Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Respiração, circulação 
e excreção
A espessura do corpo dos platelmintos é muito 
pequena, o que facilita a difusão de substâncias pelo 
organismo. Assim, o oxigênio absorvido pela epider-
me chega facilmente ao centro do corpo por difusão. 
Não existe nos platelmintos nem um sistema respi-
ratório nem um sistema circulatório diferenciados. A 
cavidade digestória distribui alimento pelo corpo.
A amônia, substância nitrogenada produzida 
pela oxidação das proteínas e de outros compostos 
com nitrogênio, é eliminada por difusão através da 
superfície do corpo. O excesso de água e de outros 
produtos do metabolismo é eliminado por células com 
um flagelo, os solenócitos (do grego solen = canal; 
kytos = célula), ou com vários flagelos, as células-fla-
ma, que, em conjunto, se assemelham à chama de 
uma vela (figura 10.3). Essas células estão espalhadas 
pelo corpo do animal e realizam a excreção através de 
um sistema de tubos e de poros na epiderme.
Órgãos excretores formados por tubos com uma 
extremidade aberta e outra interna, fechada, como 
as células-flama, são chamados protonefrídios (do 
grego protos = primeiro; nephron = rim). Como vere-
mos, o órgão excretor nos anelídeos, por exemplo, é 
formado por um tubo aberto em ambas as extremi-
dades e caracteriza um metanefrídio.
Figura 10.3 Excreção nos platelmintos: o batimento dos flagelos 
das células-flama (em detalhe ampliado) impulsiona as excretas ao 
longo de tubos excretores que se abrem na epiderme (os elementos 
da ilustração não estão na mesma escala; cores fantasia).
Figura 10.5 Reprodução assexuada das planárias por laceração (os 
elementos da ilustração não estão na mesma escala; cores fantasia).
Figura 10.4 Sistema nervoso da planária. Nos ocelos, os pigmentos 
bloqueiam os raios de luz vindos de certas direções, o que permite a 
orientação da planária pela luz (os elementos da ilustração não 
estão na mesma escala; cores fantasia).
célula-flama
canal 
excretor
flagelos excretas
núcleo
In
g
e
b
o
rg
 A
s
b
a
ch
/A
rq
u
iv
o
 d
a
 e
d
it
o
ra
Coordenação
O sistema nervoso dos platelmintos é mais de-
senvolvido que o dos cnidários e proporciona me-
lhor coordenação de movimentos complexos. Há 
duas pequenas “estações nervosas”, os gânglios 
cerebrais, ligados entre si por dois cordões nervosos 
(figura 10.4). Portanto, além da cefalização, há cen-
tralização do sistema nervoso, o que permite mo-
vimentos mais sofisticados.
Além dos ocelos das formas livres, há quimior-
receptores, que assinalam a presença de substâncias 
químicas úteis ou nocivas.
Reprodução
A planária pode realizar reprodução assexuada 
partindo-se ao meio (laceração ou fissão; figura 10.5). 
Depois, cada uma das partes se regenera, dando ori-
gem a uma planária inteira. A regeneração também 
pode ser observada em laboratório cortando uma 
planária em dois ou mais pedaços.
gânglios 
cerebrais nervos
cordões nervosos
ocelos In
g
e
b
o
rg
 A
s
b
a
ch
/A
rq
u
iv
o
 d
a
 e
d
it
o
ra
A planária pode esticar o 
corpo e partir-se em duas. 
Cada parte regenera a parte 
que está faltando.
In
g
e
b
o
rg
 A
s
b
a
ch
/A
rq
u
iv
o
 d
a
 e
d
it
o
ra
Capítulo 10126
124_139_U04_C10_Bio_Hoje_vol_2_PNLD2018.indd 126 05/05/16 08:29
Em relação à reprodução sexuada, a planária é 
hermafrodita (monoica; cada indivíduo apresenta 
testículos e ovários), e a fecundação é cruzada e mú-
tua, também chamada fecundação recíproca. O ovo 
origina uma nova planária por desenvolvimento di-
reto, mas nos platelmintos parasitas há formação de 
larvas (desenvolvimento indireto).
As tênias também são hermafroditas: cada anel 
possui útero, testículos, ovários e outras partes do 
sistema reprodutor masculino e feminino. O animal 
realiza autofecundação, produzindo anéis cheios de 
ovos, que são expulsos com as fezes do hospedeiro.
2 Classificação dos 
platelmintos
Os platelmintos dividem-se em três classes: 
Turbellaria (turbelários), Trematoda (trematódeos) e 
Cestoda (cestódeos).
Turbelários
A maioria das espécies de turbelários é aquática 
de vida livre; poucas são terrestres e parasitas. O ter-
mo turbelário faz referência ao turbilhão provocado 
na água pelos cílios que cobrem a epiderme desses 
animais. O principal exemplo é a planária (figura 10.6).
Trematódeos
O corpo dos tremátodeos é revestido por uma 
cutícula e apresentam ventosas ou ganchos; pos-
suem tubo digestório com uma boca que pode apre-
sentar ventosas (trematos significa ‘portador de 
orifícios’, em razão da observação de ventosas ao 
redor da boca) e, em geral, são hermafroditas. Vamos 
estudar com mais detalhes um representante desse 
grupo: o esquistossomo (do grego schistos = fendido; 
soma = corpo), causador da esquistossomose.
Há três espécies de esquistossomos que provocam 
doenças em milhões de pessoas na África (Schistosoma 
haematobium), na Ásia (Schistosoma japonicum) 
e na América Latina (Schistosoma mansoni). Presen-
te no Brasil, o S. mansoni é a causa da doença conhe-
cida como esquistossomose ou esquistossomíase 
mansônica (ou ainda, xistossomose, xistosa e doença 
do caramujo).
O esquistossomo macho mede cerca de 1 cm e 
possui duas ventosas e um sulco ao longo do corpo, 
no qual abriga a fêmea (com cerca de 1,5 cm) duran-
te a cópula. Veja a figura 10.7. Eles completam seu 
desenvolvimento no sistema porta-hepático (veias 
que ligam o intestino ao fígado) do hospedeiro de-
finitivo. Nesse caso, o ser humano é o hospedeiro 
definitivo, porque abriga a forma do parasita com 
reprodução sexuada.
 ATENÇÃO
Para mais informações, procure orientação médica.
Figura 10.7 Fêmea do esquistossomo no 
canal do corpo do macho, que tem cerca de 
1 cm de comprimento (microscópio eletrônico; 
imagem colorizada por computador).
N
IB
S
C
/S
P
L
/L
a
ti
n
s
to
c
k
Figura 10.6 Planária (microscópio óptico; aumento de 40 vezes).
 J
u
b
a
l 
H
a
r
s
h
a
w
/S
h
u
tt
e
r
s
to
c
k
Platelmintos e nematódeos 127
124_139_U04_C10_Bio_Hoje_vol_2_PNLD2018.indd 127 05/05/16 08:30
A fêmea coloca cerca de 400 ovos por dia nas veias 
e nos capilares da parede do intestino, provocando 
uma inflamação nesses vasos. O processo inflamató-
rio facilita a passagem dos ovos para a cavidade in-
testinal. Assim, eles são eliminados com as fezes (fi-
gura 10.8). Se estas chegarem até a água, os ovos se 
romperão e liberarão uma larva ciliada, o miracídio 
(do grego meirakion = jovem), capaz de se movimentar 
ativamente por cerca de 8 a 12 horas. Depois desse 
tempo, ela só sobrevive se penetrar em um caramujo 
do gênero Biomphalaria, que vive em água doce pa-
rada ou com pouca correnteza (figura 10.8).
No caramujo, o miracídio cresce e se desenvolve 
em um saco com centenas de células reprodutoras, o 
esporocisto primário (do grego sporo = semente; kystis 
= bexiga). Este, por reprodução assexuada, forma vários 
esporocistos secundários, que originam outro tipo de 
larva, a cercária (do grego kerkos = cauda). De um único 
miracídio originam-se até 300 mil cercárias. Essa gran-
de produção de larvas é comum em parasitas com mais 
de um hospedeiro e ajuda a compensar a grande mor-
M
auro Nakata/Arquivo da ed
ito
ra
Ovos saem com as 
fezes e caem na água.
Ovos originam 
larvas (miracídios).
Larva penetra no caramujo e se 
reproduz, originando novas larvas, 
as cercárias.
Cercária sai 
do caramujo e 
penetra na pele.
Il
u
s
tr
a
ç
õ
e
s
: 
L
u
is
 M
o
u
ra
/A
rq
u
iv
o
 d
a
 e
d
it
o
ra
N
IB
S
C
/S
PL/L
atin
stock
F
a
b
io
 C
o
lo
m
b
in
i/A
cervo do fotógrafo
Cercária ao microscópio eletrônico 
(imagem colorizada por computador).
Vermes adultos 
se reproduzem nas 
veias do fígado.
fêmea 
macho
Ovos passam 
para o intestino.
Caramujo que participa do ciclo da 
esquistossomose. (A concha tem 
até cerca de 40 mm de diâmetro.)
L
e
o
n
e
ll
o
 C
a
lv
e
tt
i/
S
h
u
tt
e
rs
to
ck
/G
lo
w
 I
m
a
g
e
s
Figura 10.8 Ciclo do esquistossomo. O macho tem cerca de 1 cm de comprimento; os ovos, cerca de 0,15 mm;o miracídio, cerca de 0,16 mm; 
a cercária, cerca de 0,3 mm (os elementos da ilustração não estão na mesma escala; cores fantasia).
talidade que ocorre durante a passagem do parasita de 
um hospedeiro para outro. E essa passagem evita a 
competição entre as formas jovens e as adultas pelos 
recursos alimentares de um mesmo hospedeiro.
A cercária abandona o caramujo e pode viver 
livremente na água doce por até dois dias. Ela pos-
sui características que auxiliam na penetração atra-
vés da pele ou das mucosas do ser humano quando 
este entra em contato com água contaminada (be-
bendo, lavando roupa, tomando banho, etc.).
Ao penetrar na pele, a larva pode provocar uma 
reação alérgica, causando coceira, vermelhidão e dor. 
Podem ocorrer problemas no fígado, no baço e no 
intestino, com diarreias, dores abdominais e emagre-
cimento. O baço e o fígado crescem, aumentando o 
volume da barriga (sintoma conhecido como ascite 
ou “barriga-d’água”). Para combater a doença, além 
de tratar as pessoas afetadas com medicamentos 
que eliminam os vermes, é fundamental dispor de 
instalações sanitárias adequadas e sistema de esgo-
to eficiente, evitando que as fezes com os ovos atin-
jam os rios, impedindo a propagação do verme. 
A água para beber tem de ser fervida. Não se deve 
entrar em rios nas horas mais quentes e luminosas 
do dia (das 10h às 16h), pois é esse o período de maior 
liberação de cercárias. O combate ao caramujo pode 
ser feito com produtos químicos ou com peixes que 
dele se alimentam (controle biológico).
Capítulo 10128
124_139_U04_C10_Bio_Hoje_vol_2_PNLD2018.indd 128 05/05/16 08:30

Mais conteúdos dessa disciplina