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2 AS MARCAS DA VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL E ALTERNATIV AS DE TRATAMENTO Letícia Fernanda Henz¹ Marcelo Borges Leite² Resumo O presente artigo tem como objetivo discutir os principais sintomas e consequências sofridas pelas crianças vítimas de violência sexual, como também, as possíveis intervenções e formas de tratamento para estes casos. Para tanto, foi utilizado como metodologia de pesquisa à revisão bibliográfica e análise de conteúdo. Os achados apontaram para uma enorme quantidade de consequências e sintomas causados pela violência sexual que alteram significativamente a vida da criança e de sua família, que podem permanecer para o resto da vida, principalmente quando não tratada. Referente às intervenções e formas de tratamento conclui-se que a Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC), a Psicoterapia de Orientação Analítica e Terapia Familiar são as mais citadas. Palavras-chaves: Violência sexual. Crianças. Consequências. Tratamento. Introdução Cabecinha boa de menino triste, de menino triste que sofre sozinho, que sozinho sofre, — e resiste, cabecinha boa de menino ausente, que de sofrer tanto se fez pensativo, e não sabe mais o que sente... Cabecinha boa de menino mudo que não teve nada, que não pediu nada, pelo medo de perder tudo. Cabecinha boa de menino santo que do alto se inclina sobre a água do mundo para mirar seu desencanto. Para ver passar numa onda lenta e fria a estrela perdida da felicidade que soube que não possuiria (CECÍLIA MEIRELES). Inicia-se este artigo com uma reflexão de um poema escrito por Cecília Meireles que tem muito haver com o que é proposto discutir sobre as marcas da violência sexual infantil. Entende-se que a autora busca representar a existência de sofrimentos na infância que podem permanecer durante a história de vida da criança. Além disso, ela traz que estes sofrimentos também podem ser seguidamente recordados por esta criança e refletidos no seu modo de agir e viver esta infância (“sozinho, pensativo, mudo, com medos, resistente”). E, finaliza dizendo que, “de forma lenta e fria”, a criança vê passar a felicidade que se perdeu, ou seja, esta felicidade que um dia existiu pode estar sendo levada devido as marcas negativas de uma infância. Esta reflexão instiga explorar em diferentes artigos as mais variadas formas possíveis de identificar, através dos sinais e sintomas, a ocorrência da violência 3 sexual infantil, como também, apontar as possíveis consequências. O tema da violência sexual se torna muito relevante, pois éum dos grandes problemas de saúde pública, já existentes há milhares de anos nas mais diferentes culturas e também praticada das mais diferentes formas, que vem aumentando significativamente em todo mundo. Este crescimento também pode ser observado principalmente na violência contra crianças. Dados da Polícia Civil – Secretaria da Justiça e da Segurança do Rio Grande do Sul apontam para este crescimento das violências. Conforme registros do ano de 2002, 1400 crianças foram vítimas de violência, 872 (62%) delas foram vítimas de violência sexual. Já em 2003 o número de ocorrências de violência contra as crianças aumentou para 1763 e dentre elas 1166 (66,14%) foram vítimas de violência sexual (DECA, 2002, 2003, 2004 apud PFEIFFER e SALVAGNI, 2005). Os dados epidemiológicos acima citados quanto ao abuso sexual infantil, se referem a partir dos registros realizados, sendo que a quantidade exata é desconhecida, pois muitas crianças não revelam, ou revelam certo tempo após o ocorrido, ou apenas na fase adulta. A não revelação do abuso sexual ainda existe, tanto por parte das vítimas, como também de familiares que acabam sendo coniventes com a situação, impossibilitando a oferta de alternativas para tratamento das vítimas e familiares, e consequentemente intensificando e reproduzindo significativamente violências e sofrimentos em diversos sujeitos e histórias de vida. Porém, ressalta-se conforme Zuwick (2002), que avançamos muito nos dois últimos séculos frente ao significado da infância, resgatando as crianças e os adolescentes como sujeitos de direitos, de linguagem, levando em conta o que eles têm a dizer e tentando compreender os seus sintomas. Estes sujeitos foram vistos com mais crédito e beneficiados com redes de apoio e proteção que se mostram consistentes e com mais vigor. Já os noticiários, também destacam e apontam das mais diversas formas, e denunciam os agressores responsáveis pela violência sexual infantil. Mas, e agora, o que fazer com tudo isso? Estamos preparados para lidar com esta demanda complexa e dolorida? Para tanto, além de ampliar a visibilidade deste tipo de violência, apontando para os possíveis sinais, sintomas e consequências provocados pela violência sexual infantil, buscou-se também descrever algumas alternativas possíveis de 4 intervenção e de tratamento para minimizar este adoecimento social e cultural reproduzido constantemente. 1. SINTOMAS E CONSEQUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA SEXUAL INF ANTIL Para fins de prevenção, promoção e tratamento da saúde mental na infância, se torna importante apontar as principais mudanças de comportamento das crianças vítimas de abuso sexual. São indiscutíveis os agravos no desenvolvimento da criança, devido este tipo de violência, principalmente quando o abusador tiver um vínculo de afeto e confiança. Existem vários fatores que influenciam na sintomatologia do abuso sexual infantil. Furniss (1993) e Knutson (1995), citado porAmazarray e Koller (1998) apontam o grau de severidade dos efeitos e das consequências do abuso sexual que variam de acordo com: - Duração do abuso: algumas evidências sugerem que maior duração produz consequências mais negativas; - O grau de violência: uso de força pelo perpetrador resulta em consequências mais negativas tanto a curto como a longo prazo; - A diferença de idade entre a pessoa que cometeu o abuso e a vítima: quanto maior a diferença, mais grave são as consequências; - A importância da relação entre abusador e vítima: quanto maior a proximidade e intimidade, piores as consequências; - A ausência de figuras parentais protetoras e de apoio social: nesses casos, o dano psicológico é agravado; - O grau de segredo e de ameaças contra a criança. As diferentes formas pelas quais ocorre a violência sexual geram consequências tanto físicas como psicológicas, que são variadas e numerosas, de curto e longo prazo. Além disso, há um consenso nas literaturas acerca do ciclo de repetição do fenômeno que se estabelece nas pessoas que sofreram maus tratos. Para tanto, a psicanálise considera que este fato traumático pode ser reproduzido pela vítima, através de isolamentos e indisponibilidade para relacionamentos, principalmente os amorosos, e entre as gerações, em uma cadeia de violências intrasubjetivas, intersubjetivas e transubjetivas (BOARATI, SEI e ARRUDA, 2009). Um estudo realizado com 205 crianças de idade de 6 a 14 anos entre os anos de 2005 a 2009, vítimas de abuso sexual e encaminhadas para Programa de Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica (NUFOR) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, também aponta para diferenças significativas no comportamento das vítimas. Este 5 estudo igualmente destaca, conforme citado acima, o isolamento social, como também outras alterações: retraimento da criança frente à figura masculina, comportamento erotizado e agressividade. Sentimentos de culpa, vergonha e medo também se fazem presentes nas vítimas (SERAFIM et al. 2011). Referente o isolamento social, acrescenta-se que o mesmo consequentemente reflete num comportamento menos pró-social, ou seja, a criança acaba compartilhando menos, interage menos com crianças e adultos, ajuda menos os outros e se associa menos a outras crianças, quando comparadas com crianças não abusadas(FLORES e CAMINHA, 1994). Já o sentimento de culpa é muito comum de se manifestar na vítima. Além disso, esta culpa muitas vezes é reforçada pelo senso comum onde a vítima está inserida. Zuwick (2002) acrescenta que se vive com esteriótipos deste senso comum, que vê a figura feminina como sedutora e desejosa do abuso sexual e o abusador como o descontrolado diante de seus impulsos sexuais que contaminam a maneira como os fatos acabam sendo manejados. Mendes e França (2012) explicam melhor a formação dos sentimentos de culpa através de um estudo teórico que realizaram referente aos efeitos da violência sexual na infância sob a ótica de SandorFerenczi, psicanalista e discípulo de Freud. Para estes autores as fantasias edípicas da criança podem preparar o caminho para um adulto perverso, onde a criança possibilita a aproximação do adulto e tenta seduzi-lo através de carícias, beijos, abraços e busca da mesma forma receber em troca, na linguagem da ternura. Porém, quando a sexualidade genital adulta impõe uma excitação de forma excessiva sobre o corpo da criança, as fantasias inconscientes de sedução em relação ao adulto tendem-se a confundir com a realidade, provocando fortes sentimentos de culpa na criança. Portanto, esta criança acredita que se foi capaz de provocar o desejo no adulto, deve merecer sofrer as consequências. Além do sentimento de culpa, Habigzanget al. (2005) acrescenta ainda outros sinais, sintomas e consequências: como a desconfiança, conduta hiperssexualizada, abuso de substâncias, ideações ou tentativas de suicídio, fugas do lar, furto, alterações nos padrões de sono e de alimentação que podem ser manifestados durante os diferentes períodos de vida da vítima. Aponta-se ainda para uma fragilidade maior na saúde em geral, doenças gastrointestinais, fadiga crônica, 6 gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis e comportamentos sexuais de risco (RIVERA-RIVERA et al., 2006). O comportamento sexual inadequado é um sintoma muito característico nas crianças sexualmente abusadas, que pode ser observado nas brincadeiras sexualizadas com bonecos, na masturbação excessiva, na introdução de objetos ou dedos no ânus ou na vagina, conhecimentos sexuais não equivalentes para a idade, solicitação de estimulação para adultos e/ou crianças (KENDALL-TACKETT, WILLIAMS E FINKELLHOR, 1993). As consequências deste sintoma são observadas tanto na infância como na fase adulta: alta atividade sexual, confusão na identidade sexual para a criança que sofreu abuso sexual homossexual, principalmente as vítimas do sexo masculino, dificuldades conjugais, impotência sexual, evitação do sexo, menor satisfação sexual, excesso de desejo sexual, etc (AMAZARRAY e KOLLER, 1998). Já os problemas que mais persistem na fase adulta, são os emocionais, comportamentais e nas relações interpessoais. Além disso, pontua-se que as crenças e os valores referentes os papéis de ser pai e mãe também podem ser afetados (SANTOS e DELL'ALIO, 2008). Habigzanget al. (2008) contribui apontando para alterações cognitivas importantes que podem ser observadas, na grande maioria das vezes, também no âmbito escolar como: baixo rendimento escolar, baixa concentração e atenção, dissociação, refúgio na fantasia e crenças distorcidas frente a si mesmo como, inferioridade, desconfiança, diferença em relação ao seus pares. Vários estudos demonstram que vítimas de abuso sexual têm um risco maior para desenvolverem um transtorno mental e apresentarem comportamentos autodestrutivos (SERAFIMet al. 2011). Destaca-se dentre os transtornos: quadros de depressão, transtornos ansiosos, alimentares, dissociativos, déficit de atenção, hiperatividade e transtornos de estresse pós-traumático, assim como enurese e encoprese (COHEN, MANNARINO e ROGAL, 2001; DUARTE e ARBOLEDA, 2004; HABIGZANG e CAMINHA, 2004; HEFLIN e DEBLINGER, 1996/1999; RUNYON e KENNY e Kenny, 2002 apud HABIGZANG et al. 2005, 2008). Nos casos de abuso sexual que apresentam quadros de depressão, é de significativa relevância o suporte familiar para a minimização dos sintomas. Segundo um estudo realizado por Deblinger, Steer e Lippmann (1999) apud Santos e 7 Dell'aglio (2008) observou-se que crianças que percebiam suas mães com comportamentos de rejeição relatavam mais sintomas depressivos do que as crianças que percebiam que o comportamento materno era cuidadoso e afetuoso. Além disso, comportamentos maternos que demonstravam culpa e ansiedade apresentavam escores maiores de transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) e comportamentos externalizantes. Nos transtornos alimentares, um estudo realizado por Paraventiet al. (2011) confirma uma incidência maior de anorexia nervosa em indivíduos que tinham antecedentes de abuso sexual. Além disso, cita outros exemplos de comportamentos compulsivos como, por exemplo, por limpeza, que representa um desejo de limpar, purificar seu corpo em função da violência sofrida. Esse quadro inclusive pode desencadear a um diagnóstico de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Esse mecanismo também tem relação com a anorexia, que se caracteriza por uma insatisfação do corpo violentado, que age como mediador em todo o processo, sendo elo entre o abuso sexual na infância e os transtornos alimentares. Já Borges e Dell’ Aglio, 2008, além de citarem os transtornos anteriores, acrescentam os transtornos psicossomáticos e comportamento delinquente como consequência do abuso sexual infantil. Ressaltam ainda que o transtorno que mais se manifesta no abuso sexual é o TEPT. Segundo Passarela, Mendes e Mari (2010), os sintomas que mais se manifestam nas crianças com TEPT são hipervigilância, déficit de atenção, isolamento interpessoal, sintomas dissociativos, irritabilidade, comportamento agitado, mostrando-se em certos momentos agressivas. Além disso, a este transtorno associam-se comorbidades como transtornos depressivos e ansiosos, déficit de atenção e hiperatividade e uso de substâncias psicoativas (principalmente adolescentes). Aponta-se também que crianças vítimas de abuso sexual e que desenvolveram TEPT apresentam um desempenho pobre em testes neuropsicológicos que avaliam atenção e raciocínio abstrato/funções executivas (BORGES e DELLl’AGLIO, 2008). Da mesma forma, Habigzanget al. (2008) também cita o TEPT como a psicopatologia que mais se desenvolve através dos seguintes comportamentos observados: (1) experiências recorrentes ao evento traumático que se manifestam através de sonho, angústia, comportamento de reconstituição, 8 (2) evitação e entorpecimento de pensamentos e lembranças do trauma, amnésia psicogênica, desligamento e (3) excitação aumentada, verificada por meio de transtorno do sono, irritabilidade, raiva, dificuldade de concentração, hipervigilância, resposta exagerada de sobressalto e resposta autônoma a lembranças traumáticas. (p. 287) Já o comportamento delinquente citado anteriormente, pode se desenvolver devido um transtorno de conduta visto como: uma estratégia usada como resistência pela criança que sofreu o abuso, que passa de vítima a algoz por colocar em risco outras pessoas, que passa a sentir o poder de destruir ante seu sentimento de destruição interna. Uma tentativa de não sucumbir em sua subjetividade. (AMARO, 2003 p. 78) JáNogueira (2001), aponta para a angústia de aniquilação que é provocada pelas violências, vistas como algo que favorecem ações defensivas destrutivas por não encontrar outras formas de simbolização. As atitudes transgressoras de insultar os outros é a forma possível e utilizável pela criança para não perder a noção de sujeito como contraposição à invisibilidade que caracteriza o abandono, principalmente nas situações de crianças institucionalizadas (ORIENTE e SOUZA, 2005). Winnicott (1999) apud Boarati, Sei e Arruda (2009) também cita o aniquilamento como uma formade angústia que se manifesta devido as falhas ambientais que podem acarretar posteriormente dificuldades com tendências anti- sociais. Para Winnicott a etapa da dependência relativa da criança com o seu meio é fundamental e quando suas necessidades não são atendidas podem ocorrer as dificuldades citadas acima. Porém, “a tendência anti-social acaba sendo considerada como um sinal de desesperança que o meio possa voltar a oferecer os cuidados um dia recebidos, mas pontua que quando esta tendência não é compreendida, pode caminhar rumo à delinquência.” (p. 428) Zuwick (2002) cita em um dos seus artigos, histórias de crianças que sofreram o abuso sexual e que foram abrigadas. A autora considera que a conduta violenta fica mais evidente nas crianças que sofrem as consequências do abuso e da abrigagem inadequada. O seu convívio social e relacional torna-se mais difícil, como também, a reorganização da sua subjetividade. Em um dos seus casos exemplifica que a instituição tornou-se uma casa/prisão já que ninguém queria a criança abusada na família devido às condutas inadequadas, impossibilitando-a de conviver e de se desenvolver inserida numa família. Para tanto, de vítima passou a 9 ser punida e a violência não se extinguiu após ser separada do agressor, pois continuava internamente e explodia violentamente. A violência sexual também é praticada muitas vezes contra as crianças portadoras de deficiências. Desta forma, Pfeiffer e Salvagni (2005), descrevem a importância de oferecer uma atenção especial para estes casos, pois muitas vezes acabam apresentando sintomatologias que são confundidas como fazendo parte do quadro da doença principal. Pelo extremo grau de dependência, estas crianças acabam sendo mais vulneráveis para sofrerem diferentes violências, dentre elas, o abuso sexual. No caso dos deficientes mentais, que tem sua idade mental inferior ao desenvolvimento do seu corpo, acabam sendo seduzidas pelo abusador com maior facilidade. Nas crianças assintomáticas, que acabam não relatando a violência e que reprimem sintomas, o risco também deve ser considerado. A criança que sofreu o abuso sexual está em constante risco de desenvolver e manifestar sintomatologias no decorrer do ciclo vital, através dos efeitos em longo prazo. Desta forma, observa- se que é muito difícil uma criança sexualmente abusada não apresentar sintomas em nenhum momento da sua vida (AMAZARRAY e KOLLER, 1998). Os sintomas de um abuso sexual infantil, dependendo como e por quem foi praticado, podem desaparecer/minimizar após 12 a 18 meses depois do fato ocorrido, não persistindo até a fase adulta. Porém, existe uma parcela (10 a 24% dos casos) que tendem a piorar a sintomatologia com o decorrer do tempo. A piora dos sintomas também pode se dar quando não ocorre a revelação do abuso, já que desta forma a vítima acaba não sendo assistida e não recebendo tratamento adequado, persistindo muitas vezes a violência, gerando danos difíceis de serem revertidos (SANT’ANNA e BAIMA, 2008). 2. ALTERNATIVAS DE TRATAMENTO Segundo Balbinotti (2008), muitos casos de violência sexual infantil acabam focando os seus esforços em investigar os fatos e punir o agressor, deixando de lado o sofrimento e as consequências sofridas pela vítima. As investigações referentes aos casos de violência sexual precisam ter o cuidado de não produzir um dano psíquico maior na vítima, já que ocorrem muitas intervenções e repetição de 10 entrevistas, reproduzindo a revitimização.Portanto, aponta-se como sendo prioridade, proteger a vítima para após conduzir o caso do abusador. As intervenções que devem ser oferecidas à criança são complexas e precisam ser planejadas. Pois, o impacto que este tipo de violência causa, afeta a vítima e o ambiente que ela vive, sendo necessárias mudanças no ambiente imediato, disponibilidade de rede de apoio social e afetiva, como também de proteção. Aponta-se também para a importância de abordar de forma individual cada caso de violência sofrida por uma criança, não tendo uma receita pronta para se seguir. Considerar que a sua subjetividade não é uma construção individual, mas sim uma constituição realizada no social. Todas as pessoas que trabalham com vítimas de violência sexual e as pessoas que frequentam o seu meio, tem um papel fundamental para a ressignificação psíquica das mesmas. Portanto, inicialmente, as primeiras tarefas dos profissionais no tratamento da criança que sofreu a violência sexual, como também da família, é vincular-se e mostrar confiança para os mesmos. Já para Muram (1995) apud Souza, Assis e Alzuguir (2002), as maiores tarefas no tratamento é fortalecer o ego, melhorar a auto-imagem e ensinar a criança a poder novamente confiar nos outros, conseguir sentir-se segura. É necessário levar em conta, que muitas vezes, existem casos onde crianças vítimas de abuso sexual tem muita dificuldade de manter uma relação de confiança para com o profissional que irá tratá-lo. Isso ocorre, grande parte das vezes, devido à relação de afeto e confiança que a criança tinha com o agressor e que passa a ser uma relação muito dolorosa, de quebra de vínculo. As fantasias referentes às suas relações de afeto, que passaram a ser dolorosas, podem se estender as suas demais relações (HABIGZANGet al., 2008). Para melhor conduzir os casos e oferecer um profissional mais indicado, vale ressaltar que as crianças vítimas podem apresentar resistência frente profissionais de figura masculina no caso do abusador ter sido um homem, e resistência ao profissional de figura feminina, caso tiver sido uma mulher. Outro cuidado relevante é acrescentado por Silvares e Gongora (1998) apud Habigzanget al. (2008) referente ao sigilo. Para estes autores é importante que os profissionais não prometam segredo frente às informações prestadas pela criança. 11 Justificam a necessidade de não reforçar a dinâmica do segredo que vitimiza a criança e pelo fato destas informações, por questões éticas, precisarem ser informadas para órgãos e familiares que promovam a proteção da vítima. Portanto, caso houver a promessa de sigilo e a mesma for quebrada, irá reforçar para a criança a percepção de que as pessoas não são confiáveis. A criança durante o tratamento deve compreender a sua condição de vítima, trabalhando o sentimento de culpa, ressignificando a violência, não pegando para si a culpa do fato ocorrido. O reconhecimento da falha como decorrente do outro é essencial para a conservação de um sentido de existência e reconstituição da imagem corporal muitas vezes dilacerada nos casos de violência sexual (BOARATI, SEIe ARRUDA, 2009). Habigzanget al. (2008), aborda em um de seus artigos sobre violência sexual, a entrevista clínica e a importância da mesma ser bem encaminhada para evitar a revitimização da criança. Para tanto, é necessário que os profissionais sejam qualificados para poderem abordar questões contextuais, históricas sociais, emocionais do abuso sexual e os fatores de risco e proteção presentes no caso. A entrevista clínica não pode se caracterizar um interrogatório referente à violência, mas tornar-se um diálogo espontâneo que permita e facilite a expressão da criança. Para isso, considera-se fundamental avaliar a linguagem da criança, podendo usar como recurso um vocabulário infantil, principalmente para referirem-se às zonas anatômicas e/ou práticas abusivas, evitando palavras vulgares e grosseiras. Além disso, evitar perguntas repetidas que podem levar a criança a interpretar como sendo que suas respostas não são adequadas, sendo possível a mudança do seu discurso, ou mesmo, levando a pensar que o profissional não está prestando atenção nos seus relatos. Permitir que a criança também não responda a certos questionamentos, pois aquele talvez ainda não seja o momento dela estar falando sobre determinadas situaçõesdo abuso sexual sofrido. A entrevista precisa delimitar alguns objetivos, para que os dados obtidos possam servir para as intervenções necessárias do caso (HABIGZANGet al., 2008). Além disso, a entrevista clínica exige dos profissionais habilidades importantes. Destaco dentre elas habilidades não verbais, tais como expressão facial, voz, postura corporal e gestos. Algumas das habilidades mais citadas são: voz modulada, suave e firme, olhar direto e seguro para a criança, sorriso ocasional, velocidade 12 moderada da fala, gestos ocasionais das mãos (SILVARES e GONGORA, 1998 apud HABIGZANG et al., 2008, p. 288). Conforme estudo de Deblinger (1990) apud Souza, Assis e Alzuguir (2002) com crianças que apresentavam TEPT, as mesmas mostravam melhoras na exposição gradual frente as suas vergonhas e ansiedades referentes ao abuso sexual. Este estudo visava “desfazer a associação entre ansiedade/vergonha e pensamentos relacionados ao abuso, através de repetida exposição a estes temas, para que as respostas tranquilas passem a se associar aos estímulos antes temidos” (p. 114).Usaram-se também de educação e prevenção do abuso sexual, e enfrentamento das emoções e das ansiedades, através da expressão das mesmas. A Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) para crianças que apresentam TEPT devido à violência sexual tem demonstrado bons resultados no pós- tratamento. Conforme Passarela, Mendes e Mari (2010) a TCC trabalha: focada no trauma através da exposição gradual, com crenças e pensamentos negativos, evoca memórias de conteúdos traumáticos através da psicoeducação, enfrentamento (coping) e reestruturação cognitiva. A TCC tem demonstrado resolutividade na redução dos sintomas de ansiedade, depressão e problemas comportamentais decorrentes da violência. Já o Ambulatório de Psicoterapia de Crianças e Adolescentes do Hospital de Clínicas da Unicamp em São Paulo trabalha o abuso sexual através de um referencial psicodinâmico onde realizam avaliações psicológicas, semanalmente psicoterapia individual ou grupal e orientação aos pais. O processo psicoterápico não tem prazo de término, e sim, o mesmo é oferecido conforme a demanda da vítima. Neste espaço que é público, cada criança tem sua caixa lúdica individual que representa simbolicamente o mundo interno da mesma. A criança expressa através de o seu brincar, com jogos, desenhos e brinquedos, os seus medos, fantasias e angústias, conforme propõe a Psicanálise (BOARATI, SEI e ARRUDA, 2009). A criança tem dificuldades de expressar a violência sofrida, principalmente quando ainda não está vinculado com o profissional, como já citado. Porém, observa-se como sendo favorável psicologicamente a expressão dos sentimentos de forma lúdica. Como defende Alvarez (1994) apud Boarati, Sei e Arruda (2009, p. 429), “o processo de aprendizagem da aceitação da dor, da perda, do trauma ou do abuso é complexo, longo, nem sempre visível e com certeza não necessariamente 13 verbalizada.” Portanto, o brincar da criança é uma das ferramentas fundamentais de externalização dos traumas vividos, para além da palavra, já que a mesma nem sempre consegue, conforme sua faixa etária, simbolizar e verbalizar seus sentimentos. Já Araújo (2002) defende a terapia familiar como sendo a mais adequada para o atendimento das consequências do abuso sexual infantil, envolvendo toda família, como também o agressor. Porém, considera que a maior dificuldade encontrada é de transformar a indicação numa demanda. Para a realização do trabalho do grupo familiar a autora cita Pichon-Reviere que trabalha com o enfoque operativo, desenvolvido pelo enfoque psicossocial, buscando oferecer um espaço de acolhida e reflexão para buscar alternativas para os problemas e não a negação dos mesmos. Neste momento a família redefine papéis, funções e responsabilidades, rompendo silêncios e restabelecendo a comunicação entre os membros desta família para desenvolver a “adaptação ativa”. A “adaptação ativa” configura-se o momento onde a família alcança insights, consciência sobre os fatos, sobre a estrutura e a dinâmica familiar, desempenha seus papéis e busca processos de comunicação, interação e aprendizagem com o meio (PICHON, 1994 apud ARAÚJO, 2002). A terapia familiar através do grupo operativo, conforme Araújo (2002) precisa levar em consideração o fator gênero para entender as relações de poder dentro da família que podem formar desigualdades de dominação-exploração. Além disso, identificar crenças, valores, resistências e possíveis capacidades de mudanças, abrindo desta forma, espaços de expressão dos membros desta família e consecutivamente construir estratégias de intervenção. Ressalta que este atendimento é familiar, portanto: O atendimento individual do agressor ou da criança que sofreu abuso sexual infantil, embora necessário, é de pouca valia em termos de transformação da realidade familiar, pois se restringe aos diretamente envolvidos. Essa conduta, de certa forma, mantém o segredo familiar no âmbito dos seus principais protagonistas – a criança (vítima primária), a mãe (vítima secundária) e o autor do abuso, enquanto o restante da família pode continuar partilhando o segredo à distância, sem se envolver diretamente.(p. 9) 14 3. METODOLOGIA O método utilizado foi através da revisão bibliográfica e análise de conteúdo. Foram utilizadas 22 bibliografias referente violência sexual infantil. O material bibliográfico é composto por artigos nacionais pesquisados na base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde entre o período de 1993 a 2012. 4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A partir da revisão bibliográfica realizada nos artigos que abordam a temática da violência sexual infantil, é visível que os mesmos apontam para uma grande quantidade de sintomas e consequências que não perpassam apenas na vida da criança, como também, em todo o ambiente em que a mesma está inserida. Além disso, observa-se que esta violência sempre vem acompanhada por diversos outros problemas, e que a mesma não ocorre como um fato isolado. Configura-se como uma reprodução das falhas já existentes nas estruturas familiares. Estas falhas podem se manifestar de geração em geração, sendo extremamente necessária a interrupção deste ciclo de violências. A manifestação e o grau de severidade dos sintomas da violência sexual na criança irão variar conforme a forma como aconteceu a violência, por quem foi praticada, a estrutura familiar e as possibilidades de suporte da mesma para com a vítima, e as formas de tratamento que serão disponibilizadas. Portanto, encontram- se muitas literaturas que descrevem a necessidade de implicar estratégias de intervenção para os familiares da vítima, para que os mesmos consigam auxiliar da melhor forma possível, evitando a intensificação dos sintomas. Já referente à criança, vítima de abuso sexual, que não apresentar sintomas externos ou se esses são de pouca relevância, isto não quer dizer que ela não sofra ou não venha a sofrer com os efeitos dessa experiência. Ela pode apresentar um sofrimento emocional muito intenso. Além disso, suas consequências podem estar ainda latentes e talvez se manifestem posteriormente, frente à resolução de uma crise evolutiva ou situacional e frente ao estresse. Dessa forma, uma criança que sofreu abuso sexual deve ser considerada uma criança em situação de risco (AMAZARRAY e KOLLER, 1998). 15 Da mesma forma, o artigo traz uma atenção especial para as crianças portadoras de deficiências, pois os sintomas da violência sexual infantil podem ser confundidos com os da deficiência. A partir disso, tanto as crianças assintomáticas como as portadoras de deficiências, muitas vezes, acabam não recebendo intervenções necessárias e adequadas as suas demandas. As literaturas pesquisadas descrevem a possibilidade de manifestação de transtornosmentais que persistem na fase adulta como consequência da violência sexual sofrida. Dentre os transtornos, o que mais se manifesta é o TEPT, e o mesmo ainda pode apresentar certas comorbidades. Já nas crianças institucionalizadas ou que recebem pouco suporte familiar observa-se a prevalência de transtornos que envolvem maior agressividade (a si e aos outros), até porque as mesmas acabam sendo revitimizadas constantemente. Portanto, a reprodução das violências, tanto se torna uma consequência grave, como uma forma encontrada pela vítima de suportar o dano sofrido. Um mecanismo de defesa que tenta novamente reestruturar a criança, principalmente quando o seu ambiente familiar não oferece condições para isso. Existe uma espécie de aprendizado de uma conduta inadequada, sendo a única conhecida pela vítima. Desta forma, esta vítima acaba tanto podendo externalizar esta violência projetando nos outros, como também em si própria, através da autodestruição, ideação, plano e tentativa de suicídio. Observa-se que a violência sexual infantil é um grave problema de saúde pública, que compromete várias vítimas, pois além da criança, acaba comprometendo seu ambiente familiar. Para tanto, mostra-se necessário um tratamento amplo e complexo.Porém, poucos artigos brasileiros foram encontrados que abordassem intervenções e formas de tratamento para esta temática. Dos artigos encontrados, as experiências citadas como possíveis formas de tratamento da violência sexual infantil são de Abordagem Psicanalítica, a Terapia Familiar e a Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC). Dentre elas, estudos da autora Habigzang avaliam se a Terapia Cognitiva-Comportamental apresenta eficácia para o tratamento de vítimas da violência sexual que desenvolveram TEPT, e os mesmos apontam resultados significativos na minimização ou extinção dos sintomas. Das abordagens citadas no artigo, acredita-se que as três são essenciais para tratar este problema e auxiliar na reconstituição da subjetividade da vítima. A TCC 16 trabalha muito bem as crenças falsas existentes frente o abuso, os sentimentos de culpa, medos da vítima e da família. A Psicanálise permite a ressignificação do sujeito e a projeção da violência, principalmente através do brincar e a Terapia Familiar que trabalha principalmente a reconfiguração dos papéis e os segredos familiares existentes. Quando é citada a Terapia Familiar, a mesma é realizada em conjunto com o abusador, porém, acredita-se não ser nada terapêutico e favorável para a vítima e sua família. Isto não quer dizer que o abusador não necessite de atendimento especializado, porém, de forma isolada. CONSIDERAÇÕES FINAIS As marcas da violência sexual infantil, numa significativa parcela de vítimas, ficarão presentes para o resto da vida. Para tanto, é necessário instigar políticas públicas eficientes que não fiquem apenasintervindo na situação de violência, mas sim políticas que possam oferecer profissionais, ambientes e formas de manejo adequadas, tanto para não intensificar a violência sofrida, como também, tratamentos especializados para a vítima, sua família e para o próprio abusador, já que este último, em muitos casos também já sofreu algum tipo de violência. Desta forma, considera-se que toda intervenção e prevenção devem centrar-se na família e não constituir-se de forma fragmentada. Embora estejamos ainda muito presos as diferentes imposições de poder, precisamos romper com a naturalização da dominação do adulto para com a criança, que se dá de forma tão cruel. Isto não se inscreve na natureza humana como uma fatalidade, ou seja, ninguém nasce abusador de crianças, é uma carreira que vai sendo construída com o tempo e socialmente (re)produzida. Da mesma forma, também pode ser desconstruída socialmente. Para tanto, devemos incessantemente seguir pesquisando e intervindo terapeuticamente nestas situaçõespara que cada vez mais as crianças não necessitem interromper suas infâncias e inscreverem-se socialmente como vítimas, e, consequentemente, possíveis reprodutoras de violências. Desta forma, coloca-se a urgente necessidade de ampliar olhares para a Saúde Mental na Infância, oferecendo assim maiores possibilidades para o “menino 17 da cabecinha boa” seguir o rumo de sua vida, sem permitir que “a onda lenta e fria” leve a coisa mais preciosa de sua vida (infância) e mude o rumo de sua história. THE SCARS OF PUERILE SEXUAL VIOLENCE AND TREATMENT ALTERNATIVES The present final essay aims to discuss the main symptoms and consequences suffered by children who are sexual violence victims, as well as possible interventions and treatment ways for those cases. Therefore the literature review and the content analysis had been used as a searchable methodology. The results indicated an enormous quantity of consequences and symptoms originated from the sexual violence which change the child’s life and family in a significant manner, the outcomes might be in the rest of the child’s life, mainly when they are untreated. If referring to the interventions and the alternatives for treating the violence marks, it can be concluded that the Cognitive-Behavioral Therapy (CBT), the Psychotherapy of Analytical Guidance and the Familiar Therapy are the most mentioned. Keywords: Sexual violence. Children.Consequences.Treatment. REFERÊNCIAS AMARO, Sarita T. A. Crianças Vítimas de violência: caos, complexidade e resistência. Boletim da Saúde, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 72-83, 2003. AMAZARRAY, Mayte R.; KOLLER, Silvia H. Alguns aspectos observados no desenvolvimento de crianças vítimas de abuso sexual.Psicologia: Reflexão eCrítica , Porto Alegre, v.11, n.3, p. 559-578, 1998. 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