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Ebook Atualidades 2020 NPAC

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Prévia do material em texto

pág. 1
pág. 2
Ebook produzido e distribuido por
Texto: Bruna Pimenta
Capa e diagramação: Pedro Maziero
Ícones, fotos e ilustrações: Freepik, Flaticon, 
Pexels, Unsplash e Agência Brasil
Para ter acesso a mais conteúdos gratuitos, acesse nossa 
plataforma, nosso canal no YouTube e nossas redes sociais:
www.naopercaacabeca.com.br
fb.com/naopercaacabeca
@naopercaacabeca
Não Perca a Cabeça
t.me/naopercaacabeca
pág. 3
Sumário
1) Cultura do cancelamento pg. 04
2) Direitos sexuais e reprodutivos pg. 12
3) Violência contra a mulher pg. 22
4) Racismo estrutural pg. 28
5) Encarceramento em massa pg. 40
6) Questão indígena pg. 48
7) Fake news pg. 54
pág. 4
#1
cultura do
cancelamento
pág. 5
pág. 6
Você pensa 2 ou 3 vezes antes de 
postar algo nas suas redes sociais? 
Você já falou muita abobrinha sobre algo 
e hoje, depois de refletir sobre o assunto, 
tem outro posicionamento?
As pessoas podem falar o que quiserem 
sem medirem as consequências? 
Você já cancelou alguém?
É galera, a cultura do cancelamento gira em torno 
desses questionamentos e de tantos outros!
O termo cultura do cancelamento é algo que vem se fortalecendo na internet e 
foi definido pelo principal dicionário inglês australiano como o termo do ano 
de 2019. A definição abrange um comportamento que se tornou muito comum na 
internet: o de passar a ignorar totalmente uma pessoa e o que ela produz, caso 
ela cometa um erro grave (ou às vezes, nem tão grave assim).
UM DOS PRIMEIROS CASOS
No começo de 2015 uma matéria do The New York Times viralizou nas redes, onde 
o jornalista Jon Ronson conta a história da nova-iorquina Justine Sacco, diretora de 
comunicação de uma multinacional americana. Ao viajar para África do Sul em 2014, 
Justine fez uma infeliz piada no twitter dizendo que esperava não pegar aids durante 
a sua estadia.
Enquanto a diretora voava, o comentário viralizou e as pessoas começaram a brincar 
e fazer piadas utilizando a hashtag #SeráQueJustineJáPousou. Quando a viagem 
acabou, sua vida tinha mudado: Justine perdeu o emprego, uma tia disse que ela havia 
manchado o nome da família e ela foi durante muito tempo ridicularizada nas redes. 
Mesmo depois de anos, ela ainda sofre as consequências de seu infeliz comentário.
“Indo para a 
África. Espero 
não pegar aids. 
Brincadeira. Eu 
sou branca!”
pág. 7
A matéria de Jon Ronson, que depois virou um 
livro, “Humilhado: como a era da internet 
mudou o julgamento público” talvez seja a 
primeira reflexão mais profunda sobre o que 
é a cultura do cancelamento.
Desde então, esse comportamento se 
intensificou ainda mais nas redes e pessoas 
como Alessandra Negrini, Marília Mendonça, 
Anitta, Kanye West e vários outros nomes 
famosos foram, de certa forma, cancelados.
No carnaval de rua de 2020, Alessandra 
Negrini usou um cocar em um dos dias 
e foi acusada de apropriação cultural.
“Índio não é fantasia”, afirmaram alguns 
nas redes sociais. 
“A luta indígena é de todos nós e por isso 
eu tive a ousadia de me vestir assim”, 
disse a atriz, ao explicar o traje.
Marília Mendonça quase foi cancelada 
na internet. O motivo foi uma brincadeira 
que ela fez com seus músicos, em 
uma das suas lives, e foi acusada de 
transfobia.
 
Ela também entrou na discussão, 
mencionando o assunto em seu Twitter, 
mas disse que não se justificaria. Em um 
momento da live, Marília contou uma 
história envolvendo um de seus músicos. 
Alessandra Negrini
Marília Mendonça
pág. 8
Ela relembrou uma boate que havia em Goiânia, voltada para o público LGBTQ, e 
disse que seu colega de profissão conta que nesse lugar ele “beijou a mulher mais 
linda que já viu na vida”. 
O assunto teve uma grande repercussão e em outra live, a cantora Marília Mendonça 
interrompeu a programação musical para se desculpar por comentários transfóbicos 
feitos durante a apresentação em agosto.
A cantora convidou a modelo Alice 
Felis para prestar um depoimento 
durante a transmissão. Alice foi 
vítima de agressões transfóbicas 
em sua casa, quando teve o 
maxilar e o nariz quebrados, além 
de uma série de lesões no corpo.
Já entre os grandes empresários do ramo artístico a questão não é mais “se” o 
cancelamento de um artista vai acontecer ou não, mas quando vai acontecer. E por 
este motivo, já existe até uma espécie de regra de comportamento para as redes 
sociais, segunda a qual estão proibidas:
• fotos em cima de elefantes • imagens ao lado de crianças pobres
• curtidas em perfis de pessoas que os fãs não gostam • postagens políticas 
Tudo agora é monitorado pelos profissionais que agenciam os artistas. 
“Espero que cada vez mais as 
pessoas trans sejam respeitadas. 
Pode ter certeza absoluta de que eu 
aprendi com o meu erro e muitas 
pessoas também aprenderam 
quando aconteceu tudo isso”
pág. 9
A cultura do cancelamento também traz 
consigo alguns perigos, como o risco de 
culpar alguém inocente antes do seu 
julgamento.
Um exemplo ocorreu com Gustavo 
Amaral, o Gustavito, conhecido em Belo 
Horizonte por integrar alguns grandes 
blocos de Carnaval. 
Em março de 2017, uma mulher 
afirmou ter sido abusada por ele. Uma 
postagem no Facebook, feita por uma 
amiga da mulher que o acusou do crime, 
viralizou nas redes sociais, e Gustavito 
viu seus shows serem cancelados e seus 
patrocinadores romperem os contratos. 
O cantor entrou em depressão e não saiu mais de casa. 
Em setembro de 2019, Gustavito ganhou na justiça um processo de calúnia movido 
contra a mulher que o acusou… Mas mesmo com a vitória, o estrago já estava feito. 
 
Há um ditado que diz que “a internet não esquece”, e vale para o que você fez no 
verão passado ou há muitos e muitos verões: a marca do linchamento não some.
PROBLEMATIZANDO A PROBLEMATIZAÇÃO
Esse caso traz o 
questionamento sobre 
a possibilidade de 
que injustiças sejam 
cometidas justamente 
quando se está 
buscando por justiça.
Gustavito
pág. 10
Cada um tenta superar o cancelamento de uma forma, seja com pedido de 
desculpas, negação da acusação, contratação de um gestor de crise, mas a 
volta à normalidade online, sem ataques, e a recuperação de bens financeiros e 
contratos pode ser difícil (ou mesmo impossível!). A identidade de alguém pode acabar 
resumida em um único erro.
A advogada Loretta Ross afirma que não é 
contra apontar ações e discursos preconceituosos. 
Porém, acredita que o linchamento virtual não é 
a melhor maneira de apontar erros alheios.
Em um texto de opinião publicado no New York 
Times intitulado “Eu sou uma feminista negra. 
Eu acho que a cultura do cancelamento 
é tóxica”, ela argumenta que há maneiras 
melhores de se fazer justiça social. 
Ela compara essa prática ao ativismo da década 
de 1970, no qual estava envolvida como 
feminista negra. “Criticava duramente mulheres 
brancas por não entenderem mulheres negras. 
(...) Raramente questionava se a forma como 
eu abordava o privilégio branco delas era, na 
verdade, contraproducente”, reflete. 
A cantora e drag-
queen Gloria Groove 
e o influenciador 
Spartakus Santiago 
também têm opiniões 
contrárias ao 
cancelamento
pág. 11
CONTINUA NA PÁGINA SEGUINTE
pág. 12
#4
reforma da 
previdência
#2
direitos
sexuais e
reprodutivos
pág. 13
pág. 14
Com quem eu namoro? 
Eu quero casar? 
Será que quero ter filhos? 
Eu vou usar camisinha ou pílula ou os dois juntos? 
Será que posso colocar DIU?
É direito da mulher escolher o que 
responder diante dessas perguntas, e 
todas as outras que se relacionam com a 
sua sexualidade e sua reprodução. Porém, 
às vezes, influências políticas, religiosas, 
culturais e sociais influenciam na tomada 
de decisão e quando isso acontece é 
necessário garantir que todas tenham sua 
liberdade de escolha, de forma segura e 
livre de preconceitos. Para isso, existem os 
direitos sexuais e reprodutivos.
Mas o que são esses direitos?
São normas que garantem o livre exercício 
da sexualidade e da reprodução.
Preservativos, pílula anticoncepcional e o DIU são 
alguns dos principais métodos contraceptivosDIREITOS SEXUAIS
Neste momento é importante elucidar que sexualidade e reprodução não são a mesma 
coisa, e, por isso, os direitos sexuais e os direitos reprodutivos também não são iguais.
Quando falamos em direitos sexuais é importante saber que o livre exercício da 
sexualidade deve ser respeitado por todas as pessoas e instituições. Cada um tem 
direito de decidir o que fazer com o seu corpo e com quem deseja se relacionar, e suas 
decisões devem ser respeitadas.
Quando uma pessoa é discriminada pelas suas escolhas e desejos sexuais, esse direito 
está sendo violado. Quando alguém controla suas práticas sexuais, em função de 
princípios morais ou religiosos, esse direito está sendo violado.
pág. 15
Tudo aquilo que contraria as escolhas autônomas 
das pessoas é um ato de violência. 
E é dever do Estado garantir que os direitos sexuais sejam protegidos e respeitados. 
Por isso as políticas públicas são tão importantes: através delas, o Estado pode 
ampliar ou limitar o exercício desses direitos. 
Eles se relacionam à autonomia reprodutiva e ao acesso a informações e métodos 
conceptivos e contraceptivos.
Por exemplo: a decisão de ter ou não ter filhos é um direito reprodutivo. O desrespeito 
por esses direitos têm um grande impacto sobre a vida das pessoas, e mais ainda, 
sobre o corpo das mulheres e meninas. Se você é mulher, você tem o direito de escolher 
usar métodos contraceptivos ou não, e pode obtê-los de forma gratuita.
 
Você também tem direito à contracepção de emergência, a famosa “pílula do dia 
seguinte” e ao aborto legal, se a gravidez decorrer de um estupro, por exemplo 
(inclusive pelo marido ou namorado). 
DIREITOS REPRODUTIVOS
O que diz a lei?
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide 
ADPF 54)
 Aborto necessário
 I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
 Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
 II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é 
precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, 
de seu representante legal.
pág. 16
Em 2020, o caso que mais repercutiu foi o da menina de 10 anos que estava 
grávida de 3 meses de seu tio, que a estuprava desde os 06 anos. Esse caso pode ser 
analisado e ter garantido o direito do aborto legal por vários angulos. Primeiramente, 
porque conduzir uma gravidez aos 10 anos pode matar. Portanto, de acordo com 
o Código Penal de 1940, o aborto pode ser feito:
Art 128 [...] I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Em segundo lugar, mas não menos importante, figura o fato de a vítima ter engravidado 
após anos de estupro cometido por seu tio. 
Art. 128 [...] II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de 
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
De acordo com a antropóloga e professora de Direito da Universidade de Brasília 
(UnB), o questionamento, se cabe ou não realizar o aborto legal, ocorre por uma 
“ideologização da questão do aborto no Brasil”. Casos como o da capixaba são 
pandêmicos.
pág. 17
A cada hora, quatro meninas 
brasileiras de até 13 anos são 
estupradas, de acordo com o 
Anuário Brasileiro de Segurança 
Pública. A maioria dos crimes é 
cometido por um familiar. 
Em outro momento, Diniz 
criticou a ministra da Mulher, da 
Família e dos Direitos Humanos, 
Damares Alves, que utilizou 
suas redes sociais para dizer 
que iria “ajudar” a vítima e seus 
familiares. 
Lembrando que adolescentes e jovens também devem ter seus direitos sexuais e 
reprodutivos respeitados. Isso porque os direitos sexuais e os direitos reprodutivos 
são direitos humanos, ou seja, são garantidos para todas as pessoas, sem qualquer 
distinção.
pág. 18
CONTEXTO HISTÓRICO
Sabemos da importância da história para compreendermos de forma sistêmica as 
teias que tecem nossa sociedade e também nossa vida individual. Por isso, trouxe uma 
breve contextualização de como esses direitos foram conquistados. 
Na década de 1960 houve um grande fomento das discussões acerca desse tema 
no Brasil, em um momento em que, internacionalmente, discutiam-se políticas de 
planejamento familiar, já que o modelo familiar rural não era mais rentável para a 
economia. 
Vale aqui ressaltar que tais direitos, que hoje são estendidos a mulheres e homens, foi 
uma conquista do movimento feminista ao longo dos anos. 
Dessa forma, é muito importante reconhecer que a luta pelos direitos das mulheres 
já se iniciava no século XIX e na primeira metade do século XX, época em que o 
movimento de mulheres já lutava pela igualdade, com ênfase nos direitos à educação 
e ao sufrágio feminino. 
Foto: Peter Keegan (Getty Images)
pág. 19
Durante a década de 1960, grupos feministas começaram a lutar para romper com 
a opressão da mulher e para desmontar as formas de construção dos papéis sociais 
de mulheres e homens.
Nessa mesma época, a preocupação das feministas e de outras instituições também 
se centrou nos aspectos ligados à sexualidade e reprodução das mulheres. Foi o 
período em que a luta das mulheres se focalizou na conquista do direito para decidir 
sobre seu próprio corpo. Certamente você já ouviu:
Tais frases percorreram o mundo e fizeram parte da agenda e dos processos educativos 
que permitiram a muitas mulheres conhecerem e (re)conhecerem seus próprios corpos, 
além de pensarem e refletirem pela primeira vez sobre questões relacionadas à vivência 
da sexualidade, ao direito ao prazer sexual e, principalmente, sobre a construção dos 
papéis de gênero impostos ao homem e à mulher, que conduz à desigualdade e 
iniquidade entre homens e mulheres. 
Esses movimentos ao longo de todo o mundo fizeram com que a voz das mulheres 
começasse a ser ouvida nas demandas políticas de saúde pelos direitos de decisão 
sobre o corpo e a fertilidade, até culminarem na reivindicação da legalização do 
aborto.
Quando analisamos o contexto político, social e econômico existente na época, é 
possível identificar diferentes atores, cada um com uma visão, um interesse, uma 
preocupação e uma intencionalidade. Por exemplo:
“Nosso corpo nos pertence”
“Meu corpo, minhas regras”
• organismos e instituições dos governos de países desenvolvidos 
estavam preocupados pelo crescimento da população mundial
• movimento de mulheres que inicialmente reivindicava que as 
mulheres tivessem controle sobre seu corpo e pudessem regular sua 
fertilidade
• algumas políticas específicas dos Estados Unidos que, 
interessados em diminuir o crescimento demográfico nos países ditos 
subdesenvolvidos, colocou os métodos anticoncepcionais no centro de 
sua agenda de estratégias de cooperação com esses países (inclusive 
na América Latina)
pág. 20
Esses programas, embora visassem controlar a natalidade de maneira autoritária, 
atenderam de certo modo às necessidades das mulheres que desejavam métodos 
anticoncepcionais para evitar uma gravidez não desejada, o que lhes permitiria estudar 
e trabalhar fora de casa. 
Concomitantemente, se intensificaram as pesquisas científicas para o 
desenvolvimento de métodos anticoncepcionais, pesquisas demográficas para 
o controle de natalidade, e, posteriormente, os avanços se ampliaram para outros 
campos das ciências sociais, com uma abordagem que buscava garantir direitos. 
É importante ressaltar que se observa claramente a desigualdade de gênero tanto 
nas pesquisas biomédicas de desenvolvimento de métodos anticoncepcionais como 
nas pesquisas demográficas, porque todas focalizavam principalmente as mulheres, 
colocando sobre elas a responsabilidade pelo controle de natalidade. 
DIREITOS SEXUAIS SÃO DIREITOS HUMANOS
Hoje os direitos sexuais e reprodutivos são reconhecidos como Direitos Humanos. 
Isso significa que todas as pessoas têm direito à:
Segundo a Plataforma de Ação do Cairo, os direitos reprodutivos podem ser 
definidos da seguinte forma:
• Liberdade de expressão sexual
• Autonomia para tomar decisões 
sobre seu próprio corpo
• Igualdade de gênero
“Os direitos reprodutivos se ancoram no reconhecimento do direitobásico 
de todo casal e de todo indivíduo de decidir livre e responsavelmente sobre o 
número, o espaçamento e a oportunidade de ter filhos e de ter a informação 
e os meios de assim o fazer, e o direito de gozar do mais elevado padrão 
de saúde sexual e reprodutiva. Inclui também seu direito de tomar decisões 
sobre a reprodução, livre de discriminação, coerção ou violência.” 
pág. 21
E O BRASIL?
Atualmente, não existe uma lei 
específica sobre os direitos sexuais e 
reprodutivos no país. Mas o Brasil fez 
parte das conferências internacionais 
e assumiu o compromisso de garantir 
esses direitos. Tanto com a criação 
de leis quanto com a execução de 
políticas públicas, como é o caso da 
Lei Maria da Penha. 
 
Além disso, a Constituição 
reconhece, no artigo 226, que o 
planejamento familiar é livre decisão 
do casal, competindo ao Estado 
propiciar recursos educacionais e 
científicos para o exercício desse 
direito. Fica vedada qualquer forma 
coercitiva por parte das instituições 
oficiais ou privadas.
Apesar do reconhecimento jurídico dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos 
como Direitos Humanos, ainda é preciso uma mobilização política e social para que 
essas leis e normas sejam cumpridas e acarretem mudanças positivas na vida de todas 
as pessoas.
Existem leis e normas nacionais e internacionais que garantem esses direitos. 
Porém, como vimos, nem sempre foi assim. Nos anos 60, a preocupação era com a 
explosão populacional, e a solução foram os programas de controle de natalidade.
Por conta disso, os direitos individuais acabaram ficando de fora das políticas públicas 
da época. Mas, pouco a pouco, a pressão social dos movimentos feminista, LGBTI 
e de saúde aumentou, e esses grupos começaram a ser ouvidos. 
 
A partir dos anos 90, os direitos sexuais e reprodutivos passaram a ser reconhecidos 
como Direitos Humanos, principalmente com a aprovação de alguns documentos 
normativos internacionais: 
 
• Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência 
Contra a Mulher (mais conhecida como Convenção de Belém do Pará)
• Conferência Internacional Sobre População e Desenvolvimento
• IV Conferência Mundial Sobre a Mulher Princípios de Yogyakarta
Campanha de divulgação 
da lei Maria da Penha
pág. 22
#3
violência 
contra a mulher
pág. 23
#3
violência 
contra a mulher
pág. 24
MOVIMENTO FEMINISTA
A fim de avaliar os impactos da violência contra as mulheres no Brasil, a ONG 
Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), encomendou um levantamento do 
DataFolha. Os dados realizados em fevereiro de 2019, mostram que nos últimos 12 
meses, 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de 
estrangulamento no Brasil, enquanto 22 milhões (37,1%) de mulheres brasileiras 
passaram por algum tipo de assédio; sendo 7,8% dos assédios realizados em transporte 
público.
Apesar de se associar esse tipo de violência à ruas e becos escuros, de menor 
segurança, é chocante perceber que os dados apontam para um cenário diferente. 
Estudos revelam que 76,4% das mulheres conheciam seu agressor e 42% das 
mulheres sofreram violência em ambiente doméstico.
No Brasil, a cada hora uma mulher morre, única e exclusivamente, 
pelo fato de ser mulher, situação essa que caracteriza o feminicidio.
Entenda o que busca as reivindicações do movimento feminista e as leis 
em torno das mulheres existentes no Brasil.
Apesar de ainda haver muito para ser debatido e alcançado quando se 
trata de respeito aos direitos da mulher a igualdade de gêneros, muitas 
conquistas passam despercebidas aos olhos da população. 
Assim, vale lembrar que o feminismo é um movimento 
plural, ou seja, para que todas as mulheres tenham 
igualdade de gênero e seus direitos garantidos, 
não se deve apenas levar em consideração o fato 
de ser mulher. Desta forma o movimento entende 
que existem mulheres mais vulneráveis que 
outras, logo, existem pautas diferentes para 
cada grupo de mulheres. 
Um exemplo nítido dessa pluralidade 
é o feminismo negro, que nasce da 
necessidade de mostrar que a mulher 
negra precisa de exigências diferentes 
dos da mulher branca, para terem 
seus direitos e igualdades garantidos. 
pág. 25
Segundo os dados do DataFolha, mulheres pretas (28,4%) e pardas (27,5%) são mais 
vitimadas do que as brancas (24,7%). Pois além de sofrerem por serem mulheres, 
sofrem também com o racismo da nossa sociedade, o que leva a maiores índices de 
violência contra mulheres negras.
Dentro do movimento existem convergências em relação às exigências reivindicadas, 
mas grande parte do movimento feminista entende a descriminalização do aborto como 
uma questão de saúde pública, e que o movimento feminista deve englobar as pautas 
das mulheres trans, uma vez que também sofrem brutalmente com o patriarcado.
FORMAS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
Violência psicológica: Atitudes que violentam uma mulher através de 
ameaça, humilhação, isolamento, insulto, chantagem, ridicularização. 
Quaisquer atos, seja uma fala que tenha como intenção desequilibrar 
uma mulher emocionalmente e psicologicamente, diminuindo sua 
autoestima e tendo controle sobre suas vontades, podendo prejudicar 
sua saúde mental, são encaixados como violência contra mulher. 
Violência física: Podem variar de puxões de braço e empurrões a 
socos, chutes e espancamentos, levando a vítima a consequências 
psicológicas e físicas evidentes: medo (até mesmo de denunciar), 
insegurança, isolamento, hematomas, ossos quebrados, fraturas, 
hemorragias ou até mesmo a morte. 
Violência sexual: Qualquer ato ou tentativa de relação sexual sem 
o consentimento consciente da mulher, podendo ser caracterizado 
como abuso, assédio ou estupro. Normalmente é realizado de forma 
violenta ou sob coação. Essa violência pode ser cometida tanto por 
pessoas desconhecidas como com pessoas conhecidas: namorados, 
maridos e familiares. 
Violência doméstica: Visto como uma das formas mais cruéis, uma 
vez que normalmente engloba todas as outras citadas antes. Como o 
próprio nome já diz, normalmente é cometida no ambiente doméstico. 
Ela acontece em quaisquer faixas etárias- criança, adolescente, adulta 
ou idosa. Sendo cometida por parente - pai, irmão, tio, avó, tio - ou 
parente civil - padrasto, marido, sogro. 
pág. 26
LEI MARIA DA PENHA
É o nome popular que se dá a Lei nº 11.340, em homenagem à mulher que ficou 
paraplégica, por consequência de um tiro que levou do marido. Maria da Penha 
Maia Fernandes, sofreu violência doméstica por anos e após o ápice que foi o tiro 
nas costas, travou uma luta durante os anos de 1983 e 2001, para a aprovação de 
alguma medida que punisse seu agressor. 
Porém, somente em 2001, o caso foi levado à Corte Internacional de Direitos Humanos, 
condenando o Estado brasileiro por omissão, negligência e tolerância perante tal 
violência. Dentre as várias imposições que a Corte fez ao governo brasileiro, uma 
delas foi a criação de políticas públicas que visassem à proteção da mulher e 
facilitassem a denúncia de agressões.
Em maio deste ano, o atual Presidente da República sancionou a Lei 13.827/19, que 
alterou a Lei Maria da Penha, para autorizar que a Autoridade Policial, verificando 
risco a vida ou a integridade física da mulher em situação de violência doméstica e 
familiar, conceda medida protetiva (afastamento do agressor do lar, do domicílio ou 
local de convivência com a ofendida), nos casos em que o município não for sede 
de comarca. A nova lei também permite que policial conceda a medida protetiva na 
hipótese de não haver Delegado disponível no momento. À princípio, apenas um juiz 
poderia tomar tal medida.
Portanto, com essa facilidade de se conceder medida preventiva, as vidas de muitas 
mulheres poderão ser salvas, uma vez que o tempo é crucial para sua integridade 
física e moral. Outras garantias estabelecidas na lei:
• A possibilidade de o agressor ser preso em flagrante ou ficar em prisão 
preventiva, logo após a denúncia da mulher;
• A violência contra a mulher aumentaa possibilidade da pena ser maior ao 
agressor;
• A mulher poderia, antes da lei, desistir de denunciar seu agressor já na 
delegacia – por medo de fazê-lo, por ameaça e humilhação. Porém, agora 
só pode fazer isso perante o juiz;
• Medidas de urgência que tiram a vítima do convívio com o agressor;
• Em 2012, o Supremo Tribunal Federal decidiu que qualquer pessoa pode 
denunciar violência contra mulher, não apenas a vítima;
• 2019 a medida preventiva pode ser dada por qualquer autoridade policial 
em caráter de urgência.
pág. 27
FEMINICÍDIO
Segundo dados publicados pela Organização Mundial da Saúde, 35% dos homicídios 
de mulheres no mundo todo são cometidos por seus parceiros. Neste sentido, 
foi sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff, a lei nº 13.104, popularmente 
conhecida como a Lei do Feminicídio, que entrou em vigor em 2015. Ela considerada 
como crime hediondo (nível mais grave e cruel de um crime) o feminicídio, ou seja, 
o crime em que estiver envolvida a violência familiar e doméstica, o menosprezo e a 
discriminação à condição de mulher.
Essa Lei promoveu mudanças no Código Penal, estabelecendo agravante de pena 
para a pessoa que cometer feminicídio – estabelecida no inciso 7 do artigo 121 do 
código. A pena pode ser aumentada em 1/3 quando cometido nos seguintes casos:
• Se for realizado durante a gravidez ou nos 3 meses após o parto;
• Contra mulheres com menos de 14 e mais de 60 anos;
• Contra mulheres com deficiência;
• Na presença de parente ascendente ou descendente – da mãe ou da filha 
da vítima, por exemplo.
pág. 28
#4
racismo
estrutural
pág. 29
pág. 30
Falar sobre o racismo e em como ele é estruturado em nossa 
sociedade gera muito debate em diversos espaços, com escolas, 
universidades, ambiente de trabalho, rodas de conversas com 
amigos e por aí vai.
A presidente do portal Geledés, Maria Sylvia, explicou sobre como o racismo se 
estruturou no Brasil, durante e após a escravidão, e como a imagem do negro foi 
associada à vadiagem, à sujeira e a cargos subalternos em um ciclo sem fim. Não à 
toa que as tarefas mais árduas, com piores remunerações, e as formas mais cruéis de 
castigo ainda são reservadas aos pretos.
Atualmente, muitas pessoas acreditam que esse preconceito ainda permanece em 
nossa sociedade, porém outras defendem a sua inexistência e até mesmo que o tal do 
“racismo reverso” (racismo contra pessoas brancas) existe. 
“O racismo não 
está piorando, 
só está sendo 
gravado agora.”
O fato é que o que realmente existe 
é o racismo estrutural, e a cada dia 
ele se torna mais evidente em nossa 
sociedade, mas não por ter surgido 
agora — muito pelo contrário. A 
diferença, como disse o ator Will Smith 
sobre o caso George Floyd, é que 
agora os casos de racismo estão sendo 
filmados.
Afinal, como o racismo surgiu e se estruturou no Brasil? 
Qual a lei que tipifica o crime de racismo? 
Racismo reverso existe?
pág. 31
Darnella Frazier, que passava pela rua, sacou seu celular enquanto assistia horrorizada 
à cena em que Floyd, no chão de uma rua, algemado e desarmado, fica inconsciente 
sob a pressão do joelho de um dos policiais brancos que o haviam detido. 
Ao que parece, pouco antes, Floyd, que trabalhava como segurança em um restaurante, 
tentou fazer uma compra com uma cédula falsa de US$ 20. Depois de implorar por 
sua vida várias vezes e dizer “não consigo respirar”, Floyd perdeu os sentidos; poucos 
depois de ser levado por uma ambulância, ele foi declarado morto.
 
Sua irmã Bridgett Floyd disse a veículos de imprensa locais que Floyd era um homem 
temente a Deus, independentemente do que havia feito: “Todos temos os nossos 
defeitos. Todos cometemos erros. Ninguém é perfeito.”
 
O vídeo tem duração de 10 minutos, no qual, Derek Chauvin, policial branco de 
44 anos que imobiliza Floyd, ignora as reclamações tanto do detido quanto das 
testemunhas sobre sua violência extrema.
 
Seu colega de patrulha, o corpulento Tou Thao, observa a cena passivamente e trata de 
obstruir a visão das pessoas que transitam pela rua. Darnella Frazier decidiu publicar 
seu vídeo nas redes sociais e as ruas de Minneapolis viraram palco de uma onda de 
protestos que se espalhou pelos Estados Unidos.
Foto: John Minchillo (Associated Press/Estadão Conteúdo)
Manifestantes contra o assassinato de 
George Floyd no estado norte-americano de Minneapolis
pág. 32
As palavras “Eu não consigo respirar”, que Floyd repetia ao policial que o mantinha 
imobilizado no chão, se multiplicaram em cartazes e camisetas de manifestantes em 
protestos em Minneapolis como um lema contra a violência policial no tratamento a 
negros nos EUA. Tais protestos ganharam força e se tornaram o movimento Black 
Lives Matter (Vidas Negras Importam).
O ativista também falou sobre a importância das novas gerações, na luta contra o 
racismo: “Quando veem que algo não está bem, têm de dizer alguma coisa. Têm de 
fazer alguma coisa. A Democracia não é estanque. É um ato, e cada geração tem de 
fazer a sua parte”.
John Lewis, ativista e congressista americano, 
faleceu em 17 de julho e deixou uma tocante 
e forte carta, intitulada “Juntos, vocês podem 
resgatar a alma da nossa nação”. Lewis marchou 
ao lado de Martin Luther King Jr., em 1965, na 
histórica travessia de Selma a Montgomery, capital 
do Alabama. 
O ativista escreveu a mensagem antes de morrer 
e pediu que o texto fosse publicado no jornal 
americano The New York Times. “Apesar de já 
não estar, peço-vos que respondam ao apelo mais 
alto do vosso coração e que defendam aquilo em 
que realmente acreditam”, escreveu Lewis logo no 
início do texto. 
“Encheram-me de esperança quanto ao próximo 
capítulo da história da América quando usaram o 
vosso poder para fazer a diferença na nossa sociedade. 
Milhões de pessoas simplesmente motivadas pela 
compaixão humana conseguiram por à parte o que 
nos separa. Pelo país e pelo mundo puseram de lado 
raça, classe, idade, língua e nacionalidade para exigir 
respeito pela dignidade humana”, escreve, referindo-se 
ao movimento Black Lives Matter
pág. 33
Gravar abordagens se tornou uma forma de denunciar a violência truculenta por 
parte da polícia, não apenas nos EUA, mas também no Brasil. Em fevereiro, Isabela 
de Souza, de 23 anos, grávida de seis meses, foi agredida por um policial militar 
depois de questionar a forma como o agente estava abordando um adolescente por 
porte de maconha.
Ela filmou a ação e, ao tentar impedi-la, o PM a imobilizou e agrediu com tapas 
no rosto e joelhadas na barriga. As agressões não cessaram nem mesmo diante do 
apelo de vizinhos que alertavam sobre a gravidez da mulher. O policial foi afastado e 
processado pela Corregedoria.
João Alberto Freitas, de 40 anos, foi espancado e morto por dois seguranças, 
na véspera do Dia da Consciência Negra, no estacionamento de uma unidade do 
Carrefour em Porto Alegre. As agressões começaram após um desentendimento entre 
a vítima e uma funcionária do supermercado, que fica na Zona Norte da capital.
A polícia ainda não sabe o que aconteceu 
antes do espancamento e o que motivou 
a discussão entre João Beto e a mulher. 
A investigação também tenta descobrir 
se a vítima estava sendo perseguida 
dentro do supermercado e se havia 
algum desentendimento anterior com 
os agressores. Eles são o policial militar 
Giovane Gaspar da Silva, de 24 anos, e 
o segurança Magno Braz Borges, de 30 
anos. Eles foram presos em flagrante. 
 
Sobre a violência policial o professor 
do Núcleo de Estudos da Violência 
— NEV/Universidade de São Paulo, 
Paulo Mesquita Neto, diz que “Estes 
problemas, se não forem solucionados, 
particularmente em democracias 
emergentes como o Brasil, podem 
gerar problemas políticos, sociais e 
econômicos sérios e podem contribuir 
para a desestabilização de governos e 
de regimes democráticos”. 
E O BRASIL?
pág. 34
“A coisa mais cruel da crueldade é 
que ela desumaniza suas vítimas 
antes de destruí-las. E o esforço 
mais árduo é permanecer humano 
em condições desumanas”
(JanineBauman)
Neto ainda acrescenta que o funcionamento dos mecanismos legais/formais de 
controle da violência policial depende do funcionamento do Executivo, do Legislativo 
e do Judiciário, o qual, por sua vez, depende do papel desempenhado pelos partidos 
políticos, que podem facilitar ou dificultar as ações voltadas para o acompanhamento, 
monitoramento e punição da violência policial.
O racismo é determinado pela opressão de uma etnia com mais “poder” sobre 
a outra. Então, quando se fala de racismo reverso, parte-se da ideia de que o grupo 
oprimido está oprimindo seu opressor.
Porém, um grupo étnico que sofreu mais de 300 anos de escravidão, e o Brasil, 
sendo um dos últimos países a abolir a escravatura – fato que tem apenas 130 anos -, 
seguramente não teria a mesma força que seu opressor, ou seja, o racismo no Brasil 
não é à toa. É estrutural. O Brasil foi o último país do continente americano a abolir 
a escravidão. Até 130 anos atrás, os negros traficados eram mantidos em condições 
subumanas de trabalho, sem remuneração e debaixo de açoite.
Os negros são representados pela soma de pretos e pardos, segundo a classificação 
do IBGE, e os não negros pelo seguinte grupo: brancos, amarelos e indígenas.
RACISMO REVERSO?!
pág. 35
O racismo se manifesta de formas diferentes. Para cada tipo de grupo e/ou indivíduo, 
também existem variações para essa prática. Isso ocorre porque no imaginário social, 
pardos nem sempre são considerados negros. Até as próprias pessoas pardas podem 
ter dificuldade para se encaixar socialmente em algum grupo étnico. 
Um dos motivos para isso é que o Brasil é um país com grande miscigenação. É 
importante ressaltar, porém, que muita vezes “miscigenação” foi o termo imposto 
para omitir a prática do estupro. É sabido que os estupros contra mulheres negras 
foram uma prática corrente no início do século XX.
No século XIX, a população negra que havia acabado de sair do período de escravidão 
estava sem amparo social, muitos deles nas ruas. A elite começou a se preocupar sobre 
o que seria do país, afinal, a imagem do negro na sociedade não era das melhores. 
Decidiram, então, abrir as portas do país para imigrantes europeus, na maioria 
italianos e alemães, na tentativa de embranquecer o país. Diante disso, vamos 
explicar brevemente alguns tipos de racismo:
TIPOS DE RACISMO
Racismo cultural: O racismo cultural defende que uma cultura seja 
superior à outra. Pode ser exposto por meio de crenças, músicas, religiões, 
idiomas e afins, tudo que englobe a cultura;
Racismo comunitarista: Também conhecido como preconceito 
contemporâneo, esse tipo de racismo acredita que a raça não é biológica, 
e sim vinda de uma etnia ou cultura;
Racismo ecológico (ou ambiental): praticado contra a natureza (“mãe 
terra”), afetando comunidades (como os quilombos) e outros grupos;
Racismo individual: parte de atitudes, interesses e pensamentos pessoais, 
inclusive de estereótipos;
Racismo institucional: praticado por instituições e comprovado por 
números, dados e estatísticas. Acontece em áreas em que os negros são 
marginalizados – como trabalho e educação. Um exemplo é a porcentagem 
de vereadores negros eleitos nas eleições de 2016 em relação aos brancos: 
são 29,11% contra 70,29%, respectivamente;
Racismo primário: não conta com justificativas, acontece de forma mais 
psicológica e emocional.
pág. 36
RACISMO ou INJÚRIA RACIAL?
O crime de racismo se configura quando alguém se recusa ou impede o acesso de 
uma pessoa a estabelecimentos comerciais, bem como entradas sociais, ambientes 
públicos, e também quando nega um emprego por motivações raciais. O crime de 
racismo é inafiançável e imprescritível, ou seja, quem praticou pode ser punido 
independente de quando cometeu o crime.
Já a injúria racial acontece quando a honra de alguém é ofendida usando de 
elementos como raça, cor, etnia, religião ou origem. Está associada ao uso de palavras 
com teor depreciativo e/ou ofensivo referentes à raça ou cor.
O crime de injúria está previsto no Código Penal. O condenado deve cumprir pena 
de detenção de um a seis meses ou multa. Contudo, se a injúria contiver elementos 
referentes à raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou deficiente, 
a pena aumenta para reclusão de um a três anos.
Ainda no período escravagista, de forma clandestina, 
surge o movimento negro no Brasil. Um dos grandes 
nomes desse período foi um líder do Quilombo dos 
Palmares, o Zumbi dos Palmares.
 
Neste mesmo periodo o Movimento Liberal ganha 
força, e a cada dia a ideia do fim da escravidão e do 
comércio de escravos fica mais forte. 
Com a promulgação da Lei Áurea em 13 de maio de 
1888, encerra-se o período escravista. A partir de então, 
a população negra teria que lutar contra os preconceitos 
sociais enraizados em nossa sociedade e a desigualdade 
social, uma vez que nenhuma política de inserção 
deles na vida econômica e social foi feita. 
Durante o final do século XIX e grande parte do século XX, jornais e revistas que 
abordavam a vida dos negros acabavam denunciando atos cometidos contra pessoas 
negras e as dificuldades que esse grupo teve que enfrentar pós-escravidão.
MOVIMENTO NEGRO
pág. 37
Essa movimentação de jornais e revistas ficou 
conhecida como Imprensa Negra Paulista 
e dentro deste mesmo período foi fundada 
a Frente Negra Brasileira, um importante 
movimento que viria a se transformar em partido 
político, posteriormente extinto com os demais 
com a ascensão do Estado Novo. 
Com o fim do Estado Novo, o movimento começou a ganhar força novamente, 
formando entidades importantes na história da luta pelo direito dos negros. Nos anos 
1960, essa jornada ganhava novas influências e referências, como o Movimento dos 
Direitos Civis nos EUA e a luta contra a segregação racial, principalmente na África 
do Sul. Personalidades como Rosa Parks, Nelson Mandela, Abdias Nascimento e 
Martin Luther King destacaram-se.
Nos anos de 1970 e 1980, inúmeros grupos são formados com a intenção de unir 
jovens negros e denunciar as violencias fisicas e morais sofridas. Protestos e atos 
públicos passaram a ser organizados de diversas formas, chamando a atenção da 
população e do governo para o problema social até então negligenciado.
Rosa Parks,
ativista norte--
americana
Nelson Mandela,
ex-presidente da
África do Sul
Abdias 
Nascimento, ator 
e político brasileiro
Martin Luther
King, ativista 
norte-americano
pág. 38
Em 1995, a Marcha Zumbi realizada em Brasília contou com a presença de 30 mil 
pessoas, e despertando a necessidade de politicas públicas destinadas aos negros 
como reparação histórica por todos esse anos de exclusão. No governo Fernando 
Henrique Cardoso, a partir dos dados que o IBGE e IPEA mostraram, um decreto 
instituiu o Grupo de Trabalho Interministerial para a Valorização da População Negra.
Porém, tais medidas começaram a entrar em prática apenas após a Conferência 
Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Formas Correlatas de 
Intolerância, realizada em 2001 em Durban, na África do Sul. 
A partir desse momento, o governo brasileiro passa a ter interesse em demonstrar, 
efetivamente, o cumprimento de resoluções determinadas internacionalmente pelos 
órgãos de Direitos Humanos. Outra iniciativa, a fim de reparar essa dívida histórica, 
foi a criação de programas de cotas raciais pelos estados e municípios.
Foto: Fernando Cruz (Acervo CSBH/FPA)
pág. 39
Como podemos ver, não bastava a abolição da escravatura: eram necessárias 
medidas para que a população negra se tornasse economicamente ativa, 
socialmente participante e tivesse todos os seus direitos assegurados.
Porém, quando, a escravidão foi abolida no papel, em 1888, nenhum direito foi 
garantido aos negros. Sem acesso à terra e a qualquer tipo de indenização ou 
reparo por tanto tempo de trabalho forçado, muitos permaneciam nas fazendas 
em que trabalhavam ou tinham como destino o trabalho pesado e informal. As 
condições subumanas não se extinguiram.Os negros passaram a habitar guetos 
e comunidades, como forma de proteção, e em razão da falta de oportunidades. 
Hoje em dia, entre as reivindicações do movimento está a compensação por todos 
os anos de trabalho forçado e pela falta de inclusão social após esse período. Além 
disso, reivindica-se políticas públicas destinadas à maior presença do negro no 
mercado de trabalho e nas instituições educacionais. Por fim, a luta visa a efetiva 
aplicabilidade das leis que criminalizam o racismo, e a plena aceitação e respeito à 
cultura e herança histórica.
CONTINUA NA PÁGINA SEGUINTE
pág. 40
#5
sistema 
prisional
brasileiro
pág. 41
pág. 42
Você sabe porque o sistema prisional está em crise? 
Neste capitulo vamos abordar as principais causas e consequências de ser o 
3º país com mais pessoas presas do mundo.
“Se os governantes não construírem 
escolas, em 20 anos faltará dinheiro 
para construir presídios” disse Darcy Ribeiro, em uma 
 conferência em 1982.
Em uma sociedade que apresenta um crescimento implacável da violência criminal, 
diminuir esses índices implica em lutar contra o racismo, pobreza e a desigualdade. 
Porém, isso só é possível se o Estado entender a real finalidade das prisões e através 
disso incentivar políticas educacionais e medidas socioeducativas, que cumpram 
efetivamente o papel do encarceramento, que é o de reinserção social do sujeito 
privado de liberdade.
Segundo dados do Ministério da Justiça, em 2015 o Brasil ultrapassou a Rússia, 
passando a ocupar o 3º lugar no ranking dos países com mais pessoas atrás das 
grades, perdendo apenas para Estados Unidos e China. 
O Brasil tem hoje 704 mil pessoas privadas de liberdade para uma capacidade de 
415 mil, gerando um déficit de 289 mil vagas. A fim de suprir esse déficit, no último 
ano foram construídas mais 8 mil vagas, porém houve um crescimento de 2,6% da 
população carcerária, totalizando quase 18 mil internos a mais. É uma massa de jovens, 
sendo 92% do sexo masculino, 95 % pobres, 64% negros e com baixa escolaridade. 
Acredita-se que mais 65% deles não chegaram a completar o Ensino Fundamental.
Gráfico 1: Raça, cor ou etnia das pessoas privadas de liberdade e da população total
pág. 43
LEI ANTIDROGAS
Em 2006 o Estado cria a lei nº 11.343 que instaura políticas públicas de prevenção do 
uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas, além 
de estabelecer normas punitivas para produção e comercialização ilícita de drogas. 
De acordo com a nova lei, o usuário de drogas passaria a ser condenado a penas 
leves – prestações de serviços à comunidade, medidas educativas e advertências. Já 
o traficante, seria condenado de 5 a 15 anos de reclusão, mais multa de 500 a 1500 
reais. Antes o tempo de pena era de 3 a 15 anos, porém a pena mínima foi aumentada, 
visando evitar que o encarceramento fosse convertido em medidas alternativas, que 
são permitidas a penas inferiores a 4 anos.
A caracterização do sujeito entre usuário e traficante fica à cargo do juiz, que considera 
inúmeros fatores, como natureza da substancia, quantidade, contexto e antecedentes. 
No entanto, tais fatores dão margem à interpretação subjetiva do caso. Por exemplo, 
um indivíduo portar pequenas quantidades de drogas, que estejam dentro do limite 
estipulado para usuário, não o torna obrigatoriamente um usuário, já que o traficante 
pode, estrategicamente, portar essa quantidade dentro dos limites que o livrem de ser 
qualificado como traficante. 
Assim, o grande problema desta 
lei está na interpretação que o juiz 
tem em relação ao portador de 
pequenas quantidades, uma vez que 
tal julgamento é baseada apenas 
no relato do policial e sem contar 
com um advogado no momento da 
prisão, circunstancia que desfavorece 
o suspeito. A partir dessa premissa, as 
suspeitas de que muitos usuários estão 
presos como traficantes é grande.
Gráfico 2: Escolaridade das pessoas 
privadas de liberdade no Brasil.
pág. 44
No gráfico 3 pode-se observar um dado relevante referente a população prisional 
feminina, que atingiu a marca de 42 mil, o que representa um aumento de 656% em 
relação ao total registrado no início dos anos 2000, quando menos de 6 mil mulheres 
se encontravam no sistema prisional. 
Gráfico 3: Evolução da taxa de aprisionamento de mulheres no Brasil entre 2000 e 2016
Já o gráfico 4 mostra a distribuição percentual de tipos penais em todo o país, entre 
2005 e 2016, pode-se observar o expansão dos percentuais de prisões por tráfico de 
drogas cometidos por mulheres.
Gráfico 4: Evolução da distribuição dos crimes tentados/consumados entre os registros 
das mulheres privadas de liberdade, por tipo penal, entre 2005 e 2016
pág. 45
PRISÕES PROVISÓRIAS
Ao analisar os gráficos 3 e 4 nota-se que a intensificação do encarceramento feminino e 
o aumento de mulheres presas por tráfico de drogas, teve um crescimento diretamente 
proporcional. Logo, conclui-se que boa parte da explosão dos índices da população 
feminina nos presídios se deveu à legislação sobre o tráfico de drogas promulgada em 
2005, que endureceu as penas. 
No dia 15 de maio de 2019, o projeto de lei que altera a política nacional de drogas 
foi aprovado pelo senado. O projeto busca tornar mais rígidas as políticas antidrogas, 
facilitando internações involuntárias e fortalecendo as comunidades terapêuticas, 
através de isenção fiscal para tais comunidades, desta forma fomentando a iniciativa 
privada.
Aproximadamente 50 entidades de saúde, direito e movimentos sociais publicaram 
uma nota pública se posicionando contra a nova lei, entre elas então a Comissão de 
Direitos Humanos da OAB-SP, a Associação Brasileira de Saúde Mental, o Conselho 
Federal de Psicologia, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e a Pastoral Carcerária 
Nacional.
Segundo um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada) 36% são 
presos provisórios, ou seja, sem julgamento, dado que corrobora a ideia de que a 
prisão preventiva vem sendo usada mais como regra do que 
como exceção.
Uma forma de atenuar essa porcentagem de presos sem 
julgamentos - que é parecida com o déficit de vagas - seria 
a chamada audiência de custódia, onde a pessoa presa em 
flagrante tem acesso a um juiz em até 24 horas após sua 
prisão. Esse juiz então avalia o caso e decide se a continuidade 
da prisão é necessária ou não, com isso o Estado diminui a 
REGIME ABERTO OU SEMIABERTO
Além das prisões preventivas sem necessidade, - que aumentam o déficit de vagas do 
sistema penitenciário- também não se considera o fato de que segundo o Art. 33 da lei 
antidrogas, o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a quatro anos e não 
exceda a oito, poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime aberto ou semiaberto.
pág. 46
Porém, dos 53% dos presos condenados a menos de 8 anos de reclusão e que 
podem cumprir penas em regimes mais brandos, apenas 18% dos presos cumprem 
nessa premissa, a maior parte cumpre no regime fechado, apesar de haver outras 
possibilidades dadas por lei.
 No gráfico 5 observa-se os padrões de ocupação do sistema prisional de acordo com 
a natureza da prisão ou tipo de regime. Em relação aos presos provisórios, observamos 
uma taxa de ocupação da ordem de 247%, enquanto para os condenados em regime 
fechado a taxa é de 161%. Para o semiaberto, temos taxa de ocupação de 170%.
Gráfico 5: Quantidade de vagas e pessoas privadas de liberdade 
por tipo de regime ou natureza da prisão
ATIVIDADES SOCIOEDUCATIVAS
Uma questão importante e que faz o sistema prisional não funcionar da forma que se 
espera, é que ele não cumpre sua função de ressocialização. A Constituição Federal 
de 1988 assegura, em seu art. 6º a educação como um direito social. O mesmo é 
reforçado em seu art. 205, ficando explicito que a educação é um direito de todos - 
privados ou não de liberdade - sendo dever do Estado e da família garanti-los. 
pág. 47
Nessa perspectiva,a Lei 12.433/2011, que alterou a Lei de Execução Penal 
7.210/1984, foi decisiva quando permitiu a remição da pena por estudos, antes 
sendo possível a remição apenas pelo trabalho. Porém, a dupla função que se espera 
do encarceramento, que são a de punir pelo ato cometido e ao mesmo tempo tornar 
o homem ou mulher privado de liberdade apto a conviver em sociedade, através da 
ressocialização, reinserção social, educação, entram em conflito. 
De acordo com a tabela 1, apenas 12% da população prisional no Brasil está envolvida 
em algum tipo de atividade educacional. Sendo que os estados da Bahia, Tocantins 
e Espírito Santo, possuem os maiores percentuais de pessoas privadas de liberdades 
exercendo atividades educacionais, que deveriam ser garantidas a todos, mas que 
infelizmente na pratica, não são ofertadas a maioria. Em relação às atividades 
complementares, 2% da população prisional total do país encontra-se envolvida em 
atividades de remição pela leitura ou pelo esporte e demais atividades educacionais 
complementares. O estado do Tocantins se destaca pelo maior percentual de pessoas 
envolvidas neste tipo de atividade.
Tabela 1: Pessoas privadas de liberdade envolvidas em atividades 
educacionais por Unidade da Federação.
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#6
movimento
indígena
pág. 49
pág. 50
O A população indígena do Brasil é formada por uma diversidade cultural e 
social pouco conhecida, porém esses povos estão se mostrando cada vez 
mais presente na sociedade. 
Você entende os movimentos indígenas? Como eles se articulam e quais 
suas pautas? 
Bom, em 1940, iniciou a luta pelos direitos indígenas, marcado pelo primeiro Congresso 
Indigenista Americano, que foi realizado no México, afim de discutir políticas que 
preservassem os índios na América.
Entretanto, apenas nos anos 1970 que o Brasil começaria a se manifestar de forma 
organizada, tendo em vista a necessidade de proteção de terras em relação a políticas 
expansionistas durante a ditatura militar. No início da década de 80, foi eleito o primeiro 
deputado indígena no país, obtendo representatividade política, ou seja, foi eleito um 
representante que conhecia e vivenciava de fato todas as lutas e dificuldades que 
aquele grupo detinha. Mostrando que é de supra importância que grupos minoritários 
politicamente sejam representados, e seus direitos e anseios defendidos. 
Assim, nos anos seguintes os indígenas se fizeram presentes no Congresso Nacional, se 
organizando em manifestação e na elaboração de grupos autônomos de reivindicações. 
Em 2002, foi criada a APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), ou seja, a 
partir desse momento os grupos indígenas passaram a ter uma única voz, gritando as 
necessidades dos seus povos de forma unida e como nunca antes feita.
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De forma central, a luta busca a conservação e delimitação de áreas indígenas, isto 
é, terra. Porém, o assunto é bem mais amplo que o conceito terra abrange, quando 
analisamos de forma crítica, observamos que as reivindicações por educação, saúde 
especifica, respeito e reconhecimento à cultura, elaboração de políticas públicas e a 
fiscalização das leis que permeiam as leis já existentes são de supra importância e 
abrangem a luta por terra. Assim concluímos que a luta indígena no Brasil é muito 
mais do que apenas a busca por território físico, é uma forma que a cultura e seu 
modo de vida resistem. 
O que anseia o movimento indígena no Brasil?
O que dizem as leias indígenas? 
A lei 6.001, promulgada em 1973 que ficou conhecida como “Estatuto do Índio”, 
tratava o índio como incapaz, e que seus grupos estariam em uma fase transitória para 
alcançar os padrões sociais estipulados para se viver em sociedade. Assim, os povos 
indígenas eram considerados tutela do Estado, sendo responsabilidade do Serviço de 
proteção ao Índio, órgão que atualmente é a Fundação Nacional do Índio – FUNAI. 
Com a Constituição Federal de 1988, - momento em que os índios já se faziam 
presentes politicamente - o direito a preservação da própria cultura, direito processual 
e direito ás terras tradicionalmente ocupadas, tornou a dever da União zelar pelo 
cumprimento desses direitos.
Art. 231, CF. São reconhecidos aos índios sua organização social, 
costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários 
sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União 
demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
Porém, apenas em 2002, com o Novo Código Civil, o índio passa a ser considerado 
relativamente capaz e sua capacidade deve ser regulada por legislação especial:
Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes 
legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, 
intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.
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Inúmeros confrontos, normalmente armados, cerceiam a história dos indígenas no 
Brasil. Sendo na sua maioria confrontos violentos pela luta por território, de um lado 
temos os povos nativos e do outro produtores rurais e empresários do agronegócio. 
Assim, mesmo em meio de tantos confrontos, o movimento tornou-se muito ativo na 
política brasileira, participando na elaboração de projetos de lei, criação de ONGs 
representativas e se fazendo presente em dias de votações importantes no Congresso 
Nacional. 
Atualmente, com a 15º edição do acampamento Terra Livre, que trouxe a pauta 
“Sangue indígena. Nas veias, a luta pela terra e pelo território”. O grupo 
defendia a transferência da Funai do atual Ministério da Mulher, da Família e dos 
Direitos Humanos para o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Além disso, eles 
também desejam mudanças na demarcação de terras indígenas – que hoje compete 
ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Outro assunto muito questionado foi a mudança recente feita pelo governo federal, o 
qual permite a posse de armas de fogo no Brasil e a extinção do Conselho Nacional 
de Segurança Alimentar e Nutricional.
O CONFRONTO
Guaranis Kaiowá do MS 
protestam contra assassinato 
do líder indígena Simeão 
Villhalva (2015)
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CONTINUA NA PÁGINA SEGUINTE
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#7
fake news
pág. 56
As chamadas Fake News são uma enxurrada de informações falsas ou ao 
menos distorcidas que estão a um clique de serem compartilhadas. Nos 
últimos tempos, está cada vez mais difícil saber o que é verdade e o que é 
mentira. 
Quantas vezes você leu apenas a manchete da matéria do jornal e saiu dando sua 
opinião? Quantas vezes você checou as referências daquele colunista legal, que você 
tanto gosta, utilizou? Quantas vezes você compartilhou vídeos polêmicos nas suas 
redes sociais sem nem ao menos se questionar se tudo aquilo era verdade? 
A princípio associamos as Fake News a apenas aqueles memes engraçados, que 
abordam de uma forma totalmente corrosiva alguma informação. Desta forma, o 
sensacionalismo é responsável por elaborar notícias falsas, com a intenção de levar ao 
leitor - através de ironia e sátira - uma crítica totalmente parcial sobre algum assunto.
Porém, as fake news vão muito além de apenas memes no Story do instagram, ou feed-
noticia do facebook. Por isso, deve-se ter muito cuidado, pois as notícias falsas hoje, 
buscam disseminar boatos, calunias, informações inexatas, erradas ou exageradas, 
em geral tratam de assuntos relacionados à política e usam texto com formato 
jornalístico para convencer seus leitores.
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Outro fator importante para a parcialidade de opiniões, são as bolhas sociais, 
geradas através dos algoritmos das redes sociais, que reúnem no seu feed de notícias 
pessoas e assuntos que você mais interage e curte, não dando espaço para opiniões 
contrarias, apenas reforçando repetidamente sua visão de mundo. Portanto, as chances 
de você compartilhar uma notícia que aquele amigo, que pensa bem parecido com 
você postou, sem filtra-la, é grande.
Mas diante de tantas mentiras, onde podemos 
encontrar informações verdadeiras?
Bom, a imprensa tem o dever de ser imparcial em suasinformações, trabalhando 
apenas com os fatos, checando as informações, fomentando entrevistas diversas e 
mostrando ao leitor os vários pontos de vistas de especialistas da área, assim, obtendo 
pluralidade de fontes.
O termo ficou mais conhecido durante a campanha presidencial dos EUA, em 2016, 
a partir deste momento as discussões sobre Fake News foram trazidas à tona em todo 
o mundo. Em 2018 os brasileiros tiveram maior contato com 
o termo durante as eleições, nesse caso, as Fake News, 
foram utilizadas para a polarização de ideologias 
generalizadas, reforçando posicionamentos 
políticos. 
Em relação a campanha presidencial dos EUA 
em 2016, foram publicadas diversas notícias 
falsas envolvendo os candidatos à presidência do Estados 
Unidos: o republicano Donald Trump - atual presidente– e 
a democrata Hillary Clinton. Os economistas Hunt Allcott 
e Matthew Gentzkow selecionaram 115 notícias falsas 
sobre ambos os candidatos a presidência, as postagens 
pró-Trump foram compartilhadas 30 milhões de vezes, 
enquanto as pró-Hillary apenas 8 milhões.
A EXPLOSÃO DO TERMO “FAKE NEWS”
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A Federação Internacional das Associações e Instituições Bibliotecárias 
(IFLA) sugeriu algumas alternativas para a identificação de notícias 
falsas:
• Leia além do título: títulos são 
criados para chamarem a atenção, logo, 
não contam a história completa;
• Fonte da informação: tente 
entender sua missão e propósito olhando 
para outras publicações do site;
• Confira os autores: certifique-se se 
eles realmente existem e se são confiáveis;
• Procure fontes de apoio: procure 
outras fontes que confirmem as notícias;
• Fique de olho na data da 
publicação: veja se a história ainda é 
relevante e está atualizada;
• Questione se é uma piada: o texto 
pode ser uma sátira;
• Revise seus preconceitos: suas 
ideologias podem estar afetando sua 
interpretação;
• Consulte especialistas: procure 
uma confirmação de pessoas com 
conhecimento;
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