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© Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. | www.solarize.com.br R. Paschoal Carlos Magno, 57 20240-290 Rio de Janeiro RJ | contato@solarize.com.br | CNPJ 28.150.768/0001-60 © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. - Todos direitos reservados 1. Introdução A convite da revista O Setor Elétrico começamos em janeiro de 2019 um manual de energia solar. Ele tem como objetivo ensinar as etapas para projetar um sistema fotovoltaico conectado à rede (SFCR). Iniciamos com uma introdução, situando este tipo de sistema dentro das formas de aproveitamento da energia solar para, então, abordar uma visão geral dele. A estrutura dos capítulos segue aquela que se mostrou eficaz nos cursos ministrados desde 2012 na nossa empresa Solarize. O detalhamento das matérias segue o espaço disponível na revista. Se pretender empreender nesta área recomendamos fortemente participar de um curso reconhecido que entra em muito mais detalhes e oferece treinamento prático. 2. Aproveitamento da energia solar Existem, basicamente, duas formas de se aproveitar a energia solar (fig. 1): aquecimento solar e energia fotovoltaica. O aquecimento solar aproveita a energia térmica em que se transforma a irradiação solar quando atinge um corpo. O corpo pode ser um coletor solar, onde o calor do sol é transferido para a água que percorre o coletor e encaminhada para o reservatório. O uso final é água quente para tomar banho, para uso em cozinhas ou em processos industriais. Aquecimento de ar é outra tecnologia simples e empregada em regiões com clima moderado, mas nunca ganhou grande escala. Resfriamento solar transforma o calor em frio, usando maquinas de gelo. Como é uma tecnologia bem mais complexa do que a combinação de energia fotovoltaica com aparelhos de ar condicionado comuns, ela perdeu viabilidade na medida que os painéis fotovoltaicos caíram de preço. MANUAL DE ENERGIA SOLAR 1 – APROVEITAMENTO DA ENERGIA SOLAR Figura 1: Formas de aproveitar a energia solar Arranjo fotovoltaico na residência do autor, potência: 4,1 kWp, primeiro SFCR do Rio de Janeiro http://www.osetoreletrico.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 MANUAL DE ENERGIA SOLAR 1 – APROVEITAMENTO DA ENERGIA SOLAR © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 2 Usinas termossolares concentram a irradiação mediante espelhos para aquecer um fluído e gerar energia numa turbina. A vantagem é o armazenamento da energia térmica por algumas horas após o pôr do sol e a consequente geração de eletricidade no horário de pico. 3. Tipos de sistemas fotovoltaicos Podemos dividir os sistemas fotovoltaicos em três grupos (fig. 2). O primeiro é representado por bombas solares, única aplicação onde os módulos fotovoltaicos são conectados diretamente a um aparelho. Estas bombas adaptam sua velocidade à energia disponível e são indicadas em locais sem rede elétrica, como fazendas. 3.1. Sistemas autônomos (off-grid) A característica principal de sistemas autônomos é o armazenamento da energia em baterias, para uso à noite ou em dias chuvosos. Essa tecnologia já é empregada há muitas décadas em localidades sem acesso à rede elétrica, aplicações automatizadas, como pontos de transmissão telefônica ou estações meteorológicas. Aplicações novas incluem pontos de aluguel de bicicletas, para os quais uma instalação elétrica fixa seria muito onerosa frente ao baixo consumo de energia. O custo das baterias e a capacidade limitada delas torna sistemas autônomos desinteressantes onde há opção para usar a rede da concessionária. Postes solares também ganham na simplicidade da instalação, porém devem ser avaliados financeiramente em longo prazo por causa da troca das baterias no final da vida útil. Localidades afastadas, como sítios ou aldeias na região amazônica, frequentemente contam com mais do que uma fonte de energia: solar, eólica e gerador a diesel. Neste caso, o gerador é ligado somente em última necessidade, por causa do custo de combustíveis e manutenção. A combinação requer um controle automatizado que atenda às características de cada fonte. O termo “sistema híbrido” pode gerar confusão, porque é usado tanto para sistemas que usam fontes diferentes, explicados acima, quanto para inversores conectados à rede com baterias, que serão abordados em seguida. Figura 2: Tipos de sistemas fotovoltaicos http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 1 – APROVEITAMENTO DA ENERGIA SOLAR © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 3 3.2. Sistemas conectados à rede (on-grid) Usinas representam o tipo clássico de sistemas conectados à rede: toda a energia gerada é escoada instantaneamente à rede da concessionária, sem armazenamento local. Essa modalidade é denominada de Geração Centralizada (GC). A Geração Distribuída (GD) ocorre em locais onde há consumo próprio, como residências, prédios ou empresas. A energia gerada é aproveitada em primeiro lugar na instalação local, e apenas o excedente é injetado na rede da concessionária. No Brasil, a legislação determina que a concessionária devolva a energia injetada em outro horário, como se fosse uma bateria (compensação em net-metering). Há duas situações distintas onde a combinação com baterias em sistemas híbridos pode ser interessante: no nobreak solar, a energia armazenada é revertida quando a rede da concessionária falha. Neste caso, a potência e a autonomia do nobreak devem ser dimensionados conforme carga a ser alimentada, similarmente a sistemas autônomos. Já o gerenciamento de energia por baterias é usado na Europa e nos Estados Unidos: durante o dia armazena-se a energia para convertê-la à noite, durante o horário da ponta. No Brasil, esta opção começa a ficar viável em regiões com grande diferença entre as tarifas da ponta e fora da ponta. Os capítulos que publicaremos ao longo deste ano focarão em sistemas de geração distribuída. 4. Conexão do sistema solar à instalação predial Na geração distribuída, o sistema solar é introduzido em uma unidade de consumo que é formada por consumidores (iluminação, motores, refrigeração etc.), conectados a um quadro de distribuição, que recebe energia da rede da concessionária com medição unidirecional do consumo. O sistema solar é composto por • um arranjo fotovoltaico, um conjunto de módulos fotovoltaicos interligados, que gera a energia em corrente contínua, • e inversor(es) que transformam a energia gerada para corrente alternada em sincronismo com a rede. O sistema solar é conectado à instalação predial em algum quadro de distribuição adequado (fig. 3), não necessariamente o quadro do ponto de conexão. Após aprovação da instalação, a concessionária substitui o medidor por um modelo bidirecional que mede a energia consumida e a energia injetada, de forma independente. As duas leituras são usadas para emitir a conta de energia a cada mês (abordaremos detalhes em outro capítulo). Figura 3: Esquema da instalação predial com sistema solar http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 1 – APROVEITAMENTO DA ENERGIA SOLAR © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 4 5. Funcionamento dinâmico ao longo do dia Figura 4: Fluxo da energia em geração solar superior ao consumo Fig. 4 mostra o fluxo de energia em momentos com geração superior ao consumo: do inversor, a energia flui em direção ao quadro de distribuição. Dali, ela alimenta os consumidores. O excedente é injetado na rede da concessionária e contabilizado pelo medidor de injeção. Na fig. 5 observamos o momento de passagem de uma nuvem. A energia gerada cai instantaneamente e não supre mais a demanda total dosconsumidores. A energia da concessionária complementa a energia solar. A alimentação oscilante entre inversor e concessionária funciona em fluxo natural, sem chaveamento. O inversor simplesmente gera energia em uma tensão levemente superior à da rede, o que garante o escoamento preferencial. A situação descrita acima ocorre em diversas ocasiões, não somente numa passagem de nuvens: • No início e no final do dia, quando a irradiação é baixa • Em dias nublados ou chuvosos • Quando o consumo supera a geração, mesmo em dias ensolarados • Na ocasião de defeitos do sistema solar Observamos um ponto muito importante: o funcionamento dos aparelhos não depende do sol ou do sistema solar. Os moradores ou funcionários da empresa não precisam mudar sua rotina conforme o tempo – é a concessionária que garante a alimentação da unidade. À noite (fig. 6) não ocorre mais geração solar (aliás, é um mito que a lua consiga gerar energia) e toda a energia é suprida pela rede da concessionária. Figura 5: Fluxo da energia com geração inferior ao consumo Figura 6: fluxo da energia à noite http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 1 – APROVEITAMENTO DA ENERGIA SOLAR © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 5 A figura 5 mostra a situação da falta de energia. O inversor desliga automaticamente, por duas razões. Primeiramente, para evitar um choque no técnico da concessionária. Segundo, porque o sistema solar sem baterias não consegue garantir a potência necessária para alimentar qualquer aparelho. O desligamento automático é chamado de proteção “anti-ilhamento” (mais detalhes no capítulo sobre inversores) e a reconexão é automática. 6. Características do sistema fotovoltaico A instalação elétrica em uma residência ou uma empresa é simples, já que dispensa modificações na instalação existente. Apenas no quadro da conexão é inserido mais um disjuntor (vemos detalhes da instalação elétrica mais adiante). O sistema solar traz as seguintes vantagens: • Redução do custo de energia; • Maior autonomia: para muitas pessoas é importante saber que grande parte do consumo é gerado no próprio telhado; • Silencioso: na maioria dos inversores só se escutam os relês na hora de ligar. Alguns poucos têm um cooler de resfriamento que liga automaticamente quando o inversor esquenta; • Reduz carga térmica no prédio: a cobertura recebe muito menos sol, o que diminui a demanda por ar condicionado na edificação. Um sistema de alta qualidade requer como manutenção constante somente a limpeza dos módulos, duas vezes ao ano, que é efetuada com água e um pano macio. Apenas em locais com elevada carga de sujeira atmosférica recomenda- se uma limpeza mais frequente. Além disso, uma revisão periódica da instalação física e elétrica garante a longevidade com os benefícios previstos. 7. Próximo Capítulo No capítulo do próximo mês conheceremos as etapas da elaboração de um projeto fotovoltaico na visão macro. Acesse o manual completo aqui – é grátis! Figura 5: a falha da rede causa desligamento do inversor Figura 6: Inversor com quadros de proteção O autor, Hans Rauschmayer, é sócio-gerente da empresa Solarize Treinamentos Profissionais Ltda, onde montou a abrangente grade de capacitação. Reconhecido especialista em energia solar, ele já foi convidado para ensinar e palestrar em universidades, instituições, congressos nacionais e internacionais e vários programas de TV. Entre em contato pelo site www.solarize.com.br. Figura 8: : Inversor com quadros de proteção http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 http://www.solarize.com.br/ © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. | www.solarize.com.br R. Paschoal Carlos Magno, 57 20240-290 Rio de Janeiro RJ | contato@solarize.com.br | CNPJ 28.150.768/0001-60 © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. - Todos direitos reservados 1. Introdução No primeiro capítulo do manual de energia solar apresentamos as diferentes formas de aproveitamento da energia solar. Delas, selecionamos a geração distribuída com sistemas fotovoltaicos conectados à rede (SFCR) como tema dos capítulos e explicamos como este tipo de sistema é conectado numa rede predial e como ele se comporta ao longo do dia. No presente capítulo abordaremos as etapas da elaboração de um projeto desta modalidade. 2. As etapas do projeto A figura 1 apresenta as etapas de um projeto fotovoltaico conectado à rede. Em primeiro lugar, percebemos três áreas de atuação: 1. A fase da análise das informações; 2. A fase do projeto técnico; 3. A fase do cálculo do retorno energético e financeiro. As etapas serão descritas em seguida, seguindo a numeração do gráfico. (1) Análise do Consumo e Dimensionamento do Sistema No Brasil, a regulamentação da geração distribuída foi publicada pela Aneel na REN 482/2012. Ela impõe o conceito chamado de Net- Metering: o usuário é permitido a compensar seu consumo, mas ele não poderá vender energia. Queremos, nesta etapa, estabelecer a meta do futuro sistema solar. Usamos o consumo dos últimos 12 meses, eventualmente corrigido por previsões sobre aumento ou redução no futuro. MANUAL DE ENERGIA SOLAR 2 – O PROJETO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE Figura 1: As etapas da elaboração do projeto fotovoltaico para um sistema conectado à rede https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 MANUAL DE ENERGIA SOLAR 2 – O PROJETO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 2 Aliás, a implantação de medidas de eficiência energética antes ou em paralelo à instalação do sistema solar aumenta drasticamente o retorno financeiro do conjunto. Para obter a estimativa correta é imprescindível conhecer a tarifação do cliente: • De consumidores grupo B, que recebem energia em baixa tensão, é cobrada uma taxa mínima mensal (Custo de Disponibilidade); • As contas de clientes grupo A separam a demanda contratada do consumo e são calculadas em tarifas horo-sazonais. Dependendo do negócio, o cliente ainda pode compensar impostos aplicados na tarifa, o que reduz a viabilidade do projeto; • A potência da ligação do cliente à rede da concessionária limita a potência do sistema solar. Uma vez estabelecida a meta de geração, usamos os dados climáticos do local para estipular a potência do sistema que, supostamente, será necessário para obter tal geração. O dimensionamento será abordado em detalhe num dos capítulos finais, pois requer o entendimento da tecnologia fotovoltaica. Se quiser se antecipar, então procure o assunto na coletânea de apresentações no nosso site www.solarize.com.br. (2) Análise das Áreas Disponíveis Na segunda etapa procuramos áreas adequadas para gerar energia solar no terreno do cliente, geralmente parte da cobertura ou do terreno. A procura pelas áreas disponíveis costuma começar com estudo de imagens de satélite. Ferramentas como Google Earth permitem tomar as dimensões de forma aproximada e ajudam a ver obstáculos na superfície e ao redor. Posteriormente será necessário visitar o local e efetuar medições exatas. Figura 2: Classificação de áreas da cobertura de uma residência A melhor captação da energia solar se faz quando os módulos são orientados em direção ao equador, portanto ao norte na maior parte do Brasil. Por isso, escolhemos primeiramente a face norte de um telhado, e em seguida as faces leste e/ou oeste. Analisamos o sombreamento pela própria edificação, por prédios vizinhos, por árvores ou morros e classificamos as áreas conforme sua qualidade, como mostrado na figura 2. Qual é a área necessária? Cada kW de potência, estipuladana primeira etapa, necessita aproximadamente 6 m² em módulos. Há acréscimos para compensar má distribuição dos painéis, sombreamento, desvios da orientação ideal, e instalação em laje ou terreno (por causa dos corredores entre as fileiras). Outras opções, mais complexas, seriam ainda um estacionamento solar, que requer um projeto físico detalhado em paralelo ao estudo solar, ou fachadas. No nosso país, cruzado pelo equador, as fachadas recebem no máximo 50% da radiação que incide sobre as coberturas. Tais projetos dificilmente se pagam pelo retorno energético, mas podem ser bastante interessantes pelo viés arquitetônico ou de marketing verde. O resultado desta etapa é a demarcação de áreas utilizáveis para o sistema solar com classificação conforme a qualidade da captação da energia solar. http://www.solarize.com.br/ http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 2 – O PROJETO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 3 (3) Projeto Físico Figura 3: Cobertura com distribuição dos módulos Chegou a hora de distribuir módulos fotovoltai- cos na área disponível com objetivo de tentar alcançar a potência estipulada durante a primeira etapa. A figura 3 apresenta a distribuição de módulos na área classificada com A da etapa anterior, na residência do autor. O tipo de módulo é escolhido conforme os seguintes critérios: • Há, basicamente, dois formatos de módulos no mercado, com dimensões de aproximadamente 1,00m x 1,65m ou 1,00m x 2,00m. Ambos podem ser montados na posição retrato ou paisagem; • O desenho técnico mostra qual formato e qual posição melhor se encaixa na área disponível; • A eficiência do módulo se traduz na quantidade de área ocupada. Portanto é um critério mais importante em casos de área insuficiente; • Somente em casos muito específicos misturam-se diferentes modelos na mesma instalação. A fixação dos módulos na cobertura requer um cuidado adicional, porque traz riscos estruturais e/ou de infiltração, com possíveis danos de alto prejuizo. Geralmente, as soluções desenvolvidas prontas pela indústria são muito práticas e permitem um trabalho eficiente. A estética do conjunto requer um cuidado adicional. O cliente pode, inclusive, optar por uma solução tecnicamente inferior. (4) Projeto Fotovoltaico Esta etapa é o coração do projeto e será detalhada nos próximos capítulos. Escolhemos um ou mais inversores que funcionem bem com os módulos escolhidos na situação encontrada. A configuração deve preencher critérios de • Relação da potência entre arranjo fotovoltaico e inversores; • Compatibilidade das grandezas elétricas nas diferentes condições climáticas do local da instalação; • Configuração da ligação série-paralelo conforme sombreamento encontrado; • Compatibilidade com a rede elétrica que recebe a energia. Figura 4: O diagrama unifilar de um projeto fotovoltaico http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 2 – O PROJETO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 4 (5) Projeto Elétrico O projeto elétrico (fíg. 4) é formado por duas partes: o lado em corrente contínua, entre o arranjo fotovoltaico e o(s) inversor(es), e a ligação do inversor à rede predial, em corrente alternada. Ambas partes incluem • A definição dos dispositivos de proteção e seccionamento; • A definição dos cabos e da condução física deles pela edificação; • O aterramento com ligação equipotencial e interligação, se necessária, com o sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA). Como o inversor injeta energia na rede da concessionária, é necessário respeitar a norma dela e solicitar a aprovação do projeto. (6) Geração de energia A energia gerada (exemplo na fíg. 5) representa o benefício do sistema solar para o cliente. Ela pode ser estimada por uma simulação que usa os seguintes dados de entrada: • Os dados climáticos do local da instalação; • O sombreamento a partir de uma modelagem 3D do projeto físico, dos obstáculos e da posição do sol ao longo do ano; • A geração de cada módulo e considerando o sombreamento individual; • A interligação dos módulos com os devidos efeitos elétricos; • A conversão da energia gerada pelo inversor a cada instante, conforme curva de eficiência dele; • As perdas dentro da instalação elétrica. A resolução dos dados climáticos merece atenção especial, já que a oscilação dos parâmetros climáticos se propaga em todo o sistema fotovoltaico. Dados em intervalos horários (formato TMY = typical meteorológical year) são necessárias para que não se percam efeitos de dias ensolarados, parcialmente nublados ou chuvosos. Dados gerados em intervalos de minuto (softwares como PVSYST ou PV*SOL oferecem esta função) conseguem até simular a passagem de nuvens e situações de sombreamento mais complexos. Haverá outro capítulo sobre softwares fotovoltaicos. (7) Retorno Financeiro Figura 6: Gráfico de fluxo de caixa Para se chegar ao retorno financeiro, deve-se simular a conta de energia do cliente a partir do resultado da etapa anterior, da energia gerada a cada mês. Aqui entram vários parâmetros, como faixa de ICMS aplicada na tarifa, taxa mínima e contabilidade de créditos entre meses. Do lado do custo, são contabilizados o equipamento instalado, a mão de obra, custos bancários em caso de financiamento e a previsão de operação e manutenção (O & M). Figura 5: Gráfico da geração de energia com consumo no software PV*SOL http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 2 – O PROJETO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 5 Benefício e custo são organizados em uma tabela de fluxo de caixa (gráfico na fig. 6), de onde os seguintes indicadores são extraídos: • O prazo de retorno simples, quando os benefícios superam os investimentos; • O prazo de retorno descontado, que informa quando o investimento no sistema solar chega a render mais do que um investimento de comparação (ex. CDB); • A Taxa Interna de Retorno (TIR) que informa os juros que o sistema solar paga sobre o investimento; • O custo da energia ao longo da vida do projeto, um comparativo com a tarifa paga à concessionária (LCOE = levelized cost of Energy). Empresas eletrointensivas sofrem com oscilações nas tarifas e enxergam no sistema solar uma forma de se proteger contra aumentos da tarifa: uma vez instalado, o custo da energia solar é conhecido e reduz o risco tarifário. (8) Revisão Figura 7: Modelagem 3D no software PV*SOL premium Elaboramos o projeto, desde a primeira etapa, partindo de certas premissas: estipulamos a potência ideal conforme as condições climáticase a aumentamos em decorrência de defeitos da área disponível. Depois da simulação do projeto completo, precisamos agora comparar o resultado com a meta estabelecida e ajustar todos os parâmetros para melhorar o resultado. Aspectos estéticos ou a disposição financeira do cliente podem também exigir modificações do projeto. É comum elaborar o projeto fotovoltaico de forma evolutiva: a primeira proposta é emitida com premissas simplificadas, ainda sem visita no local. Na medida que a negociação avança, são definidos os detalhes. Nestas iterações, softwares profissionais mostram seu valor: a integração com mapas de satélites permite extrudar uma maquete com poucos cliques, inserir módulos e configurar inversores (veja fig. 7). Onde o detalhamento do projeto pode ser postergado, são aplicados valores padrão. Modificações ocorrem de forma pontual e as simulações apresentam os resultados de forma imediata. 1. Próximo Capítulo Os próximos capítulos explanarão o projeto técnico dosistema fotovoltaico, começando com módulos e inversores. As questões legais ficarão para o final, quando uma nova revisão normativa está prevista para ser publicada (acompanhe notícias no site www.solarize.com.br). Acesse o manual completo aqui – é grátis! O autor, Hans Rauschmayer, é sócio-gerente da empresa Solarize Treinamentos Profissionais Ltda, onde montou a abrangente grade de capacitação. Reconhecido especialista em energia solar, ele já foi convidado para ensinar e palestrar em universidades, instituições, congressos nacionais e internacionais e vários programas de TV. Entre em contato pelo site www.solarize.com.br. http://www.solarize.com.br/ http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 http://www.solarize.com.br/ © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. | www.solarize.com.br R. Paschoal Carlos Magno, 57 20240-290 Rio de Janeiro RJ | contato@solarize.com.br | CNPJ 28.150.768/0001-60 © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. - Todos direitos reservados 1. Introdução No primeiro fascículo do manual de energia solar aprendemos as características de sistemas fotovoltaicos conectados à rede (SFCR), instalados em geração distribuída (GD). O segundo fascículo explanou o passo-a-passo para elaborar um projeto deste tipo, abrangendo questões legais brasileiras e questões técnicas, que independem do país da instalação, e questões estéticas, individuais para cada cliente. Concluímos com a visão do cálculo do retorno de investimento do projeto. No presente fascículo abordaremos a tecnologia fotovoltaica, que transforma a luz em energia, e as características dos módulos fotovoltaicos. 2. A Composição da Irradiação Figura 1: A composição da irradiação Antes de nos debruçarmos sobre a tecnologia em si precisamos entender melhor nossa fonte energética, a radiação solar. Ela chega aos módulos fotovoltaicos por três caminhos: • A irradiação direta chega em linha reta e é reduzida pela atmosfera e eventuais nuvens; • A irradiação difusa é aquela refletida por partículas na atmosfera; • O albedo é a radiação refletida pelos arredores da instalação; • Os módulos aproveitam a irradiação total, que é a soma da irradiação direta, difusa e do albedo A norma NBR 10899:2006 define a terminologia da energia solar fotovoltaica. Importante é diferenciar entre os seguintes termos: • A Irradiância solar G é a potência incidente em uma área num determinado instante, medida em W/m²; • A Irradiação I ou H é o integral da irradiância, portanto é a energia que incide num certo intervalo, acumulado por hora, dia, mês ou ano [Wh/m²]. 3. A Tecnologia Fotovoltaica Figura 2:A geração de energia numa célula fotovoltaica Base da tecnologia fotovoltaica é um material semicondutor (Fig. 2: massa azul) que contém elétrons com baixa ligação aos átomos. Quando um raio de luz, na forma de um fóton, (raio amarelo na figura), alcança um desses elétrons MANUAL DE ENERGIA SOLAR 3 – TÉCNOLOGIA FOTOVOLTAICA E MÓDULOS https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 MANUAL DE ENERGIA SOLAR 3 – TÉCNOLOGIA FOTOVOLTAICA E MÓDULOS © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 2 (bolinha laranja), este consegue se liberar e escapar aos condutores (trilhos cinzas na superfície). Um fio elétrico conduz o elétron a uma carga (a lâmpada, na figura), de onde um segundo fio o leva de volta até o condutor inferior da célula fotovoltaica, fechando assim o circuito elétrico. As bolinhas azuis na imagem representam “buracos”, cargas positivas à espera de elétrons. Durante o processo ocorrem diversas perdas, cujo detalhamento extrapola o presente capítulo. Tradicionalmente, as células são captam luz somente pelo lado frontal. Em instalações de grande porte, a tendência é o uso de células bifaciais, onde a radiação refletida pelo ambiente também é aproveitada. 4. Materiais fotovoltaicos O material mais usado na fabricação de células fotovoltaicas é silício cristalino ultra purificado. Há dois processos distintos de fabricação: • O silício monocristalino é produzido em cristais uniformes, no formato de cilindros, que são cortados em lâminas quadradas (wafer) com pontas chanfradas. • O silício policristalino (também chamado de multicristalino) não apresenta a uniformidade cristalina, o que causa perdas na geração da energia. Ele é produzido em paralelepípedos que permitem, depois de cortados, preencher o módulo sem buracos entre as células. Essa diferença permite distinguir visualmente as duas tecnologias (fig. 3). Qual tecnologia escolher? • Silício monocristalino é mais eficiente (até 24%) do que o policristalino (até 19%). A maior eficiência reduz a área ocupada e o custo com suporte, cabeamento e mão de obra durante a instalação. Por si só, a eficiência não representa uma vantagem para o cliente, mas deve ser avaliada no contexto do projeto inteiro. • Perdas relacionadas à temperatura são significativas (veremos a seguir), especialmente no nosso país tropical, e geralmente menor na tecnologia monocristalina. Há várias tecnologias adicionais (ex. PERC) que aumentam a eficiência, mas podem ter efeitos adversos em clima tropical. É importante acompanhar as notícias a respeito. Além do silício cristalino há outros materiais, como filme fino ou orgânicos, sendo que silício cristalino corresponde por 94% do mercado mundial. Por causa dessa predominância, que deve ser ainda maior no Brasil, os capítulos a seguir se concentram em módulos cristalinos. 5. Combinação de Células Fotovoltaicos Figura 4: Composição de Células Fotovoltaicas em Módulos e Arranjos A dimensão mais comum das células fotovoltaicas é de 156 mm x 156 mm. Cada célula produz uma tensão de aproximadamente 0,5 V. Figura 3: Comparação entre módulo monocristalino (esq.) e policristalino http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 3 – TÉCNOLOGIA FOTOVOLTAICA E MÓDULOS © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 3 Para formar um módulo, as células são combinadas por ligação em série. Os formatos mais comuns para sistemas conectados à rede são módulos de 60 células (tensão na faixa de 30 V) e 72 células (tensão na faixa de 36 V). O tamanho dos módulos é muito similar entre os diferentes fabricantes: módulos de 60 células têm 1m de largura por 1,65m de comprimento, enquanto os de 72 células tem dimensão de 1 m x 2 m. Ambos podem ser instalados na posição retrato ou paisagem. Módulos destinados a sistemas com baterias costumam ser compostos de 36 células e são fabricados em diversos formatos. A combinação de módulos numa instalação real é denominada de “painel fotovoltaico”, conforme NBR 10899, o que pode causar equívocos, já que o próprio módulo também costuma ser chamado de painel (de inglês panel). O termo arranjo fotovoltaico evita este equívoco, mas se refere mais à conexão elétrica do que à montagem física dos módulos. Normas aplicáveis: • ABNT NBR 10899:2006 — Energia solar fotovoltaica – Terminologia • ABNT NBR 11876:2010 — Módulos fotovoltaicos — Especificação • IEC 61215 — Módulos fotovoltaicos em silício cristalino para aplicações terrestres - qualificação do design e aprovação do tipo. • IEC 61646 — o mesmo para módulos de Filme Fino • IEC 61730 — qualificação de segurança de módulos fotovoltaicos 6. Características Elétricas de Módulos Fotovoltaicos Figura 5: Curvas características de módulos fotovoltaicos A célula fotovoltaica gera energia em corrente contínua (c.c.), com um polo positivo e um negativo. Outras fontes em c.c. que conhecemos são baterias, mas com características completamente diferentes, como veremos a seguir. Na figura 5,a curva roxa apresenta a corrente I gerada pelo módulo em determinação da tensão V de saída, com as seguintes características: • Isc determina a corrente de curto circuito (do inglês short circuit = SC). Ela ocorre quando os conectores do módulo são interligados diretamente. Vale observar que o módulo, sob curto circuito, não é danificado. Ele simplesmente mantém uma certa corrente passando pelos condutores enquanto há incidência de luz. • Voc determina a tensão de circuito aberto (do inglês open circuit = OC) que ocorre quando o módulo está desconectado. • Na faixa inferior da tensão observamos um longo trecho quase constante e uma brusca queda após o ponto VPMP, que é deduzido da segunda curva. http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 3 – TÉCNOLOGIA FOTOVOLTAICA E MÓDULOS © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 4 • O módulo, portanto, é um gerador de corrente. A segunda curva apresenta a potência P do módulo sobre a tensão V. Vejamos as características: • Como a potência é o produto de tensão com corrente P = I x V, e a corrente é praticamente constante em grande parte da faixa, a curva ascende de forma quase linear. • Ela alcança o Ponto de Máxima Potência PPMP (em inglês seria PMPP = máximum power point) para depois cair fortemente. A potência nominal do módulo é aquela determinada no ponto PPMP. • A tensão VPMP e a corrente IPMP são deduzidos do ponto PPMP. 7. Características Elétricas sob Influências Climáticas As curvas apresentadas no item anterior e as características informadas na ficha técnica do produto são obtidas em laboratório, sobre as seguintes condições padrão de teste (STC = standard test conditions): • Irradiância de 1000 W/m², o que corresponde ao valor máximo possível em radiação direta sobre a superfície da terra • Temperatura de 25° C (na célula) • Espectro solar conforme AM = 1,5 (Air mass factor) Numa instalação real, essa combinação de condições raramente é alcançada. As condições climáticas variam constantemente e, com elas, as características elétricas do módulo. 7.1. A Influência da Irradiância Figura 6: A influência da irradiância A figura 6 mostra a influência da irradiância sobre as características elétricas: • A irradiância determina a corrente, já que a quantidade de fótons determina a quantidade de elétrons, responsáveis pelo fluxo elétrico. • A tensão é pouco afetada e alcança 30 V já com uma luz crepuscular. • A potência, sendo o produto de tensão e corrente, segue a irradiância. http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 3 – TÉCNOLOGIA FOTOVOLTAICA E MÓDULOS © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 5 7.2. A Influência da Temperatura Figura 7: A Influência da Temperatura O impacto da temperatura é apresentado na figura 7: • A corrente aumenta ligeiramente; • A tensão cai de forma significativa. A ficha técnica do módulo informa o coeficiente, na faixa de 0,3% / °C • Com a tensão, a potência é reduzida também, numa proporção de aproximadamente 0,4% / °C O resultado é uma perda que pode chegar a 20% em relação à potência nominal, quando o módulo alcança 75°C (no sistema da empresa Solarize, isso acontece em alguns momentos do ano). O efeito inverso ocorre, quando a temperatura do módulo cai abaixo de 25°C: a tensão aumenta acima dos valores informados na ficha técnica, e este aumento precisa ser levado em consideração na hora de compor módulos com um inversor, como veremos em outro capítulo. 7.3. A Variação Climática e o Seguidor do Ponto de Máxima Potência Figura 8: curvas de geração em dias com clima diferente Em dias de céu aberto, as condições climáticas mudam de forma gradativa, como mostra a curva vermelha na figura 8, obtida através de um monitoramento de um sistema solar ao longo de um dia. Já com a passagem de nuvens (curva azul, gravada em outro dia), as mudanças são abruptas. A irradiância chega a superar o máximo teórico de 1000 W/m² quando a irradiação direta se soma com irradiação refletida por nuvens. Com as condições climáticas oscilam também os parâmetros elétricos dos módulos. É tarefa do inversor assegurar que a potência máxima seja extraída dos módulos a qualquer instante, e ele conta com um elemento chamado seguidor do ponto de máxima potência (SPMP, em inglês MPP tracker = MPPT). O SPMP varia a tensão continuamente e observa a potência fornecida pelos módulos. http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 3 – TÉCNOLOGIA FOTOVOLTAICA E MÓDULOS © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 6 8. A Estrutura Física do Módulo Figura 10: A estrutura física de um módulo com moldura A figura 9 mostra a estrutura física do módulo: • A célula é envolvida entre dois filmes transparentes de EVA; • Por cima, ela é protegida por um vidro especial, de baixo teor de ferro, o que garante maior transparência; • Por baixo, um filme Tedlar (backsheet) protege o conjunto. • As camadas são laminadas em forno, para garantir a proteção contra umidade e oxigênio; • A moldura em alumínio anodizado, que permite fixação e aterramento, contém outra vedação de silicone. Opcionalmente, os módulos são fornecidos com moldura e filme Tedlar pretos, para formar uma superfície de cor uniforme. Módulos vidro-vidro (fig. 10) eliminam a moldura e estabilizam a célula, por causa da construção simétrica. Eles são usados preferencialmente em usinas de grande porte. 9. Próximo Capítulo No próximo capítulo conheceremos o inversor, cuja tarefa principal é extrair o máximo de energia dos módulos, o que ocorre em corrente contínua, e transformá-la em corrente alternada. Acesse o manual completo aqui – é grátis! Figura 9: A estrutura de um módulo vidro-vidro O autor, Hans Rauschmayer, é sócio-gerente da empresa Solarize Treinamentos Profissionais Ltda, onde montou a abrangente grade de capacitação. Reconhecido especialista em energia solar, ele já foi convidado para ensinar e palestrar em universidades, instituições, congressos nacionais e internacionais e vários programas de TV. Entre em contato pelo site www.solarize.com.br. http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 http://www.solarize.com.br/ © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. | www.solarize.com.br R. Paschoal Carlos Magno, 57 20240-290 Rio de Janeiro RJ | contato@solarize.com.br | CNPJ 28.150.768/0001-60 © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. - Todos direitos reservados Figura 1: O diagrama elétrico do sistema fotovoltaico conectado à rede 1. Introdução Nos capítulos iniciais do manual de energia solar abordamos características de sistemas fotovoltaicos conectados à rede (SFCR) e o passo- a-passo na elaboração de um projeto solar. No terceiro capítulo estudamos os módulos fotovoltaicos. No presente capítulo entraremos em detalhes sobre o inversor, o componente que transforma a energia gerada pelos módulos para que possa ser injetada na rede elétrica. 2. O Inversor Fotovoltaico Inversores são usados em várias áreas da engenharia elétrica com características distintas, conforme demanda de cada aplicação. Aqui estamos falando de inversores para sistemas fotovoltaicos conectados à rede, uma categoria de produtos com funções específicas. A figura 1 apresenta o diagrama elétrico do sistema inteiro, que será detalhado num capítulo específico. 2.1. Funções obrigatórias As seguintes funções devem estar presentes em todos os inversores: • A principal função do inversor é converter a energia gerada pelos módulos fotovoltaicos, em corrente contínua, para corrente alternada na tensão da rede à qual o inversor é conectado; • No capítulo anterior vimosque as características elétricas dos módulos variam com as condições climáticas (irradiância e temperatura). Por isso, o inversor contém na entrada um elemento chamado Seguidor do Ponto de Potência Máxima SPMP (em inglês MPPT = maximum power point tracker) que acompanha essas variações, procurando o melhor rendimento a cada instante; • O inversor injeta energia em uma rede conectada à concessionária. Ele usa tensão e frequência da rede como referência e se ajusta continuamente às oscilações percebidas (relê de sincronismo); • Quando a rede sai da faixa permitida de tensão e frequência, ou quando há falha de fase, então o inversor se desliga automaticamente, o que é chamado de “anti-ilhamento”; MANUAL DE ENERGIA SOLAR 4 – O INVERSOR FOTOVOLTAICO https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 MANUAL DE ENERGIA SOLAR 4 – O INVERSOR FOTOVOLTAICO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 2 • Internamente, o inversor se protege contra superaquecimento e contra uma potência de entrada excessiva. Nestes casos, o inversor reduz sua potência de saída; • Ele ainda supervisiona o circuito da entrada em relação à resistência de isolamento entre os polos e a terra. Em casos de falhas, ele se desliga e dispara um alarme; • O mesmo ocorre em casos de passagem de corrente contínua para a rede de corrente alternada (para inversores sem transformador interno, o tipo comum). 2.2. Funções opcionais Algumas funções são opcionais e incluídas conforme decisão do fabricante do inversor: • O monitoramento envia os dados de produção via internet para o servidor do fabricante. • Alguns inversores permitem conexão de sensores de irradiância, de temperatura ou medidores de energia com fins de enriquecer o monitoramento; • O inversor pode conter componentes elétricos como seccionadores, fusíveis ou dispositivos de proteção contra surtos. Estes componentes, alternativamente, seriam colocados em caixas separadas. 2.3. Tipologias de Inversores Há diferentes tipologias de inversores a respeito do melhor aproveitamento de cada módulo: inversores com várias entradas (multi-MPPT), microinversores e inversores com otimizadores de potência. Estes conceitos serão abordados após discutir a conexão entre módulos e inversores e questões de sombreamento, nos próximos capítulos. 2.4. Normas para Inversores As características da conexão com a rede elétrica de distribuição foram definidas na norma ABNT NBR 16149:2013, e foram incluídas também nos Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional PRODIST Módulo 3 e nas normas da maioria das concessionárias. A respectiva norma internacional é a IEC62109:2011. Todos os inversores vendidos no Brasil com potência até 10 kW devem ser certificados pelo Inmetro. Os mais potentes são aprovados pelas concessionárias mediante apresentação de um certificado de laboratório internacional. 3. As Características Elétricas 3.1. As Características da Entrada em c.c. A entrada do inversor recebe a energia gerada pelo arranjo fotovoltaico, em c.c., que é especificada pelas seguintes características: • Potência nominal Pnom e potência máxima Pmax • Corrente máxima Imax • Tensão máxima Vmax • Faixa de tensão permitida em operação: VPMP min e VPMP max • Tensão mínima para início do trabalho Vstart O arranjo fotovoltaico, que consiste numa conexão série-paralela de módulos, deve ser configurado da forma que não passe das Figura 2: Instalação do inversor da marca Fronius durante o curso da Solarize http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 4 – O INVERSOR FOTOVOLTAICO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 3 características acima. Como isso é calculado aprenderemos no próximo capítulo. 3.2. As Características da Saída em c.a. A saída em corrente alternada é caracterizada pelas seguintes grandezas: • Potência nominal Pnom (igual à potência máxima de entrada) e potência máxima Pmax • Corrente máxima Imax • Tensão nominal e faixa de tensão • Quantidade de fases • Frequência nominal e faixa permitida A maioria dos inversores de baixa potência (até cerca de 5 kW) é oferecida com a saída em 220 V monofásica. Estes inversores são conectados entre fase e neutro ou entre fase e fase, dependendo da tensão da rede local. Há poucos produtos com saída em 127 V. Verifique com os fabricantes quais inversores se adaptam a redes menos comuns no Brasil, com tensão em 115 V, 120 V, 208 V, 230 V e 254 V. Os inversores maiores apresentam saída trifásica com tensões variadas. Detalharemos este assunto no capítulo sobre a conexão elétrica. 3.3. A Proteção de Anti-Ilhamento Inversores conectados à rede não devem trabalhar de forma ilhada, por duas razões: 1. Eles fornecem a cada instante a potência recebida, que oscila em decorrência das condições climáticas (ex. passagem de nuvens), sem poder garantir a potência suficiente para o funcionamento de qualquer carga; 2. A injeção de energia na rede desligada poderia expor ao risco de choque algum técnico que esteja fazendo manutenção da rede. O inversor deve operar normalmente na faixa de 80% ... 110% da tensão nominal da rede e desligar quando a tensão sair disso. A faixa permitida da frequência vai de 57,5 Hz até 62 Hz, sendo que o inversor deve reduzir a potência gradativamente acima de 60,5 Hz conforme gráfico da fig. 3. Após um desligamento por falhas na rede, o inversor volta a operar automaticamente sem intervenção manual, da mesma forma que ele “acorda” toda manhã com a primeira claridade. O tempo de religamento é definido pela concessionária local e publicada na norma dela e varia de 30 a 300 segundos. Somente inversores com bateria conseguem trabalhar de forma ilhada – veja capítulo a seguir. 3.4. A Eficiência do inversor A eficiência do inversor é a relação entre a energia injetada na saída e a energia recebida na entrada. Ela depende das condições elétricas a cada instante (veja fig. 4). Além da eficiência máxima, a ficha técnica do inversor apresenta a “eficiência europeia”, um valor ponderado sobre a eficiência em diferentes faixas da potência do inversor que serve para comparar diferentes produtos. Figura 4: Comportamento do inversor sob variações da frequência da rede. Fonte: NBR 16149 Figura 3: Curva de eficiência de um inversor no software PV*SOL http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 4 – O INVERSOR FOTOVOLTAICO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 4 A eficiência efetiva pode ser estipulada usando programas que simulam o sistema fotovoltaico ao longo de um ano típico, em passos de hora ou de minuto, como PV*SOL ou PVSyst. 4. Onde Instalar o Inversor Inversores aquecem internamente e dissipam o calor por convecção natural ou usando coolers internos. Por facilitar isso, deve-se escolher um local de instalação arejado, sem poeira e sem incidência do sol. O manual de instalação de cada fabricante informa sobre distâncias mínimas ao redor do inversor (fig. 5). Muitos inversores permitem até instalação ao tempo, já que contam com um grau de proteção IP 65 ou superior, mas não é recomendado. O inversor é acessado somente em casos de manutenção, e ele deve estar fora do alcance de crianças, especialmente quando há fios expostos. No entanto, a norma da Aneel exige um fácil acesso para o comissionamento pelo técnico da concessionária. Faclitar o cabeamento c.c. e c.a. também é importante, já que o comprimento do fio determina a bitola dele. Para monitoramento é importante verificar o acesso à internet, por cabo ou Wifi. Quem julga sobre a estética é o proprietário que deseja ver fotos para poder imaginar como o equipamento se insere no local. 5. MonitoramentoOs inversores atuais permitem acompanhar seu funcionamento pela internet. O proprietário deseja verificar a energia gerada ou mostrar a amigos sua nova aquisição. Além disso, ele precisa saber de defeitos muito antes de receber uma alta conta de energia. Já para o instalador, o monitoramento serve para averiguar se o sistema realmente está funcionando de forma satisfatória. Ele ainda pode detectar defeitos, planejar uma manutenção ou antecipar problemas remotamente e sem depender de uma irradiação forte durante uma eventual visita à instalação. O instalador usa os dados acumulados durante o mês junto com a conta de energia para explicar ao cliente os fluxos da energia: este precisa aprender que a energia que é consumida na hora da geração não aparece na conta de energia, porque não passa pelo medidor (autoconsumo). Geralmente, os inversores enviam informações sobre a potência atual e sobre a energia acumulada ao longo do dia, mês e ano ao site do fabricante do equipamento. O acesso se dá via aplicativo, resumido e mais bonito, ou via site, com mais detalhes. Muitos sites ainda enviam avisos por e-mail quando o sistema está fora do ar ou apresenta defeitos. No entanto, não é simples verificar se um sistema está realmente funcionando bem. Afinal de contas, ele depende das condições climáticas que oscilam. Estratégias compreendem a comparação Figura 6: Distâncias mínimas para refrigeração, conforme manual de instalação da PHB Figura 5: Geração diária de um inversor (barras coloridas) comparadas com a meta calculado pela irradiância (triângulo) no sistema Solarize http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 4 – O INVERSOR FOTOVOLTAICO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 5 entre inversores da mesma instalação, entre diferentes sistemas na mesma região (cuidado com microclima!), ou com sensores de irradiância. 6. Inversores Híbridos com Baterias Inversores com baterias carregam e descarregam baterias em paralelo à injeção na rede ou à alimentação de cargas. Eles podem servir a dois propósitos: 1. Gerenciar energia: parte da energia gerada ao longo do dia é injetada no horário da ponta. Este modelo é interessante quando a tarifa da ponta é muito superior à fora da ponta, ou quando a legislação restringe a energia injetada. 2. Nobreak solar: as baterias servem para alimentar cargas no caso de falhas na rede. As condições no Brasil ainda não viabilizam a primeira opção – há expectativas que isso seja alcançado ao longo dos próximos anos, quando a frota de veículos elétricos levar à redução do preço das baterias. A segunda opção atende a um nicho de mercado crescente, já que segurança energética apresenta um valor alto para empresas e um conforto importante para residências. Os projetos misturam cálculos de sistemas autônomos (“off- grid”) e sistemas conectados à rede e requerem uma intervenção na instalação elétrica do cliente para criar uma rede emergencial. Em caso de ilhamento, o sistema precisa garantir a desconexão do gerador da rede. O tema excede o conteúdo previsto para os capítulos desta série. 7. Próximo Capítulo O próximo capítulo será dedicado ao cálculo da conexão entre módulos e inversor para determinar o layout elétrico do arranjo fotovoltaico. Acesse o manual completo aqui – é grátis! O autor, Hans Rauschmayer, é sócio-gerente da empresa Solarize Treinamentos Profissionais Ltda, onde montou a abrangente grade de capacitação. Reconhecido especialista em energia solar, ele já foi convidado para ensinar e palestrar em universidades, instituições, congressos nacionais e internacionais e vários programas de TV. Entre em contato pelo site www.solarize.com.br. http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 http://www.solarize.com.br/ © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. | www.solarize.com.br R. Paschoal Carlos Magno, 57 20240-290 Rio de Janeiro RJ | contato@solarize.com.br | CNPJ 28.150.768/0001-60 © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. - Todos direitos reservados 1. Introdução Nos capítulos anteriores do manual de energia solar abordamos características de sistemas fotovoltaicos conectados à rede (SFCR) e o passo- a-passo na elaboração de um projeto solar. Depois conhecemos os módulos fotovoltaicos e o inversor, componentes principais do nosso sistema. Chegou a hora de compreender como se configura um arranjo fotovoltaico com determinados módulos e o inversor escolhido e definir, chegando à conexão série-paralelo dos módulos. Uma planilha que efetua os cálculos apresentados neste capítulo está disponível na mesma página do manual. 2. Visão Geral Costumo chamar a configuração entre módulos e inversor de “casamento”, já que ela deve funcionar por muitos anos, em dias de sol e de chuva, e em horas de calor e de frio. O casamento vai funcionar, se os parâmetros elétricos de tensão, corrente e potência dos módulos e do inversor forem compatíveis, na conexão série-paralelo escolhida. Como a tensão do módulo depende da temperatura das células devemos levar ainda em consideração o local da instalação com suas condições climáticas, e a ventilação dos módulos na condição em que serão instalados (paralelo ao telhado ou em fileiras elevadas). 3. Temperaturas no Local da Instalação Aprendemos no capítulo 3 que a tensão produzida pelo módulo é fortemente afetada pela temperatura, com comportamento inverso: quanto maior o calor do módulo, menor é a tensão de saída. • A faixa de temperatura do módulo em operação determina a faixa de tensão na saída do módulo VPMP. A temperatura máxima do módulo Tcélula,máx determina a menor tensão de saída do módulo em operação VPMP,mín. A literatura recomenda usar um valor 30°C a 40°C acima da máxima ambiental do local, MANUAL DE ENERGIA SOLAR 5 – CONFIGURAÇÃO DO ARRANJO FOTOVOLTAICO COM O INVERSOR Figura 2: O arranjo fotovoltaico é uma conexão série- paralela de módulos que precisa combinar com as características do inversor Figura 1: Curva característica V-P em diferentes temperaturas, gerada no software PV*SOL https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 https://materiais.solarize.com.br/manual-de-energia-solar-tecnologia-fotovoltaica-e-modulos MANUAL DE ENERGIA SOLAR 5 – CONFIGURAÇÃO DO ARRANJO FOTOVOLTAICO COM O INVERSOR © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 2 dependendo da ventilação dos módulos e da ocorrência de vento no local. • A temperatura mínima da célula em operação Tcélula,mín determina a tensão VPMP,máx. É a temperatura que o módulo alcança com um pouco de irradiação. • A terceira condição climática a ser considerada é a temperatura mínima do local da instalação Tambiente,mín. Ela causa a tensão máxima que o módulo produz, VOC,máx. O INPE oferece a busca por dados climáticos, mas geralmente prevalece o bom senso e a experiência na definição do trio das temperaturas. A tabela 1 lista valores que podem servir como referência. Tabela 1: Valores referenciais para a escolha das temperaturas características Fonte Tcélula,máx Tcélula,mín Tambiente,mín Alemanha 70°C 15°C -10°C Sistema Solarize (Rio de Janeiro – RJ) 75°C 25°C +10°C A variação da corrente com a temperatura é desprezível e não costuma ser levada em consideração. 4. Dados Características do Módulo Para efetuar o cálculo, buscamos os seguintes dados na ficha técnica do módulo: • Potência nominal Pmód,nom; • Corrente de curto circuito Imód,SC; • Tensão PMP nominal Vmód,PMP; • Tensão em circuito abertoVmód,OC; • Coeficiente da variação da tensão com a temperatura CoefV, comumente informado em % / °C ou % / K (observação: 1 K = 1 °C). Em seguida calculamos as tensões derivadas das temperaturas no local da instalação. As tensões informadas na ficha técnica foram medidas nas condições STC, sob 25°C (veja capítulo 3). A seguinte fórmula aplica o coeficiente da variação da tensão e a diferença da temperatura: Os valores derivados são: • Tensão máxima e circuito aberto Vmód,OC,máx • Tensão mínima e máxima em operação Vmód,PMP,mín e Vmód,MP,máx (obs.: usando a fórmula chegamos a um valor aproximado para Vmód,PMP, já que o valor exato pode ser determinado somente com um software de simulação). 5. Dados Características do Inversor Na ficha técnica do inversor escolhido buscamos os seguintes dados: • Potência nominal Pinv,nom; • Potência máxima Pinv,máx; • Corrente máxima Iinv,máx; • Tensão máxima Vinv,máx; • Faixa de tensão de operação Vinv,PMP,mín e Vinv,PMP,máx. O objetivo é calcular a combinação entre os módulos e o inversor, portanto devemos buscar os valores da entrada do inversor, em c.c.. No entanto, a potência nominal pode ser informada na seção c.c. ou c.a., dependendo do fabricante. 6. O Cálculo do Arranjo Fotovoltaico Depois de colher as informações básicas podemos agora mapear as características elétricas dos módulos com as do inversor Figura 3: O layout do arranjo fotovoltaico é determinado respeitando os limites do inversor http://www.solarize.com.br/ https://materiais.solarize.com.br/manual-de-energia-solar-tecnologia-fotovoltaica-e-modulos MANUAL DE ENERGIA SOLAR 5 – CONFIGURAÇÃO DO ARRANJO FOTOVOLTAICO COM O INVERSOR © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 3 escolhido. Objetivo é definir o arranjo fotovoltaico, que é a associação de n séries fotovoltaicas (usamos a seguir o nome inglês, string) em paralelo, cada com m módulos conectados em série (figura 3). Importante: O arranjo precisa ser homogêneo, usando somente um modelo de módulo e o mesmo número de módulos em todos os strings. Casos onde isto não é possível serão analisados no próximo capítulo, que tratará também de sombreamento parcial. Pelas leis ôhmicas, a tensão resultante de cada string é o produto do número de módulos m com a tensão de cada módulo. A corrente resultante do arranjo é o produto do número de strings n com a corrente de cada string. O mapeamento é feito por condições independentes que, depois, são reunidas. (A) Número máximo de módulos por string, pela tensão máxima do inversor A primeira condição calcula o número máximo de módulos m por string que podemos conectar em série, respeitando a limitação do inversor. O número máximo de módulos por string mmáx é igual à tensão máxima da entrada do inversor Vinv,máx, dividida pela tensão máxima do módulo em circuito aberto Vmod,OC,máx. (B) Número máximo de módulos por string, pela tensão de operação A segunda condição calcula, quantos módulos podemos conectar em série, considerando agora o limite de tensão de operação do inversor: Esta condição é calculada independentemente de (A), mas como resultado deve valer o menor número dos dois, ainda arredondado para baixo. (C) Número mínimo de módulos por string, pela tensão de operação O inversor exige um número mínimo de módulos para trabalhar, que é calculado dividindo a tensão mínima do inversor pela tensão mínima do módulo, ambos em condição de operação: O número resultante deve ser arredondado para cima. (D) Número máximo de strings O número máximo de strings conectados em paralelo é calculada dividindo a corrente máxima de entrada do inversor pela corrente gerada pelos módulos em condições padrão: (E) Potência máxima O fabricante indica a potência máxima do arranjo fotovoltaico na ficha técnica, que determina número máximo total de módulos que devem ser conectados: A potência máxima é correlacionada ao fator de dimensionamento, que discutiremos em seguida, e não representa uma restrição crítica. http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 5 – CONFIGURAÇÃO DO ARRANJO FOTOVOLTAICO COM O INVERSOR © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 4 (F) Fator de dimensionamento O fator de dimensionamento expressa a relação da potência entre o arranjo fotovoltaico e o inversor e costuma ser informado em porcento. É comum superdimensionar o arranjo, já que a potência nominal dos módulos raramente é alcançada em clima tropical. Um FDI entre 100% e 120% é considerado conservador. Um FDI mais alto traz a vantagem de reduzir o investimento, mas acarreta um corte de produção em horas de alta irradiância. A figura 4 mostra este efeito: o sistema com FDI de 158% (linha azul) perde energia quando a potência máxima do inversor é alcançada. Já o sistema com FDI de 119% raramente alcança a potência máxima. Outra desvantagem de um alto FDI é o aquecimento da eletrônica de potência que pode reduzir a longevidade do inversor. Recomenda-se consultar o fabricante para assegurar as condições de garantia. Um FDI abaixo de 100% é aceitável quando não se encontra um inversor menor com potência adequada, algo frequente em sistemas muito pequenos. 7. Verificação de Alternativas Depois de calcular as condições, podemos verificar alternativas do layout elétrico. Vamos usar um exemplo resumido para compreender este procedimento: • Pretendemos montar um sistema de 12 kWp, usando 40 módulos de 300 Wp de um determinado modelo; • Um inversor de 10 kW seria adequado, levando em consideração um FDI de 120%; • Usamos as fichas técnicas do módulo e do inversor para levantar os dados listados acima e calcular das condições listadas acima; • Com 40 módulos temos as seguintes alternativas de layout: 5 strings de 8 módulos, 4 strings de 10 módulos ou 2 strings de 20 módulos; • Testamos as alternativas contra as condições apresentadas no capítulo anterior para determinar quais delas são permitidas. • Em termos elétricos, é favorável aumentar o número de módulos por string para manter a corrente baixa. No entanto pode haver outros critérios da execução que nos levam a priorizar uma alternativa diferente. Se nenhuma das alternativas for viável, então é necessário mudar a escolha do equipamento e refazer o cálculo. Isso ocorre com certa frequência com inversores que apresentam uma faixa estreita de tensão. Se um determinado inversor, por exemplo, permitir somente 19 ou 20 módulos por string, então o número total de módulos deve ser divisível por 19 ou 20, e a área de montagem deve permitir a fixação deste número de módulos. Figura 4: Comparação entre um sistema com FDI de 119% (linha amarela) com um de 158% (linha azul), simulado no software PV*SOL http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 5 – CONFIGURAÇÃO DO ARRANJO FOTOVOLTAICO COM O INVERSOR © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 5 8. Uso da Planilha Disponibilizamos no nosso site uma planilha (figura 5, acesse aqui) que efetua os cálculos apresentados neste capítulo e que contém um exemplo completo. A planilha serve para configurar projetos reais, ela não é meramente didática. Ela deve ser preenchida na seguinte sequência: 1. Local da instalação; 2. Dados do módulo: preencha os campos em azul. Os campos em cinza apresentam resultados intermediários e os em verde, resultados finais; 3. Dados do inversor: procure os dados na ficha técnica; 4. Após preencher os dados acima, o quadro “Cálculo” já apresenta as condições de mapeamento, com números mínimos e máximos de módulos e strings; 5. Fator de dimensionamento: informe aqui o limite inferior e superior da faixa tolerada e da faixa ideal; 6. Verificação de alternativas: preenche os campos“Nº de strings” e “Nº módulos por string” e observe o campo “Verificação” à direita, que testa a alternativa contra as condições no quadro “Cálculo” A planilha está com os campos todos abertos para que você possa verificar e, se for necessário, modificar as fórmulas. 9. Outros tipos de inversores Apresentamos o cálculo para a tipologia chamada de “inversor string”, com apenas uma entrada. Há outras opções, cuja discussão detalhada extrapola o espaço do capítulo: • Inversores múlti-MPPT oferecem mais do que uma entrada, cada uma com seu seguidor de ponto de máxima potência SPMP (inglês MPPT). Neste caso, o cálculo deve ser repetido para cada entrada separadamente, cujas características podem ser diferentes. O fator de dimensionamento deve ser avaliado para cada entrada, e também para inversor como um todo; • A configuração de Microinversores, que atendem de um a quatro módulos, usa os mesmo cálculos apresentados acima; • Para sistemas com otimizadores de potência é necessário efetuar o cálculo para cada otimizador separadamente. Além disso, há regras para o número de otimizadores que podem ser conectados a cada entrada do inversor. Consulte a documentação do fabricante. 10. Próximo Capítulo No presente capítulo tratamos de arranjos fotovoltaicos homogêneos. A realidade, no entanto, nos desafia com telhados complexos de várias águas e com objetos que causam sombreamento, atrapalhando a geração de energia. Estes desafios serão o tema do próximo capítulo. Acesse o manual completo aqui – é grátis! O autor, Hans Rauschmayer, é sócio-gerente da empresa Solarize Treinamentos Profissionais Ltda, onde montou a abrangente grade de capacitação. Reconhecido especialista em energia solar, ele já foi convidado para ensinar e palestrar em universidades, instituições, congressos nacionais e internacionais e vários programas de TV. Entre em contato pelo site www.solarize.com.br. Figura 5: A planilha de configuração http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 http://www.solarize.com.br/ © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. | www.solarize.com.br R. Paschoal Carlos Magno, 57 20240-290 Rio de Janeiro RJ | contato@solarize.com.br | CNPJ 28.150.768/0001-60 © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. - Todos direitos reservados 1. Introdução Conhecemos, nos capítulos anteriores do manual de energia solar, o projeto de um sistema solar como um todo e os principais componentes, módulos e inversores, e aprendemos como configurá-los conforme suas características elétricas. No presente capítulo abordaremos como tratar as dificuldades que a realidade nos impõe: sombreamento parcial de módulos ou outras formas de descasamento que impedem o perfeito aproveitamento da radiação solar. 2. Visão Geral Descasamento (o termo em inglês “mismatch” é mais usado na prática) ocorre quando as características elétricas de módulos interconectados não são iguais. Possíveis causas são • Defeitos técnicos; • Diferentes modelos; • Insolação diferente devido a sombreamento parcial (veja figura 1) ou instalação em planos divergentes (consulte capítulo 3). 3. O Efeito Elétrico do Descasamento Frequentemente se escuta que um módulo sombreado inibe a série inteira de módulos (string) de gerar energia, em analogia ao caso de um rádio com pilhas, das quais uma está esgotada. Essa comparação é simplista demais – no nosso caso precisamos analisar a curva característica do string. Vamos aproveitar o exemplo da figura 1. Do string que ocupa a metade da esquerda do telhado, quatro módulos recebem pleno sol e os outros têm algum sombreamento (o software informa valores entre 2% e 85%). A figura 2 retrata a curva característica do string no exato instante daquela imagem. • A curva azul (corrente versus tensão) evidencia que apenas parte dos módulos consegue gerar a corrente total de aprox. 2,7 A, enquanto o restante é limitado a uma corrente de 0,8 A; • A curva preta (potência versus tensão) apresenta dois máximos locais, um com um pouco mais de 500 W e o outro pouco acima de 300 W. MANUAL DE ENERGIA SOLAR 6 – SOMBREAMENTO E OUTRAS FORMAS DE DESCASAMENTO Figura 1: Exemplo de sistema solar com sombreamento pela árvore numa manhã de inverno, modelado no software PV*SOL premium Figura 2: Curvas características geradas no software PV*SOL para a situação da figura 1, com sombreamento https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 http://www.pvsol.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 6 – SOMBREAMENTO E OUTRAS FORMAS DE DESCASAMENTO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 2 Se o inversor conectado ao string encontrar o ponto PMP1, então ele vai fornecer 500 W. Dependendo das condições, ele pode encontrar somente PMP2 e permanecer na geração de 300 W. Ambos pontos não aproveitam a potência dos módulos por completo (veremos alternativas mais adiante). Já a figura 3 mostra a curva característica duas horas depois, quando todos os módulos se encontram sob pleno sol. As duas curvas são uniformes com somente um ponto de máxima potência, com mais de 2000 W. 4. Diodos de Desvio O descasamento não somente causa perdas, ele também pode danificar módulos, devido à conexão em série das células: quando todas as células recebem a mesma radiação, elas produzem a mesma corrente. No momento em que uma célula é sombreada, ela deixa de produzir e vira resistência por onde passa a corrente gerada pelas outras células. Em consequência a célula aquece (efeito hot spot). Sem proteção, este aquecimento poderia até derreter a célula. Por isso, os módulos contam com diodos de desvio (by-pass), que conduzem a corrente reversa, tirando as células inoperantes do circuito. Normalmente, há três diodos de desvio por módulo, cada um protegendo duas fileiras do módulo. 1. Sombreamento Vamos analisar o grande vilão, o sombreamento, começando pelo percurso do sol. 1.1. Geometria solar A figura 4 mostra o percurso do sol para a latitude do Rio de Janeiro: • Durante o inverno, o sol nasce no Nordeste, passa pelo Norte, e se põe no Noroeste; • No verão, o percurso começa no Sudeste e termina no Sudoeste. O ápice chega ao zênite no solstício do verão (dia 21 de dezembro); • Ao longo do ano, o sol faz um percurso entre os dois apresentados na figura. Em latitudes menores (locais mais próximos ao equador), a altura do sol no inverno é maior e o sol do verão passa mais ao sul. Já em latitudes maiores, o sol do meio-dia fica mais baixo e mais ao norte, com uma variação maior entre nascer e pôr do sol. 1.2. Sombra Distante Figura 3: Sombreamento pelo horizonte no diagrama e na modelagem 3D no software PV*SOL premium Objetos distantes da nossa planta solar afetam todos os módulos da mesma forma, num efeito Figura 1: Curvas características sem sombreamento Figura 2: O percurso solar nas estações do ano. Fonte: pacearquitetura.ning.com http://www.solarize.com.br/ http://www.pvsol.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 6 – SOMBREAMENTO E OUTRAS FORMAS DE DESCASAMENTO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 3 liga/desliga. Eles são modelados como horizonte (figura 5). Um meio simples para analisar o horizonte é o aplicativo Sun Surveyor para smartfones que projeta a curva solar na imagem captada pela câmera. Publicamos um manual de uso do aplicativo no site. 1.3. Sombreamento próximo Figura 4: Sombreamento pela antena parabólica Objetos próximos ao nosso arranjofotovoltaico causam sombra que afeta parte dos módulos e se “movimenta” pelos módulos conforme percurso solar diário e anual: • A sombra visível na figura 1 ocorre no dia 21/06 às 9hs. Durante o verão, a casa deste exemplo fica fora da sombra da árvore; • Em contrapartida ocorre sombreamento pela antena parabólica durante os meses do verão (figura 6). 1.4. Análise da Situação Figura 5: Frequência de sombreamento ao longo do ano (visualização PV*SOL premium) A visualização da sombra (figuras 1 e 6) ajuda a compreender causas do sombreamento, mas retrata apenas certos instantes. O cálculo do percentual das horas com sombra ao longo do ano (figura 7) é uma informação mais rica e ajuda ao projetista tomar decisões sobre a colocação dos módulos: • Neste exemplo, percebemos um alto percentual próximo à antena, indicando que deveríamos afastar os módulos dela (ou então remover a antena para outro lugar). • Pela sombra da árvore há outros valores elevados. Estes seriam os primeiros módulos a serem retirados se uma potência reduzida fosse suficiente para o cliente. 2. Como Otimizar um Sistema com Descasamento O projetista deve reduzir as perdas por descasamento, pela seleção do módulo apropriado, a melhor instalação física dos módulos, a devida escolha da tecnologia do inversor e a adequada interligação do arranjo. 2.1. Inversor String ou Multi-MPPT O inversor string recebe a energia de uma grande quantidade de módulos em cada entrada dele (chamado de SPMP ou MPPT, veja capítulos 4 e 5) e exige mais homogeneidade no subarranjo que é conectado a uma entrada: Use o mesmo modelo de módulos, todos com a mesma orientação geográfica e com a mesma inclinação. No entanto é possível dividir o arranjo e conectar partes com características diferentes em entradas separadas. No nosso exemplo é recomendável escolher um inversor com duas entradas, no mínimo, e separar os módulos do lado esquerdo, sombreados pela árvore, dos da direita, sombreados pela antena. Voltando à figura 2, da curva característica, é importante evitar que o inversor permaneça no Ponto de Máxima Potência inferior PMP2. http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/site_content/17-base-de-conhecimento/118-analise-do-sombreamento-com-o-aplicativo-sun-surveyor https://www.solarize.com.br/site_content/17-base-de-conhecimento/118-analise-do-sombreamento-com-o-aplicativo-sun-surveyor http://www.pvsol.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 MANUAL DE ENERGIA SOLAR 6 – SOMBREAMENTO E OUTRAS FORMAS DE DESCASAMENTO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 4 Além disso, é deve-se escolher um inversor com otimização de sombreamento. Esta função percorre a curva característica (figura 2) de tempos em tempos com objetivo de identificar o maior ponto PMP existente (ex. Fronius Dynamic Peak Manager). 2.2. Micro Inversores Figura 6: Monitoramento de sistema com micro inversores APS A figura 8 mostra o monitoramento de uma instalação com micro inversores, com a foto real à direita. Os números no gráfico à esquerda, e as barras cor laranja representam a energia gerada naquele instante (de manhã cedo – a foto foi tirada em outro momento). É visível que os módulos da fileira inferior sofrem com o sombreamento pela platibanda, especialmente os centrais, onde a platibanda é mais alta (o monitoramento retrata um momento de manhã, diferente da hora quando a foto foi tirada). Neste caso, os micro inversores foram vantajosos também por causa do espaço disponível no telhado: couberam módulos menores na fila inferior, e maiores, na superior. Outros dois módulos foram instalados na água oposta, não visíveis na foto. 2.3. Inversores com Otimizadores de Potência Figura 7: Diagrama do inversor com otimizadores O inversor fotovoltaico comporta duas funções que podem ser separadas: o Seguidor do Ponto de Máxima Potência (SPMP, inglês Maximum Power Point Tracker MPPT). No conceito do inversor com otimizadores de potência (figura 9), o componente que une o SPMP e um conversor c.c. / c.c é instalado por baixo dos módulos. Já o inversor propriamente dito se limita à conversão de c.c. para c.a. Este conceito traz as mesmas vantagens do micro inversor em termos de melhor aproveitamento energético de cada módulo e monitoramento. Ele ganha ainda nos quesitos de manutenção, por concentrar o inversor num aparelho instalado em local abrigado, e na escalabilidade. 3. Próximo Capítulo O próximo capítulo abordará a instalação elétrica. Vale reforçar que os capítulos não substituem um curso de capacitação profissional e literatura aprofundada, por causa da restrição neste espaço. Acesse o manual completo aqui – é grátis! O autor, Hans Rauschmayer, é sócio-gerente da empresa Solarize Treinamentos Profissionais Ltda, onde montou a abrangente grade de capacitação. Reconhecido especialista em energia solar, ele já foi convidado para ensinar e palestrar em universidades, instituições, congressos nacionais e internacionais e vários programas de TV. Entre em contato pelo site www.solarize.com.br. http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 http://www.solarize.com.br/ © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. | www.solarize.com.br R. Paschoal Carlos Magno, 57 20240-290 Rio de Janeiro RJ | contato@solarize.com.br | CNPJ 28.150.768/0001-60 © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. - Todos direitos reservados 1. Introdução Nos capítulos anteriores do manual de energia solar aprendemos como o projeto de um sistema solar conectado à rede é elaborado, e como são configurados os principais componentes, módulos e inversores. O presente capítulo trata do projeto elétrico, dividido em duas partes: o lado da corrente contínua, entre módulos e inversores, e o lado da corrente alternada, na conexão do inversor à rede predial e da concessionária. Em função da profundidade do tema e do espaço restrito aqui, recomendamos ao leitor acrescentar estudos de normas e literatura e capacitar-se num curso profissional para complementar o conhecimento. 2. Conexão entre Gerador e Inversor A figura 1 apresenta o exemplo de um projeto de sistema fotovoltaico conectado à rede (SFCR). Este diagrama serve como guia para o presente capítulo. Iniciaremos a descrição com o lado da corrente contínua, entre os módulos e o inversor, lembrando que as características dos módulos e a configuração dos módulos em séries fotovoltaicas (usaremos em seguida o termo inglês string) já foram abordadas em capítulos anteriores. A norma que regulamenta o projeto ainda está em elaboração: ABNT NBR 16690 – Instalações Elétricas de Arranjos Fotovoltaicas. Na ausência de outra, utilizamos a versão distribuída para consulta pública em julho de 2019 como base da seguinte descrição e a disponibilizamos na página do manual de energia solar. MANUAL DE ENERGIA SOLAR 7 – O PROJETO ELÉTRICO Figura 1: Diagrama exemplar de um projeto fotovoltaico conectado à rede. https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 MANUAL DE ENERGIA SOLAR 7 – O PROJETO ELÉTRICO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 2 2.1. Conectores Fotovoltaicos Módulos para sistemas conectados à rede já são equipados com conectores específicos para este fim. O modelo mais comum é chamado de MC4 (figura 2). Os conectores foram projetados para conduzir a corrente durante muitos anosnas condições encontradas embaixo dos módulos (calor e chuva). Eles são polarizados e evitam acidente com curto circuito durante a instalação. Invista em alta qualidade! 2.2. Cabo do String A figura 3 mostra a ligação de um string: os módulos são interconectados em série, usando diretamente os próprios conectores pré- montados nos cabos dos módulos (repesentado pelas caixinhas verdes na figura; a norma proposta exige que os conectores interligados sejam do mesmo fabricante). Dois fios distintos levam o polo negativo e o positivo à caixa de junção – eles formam o cabo do string. Por serem expostos a intempéries e altas temperaturas, estes fios devem atender à norma ABNT NBR 16612:2017 (Cabos de potência para instalações fotovoltaicas). É importante evitar laços na fiação que possam aumentar a tensão induzida por uma descarga atmosférica próxima ao sistema. Por isso, o fio conectado ao último módulo percorre todo o arranjo paralelamente aos fios dos módulos (na figura, é o fio negativo). Observe que o cabo do string está energizado sempre que há incidência de luz nos módulos. Este fato implica em cuidados especiais durante a instalação e manutenção que serão abordados num capítulo mais à frente. 2.3. Fusíveis Os fusíveis protegem os módulos do string, ao qual estão conectados, contra uma possível corrente reversa gerada pelos strings conectados em paralelo. Esta situação pode ocorrer no caso de um curto circuito entre o polo positivo e o negativo em algum ponto deste string. A consequência seria o aquecimento e potencial derretimento das células que recebem a corrente reversa. Os fusíveis devem ser específicos para sistemas fotovoltaicos, tipo gPV conforme norma IEC 60269-6. A corrente nominal é indicada pelo fabricante do módulo – usar fusíveis com amperagem inferior não é recomendado, porque causa perdas em momentos de alta irradiância! Figura 2: Conectores fotovoltaicos tipo MC4, com crimpagem (acima) ou sem crimpagem (abaixo, marca Weidmüller PV-Stick) Figura 3: Cabeamento do string sem laço para redução de indução de surtos http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 7 – O PROJETO ELÉTRICO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 3 Geralmente, fusíveis são necessários em arranjos com três ou mais strings em paralelo. Para entender isso, vamos ver um exemplo ilustrativo, usando valores comuns de módulos de 60 células. Considere a seguinte situação: • Corrente de curto circuito do módulo, conforme ficha técnica do módulo Imód,SC = 9 A; • Corrente reversa máxima do módulo Imód reversa max = 15 A; • Três strings conectados em paralelo; • No caso de curto circuito em um dos strings, a corrente gerada nos outros dois strings é igual a I = 2 x 9 A = 18 A. Esta corrente é superior à corrente reversa permitida de 15 A, o que indica a necessidade dos fusíveis. Diodos de bloqueio e disjuntores, que poderiam ser meios alternativos de proteção, não se mostraram confiáveis na prática. 2.4. Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS) O dispositivo de proteção contra surtos (DPS) protege o inversor contra surtos ou descargas atmosféricas provindo do circuito fotovoltaico e evita que estes surtos sejam propagados à instalação predial por indução. O DPS deve ser do tipo fotovoltaico conforme norma EN 50539-11 (exemplo na figura 4). A tensão nominal do DPS deve ser superior à tensão máxima do string em circuito aberto (Vmód,OC,máx, veja capítulo 5). Quanto menor a diferença entre a tensão nominal do DPS e a do string, melhor será a proteção – o mercado oferece tensões de 600 V, 1000 V e 1500 V). 2.5. Dispositivo Interruptor- Seccionador O dispositivo interruptor-seccionador deve ser capaz de abrir o circuito sob plena carga na máxima corrente de falta (manobra de interrupção) e manter o circuito aberto de forma segura (seccionamento). Ele precisa ser aprovado pelo fabricante para operar em corrente contínua – jamais use componentes de corrente alternada! Verifique especificações adicionais na proposta da norma NBR 16690. 2.6. Cabo do Arranjo Fotovoltaico Figura 3: Opções de isolamento para o cabo em corrente contínua (proposta NBR 16690) O cabo do arranjo fotovoltaico interliga a caixa de junção ao inversor. Por ser abrigado, ele não precisa ser um cabo fotovoltaico. No entanto, a proposta da norma 16690 exige duplo isolamento para cada polo (figura 5). A boa prática recomenda que a bitola dos fios em corrente contínua nunca seja inferior à dos módulos (usualmente cobre de 4 mm²) e que ela seja calculada para que a perda de potência seja inferior à 1% da potência nominal, tanto do lado c.c. quanto do lado c.a. Na página do manual de energia solar disponibilizamos uma planilha que calcula a bitola e a perda associada. Figura 2: DPS fotovoltaico da marca DEHN http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 MANUAL DE ENERGIA SOLAR 7 – O PROJETO ELÉTRICO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 4 2.7. Caixa de Junção e Localização dos Componentes Lembrando que o diagrama da figura 1 é exemplar, cabe ao projetista avaliar variantes dele e especificar o local da instalação de cada componente: • A caixa de junção (normalmente se usa o termo inglês stringbox), normalmente, é instalada do lado do inversor, o que facilita a verificação e manutenção; • Outra possibilidade é instalar o stringbox próximo aos módulos. Vantagem é a unificação dos cabos dos strings e uma melhor proteção da rede predial contra surtos; • Em certos casos é necessário duplicar o stringbox com parte dos componentes; • Em instalações com exigências elevadas de segurança pode ser necessário inserir um dispositivo que desenergize o cabo do arranjo em casos de emergência (seccionamento remoto ou redução automática da tensão por otimizadores de potência); Alguns inversores são produzidos com dispositivos embutidos, o que dispensa a duplicação deles dentro do stringbox. 2.8. Separação entre Corrente Contínua e Corrente Alternada As normas NBR 5410 e NBR 16690 exigem que circuitos em corrente contínua e alternada devem ser separados. É ainda altamente recomendável sinalizar dutos e caixas de passagem de corrente contínua para evitar que algum técnico não capacitado os acesse e cause um acidente (veja sugestão na NBR 16690). 3. Conexão do Inversor à Rede Predial A conexão do inversor à rede predial, a princípio, apresenta poucos detalhes que diferem de uma instalação comum. No entanto, ela representa uma modificação do projeto original do local da instalação e requer uma reconsideração das premissas consideradas durante a elaboração daquele projeto. Isto vale especialmente para locais de afluência de público (NBR 13570) ou com ambiente classificado. O projeto de energia solar deve ser elaborado seguindo todos os conceitos da engenharia. Seguimos com a descrição dos elementos apresentados na figura 1, agora do lado da corrente alternada. 3.1. Caixa de Proteção A caixa de proteção contém um disjuntor, dimensionado de acordo com a corrente máxima de saída do inversor, e um DPS que protege o inversor contra surtos vindo da rede predial. 3.2. Quadro de Distribuição No quadro onde ocorre a conexão do inversor à rede predial é acrescentado um disjuntor que desarma em casos de curto-circuito no inversor ou no cabo que leva a ele. A saída deste disjuntor é conectada ao barramento do quadro, por onde ele descarrega a energia gerada, alimentando as outras cargas. Em certos momentos, a geração pode superar o consumo destas cargas e o fluxo de energia no quadro inteiro pode ser invertido e até chegar a injetar energia na rede da concessionária, como vimos no primeirocapítulo. http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 7 – O PROJETO ELÉTRICO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 5 3.3. Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS) O DPS do quadro geral protege toda a rede predial contra surtos ou descargas atmosféricas entrando pela rede da concessionária e pode tornar dispensável um DPS específico do inversor. 3.4. Dispositivo Residual (DR) Os módulos fotovoltaicos apresentam um efeito capacitivo que aparenta ser uma fuga de corrente na amplitude de 10 mA por cada kWp de potência instalada (norma IEC 62109-2). Dispositivos Residuais (DR) instalados para proteger pessoas em caso de choque elétrico devem ter sensibilidade de 30 mA e podem desarmar, caso instalado no circuito do sistema solar, mesmo sem falha técnica. O circuito do inversor, neste caso, deve ser conectado separadamente dos outros circuitos protegidos por DR, e deve receber um DR com sensibilidade de 300 mA, que atua em casos de incêndio (IEC 62109-2). 3.5. Cabo em corrente alternada O cabo em corrente alternada e os dutos devem ser dimensionados conforme NBR 5410. Boa prática é prever uma perda de potência abaixo de 1% relativo à potência nominal. 3.6. Balanceamento das fases A maioria dos inversores pequenos (até 5 .. 6 kW) tem saída monofásica em 220 V, com conexão entre fase e neutro ou entre duas fases, dependendo da rede local (veja exemplos na figura 6). Não há necessidade de gerar energia em todas as fases da rede predial. No caso da instalação com mais de um inversor, faz-se um balanceamento das fases, observando os limites impostos pela concessionária. Os inversores se ajustam automaticamente à sequência das fases. Inversores de potência maior são trifásicos e precisam de um transformador, caso a tensão de saída seja diferente da tensão da rede. 3.7. Aterramento O sistema solar necessita de um aterramento sólido. Ele serve como referência para o inversor, é conectado aos DPS e é usado para aterrar a estrutura e as molduras dos módulos. Em muitos locais é necessário reforçar o aterramento presente. Ele deve ser interligado com o existente no barramento PEN. Somente em esquemas TT é admitido ter-se aterramentos separados para alimentação e equipotencialização. Figura 4: Exemplos de conexão de inversores à rede e balanceamento das fases http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 7 – O PROJETO ELÉTRICO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 6 4. O Padrão de Entrada O padrão de entrada é definido pela concessionária local, que publica também uma norma para conexão de sistemas de geração distribuída à rede dela com base na Regulamentação Normativa da Aneel 482/2012 e na Seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST. A concessionária não pode exigir uma atualização do padrão de entrada por causa da solicitação de conexão do sistema solar, a não ser que o padrão existente esteja fora dos padrões da época da conexão original da unidade ou que não seja possível substituir o medidor atual pelo modelo bidirecional. Este item merece avaliação criteriosa, já que a atualização do padrão de conexão pode ser custosa. Na microgeração, a concessionária não pode cobrar pela troca do medidor. Na minigeração, ela cobra o valor e pode ainda exigir diversos estudos e proteções adicionais. 5. Proteção contra Raios e Surtos Um estudo de uma seguradora alemã aponta que 28% dos danos em plantas solares são causadas por raios ou surtos. Considerando que a incidência de raios no Brasil supera a da Alemanha em grande parte do seu território (figura 7), podemos constatar que o tema extremamente relevante. Nosso sistema deve ser protegido tanto por raios e surtos entrando pelo arranjo fotovoltaico quanto pela rede da concessionária. A especificação depende da existência ou não de um Sistema de Proteção contra Raios e Surtos (SPDA) e da distância mantida dele. A abordagem excede o espaço disponível aqui. Acesse uma apresentação a respeito na página do manual de energia solar. 6. Previsão Continuaremos a sequência de capítulos no próximo mês com a descrição do suporte dos módulos, que serve para fixá-los à cobertura. Acesse o manual completo com o material adicional aqui – é grátis! Figura 5: Densidade de raios nas regiões do Brasil, comparado com a Alemanha O autor, Hans Rauschmayer, é sócio-gerente da empresa Solarize Treinamentos Profissionais Ltda, onde montou a abrangente grade de capacitação. Reconhecido especialista em energia solar, ele já foi convidado para ensinar e palestrar em universidades, instituições, congressos nacionais e internacionais e vários programas de TV. Entre em contato pelo site www.solarize.com.br. http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 http://www.solarize.com.br/ © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. | www.solarize.com.br R. Paschoal Carlos Magno, 57 20240-290 Rio de Janeiro RJ | contato@solarize.com.br | CNPJ 28.150.768/0001-60 © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. - Todos direitos reservados 1. Introdução Abordamos nos capítulos anteriores do manual de energia solar as questões elétricas do sistema fotovoltaico. Agora entraremos em questões mecânicas e estruturais: como fixar os módulos em estruturas de base de forma segura e durável. A discussão evidencia o fato de que o projeto fotovoltaico é multidisciplinar, requerendo conhecimento de várias áreas. Vale ressaltar que o trabalho na cobertura é tão importante quanto a instalação elétrica do projeto, porém exige muito mais do instalador por causa do desconforto de trabalhar sob o sol, do perigo de trabalhar em altura, e por causa do risco de infiltração com possíveis danos de alto prejuízo. Por isso é frequente ter nas equipes de instalação carpinteiros além de eletricistas. 2. Estruturas de Base Já aprendemos que as células fotovoltaicas perdem eficiência com o aumento da temperatura (veja terceiro capítulo). Por isso é fundamental que os módulos possam dissipar o calor não somente pela frente, mas também por trás. Em consequência, os módulos nunca são colocados diretamente sobre telhas, mas sempre sobre uma estrutura que garanta a circulação do ar por baixo dos módulos, diferente de coletores para aquecimento solar. Os princípios para escolher a correta base de fixação são os seguintes: • Local da instalação: telhado inclinado, laje, solo ou fachada; • Forma da fixação, que o local permite; • Resistência estrutural da cobertura onde os módulos serão instalados • Montagem fixa ou com seguidor do sol; • Especificações do fabricante dos módulos. Em seguida mostraremos várias tipologias. 3. Telhado inclinado A instalação de módulos em telhados inclinados ocorre paralela à cobertura. Procuramos a melhor face em relação à irradiação e ao sombreamento, respeitando preferências estéticas e funcionais do telhado. A instalação paralela ao telhado é leve, simples de executar e causa pouca carga de vento. Essas vantagens, junto à queda de preço dos módulos, fazem com que, hoje em dia, não se corrija mais a orientação ou inclinação da cobertura. As condições encontradas são simplesmente avaliadas num software fotovoltaico. Caso necessário, aumenta-se a potência do gerador. MANUAL DE ENERGIA SOLAR 8 – FIXAÇÃO DOS MÓDULOS EM ESTRUTURAS DE BASE Figura 1: Montagem de sistema solar em laje https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 MANUAL DEENERGIA SOLAR 8 – FIXAÇÃO DOS MÓDULOS EM ESTRUTURAS DE BASE © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 2 3.1. Telhado de barro Figura 2: Componentes da estrutura de base para telhado de barro Em telhado de barro, a estrutura é fixada no madeiramento do telhado (figura 2): • Ganchos são fixados nos caibros, da forma que eles passem entre uma telha e outra. Ajustes laterais e de altura permitem a adequação da estrutura ao telhado; • Na parte superior do gancho entra o trilho. Aqui também há ajustes para adequar a distância dos trilhos à especificação dos módulos (veja a seguir); • Os grampos seguram o módulo no trilho: o grampo terminal é usado no início e no final de cada fileira, e o grampo intermediário, entre os módulos. O maior desafio na fixação em telhados de barro é a falta de padronização: o formato das telhas varia muito, o que dificulta não somente a instalação, mas também a reposição de telhas quebradas. Os sistemas de montagem oferecidos no mercado economizam tempo gasto e material empregado e otimizam as ferramentas necessárias. O material mais usado é alumínio para trilhos e grampos, e aço inoxidável, para ganchos e parafusos. É recomendável procurar um fabricante que ofereça consultoria para situações difíceis. Estruturas artesanais de material de qualidade inferior são menos eficientes e comprometem a durabilidade. 3.2. Telhado ondulado Figura 3: Fixação com parafuso prisioneiro em telhado ondulado. Fonte: Solar Group Em telhado ondulado usam-se parafusos prisioneiros que atravessam as telhas e que são fixados na estrutura do telhado (figura 3). Os parafusos são oferecidos com diferentes tipos de roscas e pontas na parte inferior, para base de madeira e metal. O comprimento dos parafusos varia também e deve ser escolhido conforme a altura da ondulação das telhas. Na parte superior da rosca é fixado um adaptador fazendo a conexão com o trilho, que é o mesmo da telha de barro. Aliás, o sistema de parafusos pode ser aplicado também em telhados de barro. 3.3. Telhado metálico Figura 4: Base em telhado metálico trapezoidal, pronta para receber os módulos. Fonte: TRITEC No caso de coberturas metálicas, a estrutura é fixada diretamente na telha, exigindo uma espessura mínima do metal de 0,5 mm (verifique no manual da estrutura!). Há opções com trilhos inteiros ou então com peças pequenas de apoio, como no exemplo da figura 4. http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 8 – FIXAÇÃO DOS MÓDULOS EM ESTRUTURAS DE BASE © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 3 A baixa inclinação deste tipo de telhado compromete a autolimpeza dos módulos e deve ser considerada no plano de manutenção. 4. Laje Figura 6: Base para laje com dormentes de concreto como lastro. Fonte: Solar Group A instalação em laje requer uma base elevada. Como não é aconselhável perfurar a laje, usa-se lastro como ancoragem contra a força do vento (figura 5). Até poucos anos atrás, a inclinação e a orientação eram determinadas otimizando a geração de energia por cada módulo. Este conceito mudou na decorrência da redução do preço dos módulos. Hoje, a inclinação costuma variar entre 10° e 15°, minimizando assim a carga de vento sem abrir mão da autolimpeza. Seguindo o mesmo princípio, atualmente as fileiras são alinhadas com a laje, simplificando projeto e instalação e aproveitando melhor o espaço disponível. 4.1. Distância entre Fileiras A distância entre as fileiras deve respeitar dois quesitos: (1) A movimentação dos técnicos durante a instalação e manutenção (mín. 50 cm). (2) O aproveitamento energético: havendo espaço sobressalente vamos distanciar mais as fileiras e evitar o sombreamento entre elas (veja figura 6 e capítulo 6). Em espaços apertados e quando o objetivo do cliente for gerar o máximo de energia, então será necessário aumentar o número das fileiras, mesmo que a sombra causa perdas nos meses do inverno. É essencial usar um software que permita experimentar de forma rápida alternativas, variando equipamento, conexão elétrica e configuração da montagem elevada (inclinação, orientação, altura, afastamento). 4.2. Base Leste-Oeste Figura 7: A base Leste-Oeste aproveita melhor o espaço Já bastante popular na Europa, a base Leste- Oeste começou a chegar ao Brasil. Ela aproveita melhor o espaço disponível, por economizar um corredor a cada duas fileiras. Outra vantagem é a proteção melhor do cabeamento contra eventuais intervenções por pessoas não capacitadas. No nosso país, próximo ao equador, esta base pode ser instalada em qualquer orientação. Use o software para simular o rendimento anual. Figura 5:Índice de sombreamento em módulos num projeto em laje, causado pela platibanda e pelas outras fileiras. Cálculo no software PV*SOL. http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 MANUAL DE ENERGIA SOLAR 8 – FIXAÇÃO DOS MÓDULOS EM ESTRUTURAS DE BASE © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 4 Algumas bases, como a da figura 7, economizam material, mas devem ser homologadas pelo fabricante do módulo. Vale lembrar que os módulos de diferentes orientações não devem ser conectados juntos, como descrito no capítulo 6. 5. Estruturas em Solo Figura 8: Planta fotovoltaica em solo Usinas fotovoltaicas de grande porte usam estruturas específicas que requerem estudos geológicos e máquinas especiais. A maioria delas usa mesas que seguem o percurso do sol ao longo do dia (seguidor/tracker). Em usinas de pequeno porte, como trabalhadas nesta série de capítulos, usam-se soluções mais simples, normalmente bases fixas com fundação de concreto. Neste caso, o layout das mesas é adequado ao layout elétrico, da forma que uma mesa comporte strings inteiros. 6. Outras Estruturas 6.1. Telhas fotovoltaicas Telhas fotovoltaicas têm gerado grandes expectativas por serem consideradas mais bonitas do que módulos comuns, em função de sua integração arquitetônica. No entanto, há várias desvantagens que comprometem a viabilidade: • O formato das telhas dificilmente é o mesmo do telhado existente e demanda uma reconstrução; • A reposição de telhas danificadas será restrita ao mesmo modelo e depende da existência do fornecedor; • Cada telha representa, em termos elétricos, um módulo e é equipado com dois conectores, aumentando assim os riscos de má conexão; • Mesmo com uma ventilação interna, as telhas esquentam mais do que os módulos comuns, causando perdas adicionais. O calor ainda é transferido à própria edificação, um efeito indesejado no nosso país tropical; • A manutenção e a simples limpeza das telhas requer técnicos capacitados. 6.2. Estacionamento Para estacionamentos com cobertura fotovoltaica e carports (vagas individuais) existem no mercado estruturas específicas com vedação entre os módulos. Consulte os fabricantes para obter mais informações. 6.3. Fachadas Fachadas podem receber módulos opacos, cobrindo muros, ou translúcidos, em substituição a vidros. Como a fachada recebe menos irradiação do que a cobertura, fica difícil viabilizar uma usina vertical somente pela energia gerada. http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 MANUAL DE ENERGIA SOLAR 8 – FIXAÇÃO DOS MÓDULOS EM ESTRUTURAS DE BASE © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 5 O cálculo da viabilidade é diferente em casos de construções novas ou em retrofit de prédios: o custo adicional da função fotovoltaica, quando comparado com uma fachada comum, pode trazer um retorno financeiro interessante. Além disso ocorre uma valoração do prédio pelo aspecto de sustentabilidade.7. Projeto e Execução O objetivo da base é oferecer sustentação aos módulos pela vida útil deles, estimada em mais de 25 anos. Esta responsabilidade justifica um planejamento detalhado do projeto que tornará a execução mais segura e rápida. 7.1. Faixa para Fixação do Módulos O manual de instalação dos módulos especifica as condições da fixação deles, em especial a faixa permitida para fixação (fig. 10). Esta faixa precisa ser respeitada para assegurar a resistência física da instalação e para manter as condições de garantia – é frequente observar erros em fotos divulgadas pelos instaladores. 7.2. Disposição no telhado A figura 9 mostra os princípios do projeto físico do arranjo fotovoltaico: • Os trilhos são montados paralelos às ripas; • Os pontos de apoio dos trilhos (ganchos ou parafusos) devem ser distribuídos conforme especificações do fabricante do sistema de base. A distância mínima depende, principalmente, da resistência do próprio trilho; • Emendas de trilhos precisam ser conectadas por junções, para evitar que a dilatação provoque danos nos módulos; • A distância vertical entre os trilhos deve respeitar as exigências do fabricante dos módulos em todas as fileiras (veja item anterior); • A distância entre os módulos e a cumeeira lateral deve ser igual nos dois lados. Na execução é extremamente importante alinhar o primeiro módulo com muito cuidado, já que todo o resto do arranjo será alinhado com ele. Uma pequena inclinação será multiplicada pelo Figura 10: Faixa para fixação do módulo Figura 9: Princípios da disposição do arranjo no telhado http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 8 – FIXAÇÃO DOS MÓDULOS EM ESTRUTURAS DE BASE © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 6 número de módulos na fileira e será visível a olho nu. A correção posterior causa um esforço enorme de retrabalho. 7.3. Sequência da Execução Vários fatores determinam a melhor sequência da execução: • Acesso e movimentação dos técnicos, respeitando NR-35 (segurança de trabalho em altura) e NR-33 (espaços confinados). É proibido pisar nos módulos e deve-se tomar muito cuidado para não danificar os mesmos com os mosquetões do talabarte. • Içamento dos módulos: procure uma solução adequada, que pode ser içamento manual, com elevador ou usando um caminhão Munck; • Local da passagem dos cabos para dentro do telhado (sempre protegido por um duto resistente às intempéries); • Interligação dos módulos: o cabo de retorno do string (veja capítulo 7) é conduzido em paralelo à colocação dos módulos; • Equipotencialização: para o aterramento dos módulos existem soluções com chapinhas integradas à fixação ou usando os orifícios previstos no módulo. Consulte o fabricante sobre restrições; • O trilho também deve ser aterrado. 7.4. Resistência da Cobertura O arranjo fotovoltaico impõe uma carga adicional à cobertura, pelo peso dos módulos (aprox. 12 kg/m²), da base de montagem e do lastro (em caso de lajes). A força oposta ocorre durante ventanias, chamada de carga de vento. Esta é mínima em instalações paralelas ao telhado, mas considerável em montagens elevadas. Quem fornece a garantia de que a cobertura resiste a estas forças, é o engenheiro calculista. Ele emitirá uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), indispensável quando há movimentação de pessoas por baixo da instalação. 8. Manutenção A estrutura deve ser verificada em intervalos regulares por • Corrosão dos elementos de fixação; • Aperto adequado dos parafusos; • Equipotencialização; • Eventuais tensões entre a estrutura do arranjo e a estrutura da própria cobertura. 9. Previsão No presente capítulo já mencionamos cuidados importantes a serem tomados na execução da instalação física. No próximo, veremos quais medições elétricas devem ser executadas durante a obra e no ato do comissionamento. Explicaremos também o processo de legalização do projeto na concessionária. Acesse o manual completo com o material adicional aqui – é grátis! O autor, Hans Rauschmayer, é sócio-gerente da empresa Solarize Treinamentos Profissionais Ltda, onde montou a abrangente grade de capacitação. Reconhecido especialista em energia solar, ele já foi convidado para ensinar e palestrar em universidades, instituições, congressos nacionais e internacionais e vários programas de TV. Entre em contato pelo site www.solarize.com.br. http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 http://www.solarize.com.br/ © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. | www.solarize.com.br R. Paschoal Carlos Magno, 57 20240-290 Rio de Janeiro RJ | contato@solarize.com.br | CNPJ 28.150.768/0001-60 © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. - Todos direitos reservados 1. Introdução Figura 1: A sequência correta da montagem com medições assegura segurança e qualidade da instalação Depois de termos estudado, nos capítulos anteriores do manual de energia solar, os conceitos do projeto de um sistema solar conectado à rede, entraremos agora na parte prática. Há diversas características associadas a segurança e qualidade que fogem do conhecimento dos eletricistas prediais e exigem cuidados especiais: a sequência da montagem do sistema e as medições durante instalação e manutenção asseguram a segurança da equipe e preservam o local da instalação. Em seguida introduziremos algumas medições obrigatórias para o comissionamento do sistema. 2. Perigos específicos de sistemas fotovoltaicos Eletricistas prediais estão acostumados com instalações em corrente alternada, dotados de um disjuntor que permite desenergizar o circuito inteiro a partir de um ponto único. No sistema fotovoltaico, a energia vem de duas fontes: • Da rede predial em corrente alternada, protegida por um disjuntor; • Dos módulos que fornecem tensão sempre que recebem irradiação, energizando assim o circuito em corrente contínua. Como está fora do nosso alcance desligar o sol, devemos aprender a trabalhar com um circuito energizado sem colocar nossa vida e a integridade do prédio em risco. A equipe deve ser treinada também na norma regulatória NR-10, que trata da segurança em instalações elétricas; 2.1. O arco voltaico Figura 2: O arco voltaico atravessa o ar. Com corrente contínua, ele apaga somente com o afastamento dos polos ou com dispositivos construídos para este fim. Ao abrir um circuito sob carga, isto é, com passagem de corrente, ocorre um arco voltaico: a corrente consegue ultrapassar o ar (figura 2). Em corrente alternada, o arco é rapidamente apagado quando a tensão é zerada, o que ocorre 120 vezes ao segundo considerando a frequência de rede de 60 Hz. MANUAL DE ENERGIA SOLAR 9 – INSTALAÇÃO SEGURA E COMISSIONAMENTO https://www.solarize.com.br/site-content/17-base-de-conhecimento/288-manual-de-energia-solar-288 MANUAL DE ENERGIA SOLAR 9 – INSTALAÇÃO SEGURA E COMISSIONAMENTO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 2 Em corrente contínua, o arco fica estável até que os polos sejam afastados o suficiente para interromper a corrente ou ao acionar um dispositivo construído para este fim, como um disjuntor de corrente contínua. O arco danifica os contatos de ambos os lados, coloca em risco a saúde e a vida dos técnicos e pode causar um incêndio no local onde ocorre. Disponibilizamos no site o link para um vídeo que demonstra o efeito. Não deixe de apresentá-lo a todos os técnicos envolvidos na instalação ou manutenção! Em sistemas fotovoltaicos, trabalhamos com tensões superiores à do vídeo, chegando até 1.000 V em instalações pequenas e 1.500 V em usinas.2.2. Carga em c.c. e sua interrupção A carga no circuito em c.c. ocorre em diferentes situações: 1. Funcionamento normal: o inversor recebe a energia em c.c. e a injeta no circuito em c.a.; 2. Conexão errada: um dos strings está com polaridade invertida; 3. Diferença de potencial por defeito: um módulo está com defeito, da forma que o string ao qual pertence produz uma tensão inferior aos outros strings; 4. Diferença de potencial por erro de projeto ou execução: um string contém menos módulos do que o outro conectado em paralelo; 5. Falha de isolamento em algum ponto do circuito (incluindo curto circuito em DPS defeituoso). O desligamento correto do sistema solar começa com o disjuntor em c.a., o que leva o inversor a abrir o circuito primário. O dispositivo interruptor-seccionador isola o inversor do circuito c.c., mas não abre a conexão paralela entre strings: a carga nas situações 2 a 5 acima somente desaparecem ao cair da noite! É imprescindível verificar a ausência da corrente antes de abrir qualquer conexão em corrente contínua, seja conector MC4, conexão por parafuso em algum dispositivo ou remoção de um dispositivo (fusível, DPS)! Na dúvida, aguarde a noite! Como seria um procedimento seguro para a instalação do sistema solar? Durante a instalação devemos prevenir as situações de falha, e durante a manutenção precisamos detectá-las a fim de evitar acidentes. Figura 3: Exemplos de pontos do circuito onde pode ocorrer um arco voltaico http://www.solarize.com.br/ https://www.youtube.com/watch?v=hy5Xj6C32PI MANUAL DE ENERGIA SOLAR 9 – INSTALAÇÃO SEGURA E COMISSIONAMENTO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 3 3. Procedimento seguro da instalação A instalação física e elétrica do sistema solar é dividida em três partes, que podem ser executadas simultaneamente: • Circuito do string: a montagem dos módulos e a interligação dos mesmos; • Circuito da caixa de junção: do cabo do string até o inversor; • O circuito em corrente alternada, do inversor até o quadro de distribuição: a montagem deste circuito é bem conhecida e segue as regras normais; 3.1. Montagem do circuito do string O circuito do string é conectado em simultâneo à montagem dos módulos: • O conector positivo de cada módulo é ligado ao negativo do módulo adjacente; • O cabo do retorno acompanha os de interligação, para reduzir eventuais surtos (veja capítulo 7); • O fio de equipotencialização (terra) também é conectado durante a montagem. A continuidade da mesma deve ser verificada durante a instalação. É importante deixar o conector de saída do string aberto para manter o cabo desenergizado que segue até a caixa de junção. Este conector deve ser de fácil acesso para concluir a instalação e para permitir abertura em casos de manutenção. Figura 4: Divisão do circuito durante a instalação Figura 5: Durante a montagem dos módulos, o circuito do string é conectado, deixando apenas o último conector aberto http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 9 – INSTALAÇÃO SEGURA E COMISSIONAMENTO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 4 3.2. Montagem do circuito da caixa de junção (string box) O circuito da caixa de junção, que começa com o fio descendo dos módulos e vai até o inversor, é montado em simultâneo com o circuito do string. Os fusíveis são removidos, evitando assim o paralelismo entre os strings, e o dispositivo interruptor-seccionador é aberto. 3.3. Fechamento do último conector dos strings Depois de montar os três circuitos podemos então fechar o conector de saída de cada string e assim energizar o circuito da caixa de junção até a entrada dos porta-fusíveis. 3.4. Verificação da polaridade O primeiro passo na verificação elétrica é a medição da polaridade, já que a polaridade invertida de apenas um dos strings causa um curto circuito com os outros conectados em paralelo e poderá ser aberto somente à noite. Técnicos sem prática de medição em c.c. devem ser bem treinados no uso correto do multímetro e no padrão de cores dos fios. 3.5. Verificar a tensão do string em circuito aberto A tensão produzida por cada string é medida em simultâneo com a polaridade. Ela indica se o número correto de módulos foi efetivamente conectado, e se os strings são homogêneos entre si. Exemplo: • A ficha técnica do módulo informa a tensão nominal de circuito aberto UOC, módulo = 35 V – lembrando que ela é medida a 25 °C (condições STC, capítulo 3); • A medição da tensão do string fornece UOC, string = 200 V; • O projeto elétrico indica que 6 módulos compõem o string; • Dividimos a tensão medida pelo número dos módulos e chegamos à tensão gerada por cada módulo: UOC, mod = 200 V / 6 = 33,3 V Figura 6: O circuito da caixa de junção (string box) é montado em paralelo com o do string http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 9 – INSTALAÇÃO SEGURA E COMISSIONAMENTO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 5 • O resultado coincide com uma temperatura dos módulos pouco acima de 25 °C, o que pode ser verificado com um toque manual. Se a instalação estivesse errada, com 5 ou 7 módulos no string, então a tensão estaria significativamente diferente (mais adiante abordaremos o comissionamento, que exige uma medição mais precisa); • Portanto podemos concluir que o número de módulos no string está correta. A medição deve ser executada separadamente para cada string, e os resultados devem ficar dentro de uma faixa de 5%. 3.6. Verificar a corrente do string em curto circuito Para aferir a corrente é necessário fechar um curto circuito no string. A forma mais simples com uso da caixa de junção é o seguinte procedimento: • Abra o dispositivo interruptor- seccionador (abreviamos o termo em seguida).; • Interligue o polo positivo da seccionadora com o negativo; • Insira o fusível do primeiro string e feche o porta-fusível; • Feche a seccionadora • Meça a corrente; • Abra a seccionadora e o porta- fusível. Repita o procedimento para todos os strings. Os resultados devem ficar dentro de uma faixa de 5%. É importante que a irradiância não mude entre uma medição e outra, e que não haja sombra nos módulos, já que a corrente oscila instantaneamente com a irradiância. Em instalações sem caixa de junção usa-se uma caixa de curto-circuito, como apresentada a figura 7, que contém um interruptor c.c., ao invés da seccionadora. Tome muito cuidado com acidentes por arcos voltaicos entre fios desencapados! 3.7. Iniciar o inversor Depois de aferir todos os strings e corrigir eventuais erros podemos colocar os fusíveis, fechar a seccionadora e o disjuntor c.a. e iniciar o inversor. Estude o manual com cuidado e respeite a sequência correta dos passos de configuração. Figura 7: Exemplo de uma caixa de curto circuito http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 9 – INSTALAÇÃO SEGURA E COMISSIONAMENTO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 6 4. Comissionamento O instalador do sistema solar é obrigado, pela norma ABNT NBR 16274:2014, a efetuar ensaios e entregar uma documentação ao cliente. Este comissionamento não deve ser confundido com aquele que a concessionária de energia efetua: ela se interessa somente por eventuais perigos para sua rede de distribuição e não com o funcionamento ou riscos fora do escopo dela. O desafio do comissionamento do sistema solar consiste na fonte: a irradiação é variável e com isso, a energia gerada. Nunca teremos certeza de que o sistema está realmente funcionando perfeitamente. O que podemos fazer é medir as grandezas climáticas junto às elétricas, e é isso que a norma exige. A seguir apresentamos os principais ensaios – estude a norma para complementar ainformação e acesse nosso mini curso sobre o tema no site. Todos os ensaios devem ser executados para cada string, e o resultado não pode ultrapassar uma faixa de 5% da média. 4.1. Verificar a tensão conforme temperatura A tensão produzida pelo módulo depende da temperatura atual da célula. Portanto, devemos medir as duas grandezas simultaneamente. A seguinte fórmula calcula a tensão nominal de um string em determinada temperatura Vstring,OC,temp, usando • O número de módulos por string n; • A tensão de curto circuito nominal do módulo Vmód,OC; • A temperatura atual da célula T; • O coeficiente da variação da tensão com a temperatura CoefV; Confira também capítulos 3 e 5. Para medir a temperatura da célula, coloque um sensor com corte quadrado por baixo do módulo e o pressione contra a célula. 4.2. Verificar a corrente conforme irradiância A corrente depende da irradiância e esta relação é linear na faixa superior da escala. Por isso, a norma exige um comissionamento em condições estáveis com irradiância acima de 700 W/m². Podemos usar a seguinte fórmula para calcular a corrente esperada Iirrad, a partir da • Corrente nominal do módulo Inom; e • Irradiância geral medida G 4.3. Ensaiar o isolamento do circuito em c.c. A norma exige o ensaio do isolamento entre os polos e a terra, porque falhas podem causar acidentes ou incêndios. O próprio inversor ensaia o isolamento e deixa de iniciar quando detecta um problema. Figura 8: Equipamento profissional de comissionamento agiliza a medições e aumenta a precisão (exemplo Seaward Solar PV200) http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 9 – INSTALAÇÃO SEGURA E COMISSIONAMENTO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 7 O ensaio é efetuado por um megômetro, que mede a resistência enquanto injeta uma tensão superior à do arranjo fotovoltaico (detalhes na norma). Se a tensão ficar próxima à tensão nominal do DPS, então este deve ser desconectado do circuito. 4.4. Equipamento para comissionamento Um solarímetro com termômetro é essencial para efetuar os ensaios (figura 8 apresenta um exemplo à direita). Além disso, existem multímetros específicos que efetuam os principais ensaios de forma automática, recebem os dados do solarímetro e gravam os resultados na memória para posterior exportação ao computador. 4.5. Planilhas de verificação Disponibilizamos no site duas planilhas que facilitam a verificação: • A primeira calcula tensão e corrente para o string de um determinado módulo a partir das medições de temperatura e irradiância, e compara as medições com o cálculo; • A segunda permite cadastrar as medições para vários strings e compara cada uma com a média, apontando desvios. Ambas planilhas, quando usadas em notebook, tablet ou até celular, podem ser preenchidas no ato do comissionamento. Erros são detectados na hora, permitindo um conserto imediato. Uma apresentação, também disponibilizada no site, detalha melhor os passos do comissionamento. 5. Previsão O próximo capítulo abordará o dimensionamento adequado do sistema solar para um determinado cliente, levando em consideração a legislação brasileira e diversas modalidades de compensação remota. Acesse o manual completo com o material adicional aqui – é grátis! Comissionamento: aferição da medição de um string Fabricante Jinko Configuração do string Modelo JKM270PP-60 N° de módulos em série 6 Ficha técnica Valor Parâmetros climáticos medidos P nom [Wp] 270 Irradiância [W/m²] 654 I SC [A] 9,09 Temperatura módulo [°C] 60 I MPP nom [A] 8,52 V MPP nom [V] 31,7 Medição fora de operação Medido Calculado Diferença Observação V OC [V] 38,8 I SC [A] 6,0 5,9 0,9% ok Coef V [%/°C] -0,30% V OC [V] 200 208,4 -4,0% ok Preenche ou veri fique os campos em azul Medição em operação Medido Calculado Diferença Observação Campos cinzas mostram resultados intermediários I MPP [A] 5,8 5,6 4,1% ok Campos verdes apresentam resultados principais V MPP [V] 160 170,2 -6,0% diferença acima de 5%! Parte do Manual de energia solar www.solarize.com.br Figura 9: Planilhas de comissionamento ajudam a detectar problemas no ato (acesse solarize.com.br) O autor, Hans Rauschmayer, é sócio-gerente da empresa Solarize Treinamentos Profissionais Ltda, onde montou a abrangente grade de capacitação. Reconhecido especialista em energia solar, ele já foi convidado para ensinar e palestrar em universidades, instituições, congressos nacionais e internacionais e vários programas de TV. Entre em contato pelo site www.solarize.com.br. http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 http://www.solarize.com.br/ © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. | www.solarize.com.br R. Paschoal Carlos Magno, 57 20240-290 Rio de Janeiro RJ | contato@solarize.com.br | CNPJ 28.150.768/0001-60 © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. - Todos direitos reservados 1. Introdução Os nove capítulos que publicamos até agora no manual de energia solar ensinaram conteúdo técnico que tem validade no mundo inteiro, independentemente do local da instalação fotovoltaica. No presente capítulo, apresentaremos o dimensionamento do sistema solar baseado na regulamentação brasileira. No nosso país, o princípio da compensação da energia gerada na Geração Distribuída é o abatimento da energia consumida, um regime conhecido como net-metering. Não há venda da energia à concessionária. Esse regime, junto com a aplicação de taxas mínimas, determina o dimensionamento ideal de uma planta fotovoltaica para um determinado cliente. 2. A Regulamentação Brasileira REN ANEEL 482/2012 Em 17 de abril de 2012, a Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL publicou a Resolução Normativa Nº 482 que introduziu a Geração Distribuída no território brasileiro. Ela sofreu uma revisão em 2015 pela REN 687/2015, além de modificações redacionais que esclareceram algumas dúvidas. No momento da redação deste manual, a regulamentação está em outra revisão cujos resultados ainda estão em aberto. A ANEEL buscou regras simples, com objetivo de facilitar a disseminação da nova tecnologia. Temas fora da alçada da ANEEL, como taxação da energia gerada, não foram abordadas. MANUAL DE ENERGIA SOLAR 10 – DIMENSIONAMENTO E COMPENSAÇÃO DA ENERGIA GERADA Figura 1: Ilustração de algumas formas de compensação da energia. Fonte: Guia de Constituição de Cooperativas de Geração Distribuída Fotovoltaica, OCB https://www.solarize.com.br/site-content/17-base-de-conhecimento/288-manual-de-energia-solar-288 MANUAL DE ENERGIA SOLAR 10 – DIMENSIONAMENTO E COMPENSAÇÃO DA ENERGIA GERADA © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 2 A regulamentação inclui diversas fontes renováveis (solar, hídrica, eólica, biomassa) como também cogeração, considerada uma forma mais eficiente de geração elétrica. 2.1. Princípios do Net-metering conforme REN 482 Os princípios básicos definidos pela REN 482/2012 são os seguintes: • A energia gerada abate o consumo da própria unidade; • A energia excedente é injetada na rede da concessionária e considerada emprestada à distribuidora. Em outro horário ela é devolvida ao cliente; • O faturamento mensal apura a energia consumida e injetada: a diferença positiva é cobrada; • O excedente mensal gera crédito que pode ser abatido em um dos meses subsequentes; • Os créditos podem ser transferidos para outras contas vinculadas – veremos este tema em seguida; • Outras cobranças na conta de energia, como o custo de disponibilidade ou da demanda contratada, não sãomodificadas. 3. Faturamento do consumidor grupo B O grupo B reúne consumidores que recebem a energia em baixa tensão, por exemplo residências e pequenas empresas. Eles pagam uma tarifa única ao longo do dia (com exceção da Tarifa Branca, que é opcional e desvantajosa no caso da geração solar) e são faturados pelo consumo mensal. Para compreender como funciona o faturamento, vamos usar o exemplo da figura 2, que apresenta o fluxo de energia ao longo de um mês: • Neste mês, o sistema solar gerou 300 kWh; • Desta energia, 180 kWh foram consumidas por aparelhos ligados simultaneamente, o chamado “autoconsumo”; • O restante da energia gerada, 120 kWh, foi injetada na rede da concessionária; • O consumo total dos aparelhos elétricos nesta unidade somou 500 kWh; • Deste consumo, 180 kWh foram fornecidos pelo sistema solar e o restante, 320 kWh, vieram da rede da concessionária (consumo bruto da rede); • A concessionária recebeu da unidade 120 kWh em energia injetada e a devolveu em outro horário. Ela precisou, portanto, comprar 200 kWh de outras usinas para completar o fornecimento (consumo líquido da rede). • O consumo líquido da rede é faturado na conta do mês. Precisamos de três leituras para estabelecer todos os números do fluxo de energia: • A leitura do medidor de consumo; • A leitura do medidor de injeção; • A leitura do inversor. É importante que o proprietário do sistema compreenda esta lógica. Em especial, ele deve estar ciente que a conta de energia apresenta apenas parte das informações. 3.1. O custo de disponibilidade Em meses com consumo muito baixo é cobrada uma taxa mínima, chamada “Custo de Disponibilidade”, no valor de Figura 2: Exemplo de fluxo de energia em um determinado mês http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 10 – DIMENSIONAMENTO E COMPENSAÇÃO DA ENERGIA GERADA © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 3 • 30 kWh para ligações monofásicas; • 50 kWh para ligações bifásicas; • 100 kWh para ligações trifásicas. Esta taxa é aplicada para todos os consumidores do grupo B, independentemente de haver uma geração solar no local ou não. Com isso fica impossível zerar a conta com energia solar. 3.2. Cálculo da fatura Tabela 1: Cálculo de fatura e crédito com aplicação do Custo de Disponibilidade em três meses exemplares A tabela 1 apresenta exemplos de três meses que ajudam a compreender melhor o cálculo do faturamento (presume-se que a unidade seja trifásica). Explicação: • O mês A apresenta o mês com o mesmo fluxo da figura 2 e consta na tabela para fins de comparação; • No mês B, o consumo líquido da rede ficou abaixo do custo de disponibilidade, e este é faturado pela concessionária. O proprietário da unidade ficou com um prejuízo de 70 kWh, energia que ele gerou e entregou à concessionária sem receber por ela; • No mês C, a geração superou o consumo bruto e gerou crédito de 40 kWh. Neste caso também há prejuízo pela cobrança do custo de disponibilidade. • O crédito será abatido em meses subsequentes que apresentam consumo líquido superior ao custo de disponibilidade, e até o limite deste custo. Após 60 meses, o crédito é perdido. 4. Dimensionar o sistema solar para um consumidor do grupo B 4.1. Analisar a conta do cliente Tabela 2: Exemplo para aplicação de duas abordagens para estipular a potência do sistema solar para um determinado cliente Geração total Geração otimizada Consumo médio mensal [kWh] 733 733 Custo de disponibilidade [kWh] 100 100 Meta de geração mensal [kWh] 733 633 Geração típica no local da instalação [kWh / kWp] 120 120 Potência do sistema solar [kWp] 6,1 5,3 A tarefa do projetista consiste em dimensionar o sistema solar de forma adequada para cada cliente. Ponto de partida é a conta do cliente, devido aos princípios da REN 482/2012 explicados acima. Usamos o histórico de consumo ao longo dos últimos 12 meses, impresso na conta como base de cálculo, e formamos a média destes valores. A média mensal deve ser corrigida pela expectativa de aumento do consumo: é frequente que o cliente seja mais generoso no consumo a partir da instalação do sistema solar. Mas ele pode também prever mudanças de hábito que reduzam o consumo de energia. Recomendável é aproveitar o momento para efetuar medidas de eficiência energética, antes do dimensionamento do sistema solar. Em unidades novas, sem histórico deve-se estimar o futuro consumo a partir de unidades similares ou outros métodos da engenharia elétrica. 4.2. Estipular a meta de geração Quanta energia deve ser gerada pelo futuro sistema solar? A abordagem simples toma como meta de geração a média mensal de consumo, corrigido pela expectativa de sua variação. Mês A Mês B Mês C Energia injetada 120 kWh 150 kWh 240 kWh Consumo bruto da rede 320 kWh 180 kWh 200 kWh Consumo líquido da rede 200 kWh 30 kWh -40 kWh Fatura 200 kWh 100 kWh 100 kWh Prejuízo 0 kWh 70 kWh 100 kWh Crédito 0 kWh 0 kWh 40 kWh http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 10 – DIMENSIONAMENTO E COMPENSAÇÃO DA ENERGIA GERADA © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 4 Se quisermos evitar o prejuízo induzido pelo custo de disponibilidade, então devemos reduzir a média mensal pelo custo de disponibilidade para chegar à meta da geração, representado pela coluna “Geração otimizada” na tabela 2. Os dois cálculos representam o limite inferior e superior de um sistema bem adaptado ao cliente. 4.3. Aplicar a geração típica No último passo dividimos a meta de geração pela geração típica para chegar à potência do futuro sistema solar. A geração típica é obtida mediante simulação de um sistema de 1kWp em softwares ou aplicativos e representa a quantidade de energia gerada por este sistema na região da futura instalação. Como nós efetuaremos o cálculo inverso em seguida, podemos usar neste passo um valor aproximado. Com isso, é possível executar todo o cálculo acima rapidamente na cabeça. 4.4. Projetar o sistema solar O cálculo anterior usou premissas simplificadas para chegar a uma faixa de potência interessante. Agora chegou a hora de projetar o sistema real, ocupando parte da cobertura ou do terreno do cliente, como abordado nos capítulos anteriores. É possível que a área disponível não seja suficiente para o sistema ideal e nos força a restringir a potência ou a procurar soluções de geração remota. 4.5. Verificar o dimensionamento O cálculo inverso vai mostrar se a potência projetada realmente é adequada. Quem traz a resposta é um software de simulação, que calcula o sistema projetado com todos os detalhes de sombreamento e das perdas envolvidas. Ele traz a estimativa da futura geração (figura 3). Aplicando a tarifa, chega-se à futura conta de energia que o cliente pagará. A figura 3 mostra o resultado para um sistema projetado conforme a regra “geração total” na tabela 2, com potência de 5,9 kWp. A curva azul representa a conta atual, e a amarela, após a instalação do sistema solar. Na curva amarela fica evidente que o cliente pagará o custo de disponibilidade em todos os meses do ano. Neste caso, o software estima um prejuízo acumulado de 8%, aproximadamente um mês de geração solar. A aplicação das regras para a geração otimizada (compare tabela 2) resulta em um sistema de 4,8 kWp, cujas contas de energia são apresentadas na figura 5. Neste caso, o prejuízo com custo de disponibilidade ocorre em apenas quatro meses e cai para 2,7% da geração. Consequentemente há melhora no retorno de investimento. Repare que a potência dos dois sistemas simulados ficou abaixo dos valores inicialmente estipulados na tabela 2. A razão disso é que a média mensal usada no cálculo inicial não representa perfeitamente o comportamento do cálculomês a mês. Figura 5: Consumo (barras cinzas) e geração simulada (barras amarelas) a cada mês. Diagrama do software PV*SOL. Figura 3: Comparação da conta de energia atual (azul) e posterior à instalação do sistema solar (amarelo) no software PV*SOL. Figura 4: Comparação entre conta atual e com energia solar, para um sistema projetado para geração otimizada http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/software-pv-sol https://www.solarize.com.br/software-pv-sol MANUAL DE ENERGIA SOLAR 10 – DIMENSIONAMENTO E COMPENSAÇÃO DA ENERGIA GERADA © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 5 4.6. Otimizar o dimensionamento A escolha entre um sistema com potência menor ou maior deve levar em consideração os objetivos do cliente: • se ele preferir pagar um valor mensal fixo, então o sistema deve ser superdimensionado; • Se ele preferir um retorno financeiro melhor, o sistema deve ser otimizado para baixo. A disponibilidade financeira do cliente pode ser outra restrição. 4.7. Limite conforme demanda disponibilizada Quando uma unidade de consumo é conectada à rede elétrica, o proprietário informa à distribuidora qual demanda máxima ele precisa. Esta usa a informação no planejamento da rede de distribuição e no dimensionamento do ramal de conexão. O sistema solar não pode superar a demanda máxima para garantir o escoamento da energia. Nesta comparação, a potência da planta solar é o menor valor entre a soma da potência dos módulos e a soma da potência dos inversores. O disjuntor geral da unidade, junto com a norma da concessionária, permite determinar a demanda máxima. Se desejar instalar um sistema maior será necessário solicitar um aumento de carga à concessionária. 5. Dimensionar o sistema solar para um consumidor do grupo A Consumidores do grupo A recebem energia em média tensão. A fatura deles é dividida em diversas rubricas. Segue uma abordagem resumida, sem entrar nos detalhes e nas diferentes opções: • O consumo é separado pelo horário de Ponta e Fora de Ponta, aplicando tarifas diferentes; • A demanda contratada é cobrada mensalmente com um valor fixo, independentemente do consumo ocorrido; • Há ainda multas por demanda acima da contratada e por excesso de energia reativa. A abordagem simples segue o cálculo apresentado na tabela 2. Usamos o consumo no horário Fora de Ponta e desconsideramos o custo de disponibilidade. A demanda contratada limita a potência do sistema solar e faz com que o sistema solar, em quase todos os casos, gere apenas uma parte do consumo. A razão disso é simples: o sol não gera energia com 100% da potência de 8 às 18 hs, muito menos à noite. A avaliação de opções como aumento da demanda contratada ou compensação do consumo em horário de Ponta extrapolam a abrangência deste capítulo. http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 10 – DIMENSIONAMENTO E COMPENSAÇÃO DA ENERGIA GERADA © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 6 6. Compensação remota Figura 6: Ilustração da compensação remota. Fonte: Guia de Constituição de Cooperativas de GD A compensação local é a forma mais simples: o sistema solar é instalado na própria unidade de consumo. Neste caso, aplicam-se as regras descritas anteriormente. No entanto, a regulamentação permitiu diversas formas de compensação remota, onde o excedente da energia na unidade de geração é transferido para outras unidades. A compensação é efetuada de forma contábil e é restrita à mesma área de concessão. Todas as formas de compensação remota têm em comum a transferência em kWh, independente da tarifa da origem e do destino. É possível que a reforma da REN 482 em curso, mude este princípio e abata um percentual como contribuição para a rede de distribuição. 6.1. Autoconsumo remoto O excedente da energia gerada pode ser transferido para uma outra unidade do mesmo titular. Se for pessoa física, então as duas contas devem estar cadastradas no mesmo CPF. No caso da pessoa jurídica é permitida a transferência entre diferentes filiais (CNPJ idêntico antes da barra). Na unidade de origem, se for do grupo B, é cobrado o custo de disponibilidade. Na unidade receptora, também, se o consumo líquido ficar abaixo deste valor. O excedente pode ser transferido até para mais do que uma unidade. Neste caso, o proprietário declara à concessionária o percentual que cada unidade deve receber. Eventuais créditos permanecem na respectiva unidade receptora. 6.2. Geração compartilhada Grupos de empresas podem formar um consórcio e construir uma usina em conjunto. No contrato é definido o percentual de energia que cada consorciado recebe. Regras similares permitem a geração compartilhada para condomínios (múltiplas unidades de consumo) ou cooperativas. Acesse através do site www.solarize.com.br o Guia de Constituição de Cooperativas de Geração Distribuída Fotovoltaica, disponibilizado pelo OCB. 7. Retorno financeiro Se quisermos calcular o retorno financeiro do sistema solar, precisamos valorar a energia gerada conforme o fluxo apresentado na figura 2. 7.1. Autoconsumo O autoconsumo simplesmente abate o consumo e é valorado pela tarifa de consumo. As faixas progressivas de ICMS, instituídas na maioria dos estados brasileiros, podem trazer um ganho adicional ao proprietário, já que o consumo bruto dele é reduzido. Isso vale também para a bandeira tarifária. A cobrança da taxa de iluminação pública traz outro ganho em municípios onde ela é cobrada conforme consumo mensal. 7.2. Energia injetada Na visão da Aneel, a energia injetada deve ser devolvida em outro horário, abatendo o consumo da unidade. Nesta perspectiva, ela é valorada também com a tarifa de consumo. http://www.solarize.com.br/ http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 10 – DIMENSIONAMENTO E COMPENSAÇÃO DA ENERGIA GERADA © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 7 A legislação sobre ICMS, que é da alçada estadual, não seguiu completamente este conceito. Infelizmente, ela deixa dúvidas, o que levou as concessionárias a aplicar regras não uniformes. Algumas retêm ICMS sobre a em energia injetada, referente à tarifa de uso do sistema de distribuição, TUSD. Antes de realizar um projeto, pesquise a forma de taxação que a concessionária do cliente aplica, especialmente quando se trata de potências maiores ou de geração remota. 8. Modelos de Negócio A construção e a operação da planta solar não precisam, necessariamente, serem executadas pelo cliente em propriedades dele. Além da venda do equipamento há modalidades de locação do equipamento, do local da instalação e de locação virtual de partes de uma usina maior. Todos os modelos exigem muita atenção para a correta contratação em consideração à legislação fora do setor elétrico, evitando conflitos com o monopólio da distribuidora local. Oferecemos um curso que apresenta diversos modelos de negócios com suas particularidades. Acesse nossa agenda de cursos para saber mais. 9. Previsão Mencionamos em diferentes itens dos capítulos softwares de simulação e mostramos resultados dos cálculos. Eles realmente são fundamentais para elaborar um projeto tecnicamente impecável, para calcular o retorno financeiro com segurança e para efetuar vendas de forma eficiente. Este será o tema do próximo capítulo. Acesse o manual completo com o material adicional aqui – é grátis! O autor, Hans Rauschmayer, é sócio-gerente da empresa Solarize Treinamentos Profissionais Ltda, onde montou a abrangente grade de capacitação. Reconhecido especialista em energia solar, ele já foi convidado para ensinar e palestrar em universidades, instituições, congressos nacionais e internacionais e vários programasde TV. Entre em contato pelo site www.solarize.com.br. http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/cursos-e-eventos https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 http://www.solarize.com.br/ © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. | www.solarize.com.br R. Paschoal Carlos Magno, 57 20240-290 Rio de Janeiro RJ | contato@solarize.com.br | CNPJ 28.150.768/0001-60 © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. - Todos direitos reservados 1. Introdução O tema do presente capítulo do manual de energia solar serão softwares de planejamento e simulação de projetos fotovoltaicos. Eles são fundamentais para elaborar um projeto tecnicamente impecável, para calcular o retorno financeiro com segurança e para efetuar vendas de forma eficiente, como já vimos em outros capítulos. 2. Requisitos ao Software Fotovoltaico A engenharia de software, formação original do autor deste manual, ensina que se deve iniciar a escolha de um software pela análise dos requisitos. Em seguida, é preciso priorizar as demandas para então escolher uma solução. 2.1. O Fluxo de Trabalho O segundo capítulo apresentou o passo-a-passo da elaboração de um projeto fotovoltaico conectado à rede (figura 1, disponível no site www.solarize.com.br). As etapas principais são 1. A análise das informações que embasam o projeto; 2. A elaboração do projeto técnico; 3. O cálculo do retorno do investimento (custo / benefício). O resultado do terceiro passo pode levar a uma revisão do projeto, por questões técnicas ou financeiras. O software ideal conduz o projetista no fluxo natural do seu trabalho, ao mesmo tempo que oferece flexibilidade conforme o tipo do projeto e o perfil do usuário. MANUAL DE ENERGIA SOLAR 11 – SOFTWARES DE PLANEJAMENTO E SIMULAÇÃO PARA PROJETOS FOTOVOLTAICOS Figura 1: As etapas da elaboração do projeto fotovoltaico https://www.solarize.com.br/site-content/17-base-de-conhecimento/288-manual-de-energia-solar-288 https://www.solarize.com.br/site-content/17-base-de-conhecimento/288-manual-de-energia-solar-288 MANUAL DE ENERGIA SOLAR 11 - SOFTWARES DE PLANEJAMENTO E SIMULAÇÃO PARA PROJETOS FOTOVOLTAICOS © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 2 2.2. Os Diferentes Atores Cada ator envolvido no projeto tem interesses próprios, com demandas de informações, que devem ser atendidas pelo software (figura 2). Vamos entender os principais. 2.2.1. O Vendedor O vendedor recolhe as informações do cliente e elabora um projeto primário que precisa ter o detalhamento suficiente para garantir a viabilidade técnica e calcular o retorno do investimento. Com esta informações, ele prepara uma proposta para iniciar as negociações com o cliente. Na realidade brasileira, o processo da venda é muito mais importante do que os processos técnicos, por causa da baixa taxa de conversão: o estudo da empresa Greener sobre o mercado de geração distribuída relata que apenas 7% dos projetos viram contrato. Com isso, a qualidade da proposta é fundamental para aumentar as vendas, e a agilidade na elaboração reduz o tempo que, possivelmente, não será remunerado. Ambas são questões onde um software pode ajudar muito. 2.2.2. O Projetista O projetista recebe o projeto primário do vendedor e o detalha com objetivo de aprimorar questões técnicas e financeiras. Ele produz listas de materiais e diagramas técnicos para planejamento, aprovação e execução do projeto. 2.2.3. O Cliente O cliente tem vários papéis neste processo, que podem ser acumulados: • No papel de investidor, ele compara o rendimento do sistema solar com outras aplicações financeiras; • Sendo proprietário do local da instalação, ele se preocupa com a estética e segurança da instalação; • No caso de uma empresa pode haver outros interesses, como marketing verde ou proteção contra aumentos da tarifa. O software ideal oferece diversidade de informações técnicas e financeiras, que serão utilizadas de acordo com o perfil de interesse do cliente 2.2.4. A Distribuidora de Energia A distribuidora espera receber a documentação padronizada conforme normas próprias e da ANEEL, para então aprovar o projeto. Figura 2: O projeto fotovoltaico visto por diferentes atores http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 11 - SOFTWARES DE PLANEJAMENTO E SIMULAÇÃO PARA PROJETOS FOTOVOLTAICOS © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 3 2.2.5. Instituições Outras instituições recebem a documentação do projeto, conforme o caso: • Conselhos de engenharia ou de técnicos; • Bancos ou investidores; • Seguradoras; • Instituições públicas, como por exemplo órgãos ambientais, EPE (Empresa de Pesquisa Energética, no caso de leilões de usinas), órgãos de preservação de patrimônio histórico, etc. 2.3. Escopo do projeto Podemos diferenciar as seguintes categorias de projetos (figura 3): 2.3.1. Projetos de Pequeno Porte Projetos residenciais ou comerciais de pequeno porte devem priorizar a venda individualizada ao cliente, com propostas bonitas. A margem de lucro, geralmente reduzida, exige que o processo de venda e instalação seja eficiente. 2.3.2. Prédios Comerciais Projetos em prédios comerciais costumam apresentar uma série de exigências técnicas: coberturas repletas de obstáculos (casa de máquinas, caixas d´água, aparelhos de ar condicionado, ...) e uma maior complexidade na conexão elétrica. O software ideal permite um trabalho interativo com grande flexibilidade. Este tipo de cliente exige também um cálculo do rendimento mais apurado. 2.3.3. Usinas em Solo No caso de usinas em solo, o projeto técnico é modular e repetitivo. Podemos diferenciar ainda usinas de grande porte, que usam rastreadores (tracking), de usinas menores, com aplicação de tecnologias mais simples. O financiador destas usinas deseja receber informações detalhadas e altamente confiáveis, e as insere nas próprias planilhas financeiras. 2.4. Questões Técnicas 2.4.1. Cálculo Confiável Pelo ponto de vista do investidor, a questão fundamental é a confiabilidade dos resultados. Um software com reputação internacional ganha pontos na avaliação. 2.4.2. Dados Meteorológicos Detalhados Os dados meteorológicos formam a entrada principal dos algoritmos de simulação. O formato padrão se chama TMY (typical metereological year), em detalhamento horário. Este detalhamento é essencial para simular o sistema fotovoltaico, porque a eficiência dos componentes varia conforme irradiação e temperatura momentânea, e porque as perdas dependem da potência gerada a cada instante. Há empresas internacionais que fornecem séries de dados a partir de medições de solo e por satélite (ex. Meteonorm). As fontes brasileiras, do atlas solarimétrico, infelizmente não são Figura 3: Projetos de portes diferentes apresentam características diferenciadas http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 11 - SOFTWARES DE PLANEJAMENTO E SIMULAÇÃO PARA PROJETOS FOTOVOLTAICOS © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 4 fornecidas na resolução horária, mas por médias mensais. 2.4.3. Flexibilidade da Configuração dos Inversores O software deve providenciar as regras específicas para inversores string, micro inversores e otimizadores de potência. A associação dos módulos a inversores deve ser resultado da modelagem 3D. Já o projetista deve ter a liberdade total na configuração: juntar módulos de diferentes prédios, modificar limites de configuração (ex. fator de dimensionamento, veja capítulo 5) e definir a sequência dos strings (figura 4). Telhados em arco são um exemplo onde pode ser necessário juntar módulos de diferentes inclinações no mesmo string. O software deve calcular asperdas causadas no descasamento, o que é possível somente com dados climáticos detalhados. 2.4.4. Tratamento Diferenciado da Sombra por Objetos Próximos e Distantes Objetos distantes como, por exemplo, morros causam um efeito “liga/desliga” no arranjo fotovoltaico inteiro. Eles representam o horizonte do cenário. Objetos próximos, como prédios, árvores ou antenas, projetam uma sombra que parece andar por cima do arranjo. A cada momento, a sombra atinge outras partes dos módulos. As duas formas causam efeitos elétricos diferentes, o que exige uma modelagem diferente no software. 3. Comparação de Softwares Mais Utilizados Nos últimos anos foram desenvolvidos muitos softwares fotovoltaicos. A seguir analisaremos as características dos mais populares no Brasil. Nenhum software é perfeito - recomendamos priorizar pelo tipo de projeto mais utilizado e testar o programa antes de efetuar a compra. Figura 4: Exemplo de uma instalação comercial, onde o projetista definiu a configuração dos módulos de forma semi- automática (PV*SOL premium) http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 11 - SOFTWARES DE PLANEJAMENTO E SIMULAÇÃO PARA PROJETOS FOTOVOLTAICOS © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 5 3.1. PVSyst PVSyst é o programa clássico para usinas de grande porte. Parâmetros específicos permitem aos especialistas modelarem detalhes que são importantes para esta categoria de projetos. PVSyst permite também analisar sombreamento em instalações com tracking (rastreamento, figura 5). A interface do usuário é antiquada e pouco amigável e não foi traduzido para português. A modelagem em 3D não é intuitiva, o que restringe o uso do software a especialistas. PVSyst não oferece uma análise financeira do projeto. Os dados meteorológicos são horários e fornecidos pela empresa Meteonorm, mas é possível importar outras fontes. O programa consegue até gerar dados em minuto para simular sombreamento com mais precisão. 3.2. Solergo Solergo foi o primeiro programa a ser traduzido para português e recebeu adaptações ao Brasil, o que o tornou bastante popular. Ele pertence a uma família de programas para elaborar diagramas elétricos (figura 6). E é neste quesito que ele tem sua maior força: o banco de dados contém normas e catálogos de dispositivos de proteção. O programa trabalha baseado em imagens de satélite e extrusão de prédios, com pouca versatilidade de importação. O fluxo de trabalho dentro do Solergo parte da premissa que o projetista iniciou o projeto num software CAD para definir o número de módulos a serem colocados em cada cobertura – um passo que idealmente deveria ser indicado pelo próprio software de planejamento fotovoltaico. É fácil modelar projetos simples, porém falta apoio para projetos complexos. A liberdade de configuração dos inversores também é restrita e pouco interativa. Os dados meteorológicos abrangem somente médias mensais, não permitindo uma simulação da oscilação da irradiação ao longo do dia. Figura 5: Exemplo de diagrama elétrico gerado pelo software Solergo Figura 6: Foto de uma usina com tracking e a simulação do sombreamento no software PVSyst http://www.solarize.com.br/ Solergo%20recorte.wmv MANUAL DE ENERGIA SOLAR 11 - SOFTWARES DE PLANEJAMENTO E SIMULAÇÃO PARA PROJETOS FOTOVOLTAICOS © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 6 3.3. Helioscope Helioscope é um programa online que usa imagens de satélite como base (figura 7). Ele é oferecido somente em inglês. Diferente dos outros programas, a cobrança é por mensalidade, o que o torna mais caro a longo prazo. A interface dele é muito intuitiva, com alto grau de automação, o que o torna muito eficiente para projetos simples. No entanto, a automatização pode atrapalhar em projetos mais complexos, onde o projetista precisa ter mais autonomia de decisão. Como não foi adaptado às regras do Brasil, o software exige planilhas financeiras à parte. 3.4. PV*SOL premium PV*SOL premium é um software que ganhou reconhecimento em mais de 20 anos de existência. Ele foi traduzido para português do Brasil e adaptado às tarifas nacionais. Ele se diferencia pelo fluxo natural com qual ele conduz o usuário: cada passo é consequência dos passos anteriores e resolvido dentro do próprio PV*SOL. O vendedor gasta pouco tempo para elaborar propostas bonitas, aproveitando escolhas automáticas e simplificadas. O projetista, em seguida, tem toda liberdade para detalhar e modificar o projeto. O software permite controle total sobre a configuração dos módulos com os inversores e a sequências da conexão em strings. Os diagramas elétricos permitem desenhar um diagrama unifilar, satisfatório para a legalização na concessionária. Para ir além disso, recomenda- se o uso de um software CAD. A planta da cobertura também é produzida pelo software e pode ser importada no CAD. A simulação é baseada em dados climáticos horários, permitindo também a geração de dados em minutos. Diversos coeficientes de perdas Figura 7: Helioscope trabalha com extrusão a partir de imagens de satélite Figura 8: Projeto elaborado a partir de modelagem 3D obtida por aerofotogrametria com drones (PV*SOL premium) http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/software-pv-sol Helioscope%20recorte.wmv MANUAL DE ENERGIA SOLAR 11 - SOFTWARES DE PLANEJAMENTO E SIMULAÇÃO PARA PROJETOS FOTOVOLTAICOS © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 7 podem ser aplicados: sujeira, degradação, cabos com cálculo da bitola, entre outros. Cada parâmetro é simulado separadamente, e as informações ajudam a otimizar o sistema. Os parâmetros econômicos incluem o valor do investimento, custos com financiamento, despesas com operação e manutenção e a taxa de desconto. As tarifas respeitam faixas de ICMS, presentes na maioria dos estados brasileiros, e tarifas horo-sazonais. O relatório do cálculo econômico traz vários indicadores, como retorno de investimento e taxa interna de retorno com um aspecto apresentável. Uma qualidade importante é a versatilidade da modelagem: ela pode partir da imagem de satélite ou de uma planta baixa, mas permite também uma modelagem de maquete com dimensões dos prédios. A forma mais nova é a importação de modelos 3D criados por drone, importante no interior onde o Google fornece uma baixa resolução, e facilitador em coberturas complexas que, antes, necessitavam um levantamento demorado dos obstáculos (figura 8). A importação de programas de arquitetura é outra opção, essencial para a colaboração com arquitetos. O software PV*SOL permite ainda integrar veículos elétricos à modelagem, calculando seu consumo no sistema predial e o custo de rodagem com energia solar e com energia da concessionária. Consideramos PV*SOL o software mais completo para projetos de geração distribuída simples e complexos. Uma versão de avaliação está disponível que permite testar o programa por 30 dias com funcionalidade completa. Acesse www.pvsol.com.br. 4. Previsão O próximo capítulo será o último desta série, onde abordaremos a legalização de projetos na concessionária com aspectos da diferenciação entre micro e minigeração. Outros temas serão tendências do mercado, como veículos elétricos e sistemas com baterias. Acesse o manual completo com o material adicional aqui – é grátis! O autor, Hans Rauschmayer, é sócio-gerente da empresa Solarize Treinamentos Profissionais Ltda, onde montou a abrangente grade de capacitação. Reconhecido especialista em energia solar, ele já foi convidado para ensinar e palestrar em universidades, instituições, congressos nacionais e internacionais e vários programasde TV. Entre em contato pelo site www.solarize.com.br. http://www.solarize.com.br/ http://www.pvsol.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 http://www.solarize.com.br/ © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. | www.solarize.com.br R. Paschoal Carlos Magno, 57 20240-290 Rio de Janeiro RJ | contato@solarize.com.br | CNPJ 28.150.768/0001-60 © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. - Todos direitos reservados 1. Introdução O presente capítulo encerra a série do manual de energia solar. Aprenderemos neste mês como legalizar um projeto fotovoltaico na concessionária. E vamos ainda dar uma olhada em tendências do mercado: sistemas híbridos, uso de drones como ferramenta e a sinergia de veículos elétricos com a energia solar. 2. Legalização de Projetos Fotovoltaicos – Princípios O estado oferece diversas concessões. No nosso contexto estamos falando da distribuição regional de energia. Portanto, seria mais correto usar o termo “distribuidora” ao invés de “concessionária”. A distribuidora local tem o monopólio de fornecimento de energia elétrica na sua área de concessão. Ela ganhou o direito de vender energia e assumiu a obrigação de atender todos os clientes naquela área. Além de vender energia, ela também distribui energia dentro do Ambiente de Contratação Livre (ACL), também chamado de “Mercado Livre”. E é isso que ela faz na Geração Distribuída também: ela recebe energia gerada pelo consumidor produtor, sem qualquer cunho comercial, e a devolve em outro horário. O relacionamento entre o cliente e a distribuidora envolve diferentes esferas: • A esfera contratual: consumo e produção de energia; • O faturamento da energia; • A esfera técnica: como acessar à rede para receber e injetar energia. MANUAL DE ENERGIA SOLAR 12 – LEGALIZAÇÃO DE PROJETOS E TENDÊNCIAS DO MERCADO Figura 1: Etapas do processo de legalização de um projeto fotovoltaico conectado à rede https://www.solarize.com.br/site-content/17-base-de-conhecimento/288-manual-de-energia-solar-288 https://www.solarize.com.br/site-content/17-base-de-conhecimento/288-manual-de-energia-solar-288 MANUAL DE ENERGIA SOLAR 12 – LEGALIZAÇÃO DE PROJETOS E TENDÊNCIAS DO MERCADO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 2 O lado contratual é padronizado pela Aneel, de forma simplificada. Sobre o faturamento falamos no capítulo 10 – ele também é padronizado. Ambas estão descritas na Regulação Normativa REN 482/2012 ANEEL. O lado técnico é o mais delicado para a distribuidora, porque envolve equipamento individual e pode causar impactos na rede e em outros clientes dela. 3. Normas para definir o acesso à rede A ANEEL descreveu as condições para o acesso à rede no documento chamado PRODIST (Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional), no Módulo 3 – Acesso ao Sistema de Distribuição, Seção 3.7 – Acesso de Micro e Minigeração Distribuída. Cada distribuidora publica uma norma própria que alinha as regras do PRODIST à sua norma do acesso à rede. 4. O Processo da Legalização 4.1. Os Atores O processo da legalização envolve três atores: • O acessante, que é o proprietário ou locatário da unidade de consumo onde o sistema solar será conectado; • Um profissional habilitado que conduz o processo e representa o cliente frente à distribuidora. Infelizmente não existem regras uniformes no Brasil sobre a habilitação do profissional para conduzir o processo. Algumas distribuidoras são até mais restritivas do que os conselhos regionais e as câmeras técnicas. É importante consultar a distribuidora; • A distribuidora de energia. 4.2. O Processo A figura 1 apresenta as etapas do processo (detalhadas nos PRODIST): • O profissional elabora o projeto e prepara a documentação; • Opcionalmente, ele faz a consulta de acesso. Este passo é recomendado quando o acesso pode envolver custos adicionais, como, por exemplo, obras na subestação da distribuidora; • A solicitação de acesso representa o início da legalização e deve ser acompanhada pelos documentos necessários (veja a seguir); • A distribuidora analisa os documentos e o ponto de conexão no local e informa pendências ou condições específicas; • Depois da resolução das pendências, a distribuidora emite o Parecer de Acesso e envia, junto, os contratos a serem fechados; • O parecer tem validade de 120 dias, que é o prazo para instalar o sistema; • Concluída a instalação, o profissional solicita a vistoria; • A distribuidora conduz a vistoria, emite um relatório e troca o medidor; • Eventuais pendências devem ser adequadas antes da troca e liberação do acesso. A figura 1 indica os prazos máximos da distribuidora para cada passo em caso de micro e minigeração. Para eventuais obras de reforço da rede, os prazos são maiores. 4.3. A Documentação A PRODIST define também a documentação a ser entregue ao solicitar o acesso, que é feito no site da distribuidora: • O formulário de solicitação, definido na PRODIST; • A ART de projeto e execução. Procure informações sobre os detalhes da ART que a respectiva distribuidora espera; • Diagrama unifilar e memorial descritivo; • Os certificados Inmetro dos inversores; • Dados para registro do sistema no banco de dados da ANEEL; http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 MANUAL DE ENERGIA SOLAR 12 – LEGALIZAÇÃO DE PROJETOS E TENDÊNCIAS DO MERCADO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 3 • Se houver compensação remota (veja capítulo 10), os dados das respectivas unidades e a porcentagem de rateio; • Eventuais documentos que comprovam a relação entre os participantes do rateio; • Em sistemas com potência acima de 10 kW é exigida uma documentação técnica mais detalhada, com diagrama de blocos e projeto elétrico; 4.4. O Projeto Unifilar Frequentemente percebe-se entre empresas iniciantes neste setor uma preocupação com o conteúdo ou formato do projeto unifilar a ser entregue à distribuidora. No entanto, ele é bastante simples e repetitivo e inclui poucos elementos. Figura 2 apresenta um exemplo. 4.5. Microgeração versus Minigeração Na definição dos procedimentos, a ANEEL partiu da premissa que o cliente que deseja instalar um sistema de microgeração (até 75 kW de potência) deve ter um acesso simplificado sem custo adicional. Já nos casos de minigeração, a concessionário pode solicitar do acessante uma série de estudos, pagos por ele mesmo. O próprio acesso à rede pode exigir obras custeadas pelo cliente. Por isso recomenda-se executar a Consulta de Acesso em casos de dúvidas. Figura 2: Exemplo de projeto unifilar para legalização do projeto http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 MANUAL DE ENERGIA SOLAR 12 – LEGALIZAÇÃO DE PROJETOS E TENDÊNCIAS DO MERCADO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 4 5. Tendências do Mercado 5.1. Inversores Híbridos Inversores híbridos oferecem funções para sistemas conectados à rede (on-grid), e autônomos (off-grid). Eles carregam e descarregam baterias. A faixa de aplicações é bastante ampla: • No-break: o inversor alimenta uma sub- rede emergencial em caso de falha da rede da concessionária. As baterias são carregadas pelo sol, durante o dia, e pela rede, quando esta está disponível; • Off-grid com backup pela rede: o inversor alimenta uma sub-rede a partir do sol e das baterias. Quando a tensão das baterias cai abaixo de um limite configurável entra a rede para alimentar a carga; • Peak-shaving: as baterias são carregadas em horário de baixo consumo e descarregados em horário de alto consumo com objetivode limitar a potência da carga; • Gerenciamento de energia: as baterias são carregadas quando há energia solar sobressaliente e descarregadas à noite, com objetivo de aumentar a cota do autoconsumo; • Controle de gerador: um gerador externo é ativado dependendo da demanda atual e da carga das baterias; • Devolução à rede: a injeção de energia à rede pode ser desligada, evitando assim a necessidade da legalização na distribuidora. Diversos parâmetros permitem balancear os objetivos de segurança energética, economia e gerenciamento de energia. Inversores híbridos devem aumentar sua participação no mercado com a queda de preço das baterias. A taxação proposta pela ANEEL, se realmente for aprovada, será mais um incentivo para usar baterias e reduzir a parcela da energia injetada. Os projetos que usam inversores híbridos são mais exigentes do que aqueles sem baterias, por causa dos cálculos em torno de potência, corrente e carga, e por causa das modificações na rede predial existente. Figura 3: Um inversor híbrido e suas possíveis conexões http://www.solarize.com.br/ MANUAL DE ENERGIA SOLAR 12 – LEGALIZAÇÃO DE PROJETOS E TENDÊNCIAS DO MERCADO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 5 5.2. Drones como Ferramenta de Trabalho Drones surgiram como equipamento de diversão. Logo em seguida foram usados para filmar festas e eventos. No setor de energia solar, muitas instaladoras já costumam filmar suas instalações executadas com drones. Além de documentar o sistema, o vídeo e permite ao proprietário compartilhar a aquisição com seus amigos – marketing perfeito para a integradora. Em usinas de porte maior, o drone pode tirar uma foto por dia, sempre do mesmo lugar, para mostrar o progresso no estilo time-lapse. A filmagem permite também um acompanhamento remoto. Para uma usina em funcionamento é imprescindível detectar e consertar defeitos, antes que acumulem prejuízos financeiros. Drones com câmeras termográficas conseguem apontar módulos ou células com problemas, porque estes esquentam mais do que as em funcionamento normal. Mapeamento aéreo No planejamento de instalações lança-se mão do mapeamento aéreo de terrenos ou edificações. O drone é programado para sobrevoar a área de interesse e tirar fotos com uma sobreposição definida. As fotos, depois, são tratadas em softwares específicos e geram dois produtos: • Mapas ortomosáicos, similares a imagens de satélite, só que com uma definição e precisão muito superior; • Modelos em 3D para levantamento integral de coberturas: a figura 4 mostra uma laje típica, repleta de obstáculos, entre os quais foram encaixados os módulos, respeitando o sombreamento. Um voo de drone de 10 minutos substitui várias horas gastas para levantamento da planta da cobertura e substitui acesso pessoal. O aproveitamento completo destas técnicas se faz com um software de modelagem que importa tanto o mapa ortomosáico quanto o modelo 3D. PV*SOL premium é um exemplo disso (leia mais no capítulo 11). 5.3. Veículos elétricos Veículos elétricos estão começando a aparecer na realidade brasileira. Quem acompanha nosso blog já viu notícias de guardas municipais (figura 5), de ônibus municipais e de empresas de transporte executivo. O primeiro grande mercado será o uso comercial em serviços urbanos. Nestas aplicações, os veículos rodam, diariamente, um percurso conhecido e são recarregadas durante a noite. As Figura 4: Exemplo de uma laje, onde o levantamento por drone economiza o trabalho Figura 5: A Guarda Municipal de São José dos Campos com seus carros elétricos (foto do site da prefeitura) http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 MANUAL DE ENERGIA SOLAR 12 – LEGALIZAÇÃO DE PROJETOS E TENDÊNCIAS DO MERCADO © Solarize Treinamentos Profissionais Ltda. www.solarize.com.br Página 6 questões da autonomia restrita e da demora na recarga não aparecem. A grande vantagem dos veículos elétricos é o custo menor por quilômetro rodado e da manutenção, quando comparado aos veículos equipados com motores a explosão. Publicamos estudos para carros elétricos, onde o valor caiu de 0,40 ou 0,50 R$ / km com gasolina para 0,13 R$ / km com energia da concessionária (acesse na coletânea de apresentações do nosso site). Com energia solar, o custo por quilômetro cai ainda mais, a meros R$ 0,06 R$. Imbatível, quando a montadora oferece modelos de aluguel para diluir o valor de compra mais alto. Podemos afirmar que os mercados de energia solar e de veículos elétricos andam de mãos dadas: quem se interesse por uma dessas tecnologias, invariavelmente vai querer a outra também. Uma vantagem para empresas que conhecem ambas. A questão chave para o uso de veículos elétricos é a infraestrutura de carregamento: a potência do eletroposto define o tempo da recarga e a conexão na rede predial e na distribuidora. As opções de faturamento devem ser estudadas para uso compartilhado em edifícios ou pontos públicos de recarga, que foram liberadas pela ANEEL na Resolução 819/2018. 6. Conclusão Agradecemos ao convite da revista O SETOR ELÉTRICO para apresentar em 12 capítulos o conteúdo resumido do nosso curso para projetos fotovoltaicos conectados à rede. Acesse o manual completo com o material adicional no nosso site – é grátis. Esperamos que tenha gostado e aproveitado. No caso de sugestões ou dúvidas não hesite em nos contatar. E aproveite para participar de um dos nossos cursos: oferecemos turmas para iniciantes, para avançados e para experientes, com os temas mais variados. O autor, Hans Rauschmayer, é sócio-gerente da empresa Solarize Treinamentos Profissionais Ltda, onde montou a abrangente grade de capacitação. Reconhecido especialista em energia solar, ele já foi convidado para ensinar e palestrar em universidades, instituições, congressos nacionais e internacionais e vários programas de TV. Entre em contato pelo site www.solarize.com.br. http://www.solarize.com.br/ https://www.solarize.com.br/site-content/11-blog/288-manual-de-energia-solar-288 http://www.solarize.com.br/