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PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. REMESSA NECESSÁRIA TIDA POR INTERPOSTA. SENTENÇA EXTRA E ULTRA PETITA. INOCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. NÃO INCIDÊNCIA. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. AÇÃO DE COBRANÇA DAS PARCELAS RETROATIVAS DO BENEFÍCIO. DIREITO AO BENEFÍCIO RECONHECIDO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONSECTÁRIOS LEGAIS INCIDENTES SOBRE A CONDENAÇÃO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. 1. Cuida-se de recursos de apelação interpostos por VIRGILIO DE OLIVEIRA BORGES e pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS contra sentença que julgou parcialmente procedente o pedido inicial e condenou a autarquia à concessão de aposentadoria por tempo de contribuição a partir da data do requerimento administrativo (28/01/2005), bem como ao pagamento das parcelas vencidas, acrescidas de juros de mora e correção monetária na forma da Lei nº 6.899/81 até a entrada em vigor da Lei nº 11.960/2009, a partir de quando deverão incidir a remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. 2. Sendo a sentença ilíquida, cabível a remessa necessária, não se aplicando o § 2º do art. 475 do Código de Processo Civil/1973, conforme entendimento consolidado nesta Corte e no Superior Tribunal de Justiça. Igualmente, não incide o § 3º do mesmo artigo, tendo em vista que a sentença não se fundamentou em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior competente. 3. Conforme exposto pelo INSS na sua apelação, no mandado de segurança anteriormente impetrado pelo autor não houve condenação à obrigação de pagar parcelas anteriores à impetração. Desse modo, não há dúvidas de que o reconhecimento do direito ao recebimento do benefício desde a data do requerimento administrativo constitui pressuposto lógico necessário para cobrança promovida pelo autor. Logo, não merece prosperar a alegação da autarquia de que a sentença extrapolou os limites objetivos da lide. 4. Não bastasse, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça vem firmando a compreensão, sobretudo em matéria previdenciária, no sentido de que não ocorre julgamento ultra petita, nem extra petita, se o Tribunal decide questão que é reflexo do pedido formulado na exordial. Por consequência, não há ofensa ao princípio da congruência ou da adstrição quando o juiz promove uma interpretação lógico-sistemática dos pedidos deduzidos, mesmo que não expressamente formulados pela parte autora. Precedentes: AgInt no REsp 1509165/RJ, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/05/2017, DJe 08/05/2017; REsp 1662652/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/04/2017, DJe 08/05/2017. 5. A ação de cobrança, fundamentada em sentença concessiva da segurança transitada em julgado, pode ter por objeto as parcelas referentes ao quinquênio que antecedeu à impetração do mandado se segurança, pois a via mandamental não se presta à concessão de efeitos patrimoniais pretéritos, a teor da orientação jurisprudencial sedimentada nas Súmulas 269 e 271/STF. 6. Segundo a jurisprudência pacífica do STJ, a impetração do Mandado de Segurança interrompe a fluência do prazo prescricional, de modo que, tão somente após o trânsito em julgado da decisão nele proferida, é que voltará a fluir a prescrição da Ação Ordinária para cobrança das parcelas referentes ao quinquênio que antecedeu a propositura do writ (AgRg no AREsp 122727/MG, relator Ministro HERMAN BENJAMIN, DJe 11/9/2012. 7. O retorno do prazo pela metade deve, no entanto, observar a orientação da Súmula 383 do STF, segundo a qual "a prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo." 8. No caso em apreço, o autor requereu, na esfera administrativa, a aposentadoria por tempo de contribuição em 28/01/2005 (fl. 62), mas o INSS indeferiu o requerimento do benefício. Em razão do indeferimento, impetrou mandado de segurança em 07/12/2005 (fl. 14), tendo a sentença proferida nos autos da aludida ação transitado em julgado em 28/09/2011 (fl. 164). Assim, tendo a ação de cobrança sido ajuizada em 16/01/2013, não ocorreu a prescrição de nenhuma prestação pretérita do benefício. 9. No mérito, a controvérsia não enseja maiores digressões, vez que, em consequência do trânsito em julgado da sentença proferida nos autos do mandado de segurança nº 2005.38.02.004695-0 - que concedeu a ordem para determinar à autoridade impetrada o reconhecimento da especialidade do labor prestado nos períodos de 12/01/1976 a 31/05/1985 e 01/06/1985 a 05/03/1997 e proceder à sua inclusão na contagem de tempo de contribuição do benefício requerido em 28/01/2005, após a conversão pelo fator 1,4 -, a própria autarquia previdenciária apurou que o autor totalizava 43 anos, 1 mês e 28 dias de contribuição na data do requerimento administrativo nº 135.589.277-2 (28/01/2005), mas, no entanto, somente lhe pagou as parcelas posteriores a 01/07/2006 (fl. 128). 10. Demonstrado que o autor havia preenchido os requisitos legais para concessão da aposentadoria por tempo de contribuição em 28/01/2005 (data do requerimento administrativo), esta data deve ser fixada como termo inicial do benefício (Súmula nº 33 da TNU). 11. Correção monetária e juros de mora de acordo com a versão mais atualizada do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, devendo ser observada, quanto à atualização monetária, a orientação do Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE 870.947 (repercussão geral, tema 810), que declarou a inconstitucionalidade da TR para esse fim. 12. A matéria relativa a juros e correção monetária é de ordem pública e cognoscível, portanto, de ofício, inclusive em reexame necessário, razão por que se afasta eventual alegação de reformatio in pejus contra a Fazenda nesses casos, tampouco se pode falar em ofensa ao princípio da inércia da jurisdição. Precedentes citados no voto. 13. Quanto aos honorários, cumpre frisar que "Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do novo CPC" (Enunciado Administrativo STJ nº 7). 14. A verba sucumbencial, fixada em 10% (dez por cento) sobre o valor das parcelas vencidas até o momento da prolação da sentença, está em harmonia com a Súmula 111 do Superior Tribunal de Justiça e com a iterativa jurisprudência desta Corte. 15. Apelação do autor provida. Apelação do INSS e remessa necessária, tida por interposta, parcialmente providas. (TRF-1 - AC: 00001855920134013802, Relator: JUIZ FEDERAL HENRIQUE GOUVEIA DA CUNHA, Data de Julgamento: 14/05/2018, 2ª CÂMARA REGIONAL PREVIDENCIÁRIA DE MINAS GERAIS, Data de Publicação: 12/06/2018) PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO E REEXAME NECESSÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. AÇÃO DE COBRANÇA DAS PARCELAS RETROATIVAS DO BENEFÍCIO. DIREITO AO BENEFÍCIO RECONHECIDO EM MANDADO DE SEGURANÇA, COM EFEITOS FINANCEIROS A PARTIR DA IMPETRAÇÃO. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. 1. A ação de cobrança, fundamentada em sentença concessiva da segurança transitada em julgado, pode ter por objeto as parcelas referentes ao quinquênio que antecedeu à impetração do mandado se segurança, pois a via mandamental não se presta à concessão de efeitos patrimoniais pretéritos, a teor da orientação jurisprudencial sedimentada nas Súmulas 269 e 271/STF. 2. Segundo a jurisprudência pacífica do STJ, a impetração do Mandado de Segurança interrompe a fluência do prazo prescricional, de modo que, tão somente após o trânsito em julgado da decisão nele proferida, é que voltará a fluir a prescrição da Ação Ordinária para cobrança das parcelas referentes ao quinquênio que antecedeu a propositura do writ (AgRg no AREsp 122727/MG, relator Ministro HERMAN BENJAMIN, DJe 11/9/2012. 3. O retorno do prazo pela metade deve, no entanto, observar a orientação da Súmula 383 do STF, segundoa qual "a prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo." 4. No caso em apreço, o autor requereu, na esfera administrativa, a aposentadoria por tempo de contribuição em 12/06/2007 (f. 15/16), mas o INSS indeferiu o requerimento do benefício. Em razão o indeferimento, impetrou mandado de segurança em 13/12/2000 (f. 18), tendo a sentença proferida nos autos da aludida ação transitado em julgado em 13/08/2010 (f. 54). Assim, tendo a ação de cobrança sido ajuizada em 16/03/2012, não ocorreu a prescrição de nenhuma prestação pretérita do benefício. 5. Ultrapassada a prejudicial de prescrição, forçoso é reconhecer que, em consequência do trânsito em julgado da sentença proferida nos autos do mandado de segurança - que concedeu a ordem para determinar à autoridade impetrada o deferimento da aposentadoria por tempo de serviço requerida pelo impetrante, retroativamente à data do requerimento administrativo -, não mais se pode discutir o direito do autor à percepção, na via desta ação de cobrança, das parcelas vencidas desde a data do requerimento administrativo do benefício até a da impetração da segurança, acrescidas dos consectários legais. 6. Quanto aos juros de mora, há precedente do Superior Tribunal de Justiça e tem prevalecido na jurisprudência desta Corte, no âmbito da Primeira e Segunda Câmaras Regionais Previdenciárias, a orientação no sentido de que o termo inicial dos juros de mora na ação de cobrança de créditos reconhecidos em mandado de segurança deve ser fixado na data da notificação da autoridade coatora na ação mandamental, pois este é o momento em que, nos moldes da lei processual, é constituído em mora o devedor. 7. Correção monetária e juros de mora de acordo com a versão mais atualizada do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, devendo ser observada, quanto à atualização monetária, a orientação do Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE 870.947 (repercussão geral, tema 810), que declarou a inconstitucionalidade da TR para esse fim. 8. A matéria relativa a juros e correção monetária é de ordem pública e cognoscível, portanto, de ofício, inclusive em reexame necessário, razão por que se afasta eventual alegação de reformatio in pejus contra a Fazenda nesses casos, tampouco se pode falar em ofensa ao princípio da inércia da jurisdição. Precedentes citados no voto. 9. Quanto aos honorários, cumpre frisar que "Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do novo CPC" (Enunciado Administrativo STJ nº 7). Assim, os honorários advocatícios em desfavor da autarquia-previdenciária devem ser fixados, em regra, no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação na data de prolação da sentença de procedência do pedido inicial (Súmula nº 111 do STJ). 10. Em se tratando de causas ajuizadas perante a Justiça Federal, o INSS está isento de custas (inclusive despesas com oficial de justiça) por força do art. 4º, I da Lei 9.289/1996, o que se repete nos Estados onde houver lei estadual assim prescrevendo, como é o caso de Minas Gerais (Lei nº 14.939/2003). 11. Apelação a que se nega provimento. Remessa necessária parcialmente provida (correção monetária). (TRF-1 - AC: 00123273820124013800, Relator: JUIZ FEDERAL HENRIQUE GOUVEIA DA CUNHA, Data de Julgamento: 23/10/2017, 2ª CÂMARA REGIONAL PREVIDENCIÁRIA DE MINAS GERAIS, Data de Publicação: 21/11/2017) DECRETO Nº 20.910, DE 6 DE JANEIRO DE 1932. Art. 4º Não corre a prescrição durante a demora que, no estudo, ao reconhecimento ou no pagamento da dívida, considerada líquida, tiverem as repartições ou funcionários encarregados de estudar e apurá-la. Parágrafo único. A suspensão da prescrição, neste caso, verificar-se-á pela entrada do requerimento do titular do direito ou do credor nos livros ou protocolos das repartições públicas, com designação do dia, mês e ano. E M E N T A: APELAÇÕES CÍVEIS. DIREITO ADMINISTRATIVO. PAGAMENTO DE RETROATIVOS. FUNDAMENTAÇÃO SUCINTA, PORÉM CLARA E OBJETIVA. DEVER DE FUNDAMENTAÇÃO OBSERVADO. PENSIONISTA DA AMAZONPREV. VÍNCULO JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO. ILEGITIMIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. APLICAÇÃO DO DECRETO-LEI 20.910/32. NORMA ESPECÍFICA. INAPLICABILIDADE DO CÓDIGO CIVIL. PRECEDENTES DO STJ. PERÍODO DE PAGAMENTO PLEITEADO NA INICIAL DIVERSO DAQUELE CONTIDO NO DISPOSITIVO. REFORMA PARCIAL DA DECISÃO PARA ADEQUAÇÃO AOS LIMITES PLEITEADOS NA INICIAL. MINISTÉRIO PÚBLICO. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO. FALTA DE INTERESSE PÚBLICO. RECURSOS CONHECIDOS. NÃO PROVIMENTO DO RECURSO DA PRIMEIRA RECORRENTE. PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO DO SEGUNDO RECORRENTE. PROVIMENTO DO RECURSO DA TERCEIRA RECORRENTE . 1. O dever de fundamentação é observado quando o juízo apresenta de forma sucinta a motivação de seu entendimento, devendo-se interpretar o julgado em conformidade com todos os elementos que o compõe, nos termos do art. 489, § 3º, CPC; 2. A mera aplicação de subsunção legal do art. 85, CPC configura-se como motivação do julgado apto à fundamentação sucinta, objetiva e clara do julgado, circunstância que afasta a alegação de ausência de fundamentação; 3. O Estado do Amazonas é parte ilegítima da relação jurídica processual que decorre de vínculo previdenciário entre segurado e a Amazonprev, quando ausente o interesse público do ente da Administração Direta; 4. Segundo precedentes do STJ, nas demandas condenatórias contra a Fazenda Pública aplica-se o Decreto-Lei 20.910/32 e não o Código Civil, em razão da especialidade daquele ato normativo que regulamenta de forma específica o prazo prescricional para as demandas em desfavor da Fazenda Pública; 5. A decisão judicia é citra petita quando há pedido certo e determinado quanto ao período de tempo para pagamento dos retroativos, mas a sentença fixa período menor daquele pretendido na petição inicial; 6. Ausência de interesse Ministerial para opinar no feito; 7. Recursos conhecidos. Negado provimento ao recurso do Primeiro Apelante. Provimento Parcial do recurso do segundo apelante. Total provimento do recurso da Terceira Apelante. (TJ-AM - AC: 02128278820118040001 AM 0212827-88.2011.8.04.0001, Relator: Délcio Luís Santos, Data de Julgamento: 01/06/2004, Segunda Câmara Cível, Data de Publicação: 11/05/2020)