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AULA 5 
LEGISLAÇÃO – ATENDIMENTO 
HOSPITALAR E DOMICILIAR 
Profª Mônica Caetano Vieira da Silva 
 
 
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INTRODUÇÃO 
Olá! Bem-vindo a mais uma aula da disciplina “Legislação: Atendimento 
Hospitalar e Domiciliar”. Vamos conhecer as “estratégias e orientações para 
organizar classes hospitalares e atendimento pedagógico domiciliar”. Para saber 
mais, leia o texto, acesse os slides da aula e acompanhe as sugestões para se 
aprofundar no tema. 
CONTEXTUALIZANDO 
Muitos são os fatores que influenciam o processo de ensino e 
aprendizagem, portanto, as classes hospitalares e o atendimento pedagógico 
domiciliar têm muitos desafios a enfrentar. Crianças e adolescentes internados 
precisam vencer obstáculos significativos para conseguir aprender, pois a doença 
e o tratamento a que são submetidos às vezes não permitem que se sintam 
motivados. 
Transformar o espaço do hospital em lugar de entretenimento e 
aprendizagem de conteúdo escolar é algo que os profissionais da educação e da 
saúde precisam realizar. A adaptação do ambiente, a escolha dos recursos que 
serão utilizados e o contato com a escola dos alunos/pacientes são apenas 
algumas das atribuições dos profissionais que acompanham crianças em 
tratamento de saúde. 
Nesta aula, inicialmente conversaremos sobre o processo de ensinar e 
aprender, nos direcionando à prática pedagógica hospitalar e, em seguida, serão 
apresentados os recursos físicos e humanos necessários ao trabalho educacional 
desenvolvido em hospitais. Na sequência, iremos refletir sobre a relação que deve 
ser estabelecida entre o sistema escolar e de saúde, e a aula será finalizada com 
considerações importantes acerca do trabalho pedagógico domiciliar a crianças e 
adolescentes enfermos. 
TEMA 1 – O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NAS CLASSES 
HOSPITALARES 
1.1 Ensinar 
O ato de ensinar pressupõe uma intencionalidade, uma manutenção ou 
transformação da realidade – fato que o torna um ato político. Para ensinar, o 
 
 
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professor determina o objetivo que quer alcançar e estabelece formas de alcançá-
lo. Para Freitas e Freitas (2011, p. 2), o professor, ao ensinar, deve também 
questionar-se “por que ensinar?”, pois dessa maneira demonstra compreender 
que, com a prática docente, existirá uma repercussão social. 
Também de acordo com Freitas e Freitas (2011, p. 2), “a consciência da 
amplitude e complexidade de seu papel permitirá aos professores organizarem o 
processo de ensinar e aprender tendo como foco a formação integral do aluno, a 
fim de que este possa se perceber como sujeito histórico” e, dessa forma, 
transformar a realidade na qual está inserido. 
O ensino é, portanto, uma prática social, pois está imersa em um 
contexto social no qual deverá se pautar para prosseguir com o foco nos 
objetivos traçados. Deverá desenvolver nos educandos uma consciência 
crítica e mobilizadora por meio do diálogo, desenvolvendo todas as 
potencialidades de uma pessoa, sendo um sujeito social e ativo em seu 
processo formativo. (Dantas et al., 2015, p. 33056) 
Com base na premissa de que o foco principal de quem ensina é possibilitar 
que o outro aprenda, é fundamental reconhecer o que o professor entende por 
“aprender” e quais teorias fundamentarão sua prática. Ensinar e aprender são 
processos diferentes, porém interdependentes. De acordo com Paulo Freire: 
Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa, e foi aprendendo 
socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que 
era possível ensinar. Foi assim, socialmente aprendendo, que ao longo 
dos tempos homens e mulheres perceberam que era possível – depois, 
preciso – trabalhar maneiras, caminhos, métodos de ensinar. (1996, 
p. 26) 
Ao longo do tempo, a história da educação foi trilhando novos caminhos e 
descobrindo novas formas de entender o processo de ensinar. Surgem novos 
modelos de ensino que colocam à prova o ensino tradicional, que dominava o 
ensino por muitos anos, e trazem o professor e o aluno para novos papéis em sala 
de aula. Na linha pedagógica sociointeracionista, por exemplo, o professor é o 
mediador do processo de aprendizagem. 
Pode-se afirmar, segundo a professora Veronica Branco em matéria no 
Gazeta do Povo, que “a Escola Construtivista, formulada pelo psicólogo e filósofo 
suíço Jean Piaget, foi o ‘divisor de águas’ na educação, rompendo com os 
conceitos do ensino tradicional que imperava até o início do século passado” 
(Blaskievicz, 2017). Além das ideias construtivistas, atualmente observa-se a 
inclusão de práticas fundamentadas em diferentes modelos pedagógicos, como o 
montessoriano, sociointeracionista, Waldorf, além do modelo tradicional. 
 
 
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1.2 Aprender 
Ao nos referirmos ao termo “aprender”, imediatamente imaginamos nosso 
dia a dia repleto de descobertas, pois a qualquer momento, em diferentes 
situações, aprendemos. Podemos afirmar que a aprendizagem ocorre durante 
toda a vida e nos diferentes espaços em que estamos inseridos. Tabile e 
Jacometo (2017) entendem a aprendizagem como “um processo dinâmico e 
interativo da criança com o mundo que a cerca, garantindo-lhe a apropriação de 
conhecimentos e estratégias adaptativas a partir de suas iniciativas e interesses 
e dos estímulos que recebe de seu meio social” (p. 75). Ou seja, para elas, a 
aprendizagem ocorre com a interação entre a criança e o meio social. 
A escola é um ambiente formal de aprendizagem, pois nela se 
desenvolvem conteúdos previamente estabelecidos e que precisam ser 
conhecidos pelos alunos, por meio de práticas pedagógicas. Mas a aprendizagem 
ocorre também em espaços não formais, ou seja, fora de espaços sistematizados. 
Em relação à educação não formal, Almeida (2014) afirma que ela acontece “fora 
dos espaços escolares, sendo, portanto, no próprio local de interação do 
indivíduo”. A autora afirma ainda que essa forma de educação “é resultado das 
ações que permeiam a vida do indivíduo. Ocorre nas experiências do dia a dia, 
tem função adaptadora, e os conhecimentos adquiridos são passados para as 
gerações futuras” (p. 3). Esse tipo de educação está voltado aos interesses 
próprios dos grupos e envolve diferentes atividades. 
Na educação formal, assim como o processo de ensinar, o aprender está 
diretamente ligado às práticas pedagógicas. Na escola tradicional, o aluno 
mantém-se numa postura passiva no processo de aprendizagem. De acordo com 
Mizukami (1986): 
atribui-se ao sujeito um papel irrelevante na elaboração e aquisição do 
conhecimento. Ao indivíduo que está adquirindo conhecimento compete 
memorizar definições, enunciados de leis, sínteses e resumos que lhe 
são oferecidos no processo de educação formal a partir de um esquema 
atomístico. (p. 11) 
Uma prática fundamentada em ideias construtivistas partirá do pressuposto 
de que o aluno, ao se desenvolver e agir sobre o mundo, interagir com o professor 
e com os colegas de classe, aprende. A concepção construtivista de Jean Piaget 
traz inúmeras contribuições para a educação. Para Nunes e Silveira (2008, p. 89): 
 
 
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Uma contribuição central da teoria de Piaget à área educacional diz 
respeito à ideia de que o ser humano constrói ativamente seu 
conhecimento acerca da realidade externa e de que as interações entre 
os indivíduos são um fator primordial para o seu desenvolvimento 
intelectual e afetivo. Transpondo essa afirmação para uma situação 
educacional, significa dizer que existe uma ênfase no aluno, em suas 
ações, seus modos de raciocínio, de como interpreta e soluciona 
situações-problema. Essa ideia o posiciona num lugar de ativo em seu 
processo de aprendizagem. Ao mesmo tempo, dada a ênfase nas 
interações, nos intercâmbios entre os sujeitos, o professor, assim como 
os próprios companheiros de classe, é peça fundamental para a 
construção do conhecimento. 
A prática alicerçada em fundamentos sociointeracionistas considera que a 
aprendizagem impulsiona o desenvolvimento do aluno, e “a construção do 
conhecimentoocorre por meio da interação dialética entre o ser humano e o meio 
social e cultural em que está inserido” (Hanna; Possoli, 2012, p. 58). 
Vygotsky foi considerado um dos principais representantes dessa teoria 
sócio-histórica. Para ele, a construção de conhecimento se dá a partir do 
nascimento, quando o bebê inicia a interação com as pessoas e com seu meio. 
1.3 Processo de ensino e aprendizagem 
“Ensino” e “aprendizagem” podem ser considerados termos inseparáveis 
na construção do conhecimento. Para Veiga, essa relação 
revela-se pelo conjunto de atividades organizadas do professor e dos 
alunos, objetivando a apropriação de um saber historicamente 
acumulado, tendo como ponto de partida o nível atual de conhecimentos, 
experiência de vida e maturidade dos alunos. Esse ponto de partida 
implica que a relação ensino-aprendizagem pressupõe uma 
transformação progressiva dos conhecimentos dos alunos em direção 
ao domínio do saber sistematizado […], sua reelaboração e aplicação 
nas situações de interação com os outros. Antes de tudo, essa relação 
é de socialização, de troca de conhecimentos aprendidos e 
transformados na interação. É uma relação dinâmica, dialógica, 
portanto, construtiva da aprendizagem pela troca de saberes. (1996, 
p. 108) 
Os processos de ensinar e de aprender, conforme constatado, foram sendo 
compreendidos e considerados de diferentes formas ao longo da história da 
educação. Em alguns momentos a ênfase era dada ao professor, considerado o 
detentor do saber, que tinha a incumbência de transmitir informações aos alunos, 
que se mantinham em posição passiva. Em outro momento, o aluno passa a ser 
o sujeito ativo, que interage e age para construir o próprio conhecimento. 
Hoje entende-se que esse processo pode ocorrer de diversas formas e 
provocar reflexões em relação a como se aprende nos diferentes espaços formais 
de educação. 
 
 
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Saiba mais 
Procure conhecer as tendências pedagógicas que influenciaram e 
continuam influenciando o ensino e a aprendizagem ao longo da história da 
educação brasileira. 
1.4 Ensinando e aprendendo nos hospitais: a prática pedagógica 
O hospital é um dos espaços em que ocorre a ação educativa, envolvendo 
pedagogos, professores e alunos internados, portanto é fundamental organizar o 
trabalho pedagógico para que o processo de ensino e aprendizagem se efetive. 
A organização do trabalho pedagógico deve oferecer uma metodologia 
pautada nas adaptações curriculares, pois esse estudante, por estar 
doente, apresenta várias dificuldades que quase sempre o impedem de 
desempenhar regularmente o seu papel no processo de ensino- 
aprendizagem. (Alves; Barroso; Menezes, 2017, p. 13736) 
Apesar de internado e fragilizado, o aluno envolvido com práticas 
pedagógicas no hospital pode se sentir motivado e encorajado a continuar 
estudando e vislumbrar a possibilidade de continuar na escola os estudos 
começados no hospital, após receber alta. Esses alunos podem continuar 
aprendendo mesmo estando doentes por um tempo. 
O atendimento pedagógico em hospitais deve estar integrado ao sistema 
de saúde. 
O atendimento pedagógico deverá ser orientado pelo processo de 
desenvolvimento e construção do conhecimento correspondentes à 
educação básica, exercido numa ação integrada com os serviços de 
saúde. A oferta curricular ou didático-pedagógica deverá ser 
flexibilizada, de forma que contribua com a promoção de saúde e ao 
melhor retorno e/ou continuidade dos estudos pelos educandos 
envolvidos. (Brasil, 2002, p. 17) 
No espaço do hospital, além de promover atividades educacionais que 
atendam os conteúdos escolares, é necessário desenvolver o processo de escuta, 
para reconhecer os anseios e angústias das crianças e adolescentes internados, 
compreender a situação em que se encontram, determinar em que momento as 
diferentes atividades podem ser propostas e quais habilidades e conhecimentos 
prévios os alunos já têm. 
O planejamento pedagógico precisa considerar os espaços em que as 
atividades irão ocorrer, a condição da criança enferma, os materiais disponíveis, 
bem como reconhecer os recursos humanos indispensáveis para a prática 
pedagógica. 
 
 
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Para refletir 
Ele disse: nunca mais vou voltar pra escola porque na escola me ensinam 
coisas que não sei. 
Eis aí, é isso… 
Marguerite Duras 
 
Fonte: Hankcik/Shutterstock. 
TEMA 2 – ATENDIMENTO HOSPITALAR: ESPAÇOS FÍSICOS E RECURSOS 
MATERIAIS 
Para que a prática pedagógica ocorra nos hospitais, o espaço hospitalar 
precisa estar preparado e adequado para as atividades educacionais. De acordo 
com o documento Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: 
estratégias e orientações, do Ministério da Educação, a adaptação do ambiente 
escolar envolve a “eliminação de barreiras arquitetônicas, possibilitando o acesso 
a todos os ambientes da escola, assim como a adaptação de mobiliário, de 
recursos pedagógicos, de alimentação e cuidados pessoais de acordo com as 
necessidades do educando” (Brasil, 2002, p. 18). 
É sabido que nem sempre os hospitais têm estrutura física que corresponda 
às necessidades dos enfermos, quem dirá para desenvolver atividades 
educacionais, porém é necessário determinar alguns espaços onde a 
aprendizagem possa ocorrer. 
Os ambientes serão projetados com o propósito de favorecer o 
desenvolvimento e a construção do conhecimento para crianças, jovens 
e adultos, no âmbito da educação básica, respeitando suas capacidades 
e necessidades educacionais especiais individuais. Uma sala para 
desenvolvimento das atividades pedagógicas com mobiliário adequado 
e uma bancada com pia são exigências mínimas. Instalações sanitárias 
próprias, completas, suficientes e adaptadas são altamente 
recomendáveis, e espaço ao ar livre adequado para atividades físicas e 
ludo-pedagógicas. (Brasil, 2002, p. 15-16) 
 
 
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Para realizar atividades educacionais nos hospitais, é importante utilizar 
recursos diversificados. Jogos, livros didáticos e de literatura, televisão, 
computadores, máquina fotográfica e filmadora são alguns dos recursos 
necessários para motivar o aluno a aprender e possibilitar a aprendizagem dos 
conteúdos escolares de forma mais lúdica, com maior compreensão dos temas 
apresentados. 
Dentre os recursos didáticos, podemos ainda destacar: 
Jogos e materiais de apoio pedagógico disponibilizados ao educando 
pelo professor e que possam ser manuseados e transportados com 
facilidade; utilização de pranchas com presilhas e suporte para lápis e 
papel; teclados de computador adaptados; sofwares educativos; 
pesquisas orientadas via internet; vídeos educativos etc. (Brasil, 2002, 
p. 18) 
Telefones para chamadas internas (ramais) e externas também são de 
suma importância. Além de poder trocar informações sobre o paciente/aluno com 
profissionais da saúde e com a família, os profissionais de educação que 
trabalham em hospitais precisam estabelecer formas de comunicação com a 
escola de origem das crianças e adolescentes internados. Computadores com 
acesso à internet também podem favorecer a comunicação com a escola, 
possibilitando inclusive que as atividades pedagógicas a realizar sejam 
encaminhadas às classes hospitalares, de maneira fácil e rápida. 
Procedimentos de higienização são fundamentais no atendimento às 
crianças e adolescentes hospitalizados. Além de as classes hospitalares 
necessitarem de constante higienização de seus mobiliários, os recursos 
didáticos, além dos brinquedos, também precisam ser higienizados a cada uso. 
Professores e pedagogos que atendem as crianças também aprendem a forma 
adequada de higienizar as mãos, já que estabelecem contato direto com alunos 
internados. 
Entre as medidas de segurança adotadas em um ambiente de promoção 
e cuidado da saúde, a higienização das mãos é uma das iniciativas 
simples e que garantem aos pacientes e profissionais proteção contra 
várias doenças. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 
infecçõesrelacionadas à assistência à saúde afetam milhões de 
pacientes e têm um impacto significativo nos doentes e nos sistemas de 
saúde em todo o mundo. (Manual…, 2016) 
A higienização deve ocorrer antes e depois do contato com crianças e 
adolescentes hospitalizados. 
 
 
 
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TEMA 3 – ATENDIMENTO EDUCACIONAL EM HOSPITAIS: RECURSOS 
HUMANOS 
É competência das secretarias estaduais e municipais de educação e do 
Distrito Federal acompanhar o trabalho desenvolvido nas classes hospitalares, 
observando: 
o cumprimento da legislação educacional, a execução da proposta 
pedagógica, o processo de melhoria da qualidade dos serviços 
prestados, as ações previstas na proposta pedagógica, a qualidade dos 
espaços físicos, instalações, os equipamentos e a adequação às suas 
finalidades, a articulação da educação com a família e a comunidade. 
(Brasil, 2002, p. 20) 
O acompanhamento deve ocorrer para garantir a qualidade no 
desenvolvimento das práticas pedagógicas no espaço hospitalar. Cabe a esses 
órgãos, diante de qualquer irregularidade nas condições físicas ou no processo 
pedagógico, aplicar as penalidades considerando a legislação do sistema de 
ensino. 
Para organizar as classes hospitalares, os governos municipais e estaduais 
precisam determinar quais profissionais da educação irão atuar nessa modalidade 
de ensino. Pedagogos, professores da educação infantil, do ensino fundamental 
e médio são fundamentais no processo de ensino e aprendizagem nas classes 
hospitalares. De acordo com o MEC, fazem parte dos “recursos humanos” das 
classes hospitalares: professor coordenador, professor e profissional de 
apoio (Brasil, 2002). 
É o professor coordenador que cuidará da proposta pedagógica, devendo 
“conhecer a dinâmica e o funcionamento peculiar dessas modalidades, assim 
como conhecer as técnicas e terapêuticas que dela fazem parte ou as rotinas da 
enfermaria ou dos serviços ambulatoriais e das estruturas de assistência social 
[…] quando for o caso” (Brasil, 2002, p. 21). O professor coordenador deve estar 
em sintonia com os profissionais de saúde do hospital, com a Secretaria de 
Educação e com a escola de origem dos alunos/pacientes (Brasil, 2002). 
Em suma, a principal atividade do professor coordenador é orientar os 
professores e a equipe de apoio sobre as atividades a serem desenvolvidas no 
espaço hospitalar. 
O professor é o profissional que irá realizar o acompanhamento 
educacional com as crianças e adolescentes internados. Dessa forma, precisa 
conhecer a situação de cada paciente, suas necessidades, a série em que está 
 
 
10 
matriculado e os conteúdos que precisam ser trabalhados, para então ajustar e 
adaptar as atividades propostas. 
Segundo o documento Classe hospitalar e atendimento pedagógico 
domiciliar: estratégias e orientações (Brasil, 2002, p. 22), cabe ao professor das 
classes hospitalares: 
 Propor procedimentos didático-pedagógicos e práticas alternativas 
necessárias ao processo de ensino e aprendizagem dos alunos; 
 Ter disponibilidade para trabalhar em equipe e assessorar escolas quanto 
à inclusão dos educandos afastados do sistema educacional, seja no seu 
retorno, seja no seu ingresso; 
 Fazer parte da equipe de assistência ao educando, tanto para contribuir 
com os cuidados da saúde quanto para aperfeiçoar o planejamento de 
ensino, manifestando-se segundo a escuta pedagógica proporcionada; 
 Consultar o prontuário e o registro de informações sobre o aluno; 
 Ter formação pedagógica preferencialmente em educação especial, cursos 
de pedagogia ou licenciaturas; 
 Ter noções sobre doenças e condições psicossociais vivenciadas pelos 
educandos e as características delas decorrentes, seja do ponto de vista 
clínico, seja do ponto de vista afetivo; 
 Adequar e adaptar o ambiente às atividades e materiais, planejar o dia a 
dia da turma, registrar e avaliar o trabalho pedagógico desenvolvido. 
O profissional de apoio pode pertencer tanto ao serviço educacional 
quanto ao de saúde, podendo ser universitário ou profissional com ensino médio. 
Ele prestará serviços como: desinfecção e higienização dos ambientes e materiais 
que serão utilizados; separação de materiais; controle de frequência dos alunos, 
entre outras atividades que podem auxiliar no desenvolvimento de atividades no 
espaço hospitalar. 
TEMA 4 – INTEGRAÇÃO COM O SISTEMA DE SAÚDE E ESCOLAR 
4.1 Classe hospitalar e sistema de saúde 
A inserção de profissionais da educação em ambiente hospitalar requer um 
relacionamento direto com profissionais de saúde. Essa parceria é fundamental 
para que o professor conheça: o estado de saúde da criança; o tratamento a que 
 
 
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está submetida, incluindo efeitos das medicações; procedimentos que irão ocorrer 
etc. Assim o professor poderá oferecer aos alunos/pacientes atividades que 
estejam ao seu alcance. O documento Classe hospitalar e atendimento 
pedagógico domiciliar: estratégias e orientações enfatiza a necessidade dessa 
parceria, ao afirmar que “o professor deve ter acesso aos prontuários dos usuários 
das ações e serviços de saúde sob atendimento pedagógico, seja para obter 
informações, seja para prestá-las do ponto de vista de sua intervenção e avaliação 
educacional” (Brasil, 2002, p. 18-19). 
Ao reconhecer o horário em que a criança será medicada ou passará por 
algum procedimento, por exemplo, o professor poderá elaborar seu cronograma 
de trabalho, a fim de ter disponível um momento adequado para que essa criança 
seja assessorada por ele. 
4.2 Classe hospitalar e sistema escolar 
Durante o período de internamento, crianças e adolescentes perdem 
contato com sua escola de origem. Deixam nas escolas seus amigos, professores, 
conteúdos a serem aprendidos, a troca de experiências, o convívio social. Diante 
disso, as classes hospitalares surgem para manter o aluno/paciente como “parte 
da escola”. Com atividades que muitas vezes são propostas pela escola e com o 
acesso a conteúdos similares, o aluno sente-se incluído e motivado a voltar a 
estudar quando recebe alta. 
Para que o aluno possa voltar à escola sem prejuízos em termos de 
aprendizagem, é necessário um trabalho direto e efetivo entre classe hospitalar e 
escola. Desde uma possível adaptação física nas instalações da escola até uma 
preparação para alunos e funcionários receberem o aluno, tudo precisa ser 
planejado. É importante ressaltar que: 
A classe hospitalar surge como uma modalidade de ensino da educação 
especial, regulamentada por legislação específica, que visa atender 
pedagógico-educacionalmente crianças e adolescentes hospitalizados. 
Portanto, parte do reconhecimento de que esses jovens pacientes, uma 
vez afastados da rotina acadêmica e privados da convivência em 
comunidade, vivem sob risco de fracasso escolar e de possíveis 
transtornos ao desenvolvimento. Nela os professores procuram adequar 
a programação ao conteúdo em andamento nas classes originais dos 
alunos, a fim de ajudá-los na reintegração escolar após a alta hospitalar. 
(Holanda; Collet, 2011, p. 382) 
Muitas vezes a reintegração do aluno na escola não é fácil, pois, ao ser 
afastado por motivos de saúde, ele pode encontrar dificuldades para aprender e 
 
 
12 
conviver com as crianças de sua idade. O ambiente hospitalar e o estado de saúde 
da criança podem provocar falta de condições para desenvolver as atividades 
escolares e, dessa forma, surgem as dificuldades para acompanhar o conteúdo, 
o que pode dificultar a adaptação à escola quando o aluno retorna. 
De acordo com Holanda e Collet (2011), o trabalho pedagógico 
desenvolvido nos hospitais “minimiza os efeitos negativos advindos da 
hospitalização, instrumentaliza a criança para melhor qualidade de vida e contribui 
para a busca da integralidade na atenção à saúde” (p. 387). Porém, para que isso 
ocorra, é fundamental um diálogo aberto entre quem acompanha a criança 
internada – profissionais da escola, da classe hospitalar,de saúde, família, 
gestores públicos etc. Sem um trabalho efetivo de todos, não se pode garantir que 
as crianças e adolescentes sejam bem atendidos em suas necessidades. 
TEMA 5 – ATENDIMENTO PEDAGÓGICO DOMICILIAR 
Considera-se como atendimento pedagógico domiciliar o “atendimento 
educacional que ocorre em ambiente domiciliar, decorrente de problema de saúde 
que impossibilite o educando de frequentar a escola ou esteja ele em casas de 
passagem, casas de apoio, casas-lar e/ou outras estruturas de apoio da 
sociedade” (Brasil, 2002, p. 13). Conforme apresentado ao longo do curso, o 
atendimento domiciliar garante que o direito à educação seja efetivado às crianças 
e adolescentes afastados da escola por motivos de saúde. 
Assim como nas classes hospitalares, alguns aspectos importantes 
precisam ser considerados para que o atendimento pedagógico domiciliar se 
concretize. Profissionais da educação, como pedagogos e professores, são 
fundamentais para que a criança e o adolescente tenham contato com o conteúdo 
escolar e, dessa forma, aprendam. O contato com a escola, por meio desses 
profissionais, também é fundamental, pois permite que o aluno realize atividades 
voltadas à série em que está matriculado, considerando o que a própria escola 
considera relevante aprender. A troca de informações entre escola e profissionais 
possibilita o “vínculo com a escola” e facilita a reintegração do aluno quando ele 
estiver em condições de frequentá-la. 
A participação da família também é muito importante no processo, pois os 
familiares precisam se adaptar para que o atendimento seja eficiente. Algumas 
possíveis adaptações: 
 
 
13 
“cama especial, cadeira e mesa adaptadas, cadeira de rodas, eliminação 
de barreiras para favorecer o acesso a outros ambientes da casa e ao 
espaço externo etc.” (Brasil, 2002, p. 17). 
O atendimento pedagógico domiciliar, assim como o atendimento nas 
classes hospitalares, é acompanhado pelas secretarias estaduais e municipais de 
educação e do Distrito Federal, a fim de garantir que se cumpra a legislação 
educacional e que as ações planejadas promovam o desenvolvimento e a 
aprendizagem das crianças e adolescentes doentes e sem condições de 
frequentar a escola. 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
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VEIGA, I. P. A. (Org.). Didática: o ensino e suas relações. 9. ed. Campinas: 
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