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Básico em Produção de moda Introdução Seja bem-vindo(a) à apostila do curso de Produção de Moda! Esta apostila tem como objetivo fornecer informações e conhecimentos essenciais para aqueles que desejam atuar na área de produção de moda. O profissional de produção de moda é responsável por criar, planejar e executar produções de moda para diversas mídias, como revistas, televisão, desfiles, catálogos e look books. Para isso, é necessário que o profissional tenha conhecimento sobre as tendências do mercado, o perfil do público- alvo e as técnicas de produção. Ao longo desta apostila, você terá acesso a um conteúdo abrangente e detalhado, que abrange desde a introdução à história da moda, passando pelas áreas de atuação na produção de moda, até as etapas de criação de um editorial de moda. Serão abordados temas como catálogos, look books, desfiles, televisão, publicidade e revistas, que são algumas das áreas em que o produtor de moda pode atuar. Além disso, você terá acesso a dicas importantes para o produtor de moda, que irão ajudá-lo a compreender as nuances do mercado e aprimorar suas habilidades. Também será apresentado um dicionário fashion, que irá auxiliá-lo a compreender os termos e conceitos utilizados na produção de moda. Esperamos que esta apostila possa contribuir para o seu desenvolvimento profissional e para o sucesso em sua carreira como produtor de moda. Boa leitura! O que faz um produtor de moda? O produtor de moda é um profissional fundamental na indústria da moda. Ele é responsável por coordenar e organizar toda a produção de uma campanha, seja ela em fotos, vídeos ou eventos ao vivo. Sua função é fazer com que todas as peças se encaixem perfeitamente, desde a escolha do tema até a seleção dos modelos, figurinos, maquiagem, cabelo, locação e equipe. Para se tornar um produtor de moda é necessário ter conhecimento em várias áreas, como história da moda, tendências, arte, fotografia, direção de arte, produção de eventos, design, styling, entre outras. O mercado de trabalho exige que o profissional seja criativo, organizado, detalhista e ágil, além de estar sempre atualizado em relação às novidades do mundo fashion. O produtor de moda pode atuar em diversas áreas, como catálogos, look books, desfiles, televisão, publicidade e revistas. Em catálogos e look books, por exemplo, o produtor é responsável por organizar a produção da sessão de fotos, selecionar os modelos e roupas, escolher a locação e dirigir as poses dos modelos para que as fotos fiquem incríveis. Já em desfiles, o produtor é responsável por organizar a logística do evento, desde a montagem da passarela até a seleção dos modelos e figurinos que irão desfilar. Na televisão, o produtor de moda pode atuar em programas de moda ou em comerciais. Ele é responsável por selecionar as roupas que serão usadas pelos apresentadores ou atores, além de organizar a produção da cena. Na publicidade e revistas, o produtor é responsável por criar editoriais de moda, que são produções fotográficas que apresentam as roupas em diferentes cenários, poses e estilos. As etapas de criação de um editorial de moda são diversas e incluem desde a escolha do tema até a finalização do projeto. O produtor de moda é responsável por coordenar todo o processo, desde a seleção dos modelos e roupas até a escolha da locação, maquiagem, cabelo e fotografia. Ele precisa estar sempre atento aos detalhes e garantir que tudo esteja em harmonia. Dicas importantes para o produtor de moda incluem sempre manter uma boa comunicação com a equipe, ser organizado, ter uma boa gestão de tempo e recursos, além de estar sempre atualizado em relação às tendências e novidades do mercado. É importante também saber lidar com situações de imprevistos e problemas, pois o mundo da moda é muito dinâmico e as mudanças podem acontecer a qualquer momento. Por fim, um dicionário fashion é essencial para o produtor de moda compreender os termos e conceitos utilizados na produção de moda. O dicionário fashion pode incluir termos como styling, figurinista, trendsetter, entre outros, além de explicações sobre a história e influências da moda. Em resumo, o produtor de moda é um profissional fundamental na indústria da moda, responsável por coordenar e organizar toda a produção de uma campanha, seja ela em fotos, vídeos ou eventos ao vivo. É necessário ter conhecimento em várias áreas, estar sempre atualizado em relação às tendências e novidades do mercado, ser criativo, organizado, detalhista e ágil. Explorando a fascinante história da moda Ao pensar na história da moda e da alta-costura, nomes icônicos como Coco Chanel, Christian Dior e Louis Vuitton vêm à mente. No entanto, já parou para refletir sobre as razões que levaram a moda a desempenhar um papel tão importante no desenvolvimento da sociedade? A palavra moda deriva do latim "modus" e significa costume, maneira ou comportamento. Para entender a moda e sua influência, é preciso dar um passo atrás na história. De acordo com antropólogos, o surgimento das roupas está diretamente relacionado à necessidade humana de se proteger da nudez e do clima. Nossos ancestrais descobriram rapidamente as vantagens de utilizar peles de animais para se proteger do frio, chuva e possíveis ferimentos. O uso de roupas remonta a 600 mil anos atrás, como comprovado por escavações que encontraram agulhas feitas de ossos. Com o tempo, surgiram técnicas de tecelagem, como na Mesopotâmia, onde as roupas eram enroladas no corpo e podiam ser tingidas em diversas cores. A moda continuou a evoluir ao longo da história, refletindo as mudanças sociais, políticas e culturais de cada época. Hoje, é uma indústria global que emprega milhões de pessoas e influencia a vida de bilhões em todo o mundo. No Egito, as roupas e a identidade caminhavam juntas. Os faraós se diferenciavam dos demais por não utilizarem ornamentos. A calda de um leão e um falso cavanhaque simbolizavam o poder. Os antigos romanos, assim como os egípcios, concediam diversos significados às vestimentas. Um exemplo disso é a toga usada pelos magistrados romanos, que tinha como finalidade demonstrar sua autoridade. Grandes acontecimentos na história da moda A história da moda é marcada por grandes acontecimentos que influenciaram as tendências ao longo dos anos. A padronização no vestuário remonta à época das invasões bárbaras, onde os romanos e bárbaros eram reconhecidos por sua maneira de se vestir. No entanto, o início da Idade Média não trouxe grandes transformações na história da moda, já que as condições adversas da época fizeram com que a sobrevivência fosse a principal preocupação. Foi apenas com as expedições para conquistar Jerusalém e o contato com um estilo de vida mais refinado que surgiu a nobreza. Nesse período, o padrão feminino ressaltava a silhueta da mulher. Em meados do século XIII, os calçados se destacaram na história da moda, com as mulheres dando preferência aos sapatos que realçavam a delicadeza de seus pés. A diferenciação entre roupas femininas e masculinas na história da moda teve início em meados do século XIV, com vestidos sendo peças utilizadas apenas por mulheres, acadêmicos e membros da Igreja, enquanto a calça apertada se restringia apenas aos homens. Já a Renascença se destaca na história da moda por representar um período em que homens e mulheres se preocupavam em evidenciar certas características de seus corpos. Os homens usavam roupas que deixavam seus ombros visivelmente mais largos, enquanto as mulheres buscavam uma forma semelhante ao do violão. Foi nesse período que surgiu o corpete, antecessor do espartilho, impulsionado pelo interesse das mulherespor suas cinturas. A história da moda é rica em acontecimentos marcantes que influenciaram as tendências e estilos ao longo do tempo. O rei do exagero Na história da moda, um nome se destaca quando se trata de extravagância: Luís XIV, também conhecido como o rei do exagero. Ele ficou conhecido por usar roupas extravagantes com o objetivo de enfatizar a superioridade francesa através da vestimenta. Mas não foi somente Luís XIV que marcou a história da moda com suas excentricidades. Durante o reinado de Luís XV, as armações responsáveis por dar volume às saias das mulheres francesas assumiram um tamanho grandioso. De acordo com historiadores, era quase impossível que duas mulheres ocupassem o mesmo sofá devido ao volume das armações. A história da moda está repleta de personalidades marcantes que influenciaram as tendências ao longo dos anos, como Luís XIV e suas roupas extravagantes. O exagero e a extravagância são elementos que sempre estiveram presentes na moda e que continuam a inspirar os estilistas e designers de hoje em dia. O “pai da alta-costura” Ao contar a história da moda é impossível não falar de Charles Frederick Worth, o artesão responsável por abrir o primeiro ateliê de alta-costura em Paris, em 1858. Conhecido como o “pai da alta-costura”, o nome de Worth ficou eternizado na moda. O estilista inglês é lembrado por ter substituído a crinolina pela anquinha, um tipo de armação utilizada para dar volume aos quadris e traseiro da mulher. Conhecido como o “pai da alta-costura” A silhueta dos modelos de Worth dominou o período da Belle Époque. O estilo de corpo ampulheta com volume nos quadris e ombros e cintura fina dominou a época. A Primeira Guerra Mundial e o guarda-roupa feminino A Primeira Guerra Mundial teve grande influência na história da moda, uma vez que momentos traumáticos podem alterar significativamente as tendências. O luto vivenciado durante a guerra fez com que as roupas femininas assumissem tons mais sóbrios, refletindo o clima de tristeza e seriedade da época. Além disso, a necessidade de conforto passou a ser uma prioridade para as mulheres, que foram obrigadas a trabalhar durante a guerra. Isso fez com que preferissem usar roupas práticas e confortáveis. Outra transformação no vestuário feminino foi o encurtamento das saias. A falta de tecidos para a confecção de roupas exigiu que as saias fossem encurtadas até a altura dos tornozelos. Os chapéus, assim como as saias, também reduziram de tamanho. O estilo conhecido como "clochê" se popularizou, pois o formato do chapéu permitia que ele se ajustasse perfeitamente ao corte de cabelo mais curto, que dominou a época. A Primeira Guerra Mundial deixou uma marca significativa na moda, influenciando as tendências e o estilo das roupas. A necessidade de conforto e praticidade se tornou cada vez mais importante, e isso se refletiu nas roupas usadas pelas mulheres. As mudanças na moda durante esse período são um reflexo da época e das transformações que a guerra trouxe para a sociedade como um todo. A importância de Chanel para a história da moda Ao falarmos dos anos 1920, é inevitável mencionar o nome de Gabrielle Bonheur Chanel, a estilista que se tornou um símbolo da mulher moderna. Sua história com a moda começou em 1910, quando trabalhava em uma loja de chapéus, e em pouco tempo ela já era dona de duas lojas que vendiam chapéus e roupas, incluindo o icônico endereço nº 31 da Rue Cambon da Maison Chanel, em Paris. O sucesso sempre bateu à sua porta A trajetória de Chanel também foi marcada pela presença de um grande amor, Arthur Capel, ou "Boy", como era conhecido. Foi ele quem a ajudou a abrir seu primeiro ateliê de chapéus e anos mais tarde financiou as butiques da marca Chanel. Sua morte em um trágico acidente de carro foi um golpe terrível em sua vida, segundo a própria estilista. A elegância e o minimalismo eram marcas registradas de seu estilo, que fez enorme sucesso. Estima-se que em 1930, a grife Chanel tenha faturado a impressionante cifra de 130 milhões de francos. Em 1919, Chanel criou o "black dress", um vestido preto de crepe com mangas compridas e justas, que foi uma grande ousadia na época, já que o preto era pouco utilizado na alta-costura por ser um tom associado ao luto. Atualmente, o "pretinho básico" é uma peça quase que indispensável no closet feminino. Em outubro de 1926, a Vogue americana descreveu o "pretinho básico" como o "Ford" da Chanel, comparando-o com o "Modelo T" da Ford, que tinha um forte apelo comercial. A moda e a história foram marcadas pela presença de Gabrielle Bonheur Chanel, uma mulher à frente de seu tempo e que se tornou um ícone da moda e da elegância feminina. Impossível esquecer-se do famoso “Preto básico” O estilo de Chanel As características marcantes do estilo de Gabrielle Bonheur Chanel, como a simplicidade e o uso de tecidos utilitários, estão relacionadas à vida humilde que a estilista teve até encontrar seu primeiro emprego, aos 20 anos. Em 1884, ela e sua irmã foram deixadas pelo pai em um orfanato em Aubazine, após a morte da mãe. Chanel, assim como sua irmã Julia, foram as únicas de seis irmãos que nasceram como ilegítimas. Apesar de seus pais terem um relacionamento na época, eles ainda não eram casados. Após conhecer o sucesso internacional na década de 1930, com a ajuda de atrizes famosas de Hollywood que passaram a usar os modelos da grife Chanel, a Segunda Guerra Mundial se mostrou um momento traumático para os negócios da estilista. Em tempos de guerra, a moda não era vista como um assunto importante e apenas perfumes e acessórios eram vendidos na loja da Rue Cambon. No entanto, Chanel voltou à cena em 1954 e trouxe peças que se tornaram símbolos da grife, como o cardigã, o vestido preto e os acessórios de pérolas. Essas peças marcaram a história da moda e consolidaram o legado de Gabrielle Bonheur Chanel, que mesmo enfrentando dificuldades em sua vida, soube traduzir sua simplicidade e elegância em uma moda atemporal e icônica. Estilistas e a 2ª Guerra Mundial Assim como a guerra do início do século, a Segunda Guerra Mundial também trouxe consequências significativas para a história da moda. Na Europa, berço de grandes estilistas da época, muitas maisons fecharam suas portas. O vestuário feminino passou a contar com roupas e calçados mais sóbrios e pesados, influenciados pelos uniformes dos soldados. Além disso, o racionamento de tecidos obrigou os estilistas a procurarem alternativas, e as fibras sintéticas, raiom e viscose assumiram o lugar antes ocupado pelos tecidos mais refinados. Com o fim da guerra, em 1946, surgiu nos Estados Unidos o conceito de ready-to-wear, que permitia a produção em escala industrial de roupas com diferentes numerações. Posteriormente, a ideia foi importada para a França e se transformou no famoso conceito de prêt-à-porter. Em 1959, Pierre Cardin, um estilista ítalo-francês, criou a primeira coleção em parceria com a loja de departamentos parisiense, Printemps. A ideia era proporcionar aos clientes a possibilidade de entrar na loja, escolher suas roupas conforme sua numeração e levá-las para casa, de forma prática e acessível. Esse conceito revolucionou a indústria da moda e possibilitou que mais pessoas tivessem acesso à moda de qualidade. O império Dior Outro nome que se destacou no pós-guerra na história da moda foi o estilista Christian Dior, fundador da conhecida marca de luxo que leva seu nome. Olançamento da coleção “Carrole” em 1947 marcou a moda da época. A coleção apresentou peças como a saia no tornozelo, vestidos volumosos, saias rodadas, ombros à mostra e modelos com a cintura definida. O grande destaque da coleção batizada pela editora da revista americana Haper’s Bazar, Carmel Snow, de “New Look”, foi o modelo “”. Um casaco acinturado de seda com uma saia preta plissada na altura dos tornozelos compunham a coleção. O principal objetivo de Dior era resgatar a elegância do vestuário feminino deixada de lado em tempos de guerra. O estilista é reconhecido como o responsável pelo renascimento de Paris pós-guerra e por ter colocado a cidade novamente no centro da moda internacional. O estilo mais extravagante de Dior, que utilizava em suas criações tecidos refinados e extravagantes, contrastava com a simplicidade e elegância de Chanel. Em 1957, o mundo da moda ficou chocado com a morte de Christian Dior aos 52 anos. Nessa época, o jovem Yves Saint Laurent foi escolhido para assumir o cargo de diretor artístico da marca. A passagem de Saint Laurent pela Casa Dior durou apenas três anos, mas seu talento floresceu. As coleções finais de Dior, como a Linha Fuso de 1957, são exemplos da criatividade de Saint Laurent na moda. Anos 1960: movimento hippie e liberdade de expressão A década de 1960 foi marcada por uma quebra de padrões e uma liberdade de escolha da mulher na moda. Após os anos de guerra, a geração "baby boomers" utilizava a moda como forma de expressar seu estado de espírito, deixando de lado padrões comportamentais e de estilo antigos. O estilo de Elvis Presley influenciou os jovens O rock'n'roll e o cantor Elvis Presley foram influências marcantes da época, assim como os atores James Dean e Marlon Brando. O corte de cabelo e as roupas elegantes dos Beatles também foram amplamente copiados pelos jovens. O período é lembrado por ter sido a primeira vez na história da moda em que os jovens se vestiam de maneira diferente de seus pais, utilizando couro, jeans, topetes suntuosos e lambretas. A moda da década de 1960 refletiu o desejo de quebrar as barreiras e expressar a individualidade. James Dean referência de estilo O guarda-roupa feminino dos anos 1960 No mundo da moda feminina, a minissaia ganhou destaque. Essa peça de roupa estava ligada à jovialidade e à revolução sexual. Os estilistas Mary Quant e André Courrèges são reconhecidos pela criação da minissaia. Mary, quando questionada, afirmava que a peça havia sido inspirada nas ruas. Tal como acontecia com a moda masculina, celebridades serviam como referências no vestuário feminino. Jean Seberg, Audrey Hepburn e Natalie Wood eram nomes de destaque naquele período. O filme "Bonequinha de Luxo" se tornou um marco na moda, lançando estilos e tendências. A calça cigarrete também atraía a atenção das mulheres, além da minissaia. Audrey Hepburn – “Bonequinha de Luxo” O ano de 1965 é reconhecido como revolucionário na moda, devido à coleção do estilista francês André Courrèges. Essa coleção incluía minissaias, botas brancas e vestidos de corte reto. As calças no estilo Saint- Tropez, que expunham o umbigo, começaram a surgir nas ruas. A década de 1960 também é conhecida pelas vestimentas unissex, com mulheres usando jeans e camisas sem gola. Um exemplo marcante é o smoking feminino desenvolvido pelo designer Yves Saint Laurent em 1966. Graças à visão inovadora do estilista, a peça se tornou icônica no século XX. Emílio Pucci: “o príncipe das estampas” O designer Emílio Pucci é outro nome de destaque na história da moda. Suas criações coloridas com inspiração psicodélica foram marcantes naquele período. Ele também é lembrado por introduzir, em 1960, as peças conhecidas como "cápsulas". Essas peças eram conjuntos feitos de nylon elástico e seda, precursores do famoso collant e das roupas de ginástica em lycra, que se popularizaram nos anos 1980. A mídia especializada da época apelidou Emílio Pucci de "o príncipe das estampas". Comissária de bordo da Braniff usando Pucci, incluindo capacete e guarda-chuva As vestimentas também sofreram influência do movimento hippie. Cabelos compridos, túnicas indianas, saias longas e calças boca de sino compunham o guarda-roupa dos jovens da época. O principal objetivo do movimento hippie era protestar contra a Guerra do Vietnã. Designers como Emílio Pucci se inspiraram na contracultura daquele período. Estampas e roupas leves foram incorporadas à alta moda. O festival de música Woodstock, realizado em 1969, teve um impacto ímpar para o movimento hippie, contribuindo para sua popularização. Artistas como Jimi Hendrix, Janis Joplin e grupos como Jefferson Airplane marcaram presença no evento. Os jovens adeptos do movimento hippie preferiam tecidos naturais, em alusão ao conceito "de volta à natureza". O ano de 1966 foi extremamente importante para o designer Yves Saint Laurent e para a história da moda. Nesse ano, ele lançou a Rive Gauche, uma rede de boutiques com peças mais acessíveis que remetiam à vida boêmia da região parisiense homônima. A fase mais ousada da moda foi protagonizada pelo estilista Paco Rabanne, que, em 1967, apresentou uma coleção inspirada no espaço sideral. A coleção incluía peças com argolas metálicas e discos de plástico. Anos 1970: década do glam rock, do estilo discoteca e do punk A aparência dos anos 1970 foi inspirada pelo movimento hippie. Itens como vestidos, acessórios e calças boca de sino eram comuns na época. A estética hippie emergiu na moda no final dos anos 1960 e prevaleceu até 1975, influenciando a alta-costura com elementos como flores, túnicas e bordados. A música também teve impacto no estilo dos anos 1970, com a androginia, o punk e a disco aparecendo nas ruas. O movimento punk é um exemplo interessante. Mesmo se opondo à sociedade consumista, muitos designers se inspiraram nas peças e acessórios usados por seus adeptos. Tachas, camisetas customizadas, roupas de couro pretas, botas e alfinetes passaram a ser adotados por um público mais amplo. O movimento teve origem em Londres, em 1976, com jovens desempregados e estudantes como seus principais seguidores. A década de 1970 também viu uma maior diversidade de estilistas de várias nacionalidades no mundo da moda. Calvin Klein, Jean Paul Gaultier, Claude Montana, Kenzo, Giorgio Armani e Ralph Lauren ajudaram na internacionalização da moda. Calvin Klein pelas lentes de Harry Benson Nos Estados Unidos, designers como Roy Halston Frowick e Calvin Klein ganharam destaque. Suas criações enfatizavam a mulher profissional que precisava de um guarda-roupa mais prático. Lojas de departamento como Bergdorf Goodman e Saks Fifth Avenue, localizadas em Nova York, perceberam o crescente desejo por roupas prêt- à-porter mais sofisticadas. Como resposta, decidiram abrir butiques internas em substituição aos departamentos de alta-costura. O estilo glam rock A extravagância e peculiaridade na história da moda emergiram com o glam rock. Esse movimento teve origem no início dos anos 1970 no Reino Unido e, após 1976, com o surgimento da cena disco nos Estados Unidos. Paetês e collants justos eram itens comuns nos dois movimentos, mas o glam rock é geralmente visto como o mais ostentoso. Artistas britânicos como Elton John e Marc Bolan eram autênticos expoentes do movimento glam rock. A androginia de David Bowie, que vestia criações do estilista japonês Kansai Yamamoto, também impactou o estilo glam rock. Sapatos plataforma, cabelos mullet coloridos à mão, vestidos estampados e pinturas faciais e corporais caracterizavam a aparência daquele tempo. Em Londres,lojas como a Biba de Barbara Hulanicki e a Alkasura desempenharam um papel importante na disseminação do estilo glam rock. Itens como echarpes de penas, coletes sofisticados e jaquetas de paetês eram facilmente encontrados. O estilo discoteca O apogeu do movimento disco aconteceu no final dos anos 1970. A música latina, o funk e o soul tiveram impacto na moda da época. Tops de lantejoulas tomara que caia, blusas de lurex com decote halter e calças justas se tornaram mais comuns. Outro elemento cultural que afetou a moda foi o filme "Os Embalos de Sábado à Noite", de 1977, estrelado por John Travolta. A película contribuiu para a popularização do estilo disco. As ruas passaram a ser dominadas por tecidos sintéticos elásticos, vestidos de spandex (material altamente elástico) e sapatos de salto alto combinados com meias curtas. O estilo disco se espalhou pelo Reino Unido com a ajuda da marca Swanky Modes, que oferecia peças sedutoras feitas de lycra. O fim do glam rock e da discoteca foi marcado pela ascensão do movimento punk rock em 1976. O movimento Punk rock Londres é frequentemente vista como o berço do movimento punk rock, embora suas influências musicais tenham origem nos Estados Unidos, especificamente em Nova York. O punk rock combinava música alta e agressiva com vestuário de caráter semelhante. Indignação, autoexpressão e experimentação são as principais características desse movimento. A disseminação do estilo punk foi impulsionada pela loja Sex, de propriedade de Vivienne Westwood e Malcolm McLaren. No âmbito musical, a banda Sex Pistols ganhou destaque. Apesar das controvérsias envolvendo o grupo, as roupas usadas por seus integrantes despertavam enorme interesse. A designer Westwood incorporou itens como "camisas anarquia", "camisetas destruição", "calças bondage" e "roupas de carrasco". Vivienne Westwood e Malcolm McLaren Sem formação formal em design de moda, as criações de Westwood eram mais instintivas. Uma de suas abordagens era cortar o tecido diretamente no corpo, em vez de usar superfícies planas. A técnica da estilista foi empregada na confecção da camiseta rasgada, tão popular em 1979. A paleta de cores de Westwood incluía vermelho, preto, branco, rosa fluorescente e azul. A estampa xadrez também se destacou em suas peças. Em relação aos temas das roupas, ela favorecia assuntos urbanos modernistas e a história celta. Anos 1980: a década do exagero A expressão que melhor caracteriza os anos 1980 é, sem dúvida, exuberância. Elementos como ombreiras, sobreposições, vinil e uma variedade de cores e formas foram marcantes naquela década. Se os anos 1960 foram moldados pelos baby boomers, os yuppies (Jovens Profissionais Urbanos) dominaram os anos 1980. Os ideais do movimento hippie, como a resistência ao consumo excessivo, foram abandonados. Nesse período, os jovens passaram a valorizar e buscar peças de grandes estilistas e marcas renomadas. As mulheres dos anos 1980 O aumento da presença feminina em posições de liderança foi um fator crucial para o surgimento de um novo conceito de feminilidade. Como resultado, a alfaiataria e os ternos com ombreiras acentuadas se tornaram predominantes no guarda-roupa das mulheres. Modelos vestindo Giorgio Armani 1980 Ocorreu algo similar com a saia longa. A peça, antes ligada à inocência nos anos 1960, passou a simbolizar poder e liberdade na década de 1980. A popularidade do terno foi fundamental para o reconhecimento internacional da empresa alemã Hugo Boss. Fundada em 1923, a marca inicialmente produzia roupas de trabalho e uniformes. No entanto, o terno prêt-à-porter, confeccionado com tecidos de qualidade e com uma silhueta mais masculina, trouxe Hugo Boss para o centro das atenções no mundo da moda. Ademais, a marca também se destaca por ser um dos primeiros casos de merchandising. Sua etiqueta foi exibida em Miami Vice, um dos seriados mais populares da época. Além das vestimentas, a publicidade da época estimulava os jovens profissionais a utilizar acessórios como o relógio Rolex, o mocassim Gucci e a agenda Filofax. A transformação de atitude, destacando-se o surgimento de um glamour mais maduro, foi crucial para a formação de impérios do mundo da moda. Ralph Lauren, Calvin Klein e Giorgio Armani souberam tirar proveito do entusiasmo pelo consumo de moda. Como resultado, seus nomes se tornaram marcantes na história da moda. Giorgio Armani marcou a história da moda Nos Estados Unidos, o mandato do presidente Ronald Reagan indicou o retorno das recepções formais. Eventos realizados durante sua gestão, como bailes beneficentes e jantares de Estado, demandavam trajes sofisticados e vestidos longos. A ficção também contribuiu para a criação de um estilo de vida mais glamoroso. Séries de televisão, como Dallas e Dynasty, exibiam atores trajando roupas luxuosas. O trabalho do estilista americano Nolan Miller era aclamado. A ostentação dos anos 1980 Além das roupas, a ostentação também estava presente nos acessórios caros usados pelas atrizes. Historiadores consideram os anos 1980 como a década do exibicionismo social. Fatores como a desregulamentação do mercado financeiro pela política de Reagan e reformas fiscais contribuíram para o aumento da renda das classes mais abastadas dos Estados Unidos. Em relação aos acessórios, a bolsa de luxo passou a ser considerada artigo de coleção. Bolsas Hermés Kelly. Nesse contexto transformado, as mulheres americanas optavam pelas roupas sofisticadas da marca Carolina Herrera para compor o visual diurno e, para ocasiões noturnas, recorriam às criações luxuosas de Arnold Scaasi. A moda experimentou um momento significativo nos anos 1980, quando clientes e estilistas começaram a se misturar em eventos sociais. O designer Oscar de la Renta era frequentemente visto circulando em eventos da elite americana e chegou a ser convidado para recepções formais na Casa Branca. O hip-hop e a moda das ruas O movimento hip-hop, que emergiu no final dos anos 1970 e início dos anos 1980 em cidades americanas, começou a se destacar. O movimento enfatizava a cultura afro-americana e a preocupação com os problemas sociais enfrentados pelas populações urbanas. Assim como diversos outros movimentos, o hip-hop exerceu influência na história da moda. Roupas confeccionadas com tecido kente (tradicional na cultura africana) e cores como verde, preto, amarelo e vermelho dominavam o guarda-roupa dos entusiastas do estilo. Em 1989, nasceu a primeira empresa focada em vestuário inspirado na cultura hip-hop. O pioneiro dessa iniciativa foi Karl Kani, que fundou uma marca com seu próprio nome. Devido ao crescimento do movimento, artistas como LL Cool J, Public Enemy e Run-Dmc ajudaram a popularizar o uso de vestuário esportivo e streetwear. Desse modo, a moda sofisticada e as marcas tradicionais passaram a ser menos apreciadas pela comunidade do hip-hop. Anos 1990: a década da diversidade de estilos A palavra que melhor descreve a moda nos anos 1990 é diversidade. Diferentes estilos e composições conviviam juntos. Apesar disso, peças como jeans coloridos e blusas tipo segunda pele eram tendências da época. Como em outras décadas, a música também influenciou os jovens dos anos 1990. O Grunge, um subgênero do rock, era um grande influenciador do estilo e do comportamento dos jovens. Peças mais despojadas como calças e bermudas largas e camisas xadrez compunham o visual Grunge. Um marco do advento do estilo Grunge foi a coleção de para a Perry Ellis, uma marca de roupas esportiva americana. Apesar dainiciativa de Marc Jacobs, a coleção foi considerada um fiasco. Os consumidores não reagiram muito bem às peças que remetiam a um estilo mais desleixado. Além da influência do campo musical, a década também foi marcada por releituras de estilos dos 1960, com cores claras e 1970, com os calçados plataformas. O retorno da moda dos anos 1990 Peças amplamente utilizadas durante a década de 1990 parecem ter conquistado as famosas nos últimos anos. Calça de cintura alta, jeans rasgado, camisa xadrez e óculos redondos são usados por celebridades e por pessoas apaixonadas pela moda. Muito dessas tendências podem ser vistas no filme patricinhas de Berbely Hills!