi	obscurecido”.	E,
em	vez	de	contrastar	as	trevas	com	a	luz,	Paulo	as	contrasta	com	a	glória,	a
saber,	a	luz	e	o	resplendor	da	beleza	e	dos	atributos	de	Deus.	“…	não	o	honraram
como	Deus”	(ou	“glorificaram”,	NIV),	mas	“trocaram	a	glória	do	Deus	imortal
por	imagens”	(v.	23).	Ele	afirma,	portanto,	que,	em	nossa	condição	pecaminosa
não	regenerada,	conhecemos	a	Deus	em	um	sentido	(“embora	conhecessem	a
Deus”,	v.	21);	não	obstante,	pegamos	a	glória	de	Deus,	por	assim	dizer,	e	a
trocamos.	Colocamos	algo	em	seu	lugar.	E,	ao	fazê-lo,	empurramos	para	longe	a
luz	do	universo,	a	beleza	e	o	esplendor	divinos	e	o	significado	da	realidade
criada,	e	nos	entregamos	às	trevas.	No	Éden,	Adão	e	Eva	imaginaram	que
estavam	escolhendo	sabedoria	e	vida,	mas	estavam	escolhendo	trevas	e	morte.
“Dizendo-se	sábios,	tornaram-se	tolos”	(v.	22).	E	temos	feito	o	mesmo	desde
então.
Viver	em	trevas	significa,	portanto,	considerar	Deus	minimamente	desejável	e
sua	criação	maximamente	desejável.	Essa	ideia	fica	implícita	no	termo
“trocaram”.	Trocaram	a	glória	de	Deus.	Quando	você	troca	algo,	expressa	sua
preferência.	Expressa	seu	maior	desejo.	E,	se	você	prefere	a	criação	de	Deus	em
lugar	de	Deus,	considera-o	menos	desejável	que	aquilo	que	você	prefere.	É	isso
que	significa	estar	em	trevas.	Nas	trevas	é	impossível	ver	as	coisas	como	são	de
fato.	Se	você	vê	algo	mais	belo,	mais	atraente,	mais	desejável	que	Deus,	está	em
trevas.	Não	está	vendo	a	realidade	como	é	de	fato.
Viver	na	luz	significa	considerar	Deus	supremamente	glorioso,	belo,	desejável	e
satisfatório.	Se	estivéssemos	vivendo	na	luz,	jamais	trocaríamos	sua	glória,	pois
veríamos	as	coisas	de	modo	claro.	Estimaríamos	sua	glória	e	a	guardaríamos	a
qualquer	custo.	Deus	seria	mais	precioso	para	nós	que	qualquer	coisa.	É	isso	que
significa	viver	na	luz.
Como	perder	a	luz	afeta	o	sexo
Qual	é	a	ligação	entre	sexo	e	a	troca	da	glória	de	Deus	por	imagens?	É	dessa
questão	que	Paulo	trata	em	seguida.	Em	quatro	ocasiões	nos	versículos	23	a	28
de	Romanos	1,	ele	diz	que	a	troca	da	glória	de	Deus	por	outras	coisas	—	preferir
glórias	humanas	à	glória	de	Deus	—	é	a	raiz	da	sexualidade	desordenada:
…	e	trocaram	a	glória	do	Deus	imortal	por	imagens	semelhantes	ao	ser	humano
mortal,	às	aves,	aos	quadrúpedes	e	aos	répteis.	Portanto,	Deus	os	entregou,	pelos
desejos	do	coração	deles,	à	impureza,	para	desonrarem	seu	corpo	entre	si,	pois
trocaram	a	verdade	acerca	de	Deus	por	uma	mentira	e	adoraram	e	serviram	a
criatura	em	lugar	do	Criador,	o	qual	é	bendito	para	sempre!	Amém.	Por	isso,
Deus	os	entregou	a	paixões	desonrosas.	Porque	suas	mulheres	trocaram	as
relações	naturais	por	outras	contrárias	à	natureza;	da	mesma	forma,	os	homens
deixaram	as	relações	naturais	com	mulheres	e	foram	consumidos	por	paixão	uns
pelos	outros,	homens	cometendo	atos	desavergonhados	com	homens	e
recebendo,	em	si	mesmos,	a	punição	devida	por	seu	erro.	E,	porque	lhes	pareceu
por	bem	não	reconhecerem	a	Deus,	o	próprio	Deus	os	entregou	a	uma
mentalidade	reprovável,	para	fazerem	o	que	não	se	deve	fazer.
Em	certo	sentido,	o	fato	de	Paulo	falar	sobre	uma	desorientação	homossexual	é
secundário.	As	mesmas	dinâmicas	se	aplicam	a	todas	as	distorções	de	nossa
sexualidade.	Veremos	adiante	por	que	Paulo	focaliza	explicitamente	a
homossexualidade.	No	entanto,	nosso	foco	é	mais	amplo.
Primeiro,	observe	a	ligação	entre	os	versículos	23	e	24:	Eles	“trocaram	a	glória
do	Deus	imortal	por	imagens	[…].	Portanto,	Deus	os	entregou,	pelos	desejos	do
coração	deles,	à	impureza,	para	desonrarem	seu	corpo	entre	si”.	O	termo
“portanto”	é	decisivo.	Significa	que	a	desonra	vertical	de	Deus	(“trocaram	a
glória	de	Deus”)	dá	origem	à	(resulta	em,	conduz	à)	desonra	horizontal	do	corpo
humano	nos	desejos	sexuais	desordenados	de	seu	coração:	“…	Deus	os	entregou
[…]	para	desonrarem	seu	corpo	entre	si…”.	Os	seres	humanos	trocaram	a	glória
de	Deus;	como	consequência,	desonraram	o	próprio	corpo.
Segundo,	observe	a	ligação	entre	os	versículos	24	e	25:	“…	Deus	os	entregou,
pelos	desejos	do	coração	deles,	à	impureza,	para	desonrarem	seu	corpo	entre	si,
pois	trocaram	a	verdade	acerca	de	Deus	por	uma	mentira	e	adoraram	e	serviram
a	criatura	em	lugar	do	Criador,	o	qual	é	bendito	para	sempre!	Amém”.	Aqui,
Paulo	desenvolve	o	mesmo	argumento	de	forma	invertida.	Em	vez	de	apresentar
o	resultado	de	trocar	a	glória	de	Deus,	ele	fornece	a	causa	de	desonrar	o	corpo
pelos	desejos.	A	causa	da	lascívia,	da	impureza	e	de	desonrar	o	corpo	é	o	fato	de
terem	aceitado	a	mentira,	as	trevas,	de	que	a	glória	de	Deus	satisfaz	menos	que
alguma	outra	coisa.	Desonraram	o	corpo	porque	preferiram	a	criatura	em	lugar
do	Criador.
Terceiro,	observe	a	relação	entre	os	versículos	25	e	26:	“…	trocarama	verdade
acerca	de	Deus	por	uma	mentira	[…].	Por	isso,	Deus	os	entregou	a	paixões
desonrosas…”.	Paulo	desenvolve	o	mesmo	argumento	pela	terceira	vez.	Suas
paixões	desonrosas	se	devem	ao	fato	de	que	trocaram	a	verdadeira	glória	de
Deus	pela	mentira	de	que	ele	não	é	mais	desejável	que	todas	as	coisas.
E,	quarto,	Paulo	repete	seu	argumento.	Observe	a	relação	entre	as	duas	partes	do
versículo	28:	“E,	porque	lhes	pareceu	por	bem	não	reconhecerem	Deus
[literalmente:	“não	aprovaram	ter	Deus	em	seu	conhecimento”],	o	próprio	Deus
os	entregou	a	uma	mentalidade	reprovável,	para	fazerem	o	que	não	se	deve
fazer”.	Não	quiseram	Deus	como	a	realidade	dominante	em	sua	mente.	Não
quiseram	a	glória	de	Deus	como	valor	supremo	em	seu	coração.	Diante	disso,
“portanto”,	entregaram-se	ao	pecado	sexual.
Acaso	Paulo	poderia	ter	deixado	mais	claro	que	o	problema	fundamental	do
pecado	sexual	é	que	não	amamos	a	luz	e	a	beleza	da	glória	de	Deus	acima	de
todas	as	coisas?	Amamos	uma	imagem	feita	por	mãos	humanas,	não	a	realidade
divina.	Amamos	a	mentira,	não	a	verdade.	Amamos	as	trevas,	não	a	luz.	E	as
consequências	para	nossa	sexualidade	são	profundamente	desvirtuantes.
É	provável	que	a	homossexualidade	seja	o	foco	nessa	passagem,	porque	fornece
a	ilustração	mais	clara	de	como	a	troca	da	beleza	para	a	qual	fomos	criados	no
plano	vertical	se	reflete	na	troca	da	beleza	para	a	qual	fomos	criados	no	plano
horizontal:	o	homem	troca	a	mulher	por	um	homem,	e	a	mulher	troca	o	homem
por	uma	mulher.	Em	outras	palavras,	uma	troca	vertical	contrária	à	natureza
reverbera	em	trocas	horizontais	contrárias	à	natureza.
É	exatamente	para	isso	que	Paulo	chama	a	atenção	sobre	como	ele	usa	a	palavra
“trocar”	ao	longo	do	texto.	Primeiro,	emprega	“trocaram”	para	indicar	que
preferimos	a	criatura	ao	Criador.	“…	trocamos	a	glória	do	Deus	imortal	por
imagens	[…]	trocamos	a	verdade	acerca	de	Deus	pela	mentira…”	(v.	23,25).	Em
seguida,	usa	“trocaram”	para	se	referir	a	homens	que	preferem	homens	como
parceiros	sexuais	e	mulheres	que	preferem	mulheres:	“…	Porque	suas	mulheres
trocaram	as	relações	naturais	por	outras	contrárias	à	natureza;	da	mesma	forma,
os	homens	deixaram	as	relações	naturais	com	mulheres…”	(v.	26,27).	Portanto,
os	relacionamentos	homossexuais	são	uma	parábola	vívida	e	representativa	da
sexualidade	desordenada	que	nasce	de	um	relacionamento	desordenado	com
Deus,	mais	especificamente,	de	um	relacionamento	em	que	as	glórias	da	criação
são	preferidas	à	glória	de	Deus.
Os	perigos	do	sexo
Essa	troca,	talvez	retratada	de	modo	mais	vívido	nas	relações	homossexuais,	se
aplica	a	todos	os	nossos	pecados	sexuais:	adultério	(trocar	o	cônjuge	por	um
parceiro	ilícito),	impureza	sexual	(trocar	o	chamado	de	Deus	à	castidade	na	vida
de	solteiro	por	sexo	fora	do	casamento),	lascívia	(trocar	a	pureza	por
pornografia).	Todos	os	nossos	pecados	sexuais	estão	arraigados	nisto:	não
valorizamos	a	glória	de	Deus	ao	considerá-la	supremamente	desejável	acima	de
todas	as	coisas.	Deixamos	que	as	trevas	da	mentira	nos	persuadam	de	que	este
ou	aquele	prazer	ilícito	é	mais	desejável	que	Deus.	Nas	trevas,	acariciamos	o	liso
pingente	escuro	como	o	ébano	junto	a	nosso	pescoço,	sem	saber	que,	na	luz,
veríamos	que	é	uma	barata.	Pensamos	que	a	tarântula	é	um	brinquedo	de	pelúcia.
Imaginamos	que	o	leão	é	um	animal	de	estimação	e	que	o	som	da	cascavel	é	uma
castanhola.	É	isso	que	significa	viver	em	trevas,	nas	quais	Deus	é	menos
desejável	que	o	prazer	sexual.
O	pecado	sexual	cresce	no	solo	da	cegueira,	da	escuridão	e	da	ignorância	a
respeito	da	grandeza	e	da	beleza	de	Deus	que	satisfazem	plenamente.	Por	isso,
Pedro	disse	às	igrejas:	“Como	filhos	obedientes,	não	se	conformem	às	paixões
de	sua	ignorância	de	outrora”	(1Pe	1.14).	Ele	está	dizendo:	“No	passado	vocês
não	tinham	conhecimento	do	valor,	da	beleza,	da	grandeza	e	da	doçura	de	Deus.
Agora,	porém,	vocês	nasceram	de	novo	(v.	3,23),	‘se	é	que	vocês	provaram	que
o	Senhor	é	bom’”	(2.3).	Sim,	e,	uma	vez	que	vocês	“provaram”	de	Deus,	a
“ignorância	de	outrora”	do	sabor	do	pecado	não	controla	mais	suas	paixões.	A
mentira	dos	desejos	sexuais	pecaminosos	é	desmascarada.
Paulo	desenvolveu	o	mesmo	argumento	sobre	a	“ignorância	de	outrora”	em
relação	ao	pecado	sexual.	Disse:	“…	a	vontade	de	Deus	é	a	santificação	de
vocês:	que	se	abstenham	da	imoralidade	sexual;	que	cada	um	de	vocês	saiba
controlar	o	próprio	corpo	em	santidade	e	honra,	não	com	paixão	lasciva	dos
gentios	que	não	conhecem	a	Deus”	(1Ts	4.3-5).	Em	outras	palavras,	para	Paulo	a
distorção	e	o	abuso	do	desejo	sexual	nascem	das	trevas	da	mente	incrédula.	Eles
não	conhecem	a	Deus.	Esse	era	o	lugar	em	que	todos	nós	estávamos:	nas	trevas
no	tocante	à	beleza	e	ao	valor	infinitos	de	Deus.
Eles	sabem	e	não	sabem
Ao	falarem	de	nossa	“ignorância	de	outrora”,	Pedro	e	Paulo	não	contradizem
Romanos	1.21,	em	que	Paulo	diz:	“Embora	conhecessem	a	Deus,	não	o
honraram	como	Deus,	nem	lhe	deram	graças…”.	Há	tanto	um	conhecimento	de
Deus	como	uma	ignorância	a	respeito	dele	na	mente	não	cristã.	O	conhecimento
de	Deus	é	profundo	e	inato:
Pois	aquilo	que	se	pode	conhecer	a	respeito	de	Deus	é	manifesto	para	eles,	pois
Deus	lhes	mostrou.	Porque	seus	atributos	invisíveis,	a	saber,	seu	poder	eterno	e
sua	natureza	divina,	foram	claramente	percebidos,	desde	a	criação	do	mundo,
nas	coisas	que	foram	feitas.	Por	isso,	eles	são	indesculpáveis	(1.19,20).
No	entanto,	esse	conhecimento	profundo	e	inato	de	Deus	é	rejeitado	e	reprimido.
“…	Por	meio	de	sua	injustiça,	suprimem	a	verdade”	(v.	18).	“…	Não	aprovaram
ter	Deus	em	seu	conhecimento…”	(v.	28,	TA).	Portanto,	há	ignorância	real	a
respeito	de	Deus,	bem	como	conhecimento	real.	O	conhecimento	é	reprimido	e
inoperante.	A	ignorância	é	desejada	e	poderosa.	Tanto	Pedro	quanto	Paulo
identificam	essa	ignorância	a	respeito	de	Deus	—	a	troca	da	glória	de	Deus	por
imagens	—	como	a	origem	das	distorções	e	da	escravização	decorrente	dos
desejos	sexuais.	A	alma	humana	foi	criada	para	ser	satisfeita	pela	glória	de	Deus.
Quando	a	luz	dessa	glória	é	suprimida,	a	alma	se	destrói	ao	procurar	satisfação
nas	trevas	mortais.
E,	de	fato,	são	mortais,	como	Jesus	e	os	apóstolos	afirmam	repetidamente.	É
nesse	ponto	que	vemos	os	resultados	perigosos	dos	efeitos	de	não	viver	na	luz.
Essas	advertências	não	se	restringem	a	um	ou	dois	autores	do	Novo	Testamento.
Jesus,	Pedro,	Paulo,	João	e	o	autor	de	Hebreus	soam	o	alarme	para	o	perigo	que
espera	aqueles	que	não	se	arrependem	do	pecado	sexual.
Considere	algumas	dessas	advertências.
Não	há	pecado	como	esse
Paulo	sonda	as	profundezas	dos	pecados	sexuais	de	imoralidade,	adultério	e,
especialmente,	prostituição.
Vocês	não	sabem	que	o	corpo	de	cada	um	de	vocês	é	membro	de	Cristo?	Será
que	eu	tomaria	os	membros	de	Cristo	e	os	faria	membros	de	uma	prostituta?	De
modo	nenhum!	Ou	não	sabem	que	quem	se	une	a	uma	prostituta	se	torna	um	só
corpo	com	ela?	Porque,	como	está	escrito,	“os	dois	se	tornarão	uma	só	carne”.
Mas	aquele	que	está	unido	ao	Senhor	se	torna	um	só	espírito	com	ele.	Fujam	da
imoralidade	sexual.	Qualquer	outro	pecado	que	uma	pessoa	cometer	é	fora	do
corpo;	mas	a	pessoa	sexualmente	imoral	peca	contra	o	próprio	corpo.	Ou	será
que	vocês	não	sabem	que	seu	corpo	é	santuário	do	Espírito	Santo,	que	está	em
vocês	e	que	receberam	de	Deus?	Vocês	não	pertencem	a	si	mesmos,	pois	foram
comprados	por	preço.	Portanto,	glorifiquem	a	Deus	no	corpo	de	vocês	(1Co
6.15-20).
O	cristão	está	unido	a	Cristo.	Essa	união	abrange	o	corpo	e	o	espírito.
Consequentemente,	uniões	sexuais	ilícitas,	que	não	expressam	nossa	união	com
Cristo,	contradizem	essa	união,	arrastam	Cristo	para	um	leito	de	prazer	profano	e
o	tornam	parceiro	no	ato.	Segundo	Paulo,	era	algo	espantosamente	impensável,
como	deve	ser	para	nós.
Talvez	você	imagine	que	esta	é	uma	explicação	a	respeito	da	origem	do	pecado
sexual	completamente	diferente	daquela	que	vimos	até	aqui.	Nesse	caso,	pode	se
dizer	que	o	pecado	sexual	decorre	de	não	entendermos	que	somos	membros	de
Cristo,	de	modo	que	rebaixamos	Cristo	ao	nível	da	prostituição.	Por	certo,	esse
argumento	vai	alémdaquilo	que	vimos	até	aqui,	mas	não	é	inteiramente	distinto.
Paulo	parte	do	pressuposto	de	que	se	você	visse	e	estimasse	a	beleza	e	o	valor	de
Cristo,	não	agiria	dessa	forma.	A	afronta	tem	que	ver	com	a	pureza,	a
preciosidade,	a	santidade	e	a	glória	de	Cristo.
Observamos	isso	no	final	do	texto,	em	que	Paulo	diz:	“…	vocês	não	pertencem	a
si	mesmos,	pois	foram	comprados	por	preço.	Portanto,	glorifiquem	a	Deus	no
corpo	de	vocês”	(v.	19,20).	Você	é	propriedade	de	Deus.	Ele	o	comprou	com	o
sangue	infinitamente	valioso	de	Cristo.	Por	esse	motivo,	quando	tratamos	nosso
corpo	como	se	tivéssemos	direito	de	fazer	com	ele	o	que	nossos	impulsos
exigem,	tratamos	o	valor	de	Cristo	e	a	glória	de	Deus	com	desprezo.	Esse	é	o
cerne	da	questão	desde	o	início.
Há	uma	parte	especialmente	difícil	de	entender	no	texto	de	Paulo.	No	versículo
18,	ele	argumenta	contra	a	imoralidade	sexual	da	seguinte	forma:	“…	Qualquer
outro	pecado	que	uma	pessoa	cometer	é	fora	do	corpo;	mas	a	pessoa
sexualmente	imoral	peca	contra	o	próprio	corpo”.	O	que	isso	significa?	Em
todos	os	comentários	que	li	ao	longo	dos	anos,	parece-me	que	não	há	um
consenso	estabelecido,	mas	a	maioria	concorda	que,	de	algum	modo,	Paulo
considera	que	as	relações	sexuais	com	alguém	que	não	seja	o	cônjuge	profanam
ou	prejudicam	o	corpo	de	modo	singular.	De	acordo	com	ele,	nenhum	outro
pecado	é	semelhante	a	esse.	Diante	disso,	Roy	Ciampa	e	Brian	Rosner,	por
exemplo,	observam:
Paulo	não	está	dizendo	que	apenas	porneia	[imoralidade	sexual]	prejudica	o
corpo,	mas	que	somente	porneia	forma	uma	união	de	“uma	só	carne”	que	é
“contrária	ao	corpo”.	O	pecado	sexual	é	contra	o	corpo	porque,	como	Fisk
afirma,	“une	o	corpo	de	modo	ímpar	[…]	[e]	profana	o	corpo	de	modo	ímpar”.
Como	acontece	com	tantas	outras	expressões	condensadas	nesta	seção,
precisamos	fornecer	algo	para	completar	nosso	entendimento	da	ideia	de	Paulo.
Aqui,	podemos	acrescentar	que	porneia	é	um	pecado	contra	a	“posse	legítima”
do	corpo;	o	corpo	do	crente	está	debaixo	da	autoridade	de	Cristo,	o	Senhor	(v.
12-15),	é	templo	do	Espírito	Santo	(v.	19)	e	foi	comprado	por	Deus	(v.	20).¹
Podemos	especular	a	respeito	dos	danos	singulares	que	podem	sobrevir	a	alguém
que	peca	desse	modo.	No	entanto,	o	que	deve	nos	conduzir	a	uma	reflexão	séria
é	o	fato	de	o	apóstolo	inspirado	ver	algo	bastante	perigoso	no	pecado	sexual.
Não	há	outro	pecado	como	esse.
Uma	guerra	final	pela	alma
Dos	perigos	atuais	do	pecado	sexual,	passamos	agora	às	advertências	mais	gerais
a	respeito	do	estrago	definitivo	que	o	pecado	sexual	pode	causar.	Pedro	escreve:
“Amados,	peço	a	vocês,	como	peregrinos	e	exilados,	que	se	abstenham	das
paixões	da	carne,	que	guerreiam	contra	a	alma”	(1Pe	2.11).	Esse	conflito	não	se
limita	às	paixões	sexuais	pecaminosas,	mas	sem	dúvida	as	inclui.	E	o	perigo	é
que	essas	paixões	da	carne	têm	por	objetivo	destruir	a	alma.	O	resultado	do
pecado	sexual,	caso	Deus	não	intervenha	e	conceda	arrependimento,	é	o	mesmo
que	acontece	a	um	inimigo	derrotado	na	guerra.
O	autor	de	Hebreus	eleva	essa	advertência	a	um	novo	patamar:	“Que	o
casamento	seja	honrado	entre	todos,	e	que	o	leito	conjugal	seja	imaculado,	pois
Deus	julgará	os	sexualmente	imorais	e	os	adúlteros”	(Hb	13.4).	Paulo	define	esse
“julgamento”	como	a	ira	de	Deus	contra	aqueles	que	praticam	imoralidade
sexual:	“Façam	morrer,	portanto,	aquilo	que	é	terreno	em	vocês:	imoralidade
sexual,	impureza,	paixões,	maus	desejos	e	ganância,	que	é	idolatria.	Por	causa
dessas	coisas	é	que	vem	a	ira	de	Deus”	(Cl	3.5,6).	Claro	que	o	pecado	sexual	não
é	o	único	pecado	que	traz	o	julgamento	de	Deus,	mas	é	um	deles.
Paulo	assim	destaca	repetidamente	que	esse	é	um	pecado	que	coloca	em	perigo	a
alma	de	quem	o	pratica.	Leva-nos	de	volta	às	experiências	de	Israel	no	deserto	a
caminho	da	Terra	Prometida	e	adverte:	“Não	devemos	nos	entregar	à
imoralidade	sexual,	como	alguns	deles	fizeram,	e	vinte	e	três	mil	caíram	em	um
só	dia”	(1Co	10.8).	O	pecado	sexual	resulta	em	julgamento:	“…	o	Senhor	é
vingador	de	todas	essas	coisas…”	(1Ts	4.3-6).
Paulo	chama	atenção	a	uma	implicação	específica	do	julgamento	e	da	vingança
de	Deus	contra	o	pecado	sexual	ao	mencioná-lo	na	lista	de	pecados	que
impedem	a	pessoa	de	entrar	no	reino	de	Deus:	“Ora,	as	obras	da	carne	são
evidentes:	imoralidade	sexual,	impureza,	sensualidade	[…]	Eu	os	advirto,	como
antes	já	os	adverti,	que	os	que	praticam	essas	coisas	não	herdarão	o	reino	de
Deus”	(Gl	5.19-21).	E	novamente:
Vocês	não	sabem	que	os	injustos	não	herdarão	o	reino	de	Deus?	Não	se
enganem:	nem	os	sexualmente	imorais,	nem	os	idólatras,	nem	os	adúlteros,	nem
os	homens	que	praticam	homossexualidade,	nem	os	ladrões,	nem	os	avarentos,
nem	os	bêbados,	nem	os	caluniadores,	nem	os	trapaceiros	herdarão	o	reino	de
Deus	(1Co	6.9,10).
Em	Apocalipse,	vemos	como	o	apóstolo	João	fala	dessa	exclusão	do	reino	de
Deus:
Bem-aventurados	aqueles	que	lavam	suas	vestes,	para	que	tenham	direito	à
árvore	da	vida	e	para	que	entrem	na	cidade	pelas	portas.	Fora	ficam	os	cães,	os
feiticeiros,	os	sexualmente	imorais,	os	assassinos,	os	idólatras	e	todos	os	que
amam	e	praticam	a	mentira	(Ap	22.14,15).
Contudo,	a	contaminação	do	pecado	sexual	não	é	irremovível,	e,	se	cometemos
pecado	sexual,	não	quer	dizer	que	não	podemos	fazer	parte	do	reino	santo	de
Deus.	O	versículo	14	mostra	que	podemos	ser	lavados	e	aceitos.	O	que	significa
lavar	nossas	vestes?	Significa	tornar-se	alguém	que	“lavou	suas	vestes	e	as
alvejou	no	sangue	do	Cordeiro”	(Ap	7.14).	Cristo	morreu	e	derramou	seu	sangue
escarlate	para	que	nossas	vestes	manchadas	de	pecado	escarlate	pudessem	ser
alvejadas:
Venham,	pois,	e	vamos	raciocinar	juntos,	diz	o	SENHOR:	embora	seus	pecados
sejam	como	o	escarlate,	eles	se	tornarão	brancos	como	a	neve;	embora	sejam
vermelhos	como	o	carmesim,	eles	se	tornarão	como	a	lã	(Is	1.18).
É	maravilhosamente	animador	para	os	pecadores	desanimados	que	Paulo	fale	da
mesma	forma	sobre	aqueles	que	viveram	em	toda	espécie	de	pecado	sexual:
“Alguns	de	vocês	eram	assim.	Mas	vocês	foram	lavados,	foram	santificados,
foram	justificados	no	nome	do	Senhor	Jesus	Cristo	e	pelo	Espírito	de	nosso
Deus”	(1Co	6.11).
No	entanto,	isso	não	é	fonte	alguma	de	ânimo	se	não	valorizamos	Cristo	e	não
deixamos	de	preferir	o	sexo	a	Deus.	Sem	esse	tipo	de	fé,	que	se	apega	a	Jesus	ao
considerá-lo	supremo	(Mt	10.37),	seu	sangue	de	nada	nos	adiantará,	e
Apocalipse	22.15	se	aplicará	a	nós	no	último	dia:	“Fora	ficam	[…]	os
sexualmente	imorais…”.
As	palavras	mais	fortes	de	Jesus
O	que	significa	estar	“fora”?	Ninguém	se	expressa	com	palavras	mais	rigorosas
sobre	os	perigos	do	pecado	sexual	que	o	Senhor	Jesus:
Vocês	ouviram	o	que	foi	dito:	“Não	cometa	adultério”.	Mas	eu	digo	que	todo
aquele	que	olhar	para	uma	mulher	com	intenção	impura	já	cometeu	adultério
com	ela	no	coração.	Se	seu	olho	direito	o	faz	pecar,	arranque-o	e	jogue-o	fora.
Pois	é	melhor	perder	um	de	seus	membros	que	ter	o	corpo	todo	lançado	no
inferno.	E	se	sua	mão	direita	o	faz	pecar,	corte-a	e	jogue-a	fora.	Pois	é	melhor
perder	um	de	seus	membros	que	ir	o	corpo	todo	para	o	inferno	(Mt	5.27-30).
A	severidade	dessas	palavras	—	para	que	você	não	seja	“lançado	no	inferno”	—
é	um	eco	do	trovão	por	trás	de	Romanos	1:	“…	trocaram	a	glória	do	Deus
imortal	por	imagens…”	(v.	23).	A	ameaça	do	inferno	não	aparece	do	nada.	Não	é
uma	repulsa	moralista	à	carnalidade	do	sexo;	Deus	criou	o	sexo	e,	portanto,	em
si	mesmo,	ele	é	bom.	Não,	essa	ameaça	reflete	a	afronta	de	preferir	o	estímulo
genital	e	a	euforia	hormonal	temporária	à	glória	infinita	e	eterna.	“…	A	ira	de
Deus	é	revelada	do	céu	[…]	[porque	as	pessoas]	trocaram	a	glória	do	Deus
imortal	por	[coisas	criadas]”	(v.	18,23).
O	objetivo	de	Jesus	é	nos	despertar	do	triste	e	tenebroso	entorpecimento	de	ter
sentimentos	tão	fracos	a	respeito	da	glória	de	Deus	que	precisamos	aumentá-los
ou	substituí-los	por	pensamentos	lascivos	sobre	estímulo	sexual	ilícito.	Claro
que	ele	não	está	encontrando	problemas	nos	prazeres	sexuais	da	noiva	e	do
noivo	[na	lua	de	mel]	em	Cântico	dos	Cânticos,	que	se	deleitam	com	o	corpo	um
do	outro.	O	banquetear-se,seja	em	alimento,	seja	em	sexo,	é	“santificado	pela
palavra	de	Deus	e	pela	oração”	(1Tm	4.5).	Esses	prazeres	são	recebidos	como
dádivas	de	Deus	ao	serem	desfrutados	dentro	dos	limites	sábios	e	benéficos
estabelecidos	por	Deus.	Mas	Jesus	não	está	falando	desse	tipo	de	sexo	em
Mateus	5.27-30.	Ele	está	falando	dos	desejos	que	fazem	a	linguagem	da
imaginação	provar	o	fruto	proibido	e,	depois,	obter	o	máximo	de	prazer	possível
sem	chegar	a	realizar	o	ato	em	si	—	a	“intenção	impura”	(v.	28).
Ele	adverte	a	esse	respeito:	“Se	seu	olho	direito	o	faz	pecar,	arranque-o	e	jogue-o
fora…”.	Atente	para	algo	curioso.	Jesus	diz	“olho	direito”.	Mas,	se	arrancar
apenas	um	dos	olhos,	você	poderá	ver	a	mulher	(ou	o	homem,	ou	a	imagem)
tanto	quanto	se	tivesse	os	dois	olhos.	O	que	isso	nos	diz?	Diz	que	Jesus	não
fornece	um	método	literal	exato	para	acabar	com	a	tentação.	Antes,	mostra-nos
quão	seriamente	devemos	guerrear	contra	nossa	pecaminosidade.	Estão	em	jogo
coisas	eternas.	Faça	o	que	for	necessário	para	matar	o	pecado	para	que	ele	não
mate	você.
Paulo	expressou	a	mesma	ideia	da	seguinte	forma:	“Se	viverem	de	acordo	com	a
carne,	morrerão,	mas	se,	pelo	Espírito,	mortificarem	os	feitos	do	corpo,	viverão”
(Rm	8.13).	Lute	contra	o	pecado	sexual	(e	todos	os	outros	pecados)	com	a
mesma	seriedade	como	aquela	presenta	na	ordem	para	arrancar	um	dos	olhos	ou
cortar	fora	uma	das	mãos.	Sua	vida	depende	disso.	Eternamente.
O	retrato	extremamente	vívido	de	João
Por	fim,	em	nosso	resumo	das	advertências	do	Novo	Testamento,	chegamos	ao
retrato	extremamente	vívido	que	João	pinta	do	lago	de	fogo.
Quanto	aos	covardes,	aos	incrédulos,	aos	abomináveis,	aos	assassinos,	aos
sexualmente	imorais,	aos	feiticeiros,	aos	idólatras	e	a	todos	os	mentirosos,	a
parte	que	lhes	cabe	será	no	lago	que	arde	com	fogo	e	enxofre,	que	é	a	segunda
morte	(Ap	21.8).
O	horror	da	imagem	de	um	“lago	de	fogo”	é	intensificado	por	sua	duração:	“E	a
fumaça	de	seu	tormento	sobe	para	todo	o	sempre,	e	eles	não	têm	descanso,	nem
de	dia	nem	de	noite…”	(Ap	14.11).	Esse	talvez	seja	o	retrato	mais	vívido	que
temos	do	fim	daqueles	cuja	“imoralidade	sexual”	não	é	coberta	pelo	sangue	de
Jesus.	Somente	“em	Cristo”	estamos	a	salvo	do	lago	de	fogo.	Como	o	apóstolo
Pedro	diz:	“…	não	foi	com	coisas	perecíveis	como	prata	ou	ouro	que	vocês
foram	resgatados	da	vida	inútil	herdada	de	seus	antepassados,	mas	com	o	sangue
precioso	de	Cristo,	como	de	um	cordeiro	sem	defeito	e	sem	mácula”	(1Pe
1.18,19).	A	fé	em	Cristo	vence	o	lago	de	fogo:	“…	O	vencedor	de	modo	algum
sofrerá	o	dano	da	segunda	morte”	(Ap	2.11).
As	advertências	do	Novo	Testamento	a	respeito	dos	perigos	do	sexo	não	têm	o
objetivo	de	nos	deixar	paralisados	de	medo.	Seu	propósito	é	abrir	nossos	olhos
para	a	magnitude	da	glória	de	Deus,	a	enormidade	de	nosso	pecado,	a	justiça	do
nosso	castigo,	a	sabedoria	de	refugiar-se	em	Cristo	e	os	prazeres	superiores	à
direita	de	Deus.	É	bondoso	da	parte	do	médico	nos	dizer	que	nossa	doença	é
terminal;	e	é	ainda	mais	bondoso	da	parte	dele	nos	oferecer	o	único	remédio	que
cura	a	enfermidade	do	pecado	e	evita	seu	resultado	terrível.	Custou	a	vida	de	seu
Filho	prover-nos	do	remédio,	outro	motivo	pelo	qual	as	advertências	são	tão
severas	para	aqueles	que	desprezam	esse	presente	de	valor	inestimável.
Restaurar	a	luz	da	glória	de	Deus
Lembre-se	de	que	a	origem	do	pecado	sexual	é	o	fato	de	havermos	“trocado	a
glória	do	Deus	imortal	por	imagens”	(Rm	1.23).	Essa	troca	vertical	nos	cerca	de
trevas.	A	glória	desapareceu.	Ela	tinha	o	propósito	de	nos	encantar	e	emocionar.
E	nós	a	rejeitamos.	Não	preferimos	Deus	acima	de	tudo.	Uma	das	coisas	criadas
que	colocamos	em	seu	lugar	é	o	prazer	sexual	ilícito.	A	nitidez	das	imagens
sexuais	tem	poder	porque	a	luz	da	glória	se	apagou.
Veja	o	que	acontece.	Tenho	um	relógio	no	meu	criado-mudo	ao	lado	da	cama.
Ele	projeta	as	horas	no	teto.	À	noite,	quando	desligo	a	luz,	vejo	“22:30”	em
números	vermelhos	no	teto.	É	uma	imagem	nítida	que	prende	minha	atenção	—
no	escuro.	Mas,	quando	o	sol	começa	a	brilhar	pela	manhã,	os	números
vermelhos	somem	completamente.	Na	claridade	do	sol,	vejo	apenas	o	teto.	Os
números	vermelhos	precisam	de	trevas.	São	visíveis	apenas	no	escuro.
O	mesmo	acontece	com	o	sexo	ilícito.	Sua	nitidez	e	seu	poder	de	nos	atrair	para
o	pecado	aumentam	nos	lugares	em	que	a	glória	de	Deus	brilha	com	menos
intensidade.	Quando	a	glória	de	Deus	é	revelada	e	valorizada	ao	máximo,	o
poder	da	atração	sexual	pecaminosa	é	quebrado.	O	brilho	do	sol	faz	desaparecer
o	brilho	das	luzes	vermelhas.	Portanto,	quando	se	trata	de	nossa	vida	sexual,	a
questão	é:	vemos	a	glória	de	Deus?	Valorizamos	sua	glória?	Estamos
profundamente	contentes,	como	Paulo	diz,	em	todas	as	situações	(mesmo
quando	a	satisfação	sexual	nos	é	negada)	“por	causa	do	valor	insuperável	de
conhecer	Cristo	Jesus,	meu	Senhor”	(Fp	3.8)?
Para	nos	ajudar	a	superar	os	perigos	do	sexo,	Deus	fez	mais	que	nos	advertir.
“Seu	divino	poder	nos	deu	todas	as	coisas	que	dizem	respeito	à	vida	e	à
piedade…”	(2Pe	1.3).	Como	ele	fez	isso?	Pedro	diz	que	foi	“por	meio	do
conhecimento	daquele	que	nos	chamou	para	sua	própria	glória	e	virtude”.	Deus
nos	dá	poder	para	vivenciarmos	uma	sexualidade	piedosa	e	nos	liberta	da
sexualidade	ímpia	“por	meio	do	conhecimento”.	Conhecimento	de	quê?	Do
Deus	de	glória	e	virtude!
Em	outras	palavras,	Deus	intervém	e	começa	a	reverter	a	troca	de	Romanos	1.
Ali,	trocamos	a	glória	de	Deus	por	imagens,	e	tudo	se	tornou	corrompido	e
distorcido.	Agora,	ele	está	revertendo	essa	troca	“por	meio	do	conhecimento
daquele	que	nos	chamou	para	sua	própria	glória	e	virtude”.	Esse	novo
despertamento	da	alma	para	a	glória	de	Deus	é	o	começo	da	liberdade	da
escravidão	sexual.
De	que	maneira	Deus	nos	deu	esse	conhecimento	de	sua	glória	e	virtude?	Ao	nos
conceder	“suas	preciosas	e	mui	grandes	promessas,	para	que	por	elas	vocês	se
tornem	participantes	da	natureza	divina,	tendo	escapado	da	corrupção	que	há	no
mundo	por	causa	do	desejo	pecaminoso”	(2Pe	1.4).	Esse	conhecimento	que
transforma	nossa	vida	se	dá	por	meio	das	promessas	de	Deus.	Ele	faz	promessas
para	nós.	As	promessas	revelam	a	glória	e	a	virtude	de	Deus	e	garantem	que	as
desfrutaremos	para	sempre	ao	crermos	em	Cristo.
Quando	aceitamos	essas	promessas	da	glória	de	Deus,	tornamo-nos
“participantes	da	natureza	divina”.	Deus	nos	conforma	a	seu	caráter	santo	por
meio	da	fé	nas	promessas	imbuídas	dele	próprio.	E,	em	consequência	dessa
transformação	à	semelhança	de	Deus,	escapamos	“da	corrupção	que	há	no
mundo	em	virtude	do	desejo	pecaminoso”.	Em	outras	palavras,	somos	libertos
do	poder	do	desejo	pecaminoso,	que	abarca	o	desejo	sexual,	quando:
1)	ouvimos	as	promessas	de	Deus;
2)	vemos	e	conhecemos	a	glória	de	Deus	por	meio	dessas	promessas;
3)	somos	transformados	por	aquilo	que	vemos	à	semelhança	da	natureza	de
Deus,	portanto;
4)	escapamos	da	corrupção	que	nos	escravizava.
Resumo	dos	perigos	do	sexo
Em	suma,	este	é	o	perigo	do	sexo:	pelo	fato	de	nosso	coração	estar	naturalmente
desordenado	no	plano	vertical	e	de	Deus	não	ser	nosso	desejo	supremo,	nossos
desejos	sexuais	no	plano	horizontal	estão	desordenados	e	preferimos	prazeres
ilícitos	a	prazeres	piedosos.	Chegamos	a	preferi-los	até	mesmo	a	Deus.	O
resultado	dessa	profanação	da	beleza	e	do	valor	de	Deus	é	a	perspectiva	de
castigo	terrível	debaixo	do	julgamento	de	Deus.	Mas	o	ápice	da	glória	do	Deus
da	glória	é	sua	graça.	Ele	providenciou	um	modo	para	que	os	pecados	sexuais
sejam	perdoados	e	para	que	nossa	vida	impura	seja	purificada.
Ele	realizou	essa	obra	na	morte	e	na	ressurreição	de	Cristo.	E	sabemos	que	ele	o
fez	particularmente	para	os	que	cometem	pecados	sexuais,	pois	Paulo	relaciona
esses	pecadores:	“…	os	sexualmente	imorais,	[…]	os	adúlteros,	[…]	homens	que
praticam	homossexualidade”	(1Co	6.9).	E	depois	declara	de	forma	gloriosa:	“E
alguns	de	vocês	eram	assim.	Mas	vocês	foram	lavados,	foram	santificados,
foram	justificados	no	nome	do	Senhor	Jesus	Cristo	e	pelo	Espírito	de	nosso
Deus”	(1Co	6.11).
Talvez	tenha	sido	seu	caso.	Talvez	seja	seu	caso.	Em	certo	sentido,	Pauloestá
descrevendo	todos	nós.	Nenhum	de	nós	tem	um	histórico	perfeito	no	âmbito
sexual.	Sem	dúvida,	é	verdade	que,	como	Paulo	diz,	trocar	a	glória	de	Deus	por
imoralidade	sexual	leva	à	destruição.	Mas	também	é	verdade,	uma	verdade
maravilhosa,	que	arrepender-se	da	imoralidade	conduz	ao	perdão	em	Cristo	e	à
eternidade	com	Deus.	E	conduz	a	um	modo	mais	profundo	e	mais	puro	de
desfrutar	o	sexo	como	boa	dádiva	de	Deus,	e	não	como	uma	forma	de	rejeitá-lo.
Para	usar	outra	imagem,	podemos	dizer:	quando	o	planeta	do	sexo,	que	em	si
mesmo	é	algo	bom,	entra	no	campo	gravitacional	de	uma	estrela	alienígena,	é
atraído	para	órbitas	ilícitas.	A	estrela	alienígena	mais	comum	é	a	preferência	por
sexo	considerando-o	mais	valioso	que	Deus.	Essa	troca	de	valores	começa	a
empurrar	o	planeta	do	sexo	em	direção	ao	centro.	A	luz	da	beleza	de	Deus	exerce
forte	atração	gravitacional	sobre	tudo	em	nossa	vida.	Somente	quando	o	sol	da
glória	de	Deus,	que	satisfaz	plenamente,	é	o	centro	do	sistema	solar	de	nossa
vida	é	que	o	sexo	encontra	sua	bela,	santa	e	feliz	órbita.
¹	Roy	E.	Ciampa;	Brian	S.	Rosner,	The	first	letter	to	the	Corinthians,	The	Pillar
New	Testament	Commentary	(Eerdmans,	2010),	p.	264.	Na	opinião	de	alguns
estudiosos,	a	frase	“…	Qualquer	outro	pecado	que	uma	pessoa	cometer	é	fora	do
corpo”	(v.	18,	nota	de	rodapé	da	ESV)	não	são	de	Paulo,	mas,	sim,	a	citação	de
um	lema	de	seus	adversários	em	Corinto,	como	ele	provavelmente	também	os
citou	nos	versículos	12	e	13.	É	uma	possibilidade,	mas	em	minha	opinião	a
forma	que	o	grego	é	redigido,	com	a	inclusão	de	uma	oração	relativa	(ὃ	ἐὰν
ποιήσῃ	ἄνθρωπος),	não	parece	ser	um	lema.	De	qualquer	modo,	Paulo	afirma	no
final	do	versículo	18	que	a	imoralidade	sexual	é,	de	fato,	um	pecado	contra	o
corpo.
Os	perigos	do	dinheiro
que	destroem	a	riqueza
Equanto	ao	dinheiro?	De	que	modo	a	boa	dádiva	do	dinheiro,	tão	repleta	de
potencial	para	bênção,	se	torna	destrutiva?	De	que	maneira	é	relacionada	à	troca
da	glória	de	Deus	por	outras	coisas?	O	que	acontece	quando	passa	a	nos
controlar?
O	primeiro	e	o	último	mandamentos
Você	alguma	vez	refletiu	sobre	a	possibilidade	de	que	o	primeiro	e	o	último	dos
Dez	Mandamentos	sejam	praticamente	a	mesma	coisa	e	sirvam	como	uma
espécie	de	moldura	ou	colchetes	que	tornam	os	outros	oito	mandamentos	entre
eles	possíveis?
O	primeiro	mandamento	é:	“Não	tenha	outros	deuses	diante	de	mim”	(Êx	20.3).
“Diante	de	mim”	em	que	sentido?	O	versículo	5	esclarece:	“…	Eu,	o	SENHOR
seu	Deus,	sou	Deus	zeloso…”.	Em	outras	palavras,	“você,	Israel,	é	minha
esposa.	Se	seu	coração	vai	atrás	de	outros	deuses,	é	como	uma	esposa	que	vai
para	a	cama	com	outro	homem.	Em	meu	zelo	santo,	encho-me	de	ira.	Seu
coração,	sua	lealdade	suprema,	seu	amor,	sua	afeição,	sua	devoção,	seu	prazer
pertencem	supremamente	a	mim”.
Portanto,	quando	Deus	ordena:	“Não	tenha	outros	deuses	diante	de	mim”,	está
dizendo:	“Tenha-me	sempre	como	objeto	supremo	de	sua	afeição.	Deleite-se	em
mim	mais	que	em	qualquer	pretendente	que	apareça.	Que	nada	o	atraia	mais	do
que	eu	o	atraio.	Aceite-me	como	seu	tesouro	supremo	e	encontre	contentamento
em	mim”.	Esse	é	o	primeiro	mandamento.
O	último	dos	Dez	Mandamentos,	por	sua	vez,	é:	“Não	cobice…”	(v.	17).	O
termo	para	“cobiçar”	em	hebraico	significa	simplesmente	“desejar”.	Portanto,
para	definir	o	que	significa	“cobiçar”,	devemos	perguntar:	“Quando	o	desejo	por
algo,	como	dinheiro	ou	aquilo	que	o	dinheiro	pode	comprar,	se	torna	um	desejo
mau?	Quando	o	desejo	legítimo	se	torna	cobiça?”.
Minha	sugestão:	coloque	o	último	mandamento	junto	com	o	primeiro	e	você
encontrará	a	resposta.	O	primeiro	mandamento	é:	“Não	tenha	outros	deuses
diante	de	mim.	Nada	em	seu	coração	deve	competir	comigo.	Deseje-me	tão
plenamente	que,	quando	me	tiver,	fique	satisfeito”.	E	o	décimo	mandamento	é:
“Não	cobice”.	Não	tenha	desejos	ilegítimos.	Ou	seja,	não	deseje	coisa	alguma
que	prejudique	seu	contentamento	em	Deus.	Portanto,	a	cobiça,	ou	o	desejo
incorreto,	consiste	em	desejar	qualquer	coisa	de	maneira	tal	que	o	leva	a	perder
seu	contentamento	em	Deus.
A	mais	forte	advertência	de	Paulo	a	respeito	dos	perigos	do	dinheiro
Testemos	essa	ideia	com	as	palavras	mais	fortes	de	Paulo	a	respeito	de	dinheiro	e
da	relação	entre	dinheiro	e	contentamento.	Em	1Timóteo	6.5-10,	Paulo	começa
com	uma	descrição	de	pessoas	bastante	parecidas	com	aquelas	que	vimos	em
Romanos	1,	mas	agora	a	questão	em	foco	é	o	anseio	desordenado	por	dinheiro,	e
não	por	sexo.	Ele	fala	de	pessoas
…	de	mente	pervertida	e	privadas	da	verdade,	que	imaginam	que	a	piedade	é
fonte	de	lucro.	Mas	a	piedade	com	contentamento	é	grande	lucro,	pois	nada
trouxemos	para	o	mundo	e	nada	podemos	levar	do	mundo.	Mas,	se	tivermos
alimento	e	roupa,	com	isso	estaremos	contentes.	Aqueles,	contudo,	que	desejam
ser	ricos	caem	em	tentação,	em	armadilha	e	em	muitos	desejos	insensatos	e
nocivos	que	lançam	as	pessoas	em	ruína	e	destruição.	Porque	o	amor	ao	dinheiro
é	a	raiz	de	toda	espécie	de	males.	É	por	meio	dessa	cobiça	que	alguns	se
desviaram	da	fé	e	se	traspassaram	com	muitas	dores.
Fica	evidente	que	o	dinheiro	é	perigoso.	Sei	que	não	é	o	dinheiro	em	si	que
destrói	a	alma.	É	a	cobiça.	O	desejo.	Como	disse	George	Macdonald,	ministro
escocês	do	século	19:
Não	é	apenas	o	homem	rico	que	está	debaixo	do	domínio	das	coisas;	também	são
escravos	aqueles	que,	sem	ter	dinheiro,	são	infelizes	por	causa	da	falta	dele.¹
Não	obstante,	Jesus	disse:	“…	só	com	dificuldade	um	rico	entrará	no	reino	dos
céus”	(Mt	19.23).	Ele	não	disse	apenas	que	é	difícil	para	qualquer	pessoa	que
ama	o	dinheiro	entrar	no	céu,	mas	que	é	difícil	para	qualquer	pessoa	rica.
Afirmou,	com	efeito,	que	o	dinheiro	em	si	é	perigoso	—	não	mau,	apenas
perigoso	—	em	razão	do	modo	rápido	e	fácil	pelo	qual	podemos	ser	enganados
por	ele.	Jesus	diz:	“…	o	engano	das	riquezas	sufoca	a	palavra…”	(Mt	13.22).	O
dinheiro	é	perigoso	porque	tem	grande	poder	de	enganar.	É	um	exímio
mentiroso.
Lidar	com	dinheiro	é	como	lidar	com	um	fio	carregado	de	energia	que	pode
eletrocutá-lo.	Essa	é	a	essência	das	palavras	de	Paulo	a	Timóteo:	“Aqueles,
contudo,	que	desejam	ser	ricos	caem	em	tentação,	em	armadilha	e	em	muitos
desejos	insensatos	e	nocivos	que	lançam	as	pessoas	em	ruína	e	destruição.
Porque	o	amor	ao	dinheiro	é	a	raiz	de	toda	espécie	de	males.	É	por	meio	dessa
cobiça	que	alguns	se	desviaram	da	fé	e	se	traspassaram	com	muitas	dores”	(1Tm
6.9,10).	Esse	é	um	modo	extremamente	forte	de	se	expressar:	“…	tentação,	[…]
armadilha,	[…]	muitos	desejos	insensatos	e	nocivos	que	lançam	as	pessoas	em
ruína	e	destruição	[…]	se	traspassaram	com	muitas	dores”.	Certamente	é
intenção	de	Paulo	que	sejamos	tomados	de	profunda	cautela.
A	piedade	com	contentamento	é	grande	lucro
Considerando	a	advertência	de	Jesus	de	que	as	riquezas	tornam	difícil	às	pessoas
entrarem	no	céu	e	a	advertência	de	Paulo	de	que	aqueles	que	desejam	ser	ricos
são	lançados	em	ruína	e	destruição,	parece-me	estranho	que	tantos	cristãos	ainda
busquem	riqueza.	É	como	se	não	acreditassem	nele,	ou	imaginassem	que	são	a
exceção	à	regra,	ou	simplesmente	não	considerassem	que	a	palavra	de	Deus	quer
dizer	aquilo	que	afirma.
Contudo,	Paulo	quer	dizer	exatamente	o	que	ele	afirma:	desejar	ser	rico	leva	à
morte.	E	não	apenas	isso.	A	chave	para	entender	esse	texto	se	encontra	em
1Timóteo	6.6:	“…	a	piedade	com	contentamento	é	grande	lucro”.	Qual	é	a
proteção	contra	esses	efeitos	mortais	do	dinheiro?	Resposta:	um	coração
contente	em	Deus.	Você	está	profundamente	satisfeito	em	Deus,	a	ponto	de	essa
satisfação,	esse	contentamento,	não	desabar	quando	Deus	determina	que	você
tenha	muito	ou	pouco?	Ter	pouco	pode	destruir	o	contentamento	em	Deus	ao
fazer	com	que	sintamos	que	ele	é	mesquinho,	indiferente	ou	mesmo	impotente.	E
ter	muito	pode	destruir	nosso	contentamento	em	Deus	ao	fazer-nos	imaginar	que
Deus	é	supérfluo	ou	secundário	em	sua	condição	de	ajudador	e	tesouro.
Não	é	algo	de	pouca	importância	aprender	ao	longo	da	vida	a	não	perder	nosso
contentamento	em	Deus.	É	para	isso	que	a	vida	existe,	para	que	mostremos	que
Deus	é	absolutamente	glorioso.E	essa	realidade	é	manifestada,	em	parte,	em
como	ele	é	gloriosamente	suficiente	para	nos	dar	contentamento	nele	nos
melhores	e	nos	piores	momentos.	Paulo	aprendeu	o	segredo	de	viver	dessa
forma:
…	aprendi	a	estar	contente	em	qualquer	situação.	Sei	estar	humilhado	e	sei	ter
abundância.	Em	toda	e	qualquer	circunstância,	aprendi	o	segredo	de	encarar
fartura	e	fome,	abundância	e	necessidade.	Posso	todas	as	coisas	naquele	que	me
fortalece	(Fp	4.11-13).
Paulo	aprendeu	a	“estar	contente”.	Esse	é	o	segredo	para	o	uso	correto	do
dinheiro	em	1Timóteo	6.5-10.	Paulo	disse	que	aprendeu	o	segredo	desse
contentamento.	“…	Aprendi	o	segredo	de	encarar	fartura	e	fome,	abundância	e
necessidade”	(Fp	4.12).	Qual	era	o	segredo?	Creio	que	ele	o	revela	no	capítulo
anterior	de	Filipenses:	“…	considero	tudo	como	perda	por	causa	do	valor
insuperável	de	conhecer	Cristo	Jesus,	meu	Senhor…”	(Fp	3.8).
Em	outras	palavras,	usando	termos	modernos,	quando	o	mercado	de	ações	está
em	alta	ou	quando	Paulo	recebe	um	bônus,	ele	diz:	“Considero	Jesus	mais
precioso,	valioso	e	suficiente	que	minha	riqueza	cada	vez	maior”.	E	quando	o
mercado	de	ações	está	em	baixa	ou	há	um	corte	em	seu	salário,	ele	diz:
“Considero	Jesus	mais	precioso,	valioso	e	suficiente	que	tudo	o	que	perdi”.	A
glória,	a	beleza,	o	valor	e	a	preciosidade	de	Cristo	são	o	segredo	do
contentamento	que	impede	o	dinheiro	de	controlá-lo.
O	dinheiro	falha	quando	você	mais	precisa	dele
Há	outra	triste	verdade	a	respeito	do	dinheiro	na	incisiva	declaração	de	Paulo	em
1Timóteo	6.	No	versículo	7,	Paulo	deixa	claro	que	o	dinheiro	o	desapontará
quando	você	mais	precisar	de	ajuda,	isto	é,	quando	estiver	morrendo.	“Pois	nada
trouxemos	para	o	mundo	e	nada	podemos	levar	do	mundo”.	No	exato	momento
em	que	você	precisa	de	riquezas	celestiais,	“tesouros	no	céu”,	o	dinheiro	lhe	dá
as	costas.	Ele	o	abandona.	Não	o	acompanha	para	ajudá-lo.	E	nada	do	que	você
comprou	pode	acompanhá-lo.	Você	passa	a	depender	inteiramente	de	outra
realidade.
Jesus	nos	instou	a	não	imaginar	que	o	acúmulo	de	dinheiro	na	terra	possa	ter
algum	proveito	no	mundo	por	vir.
Não	acumulem	para	vocês	tesouros	na	terra,	onde	a	traça	e	a	ferrugem	destroem
e	onde	ladrões	invadem	e	roubam,	mas	acumulem	para	vocês	tesouros	no	céu,
onde	nem	traça	nem	ferrugem	destroem	e	onde	ladrões	não	invadem	nem
roubam.	Porque	onde	estiver	seu	tesouro,	ali	também	estará	seu	coração	(Mt
6.19-21).
Que	absoluta	insensatez	dedicar	a	vida	a	acumular	riquezas,	ou	desejar	fazê-lo.
No	final,	a	riqueza	não	será	de	ajuda	alguma.	Jesus	considerava	essa	advertência
tão	importante	que	contou	uma	parábola	para	deixá-la	absolutamente	clara:
…	A	terra	de	um	homem	rico	produziu	com	fartura,	e	ele	pensou	consigo
mesmo:	“O	que	farei?	Pois	não	tenho	onde	guardar	minha	colheita”.	E	disse:
“Farei	o	seguinte:	Derrubarei	meus	celeiros	e	construirei	outros	maiores,	e	ali
guardarei	todos	os	meus	cereais	e	meus	bens.	E	direi	para	minha	alma:	‘Alma,
você	tem	muitos	bens	guardados	para	muitos	anos;	descanse,	coma,	beba	e
alegre-se’”.	Mas	Deus	lhe	disse:	“Insensato!	Esta	noite	sua	alma	lhe	será	exigida.
De	quem	serão	as	coisas	que	você	preparou?”.	Assim	acontece	com	quem
acumula	tesouros	para	si,	mas	não	é	rico	para	com	Deus	(Lc	12.16-21).
Insensato!	De	quem	será	tudo	isso	quando	você	morrer?	O	dinheiro	não	é	amigo
na	morte.
O	dinheiro	falha	mesmo	antes	do	fim
O	dinheiro,	portanto,	não	o	deixa	na	mão	apenas	no	fim.	Ele	o	decepciona	antes.
“Quem	ama	o	dinheiro	nunca	se	satisfará	com	ele,	nem	quem	ama	a	riqueza	com
seus	rendimentos;	isso	também	é	vaidade”	(Ec	5.10).	O	dinheiro	não	nos	satisfaz
no	presente.	Conheço	muitos	que	dirão:	“Satisfaz,	sim.	Meu	dinheiro	é	um	bom
amigo.	Não	me	deixa	na	mão.	Tenho	uma	casa	maravilhosa,	dois	carros,	pago
uma	excelente	escola	particular	para	meus	filhos,	e	tenho	um	barco,	uma	casa	de
campo,	um	seguro	de	vida	alto,	previdência	privada	e	investimentos.	Ainda	que
não	me	acompanhe	no	mundo	por	vir,	se	é	que	ele	existe,	com	certeza	não	me
decepcionou	aqui!”.
Verdade?
Aposto	naquilo	que	diz	o	Pregador	em	Eclesiastes.	Você	foi	criado	para
encontrar	satisfação	em	Deus,	e	seu	dinheiro	o	está	cegando	para	esse	fato.	Você
tem	anseios	profundos.	Eles	vêm	à	tona	durante	a	noite.	Aproximam-se
sorrateiramente	quando	você	está	sozinho	e	desanimado.	Se	você	é	honesto,	sabe
que	as	coisas	com	as	quais	se	cercou	não	tocam	os	anseios	mais	profundos	de
seu	coração.	Você	não	foi	criado	para	encontrar	satisfação	em	coisas.	E	nenhuma
delas	acalma	os	medos	ou	impede	a	investida	do	envelhecimento	e	da	morte.
Não,	você	está	se	iludindo.	A	palavra	é	verdadeira:	“Quem	ama	o	dinheiro	nunca
se	satisfará	com	ele…”.
George	Macdonald	divisou	o	motivo	pelo	qual	nossa	busca	ilusória	por
felicidade	na	posse	de	bens	fracassa:
O	coração	do	homem	não	é	capaz	de	acumular.	Seu	cérebro	ou	sua	mão	podem
juntar	itens	em	sua	caixa	e	acumulá-los,	mas	no	momento	em	que	alguma	coisa	é
colocada	na	caixa,	o	coração	a	perde	e	volta	a	sentir-se	faminto.	Se	é	para	o
homem	ter	algo,	deve	ter	o	Doador	[…]	Portanto,	todas	as	coisas	que	ele	faz
devem	ter	liberdade	de	ir	e	vir	pelo	coração	de	seu	filho;	ele	pode	desfrutá-las
apenas	enquanto	passam,	pode	desfrutar	apenas	a	vida,	a	alma,	a	visão,	o
significado	de	algo,	mas	não	a	coisa	em	si.²
Não	existe	ligação	entre	ter	muito	dinheiro	e	ter	muita	felicidade	nesta	vida,	ou
na	próxima.	Quando	o	sábio	da	Bíblia	declara:	“Melhor	é…”,	quer	dizer:
“Contentamento	mais	profundo	é…”.
Melhor	é	o	pouco	que	o	justo	tem	do	que	a	abundância	de	muitos	ímpios	(Sl
37.16).
Melhor	é	o	pouco	com	o	temor	do	SENHOR	que	grande	riqueza	com
inquietação	(Pv	15.16).
Melhor	é	uma	refeição	de	verduras	onde	há	amor	que	um	boi	gordo
acompanhado	de	ódio	(Pv	15.17).
Melhor	é	o	pouco	com	justiça	que	grandes	rendimentos	com	injustiça	(Pv	16.8).
Melhor	é	um	bocado	seco	e	tranquilidade	que	uma	casa	cheia	de	banquetes	com
brigas	(Pv	17.1).
Melhor	é	o	pobre	que	anda	em	sua	integridade	que	o	perverso	no	falar	e	tolo	(Pv
19.1).
Melhor	é	o	pobre	que	anda	em	sua	integridade	que	o	rico	perverso	em	seus
caminhos	(Pv	28.6).
Em	outras	palavras,	o	segredo	da	felicidade	nesta	vida	não	é	riqueza.	Não	é
possível	encontrar	felicidade	em	algo	que	o	cega	para	a	verdadeira	fonte	de
felicidade.	Repetidamente,	Jesus	retratou	a	si	mesmo,	suas	promessas	e	seu
reino,	agora	e	para	sempre,	como	um	relacionamento	e	uma	esperança	e	um
lugar	de	suprema	felicidade.	O	que	impedia	as	pessoas	de	verem	essa	realidade?
Eis	uma	de	suas	respostas	claras:
Jesus,	porém,	lhe	disse:	“Certo	homem	ofereceu	um	grande	banquete	e	convidou
muitas	pessoas.	E,	na	hora	do	banquete,	enviou	seu	servo	para	dizer	àqueles	que
haviam	sido	convidados:	‘Venham,	pois	tudo	já	está	preparado’.	Mas	todos	eles
começaram	a	dar	desculpas.	O	primeiro	lhe	disse:	‘Comprei	um	campo	e	preciso
ir	vê-lo;	peço	que	me	desculpe’.	Outro	disse:	‘Comprei	cinco	juntas	de	bois	e
vou	examiná-las;	peço	que	me	desculpe’.	Ainda	outro	disse:	‘Casei-me	e,
portanto,	não	posso	ir’.	O	servo	voltou	e	relatou	essas	coisas	a	seu	senhor.	Então
o	dono	da	casa	ficou	indignado	e	disse	ao	servo:	‘Saia	depressa	para	as	ruas	e
becos	da	cidade	e	traga	aqui	os	pobres,	os	aleijados,	os	cegos	e	os	mancos’.	E	o
servo	disse:	‘O	que	o	senhor	ordenou	foi	feito,	e	ainda	há	lugar.	E	o	senhor
respondeu	ao	servo:	‘Saia	pelos	caminhos	e	atalhos,	e	obrigue	as	pessoas	a
entrar,	para	que	minha	casa	fique	cheia’.	Porque	eu	lhes	digo	que	nenhum
daqueles	homens	que	foram	convidados	provará	do	meu	banquete”	(Lc	14.16-
24).
Duas	das	três	desculpas	que	essas	pessoas	dão	para	não	participar	do	banquete
de	alegria	eterna	são	relacionadas	a	dinheiro:	Comprei.	Comprei.	“Comprei	um
campo”	e	prefiro	“ir	vê-lo”	a	participar	do	banquete	do	reino	de	Deus	que
satisfaz	plenamente.	“Compre	cinco	juntas	de	bois”	e	prefiro	“examiná-las”	a
participar	do	banquete	do	reino	de	Deus	que	satisfaz	plenamente.
Quem	de	nós	não	experimentou	o	poder	dessa	ilusão?	Ao	fazer	compras	no
shopping.	Ao	realizar	uma	compra	on-line.	Ao	verificar	as	cotações	do	mercado
de	ações.	Quem	nunca	sentiua	atração	do	poder	de	ter	coisas,	de	comprar,	de
possuir?	É	algo	muito	sério	e	muito	perigoso.	Cega	a	pessoa	para	aquilo	que	é
verdadeiramente	belo,	verdadeiramente	desejável	e	verdadeiramente	satisfatório.
Coloca	uma	cédula	de	dinheiro	no	lugar	do	divino.	Deus	talvez	envie	a	nós	seu
mensageiro	com	uma	palavra	de	verdade,	uma	palavra	de	luz,	mas,	para	muitos,
Jesus	diz:	“…	o	engano	das	riquezas	sufoca	a	palavra…”	(Mt	13.22).	As
riquezas	sufocam.	O	que	é	“sufocar”,	senão	outra	imagem	para	os	efeitos
cegantes	e	asfixiantes	das	riquezas	que	nos	enganam	e	nos	levam	a	pensar	que
ter	coisas	traz	mais	satisfação	que	a	luz	da	palavra	de	Deus?
O	dinheiro	torna	você	nocivo
O	dinheiro	não	apenas	nos	decepciona,	engana	e	sufoca,	mas	tem	o	poder	de	nos
tornar	nocivos	a	outros,	e	não	só	para	nós	mesmos.	Esse	também	é	um	grande
perigo	do	dinheiro.	Lucas	disse	a	respeito	da	classe	mais	influente	de	líderes
religiosos	do	tempo	de	Jesus	que	eles	amavam	o	dinheiro:	“Os	fariseus,	que
amavam	o	dinheiro,	ouviam	todas	essas	coisas	e	zombavam	[de	Jesus]”	(Lc
16.14).	E	esse	amor	ao	dinheiro	os	transformou	em	ávidos	acumuladores.	Essa	é
minha	tradução	para	o	termo	harpages	(ἁρπαγῆς)	em	Lucas	11.39,40:
E	o	Senhor	lhes	disse:	“Vocês,	fariseus,	limpam	o	exterior	do	copo	e	do	prato,
mas	em	seu	interior	vocês	estão	cheios	de	ganância	[ἁρπαγῆς]	e	de	maldade.
Insensatos!	Aquele	que	fez	o	exterior	não	fez	também	o	interior?”.
Harpages	(ἁρπαγῆς)	não	é	o	termo	comum	para	ganância	e	cobiça	(esse	termo	é
pleonexia,	πλεονεξία).	Harpages	se	refere	a	agarrar,	e	agarrar	geralmente
envolve	a	tentativa	de	tomar	algo	que	pertence	a	outra	pessoa.	É	o	tipo	de
ganância	que	faz	os	escribas	“devorarem	as	casas	das	viúvas	e,	para	disfarçar,
fazerem	longas	orações”	(Lc	20.47).	Portanto,	a	meticulosidade	religiosa	e	o
legalismo	dos	fariseus	não	eram	a	origem	de	seu	problema.	Eram	maneiras	de
encobrir	seu	amor	pelo	dinheiro.	E	esse	amor	pelo	dinheiro	tornava	os	fariseus
pessoas	cruéis,	que	chegavam	a	devorar	as	casas	das	viúvas.
Jesus	contou	uma	parábola	para	ilustrar	como	as	riquezas	nos	cegam	para	as
necessidades	dos	pobres	e	nos	tornam	insensíveis	e	indiferentes	até	mesmo	para
as	necessidades	daqueles	que	estão	mais	próximos:
Havia	um	homem	rico	que	se	vestia	de	púrpura	e	de	linho	finíssimo	e	que	se
banqueteava	com	luxo	todos	os	dias.	Em	seu	portão	foi	deixado	um	homem
pobre	chamado	Lázaro,	todo	coberto	de	feridas,	que	desejava	ser	alimentado
com	o	que	caía	da	mesa	do	rico.	E	até	os	cachorros	vinham	lamber-lhe	as	feridas.
O	homem	pobre	morreu	e	foi	levado	pelos	anjos	para	junto	de	Abraão.	O	rico
também	morreu	e	foi	sepultado,	e	no	Hades,	estando	em	tormento,	o	rico	ergueu
os	olhos	e	viu	de	longe	Abraão,	e	Lázaro	junto	dele.	E	clamou:	“Pai	Abraão,
tenha	misericórdia	de	mim	e	envie	Lázaro,	para	que	molhe	na	água	a	ponta	do
dedo	e	me	refresque	a	língua,	pois	estou	sofrendo	nestas	chamas”.	Abraão,
porém,	disse:	“Filho,	lembre-se	de	que	em	sua	vida	você	recebeu	coisas	boas,
enquanto	Lázaro	recebeu	coisas	más;	agora,	porém,	ele	é	consolado	aqui,	e	você
está	em	sofrimento”	(Lc	16.19-25).
Uma	das	principais	lições	que	Jesus	extrai	dessa	parábola	está	no	versículo	25:
os	ricos	e	indiferentes	se	refestelam	neste	mundo;	os	pobres	e	fiéis,	no	porvir.	E
o	que	torna	esse	refestelar-se	tão	flagrante	—	“se	banqueteava	com	luxo	todos	os
dias”	—	é	que	Lázaro	está	“em	seu	portão”.	Só	desejava	migalhas	da	mesa	do
rico,	mas	os	cães	lhe	deram	mais	atenção.
É	isso	que	as	riquezas	podem	fazer	com	a	alma	humana.	Além	de	acabar	com
nossa	felicidade,	também	podem	nos	tornar	cruéis	e	insensíveis	para	com	outros
enquanto	caminhamos	para	nossa	ruína:	o	rico	não	toma	conhecimento	dos
pobres	ao	redor;	o	pai	que	ama	o	dinheiro	e	é	viciado	em	trabalho	não	dá	atenção
a	seus	filhos;	o	soldado	mercenário	não	tem	preocupação	alguma	por	seus
companheiros;	o	lobo	em	pele	de	ovelha	se	faz	passar	por	pastor	e	tosquia	o
rebanho;	o	cafetão	exige	pagamento	enquanto	transforma	meninas	em
prostitutas.	Os	efeitos	destrutivos	das	riquezas	são	intermináveis.
A	confissão	e	a	pergunta	de	Megan
Quando	estava	dando	aquela	última	passada	d’olhos	neste	livro	para	enviá-lo	à
editora,	gravei	um	podcast	do	programa	“Pergunte	ao	pastor	John”.	Uma	das
perguntas	foi	feita	por	uma	mulher	chamada	Megan.	Ela	escreveu:
Pastor	John,	preciso	confessar	algo:	amo	coisas	e	sou	extremamente	materialista.
Compro	coisas	online	e	sinto	euforia	enquanto	faço	as	compras	e	quando	as
recebo	pelo	correio.	Sei	que	preciso	parar	e	quero	parar.	Mas	como?	E	por	que
faço	isso?
Esta	foi	a	resposta	que	dei	para	Megan	no	podcast:³
Experimentei	algo	semelhante	ao	que	você	descreve,	Megan,	e	creio	que	posso
falar	com	certa	empatia,	embora,	no	meu	caso,	a	tentação	se	limite	quase
exclusivamente	a	livros.	Amo	olhar	livros	on-line.	Sinto	prazer	em	clicar	para
comprar	um	livro.	E,	quando	a	caixa	chega	pelo	correio,	com	certeza	sinto	uma
medida	desse	mesmo	prazer	que	você	menciona.	Portanto,	essa	é	uma	área	na
qual	preciso	guardar	minha	alma.	Estamos	nadando	em	águas	extremamente
traiçoeiras.
Por	que	sentimos	esse	tipo	de	prazer	ao	comprar	coisas	(coisas!)	que	podemos
segurar	e	por	que	esse	prazer	se	intensifica	quando	elas	chegam	pelo	correio?
Ao	tentar	analisar	meu	coração,	ao	ler	sobre	a	experiência	de	outros	e	ao
observar	como	as	coisas	são	vendidas	para	nós,	parece-me	que	o	prazer	nasce
principalmente	da	percepção	indefinível	de	que	comprar	e	receber	objetos	é	algo
revigorante,	ou	dá	uma	sensação	de	poder.
Quando	chega	um	livro,	por	exemplo,	há	uma	sensação	eufórica	e	amorfa	de	que
a	vida	melhorará	para	mim.	Meu	conhecimento	será	mais	amplo.	Minha
influência	será	maior.	Algumas	de	minhas	fraquezas	e	limitações	de	ignorância
serão	superadas.	Ou	seja,	há	uma	sensação	de	que,	de	algum	modo,	minha	vida
será	melhor	e	de	que	serei	uma	pessoa	mais	forte	e	mais	capaz.
Evidentemente,	para	outra	pessoa	talvez	não	sejam	livros,	mas	roupas,
ferramentas	ou	equipamentos	eletrônicos.	E,	nesse	caso,	a	sensação	de	poder
revigorante	pode	ser	decorrente	de	melhorar	a	aparência,	ser	mais	produtivo	ou
mais	descolado	ao	usar	equipamentos	com	tecnologia	de	ponta.
E	devemos	reconhecer	que,	em	certa	medida,	é	verdade:	talvez	precisemos
melhorar	em	algum	aspecto	a	fim	de	sermos	mais	produtivos	ou	prolíficos	de
modo	positivo,	e	não	apenas	com	conotação	negativa.	Se	formos	honestos,
porém,	e	parece	que	Megan	está	sendo	honesta,	os	prazeres	que	sentimos	não
são,	em	sua	maior	parte,	nobres.	Não	decorrem	principalmente	do	fato	de	que
estamos	nos	equipando	para	servir	melhor	a	Cristo.
Precisamos,	portanto,	ouvir	as	palavras	de	Jesus:	“…	Tomem	cuidado,	e	fiquem
de	sobreaviso	contra	toda	cobiça,	pois	a	vida	de	uma	pessoa	não	consiste	na
abundância	de	seus	bens”	(Lc	12.15).	Essas	palavras	chegam	ao	cerne	da
questão:	a	vida	não	consiste	na	abundância	de	bens.	Aquela	sensação	de	que	a
chegada	de	pacotes	pelo	correio	é	maravilhosamente	revigorante	é	uma	ilusão.	A
euforia	é	efêmera	e	superficial.	Afasta-nos	dos	prazeres	mais	profundos	para	os
quais	fomos	criados.
O	segundo	motivo	pelo	qual	creio	que	estejamos	tão	sedentos	por	esse	tipo	de
poder	revigorante	ilusório	que	experimentamos	com	a	chegada	de	pacotes	é	o
fato	de	que	existe	um	vazio	pelo	menos	parcial	em	nosso	coração	que	deve	ser
preenchido	por	Jesus,	por	sua	comunhão	e	seu	ministério.	Paulo	disse,	em
Filipenses	4,	que	aprendeu	o	segredo	do	contentamento,	a	saber,	como	ter	muito
e	como	ter	pouco.	Ou	seja,	sua	felicidade	não	dependia	de	ter.
E,	ao	que	tudo	indica,	o	segredo	parece	ser	o	que	Paulo	disse	em	Filipenses	3.8,
que	ele	considerava	tudo	como	perda	por	causa	do	valor	insuperável	de	conhecer
Cristo	Jesus.	Quando	não	temos	esse	grau	de	contentamento	com	Cristo,	há	um
anseio	em	nosso	coração	que,	de	modo	bastante	natural,	tenta	se	nutrir	do	senso
de	significação	que	acreditamos	poder	extrair	do	senso	de	fortalecimento	que
advém	ao	adquirirmos	coisas.	Portanto,	Megan,	precisamos	nos	dedicar	a
alimentar	nosso	coração	com	Cristo	e	sua	palavra.
Mas	não	precisamos	apenas	de	sua	palavrae	comunhão;	também	precisamos	de
seu	modo	de	vida.	A	passagem	de	Atos	20.35	me	vem	à	mente.	Esse	versículo
nos	diz	que,	de	acordo	com	Jesus,	é	mais	bem-aventurado	dar	que	receber.	O
fato	de	termos	mais	alegria	em	receber	do	que	em	dar	mostra	que	algo	não	está
em	ordem	em	nosso	coração,	pois	fomos	feitos,	como	seguidores	de	Cristo,	para
experimentar	euforia	ainda	maior	quando	damos.	Talvez	isso	tenha	caído	em
desuso	para	você,	Megan,	e	recuperá-lo	a	libertaria	dos	prazeres	inferiores	do
materialismo.
Talvez	a	melhor	coisa	que	possa	dizer,	por	ser	tão	impressionante,	influente	e
poderosa	quando	se	apodera	de	nós,	é	aquilo	que	Paulo	declara	em	1Coríntios
3.21-23:	“Ninguém	se	glorie	em	homens.	Porque	todas	as	coisas	são	de	vocês,
seja	Paulo,	seja	Apolo,	seja	Cefas,	seja	o	mundo,	a	vida,	a	morte,	o	presente	ou	o
futuro;	tudo	é	de	vocês,	e	vocês	são	de	Cristo,	e	Cristo,	de	Deus”.
Se	você	é	cristã,	Megan,	já	possui	todas	as	coisas	materiais.	É	verdade!	Seu	Pai
criou	todas	as	coisas	e	todas	pertencem	a	ele.	Como	filha	dele,	você	as	herdará,	e
tudo	estará	à	sua	disposição	na	era	por	vir	nos	novos	céus	e	na	nova	terra.	Por
isso,	Jesus	disse	para	não	juntarmos	tesouros	na	terra,	mas	no	céu.	No	céu,	nós
os	teremos	para	sempre	e,	pela	primeira	vez,	estaremos	aptos	a	usá-los	sem
cobiça	e	sem	idolatria.	Em	certo	sentido,	portanto,	a	abundância	de	coisas
materiais	pode	esperar.	Temos	coisas	mais	importantes	para	fazer	no	momento:
amar	a	Deus,	amar	as	pessoas	e	encontrar	nosso	maior	prazer	em	dar.
Síntese	e	solução	para	os	perigos	do	dinheiro
Considerando	a	frequência	com	que	as	Escrituras	falam	dos	perigos	do	dinheiro,
é	cabível	dizer	que	apenas	arranhamos	a	superfície.	Mas	o	pouco	que	vimos
mostra	quão	séria	é	a	questão.	O	dinheiro	é	um	grande	enganador	(Mc	4.19).	É
capaz	de	nos	iludir,	levando-nos	a	pensar	e	a	sentir	que	as	coisas	que	podemos
comprar	proporcionam	mais	satisfação	que	Deus.	Poucas	coisas	nos	seduzem	a
trocar	a	glória	de	Deus	mais	prontamente	que	o	dinheiro.	O	dinheiro	desperta	o
desejo	por	aquilo	que	ele	pode	comprar;	esse	desejo	se	torna	cobiça,	que
compete	com	Deus;	essa	cobiça	acaba	com	nosso	contentamento	com	a	glória	de
Deus;	e,	em	oposição	ao	primeiro	e	ao	segundo	mandamentos,	tornamo-nos
idólatras,	pessoas	que	preferem	qualquer	coisa	a	Deus.	Paulo	diz	em	Colossenses
3.5:	“Façam	morrer	[…]	[a]	ganância,	que	é	idolatria”.
Uma	das	maiores	motivações	para	não	amar	o	dinheiro	ou	não	tentar	usar	o
dinheiro	para	superar	nossos	medos	se	encontra	em	Hebreus	13.5,6:
Mantenham	a	vida	de	vocês	livre	do	amor	ao	dinheiro,	e	estejam	contentes	com
o	que	vocês	têm,	pois	ele	disse:	“Nunca	os	deixarei,	nem	os	abandonarei”.
Portanto,	podemos	dizer	confiadamente:	“O	Senhor	é	meu	ajudador;	não
temerei;	o	que	pode	me	fazer	o	homem?”.
Observe	que	o	autor	de	Hebreus	argumenta,	isto	é,	apresenta	razões.	Oferece
motivos	para	nos	manter	livres	do	amor	ao	dinheiro.	“Sejam	livres	do	amor	ao
dinheiro	e	sejam	contentes”,	ele	diz,	“pois	Deus	prometeu	algo”.	O	poder	do
amor	ao	dinheiro	deve	ser	quebrado,	portanto,	com	a	promessa	de	Deus	de	ser
algo	para	nós.	O	quê?	Sejam	livres	[…],	pois	Deus	prometeu:	“…	Nunca	os
deixarei,	nem	os	abandonarei”.	Ou	seja,	se	você	sentir	mais	prazer	na	presença
de	Deus	do	que	diante	do	dinheiro,	será	liberto	pela	promessa	da	presença	dele.
Ser	liberto	da	satisfação	que	advém	da	conteomplação	do	dinheiro	é	resultado	da
satisfação	superior	da	presença	de	Deus.	É	assim	que	você	“[faz]	morrer…”	a
ganância.	Você	a	mata	com	a	espada	da	palavra	de	Deus,	que	promete	mais	de
Deus.
O	argumento	prossegue.	No	versículo	6,	o	autor	diz:	“logo”	ou	“portanto”.
Portanto	o	quê?	Portanto,	podemos	dizer	confiadamente:	“…	o	Senhor	é	meu
ajudador;	não	temerei;	o	que	pode	me	fazer	o	homem?”.	Em	razão	da	promessa
gloriosa	da	presença	de	Deus	(“Nunca	os	deixarei”),	os	medos	que	me	fazem
ansiar	por	dinheiro	são	superados.	Deus,	agora,	e	não	o	dinheiro,	é	meu	refúgio.
Deus,	e	não	o	dinheiro,	é	minha	doce	segurança,	meu	conforto	e	minha	paz.
O	sol	da	glória	de	Deus	agora	é	o	centro	maciço,	e,	pela	atração	gravitacional
desse	sol,	o	planeta	do	dinheiro	começa	a	encontrar	sua	verdadeira	órbita	de
serviço	em	nossa	vida,	uma	órbita	que	descreveremos	mais	detalhadamente	no
último	capítulo.
1	C.	S.	Lewis,	org.,	George	Macdonald:	An	anthology	(London:	G.	Bless,	1946),
p.	45.
2	Ibidem,	p.	106.
3	Áudio	disponível	em:	www.desiringgod.org/interviews/counsel-for-online-
shopping-addicts,	acesso	em:	15	out.	2018.
Os	perigos	do	poder
que	destroem	a	alma
Definimos	poder	como	a	capacidade	de	obter	aquilo	que	você	deseja,	ou	a
capacidade	de	buscar	aquilo	que	você	valoriza.	Temos	a	tendência	de	admirar
essa	capacidade.	Faz	parte	daquilo	que	constitui	a	glória.
A	glória	dos	atletas,	portanto,	é	seu	poder	de	superar	todos	os	competidores	e	de
ser	o	mais	forte,	o	melhor.	A	glória	dos	estudiosos	é	o	poder	de	seu	intelecto:	sua
memória,	sua	precisão	analítica,	sua	capacidade	abrangente	de	síntese	e	sua
sabedoria	para	extrair	verdades	profundas.	A	glória	de	um	ator	ou	de	uma	atriz	é
seu	poder	de	retratar	um	personagem	de	modo	que	cative	a	atenção	e	desperte
aplausos.	A	glória	dos	políticos	é	seu	poder	de	persuadir,	superar	a	oposição	e
transformar	um	projeto	em	lei.	A	glória	dos	professores	é	o	poder	de	explicar
fatos	com	clareza	e	de	modo	atraente	para	aumentar	o	entendimento	e	despertar
a	empolgação	dos	alunos.
O	que	o	poder	busca
Admiramos	essa	capacidade	de	buscar	um	valor	quando	o	valor	é	bom.	Quando
um	grande	poder	é	exercido	em	busca	de	um	grande	bem,	nos	admiramos	e	nos
alegramos.	Deus	estabeleceu	governos	humanos,	por	exemplo,	para	exercer
poder	para	o	bem.	“Por	causa	do	Senhor,	sujeitem-se	a	toda	autoridade	humana,
seja	o	imperador	como	autoridade	suprema,	seja	aos	governantes	como	enviados
por	ele	para	punir	os	que	fazem	o	mal	e	honrar	os	que	fazem	o	bem”	(1Pe
2.13,14).	Quando	o	poder	é	exercido	para	fazer	justiça,	nos	alegramos.
No	entanto,	há	outro	lado	do	poder:	“…	quando	os	ímpios	governam,	o	povo
geme”	(Pv	29.2).	O	poder	talvez	busque	um	grande	bem,	mas	talvez	busque	um
grande	mal.	Quando	Roboão	se	tornou	rei	de	Israel,	disse	ao	povo:	“…	Meu	pai
lhes	tornou	o	jugo	pesado,	mas	eu	o	aumentarei	ainda	mais.	Meu	pai	os	castigou
com	chicotes,	mas	eu	os	castigarei	com	escorpiões”	(1Rs	12.14).	Quando	Labão,
cunhado	de	Isaque,	viu	que	Jacó	estava	fugindo	com	as	filhas	dele,	advertiu:
“Está	em	meu	poder	lhes	fazer	o	mal…”	(Gn	31.29).
Aí	reside	um	dos	perigos	do	poder.	Do	ponto	de	vista	moral,	o	poder	não	é
melhor	do	que	o	alvo	que	ele	busca.	Só	é	“bom”	da	mesma	forma	que	um	serrote
é	bom,	e	pode	se	usar	um	serrote	para	cortar	lenha	para	a	lareira	ou	para
danificar	um	móvel	antigo	de	família.	Em	nossos	melhores	momentos,	aquilo
que	gostamos	de	ver	é	poder	formidável	usado	em	busca	de	objetivos
formidáveis.
A	exaltação	própria	por	meio	do	poder
O	poder	é	perigoso	não	apenas	porque	é	possível	usá-lo	para	fazer	o	mal,	mas
também	porque	é	possível	usá-lo	para	exaltar	quem	o	tem.	Uma	vez	que	todos	os
seres	humanos	desejam	glória,	e	poder	por	vezes	faz	parte	da	glória,	somos	todos
tentados	a	buscar	admiração	ao	obter	poder.	Amamos	ser	admirados	e	elogiados
e,	portanto,	exercemos	o	poder	que	temos	para	obter	aplausos.	Em	outras
palavras,	nosso	poder	é	empregado	para	exaltarmos	a	nós	mesmos.	Esse	é	um
grande	perigo.
Aliás,	para	muitos,	o	anseio	por	atenção	e	admiração	pode	ser	mais	profundo	que
o	desejo	por	sexo	ou	por	dinheiro.	Não	é	fácil	fazer	distinção	clara	entre	os	três
elementos.	Jeremias	diz	enfaticamente:	“O	coração	é	mais	enganoso	que	todas	as
coisas	e	desesperadamente	corrupto;	quem	pode	entendê-lo?”	(Jr	17.9).	Aliás,
quem	pode?	Como	Davi	pergunta:	“Quem	pode	discernir	os	próprios	erros?…”
(Sl	19.12).
Em	aventuras	sexuais,	uma	mulher	anseia	sentir	o	toque	do	homem	ou	mostrar	o
próprio	poder	de	sedução?	O	homem	anseia	por	estímulo	ou	por	admiração?
Sem	dúvida,	esses	elementos	são	tão	entretecidos	que	se	tornam	inseparáveis;
em	uma	pessoa,	vem	à	tona	o	prazer	sensual;	em	outra,	vem	à	tona	a	satisfaçãodo	ego.	A	cobiça	por	poder	e	a	cobiça	por	sexo	são	indivisíveis.
Essa	indivisibilidade	é	ainda	mais	evidente	no	caso	de	dinheiro	e	poder.	Aqueles
que	têm	a	capacidade	de	obter	riqueza	são	tentados	não	apenas	a	acumular
dinheiro,	mas	também	a	acumular	os	emblemas	de	riqueza.	Poucas	pessoas	ricas
escondem	sua	riqueza.	Vestem-na.	Dirigem-na.	Moram	nela.	Sentam-se	em
cadeiras	que	só	sua	riqueza	pode	comprar.	Sua	vizinhança	declara	sua	riqueza.
Seu	assento	de	primeira	classe	no	voo	declara	sua	riqueza.	Seu	hotel	declara	sua
riqueza.
Para	a	maioria	das	pessoas,	metade	do	prazer	que	o	dinheiro	proporciona	se
perderia	se	ninguém	soubesse	que	elas	são	ricas.	O	dinheiro	diz:	“Sou	poderoso.
Tenho	grande	capacidade	de	obter	riqueza.	Tenho	o	poder	intelectual	de	ser	mais
perspicaz	que	meus	competidores.	Admirem	minha	ética	de	trabalho,	minha
engenhosidade,	minha	capacidade	de	saber	a	hora	certa	de	agir,	minha	astúcia,
minha	aptidão	relacional,	minha	coragem	de	correr	o	risco	perfeito.	Não	sou	rico
sem	motivo.	Sou	rico	porque	tenho	dentro	de	mim	as	raízes	do	poder”.
Jesus	tratou	repetidamente	desse	perigo	entre	seus	apóstolos.	No	Evangelho	de
Marcos,	a	profundidade	do	anseio	humano	por	poder	e	posições	elevadas	se
torna	dolorosamente	clara.	Três	vezes	no	caminho	para	Jerusalém,	onde	morrerá,
Jesus	prenuncia	sua	morte,	apenas	para	deparar	com	uma	ânsia	por	poder
completamente	desvairada	em	seus	discípulos,	como	se	não	fizessem	ideia	de
que	ser	discípulo	de	Jesus	significava	negar	a	si	mesmo,	tomar	sua	cruz,	sofrer
humilhação	e	morrer	com	ele.	O	que	eles	não	entendiam	era	que	seguir	a	Cristo
significa	morte,	e	não	poder.
Três	advertências
A	primeira,	em	Marcos	8.31,32:	“…	[Jesus]	começou	a	ensinar-lhes	que	era
necessário	que	o	Filho	do	Homem	sofresse	muitas	coisas	e	fosse	rejeitado	pelos
anciãos,	pelos	principais	sacerdotes	e	escribas,	fosse	morto	e	depois	de	três	dias
ressuscitasse.	E	ele	dizia	isso	claramente…”.	Anos	depois,	Pedro	afirmaria	que
Cristo	estava	“deixando-lhes	exemplo,	para	que	sigam	seus	passos”	(1Pe	2.21).
Mas	o	que	Pedro	disse	naquela	época,	em	Marcos	8?	“…	Pedro	o	chamou	à	parte
e	começou	a	repreendê-lo”	(Mc	8.32).	Em	outras	palavras,	disse:	“Não	deixarei
que	isso	aconteça	com	o	senhor.	Usarei	minha	força	para	protegê-lo,	resistiremos
a	nossos	inimigos	e	os	derrotaremos,	e	o	senhor	não	será	envergonhado.	Será
entronizado”.	Sua	intenção	era	boa,	mas	cheia	de	orgulho	e	poder	equivocados.
Por	isso	Jesus	se	voltou,	“repreendeu	Pedro	e	disse:	‘Para	trás	de	mim,	Satanás!
Pois	você	não	está	pensando	nas	coisas	de	Deus,	mas	nas	coisas	dos	homens’.	E,
chamando	para	si	a	multidão	com	os	discípulos,	disse-lhes:	‘Se	alguém	quiser	vir
após	mim,	negue	a	si	mesmo,	tome	a	sua	cruz	e	siga-me’”	(v.	33,34).	Jesus	havia
profetizado	sua	fraqueza	e	morte	vindouras.	Pedro	reagiu	com	poder.	E	Jesus
considerou	sua	reação	satânica.	“…	Para	trás	de	mim,	Satanás!…”.
A	segunda,	em	Marcos	9,	quando	estavam	passando	pela	Galileia.	Jesus	“estava
ensinando	seus	discípulos,	dizendo-lhes:	‘O	Filho	do	Homem	será	entregue	nas
mãos	dos	homens,	e	eles	o	matarão.	E	quando	ele	for	morto,	ressuscitará	depois
de	três	dias’”	(Mc	9.31).	Marcos	comenta:	“Mas	eles	não	entenderam…”	(v.	32).
Então,	pouco	depois,	Jesus	perguntou	sobre	o	que	falavam	ao	longo	do	caminho.
Pelo	menos	tiveram	a	decência	de	sentir	alguma	vergonha:	“…	ficaram	calados,
pois	no	caminho	haviam	discutido	uns	com	os	outros	sobre	quem	era	o	maior”
(v.	34).	Imagine	a	terrível	incoerência	para	Jesus.	Ele	havia	acabado	de	dizer
pela	segunda	vez	que	estava	subindo	a	Jerusalém	para	ser	rejeitado	e	morrer.	A
próxima	coisa	que	seus	seguidores	fizeram	foi	discutir	sobre	qual	deles	era	o
maior,	o	que	teria	a	posição	de	mais	poder	no	reino.	Não	estavam	aturdidos	com
o	amor	abnegado	de	Jesus.	Estavam	absortos	em	si	mesmos,	em	seu	poder.
Com	toda	paciência,	Jesus	sentou-se	e	lhes	ensinou:	“‘…	Se	alguém	quiser	ser	o
primeiro,	deve	ser	o	último	e	servo	de	todos’.	E,	tomando	uma	criança,	colocou-
a	no	meio	deles.	Pegando-a	nos	braços,	disse-lhes:	‘Quem	recebe	uma	destas
crianças	em	meu	nome,	recebe	a	mim,	e	quem	me	recebe,	não	recebe	a	mim,
mas	aquele	que	me	enviou’”	(v.	35-37).	Essas	são	palavras	surpreendentes.	Não
apenas	condenam	a	atitude	ávida	por	glória	e	ansiosa	por	poder	dos	discípulos.
Também	explicam	que	o	caminho	da	humildade	(cuidar	de	uma	criança	que	não
tem	como	oferecer	recompensa	alguma	ou	renome	algum)	é	o	caminho	para
“receber	Cristo”	e	“receber	Deus”.	“Quem	recebe	uma	destas	crianças	em	meu
nome,	recebe	a	mim,	e	quem	me	recebe,	não	recebe	a	mim,	mas	aquele	que	me
enviou”.
Esse	é	o	grande	remédio	para	a	doença	do	anseio	por	poder.	Maravilhe-se	com	a
grandeza	de	Jesus	enquanto	ele	mostra	seu	amor	abnegado	e	incomparável	ao	ir
para	a	cruz	do	Calvário	em	vez	de	envolver-se	em	uma	conversa	sobre	sua
própria	grandeza.	Se	ficássemos	admirados	e	satisfeitos	com	Cristo,	nosso	anseio
por	poder	que	nos	exalte	seria	quebrado.	Seríamos	libertos	da	enfermidade
humana	universal	do	egocentrismo.
A	terceira	advertência,	em	Marcos	10,	também	acontece	quando	“estavam	a
caminho,	subindo	para	Jerusalém”	(Mc	10.32).	O	clima	era	tenso:	“…	estavam
[…]	com	medo”.	Mais	uma	vez,	Jesus	disse:	“…	Eis	que	subimos	para
Jerusalém,	e	o	Filho	do	Homem	será	entregue	aos	principais	sacerdotes	e	aos
escribas,	e	eles	o	condenarão	à	morte	e	o	entregarão	aos	gentios.	Zombarão	dele
e	cuspirão	nele,	o	açoitarão	e	o	matarão.	E,	depois	de	três	dias,	ele	ressuscitará”
(v.	33,34).
Dessa	vez,	não	há	um	intervalo	de	tempo.	De	modo	imediato	e	espantoso,
“Tiago	e	João,	filhos	de	Zebedeu,	aproximaram-se	dele	e	lhe	disseram:	‘Mestre,
queremos	que	nos	faça	o	que	lhe	pedirmos’.	E	ele	lhes	perguntou:	‘O	que	vocês
querem	que	eu	lhes	faça?’.	Eles	responderam:	‘Permita	que,	na	sua	glória,	nos
assentemos	um	à	tua	direita	e	o	outro	à	tua	esquerda’”	(v.	35-37).	Ele	havia
acabado	de	dizer:	“…	eles	zombarão	de	mim,	me	açoitarão	e	me	matarão…”.	E	a
primeira	coisa	que	lhes	vem	à	mente	é	qual	deles	terá	o	lugar	de	maior	glória,	de
maior	poder.
É	compreensível	que	“quando	os	dez	ouviram	isso,	começaram	a	ficar
indignados	com	Tiago	e	João”	(v.	41).	Então,	mais	uma	vez,	Jesus	lhes	ensinou
com	magnífica	paciência.
Vocês	sabem	que	aqueles	que	são	considerados	governantes	dos	gentios	os
dominam,	e	seus	maiorais	exercem	autoridade	sobre	eles.	Mas	não	será	assim
entre	vocês.	Antes,	quem	quiser	ser	grande	entre	vocês	deve	ser	seu	servo,	e
quem	quiser	ser	o	primeiro	entre	vocês	deve	ser	escravo	de	todos.	Pois	o	próprio
Filho	do	Homem	não	veio	para	ser	servido,	mas	para	servir	e	dar	a	vida	em
resgate	por	muitos	(v.	42-45).
Um	dos	aspectos	mais	notáveis	da	glória	de	Cristo	é	que	ele	atravessou	o	vale	da
humildade,	do	sofrimento,	do	sacrifício	e	da	ignomínia	a	caminho	do	monte	da
exaltação.	Foi	por	isso	que	o	Filho	do	Homem	veio.	Para	servir.	Para	dar	sua
vida.	Por	isso	o	Pai	o	ressuscitou	e	lhe	deu	grande	glória.
Esvaziou	a	si	mesmo	ao	assumir	a	forma	de	servo,	nascido	à	semelhança	de
homens.	E,	sendo	encontrado	em	forma	humana,	humilhou-se	a	si	mesmo	ao	se
tornar	obediente	até	a	morte,	e	morte	de	cruz.	Por	isso,	Deus	o	exaltou
sobremaneira	e	lhe	deu	o	nome	que	está	acima	de	todo	nome	(Fp	2.7-9).
Primeiro	vêm	fraqueza,	sacrifício,	sofrimento	e	morte.	Depois,	a	glória.	Era	isso
que	Jesus	estava	ensinando	e	mostrando.	Não	é	possível	inverter	a	sequência.
Deus	não	permitirá	que	isso	aconteça.	“Quem	a	si	mesmo	se	exaltar	será
humilhado,	e	quem	a	si	mesmo	se	humilhar	será	exaltado”	(Mt	23.12).	Veremos
de	modo	mais	proeminente	no	capítulo	seguinte,	mas	devemos	observar	aqui:
Jesus	está	dizendo	aos	discípulos	que	poder	é	concedido	para	servir	a	outros.	O
maior	poder	se	encontra	na	humildade	e	no	serviço.	O	poder	vem	de	Deus,	ao
renunciarmos	o	poder	em	nós	mesmos,	e	o	louvor	também	vem	de	Deus,	ao
renunciarmos	a	busca	pelo	louvor	dos	outros.
Por	que	ansiamos	por	exaltação	própria?
Portanto,	o	maior	perigo	do	poder	é	ansiar	por	ele	a	fim	de	exaltarmos	a	nós
mesmos.	Por	que	fazemos	isso?	Por	que	é	uma	característica	humana,comum	a
todos?	Pode	se	manifestar	em	milhares	de	diferentes	expressões	sutis	ou
ostensivas,	mas	é	comum.	Todos	somos	egoístas.	Todos	queremos	ser	exaltados,
mesmo	que	manifestemos	esse	desejo	na	aparente	fraqueza	da	autopiedade.
Anos	atrás,	em	meu	livro	Desiring	God,	expressei	essa	realidade	da	seguinte
forma:
A	natureza	e	a	profundidade	do	orgulho	humano	são	esclarecidas	pela
comparação	entre	vanglória	e	autopiedade.	Ambas	são	manifestações	de	orgulho.
A	vanglória	é	a	reação	do	orgulho	ao	sucesso.	A	autopiedade	é	a	reação	do
orgulho	ao	sofrimento.	A	vanglória	diz:	“Mereço	admiração	por	causa	de	minhas
muitas	realizações”.	A	autopiedade	diz:	“Mereço	admiração	por	causa	de	meus
muitos	sacrifícios”.	A	vanglória	é	a	voz	do	orgulho	no	coração	dos	fortes.	A
autopiedade	é	a	voz	do	orgulho	no	coração	dos	fracos.	A	vanglória	parece
autossuficiente.	A	autopiedade	parece	abnegada.
O	motivo	de	a	autopiedade	não	se	parecer	com	o	orgulho	é	que	ela	parece	ser
carente.	Contudo,	a	carência	surge	de	um	ego	ferido,	e	o	desejo	da	autopiedade
não	consiste,	na	realidade,	em	sermos	vistos	por	outros	como	pessoas
impotentes,	mas,	sim,	em	sermos	vistos	como	heróis.	A	carência	que	a
autopiedade	sente	não	vem	de	uma	percepção	de	desmerecimento,	mas	de	uma
percepção	de	merecimento	não	reconhecido.	É	a	reação	do	orgulho	não
aplaudido.¹
Nosso	amor	por	elogios	e	poder	(e,	se	necessário,	por	piedade)	é	pérfido	e
enganoso.	É	indiscriminado	no	que	diz	respeito	ao	público	que	nos	elogia.
Ansiamos	ser	exaltados,	quer	por	um	bando	de	ladrões,	quer	por	uma	igreja
local,	quer	por	nosso	pai,	nossos	filhos,	nossos	colegas,	nossos	companheiros	de
equipe	ou	nossa	namorada.
Por	que	todos	os	seres	humanos	têm	esse	anseio?	Porque	trocamos	a	glória	de
Deus	por	imagens	(Rm	1.23),	especialmente	a	imagem	no	espelho.	Abusamos	do
poder	porque	não	nos	deleitamos	na	glória	do	direito	de	Deus	a	todo	poder.
Quando	estamos	cegos	para	a	glória	da	paixão	de	Deus	por	ser	conhecido	e
amado	como	fonte	e	soma	de	todo	poder,	apossamo-nos	dessa	glória	e	a	usamos
para	nós	mesmos.	Não	foi	por	essa	razão	que	Deus	criou	o	universo,	nem	foi	a
razão	por	que	ele	nos	criou.
Os	propósitos	de	Deus	para	mostrar	seu	poder
Deus	criou	o	universo	e	o	governa	a	fim	de	mostrar	a	supremacia	de	seu	poder
que	sustenta,	provê	e	controla	todas	as	coisas	para	nossa	admiração,	confiança	e
prazer.	Sua	intenção	é	que	esse	poder	seja	conhecido.	E	sua	intenção	é	que
ninguém,	em	lugar	algum	e	em	momento	algum,	atribua	a	si	poder	que	não	seja
de	Deus.	Não	gostamos	dessa	verdade	e	não	aprovamos	tê-la	em	nosso
conhecimento	(Rm	1.28).	Mas	ela	está	ali.	E	é	boa-nova,	mesmo	que	ataque
nosso	desejo	de	sermos	Deus.	É	boa-nova	porque	fomos	feitos	de	tal	modo	que
em	nossos	melhores	momentos,	mesmo	como	pecadores	caídos,	gostamos	de	ver
o	poder	ser	manifestado	em	prol	de	um	propósito	excelente.	Admiração	pela
grandeza	—	a	qual	inclui	grande	poder	—	é	um	grande	prazer.	Portanto,	ao
olharmos	para	os	textos	a	seguir	sobre	a	exaltação	por	Deus	de	seu	poder,
devemos	estar	cientes	de	que	ela	é	para	a	glória	dele	e	para	nossa	alegria.
Êxodo	14.4:	“E	endurecerei	o	coração	do	faraó,	e	ele	os	perseguirá,	e	eu
serei	glorificado	em	faraó	e	em	todo	o	seu	exército,	e	os	egípcios	saberão	que
eu	sou	o	SENHOR…”.
Juízes	7.2:	“O	SENHOR	disse	a	Gideão:	‘O	povo	que	está	com	você	é
numeroso	demais	para	que	eu	entregue	os	midianitas	em	suas	mãos.	Israel
poderia	se	gloriar	contra	mim,	dizendo’:	‘Minha	própria	mão	me	livrou’”.
Jeremias	16.21:	“Eis	que	[…]	lhes	farei	conhecer	meu	poder	e	minha	força,
e	eles	saberão	que	meu	nome	é	o	SENHOR”.
João	19.10,11:	“Então,	Pilatos	disse	[a	Jesus]:	[…]	‘Não	sabe	que	eu	tenho
autoridade	para	libertá-lo	e	autoridade	para	crucificá-lo?’.	Jesus	lhe
respondeu:	‘O	senhor	não	teria	autoridade	alguma	sobre	mim	se	de	cima
não	lhe	fosse	dada…’”.
Romanos	9.17:	“…	Exatamente	com	esse	propósito	eu	o	levantei	[ó	faraó],
para	mostrar	em	você	o	meu	poder…”.
Romanos	9.22:	“E	se	Deus,	querendo	[…]	tornar	conhecido	seu	poder,
suportou	com	muita	paciência	os	vasos	da	ira	preparados	para
destruição?”.
2Coríntios	4.7:	“Mas	temos	esse	tesouro	em	vasos	de	barro,	para	mostrar
que	o	poder	extraordinário	pertence	a	Deus,	e	não	a	nós”.
2Coríntios	12.9:	“…	Minha	graça	é	suficiente	para	você,	pois	meu	poder	se
aperfeiçoa	na	fraqueza…”.
Deus	é	o	absolutamente	glorioso	Deus	de	poder.	Seu	objetivo	é	preservar	e
manifestar	sua	glória	para	assombro	de	seus	inimigos	e	deleite	de	seu	povo
maravilhado.	Portanto,	o	grande	perigo	para	os	seres	humanos,	cuja	tendência
natural	é	exaltar	a	si	mesmos,	é	nos	iludirmos	ao	imaginar	que	o	poder,	qualquer
poder,	é	nosso	por	direito.	Não	é	nosso.	É	de	Deus	—	todo	ele.	É	emprestado
para	nós,	em	certa	medida,	a	fim	de	ser	usado	para	os	excelentes	propósitos
divinos:
Tenham	cuidado	para	não	dizer	em	seu	coração:	“Meu	poder	e	a	força	de	minha
mão	adquiriram	para	mim	esta	riqueza”.	Lembrem-se	do	SENHOR,	seu	Deus,
pois	é	ele	que	lhes	dá	o	poder	para	adquirir	riqueza…	(Dt	8.17,18).
É	um	erro	letal	—	no	sentido	mais	literal.	É	absoluta	insensatez	tomar	para	nós	o
poder	que	pertence	somente	a	Deus.	Falando	de	modo	rigoroso,	é	traição.	E	esse
é	um	crime	capital.	O	caminho	que	nos	afasta	da	morte	e	nos	conduz	à	vida
eterna	é	o	caminho	da	fé,	pois	a	fé	reconhece	indignidade	e	impotência.	A	fé
transfere	o	foco	de	nós	mesmos	para	Aquele	que	oferece	graça	e	poder	para	nos
salvar.	Apegar-se	à	ilusão	da	autossuficiência,	de	poder	para	salvarmos	a	nós
mesmos,	é	suicídio.	A	salvação	é	pela	fé	no	poder	de	outro,	e	não	de	nós
mesmos.
O	apóstolo	Paulo	despoja	o	homem	decaído	de	todas	as	pretensões	de	poder	de
salvar	a	si	mesmo	quando	diz	em	Romanos	8.7,8:	“…	a	mentalidade	da	carne	é
hostil	a	Deus,	pois	não	se	sujeita	à	lei	de	Deus;	aliás,	nem	pode	[isto	é,	não	tem
poder	para]	fazê-lo.	Aqueles	que	estão	na	carne	não	podem	[não	têm	poder	para]
agradar	a	Deus”.	De	acordo	com	Paulo,	a	natureza	humana	é	tão	radicalmente
contrária	a	Deus	que	não	tem	poder	algum	para	mudar	essa	corrupção.	Só	somos
salvos	pelo	empenho	da	graça	divina	onipotente.	Deus	tem	de	nos	ressuscitar	dos
mortos	(Ef	2.5).	Tem	de	abrir	os	olhos	dos	cegos	(2Co	4.6).	Todo	o	poder	para
nos	salvar	vem	de	fora.	Por	isso	é	letal	nos	apegarmos	a	nossas	pretensões	de
poder.
O	remédio	duplo	para	o	viciado	em	poder
O	remédio	duplo	para	esse	vício	letal	em	poder	se	encontra	em	1Pedro	2.21.
Pedro	acabou	de	dizer	aos	servos	que	abram	mão	do	poder	de	buscar	vingança.
Disse-lhes	que	é	“agradável	quando,	em	razão	de	sua	consciência	para	com
Deus,	alguém	suporta	aflições	enquanto	sofre	injustamente”	(v.	19).	Essa	atitude
parece	fraca.	É	uma	notável	recusa	por	parte	da	pessoa	em	agir	com	poder	que	a
exalte.	Na	sequência,	Pedro	diz;	“Para	isso	vocês	foram	chamados,	pois	Cristo
também	sofreu	por	vocês,	deixando-lhes	exemplo,	para	que	sigam	seus	passos”
(v.	21).
Essa	declaração	traz	um	remédio	duplo	para	o	anseio	por	poder.	Uma	parte	se
encontra	nas	palavras	“por	vocês”:	“…	Cristo	[…]	sofreu	por	vocês…”.	A	outra,
nas	palavras	“deixando-lhes	exemplo”.
A	primeira	parte	do	remédio	é	que	o	pecado	de	nosso	anseio	por	poder	e	de
nosso	desejo	de	retribuir	mal	com	mal	precisa	ser	expiado	e	perdoado.	De	outro
modo,	não	há	solução	para	nós.	Estamos	perdidos.	Por	isso	as	palavras	“sofreu
por	vocês”	são	tão	importantes.	Três	versículos	depois,	Pedro	ilustra	o	que
significam:	“Ele	mesmo	levou	nossos	pecados	em	seu	corpo	sobre	o	madeiro
[…].	Por	suas	feridas	vocês	foram	curados”	(v.	24).	O	trecho	“sofreu	por	vocês”
significa	“levou	nossos	pecados”	em	seu	sofrimento.	Este	é	o	magnífico	remédio
para	nossa	culpa:	quando	Cristo	morreu	“por	nós”,	levou	sobre	si	o	pecado	de
nosso	anseio	por	poder	e	de	nosso	desejo	de	retribuir	mal	com	mal.	O	castigo
que	merecíamos,	e	do	qual	não	tínhamos	poder	para	escapar,	caiu	sobre	ele.	Ao
deixarmos	o	pecado	do	anseio	por	poder	e	lutarmos	para	ser	humildes	e	ter	o
coração	de	servo	de	Jesus,	não	lutamos	como	pessoas	condenadas	que	procuram
merecer	aprovação.	Lutamos	como	pessoas	perdoadas	que	procuram,	no	poderdo	Espírito	de	Deus,	tornar-se	aquilo	que	já	são.
A	outra	parte	do	remédio	duplo	para	o	pecado	de	nosso	anseio	por	poder	é	que
Cristo,	em	seu	sofrimento,	nos	“[deixou]	exemplo,	para	que	[sigamos]	seus
passos”.	O	que	significa	para	nossa	alma	purificada	e	perdoada	ter	o	Filho	de
Deus	como	um	exemplo	de	estonteante	autossacrifício	no	caminho	para	a	glória?
Significa	várias	coisas.	E	tem	vários	efeitos	sobre	nós.	Primeiro,	por	exemplo,
desperta	nosso	desejo	de	ser	semelhantes	a	ele.	Segundo,	garante	que	o	caminho
do	sofrimento,	da	fraqueza	e	do	sacrifício	conduz,	de	fato,	à	glória.	Se	Deus	o
ressuscitou	e	lhe	deu	um	nome	grandioso,	também	nos	ressuscitará.	Terceiro,	e
talvez	mais	importante,	esse	exemplo	de	sofrimento	é	parte	absolutamente
essencial	e	magnífica	da	beleza	de	Cristo.	É	sua	glória	característica²	que	ele
tenha	se	dignado	a	descer	das	alturas	da	divindade	e	do	poder	para	as
profundezas	de	humilhação	despida,	espancada,	zombada,	cuspida	e	crucificada,
e	que	ele	o	tenha	feito	sem	proferir	uma	palavra	sequer	de	insulto	é
indescritivelmente	glorioso.	Certamente	esse	é	um	dos	motivos	pelos	quais
Paulo	chama	sua	mensagem	“evangelho	da	glória	de	Cristo”	(2Co	4.4)	e
“evangelho	da	glória	do	Deus	bendito”	(1Tm	1.11).
Portanto,	o	remédio	duplo	para	nosso	anseio	inveterado	por	poder	e	exaltação
própria	é,	primeiro,	que	esse	pecado	foi	coberto	pelo	sangue	de	Cristo	e,
segundo,	que	Deus	abre	nossos	olhos	para	ver	a	glória	de	Cristo	como	a
satisfação	de	nossa	alma.	Nossa	alma,	que	anseia	por	poder,	tem	liberdade	de	ver
e	desfrutar	uma	glória	superior	à	glória	da	exaltação	própria.	Deus	reverteu	a
troca	de	Romanos	1.23,	a	troca	da	glória	de	Deus	por	imagens,	como	a	imagem
de	mim	mesmo,	em	que	busco	glória	para	mim	ao	me	exaltar	acima	de	outros	em
poder.	Deus	abriu	nossos	olhos	para	que	vejamos	como	é	insensato,	feio	e	letal
competir	com	ele	por	poder.	Ele	abriu	nossos	olhos	para	a	beleza	do	fato	de	que
todo	poder	pertence,	verdadeiramente,	a	ele.	Ele	nos	deu	a	capacidade	de	ver	que
a	demonstração	supremamente	gloriosa	de	seu	poder	se	encontra	no	poder	do
evangelho,	em	que	Cristo	caminhou	em	meio	à	fraqueza	para	a	glória	e	o
domínio	eternos.
¹	John	Piper,	Desiring	God:	meditations	of	a	Christian	hedonist,	ed.	rev.
(Colorado	Springs:	Multnomah,	2011),	p.	302	[edição	em	português:	Em	busca
de	Deus:	a	plenitude	da	alegria	cristã	(São	Paulo:	Shedd	Publicações,	2008)].
²	Para	mais	detalhes	sobre	essa	“glória	característica”	de	Cristo	e	sua	relação
com	o	modo	pelo	qual	conhecemos	a	Palavra	de	Deus	(seu	Filho	e	suas
Escrituras),	veja	John	Piper,	A	peculiar	glory:	how	the	Christian	Scriptures
reveal	their	complete	truthfulness	(Wheaton:	Crossway,	2016),	especialmente	o
capítulo	13	[edição	em	português:	Uma	glória	peculiar:	como	a	Bíblia	se	revela
completamente	verdadeira	(São	José	dos	Campos:	Fiel,	2017)].
libertação:	a	volta
do	sol	ao	centro
Há	um	remédio	—	uma	libertação	—	que	não	apenas	nos	salvaria	dos	perigos	do
dinheiro,	do	sexo	e	do	poder,	mas	liberaria	seu	potencial	quando	os	usássemos	e
os	desfrutássemos	das	maneiras	e	pelos	motivos	inicialmente	planejados	por
Deus.
Esse	remédio	consiste	em	despertar	para	a	glória	de	Deus,	que	satisfaz
plenamente.	Se	isso	acontecesse,	se	a	beleza	resplandecente	do	sol	pudesse	ser
restaurada	ao	centro	do	sistema	solar	de	nossa	vida,	então	o	dinheiro,	o	sexo	e	o
poder	voltariam	de	modo	gradativo	(ou	repentino)	às	suas	órbitas	que	glorificam
a	Deus,	e	descobriríamos	para	que	fomos	criados.	Escaparíamos	do	sistema	solar
defeituoso	que	construímos	quando	trocamos	Deus	por	outra	coisa.
Toda	a	criação	existe	para	dizer:	“Deus	é	Deus;	eu	não	sou”
Vimos	que	o	poder	é	a	capacidade	de	buscar	aquilo	que	valorizamos.	O	dinheiro
é	o	símbolo	cultural	que	pode	ser	trocado	na	busca	por	aquilo	que	valorizamos.
E	o	sexo	é	um	dos	prazeres	que	valorizamos.	Portanto,	o	potencial	para	o	bem
que	tem	o	dinheiro,	o	sexo	e	o	poder	se	encontra	no	modo	de	evidenciar	o	valor
de	Deus.	Ele	é	o	valor	supremo	do	universo,	o	qual	foi	criado	para	comunicar
esse	valor	para	o	prazer	do	povo	de	Deus.
Diante	disso,	o	dinheiro	existe	para	que	fique	evidente,	pelo	modo	que	o	usamos,
que	Deus	é	mais	desejável	que	dinheiro.	O	sexo	existe	para	que	fique	evidente
que	Deus	é	mais	desejável	que	sexo.	E	o	poder	existe	para	que	fique	evidente
que	admirar	o	poder	de	Deus	e	depender	dele	é	mais	desejável	que	exaltar	nosso
poder.	Todas	as	coisas	existem	para	servir	ao	objetivo	supremo	de	Deus	na
criação:	a	revelação	da	beleza	e	do	valor	infinitos	de	Deus,	que	chega	ao	ápice
com	o	resgate	da	humanidade	caída,	um	ato	que	exalta	Cristo,	para	que	a	glória
de	Deus	seja	refletida	e	desfrutada	para	sempre.
E,	debaixo	dessas	realidades,	encontra-se	a	verdade	fundamental	de	que	fomos
criados	para	glorificar	a	Deus	e	lhe	dar	graças	(Rm	1.21),	isto	é,	para	valorizar	a
glória	de	Deus	acima	de	todas	as	coisas,	para	nos	maravilhar	com	sua	glória,
admirar	sua	beleza	e	o	desfrutar,	bem	como	todos	os	seus	atributos,	para	nos
satisfazer	nele	e	encontrar	profundo	e	inabalável	contentamento	em	sua
comunhão,	a	qual	nos	satisfaz	plenamente.	Desse	modo,	nossa	vida,	no	caminho
da	verdade,	do	amor	e	da	justiça,	começa	a	refletir	a	glória	que	admiramos,	e
glorificamos	ao	nosso	Deus	que	nos	satisfaz	plenamente.	Para	isso	fomos
criados.	Esse	seria	nosso	mais	sublime	prazer	e	a	maior	glória	dele.
Planetas	letais	sem	um	sol
Desde	a	Queda,	porém,	todos	nós	“trocamos	a	glória	de	[…]	Deus”	por	outras
coisas	(Rm	1.23)	e,	como	um	reflexo	condicionado,	consideramos	essas	outras
coisas	mais	interessantes,	mais	valiosas	e	mais	satisfatórias	que	Deus,	o	que	é
um	grande	insulto	para	ele	(v.	21).	E,	caso	esse	insulto	contínuo	não	seja
corrigido	e	expiado,	nos	levará	à	ruína	eterna	e	merecida	(2.8).
Vimos	a	seriedade	de	nossa	situação	na	analogia	do	sistema	solar.	A	preferência
por	outras	coisas	a	Deus	é	como	colocar	em	lugar	do	sol,	no	centro	do	sistema
solar	de	nossa	vida,	um	planeta	inferior	—	como	o	dinheiro,	o	sexo	e	o	poder	ou
simplesmente	nosso	ego	—,	de	modo	que	os	planetas	do	dinheiro,	do	sexo	e	do
poder,	antes	mantidos	em	suas	órbitas	que	glorificam	a	Deus,	agora	voam
desordenado	e	perigosamente	fora	de	órbita.
O	dinheiro	se	movimenta	por	toda	parte	em	ziguezague,	desperta	cobiça	e
ganância	e	se	torna	a	moeda	do	“orgulho	dos	bens”	(1Jo	2.16,	nota	de	rodapé	da
ESV)	e	de	desonestidade,	ansiedade,	roubo,	suborno	e	fraude.	O	sexo,
visualizado	em	um	gráfico,	sobe	e	desce	erraticamente	em	imoralidade,
adultério,	pornografia,	nudez	pública,	formando	picos	—	ou	mesmo	em	medo	da
sexualidade,	como	se	não	fosse	uma	boa	dádiva	de	Deus.	Em	todos	esses
pecados,	transformamos	a	glória	de	Deus	em	vergonha,	e	nossa	vergonha	em
suposta	glória	humana.	E	o	poder	se	entremeia	com	tudo,	em	todas	as	formas	de
controle,	domínio	e	exploração	que	produzem	exaltação	própria.
Toda	essa	ruína	e	destruição	acontecem	porque	trocamos	a	glória	de	Deus,	o	sol
resplandecente,	por	outras	coisas	que	não	são	capazes	de	manter	a	coesão	de
nossa	vida.	Encontramos	mais	prazer	nessas	outras	coisas	e	outras	pessoas	que
em	Deus.	O	salmista	nos	diz	em	Salmos	16.11:	“…	na	tua	presença	há	plenitude
de	alegria;	à	tua	direita,	prazeres	eternamente”.	Mas	Deus	diz	em	Jeremias	2.13:
“…	pois	meu	povo	cometeu	dois	males:	eles	me	abandonaram,	a	fonte	de	águas
vivas,	e	cavaram	cisternas	para	si,	cisternas	rachadas	que	não	retêm	água”.
Fomos	criados	para	ter	em	Deus	o	centro	de	nossa	vida	que	nos	dá	satisfação
plena,	ao	redor	do	qual	todas	as	outras	coisas	percorrem	órbitas	boas,	piedosas	e
felizes.	Em	vez	disso,	temos	um	sistema	solar	com	centros	gravitacionais
concorrentes	no	qual	nada	se	mantém	em	sua	devida	órbita.
Libertação	imerecida
Contudo,	há	libertação.	Tivemos	um	vislumbre	desse	remédio	nos	capítulos
anteriores.	Agora,	observamos	como	Deus	se	posiciona	novamente	no	centro	de
nossa	vida	para	que	possamos	desfrutá-lo	como	nossa	maior	satisfação;	no
capítulo	seguinte,	veremos	como	essa	redescoberta	da	centralidade	de	Deus
coloca	os	planetas	do	dinheiro,	do	sexo	e	dopoder	de	volta	em	suas	órbitas	que
glorificam	a	Deus.
Apesar	de	como	todos	insultamos	Deus	com	nossa	preferência	por	outras	coisas,
ele,	em	sua	misericórdia	inexprimível,	fez	o	que	não	podíamos	fazer	por	nós
mesmos	para	nos	proporcionar	um	futuro	e	uma	esperança	nele.	Fez	algo	na
cruz.	Fez	algo	quando	nos	deu	vida	espiritual	e	inclinou	nosso	coração	para	que
cresse	em	Jesus.	E	faz	algo	a	cada	dia.	Como	resultado,	embora	sejamos
indignos,	encontramo-nos	em	sua	presença	e	à	sua	direita,	onde	há	plenitude	de
alegria	e	prazer	eternamente.	E	tudo	em	nossa	vida	muda.
Justificação:	libertação	da	culpa	judicial	verdadeira
Primeiro,	Deus	fez	algo	na	cruz	para	nos	conduzir	a	sua	presença	com	alegria.
“…	Cristo	sofreu	uma	única	vez	pelos	pecados,	o	justo	pelos	injustos,	para
conduzir-nos	a	Deus…”	(1Pe	3.18).
Se	os	perigos	sobre	os	quais	falamos	o	deixaram	temeroso	e	desanimado,	pois
você	carece	da	glória	de	Deus	(Rm	3.23),	tenha	bom	ânimo.	É	justamente	por
isso	que	Jesus	veio	ao	mundo.	Por	isso,	diz	Pedro,	o	justo	morreu	pelos	injustos.
Lembre-se	de	Romanos	1.18:	foi	na	“impiedade”	que	suprimimos	a	verdade	da
glória	de	Deus.	Foi	por	causa	dessa	supressão	injusta	da	verdade,	que	justifica	a
si	mesma	e	coloca	algo	no	lugar	de	Deus,	que	Cristo	morreu.	O	justo	sofreu
pelos	injustos.
Nenhum	de	nós	jamais	amou	a	Deus	como	ele	merece.	Até	mesmo	como
cristãos,	a	nossa	fé	e	o	nosso	amor	são	imperfeitos.	Cristo	morreu	por	isso,	por
tudo	isso.	Para	quê?	“…	Para	conduzir-nos	a	Deus…”	(1Pe	3.18).	O	objetivo
maior	da	cruz,	da	morte	de	Jesus,	não	é	o	perdão	dos	pecados,	nem	a	justificação
dos	ímpios,	nem	a	remoção	da	ira	de	Deus,	nem	o	livramento	do	inferno,	por
mais	infinitamente	preciosas	que	sejam	todas	essas	coisas.	Elas	são	apenas	meios
para	o	fim	supremo.	Pedro	diz	qual	é	o	fim	supremo:	“…	sofreu	[…]	para
conduzir-nos	a	Deus…”.	A	presença	de	Deus.	A	visão	de	Deus.	O	conhecimento
de	Deus.	O	prazer	em	Deus.	Cristo	morreu	para	nos	conduzir	a	este	ponto,
embora	ninguém	mereça,	nem	jamais	venha	a	merecer,	estar	aqui.
Na	vida	e	morte	perfeitas	de	Cristo	em	nosso	lugar,	todas	as	barreiras	jurídicas
entre	nós	e	Deus	foram	removidas.	Esse	é	o	significado	de	justificação.	Cristo
sofreu	nosso	castigo.	A	ira	santa	e	justa	de	Deus	foi	satisfeita.	As	exigências
justas	da	lei	de	Deus	foram	cumpridas	nele:
Portanto,	uma	vez	que	fomos	justificados	por	seu	sangue,	muito	mais	ainda
seremos	salvos	por	ele	da	ira	de	Deus.	Pois,	se	quando	éramos	inimigos	fomos
reconciliados	com	Deus	pela	morte	de	seu	Filho,	muito	mais	agora,	estando
reconciliados,	seremos	salvos	por	sua	vida	(Rm	5.9,10).
Quando	somos	unidos	a	Cristo	pela	fé,	sua	justiça	é	atribuída	a	nós,	e,	de	modo
justo,	Deus	nos	considera	inocentes	e	justos	em	Cristo.	Por	isso,	Paulo	disse	que
seria	“achado	nele,	não	tendo	uma	justiça	própria	que	procede	da	lei,	mas	a	que
vem	mediante	a	fé	em	Cristo,	a	justiça	que	vem	de	Deus	e	depende	da	fé”	(Fp
3.9).	Deus	realizou	essa	obra	por	todos	os	que	estão	em	Cristo	ao	tornar	Cristo
pecado	por	nós,	a	fim	de	que	sejamos	justos	nele:
…	ele	tornou	pecado	por	nós	aquele	que	não	conheceu	pecado,	para	que	nele	nos
tornássemos	justiça	de	Deus	(2Co	5.21).
Desse	modo,	todas	as	barreiras	jurídicas	entre	nós	e	Deus	foram	removidas.
Agora,	podemos	desfrutar	paz.	“…	Uma	vez	que	fomos	justificados	pela	fé,
temos	paz	com	Deus,	por	meio	de	nosso	Senhor	Jesus	Cristo”	(Rm	5.1).	E	o
valor	supremo	dessa	paz	reside	no	fato	de	que	ela	nos	permite	estar	na	presença
do	Deus	absolutamente	glorioso	que	nos	satisfaz	plenamente,	onde	há	plenitude
de	alegria	e	de	prazeres	para	sempre	(1Pe	3.18;	Sl	16.11).
Novo	nascimento:	libertação	da	morte	e	da	cegueira	espirituais
Assim	como	Deus	obteve	nossa	justificação	por	meio	de	seu	Filho	na	cruz,	ele
aplicou	essa	justificação	a	nós	por	meio	de	seu	Espírito	ao	abrir	nossos	olhos
cegos,	a	fim	de	que	nos	voltemos	para	ele	com	fé.	E,	uma	vez	que	ele	nos	deu	a
capacidade	de	enxergar,	fez	com	que	o	víssemos	como	o	centro	de	nossas
afeições	que	nos	satisfaz	plenamente.
Nosso	problema	não	é	apenas	de	ordem	exterior	e	jurídica,	mas	de	ordem
interior.	Estamos	moralmente	enfermos.	Estamos	espiritualmente	mortos.	Os
benefícios	da	justificação	jamais	chegariam	até	nós	se	Deus	não	operasse	em	nós
um	milagre	de	transformação.	Não	apenas	corremos	o	perigo	de	sofrer	a	ira	de
Deus	em	razão	de	nossa	culpa,	mas	também	somos	escravos	de	nossa
indiferença	para	com	a	glória	de	Deus.	Como	pecadores	caídos,	não
consideramos	Deus	glorioso	e	não	o	valorizamos	acima	de	todas	as	coisas.	Por
isso	o	dinheiro,	o	sexo	e	o	poder	são	tão	perigosos.	Eles	parecem	mais	atraentes
que	Deus,	pois	estamos	espiritualmente	cegos	para	a	beleza	de	Deus	que	nos
satisfaz	plenamente.
Para	que	isso	mude,	deve	haver	não	apenas	justificação,	mas	também
regeneração,	novo	nascimento.	“Jesus	respondeu	a	Nicodemos:	‘Em	verdade	em
verdade	lhe	digo,	se	alguém	não	nascer	de	novo	não	pode	ver	o	reino	de	Deus’”
(Jo	3.3).	Sem	essa	mudança	profunda	em	nossa	natureza,	do	estado
espiritualmente	morto	para	o	estado	espiritualmente	vivo,	não	conseguimos	ver
Deus	como	ele	é	de	fato.	E	não	conseguimos	confiar	nele	ou	valorizá-lo	como
devemos.	Estamos	cegos	e	precisamos	que	Deus	opere	em	nós	o	milagre	da
visão.	Por	vezes,	referimo-nos	a	essa	obra	como	chamado	eficaz;	é	a	forma	de
Jesus	chamar	Lázaro,	que	estava	morto	há	quatro	dias:	“…	clamou	em	alta	voz:
‘Lázaro,	venha	para	fora!’.	E	o	homem	que	havia	morrido	saiu…”	(Jo	11.43,44).
O	chamado	em	si	produziu	o	que	foi	ordenado:	vida.	E	Lázaro,	o	morto,	viveu	e
obedeceu.
Um	dos	textos	mais	importantes	sobre	esse	milagre	em	que	Deus	chama	pessoas
das	trevas,	da	morte	e	da	cegueira	para	a	luz	e	para	a	vida	é	2Coríntios	4.3-6:
Se	nosso	evangelho	está	encoberto,	está	encoberto	para	os	que	estão	perecendo.
No	caso	deles,	o	deus	deste	mundo	cegou	a	mente	dos	incrédulos	para	impedi-
los	de	ver	a	luz	do	evangelho	da	glória	de	Cristo,	que	é	a	imagem	de	Deus	[…]
Pois	Deus,	que	disse:	“Das	trevas	brilhe	a	luz”,	brilhou	em	nosso	coração	para
dar	a	luz	do	conhecimento	da	glória	de	Deus	na	face	de	Jesus	Cristo.
De	acordo	com	Paulo,	todos	os	incrédulos	estão	cegos	para	a	glória	de	Deus	em
Cristo.	E	Satanás	trabalha	com	afinco	para	confirmar	e	aprofundar	essa	cegueira
por	todos	os	meios	possíveis.	São	trevas	que	não	conseguem	enxergar	a	glória	de
Deus	que	satisfaz	plenamente	em	Cristo;	e,	portanto,	são	trevas	que	trocam	a
glória	de	Deus	por	outras	coisas,	que	depõem	Deus	de	seu	lugar	no	centro	do
sistema	solar	de	nossa	vida	e	o	substituem	por	planetas	inferiores	ridículos	e
insatisfatórios.
Atente	para	nossa	condição	no	versículo	4:	“…	o	deus	deste	mundo	cegou	a
mente	dos	incrédulos	para	impedi-los	de	ver	a	luz	do	evangelho	da	glória	de
Cristo,	que	é	a	imagem	de	Deus”.	O	que	não	conseguimos	ver?	Não
conseguimos	ver	o	esplendor	supremo,	a	luz	da	glória	de	Cristo	no	evangelho.
Pessoas	podem	ouvir	o	evangelho,	a	maior	obra	de	Deus	na	história	do	universo,
e	não	serem	tocadas,	assim	como	podem	olhar	para	os	Alpes,	os	Himalaias	ou	as
galáxias,	dar	de	ombros	e	ligar	a	televisão.	Essa	é	nossa	condição.
No	entanto,	pelo	fato	de	Cristo	haver	morrido	por	nós,	Deus	pode,	com	perfeita
justiça,	realizar	por	nós	o	que	descreve	o	versículo	6.	Ouça	e	pergunte	a	si
mesmo	se	ele	fez	isto	por	você:	“Deus,	que	disse:	‘Das	trevas	brilhe	a	luz’,
brilhou	em	nosso	coração	para	dar	a	luz	do	conhecimento	da	glória	de	Deus	na
face	de	Jesus	Cristo”.	Da	mesma	forma	que	Deus	criou	luz	no	princípio	da
Criação	com	um	chamado	soberano	—	“Haja	luz”	—,	ele	faz	o	mesmo	no
coração	humano.	Esse	é	o	novo	nascimento,	a	regeneração	ou	o	chamado	eficaz.
Deus	fala	e,	por	meio	de	sua	palavra	onipotente,	faz	com	que	vejamos	a	luz	de
sua	glória	na	face	de	Cristo.	Como	Pedro	diz,	ele	nos	chamou	“das	trevas	para
sua	maravilhosa	luz”	(1Pe	2.9).	O	chamado	cria	a	visão	da	luz	da	glória	de	Deus.
A	troca	perversa	de	Romanos	1.23	(a	glória	de	Deus	por	imagens)	acabou!	A
idolatria	acabou.	A	grande	afronta	acabou.	Vemos	com	clareza	e	desfrutamos	a
glória	de	Deus	em	Cristo.
Há	mais	uma	coisaque	Deus	faz	para	garantir	nossa	libertação	dos	perigos	do
dinheiro,	do	sexo	e	do	poder.
Libertação	para	a	semelhança	de	sua	glória
Deus	não	para	de	revelar	a	nós	a	glória	de	Cristo	em	sua	palavra.	Ele	começa	no
novo	nascimento	e	continua	a	revelar	a	glória	de	Cristo.	Nossa	nova	vida	teve
início	com	um	milagre,	e	prossegue	com	um	milagre.	O	milagre	contínuo	que
Deus	opera	por	seu	Espírito	consiste	nisto:	em	nos	tornarmos	cada	vez	mais
semelhantes	àquele	que	admiramos	e	desfrutamos:	ele.
Apenas	alguns	versículos	antes	do	texto	que	já	vimos	em	2Coríntios	4,	Paulo
escreve:
E	todos	nós,	com	o	rosto	descoberto,	contemplando	a	glória	do	Senhor,	estamos
sendo	transformados	na	mesma	imagem	de	um	grau	de	glória	a	outro…	(3.18).
Os	verbos	“contemplando”	e	“sendo	transformados”	estão	no	presente	no
original	grego,	o	que	indica	ação	em	andamento,	não	de	uma	vez	por	todas,	mas
de	forma	contínua.	“…	Contemplando	a	glória	do	Senhor,	estamos	sendo
transformados…”.	É	isso	que	Deus	faz	diariamente	ao	olharmos	para	ele	em	sua
palavra.	É	o	que	ele	faz	semanalmente	na	pregação	de	sua	palavra	no	culto	de
adoração.	E	minha	oração	é	que	seja	isso	que	ele	esteja	fazendo	neste	exato
momento	enquanto	você	lê.
Muitos	cristãos,	especialmente	os	mais	novos	na	fé,	desejam	encontrar	um
método	de	discipulado	que	os	transforme	rapidamente	por	meio	de	alguns	passos
claros	e	praticáveis.	Minha	advertência	é	para	que	não	gaste	muita	energia	à
procura	de	um	método	infalível	desse	tipo.	Métodos	como	esse	para	crescimento
e	transformação	geralmente	conduzem	à	desilusão	e,	por	vezes,	a	crises	de	fé
que	nos	levam	a	perguntar:	“Por	que	não	funciona	para	mim?”.
O	caminho	de	Deus	para	o	crescimento	é	mais	parecido	com	regar	uma	planta	ou
alimentar	um	bebê	do	que	com	construir	uma	parede	de	tijolos,	tendo	um	manual
de	instruções	em	mãos.	Quando	construímos	uma	parede,	vemos	cada	tijolo	ser
colocado	em	seu	lugar	e	calculamos	o	progresso.	Seguramos	o	tijolo,	colocamos
a	argamassa	para	fixá-lo	e	o	assentamos.	Voilà!	Crescimento!	O	crescimento
cristão	não	é	assim.	É	mais	orgânico,	menos	controlável	e,	geralmente,	mais
lento.
Tome	cuidado	com	métodos	que	colocam	as	coisas	sob	seu	controle	e	prometem
mais	do	que	podem	cumprir.	Considere	esta	imagem	de	1Pedro	2.2,3:
Como	crianças	recém-nascidas,	desejem	o	puro	leite	espiritual,	para	que	por
meio	dele	cresçam	para	a	salvação,	se	é	que	provaram	que	o	Senhor	é	bom.
A	imagem	é	de	uma	criança	que	vai	crescendo.	No	fim	do	dia,	você	consegue
ver	o	crescimento?	Não.	Depois	de	uma	semana?	Também	não.	Mas	depois	de
um	ano	—	sim!	Você	controlou	o	crescimento	ao	acrescentar	centímetros	e
quilos?	Não.	Você	alimentou	a	criança.	Limpou-a.	Protegeu-a.	E	Deus	deu	o
crescimento.
Pedro	diz	que	devemos	desejar	“o	puro	leite	espiritual”	da	mesma	forma	que	um
bebê	deseja	o	alimento	quando	está	com	fome.	Em	ouras	palavras,	desejar	para
valer!	Chorar	para	recebê-lo.	Não	sossegar	enquanto	não	o	tiver.	O	que	é	o	leite?
Temos	duas	indicações.
Primeiro,	Pedro	acabou	de	descrever	o	novo	nascimento	de	um	cristão	bebê	em
1.22-25.	Ele	disse:	“…	vocês	nasceram	de	novo	[…]	pela	palavra	viva	e
permanente	de	Deus	[…].	Essa	palavra	é	a	boa-nova	anunciada	a	vocês”.
Portanto,	o	meio	vivificador	usado	por	Deus	para	nos	tornar	uma	nova	criatura
em	Cristo,	o	meio	pelo	qual	ele	causou	o	novo	nascimento,	é	a	palavra	de	Deus,
especialmente	a	doçura	do	evangelho.	Portanto,	quando	Pedro	diz,	dois
versículos	adiante,	que	esse	cristão	deve	desejar	o	leite	espiritual	para	o
crescimento,	é	natural	imaginar	que	ainda	esteja	se	referindo	à	palavra	que	lhe
deu	vida	inicialmente.
A	segunda	indicação	de	que	Pedro	está	pensando	na	Palavra	quando	se	refere	ao
leite	está	no	versículo	seguinte	(2.3):	“Se	é	que	provaram	que	o	Senhor	é	bom”.
O	termo	“provaram”	sinaliza	para	nós	que	Pedro	ainda	está	pensando	a	respeito
de	desejar	beber.	E	aqui,	o	sabor	da	bebida	é	“que	o	Senhor	é	bom”.	Diante
disso,	concluo	que	o	leite	que	devemos	desejar	para	o	crescimento	é	a	bondade	e
a	amabilidade	do	Senhor,	reveladas	em	sua	Palavra.	Ou,	para	expressar	de	outro
modo,	a	leitura	da	Palavra	com	a	intenção	específica	de	provar	a	bondade	do
Senhor	enquanto	lemos.
De	acordo	com	Pedro,	o	efeito	de	alimentar-se	regularmente	com	o	leite
espiritual	da	bondade	de	Deus	em	sua	Palavra	será	“[crescimento]	para	a
salvação”.	Nosso	crescimento	será	em	direção	ao	ápice	de	nossa	transformação
total	quando	Cristo	regressar.	Enquanto	isso,	haverá	crescimento	real,	porém
gradativo	e,	por	vezes,	lento.
Esse	crescimento	é	um	milagre,	e	não	temos	como	administrá-lo	inteiramente.
Sem	dúvida,	não	devemos	permanecer	passivos.	Mas	a	obra	espiritual	definitiva
pertence	a	Deus.	Jesus	contou	uma	parábola	para	enfatizar	essa	obra	divina	no
crescimento:
…	O	reino	de	Deus	é	como	se	um	homem	lançasse	sementes	na	terra.	Ele	dorme
e	acorda,	noite	e	dia,	e	a	semente	germina	e	cresce	sem	que	ele	saiba	como.	A
terra	produz	por	si	mesma,	primeiro	a	folha,	depois	a	espiga	e,	então,	o	grão
cheio	na	espiga.	Mas	quando	o	grão	está	maduro,	o	homem	logo	passa	a	foice,
pois	chegou	a	colheita	(Mc	4.26-29).
Essa	parábola	é	a	respeito	do	reino	de	Deus	no	mundo.	Contudo,	o	princípio	se
aplica	ao	reino	de	Deus	produzindo	crescimento	no	crente.	O	objetivo	da
parábola	é	mostrar	que,	embora	lancemos	a	semente	(ao	bebermos	do	leite
espiritual	da	bondade	de	Deus	em	sua	Palavra),	a	planta,	a	espiga	e	o	grão	são
formados	“sem	que	[…]	saiba[mos]	como”.	Não	está	debaixo	de	nosso	controle.
Deus	dá	o	crescimento.	Ou,	como	Paulo	diz	a	respeito	do	crescimento	da	fé	entre
os	coríntios:
Eu	plantei,	Apolo	regou,	mas	Deus	deu	o	crescimento.	De	modo	que	nem	o	que
planta	nem	o	que	rega	são	alguma	coisa,	mas	somente	Deus,	que	dá	o
crescimento	(1Co	3.6,7).
Voltando	à	questão	central	desta	seção,	Deus	nos	transforma	e	coloca	os	planetas
de	nossa	vida	em	uma	órbita	que	exalte	a	Cristo	e	satisfaça	nossa	alma	ao	abrir
nossos	olhos	para	sua	glória	na	Palavra:	“…	contemplando	a	glória	do	Senhor,
estamos	sendo	transformados	na	mesma	imagem	de	um	grau	de	glória	a
outro…”	(2Co	3.18).	Dito	de	outro	modo,	quando	bebemos	regularmente	da
Palavra	e	provamos	a	bondade	do	Senhor	na	Palavra,	Deus	abre	nossos	olhos
para	que	enxerguemos	as	maravilhas	de	sua	glória.	Sua	bondade	—	sua	graça	em
ação	—	é	o	ápice	de	sua	glória.	Deus	nos	concede	a	capacidade	de	ver	“coisas
maravilhosas”	de	sua	Palavra	(Sl	119.18).	Concede-nos	a	experiência	de	Samuel
em	Siló:	“…	o	SENHOR	se	revelava	a	Samuel	em	Siló	pela	palavra	do
SENHOR”	(1Sm	3.21).	E,	ao	ver	o	Senhor	nas	dimensões	ilimitadas	de	sua
grandeza	e	beleza,	somos	moldados	por	aquilo	que	vemos.	Ele	nos	conforma	a	si
mesmo.	Tornamo-nos	semelhante	àquilo	que	mais	admiramos.
Contemplando	a	glória	do	Senhor	com	o	dinheiro,	o	sexo	e	o	poder
Por	exemplo,	quando	bebo	da	palavra	segundo	a	qual	Jesus	era	despojado	de
bens	a	ponto	de	não	ter	onde	descansar	a	cabeça,	meu	espanto	diante	de	sua
pobreza	(uma	pobreza	que	enriqueceu	muitos)	toca-me,	molda-me	e	liberta-me
de	meu	caso	de	amor	com	o	dinheiro.
…	alguém	lhe	[a	Jesus]	disse:	“Eu	te	seguirei	aonde	quer	que	fores”.	E	Jesus	lhe
disse:	“As	raposas	têm	tocas	e	as	aves	do	céu	têm	ninhos,	mas	o	Filho	do
Homem	não	tem	onde	descansar	a	cabeça”	(Lc	9.57,58).
Quando	leio	essa	história,	encontro	Jesus.	Vejo	a	glória	de	Jesus	que,	“embora
fosse	rico,	se	fez	pobre	por	amor	de	vocês,	para	que	por	meio	da	pobreza	dele
vocês	se	tornassem	ricos”	(2Co	8.9).	Eu	o	vejo.	Eu	o	amo.	Sou	atraído	para	perto
dele.	E	percebo	que	ele	dá	a	si	mesmo	para	mim.	Sua	liberdade	do	dinheiro
começa	a	me	dar	liberdade	do	dinheiro.	Ele	é	mais	admirável	que	os	magnatas
de	Wall	Street.	O	desejo	de	estar	com	ele	e	ser	semelhante	a	ele	cresce	como
uma	paixão	em	meu	coração.	É	isso	que	acontece	quando	vemos	sua	glória	na
Palavra.
A	mesma	coisa	ocorre	quando	olho	para	sua	vida	sexual.	Décadas	de	virilidade,
mas	sem	um	momento	sequer	em	que	tenha	cedido	a	um	pensamento	lascivo	ou
a	um	ato	imoral.	Mulheres	ouviam	atentas	a	cada	uma	de	suas	palavras	e	o
seguiam	de	um	lado	para	o	outro.	Ex-prostitutaschoravam	sobre	ele	e
enxugavam	os	pés	descalços	dele	com	seus	cabelos.	Ele	conversou	a	sós	com
uma	mulher	que	havia	tido	cinco	maridos	e	que	estava	vivendo	com	um	sexto
amante	que	não	era	seu	marido.	Levou	uma	vida	que,	de	certo	ponto	de	vista,
poderia	ser	considerada	repleta	de	tentação	sexual.	Mas	ele	nunca	pecou.	Negou
a	si	mesmo	perfeitamente	sem	negar	que	a	sexualidade	é	boa.	Foi	o	ser	humano
mais	pleno	que	já	existiu,	e	nunca	teve	uma	relação	sexual.	Ao	observá-lo,	eu	o
amo.	Eu	o	admiro.	Fico	maravilhado	com	sua	pureza	de	mente	e	corpo.	E
percebo	que	cresce	a	aversão	por	minhas	pequenas	transigências.	Vejo-me
ansiando	por	ser	puro,	por	ser	encontrado	santo	no	último	dia	e	por	ser
irrepreensível.	Sua	pureza	gloriosa	é	contagiante.
Ou,	quando	estudo	a	Palavra	e	contemplo	a	glória	de	como	Jesus	usou	seu	poder,
fico	profundamente	admirado.	No	jardim	do	Getsêmani,	quando	Jesus	estava
prestes	a	ser	preso,	disse	para	seus	discípulos	indignados:	“Pensa	que	não	posso
pedir	a	meu	Pai,	e	ele	enviaria	agora	mesmo	mais	de	doze	legiões	de	anjos?”	(Mt
26.53).	Sim,	ele	podia	fazê-lo.	E	não	o	fez.	Tinha	grande	poder	à	sua	disposição,
e	não	o	usou.	Caminhou	voluntária	e	soberanamente	para	sua	morte:	“Ninguém	a
tira	[minha	vida]	de	mim,	mas	eu	a	entrego	de	minha	própria	vontade…”	(Jo
10.18).
O	poder	de	Jesus	foi	demonstrado	mais	intensamente	no	momento	de	sua	maior
fraqueza.	Por	exemplo,	na	noite	anterior	à	sua	morte,	ele	disse	a	Simão	Pedro:
“Simão,	Simão,	Satanás	pediu	vocês	para	peneirá-los	como	trigo,	mas	eu	orei
por	você,	para	que	sua	fé	não	desfaleça.	E	quando	tiver	se	convertido,	fortaleça
seus	irmãos”	(Lc	22.31,32).	Observe	que	a	palavra	usada	é	“quando”,	e	não
“caso”:	“…	E	quando	tiver	se	convertido…”.	Jesus	estava	no	controle	naquela
noite.	Cada	detalhe	de	seu	julgamento,	que	não	passou	de	uma	farsa,	e	de	sua
execução	ocorreu	exatamente	como	ele	e	o	Pai	haviam	planejado.	Satanás	estava
operando,	mas	cada	movimento	do	Maligno	apertou	o	laço	em	volta	de	seu
próprio	pescoço.
O	que	você	sente	quando	vê	as	glórias	de	Jesus	brilharem	dessa	forma?	Eu	sinto
deslumbre.	Admiração.	Amor	que	estremece.	Temor	decepcionante	de	que,	se
houvesse	estado	lá,	teria	deixado	Jesus	sozinho.	Desejo.	Ah,	como	desejo	andar
com	ele,	conhecê-lo	e	ser	semelhante	a	ele.	E	nesses	momentos	de	admiração,
vejo	que	estou	sendo	transformado.
É	a	isso	que	me	refiro	quando	digo	que	o	milagre	realizado	por	Deus	no	novo
nascimento	não	termina	em	nossa	conversão.	Ele	continua	a	nos	transformar.	E	o
faz	ao	abrir	nossos	olhos	para	a	glória	de	Jesus	na	Palavra.	“Contemplando	a
glória	do	Senhor,	estamos	sendo	transformados”.	A	forma	de	usarmos	nosso
dinheiro,	expressarmos	nossa	sexualidade	e	exercermos	nosso	poder	é
transformada.	Veremos	no	capítulo	final	como	é	essa	transformação.
aplicação:	as	novas
órbitas	para	o	dinheiro,
o	sexo	e	o	poder
Quando	nascemos	de	novo	e	Deus	nos	concede	a	capacidade	de	recuperar	a
glória	dele	como	nosso	maior	tesouro	e	nosso	mais	doce	prazer,	o	sol	volta	ao
seu	lugar	no	centro	do	sistema	solar	de	nossa	vida	e	todos	os	planetas	começam
a	retornar	às	suas	órbitas	que	glorificam	a	Deus.
Vejamos,	então,	alguns	exemplos	do	que	acontece	ao	sexo,	ao	dinheiro	e	ao
poder	quando	vivemos	como	pessoas	cujos	pecados	foram	perdoados	e	que
andam	na	luz,	quando	nascemos	de	novo	e	a	glória	de	Deus	em	Cristo	foi
restaurada	como	o	maior	tesouro	e	o	mais	doce	prazer	de	nossa	vida.
Aplicação	do	dinheiro	para	a	glória	de	Deus
Voltamos	a	atenção	primeiramente	para	2Coríntios	8.	Paulo	escreve	aos	coríntios
para	motivá-los	a	serem	generosos	em	sua	contribuição	de	dinheiro	para	os
santos	pobres	em	Jerusalém.	Está	levantando	uma	oferta	entre	as	igrejas	para	os
pobres	e	deseja	que	os	coríntios	estejam	preparados	quando	ele	vier.	Apresenta-
lhes	o	exemplo	dos	crentes	na	Macedônia:
Queremos	que	saibam,	irmãos,	da	graça	de	Deus	concedida	às	igrejas	da
Macedônia,	pois,	em	uma	prova	severa	de	aflição,	sua	abundância	de	alegria	e
sua	extrema	pobreza	transbordaram	em	riqueza	de	generosidade	da	parte	deles
(v.	1,2).
A	graça	de	Deus	no	evangelho	tinha	chegado	à	Macedônia,	e	pessoas	tinham
sido	convertidas	de	forma	dramática.	O	fruto	dessa	conversão	foi	visto	de	modo
mais	impressionante	em	sua	alegria	e,	depois,	naquilo	que	ela	produziu:	“…	em
uma	prova	severa	de	aflição,	sua	abundância	de	alegria	e	sua	extrema
pobreza…”	(v.	2).	Observe	que	experimentaram	alegria	e	aflição.	Portanto,	sua
alegria	copiosa	não	se	encontrava	na	ausência	de	aflição,	que	evidentemente
havia	aumentado	desde	que	tinham	se	tornado	cristãos.	Observe,	também,	que
tinham	alegria	e	pobreza,	“extrema	pobreza”!	Portanto,	sua	alegria	não	se	devia
à	ausência	de	pobreza	nem	à	ausência	de	aflição.	Era	alegria	em	meio	a	aflição	e
a	pobreza.	Em	que,	então,	se	alegravam?
Na	graça	de	Deus.	A	graça	de	Deus	lhes	havia	sido	concedida	(v.	1):	isto	é,
Cristo	havia	sido	pregado,	aquele	que	“sofreu	[…]	o	justo	pelos	injustos,	para
conduzir-nos	a	Deus”	(1Pe	3.18).	A	graça	de	Deus	havia	aberto	os	olhos	deles
para	a	glória	de	Deus.	Conheciam	a	ele.	Deus	não	era	mais	inimigo	deles,	pois
haviam	sido	reconciliados.	Alegravam-se	na	esperança	da	glória	de	Deus	e	da
vida	eterna	com	ele	(Rm	5.2).	E	essa	alegria	era	tão	intensa	que	não	foi	superada
por	aflição	nem	por	pobreza.
Qual	foi	o	efeito?	“…	Em	uma	prova	severa	de	aflição,	sua	abundância	de
alegria	e	sua	extrema	pobreza	transbordaram	em	riqueza	de	generosidade	da
parte	deles”	(2Co	8.2).	Sua	alegria	transbordou	em	contribuição	generosa	de
dinheiro	em	meio	à	pobreza.	Esse	é	um	retrato	do	que	acontece	com	nosso
dinheiro	quando	nossa	alegria	não	está	mais	nele,	mas	em	Deus.	Somos	libertos
da	ganância	e	do	medo	produzido	pela	cobiça,	e	nosso	dinheiro	se	torna
instrumento	de	amor.
Nosso	dinheiro	se	torna	uma	extensão	visível	de	nossa	alegria	em	Deus	dirigida
a	outros.	É	o	que	o	texto	diz.	É	nossa	alegria	que	transborda.	É	a	alegria	em	Deus
que	flui	em	generosidade	para	com	outros.	Não	se	trata	de	pegarmos	nosso
dinheiro	e	sobrecarregarmos	outra	pessoa	com	esse	material	perigoso!	Trata-se
de	revelar,	por	meio	de	nosso	amor,	que	Deus	proporciona	tanta	satisfação	que
encontramos	nossa	alegria	em	dar,	em	vez	de	receber	—	que	“mais	bem-
aventurado	é	dar	que	receber”	(At	20.35).	Temos	a	esperança	de	que	os
beneficiados	por	nossa	alegria	transbordante	vejam	a	verdadeira	dádiva,	a	saber,
uma	imagem	da	glória	da	graça	de	Deus	que	satisfaz	plenamente.
É	o	que	encontramos	repetidamente	no	Novo	Testamento,	especialmente	em
Hebreus:
Vocês	se	compadeceram	daqueles	que	estavam	na	prisão	e	aceitaram
alegremente	a	espoliação	de	seus	bens,	pois	sabiam	que	tinham	um	patrimônio
melhor	e	permanente	(10.34).
[Moisés	escolheu]	ser	maltratado	com	o	povo	de	Deus	[…]	[porque]	considerou
a	afronta	de	Cristo	riqueza	maior	do	que	os	tesouros	do	Egito,	porque
contemplava	a	recompensa	(11.25,26).
Mantenham	a	vida	de	vocês	livre	do	amor	ao	dinheiro	e	estejam	contentes	com	o
que	vocês	têm,	pois	ele	disse:	“Nunca	os	deixarei,	nem	os	abandonarei”	(13.5,6).
Valorizar	Deus	acima	de	todas	as	coisas	transforma	dinheiro	em	moeda	de
adoração	e	amor.	O	planeta	do	dinheiro	entra	em	sua	órbita	determinada	por
Deus,	move-se	com	a	face	voltada	para	o	sol	resplandecente	e	brilha	cada	vez
mais	com	a	beleza	de	Deus	em	atos	de	generosidade.¹
Alegria	centrada	em	Deus	no	âmbito	dos	negócios
Claro	que	o	papel	do	dinheiro	na	vida	e	na	sociedade	é	muito	mais	amplo	que
ofertas	especiais	aos	pobres.	E	o	ensino	aqui	tem	implicações	para	todas	as
formas	de	uso	do	dinheiro	na	vida	cristã,	desde	mesadas	para	os	filhos	e
investimentos	no	mercado	de	ações,	até	o	levantamento	de	capital	para	uma	nova
empresa.	Quando	resumo	o	argumento	central	de	Paulo	em	2Coríntios	8.2,	ao
afirmar:	“Nosso	dinheiro	se	torna	uma	extensão	visível	de	nossa	alegria	em	Deus
dirigida	a	outros”,	não	quero	dizer	que	é	algo	relevante	apenas	para	ministérios
assistenciais.	Quero	dizer	que	essa	verdade	é	o	guia	fundamental	para	folhas	de
pagamento,	investimentos,	política	econômica,	comércio	internacionale	para
centenas	de	outras	maneiras	pelas	quais	lidamos	com	dinheiro.
Enquanto	um	empresário	cristão	não	tiver	experimentado	a	graça	de	Deus	no
perdão	de	pecados,	a	renovação	de	seus	desejos	no	novo	nascimento	e	a
transformação	progressiva	decorrente	de	olhar	firmemente	para	Jesus,	ele	não
lidará	com	o	dinheiro	no	âmbito	dos	negócios	de	uma	forma	que	mostre	que	sua
alegria	se	encontra,	supremamente,	em	Jesus.	Não	quero	dizer	que	essa
experiência	é	tudo	de	que	precisamos.	As	complexidades	dos	empreendimentos
comerciais	e	da	economia	são	imensas.	São	necessários	muitos	princípios
bíblicos	e	muita	sabedoria	prática	para	revelar	as	glórias	de	Cristo	no	âmbito	dos
negócios	do	mundo.	Quero	dizer,	contudo,	que	a	supremacia	do	Cristo	que
satisfaz	plenamente	no	centro	da	vida	é	essencial	para	o	negócio	que	exalta
Cristo,	bem	como	para	a	contribuição	cristã	que	exalta	Cristo.
Aliás,	seria	possível	escrever	um	livro	inteiro	sobre	a	relação	entre	a
misericórdia	para	com	os	pobres	centrada	em	Deus	e	a	busca	por	estratégias	de
mercado	lucrativas.	As	duas	coisas	não	são	desvinculadas.	A	vasta	pobreza	no
mundo	nunca	será	superada	apenas	por	meio	de	generosidade	caridosa.	O	amor
despertado	pela	supremacia	do	absolutamente	glorioso	Deus	de	graça	não	apenas
se	derrama	por	meio	da	generosidade	caridosa	sacrificial,	mas	também	se
apresenta	em	planos	econômicos,	práticas	de	negócios	e	políticas
governamentais.	Não	tenho	conhecimento	suficiente	para	escrever	a	esse
respeito	em	detalhes.	Recomendo,	porém,	o	livro	de	Wayne	Grudem	e	Barry
Asmus,	Poverty	of	nations:	a	sustainable	solution,	como	exemplo	daquilo	a	que
me	refiro.
O	que	precisamos	observar	aqui	é	que	o	potencial	do	dinheiro	de	exaltar	a	Cristo
reside	não	apenas	em	como	damos	ofertas,	mas	também	em	como	gastamos	e
guardamos	nosso	dinheiro	e	fazemos	negócios.	A	verdade	determinante	que
tenho	em	foco	é	a	mesma	em	todos	esses	casos.	Será	que	você	pode	dizer	que	a
beleza	de	Cristo,	que	satisfaz	plenamente,	encontra	seu	peso	gravitacional	no
centro	de	sua	vida,	a	ponto	de	controlar	não	apenas	a	órbita	das	ofertas,	mas
também	as	órbitas	dos	gastos,	das	vendas,	das	negociações,	dos	investimentos,
da	definição	de	salários,	do	pagamento	de	impostos,	da	criação	de	empresas	e	da
elaboração	de	leis	de	comércio	e	políticas	governamentais?	Os	potenciais	do
dinheiro	para	fazer	o	bem	e	glorificar	a	Deus	são	tão	reais	nessas	esferas	quanto
são	em	nossas	interações	pessoais	com	os	necessitados	de	nossa	vizinhança.	A
questão	central	é:	Deus	é	nosso	tesouro	supremo?	Desejamos	que	o	seja	para
outros?	A	forma	de	usarmos	o	dinheiro	é	um	transbordamento	de	nossa
compreensão	da	graça	e	da	glória	de	Deus	e	de	nosso	encanto	com	elas?
Desfrutar	o	sexo	para	a	glória	de	Deus
Em	1Timóteo	4.1-5,	Paulo	confronta	certos	falsos	mestres	ascetas	que
renunciavam	os	prazeres	e	acreditavam	que	o	sexo	no	casamento	e	o	livre
consumo	de	alimentos	não	eram	como	os	cristãos	deviam	usar	o	corpo.	Paulo
considerou	demoníacos	esses	ensinamentos	falsos.
O	Espírito	afirma	expressamente	que,	nos	últimos	tempos,	alguns	se	desviarão
da	fé	ao	se	dedicarem	a	espíritos	enganadores	e	a	ensinamentos	de	demônios,
pela	insinceridade	de	mentirosos	cuja	consciência	é	cauterizada,	que	proíbem	o
casamento	e	exigem	a	abstinência	de	alimentos…	(v.	1-3).
Esse	é	o	ensinamento	falso.	Eis,	agora,	a	resposta	de	Paulo,	a	partir	da	metade	do
versículo	3:
…	que	Deus	criou	[isto	é,	o	casamento	e	os	alimentos]	para	serem	recebidos	com
ações	de	graças	por	aqueles	que	creem	e	conhecem	a	verdade.	Pois	tudo	o	que
Deus	criou	é	bom,	e	nada	deve	ser	rejeitado	se	for	recebido	com	ações	de	graças,
pois	é	santificado	pela	palavra	de	Deus	e	pela	oração.
Para	aqueles	que	conhecem	a	verdade	do	evangelho,	deleitam-se	na	palavra	de
Deus	a	respeito	da	glória	de	Deus	que	satisfaz	plenamente,	oram	(santificado
seja	o	teu	nome!)	e	dedicam	tudo	a	Deus,	o	sexo	do	casamento	e	os	prazeres	do
alimento	são	santificados,	isto	é,	o	sexo	e	o	alimento	são	separados	do	uso
pecaminoso	do	mundo	e	tornados	puros,	preciosos	e	belos	pela	participação	na
bondade	de	Deus.
Não	devemos	ficar	encabulados	com	a	sensualidade	franca	do	amor	sexual	no
casamento	conforme	a	Bíblia	o	retrata,	por	vezes	de	modo	vívido:
Que	sua	fonte	seja	bendita,	e	alegre-se	com	a	esposa	de	sua	juventude,	corça
amorosa	e	gazela	graciosa.	Que	os	seios	dela	o	encham	de	deleite	em	todo
tempo;	embriague-se	sempre	no	amor	dela.	Meu	filho,	por	que	embriagar-se	com
uma	mulher	proibida	e	abraçar	o	seio	de	uma	adúltera?	Pois	os	caminhos	do
homem	estão	diante	dos	olhos	do	SENHOR,	e	ele	considera	todas	as	suas
veredas	(Pv	5.18-21).
Não	é	vergonha	alguma	que	“os	caminhos	do	homem	[estejam]	diante	[…]	do
SENHOR”	e	que	“os	seios	[de	sua	esposa]	o	encham	de	deleite	em	todo	tempo”.
Foi	por	isso	que	Deus	a	criou	dessa	forma,	e	o	criou	com	esses	desejos.	Aliás,	o
fato	de	esse	deleite	nela	estar	“diante”	do	Senhor	aponta	para	a	realidade	de	que
toda	a	nossa	alegria	naquilo	que	Deus	criou	tem	por	objetivo	ser	um	deleite	em
Deus.	Há	algo	de	sua	glória	em	todas	as	glórias	do	mundo.	Não	fomos	criados
para	nos	deleitar	na	criação	e	não	nele,	ou	mais	do	que	nele,	mas,	sim,	por	causa
dele,	e	porque	há	algo	dele	em	tudo	o	que	é	bom	e	belo.	Os	céus	proclamam	a
glória	de	Deus.	Devemos	ver	a	glória.	E	devemos	adorar	a	Deus.	O	mesmo	se
aplica	aos	seios	de	nossa	esposa.	Esses	seios	proclamam	para	nós	a	glória	de
Deus,	a	bondade	de	Deus,	e	mais.	Devemos	ver	isso	e	adorar	a	Deus	ao	desfrutá-
los.
Cântico	dos	Cânticos	faz	parte	da	Bíblia,	para	garantir,	entre	outros	motivos,	que
levemos	a	sério	os	belíssimos	prazeres	físicos	entre	a	noiva	e	o	noivo	como	uma
imagem	de	Cristo	e	sua	igreja.	Não	se	trata	de	anularmos	os	prazeres	físicos
desse	Cântico	ao	vermos	apenas	um	retrato	de	Cristo	e	da	igreja.	Sem	dúvida,
devemos	ver	Cristo	e	a	igreja	no	relacionamento	de	Cântico	dos	Cânticos	da
forma	de	Paulo	os	vê	em	Efésios	5.22,23.	Contudo,	existe	o	perigo	de
enxergarmos	apenas	a	dimensão	metafórica,	e	não	a	física.	Em	vez	disso,
devemos	deixar	que	Cântico	dos	Cânticos	nos	fascine	com	a	ideia	de	que	o	tipo
de	relacionamento	planejado	por	Deus	entre	homem	e	mulher,	como	a	imagem
dos	prazeres	de	guardar	a	aliança	vivenciados	entre	Cristo	e	sua	igreja,	possa	ser
descrito	com	palavras	como	estas	do	marido	para	a	esposa:
Seus	seios	são	como	dois	filhotes,	como	gêmeos	de	uma	gazela	que	apascentam
entre	os	lírios.	Antes	que	o	dia	nasça	e	fujam	as	sombras,	irei	ao	monte	de	mirra
e	à	colina	de	incenso.	Você	é	toda	linda,	minha	amada;	em	você	não	há	defeito
algum	(Ct	4.5-7).
Seus	seios	são	como	dois	filhotes,	gêmeos	de	uma	gazela.	Seu	pescoço	é	como
uma	torre	de	marfim.	Seus	olhos	são	as	piscinas	de	Hesbom,	junto	à	porta	de
Bete-Rabim.	Seu	nariz	é	como	uma	torre	do	Líbano,	que	olha	para	Damasco.
Sua	cabeça	a	coroa	como	o	Carmelo	e	seus	cabelos	são	como	a	púrpura;	um	rei
está	preso	em	suas	madeixas.	Como	você	é	linda	e	agradável,	ó	amada,	com
todas	as	suas	delícias!	Seu	porte	é	como	o	da	palmeira,	seus	seios	como	os
cachos	dela.	Digo	que	subirei	a	palmeira	e	pegarei	seus	frutos.	Ah,	sejam	os	seus
seios	como	os	cachos	da	videira,	e	o	aroma	de	sua	respiração	como	maçãs,	e	sua
boca,	como	o	melhor	vinho	(Ct	7.3-9).
E	palavras	como	estas,	da	esposa:
Já	havia	tirado	minha	túnica;	como	poderia	vesti-la	outra	vez?	Já	havia	lavado	os
pés;	como	poderia	sujá-los	novamente?	Meu	amado	colocou	a	mão	na	tranca,	e
meu	coração	estremeceu	dentro	de	mim.	Levantei-me	para	abrir	ao	meu	amado,
e	minhas	mãos	gotejavam	mirra,	meus	dedos	com	mirra	líquida	sobre	a
maçaneta	da	tranca	(Ct	5.3-5).
A	pergunta	de	Hannah
Enquanto	este	livro	estava	na	editora,	gravei	outro	podcast	do	programa
“Pergunte	ao	pastor	John”,	e	uma	mulher	chamada	Hannah	perguntou:
De	que	maneira	o	sexo	entre	marido	e	esposa	é	um	exemplo	prático	de	Cristo	e
sua	igreja?
Parte	de	minha	resposta	foi:²
Mencionarei	três	coisas.	E	não	duvido	que	estas	sejam	as	regiões	mais	baixas
dos	Himalaias	da	glória	que	pessoas	melhores	do	que	eu	poderiam	escalar	e
explicar.
Primeiro,	de	modo	bastanteproeminente	em	Efésios	5,	temos	a	assimetria,	a
ausência	de	simetria,	entre	os	papéis	do	marido	e	da	esposa.	Ela	deve	se	sujeitar
à	liderança	amorosa	e	sacrificial	dele,	semelhante	à	de	Cristo.	Ao	mesmo	tempo,
contudo,	há	mutualidade	e	reciprocidade	igualmente	claras	na	busca	por
abençoar	e	satisfazer	o	outro,	à	medida	que	liderança	e	submissão	se
encaminham	para	o	máximo	prazer	mútuo.	Em	1Coríntios	7.4,	Cristo	diz	que	o
homem	não	tem	autoridade	sobre	seu	corpo,	mas,	sim,	a	mulher,	e	a	mulher	não
tem	autoridade	sobre	seu	corpo,	mas,	sim,	o	homem,	o	que	cria,	para	quem	tem
uma	lógica	afiada,	um	impasse	completo.
No	entanto,	evidentemente	não	é	intenção	de	Paulo	que	haja	um	impasse	no	leito
conjugal.	A	questão	é	que	a	esposa	com	frequência	tem	desejos,	e	o	marido	que	a
ama	deve	querer	satisfazê-los	e	esforçar-se	para	isso;	e	o	marido	com	frequência
tem	desejos,	e	a	esposa	que	o	ama	deve	querer	satisfazê-los	e	esforçar-se	de
modo	semelhante.
À	medida	que	avançam,	contudo,	a	maneira	de	o	homem	buscar	a	satisfação	de
sua	esposa	se	dá	na	função	dele	como	cabeça	e	aquele	que	toma	a	iniciativa.	Isso
não	exclui	os	tipos	de	iniciativas	específicas	da	mulher,	mas	dá	o	tom	e	define	o
contexto	em	que	ele	é	percebido	como	o	líder	forte,	carinhoso,	amoroso	e
criativo	nesse	acontecimento	que	reflete	Cristo	e	a	igreja.
Minha	primeira	resposta,	portanto,	é	que	no	ato	de	relação	sexual	no	casamento,
a	beleza	e	a	complexidade	e	o	mistério	da	liderança	e	da	submissão	se
concretizam	em	suas	expressões	mais	satisfatórias.
Segundo,	o	prazer	raro	e	extraordinário	do	orgasmo	simultâneo	é	tão
maravilhoso	porque	não	apenas	aponta	para	os	êxtases	de	conhecer	Cristo,	mas
também	nos	permite	provar	esses	êxtases.	Em	outras	palavras,	quando	Jesus	diz
que	ele	é	o	pão	da	vida	(Jo	6.35,48),	ele	deseja	que	provemos	parte	da	vida	dele
em	nosso	pão	predileto	de	uma	boa	padaria	alemã.	O	prazer	do	emblema,
quando	consagrado	a	Deus,	torna-se	um	antegosto	e	um	prazer	da	realidade	em
si:	Cristo	no	pão.
O	mesmo	acontece	com	os	prazeres	do	leito	conjugal	como	emblema	de	Cristo	e
a	igreja	em	comunhão.	Quando	marido	e	esposa	amam	um	ao	outro	e	levam	esse
amor	ao	clímax	da	consumação	sexual	e,	depois,	ficam	deitados	ali	tranquilos,
em	repouso	e	gratos	no	final,	seu	coração	deve	transbordar	com	a	experiência	de
como	Jesus	Cristo	é	maravilhoso	por	lhes	dar	tamanhos	prazeres	e	lhes	mostrar
nesses	prazeres	como	ele	é	e	quão	precioso	é	o	relacionamento	da	igreja	com	seu
marido.
Terceiro,	diria	que	as	metáforas,	em	geral,	são	realidades	inferiores	àquilo	para
que	apontam.	Uma	aliança	de	casamento	é	preciosa.	Ainda	uso	a	minha.	Creio
que	a	tirei	do	dedo	apenas	duas	vezes	em	46	anos	de	casamento.	Isso	significa
que	minha	aliança	é	preciosa	para	mim.	Mas	a	aliança	não	é	tão	preciosa	quanto
o	casamento	e	os	prazeres	do	casamento	que	ela	representa.	E	o	prazer	sexual	no
casamento	é	precioso,	mas	não	é	tão	precioso	quanto	o	que	ele	representa	em
relação	a	Jesus.
Jesus	disse	que	viria	um	tempo	em	que	as	pessoas	não	se	casariam	nem	se
dariam	em	casamento	(Lc	20.35).	Pode	parecer	uma	decepção	enorme	para	nós
que	já	desfrutamos	dos	prazeres	do	leito	conjugal.	Mas	e	se	alguém	dissesse:
“No	futuro,	vou	tirar	de	você	sua	aliança	de	casamento,	e	só	lhe	restarão	os
êxtases	mais	intensos	daquilo	que	ela	representava”.	Você	ficaria	decepcionado?
Um	pouco,	mas	não	por	muito	tempo.	Não,	não	ficaria.	Em	outras	palavras,	os
prazeres	sexuais	do	casamento	apontam	não	apenas	para	os	prazeres	presentes	de
conhecer	e	amar	a	Cristo,	mas	também	para	a	era	vindoura,	em	que	a	aliança	—
isto	é,	os	prazeres	nessa	analogia	—	será	removida	e	experimentaremos	a
realidade	em	medida	tão	superior	que	nos	perguntaremos	como	pudemos	alguma
vez	estar	satisfeitos	com	o	melhor	sexo	do	mundo.
O	mundo	roubou	o	que	pertence	aos	crentes
Tudo	isso	faz	parte	do	que	Paulo	tinha	em	mente	em	1Timóteo	4.3-5:
…	Deus	criou	[os	prazeres	sexuais]	para	serem	recebidos	com	ações	de	graças
por	aqueles	que	creem	e	conhecem	a	verdade	[…]	pois	é	santificado	pela	palavra
de	Deus	e	pela	oração.
O	sexo	é	para	“aqueles	que	creem	e	conhecem	a	verdade”.	Talvez	percamos	isso
de	vista,	uma	vez	que	Hollywood	arrancou	as	cortinas	do	leito	conjugal	sagrado
e	transformou	um	prazer	santo	e	exuberante	em	um	esporte	vulgar	para	ser
assistido.	Podemos	ser	tentados	a	pensar	que	o	sexo	é	usado	de	modo	tão
equivocado	e	pecaminoso	e	solapa	de	forma	tão	completa	a	beleza	da	santidade
de	Cristo	que	satisfaz	plenamente,	que	talvez	nós,	cristãos,	não	devêssemos	ter
nada	que	ver	com	o	sexo,	a	não	ser	para	ter	filhos.
Paulo	diz	o	oposto.	O	mundo	roubou	o	que	pertence	aos	crentes,	e	os	crentes
devem	tomá-lo	de	volta.	O	sexo	pertence	aos	cristãos,	pois	o	sexo	pertence	a
Deus.	“Deus	criou	[os	prazeres	sexuais]	para	serem	recebidos	com	ações	de
graças	por	aqueles	que	creem	e	conhecem	a	verdade”.	Quando	é	usado	por
aqueles	que	não	creem	e	não	conhecem	a	verdade,	é	prostituído.	Trocaram	a
glória	de	Deus	por	imagens.	Arrancaram	o	sexo	do	lugar	definido	por	Deus
dentro	do	casamento	dado	por	ele.	Mas	não	sabem	o	que	estão	fazendo,	e	o
preço	que	pagarão	nesta	vida	e	no	porvir	é	incalculável.
Os	prazeres	do	sexo	foram	feitos	para	os	crentes.	Foram	planejados	para	serem
expressados	ao	máximo	pelos	filhos	de	Deus.	Ele	reserva	suas	dádivas	mais	ricas
para	seus	filhos.	E,	quando	desfrutamos	essa	dádiva	do	sexo,	dizemos,	por	meio
de	nossa	fidelidade	à	aliança	que	fizemos	com	nosso	cônjuge,	que	Deus	é	maior
que	o	sexo.	E	os	prazeres	do	sexo	são,	de	si	mesmos,	um	transbordamento	da
bondade	de	Deus.	Esse	prazer	é	menos	do	que	aquilo	que	experimentaremos
plenamente	nele	à	sua	direita;	mas	é	mais	do	que	o	mundo	jamais	experimentará
em	seu	uso	indevido	do	sexo.	E	nesse	prazer	provamos	algo	do	belíssimo	caráter
de	Deus.
No	primeiro	capítulo,	defini	sexo	como	“experimentar	estímulo	erótico,	procurar
obter	essa	experiência	ou	proporcioná-la”.	Neste	capítulo	final,	não	separei	essas
três	partes.	O	enfoque	foi	sobre	como	experimentamos	os	prazeres	sexuais	do
corpo	e	da	mente.	Espero,	porém,	que	fique	evidente	que	há	implicações	para
como	buscamos	esses	prazeres	e	como	os	proporcionamos.	Creio	que,	se
descobrirmos,	na	experiência	do	prazer	sexual,	o	segredo	para	glorificarmos	a
Deus,	as	implicações	de	buscá-lo	e	proporcioná-lo	ficarão	evidentes.	Quando	a
preciosidade	e	os	prazeres	de	Cristo	são	supremos,	todas	as	dimensões	do	sexo,
que	abrangem	experimentar	prazer,	buscar	prazer	e	dar	prazer	(bem	como	abster-
se	de	prazer!),	encontrarão	sua	expressão	bíblica	que	exalta	a	Cristo.
Tudo	o	que	Deus	fez	é	bom.	Tudo	é	para	adorar	a	Deus	e	amar	as	pessoas.	Isso
se	aplica	a	banquetear	e	a	jejuar,	à	união	sexual	e	à	abstinência.	O	sexo	foi	criado
para	a	glória	de	Cristo,	para	a	glória	que	exalta	Cristo	na	fidelidade	à	aliança	no
casamento	e	para	a	glória	que	exalta	Cristo	na	castidade	na	vida	de	solteiro.³	O
sexo	é	sempre	bom.	É	sempre	uma	ocasião	para	mostrar	que	o	Doador	do	sexo	é
melhor	que	o	sexo.	Quando	a	glória	de	Deus	que	satisfaz	plenamente	retorna	ao
centro	resplandecente	do	sistema	solar	de	nossa	vida,	o	planeta	sexo	—	que	tal
chamá-lo	Vênus?	—	move-se	para	sua	órbita	gloriosa	determinada	por	Deus	e
que	exalta	Cristo.
Viver	em	poder	para	a	glória	de	Deus
Por	fim,	quando	nossa	alegria	não	se	encontra	na	exaltação	de	nosso	poder,	mas,
sim,	na	glória	do	poder	absolutamente	predominante,	sustentador	e	provedor	de
Deus,	somos	libertos	para	viver	poderosamente	no	poder	de	Deus.	Quando
buscamos	mais	poder	como	forma	de	exaltar	a	nós	mesmos	e	exercer	domínio
sobre	outros,	renunciamos	ao	poder	que	nos	foi	concedido	por	Deus	para	exaltá-
lo.	Mas,	quando	deixamos	de	lado	a	exaltação	própria	em	orgulho	e	nos
dedicamos	a	exaltar	a	Deus	em	humildade,	obtemos	poder	de	Deus	para	servir
outros,	e	não	para	dominá-los.	Essa	bem-aventurada	humildade	e	o	serviço
sacrificial	revelam	a	suficiência	absoluta	de	Deus	e	a	glória	do	poder	divino	para
suprir	todas	as	necessidades	(Fp	4.19;	2Co	9.8).
Contentamo-nos	em	ser	vasos	de	barro,	pois	isso	mostra	o	poderde	Deus	—	o
objetivo	da	criação	e	de	nossa	nova	vida	em	Cristo.	“…	Temos	esse	tesouro	em
vasos	de	barro,	para	mostrar	que	o	poder	extraordinário	pertence	a	Deus,	e	não	a
nós”	(2Co	4.7).	Essa	é	nossa	alegria.
Contentamo-nos	em	nossas	fraquezas,	pois	Cristo	prometeu	intervir	e	ser	a	força
de	que	precisamos,	o	que	por	sua	vez	revela	a	glória	dele,	e	não	a	nossa.	Jesus
disse	a	Paulo	(e	diz	a	nós):	“…	Minha	graça	é	suficiente	para	você,	pois	meu
poder	se	aperfeiçoa	na	fraqueza…”.	“Portanto…”,	Paulo	responde:	“…	me
gloriarei	ainda	mais	alegremente	em	minhas	fraquezas…”	(2Co	12.9).	É	isso	que
significa	o	retorno	do	planeta	“poder”	a	sua	devida	órbita	com	a	glória	do	poder
de	Deus	no	centro	de	nosso	sistema	solar.	Gostamos	de	ser	o	lugar	em	que	o
poder	de	Cristo,	e	não	o	nosso,	é	exaltado.
Um	versículo	precioso,	um	dos	meus	favoritos
Quantas	centenas	de	vezes	em	minha	vida	me	apoiei	em	1Pedro	4.11?
…	se	alguém	serve,	[que	o	faça]	como	alguém	que	serve	pela	força	que	Deus
provê	[Por	quê?],	para	que	em	tudo	Deus	seja	glorificado	por	meio	de	Jesus
Cristo.	A	ele	pertencem	a	glória	e	o	domínio	para	todo	o	sempre.	Amém.
Essa	é	uma	das	passagens	mais	claras	da	Bíblia	a	respeito	de	como	o	poder	deve
servir	aos	propósitos	de	Deus	na	criação	e	redenção	do	mundo.	Serviço	e	poder
são	combinados.	Nosso	serviço	realizado	no	poder	dele.
É	um	grande	mistério.	Você	sabe	qual	é	a	sensação?	Usamos	verdadeiramente
nosso	raciocínio,	nossa	vontade,	nossos	esforços	e	nossas	aptidões	para	ajudar
outros;	no	entanto,	enquanto	o	fazemos,	não	exercemos	nosso	raciocínio,	nossa
vontade	e	nosso	empenho	com	nossa	própria	força,	mas	com	a	força	que	vem	de
Deus.	Que	milagre!	Essa	é	a	magnífica	obra	realizada	pelo	Espírito	Santo
quando	deixamos	de	olhar	para	nós	mesmos	no	ato	de	serviço	e	confiamos	na
promessa	de	Deus:	“…	Eu	o	fortalecerei,	eu	o	ajudarei,	eu	o	sustentarei	com
minha	justa	mão	direita”	(Is	41.10).	A	fé	na	promessa	de	Deus	é	o	canal	pelo
qual	flui	o	poder	prometido.
E	o	Doador	do	poder	recebe	a	glória.	Esse	é	o	alvo	maior.	É	o	melhor	arranjo
possível:	nós	recebemos	o	auxílio,	ele	recebe	a	glória.	Como	humildes	filhos
recém-nascidos	de	Deus,	ficamos	contentes	que	seja	desse	modo.	Aquilo	que
engrandece	o	Pai	é	o	que	nos	alegra.	E	quando	sua	glória	nos	alegra,	ele	é
glorificado	em	nossa	vida.	Por	isso	existe	o	poder	—	tanto	o	seu	quanto	o	nosso,
como	dádiva	dele.
Quando	Deus	nos	concede	poder	—	e	ele	o	faz	de	várias	maneiras	—,	seu
objetivo	é	ser	glorificado	no	modo	pelo	qual	o	poder	é	usado.	Por	exemplo,
Paulo	diz	em	1Coríntios	2.4,5:	“…	meu	discurso	e	minha	mensagem	não
consistiram	de	palavras	plausíveis	de	sabedoria,	mas	de	demonstração	do
Espírito	e	de	poder,	para	que	sua	fé	não	se	apoiasse	na	sabedoria	de	homens,	mas
no	poder	de	Deus”.	Foi	concedida	a	Paulo	a	capacidade	de	exercer	o	poder	do
Espírito	em	seu	ministério	—	como	todos	nós	somos	chamados	a	fazer;	no
entanto,	o	objetivo	de	Deus,	e	de	Paulo,	não	era	que	as	pessoas	engrandecessem
o	apóstolo,	mas,	sim,	que	vissem	e	desfrutassem	Deus	e	confiassem	nele	como
Aquele	que	tem	todo	o	poder,	toda	a	sabedoria	e	satisfaz	plenamente.
Como	filhos	de	Deus	justificados	pelo	sangue	de	Cristo,	nascidos	de	novo	por
seu	Espírito	e	progressivamente	transformados	ao	contemplar	sua	glória	em	sua
Palavra	(como	vimos	no	capítulo	5),	jamais	deixamos	de	precisar	de	ajuda	divina
para	considerar	o	poder	de	Deus	glorioso.	Sempre	corremos	o	risco	de	ansiar
pela	exaltação	própria	do	poder,	pois	perdemos	de	vista	a	grandeza	e	a	beleza	do
poder	de	Deus	em	nosso	favor.
Por	isso	Paulo	ora	da	seguinte	forma	pelos	cristãos	de	Éfeso:	para	que	“os	olhos
de	seu	coração	[sejam]	iluminados,	para	que	conheçam	[…]	a	imensurável
grandeza	de	seu	poder	para	conosco,	os	que	cremos,	conforme	a	atuação	de	sua
grande	força”	(Ef	1.18,19).	Os	olhos	de	nosso	coração	têm	a	tendência	de	ficar
embaçados.	Começamos	a	perder	de	vista	a	“imensurável	grandeza	de	seu	poder
para	conosco”	—	e,	quando	nossos	olhos	ficam	embaçados,	surge	no	lugar	o
anseio	inevitável	por	nosso	próprio	poder	e	por	nossa	autoexaltação.
Vemos,	portanto,	que	uma	das	maneiras	pelas	quais	Deus	nos	livra	do	perigo	do
uso	do	poder	para	a	autopromoção	é	a	oração.	Paulo	ora	pelos	santos	—	cristãos
—	para	que	“conheçam	[…]	a	imensurável	grandeza	de	seu	poder	para	conosco,
os	que	cremos”.	Se	Paulo	fez	essa	oração,	também	devemos	fazê-la	por	nós
mesmos	e	por	outros.	Ao	contemplarmos	a	glória	do	poder	de	Deus,	seremos
transformados;	e,	ao	sermos	transformados,	não	desejaremos	poder	para	exaltar	a
nós	mesmos.	A	oração	é	tanto	uma	lembrança	para	nós	mesmos	quanto	uma
súplica	a	Deus	para	que	jamais	nos	esqueçamos	de	quem	tem	poder	—	a	saber,
Deus	—,	e	de	quem	concede	poder	—	Deus	—	e	de	quem	merece	ser	exaltado
pelo	modo	de	usarmos	esse	poder	—	Deus.	Esse	enfoque	incessante	na
centralidade	de	Deus	nos	liberta	de	desejar	poder	para	nossos	próprios	objetivos.
Quando	formos	libertos	desse	anseio,	viveremos	para	os	outros	e	Deus	será
glorificado.
Talvez	devamos	considerar	mais	uma	ilustração	do	modo	de	Paulo	orar	para	que
o	poder	de	Deus	se	manifeste	em	todos	os	nossos	atos	de	obediência.	Tudo	o	que
fazemos	(como	ficou	implícito	em	1Pe	4.11)	deve	ser	feito	na	dependência	do
poder	de	Deus,	para	que	Deus	receba	a	glória.	Paulo	ora	por	isso	repetidamente.
Por	exemplo,	em	sua	Segunda	Carta	aos	Tessalonicenses,	escreve:	“Por	isso
também	oramos	sempre	por	vocês,	para	que	Deus	os	faça	dignos	de	seu	chamado
e	para	que	cumpra	todo	propósito	para	o	bem	e	toda	obra	de	fé	pelo	poder	dele”
(2Ts	1.11).	Toda	determinação	que	leva	a	toda	boa	ação	deve	ser	realizada	como
“obra	de	fé”,	ou	seja,	como	obra	que	depende	da	graça	de	Deus.	Desse	modo,	diz
Paulo,	será	realizada	“pelo	poder	dele”.	Paulo	ora	para	que	esse	seja	o	alvo	e	o
combustível	de	todas	as	nossas	ações,	e	devemos	fazer	o	mesmo.	Ore	para	que
você	realize	obras	de	fé	no	poder	de	Deus,	e	não	no	seu.
Digno	de	poder
No	fim	dos	tempos,	quando	a	história	acabar	e	Deus	tiver	completado	todas	as
suas	obras,	seu	povo	o	adorará	para	sempre.	E	uma	das	aclamações	que	faremos
diante	dele	repetidamente	será:	“Tu	és	digno,	nosso	Senhor	e	Deus,	de	receber
[…]	poder,	pois	criaste	todas	as	coisas,	e	por	tua	vontade	elas	existiram	e	foram
criadas”	(Ap	4.11).	Cantaremos:	“…	Digno	é	o	Cordeiro	que	foi	morto	de
receber	poder…”	(5.12),	“…	Bênção	[…]	poder	e	força	sejam	ao	nosso	Deus
para	todo	sempre!	Amém”	(7.12)	e	“…	Aleluia!	Salvação,	glória	e	poder
pertencem	ao	nosso	Deus”	(19.1;	todos	os	grifos	são	do	autor).
Em	todas	as	obras	da	criação	e	redenção,	Deus	tem	este	magnífico	objetivo:	“…
mostrar	[…]	o	meu	poder…”	(Rm	9.17);	para	que	todo	o	mundo	saiba	“que	eu
sou	o	SENHOR”	(Êx	14.4).	Esse	é	seu	objetivo	não	porque	seu	poder	seja	o
único	elemento	de	sua	essência,	mas	porque	é	fundamental	para	a	totalidade	de
sua	glória,	que	ele	deseja	comunicar	em	todas	as	suas	obras.	Por	isso	ele	criou	o
mundo	e	todos	nós:	“…	todos	os	que	são	chamados	pelo	meu	nome,	que	criei
para	minha	glória…”	(Is	43.7).
Por	meio	da	justificação,	regeneração	e	transformação	progressiva	à	semelhança
de	Deus,	ele	reverteu	a	grande	troca	(Rm	1.23)	que	arruinou	a	vida	e	nos	levou	a
amar	o	poder	em	vez	de	amar	a	Deus.	Agora,	existe	a	possibilidade	—	aliás,	é
uma	realidade	para	milhões	—	de	viver	no	poder	que	Deus	provê,	para	que	em
tudo	Deus	seja	glorificado	por	meio	de	Jesus	Cristo.	É	uma	redenção	magnífica.
Quando	vivemos	dessa	forma,	o	sol	da	glória	resplandecente	de	Deus	no	centro
de	todas	as	coisas	atrai	o	planeta	do	poder	para	sua	humilde,	alegre	e	produtiva
órbita	que	glorifica	a	Deus.
Portanto,	viver	na	luz	não	significa	apenas	aquecer-se	nos	raios	solares	da
presença	de	Deus;	significa	ser	controlado	pelo	gigantesco	efeito	gravitacional
de	sua	beleza	que	satisfaz	plenamente	em	todas	as	partes	—	todos	os	planetas	—
de	nossa	vida,	incluindo	poder,	sexo	e	dinheiro.
¹	Esses	atos	de	generosidade	não	são	apenas	do	tipo	que	acontece	diariamente	na
forma	de	tratarmos	as	pessoas	ao	“[Dar]	a	quem	lhe	pede”	(Mt	5.42,	NIV).
Também	são	os	esforços	maisrefletidos	e	estratégicos	em	uma	comunidade	e	em
escala	mundial,	como	vemos	em	Steve	Corbett;	Brian	Fikkert,	When	helping
hurts:	how	to	alleviate	poverty	without	hurting	the	poor…	and	yourself
(Chicago:	Moody,	2014);	e	Wayne	Grudem;	Barry	Asmus,	Poverty	of	nations:	a
sustainable	solution	(Wheaton:	Crossway,	2013)	[edição	em	português:	A
pobreza	das	nações:	uma	solução	sustentável,	tradução	de	Lucas.	G.	Freire	(Vida
Nova:	2016)].
²	Áudio	disponível	em:	www.desiringgod.org/interviews/why-sexual-metaphors-
of-jesus-and-his-bride-embarrass-us,	acesso	em:	26	out.	2018.
³	Em	Momentary	marriage:	a	parable	of	permanence	(Wheaton:	Crossway,	2012)
[edição	em	português:	Casamento	temporário:	uma	parábola	de	permanência,
tradução	de	Marcos	Vasconcelos	(São	Paulo:	Cultura	Cristã,	2011)],	escrevi	dois
capítulos	nos	quais	procurei	tratar	das	implicações	de	como	a	sexualidade	de	um
seguidor	de	Cristo	não	casado	deve	operar	para	a	glória	de	Deus.
Conclusão
Dinheiro,	sexo	e	poder.	Três	dádivas	preciosas	de	Deus.	Três	perigos	prontos	a
destruir	nosso	prazer,	nossa	riqueza	e	nossa	alma.	Três	belas	possibilidades	de
adoração	e	amor.	O	que	faz	a	diferença?	Viver	na	luz	—	“a	luz	do	conhecimento
da	glória	de	Deus	na	face	de	Jesus	Cristo”	—	que	satisfaz	a	alma,	nos	liberta,
celebra	Deus	e	nos	envia	para	servir.
Esse	é	o	sol	resplandecente	no	centro	de	todas	as	coisas	e	a	realidade	que
mantém	os	planetas,	em	seus	lugares,	em	alegre	movimento.	Ou	poderíamos
dizer	como	o	profeta	Malaquias:	“…	o	sol	da	justiça	se	levantará,	trazendo	cura
em	suas	asas…”	(Ml	4.2).	Sabemos	que	ele	estava	se	referindo	a	Jesus	Cristo.	O
Filho	é	o	sol.	Zacarias,	pai	de	João	Batista,	disse	isso	quando	descreveu	a
chegada	do	Messias	como	“…	a	aurora	[que]	nos	visitará	do	alto”	(Lc	1.78).	E
qual	era	o	efeito	profetizado	de	o	Filho	assumir	seu	lugar	no	centro	de	todas	as
coisas?	“…	Vocês	sairão	saltando	como	bezerros	soltos	do	curral”	(Ml	4.2).
Onde	estivemos
Começamos	o	primeiro	capítulo	com	uma	ilustração	do	dinheiro,	do	sexo	e	do
poder	como	imensos	icebergs	que	flutuam	pelo	mar	da	vida.	São	enormes	abaixo
da	superfície,	com	arestas	pontiagudas	que	podem	fazer	um	rasgo	tão	profundo
no	casco	de	sua	embarcação	a	ponto	de	levá-la	ao	fundo	do	mar.	Os	capítulos
dois	a	quatro	descreveram	esses	perigos.
Também	dissemos	no	primeiro	capítulo	que	há	outra	forma	de	enxergar	o
dinheiro,	o	sexo	e	o	poder.	Podem	ser	ilhas	flutuantes	de	alimento	quando	nossas
provisões	se	esgotaram,	ou	de	combustível	quando	estamos	parados	na	água,	ou
dos	frutos	mais	raros	para	adoçar	nosso	cardápio	monótono	enquanto
navegamos.	Foi	o	que	procuramos	descrever	no	capítulo	seis.
Essa	ideia	de	advertir	e	atrair	não	é	minha.	A	Bíblia	foi	escrita	desse	modo.	Deus
sabe	do	que	precisamos,	de	forma	que	colocou	em	sua	Palavra.	Precisamos	de
descrições	claras	e	fortes	dos	perigos	do	dinheiro,	do	sexo	e	do	poder	e	do
quanto	somos	vulneráveis	a	transformá-los	em	nossos	deuses,	como	centro	e
atração	de	nossa	vida.	E	precisamos	de	descrições	claras	e	fortes	das	coisas
gloriosas	que	eles	podem	se	tornar	quando	somente	Deus	é	nosso	Deus.	Neste
livro,	portanto,	lutamos	em	duas	frentes,	como	devemos	fazer	ao	longo	de	toda	a
vida.	Por	um	lado,	os	planetas	do	dinheiro,	do	sexo	e	do	poder	ameaçam	usurpar
o	lugar	do	sol	no	centro	de	nossa	vida.	Por	outro,	a	religião	falsa	ameaça	lançá-
los	fora	do	sistema	solar	como	se	fossem	rochas	alienígenas	que	não	devem	ter
lugar	em	nossa	existência.	A	Bíblia	mostra	outro	caminho.	Quando	o	Filho
assume	seu	lugar	glorioso	no	centro	do	sistema	solar	de	nossa	vida,	a	atração
gigantesca	de	sua	beleza	que	satisfaz	plenamente	corrige	a	trajetória	irregular	de
cada	planeta	e	faz	todo	o	sistema	cantar	de	alegria.
A	lente	grande-angular
Contudo,	a	Bíblia	não	é	um	livro	de	autoajuda	sobre	como	maximizar	nosso
potencial	por	meio	do	dinheiro,	do	sexo	e	do	poder.	É	um	livro	sobre	a	queda	do
homem	em	cegueira	e	insensatez	incuráveis,	um	livro	sobre	como	corrompemos
tudo	o	que	tocamos.	E	é	um	livro	sobre	a	intervenção	de	Deus	para	nos	salvar
dos	usos	destrutivos	do	dinheiro,	do	sexo	e	do	poder.	Por	isso,	procurei
entretecer	essa	redenção	—	esse	remédio	e	livramento	—	por	todo	o	texto,
focalizando-a	no	capítulo	cinco.
No	que	diz	respeito	a	nossa	experiência	de	vida,	o	aspecto	mais	essencial	é	que
havíamos	trocado	a	glória	de	Deus	por	outras	coisas.	Preferíamos	os	deuses	do
dinheiro,	do	sexo	e	do	poder	ao	próprio	Deus.	Ele	não	era	nosso	tesouro;	as
outras	coisas	eram.	Se	você	ainda	não	crê	em	Cristo	como	seu	tesouro,	elas	ainda
são.	Portanto,	Deus	tratou	do	aspecto	mais	essencial	por	meio	da	morte	e
ressurreição	de	Cristo,	justificando-nos,	regenerando-nos	e	transformando	nosso
coração	para	que	essa	mudança	devastadora	fosse	revertida.	Deus	está	sendo
restaurado	ao	lugar	supremo	de	valor,	beleza	e	prazer	em	nossa	vida.
Somos	transformados	à	medida	que	o	sol	se	levanta	até	esse	glorioso	resplendor
em	nossa	vida.	O	dinheiro,	o	sexo	e	o	poder	não	nos	atraem,	não	exercem	mais
influência	sobre	nós.	Estamos	dentro	do	campo	gravitacional	de	Deus.	Isso
significa	que	aquelas	dádivas	se	tornaram	agora	em	indicadores	do	que	devemos
valorizar	de	forma	suprema:	o	próprio	Deus.	Não	é	que	essas	coisas	não	sejam
nada.	Mas	também	não	são	tudo.	São	dádivas	de	Deus	para	o	nosso	bem	e	para	o
bem	do	mundo.	Faz	parte	da	graça	de	Deus	que	suas	dádivas	para	nosso	bem
também	sejam	para	a	glória	dele.	Quando	aprendermos	a	desfrutá-lo	nessas
dádivas	e	acima	delas,	descobriremos	sua	mais	plena	excelência	e
resplandeceremos	para	a	maior	glória	dele.
A	lente	CLOSE-UP
Como	alguém	que	dedicou	a	maior	parte	da	vida	a	refletir,	pregar	e	escrever
sobre	os	ensinamentos	da	Bíblia,	tenho	plena	consciência	de	como	é	fácil	para
mim	ler	sem	perceber,	ver	sem	enxergar,	ouvir	sem	escutar,	entender	sem
praticar.	Talvez	você	seja	como	eu	nesse	aspecto.	Se	é	o	caso,	permita-me
encerrar	com	um	simples	convite	para	que	você	faça	uma	pausa	e	pergunte	muito
seriamente	em	que	áreas	de	sua	vida	a	centralidade	de	Deus	não	está	exercendo
influência.	Que	planetas	de	sua	vivência	diária	saíram	da	órbita	estabelecida	por
Deus	para	eles?	Que	sinais	há	de	que	a	atração	gravitacional	mais	forte	no	centro
de	sua	vida	é	a	glória	de	Deus?	O	dinheiro,	o	sexo	ou	o	poder	se	moveram	para	o
centro	de	seu	sistema	solar	de	algum	modo?	Há	aspectos	em	que	essas	dádivas
foram	completamente	reprovadas?
Você	pode	dizer	alegremente:	“Sou	justificado	diante	de	Deus	em	Jesus	Cristo
porque	creio	nele;	meus	pecados	foram	perdoados”?	Pode	dizer:	“Sou	nascido	de
novo,	uma	nova	criação	em	Cristo”?	Pode	afirmar	alegremente:	“Minha	cegueira
para	a	beleza	de	Jesus	foi	removida.	Meus	olhos	foram	abertos.	Vejo	a	luz	do
evangelho	da	glória	de	Cristo.	Ele	se	tornou	meu	Tesouro	supremo”?
Você	tem	o	hábito	de	olhar	fixamente	para	Cristo,	e	para	todos	os	atributos	dele,
com	o	objetivo	de	ser	transformado,	dia	a	dia,	de	um	grau	de	glória	a	outro?
Busca-o	em	sua	Palavra	e	reflete	a	respeito	dele	e	de	seus	caminhos?
Convido	você	a	tudo	isso.	Pegue	sua	Bíblia,	a	preciosa	palavra	de	Deus.	Clame	a
Deus	em	oração	para	que	ele	o	ilumine.	Encontre,	ou	volte	a	valorizar,	uma
igreja	fiel	à	Bíblia	e	junte-se	a	essas	pessoas	para	prestar	culto,	estudar	e	servir.
Mantenha	esse	foco	até	que	o	Senhor	volte,	ou	até	que	ele	o	chame	para	seu	lar
eterno.	Não	importa	que	aflições	venham,	se	Cristo	for	cada	vez	mais
esplendoroso	e	belo	centro	de	sua	vida	—	se	você	andar	na	luz	—,	elas	jamais
destruirão	as	alegres	órbitas	definidas	por	Deus	para	todos	os	elementos	de	sua
vida,	incluindo	o	dinheiro,	o	sexo	e	o	poder.	Mantenha	Cristo	como	centro
resplandecente	e	você	terá	satisfação,	o	mundo	será	servido	e	Deus,	glorificado.
Conheça	outras
obras	do	autor
Você	entende	o	verdadeiro	significado	da	adoção?
A	nossa	adoção	por	Deus	é,	muitas	vezes,	algo	difícil	de	compreender.	Contudo,
não	se	trata	apenas	de	um	conceito	teológico	que	devemos	entender
intelectualmente.	Esse	livro	nos	mostra	que	ela	deve	nos	levar	a	viver	a	missão
de	Cristo,	amando	os	órfãos,	as	viúvase	os	desamparados	deste	mundo.	“Nós
amamos	porque	ele	nos	amou	primeiro”	(1Jo	4.19).
Organizada	por	Dan	Cruver	e	com	a	colaboração	de	John	Piper,	Scotty	Smith,
Richard	D.	Phillips	e	Jason	Kovacs,	essa	obra	certamente	ajudará	o	leitor	a
compreender	o	maravilhoso	amor	adotivo	de	Deus.
Não	é	fácil	ter	de	passar	por	uma	enfermidade.	A	combinação	de	desconforto
físico,	estresse	emocional,	pensamentos	de	ansiedade	e	prolongados	períodos	de
tédio	pode	afastar	a	lembrança	de	que	o	nosso	Deus	soberano	é	bom	e,	mais
ainda,	nos	impedir	de	confiar	e	nos	deleitar	nele.
Refletindo	sobre	10	lições	que	aprendeu	enquanto	convalescia	em	um	leito	de
hospital,	John	Piper	encoraja	aqueles	que	enfrentam	alguma	enfermidade	a	lutar
pela	fé	fixando	os	olhos	nas	promessas	de	Deus,	na	verdade	do	evangelho	e	na
realidade	da	eternidade.
A	Bíblia	inteira	ensina	verdades	e	desperta	emoções,	mas	Salmos	—	o	hinário	de
Israel	e	da	igreja	—	é	um	livro	especial	que	moldou,	juntamente	com	os
ensinamentos	de	Jesus	e	dos	apóstolos,	o	pensamento	e	as	emoções	dos
primeiros	discípulos.	Este	livro	mostra	como	isso	aconteceu:	por	meio	desses
poemas	inspirados	por	Deus,	ouvimos	e	sentimos	o	clamor	poderoso	de	aflição,
de	vergonha,	de	arrependimento,	de	tristeza,	de	raiva,	de	desânimo	e	de
perturbação.	Entretanto,	o	que	torna	isso	incrivelmente	diferente	dos	sofrimentos
do	mundo	é	que,	em	Salmos,	essas	emoções	são	vivenciadas	à	luz	da	percepção
do	Deus	soberano.
Moldado	por	Deus	é	um	convite	para	nos	entregarmos	a	Deus.	Ele	acolherá
nosso	coração	no	estado	em	que	se	encontra	e	o	moldará.
No	mundo	inteiro,	o	racismo,	o	ódio	e	o	sentimento	de	superioridade	racial	têm
sido	manifestações	trágicas	da	condição	humana	desde	a	Queda.	E,	cada	vez	que
deparamos	com	essas	manifestações,	encontramos	por	trás	delas,	bem	na	raiz	do
pecado	racial,	um	coração	incrédulo	que	resiste	à	graça	e	à	misericórdia	de	Deus.
O	evangelho	de	Jesus	Cristo	é	a	única	esperança	de	chegarmos	a	soluções	de	fato
significativas	para	o	problema	racial.	É	isso	que	John	Piper	mostra	nesse	livro,
ao	lançar	a	luz	do	evangelho	sobre	essa	questão.
Além	de	confessar	seus	próprios	pecados	e	sua	experiência	com	tensões	raciais,
ele	conta	também	como	Deus	tem	transformado	sua	vida	e	sua	igreja.	Piper
expõe	aos	olhos	dos	leitores	a	realidade	e	a	extensão	do	racismo	e,	a	seguir,
demonstra,	com	base	nas	Escrituras,	como	a	luz	do	evangelho	atravessa	as	trevas
sombrias	desse	pecado	tão	destrutivo.
Até	mesmo	o	cristão	mais	fiel	e	dedicado	pode	passar	por	períodos	de	depressão
e	escuridão	espiritual,	momentos	em	que	a	alegria	parece	inalcançável.	Isso	pode
acontecer	por	diversas	razões:	pecado,	ataque	satânico,	circunstâncias
estressantes,	doenças	ou	outras	causas	físicas.	Em	Quando	a	escuridão	não	passa,
o	objetivo	de	John	Piper	é	trazer	consolo	e	orientação	para	aqueles	que	estão
enfrentando	escuridão	espiritual.
Ao	longo	dessas	páginas,	o	leitor	compreenderá	o	aspecto	físico	da	depressão,	o
significado	de	“esperar	no	Senhor”	em	períodos	de	trevas,	como	os	pecados	não
confessados	podem	obstruir	nossa	alegria	e	como	ajudar	aqueles	dos	quais	a
alegria	parece	distante.	Com	uma	sensibilidade	ímpar,	Piper	utiliza	exemplos	da
vida	real	e	constrói	uma	narrativa	inteligente	para	mostrar	por	que	temos	muitas
razões	para	ter	esperança	de	que	Deus	nos	tirará	do	poço	do	desespero	e	nos
trará	mais	uma	vez	para	sua	luz.
	Cover Page
	Capa
	Folha de rosto
	Créditos
	Dedicatória
	Sumário
	Agradecimentos
	Introdução
	1 Definições e fundamentos
	2 Os perigos do sexo que destroem o prazer
	3 Os perigos do dinheiro que destroem a riqueza
	4 Os perigos do poder que destroem a alma
	5 Libertação: a volta do sol ao centro
	6 Aplicação: as novas órbitas para o dinheiro, o sexo e o poder
	Conclusão

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