Prévia do material em texto
Parte I – Eletrostática12 (6 ? 1,6 ? 10219 C 5 9,6 ? 10219 C). Entretanto, sua carga não pode ser, por exemplo, igual a 7,1 ? 10219 C, pois esse valor não é um múltiplo inteiro da carga elementar. Representando por Q a carga elétrica de um cor- po eletrizado qualquer, temos: Q 5 6 ne (n 5 1, 2, 3, ...) Determinação da carga elementar Em 1911, em uma de suas experiências iniciais, Millikan encontrou os seguintes valores para a car- ga elétrica de várias gotículas de óleo previamente eletrizadas: Q1 5 6,563 ? 10219 C Q2 5 8,204 ? 10219 C Q3 5 11,50 ? 10219 C Q4 5 13,13 ? 10219 C Q5 5 16,48 ? 10219 C Q6 5 18,08 ? 10219 C Q7 5 19,71 ? 10219 C Q8 5 22,89 ? 10219 C Q9 5 26,13 ? 10219 C A partir desses valores, podemos obter um resul- tado razoável para a carga elementar e. Para isso, vamos tomar a carga Q1, que é a menor de todas, e escrever: Q1 5 ne Dividindo Q2 por Q1, obtemos (8,204 ; 6,563 5 5 1,25): Q2 5 1,25 ? Q1 5 1,25 n e Tem de ser um número inteiro O menor valor inteiro de n que torna 1,25 n também inteiro é 4: n 5 4 Dividindo as demais cargas por Q1, constatamos que n 5 4 torna todas elas iguais a um número in- teiro de e: Q3 5 1,75 ? Q1 5 1,75 ne 5 7e Q4 5 2,00 ? Q1 5 2,00 ne 5 8e Q5 5 2,51 ? Q1 5 2,51 ne 5 10 e Q6 5 2,75 ? Q1 5 2,75 ne 5 11e Q7 5 3,00 ? Q1 5 3,00 ne 5 12 e Q8 5 3,49 ? Q1 5 3,49 ne 5 14e Q9 5 3,98 ? Q1 5 3,98 ne 5 16e Considerando n 5 4 na expressão de Q1, obtemos: Q1 5 ne ⇒ 6,563 ? 10219 5 4e e 5 1,64 ? 10219 C Posteriormente, outros experimentos foram re- alizados e chegou-se ao melhor valor experimental para a carga elementar e, que é 1,60217738 ? 10219 C 5. Princípios da Eletrostática A Eletrostática baseia-se em dois princípios fun- damentais: o princípio da atração e da repulsão e o princípio da conservação das cargas elétricas. Princípio da atração e da repulsão Experimentalmente, ao serem aproximadas duas partículas eletrizadas com cargas elétricas de mes- mo sinal, verifica-se que ocorre uma repulsão entre elas. Se essas partículas tiverem cargas elétricas de sinais opostos, ocorrerá uma atração entre elas. Partindo desse fato, pode-se enunciar o Princí- pio da atração e da repulsão da seguinte forma: Partículas eletrizadas com cargas de sinais iguais se repelem, enquanto as eletrizadas com cargas de sinais opostos se atraem. Esquematicamente: ++ ++ –– –– + –+ – Princípio da conservação das cargas elétricas Inicialmente, devemos observar que a proprie- dade carga elétrica existente nas partículas elemen- tares é inerente a estas (como a massa, por exemplo), não podendo ser retirada delas ou nelas colocada. Assim, não havendo alteração da quantidade e do tipo das partículas dotadas de carga elétrica, a carga total de um sistema permanece constante. A partir da noção de que: “sistema eletricamente isolado é aquele que não troca cargas elétricas com o meio exterior”, TF3-007_031_P1T1_5P.indd 12 20/08/12 10:07 Tópico 1 – Cargas elétricas 13 6. Condutores e isolantes elétricos Em alguns corpos, podemos encontrar porta- dores de cargas elétricas com grande liberdade de movimentação. Esses corpos são denominados con- dutores elétricos. Nos demais, essa liberdade de mo- vimentação praticamente não existe; esses corpos são denominados isolantes elétricos ou dielétricos. Um material é chamado condutor elétrico quando há nele grande quantidade de porta- dores de carga elétrica que podem se movi- mentar com grande facilidade. Caso contrário, ele será denominado isolante elétrico. Tanto um condutor como um isolante podem ser eletrizados. É importante observar, porém, que, no isolante, a carga elétrica em excesso permanece exclusivamente no local onde se deu o processo de eletrização, enquanto no condutor essa carga busca uma situação de equilíbrio, distribuindo-se em sua superfície externa. – – – – – – – – – – – ––– – – – – – – – + + + + + + + +++++ + + + + + + + + + podemos enunciar o Princípio da Conservação das Cargas Elétricas: A soma algébrica das cargas elétricas exis- tentes em um sistema eletricamente isolado é constante. Portanto, se em um sistema eletricamente iso- lado houver n corpos com pelo menos um deles ele- trizado, poderão ocorrer trocas de cargas elétricas entre eles, mas a soma algébrica dessas cargas será a mesma antes, durante e depois das trocas. Como exemplo, considere os três corpos A, B e C representados a seguir. A B C Q A = –5q Q B = +2q Q C = 0 Fronteira do sistema Note que a soma algébrica das cargas elétricas existentes nos corpos vale: ∑Q 5 QA1 QB 1 QC ∑Q 5 (25q) 1 (12q) 1 (0) ∑Q 5 23q Suponha, agora, que, por meio de um processo qualquer 2 por exemplo, por contato de A com C 2, o sistema sofra uma alteração conforme representa- do a seguir. A B C Q’ A = –2q Q’ B = +2q Q’ C = –3q Fronteira do sistema Em condutores eletrizados, as cargas elétricas distribuem-se na superfície externa. Por enquanto, pode-se dizer que isso ocorre devido à repulsão entre cargas elétricas de mesmo sinal, que buscam maior distanciamento entre si. A demonstração pode ser encontrada no Apêndice do Tópico 2. Os metais, a grafita, os gases ionizados e as soluções eletrolíticas são exemplos de conduto- res elétricos. O ar, o vidro, a borracha, a porcelana, os plásti- cos, o algodão, a seda, a lã, as resinas, a água pura, o enxofre e a ebonite são exemplos de isolantes elétricos. Quando se diz que um material é condutor, de- ve-se entender que se trata de um bom condutor. Do mesmo modo, quando se diz que um material é isolante, estamos nos referindo a um bom isolante. Tanto os condutores como os isolantes podem ser encontrados nos estados sólido, líquido ou gasoso. Em relação aos portadores de cargas elétricas que podem se movimentar com grande facilidade, os condutores classificam-se nos três casos: condu- tores de primeira, segunda e terceira espécies. Observe que houve passagem de cargas elétricas do corpo A para o corpo C. No entanto, a soma algé- brica das cargas continuou a mesma: ∑Q’ 5 Q’A 1 Q’B 1 Q’C ∑Q’ 5 (22q) 1 (12q) 1 (23q) ∑Q’ 5 23q Assim, para um sistema eletricamente isolado, pode-se escrever: (∑Q)antes das trocas 5 (∑Q’)após as trocas TF3-007_031_P1T1_5P.indd 13 20/08/12 10:07 Parte I – Eletrostática14 Condutores de primeira espécie São aqueles nos quais os portadores móveis são os elétrons livres. Embora a existência dos elétrons livres só possa ser justificada pela Física Quântica, pode-se dizer, de um modo mais simples, que esses elétrons têm grande liberdade de movimentação por estarem muito afastados dos núcleos dos átomos dos quais fazem parte e, além disso, por serem atra- ídos fracamente em várias direções e sentidos pelos núcleos existentes ao seu redor. W oo dy L aw to n R ic k O fio de cobre, largamente utilizado nas instalações elétricas, é um condutor e a capa plástica que o envolve é isolante. São classificados como condutores de primeira espécie os metais e a grafita. Condutores de segunda espécie Nos condutores de segunda espécie, os portado- res móveis são íons positivos e íons negativos, isto é, átomos (ou grupos de átomos) que, por terem per- dido ou recebido elétrons, passam a ter o número de prótons diferente do número de elétrons. A tensão elétrica aplicada entre as extremidades da lâmpada fluorescente ioniza o gás existente em seu interior, tornando-o condutor. 7. Processos de eletrização Como vimos, um corpo estará eletrizado quan- do possuir mais elétrons do que prótons ou mais prótons do que elétrons. Um corpo neutro, por sua vez, tem igual número de prótons e de elétrons. As- sim, para eletrizá-lo negativamente basta fornecer elétrons a ele. Por outro lado, para adquirir carga po- sitiva, o corpo neutro deve perder elétrons, pois des- sa forma ficará com mais prótons do que elétrons. Denomina-se eletrização o fenômeno pelo qual um corpo neutro passa a eletrizado devido à alteração no número de seus elétrons. Os processosmais comuns de eletrização são descritos a seguir. Eletrização por atrito de materiais diferentes Esse é o primeiro método de eletrização de que se tem conhecimento. Como vimos, data do século VI a.C., quando Tales de Mileto observou pela primeira vez que o âmbar, ao ser atritado com tecido ou pele de animal, adquiria a proprie- dade de atrair pequenos pedaços de palha. Experimentalmente, comprova-se que, ao atri- tar entre si dois corpos neutros de materiais dife- rentes, um deles recebe elétrons do outro, ficando eletrizado com carga negativa, enquanto o outro – o que perdeu elétrons – adquire carga positiva. Ao se atritar, por exemplo, seda com um bastão de vidro, constata-se que o vidro passa a apresen- tar carga positiva, enquanto a seda passa a ter carga negativa. Entretanto, quando a seda é atritada com um bastão de ebonite, ela torna-se positiva, ficando a ebonite com carga negativa. Os corpos atritados adquirem cargas de mesmo módulo e sinais opostos. W oo dy L aw to n R ic k A solução aquosa de cloreto de sódio (sal de cozinha) é condutora. Nos fios, movimentam-se elétrons e, na solução, íons. Íons são encontrados em soluções eletrolíticas, por exemplo, soluções aquosas de ácidos, bases ou sais. Condutores de terceira espécie Nos condutores de terceira espécie, os portadores de carga podem ser íons positivos, íons negativos e elétrons livres. Isso ocorre nos gases ionizados. TF3-007_031_P1T1_5P.indd 14 20/08/12 10:07