Afasia de Wernicke: Caso Clínico

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Caso Clínico de Afasia de Wenicke 
 
Aplicação do Roteiro de Avaliação e 
Anamnese 
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INFORMAÇÃO IMPORTANTE 
 
Este documento não é um protocolo, 
nem foi validado cientificamente. É 
apenas uma organização didática 
oferecida aos alunos do curso Afasia na 
Prática, para que conheçam os aspectos 
principais de anamnese e avaliação. 
Portanto, não deve ser divulgado nem 
compartilhado como protocolo. 
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Anamnese 
 
Nome: J.B.B. Idade: 75 anos 
 
Escolaridade: 4 anos Profissão: “do lar” 
 
Dominância manual: (X)Direita ( )Esquerda ( )Ambidestro(a) 
 
Lesão: fpt esquerda 
 
Rotina anterior à lesão: 
 
Morava no interior, conhecia a cidade toda, cuidava da casa, 
vivia com o marido, ia à missa, assistia Rede Globo, ouvia 
música sertaneja, recebia os filhos mensalmente pro almoço. 
 
Rotina atual: 
 
Está morando no apto da filha junto com seu marido, neto e 
genro. Passa o dia com uma cuidadora formal, chorando. A 
filha trabalha muito (aeromoça) e o genro também; o neto brinca 
bastante no prédio com os amigos, não entende nada do que a vó 
fala. Ela fica em frente à TV, mas sempre aérea, tem comido 
menos. 
Se comunica falando palavras que não existem, nem tudo 
parece entender, está com humor bastante instável, marido dela 
passa o dia em frente à TV. 
 
 
 
 
 
 
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Rede social: 
Lá no interior, segundo o marido, ela passava o dia 
“mandando nele” (rs), mas no fim do dia eles sentavam em 
frente de casa e conversavam com todo mundo que ia 
passando. Ela sempre ia junto com a Vany pra missa, eram 
próximas, gostavam de falar besteira. 
 
Assuntos preferidos: 
Padre Marcelo Rossi, Chitãozinho e Xororó, receitas de doces. 
 
Assuntos desnecessários: 
Relacionamento dela e da filha com o genro. 
 
Rotina de leitura: 
Aos domingos, na missa. 
 
Rotina de escrita: 
Jogo do bicho. 
 
Horários de maior comunicação: 
Sempre acordou cedo e animada. Não gostava de visitas depois 
que entrava em casa por volta das 19h, dormia cedo. Hoje, no 
apto, dorme lá pela meia noite e tem dormido muito mal. 
 
Breve história de vida: 
Parou de estudar aos 11 anos para trabalhar na roça, casou-se 
aos 15 com seu atual esposo, que trabalhava como sapateiro 
(hoje aposentado). Teve dois filhos, tem três netos e sempre 
morou na mesma casa no interior de SP, sempre cuidou da 
casa, filhos, viajou pelo Brasil com a filha, uma vida 
tranquila. 
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Perda de peso recente? (X) Sim ( ) Não 
 6 Kg nos últimos 3 meses. 
 
Pneumonias recentes? ( ) Sim (X) Não 
 
Infecções recentes? (X) Sim ( ) Não 
 Urinária, há 1 mês. 
 
Uso recente de antibiótico? (X) Sim ( ) Não 
 Há 1 mês. 
 
Internações? (X) Sim ( ) Não 
 Um mês de internação, há 6 meses, por AVE. 
 
Engasgos/ tosse/ pigarros ao se alimentar? ( ) Sim (X) Não 
 
Expressão mímica alterada/ assimétrica? (X) Sim ( ) Não 
 Assimetria à direita. 
Memória: Ruim 
 
Atenção: Boa 
 
Organização: Não tentaram incluir paciente nas próprias 
atividades de vida diária. Está dependente para todas, o que 
impede a observação da organização. 
 
Administração do tempo? ( ) Sim ( ) Não Nenhuma 
 autonomia. 
Noção de espaço e tempo? ( ) Sim ( ) Não Não sabem dizer, 
porque ela não entende e não fala bem 
 
Cálculos básicos? ( ) Sim ( ) Não Não foi testado. 
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Voz atual: normal 
Qualidade: ( )Rouca ( )Soprosa ( )Tensa ( )Áspera 
 
Loudness (intensidade): (X)Alto ( )Baixo 
 
Pitch: ( )Grave ( )Agudo Adequado 
 
 
Respiração: 
(X)Curta ( )Ofegante ( )Tranquila 
( )Não cabem as palavras na frase, porque falta ar 
 
 
Articulação: ruim devido à paralisia facial 
( )Não articula ( )Ensaia articulação ( )Trocas fonêmicas 
( )Ininteligibilidade ( )Imprecisão de movimentos 
 
 
Ressonância: ( )Equilibrada (X)Hipernasal ( )Hiponasal 
 
 
Prosódia: (X)Adequada ( )Comprometida 
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Avaliação de linguagem 
Compreensão visual 
 
Todas as provas precisam ser realizadas com estímulos 
diferentes pelo próprio terapeuta, como modelo, ao menos duas 
vezes, até que o paciente tenha entendido as tarefas. Em 
seguida, as mesmas são solicitadas a ele. 
 
1. Apresente objetos concretos nos 4 quadrantes para que o 
paciente explore. 
 
Exemplo: 
 
Óculos Copo 
 
 
Escova de dentes Telefone 
 
 
A depender do resultado, use objetos do mesmo campo 
semântico (se possível, ligado ao interesse do paciente). 
 
Exemplo: 
 
Martelo Prego 
 
 
Alicate Chave de fenda 
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A partir do reconhecimento visual, transformado em informação 
de significado, adicione o símbolo para averiguar se o paciente é 
capaz de relacionar objetos concretos com fotos/imagens. 
 
Repita os quadrantes e use apenas dois, ao perceber que 4 
estímulos é muita coisa para o foco atencional. Repita os objetos 
e fotos testando o pareamento. 
 
Exemplo: 
 
Foto dos óculos Foto do copo 
 
Objeto copo para ele escolher onde colocar 
 
 
 
 
 
 
 
A partir disso, introduza (no caso de pacientes escolarizados) a 
palavra escrita que também se relacione aos estímulos 
apresentados. 
 
Exemplo: 
 
Palavra óculos Palavra copo 
 
Objeto copo para ele escolher onde colocar 
 
Reconhecimento 
assistemático 
A partir da prova de objetos, paciente não foi capaz de 
nenhuma prova. 
Houve apenas 2 repetições corretas na prova de repetição. De 
resto, compreensão ruim e expressão caracterizada por 
neologismos e logorreia. 
 
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Depois, faça o pareamento Foto x Palavra. 
 
Exemplo: 
 
Palavra Escova de dentes Palavra Telefone 
 
Foto do Telefone para ele escolher onde colocar 
 
 
 
Sempre começando com campos semânticos distintos e depois 
usando o mesmo campo. 
 
 
Até o momento, estamos testando bastante a experiência 
semântica associada à compreensão visual. 
 
Usamos também a competência fonológica na prova de leitura 
pareada. 
 
 
Vamos nos fixar agora somente na compreensão simbólica... 
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Compreensão simbólica 
 
Ofereça 3 bolinhas de gude e mostre dois diagramas: 
 
 
 
 
 
Assim, observaremos se o paciente tem noção do que o símbolo 
numeral representa em termos de quantidade. 
 
 
Depois, com as letras: 
 
Veja se há reconhecimento de letras soltas,apresentando, por 
exemplo, a letra A, para que o paciente procure nas palavras 
OVO e PAU. 
 
 
Apresente o RG do paciente e, abaixo, as palavras escritas: 
 
O nome do paciente O seu nome 
 
Veja se há pareamento. 
 
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Compreensão auditiva 
 
Agora que testamos a compreensão visual, é interessante 
associar a habilidade visual e a auditiva, apresentando 
figuras/objetos associados a ordens. 
 
Exemplo: 
 
- “Pegue o celular” 
 
Celular Escova de dentes 
 
 
- “Mostre o prego” 
 
Martelo Prego 
 
 
Depois faça também com números, letras e palavras. 
 
Exemplo: 
 
- “Aponte para o número 1” 
 
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Se o paciente for atento, experimente com mais estímulos 
simultâneos: 
 
- “Mostre a letra B” 
 
A C J B O 
 
 
Então, tire os apoios visuais e veja o entendimento exclusivo do 
que você diz:Exemplo: 
- Você é homem? 
- Você mora aqui? 
 
E vai aumentando a extensão da frase. 
 
Exemplo: 
- Amanhã você retorna ao trabalho no circo? 
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À medida que as respostas são consistentes, você pode contar 
uma história e pedir interpretação: 
 
“Ontem, comi um milho verde estragado sem perceber! Acordei 
super nauseada, vomitei tanto, que nunca mais vou querer 
comer isso de novo! Voltei à milharia pra reclamar e o balconista 
disse que às vezes isso acontece, ele vende vencido e algumas 
pessoas ficam sensíveis. Vê se pode?” 
 
Faça perguntas orais com relação ao que você contou: 
 
1. Eu comi arroz e passei mal? 
Sim / Não 
2. Eu voltei na loja pra comer mais? 
Sim / Não 
3. O balconista é ético em seu trabalho? 
Sim / Não 
 
 
Na compreensão de leitura, você pode fazer o mesmo. Usar 
frases ou textos para o paciente decidir entre sim e não, 
associadas a imagens também. 
 
Exemplo: 
 
Frase escrita: O homem está tomando banho 
 
Opções escritas: 
Ele está tomando banho / Ele está bebendo água 
 
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Expressão oral 
 
Ainda usando apoios visuais, temos a clássica prova de 
nomeação. 
 
Paciente nomeia objetos e figuras de diferentes campos 
semânticos, indo do simples ao complexo. 
 
Ele também faz isso com letras, números, palavras e frases. 
 
Você pode dar pistas semânticas e fonológicas para testar por 
qual delas o paciente vai melhor. 
 
Sem apoio visual, você pede falas automáticas. 
 
Exemplo: 
Contagem numérica 
Dias da semana 
Meses do ano 
 
 
Você pode iniciar o automatismo para estimular o paciente a 
sequencializar. 
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Por fim, peça ao paciente que repita oralmente: 
 
Números 
Letras 
Sílabas 
Palavras simples 
Palavras grandes 
Frases 
Não-palavras 
 
 
 
E então, na escrita, as provas são semelhantes. 
 
Exemplo: 
 
Ver fotos e nomear por escrito; 
Escrever coisas automáticas, como nome, endereço, sequências; 
Ditado de números, letras, sílabas, palavras e frases; 
Cópia. 
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Avaliação de deglutição você encontra 
nos cursos Disfagia na Prática, Disfagia 
Sob Medida e Disfagia PRO. 
 
Avaliação de mímica facial e fala você 
encontra no curso AVC na Prática. 
 
Todas são importantes e devem ser 
realizadas. Aqui, o foco foi avaliação de 
linguagem devido ao tema do presente 
curso. 
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