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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR FEDERAL VICE-PRESIDENTE DO EGRÉGIO 
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª. REGIÃO. 
 
 
 
 
Ref. Processo nº. 0818202-49.2017.4.05.8300 
 
 
VALESKA DUTRA FERREIRA, já qualificada nos autos do processo em 
epígrafe, vem, por intermédio do seu procurador ao final firmado, com fundamento no art. 
1.042 do CPC, interpor AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL em face da decisão que inadmitiu o 
Recurso Especial interposto pela agravante contra o acórdão que deu provimento ao recurso 
de apelação manejado pela União Federal (decisão de ID 4050000.34543371), fazendo-o de 
acordo com as razões que passa a aduzir nas linhas adiante. 
 
Requer seja a parte recorrida intimada para apresentar contrarrazões (art. 
1.042, §3º) e, em seguida, que o presente recurso seja admitido e remetido ao Colendo 
Superior Tribunal de Justiça, onde se espera seja conhecido e provido. 
 
Pede deferimento. 
Recife, 25 de novembro de 2022. 
 
Rodrigo de Figueiredo Tavares de Araújo 
OAB/PE - 25.921 
 
Sérgio Ludmer 
OAB/PE - 21.485 
 
 
(e-STJ Fl.577)
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EXMOS. SRS. MINISTROS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ 
 
RAZÕES DE AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 
 
PROCESSO DE ORIGEM: APELAÇÃO Nº. 0818202-49.2017.4.05.8300 
TRIBUNAL DE ORIGEM: TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO – TRF5 
 
 
Colenda Turma, 
 
I – DA TEMPESTIVIDADE E DO PREQUESTIONAMENTO. 
 
De proêmio, a Agravante salienta a tempestividade do Apelo Especial em 
referência. A intimação do Acórdão recorrido ocorreu em 03.11.2022 (quinta-feira), pois o 
expediente de intimação foi aberto em 31.10.2022 (segunda-feira), dia em que não houve 
expediente no âmbito do TRF5 por força do Ato 433/2021 da Presidência (Documento em 
anexo), sucedido pelos feriados dos dias 01 e 02 de novembro, previstos no art. 62, inciso IV, 
da Lei nº. 5.010/1966. 
 
Assim, a contagem do prazo teve início no dia 04.11.2022 (sexta-feira), de 
modo que a data final para interposição do presente recurso será o dia 25.11.2022, tendo em 
conta o feriado nacional do dia 15 de novembro. 
 
II – BREVE RESUMO DA DEMANDA. 
 
Cuidam os autos, na origem, de Ação de Reversão de Aposentadoria com 
Pedido Cautelar de Urgência ajuizada pela ora recorrente em face da União, a fim de ver 
garantido seu direito ao retorno às suas atividades laborais na Polícia Rodoviária Federal, uma 
vez que não mais subsistem os motivos que levaram à sua aposentadoria precoce. 
 
Tendo sido comprovada sua aptidão para retorno ao trabalho, a recorrente 
apresentou laudo médico que atestou reversão do quadro depressivo e declarou-a apta ao 
trabalho sem restrições. 
(e-STJ Fl.578)
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Após trâmite regular do processo, diante perícia médica judicial para 
avaliação do quadro clínico e constatada total aptidão da servidora para exercer qualquer 
atividade laboral, em 09 de outubro de 2018, o juízo de primeiro grau proferiu sentença 
declaratória (id. 4058300.7878109) ordenando que a Administração procedesse à reversão da 
aposentadoria com o retorno da apelada ao trabalho no mesmo cargo e função que exercia 
antes da aposentadoria, com percepção de proventos inerentes ao servidor da ativa. 
 
Irresignada, a União interpôs recurso de Apelação com o intuito de modificar 
sentença sob o argumento de que: i) a recorrida pretenderia receber o valor integral, como 
aposentada, correspondente à remuneração de um servidor da ativa; ii) ainda na esfera 
administrativa, Junta Médica teria concluído, em 10 de outubro de 2017, pela subsistência do 
quadro médico que motivara a aposentação. Por fim, em caso de condenação da União, 
requer a incidência dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta 
de poupança uma única vez até o efetivo pagamento. 
 
Surpreendentemente, em sessão virtual – da qual não é possibilitado aos 
advogados acompanharem os debates, nem tampouco participar do julgamento – a Egrégia 
3ª Turma do TRF5 deu provimento à apelação da União, reformando a sentença de piso, para 
concluir pela improcedência do pedido autoral, em acórdão assim sumariado: 
 
“ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL. REVERSÃO 
DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. IMPOSSIBILIDADE. ART. 25 DA LEI Nº 8.112/90. 
LAUDO TÉCNICO. JUNTA MÉDICA OFICIAL. CONCLUSÃO PELA MANUTENÇÃO DOS 
MOTIVOS ENSEJADORES DA APOSENTADORIA. AUTORA DIAGNOSTICADA COM 
DEPRESSÃO (CID 10 F-32). FREQUENTES AFASTAMENTOS PARA TRATAMENTO DA 
DOENÇA DURANTE 9 (NOVE) ANOS CONSECUTIVOS NO EXERCÍCIO DO CARGO. 1.430 
(MIL QUATROCENTOS E TRINTA) DIAS DE LICENÇA PARA TRATAMENTO DA PRÓPRIA 
SAÚDE NO PERÍODO DE 15/05/2006 A 07/04/2015. LAUDOS MÉDICOS RECENTES 
(ELABORADOS EM 2017 E 2018) INDICANDO A REMISSÃO TOTAL DOS SINTOMAS E 
APTIDÃO DA AUTORA. APRECIAÇÃO DAS PROVAS. LIVRE CONVENCIMENTO 
MOTIVADO. MELHORA QUE DEPENDEU DO AFASTAMENTO DAS ATIVIDADES DO 
CARGO. SINTOMATOLOGIA RELACIONADA AO EXERCÍCIO DAS ATIVIDADES DE 
POLICIAL FEDERAL. TENTATIVAS DE READAPTAÇÃO PARA SERVIÇOS INTERNOS QUE 
NÃO SURTIRAM EFEITO POSITIVO. APOSENTAÇÃO. MANUTENÇÃO. PRESERVAÇÃO 
DO INTERESSE PÚBLICO E DO BEM ESTAR DA SERVIDORA. ATENDIMENTO. ACERTADA 
DECISÃO DA ADMINISTRATIVA. INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE OU 
DESARRAZOABILIDADE. APELAÇÃO PROVIDA. IMPROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS. 
1. Apelação desafiada pela União Federal em face da sentença que julgou procedentes 
os pedidos iniciais para determinar que a Administração proceda à reversão da 
Aposentadoria por Invalidez da Autora, com retorno ao trabalho no mesmo cargo e 
função que exercia antes da aposentadoria, com percepção de proventos inerentes ao 
servidor da ativa. 
(e-STJ Fl.579)
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2. A questão cinge-se em se averiguar a Autora preenche os requisitos legais para 
necessários o deferimento da reversão de sua aposentadoria, possibilitando-a a 
reassunção ao cargo de Policial Rodoviário Federal, do qual foi afastada em razão de 
ter sido aposentada por invalidez com fundamento no art. 40, I, da CF, e 182, I, da Lei 
nº 8.112/90. 
3. A jurisprudência pátria adotou o princípio do livre convencimento motivado segundo 
o qual o Juiz pode fazer uso de outros meios para formar sua convicção, sendo certo 
que o Magistrado não se encontra adstrito ao Laudo Pericial quando da apreciação e 
valoração das alegações e das provas existentes nos autos, podendo, inclusive, decidir 
contrário a ele quando houver nos autos outros elementos que assim o convençam. 
Nesse sentido: STJ - AgInt no REsp 1.309.793/RJ, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia 
Filho, Primeira Turma, julgado em 28/03/2017, DJe 07/04/2017. 
4. No caso, a questão a ser ilidida é de ordem eminentemente fática, pois gira em torno 
de se saber se a Autora está apta a reassumir ao cargo após ter sido diagnosticada com 
transtornos mentais (Depressão CID-10-F32). 
5. Quanto ao fundamento jurídico do pedido de reversão, a literalidade da norma 
aplicável ao caso não exige maiores esforços interpretativos, como se observa do teor 
do art. 25 da lei nº 8.112, verbis: "Reversão é o retorno à atividade de servidor 
aposentado: I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os 
motivos da aposentadoria". 
6. Vê-se que o direito do servidor à reversão se sujeita a Laudo Técnico exarado por 
Junta Médica Oficial declarando insubsistentes os motivos da aposentadoria. 
7. Da análise dos autos, infere-se que a autora foi submetida em 10/10/2017 à exame 
por Junta Médica Oficial da FUNASA, a qual concluiu que a servidora "mantém a 
condição de invalidez, devendo ser mantida a aposentadoria" (Id. 4058300.4435873). 
8. Com vistas a ilidir a conclusão da Junta Médica Oficial, a Autora acosta aos autos o 
Laudo Médico assinado em 07/06/2017 pela Médica PsiquiatraDra. Keila Albuquerque, 
que atesta que acompanhou a Autora no tratamento da doença identificada pela sigla 
CID 10.F32 no período de 12/02/2016 a 05/06/2017, e que "durante todo o período a 
autora esteve bem e em remissão dos sintomas" e sem uso de medicamentos 
relacionados à doença há seis meses estando "apta para realizar qualquer tipo de 
atividades profissional sem restrições" (Id. 4058300.4435865). 
9. Já o Laudo Psiquiátrico produzido em Juízo, elaborado pelo Médico Dr. José Brasileiro 
Dourado Júnior, no mesmo sentido, concluiu que "o periciando não apresenta ao 
exame no momento psiquiátrico está há mais de dois anos sem sintomatologia ativa. 
Portanto, a periciada tem aptidão para o exercício de atividade laboral em qualquer 
área que desejar" (Id. 4058300.6127455). 
10. Não obstante a taxatividade dos Laudos que concluíram pela aptidão da Autora 
para o exercício "de qualquer atividade", não se pode olvidar que o quadro de 
transtornos comportamentais da servidora se reporta aos idos do ano de 2006, tendo 
persistido até o momento do exame Pericial que concluiu pela necessidade do seu 
afastamento definitivo em 10/03/2015, o que foi reiterado por novo Laudo Psiquiátrico 
elaborado pela Junta Médica Oficial em 10/10/2017, por ocasião da análise do 
requerimento de reversão. 
11. Dos esclarecimentos trazidos pela médica Dra. Rosanna Câmara de Sá, integrante 
dos quadros de médicos da FUNASA, que foi responsável pela avaliação de saúde da 
Autora (Id. 4058300.6382503), dessume-se que: "a) no período de 15/05/2006 a 
07/04/2015, a pericianda totalizou 1.430 dias de licença médica para tratamento da 
própria saúde, estando excluídos desse número, outros 120 dias referentes à licença 
maternidade em 2008, distribuídos da seguinte forma: - Ano de 2006 = 033 - Ano de 
2007 = 051 - Ano de 2008 = 040 - Ano de 2009 = 001 - Ano de 2010 = 236 - Ano de 2011 
= 311 - Ano de 2012 = 248 - Ano de 2013 = 220 - Ano de 2014 = 200 - Ano de 2015 = 
090; b) quase a totalidade das licenças médicas tinha diagnóstico relacionado a 
Transtornos Mentais e Comportamentais de acordo com a Classificação Estatística 
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10: F00-F99); c) em 
várias oportunidades contamos na formação da JMO-FUNASA-PE com, pelo menos, 
com um médico psiquiatra participando da perícia da autora, quais seja, doutora Keila 
Albuquerque CRM-PE 13.026 e Dr. Ricardo Vianna de Barros CRM-PE 7.028; d) foram 
sugeridas junto ao órgão e origem outras medidas, como por ex., mudança de setor no 
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ambiente de trabalho (readaptação funcional), numa tentativa de adequação às 
necessidades da autora, sugestões essas acatadas pelo órgão, que trouxe a então 
servidora, do então trabalho ostensivo externo para o setor de trabalho interno, 
visando o bem estar da mesma; e) após constatarmos que as medidas não resultaram 
no resultado esperado, vez que foram necessárias novas licenças pelos mesmos 
motivos anteriores e de acordo com as normas contidas no Manual de Perícia Oficial, 
concluímos pela sugestão de aposentadoria por invalidez decorrente de doença não 
especificada em lei, sugestão essa acatada pelo órgão e origem da então servidora" 
12. O que se pode concluir dos dados elencados nos autos é que o Parecer da Junta 
Médica Oficial foi acertado, porquanto visou a um só tempo a preservar o interesse 
público e também o interesse e bem-estar da própria Autora, que durante 9 (nove) 
anos consecutivos de desempenho da função de Policial Federal (2006 a 2015; a Autora 
tomou posse em 2005), teve que se afastar para tratamento de saúde por períodos 
cada vez mais longos, chegando a 311 dias no ano de 2011, 248 dias em 2012, 220 dias 
em 2013, por exemplo, vindo a obter progresso nos tratamentos tão somente após o 
seu afastamento definitivo das funções de Policial Rodoviário Federal, o que ocorreu 
em 16/01/2016. 
13. Destaque-se que a aposentadoria foi utilizada como a última opção, pois a Autora 
foi remanejada, por orientação da Junta Médica, da função de Policial ostensiva para 
os trabalhos burocráticos e administrativos (internos), o que, conforme as informações 
contidas nos autos, não surtiu efeito positivo, antes, agravou os sintomas, como se 
denota dos afastamentos mais longos nos últimos anos antes da inativação. 
14. É possível se concluir que os sintomas psiquiátricos da Autora estão (estavam) 
diretamente ligados ao exercício das atribuições do cargo de Policial Rodoviário 
Federal, ainda que desempenhado no âmbito administrativo. Isso porque só depois de 
decorrido um ano de sua aposentadoria (início de 2017), é que a paciente pode cessar 
com os medicamentos (Valdoxan) e apenas em 05/06/2017 é que a mesma pode 
receber alta dos tratamentos, conforme o Laudo Psiquiátrico de Identificador nº 
4058300.4913151. 
15. O mesmo raciocínio de que a melhora na sintomatologia se deve ao afastamento 
das funções do cargo vale para explicar o resultado do Laudo Psiquiátrico forense 
realizado em 20/08/2018 que constatou a remissão completa dos sintomas, mas isso 
somente após a Autora já estar afastada das funções há 2 (dois) anos e meses. 
16. não se vislumbra qualquer mácula de ilegalidade ou desarrazoabilidade na decisão 
administrativa que denegou o pedido de reversão formulado pela Autora, tampouco 
,há elementos nos autos capaz de colocar em xeque o acerto da decisão da Junta 
Médica Oficial da FUNASA que concluiu pela permanência dos motivos que ensejaram 
a aposentadoria por invalidez da Demandante, devendo ser acolhida a insurgência 
recursal para reformar a sentença e julgar improcedentes os pedidos autorais. 
17. Apelação provida. Inversão do ônus da sucumbência. Diante da inexistência de 
proveito econômico e do baixo valor da causa, os honorários advocatícios são fixados 
em R$ 1.000.00 (mil reais), com base no art. 85, § 8º, do CPC.” 
 
Em face da existência de omissões e contradições que maculavam as 
premissas que levaram a Egrégia Turma do TRF5 à conclusão de acolhimento do apelo, a 
recorrente opôs reiterados embargos de declaração para que se atingisse a plenitude da 
prestação jurisdicional e fossem coligidas de forma escorreita as provas dos autos. 
 
Contudo, mesmo reiteradamente provocada, a Egrégia Terceira Turma do 
TRF5 rejeitou os aclaratórios ao argumento de que não haveria omissão, contradição ou 
obscuridade em seu julgado. 
 
(e-STJ Fl.581)
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Esgotadas as instâncias ordinárias, a recorrente não viu outra alternativa 
senão a de recorrer ao Colendo Superior Tribunal de Justiça por meio do Recurso Especial, de 
modo a que sejam corrigidos os equívocos perpetrados pelo acórdão impugnado e, assim, 
conferida a correta interpretação aos dispositivos de lei federal vulnerados pelo Tribunal 
Regional Federal da 5ª Região, a saber: o art. 1.022, inciso II, do CPC; art. 9º e 10 do CPC; art. 
371 e 479 do CPC; e art. 25, inciso I, da Lei nº. 8.112/1990. 
 
Em juízo primevo de admissibilidade, a Vice-Presidência do TRF5 entendeu 
pela inadmissibilidade do REsp. 
 
De partida, asseverou que não teria restado evidenciada a ofensa ao art. 1.022 
do CPC, na medida em que a Corte Local teria se manifestado de maneira clara e 
fundamentada acerca dos pontos principais da controvérsia. Quanto aos demais pontos da 
insurgência, aplicou o obstáculo da Súmula 07/STJ, entendendo que o conhecimento do 
recurso demandaria reexame fático-probatório. 
 
Com a devida vênia aos fundamentos declinados pelo Magistrado assistente 
da Vice-Presidência do TRF5, é flagrante o cabimento do Especial, merecendo ser conhecido 
e provido o presente agravo, a fim de reformar a decisão vergastada, admitindo o 
conhecimento, por esse Colendo STJ, das razões de insurgência lançadas por Valeska Dutra 
Ferreira em seu Recurso Especial. 
 
III – DAS RAZÕES DEREFORMA DA DECISÃO AGRAVADA. 
 
III.1. DA PATENTE DEMONSTRAÇÃO DE OFENSA AO ART. 1.022 DO CPC. 
 
A decisão agravada, de maneira equivocada, compreendeu inexistir, no caso, 
violação ao art. 1.022 do CPC/2015 no julgamento proferido pelo Egrégio Tribunal Regional 
Federal da 5ª Região. Nos exatos termos do que asseverou a decisão de inadmissibilidade do 
REsp: 
 
Primeiramente, quanto à alegação relativa à ofensa ao art. 1.022 do CPC, não 
assiste razão à recorrente. Segundo iterativos julgados do STJ: "Não há violação do 
535 do CPC/73 (art. 1022 do CPC/2015) quando o Tribunal a quo se manifesta clara 
(e-STJ Fl.582)
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e fundamentadamente acerca dos pontos indispensáveis para o desate da 
controvérsia apreciando-a fundamentadamente (art. 165 do CPC/73), apontando 
as razões de seu convencimento, ainda que de forma contrária aos interesses da 
parte, como verificado na hipótese. (AgInt no AREsp 1298583/SP, Rel. Ministro 
Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em 23/10/2018, DJe 29/10/2018). 
 
Não obstante as considerações do Eminente Desembargador, perceba-se que 
a decisão agravada se utiliza de simples alegativa genérica para sugerir que a matéria 
tempestivamente suscitada pela Agravante em sede de embargos de declaração teria sido 
suficientemente debatida e apreciada pela Corte Regional. Em nenhum momento a decisão 
de inadmissibilidade demonstra que não existiriam as omissões alegadas pela Agravante, nem 
evidencia em que medida as razões de decidir do acórdão seriam suficientes para solucionar 
a controvérsia. 
 
Em verdade, a Recorrente suscitou omissões precisas e bem expostas que 
poderiam, caso tivessem sido apreciadas pelo TRF5, conduziriam o Tribunal a conclusões 
diversas daquelas declinadas no Acórdão recorrido. 
 
Em hipóteses semelhantes, estando evidenciado que a apreciação das teses 
poderia conduzir o julgamento a conclusões diversas, o STJ tem se posicionado firmemente 
pela necessidade de conhecimento (e provimento!) de recurso especial em virtude de ofensa 
ao art. 1.022 do CPC/2015 (antigo art. 535 do CPC/1973). A título ilustrativo, colham-se os 
seguintes julgados: 
 
“PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. 
DANOS MORAIS. VERBA INDENIZATÓRIA. PARCELAMENTO. POSSIBILIDADE. 
OMISSÃO CONFIGURADA. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC RECONHECIDA. 
1. Apesar de provocada pela via dos embargos de declaração, a Corte de origem 
não emitiu efetiva carga decisória sobre a questão atinente à alegada 
impossibilidade de pagamento parcelado de indenização por danos morais 
decorrentes de ação estatal. 
2. Caracterizado o vício da omissão, impõe-se o reconhecimento de ofensa ao art. 
535 do CPC, com anulação do acórdão proferido no julgamento dos embargos de 
declaração, determinando-se o retorno dos autos à origem, com o escopo de que 
seja sanada a eiva apontada, restando prejudicada a análise dos demais tópicos. 
3. Recurso especial provido” (REsp 902.863/MG, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, 
SEGUNDA TURMA, DJ 28.05.2008); 
 
“ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL - INSTALAÇÃO DE PONTO DE ENERGIA 
ELÉTRICA - SERVIDÃO ADMINISTRATIVA DE LINHAS DE TRANSMISSÃO DE ALTA 
TENSÃO - OMISSÃO DO ACÓRDÃO: ART. 535 DO CPC. 
1. É omisso o julgado que deixa de analisar questões oportunamente suscitadas e 
que, em tese, podem levar o julgamento a um resultado diverso do ocorrido, 
impedindo o acesso às instâncias extraordinárias. 
(e-STJ Fl.583)
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2.Questão federal ventilada no voto vencido que não supre o requisito do 
prequestionamento. Súmula 320/STJ. 
3. Violação ao art. 535 do CPC. Necessidade de rejulgamento dos embargos 
declaratórios, para fins de complementação da prestação jurisdicional. Prejudicada 
a análise das demais questões trazidas no especial. 
4. Recurso especial provido” (REsp 992.799/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, 
SEGUNDA TURMA, DJ 16.04.08). 
 
Sendo assim, vejamos mais uma vez os pontos tempestivamente suscitados 
pela Recorrente que não foram objeto de análise pelo TRF5, ou que foram apreciados de 
maneira vaga pela Corte de origem, restando configurada a inegável ofensa ao art. 1.022 do 
Código de Processo Civil. 
 
A) DA OMISSÃO QUANTO A NÃO APRECIAÇÃO DA VIOLAÇÃO AO 
CONTRADITÓRIO, AMPLA DEFESA, DA DECISÃO NÃO SURPRESA PREVISTO 
NOS ARTIGOS 9 E 10 DO CPC/15, SUSCITADO NOS PRIMEIROS EMBARGOS 
DE DECLARAÇÃO (4050000.23358666). DEBATE SOBRE ASPECTOS TÉCNICOS 
QUE JAMAIS HAVIAM SIDO SEQUER SUSCITADOS NOS AUTOS. 
 
A corte de origem negou provimento aos Embargos de Declaração manejados 
na origem sob o fundamento de que “o acórdão impugnado enfrentou todas as questões 
devolvidas à análise”, mantendo inalterado o provimento da Apelação da União. 
 
Contudo, data maxima venia, foi omisso o julgamento ao deixar de apreciar 
a nulidade suscitada pela embargante, ante a abordagem sobre questões nunca debatida nos 
autos, como por exemplo as causas da doença que acometera a jurisdicionada e as razões 
que, no seu ponto de vista, teriam contribuído para a melhora clínica apresentada, sendo 
imperioso que, de forma explícita, seja enfrentado. 
 
O fato é que a discussão trazida no processo (da petição inicial até aqui), se 
restringe à verificação da subsistência (ou não) do quadro clínico que motivara a 
aposentadoria, por invalidez, da ora Agravante. 
 
Conforme suscitado nos embargos de declaração, o julgamento do TRF5 
insistiu em reforçar as razões de decidir pautado em premissas que foram inauguradas pelo 
acórdão que julgou provida a Apelação, ou seja, sem apreciar a nulidade suscitada. 
(e-STJ Fl.584)
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Conforme antedito, discorreu – repita-se, sem qualquer prova técnica que a 
embasasse – que a causa da doença seria o próprio exercício laboral da recorrente, afirmando 
que a aposentadoria por invalidez seria medida necessária, pois o seu afastamento do 
trabalho teria sido a causa da sua melhora clínica. Veja-se: 
 
“(...) 
A Turma Julgadora, com base nas provas dos autos, e lastreado no princípio do livre 
convencimento motivado, associou a persistência da moléstia ao exercício das 
atribuições do cargo de Policial Rodoviário Federal, ainda que desempenhado no 
âmbito administrativo. Isso porque só depois de decorrido 1 (um) ano de sua 
aposentadoria (início de 2017), é que a Paciente pode cessar com os medicamentos 
(Valdoxan) e apenas em 05/06/2017 é que a mesma pode receber alta, conforme 
o Laudo Psiquiátrico de Identificador nº 4058300.4913151. 
Foi perfilhado, frise-se, o raciocínio de que a melhora na sintomatologia se deveu 
ao afastamento das funções do cargo de forma a explicar o resultado do Laudo 
Psiquiátrico Forense realizado em 20/08/2018, que constatou a remissão 
completa dos sintomas, mas isso após a Autora já estar afastada das funções há 2 
(dois) anos e meses. 
(...)” (grifou-se) 
 
SOUBESSE A ORA AGRAVANTE QUE SERIAM CONTROVERTIDAS AS CAUSAS DO SEU 
ADOECIMENTO, bem como os elementos que contribuíram para a insubsistência do quadro 
depressivo que outrora apresentara, TERIA DISCORRIDO SOBRE ISTO NA EXORDIAL, TERIA PRODUZIDO 
PROVA A RESPEITO E, SOBRETUDO, TERIA INDAGADO AO PERITO JUDICIAL ESTES ASPECTOS, a fim de que 
fossem elucidados à luz de fundamentos médicos consistentes e objetivos. 
 
Assim, tivessem sido apreciados os embargos de declaração na origem, o 
Egrégio TRF5 teria concluído pela nulidade do julgamento que se pronunciou sobre aspecto 
até então não debatido nos autos, sem possibilitar à parte prejudicada se manifestar 
previamente, conforme dispõe os artigos 9 e 10 do CPC/15, e como assevera a nossa melhor 
doutrina. Eis a lição de Fredie Didier Jr: 
 
“É muito importante observar que a regra impõe a audiência da parte para que a 
decisão seja proferidacontra ela. Se a decisão for favorável à parte, não há 
necessidade de ela ser ouvida. É por isso que se permitem o indeferimento da 
petição inicial (art. 330, CPC) e a improcedência liminar do pedido (art. 332, CPC), 
ambas as decisões favoráveis ao réu, proferidas sem que ele ao menos tenha sido 
citado. É em razão disso, também, que o relator somente precisa ouvir o recorrido 
se for dar provimento ao recurso (art. 932, V, CPC); não há necessidade de ouvi-lo 
se negar provimento ou não admitir o recurso. Também é por isso que o órgão 
julgador somente ouvirá o embargado, se o acolhimento dos embargos de 
declaração implicar modificação da decisão embargada; se a decisão permanecer 
(e-STJ Fl.585)
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inalterada, mesmo com o acolhimento dos embargos, não há razão para ouvir antes 
o embargado (art. 1.023, § 2°, CPC).”1 (grifou-se) 
 
Esse, inclusive, é o entendimento consolidado no C. STJ. Veja-se: 
 
“CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RECURSO INTERPOSTO SOB A 
ÉGIDE DO NCPC. FAMÍLIA. DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. PERÍODO DE 
CONVIVÊNCIA. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO COM BASE EM DECISÃO SURPRESA. 
OFENSA AO ART. 10 DA NCPC CONFIGURADA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 
(...) 
2. Sentença de parcial procedência mantida pelo acórdão recorrido, definindo até 
o termo inicial da união estável, que repercutiu na esfera patrimonial dos litigantes, 
com amparo em fundamentação sobre a qual não se deu oportunidade de 
manifestação às partes, padece de nulidade e deve ser ineficaz em relação a elas, 
em virtude da vedação da chamada "decisão surpresa". 
3. O princípio da cooperação e também o da "não surpresa" previstos no art. 10 
do NCPC - que são desdobramentos do devido processo legal -, permitem e 
possibilitam que os sujeitos processuais possam influir concretamente na 
formação do provimento jurisdicional, garantindo um processo mais justo e 
isonômico, motivo pelo qual não se pode admitir que a sentença se valha de fatos 
trazidos pelo Ministério Público local não conhecidos por elas e não submetidos 
ao contraditório, impondo-lhes notório prejuízo. 
4. Recurso especial provido.”2 (grifou-se) 
 
“RECURSO ESPECIAL. REIVINDICATÓRIA. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU ERRO 
MATERIAL. NÃO OCORRÊNCIA. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. NÃO 
SURPRESA. VEDAÇÃO. NECESSIDADE DE MANIFESTAÇÃO PRÉVIA. 
CONTRADITÓRIO. INTERAÇÃO. COOPERAÇÃO. 
(...) 
6. O art. 10 do CPC/2015 estabelece que o juiz não pode decidir, em grau algum 
de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às 
partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual 
deva decidir de ofício. Precedente. 
7. Recurso especial conhecido e provido.”3 (grifou-se) 
 
Posto isso, fica claro que a Recorrente cuidou de apontar evidente omissão à 
Corte Regional, opondo tempestivamente os embargos de declaração, de modo que o TRF5 
violou o art. 1.022, inciso II, do CPC, ao deixar de apreciar a omissão que certamente teria 
conduzido o julgamento para conclusão diversa, qual seja, pelo desprovimento do apelo da 
União Federal e manutenção da sentença de piso. 
 
Sendo assim, outro desfecho não há senão o conhecimento e provimento do 
presente Agravo, para que seja conhecido o apelo nobre, o qual haverá de ser julgado 
totalmente provido, no sentido de o Colendo Superior Tribunal de Justiça declarar nulo o 
 
1 DIDIER JR. Fredie. Curso de direito processual civil. Vol. I, Salvador: Juspodivm, 2016, p. 85-86 
2 STJ - REsp 1824337/CE, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/12/2019, DJe 
13/12/2019. 
3 STJ - REsp 1787934/MT, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/02/2019, DJe 
22/02/2019. 
(e-STJ Fl.586)
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Acórdão recorrido e, via de consequência, determinar que o órgão julgador a quo proceda a 
novo julgamento dos Embargos de Declaração, pronunciando-se expressamente acerca das 
omissões suscitadas. 
 
B) DA OMISSÃO QUANTO AO CARÁTER INCONTROVERSO DA CONCLUSÃO 
DA PROVA TÉCNICA PRODUZIDA EM JUÍZO. VIOLAÇÃO AOS ARTS. 371 E 479, 
DO CPC. 
 
Nos aclaratórios opostos perante o TRF5, a Recorrente ainda evidenciou a 
omissão do julgamento acerca do caráter incontroverso da prova técnica produzida em juízo, 
que não dava margem a conclusão diversa daquela expressa na perícia que apontou a total 
aptidão da servidora para o serviço. 
 
Conforme demonstrado, durante o curso do processo no 1º grau, foi 
designada perícia médica que foi realizada respondendo quesitos do Magistrado a quo, bem 
como dos assistentes das partes, em que O DOUTO PERITO JUDICIAL CONCLUIU, em 20/08/2018, 
PELA APTIDÃO IRRESTRITA DA SERVIDORA PARA O DESEMPENHO DE QUALQUER ATIVIDADE LABORAL. 
 
Deixou o Acórdão de observar que, instada a se manifestar, a União, através 
da assistente técnica da FUNASA, afirmou que nada tinha a contestar sobre o laudo 
psiquiátrico forense. Veja-se: 
 
“(...) 
3. Com relação ao Laudo Psiquiátrico Forense emitido pelo psiquiatra forense Dr. 
José Brasileiro Dourado Júnior CREMEPE-18.912 na cidade de Porto Alegre-RS em 
20/08/2018, nada temos a contestar” (grifou-se) 
 
Nesse contexto, deixou o acórdão vergastado de observar que TODAS AS 
MANIFESTAÇÕES TÉCNICAS DO PROCESSO CONVERGEM PARA O ENTENDIMENTO DE QUE 
A SRA. VALESKA DUTRA FERREIRA SE ENCONTRA APTA PARA O EXERCÍCIO DE QUALQUER 
ATIVIDADE LABORAL, posto que a própria assistente técnica da União afirmou que nada tinha 
a contestar sobre as conclusões do perito judicial. 
 
O acórdão também foi omisso ao deixar de constatar que as conclusões 
técnicas são tão fidedignas ao caso concreto que, em razão da tutela antecipada da 
(e-STJ Fl.587)
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Sentença, a recorrente retomou as suas atividades laborais desde 24/01/2.019, por mais de 
2 (dois) anos, sem qualquer reincidência da doença que outrora a acometeu. 
 
Pelo contrário, LABOROU NESSE PERÍODO SEM SE AUSENTAR UM ÚNICO DIA 
E COM AVALIAÇÕES DE DESEMPENHO POSITIVAS, o que demonstra, de forma nítida, a sua 
aptidão ao desempenho de suas funções, o que, por si só, já seria argumento suficiente para 
afastar a malfadada declaração de sua precoce morte profissional no serviço público. 
 
No caso, o acórdão do TRF5 sobrepesou parte da manifestação da assistente 
técnica da União de maneira desproporcional e sem atentar-se, data maxima venia, que não 
há qualquer documento que comprove a veracidade das informações sobre as faltas da 
servidora, extraindo conclusões que não decorrem da prova dos autos. Veja-se no trecho 
destacado do acórdão: 
 
“Dos esclarecimentos trazidos pela Médica Dra. Rosanna Câmara de Sá, integrante 
dos Quadros de Médicos da FUNASA, Ente que foi responsável pela avaliação de 
saúde da Autora, foram destacados os seguintes trechos, verbis: (Id. 
4058300.6382503): 
"a) no período de 15/05/2006 a 07/04/2015, a pericianda totalizou 1.430 dias de 
licença médica para tratamento da própria saúde, estando excluídos desse número, 
outros 120 dias referentes à licença maternidade em 2008, distribuídos da seguinte 
forma: 
- Ano de 2006 = 033 
- Ano de 2007 = 051 
- Ano de 2008 = 040 
- Ano de 2009 = 001 
- Ano de 2010 = 236 
- Ano de 2011 = 311 
- Ano de 2012 = 248 
- Ano de 2013 = 220 
- Ano de 2014 = 200 
- Ano de 2015 = 090 
b) quase a totalidade das licenças médicas tinha diagnóstico relacionado a 
Transtornos Mentais e Comportamentais de acordo com a Classificação Estatística 
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10: F00-F99); 
c) em várias oportunidades contamos na formação da JMO-FUNASA-PE com, pelo 
menos, com um médico psiquiatra participando da perícia da autora, quais seja, 
doutora Keila Albuquerque CRM-PE 13.026 e Dr. Ricardo Vianna de Barros CRM-PE 
7.028; 
d) foram sugeridas junto aoórgão e origem outras medidas, como por ex., mudança 
de setor no ambiente de trabalho (readaptação funcional), numa tentativa de 
adequação às necessidades da autora, sugestões essas acatadas pelo órgão, que 
trouxe a então servidora, do então trabalho ostensivo externo para o setor de 
trabalho interno, visando o bem estar da mesma; 
e) após constatarmos que as medidas não resultaram no resultado esperado, uma 
vez que foram necessárias novas licenças pelos mesmos motivos anteriores e de 
acordo com as normas contidas no Manual de Perícia Oficial, concluímos pela 
sugestão de aposentadoria por invalidez decorrente de doença não especificada 
em lei, sugestão essa acatada pelo órgão e origem da então servidora".” 
(e-STJ Fl.588)
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Em seus embargos de declaração, a Recorrente apontou que nenhuma das 
afirmações trazidas no trecho supra possuem comprovação documental acostado aos autos 
que demonstrem a veracidade dos fatos narrados, e foram valorados em detrimento ao Laudo 
Médico forense, bem como ao histórico recente da servidora no retorno às suas atividades 
em virtude da tutela antecipada concedida. Com isso, demonstrou a flagrante omissão do 
julgamento do TRF5 acerca dos fundamentos que levaram os Douto Julgadores a afastar as 
provas produzidas por expert, que se revestiu de caráter incontroverso, posto que a posição 
final da médica assistente técnica da União foi no sentido de que nada tinha a contestar a 
respeito do Laudo Forense. 
 
Portanto, caso tivesse observado a prova técnica dos autos, conforme 
requerido nos embargos de declaração tempestivamente opostos, não haveria outro 
desfecho senão o improvimento da Apelação da União, face ao pronunciamento médico 
consistente e imparcial do perito judicial que concluiu pela sua aptidão, e – repita-se – não foi 
contestado pela sua médica assistente técnica. 
 
Como se sabe, o art. 371 do CPC/2015 determina que o convencimento 
judicial está adstrito à prova constante dos autos, não sendo possível o provimento judicial 
em dissonância com os elementos probatórios do processo, de modo que o convencimento 
do magistrado não pode se afastar da prova constante dos autos: 
 
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do 
sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu 
convencimento. 
 
Ainda que assim não o fosse, é possível constatar que os Doutos Julgadores 
deixaram de observar, data venia, que o requisito para a reversão da aposentadoria por 
invalidez, consiste, única e exclusivamente, em não mais subsistir os motivos da 
aposentadoria (que no caso sub examine é a remissão do quadro de depressão – o que 
efetivamente ocorreu). 
 
Nesse trilhar, o acórdão foi omisso quanto à demonstração, nos autos, tanto 
pela médica psiquiátrica que acompanhou o tratamento da Recorrente entre 16/01/2016 até 
07/06/2017 (Dra. Keila Albuquerque), quanto pelo Psiquiatra forense em seu laudo produzido 
(e-STJ Fl.589)
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em 20/08/218 (Dr. José Brasileiro Dourado), que a Agravante estava totalmente apta para 
desempenhar as funções. 
 
Portanto, o acórdão deixou de observar que a análise das causas ou 
consequências da doença que acometeu a servidora não era ponto crucial para o desfecho 
da demanda, tendo em vista que o acórdão passou largo da verificação de que requisito 
legal para a reversão da aposentadoria é apenas a remissão da doença. 
 
Assim, tivesse a Egrégia Turma do TRF5 apreciado as omissões expostas nos 
aclaratórios, teria caminhado para conclusão diversa, que inevitavelmente ensejaria o não 
provimento do apelo da União e a manutenção da sentença que deferira a reversão da 
aposentadoria por invalidez da servidora. 
 
Sendo assim, outro desfecho não há senão o conhecimento e provimento do 
presente Agravo, para que seja conhecido o apelo nobre, o qual haverá de ser julgado 
totalmente provido, no sentido de o Colendo Superior Tribunal de Justiça declarar nulo o 
Acórdão recorrido e, via de consequência, determinar que o órgão julgador a quo proceda a 
novo julgamento dos Embargos de Declaração, pronunciando-se expressamente acerca das 
omissões suscitadas. 
 
III.2. DA PRETENSÃO RECURSAL UNICAMENTE DIRECIONADA A AFASTAR AS 
VIOLAÇÕES À LEGISLAÇÃO FEDERAL. DESNECESSIDADE DE REVOLVER OS 
FATOS E PROVAS PARA CONHECER DO RECURSO. NÃO INCIDÊNCIA DA 
SÚMULAS 07/STJ. 
 
Quanto às alegações de mérito do recurso especial, a decisão agravada aplica 
o enunciado da Súmulas 07/STJ, afirmando que “o exame do tema suscitado na peça recursal 
implica reexame probatório, o que é vedado em sede de Recurso Especial”. 
 
Analisando as razões do Especial, contudo, percebe-se que o conhecimento 
da insurgência não enseja o revolvimento dos fatos e das provas, nem tampouco provoca os 
Tribunais Superiores a se debruçarem circunstâncias fáticas da demanda. Provoca, tão só, 
(e-STJ Fl.590)
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essa Corte Superior a conferir a correta qualificação jurídica aos fatos já reconhecidos e 
apreciados pelas instâncias inferiores. 
 
Em hipóteses como a presente, não há que se falar em aplicação da Súmula 
07/STJ, na medida em que o Especial não pretende revolver os fatos dos autos - vez que 
incontroversos os elementos concretos sobre os quais se baseia o Especial -, mas apenas 
provocar essa Corte a se manifestar quanto à qualificação jurídica dos fatos sobre os quais se 
baseou o acórdão vergastado. 
 
Em seus comentários aos enunciados do STJ e do STF, Roberto Rosas esclarece 
que o impedimento de valoração de provas não pode servir de obstáculo à apreciação de 
recursos em que se pretende apenas analisar a qualificação jurídica conferida aos fatos. Eis o 
que ensina o renomado autor: 
 
“A Súmula 279 do STF serviu de escudo ao exame do recurso extraordinário, muitas 
vezes com evidente injustiça, ou demasia, donde o surgimento de distinções 
necessárias como a valoração jurídica da prova, ou a qualificação jurídica da prova. 
Vejamos um exemplo, ao acaso: se a prova diz que um bem foi entregue a outra 
pessoa, para usá-lo sem nenhum pagamento (aluguel), e fica obrigado a devolvê-
lo, essa prova diz, juridicamente, tratar-se de um comodato. Ora, nessa hipótese, 
não se reexamina a prova, ou a revê, apenas tira-se do seu exame a qualificação 
jurídica.” (In Direito Sumular. São Paulo: Malheiros, 2006, página 345) 
 
No mesmo sentido, o eminente professor Athos Gusmão Carneiro, citando 
nossa melhor doutrina e jurisprudência, ensina: 
 
“Todavia, como está em voto lapidar o Min. Franciulli Netto (2ª Turma do STJ, REsp. 
nº 171.219, AC. 12.03.2002, RSTJ – 159/230), existem hipóteses em que a seleção 
da situação jurídica atinge uma tal profundidade que, ao final, de sua análise, 
também se realizou a apreciação jurídica. E refere o magistério de Barbosa Moreira: 
‘quando se passa de semelhante averiguação à qualificação jurídica do fato 
apurado, mediante o respectivo enquadramento de determinando conceito legal, 
já se enfrenta questão de direito. Basta ver que, para afirmar ou para negar a 
ocorrência de tal ou qual figura jurídica, necessariamente se interpreta a lei. 
Interpretação é o procedimento pelo qual se determinam o sentido e o alcance da 
regra de direito, a sua compreensão e sua extensão. Dizer que ela abrange ou não 
abrange certo acontecimento é, portanto, interpretá-la. Admitir a abrangência 
quando o fato não se encaixa na moldura conceptual é aplicar erroneamente a 
norma, como seria aplicá-la erroneamente não admitir a abrangência quando o 
fato se encaixasse na moldura conceptual. Em ambos os casos, viola-se a lei, tanto 
ao aplicá-lo à hipótese não contida em seu âmbito de incidência, quanto deixar de 
aplicá-laà hipótese nele contida’ (Temas de Direito Processual – Segunda Série, 
Saraiva, 1980, p.235)4.” 
 
 
4 CARNEIRO, Athos Gusmão. Recurso Especial, agravos e agravo interno: exposição didática. Rio de Janeiro: 
Forense, 2005, p. 36) 
(e-STJ Fl.591)
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De igual modo, a jurisprudência do STJ há muito se pacificou de modo a 
compreender que o julgamento acerca da aplicação do direito conferido aos fatos não vai de 
encontro à Súmula 07/STJ. Esse foi o entendimento firmado pela Corte Especial no julgamento 
do AgRg nos ERESP 134108/DF, relatado pelo Ministro Eduardo Ribeiro. Eis a ementa do 
julgado: 
 
“Recurso especial. 
Não ofende o princípio da Súmula 7 emprestar-se, no julgamento do especial, 
significado diverso aos fatos estabelecidos pelo acórdão recorrido. Inviável é ter 
como ocorridos fatos cuja existência o acórdão negou ou negar fatos que se tiveram 
como verificados” (AgRg nos ERESP 134108 / DF ; Rel Ministro EDUARDO RIBEIRO, 
CORTE ESPECIAL, in DJ 16.08.1999, p. 36) 
 
Partindo desse entendimento, diversos são os precedentes das Turmas desse 
Tribunal Superior, que vêm reiterando o entendimento consagrado pela Corte Especial. 
Seguem alguns exemplos: 
 
“TRIBUTÁRIO. ISS. USINA HIDRELÉTRICA. INSTALAÇÃO DE TURBINA. CONSTRUÇÃO 
CIVIL. INCIDÊNCIA. 1. Hipótese em que se discute a incidência do ISS sobre a 
montagem de turbinas em usina hidrelétrica que estava sendo construída no 
território do recorrido. 2. Inexiste controvérsia quanto aos fatos, o que afasta a 
aplicação da Súmula 7/STJ. 3. Tampouco se questiona a cobrança de ISS sobre os 
serviços de construção civil e o recolhimento ao Município em que está localizada 
a obra. 4. O cerne da lide está na qualificação jurídica dos serviços de montagem 
de turbinas e seu enquadramento no conceito de construção civil para fins de 
incidência do ISS. A empresa argumenta que não exerce essa atividade 
(construção civil). 5. Não há falar em usina hidrelétrica sem turbinas. Assim, é 
notório que a instalação desses equipamentos integra necessariamente a 
construção da usina. 6. O STJ tem jurisprudência no sentido de que a instalação de 
equipamentos de ar condicionado central é equiparada a serviço de construção 
civil, para a cobrança do ISS. 7. Se a instalação de ar-condicionado central, que é 
equipamento não essencial, configura serviço de construção civil, com muito mais 
razão a montagem de turbinas em usina hidrelétrica. 8. Recurso Especial não 
provido.” (RESP 200700999534, HERMAN BENJAMIN, STJ - SEGUNDA TURMA, 
31/08/2009) 
 
“AGRAVO REGIMENTAL. QUALIFICAÇÃO JURÍDICA DAS PROVAS. SÚMULA 7. 
INAPLICABILIDADE. CONTRATO. DESCUMPRIMENTO. DANO MORAL. 
INADMISSÍVEL. - É possível, em recurso especial, a valoração jurídica dos fatos 
constantes do acórdão recorrido para a correta aplicação do direito ao caso. - Não 
cabe dano moral em caso de mero descumprimento contratual.” (AGRESP 
200501035046, HUMBERTO GOMES DE BARROS, STJ - TERCEIRA TURMA, 
12/12/2007) 
 
“PROCESSUAL CIVIL – ACÓRDÃO RECORRIDO COM FUNDAMENTO 
EXCLUSIVAMENTE INFRACONSTITUCIONAL – JUNTADA DA CERTIDÃO 
COMPROBATÓRIA DA INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO CONTRA A DECISÃO QUE 
INADMITIU RECURSO EXTRAORDINÁRIO – DESNECESSIDADE – CONTRATO 
ADMINISTRATIVO – QUALIFICAÇÃO JURÍDICA DOS FATOS – NÃO INCIDÊNCIA DA 
SÚMULA 7/STJ – DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO-CONFIGURADA. 1. Assiste 
razão à recorrente, ao sustentar que não se é de exigir, in casu, a juntada de 
certidão comprobatória da interposição de agravo de instrumento contra decisão 
que inadmitiu o recurso extraordinário, uma vez que o v. acórdão recorrido não 
(e-STJ Fl.592)
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abriga fundamento constitucional. 2. No tocante à pretendida violação dos artigos 
159 e 1059 do Código Civil de 1916, é evidente que merece ser conhecido o 
recurso, pois tanto a questão do cabimento de lucros cessantes quanto o 
pretendido pagamento pelo acréscimo de obras realizadas podem ser apreciados 
por esta Corte através da qualificação jurídica dos fatos, que difere da mera 
análise fática-probatória. Não-aplicação da Súmula 7 do STJ. (...) Agravo 
regimental provido, para conhecer parcialmente do recurso especial, tão-somente 
pela alínea "a", e dar-lhe provimento.” (AGA 200500793863, HUMBERTO MARTINS, 
STJ - SEGUNDA TURMA, 27/08/2007) 
 
Ainda, com absoluta pertinência, Tereza Arruda Alvim, expõe a dificuldade em 
se traçar os limites da distinção entre fato e direito com rigor necessário à delimitação do 
cabimento recursal. 
 
“Rigorosamente seria impossível fazê-la, pelo menos no plano ontológico, já que o 
fenômeno direito ocorre, de fato, no momento da incidência da norma no mundo 
real, no universo empírico. As decisões judiciais são proferidas depois do que se 
pode ver como um movimento pendular, que se dá entre o mundo dos fatos e o 
das normas, até que o aplicador da lei consiga enxergar com clareza a subsunção 
qualificando os fatos e determinando-lhes as consequências do plano normativo” 
(Aspectos Polêmicos e Atuais do Recurso Especial e do Recurso extraordinário, RT, 
1997, PP. 448-449).” 
 
Ora, não se pode deixar permanecer uma leitura legalista do verbete sumular 
em questão a pretexto de uma interpretação literal da parte em que se lê “simples reexame 
de prova”, restando absolutamente permitido atribuir-se significado diverso aos fatos 
estabelecidos no acórdão recorrido. 
 
Ademais, os problemas de interpretação da norma também podem colocar-
se como problemas de interpretação dos fatos, ou seja, problemas na subsunção em si. Há 
violação à ordem jurídica tanto ao se aplicar o direito de modo equivocado quanto ao se 
conceber erroneamente um fato sobre o qual incidia a lei correta. Tanto num quanto noutro 
caso, há aplicação incorreta da lei. Identificando-se o fato de modo impreciso, fatalmente se 
aplicará a lei também de modo impreciso, pois se aplicará a lei errada, ou seja, a lei inaplicável 
à situação. 
 
Nesse sentido, Cândido Rangel Dinarmarco afirma que diferentemente do 
exame e do reexame da prova é a valoração jurídica das fontes e meios de prova produzidos 
nos autos. Já não se trata de exercer o poder de livre convencimento para captar as radiações 
informativas emanadas das fontes, mas de atribuir a cada uma destas e aos meios de prova o 
valor em que alguns casos a lei estabelece. (Dinamarco, Cândido Rangel. Instituições de direito 
processual civil, 2003). 
(e-STJ Fl.593)
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Nesse diapasão, a valoração da prova envolve questão de direito e, assim, a 
matéria se insere no âmbito do recurso especial. Discussão sobre o critério legal de valoração 
traduz, inquestionavelmente, matéria de direito federal. 
 
Assim, é viável o recurso especial caso a errônea interpretação ou capitulação 
dos fatos penetre na órbita da qualificação jurídica dos fatos, tendo em vista constituir 
questão de direito, permitindo a análise pelo STJ do mérito do recurso especial. 
 
No caso em apreço, são inequívocos os fatos que permeiam as alegações de 
ofensa aos arts. 9º e 10 do CPC/2015; aos arts. 371 e 479 do CPC c/c art. 25, inciso I, da Lei 
8.112/1990, e ao art. 186, I, da Lei 8.112/1990. 
 
Inicialmente, não é necessário adentrar nos fatos para perceber que o 
julgamento recorrido inovou nas razões de decidir sem possibilitar à Recorrente manifestar-
se sobre fundamentos que, até então, sequer haviam sido entabulados no processo. 
 
Ademais, não requer incursão nos fatos, bastando apreciar elementos 
incontroversos no caso, a apreciação da alegada ofensa à Lei 8.112/1990, posto que o acórdão 
recorrido estipulou requisitos diversos da Lei para a promoção da reversão da aposentadoria 
por invalidez, bem como conferiu força probatória a opinativo técnico elaborado 
unilateralmente, ignorandoa perícia judicial. 
 
O acórdão recorrido feriu, pois, norma federal, sendo desnecessário reverem-
se provas para chegar a essa conclusão, como se demonstrou fartamente nas razões do 
recurso especial da Agravante. 
 
Ao que se vê, em nenhuma hipótese se convida o STJ a inovar nos fatos e 
adentrar no acervo probatório dos autos, de modo que merece ser reformada a decisão 
agravada para afastar a incidência das Súmula 07/STJ no caso em apreço. 
 
(e-STJ Fl.594)
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Neste contexto, para que não restem dúvidas, convém mais uma vez repisar 
os fundamentos do Recurso Especial quanto às alegações de mérito. 
 
A) VIOLAÇÃO AOS ARTS. 9º E 10 DO CPC/2015. DA INOBSERVÂNCIA DO 
CONTRADITÓRIO E DO PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO À DECISÃO SURPRESA. 
NULIDADE DO ACÓRDÃO. 
 
Como corolário do princípio do contraditório, o Código de Processo Civil de 
2015 estabeleceu expressamente a obrigatoriedade de que a parte contrária seja ouvida 
previamente antes de qualquer decisão que lhe venha a ser desfavorável. É o que determina 
o art. 9º do CPC/2015: 
 
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja 
previamente ouvida. 
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: 
I - à tutela provisória de urgência; 
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III ; 
III - à decisão prevista no art. 701 . 
 
Logo em seguida, o Código de Ritos traz a vedação à chamada decisão 
surpresa, ao impedir que o juiz decida, em qualquer grau de jurisdição, com base em 
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar. 
É o que estabelece o art. 10 do CPC vigente: 
 
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em 
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se 
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 
 
No caso em apreço, olvidando-se das regras claramente consignadas nos 
dispositivos acima, o acórdão vergastado sobreveio, para total surpresa da então Apelada, 
advogando tese que jamais fora debatida nos autos, defendendo conclusões técnicas que em 
nenhum momento foram sequer articuladas nos pronunciamentos médicos constantes do 
processo. 
 
Com efeito, analisando os autos, é possível verificar que o embate travado 
no processo, até aqui, se restringia à verificação da subsistência (ou não) do quadro clínico 
que motivara a aposentadoria, por invalidez, da recorrente. 
 
(e-STJ Fl.595)
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Foi sobre isto que tratou a inicial, demonstrando que a doença outrora 
existente não mais subsistia. Também sobre isto versou a Contestação, defendendo que o 
exame clínico realizado administrativamente teria concluído o contrário. Por fim, sobre isto 
também tratou a perícia técnica, bem como os quesitos formulados pelas partes e os 
pronunciamentos dos assistentes técnicos - -que apenas analisaram, à luz dos conceitos 
médicos, a subsistência da doença outrora acometida pela Apelada. 
 
Aliás, sobre isto, vale ressaltar que sequer houve dissenso nos autos, pois o 
laudo do perito judicial concluiu pela total e irrestrita aptidão da Recorrente para qualquer 
espécie de trabalho, tendo a médica Assistente Técnica da União – Dra. Rosanna Camara de 
Sá – apresentado manifestação técnica asseverando que nada tinha a contestar (fato 
incontroverso constate do acórdão recorrido – vide id. 4050000.22718379). 
 
Inaugurado debate médico até então realizado nos autos, e sem 
fundamentos técnicos para discordar do inequívoco fato da insubsistência da doença, o 
acórdão recorrido entendeu por bem indicar quais seriam, na sua visão, as causas da doença 
que acometera a Recorrente, bem como as razões que, no seu ponto de vista, teriam 
contribuído para a melhora clínica apresentada. 
 
Neste contexto, o acórdão invoca como causa da doença o próprio exercício 
laboral, senão vejamos da seguinte passagem da Ementa: 
 
14. É possível se concluir que os sintomas psiquiátricos da Autora estão (estavam) 
diretamente ligados ao exercício das atribuições do cargo de Policial Rodoviário 
Federal, ainda que desempenhado no âmbito administrativo. Isso porque só depois de 
decorrido um ano de sua aposentadoria (início de 2017), é que a paciente pode cessar 
com os medicamentos (Valdoxan) e apenas em 05/06/2017 é que a mesma pode 
receber alta dos tratamentos, conforme o Laudo Psiquiátrico de Identificador nº 
4058300.4913151. 
 
Na mesma toada, afirma que a aposentadoria por invalidez da autora seria 
medida necessária, pois o seu afastamento do trabalho teria sido a causa da sua melhora 
clínica: 
 
15. O mesmo raciocínio de que a melhora na sintomatologia se deve ao afastamento 
das funções do cargo vale para explicar o resultado do Laudo Psiquiátrico forense 
realizado em 20/08/2018 que constatou a remissão completa dos sintomas, mas isso 
somente após a Autora já estar afastada das funções há 2 (dois) anos e meses. 
 
(e-STJ Fl.596)
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Ao que se vê, o acórdão recorrido passou a tratar sobre as causas da doença 
e sobre as razões da melhora apresentada pela recorrente, sem que este tema tivesse sido, 
em nenhum momento discutido na demanda. Como não poderia deixar de ser, tratando-se 
de ação de reversão de aposentadoria, com fundamento no art. 25, inciso I, do Estatuto dos 
Servidores Públicos, todo o embate da demanda se ateve à insubsistência da doença que 
motivara a aposentadoria. 
 
Ora, sendo a sua aptidão para o trabalho neste momento o único ponto 
discutido na demanda, a Recorrente se ateve apenas a este aspecto ao longo de toda a 
demanda, inclusive da instrução probatória. 
 
Soubesse a então Recorrente que seriam controvertidas as causas do seu 
adoecimento, bem como os elementos que contribuíram para a insubsistência do quadro 
depressivo que outrora apresentara, teria discorrido sobre isto na exordial, teria produzido 
prova a respeito e, sobretudo, teria indagado ao perito judicial estes aspectos, a fim de que 
fossem elucidados à luz de fundamentos médicos consistentes e objetivos. 
 
Mas não é só. Se tivesse conhecimento deste novo tema a ser tratado nos 
autos, a Recorrente poderia ter trazido a conhecimento da Egrégia Turma que, por força da 
tutela antecipada na sentença, retomou as suas atividades laborais há cerca de 02 (dois) 
anos sem que isto tenha levado à reincidência da doença outrora acometida. E, além disso, 
teria noticiado que as suas avaliações de desempenho após a reversão da aposentadoria 
foram todas positivas, demonstrando, de forma inequívoca, que a Autora se encontra apta ao 
desempenho das funções, como bem atestou a perícia judicial, sendo do interesse particular 
da servidora e do interesse público que ela permaneça exercendo o trabalho para o qual foi 
aprovada em concurso público e pelo qual a União Federal lhe remunera. 
 
Neste contexto, viola as disposições expressas do CPC o acórdão vergastado 
ao adotar como razão de decidir matéria até então não debatida nos autos, sem possibilitar à 
parte prejudicada se manifestar previamente sobre o tema, conforme dispositivos legais 
adrede transcritos (arts. 9º e 10 do CPC/2015), e como assevera a nossa melhor doutrina. 
Nesse sentido, eis a lição de Fredie Didier Jr: 
 
(e-STJ Fl.597)
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É muito importante observar que a regra impõe a audiência da parte para que a 
decisão seja proferida contra ela. Se a decisão for favorável à parte, não há 
necessidade de ela ser ouvida. É por isso que se permitem o indeferimento da 
petição inicial (art. 330, CPC) e a improcedência liminar do pedido (art. 332, CPC), 
ambasas decisões favoráveis ao réu, proferidas sem que ele ao menos tenha sido 
citado. É em razão disso, também, que o relator somente precisa ouvir o recorrido 
se for dar provimento ao recurso (art. 932, V, CPC); não há necessidade de ouvi-lo 
se negar provimento ou não admitir o recurso. Também é por isso que o órgão 
julgador somente ouvirá o embargado, se o acolhimento dos embargos de 
declaração implicar modificação da decisão embargada; se a decisão permanecer 
inalterada, mesmo com o acolhimento dos embargos, não há razão para ouvir antes 
o embargado (art. 1.023, § 2°, CPC). (DIDIER JR. Fredie. Curso de direito processual 
civil. Vol. I, Salvador: Juspodivm, 2016, p. 85-86) 
 
No mesmo vértice, o Superior Tribunal de Justiça já assentou a sua 
jurisprudência no sentido de anular decisões proferidas sem a observância do contraditório 
prévio, prestigiando os princípios do contraditório, da cooperação e da não surpresa: 
 
“CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RECURSO INTERPOSTO SOB A 
ÉGIDE DO NCPC. FAMÍLIA. DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. PERÍODO DE 
CONVIVÊNCIA. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO COM BASE EM DECISÃO SURPRESA. 
OFENSA AO ART. 10 DA NCPC CONFIGURADA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 
1. Aplicabilidade das disposições do NCPC, no que se refere aos requisitos de 
admissibilidade do recurso especial ao caso concreto ante os termos do Enunciado 
Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016: Aos 
recursos interpostos com fundamento no CPC/15 (relativos a decisões publicadas a 
partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade na 
forma do novo CPC. 
2. Sentença de parcial procedência mantida pelo acórdão recorrido, definindo até 
o termo inicial da união estável, que repercutiu na esfera patrimonial dos litigantes, 
com amparo em fundamentação sobre a qual não se deu oportunidade de 
manifestação às partes, padece de nulidade e deve ser ineficaz em relação a elas, 
em virtude da vedação da chamada "decisão surpresa". 
3. O princípio da cooperação e também o da "não surpresa" previstos no art. 10 
do NCPC - que são desdobramentos do devido processo legal -, permitem e 
possibilitam que os sujeitos processuais possam influir concretamente na 
formação do provimento jurisdicional, garantindo um processo mais justo e 
isonômico, motivo pelo qual não se pode admitir que a sentença se valha de fatos 
trazidos pelo Ministério Público local não conhecidos por elas e não submetidos 
ao contraditório, impondo-lhes notório prejuízo. 
4. Recurso especial provido.” 
(REsp 1824337/CE, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 
10/12/2019, DJe 13/12/2019) 
 
“RECURSO ESPECIAL. REIVINDICATÓRIA. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU ERRO 
MATERIAL. NÃO OCORRÊNCIA. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. NÃO 
SURPRESA. VEDAÇÃO. NECESSIDADE DE MANIFESTAÇÃO PRÉVIA. 
CONTRADITÓRIO. INTERAÇÃO. COOPERAÇÃO. 
(...) 
6. O art. 10 do CPC/2015 estabelece que o juiz não pode decidir, em grau algum 
de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às 
partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual 
deva decidir de ofício. Precedente. 
7. Recurso especial conhecido e provido.” 
(REsp 1787934/MT, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 
19/02/2019, DJe 22/02/2019) 
 
(e-STJ Fl.598)
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Nesse contexto, fica evidente que o acórdão recorrido violou os princípios da 
cooperação e da não surpresa previstos no CPC/2015 em seus arts. 9º e 10, pelo que se 
evidencia a necessidade do conhecimento e provimento do presente Agravo, para que seja 
conhecido o apelo nobre, o qual haverá de ser julgado totalmente provido, a fim de anular o 
acórdão recorrido, que inaugurou na demanda o debate sobre aspectos técnicos que jamais 
haviam sido sequer suscitados nos autos e utilizou destes aspectos como principais razões de 
decidir no momento em que deu provimento à apelação da União e indeferiu o pedido autoral 
de reversão da aposentadoria por invalidez. 
 
B) VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 371 E 479, DO CPC E AO ART. 25, INCISO I, DA 
LEI 8.112/1990. DA PROVA TÉCNICA UNÂNIME APONTANDO A APTIDÃO DA 
RECORRENTE PARA O EXERCÍCIO DAS SUAS FUNÇÕES. COMPROVAÇÃO DA 
APTIDÃO COMO ÚNICO REQUISITO DO DISPOSITIVO LEGAL PARA A 
REVERSÃO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. 
 
Analisando o acórdão recorrido, verifica-se que o julgamento efetivamente 
reconhece que o regramento jurídico aplicável à espécie é o art. 25 da Lei Federal nº. 
8.112/1990, que assim dispõe: 
 
Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposentado: 
I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos 
da aposentadoria; 
II - no interesse da administração, desde que: 
a) tenha solicitado a reversão; 
b) a aposentadoria tenha sido voluntária; 
c) estável quando na atividade; 
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação; 
e) haja cargo vago. 
 
Contudo, a despeito da expressa previsão legal, que exige como único 
requisito da reversão a insubsistência dos motivos da aposentadoria, o acórdão do TRF5 
decidiu indeferir o pedido autoral de retorno à ativa impondo-lhe condições não previstas na 
Lei. 
 
Analisando o acórdão, percebe-se que o julgamento do TRF5 firmou a 
premissa inequívoca no sentido de que a prova dos autos concluiu pela aptidão da servidora 
para o trabalho. Eis a ementa do acórdão: 
 
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“10. Não obstante a taxatividade dos Laudos que concluíram pela aptidão da 
Autora para o exercício "de qualquer atividade", não se pode olvidar que o quadro 
de transtornos comportamentais da servidora se reporta aos idos do ano de 2006, 
tendo persistido até o momento do exame Pericial que concluiu pela necessidade 
do seu afastamento definitivo em 10/03/2015, o que foi reiterado por novo Laudo 
Psiquiátrico elaborado pela Junta Médica Oficial em 10/10/2017, por ocasião da 
análise do requerimento de reversão.” 
 
Contudo, a despeito dessa premissa que já atenderia ao requisito imposto 
pelo art. 25, inciso I, do Estatuto dos Servidores Públicos, o acórdão resolveu criar requisitos 
não previstos em Lei, imiscuindo-se nas supostas origens da enfermidade outrora acometida 
pela servidora, realizando suposições que não encontram nenhum respaldo no já transcrito 
dispositivo da Lei nº. 8.112/1990: 
 
12. O que se pode concluir dos dados elencados nos autos é que o Parecer da Junta 
Médica Oficial foi acertado, porquanto visou a um só tempo a preservar o interesse 
público e também o interesse e bem-estar da própria Autora, que durante 9 (nove) 
anos consecutivos de desempenho da função de Policial Federal (2006 a 2015; a 
Autora tomou posse em 2005), teve que se afastar para tratamento de saúde por 
períodos cada vez mais longos, chegando a 311 dias no ano de 2011, 248 dias em 
2012, 220 dias em 2013, por exemplo, vindo a obter progresso nos tratamentos tão 
somente após o seu afastamento definitivo das funções de Policial Rodoviário 
Federal, o que ocorreu em 16/01/2016. 
(...) 
14. É possível se concluir que os sintomas psiquiátricos da Autora estão (estavam) 
diretamente ligados ao exercício das atribuições do cargo de Policial Rodoviário 
Federal, ainda que desempenhado no âmbito administrativo. Isso porque só depois 
de decorrido um ano de sua aposentadoria (início de 2017), é que a paciente pode 
cessar com os medicamentos (Valdoxan) e apenas em 05/06/2017 é que a mesma 
pode receber alta dos tratamentos, conforme o Laudo Psiquiátrico de Identificador 
nº 4058300.4913151. 
15. O mesmo raciocínio de que a melhora na sintomatologia se deve ao 
afastamento das funções do cargo vale para explicar o resultado do Laudo 
Psiquiátrico forense realizado em 20/08/2018 que constatou a remissão completa 
dos sintomas, mas isso somente após a Autora já estar afastadadas funções há 2 
(dois) anos e meses. 
 
O r. acórdão ignora, com todas as vênias, que as manifestações técnicas do 
processo convergem para o entendimento de que a Sra. Valeska Dutra Ferreira se encontra 
apta para o exercício de qualquer atividade laboral, posto que a própria assistente técnica da 
União afirmou que nada tinha a contestar sobre as conclusões do perito judicial. 
 
Inclusive o novo Código de Processo Civil traz, em seus artigos 371 e 479, que 
o livre convencimento do Douto Julgador está adstrito à prova constante nos autos, indicando 
os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo. Veja-
se: 
 
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371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito 
que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu 
convencimento. (grifou-se) 
 
 Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art. 371, 
indicando na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de 
considerar as conclusões do laudo, levando em conta o método utilizado pelo 
perito. (grifou-se) 
 
As conclusões técnicas são tão fidedignas ao caso concreto que, em razão da 
tutela antecipada da Sentença, a Recorrente retomou as suas atividades laborais desde 
24/01/2.019, por mais de 2 (dois) anos, sem qualquer reincidência da doença que outrora a 
acometeu. 
 
Ao contrário do que decidiu o acórdão do TRF5, a jurisprudência do Colendo 
Superior Tribunal de Justiça é uníssona ao afirmar que a insubsistência dos motivos da 
aposentadoria, caracterizada pela aptidão do servidor para o trabalho, é suficiente para a 
concessão do pedido de reversão da aposentadoria por invalidez, senão vejamos: 
 
“ADMINISTRATIVO. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO N. 2/STJ. SERVIDOR PÚBLICO 
ESTADUAL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REVERSÃO. INSUBSISTÊNCIA DOS 
MOTIVOS GERADORES DA INCAPACIDADE LABORAL. POSSIBILIDADE. DECADÊNCIA. 
INOCORRÊNCIA. TEORIA DA ACTIO NATA. 
1. Não há óbices ao conhecimento dos recursos especiais submetidos a esta Corte 
Superior pelo Estado e pela Assembleia recorrente. 
2. A aposentadoria por invalidez é de ordem temporária. 
3. Verificada a insubsistência dos motivos geradores da incapacidade laboral, 
deve a Administração Pública proceder à reversão ao serviço público de servidor 
aposentado por invalidez. 
4. "O servidor aposentado por invalidez poderá ser convocado a qualquer momento 
para reavaliação das condições que ensejaram a aposentadoria, procedendo-se à 
reversão, com o seu retorno à atividade, quando a junta médica oficial declarar 
insubsistentes os motivos da aposentadoria (...)" (MS 15.141/DF, Rel. Ministro 
HAMILTON CARVALHIDO, CORTE ESPECIAL, DJe 24/05/2011), 5. A pretensão 
somente se inicia com a ciência da insubsistência dos motivos que ensejaram a 
aposentadoria, uma vez que, aqui, não se está diante de anulação ou revogação do 
ato originário concessivo. 
6. "O curso do prazo prescricional do direito de reclamar inicia-se somente quando 
o titular do direito subjetivo violado passa a conhecer o fato e a extensão de suas 
conseqüências, conforme o princípio da 'actio nata'" (REsp 1257387/RS, Rel. 
Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe 17/09/2013). 
7. Embargos de declaração acolhidos como agravos regimentais, agravos 
regimentais não providos.” 
(EDcl no REsp n. 1.443.365/SC, relator Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda 
Turma, julgado em 10/5/2016, DJe de 16/5/2016.) 
 
“ADMINISTRATIVO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. CESSAÇÃO DOS MOTIVOS. 
REVERSÃO. POSSIBILIDADE. TRANSFORMAÇÃO. CARGOS BACEN. REGIME 
CELETISTA EM ESTATUTÁRIO. ENQUADRAMENTO DO SERVIDOR NO RJU. 
CABIMENTO. 
1. Cuida-se, na origem, de Mandado de Segurança impetrado por Hélio de Andrade 
Carvalho, ex-funcionário do Bacen, aprovado no Concurso Público 6608215552, de 
(e-STJ Fl.601)
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21.8.1966, e aposentado por invalidez em 1976, visando retornar ao serviço público 
por meio de reversão de sua aposentadoria. 
2. O Tribunal a quo consignou ter o recorrido passado por junta médica oficial, a 
qual atestou sua aptidão física para o trabalho. 
Assim, não pode o STJ rever tal entendimento com base na Súmula 7/STJ. 
3. Na hipótese, por se tratar de aposentadoria por invalidez, no qual o 
afastamento do serviço se deu independentemente da vontade do servidor (por 
moléstia grave), e havendo expressa determinação legal de retorno às atividades 
normais (cessado o motivo da aposentadoria e após aprovação de junta médica), 
não há como concluir diversamente da natureza provisória desse afastamento. 
4. Ocorrendo reversão do servidor aposentado por invalidez, esta se fará no mesmo 
cargo ou naquele resultante de sua transformação. In casu, o cargo que o recorrido 
ocupava, antes regido pela CLT, foi transformado, por determinação constitucional 
(art. 39 da CF), em estatutário com o advento da Lei 8.112/1990. É nessa nova 
situação funcional que o servidor deve ser enquadrado. 
5. Recurso Especial não provido.” 
(REsp n. 1.253.093/DF, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado 
em 20/10/2011, DJe de 24/10/2011.) 
 
Nesse diapasão, a própria jurisprudência do Egrégio TRF5 se encaminha no 
mesmo sentido do requerimento autoral: 
 
“ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. REVERSÃO.APOSENTADORIA POR INVALI
DEZ. ART. 25 DA LEI 8.112/90. LAUDO PERICIAL. CAPACIDADE LABORAL. 
POSSIBILIDADE. 1. Nos termos do art. 25, I, da Lei n. 8.112/90, o servidor público 
aposentado por invalidez, após a comprovação que não mais subsistem os motivos 
que ensejaram a aposentadoria, por junta médica oficial, pode retornar às suas 
atividades profissionais. 2. No presente caso, a perícia confirmou o diagnóstico de 
"Espondilite Anquilosante, esclarecendo que se trata de uma doença grave que 
ordinariamente provoca muita dor, embora esta não possa ser medida", e concluiu, 
ao final, "pela capacidade laboral do réu, desde que realizadas determinadas 
condições pela União." 3. Consoante destacou a sentença, "...não persiste a 
incapacidade permanente que levou à concessão do benefício 
de aposentadoria por invalidez ao ora réu, sendo possível a sua reversão, desde 
que atendidas pela União as condições de adaptação do ambiente de trabalho, bem 
com de fixação de carga horária que permita a continuidade do tratamento 
do servidor, conforme ficou ressaltado pela perita em seu laudo." 4. Apelação 
improvida. 
(AC 200980000042714 AC - Apelação Cível – 520395, Desembargador Federal 
Geraldo Apoliano, TRF5 – Terceira Turma, DJE - Data::26/03/2013 - Página::623) 
 
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR DA UFC- UNIVERSIDADE FEDERAL DO 
CEARÁ. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REVERSÃO. LAUDO PERICIAL. 
CAPACIDADE COMPROVADA. I - A Lei 8112/90 em seu artigo 25, I dispõe que 
a reversão da aposentadoria por invalidez do servidor ocorrerá quando junta 
médica oficial declarar inexistentes os motivos da aposentadoria. II - No caso dos 
autos, a perícia judicial concluiu pela capacidade do autor para voltar ao trabalho. 
III - Ressalte-se, ainda, que não deve prosperar a alegação de que a invalidez deve 
ser declarada por Junta Médica Oficial, vez que a perícia judicial supre referida 
exigência, além de ter sido respeitado o contraditório, ocasião em que a UFC não 
impugnou o conteúdo da perícia, limitando-se apenas a alegar a necessidade de 
junta médica. IV - Apelação e remessa oficial improvidas. 
(APELREEX 200881000045300 APELREEX - Apelação / Reexame Necessário – 19762. 
Desembargadora Federal Margarida Cantarelli, TRF5- Quarta Turma, DJE - 
Data::25/11/2011 - Página::155). 
 
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Aliás, conforme se verificado do julgamento abaixo, até mesmo nos casos 
onde se constata a possibilidade de ocorrerem crises pontuais da doença,a jurisprudência do 
Tribunal Regional Federal da 5ª Região entendeu que o servidor deve ser reintegrado ao 
trabalho, pois a possibilidade de eventos episódicos de crise não descaracteriza a reversão da 
doença: 
 
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. REVERSÃO DE APOSENTADORIA. LAUDO 
PERICIAL. RISCO DE CRISES QUE NÃO AFASTA A CAPACIDADE PROFISSIONAL. 1. 
Conforme enuncia o art. 25, I, da Lei nº 8.112/90, é possível reversão da 
aposentadoria por invalidez quando a junta médica oficial declarar insubsistentes 
os motivos da aposentadoria, devendo o servidor retornar às suas atividades 
profissionais. 2. No caso dos autos, o laudo elaborado pelo perito judicial, a 
despeito de registrar a existência de capacidade laborativa, deixou consignada a 
possibilidade de haver novo episódio de incapacidade (o demandante é portador 
de transtorno afetivo bipolar), acaso sujeito o postulante "a fatores de estresse". 
A existência de eventuais episódios de crise, todavia, não justifica a permanência 
da aposentadoria por invalidez do suplicante. 3. Apelação desprovida. 
(AC 00039117820114058400, Desembargadora Federal Joana Carolina Lins Pereira, 
TRF5 - Terceira Turma, DJE - Data::05/12/2013 - Página::489.) 
 
Ao que se vê, o acórdão recorrido violou manifestamente o disposto no art. 
25, inciso I, da Lei Federal nº. 8.112/1990 ao concluir pelo indeferimento da reversão da 
aposentadoria da servidora, mesmo diante da prova inequívoca da insubsistência da 
enfermidade e da sua aptidão para o trabalho, criando requisitos não previstos na Lei. 
 
Por todo exposto, requer-se, desde já, o conhecimento e provimento do 
presente Agravo, para que seja conhecido o apelo nobre, o qual haverá de ser julgado 
totalmente provido, com fulcro nas violações aos dispositivos acima destacados, para, 
reformando a decisão atacada e restabelecendo a higidez da legislação infraconstitucional, 
sejam aplicadas as normas cogentes previstas no art. 25, inciso I, da Lei Federal nº. 
8.112/1990, determinando a reversão da aposentadoria por invalidez, ante ao caráter 
incontroverso da insubsistência dos seus motivos. 
 
C) VIOLAÇÃO AO ART. 186, I, DA LEI 8.112/1990. DA PERCEPÇÃO DE 
PROVENTOS INTEGRAIS PARA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ 
DECORRENTE DO EXERCÍCIO DAS FUNÇÕES. 
 
(e-STJ Fl.603)
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Na remota hipótese em ser mantido o acórdão recorrido em seu mérito - o 
que se cogita apenas por amor ao debate -, ainda assim mereceria reparos, permissa venia, 
conforme será abordado a seguir. 
 
Isso porque, conforme antedito, o v. acórdão do TRF da 5ª Região afirmou que 
"A Turma Julgadora, com base nas provas dos autos, e lastreado no princípio do livre 
convencimento motivado, associou a persistência da moléstia ao exercício das atribuições do 
cargo de Policial Rodoviário Federal, ainda que desempenhado no âmbito administrativo.". 
 
Não obstante a manutenção do provimento do Apelo da União, o aresto acaba 
por violar os ditames do art. 186, inciso I, da Lei n. 8.112/90, que garante ao servidor público 
aposentado por invalidez oriundo do desempenho das atividades do servidor, a saber: 
 
Art. 186. O servidor será aposentado: 
I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais quando decorrente de 
acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou 
incurável, especificada em lei, e proporcionais nos demais casos; 
 
Nesse contexto, quando o acórdão recorrido estabeleceu a premissa e 
afirmou que a doença que ensejou a aposentadoria por invalidez da Recorrente teria sido 
em razão do exercício de suas atribuições do cargo de Policial Rodoviário Federal, deixou de 
determinar a percepção dos seus proventos de maneira integral. 
 
Portanto, ainda que, no mérito, seja mantido o acórdão recorrido, o que 
verdadeiramente não se acredita, ao se estabelecer que a enfermidade estaria (porque a 
Recorrente não mais está enferma) relacionada diretamente ao exercício do serviço público, 
caberia ao decisum impugnado conferir a integralidade dos proventos que percebia enquanto 
na ativa. 
 
Por todo exposto, requer-se o conhecimento e provimento do presente 
Agravo, para que seja conhecido o apelo nobre, o qual haverá de ser julgado totalmente 
provido para, na remota hipótese de ser mantido o mérito do acórdão recorrido, 
restabelecendo a higidez da legislação infraconstitucional, sejam aplicadas as normas 
(e-STJ Fl.604)
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cogentes previstas no art. 186, I, da Lei Federal nº. 8.112/1990, ao menos, para determinar a 
percepção de proventos integrais à Recorrente. 
 
IV – REQUERIMENTOS. 
 
Por todo o exposto, a Agravante requer seja conhecido o presente recurso, 
intimada a agravada para oferecer contraminuta, e remetidos os autos ao Superior Tribunal 
de Justiça a fim de que: 
 
a) seja integralmente provido o presente Agravo em Recurso Especial, 
admitindo-se o processamento do Recurso Especial de ID 4050000.32966257 com amparo no 
permissivo do art. 105, inciso III, alínea “a” da Constituição Federal; 
 
b) sucessivamente, em razão do provimento do agravo, pugna seja apreciado 
o mérito do Recurso Especial, ao qual também requer o total provimento, na forma e pelos 
fundamentos esposados na peça recursal de ID 4050000.32966257. 
 
Pede deferimento. 
Recife, 25 de novembro de 2022. 
 
 
Rodrigo de Figueiredo Tavares de Araújo 
OAB/PE - 25.921 
 
Sérgio Ludmer 
OAB/PE - 21.485 
(e-STJ Fl.605)
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