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FENDAS CONJUGAIS 
Pred: você pegou minha roupa na lavanderia? 
Ingrid: (Num tom de arremedo) você pegou minha roupa na lavanderia?' Pegar a porra da 
sua roupa na lavanderia. Que é que eu sou, sua empregada? 
Fred: Seria difícil. Se você fosse empregada, pelo menos saberia lavar. 
Se esse diálogo fosse de uma comédia de situação, poderia ser divertido. Mas essa 
dolorosa e cáustica troca de palavras se deu entre um casal que (o que talvez não 
surpreenda) se divorciou nos poucos anos seguintes. 0 encontro deles teve lugar num 
laboratório dirigido por John Gottman, um psicólogo da Universidade de Washington, que 
fez talvez a mais detalhada análise do cimento emocional que une os casais e os 
sentimentos corrosivos que destroem os casamentos. Em seu laboratório, as conversas 
dos casais eram gravadas em videoteipe e depois submetidas a horas de microanálises, 
para revelar correntes emocionais subterraneas em ação. Esse mapeamento das fendas 
que levam um casal a divorciar-se forma uma defesa convincente para o papel crucial da 
inteligência emocional na sobrevivência de um casamento. 
Nas últimas duas décadas, Gottman acompanhou os altos e barxos de mais de duzentos 
casais, alguns recém-casados, outros casados há décadas. Ele mapeou a ecologia 
emocional do casamento com tal precisão que, num estudo, pôde prever o que casais 
vistos em seu laboratório (como Fred e Ingrid, cuja discussão sobre pegar a roupa na 
lavanderia foi tão acrimoniosa) se divorciaria dentro de três anos com 94 por cento de 
exatidão, uma precisão inaudita em estudos conjugais 
O poder da análise de Gottman vem de seu método trabalhoso e da minuciosidade de 
suas sondagens. Enquanto os casais conversam, sensores registram o mais leve fluxo na 
psicologia deles; uma análise segundo a segundo das expressões faciais (usando o 
sistema de leitura de emoções criado por Paul Ekman) detecta a mais passageira e sutil 
nuança de sentimento. Após a sessão, cada cônjuge vem separadamente ao laboratório 
e vê um videoteipe da conversa, e narra seus pensamentos secretos durante os 
momentos quentes do diálogo. O resultado equivale a um raio X emocional do 
casamento. 
Gottman constatou que um primeiro sinal de que um casamento está em perigo é a crítica 
pesada. Num casamento saudável, marido e mulher sentem liberdade de queixar-se. 
Mas, demasiadas vezes, no calor da raiva, as queixas são expressas de uma forma 
destrutiva, como um ataque ao caráter do cônjuge Por exemplo, Pamela e sua filha foram 
comprar sapatos, enquanto Tom, o marido, ia a uma livraria. Combinaram encontrar-se 
diante do correio dentro de uma hora e ir a uma matinê. Pamela foi pontual, mas não 
havia sinal de Tom. 
 - Por onde anda ele? O filme começa em dez minutos - queixou-se Pamela para a filha. - 
Se tem uma maneira de seu pai foder tudo, ele fode. 
Quando Tom apareceu dez minutos depois, feliz por ter encontrado um amigo e 
desculpando-se pelo atraso, Pamela vergastou com sarcasmo: 
 - Tudo bem... isso nos deu uma oportunidade de discutir sua fantástica capacidade de 
foder tudo que é plano que fazemos. Você é tão irresponsável como egoísta. 
A queixa de Pamela é mais que isso: é um assassinato de caráter, uma crítica à pessoa, 
não ao fato. Na verdade, Tom pediu desculpas. Mas por seu lapso Pamela o rotula de 
"irresponsável e egoísta". A maioria dos casais tem desses momentos de vez em quando, 
em que uma queixa sobre alguma coisa que um dos cônjuges fez é expressa como um 
ataque mais à pessoa que ao fato. Mas essas ásperas críticas pessoais têm um impacto

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